JORNAL DE NEGÓCIOS - #324

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facebook.com/sebraesp    youtube.com/sebraesaopaulo    twitter.com/sebraesp     instagram.com/sebraesp | Versão impressa ­‑ 241.559 exemplares # 324 | Abril de 2021 | www.sebraesp.com.br | 0800 570 0800 |

Livia Manfrin abriu sua empresa, a Pomar Santo, a partir de experiências na pandemia

UMA IDEIA NA CABEÇA

Mesmo com a crise, empreendedores enxergam oportunidades de mercado e abrem novos negócios com planejamento Pág. 8 As novas habilidades para empreender no pós-pandemia Pág. 3

Setor de beleza se adapta para resistir à crise Pág. 4

Dark kitchens: como funcionam as cozinhas “secretas” Pág. 6


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Conhecimento e atitude são energéticos para sair na frente TIRSO MEIRELLES, Presidente do Sebrae‑SP e empreendedor

Em dezembro do ano passado, os pequenos negócios do Estado de São Paulo ultrapassaram em quase 15% o nível de faturamento de fevereiro de 2020, mês anterior à decretação de pandemia de Covid-19. A recuperação se deu tanto nos segmentos mais vulneráveis como nos menos impactados. Em 12 meses, mesmo com recuo inédito de 20,1% da receita real, os quase 2 milhões de micro e pequenas empresas registraram em seus caixas R$ 907 bilhões. Por trás desses números está a coragem de se transformar, de inovar para recuperar receita, ser resiliente e manter-se positivo. É essa atitude empreendedora que mantém os empresários em atividade, mesmo diante das incertezas. Saiu na frente quem aproveitou as oportunidades e investiu em conhecimento. Não é apenas uma percepção. Dados indicam que os empreendedores que buscaram o Sebrae para se qualificar tiveram índice de sobrevivência de 81%; entre os que não buscaram, a taxa foi de 57%. É o caso da empresa Naty Moda Praia. No mercado de confecção há mais de 20 anos, durante a pandemia chegaram a demitir dois dos sete funcionários e pensaram em fechar a segunda unidade por tempo indeterminado. Com a consultoria e capacitação do Sebrae-SP, em especial as fo-

cadas em gestão financeira, marketing, e do programa Comércio Brasil, deram a volta por cima, abrindo novas frentes de produção – confeccionaram mais de 20 mil máscaras e entraram para o mercado de roupas esportivas. A empresa enxugou o portifólio - hoje só os carros-chefes estão sendo produzidos; renegociou contratos com fornecedores e parceiros e entrou de cabeça no mundo digital. Nesse ritmo, unidos e com a ‘cara e a coragem’, como Natália Marcelino gosta de dizer, aumentaram o faturamento em 15% durante a pandemia, abriram novos mercados – as portuguesas se encantaram com os produtos da Naty, mantiveram a segunda loja aberta e empregaram duas pessoas. Ela não tem dúvida que, se não fosse a aplicação do conhecimento disponibilizado pelo Sebrae-SP, “ia ser difícil se manter em pé”. Temos orgulho em afirmar que o Sebrae-SP é a casa do conhecimento em gestão e inovação. E estamos de portas abertas para garantir fôlego extra aos negócios no processo de retomada às atividades. Neste ano, promoveremos forte expansão nos programas de capacitação, com foco na melhoria da produtividade e competitividade. De largada, são 400 mil vagas gratuitas somente no Empreenda Rápido, programa em parceria com Secretaria de Desenvolvimento Econômico do Estado

de São Paulo, que atua no tripé capacitação, formalização e acesso ao crédito. Digo de início, porque temos condições de aumentar esse número à medida que tivermos mais demanda pelos mais de 150 cursos oferecidos pelo Centro Paula Souza, Universidade Virtual do Estado de São Paulo (Univesp), Senac, Senai e Sebrae-SP, nos formatos digital e presencial. O programa é um dos destaques desta edição do Jornal de Negócios. Destaco outras parcerias alinhadas ao nosso propósito. A que reúne Sebrae, Senai e Ministério da Economia para implementação do programa Brasil Mais, que, somente no Estado de São Paulo, vai garantir consultoria em inovação de alto impacto a cerca de sete mil micro e pequenas empresas do comércio, indústria, serviços e agronegócio, por meio dos ALIs – Agentes Locais de Inovação. E a que alia Sebrae e Apex para ampliar o processo de internacionalização de 300 pequenas empresas (150 no Estado de São Paulo). Nossa rede presencial e digital, somada às redes de nossos parceiros, está pronta e à disposição de todos e de cada um. Porque empreendimento que conecta conhecimento ganha musculatura e, com isso, produz mais, gera mais empregos e renda, tornando-se elo forte do processo de crescimento sustentável.

Destaques Novo prazo para pagar dívidas: governo reabre programa de renegociação de pendências Os donos de pequenos negócios ganharam novas regras e prazos para renegociar as dívidas com a União. A Procuradoria Geral da Fazenda Nacional (PGFN) reabriu o período para ingresso no programa de Retomada Fiscal. A norma, oficializada na Portaria 2.381, permite a negociação de débitos inscritos na dívida ativa da União até 31 de agosto, ou seja, prevê a negociação de débitos futuros. Os empreendedores terão até o dia

30 de setembro para solicitar a participação no programa. A adesão poderá ser feita no portal Regularize www.regularize.pgfn.gov.br. A medida abrange vários tipos de débitos e é uma oportunidade para as micro e pequenas empresas fazerem os pagamentos e parcelamentos com descontos de multas e juros. A renegociação permite quitar o montante devido em até 133 meses.

O Programa de Retomada Fiscal envolve a concessão de regularidade fiscal, com a expedição de certidão negativa de débitos; a suspensão da apresentação a protesto de Certidões de Dívida Ativa; a autorização para sustação do protesto de Certidão de Dívida Ativa já efetivado e a suspensão de execuções fiscais e dos respectivos pedidos de bloqueio judicial de contas bancárias, entre outras medidas.

A possibilidade de renegociar as pendências atende a uma solicitação do Sebrae em razão dos fortes impactos que a pandemia de Covid-19 vem causando nas empresas de micro e pequeno porte há um ano.


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Entrevista do mês

Competências do futuro

Para Adriano Mussa, da Saint Paul Escola de Negócios, empreendedor precisa de novas habilidades Divulgação

Gabriel Jareta

O

novo cenário do mercado de trabalho decorrente da pandemia terá impactos diretos no empreendedorismo, exigindo novas competências e inovações baseadas em tecnologia. É esse o panorama analisado na entrevista abaixo pelo professor Adriano Mussa, reitor da Saint Paul Escola de Negócios, cocriador e diretor acadêmico e de inteligência artificial (IA) do LIT, plataforma de aprendizagem online da instituição. Para Mussa, que fez pós-doutorado em IA na Columbia University, o pós-pandemia vai exigir um reskilling, isto é, o desenvolvimento de competências pessoais, como pensamento crítico, liderança e influência social.

