Jornal de Negócios – Edição #331

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facebook.com/sebraesp    youtube.com/sebraesaopaulo    twitter.com/sebraesp     instagram.com/sebraesp | Versão impressa ­‑ 241.559 exemplares # 33 1 | Novembro de 2021 | www.sebraesp.com.br | 0800 570 0800 |

Francisco Bonduki e Thaís Brisola, do Maia Coworking, instalado em um shopping center em Guarulhos

FUTURO COMPARTILHADO

Com o retorno gradual às atividades presenciais, espaços de coworking crescem com aposta em flexibilidade, mais serviços e especialização em nichos de mercado. Págs. 8

Entrevista: o que é ser empreendedor no “mundo real” Pág. 3

Um ano depois, pequenos ainda se adaptam à LGPD Pág. 4

Do turismo ao varejo, empresas investem em acessibilidade Pág. 6


2 | JORNAL DE NEGÓCIOS

Transformação digital ao alcance dos pequenos TIRSO MEIRELLES, Presidente do Sebrae‑SP e empreendedor

Há um ano, quando escrevia minha mensagem a vocês, falamos de equações impossíveis e do mundo VUCA* – digital, conectado, tecnológico, e que tem o ser humano como pilar de sustentação, porque é um mundo em que criatividade, inovação e coragem para empreender são peculiaridades que ganharam destaque. Um dos fatos que mais me chamaram a atenção neste ano foi a capacidade de transformação do empreendedor. Determinado a permanecer de portas abertas ou mesmo a iniciar um empreendimento, não poupou esforços para se conectar a essa nova realidade. Nesta edição do Jornal de Negócios, você vai encontrar vários exemplos e lições nessa direção, como o Sonny Pólito, aluno da Escola Superior de Empreendedorismo do Sebrae-SP, fundador da startup Inclue, aplicativo que mostra estabelecimentos comerciais que são acessíveis e inclusivos para pessoas com deficiência. O Sebrae-SP foi, é e continuará sendo parceiro nessa jornada. Neste ano, promovemos intensa transformação digital da entidade, com investimentos da ordem de R$ 20 milhões para expandir, aprimorar e tornar mais assertiva nossa oferta de soluções digitais. Foram mais de 20 novas entregas, entre elas a plataforma Sebrae Experience, inaugurada com a Feira do Empreendedor Digital, que tornou possível a realização da maior feira mundial de empreendedorismo.

Com mais de 200 cursos EAD totalmente gratuitos, atendimento e capacitação via chat, WhatsApp, lives para todos setores e segmentos, nossa equipe realizou quase dois milhões de atendimentos digitais entre janeiro e setembro, número 70% superior ao mesmo período do ano passado. Foram quase três atendimentos para cada cliente que procurou nossos canais remotos. Aumentou também em 10 pontos porcentuais a taxa de concluintes dos cursos de gestão. Na outra ponta – de suporte ao crescimento e fortalecimentos de empresas inovadoras –, Sebrae-SP e uma rede formada por 23 parceiros, entre governos estadual e municipais, entidades de classe, universidades, parques e polos tecnológicos, apoiam a aceleração e a comercialização de tecnologias inovadoras produzidas por 1,5 mil startups do Estado de São Paulo. Se tem algo que ficou comprovado neste momento único foi que temos em São Paulo um dos melhores ambientes de inovação do mundo e estamos animados de poder contribuir para conectar todo esse ecossistema e levar, numa escala nunca antes obtida, ao desenvolvimento de empreendimentos inteligentes, geradores de emprego, renda e inovação, ou seja, a cara do mundo VUCA.

Em tempo: Black Friday 2021 Estamos a poucos dias da Black Friday (26 de novembro), uma das principais datas do comércio no mundo. No ano passado, o período

que compreende da Black Friday a Cyber Monday movimentou cerca de R$ 5 bilhões no Brasil, aumento de 30% em relação a 2019. Entre os pequenos negócios, a data também foi importante divisor de águas, com registro de quase 200% de expansão das vendas e de 150% do faturamento. Levando em consideração que esse modo de consumir entrou definitivamente em nosso dia a dia – o comércio digital aumentou 40% na relação com ano passado – e que já temos mais de 1,6 milhão de lojas online (são abertas quase 800 por dia), a expectativa é que, no mínimo, se repita o mesmo desempenho. Mas nós apostamos que dá para vender mais, uma vez que o consumidor, acostumado à comodidade do comércio eletrônico, compra mais e em diversas categorias. Ainda dá tempo de preparar: » o esquenta Black Friday, com divulgação das ofertas em vários canais, incluindo o olho no olho com seus clientes; » o melhor atendimento. Trate seu cliente como você gosta de ser tratado. Capacite equipe; » as lives geradoras de vendas. Destaque-se dos seus concorrentes; » a logística de entrega dos produtos. Cumpra os prazos prometidos. Procure os melhores fornecedores; » a checagem da plataforma tecnológica que vai utilizar para vender. São dias de intenso tráfego virtual; certa lentidão é até esperada, mas ficar fora do ar nesses dias é perder vendas.

