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Kenia Milene Galiego, da cervejaria Samadhy: planos para abrir fábrica própria em 2020
CERVEJA LEVADA A SÉRIO
Empreendedores mudam de carreira para se dedicar à fabricação artesanal da bebida, disputando um mercado que exige cada vez mais profissionalização e inovação Págs. 8
Negócios ligados a religião atraem empreendedores Pág. 4
E-commerces de usados ampliam a oferta Pág. 6
Empresária troca a educação física por doceria Pág. 16
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Bem-vindo a 2020: ano do empreendedorismo TIRSO MEIRELLES, Presidente do Sebrae‑SP
O que você fez na última hora? No Estado de São Paulo, 320 pessoas abriram uma empresa, no Brasil foram 1.053. Esse número é 250% maior que os dados de 2010. Estamos prestes a iniciar uma nova década e não tenho dúvidas de que os resultados serão ainda mais expressivos, com uma explosão de empreendedorismo, lastreada na retomada do crescimento econômico – projeções do Banco Central indicam que o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro deve crescer 2% em 2020; na minha opinião, será 2,5% – a inflação ficará sob controle (3,55%) e a taxa básica de juros Selic não ultrapassará os 4,5%, o menor índice desde 1996. Para completar o cenário, o ambiente favorável à abertura e ao fortalecimento dos pequenos negócios vem sendo consolidado, com a implementação da reforma da Previdência e a trabalhista a discussão da reforma tributária, a simplificação dos marcos legais por meio da instituição da Lei da Liberdade Econômica, que interrompe uma longa temporada de confusão burocrática, e a garantia do tratamento realmente diferenciado aos empreendimentos de pequeno porte no que se refere a acesso ao crédito, à tecnologia e ao mercado de compras governamentais.
Tal movimento não se deu por acaso. O empreendedorismo é reconhecidamente o vetor de geração de ocupação, renda e desenvolvimento socioeconômico. Não por acaso, neste ano, deverão ser abertas no Brasil mais de 2 milhões de pequenas empresas, com geração de 1 milhão de novas vagas de emprego com carteira assinada (cerca de 75% do total) e de quase 30% do PIB. O cenário favorável repercutiu nas expectativas positivas dos donos de pequenos negócios para o próximo ano, com sensível diminuição do nível de incerteza: 45% acreditam que a receita vai aumentar (no final de 2018, eram 32%) e 44% aguardam estabilidade (contra 38% em 2018) e 5% não souberam informar (eram 24% no final de 2018). Em relação à economia como um todo 45% confiam na melhora do nível de atividade da economia para 2020 e 42% esperam uma manutenção no nível de atividade. Apenas 6% não souberam informar o que acontecerá com a economia; no ano passado esse índice era de 30%! Tão importante quanto os dados, são as histórias reais e os aprendizados vivenciados por estes empreendedores. Neste ano, realizaremos quase 3 milhões de atendimentos a 1,5 milhão de empreendedores e empresários em nossas redes de atendimento e capacitação presencial e virtual,
na Feira do Empreendedor, nos mutirões de atendimento, nos eventos do programa Empreenda Rápido, em missões empresariais, entre outros. Ao longo deste ano tive a oportunidade de conversar com diversos desses empresários. De uma delas, que participou da missão empresarial à maior feira de alimentos e bebidas das Américas, a Summer Fancy Food, ouvi o seguinte: “Aprendi que meus sonhos são grandes, mas as minhas asas também. Pode escrever aí, em breve vou inaugurar uma filial da Dona Baunilha (confeitaria) em Nova York”. A empresária está se preparando para isso, agregando sua vontade de fazer acontecer aos seus aprendizados dia a dia e aos que especialistas do Sebrae-SP estão levando para aprimorar a gestão de sua confeitaria. Você vai conhecer mais da história da empresa nesta edição. (Leia mais na página 16) São histórias como essa que me fazem acreditar que 2020 será marcado pela jornada de sucesso dos empreendedores que se superaram e buscaram novas saídas para tornar suas empresas mais competitivas e sustentáveis, com asas e músculos para crescer, gerar novos empregos e melhor renda. Feliz e próspero novo ano.
Destaques Sebrae-SP e WhatsApp fazem parceria para treinar empreendedores O Sebrae-SP e o WhatsApp firmaram parceria para ajudar a educar e treinar empreendedores brasileiros sobre como o aplicativo WhatsApp Business pode ajudá-los a se conectar com seus clientes e expandir seus negócios. Mais de cinco milhões de pequenas empresas já estão usando o aplicativo WhatsApp Business para se comunicar com seus clientes em todo o mundo.
Sebrae-SP e WhatsApp vão oferecer treinamentos digitais e presenciais para explicar os recursos e as melhores práticas do aplicativo. Os materiais de treinamento também serão disponibilizados no site do Sebrae, redes sociais e canais digitais. “A pequena empresa está online e 72% dos pequenos negócios no Brasil já utilizam o WhatsApp como ferramenta
para disponibilizar informações sobre produtos e serviços, fazer atendimento e realizar vendas. Nosso objetivo é que por meio desses treinamentos o pequeno empresário possa potencializar seus resultados e atender seus clientes de maneira mais assertiva”, destaca o diretor técnico do Sebrae-SP, Ivan Hussni. “Seja uma loja de cupcakes ou uma loja de roupas online, as pequenas em-
presas são o coração de nossas comunidades e o motor que alimenta a economia brasileira”, afirma Pablo Bello, diretor de Políticas de Mensagens Privadas para a América Latina no Facebook, empresa dona do WhatsApp. “Estamos entusiasmados em nos juntar ao Sebrae-SP para ajudar pequenas empresas em todo o Brasil a alcançarem sucesso e crescerem.”
