Jornal de Negócios - 01 de Janeiro 2018

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Profissionais liberais trocam a carreira em sua área de formação por um negócio próprio. Pág. 8

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Mudança de rota

# 285

Pedro Ladogano deixou o consultório de ortodontia para investir na receita de molho da família

As vantagens de sair da informalidade e tornar-se MEI Pág. 6

Sebrae com Você: as novidades para 2018 do programa que atende in loco Pág. 11

Mesmo com concorrência alta, setor de camisetarias ainda tem oportunidades Pág. 12


2 | JORNAL DE NEGÓCIOS

AGENDA

ELOGIE. SUGIRA. CRITIQUE. RECLAME. Queremos ouvi-lo: 0800 570 0800 ouvidoria@sebraesp.com.br

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ACESSÓRIOS Quando: 15 a 18/1 Onde: Expo Center Norte R. José Bernardo Pinto, 333 - Vila Guilherme, São Paulo-SP

Onde: São Paulo Expo - Exhibition & Convention Center Rodovia dos Imigrantes, km 1,5 - Jabaquara, São Paulo-SP Informações: https://www.abimad.com.br/

FIOSP/CIOSP - FEIRA INTERNACIONAL DE ODONTOLOGIA DE SÃO PAULO/CONGRESSO INTERNACIONAL DE ODONTOLOGIA DE SÃO PAULO Quando: 31/1 a 3/2 Onde: Expo Center Norte R. José Bernardo Pinto, 333 - Vila Guilherme, São Paulo-SP Informações: https://www.saopaulopretaporter.com/

PIRACICABA COMO FAZER UM MODELO DE NEGÓCIOS Quando: 22 e 23/1 Onde: Escritório Regional do Sebrae-SP de Piracicaba Av. Rui Barbosa, 132 - Vila Rezende, Piracicaba-SP Valor: R$ 190 Informações: (19) 3412-1070


EDIÇÃO 285 | JANEIRO DE 2018 | 3 EXPEDIENTE

Movido a desafios

Publicação mensal do Sebrae-SP Edição impressa CONSELHO DELIBERATIVO Presidente: Paulo Skaf

ACSP, ANPEI, Banco do Brasil, Faesp, FecomercioSP, Fiesp, Fundação ParqTec, IPT, Desenvolve SP, SEBRAE, Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia, Sindibancos-SP, Superintendência Estadual da Caixa Econômica Federal. DIRETORIA EXECUTIVA

Diretor-superintendente: Bruno Caetano Diretor técnico: Ivan Hussni Diretor de adm. e finanças: Pedro Jehá JORNAL DE NEGÓCIOS

PAULO SKAF, Presidente do Sebrae‑SP

Unidade Inteligência de Mercado Gerente: Eduardo Pugnali. Coordenador: Luiz Otávio Paro. Editores responsáveis e redatores: Gabriel Jareta (MTB 34769) e Roberto Capisano Filho (MTB 46219). Assessores de imprensa: Gisele Tamamar, Marcelle Carvalho e Rogério Lagos. Estagiários: Victor Sguario e Wallace Leray. Imagens: thinkstockphotos.com. Diagramação: Marcelo Costa Barros. Fotos: Ricardo Yoithi Matsukawa – ME para o Sebrae-SP. Apoio comercial: Unidade Comercial - Giulliano Antonelli (gerente). SEBRAE-SP

Rua Vergueiro, 1.117, Paraíso São Paulo-SP. CEP: 01504-001 ESCRITÓRIOS REGIONAIS

SEBRAE-SP

Alto Tietê

Nos últimos dias, uma das perguntas que mais ouvi foi: como será 2018? Antever o futuro é sempre complicado, mas algumas pistas deixadas por 2017 ajudam a construir um cenário mais próximo à realidade. Mesmo não tendo os números oficiais fechados, tudo indica que a economia definitivamente voltou aos trilhos do crescimento. Ainda que a velocidade não seja a desejada, o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro deve crescer 0,73%, após dois anos de quedas acentuadas (-3,8% em 2016 e -3,7% em 2015). O nível de desemprego deve ficar em torno de 12,8%,

com 12,6 milhões de desempregados, sinalizando recuperação de 1,4 milhão de postos e trabalho. Os efeitos da redução da taxa de juros básica (Selic) devem ser sentidos neste ano na ponta, assim como o da inflação sob controle. Com previsão de encerrar 2017 com alta de 3%, deve ser a menor inflação anual desde 2006. As boas notícias da macroeconomia animaram os pequenos negócios. Com a previsão de encerrar 2017 com alta de 5% no faturamento real, os empresários estão mais confiantes: 36% acreditam que vão melhorar ainda mais nos primeiros três meses deste ano e 51% esperam ter o mesmo desempenho de 2017. Mais que otimismo, o grande motor desta retomada foi a confiança e o trabalho árduo dos empreendedores. Mesmo acumulando queda de receita até meados do ano passado, eles se mexeram e começaram a subir a ladeira. No Sebrae-SP sentimos este movimento, com a realização de mais de 2,3 milhões de atendimentos, sendo 650 mil diagnósticos e 450 mil cursos, oficinas e consul-

torias. O volume de atendimentos é importante, mas os resultados são fundamentais. Cerca de 81% dos clientes que aplicaram os conhecimentos recebidos em gestão, marketing, inovação tiveram retorno favorável em seus negócios, seja em produtividade, em lucro e geração de novos empregos. Minha previsão para 2018 é: continue em movimento, porque o mercado vai exigir mais das empresas e numa velocidade maior. Eu também vou continuar em movimento pela melhoria do ambiente para quem quer empreender e gerar empregos. Tivemos vitórias importantes no ano passado, como a aprovação e implementação da modernização trabalhista. Mas temos que avançar ainda mais, tirando do papel a reforma previdenciária e implementando medidas para reduzir drasticamente a burocracia e a gana pelo aumento de impostos. O que posso garantir, sem dúvidas, é que será mais um ano movido por intensos desafios que, superados, vão permitir que o Brasil também acelere o processo de retomada do crescimento.