*VUCA - volatility, uncertainty, complexity e ambiguity (volatilidade, incerteza, complexidade e ambiguidade)

Destaques

Sebrae-SP tem cursos via WhatsApp para produtor rural

P

rodutores rurais em busca de capacitação para melhorar a gestão da propriedade podem se inscrever nos três novos cursos gratuitos do Sebrae-SP lançados para o agronegócio. A capacitação é feita como se fosse uma conversa via WhatsApp. A ação tem o apoio da Faesp/Senar e Secretaria de Agricultura e Abastecimento. Os cursos são: Formalização da propriedade rural: por onde come-

çar; Associativismo e cooperativismo: a união faz a força; e A gestão da propriedade rural por um novo ponto de vista. Todos têm carga horária de duas horas. As orientações são dadas por vídeos, podcasts, imagens e e-books. Os participantes têm 15 dias para terminar cada capacitação e podem fazer o curso conforme sua disponibilidade de tempo e preferência de

temas, além de receber certificado após a conclusão. A interação é toda automatizada, por meio de perguntas e respostas pré-definidas. A inscrição nos seguintes links: Formalização da propriedade rural: por onde começar https://digital.sebraesp.com.br/ curso/agro-formalizar-propriedade-rural

Associativismo e cooperativismo: a união faz a força https://digital.sebraesp.com.br/ curso/agro-associativismo-cooperativismo A gestão da propriedade rural por um novo ponto de vista https://digital.sebraesp.com.br/ curso/agro-gestao-propriedade-rural


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Entrevista do mês

Mandando a real

Para Marina Proença, empreender é se arriscar e líderes devem estar em desenvolvimento constante

O

líder do futuro, seja empreendendo ou dentro de uma empresa, vai precisar mais do que nunca de competências interpessoais e sociais que passam pelo aprendizado constante. A missão de Marina Proença, empreendedora e especialista em produto e marketing digital, é levar para o maior número de pessoas – especialmente mulheres – aprendizados sobre essas competências e também sobre a experiência de empreender no “mundo real”. Conhecida pelas participações no SP1, da TV Globo, Marina conta na entrevista a seguir sobre seu projeto de mentoria e sobre o mercado Favo, startup de “social commerce” que ela trouxe para o Brasil. Você se define como uma empreendedora do “mundo real”. O que significa isso? Meu objetivo é quebrar questões idealizadas de perfeição quando falamos sobre empreender. Acredito que o empreendedorismo pode ser uma ferramenta importante de transformação social e geração de renda. Ser do mundo real tem a ver com idealizar menos, pois tudo tem seu lado bom e ruim. Empreender é assumir riscos e ter grandes desafios que dependerão apenas de você para resolvê-los. Requer aprendizado técnicos e emocionais.

Quais as principais competências que alguém precisa desenvolver para ser um empreendedor do futuro? As principais competências, além das técnicas, são as habilidades interpessoais e sociais. A primeira é a active learning (aprendizado ativo), uma consciência sobre quais habilidades técnicas e sociais é preciso desenvolver. Outra competência é a resiliência, a capacidade de aprender a lidar com o estresse. Ou seja, achar uma maneira de dar vazão para esse estresse, seja dando uma pausa no trabalho, meditando, fazendo alguma atividade, ficando com a família. Já as competências técnicas do empreendedor são: olhar

Marina Proença: empreendedorismo é ferramenta de transformação

Assista à entrevista lendo o QRCode ou acesse www.youtube.com/ SebraeSPaulo

para o planejamento financeiro do negócio, aprender a atrair e reter clientes e cuidar do seu produto. A pandemia mudou o jeito de empreender? A pandemia teve um impacto importante no jeito de empreender. Toda digitalização que vemos ser necessária nos dias de hoje mudou depois da pandemia. Recentemente, uma pesquisa mostrou que 40% das empresas do mundo contrataram um desenvolvedor de software. Isso gera escassez de mão de obra em várias áreas, tanto de tecnologia quanto de produção de conteúdo nos canais digitais. Para empreendedores de qualquer área, temos de ter capacidade de entregar valor real para o cliente,

com um olhar de sustentabilidade financeira dos negócios, junto ao olhar de canais digitais e uso da tecnologia. Você tem um trabalho de mentoria para quem quer empreender. Quais os principais desafios que você percebe no Brasil? Eu tenho uma comunidade de mentoria gratuita para mulheres, o Mentora.aí, que também tem um podcast, e é uma ideia conectada com liderança do futuro. O objetivo da mentoria é conseguir levar para mais pessoas, de forma acessível, todos esses diálogos que acontecem no universo das empresas de tecnologia. Existe uma necessidade muito grande de os profissio-

nais se adequarem rapidamente. O desenvolvimento de produção de conteúdo digital e de inteligência artificial são temas novos, e mesmo que nós tenhamos o conhecimento técnico, muitas vezes não fazemos a passagem da habilidade social, então a mentoria é uma maneira de acelerar o caminho. Você trouxe para o Brasil o mercado Favo, que é um sistema de venda direta. Como fazer para que esse modelo seja sustentável e inclusivo para quem empreende? A Favo conta com o modelo de “social commerce” que tem um pilar importante: a logística descentralizada. Somos um comércio eletrônico que compra direto das marcas encontradas no supermercado e vende para clientes finais, mas que compram por meio de um empreendedor que atua em sua microrregião. Nós chamamos de “last block” (a última quadra), e essa logística quem faz é o microempreendedor que atua localmente. Ou seja, todos os pedidos dos clientes que o empreendedor compra chegam em sua casa e ele distribui para os vizinhos no raio pequeno, ganhando uma comissão. Nós enxergamos que a sustentabilidade e o impacto social fazem parte do modelo do negócio. Essas pessoas trabalham 80% do tempo dentro das suas casas e só na hora da entrega saem para levar o produto para seus clientes. Pessoas eventualmente sem carro que atuam dentro de um condomínio com muita gente são capazes de gerar uma renda fazendo esse trabalho, empreendendo nessas microrregiões de forma muito sustentável, utilizando as horas dentro de casa com WhatsApp, redes sociais e a rede de vizinhos para poder fazer a distribuição desses itens, gerando conveniência e acesso a um preço muito mais barato. Então, de um lado a gente consegue promover economia para os vizinhos e do outro geramos renda por esse modelo.


