MULHERES À FRENTE
Elas são 10,3 milhões de donas de pequenos negócios em todo o País e quase metade é responsável pela renda da casa, num movimento de independência e aumento da autoestima
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Entrevista: a expansão de uma rede de estética familiar Pág. 3
Turismo rural diversifica receitas dos pequenos Pág. 4
Marca de geleias aposta na ‘positividade’
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# 347 | Março de 2023 | www.sebraesp.com.br | 0800 570 0800 | facebook.com/sebraesp youtube.com/sebraesaopaulo twitter.com/sebraesp instagram.com/sebraesp
Bruna Prado, de Pindamonhangaba, começou a empreender com 17 anos
Mulher: a Gaia de nosso tempo
O Brasil ocupa hoje o 7º lugar no ranking mundial de empreendedorismo feminino. Estima-se que 30 milhões de mulheres empreendem nos mais diversos setores e segmentos no país. Historicamente, as mulheres têm ocupado espaços antes negados a elas. O atraso considerável na garantia de direitos não impediu, no entanto, importantes conquistas, entre elas destaco a nadadora Maria Lenk, a primeira atleta brasileira a participar de uma Olimpíada, à época com 17 anos; Tarsila do Amaral, pintora reconhecida mundialmente; Zilda Arns, médica e fundadora da Pastoral da Criança e Heloísa Helena (Zica) Assis, empreendedora, além de Lucy Onodera, Auricleide Gonçalves Duarte, Celia Carbonari, Bruna Prado, Iara Battoni, Queila Cavalheri e Amanda Morais, destaques desta edição.
Seja no esporte, nas artes, na ciência, na educação ou no empreendedorismo, as mulheres têm se destacado. No campo dos negócios, a busca por in-
dependência financeira e crescimento profissional é um dos motivos que norteiam o empreendedorismo feminino, que ainda é acompanhado por desafios, como baixo faturamento, informalidade e acúmulo de jornada.
Mesmo com escolaridade avançada, a taxa de mulheres que empreendem ainda é menor que a dos homens. No entanto, a renda média mensal dos negócios femininos tem crescido. O Sebrae tem trabalhado para refletir e traçar estratégias que fomentem a participação das mulheres nos negócios, é signatário do Pacto dos Princípios do Empoderamento das Mulheres, movimento global liderado pela ONU e tem trabalhado, nestes 50 anos, com o objetivo de contribuir para a autonomia das mulheres brasileiras a partir da cultura e da educação empreendedora.
Estudos feitos pelo Sebrae, a partir da Pesquisa Global Entrepreneurship Monitor (GEM), mostram que, em 2021, a taxa de empreendedorismo entre mu-
lheres foi de 24,6%. Já a dos homens chega a 36,5%. Sendo que 65% dos empreendedores do sexo masculino ganham mais de 3 salários-mínimos com seus negócios e somente 46% das mulheres alcançam essa margem.
O Sebrae tem buscado apoiar as mulheres a partir da cultura e da educação empreendedora, com foco no reconhecimento e na autonomia das empresárias. Neste sentido, o Sebrae Delas, programa criado em 2019 com o objetivo de investir no empreendedorismo feminino a partir do fortalecimento da cultura empreendedora e do fomento à educação empreendedora entre as mulheres, atendeu mais de 17 mil mulheres, com mais de 35 mil horas de capacitação.
Na mitologia grega, Gaia era a mãe de todos os deuses. Na mitologia romana, Gaia era a deusa Terra, geradora de tudo. O mês de março é uma excelente oportunidade de reconhecimento e celebração da mulher brasileira, a Gaia de nossa época.
Conheça a Associação Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento das Empresas Inovadoras (Anpei)
Há quase 40 anos, a Associação Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento das Empresas Inovadoras (Anpei) é uma entidade brasileira multissetorial do setor privado e independente do ecossistema de inovação que trabalha em prol do avanço do tema no país, discutindo e elaborando políticas públicas.
Além de oferecer cursos de capacitação, a Anpei se dedica à articulação de políticas de incentivo à inovação, organiza encontros de negócios e apoia uma série de iniciativas em PD&I. O objetivo da entidade é promover a inovação em âmbito nacional, reunindo grandes, médias e pequenas empresas que atuam em pesquisa, desenvolvimento e inovação, além de várias
organizações científicas e tecnológicas, públicas e privadas, com o intuito de fomentar a inovação no ambiente corporativo e industrial.
“Quando uma empresa, inclusive os pequenos negócios, decide investir estrategicamente em inovação, abre-se um horizonte de oportunidades que podem levar a organização a caminhos nunca imaginados. Nosso principal objetivo é ser um facilitador deste processo”, afirma Marcela Flores, diretora-presidente da Associação.
À frente da instituição há sete anos, Marcela comenta sobre a importância das lideranças femininas: “Percorri um caminho árduo e apesar de termos cada vez mais mulheres liderando, o cenário está
longe do ideal”. O relatório “Estatísticas de gênero: indicadores sociais das mulheres no Brasil”, publicado pelo IBGE em 2021, evidencia que entre os ocupantes de cargos gerenciais 62,6% são homens e 37,4% são mulheres.
