Jornal de Negócios - 01 de Maio de 2020 - Edição 313

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COMO SOBREVIVER À PANDEMIA

A crise provocada pelo novo coronavírus atingiu em cheio os pequenos negócios, mas é possível encontrar uma saída investindo em capacitação e colocando em prática ideias novas Pág. 8 Delivery: é hora de se adaptar à nova realidade Pág. 4

Imobiliárias mostram caminho para transformação digital Pág. 6

Produtores rurais buscam acesso direto ao consumidor Pág. 13


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Novo normal TIRSO MEIRELLES, Presidente do Sebrae‑SP e empreendedor

Vivemos uma época extremamente delicada, uma vez que a pandemia do coronavírus desmontou profundamente todo sistema social da forma que conhecemos, começando pela saúde, mobilidade, atingindo as relações comerciais, a economia global e a forma como nos relacionamos e vivemos em sociedade. A única certeza de que temos hoje é que nada voltará a ser como antes. Passado esse duro e crítico período, teremos que focar e investir na construção do novo normal. A competência mais estratégica num cenário complexo, ágil e imprevisível será ter um fluxo de informações totalmente azeitado, que permita capturar rapidamente o cenário, processar os dados, atualizar a operação e devolver ao mercado produtos e serviços com proposta de valor desejáveis. Inovação, criatividade, atuação em rede, planejamento e monitoramento, persistência, comprometimento, abraçar os riscos e atuar organicamente são comportamentos empreendedores que vão dis-

tinguir os empreendedores e empreendimentos que fizeram a transição, se mantiveram no mercado e prosperaram. Precisaremos de líderes realmente empreendedores à frente de empresas, entidades, governos e parlamentos; pessoas com capacidade de ver além, de ter coragem, comprometimento e sabedoria para liderar o processo de evolução. Tenho certeza que teremos um exército de empresários focados neste objetivo. O mais importante é que este caminho pode, e deve, ser trilhado de forma solidária, com integração de esforços, conhecimentos e experiências. No Sebrae, estamos preparados para apoiá-lo na compreensão desse novo momento e desenvolver e implementar estratégias de atuação presencial e digital de curtíssimo, curto e médio prazos. Virtualmente, nossa equipe de especialistas está em pleno atendimento. Além disso, criamos e participamos de uma série de grupos que reúnem players do grande varejo, comércio

Nota ao leitor Assim como em grande parte das empresas brasileiras, a pandemia do novo coronavírus mudou a rotina do Sebrae-SP. O atendimento passou a ser 100% digital e remoto e os colaboradores de todas as outras áreas que não lidam diretamente com o público também estão trabalhando de casa. Todas essas mudanças também impõem um desafio para fazer uma edição do Jornal de Negócios relevante nesse momento de grande dificuldade para os pequenos negócios. Do momento em que a edição é enviada para a gráfica até chegar às mãos dos leitores, são cerca de duas

semanas, período em que muita coisa pode acontecer. Por isso, procuramos não nos ater a decisões e medidas pontuais do ponto de vista econômico, mas sim fazer um panorama maior do enfrentamento da crise – pedimos que o leitor busque informações sobre auxílios e medidas emergenciais nos meios digitais do Sebrae-SP. Sabemos que o período é de incerteza, mas continuamos fazendo um esforço conjunto (ainda que à distância) para levar a você, leitor e cliente do Sebrae-SP, um Jornal de Negócios com informações úteis e histórias inspiradoras. Os editores

eletrônico, mídias sociais, plataformas de financiamento e investimentos; juntos construímos rapidamente soluções para minimizar efeitos da crise. Por exemplo, novas formas de comercialização de alimentos, em tempos de isolamento social, foram ali propostas. Sabemos que, em tempos extremos, são necessárias medidas extraordinárias. Por isso, todo o sistema Sebrae também está trabalhando diuturnamente para ampliar políticas públicas que garantam fôlego e estabilidade para a condução do negócio. Por São Paulo, encaminhamos às autoridades pedido de postergação por seis meses dos tributos federais, estaduais e municipais e parcelamento do saldo devedor por 24 meses; redução de taxas de juros e simplificação do acesso ao crédito produtivo; flexibilização pontual das regras trabalhistas; entre outras medidas. A maioria foi acatada total ou parcialmente. Nós não paramos, porque o empreendedor não quer e não pode parar. Juntos, com fé e ação, construiremos as pontes para o novo normal.


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Entrevista do mês

O começo em uma bermuda A marca Reserva, que teve início com a produção da peça, é referência em inovação no varejo de moda

T

udo começou com uma bermuda 13 anos atrás. Da vontade de Rony Meisler e seu amigo de infância e sócio, Fernando Sigal, de produzir a peça, surgiu a marca de moda Reserva. Com postura de startup, a empresa inovou no varejo de vestuário e ganhou destaque no mercado. Atualmente o grupo tem 83 lojas, cerca de 2 mil funcionários e está presente em mais de 1,4 mil multimarcas no País. Além da Reserva, hoje fazem parte do grupo a infantil Reserva Mini, a feminina Eva, a inovadora Ahlma e o casual da Oficina. É também a única empresa brasileira no ranking das mais inovadoras do mundo, publicado pela revista norte-americana Fast Company. A marca ainda se dedica ao projeto social criado em 2016 por Meisler, o 1P5P, no qual a cada produto vendido na Reserva e Reserva Mini, cinco pratos de comida são doados a pessoas carentes. Desde o lançamento já são quase 30 milhões de refeições doadas. Além do comando da Reserva, Meisler é palestrante em painéis de inovação, preside o movimento Capitalismo Consciente no Brasil, é membro do Instituto de Desenvolvimento do Varejo (IDV) e do conselho consultivo da Associação Brasileira da Indústria Têxtil. A seguir, ele fala mais sobre a empresa e suas estratégias. A Reserva é conhecida por ser uma marca inovadora. Isso foi uma estratégia planejada ou surgiu naturalmente? Em 2017 fomos eleitos uma das empresas mais inovadoras do mundo pela prestigiada revista americana FastCompany. Recebi com orgulho a notícia e perguntei para a jornalista os motivos para o reconhecimento. Nós nunca inovamos com o objetivo de mandar o homem à lua. Nossa inovação parte do princípio de que existem enormes revoluções a serem feitas nas pequenas coisas e problemas do dia a dia de nossos consumidores. Nosso entusiasmo está em

Divulgação

imagem de gente da vida real, de todos os tipos (físico, raça, gênero e credo). Pessoas que admiramos e com as quais convivemos. O alto engajamento de nossas mídias vem do fato de que muito mais do que a voz institucional de uma marca, a Reserva se comunica pelas vozes reais das pessoas que admiramos.