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Entrevista do mês
Dadinho: 65 anos e ainda atual O doce à base de amendoim segue no mercado unindo tradição com novas linhas de produtos
S
ucesso no Brasil, o doce de amendoim Dadinho foi criado em 1954 como homenagem ao quarto centenário da cidade de São Paulo. Originalmente, seu nome era justamente IV Centenário, mas logo o formato de cubo lhe rendeu o apelido “Dadinho” e assim acabou sendo rebatizado. O Dadinho foi um dos primeiros produtos nacionais a usar papel metalizado na embalagem, novidade na época do seu lançamento. Atualmente, a marca pertence à empresa Doce Sabor localizada em São Paulo e a fabricação é da Bono Gusto Alimentos, de Ribeirão Preto. Sem abandonar as origens, desde 2016 a marca tem ampliado sua linha de produtos, a chamada Família Dadinho: as novidades incluem itens como bombons, wafer e versões cremosa, com chocolate e com zero adição de açúcar, totalizando um portfólio de 36 itens. Para o diretor de marketing do Dadinho, Anderson Siqueira, o doce lembra sua infância e a casa da avó, onde nunca faltava a guloseima. “Hoje ainda tem, mas agora ela não precisa comprar, eu a presenteio”, conta. Há quatro anos na empresa, mas em contato profissional com o produto há cerca de dez, já que trabalhava antes na agência de publicidade que atendia à marca, Siqueira conversou com o Jornal de Negócios. Como manter a tradição de um doce de 65 anos para o público atual, especialmente os mais jovens? Acreditamos que por meio de novidades e produtos que estão presentes na vida das pessoas, seja no momento de descontração, pausa ou até mesmo refeição. O mais importante é manter viva a essência do Dadinho tradicional, no sabor, na textura e no aspecto visual. Nosso desafio é apresentar o Dadinho aos mais jovens, mas não queremos impactá-los diretamente, a estratégia requer cautela, queremos que os pais e avós apresentem
Divulgação
Siqueira, do Dadinho: doce remete à infância na casa da avó
Da melhor maneira possível, observando os seus acertos e também as suas fragilidades – pois todas as marcas as têm – e buscando competir de forma ética. O preço é um dos maiores fatores competitivos. Em um momento em que o conceito de alimentação saudável está cada vez mais presente, qual o posicionamento do Dadinho no mercado? Nós nos posicionamos como um produto que faz parte das horas de satisfação, de liberdade, naquele momento em que a pessoa se permite a saborear um produto gostoso e de qualidade. Estamos também de olho no mercado que oferece produtos mais saudáveis, prova disso foi a criação do Dadinho zero adição de açúcares e, assim como ele, certamente outros produtos mais saudáveis virão por aí. Quais são os principais desafios da empresa atualmente? Distribuição. Estamos ampliando a nossa malha de distribuição que estava focada em Sul e Sudeste. Por meio de parceria com grandes distribuidores, o nosso maior desafio em 2020 é estar presente em todos os Estados brasileiros.
a marca, como lembrança boa de suas infâncias, perpetuando assim o nosso posicionamento “amor de infância a gente nunca esquece”. Por que a empresa decidiu expandir a marca e lançar outros produtos? Olhamos para o mercado e percebemos que produtos do cotidiano como biscoitos, bombons e até mesmo o creme combinariam com
Dadinho; várias empresas estavam e estão apostando em extensão de linha. Observamos também que a tradição conta muito na escolha de um produto, desta forma a criação da Família Dadinho foi uma estratégia certeira que atingiu e superou as expectativas. Como vocês lidam com a concorrência de marcas internacionais?
Com base na história de sucesso do Dadinho, que dicas você pode passar aos donos de pequenos negócios que produzem alimentos? Primeiro, a qualidade, que não é um diferencial e sim uma obrigação de qualquer empresa. Também acreditamos que uma das maiores dicas é a valorização do capital humano e as suas relações. Para finalizar, vale citar Simon Sinek (Nota da Redação: autor, palestrante e consultor): “100% dos clientes são pessoas, 100% dos colaboradores são pessoas, se você não entende de pessoas, você não entende de negócios”.
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A fé que move
Forte religiosidade do brasileiro fomenta o empreendedorismo
Rafael Jorge, da Origem da Fé: franquia quer ter cem lojas até 2022
Rogério Lagos
C
arlos Herbert começou a produzir artesanato católico em 2014 de forma tímida, como Microempreendedor Individual (MEI), apenas com uma máquina e um colaborador para auxiliá-lo em Potim, no Vale do Paraíba. Rafael Jorge, por sua vez, trabalha como lojista desde 1998 em São Paulo, mas foi em 2003 que começou a tocar o próprio comércio de artigos religiosos e místicos com o seu pai, experiência que o levou em 2016 a formatar sua rede de franquias. Hoje, a fábrica de
artigos religiosos Dom Divino, de Herbert, já se tornou microempresa (ME), tem três máquinas, dez funcionários e clientes em todo o Brasil. Já a Origem da Fé, de Jorge, possui oito lojas no modelo de franquia e almeja alcançar a marca de cem lojas até o início de 2022. Em comum, ambos os empreendedores têm o conhecimento técnico, a motivação, a persistência e, por que não, a fé presente em todo empreendedor, principalmente naqueles que trabalham com artigos religiosos.
O crescimento das duas empresas pode ser explicado por algumas características do brasileiro. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em seu último Censo sobre religião apontam que a população brasileira é majoritariamente cristã (87%), sendo a sua maior parte católico-romana (64,4%). Há também pessoas que professam sua fé por meio de movimentos protestantes, como adventistas, batistas, evangélicos, luteranos e metodistas,
além de fiéis de outras denominações religiosas, como pentecostais, episcopais, testemunhas de Jeová, espíritas, kardecistas, algumas de origem africana, como candomblé e umbanda, tradições indígenas, e também minorias muçulmanas, budistas e judaicas. Ainda de acordo com o IBGE, 8% dos brasileiros declaram-se sem religião, podendo ser agnósticos, ateus ou deístas. Apesar da maioria católica, o número de evangélicos cresce de maneira impressionante no Brasil.
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bons negócios
para todo tipo de crença e rende até rede de franquia Ceia, óleos de unção, envelopes para dízimo e caixas de promessas com mensagens motivadoras, passando por camisetas, DVDs, brindes e pacotes de viagem para Israel.