A Anpei é uma das 13 entidades que compõem o Conselho Deliberativo do Sebrae-SP, que tem orientado ações que considerem a equidade de gênero: “Este movimento é importante e deve ser incentivado cada dia mais. Recentemente, o Conselho Deliberativo do Sebrae-SP criou sua Comissão de Mulheres, o que pode e deve ser replicado também em outros Estados e em outras instituições. É um orgulho enorme fazer parte desta Comissão!”
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MANUEL HENRIQUE FARIAS RAMOS, Presidente do Sebrae‑SP
Foto: Divulgação
Marcela Flores, diretora-presidente da Anpei
Entrevista do mês
Do tatame para as franquias
Lucy Onodera, CEO da rede Onodera, conta como é a estratégia de crescimento da empresa
Gisele Tamamar
AOnodera, rede de clínicas de estética, começou em 1981, quando Edna Onodera resolveu aproveitar os dias sem treino da escola de judô do marido, Ikuo, para oferecer no local aulas de jazz, sessões de massagem, limpeza de pele e até alguns procedimentos de estética e bem-estar. Com a expansão, todos os filhos passaram a fazer parte da rotina da empresa, inclusive Lucy, que “praticamente nasceu no negócio” e ajudava a mãe nas tarefas mais variadas, desde criações com cartolina, carimbar materiais e até pintar a academia. Na entrevista a seguir, Lucy conta como foi assumir o cargo de CEO da empresa e os desafios enfrentados no comando de uma rede de 53 unidades espalhadas em dez Estados brasileiros.
Como foi sua entrada nos negócios da família?
Acredito que foi um processo natural, porque desde pequena eu estava muito próxima e gostava da dinâmica do negócio. Minha mãe sempre me deixou, junto com meus irmãos, muito perto do negócio para tomar gosto pela empresa. Ela sempre comentava que não via a hora de os filhos crescerem para ajudá-la. Logo no primeiro ano de faculdade de administração comecei a trabalhar oficialmente na empresa e foquei em estudar sobre a Onodera. Eu tinha um amigo cujos negócios da família estavam crescendo e pensei: por que também não temos mais unidades? Foi assim que começamos a conversar sobre expansão, sobre franquias.
Como tem sido feita a expansão da rede?
Quando o sistema de franquias entrou no nosso radar, minha mãe estava montando a terceira unidade. Contratamos uma empresa de consultoria para fazer o estudo de viabilidade da marca e colocar tudo que estava na cabeça dela em manuais. Criamos processos e padrões para começar a franquear.
Eu mesma abri duas unidades próprias. Hoje a rede tem 53 unidades e mantemos uma expansão que não é focada no número de lojas, mas no aumento do tíquete médio e faturamento das clínicas. Buscamos um crescimento mais consciente, sem colocar unidades próximas umas das outras e treinamos o franqueado para que ele consiga crescer com a própria unidade.
Como a empresa enfrentou a pandemia e deu suporte para os franqueados?
Fazer parte de uma rede de franquias fez toda a diferença nesse momento. Trocamos muitas informações e ideias com a proposta de buscarmos soluções em conjunto. E deu resultado. A franqueada de Ariquemes, em Rondônia, por exemplo, ajudou com a ideia de grupos de WhatsApp, de fazer evento online com pré-venda e deu certo. Várias ações foram replicadas a partir de ideias de franqueados. Fomos testando, errando e acertando. Como rede, oferecemos suporte na parte jurídica para negociações de aluguel, na questão trabalhista sobre licenças da equipe. Foi um momento importante de união da rede, que consolidou ainda mais nosso relacionamento, nossa força.
Você notou alguma mudança no comportamento do consumidor na área de beleza por conta da pandemia?
Os tratamentos que utilizam procedimentos mais rápidos, de 15, 20 minutos, foram os mais vendidos. E muitas pessoas também compraram tratamentos para consumir depois, situação que contribuiu para nos mantermos durante a pandemia. Neste momento, depois da fase crítica da pandemia, percebemos que as pessoas querem fazer mais coisas para elas mesmas, se presentear, dizer “eu mereço” e ter momentos de prazer. Não é só uma questão estética, mas de bem-estar. E o reflexo disso é um aumento de vendas nos tratamentos de bem-estar, de massagens.
A Onodera é uma empresa familiar. Qual a sua dica para quem precisa lidar com essa situação no dia a dia?
Somos uma empresa familiar, situação que tem prós e contras. O lado positivo é que temos a cultura da empresa enraizada. A maneira como minha mãe pensa sobre entregas de resultados, a preocupação com o atendimento e os clientes, com o bem-estar da equipe, tudo isso vem no DNA. Estamos há mais de 40 anos no mercado. Tenho irmãos nas áreas operacional, de distribuição e financeira. Dizer que não tem briga é mentira, mas se a divisão de tarefas e atribuições está bem clara e existe respeito, dá certo.
