Jornal de Negócios - 01 de outubro de 2020 - Edição 318

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| Outubro de 2020 | www.sebraesp.com.br | 0800 570 0800 | # 318

Karina Massaro, dona de uma empresa de semijoias e mãe de dois filhos

ELAS RESISTEM À CRISE

Mesmo sobrecarregadas na pandemia, empreendedoras buscam capacitação para conciliar vida pessoal e profissional Pág. 8

Pet shops inovam para manter faturamento na quarentena Pág. 4

Empresas mudam área de atuação para driblar perdas Pág. 6

Identifique os ‘ladrões de tempo’ e seja mais produtivo Pág. 10


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Retomada de alto impacto TIRSO MEIRELLES, Presidente do Sebrae‑SP e empreendedor

Nos últimos meses, temos afirmado reiteradamente que a recuperação dos negócios e da economia será tão consistente quanto for, entre outras práticas, nossa capacidade de (re)gerar empreendimentos criativos, que usam a tecnologia para se diferenciar rapidamente e crescer no mercado. Isso não é apenas discurso. Vi os resultados na prática. E lembrei de um deles, quando estava à frente da Secretaria Municipal de Governo de Sertãozinho. Em outubro de 1997, há exatos 23 anos, institui o Programa de Desenvolvimento de Sertãozinho (Prodeser) com a criação da incubadora de empresas de base tecnológica para apoiar os pequenos negócios emergentes, que vislumbravam oportunidades de crescimento trazidas pela expansão do setor sucroalcooleiro. Sempre com o apoio do Sebrae-SP, saímos praticamente do zero para cocriar centenas de empreendimentos que hoje geram empregos, renda e desenvolvem novas tecnologias reconhecidas mundialmente e que ajudam a elevar a competitividade do agronegócio brasileiro.

É hora de redefinir os negócios. Afinal, quem conseguiu atravessar uma temporada de perda ou empate de receita e sobreviveu ao tsunami provocado pela Covid-19 tem conhecimento, experiência e determinação suficiente para inovar e trilhar esse caminho sem volta. E não precisa fazer isso sozinho. Em pouco mais de duas décadas, o Estado de São Paulo se firmou como um dos maiores e melhores polos de tecnologia do Brasil e, em alguns casos, do mundo, com uma rede pioneira e de peso formada por 14 parques tecnológicos em operação (e outros sete em projeto), 16 incubadoras e diversas aceleradoras de empresas e startups. Trata-se de uma complexa teia de inovação que não para de se movimentar e expandir. O desafio atual é provocar ainda mais conexões entre esses e outros núcleos de inovação e as micro e pequenas empresas do comércio, da indústria, de serviços e do agro, garantindo que chegue à ponta do setor produtivo a tecnologia que proporcione competitividade, alta produtividade e rentabilidade.

O Sebrae-SP participa ativamente da rede de inovação tecnológica com dois objetivos básicos: promover o desenvolvimento de tecnologias inovadoras e possibilitar aos empreendedores o acesso à tecnologia para resolver seus problemas de gestão e produção, além de definir novas estratégias de atuação. Um dos carros-chefes é a aproximação universidade-empresa com a oferta do Sebraetec, que conta com 50 soluções com foco em consultorias em tecnologia, com duração de 20 horas a 140 horas, e que abrangem uma diversidade de temas. O Sebrae-SP subsidia 70% do valor da solução escolhida pela empresa. Para a retomada pretendida é necessário prover uma solução que não é simples, mas também não é impossível, que passa pelo grau de relevância e propósito dos negócios de hoje e do futuro. Prontos para dar saltos tão espetaculares quanto os das inovações que temos presenciado? Nós estamos prontos para ajudá-los nessa jornada rumo ao alto impacto.

Destaques Sebrae-SP lança guia sobre empreendedorismo para futuros prefeitos e vereadores Colocar o empreendedorismo como uma das prioridades dos futuros gestores públicos. Com esse objetivo, o Sebrae-SP lança o Guia para Candidatxs Empreendedorxs – Prefeitos e Vereadores. A publicação traz conteúdo elaborado para promover o desenvolvimento local por meio do apoio às micro e pequenas empresas (MPEs), aos Microempreendedores Individuais (MEIs) e empreendedores em geral. O material reúne uma série de propostas para ajudar os candidatos nas próximas eleições a montar programas de governo e agendas legislativas voltadas a impulsionar o empreendedorismo

e a geração de trabalho e renda. Nele, os agentes políticos encontram um leque de possibilidades para a elaboração e execução de uma pauta em prol das MPEs. No Estado de São Paulo, os pequenos negócios representam 99% do total de empresas, respondem por 49,6% dos empregos formais, 38,3% da folha salarial e por 32,6% do Produto Interno Bruto (PIB). Ao criar condições para que os pequenos empreendimentos prosperem, o gestor público estimula a economia local, com reflexos também em âmbito nacional. O Guia apresenta oportunidades de projetos e de

implantação de produtos e serviços do Sebrae-SP, incluindo o ambiente de consórcios intermunicipais. O Guia também traz um Termo de Compromisso para que cada candidato assine se comprometendo a fazer do apoio ao empreendedorismo um dos eixos de sua gestão. A edição impressa do Guia para Candidatxs Empreendedorxs – Prefeitos e Vereadores será entregue pelo Sebrae-SP aos candidatos no Estado São Paulo por meio dos escritórios regionais e também está disponível no endereço candidatoempreendedor.sebraesp.com.br.


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Entrevista do mês

Corrida pela inovação Márcio Callage, diretor de marketing da Olympikus, conta como a marca se sobressaiu em meio à pandemia

H

á 45 anos no mercado, a Olympikus é a maior marca de produtos esportivos do Brasil atualmente. No entanto, assim como os pequenos negócios, a empresa teve de se adaptar à nova realidade provocada pela pandemia de Covid-19, criando estratégias para fortalecer o e-commerce e para inovar no marketing. O resultado foi um crescimento de 300% nas vendas online e um programa voltado para a geração de renda a partir de vendas da marca. Na entrevista a seguir, o publicitário Márcio Callage, CMO – ou diretor de marketing – da Vulcabras Azaleia, detentora da marca Olympikus, fala sobre como a empresa encarou a crise do coronavírus e como a “brasilidade” pode ainda ser um diferencial.

A Olympikus divulgou um aumento de 300% em vendas online durante os primeiros meses da pandemia. A que você atribui esse resultado? Felizmente tivemos esse crescimento, que só foi possível porque temos encarado o e-commerce como uma de nossas prioridades. Já estávamos construindo uma estratégia de logística, mídia e performance que pudesse atender a um futuro crescimento, que surgiu no momento da pandemia. Com o cenário atual passamos a concentrar mais esforços sobre o e-commerce, que hoje está apto a receber novos consumidores. Com a chegada da pandemia, academias e parques tiveram de ser fechados e a prática esportiva sofreu um impacto. Como a empresa reagiu? Entendemos que era o momento de convidar as pessoas a ficar em casa e deixar a corrida para depois. Como marca brasileira, percebemos a responsabilidade de construir opinião na primeira fase da pandemia, que o distanciamento social precisava fazer parte do comportamento das pessoas para

Divulgação

Márcio Callage, da Olympikus: consumidor está aberto a novas ideias

A Olympikus sempre se posicionou como uma marca “brasileira”. Essa estratégia continua válida? Ser uma marca esportiva brasileira nos torna únicos e nos permite jogar em um território que agrega todos os valores positivos de ser brasileiro. Nesse momento em que o consumo é visto como um ato político, cuja decisão de compra passa por questionamentos conscientes, a ideia de comprar produtos Olympikus ganha mais força. Afinal, ao adquirir um produto brasileiro e feito por brasileiros, ajudamos a gerar mais empregos, o dinheiro circula internamente, o consumo aumenta e gera retorno para manter nossos funcionários. Você acredita que o consumidor do pós-pandemia mudou? O que ele deseja agora? Vivemos um momento favorável para a conscientização e o consumidor está mais aberto a ouvir novas ideias. Cabe às marcas pautar reflexões. O Brasil é capaz de produzir tecnologia de ponta e existe uma marca forte que beneficia diversos elos da cadeia nacional — trade, fornecedores, funcionários, parceiros de negócios e o próprio consumidor.

preservar quem realmente precisava sair para trabalhar. Em paralelo, estávamos em busca do que poderia ser feito para ajudar a comunidade do esporte, que ficou enfraquecida. Diversos profissionais liberais dessa área ficaram sem renda. Foi dessa perspectiva que nasceu o Corre Junto Brasil, um programa que permite às pessoas venderem produtos Olympikus e ganharem uma comissão. Essas pessoas são parte da comunidade em que atuamos e é nossa missão fortalecer esse elo.

