Jornal de Negócios - 01 de julho - Edição 315

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Teresinha Dotto, do Paris Buffet: marketing digital abriu novos caminhos

HERANÇA DIGITAL Redes sociais ativas, delivery eficiente, e-commerce seguro: o que vai permanecer da transformação provocada pelo novo coronavírus nos pequenos negócios Pág. 8 Pandemia está mudando o comportamento do consumidor Pág. 3

Crédito dá fôlego para empresas enfrentarem a crise Pág. 4

Franquias sem sair de casa crescem na quarentena Pág. 6


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Reshape, a estratégia necessária TIRSO MEIRELLES, Presidente do Sebrae‑SP e empreendedor

“Em meio à pandemia consegui me reerguer e fazer a diferença, com apoio do Sebrae.” Que satisfação ouvir depoimentos como esse da Camila Profeta, nossa cliente de São Paulo, capital, proprietária da empresa Assim Seja, marca religiosa de vestuário. Mais gratificante do que presenciar que o Sebrae em São Paulo continua firme em sua missão de apoiar incondicionalmente os pequenos negócios, é ver que os empreendedores estão focados em encontrar alternativas para continuar atuantes, mesmo em torno do caos, mantendo empregos e gerando renda. No caso da Camila, ela viu seu faturamento despencar no início da quarentena decorrente da pandemia da Covid-19. Por meio das lives e de consultoria especializada, decidiu investir nas vendas online. Com os ajustes necessários de interação com os clientes, logística e gestão, conseguiu, em pouco mais de 40 dias, o mesmo faturamento que obtinha com as vendas presenciais, atingindo as metas estabelecidas para 2020.

A decisão da Camila e de outros milhares de empreendedores que atendemos diariamente tem se mostrado acertada. Entender que a atividade econômica vai retornar, que a convivência com o vírus é inevitável (até a chegada de uma vacina) e colocar sua energia na reinvenção do negócio são os primeiros sinais vitais que empresário e empreendimento estão no caminho certo. Tenho dito que todos perdemos com essa pandemia; saímos arranhados, em diferentes proporções. Mas, ao mesmo tempo, temos a oportunidade de construir novas alternativas, de fazer o reshape, a remodelagem, a reinvenção do negócio. Isso vale para quem sofreu danos na empresa, nas mais diversas intensidades, e também para quem, infelizmente, teve que encerrar as atividades. A pandemia do coronavírus, esse inimigo invisível, veio para virar tudo de cabeça para baixo e desafiar nossa capacidade de empreender e de (re)criar a partir do caos. Vamos ter de começar praticamente do zero, numa realidade totalmen-

te diversa, mas com recursos preciosos: o conhecimento, a experiência, os ativos, os contatos do período anterior, a rede de apoio, as novas estratégias e os recursos digitais da atualidade. É hora de olhar para a frente, buscar orientação, capacitar-se, aprofundar o conhecimento sobre as novas tendências e experiências de consumo, as novas formas de se relacionar digitalmente. Esta edição do Jornal de Negócios traz muitas dicas nesse sentido. Já estamos experimentando novas formas de consumir arte e cultura com lives de artistas, de frequentar feiras livres com proteção extra de contato e segurança alimentar, de ‘viajar’ com tours virtuais em realidade aumentada de diversos destinos turísticos – participei de uma experiência dessa bem interessante, numa fazenda dedicada ao turismo rural. Por todos esses sinais, tenho plena convicção que, mais do que vencer o desafio de permanecer saudável, conseguiremos, juntos, reshapear nossas atitudes, ações e negócios. Juntos, vamos fazer a economia voltar a circular.

Destaques Plataforma Compre do Pequeno ajuda empreendedor a enfrentar a crise A crise causada pelo novo coronavírus impactou diretamente os negócios, principalmente as MPEs, que não têm fôlego para sobreviver sem operar durante um longo período. A solução para garantir capital de giro e faturamento está sendo a venda online. Mas para boa parte dos micro e pequenos negócios, faltam condições de sustentar uma estrutura digital. Diversas ações foram criadas para apoiar os pequenos negócios nessa operação e o empreendedor pode conferir muitas delas na plataforma Compre do Pequeno, criada pelo Sebrae-SP para reunir essas iniciativas e ajudar o empreendedor a encontrar, com segurança, a mais adequada ao seu negócio.

Muitas das iniciativas são voltadas a apoiar os empreendedores que estão se digitalizando ou que são recém-digitalizados neste momento crítico, como vitrines virtuais e plataformas de vouchers com mecânicas prontas para amparar suas vendas. Mas há também aquelas para auxiliar na gestão, como em finanças ou no marketing, e outras são focadas em segmentos específicos, como beleza ou bares e restaurantes. Todas as iniciativas listadas na plataforma são checadas previamente pelo Sebrae-SP e identificadas com o selo do Sebrae Compre do Pequeno em seus canais. Saiba mais em compredopequeno.sebraesp.com.br.

Saiba mais

https://bit.ly/ comp-do-peq

Fortaleça seu negócio.


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Entrevista do mês

Consumo em nova fase A professora da ESPM Luciana Florêncio analisa a relação entre empresas e clientes durante a pandemia

C

om a pandemia de coronavírus e o isolamento social, as relações entre empresas e clientes sofreram um enorme baque. Atividades foram suspensas ou limitadas, o home office ganhou escala e cuidados com limpeza e higiene assumiram uma importância nunca vista. Delivery e e-commerce se tornaram indispensáveis. Negócios e consumidores foram obrigados a se adaptar. Nesse cenário, algumas práticas devem permanecer. Para a coordenadora do mestrado profissional em comportamento do consumidor e professora do programa de Pós-Graduação em Administração da ESPM, Luciana Florêncio, “o gestor que já está alerta às mudanças no comportamento do consumidor sairá na frente, pois mostrou-se parceiro neste momento difícil”. Ela conversou com Jornal de Negócios sobre a situação atual e o que vem pela frente.

Quais mudanças no comportamento do consumidor devem permanecer após a pandemia? Eu elencaria quatro itens que marcam uma mudança mais significativa no comportamento dos consumidores. Primeiro, o uso da internet para funções antes realizadas apenas offline, como compras em supermercados, pagamento de contas, compra de comida, treinamentos e estudos, entre outros. Já há estudos comprovando que o número de compras online aumentou significativamente no Brasil e, pelo menos, 30% desse aumento se deve a novos usuários. Em segundo lugar, a preocupação com a saúde e a higiene está definindo o novo diálogo das marcas e negócios com seus consumidores, já que a grande maioria está se posicionando de forma a esclarecer como está procedendo quanto a questões sanitárias em seus processos junto aos consumidores, fornecedores e funcionários. Terceiro ponto: a mudança na jornada do consumo, uma vez que está restrito ao que está disponível nos canais de e-commerce.

Divulgação

Luciana Florêncio, da ESPM: consumidor vai confiar na empresa que mostrar transparência e autenticidade

procedimentos sanitários corretos. As empresas precisam tornar tangível essa mensagem de confiança para além das palavras, demonstrando os processos e os procedimentos. A transparência e a autenticidade serão grandes aliadas das empresas em favor da geração de um laço de confiança com os consumidores. O que o gestor deve manter com a retomada da economia? O gestor que já está alerta as essas mudanças no comportamento do consumidor sairá na frente, pois mostrou-se parceiro neste momento difícil, confuso e incerto pelo qual passamos. A empresa que não se pronunciou, não fez alteração alguma ou que simplesmente está aguardando a volta da normalidade pode estar perdendo seu cliente para o concorrente e para sempre.