Quais os pontos de atenção para quem empreende no setor de beleza?
Quando você trabalha com prestação de serviços precisa tomar cui-
dado. Isso porque, quando envolve apenas o produto na prateleira, existe o cuidado com serviço, o atendimento, mas a qualidade do produto está lá no pote, de maneira geral. Já quando você trabalha com serviço, ele está 100% nas mãos das pessoas. Tem a massagem, o aparelho, mas sempre tem a mão de um profissional. Por isso, é preciso ter uma boa liderança para manter o engajamento da equipe, um bom atendimento e uma relação de longo prazo com as clientes. Muitas pessoas trabalham bem o marketing, atraem clientes, mas não sabem reter ou fazem uma uma ação de curto prazo. Sempre pensamos nos resultados e entregas em médio e longo prazos. Pensamos no resultado para o cliente, no bem-estar do funcionário, no resultado financeiro para o franqueado. Quando pensamos em uma cadeia como um todo, na boa relação com fornecedores e parceiros, é a hora que conseguimos os melhores resultados.
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Foto: Divulgação
Lucy Onodera: “A expansão é focada no aumento do tíquete médio e faturamento”
Turismo rural abre caminho
Receber visitantes, vender produtos e promover experiências
Gisele Tamamar
A52 quilômetros da Praça da Sé, marco zero de São Paulo, está localizado o Sítio Campo Verde, no distrito de Parelheiros, extremo sul da Capital. Foi lá que a empreendedora Auricleide Gonçalves Duarte resolveu testar e começar a plantar mirtilo, também conhecido como blueberry, fruta nativa de regiões da Europa e Estados Unidos. A plantação começou em 2014, mas foi em 2021 que ela resolveu também abrir as portas da
sua propriedade para receber visitantes interessados no cultivo.
Uma mesa farta de café da manhã, com geleia de mirtilo, bolos com a fruta e outras delícias, recepciona os visitantes, que também podem participar da colheita e fazer trilhas no local. O sítio é um dos exemplos de propriedades que apostam no turismo rural como forma de diversificar as receitas e incrementar o faturamento.
O turismo rural ganhou destaque, principalmente, após o relaxa-
mento das medidas de restrição devido à pandemia de Covid-19 e com o avanço da vacinação. De acordo com a gestora estadual de turismo do Sebrae-SP, Aline Delmanto, as pessoas se sentiram mais seguras para viajar, entretanto, a tendência inicial foi buscar espaços abertos que propiciassem contato com a natureza e tivessem um fluxo menor de turistas. “Foi natural que se buscassem destinos onde o turismo rural e o turismo de natureza fossem a oferta princi-
pal. O grande desafio agora é manter esse fluxo alto porque os destinos tradicionais e consolidados já estão reabertos”, pondera.
No caso do Sítio Campo Verde, Auricleide segue apostando no crescimento do interesse por locais próximos das cidades e com muita natureza. O plano é construir chalés para receber ainda mais pessoas e estender o período de hospedagem.
A decisão de apostar no turismo rural foi motivada após a realização de cursos do Sebrae-SP. Até então, o faturamento vinha do plantio e venda da fruta. A produtora era dona de um restaurante em Guarulhos, mas sempre teve vontade de comprar um sítio para lazer.
Ao adquirir a propriedade, Auricleide se interessou pelos benefícios do mirtilo, fez testes e apostou no plantio orgânico da fruta. A rotina de ir e voltar para a cidade começou a pesar e motivou a mudança definitiva da família para o sítio em janeiro de 2020 –pouco antes do início da pandemia. Como o sítio ainda não tem uma grande estrutura para receber muitas pessoas, Auricleide trabalha com o sistema day use. “Durante as visitas, temos a oportunidade de falar do mirtilo para que as pessoas conheçam e consumam mais, porque é uma fruta que ainda não está na mesa dos brasileiros”, destaca Auricleide. Segundo ela, metade do faturamento da propriedade vem do turismo.
FOCO NO VINHO
A busca por uma pequena propriedade para passar os fins de semana também marcou o início dos negócios da sócia da Vinícola Villa Santa Maria, Celia Carbonari. A família chegou à Serra da Mantiqueira no ano 2000, e logo começou a planejar algo para transferir a moradia definitiva para o município de São Bento do Sapucaí. “Pensamos em vinho. Era um pouco arrojado, pois ninguém plantava uvas na região. Fomos atrás e logo
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Auricleide Duarte, do Sítio Campo Verde: mirtilo em Parelheiros
para pequenas propriedades
são opções para diversificar receita e aumentar ganhos
descobrimos como seria possível iniciar esse cultivo”, relembra.
As primeiras experiências começaram em 2004 e, um ano depois, o plantio começou com cerca de 4 mil pés de uva vinífera – numa propriedade com vista para a Pedra do Baú. “Tudo era novo e desafiador. Em 2009, nós tivemos a primeira safra, pois esse é o tempo que a parreira precisa para ter sua maturação. E a surpresa foi maravilhosa. O terroir era ótimo para esse cultivo. Ficamos animados e fomos comprando mais terra e plantando mais uvas”, conta Celia.