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LGPD: trabalho

Apesar de ainda haver dúvidas sobre custos e multas, pequenos negócios têm feito

Priscila Natale e Ricardo Towata, da Gesso Baruel: empresa tem feito o processo de ajuste à nova legislação

Patricia Gonzalez

E

m vigor desde setembro de 2020, a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) ainda é motivo de dúvidas entre os empreendedores. O conjunto de regras foi criado para determinar como as empresas devem coletar, armazenar e usar dados pessoais de seus clientes e, em agosto deste ano, começaram a valer multas e sanções administrativas para quem não cumprir a legislação. De acordo com a consultora do Sebrae-SP, Viviane Ez Zughayar, a falta de conhecimento, a necessidade de investimento e a paralisação dos negócios pela pandemia são algumas das principais dificuldades encontradas pelos empreendedores para se adaptar à LGPD “Os empreendedores precisam tomar conhecimento das novas regras e entender que, especialmente

quando analisada no longo prazo, a adequação à nova lei, embora tenha custos, representa um investimento para as organizações, pois mitiga os riscos e impede as autuações”, explica a consultora. Em pesquisa realizada recentemente pela empresa especializada em marketing digital RD Station, 93% dos entrevistados disseram já ter ouvido falar da LGPD, mas apenas 15% das empresas se mostraram prontas ou na reta final de preparação. A Gesso Baruel, localizada em Suzano, tem feito sua adaptação à LGPD, mas o processo não começou da forma mais tranquila. Priscila Natale, assistente da empresa, conta que descobriu “no susto” que precisaria fazer a adequação. “Ficamos sabendo sobre a lei pelo nosso contador. Ele nos passou o contato de um

advogado para pegar as informações iniciais. No primeiro momento ficamos muito assustados, pois achamos que seria necessário um investimento muito grande”, relembra. Depois desse primeiro contato com o assunto, ela e dono da empresa, Ricardo Towata, resolveram procurar o Sebrae-SP para receber mais orientações de forma gratuita. “Quando conversamos com o consultor do escritório do Sebrae-SP em Mogi, relatamos uma série de tópicos que haviam sido passados como orientação e ele foi nos explicando um a um. No fim, chegamos à conclusão de que precisaríamos gastar apenas 40% do valor que imaginamos inicialmente”, diz Priscila. A Gesso Baruel está no mercado há mais de 15 anos e trabalha com a venda de gesso e drywall. A empresa conta com parcerias com arquite-

tos e designers de interiores. Esses profissionais são os primeiros a ter acesso aos dados dos clientes e já estão seguindo os trâmites de autorização para armazenamento de dados. Mesmo assim, a empresa implementou o seu próprio processo para coleta e armazenamento de informações que são usados para emissão de nota fiscal, recibos e contratos. “Atualmente, estamos usando um formulário elaborado pelo Google Forms e pedimos para os clientes preencherem e marcarem um campo onde autorizam a coleta e uso dessas informações”, explica Priscila. A empresa está em fase de contratação de algumas ferramentas que irão facilitar ainda mais esse fluxo, além de trazerem mais segurança tanto para a Gesso Baruel quanto para os clientes. “Procuramos o Sebrae em agosto


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dentro da regra

a adaptação de seus procedimentos à nova legislação um ano após entrada em vigor para nos informar. De lá para cá já implementamos mudanças, nos dedicamos muito. Agora estamos em fase de contratar um software de armazenamento em nuvem e acreditamos que até o fim do ano estaremos com tudo bem completo”, afirma. Priscila considera que as melhorias implantadas são um investimento para a empresa, não apenas por questão de segurança, mas também por reforçar a marca do negócio. “Nossos clientes fazem transações com valores altos e sempre mostraram preocupação com a segurança de seus dados; a partir do momento que eles sabem que estamos tomando providências para melhorar esse ponto, eles também se sentem mais confiantes e respeitados. Ficaram muito satisfeitos”, conta. Para aqueles empreendedores que ainda não iniciaram a implantação da LGPD ou estão com dificuldade nesse processo, Priscila refor-

SAIBA COMO SE ADAPTAR A consultora do Sebrae-SP Viviane Ez Zughayar esclarece os principais pontos sobre a LGPD.

ça que o primeiro passo é buscar orientação com profissionais sérios. “No nosso caso, o Sebrae-SP ajudou muito. Participamos de muitos treinamentos e recebemos muitas dicas de diversos profissionais. Estávamos muito preocupados com o custo, mas hoje vejo que nosso maior investimento foi dedicar nosso tempo para receber treinamento e ensinar outros profissionais.”

ADEQUAÇÃO Leonardo Dias é dono da Scorpius Tecnologia, empresa de desenvolvimento de sistemas de gestão que atende principalmente no ramo de joalheria e também de transportes. O foco de sua atuação sempre foi a personalização de sistemas de acordo com a realidade de cada cliente, por isso, assim que soube das exigências da lei já tratou de implementar as melhorias necessárias para os nichos atendidos.