Qual o conceito de reskilling? Como isso vai ser necessário no mercado de trabalho daqui em diante? Reskilling significa desenvolver novas competências que incluem conhecimento (saber), habilidade (saber fazer) e atitude (ir lá e fazer). A pandemia acelerou ainda mais a disrupção nos negócios e o novo mercado exige que o profissional seja dono dos skills (competências) que irão impactar seu futuro. Nos últimos tempos, vimos uma série de empresas que romperam com os setores da hotelaria, do transporte, alimentício e de educação, o que impactou diretamente nos empregos existentes. Metodologias ágeis de trabalho foram definidas para modificar a maneira com que fazemos negócios e isso impactou nosso modus operandi e a necessidade do desenvolvimento de competências diferentes para quem quer se manter relevante na nova economia. Quais serão as principais habilidades que um profissional deve desenvolver para esse novo mercado? Em outubro do ano passado, o Fórum Econômico Mundial divulgou o “Relatório do Futuro do Trabalho”, que aponta as competências

Como essas questões podem ser aplicadas ao empreendedorismo? Vejo uma grande conexão e acho que toda essa situação afeta fortemente o empreendedorismo. Trago como exemplo o empreendedorismo chinês: todos os dias surgem novas empresas baseadas em inteligência artificial, baseadas em blockchain, em IoT (internet das coisas) — são empresas pequenas, startups, mas que já nascem com muita tecnologia. Está cada vez mais desafiador entender de tudo nos negócios e, neste cenário, vemos um aumento na busca por serviços prestados por essas novas empresas, que uma organização maior talvez não tenha know how ou core para desenvolver. Dessa maneira, vemos uma oportunidade no empreendedorismo, mas para um empreendedorismo diferente, baseado em tecnologias, que começa a surgir no Brasil.

Professor e pesquisador Adriano Mussa: há oportunidades para um empreendedorismo diferente

transversais – ou seja, independentes da profissão – que ganharam importância com a digitalização em inúmeros segmentos da indústria. Dessa forma, todos precisam desenvolver essas competências, sejam soft ou hard skills, para poderem aproveitar as oportunidades que estão sendo criadas no mercado de trabalho. Entre as principais competências reveladas pelo estudo, mais de um terço delas estão relacionadas a soft skills: desenvolvidas pelo próprio indivíduo e que nos definem como humanos, por exigirem um alto nível de interação social e alta necessidade de criatividade. Nós, como humanos, precisamos acelerar o nosso processo de aprendizagem para que problemas complexos sejam solucionados em situações que demandam habilidades como pensamento crítico, inovação, liderança e influência social. Nesse caso, técnicas de inovação e aprendizagem ativa são alguns dos caminhos. Já no caso

das hard skills, o ponto de atenção é evitar o “analfabetismo digital”, de maneira que entender de tecnologias não é mais uma competência restrita à área de TI. As transformações provocadas pela pandemia de Covid-19 devem permanecer mesmo quando a ela terminar? Acredito que sim, especialmente as transformações do mercado de trabalho, porque as novas tecnologias que foram adotadas fortemente durante a pandemia transformam os negócios, e os negócios transformam o mercado de trabalho. A lógica é que a disrupção com tecnologias aplicadas nos negócios será contínua, pois as consequências de um investimento em ferramentas como essas aparecem no médio e longo prazos. Não esperamos que as transformações diminuam ou que a disrupção do mercado de trabalho pare no pós-pandemia. O que pode acontecer é a desaceleração do investimento nessas tecnologias.

Tecnologias como a inteligência artificial parecem muito distantes do dia a dia de um pequeno negócio. Como é possível trazê-las para a prática? Há pelo menos cinco anos, vimos essa tecnologia entrar em sua fase de implantação e o custo ficou muitomais acessível: depois de ter tido experiência de aplicar e liderar projetos de IA, penso que a discussão não é mais sobre o custo, mas sobre a expertise em relação ao serviço, de forma que o desafio é ter esse conhecimento e pessoas capacitadas para entender essa tecnologia aplicada. É muito mais uma questão de pessoas preparadas, aptas e capazes. A lógica da inteligência artificial combina muito com o pequeno negócio, já que, na IA e não existem grandes projetos. É preciso começar em pequenas iterações (repetições): o produto alcança o cliente, o cliente gera dados, dados analisados pela IA melhoram o produto – criando um ciclo virtuoso. Existe aqui uma conexão forte com o empreendedorismo, baseado em tecnologias, com organizações mais sustentáveis no médio prazo.


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Segmento de beleza

Com foco em produtos e ajuste nas contas, empreendedores que

Kaio Augusto

A

lém das preocupações com a saúde e com a economia trazidas nos últimos 12 meses pela pandemia de Covid-19, pequenos detalhes passaram a fazer parte da vida das pessoas que estavam – e ainda estão – respeitando o distanciamento social. Desses detalhes, um dos principais era a dificuldade em conseguir manter os cuidados com a própria aparência, afinal, salões de beleza e clínicas de estética precisaram fechar as portas ou restringir seu funcio-

Andreia Rosa, franqueada da Espaço Nails em um shopping em São José: mercado com potencial

namento durante os períodos mais críticos da pandemia. Se de um lado estão os clientes buscando dicas na internet de como cortar os cabelos em casa, de outro estão pessoas como Ana Paula Miqueleto, fundadora da Lip Depil Estética, localizado em Bauru. Empreendedora no ramo há quase dez anos, ela conta que, apesar do baque causado pelo coronavírus, já havia passado por crises antes. “Passamos por um momento difícil em 2013, e desde então eu já havia começado a trabalhar na redução de

custos da empresa para que pudéssemos continuar na ativa sem afetar muito os preços”, relembra. Então, quando as más notícias para os negócios começaram a ser divulgadas no início de 2020, a proprietária da Lip Depil colocou na sua cabeça como deveria agir. “Quando a pandemia chegou, eu comecei a correr atrás de todos os custos de funcionamento que poderiam ser reduzidos. Consegui reduzir o aluguel, algumas medidas governamentais ajudaram a baixar o valor de impostos e os funcionários

também passaram a ser amparados por programas do governo”, explica Ana Paula. A busca por soluções que preservem a saúde financeira das empresas desse setor é essencial. Segundo a “9ª Pesquisa Impactos da Covid-19 nos Pequenos Negócios no Ramo de Beleza”, realizada pelo Sebrae Nacional, em dezembro de 2020, 42% das empresas entrevistadas possuíam algum tipo de dívida ou empréstimo em atraso realizado para manter o funcionamento.


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resiste à pandemia

trabalham com estética conseguem manter bons resultados Mais do que a redução de custos, o bom planejamento das finanças foi o que salvou Ana Paula de fazer parte dessa estatística. “Eu sempre tive medo do meu negócio falir, isso fez com que tivesse um fluxo de caixa muito seguro, tanto que no meu planejamento trabalho com um valor que consegue me manter tranquila por uns cinco ou seis meses. Lá atrás, quando comecei a empresa, foi uma das coisas que aprendi em cursos do Sebrae sobre como manter esse resguardo”, conta.

FRANQUIAS Quem também buscou soluções para reduzir custos, mas, nesse caso, para os franqueados de sua marca, foi Kelly Nogueira, fundadora das franquias Espaço Nails e Espaço Make. Assim que percebeu que a situação da pandemia se encaminhava para o fechamento das atividades não essenciais, a empresária se adiantou em abordar o tema com todos os franqueados para que estivessem prontos para passar por esse momento juntos. “Eu conversei com todos aqueles que já tinham lojas abertas e suspendi os valores de royalties e de marketing para esses franqueados para que não tivessem essa preocupação. Eu me prontifiquei para demonstrar que passaríamos por isso juntos, afinal também possuo algumas lojas próprias”, relata. Kelly também conta que sua posição como proprietária de uma marca não eliminou todas as aflições que a pandemia estava causando nos empreendedores. “Todas as preocupações que meus franqueados estavam apresentando, eu também tinha. Durante meu período de distanciamento social, bateu um certo desespero, porque sempre me pegava pensando como seria a retomada”, lembra.