O processo deu tão certo que a vinícola conquistou o primeiro prêmio internacional em 2013. Hoje, são quase 70 mil pés plantados e um amplo espaço para receber visitantes. O local conta com um restaurante e os interessados
podem agendar uma visita guiada para conhecer os parreirais e participar de uma degustação.
O investimento no turismo rural começou em 2018. “Já tínhamos bastante vinho, e sempre acreditamos que a experiência de consumir o nosso produto dentro da nossa propriedade traria ao visitante uma experiência única. Seria muito mais do que escolher uma de nossas garrafas em uma prateleira cheia de rótulos. Fizemos um projeto adequado para receber bem as pessoas e transmitir um pouco da nossa história”, relata Celia.
Segundo a sócia da vinícola, o restaurante traz um resultado expressivo para o negócio e a estratégia é seguir com o processo de expansão com a construção de uma pousada no local.
Como o Sebrae-SP pode ajudar?
O Sebrae-SP tem uma forte atuação no agronegócio e no turismo por meio do Programa Sebrae de Turismo. De acordo com a gestora de turismo do Sebrae-SP, Aline Delmanto, as propriedades rurais com vocação turística podem buscar o auxílio da entidade a aprimorar a gestão do negócio por meio de projetos e consultorias.
O produtor rural ainda pode contar com uma série de ações e ferramentas para avaliação de potencial, melhoria da visitação e avaliação da qualidade. Os interessados podem entrar em contato com uma unidade do Sebrae-SP mais próxima ou ligar no telefone 0800 570 0800.
OPORTUNIDADE
A gestora do Sebrae-SP reforça a oportunidade do turismo rural como um meio de aumentar o faturamento em pequenas propriedades. Os produtores podem começar a trabalhar com a venda de ingressos para conhecer a propriedade e o processo produtivo e avançar para outros serviços, como a oferta de refeições e hospedagem nas propriedades.
Outra sugestão é investir na venda dos produtos in natura ou processado. “Alguns estudos sobre o comportamento do consumidor indicam que a fidelização à marca é um outro benefício oriundo da visitação turística. Há de se considerar também que a venda de produtos no fim do circuito de visitação permite às organizações reduzir os custos relativos à distribuição, na medida em que, ao vender diretamente aos consumi-
dores, eliminam-se os intermediários”, afirma Aline.
Os produtores interessados em explorar o turismo rural e o turismo cultural como alternativa para diversificação e ampliação do negócio precisam se atentar a uma série de ajustes gerenciais e operacionais antes do processo de abertura à visitação.
Aline cita desde o investimento em infraestrutura básica, como adequação da estrutura para aumento do consumo de energia, melhoria de acesso, gerenciamento de resíduos sólidos, até investimentos em infraestrutura receptiva, como implementação de restaurante, hospedagem, embarque e desembarque de visitantes. Outros pontos fundamentais são o treinamento e aumento da mão de obra e a melhoria do sistema de comercialização dos produtos.
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Foto: Divulgação
Celia Carbonari, da Vinícola Villa Santa Maria: planos para uma pousada
Barreiras culturais, preconceitos, dupla jornada e os desafios de montar o próprio negócio. Apesar dos obstáculos, cada vez mais as mulheres enxergam o empreendedorismo como forma de gerar renda, ter sua independência financeira e autonomia sobre suas vidas. De acordo com levantamento do Sebrae com base nos dados mais recentes do IBGE (do terceiro trimestre de 2022) existem 10,3 milhões de mulheres donas de negócio no Brasil, o que representa 34,4% do total de donos de negócios do País. Só no Estado de São Paulo, há 2,47 milhões de mulheres proprietárias de negócios, ou 37% do total no Estado.
Além disso, chama a atenção o número de mulheres donas de
negócio que são chefes de domicilio ou contribuem ativamente na renda da família. No fim de 2019 (antes da pandemia), essa era a situação de 47% das empreendedoras no País. Já no terceiro trimestre de 2022, esse número aumentou para 51%.
Os dados refletem a realidade das empreendedoras atendidas no Sebrae em todo o Estado de São Paulo. A gestora estadual do Sebrae Delas, movimento do Sebrae-SP a favor das mulheres na liderança e no empreendedorismo, Camila Ribeiro, aponta que a grande maioria das empreendedoras que procura a instituição é chefe de família e formadora de opinião dentro de sua casa. “Elas estão sempre atentas às oportunidades
COMANDO
de mercado e buscam capacitação para minimizar os riscos. O desejo de ter seu próprio dinheiro, autonomia nas decisões, sustentar seus filhos e impactar positivamente a sociedade movimenta os dias dessa empreendedora líder”, ressalta.