Araçatuba Araraquara Baixada Santista Barretos Bauru Botucatu Campinas Capital Centro Capital Leste I Capital Leste II

Novidades Sebrae-SP lança seu primeiro e-commerce

Capital Norte

O Sebrae-SP lançou no mês passado seu

“As compras online crescem cada vez mais

Sebrae-SP, um novo jeito de se relacionar com

Capital Oeste

primeiro e-commerce. A nova ferramenta per-

e se tornam um hábito entre consumidores e

nossos clientes, para estes, a autonomia e co-

mite ampliar o atendimento e a comodidade

empreendedores. Assim, oferecer essa pos-

modidade de poder escolher e formar sua pró-

dos clientes para adquirir produtos.

sibilidade aos nossos clientes representa um

pria trilha de capacitação”, avalia Alexandre

Chamado de “Soluções Sebrae-SP”, o site

passo importante para melhoria da experiência

Canova, da Unidade Tecnologia da Informação.

(http://solucoes.sebraesp.com.br) traz os pro-

de compra. Por meio da plataforma nos apro-

dutos de um modo diferente, abordando os te-

ximamos dos empreendedores e empresários,

mas de gestão em uma linguagem muito mais

apresentando de forma mais clara e objetiva

fácil e próxima de quem procura o Sebrae-SP.

nossas soluções e facilitando a compra dos

Capital Sul Franca Grande ABC Guaratinguetá Guarulhos Jundiaí Marília Osasco Ourinhos Piracicaba Presidente Prudente Ribeirão Preto São Carlos São João da Boa Vista São José do Rio Preto São José dos Campos Sorocaba Sudoeste Paulista

São oferecidas diversas soluções ao mercado, como cursos presenciais e a distância,

MERCADO E VENDAS

Na Medida Gestão Estratégica de Vendas

nossos produtos”, informa Nicolle Amaral, da Unidade Gestão de Produtos

oficinas, seminários, palestras e outros produ-

“Nosso e-commerce nasce da necessidade

tos que estão disponíveis para aquisição, tanto

de termos, em um único local, todo o nosso

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portfólio de soluções 100% disponíveis. Para o

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Dúvidas e outras informações podem ser obtidas nos canais de atendimento do Sebrae-SP e no 0800 570 0800.

CURSO


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Entrevista do mês

Franquias em alta em 2018

Segundo o presidente da ABF, Altino Cristofoletti Jr., a crise fortaleceu o setor e as perspectivas são boas

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riada há 30 anos, a Associação Brasileira de Franchising (ABF) tem como missão garantir e disseminar as melhores práticas da indústria de franquias no Brasil. Em seu último levantamento, a ABF mostrou que o setor de franquias no País —dados de janeiro a setembro de 2017 — teve uma receita 8% maior do que no mesmo período de 2016. O faturamento subiu de R$ 107,725 bilhões para R$ 116,305 bilhões. O setor também tem representatividade para a economia nacional quando o assunto são empregos: responde atualmente por mais de 1,2 milhão de postos de trabalho diretos. Para falar sobre os desafios do segmento, desempenho e as principais dicas para quem quer ter uma franquia, o Jornal de Negócios conversou com o presidente da ABF, Altino Cristofoletti Jr, que está à frente da ABF desde o começo de 2017 e vai comandar a entidade até o final de 2018. Ter uma franquia ainda é um bom negócio mesmo no cenário de crise econômica que o País enfrenta? Sim, principalmente agora. Nos últimos três anos, os franqueadores passaram por um ambiente desafiador e se prepararam para enfrentar o momento. Eles estão mais fortalecidos e investiram em capacitação. Preocuparam-se em aumentar as ações de marketing da marca e conseguiram minimizar os riscos para os possíveis franqueados. Este ano é propício para quem quer abrir uma franquia. Quais as principais dicas para quem quer se tornar um franqueado? Em primeiro lugar, a pessoa precisa buscar um negócio de que goste e tenha afinidade. Ela não deve escolher apenas porque determinado setor está na moda. Envolver a família também é fundamental. Um negócio só vai dar certo se o empreendedor tiver o

apoio dos familiares. O terceiro ponto é se aprofundar e conhecer de perto o sistema de franquias. Conversar com franqueados da marca e realizar um plano de negócios junto com o franqueador, que é de vital importância. E os principais cuidados? Não assumir nenhum negócio por impulso. O empreendedor

precisa ser racional. Ele precisa saber que, por trás daquela marca, existe um franqueador que vai impor exigências e padrões que precisam ser seguidos. É um trabalho de parceria. Existe um movimento de interiorização do franchising para cidades menores, além das capitais?

Números do setor 8%

foi o crescimento da receita do setor de franquias de janeiro a setembro de 2017 sobre o mesmo período de 2016

R$ 116 bilhões

foi o faturamento das franquias nos nove primeiros meses do ano passado

1,2 milhão

de postos de trabalho diretos estão ligados ao setor de franquias no Brasil

Cristofoletti, da ABF: escolha da franquia deve ser pautada pela afinidade com o negócio e não porque o setor está na moda

Sim. Este movimento tem ocorrido bastante. Hoje, muitas franquias são instaladas em cidades pequenas e com população menor. Nesses municípios o franqueado terá menos concorrência, mas também menos mercado. Por isso é fundamental realizar um planejamento prévio e estudar as possibilidades da região com o franqueador. Em 2017, até o terceiro trimestre, o faturamento das franquias foi na média 8% maior do que em 2016. A tendência é manter este número para o fechamento do ano? Sim. Vamos fechar 2017 com o crescimento entre 8% e 9% em cima do ano anterior (N. da R: o número ainda não estava disponível na época da entrevista). Este dado positivo aconteceu principalmente pelo segundo semestre e pelo aumento do índice de confiança do consumidor e pelo consumo consciente. Qual a previsão de crescimento para o mercado de franquias em 2018? Devemos voltar para os dois dígitos e crescer em torno de 10%, apesar de ser um ano eleitoral e de Copa do Mundo. Nossa perspectiva é que o primeiro semestre de 2018 tenha o bom desemprenho do segundo semestre de 2017. Acreditamos numa melhora da economia e no aumento do consumo. Quais são os setores mais promissores para 2018? Sempre existe um círculo virtuoso, mas os setores de alimentação, saúde, beleza e educação sempre estão em alta. E também existem opções de todos os tamanhos e valores de investimento. As franquias chamadas de “home base” – que não precisam ter um local fixo – como as de limpeza e cuidadores de idosos e pets também terão crescimento.