Como funciona o programa? O Corre Junto Brasil convida todos os brasileiros a se cadastrarem para vender online os produtos da marca. Hoje temos mais de 6 mil inscritos no programa e um número expressivo de pedidos. E, recentemente, lançamos a Escola do Corre, que ensina o brasileiro a se tornar um empreendedor digital. A plataforma oferece gratuitamente uma trilha de conteúdos sobre como vender na internet, construir sua audiência, portfólio de produtos e tecnologias da Olympikus para embasar o argumento de vendas.

Ainda é possível inovar no varejo de esportes? Estamos vivendo uma era de profundas transformações. A todo momento existe a oportunidade de um pequeno negócio se sobressair. Eu acredito que há espaço para esse nicho, e a venda direta é um deles. Quando os afiliados estão vendendo pelo Instagram ou em outros canais, isso abre um espaço de inovação. Toda pessoa tem grande potencial para, a partir de seu espaço digital, gerar negócios e ser um curador naquele perfil de produto. Se esse indivíduo se especializar em seu nicho, vai ajudar outras pessoas a comprarem o melhor produto, oferecendo um atendimento mais personalizado. Esse tipo de experiência torna-se mais atrativa para o consumidor.


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Com crise, mercado

De alimentação a higiene, empreendedores do setor

Sharlene Saito, da Cãomigo: sem atividades presenciais, inovou com produto de higiene

Kaio Augusto

O

s brasileiros amam seus bichinhos de estimação e não medem esforços para agradá-los. Para se ter uma ideia da força desse mercado, o Brasil ocupa o quarto lugar no mundo em faturamento com produtos voltados para pets, além de ser o terceiro em população total de animais domésticos, de acordo com a Associação Brasileira da Indústria de Produtos para Animais de Estimação (Abinpet). Com as mudanças provocadas pela pandemia, em que os negócios começaram a buscar novos modelos para alcançar os clientes de maneira

voltada à proteção da saúde, o mercado pet não ficou de fora. Uma empreendedora que logo entendeu a necessidade de expandir os horizontes foi Sharlene Saito, fundadora da Cãomigo, negócio especializado em turismo e eventos que aceitam animais de estimação. Como o ramo de atuação da empresa exigia a aglomeração dos clientes, não demorou muito para que ela percebesse que a sombra da pandemia pairava sobre seu negócio. “A Cãomigo tinha uma série de eventos marcados para março e abril, e na época pensei que seria possível remarcar, mas logo per-

cebi que teriam de ser cancelados. Foram duas semanas de negócio parado, o que foi me dando aquele desespero”, conta. Diante disso, ela resolveu aproveitar o momento para fazer um levantamento de qual era o público da empresa, com quem já tinha relações comerciais e como seria possível desenvolver algo novo que estaria alinhado com isso. Enquanto buscava alternativas, ela teve a ideia da Beaut, uma marca natural de produtos de higiene para os animais. “Eu tenho uma cachorra com necessidades especiais, por isso sempre precisei usar produtos de higiene

mais naturais, só que o acesso nem sempre era fácil. Pensando nisso, decidi criar minha própria linha de forma artesanal”, diz. Para desenvolver os produtos, ela contratou uma profissional para ajudar com a composição química, mas logo se deparou com todas as exigências para lançar algo no mercado – ainda mais em se tratando de itens relacionados à saúde animal. Para ajudá-la com isso, Sharlene recorreu ao Sebrae para fazer com que a Beaut possa sair do papel. “Nesse processo, eu consegui uma vaga no Sebraetec, que está me oferecendo muito apoio. Enquanto


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pet busca renovação

procuram alternativas e oportunidades para manter faturamento uma consultora trabalha com briefings para o desenvolvimento dos produtos, posso me focar nas estratégias de marketing e vendas”, afirma. Apesar de toda a crise causada pela situação da Covid-19, o mercado pet não sofreu um grande impacto comparado a outros segmentos. Segundo a consultora do Sebrae-SP Vanessa de Lima e Silva, mesmo que o faturamento tenha caído durante a pandemia, ainda existe muito potencial de crescimento. “Uma pesquisa do Sebrae publicada em julho mostrou que o mercado pet está com o faturamento 24% abaixo do pré-crise. Mesmo com esses números, não podemos deixar de considerar que o setor apresentou uma evolução de 6,2% em 2020”, diz. Para a consultora, a solidão de muitas pessoas no home office e, para aqueles que já convivem com animais domésticos, o tempo maior passado com esses companheiros, contribuem para esse cenário. “Nesse período, tivemos um significativo aumento no número de adoções, somado ao fato de que os donos também estão podendo desfrutar mais dessa parceria. A elevação dos pets a membros da família é um fator que impulsiona esses dados”, finaliza.

NOVAS DEMANDAS Essa nova rotina dos “pais de pets” ajuda a entender melhor sobre a saúde e os comportamentos dos animais. E, algumas vezes, é desse convívio que surgem as ideias para novos empreendimentos. Exemplo disso é o caso de Murilo Coelho Ferraz, fundador da Obentô Pet, um serviço de produção e entrega de alimentação natural para os animais. “A ideia da empresa surgiu quando eu levei minha cadela no veterinário para tratar um problema urinário. Na época, a médica me disse que poderia ser a ração e me passou algumas receitas de refeições naturais para substituir”, lembra. Ferraz logo percebeu os benefícios dessa mudança, porém, o mercado não oferecia tantas opções acessíveis.

Isso fez com que ele tivesse de produzir as refeições de sua pet. Nesse período, ele também resgatou outros dois cães, para os quais também apresentou essa alternativa natural de alimentação. “Quando meus amigos vinham em casa e percebiam como os cães estavam melhorando, eles começaram a pedir que eu produzisse a alimentação para os animais deles também. Vi que existia um negócio nisso. Fui fazer alguns cursos para me profissionalizar e depois parti para a parte mais prática da empresa”, relata. Pensando em um diferencial para a situação atual, o empreendedor acredita que o que fez sua empresa se destacar durante a pandemia foi o serviço ofertado. “Meu produto é uma comodidade, daqui a algum tempo alguém pode copiar minha empresa, então eu tenho que investir no serviço”, afirma. Atualmente, a Obentô Pet atua principalmente como e-commerce, com foco na entrega de pacotes de comida natural para os pets, assim como planos de assinatura que podem ser feitos pelos os donos. “Na pandemia, com as pessoas mais tempo em casa, as geladeiras delas tendem a estar bem estocadas, fazendo com que a alimentação natural dos animais tenha menos espaço de armazenamento. Por isso, eu preciso oferecer um serviço que toda semana entregue meu produto fresco na casa dos clientes”, afirma Ferraz, que também planeja novos rumos para o negócio após a pandemia. “Antes, quando eu deixava minhas cachorras em hotéis pet, eu via muitas festinhas para os animais. Eu sinto que, passado esse momento, existe um mercado de produção de bolos e docinhos para os cachorros que a Obentô Pet pode operar”, complementa. Não foram apenas os empreendedores que precisaram se reinventar, mas os produtos e serviços também tiveram que ganhar outras formas no chamado “novo normal”. Exemplo disso é a CatMyPet, empresa especializada em produtos voltados

