JORNAL DE NEGÓCIOS - #323

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facebook.com/sebraesp    youtube.com/sebraesaopaulo    twitter.com/sebraesp     instagram.com/sebraesp | Versão impressa ­‑ 241.559 exemplares # 323 | Março de 2021 | www.sebraesp.com.br | 0800 570 0800 |

Ailton Dantas, conhecido como “o Rei das Frutas” na Zona Leste de São Paulo: aprender sobre finanças mudou sua história

UMA NOVA CHANCE Depois de quebrarem, empreendedores contam como a capacitação em gestão foi decisiva para seus negócios finalmente darem certo Pág. 8

Empresas encaram a pandemia sem demitir funcionários Pág. 4

Economia compartilhada abre oportunidades para empreender Pág. 6

5 dicas para administrar as dívidas do seu negócio Pág. 10


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Reshape sob olhar feminino TIRSO MEIRELLES, Presidente do Sebrae‑SP e empreendedor

Em tempos em que é preciso encontrar alternativas para a retomada sustentável da economia, e aproveitando que neste mês comemoramos o Dia Internacional da Mulher, gostaria de refletir com vocês sobre a importância de fortalecer o empreendedorismo feminino. E começo com dados que mostram porque o preconceito é algo a ser abandonado rapidamente. Segundo estudo do McKinsey Global Institute, promover a igualdade de condições de atuação significa incremento de 30% do Produto Interno Bruto. Estamos falando na possibilidade de acrescentar R$ 2,2 trilhões aos R$ 7,4 trilhões resultantes da soma de todos os bens e serviços finais produzidos pelo Brasil em um ano. São Paulo é a sede de mais de 2 milhões de pequenos negócios conduzidos por mulheres, que têm, em sua maioria, entre 35 e 55 anos, escolaridade média superior à dos homens, são em grande parte chefes de domicílio e atuam em áreas como comércio e confecção de vestuário, cabeleireira e estética, restaurantes, serviços domésticos. Não obstante essa força, as adversidades continuam gigantes: os empreendimentos liderados por mulheres são na maioria (85%) por conta própria, ou seja, não geram empregos, dedicam menos horas na condução do negócio por serem multitarefas, faturam 20% menos do que os homens e empreendem mais por necessidade. Além disso, existe a questão cultural, que coloca à prova a capacidade técnica de gerir uma empresa,

de liderar colaboradores, de fazer acontecer. Muitas mulheres nos relatam que precisam se dedicar cinco vezes mais para alcançar os resultados dos homens no desafio de empreender. É o caso de Sandra de Vasconcelos Pinto, da empresa Água Viva, de Cruzeiro, no interior do Estado. Ao ser demitida da empresa, logo após retornar da licença-maternidade, decidiu montar uma livraria e locadora cristã. Com o fim da era das locadoras, teve de repensar seu negócio. O divisor de águas foi uma visita a uma loja modelo na Feira do Empreendedor, em que teve a inspiração para trocar CDs e DVDs por moda evangélica e hoje, após entrar nas redes sociais e adotar o delivery, expandiu sua carteira de clientes na cidade e na região e já está vendendo para outros Estados. Ela não quer parar por aí. Sua busca por constante aprendizado a levou a voltar a estudar, após 34 anos de conclusão do curso superior, se dedicando ao programa de inovação do Sebrae-SP. É o caso também da Camila Miglhorini, da Mr. Fit Rede de Alimentação Saudável, que em 2014 recebeu 21 ‘nãos’ ao tentar viabilizar sua ideia de comida saudável e rápida, mas não desistiu. Ainda bem. Hoje, com mais de 300 franqueados, continua transformando tendências em oportunidades e reviu seu modelo de negócio na pandemia para atuar junto ao público que estava em home office. Mais que os números, resiliência, persistência, fé, foco no propósito, capacidade de reinventar-se,

de inovar, busca intensa de conhecimento e de aprendizado e olhar nas tendências são características do reshape que melhor definem o jeito feminino de empreender, um jeito que é, hoje, um dos grandes recursos que precisamos incorporar à nossa rotina transformada. Para que mais histórias de sucesso como essas estejam presentes em nosso dia a dia, o Sebrae em todo Brasil, e em especial em São Paulo, investirá neste ano ainda mais no Sebrae Delas, um programa de aceleração com objetivo de aumentar as chances de sucesso de ideias e negócios liderados por mulheres. É nossa maneira de honrar o compromisso com “Princípios de Empoderamento das Mulheres”, da ONU Mulheres, do qual o sistema Sebrae é um dos signatários, com centenas de entidades públicas e empresas que incorporaram em seus negócios valores e práticas que visam a equidade de gênero e a consolidação do papel das mulheres na sociedade e na economia. Com isso, queremos continuar inspirando empreendedoras, trazer referências inovadoras, estimular novas conexões que ampliem e fortaleçam redes, para que 2021 seja um ano em que a potência do empreendedorismo feminino ultrapasse os 30% do PIB e, como disse a empresária Vera, seja um divisor de águas nas vidas dos milhões de pequenos negócios liderados por mulheres.

Destaques Site da prefeitura de São Paulo ajuda MEI a emitir nota fiscal Quem é Microempreendedor Individual (MEI) conta com mais uma facilidade na hora de emitir as notas fiscais eletrônicas de serviço (NFS-e). A Prefeitura de São Paulo, por meio da Secretária Municipal da Fazenda de São Paulo, via (011)lab - Laboratório de Inovação em Governo, colocou em funcionamento um site que reúne informações rápidas, práticas e simples para que os MEIs consigam emitir as notas fiscais

de forma correta: http://www.emitirnota-fiscal-mei.prefeitura.sp.gov.br. Devem emitir notas fiscais eletrônicas de serviços por meio da Prefeitura de São Paulo os MEIs que atuarem com prestação de serviço. Já os MEIs que atuam com vendas de produtos devem emitir a NFS-e via Governo do Estado de São Paulo. Para emitir a NSF-e como MEI, o primeiro passo é solicitar a SenhaWeb,

que é a senha eletrônica para acessar os serviços da Prefeitura de São Paulo. Essa solicitação pode ser feita via site da Prefeitura de São Paulo. Em seguida, essa senha deve ser confirmada, por meio do Portal SP 156, e configurada para o MEI, o que pode ser feito no site da Prefeitura de São Paulo. Por fim, o MEI deve configurar a emissão da NFS-e no site da Nota do Milhão e emitir a nota.


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Entrevista do mês

Fora do estereótipo

Beatriz Ayrosa, da Becabiz, fala sobre empreender depois dos 50 anos em um mercado dominado por homens