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Luz no fim do túnel WAGNER PALUDETTO, consultor do Sebrae-SP

Por que devo me preocupar com a gestão financeira da empresa? A falta de planejamento em relação aos aspectos financeiros é uma das principais razões para o fracasso de empresas no Brasil. De acordo com estudo realizado pelo Sebrae, 23% das empresas brasileiras fecham suas portas nos dois primeiros anos de vida. Para uma empresa sobreviver e se manter num mercado cada vez mais competitivo, é necessário que o dono do empreendimento tome suas decisões apoiadas em informações precisas e atualizadas. A seguir, aponto algumas dicas que podem ajudar. A primeira é elaborar e manter os relatórios gerenciais (controles financeiros) sempre atualizados. A segunda é acompanhar periodicamente os indicadores financeiros. O empresário não pode se esquecer de manter os estoques em níveis compatíveis com o volume de vendas e evitar os excessos de compras. A lista de recomendações também inclui a determinação de um valor fixo

e data fixa para pagamento do seu pró-labore (o “salário” do proprietário ou sócio), não esquecendo de limitar seu valor dentro das possibilidades da empresa. Outra dica importante é adotar políticas de formação de preços de venda, que mantenham a empresa competitiva, porém, sempre pensando na rentabilidade do negócio. Outra recomendação é o empresário deve evitar os descasamentos de prazos entre os pagamentos de compras com os recebimentos das vendas a prazo. Para que essa gestão seja eficaz, não deixe de planejar, organizar, controlar e analisar todas as atividades financeiras da sua empresa. Ao realizar uma boa gestão, você contribui para que sua empresa tenha um diferencial no mercado e para a redução dos riscos financeiros que ela pode sofrer. É essa gestão que garantirá a saúde do negócio.

O Sebrae Responde é um serviço para tirar dúvidas de empreendedores sobre a abertura de novos negócios e questões relacionadas à gestão de empresas já em atividade.

Acompanhe o Sebrae-SP no ambiente digital, em www.sebraesp.com.br, e nas redes sociais: facebook.com/sebraesp | twitter.com/sebraesp flickr.com/sebraesp | instagram.com/sebraesp soundcloud.com/sebraesp | issuu.com/sebraesp youtube.com/sebraesaopaulo

Em contraste com os últimos anos, 2018 começa com perspectivas positivas para o brasileiro. Não se espera nenhum desempenho espetacular da economia, mas a previsão do mercado, de crescimento de 2,5% do Produto Interno Bruto (PIB), já representa um bom avanço depois de anos do País afundado na pior recessão da sua história. Mesmo que calcado na informalidade e nas vagas de baixa qualidade, o desemprego está diminuindo. A inflação tampouco deve dar sustos este ano: segundo os cálculos dos economistas, deve se manter dentro da meta de 4,5% estabelecida pelo Banco Central. Temos, então, uma combinação de fatores favoráveis. Em relação ao empreendedorismo, a expectativa é que aumente o número de negócios surgidos de oportunidades, ou seja, planejados e mais bem estruturados desde seu início. Uma mudança significativa se considerarmos que a crise impulsionou o nascimento de empresas por necessidade, aquelas que o responsável monta porque não viu outra

opção para obter renda nem fez uma preparação adequada. Em 2016, por exemplo, mesmo com toda a dificuldade econômica, houve leve aumento na proporção de negócios abertos por oportunidade, de 56,5% para 57,4%, e foi o primeiro desde 2013, de acordo com a pesquisa Global Entrepreneurship Monitor (GEM). Mesmo longe dos 70% de quatro anos atrás, é de se comemorar qualquer alta, além da existência de um cenário mais promissor, como se desenha 2018. Empresas nascidas de oportunidades costumam ser mais longevas. E só sobrevivem as bem geridas. Levantamento do Sebrae-SP mostra que as empresas fecham durante seus primeiros cinco anos principalmente por pecarem no planejamento, na gestão e no comportamento do empreendedor. Em relação a este item, é importante ressaltar que o dono do negócio deve estar sempre aberto para fazer os ajustes no empreendimento quando preciso. Isso inclui inovar: o que dá certo hoje, pode não funcionar amanhã. Sabemos que, no geral, o ser humano é avesso a mudanças, entretanto, é fundamental vencer esse tipo de resistência. Quem permanece estático logo é superado, fica obsoleto. Que 2018 traga boas novas para o empreendedor.

BRUNO CAETANO, diretor-superintendente do Sebrae-SP  @bcaetano /bcaetano1 bcaetano@sebraesp.com.br

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Formalizar-se é

Tornar-se Microempreendedor Individual (MEI) proporciona

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egundo dados divulgados na última pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), houve nova alta do trabalho informal no Brasil. Só no terceiro trimestre de 2017, eram 10,8 milhões de pessoas que trabalham ou empreendem na informalidade, um aumento de 2,7% em relação aos três meses anteriores (abril, maio e junho). Na comparação como terceiro trimestre de 2016, a elevação foi de 5,4%. Mas, apesar da informalidade diminuir o desemprego, especialistas do Sebrae-SP afirmam que a formalização é sem dúvida o melhor caminho para as micro e pequenas empresas e a figura do Microempreendedor Individual (MEI) é uma entrada segura para o mundo dos negócios. O empreendedor que se formaliza tem inúmeras vantagens em relação à pessoa que trabalha na irregularidade, garante o consultor de negócios do Sebrae-SP Fabiano Nagamatsu. “O MEI, por exemplo, consegue ter o registro no Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas (CNPJ), o que facilita abertura de conta bancária; pedido de empréstimos, venda para outras empresas, emissão de notas fiscais; acesso ao alvará de funcionamento; direito à aposentadoria; salário-maternidade; auxílio doença; oportunidade de vender para órgãos da administração pública e acesso a crédito bancário”, afirma. Hoje no País já são mais de 7,6 milhões de MEIs em mais de 500 profissões, como artesãos, pintores, chocolateiros, boleiros, manicure, depiladoras, diarista, cuidador de animais, entre outras. Só no Estado de São Paulo já são 1,9 milhão. O MEI é o profissional que trabalha por conta própria e que se legaliza como pequeno empresário. Para isso, é necessário faturar no máximo até R$ 81 mil por ano (novos valores de 2018) e não ter participação em outra empresa como sócio ou titular. Ele também pode ter um empregado contratado que