Rony Meisler, sócio da Reserva: objetivo é entregar algo acima da expectativa do consumidor

Com a expansão da empresa, como manter a essência da marca? Com gente. Temos aqui o Programa de Notáveis, que forma sócios vindo da operação. Além dos quatro sócios fundadores temos mais 16 sócios que vieram de todas as áreas do negócio e que juntos construímos tudo. Em vez de dois olhos temos 40 olhos focados em nossa cultura espalhados por toda operação.

entregar uma experiência muito acima do nível de expectativa aos nossos consumidores. E acho que é daí que nasce o nosso mindset de inovação. Então, por exemplo, percebemos que era importante para o nosso cliente, que muitas vezes tem preguiça de ir às lojas, receber nossas coleções em casa para experimentarem com calma e conforto. Daí surgiu o EmCasa, um serviço contratado digitalmente e que leva a loja até a casa de cada consumidor. Nossa missão é a de usar a moda e a tecnologia para melhorar a vida das pessoas. Como a escolha dos funcionários da Reserva pesa na construção da marca e no dia a dia? Contratamos muito mais pela personalidade e alinhamento de valores de vida do que tecnicamente. Nossos valores são simples e objetivos: fanático por resolver os problemas do cliente; mente aberta;

gente muito boa (pessoal e profissional) e espírito empreendedor. O departamento que cuida de gente chama-se Fontes Humanas, porque em nossa opinião gente nunca foi ou será recurso de nada e sim fontes inesgotáveis de emoções, conhecimento, saúde etc. Como a Reserva trabalha a imagem da marca nas redes sociais? Somos diferentes porque somos de verdade. Nosso tagline é o #humanwear porque muito mais do que desenhar coleções que nós achamos bacanas ou que reflitam o nosso estilo de vida, conversamos com os consumidores e desenvolvemos roupas para eles, independente de padrões e pré-conceitos. Nossas roupas são criadas para que nossos clientes se vistam à sua, e não à nossa maneira. Nossa comunicação reflete esse pensamento, a marca como plataforma para a voz e a

Como é empreender em meio às dificuldades econômicas do País? Dureza. O Brasil possui um dos ambientes mais hostis para se fazer negócios no mundo. O Eric Ries escreveu a obra-prima “The Lean Startup”, que descreve a metodologia ágil como solução para o desenvolvimento de produto. Sou fã, mas é impossível não destacar que possivelmente ele não conhece o Brasil. Aqui ou o empreendedor erra pequeno para aprender e acertar grande ou ele morre antes de completar um ano de vida. Aqui falta tudo: crédito, infraestrutura, logística e etc. Para poder sobreviver todo brasileiro já nasce empreendedor. Quem vence no Brasil está pronto para vencer em qualquer lugar do mundo! Temos de perder o complexo de vira-lata e ir para o mundo. Quando vamos, a exemplo do que fez a turma da InBev, somos imbatíveis. Alguma dica para quem quer empreender no ramo da moda? Não empreenda moda. Empreenda as dores do consumidor. Todo o resto é consequência.


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Delivery em

Com a crise do novo coronavírus, estabelecimentos tiveram que

Daniel Alves, dono de um empório em Pinheiros: delivery começou de um dia para o outro

Ana Carolina Nunes

O

s 10 mil ímãs de geladeira estampados com os números de telefone e de WhatsApp do empório Armazém Confiança tinham acabado de ficar prontos quando, em meados de março, foi decretada a quarentena no Estado de São Paulo, determinando que a população fizesse isolamento social, ou seja, só sair às ruas em caso de extrema necessidade, e que o comércio só funcionasse se considerado serviço essencial, como alimentação e medicamentos. Daniel Alves, dono do empório, que fica em Pinheiros, zona oeste de São Paulo, estava se estruturando para começar a oferecer o serviço de entregas em um mês quando viu que precisaria começar a entregar já no dia seguinte. A inscrição na plataforma do aplicativo de entre-

gas iFood já estava feita, mas ainda faltava treinar os funcionários, organizar as embalagens e fazer o marketing digital para divulgar a novidade. Os funcionários passaram a ser treinados em tempo real e as embalagens começaram a sair sem a identidade visual da loja. E nem foi preciso fazer a ação de divulgação, já que os próprios clientes procuraram o serviço espontaneamente e, após duas semanas em operação, os pedidos para entrega faziam fila na loja, assim como os motoboys na calçada. Como o Armazém vende alimentos e bebidas, assim como produtos de limpeza e higiene pessoal, Alves viu os pedidos crescerem exponencialmente, e, de acordo com ele, com um tiquete médio maior que o usual. No início de abril, o delivery

já representava 40% do faturamento do empório aberto há pouco mais de nove meses. O desafio de Alves está sendo acertar a demanda. As compras semanais para abastecimento acabaram virando diárias. E, mesmo após o auge da crise, ele pretende não só manter o serviço de delivery como se prepara para investir em um aplicativo próprio com entregas feitas em parceria com a Loggi. “A demanda na região é alta, só observar a quantidade de entregas que faz a padaria da esquina. O bairro tem uma população de alto poder aquisitivo e oferecer o serviço de delivery será cada vez mais básico para os estabelecimentos”, avalia. Os aplicativos consultados – iFood, Rappi e UberEats – não revelaram qual o número de estabelecimentos que se credenciaram ou

reativaram suas contas depois do início da crise. A Rappi informou que identificou “um aumento significativo no número de pedidos de supermercado”.

ADAPTAÇÕES

A rotina na empresa Scuadra ajuda a dar uma ideia do aumento da demanda por delivery. Ela é fornecedora de embalagens para restaurantes, entre eles alguns famosos da cidade de São Paulo, e não deu conta de atender a novos clientes, pois o aumento da demanda entre seus consumidores foi de 50% entre fevereiro e o final de março. “Nossas máquinas e nossa equipe estão trabalhando na capacidade máxima e já não conseguem atender na velocidade que a demanda está chegando”, relata o CEO da Scuadra, Luiz Silveira.


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cima da hora

estruturar serviço de entrega às pressas e garantir capital de giro O restaurante Cajuí, na Vila Madalena, foi um dos que tiveram de correr atrás de embalagens. Guilherme Pereira de Carvalho e seus dois sócios no estabelecimento vegano estavam dando os primeiros passos para iniciar o serviço de delivery a partir do meio do ano, mas se viram obrigados a adiantar o calendário desse plano quando a crise de saúde pública mundial forçou-os a fechar as portas do negócio, aberto em dezembro de 2019. A determinação oficial de fechar o atendimento ao público chegou após duas paradas no funcionamento: o recesso da virada de ano e o Carnaval. “Tínhamos voltado a funcionar há cerca de 15 dias apenas quando estourou a crise e estávamos ainda estudando como inserir o delivery na operação”, conta Carvalho. Além disso, o restaurante ainda tem o desafio de garantir a apresentação dos pedidos, por isso, tiveram de providenciar novas embalagens para suportar alimentos com mais molhos, adaptar alguns pratos e tirar do cardápio algumas sobremesas, principalmente aquelas com sorvete. “Um legado que essa crise vai deixar será o e-commerce de alimentos, que nunca esteve entre as categorias mais vendidas e agora é o principal. O estabelecimento que trabalha com alimentação tem que se preocupar ainda mais em como

DO

ponto A AO

ponto B Tomada a decisão do delivery, o empreendedor precisa decidir: entrega própria ou terceirizada via aplicativo?

esse produto será entregue, para não causar má impressão”, explica a consultora de negócios do Sebrae-SP Ariadne Mecate. No Cajuí, além dos aplicativos, um motoboy terceirizado faz as entregas dos pedidos que chegam por telefone e WhatsApp. Todo o esforço tem garantido, até o momento, cerca de 10% do faturamento médio habitual, mas Carvalho espera um aumento da demanda conforme o serviço fique mais conhecido. “Vejo capacidade grande de continuar dessa forma, mesmo que não seja com o mesmo faturamento, mas que valha a pena manter, principalmente pelos funcionários, que são a prioridade”, diz Guilherme.