É o caso de quem costumava tomar café da manhã fora de casa e passou a consumir no lar. Além disso, varejos online foram testados pelos consumidores acostumados a comprar nas lojas físicas. A experiência online ruim pode levar o consumidor a testar outras marcas. O quarto item é o fato de que o relacionamento dos consumidores com as marcas pode ter se fortalecido para os negócios que tinham algum contato com seus clientes por meio de canais virtuais ou banco de dados. A compra por impulso deve perder espaço? Ela deve ser ressignificada. Diferente do mundo offline, em que as marcas usam artifícios para chamar a atenção nos pontos de venda, no mundo virtual essa dinâmica se altera consideravelmente, dando mais poder ao consumidor. Na maioria das vezes a procura é iniciada por meio dos buscadores, para checar opções,

É possível imaginar uma demanda reprimida e atividades interrompidas no isolamento terão forte procura? É possível que ocorra, princicomparar preços etc. Nesse caso, a palmente para os serviços, como compra por impulso pode ser mais difícil, pois o processo está sendo consultas médicas, dentistas, massaguiado de forma mais consciente gistas, cabeleireiros, entre outros. pelo consumidor. Entretanto, a Embora alguns profissionais da compra por impulso pode ocorrer saúde tenham mantido o atendiquando o consumidor navega sem mento, muitas pessoas preferiram compromisso nas redes sociais deixar suas consultas e exames para ou conversa nos grupos digitais. o momento de retorno das atividades. Vejo ainda um papel crescente das Quando a situação se normalizar, recomendações nesse momento. é possível que haja fila para agendaDistante das praças de comércio e mento nos consultórios, considedos shoppings, os consumidores rando ainda os novos protocolos que recorrem a amigos, familiares e deverão ser adotados para as salas colegas para solicitar recomenda- de espera e número de pacientes a ções para resolver seus problemas. serem atendidos por vez. O mesmo deve ocorrer nos salões de beleza e Como a empresa pode pas- outros serviços. Quanto ao varejo, sar confiança para o consu- a experiência nos países que já midor nas questões de higiene reabriram o comércio e os restaue saúde? rantes mostra que as pessoas estão As redes sociais e as imagens e ansiosas para retornar aos espaços vídeos podem ser grandes aliados de consumo, devido à longa recludas empresas na comunicação com são. Veremos um aumento de os consumidores. Neste momento, custos de viagem, entretenimento todos nós queremos alguma certeza e no turismo devido à redução de de que o que consumimos não oferta provocada pelos protocolos está contaminado e passou por de distanciamento.


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Em busca

Com a suspensão das atividades, recorrer a empréstimos tem sido de alguns meses parado, a situação estava começando a ficar difícil. O dinheiro veio na hora certa”, avalia. Risuke pretende usar o recurso para manter as contas em dia nos próximos meses, de cenário ainda incerto. Ele também pretende investir na digitalização de seu negócio, pois nunca esteve muito presente no mundo online. “Eu cresci no boca a boca e agora entendo o quanto o online é importante. Mesmo quando houver a retomada, ainda não sabemos como será esse movimento. Então, vou precisar desse aporte para voltar ao mercado e também prospectar novos clientes”, conclui.

Jorge Risuke, da Limp Quality, pegou empréstimo de R$ 125 mil

DOIS CONTRATOS

Patricia Gonzalez

A

empresa de Jorge Risuke estava financeiramente bem e com todas as contas em dia antes da crise causada pelo novo coronavírus. Com a pandemia, porém, a Limp Quality, que faz de limpeza de vidros e fachadas em lojas de shopping e de rua, interrompeu suas atividades em 20 de março. Apesar da boa situação financeira, a parada acendeu o sinal de alerta do empresário, que naquele momento iniciou a busca por crédito. A empresa de Risuke é uma entre tantas que tiveram de recorrer a empréstimos para ter caixa e atravessar a pandemia. Risuke já havia participado de cursos e consultorias do Sebrae e foi orientado, em 2018, a fazer uma reserva financeira para casos de emergência. O empreendedor, que conta com mais de 400 clientes em sua carteira, conseguiu permanecer por dois meses arcando com

os todos os custos, sem demitir ou afastar funcionários. Ele ressalta que o aconselhamento do Sebrae-SP foi decisivo para a sobrevivência do negócio. “Não tenho como agradecer ao Sebrae. Se eu não tivesse feito esse caixa já estaria quebrado. Fiz uma semana de curso que mudou a minha forma de gestão e salvou o meu negócio”, afirma. Risuke procurou crédito em várias instituições financeiras. Ele conta que suas primeiras tentativas não tiveram sucesso, mas continuou buscando informações e orientações. Ao todo, o empreendedor fez cerca de 20 tentativas. “Assim que avaliei que precisaria do empréstimo, minha primeira reação foi buscar o capital de giro que eu tinha disponível no meu banco, no qual tenho conta há cerca de dez anos. Quando fui ver, descobri que o dinheiro não estava mais disponível.”

O empréstimo veio da parceria do Sebrae com a Caixa. Ele conseguiu R$ 125 mil, e deverá pagar a primeira parcela no ano que vem. “Muitos empresários vieram me perguntar sobre o processo depois que descobriram que eu consegui. O meu foi todo feito de forma online e só precisei ir ao banco para abrir a conta”, explica. O retorno da Caixa para dar início aos trâmites do empréstimo chegou para Risuke por e-mail. Ele contou com o auxílio de um contador para providenciar a documentação que seria analisada pelo banco e fez todos os envios também por e-mail, sem precisar sair de casa. Todo o trâmite levou cerca de um mês e meio e, segundo o empresário, foi tudo muito simples. “Para mim, a sensação foi ter ganhado na Mega-Sena. Não tive dificuldades e acho que demorou mais devido à demanda estar muito alta. Depois

Rafael Gallo tem uma franquia da Capodarte no Shopping Ibirapuera, na capital. Para esse estabelecimento, ele conseguiu dois empréstimos após o início da pandemia – um de um banco privado específico para folha de pagamento e outro na parceria do Sebrae com a Caixa. Ele tem participação em mais três empresas – com crédito obtido por meio de seus sócios. Antes da pandemia, Rafael também já tinha empréstimo. O empreendedor afirma que já vinha sofrendo com os altos e baixos do comércio. Para ele, o segredo é ter um bom relacionamento com seu banco e estar sempre em busca de alternativas. “Estou sempre em contato com o meu gerente e em busca das novidades. Assim que soube da linha da Caixa, fui atrás imediatamente. Essa busca é muito dura, tivemos muitos anúncios de alternativas que na prática eu não vi acontecer. Sei também que cometi alguns erros iniciais, mas agora também entendo melhor o processo”, afirma. A parceria com a Caixa é uma das iniciativas do Sebrae para ampliar o acesso das micro e pequenas empresas ao crédito. Somente no primeiro mês de funcionamento, as duas instituições contabilizaram 6.589 operações, que somaram R$ 555,29 milhões em crédito concedido. “A dificuldade de acesso


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de fôlego

a saída para compensar queda no faturamento e fechar as contas

ACESSO De acordo com o consultor de negócios do Sebrae-SP Felipe Chiconato, alguns pontos como ter relacionamento com a instituição financeira onde você tem conta, não ter restrições tanto no CNPJ quanto na pessoa física e sempre apresentar uma atitude de segurança e racionalidade podem ajudar o empreendedor a ter mais facilidade de acesso a crédito. “Uma boa gestão financeira com cenários projetados e realizados, por exemplo, demonstram que o empreendedor conhece a fundo o seu negócio e tem convicção sobre o que pretende fazer.” Por isso, Chiconato considera que alguns controles são fundamentais para o seu negócio. “Com uma série de itens (veja ao lado) será possível fazer o fluxo de caixa (projeção da situação do caixa) pelo menos para seis meses. Por fim, quando estiver mais organizado será possível avaliar se a empresa tem lucro.”

ao crédito é resultado do aumento da demanda diante da oferta. Assim como a Covid-19 encheu os hospitais, ela também levou os empreendedores às instituições financeiras. Há um despreparo por parte do empreendedor para a tomada consciente do crédito. Muitos não possuem os controles essenciais para essa solicitação, não fazem os controles do passado da empresa”, avalia Felipe Chiconato, consultor de negócios do Sebrae-SP. Pesquisa do Sebrae realizada com cerca de 10 mil micro e pequenas empresas mostra que 38% dos empreendedores entrevistados disseram que tentaram buscar empréstimo desde o início da crise. Destes, 89% afirmaram que procuram os recursos em bancos; 44% recorreram a amigos e parentes; 23% com entidades de microcrédito e 17% usaram o cartão de crédito. De acordo com o levantamento, 29% afirmaram precisar de um valor acima de R$ 30 mil.