VOCAÇÕES O fato de estar em uma região majoritariamente católica levou a Dom Divino a apostar em produtos destinados aos fiéis católicos. Criado em Potim, município vizinho a Aparecida, o empreendimento nasceu da vontade de Carlos Herbert em ter o próprio negócio e o apoio de seu pai. “Juntei dinheiro de um outro trabalho, além de um acerto, e abri a minha empresa. Meu pai me ajudou bastante financeiramente também, até que em 2017 me capacitei no Super MEI do Sebrae-SP, consegui R$ 20 mil de crédito no programa Juro Zero e investi em mais máquinas e funcionários”, conta. Para a consultora do Sebrae-SP Sâmia Borges, o maior desafio da Dom Divino neste momento de crescimento é manter o parâmetro de qualidade e satisfação dos clientes. A especialista explica que, muitas vezes, o pequeno negócio
tem uma venda menor, porém mais estratégica. “Quando a empresa alcança um patamar maior acaba tendo dificuldades de gerir uma cartela maior de clientes. Para continuar se desenvolvendo, a empresa precisa se planejar, ter um plano de marketing, uma boa precificação e conhecer bem o cliente”, explica. A Origem da Fé, por sua vez, trabalha com mais de 10 mil itens religiosos, dos mais variados tipos de denominações. Nas lojas, que variam de 84m² a 150m², é possível encontrar bíblias, terços, imagens de santos, deuses, orixás, guias, velas e até roupas e livros específicos de cada religião. O fato de não estar atrelada a uma crença específica, inclusive, é o ponto forte do empreendimento, que vem ganhando cada vez mais mercado. “Hoje mesmo vendi duas novas lojas, sendo uma na Grande São Paulo e outra em Rio Claro. Poderíamos já estar ainda maiores, mas nosso modelo de negócio não permite aventureiro. É loja para dono mesmo, pois exige muita dedicação”, explica Jorge. O empresário, que esteve presente na última
edição da Feira do Empreendedor do Sebrae-SP, começa neste momento a colher os resultados do evento, além de colocar em prática diariamente as características empreendedoras que ele obteve ao fazer o Empretec, curso oferecido pelo Sebrae-SP. “Fiz o Empretec em 2013 e enxerguei muitas coisas que não via antes. Tinha gente na minha turma que havia quebrado três ou quatro vezes e isso me motivou a persistir no meu negócio. Está sendo um diferencial”, explica. A pluralidade religiosa do Brasil é um dos fatores que fazem a Origem da Fé alcançar uma grande parte do mercado atualmente, mas também pode ser o seu maior desafio. A consultora Sâmia Borges aponta que, com essa pluralidade, o empreendimento precisa saber se posicionar no mercado. “Quanto mais especializado, mais de nicho, for um negócio, mais fácil o mercado o encontra. Além disso, normalmente 80% do faturamento de uma loja vem de 20% do que é comercializado. Gerir mais de 10 mil itens é um grande desafio”, aponta.
TURISMO RELIGIOSO EM ALTA
Nos últimos dez anos, ainda de acordo com o IBGE, eles foram o grupo que mais aumentou – elevação de 61% – e hoje representam 22,2% do total. Não por acaso, cada vez mais empreendimentos voltados para esse público ganham forma. Em São Paulo, a Rua Conde de Sarzedas, no Centro, já é considerada como uma “25 de Março gospel” pelos fiéis. Nas dezenas de lojas e galerias localizadas naquele endereço, é possível encontrar desde bíblias e outros livros até púlpitos, itens da Santa
De acordo com o Ministério do Turismo, em 2018 o turismo religioso no Brasil movimentou R$ 15 bilhões. Em 2019, a expectativa da pasta é que esse valor chegue a R$ 20 bilhões. O País registra ao menos 200 atrações, festividades e cidades ligadas à fé, entre elas Aparecida, em São Paulo, o Santuário de Padre Cícero, em Juazeiro do Norte, e Nova Jerusalém, em Pernambuco. Em geral, todas contribuem para o aquecimento do turismo regional, movimentando hotéis, pousadas, restaurantes, lojas de artesanato etc. Segundo a consultoria Euromonitor, mais
de 12 milhões de fiéis visitam a Basílica de Aparecida todos os anos, praticamente o dobro de pessoas que foram na Torre Eiffel, símbolo máximo de Paris, na França. Para a consultora do Sebrae-SP Sâmia Borges, independentemente da situação econômica do País, o brasileiro continua a consumir religiosidade. “É diferente do turismo de lazer, que quando há problemas as pessoas deixam de viajar. No turismo religioso isso não acontece. Na crise, o brasileiro se move para pedir. Na abundância, para agradecer. O Brasil é uma nação extremamente religiosa”, diz.
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E-commerce de
Cresce o interesse dos consumidores por produtos usados
Márcia Silva aposta nos usados de olho na sustentabilidade
Ana Carolina Nunes
O
e-commerce já se consolidou como um canal de compras do brasileiro. Ainda não chega ao nível dos consumidores dos Estados Unidos ou dos asiáticos, mas na América Latina, o Brasil é o país com e-commerce de maior faturamento, R$ 26 bilhões no primeiro semestre de 2019, de acordo a 40ª edição da pesquisa WebShoppers, da e-Bit/Nielsen. Ainda conforme a Webshoppers, 36% da população é ‘digital buyer’, ou seja, faz compras online com frequência. A previsão da e-Bit/Nielsen para 2019 é um aumento de 12% no faturamento do comércio online brasileiro, chegando perto de R$ 50 bilhões. Mas a mudança de comportamento do consumidor, especial-
mente os mais jovens, que passou a se preocupar com questões de sustentabilidade e rechaçar o consumismo desenfreado, combinada a uma crise econômica que se prolonga no país, fez com que os brasileiros passassem a considerar a compra de itens usados. Levantamento da CNDL/SPC divulgado em setembro deste ano registrou que 28% daqueles que fizeram compras pela internet nos últimos 12 meses adquiriram pelo menos um item usado. Os produtos mais comprados foram celulares/ smartphones (29%), eletrônicos (27%), roupas e sapatos (26%), eletrodomésticos (18%), móveis (17%), além de brinquedos e artigos infantis (16%).
A Trocafone chegou a R$ 210 milhões de faturamento justamente no nicho de celulares/smartphones usados. Com três escritórios – São Paulo, Buenos Aires e Moscou – a empresa contabiliza a comercialização de 1 milhão de aparelhos seminovos desde que foi criada. “Nós realizamos uma arbitragem entre classes sociais, adquirindo celulares da classe A/B, que são trocados a cada 12 meses. Nesse processo vendemos para os grupos C e D, democratizando o acesso aos smartphones”, explica Guille Freire, CEO da Trocafone. Freire conta que o maior desafio para eles é certificar a procedência dos aparelhos e fazer um diagnóstico correto de seus status. “Também
consultamos o Imei de cada aparelho captado para saber se ele aparece na lista de aparelhos reportados como roubados ou perdidos. E estamos sempre em busca de novas formas de otimizar essa análise”, detalha. A Trocafone começou há apenas cinco anos, como startup, nascida de uma experiência ruim de Freire. Após ter seu telefone roubado, ele decidiu repor a perda com um aparelho usado e se deparou não apenas com uma grande dificuldade para essa compra, como ainda foi bastante frustrante ter adquirido um produto sem condições de uso. A compra malsucedida feita por Freire é um dos motivos temidos pelos consumidores ao adquirir
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segunda mão
e empreendedores se dão bem ao diversificar oferta um item usado. Na pesquisa CNDL/ SPC, entre os consumidores que não fizeram nenhuma compra de usados na internet, quase um terço alegou que tem medo de ser enganado quanto ao real estado do produto. A Trocafone foi uma referência para Gabriel Bollico, fundador do site Meu Game Usado. O jovem de Araucária, cidade da região metropolitana de Curitiba, criou o e-commerce de jogos e consoles usados para resolver um problema do seu e-commerce de novos, que era dar giro para as devoluções de produtos motivadas por compras erradas. E, como ele diz, “a criatura ficou maior que o criador”. A maior parte do faturamento de Bollico ainda vem da venda de produtos novos, a ShopB, mas o canal criado para os usados registra a melhor margem de lucro,
entre 70% e 100%, enquanto os novos não passam de 14% de margem. Na avaliação do empresário, o cenário também ajudou. O Meu Game Usado foi criado em 2015, no começo da crise econômica e quando o dólar começou a subir, assim como o desemprego. “Aproveitamos esse momento em duas frentes: entre as pessoas que precisavam fazer um dinheiro e entre as que queriam comprar mais sem gastar muito. Todo mundo ficava feliz”, avalia. O Meu Game Usado vende e compra produtos de todo o País. Parte da equipe de 45 funcionários está dedicada aos reparos técnicos e manutenções do produto para garantir a venda de itens em bom estado. A qualidade do trabalho deu origem a um novo braço da empresa, que será lançado em breve, que é um curso de técnica e manutenção de eletrônicos online. Bollico tam-
bém lançou, em abril, um serviço de assinaturas de games e consoles, o que garante ganho recorrente.