“Não tivemos muita dificuldade, pois já trabalhamos há muito tempo com criptografia dos dados como segurança. Quando a lei entrou em vigor, já estávamos prontos para atender a todos os requisitos. Mas ainda tenho clientes que não acertaram seus contratos para estar de acordo com as novas regras.” Segundo Dias, a principal mudança foi adicionar uma opção em que os usuários podem imprimir um termo para o cliente assinar. Nesse documento, ele autoriza o armazenamento de seus dados. O empreendedor já possuía uma equipe técnica bem treinada para realizar customizações, então conseguiu fazer uma rápida adaptação por um custo baixo, além de oferecer a nova funcionalidade de forma gratuita para todos os usuários. Assim que seu sistema estava pronto para atender às novas exigências, a empresa enviou a todos

os seus clientes que utilizam o sistema um termo de ciência sobre a nova funcionalidade, bem como um alerta para que eles fiquem atentos às novas regras. Até o momento, muitas empresas ainda não retornaram com o termo assinado. “Acredito que a maior dificuldade seja conseguir mudar a mentalidade dos colaboradores. Qualquer nova obrigação que precisa ser inserida na rotina e não traz vantagem imediata é mais difícil de ser implementada”, analisa. O empreendedor também ressalta a importância de se buscar uma consultoria para entender como a mudança deve ser implementada em sua empresa, além de focar na preparação da equipe para lidar com essa nova realidade. “Aqui temos um administrativo e financeiro engajados em se comunicar com os clientes, cobrar o retorno dos documentos e orientar o nosso cliente de como ele deve agir com a sua equipe", afirma Dias.

O que é a Lei Geral de Proteção de Dados?

Quais os pontos da LGPD a que os pequenos negócios devem estar atentos?

A Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) é a legislação que regulamenta a maneira pela qual as empresas, sejam elas públicas ou privadas, independentemente do porte, obtêm, armazenam e utilizam dados de usuários e clientes. Ela estabelece normas para lidar com as informações pessoais dos usuários de maneira mais transparente, permitindo que as pessoas saibam quais informações estão sendo utilizadas.

Os principais são:

Todos os dados que ela armazena dos clientes e terceiros terão de ser tratados com muita cautela para evitar sanções da legislação. Por isso, todos precisam se adequar o quanto antes.

Dados sensíveis ou dados de grupos vulneráveis, incluindo crianças e adolescentes e idosos; Vigilância ou controle de zonas acessíveis ao público; Uso de tecnologias emergentes que possam ocasionar danos materiais ou morais aos titulares, tais como discriminação, violação do direito à imagem e à reputação, fraudes financeiras e roubo de identidade; ou Tratamento automatizado de dados pessoais que afetem os interesses dos titulares, incluídas as decisões destinadas a definir seu perfil pessoal, profissional, de consumo e de crédito ou os aspectos de sua personalidade.

Como comprovar que a empresa está em conformidade com a LGPD?

Em caso de vazamento de dados, qual é a penalidade para a empresa?

Crie uma equipe para entender a LGPD; Mapeie os dados de usuários tratados pela empresa, digital e documental; Verifique se todos esses dados são de fato necessários para execução do serviço prestado; Desenhe a jornada dos dados de seus clientes dentro da sua empresa, desde a coleta até o descarte; Crie ou ajuste uma detalhada política de proteção de dados; Atualize os instrumentos contratuais da empresa, com colaboradores, terceiros e clientes; Divulgue amplamente, bem como solicite os respectivos consentimentos.

A depender da infração cometida, a Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD), que é responsável pelo cumprimento da lei, pode aplicar multas de até 2% do faturamento da empresa (com limite de R$ 50 milhões) e o bloqueio ou eliminação dos dados relacionados a uma infração.

Conheça mais sobre a LGPD lendo o QRCode ao lado ou acesse https://bit.ly/3mtTNMU


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Adaptados

Do turismo rural às compras do dia a dia, negócios buscam Marcos Leodovico e Mariel Mathias*

José Fernandes Franco, do hotel Campo dos Sonhos: experiências mais acessíveis

E

ncontrar uma área de atuação que consiga atender a uma demanda do mercado ainda negligenciada é um caminho para quem está começando a empreender ou está em busca de ampliar seu mercado. Quando essa demanda diz respeito à dignidade e ao bem-estar das pessoas, esse negócio ganha ainda mais relevância. É o caso de empresas que são pensadas para atender a pessoas com deficiência física, visual ou intelectual – um contingente de 17 milhões de pessoas no Brasil, segundo um levantamento feito pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Só no Estado de São Paulo, são mais de 3 milhões de pessoas com deficiência, o que representa 7,29% da população total do Estado, de acordo com o Censo de 2010. O empresário José Fernandes Franco, dono dos hotéis Rede dos Sonhos, localizados em Socorro (SP), tornou a unidade Campo dos Sonhos uma referência em atendimento para pessoas com deficiência. Com atividades como arvorismo, passeios a cavalo ou trator e tirolesa, todos adaptados, o hotel recebeu 7 mil visitantes com deficiência no ano de 2019. Ex-engenheiro agrônomo, Franco decidiu usar o sítio que tinha para começar a empreender: ali, ele começou a produzir alimentos, mas a receita ainda era pequena. “Nós produzíamos leite, colhíamos café e algumas frutas. Mas para o meu negócio aumentar eu tinha de ter mais terra e também saber como eu poderia aumentar minha rentabilidade”, explica o empreendedor. Na época em que ainda era engenheiro, Franco viajava muito para fora do País e observou um movimento interessante na Europa em relação ao turismo rural. Foi quando ele percebeu que poderia transformar seu sítio em um local para receber as pessoas e aumentar sua renda. Com as mudanças, o sítio começou a ser visitado; só no primeiro ano, o empreendimento recebeu mais de 40 ônibus de escolas