REGISTRO DE VENDAS

CONTROLE DE CAIXA

CONTAS A RECEBER

Controle que registra o que foi vendido, quanto, quando, a qual custo, para quem e qual a forma de recebimento. Existem vários modelos, mas depende do detalhe de informação que cada empreendedor precisa.

Controle o dia a dia, o que você está recebendo e pagando hoje. Normalmente ele é composto por data, descrição do item, valor de entrada, valor de saída e saldo. Ótima ferramenta para encontrar desvios e desperdícios de recursos financeiros.

Controle que guarda os direitos da empresa. Normalmente é composto por data da venda, valor, dados da venda, forma de recebimento e data prevista de recebimento.

CONTAS A PAGAR

FLUXO DE CAIXA

Controle que registra as obrigações da empresa. É composto por data da compra, valor, dados da compra, forma de pagamento e data prevista de pagamento.

Ferramenta que permite projetar cenários e verificar a necessidade ou não de recursos financeiros da empresa, ele é o compilado do controle de caixa, contas a receber e a pagar. Melhor ferramenta para gerir a empresa financeiramente.

DEMONSTRATIVO DE RESULTADO DO EXERCÍCIO (DRE)

OPÇÕES DISPONÍVEIS PROGRAMA EMPREENDA RÁPIDO – PARCERIA SEBRAE-SP E GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO Para os empreendedores paulistas que precisam melhorar a produtividade das suas empresas, especialmente durante a pandemia do coronavírus, o governo de São Paulo, por meio da Secretaria de Desenvolvimento Econômico, e o Sebrae-SP oferecem diversos serviços digitais do Empreenda Rápido. O programa conta com seis pilares, como capacitação em gestão – com cursos oferecidos pelo Sebrae-SP; qualificação técnica – com cursos do Centro Paula Souza; orientações para formalização e ferramentas para melhorar a competitividade e dar acesso a mercado e ao crédito com as menores taxas do mercado. O Empreenda Rápido é voltado para empreendedores informais e formais Ao todo, serão realizados empréstimos com condições especiais, sendo R$ 100 milhões do Banco do Povo e R$ 50 milhões do Sebrae-SP. Outras informações podem ser obtidas pelo site www.bancodopovo.sp.gov.br

Única ferramenta que apura o resultado (lucro) da empresa, normalmente a sua estrutura é composta por variáveis como custos variáveis e fixos, investimentos, entre outros.

PARCERIA SEBRAE E CAIXA A parceria utiliza as linhas de crédito disponibilizadas pela Caixa e as garantias complementares serão concedidas pelo Sebrae, por meio do Fundo de Aval às Micro e Pequenas Empresas (Fampe). Para fazer o pré-cadastro e demonstrar interesse no crédito é necessário acessar o site http://www.caixa.gov.br/ caixacomsuaempresa/caixa-e-sebrae Vale ressaltar que os CNPJ devem ter pelo menos 12 meses de faturamento, não haver nenhuma restrição nem de CPF nem de CNPJ e que estão condicionados à avaliação de risco da Caixa, em consonância com as práticas de mercado. CONDIÇÕES DE OPERAÇÃO Porte

Valor máximo por CNPJ

Carência

MEI

R$ 12,5 mil

9 meses

24 meses

1,59% a.m.

ME

R$ 75 mil

12 meses

30 meses

1,39% a.m.

EPP

R$ 125 mil

12 meses

36 meses

1,19% a.m.

Amortização Taxas após carência de juros


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Franquias sem

Período de distanciamento social favorece proprietários de

Leonardo José Lima, dono de uma franquia Home Angels: impulso com marketing digital

Rogério Lagos

T

rabalhar em casa é o sonho de muita gente, principalmente para quem vive em grandes metrópoles e precisa enfrentar horas no trânsito ou no transporte público. Na capital paulista, por exemplo, uma pessoa passa em média cerca de 1h47 no deslocamento entre casa e trabalho, de acordo com pesquisa realizada em 2019 pela Rede Nossa São Paulo em parceria com o Ibope. Todo esse tempo poderia ser utilizado para outras atividades, como ficar mais com a família, praticar

atividades físicas ou concentrar esforços nos resultados do próprio negócio. Com a pandemia provocada pelo novo coronavírus e a necessidade de distanciamento social, a ideia de trabalhar em casa ganha força, e encontra nas microfranquias uma possibilidade de obter renda em um período de crise e alta no desemprego – e sem investir muito capital, afinal é possível encontrar diversas opções no mercado com investimento inferior a R$ 5 mil. Dados da pesquisa “Microfranquias”, divulgada em 2019 pela

Associação Brasileira de Franchising (ABF), mostram que o número de marcas atuando com modelos mais econômicos cresceu 14% nos últimos quatro anos, passando de 557 em 2016 para 674 em 2019. Os destaques vão para os segmentos de serviços e de saúde, beleza e bem-estar. Entre 2018 e 2019, o primeiro cresceu 34%, enquanto que o segundo subiu 21%. Dono de uma franquia Home Angels, especializada em cuidadores de idosos, o empreendedor Leonardo José Lima conta que

sempre operou a maior parte do negócio de casa, na Mooca, zona leste de São Paulo. Aluga um espaço de coworking apenas para processos seletivos de novos cuidadores ou para quando um cliente quer conhecer a empresa. Durante a atual crise do novo coronavírus, viu sua cartela de clientes cair, principalmente entre os meses de março e abril, porém fechou maio com seu recorde de clientes ativos desde 2018, ano que iniciou as atividades. “Tivemos quedas pontuais normais em virtude de alta hospitalar e


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sair de casa

pequenos negócios desenhados para funcionar a distância falecimentos, assim como contratos suspensos por conta da pandemia, já que os familiares passaram a ficar mais próximos dos idosos em casa”, explica. A retomada em maio, segundo Lima, se deu tanto pela reativação de contratos quanto pela gestão de marketing digital, que teve o apoio do Sebrae-SP. “Ações com o Google e o posicionamento da minha franquia no Instagram e Facebook ajudam muito. O Google traz clientes diretos, e nas redes sociais recebo muitas indicações de clientes por meio de amigos”, comemora. Hoje com 14 contratos ativos, Lima tem como meta chegar a 20 contratos até dezembro. Uma franquia da Home Angels começa a partir de R$ 25 mil. Já no município de Registro, no Vale do Ribeira, o jornalista Adílson Cabral deixou de lado a rotina como contratado de veículos de comunicação há mais de 20 anos para empreender no segmento de comunicação. Desde 2018, é dono de uma franquia do Portal da Cidade, plataforma digital que disponibiliza tecnologia para conteúdo jornalístico e publicitário regional. Cabral diz que sempre identificou no Vale do Ribeira uma carência de meios de comunicação digitais que trouxessem uma proposta jornalística completa. “O Portal da Cidade Registro tem condições de reconhecer o que se tem em relação à vida na cidade e seus problemas, mas também tudo o que se inova em relação à identificação de talentos, ações e projetos de desenvolvimento regional”, afirma. O jornalista começou a franquia sozinho, mas há quatro meses contratou um colaborador que o auxilia na apuração e produção de matérias. Na parte da manhã, Cabral atua na produção, mas à tarde se dedica à área comercial. “Estamos tendo muita procura de anunciantes durante a pandemia, principalmente por empresas que não possuem lojas físicas, ou estão fechadas, e apostam no delivery para manter o faturamento”, explica.