CIRCULANDO Mais do que conquistar o consumidor pelo bolso, a engenheira mecânica aposentada Márcia Silva apostou nos usados como negócio de olho na sustentabilidade. Após uma carreira no mercado financeiro, Márcia planejou empreender, mas queria que a atividade funcionasse como uma retribuição à sociedade. “Tive pessoas que me ajudaram muito na minha vida, que me deram oportunidade, e queria retribuir isso”, diz. Hoje, com o site Nossas Coisas, Márcia percebeu que consegue ajudar duas partes em cada venda: “Resolvo um problema tanto da pessoa que está vendendo como de quem está comprando”. Por isso,
COMO COMEÇAR Quer empreender com usados? Confira as orientações do consultor de negócios do Sebrae-SP Adriano Augusto Campos.
Definir o canal
Focar ou diversificar?
Avaliar se vai ser via site, marketplaces (como Enjoei, Mercado Livre), redes sociais e/ou ponto físico.
Definir no plano de negócios se vai se dedicar a usados em geral ou se especializar em algum nicho. Em geral, os nichos reúnem muitos itens para colecionadores.
Ferramentas
Grupos
Mapear as buscas dos consumidores na internet pode ajudar a identificar o que eles estão procurando. Invista no marketing digital e nas redes sociais.
Busque grupos online, personalidades ou influencers relacionados ao nicho escolhido e participe de eventos. Isso ajuda a entender o mercado, conhecer potenciais fornecedores ou compradores e impacta no fator confiança, fundamental para quem trabalha com usados.
Precificação Considere um porcentual do custo de um novo e o custo de logística ou ‘preparo’ do item para venda (como lavagem, higienização, reparos etc). Se for produto de colecionador, considerar esse valor histórico ou sentimental.
Márcia faz questão de enviar uma foto do comprador usando o item comprado no site para a pessoa que o vendeu. “Quero passar a sensação do impacto na vida das pessoas”, conta ela, mostrando a foto de uma jovem que comprou uma câmera fotográfica pelo site para se dedicar ao hobby que pode virar profissão e a de uma família que comprou uma caminha para o filho que já não cabia mais no berço. Fundado há um ano e meio, o Nossas Coisas já recebeu quase 4,5 mil itens de 48 fornecedores. Grande parte é de roupas, sapatos e bolsas, mas há móveis, itens de decoração, jogos, artigos esportivos ou automotivos e livros. Adepta ao minimalismo – estilo de vida que dispensa o acúmulo e o exagero e prega ter apenas aquilo que realmente precisamos ou usamos –, Márcia conta que sempre questiona o comprador se realmente ele precisa daquele item e para pensar melhor antes de efetuar a compra. “O propósito contamina as pessoas”, acredita. Os itens para a venda devem estar em bom estado (não aceita nada quebrado, rasgado, furado ou malconservado). As peças de vestuário são enviadas para a lavanderia e ela finaliza embalando para envio. “Sabemos que são peças usadas, mas não precisam parecer usadas.” Há apenas quatro meses o negócio começou a dar lucro – 60% é doado para instituições. Em dois meses, o e-commerce vai ser desenquadrado da categoria MEI e passará a ser ME, o que coincide com os planos da empreendedora de continuar crescendo com o Nossas Coisas. “Quero ser grande. Ainda não sei se ampliando por conta própria, com sócios ou via modelo de franquias, mas a condição é que conserve o mesmo propósito.” Márcia também acabou de fechar uma parceria com uma startup para fazer entregas e testa há pouco tempo a venda direta no espaço físico da empresa, que abre, por enquanto, duas vezes por semana.
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ARTESANAIS E
Produção de cervejas especiais continua a atrair gente disposta a
A empreendedora Kenia Galiego, criadora da cerveja Samadhy: um ano dedicado à capacitação
Gabriel Jareta
D
epois de quase 25 anos trabalhando no setor de TI, Kenia Milene Galiego estava cansada da rotina estressante e da falta de tempo para a família. Para agravar a situação, ela sofreu um derrame, o que a levou à decisão de mudar os rumos da carreira em busca de mais qualidade de vida. A solução que unia o útil ao agradável foi investir profissionalmente em um hobby a que ela e o marido, Walter Ritschel Jr, costumavam praticar em casa: a fabricação de cerveja. Durante mais de um ano, Kenia se dedicou a estudar não só as técnicas de produção da cerveja – ela se formou sommelière nesse período – mas também investiu em conhecimentos de gestão, marketing e diversos cursos voltados para o empreendedorismo oferecidos pelo Sebrae-SP. “Hoje todo mundo sabe fazer cerveja, mas a maioria é apenas curioso. Aprende apenas a fazer a receita e não sabe como funciona
a gestão do negócio”, diz. Os planos dela são mais ousados: a partir de sua marca, a Samadhy, ela pretende se tornar uma indústria no futuro próximo, a ser instalada na zona norte de São Paulo. Hoje, a cerveja é produzida em uma fábrica terceirizada, a chamada “produção cigana”. “Como qualquer produto artesanal, o custo de produção é muito alto, principalmente para quem é pequeno. As contas ainda não estão equilibradas porque terceirizar a produção é caro, mas o planejamento com a fábrica vai diminuir custos”, conta Kenia. Além disso, a empreendedora teve um problema com a marca que havia criado anteriormente, já registrada por outra empresa, e teve de recomeçar o plano de marketing e a identidade visual. Mesmo com todos esses percalços, ela está confiante no negócio. Atualmente, Kenia vende sua linha de cervejas em eventos e via internet – o marido continua trabalhan-
do em outra empresa, também na área de TI, até que seja possível se dedicar integralmente à cervejaria. Ela costuma dizer que não vende cerveja, mas “proporciona sensações”, que passam pelo cuidado com a escolha dos ingredientes e com cada detalhe do produto final. “Minha cerveja é para ser degustada como um vinho, em um copo adequado, analisando todo o perfil sensorial, a cor, a espuma”, diz.
