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Paulo Pazzine e Cristina Mendes, da Fame Print: empresa decolou depois dos elogios recebidos na internet
BOCA A BOCA DIGITAL
Com as redes sociais, avaliações e recomendações de clientes ganham cada vez mais importância no marketing dos negócios Pág. 8
Empresa familiar inova no café gourmet Pág. 3
Esporte: negócios começam a recuperar o fôlego Pág. 4
Loja compartilhada é boa opção para o varejo Pág. 6
2 | JORNAL DE NEGÓCIOS
EDIÇÃO 329 | SETEMBRO DE 2021 | 3
Entrevista do mês
Empreendedorismo inovador: agente da retomada
Tradição e inovação no café Marcelo Moscofian, CEO do Café Santa Monica, ajudou a modernizar empresa criada pelo pai
TIRSO MEIRELLES, Presidente do Sebrae‑SP e empreendedor
Sustentabilidade, educação, independência econômica. O calendário do mês de setembro está recheado de datas comemorativas – Dia da Amazônia (5), Independência do Brasil (7), Dia Mundial da Alfabetização (8) – que nos fazem refletir sobre essas questões tão fundamentais, em especial nesse momento de reconstrução das bases do desenvolvimento pós-pandemia. No nosso bate-papo mensal, quero incluir dois elementos que estão intrinsecamente conectados ao fortalecimento desses pilares da retomada: o empreendedorismo e a inovação. Sim, empreender de forma criativa, incorporando novas tecnologias, trocando experiências e buscando novos conhecimentos torna os elos dessa corrente ainda mais fortes, gerando resultados surpreendentes, com ou sem crise à vista. É o caso do David Jean, da Marrocos Lanches, em Presidente Prudente. O trailer de lanches inaugurado por seu pai, em 1981, passou por profunda transformação em 2019, quando Jean participou do então programa ALI – Agente Local de Inovação (hoje é o Brasil Mais). Segundo ele, abrir-se para a prática da inovação ajudou a empresa a prosperar, mesmo em tempos
Divulgação
de pandemia. Eles incrementaram o delivery, abriram o drive thru e espaço kids. E também do Rogério Marinho, da Youtan, startup residente do Polo Tecnológico de São José dos Campos. De sua criação, em 2002, até o momento, Marinho credita ao empreendedorismo a força para acelerar sua empresa. Para ele, a Youtan está maior, melhor e mais competitiva graças à atuação parceira do Sebrae. Em seu estágio atual será uma das fornecedoras de desenvolvimento de softwares e aplicativos do Parque Tecnológico, atendendo a cerca de 2 mil empresas. Como vocês podem perceber, no Sebrae-SP não medimos esforços para consolidar o empreendedorismo inovador, porque é ele que vai garantir a propulsão e o dinamismo dos pequenos negócios. E empresas mais fortes lucram mais, competem melhor, geram mais emprego, remuneram melhor, contribuem para minimizar as desigualdades sociais e econômicas. Recentemente anunciamos o aporte de R$ 200 milhões nos próximos quatro anos para financiar ações de fomento à inovação tecnológica. Uma das primeiras ações será o investimento de R$ 75 milhões, em parceria com Fapesp (que também investirá R$ 75 milhões),
para pesquisas, capacitação em gestão e acesso ao mercado de iniciativas brilhantes (leia mais abaixo). Também ampliamos o programa Brasil Mais, que é totalmente gratuito, voltado para quem quer inovar para aumentar a produtividade e competitividade com a promoção de melhorias rápidas, de baixo custo e alto impacto. Em São Paulo serão atendidos neste ano cerca de 7 mil micro e pequenas empresas. Ao se habilitar para participar do programa, o ALI faz diagnóstico inicial e traça um plano de inovação para o negócio. Em pesquisa realizada com os participantes, 90% elevaram ou mantiveram o funcionamento da empresa, 80% elevaram ou mantiveram o quadro de funcionários e 70% elevaram ou mantiveram o faturamento. Isso em plena pandemia de Covid-19! Entre 2020 e início de 2021, mais de 12 mil empresas foram atendidas pelo Programa Brasil Mais. Quando inovação e tecnologia andam de braços dados com a gestão do negócio, o empreendedorismo torna-se vigoroso, de alto impacto, pronto para contribuir ativamente com a reconstrução, prosperidade, sustentabilidade, educação e felicidade dos cidadãos.
Destaques Em parceria, Sebrae-SP e Fapesp incentivam startups com R$ 150 milhões
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e um lado, o Sebrae-SP, especialista em negócios e empreendedorismo. Do outro, a Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo), ligada à Secretaria Estadual de Desenvolvimento Econômico (SDE), que atua no fomento à pesquisa e inovação. Para apoiar o desenvolvimento de startups de base científica e tecnológica em todo o Estado, as duas entidades uniram forças e vão investir R$ 150 milhões em seis anos em uma parceria inédita. A expectativa da parceria é financiar cerca de 150 projetos dentro do Programa PIPE (Pesquisa Inovativa em Pequenas Empresas).
podemos mudar nosso foco. Vamos continuar verticalizando nossa produção e dar um passo além, quem sabe até para uma cafeteria. Nosso olhar para os próximos anos é continuar cada vez mais online, automatizando os processos e vendendo dentro do comércio online, que realmente tem um poder de escala muito grande. Vamos transferir essa automatização para o B2B. O consumidor tem potencial de entrar no site, no marketplace, e comprar no online rapidamente. Nossa expectativa é melhorar o serviço e que isso também funcione para o B2B, para conseguir automatizar e agilizar o processo nas plataformas.
Gisele Tamamar
A novidade é que, além do apoio à pesquisa, viabilizado com os recursos da Fapesp, os recursos do Sebrae poderão ser utilizados pelas empresas para ações de acesso a mercado e desenvolvimento de provas de conceito junto a grandes empresas de tecnologia. O Sebrae oferecerá ainda atendimento especializado às startups científicas. O primeiro edital, no valor de R$ 25 milhões, apoiará a pesquisa para o desenvolvimento de inovação em todas as áreas do conhecimento, selecionando 20 startups que receberão, cada uma delas, até R$ 1,25 milhão. Esse recurso deve ser utilizado para financiar as etapas de pesquisa
e desenvolvimento (R$ 1 milhão), assim como auxiliar nos aspectos de gestão empresarial, como o desenvolvimento comercial, participação em feiras, internacionalização e captação de investimentos (R$ 250 mil). Além dos editais de fomento, a parceria entre Sebrae e Fapesp permitirá o apoio a empreendedores, com capacitações em gestão, apoio à comercialização e suporte técnico para registro de patentes. A iniciativa faz parte do Programa Cientista + Empreendedor, lançado pelo Sebrae a fim de apoiar pesquisadores e empreendedores científicos a levar inovações ao mercado, atuando em parceria com universidades,
parques tecnológicos e incubadoras do Estado de São Paulo. O edital vai receber propostas de empresas de pequeno porte (com até 250 empregados) com unidade de pesquisa e desenvolvimento no Estado de São Paulo e faturamento de até R$ 4,8 milhões. A equipe de seleção vai avaliar a consistência e viabilidade do planejamento de negócios. O documento deve demonstrar a estratégia que a empresa utilizará para gerar receitas a partir da pesquisa inovadora proposta. O edital ficará aberto até o dia 19 de outubro. O manual com os detalhes do edital pode ser acessado no site www.fapesp.br/pipe.