DISTRIBUIÇÃO DA POPULAÇÃO DE ANIMAIS NO BRASIL Dados: ABINPET, 2019

55,1 40 24,7 19,4 2,4 Cães

Aves

Gatos

Peixes

Outros

Número de animais domésticos no Brasil (milhões) para animais de estimação, com foco especial em gatos. No início da pandemia eles desenvolveram o Álcool Pet, a primeira linha de álcool em gel do Brasil para animais domésticos, que também pode ser usada pelos donos. O produto é o único especializado em higienização das patas dos pets – e pode até mesmo ser lambido sem afetar a saúde dos animais. Segundo Agnes Cristina, proprietária da CatMyPet, a ideia do produto veio após o relato de veterinários de casos de problemas causados pelo uso de álcool gel convencional nos bichinhos. “Durante as lives que fizemos no início da pandemia, os especialistas sempre relatavam ocorridos de animais intoxicados ou com

alergia por culpa do uso de produtos inadequados. Foi assim que percebemos a necessidade de algo que conseguisse fazer a higienização ao mesmo tempo que não fosse nocivo”, explica. Esse movimento fez com que a empresa lançasse o produto no mercado em um bom momento, não apenas nos negócios, mas também no impacto causado pelo álcool para pets. “Nós estimamos que nosso produto higienizou mais de um milhão de patinhas em todas as regiões do Brasil, o que traz mais segurança tanto para os pets quanto para seus tutores. Com esse crescimento, já temos alguns projetos para seguir nos próximos anos”, diz. (Colaborou Anderson Freitas)


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Mudança de rumo

Empreendedores alteram produtos, serviços ou até todo o

Adriano e Alexandre Salvador: fábrica mudou produção para criar equipamentos contra Covid-19

Gisele Tamamar

Q

uando a pandemia da Covid-19 chegou ao Brasil, os pedidos em produção das empresas dos irmãos Adriano e Alexandre Salvador foram suspensos. A ProMaxi confeccionava etiquetas para calças jeans e a Neo Soul fabricava displays para ambientação de lojas. “Com o fechamento das lojas, shoppings e cancelamento de eventos, nos vimos em uma situação desesperadora, sem rumo, com a certeza de que não iríamos sobreviver nem um mês sequer”, lembra Alexandre.

Eles negociaram a devolução de um dos galpões para cortar custos, mas o acordo não chegou a ser efetivado. Isso porque, ao assistir a uma reportagem na televisão sobre o uso de máscaras de proteção facial, a face shield, os irmãos conseguiram colocar em pé o projeto para fabricação do equipamento em 24 horas. “Viramos a noite produzindo o protótipo e estávamos com produto, anúncio e embalagem prontos no dia seguinte”, conta Adriano. Os empresários de São Paulo fazem parte de um grupo que conseguiu enxergar uma oportunidade

na crise. De acordo com a pesquisa mais recente do Sebrae sobre o impacto do coronavírus nos pequenos negócios, entre as empresas que registraram aumento de faturamento, 13% alteraram seus serviços e produtos e 8% mudaram completamente seu modelo de negócios. O analista de negócios do Sebrae-SP Sergio Capozzielli afirma que, em geral, as pessoas não gostam de mudanças, de rotas desconhecidas. “Ficar na zona de conforto é a coisa mais perigosa que pode acontecer para o empreendedor. Ainda mais com a situação toda que estamos

vivendo, precisamos estar sempre pensando em ajustes, em como melhorar, em formas de reduzir custos e como ter outras fontes de receita”, destaca. O empresário Adriano Salvador afirma que essa atitude de adaptação, de não se acomodar faz parte da cultura da empresa. Antes, com a ProMaxi, eles compraram uma máquina a laser para gravação nas etiquetas. O processo era caro e a máquina acabou depreciando. Mas em vez de vender o equipamento, eles começaram a fabricar peças em acrílico e MDF. “De uma máquina


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contra a pandemia

modelo de negócio para reverter perdas durante – e após – a crise dentro da ProMaxi surgiu a Neo Soul, sempre fomos buscando oportunidades dentro do que as máquinas podem fazer”, diz Adriano. Mas as ideias não surgem automaticamente. Pelo menos duas horas do dia são dedicadas às pesquisas de tendências, de máquinas, produtos. Desse processo, além da máscara de proteção, eles desenvolveram um tapete sanitizante e, com a sobra de materiais, produziram um revestimento de parede, feito de material EVA. A linha de produtos voltados à prevenção da Covid-19 ainda inclui totens de álcool em gel e faixas de isolamento. Tudo vendido no e-commerce estruturado após o início da pandemia. O resultado é um faturamento 200% maior do que nos mesmos meses do ano passado. Cientes de que as vendas desses produtos devem diminuir com o tempo, os irmãos trabalham no desenvolvimento de novos produtos e dividiram o site em departamentos para a venda de itens variados, como aparelhos eletrônicos e brinquedos. “O mercado online nunca dorme e a concorrência é enorme, por isso, a inovação deve ser constante”, reforça Alexandre.

JOINT VENTURE

Com atuação no mercado de serviços para eventos, os sócios da Macam, Marcos Vinicius Correa e Caio Faulin, foram surpreendidos pela pandemia quando estavam em plena ascensão. “Fomos buscar uma reinvenção para não ficarmos parados nessa crise”, conta Correa. Como a Macam já estava em conversa para uma parceria com a empresa de tecnologia CKS para o mercado de eventos e monitoramento de imagem, uma solução encontrada foi fazer uma joint venture para criar a Macam Tech. O primeiro produto que surgiu dessa união foi o Saved 20, um equipamento que usa luz UVC para esterilização e desinfecção. “Tivemos uma recepção calorosa, mas é uma tecnologia cara. Toda tecnologia tem esse custo da inovação. Mas enten-

REFLEXÕES SOBRE UM MODELO DE NEGÓCIOS VALOR

RELACIONAMENTO

Com grandes mudanças, será imprescindível o aprofundamento dos conhecimentos em relação ao que o cliente deseja e valoriza.

Empresas focadas no relacionamento têm grandes possibilidades de sair da crise mais fortalecidas e mais bem preparadas.

CANAL

ATIVIDADES E RECURSOS

Cada vez mais, comodidade e flexibilidade mobilizam os clientes. Empresas que atendem por múltiplos canais tendem a se destacar.

Empreendedores devem monitorar constantemente seus processos e buscar adequá-los à proposta de valor do negócio.

PARCERIAS Ninguém faz nada sozinho. Fornecedores, influenciadores e até concorrentes podem contribuir com a produção e a entrega da solução ao cliente.

demos que é um mercado que vai existir mesmo depois da pandemia. Já temos parcerias com alguns hospitais e existe o tempo de maturação para o consumidor entender a tecnologia e seus benefícios”, afirma Correa. O equipamento pode ser alugado a partir de R$ 1,5 mil por mês ou adquirido por valores a partir de R$ 24 mil. A Macam Tech também começou a fabricar uma cabine de esterilização para carrinhos de compra e fez negócios com uma rede de supermercados. “A empresa agora tem uma frente totalmente voltada para a tecnologia, para o desenvolvimento de soluções e um diferencial no mercado”, completa Correa.