E por falar em delivery, essa modalidade ganhou ainda mais força em meio à pandemia. A franquia Rapidão App, plataforma de aplicativo de delivery criada para atender pequenas e médias cidades, vem se destacando nesse mercado, com investimento inicial de cerca de R$ 16 mil. “Quando decidimos desenvolver o aplicativo em junho de 2019, percebemos que este tipo de atendimento era uma carência comum aos estabelecimentos de pequenas cidades”, afirma o CEO da rede, Leone Schultz. “Durante a pandemia, o nosso serviço é a solução para muitos comerciantes continuarem vendendo seus produtos”, completa. Desde o início das medidas mais restritivas no País, a marca registrou um aumento de 70% nas vendas diretas. O modelo home office e 100% digital da rede também chamou a atenção de pessoas que viram a oportunidade de começar a empreender ainda na quarentena. De março a maio de 2020, já comercializaram mais de 60 franquias. Atualmente a empresa conta com mais de 100 unidades vendidas, sendo 20 unidades no Estado de São Paulo. São mais de mil estabelecimentos parceiros e cerca de 45 mil usuários ativos, em 18 Estados brasileiros. A expectativa

da empresa é terminar o ano com um faturamento de R$ 6 milhões. “A tendência é que a compra por meio de aplicativos de delivery se perpetue. Muitos estabelecimentos que antes não utilizavam apps para o recebimento dos pedidos, utilizando os meios convencionais como telefone e WhatsApp, acabaram por abrir os olhos para essa tecnologia, que propicia o descongestionamento dos pedidos, facilidade no gerenciamento e atendimentos simultâneos de vários clientes e pedidos”, afirma o diretor operacional e cofundador do Rapidão App, Wilton Hermes.

MODELO HÍBRIDO E por que não transformar um sistema de franquia tradicional e 100% presencial em um híbrido com home office? Essa foi a ideia da Andréia Martins, diretora do CCAA Sorocaba. Assim como praticamente todas as instituições de ensino, a rede de idiomas também adaptou suas aulas para o modelo a distância pela internet, mas a gestão da franquia como um todo, que antes exigia de Andréia presença diária na escola, se tornou remota – e com sucesso. “Hoje eu não saio

mais de casa. Do próprio computador consigo ativar o sistema da escola e fazer toda a gestão, desde funcionários, horários de aulas, alunos até a administração como um todo, com pagamentos, compras e contratos”, diz a empresária. Andréia explica ainda que a nova metodologia de trabalho vem gerando bons resultados na captação de novos alunos a partir dos testes de nivelamento dos interessados. Antes muitos não davam sequência quando a aplicação era presencial, mas agora, online e com cursos mais acessíveis, essa realidade mudou. “Nosso retorno de potenciais alunos cresceu 65%. Muitos nem respondiam a equipe comercial. Durante a pandemia estamos com tanta procura que até precisamos pedir para esperar. Nós íamos atrás de alunos, mas hoje são eles que nos procuram” comemora. Outra questão favorável a um futuro sistema híbrido é o reconhecimento dos pais, que antes não tinham como acompanhar de perto a evolução dos filhos em sala de aula. “Hoje eles nos passam feedbacks positivos pois acompanham a metodologia, o aprendizado dos filhos e têm confiança investimento que estão fazendo”, afirma.

Você está preparado?

Investir numa franquia, mesmo em formato home office, não significa que o empresário vai trabalhar menos. Esse é o alerta do consultor de negócios do Sebrae-SP, Ruy Soares de Barros. A dedicação e organização são fundamentais, por isso é necessário procurar um negócio ou segmento com o qual tenha afinidade, pois grande parte de seu tempo será usado na empresa. “Faça uma lista com as franquias home office que tenha interesse, obtenha informações, converse com franqueados que já estão operando, fale com a franquia e tire o máximo de dúvidas sobre o negócio”, aconselha. De acordo com Barros, o interessado precisa ainda parar para refletir sobre algumas questões importantes, tais como: quais os motivos para ter uma franquia home office? Isso se deve apenas ao tempo livre provocado pela pandemia ou de fato há a possibilidade de um bom negócio? “Vale lembrar que a franquia tem regras e é baseada num contrato com período de permanência. O futuro franqueado precisa ler atentamente a Circular de Oferta de Franquia (COF), que deve ser disponibilizada ao interessado dez dias antes de fechar o negócio. Nela constam as ‘regras do jogo’, definindo o papel de cada um”, explica. O consultor ainda alerta para que o interessado não invista todo seu capital na compra da franquia. “Esse não é um investimento único. O empresário vai precisar de dinheiro para o capital de giro e, dependendo do momento e do segmento, pode haver sazonalidade do negócio. Por isso é recomendável ter uma reserva para emergências”, completa.

Você tem o perfil para ser dono de uma franquia? Acesse


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UMA NOVA

Ambiente de negócios migrou para a internet durante a pandemia, Teresinha Dotto, do Paris Buffet: novos negócios com a ajuda da internet

Gabriel Jareta

O

balcão da loja agora é o WhatsApp. Os produtos novos não estão mais na vitrine, mas no feed do Instagram. A sala de reuniões é o Zoom, e os pedidos não param de chegar nos apps de entrega. Entre os itens de segurança, um túnel de desinfecção. Parece ficção científica, mas essa é a nova realidade dos pequenos negócios durante a pandemia causada pelo novo coronavírus, que fez com que lojas, escritórios, hotéis e indústrias tivessem de fechar as portas para o público por um tempo e passassem a contar com a tecnologia para reinventar a forma de trabalhar.

Pesquisa recente do Sebrae sobre os impactos da Covid-19 nos pequenos negócios mostra que 32% das empresas estavam funcionando em maio utilizando ferramentas digitais. Mas, quando a “normalidade” começar a voltar, quais dessas novidades vão passar a fazer parte do dia a dia das empresas? Para a empreendedora Teresinha Dotto, proprietária do Paris Buffet, em Guarulhos, a crise provocada pela Covid-19 fez com que ela tivesse de migrar, quase que da noite para o dia, do analógico para o digital. “O setor de eventos foi a primeiro a ser prejudicado e vai ser o último a retomar.

Eu não tenho expectativa de voltar a funcionar antes de 2021”, diz. Por acaso, ela estava no meio de um curso de marketing digital no Sebrae-SP quando a pandemia chegou ao Brasil, e aproveitou para colocar as ideias em prática: criou uma linha de marmitas fitness e kits para festa em casa e passou a apostar as fichas nas redes sociais. Agora, além de cozinhar e cuidar do negócio, que existe há 25 anos, Teresinha cria conteúdo para redes sociais, onde posta receitas, faz tours virtuais no salão do buffet de olho em futuros clientes e anuncia seus pacotes de refeições. “Eu

sempre pagava para alguém fazer as redes sociais para mim, era um mundo desconhecido, mas eu não quero deixar a empresa sumir, eu preciso estar em contato sempre com o meu cliente”, conta. As vendas online hoje correspondem a 10% do faturamento que a empresa tinha na época em que o espaço para 150 pessoas ainda estava aberto, e nesse período Teresinha teve de demitir seus três funcionários, mas o contato próximo com os clientes está apontando para novos caminhos. A empreendedora conta que está expandindo a clientela das marmitas e que novos negócios


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REALIDADE

e agora o desafio é fazer com que as boas soluções permaneçam estão surgindo – uma empresa, por exemplo, a contratou para fornecer kits de comes e bebes juninos para uma festa corporativa virtual.