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para todos

cada vez mais a inclusão de público com deficiência para aprender um pouco mais sobre a vida rural. O empreendedor começou a perceber que as escolas que vinham de mais longe se hospedavam em cidades próximas, como Águas de Lindoia, e foi nesse momento que Franco teve a ideia de começar a construir quartos para abrigar esses alunos que vinham de longe. Os apartamentos foram inaugurados em 1996. Com o passar o tempo, com o negócio em expansão, as visitas escolares não eram mais o seu principal foco, mas sim todas as pessoas que queriam fazer turismo rural naquela região. Na época, houve também a necessidade de adaptar o hotel para torná-lo mais acessível. “Em 2004, o governo federal instituiu uma lei com foco em acessibilidade, com um manual sobre o que precisava ser feito para tornar os locais os mais adaptados possíveis para as pessoas com algum tipo de deficiência. O documento não só citava como estruturar o negócio para receber as pessoas com deficiência, mas também sobre a parte de comunicação, como placas em braile ou em alto relevo”, lembra Franco. Foi quando percebeu que, mais do que adaptar, poderia transformar o seu hotel em referência para receber pessoas com deficiência – seja qualquer uma delas. “Colocamos balanças adaptadas para cadeirantes, todos os passeios têm monitores e tudo foi estruturado para receber quem nunca teve a oportunidade de passear pelo campo. Nossos banheiros, quartos e restaurantes têm a estrutura necessária para que as pessoas com algum tipo de deficiência se preocupem só em ter o prazer de curtir o local”, conclui o empreendedor. A consultora do Sebrae-SP Cintia Maretto, do Escritório Regional de Campinas, destaca que, além do diferencial da acessibilidade, o caso do Campo dos Sonhos é um exemplo a ser seguido por outros empresários que trabalham com turismo. “O José Franco está sendo um visionário na área de turismo. Ele foi um dos

primeiros a reconhecer que precisava adaptar o seu negócio para todos os perfis e que, quanto mais adaptado para esse público, mais reconhecimento ele tem. Isso serve para todo empreendedor que quer ter o seu negócio aberto para receber todos os públicos possíveis”, diz. Franco faz parte do Programa Líder, idealizado pelo Sebrae-SP, e que tem objetivo de fomentar o empreendedorismo na região de Campinas. Ao todo, são 45 líderes que recebem mentoria. A consultora conta que ele é uma das referências do grupo e que sempre está sendo acompanhado de perto pelo Sebrae “Desde a melhoria de processos até a gestão de pessoas, ele sempre fez questão de estar conosco. Hoje ele é uma das grandes referências de empreendedorismo que temos na região”, conta a consultora.

DIA A DIA Sentir as dificuldades no dia a dia de uma pessoa deficiente também pode ser o ponto inicial de um negócio voltado para esse público. Sonny Pólito, que é deficiente visual, e Rodrigo Pires, que tem síndrome de Asperger, se basearam nas próprias experiências para criar a startup “Inclue”, um aplicativo de celular voltado para auxiliar pessoas com deficiência a fazerem compras presencialmente. “Nosso objetivo é inovar a experiência de consumo das pessoas com deficiência e mesmo de idosos no varejo. No app, os usuários vão poder saber quais estabelecimentos, lojas e supermercados oferecem um atendimento personalizado para que possam fazer compras com total autonomia e independência”, explica Pólito. Com o aplicativo, basta se cadastrar, informar qual loja é de seu interesse e, a partir desse momento, o usuário poderá definir o dia e horário na agenda do app para ir até o estabelecimento. Após o agendamento, o gerente responsável pela loja escolhida irá receber uma notificação avisando da visita, qual a deficiência da pessoa e quando

ela chegará à loja. Mas esse processo não é tão simples quanto parece. “Para que a loja esteja preparada para receber nossos usuários, nós treinamos e capacitamos os funcionários do estabelecimento, assim eles estarão aptos a receberem pessoas com deficiência da melhor forma”, diz Pólito. O acompanhamento do gerente ou funcionário é feito desde a chegada da loja até a saída. O empreendedor relata que, em muitos estabelecimentos, até existe acessibilidade arquitetônica – afinal, é uma exigência da legislação –, mas não há um treinamento para que os funcionários saibam atender pessoas com deficiência da maneira correta. “Nós não vendemos apenas

o treinamento, pois apenas ele não será eficaz. Os consumidores também precisam saber quais lojas contam com esse atendimento, então acaba sendo uma via de mão dupla”, afirma. Hoje o aplicativo já atende varejistas, como o Grupo Pão de Açúcar, mas os empreendedores continuam trabalhando para ganhar um mercado maior, com variedade de estabelecimentos e bairros. “Quanto mais lojas, mais as pessoas irão aderir e usufruir do app da melhor forma. As pessoas têm costumes de fazer compras perto de onde moram, por isso a importância de cada vez ter mais lojas em nosso aplicativo”, finaliza Pólito. *Estagiários sob supervisão dos editores