A

Felipe Castellari/Divulgação

Kaio Augusto Beatriz Ayrosa, da Becabiz: tenho uma bagagem que o jovem muitas vezes ainda não adquiriu

lguns mercados costumam ser dominados por profissionais de um determinado perfil. Assim é o setor de tecnologia, em que homens e jovens são maioria. Mas, para Beatriz Ayrosa, cofundadora e CEO da Becabiz Marketing de Relacionamento, esse estereótipo não representou nenhum impedimento. Ela contou para o Jornal de Negócios sobre como é estar fora dos padrões dessa área, a sua jornada ao empreender após os 50 anos e também como a análise de dados dos clientes pode ser uma ferramenta poderosa para os pequenos negócios. Como foi sua experiência de deixar a carreira em uma grande empresa para começar a empreender? Confesso que não foi algo planejado, mas foi como uma semente que foi se desenvolvendo dentro de mim. Eu via essas mudanças pelas quais o mundo está passando, com startups abrindo e muitas pessoas empreendendo, o que me deixava em dúvida de por que eu não estava fazendo isso também. Um dia, decidi que queria ser mais dona do meu tempo, fui ao presidente da agência em que trabalhava e falei que queria tentar ter meu próprio negócio. Ele me incentivou. O pior que poderia acontecer seria voltar e pedir emprego em uma área em que eu já estava confortável. Devo admitir que estou bem satisfeita com os resultados atuais da Becabiz. Como foi sua trajetória no mercado de tecnologia, conhecido por ser dominado por homens? Algumas vezes você não percebe determinadas situações. Hoje isso é muito falado, mas quando eu comecei não havia muito a consciência de que é pequena a presença feminina nos setores de tecnologia. Sempre trabalhei na área de CRM e

têm um pouco de dificuldade de definir quais necessidades precisam ser atendidas por esses sistemas. A tecnologia não é o fim, ela é o meio. Então hoje, nossos clientes nos procuram para ter essa consultoria mais sênior para os negócios. Como funciona a análise de dados para os negócios? Como pode ser importante para as pequenas empresas? Nós trabalhamos com CRM, utilizamos a análise de dados para conhecer melhor os clientes, em vez do business inteligence, que tem o foco em gerar informações para gestão de um negócio. Nós nos focamos muito no consumidor. Imagine uma empresa de resgate de pontos: para quem participa com mais frequência, eu preciso falar sobre o resgate dos produtos; para quem é novato, é preciso falar sobre a aquisição desses pontos. Os resultados para as empresas são gerados quando você entende com quem está falando. Os pequenos negócios podem começar a olhar os produtos que oferecem e identificar quais deles são mais aderentes com cada um dos públicos que atendem atualmente.

database marketing, que demanda muita tecnologia, mas sempre estive mais próxima de uma demanda específica das empresas. Então, sim, todas as minhas interfaces foram masculinas, mas isso nunca foi um problema. Sempre tive sorte de trabalhar com pessoas que respeitavam isso, mas estar nesse mercado também é uma questão de se impor, não dá para ficar passiva em um ambiente, independentemente do tipo de toxicidade que esteja presente nesse local. É sempre importante cada um conseguir levantar a mão e tentar mudar, ou, caso isso não seja possível, sair desse ambiente.

Além disso, esse setor é visto com um público mais jovem. Como você se sente por empreender com tecnologia após os 50 anos? Isso sempre foi o meu diferencial competitivo. A bagagem que consigo trazer para um projeto, a pessoa dos seus 20 e poucos anos muitas vezes ainda não adquiriu. Quando olho para um projeto, essa experiência me permite identificar em que ponto ele terá problemas, seja por políticas da empresa ou pela cultura das pessoas. Isso não tem nada a ver com tecnologia. Dessa forma, sempre é possível estar preparada para lidar com essas questões. Eu sinto que as pessoas mais jovens

Como uma pequena empresa pode começar a investir em análise de dados? A primeira coisa que precisam fazer é obter dados de forma organizada e com um padrão definido. Faça isso pedindo a menor quantidade de informações possível, porque ninguém gosta de preencher um questionário gigante. Tenha um repositório único desses dados; por exemplo, se o cliente fez uma compra, acionou o SAC para fazer uma reclamação e depois comprou outra coisa, esses dados precisam estar ligados ao perfil do consumidor. Isso permite olhar para uma pessoa e entender todas a interações dela. E as dicas mais importantes seriam definir quais serão os objetivos desses dados e levar muito a sério a questão da Lei Geral de Proteção de Dados.


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Sem demissões

Apesar da crise econômica, empresários encontram formas

Edson Nabarro da Silva (esq.), Leandro Herrera (dir.) e a equipe do Mercadão dos Óculos: crescimento mesmo na pandemia

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Gisele Tamamar

esde o começo da pandemia de Covid-19 e a consequente crise econômica, empresas dos mais diferentes setores tiveram de realizar demissões. Porém, há empresários que conseguiram driblar as dificuldades e mantiveram a equipe; outros até contrataram no período.

A pesquisa mais recente do Sebrae sobre o impacto da pandemia

nos pequenos negócios mostra que a proporção de empresas que contrataram com carteira assinada nos 30 dias anteriores à pesquisa segue em crescimento. Em julho, era de 8%; em novembro, subiu para 18%.

ram uma franquia da marca Mercadão dos Óculos, em Santa Fé do Sul, com a contratação de três funcionárias. “Foi bem assustador. Começou a haver muitas demissões no comércio”, lembra Silva.

Em março, mês em que a Organização Mundial de Saúde (OMS) classificou a Covid-19 como pandemia, os sócios Edson Nabarro da Silva e Leandro Herrera inaugura-

Para tentar deixar o clima mais leve, os sócios decidiram não discutir as questões da empresa relacionadas à pandemia durante o expediente, preferindo focar nas soluções.

“Começamos a entender que não adiantava ficar se lamentando. Tínhamos de correr atrás dos clientes de outras formas. A franquia também ajudou com treinamentos online e começamos a engrenar novamente”, conta Silva. Como estratégia para manter as vendas, eles intensificaram a presença nas mídias digitais e também passaram a reali-


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na pandemia

de suportar as dificuldades evitando cortes na equipe zar delivery e mandar modelos de óculos para a casa do cliente. Para motivar as funcionárias, eles anteciparam o pagamento da primeira parcela do 13º salário para junho. “Queríamos mostrar que estávamos todos juntos no mesmo barco. Mês a mês aumentamos o nosso faturamento. Nós tomamos todos os cuidados necessários, mas não falamos de pandemia dentro da loja”, lembra Silva. A equipe é formada pela gerente Caroline Leite Proni, a vendedora Franciele Villanova Bonini e Cristiane Percidio, que atua como street marketing e tem a função de levar clientes para a loja. “Para fazer as contratações priorizamos responsabilidade, comprometimento; todo mundo estava saindo da zona de conforto”, destaca Silva. Os sócios da franquia do Mercadão dos Óculos estão confiantes. “Vamos completar um ano de loja e temos observado uma melhora mês a mês, com as indicações boca a boca aumentando”, conta Silva.

REINVENÇÃO

O consultor do Sebrae-SP Francisco Marques afirma que as empresas que se planejaram, se reinventaram, buscaram inovar e criaram novas formas de atender ou lançaram produtos e serviços durante a crise foram as que apresentaram os melhores resultados. Segundo a pesquisa do Sebrae, 11% das empresas registraram aumento de faturamento mensal. O caminho para o crescimento, segundo Marques, foi utilizar diversas ferramentas digitais, de relacionamento e a criatividade. “A principal característica dessas empresas que cresceram mesmo durante a pandemia foi o comportamento empreendedor de seus gestores, que buscam se diferenciar, inovar sem esperar o mercado reagir e que conseguem liderar a reinvenção da empresa”, destaca.

O consultor reforça ainda a importância das micro e pequenas empresas para a geração de empregos no País. Em 2020, elas foram responsáveis pela criação de 293,2 mil postos de trabalho. Já as médias e grandes empresas fecharam o ano com um saldo de 142,7 mil novas vagas. “As MPEs têm como característica a contratação de pessoas da comunidade ou da região, possibilitam a oportunidade do primeiro emprego, melhoria de renda, desenvolvimento de mão de obra e melhoria social, colaborando de maneira significativa para o ciclo de desenvolvimento sustentável local de aumento e geração de emprego e renda”, afirma.