MODELO DE NEGÓCIO Para quem está com dificuldades e não sabe por onde começar uma remodelagem do negócio ou mesmo mudar radicalmente sua atuação, o analista do Sebrae-SP Sergio Capozzielli recomenda uma análise inicial sobre como atender o cliente neste momento. “É importante entender as necessidades do cliente

RECEITAS E DESPESAS A busca pela ampliação do faturamento e o controle de gastos é cada vez mais importante nesse contexto.

e como seu negócio pode resolver essa ‘dor’”, aconselha. Ainda mais nessa situação de pandemia, quando é preciso refletir sobre as mudanças do comportamento do consumidor em função das restrições e uma aceleração de tendências, como o home office, comércio eletrônico, delivery e novos meios de pagamento. Entre as dicas para pensar sobre uma remodelagem, o especialista do Sebrae-SP aconselha avaliar as soluções oferecidas pela empresa, entender a jornada do consumidor, incluir novos parceiros, não esquecer da comunicação online e pensar em novas formas de gerar receita. De acordo com Capozzielli, muitos empresários têm dificuldades de definir qual é o modelo de negócio da empresa, até por desconhecimento. Para ajudar nessa questão, é preciso responder quatro perguntas essenciais envolvendo o negócio: o quê, para quem, como e quanto. O Canvas é uma ferramenta para ajudar nesse processo de enxergar os aspectos envolvendo o negócio por meio de nove blocos:

segmento de clientes, proposta de valor, canais, relacionamento com clientes, fonte de receitas, recursos, atividades principais, parcerias e estrutura de custos. “O modelo de negócio nunca será final. Durante um planejamento, você não deve pensar que vai trabalhar desse jeito daqui a dez anos. Sempre será necessário olhar seu modelo e repensar alternativas para manter a competitividade do seu negócio”, aconselha Capozzielli.

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EMPREENDEDORAS

Pandemia sobrecarrega mais as mulheres, que precisam adaptar

Karina Massaro teve de conciliar um novo modelo de negócio com os cuidados com os filhos na pandemia

Patricia Gonzalez

H

istoricamente, as mulheres assumem jornada dupla de trabalho: aos afazeres domésticos – que recaem quase que totalmente sobre seus ombros – se somam as atividades profissionais. Durante a pandemia, não seria diferente com as empreendedoras, que acabaram sendo mais afetadas dos que os homens pela crise. Pesquisa do Sebrae mostra que 52% delas fecharam seus negócios temporariamente ou de vez, frente a 47% dos homens. Entre as que resistiram, o caminho para manter suas empresas em funcionamento passa por trabalho duro, criatividade e inovação. “Os impactos da pandemia e a crise econômica foram devastadores

para as mulheres. Elas se dedicam, em média, 17% menos horas aos negócios do que os homens. Isso, em grande parte, devido ao traço cultural que delega às mulheres as tarefas domésticas e o cuidado com pessoas. Com isso, elas têm relatado níveis altos de estresse por sobrecarga doméstica e cuidado com os filhos por causa do fechamento das escolas”, afirma Camila Ribeiro, gestora estadual de programas voltados ao fomento do empreendedorismo feminino no Sebrae-SP. Esse é o caso de Karina Massaro, dona da Constelação Joias, empresa de semijoias localizada em Limeira. Antes da pandemia, seu empreendimento era voltado ao atendimento no atacado; ela fornecia para empre-

sas que compravam seus produtos para dar os últimos retoques e revender ao mercado final. Com a chegada da pandemia e suas consequências, ela viu as vendas do seu negócio de 15 anos despencarem a zero. “Sentimos um baque. Achei que o meu negócio fosse quebrar. Fechei a loja numa sexta-feira já sabendo que não conseguiria abrir na segunda, sem saber o que fazer”, recorda-se. Mãe de dois filhos, um de dez e outro de 12 anos, ela saiu da loja no último dia de funcionamento com algumas peças para fotografar e começar a anunciar nas redes sociais, mas em um primeiro momento não teve coragem para isso. Com as pessoas apavoradas pela doença e perdendo entes queridos, Karina sentia que nin-

guém olharia para produtos que, de acordo com o seu entendimento naquele momento, seriam supérfluos. “Cheguei a pensar em mudar de ramo. Mas vi um anúncio da Magazine Luiza vendendo sabão em pó e percebi que algo estava diferente e eu precisava agir também. No fim, cheguei à conclusão de que não poderia deixar toda a minha experiencia e conhecimento de lado e parti para o varejo”, relembra. Ela tomou ânimo e começou a dar os primeiros passos para movimentar a sua loja virtual e também passou a anunciar em marketplaces, dessa vez com foco no consumidor final. Em sua casa, passou a tirar fotos dos produtos e fazer stories para o Instagram. Venceu


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DESAFIAM A CRISE

modo de atuação para encontrar equilíbrio e manter faturamento a timidez para gravar os vídeos e direcionar o negócio para um novo público, do zero, ao mesmo tempo em que assumiu as tarefas da casa. “Dispensei a ajudante que ficava comigo em casa e continuei mantendo o salário dela. Fiquei muito preocupada com a saúde de todos, especialmente a dos meus filhos. Quando você é mãe, acaba assumindo muitas responsabilidades para que seu filho tenha segurança e conforto”, explica. Atualmente Karina é responsável por gerenciar seus anúncios em todas as plataformas de vendas online, por todo o conteúdo e postagens das redes sociais e ainda dá conta dos afazeres domésticos e acompanha os filhos nas atividades online. “Graças a Deus, e também às mulheres, descobri que minha visão de produto supérfluo estava errada. Com o distanciamento, conseguimos ajudar muitas amigas a dar presentes sem estar fisicamente juntas. Também recebemos muitos maridos que não sabem o que dar às esposas e nós ajudamos. O faturamento com esse tipo de venda hoje é 50% do que ganho na minha empresa”, comemora.

Karina já havia participado de alguns cursos no Sebrae e durante a pandemia se inscreveu no Programa Enfrentar, em uma turma específica para mulheres na sua região. Segundo ela, o programa a ajudou a entender melhor o contexto de toda a situação e a ampliar a sua visão sobre as novas possibilidades. “Esse curso me ajudou a tirar a timidez, criar mais engajamento e fazer esse relacionamento. Os primeiros vídeos eu gravava mil vezes e quando via, tinha vontade de chorar”, relembra. Para ela a adaptação exigiu muita resiliência e, num primeiro momento, gerou muito sofrimento. “Ser mulher e trabalhar de casa é ainda mais difícil. Mesmo na pandemia, às vezes eu ia para o escritório para ‘descansar’ um pouco. Meu marido chegou a falar para fechar a empresa, pois não queria me ver sofrendo daquele jeito. Mas não desisti”, comemora. O marido tem um negócio em outro ramo, que foi menos afetado pela pandemia. O trabalho de Karina é uma prova para outras mulheres de que é possível perder o medo do julgamento e exposição trazidos pelas redes sociais. Para as outras empreendedoras, ela quer deixar o recado de nunca desis-

SEBRAE DELAS O Sebrae-SP tem o Movimento Sebrae Delas – Elas Realizam, voltado para fomentar o empreendedorismo feminino. O foco é despertar para o autoconhecimento, aumento da rede de contatos, aumento da competitividade dos negócios liderados por mulheres e acesso a mercado e a crédito orientado. O programa é composto por quatro pilares: inspiração, capacitação, impacto e mentoria. Em cada uma dessas fases, as empreendedoras participantes têm acesso a orientações voltadas para inteligência emocional e gestão de negócios, além do desenvolvimento de redes de contatos e atitudes empreendedoras – tudo em uma linguagem adaptada para a necessidade e o dia a dia dessas mulheres. Ao todo, são 13 horas de capacitação online e duas horas de mentoria. “Acreditamos que com conhecimento, capacitação, mentoria e contato com outras mulheres empreendedoras, a mulher vai estar ainda mais segura para que suas decisões sejam tomadas e o empreendedorismo seja uma grande ferramenta transformadora na vida dela”, destaca a consultora do Sebrae-SP Camila Ribeiro, gestora do projeto. Para outras informações e inscrições, basta ligar para 0800 570 0800.

tir. “É muito difícil lidar com tantas responsabilidades. Mas quando vejo notícia de que a mulher precisou sair do emprego porque a creche estava fechada fica claro que isso só aconteceu porque era uma mulher. Mas não podemos parar”, diz. Karina voltou a exercer o trabalho presencial assim que foi possível reabrir sua loja. Com toda a experiência adquirida, ela pretende ficar de vez no ramo do varejo e também expandir seus negócios pelas vendas realizadas com revendedoras.