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ogo no início da pandemia de Covid-19, parte dos clientes do Café Santa Monica do mercado food service e corporativo estava com as portas fechadas. Eles representavam 50% do faturamento da empresa e até hoje não voltaram com força total. Depois de um 2020 de muito aprendizado e análise, a empresa hoje registra crescimento impulsionado, principalmente, pelas vendas no varejo e no e-commerce. Quem está à frente das estratégias é o CEO Marcelo Moscofian, de 36 anos. Ele chegou à empresa em 2005, quando o pai, Arthur Moscofian Junior, o convidou para modernizar o negócio criado em 1985, um dos pioneiros do café gourmet no Brasil a partir dos grãos cultivados em uma fazenda no sul de Minas Gerais. O economista tem cumprido sua missão. A empresa atua no food service, no varejo, exporta café e ampliou sua linha de produtos com os lançamentos do café em cápsula, microlote e do drip coffee, que se encaixa dentro de um conceito de “café de bolso” composto por um sachê para o café ser coado na hora. Na entrevista a seguir, Marcelo fala sobre os aprendizados, desafios e dá dicas para quem atua em uma empresa familiar. Quais aprendizados você teve ao trabalhar com seu pai? Trabalho com meu pai desde 2005. Hoje ele fica mais dando palpites e ideias. A gestão é toda profissionalizada e sempre foi muito bom trabalhar com ele. Ele é uma pessoa que deu liberdade para atuar, para errar, acertar, desenvolver, inovar. Ele tem um viés muito de inovação. De tentar, errar, fazer a coisa diferente. Ele sempre me disse que quem faz diferente sai na frente, tem onde ganhar dinheiro, em um oceano azul. Esse sempre foi um dos lemas que ele me colocou na cabeça. Você entrou na empresa para ajudar na modernização? Por quais inovações você foi responsável?
Marcelo Moscofian, CEO do Café Santa Monica: "Os brasileiros estão exigindo um café de mais qualidade"
Não posso olhar a modernização só pela minha visão. Sempre trabalhamos a modernização em conjunto. Minha vinda foi para modernizar, para ter esse olhar de inovação, um olhar mais jovem, mas meu pai sempre foi muito aberto e trabalhou comigo desde a implantação de software, profissionalização, entrada em novos mercados, como o online, e tantos outros. Como você avalia o mercado de café brasileiro? Ainda existe aquela ideia que o café bom brasileiro vai para exportação? O mercado de café brasileiro é sempre bem visto lá fora, mas a gente não sabe se vender. Sempre se trabalhou com muita quantidade – o Brasil representa 35% da produção de café mundial, mas vendemos café barato, sem agregar valor. Essa máxima que o bom café brasileiro vai para fora, sim, aconteceu durante muto tempo. Mas, nos últimos anos, com o trabalho de pequenos torrefadores, como a gente, esse café está ficando no Brasil
para o brasileiro tomar. Em contrapartida, os brasileiros também estão exigindo cafés de qualidade. Qual a importância de a empresa cuidar de todo o processo do café, desde o plantio? Realmente é muito importante cuidar de todo processo do plantio até a torra, principalmente quando você trabalha com um café especial, que passa por muitas fases do cultivo, manejo e torra. Quando todo o processo está na nossa mão, sabemos da procedência, fazemos a rastreabilidade e conseguimos controlar todos esses fatores para chegar a um café de qualidade. Por mais que tenham bons produtores, confiamos no nosso trabalho e sabemos que tendo tudo na nossa mão fica mais fácil. Quais as apostas da empresa e quais as expectativas para o futuro? As expectativas são positivas. Vamos continuar apostando no café especial, de qualidade. O brasileiro está tomando cafés melhores e não
Q ua is a s d ic a s pa ra os empreendedores que trabalham em uma empresa familiar? Cada negócio tem sua peculiaridade. No meu caso, eu tive a sorte de ter espaço para trabalhar e desenvolver o negócio, mas sabemos que isso não é a realidade de todos. Muitas vezes, achamos que temos o potencial de fazer tudo sozinhos e queremos abraçar todas as áreas da empresa e controlar tudo. Esse olhar para quem quer crescer faz sentido até um ponto do negócio, mas o ideal é que você contrate pessoas boas e os melhores, se possível, para que você consiga desenvolver o que é realmente mais importante para a empresa crescer. Uma outra coisa importante: não ter medo de arriscar. Nós, empreendedores, vivemos no risco e pensamos diferente de qualquer outro perfil de pessoas que não empreendem ou não têm esse viés empreendedor. Uma coisa que eu demorei a entender também, em uma empresa familiar, é o quanto os processos são importantes. Em uma empresa familiar, que a gente acaba fazendo tudo sem processo definidos, existe muito retrabalho e perdemos muito o padrão. Olhar para processos desde o começo é importante. Por fim, uma dica é sempre valorizar as pessoas. Elas se sentem bem quando são acolhidas e pertencentes ao negócio, à família.
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Fôlego novo para o esporte
Após faturamento cair 52% na pandemia, empreendedores do setor esportivo Marcos Leodovico*
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m dos segmentos mais afetados pela pandemia de Covid-19, os negócios ligados ao esporte – como academias, personal trainers e complexos esportivos – começam a vislumbrar uma luz no fim do túnel. O avanço da vacinação e a crescente flexibilização das atividades fazem com que empreendedores dessa área retomem os planos interrompidos e até pensem em crescimento.
Segundo a mais recente pesquisa realizada pelo Sebrae em parceira com a Fundação Getúlio Vargas (FGV) sobre o impacto do coronavírus nas micro e pequenas empresas, as academias e negócios relacionados a atividades esportivas chegaram a sofrer uma redução de 52% no faturamento em relação a um mês normal de funcionamento, só ficando atrás dos setores de beleza, economia criativa e turismo. Além disso, 36% alegaram estar com dívidas em atraso.
A consultora em gestão fitness e educadora física Eliane Rocha foi uma das profissionais que sentiram o golpe. Com a chegada da pandemia, a moradora de Indaiatuba conta que foi pega de surpresa com a suspensão das atividades. Naquele momento, sua ideia inicial foi montar um grupo de apoio com os profissionais da área para entender a situação e aguardar soluções. "Não sabia o que fazer, fiquei com um sentimento de impotência.
Não sabia nem por onde começar para me adaptar e adaptar meu negócio”, diz Eliane. “Era uma enxurrada de achismo na internet, todo mundo mostrava solução para algo que até então não tinha solução. Na época, eu tive a ideia de montar um grupo no WhatsApp para entender o que estava acontecendo; foi a forma que encontrei para unir os profissionais da área e formar uma corrente de ajuda”, explica.
planejam-se para a recuperação, com foco no online e em atividades ao ar livre Observando as dificuldades dos empreendedores do segmento, o escritório regional do Sebrae-SP em Campinas lançou o programa Empreenda Rápido: Espor te, que já teve duas turmas. O objetivo foi mostrar técnicas de gestão, tratar de temas como mercado e prestação de serviços. Segundo o gerente regional do Sebrae-SP em Campinas, Nilcio Freitas, a ideia era ajudar um setor que nem sempre é associado ao empreendedorismo, dando atenção especial a profissionais autônomos, como fisioterapeutas e educadores físicos, além de donos de complexos esportivos, academias e realizadores de eventos. “O setor sofreu muito com a pandemia. O personal trainer, por exemplo, não estava mais podendo sair de casa. Ele tinha que se adaptar diante daquela situação que era nova”, diz Freitas. “Muitos trabalhavam com o pessoal da terceira idade, que também ficou recluso no começo. O público continuava querendo as aulas, mas não podia fazer, e de alguma maneira esse empreendedor precisaria se reinventar para dar continuidade ao seu serviço, tanto na parte dos protocolos quanto na parte de atendimento. Mas o principal naquele momento era mostrar como atender de outras formas”, afirma o gerente.