PLANEJAMENTO

A consultora do Sebrae-SP Eliana Germano reforça que todo processo de contratação precisa ser bem pensado e preparado, além de verificar exatamente a necessidade da empresa. Por exemplo, hoje as empresas estão realizando as vendas de forma virtual pelas redes sociais e plataformas e precisam de pessoal com perfil para utilizar esse tipo de ferramenta. Por isso, antes de contratar, é importante verificar entre os colaboradores se já existe um perfil para a vaga antes mesmo de abrir um processo seletivo. Segundo Eliana, a contratação é adequada quando se tem clara a descrição do cargo, das atividades, definição das competências (conhecimento, habilidades e atitudes) e as condições de trabalho, principalmente no momento atual, de trabalhar de forma híbrida (home office e presencial). “Um dos desafios é contratar a pessoa certa para o lugar certo”, destaca. A consultora reforça que mesmo com a pandemia é importante que as contratações e treinamentos continuem ocorrendo de maneira criteriosa. Agora, adequados a novos

formatos, de maneira online por meio de aplicativos, softwares e videochamadas para facilitar o processo e garantir a segurança de todos os envolvidos. Entre as recomendações, Eliana reforça a importância de criar um processo para a análise de currículos ou fichas de solicitação de emprego, definir quais serão os meios para realizar as entrevistas de triagem, quais ferramentas e critérios para as avaliações e a escolha do candidato que mais atende ao perfil do cargo. O restaurante de fast food Original American House, de Votuporanga, também conseguiu passar pela crise sem demissões. A proprietária Pamela Santa Rosa Lourenço teve de repor funcionários que saíram nesse período e, para fazer as contratações, priorizou a experiência dos candidatos com a parte prática, além de boas referências e postura profissional. Atualmente, a casa trabalha com sete colaboradores, sendo dois apenas no fim de semana. Segundo ela, a pandemia ajudou a tirar a empresa da “zona de conforto”. Isso porque eles precisaram se especializar no delivery e estudar pontos importantes, como a questão das embalagens e como o hambúrguer chegava na casa do cliente depois de 30 minutos embalado. “Investimos todo nosso tempo e dedicação nisso. Começamos a melhorar dia após dia, tanto nos treinamentos constantes da equipe, quanto no faturamento, tanto que chegamos a bater nosso recorde”, relata Pamela, que tem planos otimistas para 2021. “Estamos apenas no começo, mas acreditamos que nos adaptando às novas mudanças, necessidades e modernização digital vamos conseguir ser referência em nossa região”, completa.

DICAS PARA ACERTAR NA CONTRATAÇÃO A descrição do cargo é fundamental para ter em mãos o perfil desejado do candidato para a vaga. Saber onde e como anunciar a vaga para atrair candidatos com potencial para a vaga. Ter transparência no processo de recrutamento e seleção. A empresa transmite credibilidade e segurança aos candidatos. Ficar atento se o candidato tem informações e sobre a empresa e se identifica com o cargo. Considere em seu processo seletivo competências que demonstrem proatividade, trabalho em equipe e interesse em se desenvolver, direcionando o olhar também para perfis de candidatos, sejam jovens, com mais experiências no mercado e até aqueles sem experiência, mas que querem de fato aprender. No processo seletivo, caso a empresa faça a opção por indicações de candidatos, submeta-os também às demais etapas do processo seletivo. A empresa também poderá considerar a possibilidade de recontratação de colaborador, sempre observando o histórico do candidato e seus resultados no processo atual da vaga.

Fonte: Eliana Germano, consultora do Sebrae-SP


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O negócio é

O aluguel de produtos e serviços conquista cada vez mais

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Patricia Gonzalez

onveniência, senso de comunidade, respeito ao meio ambiente e sustentabilidade. Esses são alguns dos fatores que levam cada vez mais pessoas a aderirem a negócios baseados na economia compartilhada – um sistema de consumo em que não é mais necessário adquirir um produto ou serviço para usufruir de seus benefícios. São os casos, por exemplo, de plataformas de vídeo em streaming ou de aplicativos de transporte. O modelo vem se expandindo no mundo todo, já que alugar – e não mais comprar – tem ganhado a preferência do consumidor. Por aqui, muitos brasileiros já descobriam as vantagens desse modelo, principalmente quando o uso não é tão frequente. “A mudança de comportamento do cliente, que vem se tornando cada vez mais engajado com o consumo consciente, já é visível”, diz o consultor do Sebrae-SP Marcio Santos. “O consumidor brasileiro está começando a se familiarizar e se envolver com esse segmento econômico. A prova disso é a grande adesão a modelos de negócios compartilhados”, observa. Segundo o consultor, essa mentalidade do consumidor estimula o surgimento de mais oportunidades no mercado. “A abertura do brasileiro à experimentação de novos formatos de negócios e o sucesso de algumas empresas desse segmento são um forte indicativo de que ainda há muito mercado a se explorar”, afirma. A empresária Denise Della Nina Andrade é uma das empreendedoras que fizeram dessa nova realidade um negócio bem-sucedido. Em 2015, ela inaugurou a OkiPoki, empresa de aluguel de brinquedos voltada para crianças de um a três anos de idade. Ela teve a ideia a partir de sua própria experiência com a maternidade. “Eu era aquela mãe que queria comprar tudo o que via para a minha filha. Mas, no fim, eu via que era tudo muito caro e usaria pouco. Então, pensei

que se houvesse uma forma de alugar e compartilhar esses objetos, outras mães também iriam querer”, lembra. Em um primeiro momento, Denise começou com o aluguel pela OkiPoki apenas pelo site. Depois, o negócio foi crescendo e ela viu a necessidade de ter um galpão para administrar o estoque e manter um ponto físico de atendimento para oferecer um contato mais direto com o cliente. Hoje, ela consegue atender a toda a capital paulista e também a região do ABC. Além dos brinquedos, seu negócio conta com o aluguel de outros itens para crianças pequenas, como cadeirinhas para carro e para alimentação – sempre de acordo com a necessidade e pedidos dos clientes. Seu estoque tem cerca de 350 peças e seu tíquete médio é de R$ 170 por cliente ao mês. “Quando a pessoa vem alugar algum produto, ela pode escolher desde ficar com ele por 15 dias ou até por alguns meses, de acordo com a sua necessidade.” Depois que o produto volta para o galpão, ele passa por um processo de higienização e é embalado para ser disponibilizado a outra criança. Com o dia a dia do negócio, a empresa também começou a receber pedidos para higienizar brinquedos e itens infantis na casa dos clientes, bem como fazer a manutenção de outros brinquedos. Denise decidiu incorporar o serviço, mas sem perder o foco do negócio – a locação de brinquedos para uso em casa. Na opinião de Denise, a OkiPoki tem ainda um outro diferencial na comparação com as lojas de brinquedo tradicionais. Segundo ela, seu negócio envolve uma relação de confiança, respeito, cuidado com o produto e a consciência de que ele será usado por outras pessoas. “Dei um tiro no escuro. Não fazia ideia de como seria essa relação dos clientes com os brinquedos. Até o momento não tive

Denise Della Nina Andrade, da OkiPoki, empresa que aluga brinquedos e itens para crianças: aluguel de produtos veio para ficar

um cliente que pegou o produto e sumiu, por exemplo.” Como em qualquer negócio, os contratempos existem, mas a empresa tem assimilado bem essas situações, diz a empreendedora. “Os acidentes que acontecem – o cachorro comeu a bolinha, o bebê quebrou o brinquedo – não chegam a 2% das nossas locações. Estamos preparados para lidar com isso.” Atualmente, a empresa realiza de 80 a 130 locações de brinquedos mensalmente. O número cresceu com a pandemia: houve um aumento

de demanda e também procura de pais com crianças com idades diferentes da inicialmente estipulada. “Tivemos de aumentar nosso estoque e registramos aumento de cerca de 30% no faturamento. Apesar de o futuro ainda ser incerto, nossa expectativa é de um crescimento entre 30% e 50% para os próximos dois anos”, comemora. A perspectiva positiva de Denise também está baseada na confiança de que o mercado de itens compartilhados veio para ficar e que ainda há muito espaço para


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compartilhar

consumidores e abre novas oportunidades para empreender

se expandir. “Vejo como tendência a opção de alugar produtos em vez de comprá-los. Estamos há seis anos no mercado e percebemos que não é algo passageiro. Não só a parte financeira é vantajosa. Tem também a questão ecológica, ambiental; imagina o quanto de plástico se gasta para produzir um brinquedo.”