ESTRATÉGIAS O salto digital que a empresa de Teresinha deu em pouco tempo é comum entre os empreendedores que tiveram de se reinventar durante a pandemia. “A maioria dos clientes nos procurou no desespero e não tinha estratégia. Eles tiveram que avançar em poucos meses o que levariam anos”, diz o consultor do Sebrae-SP Éder Max. “Há muitos detalhes que as pessoas não levam em conta quando decidem vender pela internet. Isso pode fazer com que o empreendedor queime etapas e tenha de voltar atrás”, afirma. Entre esses muitos detalhes – que são verdadeiros gargalos para a transformação digital –, o consultor aponta a escolha dos profissionais e fornecedores que vão prestar serviços, a formação de preço para o e-commerce e, principalmente, a falta de planejamento. A escolha do local para estar presente na internet também é uma questão delicada. Embora marketplaces possam parecer atraentes para quem não quer investir em um site próprio, Max chama atenção para os prazos de pagamento e as taxas de transação – que, em alguns casos, pode chegar a 30%. “O marketplace é um terreno alugado. Você não está levando o cliente para sua loja, mas para o marketplace, está concorrendo lá dentro”, observa. Mesmo assim, um site próprio só vai ser eficiente se o empreendedor estiver atento a itens obrigatórios, como um certificado de segurança e um bom SEO (Search Engine Optimization, ou otimização para mecanismos de busca), que vai garantir que seu negócio esteja bem posicionado nas buscas do Google, por exemplo. Transmitir segurança para o cliente que vai comprar em uma loja online é um dos pontos-chave para

o empreendedor que está migrando para o digital. “Os consumidores estão cada vez mais conscientes sobre os ciberataques, então é comum ouvir sobre clientes que abandonam o carrinho na hora de inserir seus dados financeiros quando eles não se sentem seguros para dar sequência à compra”, diz Dean Coclin, diretor sênior de Desenvolvimento de Negócios da Digicert, empresa especializada em segurança na internet. “Sendo assim, ter um site que transmite segurança vai fazer com que mais pessoas deem sequência no processo de compra”, conclui. O especialista também lembra que com a maior parte das empresas trabalhando em home office, usando aplicativos para reuniões virtuais e utilizando e-mail corporativo em casa, a segurança das redes domésticas também precisa ser levada em conta. “Uma rede hackeada pode significar acesso ao sistema por usuários não autorizados. Funcionários trabalhando de casa precisam eliminar essa possibilidade por meio do controle de quem pode acessar a rede”, afirma. A transformação digital a toque de caixa provocada pela pandemia também está mexendo com o dia a dia de quem oferece serviços para os empreendedores. É o caso do Balcão Online, solução oferecida pela startup Munddi para varejistas que querem vender pela internet. Em poucas horas, é possível montar uma loja dentro da plataforma, que também é responsável pela transação financeira e pelo delivery. “O lojista precisa só embrulhar o produto e um entregador parceiro passa para pegar e levar até o cliente”, explica Thiago Malpetti, CEO da empresa. A solução também atende quem vende pelo WhatsApp ou mesmo pelo telefone. O lojista paga um valor fixo por mês mais uma taxa de 5% sobre a transação. Malpetti conta que desde o início das medidas de distanciamento social a procura pelos serviços da empresa deu um salto de 1000%, enquanto que as lojas associadas

viram o delivery aumentar em cinco vezes, em média. “Antes da pandemia, nosso foco era o lojista tradicional, agora temos sorveteria, restaurante, açougue. Boa parte dos consumidores não vai voltar tão cedo a fazer compras de maneira presencial”, aponta.

NOVOS HÁBITOS Se a mudança de comportamento dos consumidores provocou alterações no mercado, empreendedores que resistiam em adotar “novidades” entenderam que era o momento de inovar. Fundado há 37 anos, o Empório MD, em São José dos Campos, não trabalhava com delivery nem era muito ativo nas redes sociais. Atualmente, no entanto, 20% do faturamento estão vindo do serviço de entregas de pães, frios, doces e demais alimentos produzidos no local. A empresa está com um site e com perfis ativos nas redes sociais, oferecendo cestas e promoções. “Quando a pandemia chegou, foi um susto. Nós nunca trabalhamos

ATENÇÃO AOS “GARGALOS”

1

Éder Max, consultor do Sebrae-SP

2

com entrega e precisamos agir. Ainda estamos trabalhando na tentativa e erro”, diz o sócio proprietário Dante Ferronato Jr. Ele conta que para fazer o delivery funcionar, deslocou funcionários do café para a operação – uma vez que os clientes não poderiam consumir no estabelecimento durante a pandemia – e contratou quatro entregadores. Também não precisou demitir nenhum dos 45 funcionários e afastou aqueles em grupos de risco. Outra solução encontrada foi instalar uma espécie de “drive-thru” para os clientes que querem ir escolher os produtos no local. Afinal, conta Ferronato, boa parte dos consumidores é mais velha e tradicional e não quer perder antigos hábitos. “A padaria é um ambiente que as pessoas gostam de frequentar para bater um papo, tomar um café. Há uma ansiedade para as coisas voltarem ao normal, os clientes querem que isso volte, mas nosso delivery certamente vai continuar”, afirma.

Planejamento: antes de sair contratando serviços, é preciso ter um modelo de negócios e saber aonde você quer chegar com a transformação digital.

Escolha bem o profissional ou fornecedor: mais do que olhar o portfólio, pesquise clientes antigos e atuais. Preste atenção a detalhes do contrato, como quem vai ficar com as senhas.

3 4

Formação de preço: não saber precificar seu produto na internet pode potencializar um eventual prejuízo. É preciso levar em conta os modelos do marketplace escolhido, a taxa de comissão, os prazos de pagamento etc. Tudo isso vai ter impacto no fluxo de caixa.

Especificações técnicas: o site precisa ter um certificado de segurança, ser adaptado ao mobile e utilizar técnicas de SEO (otimização para mecanismos de busca). Sem isso, a página ficará “escondida” e o cliente não conseguirá nem a encontrar nem terá confiança para comprar por ali.

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Logística: para vender na internet é preciso ter um tempo de resposta rápido para as demandas do comprador e também um tempo de entrega e valor de frete adequados.


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Ambiente seguro

A crise sanitária exige que o empreendedor redobre os cuidados com higienização e limpeza Ana Carolina Nunes

A

limpeza e a higiene sempre foram importantes para a experiência do consumidor, mas, se em 2018 e 2019 apareciam em nono lugar na lista de prioridades na hora de escolher onde consumir, na segunda semana de maio de 2020 passaram para o primeiro, conforme levantamento da empresa de pesqui-

sas na área de alimentação Almoço Grátis, em parceria com a consultoria em food service G&S Libbra. Outra pesquisa feita em abril pela consultoria Galunion, em parceria com o Instituto Qualibest de pesquisas, também revelou que, pela primeira vez, o consumidor está mais preocupado com a higiene e a lim-

peza do que com o sabor e o preço no delivery de alimentos prontos. Portanto, esteja seu negócio operando aberto ao público ou apenas por delivery, é importante adotar as medidas de higienização e limpeza recomendadas pelas autoridades para a segurança e a saúde de colaboradores e clientes.

As orientações valem não apenas para os as empresas do segmento de alimentação, mas para todos os negócios que estão em operação de alguma forma. É recomendado ainda consultar os protocolos do governo do Estado de São Paulo com as orientações específicas para cada atividade produtiva.

16 orientações para

Reforce com sua equipe – incluindo entregadores – as medidas de limpeza e higienização e que elas devem ser seguidas rigorosamente. Os protocolos recomendam fazer reuniões diárias para repassar as orientações.

um ambiente adequado

Funcionários e clientes devem usar a máscara facial, conforme o decreto 64.959 da Secretaria Estadual de Saúde de 4 de maio. Tenha máscaras extras para fornecer aos clientes que eventualmente estiverem sem. O decreto autoriza que o estabelecimento impeça a entrada de pessoas sem máscara.