RESULTADO POSITIVO Para uma série de profissionais que precisavam de uma solução rápida para se recolocar durante a pandemia, investir em uma franquia no setor de beleza se mostrou uma decisão acertada. Exemplo disso foi o que aconteceu com Andreia Rosa, atual proprietária de uma loja franqueada da Espaço Nails, situada em um shopping de São José dos Campos. Ela perdeu seu emprego em março de 2020 e precisava encontrar uma maneira de continuar durante esse período. “Começar algo no ramo de estética e beleza sempre foi uma vontade, mas eu não tinha nenhuma formação nisso. Meu plano era abrir uma esmalteria na região, então decidi unir o útil à minha necessidade da época”, afirma.

EMPREENDER COM ESTÉTICA Para quem está começando  Antes de abrir a empresa, faça uma pesquisa e desenhe um bom plano de negócios, com uma análise de investimento.  Conheça o público-alvo, estude se a sua localização atende bem seus futuros clientes.  Comece o negócio com ferramentas de gestão, como softwares, que ajudarão no controle do fluxo de caixa.  Busque capacitação na área além do seu conhecimento. Isso funcionará com um diferencial para o seu negócio. Para quem já é da área  Estude novos nichos de mercado. Por exemplo, pense em soluções para pessoas com idade mais avançada, em que os cuidados precisam mesclar com cuidados de saúde, ou de procedimentos com produtos sustentáveis e que não são testados em animais.  Conheça bem os números da sua empresa. Ao entender questões como tíquete médio, fluxo de caixa e os custos fixos e variáveis, será possível traçar metas que permitam dizer quantos clientes ou procedimentos são necessários para encontrar o ponto de equilíbrio financeiro.  Esteja presente em mídias sociais, mais do que nunca neste momento de pandemia. Busque informações sobre marketing digital e invista no contato com seus clientes.  Pesquise bem os fornecedores. Existem marcas nacionais que estão fora do circuito mais conhecido e que podem gerar uma boa parceria para seu salão de beleza/clínica de estética. Fonte: Maisa Blumenfeld Deorato, consultora do Sebrae-SP.

Os planos começaram ainda com o comércio fechado, o que exigiu uma série de conversas não apenas com a dona da franquia, mas também com o shopping em que a loja está instalada para seguir com a montagem do local. Atualmente, a empresa de Andreia está aberta há quatro meses e ela relata que, mesmo com as incertezas sobre a pandemia, está satisfeita com o mercado escolhido. “Empreender nem sempre é uma tarefa fácil, mas eu percebo que esse mercado tem uma possibilidade de crescimento. Nosso principal público-alvo são mulheres que buscam frequentemente estar com seus cuidados pessoais em dia, independentemente da situação”, conta. Mesmo em meio à crise, o setor de franquias registrou resultado positivo durante 2020. Estudo realizado pela Associação Brasileira de Franchising (ABF) mostrou que as marcas do ramo de saúde, beleza e bem-estar ainda faturaram cerca de R$ 34,7 bilhões. Isso representa uma variação no faturamento de

3,9% quando comparado ao mesmo período entre 2018 e 2019. Para a consultora do Sebrae-SP Maisa Blumenfeld Deorato, as franquias da área de beleza conseguiram obter esse número positivo por abrangerem diversos produtos, além do serviço dos salões. “Quando falamos em franquias de beleza, estamos incluindo também clínicas de estética e empresas que têm rede de varejo. Dessa forma, para esses negócios que não exigem tanto o negócio presencial, a venda online foi benéfica”, diz. Porém, isso não impediu que salões e clínicas também buscassem suas saídas para o momento. “Se olharmos para a indústria de beleza, os produtos como álcool em gel, sabonetes especiais e lenços de papel foram destaque. Uma saída que os salões e clínicas encontraram, por sua vez, foi a venda dos produtos em estoque, bem como a venda de vouchers para clientes mais fiéis dos estabelecimentos”, lembra a consultora.


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Cozinha ‘secreta’

As dark kitchens, negócios de alimentação que oferecem apenas delivery,

As sócias Gizely Rocha e Adelia Nunes, do Mais Vida Alimentos: operação enxuta permite refeições a preço acessível

Patricia Gonzalez

E

ntre os serviços que cresceram durante a pandemia, o delivery de comida é um dos que lideraram o aumento. Uma pesquisa da Mobills, startup de gestão de finanças pessoais, constatou que os gastos com os principais aplicativos de entregas de comida cresceram 103% no primeiro semestre de 2020. No entanto, além dos restaurantes já estabelecidos, o mercado viu a entrada na disputa por clientes as chamadas dark kitchens – uma empresa de serviço de alimentação que oferece apenas comida por delivery. Em inglês, dark kitchen significa algo como “cozinha obscura”

ou “cozinha secreta”. O conceito é simples: o empreendedor que resolve entrar nesse ramo compra ou aluga um espaço que será usado como cozinha. Lá, ele tem todo o aparato necessário para produzir as refeições, mas não atende o público no local. Em vez disso, ele realiza as suas vendas por sites e aplicativos e entrega direto para o cliente. A empreendedora Adelia Nunes, dona do Mais Vida Alimentos, iniciou suas atividades em abril de 2019 junto com a sócia Gizely Rocha. A empresa trabalha com a fabricação de marmitas congeladas e quentes – as congeladas podem ser compradas via aplicativos de delivery e também por contato

direto pelos canais da empresa. Já as marmitas quentes são vendidas apenas sob contrato de fornecimento, com quantidades para consumo já especificadas. Adelia começou com poucos clientes e aproveitou o início da operação para aperfeiçoar as estratégias para gestão e divulgação do seu negócio – investiu em aprimoramento de cardápio e um site para vendas. No início de 2020, ela conseguiu colocar o site de sua empresa no ar. A ideia do Mais Vida Alimentos é fornecer comida saudável, de qualidade e com um preço acessível para o consumidor. Para atingir esse objetivo, ela aposta na entrega

de comidas congeladas sem limites para pedidos. A ideia é conseguir fornecer uma alimentação de qualidade – que inclui a opção de pratos veganos, sopas e caldos – por valores abaixo da média de um restaurante. Com essa ideia na cabeça, ela montou uma cozinha em um espaço alugado no Capão Redondo, na zona sul da Capital, e entrega suas marmitas em diversos bairros de São Paulo, inclusive na região central. Mesmo com todo o planejamento realizado, a empreendedora confessa que a mudança de rota trazida pela pandemia foi um susto. “Eu não imaginava quantos novos concorrentes teríamos logo quando


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vira tendência

crescem na pandemia e evitam perdas com distanciamento social aumentamos nosso leque de atendimento. Nossa atuação para delivery é comida congelada, mas com tantos restaurantes a mais oferecendo comida quente para pronta entrega foi um choque”, relembra. Com o apoio do Sebrae-SP, Adelia precisou traçar novas estratégias para se readequar. Foi então que ela recebeu a inforção do Sebrae sobre a abertura de edital para fornecimento de marmitas para a prefeitura de São Paulo. Como sua ideia sempre foi atuar com marmitas quentes apenas sob demanda, viu nesse modelo a condição ideal para alavancar as suas vendas. “Nosso faturamento aumentou em mais de 600%. Oferecemos comida de qualidade para os vulneráveis. E também começamos a trabalhar com marmitas quentes para produtoras. Atualmente, meu faturamento com empresas é maior, mas quero também investir em novos pratos para esse consumidor que passa mais tempo em casa e está precisando desse serviço”, conta.