PARA VIAGEM

O empreendedor Luciano Bello também aposta na tendência de compartilhamento de produtos.

Atualmente, ele está à frente da Volume4Trip, uma startup voltada para o aluguel e compartilhamento de equipamentos para viagem como bagageiros, suporte para bicicletas e racks para teto. A inspiração para o negócio também veio de uma experiência pessoal: após o nascimento do filho, a bagagem nas viagens da família cresceu consideravelmente. Os equipamentos para acoplar mais malas no carro passaram a ser itens essenciais, mas os preços são elevados. A ideia, então,

foi que poderia ser interessante alugar os produtos enquanto não estivessem em uso. E Bello foi além: considerou a possibilidade de que qualquer pessoa pudesse fazer o mesmo ao se cadastrar em uma plataforma. A ideia surgiu em 2018. Após a participação de Bello no Programa Startup SP e um período de reformulação, ele relançou seu site em 2020. Já começou colhendo os frutos da alta demanda do fim do ano. “Em um mês no ar, tivemos mais de cem pessoas cadastradas. A demanda pelo aluguel de equipamentos é real, principalmente na época de férias e festas de fim de ano”, afirma. Hoje, Bello tem em seu estoque equipamentos próprios que disponibiliza para aluguel e também pessoas cadastradas dispostas a alugar seus produtos por meio da Volume4Trip. A dinâmica é simples: o usuário se cadastra no site e anuncia gratuitamente. O anúncio passa por moderação, é publicado e, após a locação, a plataforma fica com 30% do valor e o dono do equipamento, 70%. Entre os desafios de seu negócio, Bello aponta a resistência de algumas pessoas em ceder temporariamente seus pertences. “Estou trabalhando para mostrar que é possível ter garantias para empréstimo de equipamentos também. É importante trabalhar a mudança dessa ideia da posse e também a confiança de que o equipamento voltará em bom estado”, explica. Bello acredita que usufruir de um bem é o mais importante, independentemente de ser ou não o dono. Por isso, ele tem focado em políticas de segurança e transparência para que cada vez mais pessoas tenham acesso a ferramentas e ao conceito que deseja passar. “O futuro pós-pandemia contempla muito turismo ao ar livre. Acredito que isso também tem tudo a ver com a minha proposta. E o compartilhamento de produtos veio para ficar.” O empreendedor observa que os mais jovens são os mais favoráveis

a essa tendência, mas ele também tem conversado com o público entre 45 e 50 anos. “Recebemos muitas famílias em viagens e também grupos de esportistas procurando suporte para bikes, por exemplo.” O consultor do Sebrae-SP Marcio Santos confirma que, de fato, os jovens são mais propensos a experimentar esse modelo de negócio, porque buscam maior liberdade, além de exercerem forte influência com sua maneira de consumir produtos e serviços. “Quando eles não querem mais, simplesmente fazem as malas e partem para outro desafio sem muitas amarras ou itens para levar”, diz. O consultor ressalta também outro perfil que faz muito uso desse modelo de negócio: o “poupador convicto”, que analisa todas as possibilidades antes de decidir por uma compra.

MODELOS PARA O FUTURO O conceito de economia compartilhada é popular desde meados da década passada principalmente nos EUA e em países europeus – antes da pandemia da Covid-19, a expectativa era de que, em 2025, esse mercado movimentasse algo em torno de US$ 335 bilhões. Com o impacto do distanciamento social em atividades de lazer, viagens, aluguel de casas e mesmo o trabalho presencial, esse número deve ser reavaliado. Mesmo assim, a pandemia trouxe novas possibilidades de compartilhamento e também a necessidade de custos mais controlados. O mercado de economia compartilhada envolve, basicamente, três modelos: acesso de bens e serviços, em que as pessoas pagam para ter acesso durante algum tempo; redistribuição, um modelo baseado no remanejamento de mercadorias que não estão sendo mais usadas para lugares onde existe demanda; e estilo de vida colaborativo, que busca a contratação de comunidades de pessoas e tem como objetivo final compartilhar desde bens até espaço e tempo.


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CAPACITAÇÃO: CHAVE

Empreendedores que buscam qualificação têm mais

Ailton Dantas, o ‘Rei das Frutas’: “Com certeza eu não teria quebrado antes se tivesse o conhecimento de hoje”

Rogério Lagos

Empreendedor capacitado tem mais chances de sucesso. Essa afirmação pode não trazer nenhuma novidade, mas quem sentiu na pele (e no caixa) a diferença que o conhecimento em gestão faz nos negócios, tem a real noção do quanto se qualificar é importante. Dados do Sebrae-SP compilados entre 2000 e 2019, com base em números da Receita Federal, mostram que, em média, 39% das empresas fecharam as portas neste período. Quando analisados os dados de empresas que não passaram por nenhuma capacita-

ção com o Sebrae-SP, por exemplo, esse número sobe para 43%. Já a parcela de fechamento dos pequenos negócios que buscaram alguma forma de capacitação com a entidade cai para 19%. No recorte dos MEIs, a média de fechamento é maior: sobe para 49% e chega a 54% entre os não capacitados, caindo para 28% aqueles com o mínimo de conhecimento em gestão. O Microempreendedor Individual Ailton Dantas é um exemplo de como a qualificação pode mudar o rumo dos negócios. Ele conta que sempre trabalhou com frutas, seja em feiras livres ou fazendo sucos

naturais para vender, mas suas iniciativas nunca davam certo e ele acabava “quebrando” por falta de conhecimento em gestão, principalmente na questão financeira. “Misturava muito o dinheiro. Chegava a gastar todo o meu lucro com coisas pessoais e não repassava corretamente para a empresa, para fazê-la crescer”, explica. Em 2017, Dantas procurou o Sebrae-SP. Fez capacitações focadas em finanças para aprender a controlar o dinheiro da empresa e para formar corretamente o preço de vendas de seus produtos. Foi nessa época que entendeu também

a importância da formalização, tornando-se MEI já em 2018. “Estudar é de suma importância. Quando não temos um norte, o Sebrae nos ajuda. Com certeza, eu não teria quebrado antes se tivesse o conhecimento de hoje”, afirma. Hoje, o empreendedor é conhecido em São Mateus, bairro da Zona Leste de São Paulo, como “O Rei das Frutas”. Além de ver o seu negócio prosperar, ele segue se capacitando para alçar voos mais altos. Atualmente, está buscando mais conhecimento na área de agricultura, pois almeja se tornar um produtor rural em breve. “Ainda estou apren-


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PARA O SUCESSO

chances de superar os obstáculos e se manter no mercado do negócio ao parceiro de empreendimento. No entanto, com a Raupp Soluções, empresa especializada na locação de equipamentos para impressão na cidade de Registro, do Vale do Ribeira, o empreendedor segue prosperando. Raupp conta que realizou um plano de negócios para desenvolver a empresa, além de ter feito consultorias de finanças e planejamento com o Sebrae-SP. “Estamos melhorando muito com o Sebrae e procuramos sempre estudar. Mesmo na pandemia, nós não paramos. Trabalhamos de portas fechadas e seguimos conseguindo mais clientes pelas mídias sociais, aumentando o nosso faturamento”, comemora. A esposa dele, Grazielli Duarte, fez o Empretec em 2018, enquanto que a Raupp Soluções participa atualmente do ALI, programa gratuito de inovação do Sebrae, em parceria com o CNPq. “Hoje a nossa dor é o administrativo. Sabemos o que precisa ser feito, mas precisamos organizar o nosso tempo, parar, sentar e fazer. Temos algumas lições de casa do programa para finalizar e o Sebrae vem nos fazendo enxergar questões que antes passavam despercebidas”, comenta.