ABORDAGEM
Rafael Viana (esq.) e Gustavo Galego criaram a Fun7 Sports, em Sorocaba, durante a pandemia: planos de expansão
A educadora física Eliane, que passou pelo curso, conta que o foco principal foi na abordagem do cliente e em quais canais ela poderia obter mais resultado, além de oferecer a oportunidade de trocar experiências com outros profissionais da área. “O curso trouxe um olhar profundo sobre o público-alvo e o nicho em que estamos inseridos. Pudemos ver a forma correta de abordagem para cada tipo de cliente e pude fazer uma análise disso. Além do conteúdo – que foi muito bom – conseguimos trocar ideias e conversar bastante sobre o que já tínhamos
feito, levando conhecimento uns aos os outros”, detalha. Com o conhecimento adquirido, Eliane já começa a fazer planos para trazer mais clientes e expandir seu negócio nas mídias digitais. “Agora, o próximo passo é me aprofundar no conhecimento sobre vendas nas redes sociais, até porque o online veio para ficar. Uma coisa é você estar ali com o cliente, outra coisa é você atingir um certo público em meio a tantas ofertas que existem na internet”, conclui. O gerente Nilcio Freitas lembra que o golpe da pandemia também atingiu pessoas envolvidas com diversas atividades correlatas, como vendedores de porta de estádio, produtores de eventos para a área e proprietários de complexos esportivos. “Esses profissionais ficaram sem solução do dia para a noite com as interrupções das atividades. Foi assim com o pessoal do turismo, eventos e o setor de beleza. Mas esses setores sempre têm programas prontos para dar suporte aos empreendedores, já o pessoal que vive do esporte não tinha tanto auxílio”, conta.
NASCIDO NA CRISE
Os sócios Rafael Viana e Gustavo Galego sabem bem dos problemas causados pela pandemia. Eles são donos da Fun7 Sports, complexo esportivo recém-aberto na cidade de Sorocaba com quadras de areia e um campo de gramado sintético, que tem como principais atividades o futebol society, futevôlei, beach tênis e vôlei de praia. A ideia surgiu em 2020, com Viana e seu pai, que sonhavam em ter um empreendimento para a prática de esportes, mas a concretização do local só ocorreu neste ano. “Eu e meu pai tínhamos a ideia de montar a Fun7 dentro de um clube, mas tivemos alguns problemas e acabou não dando certo. Começamos a pesquisar e ver possíveis lugares para a construção do local. Depois de muita procura e pesquisa, achei um terreno grande
e de fácil localização. Foi quando meu pai entrou para negociar os valores do imóvel”, conta Viana. A ideia inicial era ter duas quadras de areia e uma quadra de futebol society, mas o desenho do local mudou várias vezes. Nesse período, Viana tocava o projeto sozinho, enquanto Galego cumpria seus últimos dias empregado como personal trainer em uma franquia de academias. “Fiquei naquele emprego fixo durante quatro anos. Larguei tudo para dar foco total ao nosso sonho”, conta. Com a obra em andamento em meio a pandemia, os proprietários planejavam como seria o atendimento ao público dentro dos protocolos sanitários. Porém, novo imprevisto: o pai de Viana e idealizador do projeto teve Covid19. “Durante um mês, o Gustavo Galego ficou tocando a obra sozinho presencialmente. Eu não podia sair de casa, pois, além do meu pai, minha namorada também teve Covid. A única coisa que me restou foi ficar isolado e aguardar notícias dele sobre como andava a construção. Eu trabalhava de casa pelo computador. Isso foi muito difícil, pois tinha algo acontecendo e eu não estava vendo”, explica Viana. Adaptar o local para receber o público e os praticantes das modalidades esportivas oferecidas no local era uma grande preocupação dos sócios. “Aqui, todo mundo faz exercício em um lugar ao ar livre. Tirando o futebol, os outros esportes não têm contato físico direto, mas sempre estamos deixando bem claro aos nossos clientes sobre os cuidados e protocolos que estão sendo tomados”, explica Viana. Apesar de a pandemia ainda causar muitas dificuldades para os negócios ligados ao esporte, os sócios da Fun7 já pensam em incorporar parte de um terreno vizinho e expandir a empresa. “Os sonhos são muitos. Toda hora que sentamos para conversar,
milhares de ideias surgem”, finaliza Viana.
AR LIVRE
Se por um lado a pandemia atrapalhou a prática de esportes que exigem contato físico e, consequentemente, os negócios ligados a eles, favoreceu as modalidades ao ar livre que permitem algum distanciamento. É o caso do futevôlei, principalmente no momento em que ocorreram f lexibilizações para o funcionamento das atividades. O futevôlei foi uma das primeiras práticas a retornar, enquanto esportes como futebol de quadra ou academias ainda estavam fechados. Quem estava ligado ao futevôlei, portanto, conseguiu sair na frente. “Quando começamos o nosso processo com o futevôlei cinco anos atrás, o esporte não estava tão famoso quanto está hoje. Por conta da pandemia, fecharam muitas academias e as pessoas acabaram indo praticar um esporte ao ar livre”, afirma Ricardo Tiwata, diretor-executivo da marca de uniformes esportivos Athleta, que investe na imagem do futevôlei. Fundada em 1935, a Athleta foi responsável pelas camisas da seleção brasileira de futebol nas Copas do Mundo de 1958, 1962 e 1970. Com 12 franquias espalhadas pelo País, hoje a empresa produz uniformes também para futsal, além de acessórios esportivos, como mochilas e máscaras, entre outros. A empresa tem como garoto-propaganda da sua linha de futevôlei o jogador Fábio Soares, mais conhecido como Bello, e considerado o maior campeão do esporte, somando 29 torneios nacionais e nove títulos mundiais. Segundo Tiwata, a associação com a imagem de Bello tem ajudado a expandir a marca para o esporte que ganha cada vez mais força e adeptos no Brasil. “Além da busca pelo ar livre, as pessoas também procuram um lifestyle e a areia e o sol trazem essa ‘terapia’”, completa. *Estagiário sob supervisão dos editores
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Uma loja para chamar de nossa
O modelo de espaços colaborativos reduz custos e facilita
Marli Ferreira, do Ateliê dos Mantecais: faturamento aumentou 100% com a participação na loja colaborativa
Patricia Gonzalez
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m negócio com custos reduzidos é o desejo de qualquer empreendedor. Nesse sentido, a economia compartilhada, em que se encaixam as lojas colaborativas, é uma opção para quem tem um pequeno comércio. O modelo permite que o empreendedor alugue um espaço com outras pessoas e consiga diminuir as despesas que normalmente teria para manter um ponto físico. Além disso, possibilita atuar em lugares onde os gastos geralmente são mais altos, como shoppings. A analista do Sebrae-SP Joyce dos Santos reforça que a loja colaborativa é uma tendência para os pequenos negócios por causa da facilidade em oferecer condições
para que o empreendedor tenha a oportunidade de montar um ponto comercial com pouco investimento. “Uma das maiores vantagens é a redução de custos. Com as lojas, os empreendedores buscam de forma coletiva atingir o mesmo objetivo de atender seus clientes, vender produtos, além de conseguirem desenvolver seu comportamento empreendedor na prática”, avalia. Marli Ferreira, proprietária do Ateliê dos Mantecais, passou a participar de uma loja colaborativa no Tietê Shopping, na capital paulista, em junho deste ano. Após participar do programa Mulheres Solidárias (leia mais na página ao lado), Marli começou a realizar suas vendas na loja física com outras 13 empreendedoras, dentro do projeto conduzido
pelo Sebrae-SP. “Nunca tive uma loja por conta do investimento necessário. Meu tíquete médio era baixo e o investimento é alto. Sempre que perguntavam, eu dizia que não dava para mim, que não era o momento.” Marli começou o seu negócio em setembro de 2013. A ideia era trabalhar com biscoitos artesanais que resgatavam a memória da infância. Ela iniciou as suas vendas nos escritórios em que atendia quando era gestora comercial. Fazia os biscoitos, colocava em saquinhos de celofane e saía para vender. Com o passar do tempo, foi incrementando a quantidade de sabores e desenvolvendo produtos de acordo com a necessidade do mercado. “Reparei que havia muitos veganos, por exemplo, e na hora do coffee