CRIATIVIDADE A psicóloga infantil Rayane Campos é outra empreendedora que tem trabalhado para vencer os desafios diários impostos pela nova rotina. Com a chegada da pandemia, ela acabou perdendo clientes, pois muitos pais não quiseram continuar com as crianças em atendimento online. “Eu estava preocupada pensando no que fazer. Um dia, tomando banho, tive a ideia de criar um e-book para crianças”, conta. Assim ela criou “A casinha e o cachorro Loop”. Ela escolheu o seu cachorro (que se chama Loop) para explicar para adultos e crianças o que está acontecendo nesse momento de tantas mudanças. “Nesse livro, o cachorro dialoga com a casa. A casa fica querendo saber por que todo mundo está estressado. O cachorro, ao assistir à TV, descobre sobre o vírus e conta para a casa. No fim, eles conversam e resolvem elaborar dicas para passar o estresse. Tem atividades para fazer com as crianças, ressaltando a importância do brincar”, explica. Esse foi o pontapé inicial para as suas outras ações. Rayane começou a movimentar suas redes sociais com divulgações e começou também a usar grupos de WhatsApp como forma de estender seu trabalho. Hoje, ela tem projetos voltados para filhos e pais e também para outros psicólogos, chamado “jogos das emoções”, para que eles apliquem com as crianças no atendimento remoto. “No início a peteca deu uma caída. Mas eu consegui me reinventar. Tenho

muitas colegas que não conseguiram atender online e entregaram a sala. A pressão de ser a cuidadora traz uma carga muito maior”, analisa.

MATERNIDADE A empreendedora Camila Profeta iniciou a Assim Seja, voltada para venda de peças do vestuário católico, em julho do ano passado. Seu foco, antes da pandemia, era expor em eventos e retiros voltados para esse público. Com meses de trabalho no ramo, ela precisou mudar toda a sua atuação. “Eu comecei 2020 com a agenda cheia. Já tinha compromissos até o fim do ano e tudo mudou de uma hora para outra.” Com a pandemia, ela aproveitou a onda das vendas online e hoje consegue vender para o consumidor final de todo o Brasil. “Fiz parcerias com paróquias e missionários, um trabalho de divulgação nas redes sociais. Agora quero continuar com as vendas online mesmo após a pandemia, sem abrir mão dos eventos. Daqui para frente, minha ideia é disponibilizar kits em consignação, assim eu exponho meus produtos sem todo o desgaste que eventos trazem”, explica. O impulso para Camila empreender surgiu após alguns episódios turbulentos em seu antigo trabalho, que ilustram bem como o preconceito com mulheres está arraigado no ambiente profissional. Com as mudanças na gestão da empresa, ela já não conseguia conciliar o emprego de carteira assinada com os cuidados com o filho pequeno. “Meu antigo gestor falava abertamente que mulheres que são mães eram funcionárias problemáticas. Isso me abalou muito porque meu sonho era ser mãe e eu tive duas gestações interrompidas antes de meu filho nascer.” Histórias como as dessas mulheres mostram que, com autoconhecimento e capacitação, é possível encontrar no empreendedorismo uma maneira de conciliar a vida profissional com a vida pessoal – ainda que com algumas turbulências pelo caminho.


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Saiba gerenciar seu tempo Veja como identificar e eliminar o que prejudica o rendimento no trabalho

Rogério Lagos

É

comum notar neste momento de pandemia e retomada das atividades que muitos empreendedores estão sobrecarregados com

as atividades do dia a dia. A sensação é de que seriam necessárias mais de 24 horas diárias para conseguir dar conta de tudo. Se esse é o seu sentimento atual, saiba que

existem alguns “ladrões de tempo” que, quando identificados e devidamente excluídos de sua rotina, vão lhe permitir a ser mais produtivo dentro da jornada de trabalho. O

consultor Rafael de Souza e a analista de negócios Raíssa Kill, ambos do Sebrae-SP, apontam algumas armadilhas e dicas para gerenciar melhor seu tempo.

O QUE ATRAPALHA Procrastinação: todos nós temos algumas atividades que não gostamos de fazer e que costumamos adiar regularmente. De certa forma, procrastinar é muito comum, porém, tornar isso um hábito pode fazer você perder o controle das tarefas.

NÃO Não saber dizer “não”: quanto mais tarefas assumimos, maior a chance

de não as encerrar. Evite assumir atividades pouco importantes que interrompam sua rotina. Exercite e aprenda a dizer “não” para aquilo que não for diretamente útil ou relevante.

Falta de planejamento: não planejar aumenta exponencialmente suas chances de não conseguir gerir corretamente o seu tempo e, ainda pior, aumenta a probabilidade de não conseguir alcançar os resultados desejados para o seu negócio.

Distrações: são atividades simples, mas que geram desatenção e interrupções ao longo do dia. Os mais comuns são consulta a e-mails, sites e redes sociais, além das reuniões improdutivas.

DICAS PARA UMA JORNADA MAIS PRODUTIVA Concentre-se em uma única tarefa por vez (sim, é possível!): você já ficou com a sensação de que trabalhou durante todo o dia e não conseguiu terminar quase nada? Pois é, o dia a dia de um empreendedor é atribulado e cheio de situações não planejadas. Que tal reduzir os imprevistos? Uma maneira bastante simples é dividir todas as suas tarefas em várias pequenas etapas, pois elas ajudarão você a se concentrar em uma coisa de cada vez – assim é possível fazer tudo bem e longe de distrações desnecessárias. Organize as atividades similares. Quando existe um “mar” de atividades e você não sabe por onde começar, tente organizá-las em “blocos” que tenham características similares. Por exemplo: bloco de visitas externas (clientes, bancos, fornecedores) e bloco de atividades internas (resposta de e-mails, envio de orçamentos a clientes, noticiários, atualização de redes sociais). Você pode fazer essa organização com apoio de etiquetas adesivas, painéis de parede ou até mesmo em planilhas eletrônicas ou aplicativos no smartphone. Anote suas atividades diárias: que tal verificar quanto tempo você vem dedicando para cada atividade diária? Talvez você leve um grande susto, mas anotar de hora em hora o que foi feito pode ajudar a identificar onde há desperdícios. A partir das anotações, você pode adotar novas práticas e rotinas gradualmente até se sentir confortável para abandonar seu registro. Alguns aplicativos podem ajudar, como: Todoist, Trello ou Google Keep. Estabeleça prazos para todas as tarefas: não saber quanto tempo você levará para realizar alguma atividade pode ser angustiante e aumentar ainda mais sua procrastinação. Portanto, atribua prazos a si mesmo. Essa prática ajudará você a mapear o volume de trabalho e priorizar aquilo que for mais importante para respeitar o tempo planejado.