receba o salário mínimo ou o piso da categoria. A proprietária da confecção de roupas femininas Manifesto PinUP, Jordana Donni, localizada no bairro da Barra Funda, região oeste de São Paulo, ficou um ano trabalhando informalmente. Após se formalizar como MEI, ela garante que os benefícios são muitos. “Tudo fica mais fácil, como abrir ou pegar crédito em banco, oferecer notas fiscais para os clientes e até mesmo contratar uma funcionária.” Para este ano, Jordana quer contratar uma costureira para o negócio e sabe que como MEI isso é possível. “Minhas peças são únicas e revendo para várias lojas. Com uma costureira a mais me ajudando poderei aumentar as vendas”, completa. Pelo trabalho desenvolvido em 2017, Jordana foi a vencedora estadual do Prêmio Mulher de Negócios na categoria MEI e terceira colocada na premiação nacional. O consultor jurídico do Sebrae-SP Silvio Vucinic também é enfático ao falar sobre as vantagens da formalização e também indica o MEI como porta de entrada para abrir um negócio. “Além de todos os benefícios, a formalização traz segurança para o empreendedor e o MEI, é, sem dúvida, a maneira mais simples que uma pessoa tem para abrir uma empresa no Brasil, porque tudo pode ser feito pelo próprio empreendedor de forma simples e rápida.” A formalização também garantiu bons negócios para o empresário Carlos Matias Junior, de São José do Rio Preto. Ele se formalizou no início de 2017 no ramo de luzes para carros, após algum tempo na informalidade. “Com o cadastro no MEI e com CNPJ hoje nós compramos direto nas indústrias. Isso barateou o nosso custo e conseguimos repassar este desconto aos nossos clientes e dar nota fiscal. E o custo de ser MEI é baixo. Tudo melhorou para nós”.

Jordana Donni, da Manifesto Pinup: “Tudo fica mais fácil com a formalização”


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um bom negócio várias vantagens para quem trabalha por conta própria

Vantagens de tornar-se MEI • Quem se formaliza passa a ter direito à cobertura previdenciária do INSS (aposentadoria por idade, auxílio-doença, salário-maternidade, entre outros benefícios previdenciários). • Além disso, o MEI é registrado no Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas (CNPJ) e, assim, pode emitir notas fiscais, abrir conta bancária empresarial e ter acesso a linhas de crédito específicas. • O MEI pode participar de licitações públicas (vender para o governo, e está dispensado de escrituração contábil e do levantamento anual do balanço patrimonial e de resultado econômico. • Para o MEI é tudo mais simples. Não há taxa de registro, a cobrança dos tributos é mais barata e em valor fixo mensal os controles são simplificados, é possível ter acesso a serviços gratuitos e ainda ter segurança jurídica para desenvolver o negócio.

Quais são os passos para a formalização? A primeira coisa que os empreendedores precisam fazer quando decidem formalizar um negócio é escolher o melhor tipo de empresa e qual será o regime de tributação. Esta decisão envolve faturamento anual, número de funcionários, ter ou não sócios na empresa, a atividade que será exercida, o perfil dos clientes, ou seja, diversos aspectos devem ser considerados. Segundo os especialistas do Sebrae-SP, para os empreendedores que estão começando o modelo mais recomendado é o Microempreendedor Individual (MEI).

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Para virar MEI, basta fazer um cadastro bem fácil no site portaldoempreendedor.gov.br. Mas antes de se registrar como MEI, é necessário que o empresário cheque na prefeitura se a atividade que vai exercer é liberada no endereço informado, segundo a lei de zoneamento, e as demais exigências conforme o ramo de atividade.

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O MEI é o indivíduo que trabalha por conta própria e se legaliza como pequeno empresário, podendo faturar no máximo R$ 81 mil por ano. Não pode ter participação em outra empresa como sócio ou titular, não pode ter filial e poderá ter apenas um funcionário.

O MEI é enquadrado legalmente como optante por um regime específico, integrante do Simples Nacional, o SIMEI, estando isento dos tributos federais (Imposto de Renda da Pessoa Jurídica, Pis, Cofins, IPI e CSLL). Deste modo, pagará apenas o valor de 5% de um salário mínimo que será destinado à Previdência Social, mais R$ 1 de ICMS e R$ 5 de ISS. Essas quantias são atualizadas anualmente, de acordo com o salário mínimo.

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REVIRAVOLTA NA Insatisfeitos em sua área de atuação, profissionais

O ortodontista Pedro Ladogano e o pai, Luiz Carlos: receita de família virou negócio

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om nove anos de atuação na área em que se formou, o ortodontista Pedro Ladogano, 30 anos, resolveu mudar radicalmente a rotina e abrir a própria empresa. Em um segmento totalmente diferente. A receita do molho criado pelo pai Luiz Carlos Bueno Ferreira foi engarrafada e virou o carro-chefe da empresa Dr. Sauce, lançada em novembro. O especialista da área da saúde faz parte de um grupo de profissionais liberais que estão cada vez mais frequentes nos cursos do Sebrae-SP em busca de conhecimento. A analista de negócios do Sebrae-SP Jurema Villa percebeu o aumento desse perfil de pessoas nas capacitações voltadas para quem está na fase inicial de criação da empresa, dividido em dois grupos. O primeiro inclui profissionais que perderam o emprego, tinham uma boa renda e enxergam no empreendedorismo um caminho. Já o segundo grupo é composto por aqueles que não querem mais seguir a carreira e estão cansados das atividades. “Muitos profissionais, por infelicidade ou insatisfação na carreira, vão buscar algo novo no empreendedorismo”, destaca Jurema. Pedro Ladogano se enquadra no segundo grupo. “Decidi empreender nessa área por conta da crise que o País vem passando, que afetou diretamente o consultório. Minha expectativa é chegar a ser uma grande indústria de alimentos para que possa gerar empregos, ajudar o maior número de pessoas e fazer com que o mundo todo prove esse novo sabor”, afirma. O sabor que ele se refere é o molho criado pelo pai há cerca de 20 anos para acompanhar o churrasco com a família e amigos. “Com o passar do tempo, o posto de churrasqueiro oficial da família foi passado para mim, mas a presença do molho continuou sendo obrigatória em todos os churrascos da família.