MERCADO ESPECIAL Assim como Kenia, muitos brasileiros despertaram para o bom negócio das cervejas artesanais (também chamadas de especiais) nos últimos anos. Ao contrário das cervejas industriais, produzidas em grande volume e com insumos menos nobres, as artesanais costumam utilizar apenas os quatro ingredientes básicos da cerveja (água, malte, lúpulo e levedura), embora seja comum encontrar quem faz
boas bebidas utilizando frutas ou sabores defumados. Um estudo da Associação Brasileira de Bebidas (Abrabe) mostra que a venda de bebidas alcoólicas – incluindo cervejas, vinhos e destilados – caiu 9,6% no País de 2014 a 2018, passando de 15 bilhões para 13,6 bilhões de litros. No mesmo período, o volume de cervejas especiais vendido no Brasil cresceu mais de 238%, subindo de 55,6 milhões para 188,2 milhões de litros. “Principalmente em São Paulo, o cenário é de crescimento, tanto do número de microcervejarias quanto da profissionalização”, afirma o consultor do Sebrae-SP Luis Bramante, também gestor da Cerveja Livre, associação que reúne produtores de cerveja do Interior de São Paulo. Segundo ele, hoje no País há cerca de mil microcervejarias registradas no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), que correspondem a cerca
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PROFISSIONAIS
mudar de carreira, mas mercado está mais exigente em relação à gestão de 2% do mercado de cervejas do Brasil. “Mas os cervejeiros não precisam brigar por esses 2%, e sim trazer o consumidor que está nos 98%, da cerveja tradicional”, diz. O momento econômico, porém, não tem contribuído para um desenvolvimento ainda maior do setor, mesmo porque quase toda a matéria-prima é comprada em dólar. O preço muito mais baixo das cervejas tradicionais também força os produtores a reduzir as margens para poder diminuir o valor final de venda – afinal, uma cerveja artesanal de boa qualidade não é barata. De acordo com o 1º Censo das Cervejarias Independentes Brasileiras, realizado pelo Sebrae e pela Associação Brasileira de Cerveja Artesanal (Abracerva), apenas 28% das cervejarias pesquisadas apresentavam, em 2019, desempenho financeiro superior do que em 2018. O restante ou estava “empatando” (50%) ou apresentando prejuízo (22%). (Leia mais sobre o Censo abaixo) Para Luis Bramante, o investimento alto para abrir uma cervejaria exige que o empreendedor esteja preparado para a gestão do negócio, e não apenas para fazer um bom produto. “Embora seja um mercado que atraia pessoas com boa forma-
ção profissional, muitas começam sem um plano de negócios, a maioria não entende o sistema tributário do setor e não tem experiência com indústria”, afirma. Em sua atuação no setor cervejeiro, Bramante orienta os empreendedores a investir no associativismo, que abre caminhos para compras conjuntas e promoção de eventos para atrair potenciais consumidores. Grupos de cervejeiros também têm se unido, com apoio do Sebrae-SP, para promover “rotas cervejeiras” pelo Estado. Só na região metropolitana de Sorocaba, por exemplo, existem cerca de 30 microcervejarias, que devem dar sequência a um projeto com foco no turismo. Neste ano, elas já promoveram uma versão local da Oktoberfest.
CERVEJA ‘ACELERADA’ Em um mercado competitivo e regrado como o das microcervejarias, também sai na frente quem consegue inovar. Esse é o caso da StartUp Brewing, que se apresenta como uma empresa de “tecnologia cervejeira”. Instalada em Itupeva, a pouco mais de 70 km de distância de São Paulo, ela não só fornece espaço e equipamentos para a pro-
dução de outras cervejarias como “acelera” aquelas que mostram potencial de crescimento – assim como investidores-anjo fazem com startups promissoras, injetando capital e fazendo mentoria. A ideia começou com o engenheiro André Franken, que fez toda a carreira profissional no mercado corporativo, e com um sócio, também engenheiro, que produziam cerveja em casa – muito elogiada por família e amigos. Com o sucesso, passaram a investir em equipamentos ainda melhores e a expandir a produção. “Começamos a perceber que o mercado era muito amador, quase caseiro mesmo. Vimos que havia espaço para profissionalizar e levar tecnologia de ponta”, conta. Depois de terem a experiência de produzir em uma cervejaria terceirizada, os sócios resolveram investir em um local próprio. Junto a investidores, levantaram R$ 15 milhões para montar uma fábrica “de última geração”, de acordo com Franken. “Existem muitas fábricas onde se pode terceirizar a produção, mas a nossa forma de fazer é diferente: também damos orientação, oferecemos toda informação sobre como está a produção naquele dia pelo celular”, diz. Segundo ele, o processo
pode reduzir o custo de terceirizar a produção da cerveja em até 25%. Atualmente, a produção da StartUp Brewing é de 100 mil litros mensais. Além das terceirizadas e das “aceleradas”, os sócios mantêm duas marcas próprias. Para 2020, o plano é expandir a produção para outros locais, com distribuição nacional. Os sócios também continuam em busca de cervejas para acelerar. “O potencial vai desde uma identidade visual bacana, um bom conceito, a capacidade de expansão, uma avaliação do empreendedor. E, claro, ter uma boa história para contar”, diz Franken. Para ele, o Brasil ainda está “engatinhando” no segmento de cervejas artesanais – nos EUA, para se ter uma ideia, essa fatia ocupa 20% do mercado. “As pessoas que aprendem a tomar uma cerveja artesanal não voltam mais atrás. O preço é mais alto, mas não é uma cerveja para tomar dez latas”, afirma. A tendência do mercado, agora, é a profissionalização: marcas com história bem resolvida, rótulos atraentes e custo operacional equilibrado. “Vai ficar no mercado quem se organiza, quem paga todos os impostos. Porque nossa competição não é no preço, mas no conceito”, finaliza.