A necessidade fez a empresária Bruna Prado , de Pindamonhangaba, começar o seu negócio. Atualmente, ela mantém um bazar de sucesso na sua região movida pela vontade de crescer e aproveitar as oportunidades ao seu redor. A empreendedora deu seus primeiros passos com apenas 17 anos, ao enfrentar dificuldades financeiras com a quebra do negócio da família. Para conseguir manter todas as contas em dia e o sustento da casa, começou vendendo doces
e logo teve a ideia de vender roupas de seu acervo pessoal para conseguir dinheiro. “Meu pai gerenciava um negócio que ele ganhou do meu avô. Quando ele quebrou, ficou apenas com o dinheiro da aposentadoria e isso não era suficiente. Num dia a gente tinha dinheiro e vivia bem, no mês seguinte não tinha nada. A gente vendeu casa, carro, e foi morar na casa da minha avó”, relembra.
Na ocasião, Bruna conseguiu negociar todas as suas peças e ficou sem ter o que vender. Então ela começou a acionar pessoas conhecidas que gostariam de vender seus itens, pagando um porcentual para cada um que lhe passasse uma peça. “Fui acionando as pessoas do meu círculo e fui convi-
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As mulheres estão à frente de um terço dos pequenos negócios e veem o empreendedorismo
Bruna Prado, dona de um bazar em Pindamonhangaba: meta é abrir outras lojas na região do Vale do Paraíba
FEMININO
dando todo mundo para desapegar. Eu sempre fui boa de vendas, desde pequena. Cheguei a vender limonada na porta de casa por R$ 1 e as pessoas compravam”, diverte-se.
Atualmente, o Bazar Bruna Prado trabalha com uma lista fechada de cerca de 50 marcas de luxo intermediário. As vendas acontecem pelo WhatsApp com peças expostas em redes sociais que podem ser entregues no Brasil todo, além de vendas realizadas para pessoas que vivem no exterior. “Uma peça que na loja custa R$ 500, a cliente consegue no nosso bazar por R$ 100. Trabalhamos com peças únicas e uma oportunidade de preço muito legal. Já tivemos cliente que paga R$ 100 de frete e ainda assim compensava na comparação com o valor de uma peça nova”, explica. As encomendas podem ser retiradas no local ou enviadas pelos Correios.
No ano passado, Bruna ganhou o primeiro lugar na categoria Pequenos Negócios, do Prêmio Sebrae Mulher de Negócios. E desde o início o Sebrae-SP esteve presente na história da empreendedora. “Comecei a fazer os cursos há cerca de cinco anos e todos me ajudaram muito. Eu não tinha dinheiro, por isso fazia os treinamentos gratuitos”, afirma a empreendedora. “Fiz muitas coisas
online, participei de capacitações de finanças, marketing e para desenvolver o mindset. Esses foram os que mais procurava”, conclui.
Agora, com o negócio de vento em popa, Bruna sonha em expandir sua operação e abrir outras lojas na região do Vale do Paraíba.
INDEPENDÊNCIA
A empreendedora Iara Battoni é dona da Janela da Namoradeira, uma doceria pensada para unir doces e arte como forma de presente. A empreendedora é formada em figurino e, após concluir o curso, decidiu voltar para a sua terra natal pois não queria mais seguir a carreira escolhida. Ao chegar à cidade de Amparo, sem saber qual caminho seguir e morando na casa dos pais, teve a ideia de abrir a janela do seu quarto para vender os doces. “Eu queria fazer algo inovador e não tinha ideia do quanto isso era diferente até ser fiscalizada e ver que não se encaixava em nenhum tipo de negócio.”
Apesar das dificuldades na formalização e enquadramento do seu negócio, ela viu que sua ideia teve uma boa repercussão e decidiu seguir em frente. “Já se passaram dez anos desde então e muitas vezes
O Sebrae Delas é o movimento do Sebrae-SP a favor das mulheres na liderança e no empreendedorismo.
O Sebrae Delas tem o objetivo de promover o empreendedorismo feminino, despertar para o autoconhecimento, possibilitar o aumento de rede de contatos, aumentar a competitividade dos negócios liderados por mulheres e facilitar acesso a mercado e a crédito orientado.
Tudo isso por meio de capacitações sob medida para o seu momento atual. São palestras, oficinas, cursos, rodadas de negócio e eventos onde se adquire conhecimentos técnicos e gerenciais, aprende a desenvolver habilidades socioemocionais e tem acesso a benefícios que vão potencializar o negócio.
Desafios diferentes
De acordo com Camila Ribeiro, gestora estadual do Sebrae Delas, os desafios de empreender para homens e mulheres são diferentes. E isso é causado principalmente por questões culturais. “Até 1962 existiam barreiras na própria lei brasileira, que dava o direito ao marido de impedir a mulher de trabalhar se ele assim desejasse. As barreiras legais caíram, mas ainda enfrentamos as barreiras culturais, que muitas vezes são invisíveis. E elas são colocadas desde a infância, pela nossa educação de maneira inconsciente. Quando a gente escuta que certas atividades são 'coisa de menino ou não é coisa de menina', isso vai influenciar o nosso jeito de ver o mundo e as nossas decisões quando adultos.”