ATUAÇÃO NOS ANOS 90 Antes mesmo de surgir o termo dark kitchen, Terezinha Maria Dotto, proprietária do Buffet Paris, em Guarulhos, já trabalhava de maneira

próxima a esse conceito. Em 1992, a empreendedora iniciou sua jornada atendendo a festas apenas na casa dos clientes: ela produzia a comida e levava para a festa. Já em 1995, a empresária conseguiu montar a sua primeira cozinha profissional. Depois de um tempo, adquiriu também um espaço para realizar as festas, mas o seu negócio não parou por aí. Terezinha tornou-se cliente do Sebrae-SP em 2004 e, no ano seguinte, já comprou uma cozinha industrial em um espaço maior. Ela também fez faculdade de gastronomia, cursos na área de alimentação fora do lar e participou de muitas iniciativas do Sebrae, sempre com o objetivo de expandir seu negócio. Em 2015 veio a grande virada: depois de participar com o Sebrae-SP da Summer Fancy Food – considerada a mais importante feira de alimentos e bebidas do mundo e a principal vitrine de inovação do setor – com o Sebrae-SP, Terezinha resolveu ampliar seu escopo de atuação e usar o espaço ocioso de sua cozinha para a produção de marmitas. “Vi que lá se falava muito de alimentação saudável, vegana e vegetariana. Consegui identificar isso como uma tendência. Quando voltei, fiz pós em gastro-

ANTES DE ABRIR Quais os principais pontos de atenção para quem quer investir em uma dark kitchen:

nomia funcional e comecei a fazer marmita focando sempre na alimentação saudável”, relembra. Atualmente a produção de marmitas correspondente a 70% de tudo que é feito em sua cozinha. “Logo quando comecei com a venda das marmitas, eu tive um aumento de 20% no meu faturamento. Com a pandemia, minha demanda por marmitas ajudou muito o meu negócio e eu consigo atender como os restaurantes: a comida sai quentinha da cozinha direto para a casa do cliente, por apps de delivery”, explica. Ela aproveitou essa fase também para estudar e fazer um planejamento para o futuro de seu negócio. “Em 2020, fiz curso de marketing digital e participei do Programa ALI Brasil Mais, voltado para inovação. Para o futuro quero atuar também com o atendimento de eventos empresariais e também penso na possibilidade de alugar a minha cozinha em momentos em que ela estiver ociosa”, enumera.

NA PRÁTICA A consultora de negócios do Sebrae-SP Helena Costa de Andrade afirma que, no atual momento, investir em uma dark kitchen é uma boa alternativa para começar um negócio na área de alimentação,

pois exige um investimento muito inferior ao de abrir um salão para atendimento e não há necessidade de contratar garçons, por exemplo. Além disso, como o cliente não precisa saber a localização da empresa, o modelo traz a possibilidade de montar a cozinha em regiões com aluguéis mais baixos, o que pode tornar o negócio mais lucrativo. Por outro lado, há a preocupação de oferecer embalagens seguras e higiênicas para garantir que a refeição chegue perfeita à casa do cliente. Para aqueles que têm interesse em atuar no ramo, o Sebrae-SP oferece consultorias e também programas estruturados de capacitação voltados para empresas de alimentação. A consultora reforça que o empreendedor precisa estar com o planejamento em dia antes de começar sua jornada. “Isso inclui elaborar o plano de negócios, fazer o cálculo de formação de preço de venda dos produtos a serem comercializados já considerando as taxas dos aplicativos de entrega, definir com quais aplicativos de entrega irá trabalhar e definir as estratégias de marketing nas mídias sociais para que não fique dependente apenas da divulgação realizada pelos aplicativos de entrega”, ressalta.

 Entender a dinâmica de funcionamento desse modelo de negócio para ver se é realmente o que você procura.  Definir o local onde a dark kitchen será montada: se será individual ou compartilhada, se você vai montar a sua própria ou se vai alugar uma estrutura já pronta.  Definir o tipo de culinária e os itens que serão comercializados.  Adquirir os equipamentos necessários de acordo com o perfil e o planejamento – incluindo embalagens adequadas.  Fazer a formalização da empresa (abrir um CNPJ).  Planejar o número de funcionários e contratá-los.  Cadastrar-se nos aplicativos de entrega e entender as taxas.

Fonte: Helena Costa de Andrade, consultora de negócios do Sebrae-SP.

 Planejar a divulgação nas mídias sociais.


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OPORTUNIDADES

Pandemia não impediu que empreendedores encontrassem boas

Livia Manfrin, da Pomar Santo: mudança pessoal fez com que enxergasse um nicho de negócios

Gisele Tamamar

C

om a crise econômica e o alto índice de desemprego, montar o próprio negócio foi a única saída para muita gente conseguir ter alguma renda durante a pandemia de Covid-19. Mas nem todos os negócios surgidos no último ano foram apenas por necessidade: parte dos novos Microempreendedores Individuais (MEIs) e donos de micro e pequenas empresas começou a empreender porque viu oportunidades no mercado apesar do momento difícil. Um desses casos é a Pomar Santo, de Catanduva, criada por Livia

Manfrin, em setembro de 2020. Com duas filhas pequenas em casa na pandemia, ela avaliava a volta ao trabalho no negócio da família, mas estava hesitante. “O medo e insegurança da situação me levaram a quadros de ansiedade e síndrome do pânico. Fui me tratar com alopatia, mas sempre me interessei por tratamentos alternativos e comecei a pesquisar sobre óleos essenciais”, relatou. Segundo Livia, ter passado por muitas incertezas e a procura pela aromaterapia fizeram-na “mudar a chave” em relação ao modo de vida. “Eu tive uma mudança pessoal.

Nunca imaginei que fosse deixar a empresa familiar em que estava desde quando saí da faculdade, aos 21 anos. Hoje estou com 35”, conta. O tema encantou tanto Livia que ela começou a vender os produtos via WhatsApp e Instagram e percebeu o grande interesse de pessoas que estavam passando pelos mesmos problemas, mas também de quem estava com dificuldades para dormir e crianças agitadas, por exemplo. De olho na oportunidade, a empreendedora abriu a loja Pomar Santo, uma empresa de cosméticos naturais, veganos e sem testes em animais.

Um dos destaques vendidos é uma linha artesanal de produção própria com tratamento, sabonetes e blends personalizados. “Por exemplo, se uma pessoa está ansiosa e tem pressão muito alta? Criamos uma mistura de óleos essenciais e vegetais para tratamento diário e natural”, explica. Livia acredita que 2021 também será um ano atípico. “A pandemia ainda não acabou, mesmo com o otimismo criado em cima da vacinação. O vírus ainda está em circulação e estamos com os mesmos cuidados de 2020. Por isso, acredito que para uma empresa crescer deve usar a criatividade, fazer o que ninguém faz e, principalmente, estar online. Amo atendimento físico, mas o virtual está no nosso dia a dia. Difícil empreender hoje sem pensar na venda online”, opina. A consultora do Sebrae-SP Simone Haduo reforça que as crises também proporcionam oportunidades, já que é preciso pensar e olhar de forma diferente. “E daí pode surgir uma oportunidade que antes o empreendedor não enxergava, tanto em um novo negócio ou segmento, tanto quanto em sua própria empresa”, destaca. Segundo Simone, muitas vezes, os empreendedores por oportunidade não são motivados por seus próprios sonhos, mas pela visão da necessidade latente do mercado onde existe uma demanda reprimida que ainda não é atendida ou é atendida parcialmente sem qualidade ou diferenciais competitivos. Além da formalização de mais de 2 milhões de MEIs em 2020, figura jurídica que representa a porta de entrada para o empreendedorismo, também ocorreu uma expressiva abertura de micro e pequenas empresas. Só no ano passado foram registrados 626.883 novos negócios, sendo 30% no Estado de São Paulo, com 187.480 formalizações em plena pandemia, de acordo com o Observatório MPE do Sebrae a partir de dados da Receita Federal.