O PERFIL DO CERVEJEIRO INDEPENDENTE 87%
SÃO HOMENS IDADE MÉDIA
39 ANOS PÓS50% TÊM -GRADUAÇÃO DOS NEGÓCIOS
70% TÊM DE 1 A 4 ANOS
ONDE OCORRE A PRODUÇÃO
RIO DE JANEIRO
11%
SANTA CATARINA
RIO GRANDE DO SUL
25%
8%
FÁBRICA PRÓPRIA
FÁBRICA DE TERCEIROS
BAR PRÓPRIO (BREWPUB)
20% DESEMPENHO FINANCEIRO EM 2019 (EM RELAÇÃO A 2018)
11% 13%
67%
18%
28% APRESENTANDO LUCRO 50% “EMPATANDO” 22% APRESENTANDO PREJUÍZO
DE 1 A 4 57% TÊM FUNCIONÁRIOS
MINAS GERAIS
CONTAM 19% NÃO COM FUNCIONÁRIO
Fonte: 1º Censo das Cervejarias Independentes Brasileiras, realizado por Sebrae e Abracerva com 486 respostas de produtores de fábrica própria, produção terceirizada (cervejaria cigana), e bar próprio. Respostas colhidas entre abril e maio de 2019.
SÃO PAULO
EDIÇÃO 308 | DEZEMBRO DE 2019 | 11
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Uma questão de atitude CINTIA MARTINS Consultora do Sebrae-SP
Qual o DNA da sua empresa? É comum encontrar empresas com dez ou 20 anos de mercado sem nunca terem refletido e escrito sobre sua missão, visão e valores. Essas definições existem para auxiliar na direção estratégica da empresa, desde as operações até a contratação e motivação da equipe. Também é útil por auxiliar o empreendedor na reflexão sobre seu papel, o espaço que a empresa ocupa na sociedade e as cadeias produtivas nas quais está inserido. Dedicar tempo para isso pode ser um excelente ponto de partida na definição de metas, criação de planos de ação e até mesmo redefinição do posicionamento no mercado. Ao pensar sobre essas questões, o empresário deve imprimir a sua essência, ter bem claro o propósito da empresa e a razão da sua existência. Iniciando pela missão, algumas perguntas básicas devem ser respondidas: “Por que decidi abrir a empresa?”, “Quais são os diferenciais estratégicos e competitivos que a minha empresa possui?”, “Quais benefícios oferecemos para os clientes?”. Uma missão não deve ser apenas uma frase bonita. Ela deve ser vivida
e reconhecida por todos, desde proprietários, líderes, funcionários, fornecedores e até clientes. Ela pode ser escrita em conjunto com todos os envolvidos, para que tenha maior consistência e veracidade. O segundo passo é definir a visão, ou seja, é preciso responder aonde quero chegar e em quanto tempo. É uma visão de futuro, com prazo determinado. Normalmente se trabalha um período de dois a cinco anos, mencionando-se os objetivos pretendidos nesse período. A visão não é estática e deve ser revista sempre que atingidas as metas propostas, da mesma forma que novas metas devem ser criadas. O último passo é a identificação dos valores e princípios que estão presentes em todos os processos. Funcionam como pilares para a busca dos resultados e a forma de se relacionar em todas as esferas. Mais do que estar em uma placa ou quadro exposto, missão, visão e valores devem ser vividos e percebidos por todos os envolvidos. Essa é uma receita básica e com três ingredientes que auxiliam nas estratégias, na atuação e na comunicação interna e externa.
Final de ano é a época em que muita gente decide fazer uma avaliação da vida pessoal e profissional. É aquele levantamento de erros, acertos e novas resoluções. No caso de quem empreende, sugiro analisar o próprio comportamento. Empreender também é uma questão de atitude e acredito que o sucesso de um negócio está diretamente ligado à postura de quem o conduz. Já que todo empreendimento começa com um sonho, que tal sonhar grande? Ter ambição é a mola propulsora de qualquer iniciativa. Quem pensa pequeno vai colher resultados do mesmo tamanho. Por que se limitar? Você colocou metas para sua empresa atingir neste ano que está acabando? Sem objetivos claros (e alcançáveis, logicamente), as coisas ficam um tanto quanto dispersas. Defina aonde quer chegar. Então, nesse momento de reflexão, estabeleça metas para 2020. Outro ponto básico, mas não menos relevante, é fazer com qualidade. Não é compreensível uma empresa trabalhar sem almejar entregar algo que não o seu melhor.
Ter um negócio é enfrentar obstáculos todo dia e ter de superá-los. Portanto, a constância do propósito é o que vai impedir de ficar pelo caminho. Determinação é o lema. Aqui faço mais uma recomendação: reinvente-se quantas vezes for necessário. O que não pode é esperar as coisas se resolverem sozinhas ou por uma força externa. Muitos empresários cometem o erro de não ouvir o cliente. Se você não está a par do que seu público pensa, quer e precisa, não tem como atendê-lo bem. Na esteira desse aspecto, seja curioso, aprenda e se atualize sempre. Só assim você vai conseguir manter seu negócio competitivo e evitar que seja engolido pela concorrência. Preze pelos seus relacionamentos. São eles que podem abrir portas, ajudar nas horas difíceis ou apontar oportunidades. Mas não procure seus contatos só quando você está com algum problema; mantenha a proximidade nas horas boas e más. Bom Natal e feliz 2020!
WILSON POIT, diretor-superintendente do Sebrae-SP
O Sebrae Responde é um serviço para tirar dúvidas de empreendedores sobre a abertura de novos negócios e questões relacionadas à gestão de empresas já em atividade.