Mantenha o ambiente de trabalho organizado: pesquisas apontam que a bagunça e a desorganização atrapalham o funcionamento do cérebro e tornam nossos pensamentos mais dispersos. Além disso, se você atende clientes pessoalmente, não vai querer que eles fiquem com uma má impressão sobre seu negócio, certo? Portanto, organize papéis, arquivos e documentos (físicos e eletrônicos). Utilize caixas e etiquetas para identificar seus materiais de trabalho. Adote uma rotina semanal para evitar acúmulos. Se você trabalha no computador, crie pastas e organize os arquivos similares, utilize títulos intuitivos que ajudem a encontrar com facilidade orçamentos, documentos, notas etc. Conte com a ajuda da tecnologia: existem muitas boas opções simples e gratuitas para ajudar você a organizar suas tarefas e, principalmente, seu tempo. E o melhor é que elas podem estar na palma da sua mão ou no seu bolso ao longo de todo o dia. Teste aplicativos e ferramentas online que prometem ajudar a organizar seu dia: calendários online, organizadores de tarefa, contabilizadores de tempo, quadros de atividades, gerenciadores de projetos, entre outros. Google Calendário, Google Keep, Trello, Evernote e Hashtrack são algumas opções para você conhecer e avaliar.


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Rumo à recuperação HUGO HOCH Consultor do Sebrae-SP

Vale aumentar o mix de produtos? Absolutamente nenhuma empresa estava preparada para esse período tão severo que a população e o mercado estão passando. Tudo ainda é muito incerto e a insegurança está presente no cotidiano dos empresários. Diante dessa circunstância, algumas verdades são absolutas. Uma delas é que não podemos mais continuar da mesma forma. O segredo é compreender o momento e se ajustar a ele. O mundo está passando por grandes mudanças, o hábito das pessoas e o comportamento de consumo também estão mudando. Pensemos em uma lagarta em um casulo. É necessário que ela se transforme em uma borboleta. Tornar-se uma lagarta melhor não vai resolver a situação em meio à crise. Ou seja, inovação e mudanças são iminentes. Toda crise revela uma série de oportunidades de mudanças e melhorias. São inúmeros casos de empresários que conseguiram se reinventar. Mas nem sempre aumentar o mix de produtos ou serviços vai significar a inovação necessária. O segredo é estar atento

ao comportamento do consumidor. Se as pessoas não estão saindo de casa, ou saindo menos, então eu preciso ir até elas, entregar, cuidar da conveniência do cliente. O centro do mercado é o cliente, seus desejos e necessidades. Quanto mais eu adaptar minha empresa e meu negócio a isso, maior a chance de sucesso. Converse com seus clientes, pergunte o que e onde eles têm comprado. Ajuste a sua empresa para melhorar essa experiência do cliente, e com isso aumentar o tíquete médio. Procure agregar produtos ou serviços que podem ser vendidos de maneira conjunta, para o mesmo público. Engana-se quem pensa que adicionar novos produtos irá atrair um novo público. Na prática, isso não funciona tão bem assim. Então para aumentar o mix de produtos ou serviços, é importante manter o foco no posicionamento da marca. Posicionamento é a forma como eu quero ser enxergado e compreendido pelo meu cliente. Caso contrário, o cliente vai mudar a percepção sobre a sua marca, e isso pode ser bastante ruim.

O Sebrae Responde é um serviço para tirar dúvidas de empreendedores sobre a abertura de novos negócios e questões relacionadas à gestão de empresas já em atividade.

Ao analisarmos a situação econômica, podemos constatar que o pior da crise já pode ter passado. O fundo do poço foi abril. Naquele mês, o faturamento das micro e pequenas empresas (MPEs) do Estado de São Paulo sofreu uma queda de 22,7% em relação a março, que, por sua vez, já havia recuado 11,7% na comparação com fevereiro, segundo pesquisa do Sebrae-SP. No momento que escrevo este texto, tenho como dados disponíveis mais recentes o aumento de 8,6% no faturamento das MPEs de maio sobre abril e de 11,8% em junho ante maio. Isso em meio a uma queda de 9,7% do Produto Interno Bruto (PIB) no segundo trimestre. Ainda estamos longe de repor as perdas causadas pela pandemia, mas é inegável que a situação melhorou. A retomada deve ser lenta, apontam os especialistas. A reabertura da nossa economia se mostrou mais difícil do que na Europa, por exemplo, onde houve um lockdown rígido que derrubou o contágio da Covid-19. Além disso, temos sofrido muito porque não havíamos nos recuperado totalmente da recessão encerrada em 2016. Não há dúvida de que as empresas que resistiram a essa turbulência são aquelas que conseguiram se adaptar, encontraram soluções e oportunidades em meio ao caos e se fortaleceram.

O Sebrae-SP, desde março, tem concentrado todos os seus esforços para dar ao empreendedor o suporte necessário para enfrentar os inúmeros desafios que a pandemia impôs. Nosso primeiro objetivo foi ajudar a estancar a sangria causada pela necessária paralisação das atividades. Em um segundo momento, passamos a focar na retomada dos negócios. Procuramos levar informação e conhecimento, fizemos parcerias para facilitar o acesso ao crédito, criamos novos programas e direcionamos nossas ações para proporcionar uma rede de apoio aos donos de pequenos empreendimentos. Só teremos condições de realmente respirar aliviados quando houver a vacinação em massa; portanto, não podemos baixar a guarda. Nosso trabalho não termina. Vamos fazer muito mais, porque sabemos que a recuperação da economia não existe sem as MPEs. Conte conosco.

WILSON POIT, diretor­‑superintendente do Sebrae­‑SP

Acompanhe o Sebrae­‑SP no ambiente digital, em www.sebraesp.com.br, e nas redes sociais: twitter.com/sebraesp facebook.com/sebraesp instagram.com/sebraesp flickr.com/sebraesp issuu.com/sebraesp soundcloud.com/sebraesp sebraeseunegocio.com.br youtube.com/sebraesaopaulo

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Falhas corrigidas

Ao melhorar a gestão de seu negócio de espetinhos, Felipe Araujo aumentou seus ganhos Marcos Leodovico*

F

elipe Araujo teve um começo complicado em seu negócio antes de ter um bom faturamento. No ramo de alimentação desde 2010, ele largou o emprego de açougueiro para seguir com algo em que acreditava. Com apoio da mãe e da esposa, fez um acordo onde trabalhava, pegou sua rescisão salarial e decidiu investir no seu próprio empreendimento. Araujo lembra o duro começo com seu carrinho de espetinhos. “No começo éramos eu, minha mãe e minha esposa. Com os negócios caminhando, depois de um ano comprei um carrinho maior. Daí em diante fomos só crescendo. Do carrinho fomos para uma tenda e da tenda – em 2016 – decidimos alugar um espaço para aumentar a clientela e os ganhos”, relembra Araujo. Mas com crescimento da empresa veio a perda do controle das contas e da administração da Espetinhos Felipe. Toda a movimentação financeira era anotada em um caderno e a gestão de funcionários estava uma bagunça. Foi quando Araujo decidiu procurar ajuda em uma unidade móvel do Sebrae-SP. “Havia uma van parada em frente ao Poupatempo, no Jardim Miram. Ali tive meu primeiro contato com os cursos e consultores”, conta. A consultora do Sebrae-SP Helena Costa recorda que Araujo chegou perdido e sem controle do seu negócio. Ela conta que indicou ao empresário dois cursos fundamentais para que ele e sua espetaria alcançassem outro patamar.

no link que fica na biografia do Instagram e em alguns minutos o pedido está feito.” Com o delivery e a organização da espetaria, Araujo chegou a um lucro de R$ 125 mil em agosto. Ele se diz agradecido por tudo o que aprendeu com o Sebrae-SP e agora faz planos de longo prazo. Seu próximo passo é transformar seu negócio em uma franquia e levar para outras localidades do Estado. “Hoje minha vontade é montar uma franquia e daqui a dois anos começar a venda delas. Penso também em centralizar o delivery em apenas um local, para facilitar a logística e organização do negócio”, conclui.