ACESSIBILIDADE EM ALTA A procura por orientação sobre empreendedorismo também tem crescido entre as pessoas com deficiência. Até o início de setembro de 2021, o Sebrae-SP já havia atendido 12.870 pessoas com deficiência. A maior parte desse público procurou o Sebrae-SP para saber como fazer parar abrir um negócio próprio ou buscar melhorias para o que já existe. Os números são maiores do que os registrados em 2020 e 2019. Para a gestora do Programa de Acessibilidade do Sebrae-SP, Mariana Grecco, a pandemia foi um ponto crucial para que as pessoas com deficiência buscassem informações sobre gestão e empreendedorismo. “A pandemia fez com que muita gente com deficiência buscasse orientação para contornar a crise por meio de um negócio próprio”, conta a gestora. O Sebrae-SP conta com uma cartilha de acessibilidade para tirar dúvidas dos empreendedores sobre atendimento a pessoas com deficiência e sobre como tornar seu negócio mais acessível. Basta acessar o QR code logo abaixo ou ligar para o 0800 570 0800.

https://bit.ly/3DiZu7a


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O NOVO TEMPO

Locais de trabalho compartilhados encontraram espaço para crescer na pandemia

Thaís Brisola e Francisco Bonduki, sócios do Maia Coworking: espaço no shopping traz vantagens para cliente

Gabriel Jareta

C

omo o mundo do trabalho vai se adaptar ao retorno à “normalidade” depois da pandemia? Com o avanço da vacinação contra a Covid-19 e a perspectiva do fim das restrições, essa é uma das principais questões no horizonte. Para inúmeros empreendedores e profissionais liberais, o caminho é o do compartilhamento de espaços, com menos custos fixos e a flexibilidade de não precisar estar fisicamente todos os dias no local de trabalho. Com essa tendência em crescimento, o mercado de coworking surge como um setor que ainda tem muito a ser explorado por quem pretende investir em um negócio próprio. “Esse é um segmento que ainda vai se consolidar no Brasil. O coworking é um ambiente de troca, é uma mudança cultural, e também de quem entende as vantagens de um ambiente de compartilhamento”, diz Thaís Brisola, proprietária do Maia Coworking, que funciona dentro de um shopping center na cidade de Guarulhos. Atualmente,

a Ancev (associação que reúne as empresas do setor) tem cerca de 2 mil coworkings cadastrados, mas a estimativa é de que o número real de empresas em todo o País seja pelo menos duas vezes maior. O Maia Coworking, instalado em uma área de 330 m², começou a funcionar antes da pandemia e chegou a ter cerca de 300 clientes mensais em 2019, entre fixos e avulsos. Para a empreendedora Thaís, que é dona do espaço com o sócio, Francisco Bonduki, apesar da grande procura hoje, esse patamar só deve ser alcançado novamente em fevereiro de 2022. Em julho de 2021, ela teve de fechar as portas de outro coworking que tinha na cidade, fora do shopping. “Com a pandemia, a inadimplência ficou grande demais”, conta. O espaço no shopping, porém, se mostrou bastante atrativo e chamou atenção de profissionais de carreiras mais tradicionais. “A nossa ideia era atender um público mais voltado para a tecnologia, mas para nossa surpresa começamos a receber muitos advogados, contadores e

mesmo donos de pequenas empresas que não querem mais ter preocupação com gestão do local, além do custo fixo mais baixo que o de um aluguel”, diz Thaís. Ela destaca como pontos positivos do shopping a segurança, a facilidade de estacionamento e o acesso a restaurantes – que oferecem descontos para os clientes do coworking. Além disso, Thaís não precisa se preocupar com outras questões que teria em um local na rua, como banheiros ou acessibilidade. Segundo a empreendedora, a ideia é que os clientes possam fazer contratos de até seis meses com “zero burocracia”, em valores que podem ser até 70% menores do que ter um espaço alugado. Isso além dos clientes avulsos, que pagam diárias ou pacotes de horas para usar o ambiente compartilhado – que oferece ponto de internet, água e café e a possibilidade de ter um endereço virtual. “Se o cliente recebe correspondências aqui e não tem disponibilidade no dia, mandamos um motoboy levar até ele ou até podemos escanear o documento”, afirma.

O coworking também oferece sala de reunião e espaços privativos com layout pensado para objetivos diversos. Há uma sala voltada para “ideação” – com materiais de apoio e Canvas, por exemplo – e outra desenhada para quem quer focar no trabalho, isolada e sem distrações.

OFERTA DIGITAL “A pandemia mostrou que não precisamos ter um espaço físico muito grande para trabalhar, mas algumas pessoas não se adaptaram muito bem ao home office”, diz o consultor do Sebrae-SP Eder Max. “Para esse profissional que identifica que não consegue produzir em casa, o coworking é uma ótima oportunidade de trabalhar sem tanta distração”, diz. O mesmo vale para situações pontuais em que é preciso ter silêncio e concentração: durante a pandemia, eram comuns as reclamações de barulho de obra nos prédios atrapalhando reuniões e treinamentos no home office. Para quem está pensando em investir em um coworking, Max lembra que já foi o tempo em que


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DO COWORKING

com mais oferta de serviços e foco em nichos de mercado, como advocacia se tratava apenas de um espaço compartilhado com acesso a internet. Além de pensar em um local de fácil acesso, com ótima internet e com os serviços básicos – como recepção para clientes, atendimento telefônico personalizado e endereço comercial ou fiscal –, os espaços de coworking precisam oferecer diferenciais de um mundo que está inserido no marketing digital. “Hoje é interessante oferecer salas com cenário e iluminação para fazer lives ou fotografar produtos. Também tem muita gente interessada em podcasts, então existem salas específicas com equipamento para gravar podcast”, aponta. Outra tendência do setor são os coworkings dedicados a nichos de mercado, como advogados, médicos ou empreendedores do setor de alimentação. Esses espaços trazem vantagens que vão desde a infraestrutura mais adequada a cada segmento profissional – como cozinha industrial compartilhada para profissionais de alimentação – até a facilidade de estabelecer relações produtivas com colegas de profissão. “Essa é uma solução interessante desde que haja um volume bom de profissionais dessa área no local em que o coworking será instalado. O empreendedor precisa fazer um estudo para essa ‘persona’ o mais detalhado possível”, aponta Max.