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EM PLENA CRISE

perspectivas para criar negócios em cima de ideias novas AS MOTIVAÇÕES Saiba a diferença entre empreendedorismo por necessidade e por oportunidade O empreendedor por necessidade decide investir no negócio próprio porque a situação o levou a isso, seja pela dificuldade de recolocação no mercado de trabalho devido a seu afastamento profissional por motivos diversos, ou desatualização mediante as novas exigências e avanços tecnológicos e inovadores do mercado atual. Eles encontram no empreendedorismo uma forma de obter renda para sua sobrevivência.

Já o empreendedor por oportunidade nasce porque detectou uma excelente oportunidade de mercado e ele tomou a decisão de empreender para suprir essa demanda. Apesar de não sofrer com a empregabilidade, ele opta por iniciar um novo negócio levando em conta as chances de crescimento identificadas, a oportunidade para aumentar sua renda e ainda o desejo de independência profissional.

AVALIAÇÃO Mas como saber se realmente existe uma oportunidade de negócio? A consultora Simone Haduo afirma que a própria jornada de consumo e a mudança do perfil de comportamento dos clientes podem indicar as oportunidades latentes a serem exploradas nos mais diversos segmentos de mercado. Segundo ela, nesse momento de pandemia, criar mais comodidades, benefícios e vantagens para reter o cliente ou captar novos pode

ser um começo. A máxima será entender que inovação é questionar tudo o que você já faz, ou até mesmo o que não faz e por que não faz. “O exercício de análise e observação do negócio, do mercado e da cadeia produtiva em que atua nunca foi tão precioso como agora, para isso, o empreendedor tem que explorar os indicadores de sua empresa e enxergar suas fragilidades ou forças que podem ser transformadas em oportunidades”, reforça.

DICAS PARA ENCONTRAR POSSIBILIDADES DE NEGÓCIOS Em tempos de crise, os empreendedores têm menos capital disponível e os clientes também querem gastar menos. Assim as oportunidades têm de ser muito bem medidas antes de se investir:  Liste as possibilidades do mercado que mais agradam, que venham ao encontro com seus propósitos de vida e sua experiência anterior;  Analise aquelas que ofereçam menos riscos e tenham um investimento inicial que caiba no seu orçamento;  Cuidado com modelos de negócios que necessitam de um

CARÊNCIA Outra empresa aberta em 2020 foi a Entrenós, loja especializada em vinhos brasileiros instalada em São José do Rio Preto. A proprietária Katia França conta que há tempos enxerga uma carência de disponibilidade de vinhos nacionais na cidade. O marido, Aleandro Lopes, já atuava como distribuidor de uma vinícola do Sul do País e Katia ajudava na parte administrativa, com foco na venda para empresas. Katia relata que eles perceberam a dificuldade dos clientes em relação às linhas premium, por serem produtos que demandam um pouco mais de conhecimento na hora da venda. “Esse foi o gatilho. Nós dois somos enólogos, profissionais da área do vinho, somos capacitados a oferecer um atendimento especializado, somos apreciadores, temos vivência e intimidade com os vinhos brasileiros. O que faltava era tempo para tocar os dois

projetos simultaneamente. Felizmente, hoje eu tenho mais disponibilidade, pude assumir o projeto da Entrenós”, afirma. Segundo a empresária, começar um negócio em plena pandemia é desafiador, principalmente pela intenção de proporcionar uma experiência completa, muito além da venda do vinho. “Muito do que gostaríamos de oferecer demanda proximidade, presença física, mas estamos nos adaptando e procurando saídas para nos mantermos conectados com nossos clientes”, conta. Os planos para 2021 incluem a busca por uma comunicação mais eficiente com os clientes. “Precisamos encurtar a distância com o nosso cliente com mais iniciativas virtuais, focar na divulgação da nossa loja. Acreditamos que esse é o caminho para vender mais. E claro, trazer muitos novos rótulos que mostram a diversidade e a qualidade do vinho da nossa terra”, diz.

maior capital de giro durante o início da empresa, eles podem obrigar a recorrer a empréstimos para sobreviver nos seis primeiros meses. Então, não contabilize apenas o investimento inicial esperando que o mercado responda rápido. Isso poderá não ocorrer em tempos de crise, mesmo ele sendo inovador.

Analisando tudo isso, entra o planejamento do negócio.  O que você precisa para viabilizar a concretização dessa nova oportunidade de negócio?  Qual é o prazo que você busca até obter o retorno após o investimento inicial?

A pesquisa de mercado combina o comportamento do consumidor e as tendências econômicas para confirmar e melhorar sua opção de negócio e saber se realmente o que se escolheu é uma oportunidade. É crucial entender a base de consumidores desde o início. A pesquisa permite reduzir os riscos, mesmo quando a oportunidade ainda é apenas um vislumbre. Entender qual tipo de oportunidade está se buscando e ter algumas metas em mente é fundamental e auxiliará a estabelecer quais pontos tornam boas as novas oportunidades. Fonte: Simone Haduo, consultora do Sebrae-SP


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Reforço na capacitação Programa Empreenda Rápido oferece qualificação a distância e crédito barato

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São 400 mil vagas de qualifiom mais restrições no Estado de São Paulo para conter cação abertas em todo o Estado o aumento de casos, inter- até o fim do ano, sendo 216 mil para nações e mortes causadas pela Co- cursos técnicos ministrados pelo vid-19, os empreendedores se viram Centro Paula Souza, Univesp, Senai mais uma vez diante da necessidade e Senac, e 184 mil vagas de gestão de adaptar seus negócios para atuar ministrada pelo próprio Sebrae. a distância, com aperfeiçoamento Para quem completa todo o percurso do marketing digital e das vendas do programa, é possível obter micropela internet. Além disso, diante da crédito com as taxas mais baixas crise econômica, iniciar um negócio do mercado, por meio do Banco próprio acaba sendo a única saída do Povo. Durante o ano, estão para quem está em busca de renda. previstos empréstimos no montante Nesse cenário, o Sebrae-SP está de R$ 150 milhões. fortalecendo sua atuação com o EmAntes da reclassificação de todas preenda Rápido, um programa de- as regiões do Estado para a fase senvolvido em parceria com o Gover- vermelha do Plano São Paulo, em no de São Paulo, por meio da Secre- março, era possível fazer os cursos taria de Desenvolvimento Econômico, tanto presenciais quanto online, que oferece diversos serviços, reunin- além dos híbridos, utilizando os dois do desde a formalização, para quem modelos. Desde então, as turmas ainda não tem um CNPJ, até capaci- estão sendo todas a distância e as tação em gestão e acesso à crédito ori- presenciais só voltarão na medida entado. Podem participar Microem- em que as regiões forem avançando preendedores Individuais (MEIs), no plano. Isso não impede, porém, donos de micro e pequenas empresas a capacitação dos empreendedoTKT 389-02 Ticket Saude Anuncio Sebrae-AF.pdf 1 24/02/2021 17:46 e interessados em empreender. res e interessados nos principais

temas para quem quer estar à frente de um negócio, com cursos voltados para o setor de alimentos e bebidas, construção civil, vestuário, automotivo, tecnologia da informação, economia criativa, entre outros. Para inscrições e informações sobre o Empreenda Rápido, basta acessar o site www.empreendarapido.sp.gov.br.