break não tinha opções para eles. Assim fui desenvolvendo alternativas sem perder o sabor da infância. Foi o ‘boom’ do Ateliê”, relembra. Mesmo com o aumento das vendas, Marli não considerou ter uma loja física em um primeiro momento. O negócio foi crescendo e os donos das corretoras em que vendia os biscoitos mostraram-se interessados nos produtos para realizar ações comerciais. A partir daí, a venda para empresas cresceu ainda mais. “Comecei a participar de rodadas de negócios, grupos de WhatsApp e vender para estabelecimentos comerciais. Depois disso, fui ao Sebrae para buscar orientações”, relembra. A partir daí, um vasto campo de atuação em eventos se abriu. Com as
ter um ponto de venda em grandes centros comerciais capacitações realizadas no Sebrae-SP, Marli conseguiu também participar de bazares e pôde realizar outros trabalhos importantes, como o início de fixação de sua marca. “Cheguei a participar de um bazar no Jockey Club de São Paulo. Naquele momento eu achei que estava pronta para abrir a minha loja, mas aí veio a pandemia e perdi muitos dos meus clientes”, relembra. Com a queda no faturamento, ela tentou expandir suas vendas para pessoas físicas e investiu em cestas de café da manhã. Algum tempo depois, Marli ficou sabendo da capacitação do programa e voltou ao Sebrae para se qualificar mais. “Descobri durante o curso que a primeira loja colaborativa seria no Tietê Plaza. Eu fui uma das escolhidas e representou uma oportunidade para eu testar o mercado, conhecer o público presencial como lojista. O público de shopping é novo para mim. É uma grande oportunidade para que eles possam conhecer a minha marca”, comemora. Marli já admirava outras referências de biscoiteira em shopping, mas nunca imaginou que um dia também pudesse estar lá. “Meu faturamento aumentou 100%. Esse para mim era um sonho distante.” A empreendedora acredita que lojas colaborativas vieram para ficar. “Muitos empreendedores já entenderam que é uma forma de dividir espaço e custos. Eu mesmo não tenho condições de assumir uma loja sozinha. E conversando com outras empreendedoras, elas falam a mesma coisa. Acredito que esse modelo de negócio é uma ideia para quem quer crescer e não tem investimento, mas tem muita vontade de seguir em frente.” Além da questão financeira, a empreendedora também vê outras vantagens de atuação num espaço compartilhado. “Uma loja colaborativa também gera curiosidade para o público em geral. Os clientes também acham importante e interessante essa forma de negócio. Outro ponto importante é que em uma loja colaborativa não é só o seu produto que está exposto. Então você acaba exibindo seu produto para clientes de outras
pessoas também, eles passam pela casa toda. O público aceita e apoia esse tipo de negócio”, afirma. Após o término de seu período no programa (cada participante fica na loja durante três meses), Marli tem a ideia de seguir com atuação em outras lojas colaborativas. Para ela, apostar no ponto físico em conjunto com as redes sociais é muito importante para o sucesso. “Tenho interesse em participar de outras lojas colaborativas e tenho pesquisado opções. Outras colaboradoras do projeto pensam da mesma forma e estamos pensando num jeito de viabilizar isso para dividir espaço e todas as despesas do local", diz.
RUA OU SHOPPING
Cleide Gueiros, proprietária da Santa Amazônia, teve uma loja física por cinco anos no bairro de Santana, na capital paulista, mas precisou fechá-la em 2017. A empreendedora tem entre seus produtos sabões 100% naturais, aromatizadores de ambientes, entre outros itens voltados para o bem-estar e boas experiências de seus clientes. Formada em publicidade, ela focou no empreendedorismo para mudar de carreira; o ponto comercial e as estratégias de vendas online foram sua primeira aposta. “Tive problemas pessoais, algumas questões que precisavam ser resolvidas, e decidi fechar a loja. Comecei a trabalhar em eventos, mas confesso que pensei em desistir em muitos momentos.” Na época em que tinha loja física, ela chegou a ter 24 aromas em seu portfólio. Com o tempo e contato com o público, ela conseguiu observar quais os de maior interesse dos clientes. Com essa experiência, ela partiu rumo ao projeto com a loja colaborativa do Sebrae-SP e atualmente está conseguindo se capitalizar para seguir novos rumos. “A experiência de estar em loja colaborativa é maravilhosa. Eu não tinha experiência de loja de shopping. É completamente diferente de uma loja de rua. Tinha muitos produtos em estoque quando cheguei lá. Minhas vendas aumentaram muito e meu faturamento cresceu 30%”, comemora.
Cleide considera a experiência de ter uma loja em shopping um sonho realizado, e ela já pensa em voos mais altos. “Agora que vi como é ter loja em shopping, quero uma para mim. As pessoas podem se ajudar para isso, pois as coisas não são fáceis para o empreendedor. Tem muita burocracia e muitos custos. Estou totalmente convencida desse formato e qualquer loja que eu tiver eu quero dividir. Ninguém faz nada sozinho.” Para a analista de negócios do Sebrae-SP Joyce dos Santos, o primeiro passo para os empreendedores interessados em participar de lojas colaborativas é planejar suas ações e buscar a capacitação adequada para entender o negócio. “É preciso
entender o seu produto e avaliar se ele é aderente ao espaço coletivo. O empreendedor precisa também estar aberto a mudanças e ter forte espírito colaborativo”, explica. Neste modelo de negócio é preciso estar atento a todas as regras para participação em um projeto coletivo e estar disposto a se desenvolver e crescer em conjunto. Por isso, no Projeto Mulheres Solidárias, além das capacitações as empreendedoras participantes passaram por uma seleção para avaliar todos os pontos envolvidos. “Na loja física, as empreendedoras precisam, além da capacitação, ter CNPJ e o produto tem de ser adequado ao perfil dos clientes do shopping parceiro.”
PROJETO MULHERES SOLIDÁRIAS O Projeto Mulheres Solidárias é uma parceria do Sebrae-SP com o Instituto Syn, Instituto Ecoar e o Instituto Alampyme para capacitar e dar oportunidade de geração de renda para mulheres em situação de vulnerabilidade social, agravada pela pandemia de Covid-19. Após passar por trilha de capacitação, 14 mulheres da turma piloto do projeto agora têm a oportunidade de expor seus produtos de forma conjunta em uma loja do shopping Tietê Plaza, ligado ao grupo Syn. As empreendedoras passaram por diversas capacitações para lidar com a gestão de negócios, desenvolver estratégias de vendas e atuar tanto em lojas físicas como também em ambiente digital. A formação tem como objetivo contribuir com a geração de renda de mulheres que, muitas vezes, são as responsáveis pelo sustento da família. A capacitação também busca ampliar o leque de oportunidades
de negócios, já que a loja colaborativa se apresenta como uma alternativa vantajosa para as pequenas empreendedoras “No mês de junho, inauguramos a loja do Tietê Plaza Shopping. Temos também a previsão de inaugurar uma loja no Shopping D e também nos shoppings Cidade São Paulo e Gran Plaza”, afirma a analista de negócios do Sebrae-SP Joyce dos Santos. De acordo com ela, os contratos das empreendedoras têm a duração de três meses, podendo ser renovado. Elas não pagam aluguel, condomínio, água e luz do espaço. Para participar a empreendedora precisa passar por todas as fases de capacitação, ter CNPJ, ter produto adequado para o espaço, e retornar 3% de valor total das vendas – que volta para o Instituto Syn para ser investido em projetos sociais. As empreendedoras fazem escala para venda dos produtos do espaço e são responsáveis pela manutenção e limpeza da loja.