Marcos Martins, do Mar de Café: estratégia de “guerrilha” para atender clientes fiéis

CAFÉ EM CASA Dono do pequeno Mar de Café, Marcos Martins teve que adaptar seu modelo de negócio: uma cafeteria com menu de bebidas e acompanhamentos como pão de queijo (massa feita por ele mesmo) e o doce francês que é o diferencial da casa, o canelé. Com uma operação que depende totalmente do fluxo de pessoas na região, e já que oferecer delivery de café espresso é inviável, Martins passou a fazer entregas do pacote de café especial – em pó ou em grãos. Localizado na Aclimação, zona

central de São Paulo, o empreendedor resolveu fazer as entregas com o próprio carro pela região e nos bairros do entorno, como Vila Mariana, Cambuci e Chácara Klabin. A estratégia de “guerrilha”, como ele classificou, foi adotada pois considerou que aderir aos aplicativos não valia a pena, por uma série de fatores, entre eles o “ranqueamento” dos estabelecimentos que os apps promovem entre os usuários – como novato, ele acredita, seria prejudicado. Além disso, Martins

ENTREGA PRÓPRIA Haverá volume de pedidos para manter as entregas? Tem verba pra investimento em moto (ou outro meio), funcionário, seguro e outros custos? Terá tempo para administrar o delivery – moto quebrada, entregador doente, pedido errado? Dá trabalho, mas a entrega própria permite personalização, aproxima a empresa do cliente e garante que o produto chegue como deveria.

POR APLICATIVO É uma opção para quem não tem experiência em entrega ou está inseguro para começar a fazer. É uma solução rápida, principalmente para quem não tem condições para investir ou tempo para administrar. E ainda tem a flexibilidade para trocar a empresa. Outra vantagem dos apps é que servem como canal de vendas. Por outro lado, as taxas ficam com uma boa fatia do faturamento.

não conseguiria absorver o custo do uso da plataforma e ainda teria que enfrentar a concorrência com outros negócios similares espalhados por São Paulo. “Os clientes habituais são os que estão mais engajados em fazer os pedidos, pois já conhecem bem o produto e ainda querem apoiar os pequenos negócios”, conta. Os clientes sentiram falta dos petiscos, e, atendendo a pedidos, Martins passou a entregar também a massa do pão de queijo e o canelé. No início de abril, a “guerrilha” estava rendendo ao empreendedor apenas cerca de 5% do que costumava faturar em média. Mas, para ele, a atividade também tem servido como terapia. “É saudável ter o compromisso de trabalhar e ter o que fazer, é a minha terapia”, relata. Enquanto isso, Martins conseguiu negociar o aluguel do ponto e com os principais fornecedores. Ariadne, do Sebrae-SP, lembra que esse é um momento em que todas as empresas estão tendo de se adaptar. “Foi todo mundo pego de surpresa e o cliente também entende isso. Mas como a operação física está parada, o empresário consegue focar nessa adaptação e organizar a melhor estratégia”, diz.


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A hora da

Startups do mercado imobiliário mostram que mesmo setores

Patricia Gonzalez

A

tecnologia vem sendo uma grande aliada em diversos setores para ajudar a incrementar vendas, trazer agilidade e comodidade para os clientes – especialmente na pandemia do novo coronavírus. No setor imobiliário, em que o “cara a cara” conta muito, a lógica não tem sido diferente. Graças a soluções inovadoras trazidas por diversas startups nos últimos anos, corretores, imobiliárias e consumidores têm a oportunidade de traçar uma jornada 100% online para compra e aluguel de imóveis.

A startup Facilita, por exemplo, atua no mercado primário – venda de imóveis novos, ainda na planta – e foi a primeira a oferecer um aplicativo que realiza transações totalmente online para esse nicho. Atualmente, a empresa está em 24 Estados do Brasil e tem uma média de 25 mil corretores conectados. Para fazer uso do aplicativo, incorporadoras escolhem o plano que melhor se adequa às suas necessidades e pagam um valor mensal por ele. A partir daí, corretores podem usar todos os recursos disponíveis para realizar as suas vendas.

“O corretor tem total autonomia para fazer uma venda 100% digital sem precisar de material impresso e nem realizar nenhuma assinatura presencialmente”, explica Glauco Farnezi, fundador e CEO da Facilita. As incorporadoras que têm acesso ao aplicativo também conseguem ter uma visão mais ampla sobre a jornada percorrida pelo cliente – desde de sua entrada no sistema até a compra efetiva. “As construtoras conseguem saber, por exemplo, se esse cliente veio de alguma ação realizada em rede social ou de outras formas de prospecção. Ter essa visão

geral também é um importante auxílio para a tomada de decisões”, reforça Farnezi. Com a implantação da quarentena em alguns Estados do Brasil, a Facilita percebeu em seus clientes uma maior demanda para digitalizar os processos e continuar fechando negócios, mesmo a distância. Isso porque o aplicativo também disponibiliza recursos como visita ao apartamento decorado online, assinatura de contratos digitais e até mesmo a análise de crédito, o que permite que as vendas continuem acontecendo nesse período de


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tecnologia

tradicionais podem fazer a necessária transformação digital dia, passar em mais de um cartório para pegar matrícula do imóvel, autenticar assinatura se a tecnologia já permite que se faça tudo virtualmente e de maneira segura? Essas startups atuam na dor do cliente, com desburocratização, agilidade e acesso à informação”, diz.

ALUGUEL ÁGIL Não só a venda de imóveis, mas também os contratos de aluguel têm se beneficiado do uso da tecnologia para agilizar os trâmites. Preocupado com a atuação de grandes portais de aluguel de imóveis, o empreendedor Paulo Fernandes criou a startup Rua Dois para aumentar a presença das imobiliárias no mundo online. As operações tiveram início em janeiro de 2019 e buscam agilizar a experiência tanto para imobiliárias quanto para clientes, que podem ter acesso a informações de forma imediata, como uma

agenda online para marcar visita ao imóvel. “Normalmente, um cliente visita de cinco a sete imóveis antes de escolher qual vai alugar. Com o aplicativo, ele reduz o tempo de sua jornada e agiliza toda a parte burocrática”, explica Fernandes. Entre outros benefícios, ele destaca que um contrato de locação pode ser assinado no prazo de até 24 horas e uma aprovação de crédito pode acontecer em apenas 15 minutos. “O mercado tradicional de aluguel não satisfaz a necessidade do cliente. Ele deseja agilidade e processos mais simples”, opina. Para o cliente que procura um processo de locação 100% online, o primeiro passo é passar um briefing com as características do imóvel que deseja para o corretor selecionar algumas opções. A partir daí, o cliente faz a visita – presencial ou online – e envia uma proposta digital utilizando os recursos da

Por onde começar?

distanciamento social. “Antes tínhamos clientes que não respondiam ao nosso follow-up. Agora percebemos que eles têm interesse em fechar negócio. Estamos atendendo a todo esse aumento de demanda e ainda não paramos para quantificar isso”, explica o CEO da startup. Para o consultor do Sebrae-SP Marcus Vinícius de Oliveira Leite, a transformação digital é um caminho natural para ajudar as empresas a economizar tempo e ganhar agilidade. “Veja o caso do mercado imobiliário: por que o consumidor precisa gastar tantas horas do seu

A necessidade de vender online, sentida por muitos empreendedores desde o início da pandemia de Covid-19, pode ser uma oportunidade para que os negócios realizem a sua transformação digital. “Mudamos a forma como buscamos informação. Agora as pessoas leem opiniões em blogs e canais do YouTube, mídias sociais e acessam sites como o ‘Reclame Aqui’”, afirma o consultor do Sebrae-SP Hugo Hoch. Para os pequenos negócios que ainda não investiram na presença online, ele orienta sobre como começar.