Pensando nisso, o Sebrae-SP tem um programa exclusivo auxiliar mulheres que desejam iniciar ou ampliar o seu negócio, o Movimento Sebrae Delas. Além de Camila, a analista de negócios Verônica Lima também é responsável pela gestão estadual das ações e ressalta a importância da capacitação para quem está iniciando ou deseja fazer seu negócio prosperar. “A capacitação fará a mulher mais segura e confiante para tomar suas decisões. É o conhecimento que possibilitará minimizar os riscos do seu próprio negócio não dar certo. E quando adquirimos conhecimento e estamos em rede, fortalecemos nossa identidade e reforçamos nossa potência de transformação".
me questionei se estava no caminho certo. No início era algo simples, mas eu achava muito difícil porque não conhecia. Aí vão aparecendo pessoas para ajudar e isso é muito bacana. A dica para qualquer empreendedora é persistência e acreditar realmente no seu negócio.”
Iara também foi vencedora do Prêmio Sebrae Mulher de Negócios na categoria MEI e é cliente do Sebrae-SP desde que começou a empreender. “Fui ao Sebrae porque eu tinha na cabeça que a melhor coisa a ser feita seria fechar o meu negócio. Lá foi onde conse -
gui enxergar como minha doceria é inovadora. Eles me fizeram ver o que eu não via. Eu não acreditava. Não é apenas vender, é a forma como se vende.”
A empreendedora ressalta que seu empreendimento é o que lhe garante independência financeira e a capacidade de acreditar.
“Sucesso é muito mais do que dinheiro. É você ter realização. Acho muito bonito quando vejo depoimentos de gente que estava perdida, não sabia o que fazer e saiu da depressão para ir atrás do que quer e se sente realizada e feliz.”
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como forma de adquirir independência, elevar autoestima e garantir o sustento da família
Mulher pode empreender e ser o que ela quiser
Março é o mês em que os olhares se voltam para as mulheres. É um momento de reflexão profunda, não só acerca das mulheres, mas de toda sociedade. É a hora de se falar em igualdade!
Como melhorar os resultados?
Quem empreende no comércio sempre quer aumentar o faturamento. No entanto, esse objetivo só será alcançado com a implementação de um conjunto de ações no dia a dia do negócio. Portanto, para ajudar o empresário a melhorar a performance da sua loja, separei cinco dicas importantes.
A primeira é olhar para o seu cliente externo. Busque entender quem compra de você. Esse consumidor compra por desejo ou por necessidade? Quais os benefícios e soluções ele está buscando encontrar quando consome em sua loja? Entendendo isso, fica mais fácil atendê-lo.
A segunda orientação é: olhe para o seu cliente interno. Converse com seus colaboradores, invista neles a mesma atenção que deve investir no seu cliente interno. Sua equipe de vendas e de atendimento está em constante interação com o mercado consumidor, e acaba ouvindo muitas informações que podem se transformar em ótimas estratégias para surpreender e encantar seu consumidor.
Terceira: olhe para dentro da loja. Coloque-se no lugar do seu cliente e tente
olhar do ponto de vista dele. Será que os produtos estão bem colocados nas gôndolas e vitrines? Será que as informações que o cliente busca estão disponíveis? Eu gostaria de ser atendido da forma como atendo?
Quarta dica: olhe para fora da loja. Saia para dar uma volta nos grandes centros comerciais ou shopping centers, veja como estão arrumadas as outras vitrines, veja o layout dos estabelecimentos, colha informações, converse com outros empresários, até mesmo de outros segmentos. Além de ampliar sua visão, você ainda pode construir uma rede de contatos interessante.
Quinta dica: olhe para a gestão da empresa. Você tem informações e histórico de vendas dos anos anteriores? E quando foi a última vez que você entrou em contato com os principais clientes, e chamou para um café ou para uma conversa, mostrando o quão importante ele é para o seu negócio? Gerencie esse relacionamento.
Colocar essas ações em prática vai ajudar bastante na melhora da performance da loja e na obtenção dos resultados.
O Sebrae Responde é um serviço para tirar dúvidas de empreendedores sobre a abertura de novos negócios e questões relacionadas à gestão de empresas já em atividade.
Temos de agir contra o machismo, a misoginia e todo tipo de violência contra a mulher. Não é à toa que a temática aparece nos objetivos do desenvolvimento sustentável (ODS) da Organização das Nações Unidas (ONU), que colocou entre eles a meta número 5: “Igualdade de gênero - alcançar a igualdade de gênero e empoderar todas as mulheres e meninas”. O empoderamento dá autonomia e liberdade e, aqui no Sebrae-SP, mostramos que empreender também é empoderar.
O movimento em defesa delas e pela busca da equidade de gênero começou muito lá atrás. Há cerca de cem anos as mulheres já pleiteavam, de forma articulada, remuneração
igual à dos homens, porém, ainda hoje no Brasil, os dados mostram que temos muito o que melhorar.
As mulheres conseguiram o direito ao voto no nosso País somente em 1932, mas de forma parcial: era estrito apenas às que trabalhassem. O direito pleno só veio em 1935.