RELACIONAMENTO dendo, claro, mas o que eu sei hoje vem mudando a minha história.”

PLANO E CONSULTORIAS

O empreendedor Marcos Raupp também quebrou no passado. Seu primeiro negócio envolvia compra e venda de mercadorias importadas, até que uma mudança repentina na taxa de câmbio em 1999, que lhe deixou no prejuízo, o fez encerrar as atividades. Em outro momento de sua jornada empreendedora, tornou-se sócio em um negócio de limpeza de edifícios que acabou não dando certo por confiar os cálculos dos custos

O consultor de negócios do Sebrae-SP Rafael de Souza reforça que informação e conhecimento são requisitos básicos para uma boa gestão. Ele também lembra que quem busca a sala de aula, seja online ou presencial, tem também a possibilidade de trocar experiências com outros empresários. “Esse relacionamento gera muitos aprendizados. Um exemplo de boas práticas em sala de aula pode incentivar os demais, fora as oportunidades de negócios. Por várias vezes tivemos alunos em sala de aula que conseguiram gerar negócios durante os cursos entre os participantes”, explica o consultor (conheça um desses casos acessando o QR Code ao lado).

Na visão do especialista, quem não busca se capacitar antes de começar um negócio ou mesmo depois de aberto para se atualizar, perde muitas oportunidades além do conhecimento. “O empreendedor deixa de aproveitar oportunidades de inovação por não estar por dentro do que o mercado está querendo. Também perde o acesso a ferramentas que podem ajudar no dia a dia; perde por não fazer networking e conhecer outras pessoas; perde por não ter a possibilidade de gerar novos negócios; além de não receber informações sobre acesso a novos mercados e até mesmo orientação sobre crédito nesse momento da crise por conta da pandemia”, conclui. A crise citada por Souza foi o cenário do recorde histórico de abertura de empresas. O Brasil chegou ao final de 2020 com quase 20 milhões de negócios ativos. O resultado foi apresentado pelo Ministério da Economia no Mapa de Empresas, divulgado em fevereiro. Segundo dados do governo federal, o País criou 3,4 milhões de novas empresas no ano passado, o que representa um crescimento de 6% em relação a 2019. Destas, 2,6 milhões foram Microempreendedores Individuais , representando um aumento de 8,4% em relação ao ano anterior. Mais empresas, mais necessidade de capacitação, principalmente em um momento ruim da economia.

RESULTADOS

Se por um lado alguns empreendedores começam suas jornadas apenas com o conhecimento técnico para depois se aprimorar em gestão, tem aqueles que já iniciam em ambas as frentes. Celso Santana utilizou toda a sua experiência como gestor em diversas empresas do setor privado para empreender no segmento fitness a partir de 2016. Sócio da unidade de São Caetano da academia Peralta Fitness e gestor das outras cinco espalhadas em São Paulo, o empresário explica que esse conhecimento ao longo dos anos

foi fundamental para o bom funcionamento dos negócios, ainda mais em um segmento bastante afetado pela pandemia. “Já fui gerente de recursos humanos, gestor geral e diretor. Além disso, já participei de uma sociedade em uma empresa de transportes e apliquei diversas consultorias de gestão. Já me aperfeiçoei com o Sebrae-SP também em cursos de gestão financeira. Todo esse repertório me ajuda a gerir as academias nesse momento crítico. Muitas academias fecharam, mas o setor não deixa de ser importante neste momento para o bem-estar das pessoas e a necessária busca por uma vida mais saudável, claro que agora respeitando todos os protocolos sanitários.” Santana destaca a importância da capacitação principalmente às empresas que nascem hoje por necessidade, muitas delas familiares. Na visão do empreendedor, quando uma empresa começa sem o conhecimento de gestão acaba gerando um efeito dominó na administração do negócio. “Independentemente do tamanho da empresa, precisa ter organização e planejamento. A liderança também é importante. Sem ela, existe a dificuldade de fazer a gestão, o que gera tomadas de decisões ruins em todas as áreas do negócio”, conclui. Para conhecer a história de relacionamento e networking que o consultor de negócios do Sebrae-SP Rafael de Souza mencionou no texto, basta acessar o QR Code abaixo com a câmera do celular.


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5 dicas para lidar com dívidas Saber administrar os compromissos financeiros é essencial para a saúde da empresa

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onjuntura econômica, imprevistos, problemas de gestão, entre outros fatores, podem levar uma empresa a se endividar. A grande questão é: como lidar com essa situação para não comprometer o futuro do empreendimento. São exemplos de dívidas: impostos atrasados, boletos vencidos, fornecedores não pagos, encargos sociais não recolhidos, aluguel e conta de serviços, como energia elétrica, não quitados etc. Essas obrigações não devem ser confundidas com contas a pagar, que são boletos ou débitos que ainda não venceram, como uma compra a prazo.

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Gestão financeira é uma das principais tarefas de toda empresa. Requer disciplina e rigor no processo, habitualidade, contínuo monitoramento e controle dos gastos. Quando a gestão financeira é realizada de maneira correta, oferece ao empresário informações precisas de suas finanças, possibilidade de redução de custos, segurança nas tomadas de decisão, melhoria dos resultados e sucesso no empreendimento. O consultor do Sebrae-SP Rogério Cardoso preparou cinco dicas para a empresa administrar bem as dívidas.

Conhecer o tamanho da dívida

É necessário conhecer em detalhes quais são as dívidas e respectivos valores, tipo (cheque especial, cartão de crédito, fornecedores, parcelas atrasadas, tributos e impostos vencidos etc.) e a taxa de correção ou crescimento. É importante saber o valor atualizado de toda a dívida. Não basta saber apenas que está no vermelho, é preciso conhecer os detalhes da situação, por pior que ela possa parecer.

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Registrar todas as entradas e saídas de dinheiro

Toda movimentação financeira da empresa precisa ser registrada, incluindo as retiradas de pró-labore. É importante classificar as saídas, por meio de um plano de contas ou categoria de despesas, para o empresário descobrir para onde foi o dinheiro. As entradas podem ser classificadas pela condição ou meio de pagamento, para o empresário entender de onde ou como o dinheiro entra. As movimentações financeiras também são divididas em duas modalidades: aquelas que já aconteceram (passado) e permitem o empresário entender o comportamento dos gastos e recebimentos da empresa; e as entradas e saídas previstas (futuro), como contas a receber e a pagar; que vão possibilitar condição para a projeção de saldo futuro do caixa, ou fluxo de caixa.

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Identificar sua capacidade de pagamento

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Tentar negociar o que é devido

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Ter confiança e equilíbrio

Qual é o maior valor de parcela que você consegue pagar? Não adianta tentar negociar a dívida e fazer um parcelamento sem antes conhecer sua efetiva capacidade de pagamento. Procurar o gerente do banco ou fornecedor sem esta informação pode levar a uma nova situação de dívida ou ao aumento da bola de neve. Para realizar este passo, o empresário precisa conhecer os gastos da empresa, especialmente os gastos fixos.

Os juros de cheque especial ou cartão de crédito são exorbitantes. Portanto, é fundamental substituir esse tipo de dívida por alguma com taxas menores. Junte todas as suas dívidas e troque por apenas uma. Aliado ao passo anterior, do cálculo da capacidade de pagamento, troque suas dívidas por uma com valor de parcela que realmente cabe no seu bolso.