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NEGÓCIOS E OPORTUNIDADES
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AGENDA
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FEIRAS DE NEGÓCIOS
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EMPREENDA - SEMINÁRIO
Quando: 5 a 8/12 Onde: São Paulo Expo Rodovia dos Imigrantes, km 1,5, Vila Água Funda, São Paulo – SP Informações: ccxp.com.br
Quando: 9 a 13/12, das 9h às 18h Onde: Escritório Regional Capital Sul Av. Adolfo Pinheiro, 712 Valor: R$ 840
ER SÃO JOÃO DA BOA VISTA CURSO: DESIGN THINKING
Quando: 7/12
Quando: 4,5, 9,10 e 11/12 Onde: ER São João da Boa Vista R. Presidente Franklin Roosevelt, 110
Onde: Pro magno Centros de Eventos
Valor: R$ 410
SLOW BREW BRASIL 2019 (FESTIVAL DE CERVEJA)
Av. Profa. Ida Kolb, 513 - Jardim das Laranjeiras, São Paulo-SP
ER VOTUPORANGA
Informações: slowbrewbrasil.com.br/festival2019/
OFICINA – FORMALIZAÇÃO
FEIRA ME GUSTA SP (FEIRA CULTURAL DE RUA)
Quando: 10/12, às 18h30 Onde: Escritório Regional de Votuporanga Av. Wilson de Souza Foz, 5.137 Valor: Gratuito
Quando: 8/12 Onde: Praça do Pôr do Sol
ER VALE DO RIBEIRA
Praça Cel. Custódio Fernandes Pinheiro, 334
PROMOVER E DIVULGAR PARA VENDER
Informações: www.facebook.com/feiramegusta/
Quando: 5/12, às 19h Onde: Escritório Regional Vale do Ribeira Rua José Antônio de Campos, 297 – Registro Valor: R$ 80
POP PLUS (FEIRA DE MODA E CULTURA PLUS SIZE) Quando: 7 e 8/12 Onde: Club Homs Avenida Paulista, 735 Informações: popplus.com.br/
EXPEDIENTE Publicação mensal do Sebrae-SP Edição impressa CONSELHO DELIBERATIVO Presidente: Tirso Meirelles ACSP, ANPEI, Banco do Brasil, Faesp, FecomercioSP, Fiesp, Fundação ParqTec, IPT, Desenvolve SP, SEBRAE, Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia, Sindibancos-SP, Superintendência Estadual da Caixa Econômica Federal.
ER SÃO JOSÉ DOS CAMPOS PALESTRA APRESENTAÇÃO EMPRETEC
Quando: 3/12, às 18h30 Onde: Escritório Regional São José dos Campos Rua Humaitá, 227 Valor: Gratuito
DIRETORIA EXECUTIVA Diretor-superintendente: Wilson Poit Diretor técnico: Ivan Hussni Diretor de administração e finanças: Guilherme Campos JORNAL DE NEGÓCIOS Unidade Marketing e Comunicação Gerente: Marcus Vinicius Sinval Coordenadora: Marcelle Carvalho Editores responsáveis e redatores: Gabriel Jareta (MTB 34769) e Roberto Capisano Filho (MTB 46219). Assessores de imprensa: Gisele Tamamar, Patricia Gonzalez e Rogério Lagos. Estagiários:
Anderson Freitas e Julia Sansoni. Imagens: gettyimages.com. Diagramação: Bruna Santos, Daniel Augusto de Resende Neves, Douglas da Rocha Yoshida, Gisele Resende Costa e Letícia Durães. Fotos: Ricardo Yoithi Matsukawa – ME e Carlos Raphael do Valle – ME para o Sebrae-SP. Apoio comercial: Unidade Relacionamento: (11) 3177-4784 SEBRAE-SP Rua Vergueiro, 1.117, Paraíso São Paulo-SP. CEP: 01504-001 PARA ANUNCIAR (11) 3177-4784
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TEC &
LIVROS As 10 faces da inovação (Editora Campus)
O Negociador (Pearson)
RESTAURANTES USAM ROBÔ PARA PESAR PRATOS Restaurantes
self-service
têm
usado pequenos robôs que pesam
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A inovação se tornou peça ‑chave do empreendedorismo. No livro, Tom Kelley e Jonathan Littman defendem que para gerar inovações significativas é preciso observar e compreender o comportamento de seus clientes. Kelley revela as estratégias adotadas pela IDEO, sua empresa de design, com sede em Palo Alto, Vale do Silício, para estimular o pensamento criativo e superar o negativismo que sufoca a criatividade. Para tanto, explica os dez tipos ou papéis desenvolvidos pela IDEO, por meio dos quais qualquer empresa pode inovar em diferentes situações.
pratos, emitem recibos com o valor da compra e até dão “boas-vindas” aos clientes. Chamado Jimi Robô, o equipamento foi desenvolvido em 2018 pela startup Mogô Sistemas, de Pato Branco (PR) e sai por R$ 4,1 mil. O restaurante Buon Mangiare, em Erechim (RS), o Sushi Kata, em Dois Vizinhos (PR), são exemplos de estabelecimentos que adotaram a máquina. Francisco
Oportunidades invisíveis (Matrix) A publicação mostra a história de empreendedores brasileiros e de alguns outros do exterior que conseguiram enxergar além do óbvio, com iniciativas inovadoras, tendo a diversidade como um grande ativo. São negócios nas áreas de mídia, beleza, turismo, moda e tecnologia que criam novos mercados, desconstroem estereótipos e desafiam o senso comum. O livro conta essas histórias para responder perguntas como: o que faz esses empreendedores enxergarem abundância onde todos veem escassez? Como eles conseguem ser mais inovadores que as empresas tradicionais? Quais lições podemos aprender com eles para nossos projetos? Além dos cases brasileiros, o autor Paulo Rogério Nunes busca referências globais para mostrar que a diversidade é o combustível da inovação.
Acordi, 55, dono do Sushi Kata, diz que, com o equipamento, a fila do bufê ficou 30% mais rápida. O robô tem 38 cm de altura, 20 cm de largura e pesa 1,5 kg. Segundo o diretor de desenvolvimento da Mogô Sistemas, Andre Neckel, ele também verifica o valor total de vendas no dia, a quantidade de quilos servidos, o número de refeições, o custo e o lucro líquido.
SEBRAE LANÇA QUADRINHOS SOBRE EMPREENDEDORISMO Divulgação
Para ser bem-sucedido em um cenário competitivo é necessário saber negociar bons acordos. Baseado em pesquisa científica com casos reais sobre o comportamento humano e habilidade de um negociador, o livro de Leigh L. Thompson mostra conceitos de trabalho necessários para uma negociação eficaz. A publicação propõe ampliar o foco para habilidades mais especializadas como desenvolvimento de estilo próprio de negociação. Adaptado à realidade brasileira, o livro também traz impacto da tecnologia sobre a negociação e ainda apresenta dois casos nacionais.
O Sebrae lançou três histórias em quadrinhos (HQs) sobre empreendedorismo para crianças. O objetivo é conquistar o interesse pelo assunto, estimular a imaginação e desenvolver a criatividade desse público. As HQs abordam alguns obstáculos enfrentados pelos empreendedores, como a dificuldade de gestão financeira, e as principais qualidades que precisam ser aprimoradas para quem sonha em criar o próprio negócio. Nas histórias, os empreendedores são retratados como super-heróis que desenvolvem a força e a capacidade de enfrentar seus inimigos. Para conferir as histórias em quadrinhos, acesse: www.sebrae12deoutubro.com.br.