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QUANDO O CLIENTE É O MELHOR VENDEDOR A propaganda boca a boca, especialmente na internet, funciona como uma
estratégia de marketing eficiente; conheça boas práticas para cultivar sua reputação e depois dos nossos clientes, o que conta muito na confiança das pessoas em nosso trabalho”, afirma Cristina.
CONTATOS
Paulo Pazzine e Cristina Mendes, da Fame Print: elogios à empresa na internet fizeram a diferença para o sucesso
Rogério Lagos
O
s empreendedores podem tentar de tudo para alavancar as vendas: buscar novidades, investir em serviços, oferecer promoções, vouchers e tantas outras estratégias de marketing, mas nenhuma parece ser tão eficaz para atrair clientes quanto o bom e velho boca a boca. Principalmente na era digital, a indicação por alguém de confiança – seja amigo, parente ou mesmo um influenciador digital – transforma clientes em divulgadores sem fronteiras de uma marca, produto ou serviço. Um estudo do Instituto Nielsen aponta que 92% dos consumidores no mundo confiam totalmente na indicação de um amigo ou familiar perante qualquer outra forma
de propaganda, seguidos por 70% que acreditam nas opiniões de quaisquer outras pessoas no ambiente virtual. Segundo o consultor do Sebrae-SP Adriano Campos, as pessoas costumam confiar muito mais na opinião do outro – mesmo sendo um completo desconhecido – do que nas mensagens publicitárias. “Isso ajuda a explicar, em parte, o motivo de reviews, notas e avaliações na internet atraírem tanta atenção do público”, diz. O casal Cristina Mendes e Paulo Pazzine apostou no boca a boca no ambiente digital para prosperar. Para criarem sua empresa, a Fame Print, em São Paulo, eles uniram a expertise de 15 anos de Pazzine no segmento de adesivos e envelopamentos com os conhecimentos
de marketing de Cristina. Mas, de início, isso não foi o suficiente para fazer o negócio decolar. A empresa surgiu dias antes de a pandemia chegar ao Brasil, em março de 2020. Os clientes empresariais, que vinham dos trabalhos anteriores do casal, fecharam as portas e os deixaram sem faturamento. Pazzine conta que sua cunhada indicou uma influenciadora de beleza que precisava envelopar um guarda-roupas e colocar um papel de parede na cozinha. Propuseram uma permuta envolvendo postagens em suas redes em troca dos materiais e aplicações. A parceria deu muito certo, a influenciadora virou cliente e sua audiência amplificou a visibilidade da Fame Print. “A Cristina não estava dando conta de responder as mensagens
que chegavam. Pulamos de 700 para 1,8 mil seguidores no Instagram. Passamos a correr atrás de parcerias com influenciadoras e até passamos a ser procurados por elas”, lembra o empreendedor. Hoje, com ajuda da internet, a Fame Print tem clientes até em outros Estados. Mas as indicações sozinhas também não fazem milagre. O casal explica que foi necessário reformular a gestão da empresa. Buscaram auxílio no Sebrae-SP, participaram do programa gratuito de inovação Brasil Mais, fizeram uma imersão em gestão financeira e contrataram uma empresa de marketing para repaginar as redes sociais. “Nosso Instagram parecia ‘fundo de quintal’. Hoje temos uma identidade, além de trabalharmos também com os antes
Já o administrador de empresas e chef de cozinha Ricardo Costa procurou seu público antes mesmo de abrir, em maio, a Cozinha do Rica, localizada em Indaiatuba, interior de São Paulo. O momento já exigia cautela por causa da pandemia, o que fez com que ele buscasse em suas experiências anteriores subsídios para a nova jornada. Ele resgatou os contatos de seus clientes, principalmente os ativos da dark kitchen que mantinha desde 2020 apenas com delivery, para saber qual era a expectativa deles em relação a um novo restaurante na cidade. Criou um formulário com perguntas como os tipos de pratos, vinhos, localização, espaço e disparou pelas redes sociais. Para estimular as respostas, sorteou um jantar no novo restaurante entre os que respondessem. Dos cerca de mil disparos, 300 retornaram – e com sinalizações positivas. “O objetivo era o boca a boca mesmo. Em cidades pequenas, as pessoas dão muito valor à nossa proposta de relacionamento, atendimento descontraído, ambiente legal e boa comida”, afirma. A estratégia deu tão certo que o restaurante começou a se expandir, passando dos 26 lugares internos para mais 16 na calçada. O relacionamento sincero com os clientes segue a todo vapor por meio de pesquisas, seja para recebimento de cardápio pelo WhatsApp ou novos pratos semanais. Costa destaca a importância do Sebrae-SP desde a abertura do restaurante. “A ajuda do Sebrae-SP foi fundamental. Muitas vezes perdemos tempo achando que sabemos tudo. Já tive outros negócios, mas mesmo assim, não dá para mensurar a ajuda do Sebrae-SP, sempre o indico”, diz. Nas redes sociais, os depoimentos e compartilhamentos por parte dos clientes marcam uma das principais características do boca a boca na era digital, a prova social online:
rápida, sincera e com grande alcance. “Relatos escritos, uso de hashtags conectadas com marcas e estabelecimentos, cases de sucesso, votações, avaliações, depoimentos, parcerias, notícias veiculadas na imprensa, comemoração do crescimento da audiência nas redes sociais, entre tantos outros, são exemplos das principais provas sociais existentes hoje no ambiente virtual”, explica Adriano Campos, do Sebrae-SP.
APROVAÇÃO
Nesse contexto, já existem empresas que conectam marcas a consumidores com alto engajamento, como a The Insiders. A empresa seleciona clientes que têm afinidade com a proposta da marca e organiza o envio de produtos para serem testados e avaliados por eles, que compartilham a experiência com os amigos nas redes sociais. O que vale aqui é mostrar as impressões e as experiências com o produto escolhido, da forma mais sincera e íntima possível. Nesse modelo, uma pessoa que tem o perfil para uma campanha de uma marca não necessariamente terá para as demais. No processo de seleção para o envio dos produtos, a empresa escolhe quem tem os valores alinhados ao que querem divulgar. “O maior erro é não entender para quem está direcionando a mensagem que quer propagar”, afirma o diretor da empresa, Joel Amorim. “Esse tipo de marketing, que possibilita aos consumidores a oportunidade de fazer parte dessa vivência e de compartilharem suas impressões e opinião, é a melhor maneira de influenciar, já que fomenta uma discussão orgânica e efetiva”, diz. Segundo ele, grandes marcas apostam em consumidores reais que possam espalhar boas percepções sobre o produto. Com as redes sociais, os clientes têm voz ativa sobre o que consomem e o marketing boca a boca passa a ser uma das melhores estratégias para conquistar defensores para a marca – a consequência é intensificar os processos de compra e fidelização.
5 PASSOS PARA USAR A OPINIÃO DO CONSUMIDOR NO AMBIENTE DIGITAL
1
PROCURE SER IMPECÁVEL: Pior do que não ter boas recomendações é ter avaliações negativas. O marketing boca a boca só vai funcionar de verdade se houver desejos surpreendidos e experiências marcantes. Acontecimentos normais não chamam a atenção.