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Uma boa prosa

CÉSAR OSSAMU ANNO FILHO Consultor de negócios do Sebrae-SP

Que lições a pandemia trouxe? O empreendedorismo sofreu um golpe muito forte na pandemia. Diz o ditado que não se trata do que você sabe, mas

o que você faz com o que você sabe. Separei aqui sete das principais lições que ficaram desse período. Confira.

1. Seu potencial pode ser expandido – A eficiência teve destaque e equipes foram obrigadas a se redimensionar. Mesmo com times enxutos, produziu-se com qualidade e até em quantidade superior. Os processos e talentos foram reavaliados e alocados de forma eficiente. Empresas com essa cultura podem produzir e vender mais. 2. Se o cliente não vem até você, vá até ele – As empresas que não tinham presença digital sentiram mais o impacto e tiveram de construir a jangada no meio do dilúvio. Quem já estava pronto, navegou melhor. Mas todos que ingressaram na internet e fizeram da maneira correta experimentaram um alcance e potencial que não viam antes. 3. Entregue para o cliente o que ele precisa e não o que você tem – Entender a dor do cliente é a melhor maneira de satisfazer ou iniciar uma relação. Muitas vezes não somos exatamente o que ele deseja ou precisa. Nesse caso, é preciso inovar. 4. Investir tempo para gastar menos dinheiro – Reavaliar despesas, renegociar contratos e entender sua precificação provaram ser uma forma eficaz para o reduzir o impacto na empresa. Esses atos fizeram muitos empresários entenderem a importância de entender melhor as finanças. 5. O tempo é inimigo de quem se move devagar – A velocidade de resposta aos acontecimentos mostrou que nos negócios as oportunidades dependem de pensar e agir com rapidez. Não espere que o cenário mude magicamente. 6. A produtividade não tem endereço – O home office se mostrou um modelo promissor, aumentando a qualidade de vida, reduzindo custos, com produtividade igual ou superior. Mas, para esse modelo funcionar, deve se considerar o tipo de negócio, cultura da empresa, alinhamento de metas, métricas. 7. Não estamos sozinhos – As conexões humanas foram essenciais em todo o processo. É necessário ter empatia, perceber que estamos conectados e que nossas ações repercutem no meio que vivemos e todos devem ser levados em consideração no planejamento da sua empresa (clientes, colaboradores, fornecedores e comunidade). O Sebrae Responde é um serviço para tirar dúvidas de empreendedores sobre a abertura de novos negócios e questões relacionadas à gestão de empresas já em atividade.

Costumo dizer que quem conversa mais tem mais sorte. Por quê? Especificamente no ambiente empreendedor, mesmo uma conversa despretensiosa com um amigo, cliente ou fornecedor pode servir de inspiração para melhorar o seu negócio. O importante é estar aberto a novas ideias, que às vezes surgem das situações mais inusitadas. Sempre defendo que o empreendedor se aprimore permanentemente. O comprometimento com a qualificação é um dos comportamentos mais importantes que o proprietário de um negócio deve ter. Contudo, saber se relacionar é fundamental para donos de empresas de qualquer porte. É necessário se comunicar e fazer networking. Aquele que se acha conhecedor de tudo e dono da verdade mais cedo ou mais tarde acaba se isolando. Ele tende a se acomodar e a consequência é o negócio estagnar. A pior coisa para uma empresa é andar de lado. Mas ressalto que conversar é saber ouvir. De nada adianta só você falar, só você mostrar sua opinião e querer impor aquilo que você já sabe. Tentar fazer do outro o eco do seu ponto de vista não acrescenta nada. Quem não ouve, não desenvolve sua capacidade de empatia. Sem empatia não dá para perceber

o que o cliente quer e você não vai conseguir atendê-lo plenamente. A rede de relacionamento se forma com a participação em eventos (na pandemia, em ambiente online), conexão com entidades ligadas ao ramo de atuação, uso de mídias sociais, entre outras possibilidades. Com o tempo, o empreendedor vai perceber também que sua rede de relacionamentos pode ser aprimorada. Porque são os contatos estratégicos que vão criar maiores afinidades, oportunidades de negócio e amizades. Destaco o caso de um fabricante de calçados de Birigui, interior de São Paulo, cujas instalações foram danificadas por um incêndio anos atrás. Enquanto o local era reconstruído, sua produção foi transferida a outras empresas da região, permitindo a sobrevivência da marca, resultado da rede de contatos e amizades. Não se feche em uma bolha. Seu empreendimento agradece.

WILSON POIT, diretor­‑superintendente do Sebrae­‑SP

Acompanhe o Sebrae­‑SP no ambiente digital, em www.sebraesp.com.br, e nas redes sociais: twitter.com/sebraesp facebook.com/sebraesp instagram.com/sebraesp flickr.com/sebraesp issuu.com/sebraesp soundcloud.com/sebraesp sebraeseunegocio.com.br youtube.com/sebraesaopaulo

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EDIÇÃO 324 | ABRIL DE 2021 | 13

Motor bem regulado

Com a ajuda do Sebrae-SP, Ligia Maruyama modernizou sua oficina mecânica Marcos Leodovico*

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igia Harue Maruyama e o marido, Eduardo Kashiwaya, se conheceram no Japão, onde viveram durante oito anos. Ao voltarem para o Brasil, decidiram usar o dinheiro guardado para montar uma oficina mecânica, em Vargem Grande Paulista. Concretizar a ideia não foi fácil. “Enquanto construía a oficina, moramos de favor na casa da minha sogra”, conta Ligia. A compra dos equipamentos foi outra dificuldade, por serem itens que devem estar sempre atualizados tecnologicamente. A Sekwy Automotivo começou a funcionar em 2002. A empresária lembra que, em dois anos com as portas abertas, sua reserva financeira acabou e estavam praticamente pagando para trabalhar. “Eu estava quase desistindo, mas meu marido me pediu para continuar. Só no terceiro ano conseguimos equalizar as contas”, diz Ligia. Segundo ela, o apoio do Sebrae foi fundamental para entender o que estava errado. “Desde o começo, o Sebrae foi um braço forte para nós. Precisávamos aprender para poder tocar a oficina com maestria.” O primeiro curso que ela fez foi o “Apreender a Empreender”. “Depois participamos de outros e conhecemos o Reginaldo. Ele nos ajudou bastante, sempre trazendo novidades e dicas para alavancar o nosso centro automotivo.” Reginaldo de Andrade Santos é analista de negócios e especialista no setor de reparo automotivo no Escritório Regional do Sebrae-SP