Para saber mais, o Sebrae-SP oferece mais de 100 cursos EAD gratuitos para o empreendedor aprimorar seus conhecimentos e promover a sua transformação digital. Acesse https://solucoes.sebraesp.com.br/

ferramenta. A análise de crédito e assinatura do contrato também podem ser realizadas virtualmente. Fernandes acredita que a quarentena orientada em diversos Estados do Brasil desde março contribuiu para a aceleração da digitalização do mercado imobiliário. Para ele, 2020 ficará marcado como o ano em que as empresas tiveram a obrigação de fazer a transformação digital. “Os números mostram que a tecnologia está ajudando. Se compararmos os números de leads entre fevereiro e março, podemos dizer que a demanda por aluguéis online em nossa plataforma triplicou”. Essa demanda se reflete no número de visitas online realizadas aos imóveis. “Na primeira e na segunda semana da quarentena sentimos uma queda. Mas já na terceira semana houve um aumento de 47%”, afirma o empreendedor.

MÍDIAS SOCIAIS

Facebook, Instagram e WhatsApp Bussiness são excelentes ferramentas para relacionamento com o cliente e para anunciar produtos e fechar negócios. Porém, é importante entender: essas ferramentas não devem ser usadas apenas como catálogo, mas sim como uma maneira de conhecer melhor seu cliente, seus gostos e preferências. É preciso ter conteúdo de qualidade postado com frequência regular, investir em impulsionamento de publicações e analisar as métricas para saber como está seu desempenho.

TENHA O SEU SITE

A página na web funciona como o seu endereço virtual. É essencial para conseguir ser encontrado por potenciais clientes e marcar presença na web. Quando uma pessoa busca um produto ou serviço, ela usa ferramentas como o Google. Por isso, é importante ter um site próprio, ele é o seu cartão de visitas virtual.

MONTE SEU E-COMMERCE

As redes sociais não têm como objetivo principal fazer vendas. Para vender, é importante ter seu próprio e-commerce ou usar algum marketplace. Esses locais disponibilizam recursos para que o empreendedor possa fazer uma venda segura para ambos os lados.


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CORONAVÍRUS: GUIA

Além da perda de vidas, a crise provocada pela covid-19 quebra empresas e provoca

A

pandemia causada pelo coronavírus atingiu não só o sistema de saúde, provocando milhares de mortes no Brasil e no mundo, mas também teve um impacto na economia que ainda é difícil de mensurar. Com a grande maioria das lojas fechadas e serviços de atendimento público suspensos para tentar baixar a curva de expansão da Covid-19 e não sobrecarregar os hospitais, os donos de pequenos negócios tiveram de fazer contas e tentar se reinventar para minimizar os prejuízos. Apesar das perdas, as micro e pequenas empresas estão diante de uma oportunidade de renovação: é hora de investir em capacitação, buscar ajuda especializada e tirar ideias novas do papel. Para auxiliar nessa jornada, o Jornal de Negócios preparou um guia para a sobrevivência das micro e pequenas empresas a partir das orientações da equipe de consultores do Sebrae-SP.

A ORDEM É ORGANIZAR Os consultores do Sebrae-SP estão atendendo de maneira remota e digital por meio do telefone 0800 570 0800 ou pelo site sebraesp.com.br. Aproveite para fazer as cinco consultorias do chamado “kit de sobrevivência”. São todas gratuitas! 1. Análise financeira (Proteção de caixa integrada com ajustes dos custos fixos e variáveis) 2. Microcrédito orientado 3. Renegociação com fornecedores 4. Marketing e mídias digitais 5. Legislação trabalhista e impostos

COMO OS SETORES PODEM REAGIR Agronegócio O produtor que nunca fez delivery deve se valer de parcerias com quem já faz para começar. Detalhes fazem a diferença: entrega com horário determinado ou cestas com mix de produtos, mais práticas e com menos desperdício. Quem trabalha com frutas de menor demanda ou exóticas pode fazer parcerias com produtores de itens com mais saída para compor as cestas. Entregue um produto limpo, bem embalado e até cortado ou pré-cozido. Ofereça amostras e envie receitas ou dicas de como preparar os produtos. Participe de cooperativas e pense em criar uma marca com outros produtores.

Varejo O consumo de produtos não essenciais vai continuar, mas menor. Formule novos argumentos de vendas de acordo o que você conhece do seu público, adaptando para a situação atual. Monte combos ou kits de produtos para atrair o interesse do cliente. Invista na presença online e no delivery (ver quadro ao lado).

Para negócios que dependem da presença física, como bares e determinados serviços, uma opção é fazer vendas para o futuro, com vouchers ou mensalidades pagas agora para consumo depois do fim da quarentena. Indústria Renegocie os compromissos vigentes e futuros com fornecedores, parceiros, prestadores de serviços diretos e, principalmente, clientes. Redimensione, se necessário, o número de colaboradores à necessidade de produção de forma a equilibrar a saúde financeira de curto prazo. Mais importante do que qualquer compromisso comercial é a segurança do seu colaborador. Aproveite a parada forçada para reorganizar a empresa e fazer manutenção do maquinário. Reveja processos, pense em mudanças de layout. Isso possibilita operar de forma mais organizada e eficiente assim que houver a normalização das atividades. Analise o estoque. Material que estiver sem uso há tempos e sem perspectiva de uso pode ser repassado ou vendido.


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DE SOBREVIVÊNCIA

desemprego. Como os pequenos negócios podem encontrar alguma luz no fim do túnel?

DICA Desde o início da pandemia, o Sebrae-SP tem feitos lives diárias com consultores abordando temas variados para a sobrevivência dos pequenos negócios e respondendo a dúvidas dos empreendedores. Todas estão disponíveis no site sebraesp.com.br.

FINANÇAS Até que o cenário econômico volte a uma relativa normalidade, os donos de pequenos negócios têm ao seu alcance uma série de medidas para dar o fôlego nas finanças. Um exemplo é o Programa Emergencial de Manutenção do Emprego e da Renda, que permite redução de carga horária/ salários e a suspensão temporária do contrato de trabalho do funcionário. Iniciativas do poder público também permitem adiar o pagamento de contas de consumo, como água e energia elétrica, e bancos estão oferecendo prorrogação de dívidas. Um cuidado recomendado pelos consultores é não tomar crédito antes de fazer a lição de casa e analisar os custos da empresa e o que pode ser cortado – o Sebrae-SP pode ajudar nesse processo.