2
ESTEJA ONDE O PÚBLICO ESTÁ: Receber boas avaliações é sempre bom. Melhor ainda é monitorar e fazer uso delas sem passar do limite do bom senso. Dê a chance para seu cliente comentar sobre suas redes sociais, fotos, vídeos etc.
3
USE BEM OS GATILHOS MENTAIS: Avalie o que mais chama a atenção e o que mais pode surpreender seu público-alvo. No gatilho mental da reciprocidade, considere oferecer brindes, amostras, testes sem compromisso, simulações, degustações, experimentação antecipada. No gatilho da prova social, demonstre que outros clientes estão satisfeitos por meio de cases e depoimentos, convide para grupos exclusivos de clientes etc. Se quiser usar o gatilho da autoridade, apresente suas certificações, as notas das avaliações e parcerias com marcas respeitadas.
4
ATENÇÃO ÀS RECLAMAÇÕES: As críticas também fazem parte, mas não são suficientes para arruinar a reputação de uma empresa se ela souber tratar com respeito e profissionalismo. Ao receber a crítica pública, entenda rapidamente o que a motivou, corrija a falha, ofereça alguma compensação que surpreenda o cliente, responda publicamente e jamais a ignore.
5
SEJA CRIATIVO: Não se deixe levar pela trabalhosa operação do dia a dia. Essa rotina tumultuada pode tirar o seu foco do que importa: oferecer experiências marcantes e surpreendentes para seus clientes.
Fonte: Adriano Campos, consultor do Sebrae-SP
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Sabemos da importância da delegação de tarefas em qualquer empresa para que haja agilidade e qualidade. A concentração do conhecimento nas mãos de poucos só traz consequências ruins. Algumas vezes, o conhecimento está concentrado nas mãos do próprio dono, que acha isso normal, e até prefere que seja assim. Porém, a empresa não cresce e predomina um clima de paternalismo. Em outras situações, o conhecimento está concentrado na mão daquele funcionário antigo, que abre a empresa, conhece todos os processos e macetes para resolver os problemas. Geralmente, ele tem pouco estudo e acha que não repassar informações ajuda a manter o emprego dele, além de alimentar o seu ego perante a família, amigos, colegas etc. É importante lembrar que delegar uma tarefa não é abdicar dela. Ou seja, não é colocar a pessoa na função, dar um treinamento verbal e rápido e falar a frase mágica: “vai tocando aí, qualquer coisa me chama”. Outro fator importante é assegurar que todos da empresa saibam qual é a
missão e o propósito a ser atingido. O líder deve fazer com que as pessoas do seu time se sintam parte de uma missão. Todos devem enxergar um significado no que estão fazendo. Ter uma rotina exaustiva de atividades e sem enxergar o significado delas só causa estresse e desmotivação. No processo de delegação de tarefas, temos duas etapas importantes: capacitar as pessoas e comunicar quem está capacitado. Para que possamos treinar as pessoas, primeiro precisamos escrever os procedimentos operacionais. Pode-se pensar nas atividades mais importantes, em cada processo e escrever o passo a passo para executar as tarefas. Lembrando que o procedimento pode ser registrado na forma de texto, tabela, fluxograma, fotos, vídeos ou áudios. O que deve ser evitado é colocar o funcionário novo ao lado do antigo para aprender as tarefas. Logo ele assimilará os vícios do veterano, o que não é bom. Também é importante definir as responsabilidades e autoridades na empresa. Isso pode ser feito por procedimentos escritos, tabelas, quadros etc.
Em tempos recentes, a transformação digital ganhou uma importância enorme para a sobrevivência e competitividade de negócios dos mais diversos setores. No entanto, ainda há um bom caminho a ser percorrido pelas micro e pequenas empresas (MPEs) em relação a essa questão. Segundo o Mapa de Digitalização das Micro e Pequenas Empresas Brasileiras, realizado pela Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) e pela Fundação Getulio Vargas (FGV), 66% das MPEs brasileiras estão apenas em estágio inicial da transformação digital. O levantamento mostra ainda que 30% delas estão na fase intermediária e 18% são analógicas. Também chama a atenção que a média de maturidade digital das MPEs seja de 40,77 pontos em uma escala de 0 a 100, sendo 0 nada digital e 100 totalmente digital. Além disso, só 27,5% delas têm um site interativo e 19% coletam dados dos clientes. Na pesquisa, foi analisado o grau de implementação de 25 boas práticas digitais e do uso de tecnologias de 2.572 empresas, sendo 1.176 do setor de serviços, 804 do comércio e 537 da indústria. Quando observados os motivos para essas MPEs não serem mais digitais, cerca de 40% delas alegaram faltar dinheiro para essa finalidade. Já 25% informaram não ter
estratégia para concretizar sua transformação digital ou desconhecer como fazê-la. Acredito que parte da pouca digitalização se deve a fatores que precisam ser desmitificados. Transformação digital é uma inovação e muitas vezes o empreendedor ou empreendedora acredita que isso só é possível com investimentos altos. Inovar é fazer diferente ou fazer algo que não era feito antes, sem necessariamente depender de gastos elevados. Quanto à falta de estratégia e de conhecimento para digitalizar a empresa, o Sebrae-SP está a postos para ajudar. Desde o ano passado, nossa equipe tem orientado por meio de lives, consultorias, palestras, oficinas e cursos como realizar o processo dentro da realidade de cada negócio. Não é por falta de informação e auxílio que sua empresa vai ficar estagnada no mundo analógico. Conte conosco para colocar seus negócios no caminho certo e aumentar suas chances de sucesso.
WILSON POIT, diretor‑superintendente do Sebrae‑SP
O Sebrae Responde é um serviço para tirar dúvidas de empreendedores sobre a abertura de novos negócios e questões relacionadas à gestão de empresas já em atividade.
Acompanhe o Sebrae‑SP no ambiente digital, em www.sebraesp.com.br, e nas redes sociais: twitter.com/sebraesp facebook.com/sebraesp instagram.com/sebraesp flickr.com/sebraesp issuu.com/sebraesp soundcloud.com/sebraesp sebraeseunegocio.com.br youtube.com/sebraesaopaulo
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Inovadora no segmento de brinquedos infláveis, PlayPark teve de corrigir rumos na pandemia
CONSULTORIA Consultoria em: ISO 9000, VDA, IATF, 14000, 45000,PBQPh, SASSMAQ, PPRA/PCMSO. www.sgqandrade.com.br WhatsApp: (11) 98265-8444.
Para tornar a comu‑ nicação mais aces‑ sível ao cliente com deficiência auditiva, o Sebrae‑SP disponibiliza o serviço de intérprete de Libras em seus eventos presenciais. A solicitação do serviço deve‑ rá ser comunicada no ato da inscrição e com antecedência de 5 (cinco) dias úteis à data de realização do evento. O cliente ou seu representante poderá se inscrever pessoalmente nos Escritórios Regionais, pelo portal do Sebrae‑SP ou pelo 0800 570 0800.
Luis Fernando Pereira, da PlayPark: melhora dos processos internos enquanto aguarda a retomada
SUA EMPRESA PODE FAZER PARTE DO TIME DE PARCEIROS DO SEBRAE-SP
*Mariel Mathias
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PlayPark, fábrica de brinquedos infláveis criada em 2000, em Leme, começou com seu estoque no quintal da casa de Luis Fernando Pereira, então um dos sócios da empresa – que depois passou a ser só dele. Em 2006, a PlayPark apareceu em uma matéria na revista “Pequenas Empresas Grandes Negócios”, o que fez com que a fábrica ganhasse uma grande notoriedade no mercado, resultando em muitos pedidos de produtos. “Nós tínhamos tantos pedidos que não dávamos conta de atender a todos” diz Luis Fernando. Com o sucesso, veio também o desejo de expandir a empresa e, para isso, inovação foi um ponto fundamental.