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IDEIAS
PERGUNTE A QUEM ENTENDE Como um pequeno negócio poderia aplicar na prática as ideias encontradas no Pinterest? Por Mariana Sensini, country manager do Pinterest para Brasil e América Latina
O Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) decidiu manter o desconto para alguns usuários de seus serviços. A redução nos preços de alguns serviços relativos a patentes, marcas, desenhos industriais, indicações geográficas e contratos de licença, transferência de tecnologia e franquia foi mantida em até 60% para pessoas naturais (somente se estas não detiverem participação societária em empresa do ramo a que pertence o item a ser registrado). A redução também se aplica a microempresas, Microempreendedor Individual (MEI) e empresas de pequeno porte; cooperativas; instituições de ensino e pesquisa; entidades sem fins lucrativos, bem como órgãos públicos, quando se referirem a atos próprios.
CHEF’S TABLE A série da Netflix mergulha nas cozinhas e nas mentes de alguns chefs que revolucionaram o cenário gastronômico mundial. A produção mostra lições não só para quem quer montar um restaurante, mas para quem busca inspiração para seu negócio. A série tem seis temporadas disponíveis.
VÍDEO: ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL Criada em Ribeirão Preto há três anos, a Boali é uma rede com 30 unidades especializada em alimentação saudável. Rodrigo Barros, um dos sócios, conta a história da empresa.
Veja a história da Boali:
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PORTARIA MANTÉM DESCONTOS PARA PEQUENOS NEGÓCIOS NO REGISTRO DE MARCAS
O Pinterest é uma ferramenta de descoberta visual e é um ambiente único para empresas e marcas, onde elas podem encontrar inspiração e referências, mas principalmente interagir com os usuários, que vêm ao Pinterest em busca de ideias e produtos. Com mais de 300 milhões de usuários por mês em todo o mundo, o Pinterest conta com um número igualmente enorme de buscas todos os dias – e 97% das principais buscas não estão relacionadas com marcas. Assim, a plataforma é um ambiente com espaço de sobra para ser explorado por negócios de todos os tamanhos. Os empreendedores também usam o Pinterest para procurar inspiração. Para se ter uma ideia, algumas das buscas que tiveram alta no último ano são motivação empresarial (+199%), inspiração de marca (+231%), inspiração para cartão de visitas (+386%), e design de embalagem (+837%). Prova disso são oito empresas em todo o mundo que participaram do nosso Relatório de Empreendedorismo, contando como transformaram o Pinterest em uma ferramenta para o sucesso. E a estratégia não é segredo. Para ajudar as empresas e marcas a aproveitarem o Pinterest ao máximo, conectando-se com usuários, aumentando o reconhecimento da marca, expandindo o negócio ou descobrindo novas ideias, nós temos algumas dicas. O primeiro passo é criar uma conta de negócios no Pinterest, para ter acesso a insights valiosos. Nos Pins, use fotos de alta qualidade, adicione descrições detalhadas e hashtags e, quando for possível, aplique sobreposição de texto. Depois, organize seus Pins em pastas e subpastas e lembre de compartilhar conteúdo sazonal de dois a três meses antes do evento. Por exemplo, que tal começar a compartilhar conteúdo para Carnaval em dezembro? Seja criativo no conteúdo: crie tutoriais, listas e guias de passo a passo. Por fim, os Pins de produto têm um ícone de etiqueta e indicam ao usuário o preço e o estoque da peça. Lembre-se de sempre usar o link para o produto em questão! Tem alguma dúvida sobre como a tecnologia pode ajudar o seu negócio? Pergunte a quem entende! Mande um e-mail para
https://youtu.be/V6SrFoQ2Mmg
imprensa@sebraesp.com.br.
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Um doce negócio
Roberta Khatib Trevisan conta como foi montar a confeitaria e cafeteria Dona Baunilha Roberta Trevisan deixou a carreira em educação física para abrir sua empresa
Anderson Freitas e Julia Sansoni*
“E
m 2004, me formei em educação física e trabalhei na área durante três anos. Meu irmão abriu uma cafeteria no centro de Barretos e pediu que eu fizesse cupcakes, pudins e umas coisinhas bem simples para atender ao público dele. Comecei a fazer, me apaixonei pela área de confeitaria e procurei me profissionalizar. Deixei a área de educação física e entrei no mercado de confeitaria em 2011, mas senti necessidade de levar para o meu público um lugarzinho onde eles pudessem comer e tomar café. Antes de abrir a Dona Baunilha tive a ideia de abrir um food truck. Em 2015 paguei por um, mas o ven-
dedor do veículo sumiu com o meu dinheiro. Foi um balde de água fria porque era tudo o que eu tinha para investir. Naquele momento pedi ajuda dos meus familiares, peguei um pouquinho de dinheiro de cada um e também recorri a um empréstimo para capital de giro no banco. Juntei tudo para poder construir a Dona Baunilha e fazer os trâmites de que precisava para abrir a empresa. Foi aí que tudo aconteceu e deu certo. Hoje a Dona Baunilha vem crescendo em público e em faturamento. Era um sonho e tem dado tudo muito certo. No começo, procurei o Sebrae-SP para me indicar como fazer. Também estudei muito o mercado, tendências, o que estava acontecendo
e o que segurava o cliente antes de abrir as portas. Em junho, estive em Nova York para visitar uma das maiores feiras gastronômicas do mundo, a Summer Fancy Food. Fui com outros 40 empresários do Estado de São Paulo e uma equipe sensacional do Sebrae-SP, que nos auxiliou. Fizemos visitas técnicas a mais de 70 lugares, restaurantes, bakeries, confeitarias e hamburguerias. Tudo que é lançado nos Estados Unidos chega ao Brasil dois anos, dois anos e meio depois. Com a viagem, já estamos sabendo antes. Sempre mantive uma comunicação muito bacana e muito direta com meus clientes. Para isso uso redes sociais como Instagram e Facebook. Penso como se eu esti-
vesse do outro lado da tela: o que eu gostaria de ver no feed? Em março deste ano, formatei a Dona Baunilha para franquia. A primeira unidade foi vendida em maio para Araraquara e estou abrindo a minha segunda loja em São José do Rio Preto. Meu truque para manter o padrão, os clientes ativos e o faturamento alto é sempre lançar produtos novos. Também aconselho estudar, praticar, se informar e se especializar naquilo que você quer fazer antes de abrir um negócio. Por fim, tenha amor por aquilo que você vai fazer. Para dar certo tem de haver entrega, tem de haver amor. A gente tem de dar 100%.” *Estagiários sob supervisão dos editores