A PRESENÇA ONLINE É FUNDAMENTAL Se seu cliente não pode ir até você, você precisa ir até ele. Para isso, invista em um perfil nas redes sociais (as principais para negócios são Instagram, WhatsApp e Facebook) e ofereça delivery do que for possível. Se o seu segmento não permite isso – caso dos salões de beleza, por exemplo –, dê dicas de cuidados, interaja com seu público e pense em vender pacotes de serviços promocionais para serem usados até o final do ano, por exemplo. Já se você consegue fazer entregas do seu produto, é hora de conhecer as opções. Afinal, montar um delivery é como abrir uma nova empresa dentro da sua empresa: Analise os custos e defina se sua entrega será própria ou terceirizada via algum aplicativo. Defina a área de atendimento e coloque no papel o valor de frete e os custos de cada meio de pagamento. Faça um pente-fino no seu cadastro de clientes, retome o contato com aqueles que já não são mais clientes assíduos. Se for o caso, coloque um cartaz na frente do estabelecimento avisando sobre o funcionamento do delivery. Donos de restaurantes devem adaptar o cardápio: veja quais produtos são os mais adequados para entrega, qual embalagem vai funcionar melhor e, se for necessário, crie novos pratos ou “combos”. Desenhe seu processo: quem recebe, quem prepara, quem despacha. Talvez seja necessário mexer na escala de funcionários e no horário de funcionamento. Importante: comunique claramente ao seu cliente as medidas de segurança e de higiene.

O QUE ESPERAR DA RETOMADA? A economia brasileira vai passar por um período de grandes dificuldades e com nível de atividade e de poder de consumo abaixo do que era antes da pandemia. A recuperação não será uniforme para os diferentes setores. Hábitos e relacionamentos passarão por mudanças e o consumidor vai valorizar mais a higiene e a segurança com a saúde. Haverá ainda uma sensação de medo e negócios que dependem da concentração de pessoas sentirão os efeitos por mais tempo. As empresas antenadas aos novos padrões terão mais chance de sucesso: as empresas obrigatoriamente terão de estar presentes e ativas nas redes sociais, o delivery ganhará mais importância e o comércio online terá maior demanda. Ensino a distância, entretenimento online e ferramentas para trabalho remoto devem conquistar mais espaço. O home office ganhará força e será mais adotado. Alguns segmentos, com demanda reprimida na crise, podem ter alta em seguida até atingirem estabilização, como roupas e acessórios, serviços de beleza e eletrodomésticos. Outra tendência importante será da valorização das parcerias entre empreendedores de pequeno porte e o comércio local.


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Resultados em 90 dias

Após consultorias de gestão, Marcos Eduardo Bruno mudou organização da loja e aumentou faturamento Marcos Eduardo Bruno, dono da Mundo Animal, e a gerente Tamires Amaral Rosa: com plano de ação, resultados apareceram rápido

Rogério Lagos

H

á seis anos trabalhando no ramo e há três como dono da Mundo Animal, loja de produtos e serviços para animais, Marcos Eduardo Bruno tem visto a melhoria na gestão da empresa se transformar em bons resultados. O negócio, localizado em Itapeva, no interior de São Paulo, começou em um espaço de 80 m² e atualmente ocupa 1,1 mil m² na região central da cidade. É possível concluir que a empresa vem evoluindo nos últimos anos, mas não necessariamente de forma organizada. “De fato, crescemos em dimensão, em vendas, mas não acompanhamos o crescimento na estrutura do negócio. Com o apoio do Sebrae, organizamos 100% a loja e aumentamos em 20% o nosso faturamento em apenas 90 dias. Não esperava tanto em tão pouco tempo. Está sendo fantástico”, comemora o empresário. Mas o que a Mundo Animal fez de diferente para aumentar o faturamento de um negócio que já

estava indo bem? O mercado por si só ajuda: de acordo com o IBGE, são mais de 132 milhões de animais de estimação no País. A Associação Brasileira da Indústria de Produtos para Animais de Estimação (Abinpet) calcula que o mercado de produtos pet no Brasil deve atingir a marca de R$ 20 bilhões de faturamento em 2020. Além disso, Marcos oferece produtos e serviços da linha agro, como rações e vacinas para cavalos e bois, que tem forte demanda na região. O consultor de negócios do Sebrae-SP Alisson Rezende foi o responsável pelo atendimento da Mundo Animal. Ele explica que o empresário realizou 68 horas de consultorias entre agosto e novembro de 2019 em áreas como finanças, marketing, gestão de pessoas, planejamento e controle de estoque. “O Marcos tinha a noção de que as áreas de conhecimento de gestão são integradas. Uma empresa não possui apenas finanças ou marketing. Com isso sua gestão ficou

muito mais eficiente. O grande mérito dele foi executar o plano de ação dentro do prazo e até antecipar alguns pontos. Outros empresários começam e param no meio”, explica. Já são cinco meses colocando o aprendizado em prática. Duas das mudanças mais significativas foram na disposição dos produtos de maneira geral e nas chamadas pontas de gôndolas. Não havia uma estratégia, mas hoje tudo é pensado visando auxiliar os clientes e, claro, aumentar o faturamento. Marcos explica que antes as rações para gatos e cachorros ficavam no mesmo corredor. A partir da orientação do Sebrae, passaram a separá-las e inserir produtos correlacionados no mesmo corredor. “Antes o cliente pegava a ração e ia embora. Hoje ele pega a ração e também um comedor e um xampu, por exemplo. Na primeira semana, já identificamos crescimento de 10% por conta dessas orientações”, destaca o empresário. As pontas de gôndolas, segundo Rezende, são áreas nobres,

com grande visualização por parte dos clientes. Portanto, nesses espaços deveriam ficar produtos que ofertassem uma maior margem de lucro. “Uma vez definido quais eram esses produtos, o empresário procurou os fornecedores e mostrou a eles a importância da ponta de gôndola, que passaram a pagar para utilizar esse espaço. Além de expor os produtos certos no local, a Mundo Animal passou a faturar também nos acordos com os fornecedores pelos pontos de vendas”, explica Rezende. Outro ponto melhorado foi o controle de estoque. “Não tínhamos controle de estoque, de entrada e saída de mercadorias. Muitas vezes vendíamos sem cadastrar um produto, até sem definir o preço corretamente”, admite. “O Alisson foi muito atencioso, sempre buscando soluções. Foi no ponto-chave do controle de estoque e conseguiu resolver”, comemora. Até o momento, a Mundo Animal já colocou em prática algumas técnicas de visual merchandising, como iluminação, exposição de produtos, definição de áreas nobres, produtos correlacionados, mudanças de layout e a inserção de itens para a venda por impulso próximos às áreas de checkout. Os próximos passos do plano de ação contemplam as técnicas de marketing digital, aumentando a presença nas redes sociais e na formatação do site.

CONSULTORIAS REMOTAS O Sebrae-SP oferece consultorias focadas em marketing, finanças, gestão de pessoas, entre outras, inclusive de forma remota e gratuita. Entre em contato para agendar a sua pelo telefone 0800 570 0800 ou pelo chat bit.ly/ faleconoscosp.