Ligia Maruyama e o marido, Eduardo Kashiwaya: ideia é transformar a oficina deles em modelo no setor

em Osasco. Segundo ele, Ligia tem como principal característica o comprometimento. “Ela tem um comportamento empreendedor muito forte e comanda uma empresa familiar com todo mundo envolvido na gestão. Ela identificou com rapidez os problemas em seu negócio”, explica. Ligia optou por fazer de seu negócio uma oficina autorizada da Bosch. A ideia foi se distanciar da imagem de oficina antiga, já que isso afastava o público, principalmente o feminino. “Eu tinha o foco de tirar aquela imagem de um local desorganizado e cheio de fotos de mulher na parede. Com tempo, isso foi se desfazendo e tornando o nosso negócio mais

dedores da área a organizar o negócio para atuar de forma correta e padronizada. “O programa disponibiliza uma certificação bem valorizada no setor”, explica o analista do Sebrae-SP. Ele ressalta que normalmente é um serviço pago, mas com a parceria, sai de graça.

um centro automotivo do que uma oficina.” Ligia destaca os benefícios da proposta. “Foi fundamental para fidelizar e trazer mais clientes. Foi um processo demorado, mas quando a autorização veio, fiquei bem mais tranquila para trabalhar.” Atualmente, Ligia participa do programa de Agentes Locais de Inovação (ALI), do Sebrae-SP, e busca o certificado do Instituto da Qualidade Automotiva (IQA), promovido pelo Sebrae-SP em parceria com o Sindicato da Indústria de Reparação de Veículos e Acessórios do Estado de São Paulo (Sindirepa). O trabalho tem como foco ajudar os empreen-

Ligia agora planeja os passos seguintes. “Nosso desejo é ser modelo para outros centros automotivos. Temos vontade de levar conhecimento por meio de palestras, cursos e consultorias. Existem muitos jovens que gostam de carro, se trabalharmos com eles, vamos ajudar o setor a ter grandes profissionais.” *Estagiário sob supervisão dos editores

EXPEDIENTE Publicação mensal do Sebrae­‑SP Edição impressa CONSELHO DELIBERATIVO Presidente: Tirso Meirelles ACSP, ANPEI, Banco do Brasil, Faesp, FecomercioSP, Fiesp, Fundação ParqTec, IPT, Desenvolve SP, SEBRAE, Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia, Sindibancos­‑SP, Superintendência Estadual da Caixa Econômica Federal.

DIRETORIA EXECUTIVA Diretor­‑superintendente: Wilson Poit Diretor técnico: Ivan Hussni Diretor de administração e finanças: Guilherme Campos JORNAL DE NEGÓCIOS Unidade Marketing e Comunicação Gerente: Mariana Ribas Coordenadora de Imprensa e Conteúdo: Marcelle Carvalho Editores responsáveis e redatores: Gabriel Jareta (MTB 34769) e Roberto Capisano Filho (MTB 46219). Assessores de imprensa: Gisele Tamamar, Kaio Augusto, Patricia Gonzalez e Rogério

Lagos. Estagiário: Marcos Leodovico. Imagens: www.gettyimages.com. Diagramação: Daniel Augusto de Resende Neves, Douglas da Rocha Yoshida, Gisele Resende Costa e Letícia Durães. Fotos: Ricardo Yoithi Matsukawa – ME e Carlos Raphael do Valle – ME para o Sebrae­‑SP. Apoio comercial: Unidade Relacionamento: (11) 3177­‑4784 SEBRAE­‑SP Rua Vergueiro, 1.117, Paraíso São Paulo­‑SP. CEP: 01504­‑ 001 PARA ANUNCIAR (11) 3177­‑4784

FALE COM A REDAÇÃO imprensa@sebraesp.com.br


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TEC &

LIVROS A PSICOLOGIA FINANCEIRA: LIÇÕES ATEMPORAIS SOBRE FORTUNA, GANÂNCIA E FELICIDADE (Harper Collins) Morgan Housel é ex-colunista do The Wall Street Journal e sócio da The Collaborative Fund, empresa aceleradora de startups nos Estados Unidos. Ele usa sua experiência para abordar em seu novo livro como a maneira que lidamos com dinheiro nem sempre se baseia em um conceito puramente matemático. Segundo ele, as grandes decisões financeiras não estão atreladas apenas a planilhas de planejamentos, mas também envolvem motivações baseadas nas nossas relações pessoais com família e amigos, além de um reflexo dos momentos de dificuldade que já foram vivenciados ao longo de nossa história. Housel aborda casos reais de sucessos e fracassos que demonstram como as finanças exercem um papel psicológico muito forte, trazendo uma série de aprendizados sobre como administrar o dinheiro.

PLATAFORMA AJUDA REFUGIADOS EMPREENDEDORES A DIVULGAR NEGÓCIOS Os

quase

55

mil

refugiados

reconhecidos no Brasil, boa parte profissionais liberais, agora contam com uma plataforma digital voltada à divulgação de seus empreendimentos, a Refugiados Empreendedores (refugiadosempreendedores.com.br). A partir desse espaço digital, eles podem receber apoio não só de consumidores locais, mas também de

ESSENCIALISMO (Sextante) A máxima de negócios de muitos lugares se baseia no conceito “tempo é dinheiro”. Porém, isso tem feito as pessoas se sentirem cada vez mais sobrecarregadas e se sentindo menos produtivas. Em Essencialismo, o autor Greg McKewon, oferece aos leitores não apenas uma técnica de como gerenciar o tempo e a produtividade, mas também uma lição de como identificar quais coisas são realmente vitais para a rotina. O livro demonstra como o desejo de ser total, sempre fazendo tudo e tendo tudo, é um dos pontos que afastam as pessoas de seu objetivo. McKewon discute como o foco é importante em cada momento, equilibrando vida pessoal e profissional. MEU CAMINHO ATÉ A CADEIRA NÚMERO 1 (Globo Livros) Nesse livro, Rachel Maia conta sua trajetória até conquistar o cargo de diretora da Lacoste no Brasil. A executiva compartilha como foi a jornada de ser a caçula de sete irmãos, como passou pela educação em escolas públicas até começar a trabalhar em empresas de renome no mundo todo como Tiffany & Co e Pandora. Além dessa história, Rachel fala sobre valores, convicções e experiências no mercado de trabalho, sem esquecer da importância do alcance da diversidade e do papel que a autoconfiança teve para que ela conseguisse alcançar seus objetivos.

empresas. Lançada no mês passado pela Agência da ONU para Refugiados (Acnur) em parceria com a Rede Brasil do Pacto Global, a plataforma busca dar visibilidade a pequenos empreendedores que foram acolhidos no País. A iniciativa ainda reúne informações sobre cursos e mentorias, além de oportunidades de acesso ao microcrédito.

INSTAGRAM PERMITE LIVES COM ATÉ QUATRO PESSOAS Na onda das lives que ganharam popularidade durante a pandemia, o Instagram lançou a função “Salas Ao Vivo”, que permite transmissões em tempo real de até quatro participantes em uma mesma sala. O recurso deixa que criadores incluam amigos na live para fazer talk-shows, rodas de conversa, debates e outras possibilidades de conversas. Também estão disponíveis na funcionalidade o recurso de Badges, forma de interação em que o seguidor paga para ter um comentário fixado na transmissão, e o selo de “parceria paga com” para realçar quando houver publicidade de marcas. A funcionalidade está disponível para celulares Android e iOS.