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CARREIRA

liberais partem em busca de um negócio próprio

O interesse das pessoas pelo molho sempre foi muito grande, então, decidi compartilhar esses molhos com o mundo”, conta Ladogano, que fez o custo de gestão financeira do Sebrae-SP antes de abrir a empresa. Uma outra característica desse público, segundo a analista do Sebrae-SP, é justamente essa consciência de buscar capacitação. “Tempos atrás as pessoas empreendiam puramente por necessidade. Simplesmente abriam um negócio sem fazer pesquisa de mercado, sem planejamento. Esses profissionais liberais têm mais consciência da necessidade de fazer um planejamento e se especializar. Eles têm conhecimento em suas áreas e têm a humildade de falar que não entendem de finanças, de marketing, por exemplo”, diz. Divulgação

A advogada Jussara de Almeida investiu em um e-commerce de moda social

OPORTUNIDADE

Um dos dados principais levantados pela pesquisa Global Entrepreneurship Monitor (GEM), realizada pela primeira vez em nível estadual, é que a quantidade de empreendedores por oportunidade em São Paulo (63,8%) é maior do que a média nacional (57,4%), o que mostra uma tendência dos paulistas em decidir abrir um negócio com um pouco mais de planejamento. Esse é um cenário preferível àquele em que empreender se mostra como a única alternativa ao desemprego – o chamado empreendedorismo por necessidade. “Essas pessoas devem buscar uma oportunidade de mercado, de fazer o que gostam, mas ter consciência da importância de fazer um

planejamento e se especializar nas áreas que têm mais deficiências”, recomenda Jurema. A advogada Jussara de Almeida, de 31 anos, por exemplo, fez os cursos “Transforme sua ideia em modelo de negócios - Canvas” e os da família Na Medida: Marketing, Internet e Gestão Financeira. Mas antes de empreender, ela acumulou a experiência na área de formação: começou o estágio em escritório de advocacia em 2007, atuou como advogada em uma multinacional e também montou seu próprio escritório em 2014. Dois anos depois, ela começou a observar que a área jurídica não era bem o que queria fazer para o resto da vida. “O Judiciário é decepcionante, lento demais e ineficaz. Nasceu

um descontentamento em mim. O tempo foi passando e o descontentamento aumentando”, relata. A insatisfação gerou um novo projeto de vida e Jussara abriu a Você Bela, um e-commerce de moda feminina que tem advogadas, executivas, empresárias e mulheres que usam roupa social como público-alvo. Como o e-commerce ainda está no começo, a advogada também atua com a venda direta das peças. Atualmente, ela não consegue dedicar 100% do seu tempo para o negócio porque tem processos em andamento. “Resolvi empreender em busca de liberdade. Eu gosto de ser livre, de tomar as decisões. Gosto de ganhar dinheiro, não tenho medo e gosto de ter a sensação de ter criado algo”, afirma.

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10 | JORNAL DE NEGÓCIOS

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Para tornar a comunicação mais acessível ao cliente com deficiência auditiva, o Sebrae-SP disponibiliza o serviço de intérprete de Libras em seus eventos presenciais. A solicitação do serviço deverá ser comunicada no ato da ins-

NEGÓCIOS E OPORTUNIDADES

crição e com antecedência de 5 (cinco) dias úteis à data de realização do evento.

O Check-up Empresa é um diagnóstico gratuito, rápido e eficiente, que aponta as principais dificuldades no seu negócio, sugerindo um conjunto de soluções para eliminar esses problemas. Para fazer o diagnóstico gratuito, acesse:

O cliente ou seu representante poderá se inscrever pessoalmente nos Escritórios Regionais, pelo portal do Sebrae-SP ou pelo 0800 570 0800.

checkupempresa.sebraesp.com.br


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Novidades no Sebrae com Você Programa em que agente do Sebrae-SP visita a empresa passa a ter videoaulas e check-up mais detalhado

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Sebrae com Você, programa em que um agente do Sebrae-SP visita empresas e apresenta soluções para melhorar o negócio, chega com novidades em 2018: a inclusão de videoaula e a reformulação do Check-Up Empresa. Pelo Sebrae com Você, o agente contratado pelo Sebrae-SP vai até o estabelecimento, faz o cadastro e aplica o Check-Up Empresa, ferramenta que faz um diagnóstico do empreendimento. As respostas são registradas em um smartphone e o resultado sai impresso na hora, com sugestões de melhoria e indicação de produtos e serviços do Sebrae-SP — cursos, palestras ou oficinas — para aprimorar o negócio. “É o Sebrae-SP batendo na porta do cliente; a partir de agora, o Sebrae com Você passa a usar uma linguagem moderna, com videoaulas de sete minutos, em média, e entrega pílulas de conhecimento sobre as áreas de finanças, marketing, recursos humanos e administração”, explica o gestor do programa, Fernando Cosseti. “O Sebrae vai ativamente até as empresas para aplicar o diagnóstico de como o dono do negócio está executando as tarefas de empreendedor e, também, para indicar as soluções certas para ele desenvolver suas competências, que vão proporcionar melhorias imediatas na empresa e vantagens competitivas no futuro”, explica. São 25 videoaulas que se somam ao conteúdo já existente do Sebrae com Você, fornecendo informações em mais um formato para facilitar a assimilação pelo empreendedor. A outra mudança é a reformulação do Check-Up Empresa, que em 2018, traz uma nova lógica nas perguntas feitas ao empresário e permite indicar tarefas mais específicas e detalhadas. Com isso, o cliente recebe uma análise mais precisa do negócio, permitindo a indicação de soluções de forma mais personalizada ainda. “O Sebrae com Você é o maior programa de atendimento ativo de

todo o sistema Sebrae no Brasil e permite darmos o primeiro passo de um relacionamento de longo prazo com os empresários em São Paulo”, afirma Cosseti. “Em 2018, vamos fazer 200 mil atendimentos entre Microempreendedores Individuais (MEIs), microempresas e empresas de pequeno porte de porta-a-porta.” Segundo ele, o programa oferece aos outros canais de atendimento e, principalmente, aos escritórios regionais, uma base cadastral atualizada de empresas já diagnosticadas. Com isso, o Sebrae-SP consegue desempenhar seu papel de parceiro do empreendedor, fazendo contatos posteriores buscando resolver o principal problema atual do negócio e estimular o empresário a participar das soluções educacionais que foram indicadas no diagnóstico.