Felipe Araujo conseguiu organizar a gestão da sua espetaria e agora planeja a expansão do negócio

PROGRAMAS DO SEBRAE-SP

“Ele nos procurou mais ou menos em abril do ano passado. Quando chegou aqui, sua espetaria estava em crescimento, mas com muitas falhas de gestão. Nesse período, ele estava sem o controle financeiro da empresa. Seu negócio não contava com um sistema de gestão de contas, gastos e faturamento e o pouco controle que tinha era anotando em um caderno. Além disso, a gestão de pessoas do negócio estava bem desorganizada”, afirma. Segundo Helena, a indicação foi que Araujo participasse do projeto de Alimentação Fora do Lar e do Sebraetec. Helena também relata que antes da pandemia, Araujo não havia adotado o delivery em seu negó-

cio. “Fator primordial foi a implementação do sistema de entregas. Quando a pandemia chegou, ele se viu obrigado a aderir a esse modelo. Depois disso, Araujo teve um aumento de 40% no faturamento”, completa Helena. Além de todas essas mudanças, Araujo colocou seu empreendimento no mercado digital. O empresário conta que montou um plano ousado para atrair mais clientes e vender mais pela internet. “Com o pessoal do Sebrae-SP, tivemos a ideia de levar a espetaria para as redes socias. Criamos uma conta no Instagram e convidamos influenciadores digitais para divulgar o negócio. Hoje, quem quiser fazer um pedido, é só clicar

ALIMENTAÇÃO FORA DO LAR O Alimentação Fora do Lar é um programa que explora diversos aspectos que envolvem o setor. Os escritórios regionais do Sebrae-SP formam grupos de empresários para participarem de cursos, palestras para melhorarem a gestão, adotarem boas práticas e melhorar o desempenho da empresa. SEBRAETEC Com o Sebraetec, as pequenas empresas têm à disposição um extenso portfólio de consultorias tecnológicas individuais que ajudam a aumentar a competitividade, com maior produtividade, faturamento, redução de custos, consolidação e ampliação de mercado. Para informações acesse: https://www.sebrae.com.br/ ou ligue: 0800 570 0800 *Estagiário sob supervisão dos editores

EXPEDIENTE Publicação mensal do Sebrae­‑SP Edição impressa CONSELHO DELIBERATIVO Presidente: Tirso Meirelles ACSP, ANPEI, Banco do Brasil, Faesp, FecomercioSP, Fiesp, Fundação ParqTec, IPT, Desenvolve SP, SEBRAE, Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia, Sindibancos­‑SP, Superintendência Estadual da Caixa Econômica Federal.

DIRETORIA EXECUTIVA Diretor­‑superintendente: Wilson Poit Diretor técnico: Ivan Hussni Diretor de administração e finanças: Guilherme Campos

Diagramação: Daniel Augusto de Resende Neves, Douglas da Rocha Yoshida, Gisele Resende Costa e Letícia Durães. Fotos: Ricardo Yoithi Matsukawa – ME e Carlos Raphael do Valle – ME para o Sebrae­‑SP. Apoio comercial: Unidade Relacionamento: (11) 3177­‑4784

JORNAL DE NEGÓCIOS Unidade Marketing e Comunicação Gerente: Mariana Ribas Coordenadora de Imprensa e Conteúdo: Marcelle Carvalho Editores responsáveis e redatores: Gabriel Jareta (MTB 34769) e Roberto Capisano Filho (MTB 46219). Assessores de imprensa: Gisele Tamamar, Patricia Gonzalez e Rogério Lagos. Estagiários: Anderson Freitas e Marcos Leodovico. Imagens: gettyimages.com.

SEBRAE­‑SP Rua Vergueiro, 1.117, Paraíso São Paulo­‑SP. CEP: 01504­‑ 001 PARA ANUNCIAR (11) 3177­‑4784

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TEC &

LIVROS ISSO É EMPLOYER BRANDING?! (Leader) Apesar de mais de 20 anos de sua criação, o conceito de employer branding ainda é pouco conhecido quando se considera a complexidade da gestão de pessoas. Além disso, o tema vem se modificando e sendo testado ao longo do tempo, e profissionais e empresas estão aprendendo a lidar com ele e com seus resultados. O livro de Suzie Clavery facilita o entendimento do assunto, que lida com a reputação da empresa como empregadora. A obra traz o ponto de vista de alguém que trabalha com o tema na prática diariamente há mais de dez anos, sentindo as dificuldades, as alegrias e os aprendizados do início ao fim da estratégia e apresentando resultados ao negócio. SATISFAÇÃO GARANTIDA (HarperCollins) Na Zappos, empresa de varejo online, o lema “o cliente em primeiro lugar” é realmente colocado em prática: do empacotador ao CEO, todos trabalham, literalmente, no serviço de atendimento ao cliente. Tony Hsieh é um empreendedor nato que tentava encontrar maneiras de inovar em seus negócios. Começando com um minhocário na infância até se tornar um bilionário aos trinta e poucos anos, Hsieh desenvolveu técnicas revolucionárias (e algumas vezes bem loucas) para satisfazer seus clientes e sua equipe. Se você está tentando uma mudança radical no SAC de sua empresa, pode experimentar pôr em prática a cultura empresarial que Hsieh desenvolveu e agora revela nesse livro. Para o autor, todo o seu negócio está atrelado à busca da felicidade para ele mesmo, sua equipe e seus clientes. DEDIQUE-SE DE CORAÇÃO (Buzz Editora) A história da Starbucks não é apenas um registro de crescimento e sucesso. Ela conta também como uma empresa pode ser construída de maneira diferente. No livro, o autor defende que uma empresa pode, sim, funcionar com o coração, nutrir a alma e ainda dar lucros. Howard Schultz mostra que é possível, a longo prazo, oferecer valor aos seus acionistas sem sacrificar a crença central de que se deve tratar os funcionários com respeito e dignidade, tanto que a Starbucks afirma ter uma equipe de líderes que acreditam que essa é a melhor forma de se fazer negócios.

NÚMERO DE FRAUDES NAS VENDAS ONLINE AUMENTA DURANTE A PANDEMIA Entre 1º de janeiro e 30 de junho deste ano, 760,3 mil pedidos de vendas digitais foram classificados como tentativas de fraude. No mesmo período do ano passado foram 433,8 mil. Os números são do Mapa da Fraude do Primeiro semestre de 2020, estudo realizado pela ClearSale, empresa que oferece soluções antifraude para e-commerces e mapeia dados no País. O levantamento mostra que as pequenas empresas precisam reforçar a atenção com aplicativos, e-mail e redes sociais. A ClearSale analisou mais de 53,4 milhões de pedidos do e-commerce, todos com pagamento via cartão de crédito. Sobre fraudes e golpes cometidos contra empresas, como roubo de dados, a pesquisa global sobre Fraudes e Crimes Econômicos 2020 da consultoria PwC mostra que entre 5 mil empresas entrevistadas de 99 lugares do mundo, 47% sofreram algum tipo de fraude nos últimos 24 meses. O resultado é um rombo de US$ 42 bilhões retirado diretamente dos resultados financeiros das empresas.

PAGAMENTO POR APROXIMAÇÃO GANHA IMPULSO COM A COVID-19 Fazer pagamento com cartão sem digitar senha – ou aproximando um smartphone ou relógio, sem recorrer à carteira – ganhou impulso com a pandemia de Covid-19 e a necessidade de evitar o contato físico. Segundo levantamento da Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços (Abecs), os pagamentos por aproximação movimentaram R$ 8,3 bilhões no primeiro trimestre, crescimento de 330% em relação ao mesmo período de 2019. O QR Code é mais popular: já foi usado por 35% dos brasileiros com smartphones ante 23% no caso do NFC, tecnologia que permite a transferência de dados entre dispositivos próximos, conforme levantamento da área de Inteligência de Mercado da Globo.