NICHO Vendo os colegas da faculdade de direito com dificuldade de abrir um escritório próprio e as mudanças no mercado da advocacia, os sócios Leo Fischer e Benjamín Muñoz decidiram empreender com um coworking totalmente voltado para advogados. O Law Works teve sua primeira unidade inaugurada em Buenos Aires em 2018 e chegou a São Paulo em julho deste ano – e já está com planos de expansão. “Muitos colegas gostavam da ideia de coworking, mas o problema era que boa parte não se adaptava ao ambiente mais descontraído dos coworkings multissetoriais”, conta Fischer.

PARA EMPREENDEDORES Espaço compartilhado de trabalho e expansão desse modelo para o interior: atento a essas tendências, o Sebrae-SP já oferece um espaço de coworking para seus clientes no Escritório Regional de Sorocaba, inaugurado em julho dentro de uma nova proposta de layout e de modelo de operação, que em breve deverá ser reproduzido em outras cidades. São 27 postos disponíveis para empreendedores desenvolverem seus negócios. Informações pelo telefone (15) 3229-0270.

As principais diferenças estão no layout do espaço, com design mais sóbrio, espaços mais reservados e divisórias com vidros jateados para manter a confidencialidade dos atendimentos. Além disso, o coworking oferece suporte de TI especializado, serviços de entrega de documentos para outros endereços e uma programação de palestras sobre temas jurídicos – assim como acontece nos grandes escritórios. “A gente replica o ambiente de um escritório de advocacia”, diz o empreendedor. Fischer também ressalta que o networking é um grande atrativo. “Estando em um ambiente de advogados, começa a ter muitas recomendações, o tributário pode bater na porta dos trabalhistas, por exemplo.

Muitos escritórios começam a se fundir aqui dentro”, afirma. O perfil do público hoje é bastante variado, segundo Fischer, e vão desde advogados independentes na casa dos 30 anos até escritórios pequenos de cinco ou seis advogados, mas já houve clientes mais tradicionais e escritórios com até 40 profissionais. Hoje, a Law Works dispõe de 100 postos de trabalho em um espaço de 700 m2 na avenida Cidade Jardim, mas já planeja para breve unidades nas regiões da Avenida Faria Lima e da Avenida Paulista. Um atrativo é a flexibilidade dos planos de uso do local – como um plano de trabalho híbrido em que o profissional só frequenta o espaço

PERFIL DO COWORKING NO BRASIL

No País até 25 69% têm coworkers residentes

74,8%

Leia o QRCode ou acesse https://bit.ly/3mzLjUP e saiba mais sobre coworking

deles recebem até 100 clientes por mês

clientes utilizam 62,6% dos planos mensais

Fonte: Censo Ancev 2021. Universo: 1.647 coworkings ativos nas 100 maiores cidades do País. Foram entrevistados 206 estabelecimentos.

Onde estão

38% São Paulo 8% Minas Gerais 7% Rio de Janeiro

Em São Paulo (2020)

23% faturamento de até R$ 250 mil

5,2% faturamento entre R$ 250 mil e R$ 500 mil

5,7% faturamento entre R$ 500 mil e R$ 5 milhões

1,7% faturamento acima de R$ 5 milhões

dois dias por semana. “Além da redução de custos, tem uma grande redução de tempo com questões de gestão do imóvel e o escritório vai estar sempre limpo quando ele vier trabalhar”, observa Fischer. De acordo com o presidente da Ancev, Douglas de Almeida, o mercado de coworking nichado cresceu cerca de 60% nos últimos cinco anos, com grande aceleração durante a pandemia. E isso por uma necessidade do mercado, que identificou essa abertura, seja para médicos, psicólogos, cozinheiros ou corretores de seguros. “Mesmo grandes empresas estão fechando os escritórios em prédios grandes e passando a usar coworking. Mas lembramos que não é só oferecer o espaço, é preciso ter toda a infraestrutura e atendimento individualizado”, afirma Almeida. Segundo ele, para quem está interessado em empreender no setor, uma tendência hoje é o movimento de coworking para as cidades do interior, aproveitando ainda a experiência de trabalho a distância estabelecidos pela pandemia para muitas empresas e profissionais. “A partir de 150 m² de área já é possível oferecer um bom serviço”, aponta. Além disso, mesmo durante a crise provocada pela pandemia, apenas 13% dos espaços de coworking fecharam as portas, de acordo com o censo da Ancev. “Mesmo assim, acredito que a maioria se deveu mais à gestão do negócio do que ao comportamento do mercado, que está em expansão”, afirma Almeida.


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Agradecemos a parceria de nossos patrocinadores na Feira do Empreendedor 2021. Vocês fazem parte desse sucesso!