Para outras informações sobre o Sebrae com Você, basta entrar em sebraecomvoce.sebraesp.com.br. A página está de cara nova e nela os empresários podem registrar seus depoimentos sobre o atendimento, acessar artigos com temas atuais e relevantes, serviços como biblioteca, ideia para novos negócios, Planeja Fácil entre outros conteúdos.

RECOMENDAÇÕES

A Báh Hamburgueria Gaúcha, localizada no bairro de Campos Elíseos, em São Paulo, recebeu a visita do agente do Sebrae com Você há pouco mais de seis meses. Os donos do local, o casal João Clemir Santana e Letícia Zanetti Santana, trouxe para a capital paulista o tradicional “xis gaúcho”, um hambúrguer maior que o comum que, além da carne, in-

clui queijo, maionese, tomate, alface, ervilha e tem um peso total de 500 gramas. “Nossos diferenciais são o atendimento e o produto, que é feito com carne de qualidade e cortes gaúchos”, explica Letícia. Segundo ela, a visita do Sebrae com Você ajudou ver detalhes do negócio que passavam despercebidos e já deu resultados positivos. “Passamos a trabalhar mais a necessidade do cliente e, após a visita do agente, remodelamos o produto para o público de São Paulo, que não está acostumado a um hambúrguer tão grande; por isso fizemos uma versão menor, no tamanho comum”, explica. Letícia conta que a hamburgueria passará por uma reforma em fevereiro para ficar mais de acordo com as recomendações recebidas no Sebrae com Você.

O casal João Clemir e Letícia Santana, da Báh Hamburgueria Gaúcha: ajuda nos detalhes


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SUCESSO

O mercado de camisetarias continua em alta, mas é preciso ouvir o cliente para entender

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m 2003, quando o empresário Aldo Lima resolveu vender camisetas estampadas com temas que faziam referências à cultura pop e ao cinema alternativo, ele se recorda de haver apenas um concorrente nesse mesmo segmento de mercado em São Paulo. Sua marca, a Nonsense, começou a crescer com o boca a boca, ganhou clientes fiéis e viveu uma grande expansão, chegando a cinco lojas próprias, oito franquias e 35 funcionários, incluindo o pessoal que trabalhava na fábrica. O sucesso da marca foi “total”, segundo Lima, até 2013, quando a empresa começou a dar alguns sinais preocupantes. Entre 2016 e 2017, a crise econômica falou mais alto e todas as lojas e franquias fecharam – só restou a venda online. “Todas as franquias passaram pelo mesmo problema que eu: as contas não fechavam. A crise foi muito real para mim”, conta o empresário. A solução foi mudar a fábrica para Guarulhos, cortar 90% dos custos e assumir outras funções na empresa. Aos poucos, com o orçamento enxuto, o negócio começou a se reerguer e Lima já pôde abrir, em março, um espaço para showroom e vendas na rua Augusta. “Hoje, meus diferenciais são a malha de primeira linha, o preço, o bom atendimento e os clientes fidelizados”, diz. O mercado de camisetas estampadas que se valem do humor, de personagens “geek”, da música e de filmes é uma área em alta para quem quer ter um negócio próprio. Geralmente, o perfil do empresário do segmento é de designers ou publicitários que desenhavam estampas e resolveram investir na venda para o público em geral. Mas, como mostra a história da Nonsense, mesmo quem tem experiência no segmento sofre os efeitos da queda no poder de compra e do aumento da concorrência. “As grandes redes passaram a investir em moda, melhoraram a qualidade e têm preços mais baixos.

Isso deixou o mercado inviável para muita gente”, observa Lima.

TENDÊNCIA

De acordo com o consultor do Sebrae-SP Bruno Zamith de Souza, as camisetarias ainda são uma tendência, embora não haja nenhuma pesquisa mostrando qual o tamanho desse mercado – mesmo assim, ele acredita que ainda há espaço para novas marcas, desde que o empresário tenha clareza sobre qual é o seu público. “Se o empreendedor quiser fazer tudo o que já está sendo feito, não vai encontrar mercado. Então eu não acho que o setor esteja saturado, mas sim que há alguns nichos que ainda não foram bem testados”, diz. (Leia mais no texto ao lado). Para o consultor, as camisetas com estampas criativas seguem uma linha de marcas de varejo que trazem uma “mensagem” para o seu consumidor. “Os clientes buscam uma marca que tenha um significado real, que tenha alma e que seja capaz de transmitir um estilo de vida”, afirma Souza. Isso inclui não só os momentos e ícones do pop, como também imagens que estejam relacionadas a algum tipo de movimento artístico ou cultural, como o dos grafiteiros. As camisetas com estampas são uma peça relativamente nova no vestuário dos homens (e das mulheres). Até as décadas de 1950 e 1960, a camiseta era parte do “underwear”, ou seja, da roupa íntima, e geralmente não eram usadas em público – estavam escondidas sob o terno e a camisa. Hoje, a peça é um “curinga” nos guarda-roupas masculinos e femininos, e é importante para compor o estilo de quem a usa, inclusive no ambiente de trabalho. Sendo assim, a qualidade do produto é um item fundamental. “É fácil comprar tecido, mas o difícil e manter a qualidade. Hoje, em três dias você tem uma coleção pronta, só que o empresário precisa entender o que o cliente quer, se é um tecido

melhor, uma modelagem mais ajustada”, explica o consultor.

CLIENTES FIÉIS

Além das estampas interessantes e da qualidade do tecido, uma camisetaria não consegue sobreviver se não aparecer para o seu público. Por isso, escolher onde vender é quase tão importante quanto o que vender. O empresário Henrique West começou com a

sua marca, a Siamese, em 2010. Ele trabalhava com design e fazia as camisetas como um hobby, mas percebeu que poderia transformar a atividade em um negócio. Por dois anos, teve um ponto físico para vender sua produção, mas atualmente mantém o comércio apenas pela internet. Desse modo, ele consegue deixar a operação mais enxuta e pode se dedicar à relação com o consumidor. “Optamos por fechar a


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ESTAMPADO

quais os diferenciais necessários para a marca não ser apenas mais uma no setor

Encontre os nichos

Aldo Lima, da Nonsense, um dos pioneiros do segmento de camisetas com temas pop: clientes fidelizados

loja para podermos crescer”, afirma o empreendedor. Hoje, além do e-commerce, West mantém um “T-shirt truck”, um veículo adaptado para expor as camisetas em eventos. “O truck funciona mais para divulgação do que em termos de faturamento. Nos eventos conseguimos ter um feedback sobre os produtos que é mais difícil de ter na internet”, explica. No entanto, se por um lado a internet facilita para os empreen-

dedores venderem suas camisetas para virtualmente qualquer lugar do Brasil, por outro os lojistas dependem muito das companhias que dominam a rede: Facebook e Google. Isso significa que uma diminuição no alcance das lojas na internet pode levar a uma queda nas vendas. “Nossa vantagem é que uma parcela grande dos nossos clientes volta a comprar com a gente. Investimos muito em atendimento e em pós-venda”, afirma.