As máscaras de tecido devem ser trocadas a cada duas horas ou quando úmidas. Para mais segurança, pode-se utilize uma proteção facial de acrílico, que cobre todo o rosto, conhecida como “face shield” ou viseira acrílica, que deve ser higienizada frequentemente.

Uniformes e equipamentos de proteção não devem ser compartilhados.De preferência, que os funcionários se troquem no local do trabalho, ao chegar e ao sair e e devem ser trocadas diariamente. Uniformes devem ser lavados em lavanderias profissionais. Se a limpeza é de responsabilidade do funcionário, ele deve transportar as peças em saco plástico.

As áreas dos caixas e de balcão podem ganhar uma divisória de acrílico para ficar entre os atendentes e os clientes.

Higienize as mãos antes de lidar com as embalagens e não apenas aquelas para alimentos.

Limite a quantidade de pessoas dentro do estabelecimento. Marque a distância de, no mínimo, um metro entre as pessoas nas filas. Mantenha o local arejado.

Aumente a frequência de limpeza de pisos, de superfícies, da copa/cozinha e dos banheiros.

Mantenha atenção no contato entre fornecedores e funcionários durante o recebimento de mercadorias. Siga a legislação e o manual de boas práticas que pautam a segurança no recebimento de mercadorias.

Não esqueça de higienizar também corrimãos, maçanetas, interruptores, puxadores e material de escritório como canetas, mouse, teclado e telefones.

Cardápios, comandas, maquininhas de cartão, chaves e todo e qualquer objeto que são tocados por clientes e funcionário devem ser higienizados após cada uso.

Forneça álcool em gel ou líquido 70º INPM/70% para colaboradores e espalhe pelo estabelecimento estações com o produto para os clientes. Atenção: mantenha distante de fontes de calor.

Não use toalhas de pano. Sempre de papel descartável.

Lixeiras devem ser acionadas com o pé ou sensor.

Qualquer colaborador que apresentar sintomas como tosse, febre e dor no corpo deve ser afastado imediatamente e encaminhado ao atendimento médico.

Karyna Muniz • Consultora Sebrae-SP | ANR Brasil • Associação Nacional de Restaurantes Decretos e protocolos publicados pelo Estado de São Paulo https://www.saopaulo.sp.gov.br/coronavirus.

A higienização pode ser feita com álcool líquido, álcool gel ou com uma solução feita de água, água sanitária na proporção: 25ml de água sanitária para 1 litro de água para superfícies e objetos ou 50ml de água sanitária para 1 litro de água se for para pisos e banheiros. Nunca use a água sanitária pura, pois dessa forma ela não tem o efeito desinfetante.

É importante comunicar aos seus clientes que os cuidados com higienização e limpeza também são prioridade nos seus negócios. Você pode fazer isso pelas redes sociais ou tranquilizá-los enviando uma mensagem com o delivery. E deixe essa comunicação clara nos lugares onde o cliente circula.


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Conhecimento salva SILMARA REGINA DE SOUZA Consultora do Sebrae-SP

Quais erros evitar O momento de incertezas vivido hoje é um grande desafio para a gestão das pequenas empresas e até para sua sobrevivência. Para os empreendedores, saber o que não fazer torna-se vital. Alguns erros podem ser fatais para o negócio, como subir muito os preços. As pessoas acabam ficando reféns da escassez de determinados itens e muitas empresas usam isso para vender mais caro. A marca pode ter sua imagem prejudicada por ter se aproveitado da fragilidade do cliente. O atendimento é essencial. Algumas empresas têm deixado de lado o relacionamento com o cliente, demoram para dar retorno ou não respondem. Tanto quanto vender, o momento é de manter a comunicação efetiva e rápida. O cliente vai valorizar quem der atenção e souber atendê-lo da melhor forma possível. Não venda sem ter como entregar. O cliente compra uma promessa de entrega e espera que ela seja cumprida. Se necessário, explique que precisa de um tempo maior para entregar o produto ou realizar o serviço. Comprar continua sendo uma experiência, e quanto mais positiva for, mais a empresa reforça o seu posicionamento.

Outro erro é tentar vender a todo custo e não ajudar seus clientes a resolver problemas, mesmo que não estejam diretamente ligados ao seu negócio, assim como esquecer da comunidade ao seu redor. O principal objetivo de uma empresa é vender e satisfazer seus clientes. Se não der para vender, pense em formas de se comunicar com o cliente. Não é o momento de desaparecer, mas de marcar presença. Quem escolhe como quer ser lembrado depois que tudo isso passar é o empresário. Não demita sem ter um planejamento para depois do coronavírus. É importante ter um plano de ação para a retomada. Verifique que recursos físicos e humanos serão necessários para retornar. Procure ainda ser flexível com fornecedores e clientes. A intransigência quebrará suas relações mercadológicas e prejudicará a operação do negócio. A demora nas decisões pode ser outro erro fatal. Por serem pequenas, a maioria das empresas consegue decidir com mais rapidez do que as grandes e possuem mais flexibilidade para mudanças. Lembre-se de que nada será mais caro do que não fazer nada.

O Sebrae Responde é um serviço para tirar dúvidas de empreendedores sobre a abertura de novos negócios e questões relacionadas à gestão de empresas já em atividade.

Antes da pandemia de coronavírus, o Brasil já registrava uma taxa de desemprego elevada. Com a crise da Covid-19, o índice só aumentou e hoje são cerca de 13 milhões de pessoas sem trabalho no País. Paralelamente, houve o crescimento do número de Microempreendedores Individuais (MEIs), que atingiu o patamar histórico de 10 milhões em maio. Os fatos se relacionam. Com dificuldade de recolocação no mercado, um grande contingente de profissionais partiu para o empreendedorismo e, como ocorre habitualmente, o MEI foi a porta de entrada para esse universo. Vale o clichê: se não há emprego, invente o seu. Um fator positivo chama atenção nesse cenário. Seja o empreendedor de primeira viagem ou aquele já estabelecido no mercado, a busca por conhecimento tem sido intensa. O termômetro são os números do Sebrae-SP. Em meados de março, passamos a fazer todo nosso atendimento de forma remota, em respeito ao isolamento social. Registramos uma alta em torno de 250% nas consultorias diárias em relação ao período pré-coronavírus. Na mesma comparação, os atendimentos su-

peraram a casa dos dez mil por dia, em média, ou 12,5% de crescimento. Nossas lives, realizadas de segunda à sexta, às 17h, somam aproximadamente 10 milhões de visualizações. Os cursos EAD tiveram elevação de 200% de concluintes. Além disso, o Sebrae-SP criou o Kit de Enfrentamento, uma abordagem completa para orientar o empresário a encarar a crise. Para o MEI se aprimorar, está disponível o Empreenda Rápido. Todas essas são soluções que formam uma rede de apoio gratuita. Por mais que haja incertezas e estejamos passando por uma situação totalmente atípica, entender melhor os problemas e ter um norte para tomar as decisões é fundamental para a sobrevivência do negócio. Quanto mais preparado o empreendedor estiver, melhor ele conseguirá lidar com a crise e mais condições terá para uma retomada segura. A pandemia tem de acabar, mas a sua empresa, não.