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IDEIAS

PERGUNTE A QUEM ENTENDE É possível economizar na minha empresa utilizando energia alternativa?

FATURAMENTO DO E-COMMERCE CRESCE 47% NO BRASIL O e-commerce brasileiro cresceu em níveis não vistos nos últimos 20 anos durante a pandemia. Segundo pesquisa da Ebit/Nielsen, feita em parceria com a Elo, o faturamento com as vendas online subiu 47% no primeiro semestre, totalizando R$ 38,8 bilhões. Ao todo, foram feitos 90,8 milhões de pedidos entre janeiro e junho de 2020. Antes da pandemia, a projeção era que o e-commerce crescesse 18% em 2020. O pico do e-commerce ocorreu entre 5 de abril e 28 de junho, quando a maior parte das cidades brasileiras estava com medidas para conter a circulação de pessoas. Nesse intervalo, o número de pedidos cresceu 70% na comparação com 2019.

Richard Branson: O Rei da Virgin De gravadora de música a companhia aérea, Richard Branson é um dos empreendedores mais notáveis dos últimos tempos, à frente dos mais variados negócios. Neste documentário, o bilionário fundador do grupo Virgin fala sobre empreendedorismo, inovação e gestão de marca. Disponível na Prime Video.

O PASTEL MAIS FAMOSO DE SP Kuniko Yonaha, ou apenas Maria, é dona de uma barraca de pastel em frente ao Pacaembu, premiado como o melhor pastel da capital.

Veja o vídeo contando a história do Pastel da Maria em:

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Arthur Santini, diretor da Ecori Energia Solar, responde:

A gestão de custos é importante para que as empresas possam, além de sobreviver, serem competitivas e estabelecer diferenciais em relação aos seus concorrentes. Por isso, energia elétrica é pauta constante dos gestores. Uma pesquisa da Confederação Nacional das Indústrias (CNI), de 2016, indicou que quase 80% das empresas industriais utilizam energia elétrica como principal fonte de energia. Dessas, 93% utilizam principalmente energia elétrica em seus processos de produção e perceberam elevação no custo da tarifa. Além do impacto nos custos, é necessário analisar como este custo varia ao longo do tempo, bem como avaliar como a energia solar pode ajudar os empresários a se proteger. Podemos ilustrar com o exemplo de um pequeno empreendedor que tem um empório de doces e produtos para festas na cidade de Piracicaba, interior de São Paulo. A conta de energia dele girava em torno de R$ 3,8 mil por mês. Depois de dois anos, com a instalação das placas de energia solar, a conta hoje varia entre R$ 600 e R$ 800 mensais. Com as atuais incertezas por causa da Covid-19, ele pensa em investir em mais placas fotovoltaicas para praticamente zerar o custo com energia. Esse resultado é visto em empresas de todos os portes, da pequena à gigante. Atualmente, é possível ver muitos pequenos comércios, como padarias, restaurantes, salões de beleza, entre outros segmentos, investindo nas placas fotovoltaicas. Um dos motivos é que nos últimos dez anos surgiram tecnologias mais baratas, seguras e fáceis de instalar. Hoje em dia, também existem fontes de financiamento atrativas, em que uma parcela é parecida com o que o empresário pagava de energia elétrica. Ao finalizar o financiamento, ele está livre de ambas as contas e ainda tem muitos anos para utilizar o seu sistema de energia solar. Tem alguma dúvida sobre como a tecnologia pode ajudar o seu negócio? Pergunte a quem entende! Mande um e­‑mail

https://youtu.be/HCtIZmoHXNU

para imprensa@sebraesp.com.br.


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Uma costura perfeita

Caio Eduardo Alves Perussi, da Coat Store, conseguiu reinventar o negócio recém-criado Depoimento a Kaio Augusto

“L

ogo no início da pandemia, eu me preocupava noite e dia. Eu não sabia o que seria do meu negócio naquele momento, afinal, tinha decidido fazia pouco tempo que daria um novo passo na minha jornada como empreendedor. Estava vendo minha empresa crescer, mas tudo estava parando. Minha história começa bem antes da Coat Store. Para se ter uma ideia, até o final de 2019 eu trabalhava no Ceasa de São José do Rio Preto. Por lá, minha rotina era bem puxada, entrava por volta da 1h e só saía de manhã, às 9h. Quando chegava em casa, só dava tempo de tomar um banho, comer alguma coisa e logo ia para a confecção. Essa era minha rotina de segunda-feira a segunda-feira, sem feriados e sem parar. Há cerca de quatro anos havia começado a Rio Preto Confecções, uma empresa no ramo de uniformes para diversos tipos de profissionais. No começo, trabalhava apenas eu em uma sala alugada no meu bairro. O espaço era bem pequeno e eu tinha até um pouco de vergonha de levar os clientes até lá. Nessa época, minha mãe, Eli Regina, hoje meu braço direito na empresa, tinha um outro emprego. Foi só um tempo depois que ela passou a me ajudar quando chegava em casa. Quando as coisas foram se ajeitando um pouco, passei a tomar conta das vendas e ela seguiu auxiliando com a produção. Entre novembro do ano passado e o começo de 2020, tive de decidir se encararia um novo desafio como empreendedor: comprar e repaginar um negócio especializado em jalecos. Eu já havia feito o curso de gestão financeira do Sebrae, além das consultorias de marketing. Isso tinha aberto minha visão sobre o crescimento da empresa, por isso me

Caio Eduardo, da Coat Store: 600 mil máscaras na sua confecção de jalecos

senti mais seguro em dar esse passo. A ideia foi desenvolver a Coat Store, uma marca de jalecos premium, com materiais de boa qualidade para profissionais da saúde que precisam desse item no dia a dia. Decidi investir. Até então, eu pensava que adquirir essa empresa e transformá-la na minha nova marca seria a maior provação que 2020 tinha para minha carreira. Só que logo vieram os primeiros relatos de que a pandemia estava se espalhando e os negócios estavam todos fechando. Foi aí que comecei a me preocupar. O que eu iria fazer? Tinha feito o investimento recentemente e já teria de fechar a loja no centro de Rio Preto. A ideia que veio para nos tirar dessa incerteza foi a produção de

máscaras. Nós viramos a chave para isso. Acredito que fomos uma das primeiras produtoras têxteis da região a focar nisso. Percebemos que esse seria o rumo ao olhar em volta e perceber que era um produto que estava começando a faltar aqui e ali. Não demorou muito para os frutos aparecerem. Logo percebi que, para suprir essa demanda, talvez tivesse que ir na contramão do que outros negócios estavam fazendo. Enquanto alguns demitiam, eu contratei mais duas funcionárias para dar conta da produção. Desde quando começamos com esse plano, foram fabricadas e vendidas cerca de 600 mil máscaras. Até cheguei a pensar que, se tivesse uma equipe ainda maior,

esse número seria muito mais alto, mas não posso reclamar. Mesmo que a pandemia tenha até me feito chorar por medo de perder todo meu investimento, foi uma situação única, que me fez pensar de uma outra maneira. Hoje eu saio disso mais forte, sou um empresário diferente. Sem esquecer, claro, da ajuda da minha mãe, que pude contratar como encarregada da produção. Ela me dá os feedbacks que preciso para ajustar os rumos, sejam positivos ou negativos. Atualmente, nossa produção cresceu cerca de 40%, isso sem perder aquilo que acredito que sejam os diferenciais da marca: produtos de altíssima qualidade e o atendimento personalizado, com atenção total ao cliente.”


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