Para Souza, do Sebrae-SP, ainda que a internet e a possibilidade de vender os produtos em um marketplace facilitem a vida de quem está no mercado de camisetas, em geral a loja precisa ter um showroom para o consumidor poder conhecer de perto o material. “Mesmo que seja um parceiro para expor, o empresário precisa validar esse produto com o público antes de vender online”, diz.

Para vender um item tão pessoal quanto uma camiseta, é fundamental para o empreendedor saber qual o perfil do público que ele pretende atingir. “Muitos empresários esquecem de ouvir o que o cliente quer. A camiseta é um ‘curinga’ no guarda-roupas, então é preciso saber como o cliente vai usar, se é para trabalhar, se é para o verão, como escolher a cor do tecido”, diz consultor do Sebrae-SP Bruno Zamith de Souza. Para ele, alguns nichos de mercado ainda foram pouco explorados pelos empreendedores – mais além da linha cultura pop/geek. Um exemplo que o consultor dá é o setor de games. Segundo ele, há poucas opções de estampas voltadas para esse público. O mesmo vale para os apaixonados por pets e que querem transmitir seu amor pelos bichos. Trazer valores para a marca também pode ser um caminho certo para atingir alguns nichos, como os consumidores que buscam roupas sustentáveis. “Há um espaço para os produtos orgânicos e também as camisetas feitas de materiais recicláveis”, aponta.


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TEC &

LIVROS O Lado Difícil das Situações Difíceis (Editora WM Martins Fontes) Neste livro, Ben Horowitz, cofundador da Andreessen Horowitz e um dos empreendedores mais respeitados e experientes do Vale do Silício, conta a história de como fundou, dirigiu, vendeu, comprou, geriu e investiu em empresas de tecnologia. Fã de rap, ele ilustra as lições empresariais com letras de suas músicas favoritas. No livro, ele também fala sobre assuntos mais árduos, como demissão de amigos e até quando é o melhor momento para vender sua empresa.

Pense Simples (Editora Gente) Inovar é algo quase sagrado para quem deseja obter um negócio de sucesso. Gustavo Caetano aprendeu a enxergar problemas pequenos, procurando uma solução imediata para mudar o rumo do seu negócio e continuar crescendo. O livro mostra que, ao contrário do que muitos pensam, inovar é simples. O autor explica desde como o fracasso pode moldar a mentalidade para o sucesso até qual a importância de ser ágil e leve para se manter com alto potencial inovador.

Empreendedorismo 360º (Editora Atlas) A obra de Jerônimo Mendes é um guia prático que mostra aos leitores as premissas básicas e avançadas do empreendedorismo. Abrange os principais conceitos relacionados ao tema, como os primeiros passos para se tornar um empreendedor, o planejamento do negócio, a necessidade de se construir uma visão e uma missão, as fases de todo o processo, e os fatores críticos de sucesso. Além disso, o livro propõe exercícios e oferece ferramentas e sugestões de leitura. Empreendedorismo 360º identifica e fundamenta os motivos que separam os empreendedores que prosperam daqueles que desistem diante do primeiro obstáculo.

PROJETO PROMOVE A INTERNACIONALIZAÇÃO DE STARTUPS Thinkstockphotos.com

As startups brasileiras têm a oportunidade de ser empresas globais. Um pool de instituições lançou, no final de novembro, o programa StartOut Brasil, que vai apoiar startups com potencial de inserção no mercado global. O StartOut Brasil é realizado pelo Sebrae, Agência Brasileira de Promoção das Exportações e Investimentos (Apex-Brasil), ministérios das Relações Exteriores e da Indústria, Comércio Exterior e Serviços, bem como pela Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores (Anprotec). O programa é o resultado de meses de articulação entre essas instituições, que decidiram atuar de forma coordenada, integrada e voltada para resultados efetivos para a economia digital brasileira. A diretora técnica do Sebrae, Heloisa Menezes, destacou as oportunidades que o programa vai oferecer para as startups brasileiras, em função da troca de experiências e da exposição que terão no mercado global. “Será importante para terem padrões de serviços e produtos que atendam a mercados mais exigentes, além de um olhar diferenciado para competição global”, ressaltou. Segundo a diretora do Sebrae, a expectativa é que essa inserção internacional contamine as empresas brasileiras; mostre que o país dispõe de grandes empreendedores e influencie um melhor o ambiente de negócios no Brasil. Heloisa Menezes destacou as capacitações e mentorias individualizadas e especializadas que o Sebrae proporcionará a essas startups antes e depois da experiência em missões e parcerias no exterior.

PEQUENOS NEGÓCIOS PODEM CRIAR SITES GRATUITAMENTE NO GOOGLE Google passou a permitir que micro e pequenas empresas criem páginas na internet gratuitamente e publiquem informações sobre o negócio que apareçam diretamente nos resultados da busca. As duas novas funções estão no Google Meu Negócio, plataforma que reúne informações sobre um estabelecimento comercial para apresentá-las na ferramenta de pesquisas na internet e no serviço de mapas. A criação de sites será uma nova opção do Meu Negócio. Essas páginas são terminadas com “negocio.site”. A hospedagem das páginas é gratuita porque o domínio é do Google. Para acessar a plataforma, basta ter uma conta Google. O cadastro de todo novo estabelecimento é checado para que conferir se as informações online são verdadeiras. Os dados exibidos são: horário de funcionamento, telefone para contato, endereço e fotos. A outra ferramenta incluída no Meu Negócio é a possibilidade de as micro e pequenas empresas publicarem posts, que serão exibidos na busca do Google. Podem ser novidades sobre o negócio, ofertas de produtos ou promoções. Essas publicações podem funcionar como anúncios gratuitos.