Administrar uma empresa requer uma série de habilidades do empreendedor, entre as quais se destacam autoconfiança e equilíbrio para que as decisões não sejam tomadas com base no desespero. Na área de gestão, é preciso buscar qualificação e aprendizado contínuo, pois quanto maior o preparo do empreendedor, menor o risco de insucesso.


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Tendências de consumo EVANDRO DI TODARO JUNIOR Consultor de Negócios do Sebrae-SP

Como medir a qualidade do serviço? Empresas de serviços estão cada vez mais conscientes da importância de se conhecer o cliente, melhorar o que oferecem e investir na criação de novidades para ter um diferencial competitivo. Para isso, é necessário pensar no conceito de qualidade em serviço e avaliar como é visto pelo cliente. Uma opção é o instrumento chamado Servqual, baseado na diferença entre expectativas e percepções dos clientes. A abordagem é usada para medir a qualidade do serviço comparando as expectativas dos clientes antes e depois do que foi entregue. O Servqual tem cinco dimensões: tangíveis (instalações físicas, equipamentos e aparência pessoal); confiabilidade (capacidade de realizar o serviço prometido de forma confiável e precisa); capacidade de resposta (vontade de ajudar os clientes e fornecer um serviço rápido); garantia (conhecimento e cortesia dos empregados e sua habilidade para inspirar confiança e segurança) e empatia (cuidado e atenção individualizada que a empresa presta aos seus clientes).

Para ter confiabilidade no procedimento, é preciso fazer pesquisa com o cliente sobre as cinco dimensões. O número de questões deve ser limitado, já que o consumidor não tem tempo para responder muitas perguntas. A mensuração é baseada em uma pontuação na escala de 1 (menor grau de importância para o cliente) a 10 (maior grau de importância para o cliente) em cada questão. O resultado é baseado na subtração das médias das dimensões para o questionário da percepção e do questionário das expectativas. A ferramenta Servqual deve ser usada para fazer comparações periódicas, já que o mercado é dinâmico e o cliente muda sua percepção. Também permite determinar como melhorias no serviço afetaram a avaliação feita pelos consumidores. O Servqual também serve para aferir a qualidade do serviço interno fornecido pelos departamentos e as divisões dentro de uma empresa.

O Sebrae Responde é um serviço para tirar dúvidas de empreendedores sobre a abertura de novos negócios e questões relacionadas à gestão de empresas já em atividade.

Muito já foi falado sobre o póspandemia. Ainda estamos no meio do caminho até chegarmos a essa realidade e, no percurso, as empresas continuarão a se ajustar às circunstâncias impostas pela Covid-19. O importante é o empreendedor saber que qualquer adaptação deve estar conectada ao máximo ao comportamento do consumidor. Destaco alguns pontos do levantamento feito pela empresa de pesquisa de mercado Euromonitor International sobre as tendências deste ano e que podem servir como ideias. No estudo, 51% dos consumidores citaram “tempo para atividades pessoais” entre suas prioridades. As pessoas estão ficando mais em casa e organizando suas agendas de forma diferente; elas querem otimizar seu tempo e as empresas disponíveis para atender além do horário comercial tradicional, proporcionando maior conveniência, ganharão pontos com o público. A pesquisa revela que 46% dos consumidores valorizam experiências online; está aí a oportunidade para oferecer serviços virtuais em horários alternativos. A crise econômica fez o consumidor ter critérios mais rigorosos para gastar. É hora de oferecer produtos e serviços de valor agregado, com opções acessíveis e também complementares, sem perda de qualidade. A pesquisa

indicou que cerca de 30% dos consumidores adquirem só o necessário e 50% querem encontrar pechinchas quando vão às compras. Portanto, adequar o portfólio é estratégico. A saúde mental sofreu impacto moderado ou grave nesse período para 73% dos consumidores, segundo o relatório. Todo o estresse da pandemia faz o cliente querer resgatar seu bem-estar. Iniciativas voltadas para autoaperfeiçoamento e recuperação do equilíbrio se destacam. Daí a demanda por itens ligados a artes, artesanato, instrumentos musicais, equipamentos esportivos e cursos online. Empreendedores que quiserem ajuda para esses e outros pontos podem procurar o Sebrae-SP. Vamos dar todo o apoio para encontrar a solução ideal. Aproveito para parabenizar as empreendedoras pelo Dia da Mulher. Muito sucesso a todas. Vocês são fundamentais na construção de um Brasil melhor.

WILSON POIT, diretor­‑superintendente do Sebrae­‑SP

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Cabeça de empreendedora

Após anos ‘pagando para trabalhar’ no seu salão, Eliane Lira foi capaz de passar pandemia sem sofrimento

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cabeleireira Eliane Lira, 39 anos, chegou ao limite cerca de três anos atrás. Dona de um salão de beleza em Guarulhos, ela estava completamente perdida com as contas do negócio e não sabia nem mesmo como remunerar corretamente as profissionais parceiras que atendiam no salão. Pior: ela não conseguia mais fazer retiradas e, muitas vezes, precisava de uma ajuda do marido para pagar o aluguel do imóvel – isso antes de ele perder o emprego. O salão chegou até mesmo a sofrer um corte de água por falta de pagamento. “Eu trabalhava muito, estava cansada e não tinha retorno, era como se nadasse e morresse na praia. Eu não via a cor do dinheiro”, lembra. Eliane conta que começou a trabalhar em um espaço pequeno em 2011 com uma sócia. Em, 2014, mudou de imóvel e passou a cuidar sozinha do salão que leva seu nome. “Aluguei um espaço e chamei uma manicure e uma cabeleireira para trabalhar comigo, mas não entendia nada de gestão e gastava todo o dinheiro com as contas de casa”, diz. Além disso, ela repassava os valores para as parceiras sem descontar nada, como taxa de manutenção e mesmo a taxa da maquininha de cartão. “Eu não sabia nada sobre as entradas e saídas e não sabia nem o que era pró-labore. Na verdade, eu estava pagando para trabalhar”, afirma. Quando Eliane resolveu procurar o escritório do Sebrae em Guarulhos, ela lembra que entrou no local chorando. A partir de um diagnóstico inicial, passou a se capacitar com cursos como a Oficina de Beleza (que ela fez duas vezes) e até um

Eliane Lira, dona do salão que leva seu nome, em Guarulhos: inovação para superar pandemia

comportamento empreendedor com o Empretec. “A partir daí, as coisas foram se encaixando e eu realmente passei a viver uma realidade de empreendedora”, afirma.

EM ORDEM NA CRISE

de vendas porta a porta para MEIs. “No começo eu pensei: ‘o que isso tem a ver comigo?’, mas fui fazer e foi incrível. Aprendi muito sobre vendas e sobre como controlar o dinheiro”. Para o consultor de finanças Pedro Luis Teles, que atendeu Eliane desde o princípio, o descontrole financeiro era reflexo da falta de conhecimento sobre o básico da empresa e de suas próprias limitações como empreendedora. “Percebi que a origem dos problemas financeiros estava na falta de processos definidos, do fato de sua agenda estar com espaços vagos e, principalmente, na falta de autoconfiança”, conta. Além do incentivo ao aprendizado sobre conceitos de finanças

EXPEDIENTE Publicação mensal do Sebrae­‑SP Edição impressa CONSELHO DELIBERATIVO Presidente: Tirso Meirelles ACSP, ANPEI, Banco do Brasil, Faesp, FecomercioSP, Fiesp, Fundação ParqTec, IPT, Desenvolve SP, SEBRAE, Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia, Sindibancos­‑SP, Superintendência Estadual da Caixa Econômica Federal.