WILSON POIT, diretor­‑superintendente do Sebrae­‑SP

Acompanhe o Sebrae­‑SP no ambiente digital, em www.sebraesp.com.br, e nas redes sociais: twitter.com/sebraesp facebook.com/sebraesp instagram.com/sebraesp flickr.com/sebraesp issuu.com/sebraesp soundcloud.com/sebraesp sebraeseunegocio.com.br youtube.com/sebraesaopaulo

ELOGIE. SUGIRA. CRITIQUE. RECLAME. Queremos ouvi­‑lo: 0800 570 0800 ouvidoria@sebraesp.com.br


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Os aromas da mudança

Sem poder abrir as portas na pandemia, Daniely da Silva migrou sua perfumaria para o online Marcos Leodovico*

D

aniely da Silva estava empolgada. Após consultoria do Sebrae no ano passado, sua perfumaria, a Belle La Vie, localizada no Parque São Lucas, na zona leste de São Paulo, registrava bons resultados. Porém, com a pandemia de coronavírus, o empreendimento foi obrigado a suspender o atendimento presencial. Era abril e, com as portas fechadas, a dúvida de Daniely não podia ser outra: como manter vivo o negócio e suportar a crise? “Quando tivemos que fechar por conta da pandemia, as vendas caíram muito e eu não trabalhava com as redes sociais na época”, diz Daniely. Ela conta que se sentiu perdida em meio a toda essa situação. A solução foi procurar seu “porto seguro”. “Eu não sabia o que fazer, liguei para o Sebrae chorando”, relata a empreendedora. Acompanhada pelo consultor do Sebrae-SP Alexandre Giraldi, Daniely teve de reinventar a perfumaria, adaptando-a a um novo modelo de negócio para continuar atendendo seus clientes. Giraldi diz que as mudanças propostas para Daniely foram estrategicamente pensadas para não apenas atender o público antigo, mas também para atrair novos clientes. “Inserimos a perfumaria dela no Google Meu Negócio e partimos para as redes sociais mais usadas – Facebook, Instagram e WhatsApp – com postagens diárias sobre a perfumaria e seus produtos”, explica o consultor. “Criamos também kits para que o consumidor tivesse conhecimento sobre o que

Daniely da Silva: mudança para o digital veio para ficar

estava sendo vendido e quem se interessasse pelos produtos ou pelos kits teria a opção de retirar na loja, no final da tarde, ou solicitaria o delivery para receber no local indicado”, completa. Com a ajuda do Sebrae e a perfumaria seguindo com um novo modelo de negócio, Daniely comemora a conquista de novos clientes. “Além de reformular nossa estratégia de vendas, colocamos um cartaz na entrada da loja de forma que os clientes vissem e entendessem que estávamos atendendo

remotamente; assim a perfumaria começou a ganhar relevância na região”, afirma Daniely. Hoje seu lucro mensal já superou o registrado na época em que a loja estava aberta para o atendimento presencial. Em abril – quando as mudanças foram implantadas – o resultado foi 15% maior; em maio, cresceu 20% na comparação com os mesmos meses de 2019. Feliz com as mudanças e já pensando no que vem pela frente, Daniely pretende continuar com o modelo de negócio digital, mesmo

quando o comércio voltar à normalidade. “A estratégia tem dado muito certo; a meta agora é manter os clientes, fazer um programa de fidelização e atrair os novos”, finaliza.

CONSULTORIAS DIGITAIS E GRATUITAS Com consultorias online e sem custo, a equipe do Sebrae-SP está à disposição para buscar a melhor solução para o seu negócio. Para detalhes, ligue gratuitamente para o Sebrae-SP no 0800 570 0800 ou acesse www.sebrae.com.br/ *Estagiário sob supervisão dos editores

EXPEDIENTE Publicação mensal do Sebrae­‑SP Edição impressa CONSELHO DELIBERATIVO Presidente: Tirso Meirelles ACSP, ANPEI, Banco do Brasil, Faesp, FecomercioSP, Fiesp, Fundação ParqTec, IPT, Desenvolve SP, SEBRAE, Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia, Sindibancos­‑SP, Superintendência Estadual da Caixa Econômica Federal.

DIRETORIA EXECUTIVA Diretor­‑superintendente: Wilson Poit Diretor técnico: Ivan Hussni Diretor de administração e finanças: Guilherme Campos

Diagramação: Daniel Augusto de Resende Neves, Douglas da Rocha Yoshida, Gisele Resende Costa e Letícia Durães. Fotos: Ricardo Yoithi Matsukawa – ME e Carlos Raphael do Valle – ME para o Sebrae­‑SP. Apoio comercial: Unidade Relacionamento: (11) 3177­‑4784

JORNAL DE NEGÓCIOS Unidade Marketing e Comunicação Gerente: Mariana Ribas Coordenadora de Imprensa e Conteúdo: Marcelle Carvalho Editores responsáveis e redatores: Gabriel Jareta (MTB 34769) e Roberto Capisano Filho (MTB 46219). Assessores de imprensa: Gisele Tamamar, Patricia Gonzalez e Rogério Lagos. Estagiários: Anderson Freitas e Marcos Leodovico. Imagens: gettyimages.com.

SEBRAE­‑SP Rua Vergueiro, 1.117, Paraíso São Paulo­‑SP. CEP: 01504­‑ 001 PARA ANUNCIAR (11) 3177­‑4784

FALE COM A REDAÇÃO imprensa@sebraesp.com.br


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TEC &

LIVROS DECIDA VENCER (Gente) Muitos brasileiros já entenderam que é tempo de se reinventar e de despertar o “empreendedor raiz” que existe em cada um. No livro, o autor Eduardo Volpato apresenta seu método para o leitor criar um círculo de entendimento em sua vida e mudar o que está travando o seu sucesso pessoal. Com uma linguagem acessível e meditações poderosas, ele fala sobre a necessidade de deixar para trás antigas concepções e construir um passo a passo diário em rumo a bons resultados. REINVENTE SUA EMPRESA (Sextante) Os autores Jason Fried e David Hansson compartilham sua experiência como empresários bem-sucedidos e explicam seu modo revolucionário de pensar os negócios. O livro se destina a quem está procurando dicas para aumentar a eficiência, trabalhar de forma mais inteligente e alcançar o sucesso. Fried e Hansson acreditam que as empresas devem fazer menos que os concorrentes: criar poucas coisas muito boas, em vez de várias razoáveis. Em um mundo onde todos são compelidos a fazer mais com menos, este livro mostra como fazer menos e lucrar mais. Os autores o convidam a repensar tudo aquilo que você sabe sobre estratégia, clientes e execução.

SEBRAE-SP REÚNE COMPRADORES E VENDEDORES EM RODADAS DE NEGÓCIOS VIRTUAIS Micro e pequenas empresas do Estado de São Paulo têm a oportunidade de negociar produtos e serviços com grandes compradores durante as Rodadas de Negócios Virtuais promovidas pelo Sebrae-SP. Os encontros online começaram em junho e continuam neste mês. As inscrições para participação são gratuitas. As reuniões permitem o contato com grandes compradores da cadeia de saúde e de alimentos e bebidas. Além de negociar produtos e serviços, os empresários podem realizar parcerias, joint ventures, sociedades, investimentos, transferência de tecnologia, entre outras iniciativas. Os interessados em participar podem buscar outras informações pelo telefone 0800 570 0800.

DOWNLOADS DE APLICATIVO PARA TRABALHAR COM DELIVERY CRESCEM 200% O número de downloads de aplica-

A LOJA DE TUDO (Intrínseca) Pioneira no comércio de livros pela internet, a Amazon esteve à frente da primeira grande febre das pontocom. Mas Jeff Bezos, seu visionário criador, não se contentaria com uma livraria virtual descolada: ele queria que a Amazon dispusesse de uma seleção ilimitada de produtos a preços radicalmente baixos – e se tornasse “a loja de tudo”. Para pôr em prática essa visão, Bezos desenvolveu uma cultura corporativa de ambição implacável e alto sigilo que poucos conheciam de verdade. A loja de tudo apresenta em detalhes como é a vida na gigante do comércio online, com detalhes que expõem um mundo de competitividade sem limites. A exemplo de outros precursores da tecnologia, como Steve Jobs, Bill Gates e Mark Zuckerberg, Bezos não cede em sua incansável busca por novos mercados, levando a Amazon a lançar empreendimentos como o Kindle e a computação em nuvem.

tivos para quem quer trabalhar como entregador de produtos cresceu, em média, 200% nos meses de março e abril deste ano. O dado é da empresa de inteligência de marketing e aquisição para apps RankMyAPP. O aumento se deve ao impacto do coronavírus na economia, com elevação do desemprego e da redução de salário e da carga horária, prevista na Medida Provisória 936. Segundo o levantamento, abril teve a maior adesão dos últimos seis meses, com aplicativos dessa categoria instalados em mais de 22 milhões de celulares. O download dos aplicativos de delivery também aumentou entre os consumidores. O número total de apps instalados até 16 de março já representava 61,3% do total de vezes que esses aplicativos foram baixados em todo o ano passado.