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Aprendizado

TAÍS CAMARGO Consultora do Sebrae­‑SP

Soluções imediatas Muita coisa mudou em muito pouco tempo e as ações das empresas tiveram que ser aceleradas, mas muitos ainda têm dúvidas. O que podemos fazer agora mesmo e que trará resultados? É um momento difícil e atípico. Nesse instante você precisa entender qual problema sua empresa resolve para o cliente. Você não fazia delivery? Agora tem de fazer. Não atendia via WhatsApp? Disponibilize seu telefone. Acredita que pode ajudar de outras maneiras? Diga para seu cliente. Faça divulgação para quem está perto de você. Entre no Google Maps e veja os prédios que estão à sua volta. Peça para entrar nos grupos do WhatsApp dos moradores, pois pode resolver o problema de muitos com seus produtos e serviços. Com isso você também otimiza suas entregas. A segunda dica: é seja visto. Use, além do WhatsApp, as redes sociais, site, cadastro de clientes. Comunique o que sua empresa está fazendo, diga como seu cliente pode acessar seu negócio. A comunicação é essencial e, mesmo que sua empresa não esteja vendendo nesse momento, precisa continuar fazendo parte do dia a dia de seus clientes.

A oportunidade é de vender online. Se você ainda não tem um site de venda nem utiliza as plataformas de marketplace, pode ser a hora para entrar em uma delas. Analise as possibilidades e as taxas, precifique seus produtos para esses novos custos e lembre-se: no marketplace você só paga taxas se vender. Crie kits, combos e descontos progressivos. Lembre seu cliente de produtos ou serviços que ele poderia esquecer. Dica três: planeje seus atendimentos, processos, como gerir seus funcionários, como administrar suas finanças. Busque alternativas na redução de custos, fluxo de caixa, gestão de pessoas e otimização de processos. Planeje suas parcerias. As empresas que estão perto de você podem ser seus clientes, podem entregar junto, podem dividir custos e partilhar experiências. Última dica: negociar. Negocie com fornecedores, o aluguel, com os bancos. Nesse item incluímos as opções de crédito disponibilizadas, especialmente para esse período; elas vão fazer a diferença para a manutenção e o fôlego das empresas.

O Sebrae Responde é um serviço para tirar dúvidas de empreendedores sobre a abertura de novos negócios e questões relacionadas à gestão de empresas já em atividade.

Do ponto vista econômico, o Brasil ensaiava uma recuperação – tímida, é verdade – mas era alguma coisa. Mesmo com a previsão do PIB revista para baixo este ano, ainda havia a perspectiva de um pequeno avanço na comparação com 2019. Agora nem isso, infelizmente. A pandemia de coronavírus veio como um rolo compressor, passando por cima de projetos, negócios e expectativas. Da noite para o dia, o empreendedor brasileiro viu tudo o que havia planejado ficar em um estado de suspensão. Comércio fechado, redução das atividades numa escala nunca experimentada antes e isolamento social. Uma realidade duríssima, mas necessária para preservarmos o que há de mais importante: a vida. Mas essa crise toda acaba servindo para tirarmos algum aprendizado. Uma das lições é que as empresas têm de estar estruturadas para o ambiente digital. A divulgação do negócio e a venda online têm de fazer parte de seus repertórios. Quem está fora, é melhor se apressar. Restaurantes e lojas precisam estar ativos na internet e ir até o cliente, não apenas esperar que ele venha. Isso ficou claro com o fechamento dos estabelecimentos comerciais. O mesmo vale para prestadores de serviço. A academia pode transmitir algumas de suas aulas em vídeo. A escola pode oferecer ensino a distância. São ajustes.

Claro que nem sempre isso será possível por conta da natureza do empreendimento. Então fica mais uma lição: considere diversificar o negócio, ter alternativas para obter receita. Outro ensinamento: as empresas têm de estar muito bem organizadas, principalmente no que diz respeito às finanças. Quem mantém suas contas em ordem pode rever seu fluxo de caixa, reduzir custos e fazer projeções. Dessa forma, o empresário tem também condições melhores de negociar com os fornecedores e com os bancos no caso de solicitar crédito. É uma fase muito complicada. Ao mesmo tempo em que o empreendedor luta para sobreviver (em todos os sentidos) tem de pensar no pós-pandemia e nos outros desafios que surgirão. Nenhuma crise é permanente e é nisso que temos de focar. Mesmo com todas as dificuldades, o empreendedor brasileiro é de uma resiliência singular e pode contar com o Sebrae-SP. Estamos no mesmo barco, ajudando a remar. Dias melhores virão.

WILSON POIT, diretor­‑superintendente do Sebrae­‑SP

Acompanhe o Sebrae­‑SP no ambiente digital, em www.sebraesp.com.br, e nas redes sociais: twitter.com/sebraesp facebook.com/sebraesp instagram.com/sebraesp flickr.com/sebraesp issuu.com/sebraesp soundcloud.com/sebraesp sebraeseunegocio.com.br youtube.com/sebraesaopaulo

ELOGIE. SUGIRA. CRITIQUE. RECLAME. Queremos ouvi­‑lo: 0800 570 0800 ouvidoria@sebraesp.com.br


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Para tornar a comunicação mais acessível ao cliente com deficiência auditiva, o Sebrae­‑SP disponibiliza o serviço de intérprete de Libras em seus eventos pre‑ senciais. A solicitação do serviço deverá ser comuni‑ cada no ato da inscrição e com antecedência de 5 (cinco) dias úteis à data de realização do evento. O cliente ou seu represen‑ tante poderá se inscrever pessoalmente nos Escritórios Regio‑ nais, pelo portal do Sebrae­‑SP ou pelo 0800 570 0800.

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Venda direta ‘desafoga’ agro

Com redução de clientes, entrega em domicílio é opção para produtores de hortifruti, ovos e queijo © Creative Commons/Flickr Nick Saltmarsh

os pedidos de entregas dobrarem. “Eu não estava acostumado com uma demanda tão grande, mas é uma questão de adequação com o uso de ferramentas de localização para montar o melhor itinerário”, diz o produtor, também de Bauru. Com a queda nas vendas nas feiras, a produtora Juliana Monteiro da Silva, de Promissão, também reforçou a venda direta para os clientes de legumes e verduras. “Um dos desafios com essa fase é a sobra de mercadorias. Tento produzir com qualidade e diversidade para atender a todos os gostos. O trabalho direto com o consumidor final é muito mais lucrativo e certamente