e gestão, Teles orientou a empreendedora a enxergar melhor quais seriam seus potenciais clientes. “No mundo todo, os empreendedores trabalham sua microrregião para se tornarem primeiro os melhores de seu bairro e depois conquistar outras regiões e mercados. No caso da Eliane, isso diminuiria o custo de locomoção para atendimentos em casa e ela ficaria mais próxima de suas clientes”, diz. Com os primeiros cursos, os resultados começaram a aparecer e Eliane mudou processos: conversou com as parceiras sobre a nova realidade da remuneração e também passou a guardar o dinheiro do salão para ser utilizado apenas no salão. O passo seguinte foi desenvolver o

DIRETORIA EXECUTIVA Diretor­‑superintendente: Wilson Poit Diretor técnico: Ivan Hussni Diretor de administração e finanças: Guilherme Campos JORNAL DE NEGÓCIOS Unidade Marketing e Comunicação Gerente: Mariana Ribas Coordenadora de Imprensa e Conteúdo: Marcelle Carvalho Editores responsáveis e redatores: Gabriel Jareta (MTB 34769) e Roberto Capisano Filho (MTB 46219). Assessores de imprensa: Gisele Tamamar, Kaio Augusto, Patricia Gonzalez e Rogério Lagos. Estagiários: Anderson Freitas e Marcos Leodovico. Imagens:

Na prática, isso permitiu que Eliane passasse toda a pandemia sem ter prejuízo. “Eu não sofri porque tinha uma reserva e também avisei a dona do imóvel que talvez não conseguisse pagar o aluguel no futuro”, lembra. Mas o “pulo do gato” foi a ideia de comprar embalagens, envasar e etiquetar cosméticos que ela tinha em grande quantidade como uma amostra grátis, enviados para a casa das clientes com uma cartinha personalizada. “Eu disse a elas que nós estávamos longe, mas estávamos juntas. Eu enviei algo que elas precisavam, e que se elas quisessem eu estava aqui para oferecer”, diz. O resultado foi um crescimento na venda desses produtos para uso em casa, que rendiam um bom lucro e resultaram em um marketing boca a boca muito positivo. “O salão não sofreu com os danos da pandemia por causa do planejamento. Se não tivesse isso, talvez nem estaria mais lá, teria fechado as portas”, ressalta. O próximo compromisso de Eliane agora é conseguir se mudar para um imóvel térreo, de olho nas clientes mais idosas que reclamam das escadas. “Eu sempre digo que um negócio não é a respeito de vender um produto, mas sim a respeito de gente e de parceria”, completa.

gettyimages.com. Diagramação: Daniel Augusto de Resende Neves, Douglas da Rocha Yoshida, Gisele Resende Costa e Letícia Durães. Fotos: Ricardo Yoithi Matsukawa – ME e Carlos Raphael do Valle – ME para o Sebrae­‑SP. Apoio comercial: Unidade Relacionamento: 0800 570 0800/ sp-jn@sebraesp.com.br SEBRAE­‑SP Rua Vergueiro, 1.117, Paraíso São Paulo­‑SP. CEP: 01504­‑ 001 PARA ANUNCIAR 0800 570 0800 / sp-jn@sebraesp.com.br

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TEC &

LIVROS ORÇAMENTO SEM FALHAS (Intrínseca) A influenciadora Nathália Rodrigues, conhecida como Nath Finanças, se popularizou na internet com dicas financeiras para pessoas que não ganham muito. Agora, com seu primeiro livro, a youtuber se propõe a ajudar este público a iniciar uma jornada para sair do vermelho e começar a poupar mesmo com pouco dinheiro. Orçamento sem Falhas aborda temas comuns ao dia a dia de qualquer pessoa, como cartões de crédito, juros, lista de compras, metas e planejamento, sem perder o foco no humor e conteúdo de fácil entendimento que são marcas registradas da autora. Além disso, o livro conta com soluções gráficas para auxiliar quem precisa de uma força na hora de montar controles financeiros, além de charges que exemplificam como nos relacionamos com o dinheiro em nossa rotina.

SEBRAE NO NRF RETAIL’S BIG SHOW 2021 Os consultores do Sebrae acompanharam todas as novidades do NRF Retail’s Bigh Show 2021, um dos maiores eventos de varejo do mundo. Por causa da pandemia, a edição deste ano precisou ser toda digital pela primeira vez. A ideia é que essa edição

A EXPERIÊNCIA DO COLABORADOR (Integrare) O marketing é utilizado para atrair e fidelizar os clientes, tornando-os divulgadores da marca. O endomarketing, por sua vez, direciona essas técnicas para os colaboradores da empresa para que fiquem mais motivados com o trabalho. Em A Experiência do Colaborador, Analisa de Medeiros Brum ajuda os coordenadores a desenvolverem jornadas únicas de funcionários nas empresas, aplicando o endomarketing desde o momento da seleção até mesmo como lidar na difícil decisão do desligamento. Além das dicas, o livro apresenta casos para exemplificar o quanto essas estratégias contribuem para conectar a empresa com o funcionário para que ambos tenham experiências positivas em todos os momentos nessa jornada juntos.

NOVE MITOS SOBRE O TRABALHO (Sextante) O mercado de trabalho se apega a algumas máximas e continua repetindo essas ideias constantemente. No livro Nove Mitos sobre o Trabalho, porém, os autores Marcus Buckingham, autor best-seller e pesquisador com foco no desenvolvimento de funcionários, e Ashley Goodall, vice-presidente sênior de liderança e equipe da empresa de inteligência Cisco, discutem como alguns desses chamados “fatos” na verdade não passam de mitos. Com muita pesquisa e casos reais, a dupla analisa afirmações como funcionários completos são a escolha certa ou que os melhores planos são sempre vencedores, descontruindo essas ideias para que parem de serem compartilhadas da maneira que possam afetar a saúde dos negócios.

seja o Chapter 1, realizado nos dias 12 a 14, 19, 21 e 22 de janeiro, com o Chapter 2, marcado para acontecer em junho. Nas mais de cem sessões de conteúdo, os consultores identificaram tendências em diferentes setores, como os novos comportamentos de consumidores, o trabalho com dados, a necessidade do omnichannel, liderança, parcerias, sustentabilidade e inovação para os negócios. Para saber mais, acesse o link e confira um resumo das apresentações do NRF Retail’s Big Show 2021: sebraeseunegocio.com.br.

SÃO PAULO, FLORIANÓPOLIS E OSASCO SÃO AS CIDADES MAIS EMPREENDEDORAS DO PAÍS

As cidades mais empreendedoras do Brasil são São Paulo, Florianópolis e Osasco (SP), segundo o Índice de Cidades Empreendedoras, realizado pela Endeavor em parceria com a Escola Nacional de Administração Pública (Enap). Avaliando os 100 municípios mais populosos do Brasil, o ranking tem como base sete critérios: ambiente regulatório, infraestrutura, mercado, acesso a capital, inovação, capital humano e cultura empreendedora. Completam a lista das dez cidades mais empreendedoras Vitória, Brasília, São José dos Campos, São Bernardo do Campo, Jundiaí, Porto Alegre e Rio de Janeiro.


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IDEIAS

PERGUNTE A QUEM ENTENDE Como o TikTok pode ser estratégico para micro e pequenas empresas? Matheus Jacob, escritor e filósofo, especialista em comunicação, liderança e influência, responde:

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70% DAS EMPRESAS VÃO AUMENTAR A PRESENÇA DIGITAL ESTE ANO

Levantamento da Innovaty Business Intelligence, feito com 1.949 empreendedores em dezembro, mostra que sete de cada dez pequenas e médias empresas pretendem aumentar sua presença online e priorizar os serviços de delivery este ano. Do total, 26% já apontaram terem aumentado sua presença em marketplaces e aplicativos de delivery em 2020. Segundo a pesquisa, 25% dos empreendedores disseram que pretendiam preservar o caixa nos primeiros meses de 2021 para suportar as incertezas sobre as vendas até a vacinação contra Covid-19. Apenas 1% prevê redução de equipe para resguardar o caixa.