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IDEIAS

PERGUNTE A QUEM ENTENDE Como a automação inteligente pode ajudar as pequenas empresas?

BRASIL REGISTRA ABERTURA DE MAIS DE UMA LOJA DIGITAL POR MINUTO NA PANDEMIA O Brasil abriu mais de uma loja virtual por minuto desde o início do isolamento social, em março. Foram 107 mil novos estabelecimentos criados na internet para a venda dos mais diferentes produtos, como alimentos, bebidas, roupas, calçados e produtos de limpeza, segundo levantamento feito pela Associação Brasileira de Comércio Eletrônico (Abcomm), entre 23 de março e 31 de maio. Antes da quarentena, a média de abertura de lojas na internet era de 10 mil estabelecimentos por mês. Os setores que lideraram o ranking de novos sites na internet foram moda, alimentos e serviços.

Ctrl+Alt+Compete Baseado nos relatos de cinco empreendedores, o documentário sobre startups, realizado pela Microsoft, mostra a dedicação que demanda iniciar um negócio por paixão e fazer com que ele se transforme em uma fonte de renda viável. O filme ajuda a entender como funciona todo o processo de construção de uma empresa, desde o nascimento da ideia até a maturação do negócio. Disponível na Amazon Prime.

VÍDEO: THE KIDS CLUB Saiba como funciona um curso de inglês especializado em crianças.

Veja a história:

https://youtu.be/B7wW3uEn_po

Divulgação

Por André Scher, CEO da Auctus.ai Inteligência Aumentada

Na crise atual, o investimento em automação inteligente é uma oportunidade para aumentar a eficiência operacional de uma empresa e uma forma de recuperar a produtividade perdida pela diminuição da força de trabalho. Existem várias formas, com custo acessível, de se implementar a automação inteligente nas pequenas e médias empresas. Devemos avaliar o benefício da automação visando sempre o valor que a iniciativa trará para os negócios e nunca pensar na tecnologia antes definir o problema a ser resolvido. Chamamos de “abordagem de caso de uso”. A abordagem de caso de uso consiste em mapear quais problemas poderão ser resolvidos (automatizados) dentro o orçamento ou quais oportunidades trarão novos negócios para a empresa. A implementação é rápida e de baixo custo. Os robôs capturam dados, acessam e se comunicam com outros sistemas para executar tarefas. Com o RPA (Robotic Process Automation) podemos criar trabalhadores digitais que ficam disponíveis 24 horas por dia. Sua implementação aumenta a eficiência do processo e diminui o custo operacional. Em relação às plataformas de RPA, há versões grátis que, mesmo com limitações de funcionalidade, conseguem cobrir usos como acessar sistemas para extração de informações, ler planilhas eletrônicas e fazer entrada de dados em sistemas e algumas opções podem até extrair dados de documentos em formato de texto (pdf). Aprender a trabalhar com essas ferramentas também é acessível na maioria dos casos pois os cursos são grátis nos sites das plataformas e não exigem conhecimento de programação; o que também facilita a adoção para pequenas e médias empresas. Os pequenos negócios também podem contar com softwares gratuitos que usam inteligência artificial. Um exemplo é o chatbot, software de automação de atendimento robótico. Os chatbots podem ser um grande aliado para ampliar o horário de atendimento aos clientes sem ter de aumentar o time ou cobrir o horário noturno. O cenário da automação inteligente é favorável às empresas que criam modelos de negócios combinando essa tecnologia com a criatividade e experiências humanas. Tem alguma dúvida sobre como a tecnologia pode ajudar o seu negócio? Pergunte a quem entende! Mande um e­‑mail para imprensa@sebraesp.com.br.


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Soluções virtuais

Com as portas fechadas, Juliana Branco Fernandes, do Sítio Florentino, apostou no marketing digital Juliana Branco Fernandes, do Sítio Florentino: tours pela internet

Depoimento a Anderson Freitas*

“O

Sítio Florentino foi fundado em janeiro de 2001, depois que meu pai, ‘seu’ Florentino, recebeu uma indenização de direitos trabalhistas após ter sido funcionário de uma empresa por 40 anos. O terreno, até então, era só mato. Ele começou a construir o espaço primeiro com uma piscina e uma churrasqueira e depois as outras coisas vieram ao longo do tempo. O nosso espaço está localizado em Mairiporã, próximo a um ponto turístico que é muito visitado, o Pico do Olho d’Água. Inicialmente, o sítio era utilizado como um espaço de confraternização pela nossa família, mas vários amigos nossos começa-

ram a pedir o sítio emprestado, algumas pessoas usavam e deixavam desorganizado. Então meu pai transformou esse espaço em negócio em parceria com um buffet. Eles se tornaram sócios e começaram a trabalhar no local até dezembro de 2018. Nessa época, passamos por um momento bastante difícil devido a um surto de febre amarela na cidade, e com isso os negócios de eventos da região foram bastantes afetados. Nossos parceiros do buffet acabaram saindo para fazer eventos em outras cidades e o espaço ficou vazio. Em janeiro de 2019, veio a oportunidade de assumir o sítio. Meu marido, Oislan, havia sido demitido e meu pai viu que aquele seria um bom momento para nós

assumirmos. Eu já trabalhava com os antigos sócios e tinha a experiência de trabalhar na área de eventos desde os 15 anos de idade. Nosso carro-chefe são os casamentos, pois é o que temos uma procura maior, mas temos outros pacotes, como os de formatura, eventos de terceira idade, entre outros. Oferecemos também pacotes de Natal, Ano Novo e feriados, pois no local temos acomodações em flats e esse é um dos nossos diferenciais, hoje podemos acomodar até 50 pessoas. Em relação aos pacotes corporativos, temos várias empresas que são clientes cativas no final de ano, então dezembro é um mês que costumamos vender apenas para empresas. Hoje, nossos clientes

nos procuram para locação, mas quando precisam de buffet nós indicamos alguns fornecedores, pois temos alguns contatos de confiança. Em relação aos casamentos, a nossa cereja do bolo é uma réplica da igreja dos Arautos do Evangelho. Como eu e meu pai somos devotos, essa réplica foi construída pelo próprio pessoal dos Arautos do Evangelho por meio de um pedido do meu pai, mas independentemente da religião dos noivos nós realizamos os casamentos. O Sebrae-SP está sendo determinante para salvar a pele da empresa nesse momento de crise, já que ressaltou para a gente a importância da presença digital com um site, canais de comunicação e também os tours virtuais que fazemos nas redes socias. Esses tours foram fundamentais para a gente fechar eventos futuros. Embora a gente já tenha uma experiência na área comercial, na parte administrativa e na parte financeira, vejo que o marketing digital é um dos pontos de maior importância em uma empresa. Para o retorno das atividades, a primeira coisa que estamos pensando é na segurança sanitária, pois isso é o que trará a segurança aos nossos clientes. Temos a ideia de fazer espaçamento maior entre as cadeiras e diminuir a quantidade. Sabemos que muitas coisas vão mudar e teremos de ir reaprendendo com o tempo, além de apreender novas formas de empreender. A dica que dou a todos empreendedores, sejam da área de eventos ou não, é que nesse momento devemos nos reinventar. Sabemos que o brasileiro é muito bom nisso e sabemos que logo, quando tudo isso passar, nos tornaremos mas inteligentes e mais práticos para lidar com outras situações.” *Estagiário sob supervisão dos editores


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