List a d e pergunta s

Gisele Tamamar

A

ntes da pandemia do novo coronavírus, a empresa Bem Caipira, de Bauru, dividia as vendas de ovos entre empórios, pequenas mercearias e o mercado de food service. Mas com as medidas de isolamento anunciadas em março, a comercialização direta para consumidores finais cresceu e passou a representar 30% do faturamento. A empresa faz parte de um grupo de produtores rurais que intensificaram o relacionamento direto com os consumidores para sobreviver à crise. E quem não tinha esse canal correu para implantar ferramentas e passar a fazer entregas. “O maior desafio é sem dúvida a logística”, afirma Diogo de Camargo, um dos sócios da Bem Caipira. A empresa tem um e-commerce para venda de um plano mensal de entrega de ovos e aceita pedidos pelo Instagram. “Já tínhamos dado o pontapé inicial no desenvolvi-

mento dessa modalidade de canal de venda, mas a pandemia acelerou o processo. Precisamos estar com a produção saudável, equilibrando estoque e venda de forma a garantir que não falte produto para o cliente nem que aumente a quantidade para além do estoque de segurança”, diz. O produtor da Bem Caipira também destaca outro ponto importante: a roteirização das entregas para reduzir o custo com o transporte. “Além do roteiro, é fundamental entender ocupação do transporte para otimizar o custo frete. O ideal é concentrar os pedidos o máximo possível. Quanto maior for o valor dos produtos transportados, melhor é o aproveitamento do frete”, completa. Assim como no caso da empresa de ovos, o maior desafio para o produtor Keller Gomes é a logística. Dono de uma fábrica de laticínios para produção de queijos e doce de leite, a Gubin’s, Gomes viu

EXPEDIENTE Publicação mensal do Sebrae­‑SP Edição impressa CONSELHO DELIBERATIVO Presidente: Tirso Meirelles ACSP, ANPEI, Banco do Brasil, Faesp, FecomercioSP, Fiesp, Fundação ParqTec, IPT, Desenvolve SP, SEBRAE, Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia, Sindibancos­‑SP, Superintendência Estadual da Caixa Econômica Federal.

vou continuar a investir nessas vendas”, diz. Na avaliação do consultor do Sebrae-SP Marcelo Rondon Bezerra, a aproximação do produtor com o consumidor é um caminho que vai ser cristalizado durante a crise. Os clientes deverão se acostumar com a comodidade de receber produtos em casa, dando preferência para alimentos frescos, de qualidade e que valorizam o mercado local. “O produtor deve aprender a ter vários tipos de clientes: os mercados, cooperativas, feiras livres, merenda escolar, lembrando que seu antigo cliente deve ser valorizado como os novos”, reforça.

Marcelo Rondon Bezerra, consultor do Sebrae-SP

Ao vender para o consumidor final o mais importante é cumprir o que foi ofertado e fazer a entrega dentro do prazo com qualidade e higiene. Antes disso, porém, é preciso fazer uma reflexão sobre algumas questões fundamentais:  Quantos produtos você está oferecendo? Se você está com dez produtos e não tem frutas, mas seu vizinho tem, esta é uma parceria que pode ajudar vocês dois.  Defina os canais para receber os pedidos, como WhatsApp ou mensagem direta no Instagram. Saiba informar seu prazo e a área de entrega e o valor do frete?  A embalagem é muito importante. Que tal trabalhar com sacolas que podem ser devolvidas na entrega seguinte?  Planeje a oferta de produtos de acordo com a safra e anote os produtos mais consumidos.  Avalie o perfil do cliente. Vale a pena investir na certificação orgânica ou em produtos minimamente processados, como embalagem de couve já picada?  Informe sempre o cliente com antecedência em caso de algum imprevisto e substituição de produto que não poderá entregar.  Invista na divulgação em redes sociais, vá a prédios e condomínios e peça para divulgar a entrega dos produtos.

DIRETORIA EXECUTIVA Diretor­‑superintendente: Wilson Poit Diretor técnico: Ivan Hussni Diretor de administração e finanças: Guilherme Campos JORNAL DE NEGÓCIOS Unidade Marketing e Comunicação Gerente: Mariana Ribas Coordenadora de Imprensa e Conteúdo: Marcelle Carvalho Editores responsáveis e redatores: Gabriel Jareta (MTB 34769) e Roberto Capisano Filho (MTB 46219). Assessores de imprensa: Gisele Tamamar, Patricia Gonzalez e Rogério Lagos. Estagiários: Anderson Freitas e Marcos Leodovico. Imagens: gettyimages.com,

Freepik.com e Flickr.com sob a Licença Atribuição 2.0 Genérica Creative Commons. Diagramação: Daniel Augusto de Resende Neves, Douglas da Rocha Yoshida, Gisele Resende Costa e Letícia Durães. Fotos: Ricardo Yoithi Matsukawa – ME e Carlos Raphael do Valle – ME para o Sebrae­‑SP. Apoio comercial: Unidade Relacionamento: (11) 3177­‑4784 SEBRAE­‑SP Rua Vergueiro, 1.117, Paraíso São Paulo­‑SP. CEP: 01504­‑ 001 PARA ANUNCIAR (11) 3177­‑4784

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TEC &

LIVROS A STARTUP ENXUTA (Sextante) O objetivo do autor, Eric Ries, é mostrar como aumentar a taxa de sucesso de empresas e produtos com o modelo startup enxuta. Ries se baseia em práticas que evitam o desperdício de tempo e recursos, usando estratégias para descobrir o que os clientes realmente desejam e agilidade para mudar de direção quando necessário. No livro, Ries reúne histórias reais e exemplos de empresas que se transformaram ao implementar esse modelo revolucionário.

A MENTE DO EMPREENDEDOR (Astral) Muitos erram. Alguns acertam. Mas pouquíssimos se tornam empresários bem-sucedidos. Kevin Johnson acredita que se os empresários souberem o que se passa dentro da cabeça dos empreendedores mais bem-sucedidos do mundo, serão mais precisos nas suas decisões do dia a dia e aumentarão a chance de acertar.

A MARCA DA VITÓRIA – A AUTOBIOGRAFIA DO CRIADOR DA NIKE (Simon & Schuster) Phil Knight, o homem por trás da Nike, sempre foi uma figura envolta em mistério. Nesse livro, ele conta sua história. Aos 24 anos, depois de se formar e viajar como mochileiro pelo mundo, Knight decidiu que não seguiria um caminho convencional. Em vez de trabalhar para uma grande corporação, iria à luta para criar algo próprio, dinâmico e diferente. A biografia aborda como foi a criação do nome e da logomarca – um dos poucos ícones reconhecidos em todos os cantos do planeta –os primeiros modelos de tênis e os contratos com grandes atletas.

EMPRESAS CRIAM ROBÔS VIRTUAIS PARA PEQUENOS NEGÓCIOS Presentes na maioria das empresas de comércio e tecnologia, os chamados chatbots vieram para revolucionar o relacionamento com o cliente e possibilitar novos serviços. Startups como Cosmobots e Share Eat viabilizam tecnologia para pequenas e médias empresas terem os seus próprios chatbots. A Cosmobots permite o gerenciamento intuitivo de diferentes bots (robôs) pelos clientes. Os robôs podem ter inteligência artificial e ser configurados no Facebook Messenger, no WhatsApp, além de aplicativos próprios e sites. A Share Eat oferece serviços por meio dos seus próprios chatbots, além de vender a tecnologia desenvolvida para outras empresas de porte médio. A plataforma usa inteligência artificial para entender o perfil dos clientes e filtrar as opções de lazer nos segmentos de turismo e gastronomia.