Outras conquistas também demoraram a chegar: ter cartão de crédito, o divórcio e até o direito a jogar futebol! Na política, outro avanço ocorreu em 1997 com a lei que obrigou os partidos a terem mulheres em pelo menos 30% de todas as candidaturas proporcionais.
E por fim, em 2006 entrou em vigor a Lei Maria da Penha, que cria mecanismos para coibir e prevenir a violência doméstica e familiar contra as mulheres.
O Sebrae está aqui para ser o parceiro das mulheres. Ser parceiro no desafio da independência financeira, que também pode ser conquistada pelo empreendedorismo. O movimento Sebrae Delas, voltado ao desenvolvimento do empreendedorismo feminino, já capacitou mais de 46 mil mulheres desde 2019 em mais de 5,5 mil turmas.
O lugar da mulher é onde ela quiser; e se quiser empreender, o Sebrae-SP está aqui para apoiá-la.
Acompanhe o Sebrae‑SP no ambiente digital, em www.sebraesp.com.br, e nas redes sociais: facebook.com/sebraesp flickr.com/sebraesp soundcloud.com/sebraesp youtube.com/sebraesaopaulo
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SAMUEL SOUZA Consultor de negócios do Sebrae-SP
Divulgação
ELOGIE. SUGIRA. CRITIQUE. RECLAME. Queremos ouvi-lo: 0800 570 0800 ouvidoria@sebraesp.com.br
NELSON HERVEY COSTA , Diretor‑superintendente do Sebrae‑SP
Foco no atendimento
relacionados a negócios, programa Sebrae Delas (voltado ao empreendedorismo feminino) e ainda integrou uma turma do seminário Empretec em setembro do ano passado.
“A Queila é uma empreendedora que está sempre em busca informações, realizando diversos cursos, capacitações e consultorias, e é empenhada em implementar os conhecimentos adquiridos”, afirma a analista de negócios do Sebrae-SP Camila Brunassi. “Ela mantém uma visão sistêmica, se atentando a todos os detalhes que podem influenciar no relacionamento com o cliente, cuidando para que, além da qualidade do serviço, o cliente se sinta acolhido e tenha uma excelente experiência com a empresa”, explica Camila.
Para o ano de 2023, Queila conta que a atenção está no investimento em novas tecnologias e infraestrutura de seu negócio para melhorar ainda mais a experiência de seus clientes.
Em agosto de 2019, Queila Cavalheri e seu marido, Guilherme Carvalho, tomaram uma decisão: iriam investir no sonho de montar um centro automotivo que oferecesse atendimento personalizado. Para concretizar a ideia, o casal começou a construir a oficina do zero, em um terreno adquirido em Santa Fé do Sul. Ali nascia a PUC Centro Automotivo, um estabelecimento que os donos projetaram para suprir a necessidade de cada cliente, de maneira customizada.
EXPEDIENTE
Publicação mensal do Sebrae‑SP
Edição impressa
CONSELHO DELIBERATIVO
Presidente: Manuel Henrique Farias Ramos
Com foco na prestação de um bom atendimento, eles investiram o máximo que puderam em capacitações, tecnologia, marketing, treinamento e em um aspecto em particular: a valorização da presença feminina no negócio. Queila ressalta a importância de manter mulheres na equipe em funções como supervisão da oficina, marketing e mídia social, além dela própria na gestão da empresa.
Atenta à necessidade de sempre ouvir os clientes, Queila logo percebeu que deveria buscar formas de inovar mais em seu negócio
DIRETORIA EXECUTIVA
e, para isso, decidiu recorrer à ajuda do Sebrae-SP. “O Sebrae tem um papel primordial na ascensão da PUC: fizemos um curso online de fotografia pelo celular durante a pandemia e, depois disso, foram diversas qualificações, também online, sobre investimento, marketing etc.”, diz Queila.
Presencialmente, Queila passou por sua primeira consultoria no escritório regional do Sebrae-SP em Votuporanga, onde também participou de vários programas como o Agente Local de Inovação (ALI), eventos abordando diversos temas
Diretor‑superintendente: Nelson Hervey Costa
Diretor Técnico: Marco Vinholi
Diretor de Administração e Finanças: Reinaldo Pedro Corrêa
JORNAL DE NEGÓCIOS
Unidade Marketing e Comunicação
Gerente: Guilherme Geraldo Kessel
ACSP, ANPEI, Banco do Brasil, Faesp, FecomercioSP, Fiesp, Fundação ParqTec, IPT, Desenvolve SP, SEBRAE, Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia, Sindibancos‑SP, Superintendência Estadual da Caixa Econômica Federal.
Editores responsáveis e redatores: Gabriel Jareta (MTB 34769) e Roberto Capisano Filho (MTB 46219). Assessores de imprensa: Gisele Tamamar, Patricia Gonzalez e Rogério Lagos. Estagiárias: Ana Roxo e Maya Ortega. Imagens: www.gettyimages.com.