Desde o início, o foco da PlayPark foi voltado para entregar tecnologia aos clientes. Pereira conta que a empresa foi a primeira a implementar, ainda em 2009, o corte digital no segmento, assim como a impressão digital nos brinquedos. “Isso elevou o patamar de design, já que antes era um artista que pintava manualmente”, diz. Além disso, a PlayPark começou a trabalhar com modelagem 3D. “Nós conseguimos desenvolver qualquer figura no brinquedo inflável, se você quiser um dinossauro 3D, conseguimos fazer, e isso fez com que a gente se nivelasse até ao mercado americano”, conta. Em 2018, em meio a um acompanhamento do programa Agente Local de Inovação (ALI), do Sebrae, a empresa
chegou a ser vencedora do Prêmio Nacional de Inovação. Assim como quase todos os empreendimentos ligados ao setor de eventos e entretenimento, a PlayPark ainda está sendo afetada de maneira drástica pela pandemia de Covid-19. Ele teve de reduzir muito os custos e, para isso, também precisou diminuir o quadro de funcionários. “Estamos tentando nos reinventar e buscarmos soluções para conseguirmos atravessar este período tão turbulento, mas ainda não encontramos alternativas que possam sobrepor as peças, porém não estamos desistindo, aliás, desistir não é uma opção”, diz Pereira. Para ajudar a encontrar essas alternativas, o empreendedor procurou pelo Sebrae assim que soube do programa
Brasil Mais (antigo ALI). “Fiz questão de participar por dois motivos: primeiro, porque estávamos em redução pela pandemia, e também porque vamos precisar retomar os negócios quando tudo isso terminar. Esse é o momento de olhar para dentro e enxergar onde podemos melhorar”, afirma. A análise do Sebrae apontou problema na cultura de indicadores, por exemplo. "Precisamos rever alguns processos internos nas áreas de produção, marketing, RH e administrativo. Principalmente na área de produção, onde tínhamos alguns gargalos”, diz. Para melhorar esses processos, uma solução foi implantar reuniões periódicas para apresentação, acompanhamento e deliberação de ajustes sobre indicadores pré-definidos para cada setor. “Isso foi bastante positivo, pois ele sempre teve essa posição de criar essa cultura para gerar esses dados de indicadores e analisá-los. Conseguir criar esse hábito dentro da empresa faz com que ele consiga identificar os problemas um pouco antes de acontecerem", diz Paula Pacheco, consultora do Sebrae-SP. No momento atual, enquanto se prepara para a retomada, Pereira conta que está satisfeito com os resultados que alcançou já que melhorar os processos internos era o seu foco principal. “Participar do programa foi de grande valia para nós, pois conseguimos criar uma nova cultura de geração e análise de indicadores, assim como nos fez desenvolver metodologias novas de percepção dos problemas e de como agir para resolvê-los de forma a não se repetirem”, finaliza. *Estagiária sob supervisão dos editores
EXPEDIENTE Publicação mensal do Sebrae‑SP Edição impressa
DIRETORIA EXECUTIVA Diretor‑superintendente: Wilson Poit Diretor técnico: Ivan Hussni Diretor de administração e finanças: Guilherme Campos
Marcos Leodovico e Mariel Mathias. Imagens: www.gettyimages.com. Diagramação: Bruna Silene dos Santos. Fotos: Ricardo Yoithi Matsukawa – ME e Carlos Raphael do Valle – ME para o Sebrae‑SP e Fernando Munhoz. Apoio comercial: Unidade Relacionamento: (11) 3177‑4784
CONSELHO DELIBERATIVO Presidente: Tirso Meirelles ACSP, ANPEI, Banco do Brasil, Faesp, FecomercioSP, Fiesp, Fundação ParqTec, IPT, Desenvolve SP, SEBRAE, Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia, Sindibancos‑SP, Superintendência Estadual da Caixa Econômica Federal.
JORNAL DE NEGÓCIOS Unidade Marketing e Comunicação Gerente: Mariana Ribas Coordenadora de Imprensa e Conteúdo: Marcelle Carvalho Editores responsáveis e redatores: Gabriel Jareta (MTB 34769) e Roberto Capisano Filho (MTB 46219). Assessores de imprensa: Gisele Tamamar, Patricia Gonzalez e Rogério Lagos. Estagiários:
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TEC & IDEIAS
LIVROS
QUAL É O SEU PROBLEMA? (Benvirá) É comum empresas terem dificuldade de resolver os problemas certos, e as consequências são sérias: líderes que travam batalhas erradas em termos estratégicos, times que desperdiçam energia em trabalho de baixo impacto, startups que desenvolvem produtos que ninguém quer, entre outras coisas. O segredo é recontextualizar, uma habilidade essencial e pouco utilizada. Thomas WedellWedellsborg oferece um método simples de três passos (contextualizar, recontextualizar e seguir adiante), que todos podem usar para começar a solucionar os problemas certos.
GANHANDO TRAÇÃO (Sextante) Você controla sua empresa ou sua empresa controla você? O livro baseia-se em experiências reais, em sabedoria prática e em verdades atemporais. O autor, Gino Wickman, se propõe a desfazer frustrações comuns dos negócios implementando as mesmas ferramentas básicas que as organizações de sucesso empregam. Para Wickman, é necessário ter habilidades, ferramentas e um sistema para otimizar seu pessoal, seus processos, sua execução, sua administração e sua comunicação. Segundo o autor, você precisa de fortes princípios orientadores que funcionarão para sua empresa todos os dias.
PERGUNTE A QUEM ENTENDE “Como usar o WhatsApp para vender mais?” Por Guilherme Hernandez, CEO da Kyte
MULHERES PRETAS LIDERAM MAIORIA DOS NEGÓCIOS NA PERIFERIA
DONOS DE LIVES DO TIK TOK GANHAM NOVOS CONTROLES DURANTE A TRANSMISSÃO
Levantamento da Artemisia, organização que fomenta empreendimentos de impacto social, com 373 negócios periféricos das regiões Sul e Sudeste, mostrou que 62,1% dessas empresas são lideradas por mulheres. Entre essas empreendedoras, a maioria é preta e parda: 59,4% e 20,3%, respectivamente. Esse resultado reafirma o papel fundamental que essas mulheres têm dentro de suas comunidades.
O TikTok incluiu novas ferramentas no campo de criação de lives em sua plataforma. Com isso, os anfitriões podem adicionar uma pessoa de confiança para gerenciar as transmissões ao vivo com autonomia para silenciar e bloquear usuários que desrespeitarem os criadores de conteúdo. O dono do perfil e o auxiliar, que deve ser adicionado antes de a live começar, terão os mesmos recursos de exclusão de participantes disponíveis. O objetivo, de acordo com a empresa, é “ajudar a manter a transmissão acolhedora e civilizada” e ajudar o criador a se concentrar apenas na live, enquanto outra pessoa administra comentários e reações.
SÃO PAULO É A SEGUNDA MELHOR CIDADE PARA EMPREENDER NA AMÉRICA LATINA A cidade de São Paulo se destaca no ranking dos melhores lugares para empreender na América Latina. São Paulo foi classificada como a segunda melhor cidade latino-americana para iniciar ou expandir um negócio. O primeiro lugar ficou com Santiago, no Chile. A terceira posição é de Lima, no Peru. O levantamento foi feito pela Orbelo, plataforma de comércio eletrônico que auxilia empreendedores na montagem de negócios online. A pesquisa aponta as metrópoles com melhor cenário para empreender, financiar e fazer crescer negócios na América Latina e no mundo.