STARTUP DE RECRUTRAMENTO LANÇA PLATAFORMA 100% ONLINE Após ver que 80% de suas contratações em fevereiro e março aconteceram a distância, a startup de recrutamento Revelo resolveu lançar um novo serviço. O Revelo Remoto vai permitir que as empresas contratem funcionários em um processo seletivo 100% remoto pela internet, desde a entrevista até a assinatura do contrato. Na plataforma, a empresa que decidir contratar poderá ter acesso aos currículos e a seleção de seus candidatos. A partir disso, uma sala virtual pode ser criada para dinâmicas e entrevistas, com toda a comunicação pela mesma página do serviço. Os candidatos preenchem um cadastro, com informações de currículo de forma gratuita para o banco de dados. Para a empresa, o custo da contratação depende da quantidade e da qualificação dos profissionais que deseja empregar. Os valores por contratação de funcionário podem variar entre R$ 4 mil e R$ 8 mil por vaga. A plataforma foi planejada para se manter mesmo depois da pandemia do coronavírus.


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IDEIAS

PERGUNTE A QUEM ENTENDE Como a pandemia de coronavírus vai impactar o setor de startups?

GOOGLE MEDE EFEITOS DO CONFINAMENTO CAUSADOS PELO CORONAVÍRUS O Google iniciou no fim de março a publicação de estatísticas procedentes dos dados de localização de seus usuários em todo o mundo, para ajudar os poderes públicos a avaliar a eficácia das medidas de distanciamento social contra a Covid-19. Os dados, disponíveis em site que pode ser acessado em 131 países, revelam as tendências gerais de movimentação no tempo e por zona geográfica, em diferentes categorias de locais, como espaços de lazer, áreas de alimentação, farmácias, parques, pontos de transporte, centros de trabalho e residências.

HANK: CINCO ANOS DEPOIS DO COLAPSO (2013) Produzido em 2013, o documentário traz um depoimento sobre o que foi a crise que marcou e economia norte-americana (e mundial) em 2008. Henry Paulson conta como convenceu os bancos e o próprio congresso norte-americano e candidatos à presidência a aprovar US$ 1 trilhão em resgates financeiros, de forma que a economia voltasse ao normal.

VÍDEO: CONHEÇA A HISTÓRIA DA NONSTOP Acompanhando o crescimento do mercado de marketing digital, Alex Monteiro viu uma brecha na área e decidiu investir. Hoje, a Nonstop cuida desde a produção até a gestão de carreira de influencers digitais.

Veja a história:

Divulgação

Por Vinícius Roman, diretor técnico na Neo Ventures

Nós nos deparamos com um cenário caótico, impulsionado pela covid-19, e com um excesso de informações, inclusive falsas, que tende a nos deixar desorientados, quando preservar a calma é essencial. Enfrentamos dificuldades, mas não podemos perder a serenidade para decidir ou seremos estrategicamente míopes. O mercado está retraído e há uma instabilidade financeira sem precedentes. Mas não é hora de desespero. É momento de refletir sobre oportunidades. O impacto do vírus é grande e tem mudado vários padrões. Startups com projetos de inovação voltados para a saúde, gestão pública, recuperação de empresas e análise de dados, por exemplo, são essenciais para o cenário vivido em todo o mundo hoje, inclusive no Brasil. Uma simplificação como a publicação da Resolução nº 55, que regulamenta o procedimento especial para a abertura da Empresa Simples de Inovação (Inova Simples), vai dar mais agilidade para os empreendedores. As startups que desejam solicitar seu Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica (CNPJ) poderão requerer no portal da Rede Nacional para a Simplificação do Registro e da Legalização de Empresas e Negócios (Redsim), por meio de um formulário digital que já está disponível na opção Inova Simples. A desburocratização vai permitir a essas empresas mostrarem do que são capazes e levarem as soluções que as pessoas e o País precisam. A crise é sempre uma oportunidade para alternativas nunca antes pensadas. E em momentos como esse, as pessoas e autoridades ficam mais abertas a soluções ousadas, criativas, desenvolvidas, muitas vezes, por meio de ideias compartilhadas, inclusive entre concorrentes, ou mesmo por startups ou setores pequenos. Vale aquela máxima: não adianta fazermos sempre as mesmas coisas e esperar resultados diferentes. As crises são cíclicas e quando tudo passar você estará mais preparado para vencer novas batalhas. Tem alguma dúvida sobre como a tecnologia pode ajudar o seu negócio? Pergunte a quem entende! Mande um e­‑mail para imprensa@sebraesp.com.br.

https://youtu.be/IbLcfFwloFA


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Dificuldade vira oportunidade Sonny Polito desenvolveu um aplicativo para indicar lojas acessíveis a pessoas com deficiência

Em cinco anos, Sonny Polito pretende levar seu aplicativo para outros países

Anderson Freitas*

“T

enho 39 anos, sou formado em comunicação social pela Faap, já trabalhei em banco e na indústria, mas a ideia de empreender é um sonho que sempre tive. É difícil, mas quando você acredita num sonho, tem o propósito de poder mudar vidas com uma empresa, por que não fazer isso? Eu tenho uma doença chamada retinose pigmentar. Com o passar dos anos fui perdendo a visão e hoje só tenho 5% da visão periférica. A startup Inclue nasceu depois de conversa com a minha amiga Larissa Reis em um restaurante, quando pude passar para ela a dor que as pessoas com deficiência, principalmente visual e auditiva,

costumam enfrentar para consumir no varejo. Em um shopping fizemos testes em lojas e restaurantes e percebemos que é muito precário o atendimento a pessoas com deficiência. Essas pessoas acabam tendo de ir acompanhadas para evitar uma experiência de compra ruim. Daí tivemos a ideia de criar um aplicativo que mostrasse quais supermercados e estabelecimentos em shoppings são acessíveis e inclusivos para receber pessoas com deficiência. Foi muito interessante ter participado da primeira Startup Week de diversidade e inclusão, em São Paulo. Consegui o primeiro lugar com o projeto e isso validou a ideia. Depois escolhemos o nome da startup, site

e fomos procurar saber como fazer para ter um varejo melhor. Por um vídeo no YouTube, fiquei sabendo do programa do Sebrae-SP para o desenvolvimento de startups, o Startup SP. Fiz a minha inscrição para participar de um pitch, que é uma apresentação em cinco minutos, e acabei sendo aprovado para participar do programa de incubadoras do Sebrae-SP. Atualmente a startup ainda não tem uma sede fixa, mas funcionamos na unidade do Sebrae-SP na Zona Oeste de São Paulo e estamos na fase de Produto Mínimo Viável (MVP). O Sebrae-SP para mim foi uma grande surpresa. Recomendo demais; ele é todo acessível para as pessoas com deficiência estuda-

rem e aprenderem. O Sebrae-SP me colocou à disposição uma pessoa para fazer audiodescrição de tudo o que aparecia na tela para que eu não perdesse nenhum conteúdo. Não é fácil, mas o Sebrae-SP dá todas as condições para você seguir, porém, quem tem de pedalar somos nós. Daqui a cinco anos, eu espero que minha startup esteja não só no Brasil, mas também na América Latina, para que as pessoas com deficiência possam se locomover e fazer suas compras sozinhas e com dignidade, usando o aplicativo. A dica que deixo para os empreendedores é ter coragem; é melhor arriscar do que guardar uma ideia. Não pode ter medo, você tem de acreditar no seu sonho e correr atrás.” *Estagiário sob supervisão dos editores


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