A empreendedora destaca que, na trajetória da empresa, enfrentou várias dificuldades, entre elas como posicionar o negócio no mercado, conseguir capital, manter a gestão de maneira efetiva, além de necessitar de muito apoio técnico, emocional e humano. Por isso, ela valoriza o aprendizado que teve com o Sebrae-SP. Para quem tem ou pretende ter o próprio negócio, ela deixa um recado: “Não se esqueça de procurar o Sebrae, busque conhecimento e inovação, principalmente antes de abrir sua empresa. Estude muito, viva todos os processos, pois os resultados virão.”
*Estagiária sob supervisão dos editores
Diagramação: Letícia de Almeida Ribeiro (supervisão Douglas Yoshida).
Fotos: Ricardo Yoithi Matsukawa – ME, Carlos Raphael do Valle – ME e Ferdinando Ramos Plus Images para o Sebrae‑SP. Apoio comercial: Unidade Relacionamento: (11) 3177‑4784
SEBRAE‑SP
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EDIÇÃO 347 | MARÇO DE 2023 | 9
FALE COM A REDAÇÃO
Maya Ortega*
Queila Cavalheri e o marido, Guilherme Carvalho, da PUC Centro Automotivo: prioridade no relacionamento com o cliente
Queila Cavalheri e o marido comandam desde 2019 a PUC Centro Automotivo, em Santa Fé do Sul
Um pote de afeto
Amanda Morais criou a Boma Geleias com o marido, Márcio Almeida, com conceito de positividade
riência consegui me sentir mais segura como empreendedora. No mesmo ano, participei da Feira do Empreendedor do Sebrae, expondo nosso produto na Loja Colaborativa de Marília, e durante os cinco dias de evento conseguimos vender toda a produção que havíamos levado. No evento também tive contato com o Clube de Negócios Sebrae, contratamos a consultoria do Sebraetec para design de rótulos em parceria com o Senai. Além disso, participamos do curso Super MEI Organize Seu Negócio.
Maya Ortega*
“ABoma Geleias surgiu de uma curiosidade sobre ‘como’ fazer geleias. Minha família e eu sempre gostamos de consumir esse produto, mas nos sentíamos insatisfeitos com a performance dos industrializados. Foi então que tivemos a ideia de produzirmos a geleia nós mesmos, e começamos a distribuir entre familiares e amigos. O ‘marketing boca a boca’ deu certo e conquistamos nossos primeiros clientes.
Depois disso, começamos a investir em nosso negócio, meu marido desenvolveu o rótulo e uma marca, antes mesmo de começarmos a comercializar de fato. O nome
Boma surge de uma palavra africana que significa um recinto circular para a comunidade se reunir a fim de tomar as decisões mais importantes na tribo, logo, entendemos que todos nós temos um boma, pois normalmente as grandes decisões e encontros de nossas vidas são realizados ao redor de uma mesa. Então por que não ter uma geleia e palavras positivas o tempo todo nesse recinto? Por isso, em cada potinho, vem também uma palavra positiva. Nossa empresa já surge desde os primeiros potes com esse conceito.
Em março de 2021, por uma ideia de minha mãe, comecei a investir em kits de presente com nécessaires, canecas, moringas, biscoitinhos,
entre outros. Atualmente, contamos com 13 sabores de geleias e mantemos a linha de que a Boma produz não só geleias, mas também presentes, lembranças, afeto e um carinho gostoso de ser recebido.
Conforme o tempo passava, a Boma geleias ia criando mais estrutura, fomos tendo mais ações, planejamento e investimentos, algo que foi possível também com a ajuda do Sebrae. Mesmo o conhecendo de longa data, busquei ajuda em 2022, quando me inscrevi no programa Empretec, que foi de grande aprendizado para descobrirmos o meu perfil, habilidades, erros e acertos. Depois dessa expe-
Junto a isso, pensando de uma maneira geral, há muitos desafios enfrentados por nós diariamente, principalmente o fato de termos de ser multitarefas. Quando se é MEI e pequeno, temos de fazer tudo: produzir, vender, alimentar as redes sociais, comprar, carregar e descarregar o carro, entregas, reuniões etc. e isso vai nos sobrecarregando se não tivermos uma boa organização. Também entendemos que o maior desafio foi o de nos reconhecermos como empreendedores, eu e meu marido, Márcio César de Almeida, que atualmente está 100% dedicado comigo.
Sempre acreditei muito que o empreendedorismo muda a vida e transforma diferentes realidades, acredito na força e na potência do empreender para conquistar grandes objetivos, mas após termos falhado em um outro negócio, lidar com a incerteza de nossas habilidades, a falta de confiança e, ainda, deixar contratos de trabalho certos por um sonho foi algo desafiador. Contei e ainda conto muito com o Sebrae nesse processo que me ajuda a crescer e a me desenvolver a cada dia, meu marido tem feito o mesmo caminho e tudo isso tem gerado grandes resultados.”
*Estagiária sob supervisão dos editores
10 | JORNAL DE NEGÓCIOS
O casal Amanda Morais e Márcio Almeida, da Boma Geleias, de Marília: produção com carinho