SUCCESSION (2018)

Essa premiada série original da HBO conta com duas temporadas e aborda as disputas da família Roy, dona do conglomerado de mídia Waystar RoyCo. Com o estado de saúde do patriarca Logan Roy em xeque, os quatro filhos começam a se movimentar para se conectar mais com os negócios familiares, na busca de serem os escolhidos para assumir a empresa, cada um com uma visão própria de como comandá-la. Apesar de fictícia, a história de Succession traça paralelos com a família Murdoch, donos da Fox News nos Estados Unidos. As duas temporadas da série estão disponíveis na HBO Go.

OPORTUNIDADE NA ESTÉTICA FACIAL A dentista Andrezza Fuzaro viu uma oportunidade para investir no ramo de estética facial e criou a Royal Face. A empresa é uma rede de franquia com mais de 95 mil clientes atendidos.

Veja o vídeo em:

http://youtu.be/nxwWglAucv4

Para entender o valor e a relevância do TikTok, é preciso enxergar o potencial de expansão da rede social de forma estratégica, por conta do baixo custo para fidelizar clientes e de seu algoritmo, que tem um alcance mais coletivo. Sabendo utilizar, o dono de um pequeno negócio pode ganhar muito com essa ferramenta. Talvez ela não seja a melhor maneira para uma pessoa descobrir uma empresa, mas o TikTok é uma excelente forma de estar presente no cotidiano do consumidor, fidelizá-lo e ter uma recorrência. É uma boa opção para profissionais autônomos, como barbeiros, vendedores e outros, além de proprietários de pequenos negócios, como donos de padarias, restaurantes e comércios locais. Uma vez que está ali, pode estar presente na vida do seu cliente de forma muito humanizada e cotidiana, mostrando, por exemplo, o que vai ter de opções no almoço por quilo, as tendências de corte de cabelo para 2021, peças novas que recebeu ou várias outras coisas interessantes relativas ao segmento. Diferentemente das grandes empresas, que podem utilizar a força dos influenciadores para representá-las nas redes sociais, as marcas de pequeno porte têm um grande chamado para tornar a presença no universo digital mais pessoal, humana e descontraída. Nesse sentido, cito três dicas relevantes para quem pretende aderir ao TikTok: • Traga conteúdos adequados para a plataforma. Use a criatividade e adapte-se aos formatos mais em uso: vídeos curtos e divertidos, conectados com a sua marca; • Os vídeos podem – e devem – ser divertidos, ter um caráter mais humano e menos profissional, mas não deixe de lado os valores, os princípios e a ética da marca. Vale mostrar os bastidores e o dia a dia; • Cuidado para não colocar comunicadores que não são adequados para o TikTok. Talvez o presidente da empresa ou um dos executivos não sejam as melhores pessoas para estarem ali como representantes da marca. Tem alguma dúvida sobre como a tecnologia pode ajudar o seu negócio? Pergunte a quem entende! Mande um e­‑mail para imprensa@sebraesp.com.br.


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50 anos de tradição

Pedro Luiz Scopino, da Auto Mecânica Scopino, conta como a inovação não pode ser deixada de lado

“M

Depoimento a Kaio Augusto

eu pai, Giovanni Scopino, é italiano e veio para o Brasil para fugir da Segunda Guerra Mundial. Em São Paulo, o emprego que encontrou foi de auxiliar de mecânico. Ele tinha experiência por ter trabalhado desde jovem em outras oficinas e isso fez com que fosse ganhando mais experiência para se tornar mecânico. Acho que o sonho de todo funcionário é chegar ao momento em que se torna dono do próprio negócio. Seguindo essa lógica, em 4 de março de 1971, ele conseguiu montar a própria oficina. O espaço era pequeno e alugado, mas saiu até no Diário Oficial da época, jornal que temos enquadrado na parede da Auto Mecânica Scopino até hoje. Durante muitos anos, a empresa era apenas o meu pai e mais um funcionário. Para se ter uma ideia, cabiam só dois carros por vez dentro da ofi-

cina. Nessa época, meu pai e minha mãe nem se conheciam. O tempo passou, eu nasci e tive meus primeiros contatos com a oficina. Minhas férias escolares eram por lá, ficava separando parafusos, limpando o chão ou lavava alguns espaços. Quando eu voltava para as aulas, sempre estava com as unhas todas pretas de tanto que brincava com porcas e arruelas. Aos 14 anos, tive a oportunidade de iniciar minha formação profissional pelo Senai. A escolha não poderia ser mais óbvia: curso de mecânico de automóveis. Aos 17 anos eu me formei mecânico de autos profissional, coisa que é muito rara atualmente, pois é difícil encontrar um profissional com esse tipo de certificação. Eu trabalhei com meu pai por apenas dois anos, porque, quando eu tinha 19, ele me deu a notícia que havia decidido se aposentar, antes mesmo de oficializar pelo INSS. Foi um baque, por-

que tive de assumir os negócios da família muito jovem. Eu funcionava quase como um pai para minhas irmãs mais novas, então tive de não só cuidar da empresa como também da casa, porque a Scopino era nossa fonte de renda. Esse foi o desafio que me fez crescer tanto pessoalmente quanto profissionalmente. Em 1994, houve uma grande mudança. Nós deixamos o local alugado que nos abrigou por anos, na Zona Norte de São Paulo, e partimos para um espaço próprio, na Casa Verde. Justamente nessa época eu estava cursando o Empretec. Mesmo com meu diploma de bacharel em gestão de empresas, a relação com o Sebrae mudou completamente minha visão empresarial. Comecei na nova sede com planejamento estratégico e de marketing. Isso fez com que eu conseguisse aumentar a compra de peças em diferentes montadoras que, em troca, patrocinaram quatro elevadoPedro Scopino: “O Sebrae mudou completamente minha visão empresarial”

res de carros para a Auto Mecânica Scopino. Eu também ganhei a fachada da oficina, tudo baseado no plano de expansão que desenhei com os ensinamentos adquiridos no Empretec. Hoje, nossa oficina consegue abrigar 25 carros, mesmo com uma equipe enxuta, de dez funcionários. Nós damos espaços para todos os tipos de profissional: um dos colaboradores, conosco há mais de dez anos, tem deficiência física. Temos também uma mecânica na equipe. A Auto Mecânica Scopino não parou de evoluir. Quando comecei lá atrás, a tecnologia dos motores automotivos era muito básica; hoje já temos acesso a coisas bem mais avançadas. Agora contamos com sistema digital para passar orçamentos e, entre os modelos atuais de veículos, conseguimos atender quase todos. Antes da pandemia, eu sempre fazia cursos no exterior para entender o que tem de mais atual no mercado. Nesses 50 anos, mesmo com toda essa evolução, não deixamos de atender aqueles que eu chamo de ‘clientes do Fusquinha’: são alguns clientes que eram da época do meu pai que frequentam a oficina até hoje. Temos preços especiais para carros nacionais mais básicos e um preço competitivo para marcas importadas. Atendemos uma família em que o avô, filho e o neto já trouxeram carros para arrumarmos. Seguindo essa linhagem, o meu filho, João Pedro Scopino, de 20 anos, também já está se preparando para em algum momento assumir a gestão da empresa. Mesmo com essa data especial chegando, já temos planos para os próximos três anos, que é atender à demanda de carros elétricos e híbridos, pois já temos os conhecimentos técnicos para isso, e meu filho também chegou com a ideia de investir em veículos especiais com foco em performance.”


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