FILMES
UPSTARTS A produção indiana Upstarts conta a história de três universitários que criam uma startup para lucrar ao mesmo tempo que tentam fazer o bem para a sociedade. No entanto, enquanto o negócio se desenvolve, a amizade deles se deteriora. Disponível na Netflix
PODCAST
MENTORA AÍ Apresentado como o “podcast para os líderes do futuro”, o Mentora Aí é um programa conduzido pela empreendedora e especialista em marketing Marina Proença. Em cada programa, Marina conduz uma conversa de 30 minutos com mentores que vivenciam de maneira prática o novo contexto do trabalho – com temas que vão de design organizacional a criação de conteúdo, sempre com foco na inovação. O Mentora Aí está disponível nos principais aplicativos do áudio.
VÍDEO
Assista em:
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A LÓGICA DO CISNE NEGRO (Objetiva) Um cisne negro é um evento que reúne três características principais: é altamente improvável, produz um enorme impacto e, depois que acontece, inventamos uma explicação que o faça parecer menos aleatório e mais previsível do que de fato é. Para Nassim Nicholas Taleb, esse fenômeno está na base de quase tudo que acontece no mundo – da ascensão das religiões aos acontecimentos em nossas próprias vidas. O incrível êxito do Google, por exemplo, foi um cisne negro, assim como o 11 de setembro. Por anos, Taleb estudou sobre a forma como nos enganamos ao achar que sabemos mais do que na verdade sabemos. Segundo ele, fixamos nosso pensamento em dados irrelevantes, enquanto eventos maiores continuam a nos surpreender e a moldar o mundo.
Para potencializar as vendas via WhatsApp, é fundamental para o empreendedor criar um perfil Business — uma modalidade de uso que conta com ferramentas extras para o vendedor. É possível, por exemplo, configurar respostas automáticas, salvar mensagens enviadas com maior frequência para reutilização e criar etiquetas para organizar os pedidos recebidos. Deve-se manter esse perfil atualizado com horário de funcionamento, endereço e redes sociais, além de criar mensagens de saudação e ausência. Outra estratégia é explorar o “Status” — recurso em que a publicação fica visível por 24 horas — para anunciar novidades e promoções. Também é importante que o vendedor aproveite o contato por WhatsApp para entender melhor os clientes, investindo no envio de conteúdos e promoções específicas de acordo com os seus perfis. Isso pode ser organizado por meio da criação de diferentes listas de transmissão. As listas, aliás, devem ser sempre usadas no lugar dos grupos, já que assim é possível enviar mensagens para vários contatos de uma só vez sem que os destinatários vejam as respostas uns dos outros. Agora, com a liberação do WhatsApp Pay — uma novidade dentro do aplicativo que permite pagamentos diretamente na plataforma — o WhatsApp se tornará um canal ainda mais efetivo de vendas. Porém, é essencial que ele esteja integrado a outros canais, como loja física, e-commerce e redes sociais. Afinal, é cada vez mais comum que o consumidor veja um produto no Instagram, entre no site da loja, faça o pedido pelo WhatsApp e o retire presencialmente. Para vender mais, é fundamental estar presente nesse ecossistema.
Tem alguma dúvida sobre como a tecnologia pode ajudar o seu negócio? Pergunte a quem entende! Mande um e‑mail para imprensa@sebraesp.com.br.
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Qualidade no espetinho
Dono do Rei do Churrasquinho, em Registro, Vitor Maragni se adaptou para crescer mesmo com restrições
Vitor Maragni teve cerca de 20 negócios antes de “dar certo” com seu restaurante
*Depoimento a Mariel Mathias
“A
ntes de abrir o meu restaurante, o Rei do Churrasquinho, eu tive cerca de 20 negócios. Fui de cabeleireiro a dono de mercearia, mas acabei me encontrando como ambulante: tive carrinho de churros e milho-verde até chegar aos churrasquinhos. Comecei com um carrinho na frente do supermercado, na época o primeiro supermercado da cidade de Registro. Por esse motivo, havia muitos clientes e a ideia do carrinho deu muito certo. Senti a necessidade de abrir uma fábrica própria de espetinhos embalados à vácuo. Em princípio, era produção apenas para o meu carrinho, mas meus clientes pediam espetinhos para fazer em casa, então também tive que fabricar para essa finalidade.
Comecei a receber convite para fazer espetinhos para aniversários, festas de 15 anos, casamentos e acabei inaugurando outro carrinho de espetinhos em um local diferente, até que vi que tinha demanda e necessidade de abrir um espaço físico maior, para que meus clientes pudessem se reunir com a família e os amigos. Com o restaurante, consegui agregar mais valor e aumentei meu tíquete médio. Coloquei opções de espetinhos diferenciados no cardápio, como carne de jacaré e espetinho de strogonoff, entre outros. O meu foco sempre foi entregar algo diferente e de qualidade. Eu me preocupo com cada detalhe do restaurante para que seja uma boa experiência para meus clientes, desde a decoração rústica, com meia luz, algo que traga sensação
de conforto, até o banheiro nos mínimos detalhes, com enxaguante bucal, fio-dental e limpeza a todo instante. Antes da pandemia, o restaurante ficava aberto até as 3h nos fins de semana, pois meu objetivo era também entregar entretenimento aos meus clientes, então nós tínhamos desde música ao vivo até apresentação de comédia stand up. Após um ano de inauguração do restaurante, chegou a pandemia. Fiquei dois meses balançado até conseguir me estabilizar novamente. Tive de parar de vender espetinhos nos carrinhos, pois foram proibidos ambulantes na rua. Isso era algo que me dava muito lucro, já que o custo do carrinho é baixo. A maior parte do lucro ainda vinha do restaurante, por mais que seu custo seja maior. Na época,
os restaurantes foram proibidos de trabalhar presencialmente e autorizados apenas a entregar comida por delivery. Implementei a entrega no meu restaurante, mudei o cardápio para que se adequassem a outros tipos de públicos e hoje, mesmo com o restaurante trabalhando menos horas, estou faturando mais do que antes da pandemia. Os cursos que eu fiz no Sebrae sempre me ajudaram muito, mas especificamente nesse momento de pandemia, foram essenciais para o planejamento e gerenciamento do meu restaurante. Tive de planejar várias ações, fazer semanalmente ficha técnica, já que o meu produto principal, a carne, aumentou muito de preço. Tive de mudar o cardápio e atualizar valores, confesso que fiquei com medo no início, mas deu tudo certo. Além disso, fiz análise geral e de público-alvo, que eu redirecionei para alcançar outros tipos de público. Com planejamento, deu tudo certo durante a pandemia. Sempre viajo para São Paulo e Curitiba e toda vez que tenho oportunidade compro espetinho dos mercados, levo para o meu restaurante para provar com minha equipe e nunca achei nenhuma marca que venda esses espetinhos embalados a vácuo com a qualidade e temperos iguais os meus. Para um futuro próximo para o Rei do Churrasquinho, eu desejo expandir o restaurante com franqueadoras e, para isso, já estou com CNPJ aberto e licença para franqueadora. Também estou procurando um investidor para a fábrica, para poder aumentar o seu potencial de produção. A fábrica hoje é um dos meus principais focos de interesse, quero que meus espetinhos sejam vendidos nos mercados e que sejam os de melhor qualidade nas prateleiras.” *Estagiária sob supervisão dos editores