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IDEIAS

PERGUNTE A QUEM ENTENDE Diante da entrada em vigor da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), como eu posso proteger minha empresa de vazamento de dados de clientes e de multas? Carlos Macedo, executivo de Gestão de Riscos e de Tecnologia da innovativa Executivos Associados, responde:

Para facilitar o dia a dia das

Com a LGPD em vigor, são muitas as perguntas sobre o que fazer, por onde começar e, principalmente, sobre o que não fazer. O primeiro passo é classificar o que são dados confidenciais ou protegidos por lei. De uma forma simples, diria que o foco para não entrar em problemas com a Justiça e receber multas é seguir, no mínimo, as seguintes regras: Informações com dados pessoais (nome completo, e-mail, telefone e documentos) que não são suas devem ser tratadas com todo o cuidado, solicitando autorização do proprietário direto (a pessoa referida na informação) para armazenamento; Entender que o proprietário da informação não é quem “passa ou vende”, é o proprietário do endereço, telefone, e-mail e outros dados. Essa é a pessoa que deve autorizar o uso ou armazenamento de forma expressa e documentada; Criar um processo para documentar tudo isso, de forma que comprove a autorização de uso ou armazenamento por parte do proprietário em seus servidores; Se usar terceiros para armazenamento, compartilhamento ou processamento, tem de avisar todos os proprietários. Faça seu terceiro assinar um contrato de confidencialidade, com cláusulas financeiras, atestando que jamais irá retransmitir ou copiar tais informações a outras partes; Por último, faça uma boa revisão em seus sistemas de captura e armazenamento de dados e verifique brechas de tecnologia que possam colocar em risco as informações, evitando a cópia indevida destes dados. No final, você é o “custodiante”, e a lei não levará em consideração que o hacker roubou as informações, mas sim o processo recairá sobre o responsável pelo armazenamento por não ter tomado medidas que impedissem a captura. Muito cuidado com multas e processos – em alguns casos, elas fariam você fechar seu negócio. Fique atento, porque pedir o telefone e e-mail de alguém já não é mais como antes!

pequenas empresas que usam os mapas da empresa para fazer anúncios, o aplicativo de transporte Waze criou uma plataforma self-service onde o próprio empreendedor pode criar e gerenciar as campanhas. Além de permitir que as empresas compartilhassem desde

seu

horário

de

funcionamento a outras informações comerciais nos mapas, o aplicativo oferece novos formatos de anúncio no mapa; novos critérios de segmentação de publicidade por região geográfica; a possibilidade de enviar notificações por push para os clientes e de criar campanhas por tempo limitado.

O MENINO QUE DESCOBRIU O VENTO (2019) Este filme original Netflix traz a história de William Kamkwaba, um rapaz nascido em Maluí, na África, que passava seus dias caminhando por ferros-velhos e coletando materiais eletrônicos úteis. Após dificuldades com a colheita de sua aldeia, William decide construir um moinho de vento para fazer funcionar uma bomba de água encontrada em suas andanças. O filme é baseado na história real de Kamkwaba, que compartilha sua história de superação em palestras e talks. Disponível na Netflix.

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Tem alguma dúvida sobre como a tecnologia pode ajudar o seu negócio? Pergunte a quem entende! Mande um e­‑mail para imprensa@sebraesp.com.br.


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Sucesso em duas rodas

Ainda na década de 1990, Jaci Maximinio viu nas bicicletas a oportunidade para empreender Depoimento a Marcos Leodovico*

“T

udo começou em 1987, quando eu tinha 15 anos e aprendi a andar de bicicleta. Naquela época, eu já estava buscando algo com que trabalhar. Cheguei a entrar em uma empresa onde fiquei até o fim de 1989. Naquele mesmo ano, minha mãe abriu um restaurante e eu cuidava das entregas das marmitas – todas feitas de bicicleta. Porém, sem um bom conhecimento na questão administrativa, em 1993 decidimos fechar o restaurante para não quebrar de vez. Quando terminei os estudos, eu já enxergava uma lacuna no mercado de bicicletas. Além da venda e da manutenção, queria levar algo mais para as pessoas como dicas de alimentação, de como pedalar e como aproveitar ao máximo a bicicleta. Eu nem tinha ideia por onde começar a empreender nesse ramo. Em 1994, conheci o Sebrae por meio de um programa de TV. Aquilo ficou na minha cabeça, pois eu sabia que não poderia cometer o erro do restaurante novamente. Passei duas semanas indo ao Sebrae diariamente para aprender e começar a montar minha bicicletaria. Sem capital de giro, tive de me virar para conseguir o dinheiro para montar a loja. A solução foi vender uma TV de 29 polegadas que eu tinha. Foi uma aposta ousada. Em 28 de março de 1994 abri a bicicletaria, que leva o meu sobrenome: era um local pequeno, mas aquela lacuna que visualizei lá no começo ainda existia. Além das manutenções que realizava, tínhamos a parte de consultoria para quem quisesse levar a bicicleta mais a sério ou até mesmo para quem desejasse se profissionalizar no esporte. O ano de 2000 foi o ponto crítico da bicicletaria. Como começamos

Jaci Maximinio, da Bicicletaria Maximinio: “Além de venda e manutenção, queria levar algo mais para as pessoas”

com capital de giro muito baixo e todo ganho usava para a compra da minha casa, entramos em crise. Voltei ao Sebrae para procurar ajuda e ver o que estava fazendo de errado. Com as consultorias, cursos e todos os atendimentos, acertamos os pontos críticos da loja e continuamos. Dois anos depois, decidi fazer eventos para quem gostava de andar de bicicleta; dessa forma fomos ganhando reconhecimento no meio e, no final de 2002, decidi ampliar os negócios e mudar para um local maior. Onde eu estava não suportava toda a estrutura que imaginava e precisava para fazer tudo o que queria. Além da parte festiva com os passeios, também começamos a organizar campeonatos de mountain bike e ciclismo de rua. Com tudo isso acontecendo, decidi me tornar atleta profissional. Eu me ausentei da loja e coloquei

todo o foco nessa carreira. Acabei deixando de lado meu empreendimento e, em 2008, entramos em outra crise que durou até 2014. Foi um período muito complicado pois eu não tinha dinheiro para investir e o mercado estava crescendo. A minha única alternativa foi voltar ao Sebrae e pedir ajuda. Participamos do movimento ‘Compre do Pequeno’, promovido pelo Sebrae em 2015. Foi um grande marco porque conseguimos ajudar outros empreendedores por meio da nossa associação de bairro, na vila Barros, em Guarulhos. Um ano se passou e tivemos o privilégio de ser convidados para participar de outro projeto do Sebrae chamado ‘Decolando com Guarulhos’, uma parceria com a empresa que cuida do Aeroporto Internacional de Guarulhos. Nesse projeto, passamos por todas as oficinas, desde fluxo de caixa até planeja-

mento e logística. Foi um grande diferencial para mim e meu negócio. Estávamos muito motivados e cheios de vontade de crescer. Surgiu a oportunidade de ir para um local grande e transformar a bicicletaria em uma bike shop. Assim, batemos todos os recordes de atendimento e tíquete médio. Atualmente, nossa loja está entre as três melhores, segundo o Google, e com uma visualização média de dez mil internautas por mês. Além disso, estamos quase saindo da categoria MEI para EPP. Agora, o plano é formalizar nosso site, blog e o marketplace virtual. Daqui para frente eu não largo mais do pé do Sebrae! As dicas que deixo para quem quer ter seu próprio negócio são: pesquise o mercado, veja se o seu produto é viável e se cabe empreender nesse meio. E o mais importante: procure o Sebrae para ajudar.” *Estagiário sob supervisão dos editores


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