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IDEIAS

O Facebook acabou de lançar nos Estados Unidos, México e Canadá uma ferramenta que permitirá às companhias postarem em suas fanpages ofertas de trabalho. E os candidatos também poderão se candidatar às vagas. O “Jobs” é um recurso que permite trocas de vagas de trabalho, de forma simples e rápida, inclusive para os pequenos negócios que queiram contratar novos funcionários. O novo serviço ainda não tem data para chegar ao Brasil.

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DICA DE FILME DO SUCESSO AO FRACASSO Baseado em uma história real, o filme Ouro e Cobiça (Gold, no título original) relata a saga de Kenny Wells — interpretado por Matthew McConaughey —, um americano desesperado por dinheiro, que vê na busca pelo ouro a possibilidade de mudar de vida e deixar para trás suas dificuldades financeiras. Ele e o geólogo Édgar Ramirez (Michael Acosta), cuja competência não é das mais confiáveis, partem para a Indonésia a procura do metal precioso. A empreitada, que em um primeiro momento se mostra muito bemsucedida, sofre uma enorme reviravolta. A trama aborda como um negócio, a princípio, promissor pode virar um pesadelo por erros de avaliação e má conduta dos envolvidos.

“Tenho uma loja de materiais de construção na Grande São Paulo. Como a tecnologia pode me ajudar a vender mais?” Daniel Hoe, diretor de marketing da Salesforce para América Latina, responde: Divulgação

DONOS DE MPES PODERÃO BUSCAR PROFISSIONAIS PELO FACEBOOK

PERGUNTE A QUEM ENTENDE

A tecnologia faz parte da vida do seu cliente. É pela internet que ele consulta preços, compara orçamentos, pede dicas para os amigos e compartilha informações. Essa conectividade fez com que ele seja mais informado do que nunca e também muito mais exigente. Nossas pesquisas mostram que 60% da jornada de compra do cliente é feita antes de ir à uma loja. Chamamos este fenômeno de Era do Cliente. Além disso, nossas pesquisas também mostram que 80% dos clientes brasileiros gostam de receber recomendações dos vendedores com base no histórico de compra. Traga a tecnologia para seu lado do balcão e gere resultados – essa é a tal da transformação digital. Algumas dicas para impactar os negócios: • Digitalize o cadastro de clientes: tenha dados atualizados e dentro do sistema de relacionamento com o cliente. • Registre o histórico e use-o: se o cliente tem preferência pela marca X, não seria ótimo vendas e marketing destacarem que ele pode encontrá-la em sua loja? Além disso, o cliente começa uma reforma, compra os primeiros itens e entrará em nova fase daqui um mês? Saiba disso e entre em contato! • Mobilidade é chave: se seus funcionários caminham pelas prateleiras para entender as necessidades dos clientes e apresentar soluções, que tal muni-los com dispositivos móveis que trazem as informações dos clientes e do estoque? • Atendimento: apoie o cliente quando ele trouxer um problema. Oriente-o para resolver o desafio e conte com o fabricante. Esse é o começo de uma jornada. Mantenha sempre o foco no sucesso do cliente e você alcançará resultados. Tem alguma dúvida sobre como a tecnologia pode ajudar o seu negócio? Pergunte a quem entende! Mande um e-mail para imprensa@sebraesp.com.br.


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O resgate da infância

Alexandre Seiji Koga transformou brincadeiras de criança em empreendimento

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Alexandre Seiji Koga, da Mulek de Rua: valorizando o lazer

uando eu era criança nos anos 80, me divertia na rua de casa, em São Paulo, com brincadeiras como carrinho de rolimã, taco, skate, basquete, entre outras atividades. Sou formado em administração de empresas e depois de trabalhar por mais de 15 anos no mercado da hotelaria, decidi mudar o estilo de vida e unir o sonho de ser empreendedor a um projeto que resgatasse as brincadeiras da minha época, aliando à importância de uma infância saudável para o desenvolvimento das pessoas. Foi nessa época que tive meu primeiro contato com o Sebrae-SP. Quando decidi abrir um negócio, eu até havia passado na avaliação para fazer o Empretec (Nota da redação: Empretec é uma metodologia da Organização das Nações Unidas voltada para o desenvolvimento de características do comportamento empreendedor, aplicada exclusivamente pelo Sebrae no Brasil). Mas senti que ainda não estava preparado emocionalmente. Meu pai havia falecido há pouco tempo e como o curso mexe muito com o comportamento, decidi fazê-lo só no ano seguinte. Foi após realizar o Empretec que criei coragem e montei meu negócio. Há seis anos abri no Imirim, zona norte de São Paulo, a Concessionária da Moda. A empresa tem dois funcionários e vende roupas novas e seminovas, brinquedos e acessórios. Além do Empretec, fiz cursos do Sebrae-SP nas áreas do setor segmento e de vitrinismo, entre outros. O começo foi muito difícil e com muitas novidades a serem assimiladas. Com as dificuldades, percebi que os cursos e consultorias ofe-

recidas pelo Sebrae poderiam me ajudar e, com certeza, foram um diferencial para os primeiros passos do negócio. Depois de um ano de operação da Concessionária da Moda, tirei do papel mais uma empresa, mas agora voltada para o meu sonho: trazer os brinquedos da infância para propiciar momentos de lazer em família. Criei a Mulek de Rua junto com meu sócio, Márcio Fernandes. Uma marca estampada em roupas, brinquedos e acessórios, vendidos na Concessionária da Moda. A empresa também organiza e realiza eventos e palestras. Só em 2018, já estão previstos dez encontros de descidas de rolimã em diferentes ruas de bairros de São Paulo para disseminar o conceito de brincadeiras sadias na infância. Nestes eventos, empresas patrocinam os carrinhos e todas as crianças do bairro podem participar. É um trabalho social que tenho o prazer de fazer e onde consigo algum rendimento para a minha empresa por meio de parcerias e patrocínios. Também faço palestras pela Mulek de Rua. Com o tema ‘Resgate Sua Infância’, já me apresentei em escolas, bairros, igrejas e comunidades. Nesses encontros, meu objetivo é mostrar aos pais e aos filhos a importância das brincadeiras da infância para obter equilíbrio pessoal para toda a vida. Senti a crise econômica do País nos últimos anos. Mas me sinto vitorioso por ter passado por ela e estar aqui firme e forte nos meus negócios e fazendo o que gosto. Acredito que este ano será melhor para todo mundo.”


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