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Divulgação

Plano B

PATRICIA FERRARI PECEGUINI Consultora do Sebrae-SP

Capital de giro: como calcular? O capital de giro é o total de recursos financeiros necessários para que a empresa sobreviva, mantendo suas despesas pagas. Ao iniciar o negócio, o capital de giro é composto pelo aporte inicial dos sócios. Ele deve ser calculado com a estimativa de todos os gastos, durante o período em que ainda não há o recebimento das vendas. Quando a empresa está em funcionamento, o capital de giro é constituído pelas disponibilidades de caixa, em bancos e em recebíveis, que são os valores das vendas a prazo que podem ser antecipadas com facilidade. Ele deve ser um recurso disponível para custear as despesas de imediato. Assim, irá garantir a viabilidade das operações do negócio, possibilitará com que a empresa faça investimentos, compre seus insumos e matérias-primas, e que possa manter as despesas pagas durante o tempo que leva para que suas vendas sejam recebidas dos seus clientes. Para estabelecer o valor que uma empresa necessita de capital de giro, é necessário que se faça uma projeção de seu caixa. Para isso, se faz o fluxo de caixa, pelo qual se estima a quantidade de recebimentos de vendas já feitas, a projeção

de novas vendas à vista, bem como todos os pagamentos do período a serem deduzidos do valor recebido. Se o saldo for positivo, indica que as operações da empresa são custeadas pelo seu recebimento, e nesse caso não haverá a necessidade de aporte de recursos por parte dos sócios. No caso de haver saldo deficitário, saberemos que há necessidade de injetar capital de giro na empresa. Há uma série de medidas para poupar o capital de giro, entre elas aplicar novas formas de contratação de mão de obra conforme as leis trabalhistas; controlar as despesas operacionais, enxugando custos e despesas fixas. Também é bom estabelecer medidas de economia de energia, pesquisar tarifas bancárias, telefônicas, buscar descontos. As despesas fixas não devem comprometer mais de 30% de suas vendas. Tente alongar o prazo médio de pagamento dos seus fornecedores e reduzir o de pagamento dos clientes. Foque na produtividade, aumentando a eficiência dos seus processos; conheça indicadores do seu ramo como clientes por hora, vendas por dia, tíquete médio. Por fim, estabeleça metas e acompanhe as melhorias.

O Sebrae Responde é um serviço para tirar dúvidas de empreendedores sobre a abertura de novos negócios e questões relacionadas à gestão de empresas já em atividade.

Há um mês, nos deparamos com uma interrupção de sete horas no funcionamento das redes sociais WhatsApp, Facebook e Instagram. Além da impossibilidade de se comunicar com parentes e amigos por esses meios, muitos ficaram impedidos, ainda que parcialmente, de atender seus clientes. Retomo esse assunto agora porque é o típico episódio em que é preciso focar na solução e não no problema. E a solução, em tais situações, é sempre ter um plano B para contornar os contratempos. Sim, adversidades acontecem em diferentes proporções e a pandemia mostrou isso. Uma das principais lições deixadas para as empresas nesse período é que elas devem ter uma alternativa para manter a continuidade de suas atividades. Nesse caso, a resposta foi intensificar a presença no ambiente digital, compensando as restrições do funcionamento presencial. No incidente das redes sociais, ficou claro que é necessário ter alternativas dentro da alternativa. Facebook, Facebook Messenger, WhatsApp e Instagram estão entre os aplicativos mais baixados há anos.

Em 2021, o Tik Tok foi o único que conseguiu tirar a liderança do ranking dominado pelos serviços comandados por Mark Zuckerberg. Por aí temos a medida de como estamos ligados a uma mesma companhia. Mas a boa notícia é que há opções no mercado além dos produtos do criador do Facebook. Podemos citar Telegram, Google Meu Negócio, YouTube, SMS, e-mail corporativo, por exemplo. A empresa pode ainda manter uma plataforma com seu próprio chat. E por que não considerar o bom e velho telefone? Ele pode não ser tão conveniente e eficiente como os mecanismos online, mas ainda tem sua utilidade. No final das contas, o importante é dispor de saídas para superar os obstáculos. A chave é não nos tornarmos dependentes deste ou daquele recurso, aplicativo, sistema, fornecedor ou empresa. Com uma variedade de possibilidades no seu “cardápio operacional”, o negócio sempre terá condições de se manter na ativa.

WILSON POIT, diretor­‑superintendente do Sebrae­‑SP

Acompanhe o Sebrae­‑SP no ambiente digital, em www.sebraesp.com.br, e nas redes sociais: twitter.com/sebraesp facebook.com/sebraesp instagram.com/sebraesp flickr.com/sebraesp issuu.com/sebraesp soundcloud.com/sebraesp sebraeseunegocio.com.br youtube.com/sebraesaopaulo

ELOGIE. SUGIRA. CRITIQUE. RECLAME. Queremos ouvi­‑lo: 0800 570 0800 ouvidoria@sebraesp.com.br


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CONSULTORIA Consultoria em: ISO 9000, VDA, IATF, 14000, 45000,PBQPh, SASSMAQ, PPRA/PCMSO. www.sgqandrade.com.br. WhatsApp: (11) 98265-8444.

Para tornar a comunicação mais acessível ao cliente com deficiência auditiva, o Sebrae­‑SP disponibiliza o serviço de intérprete de Libras em seus eventos presenciais. A solicitação do serviço deverá ser comunicada no ato da inscrição e com antecedência de 5 (cinco) dias úteis à data de realização do evento. O cliente ou seu representante poderá se inscrever pessoalmente nos Escritórios Regionais, pelo portal do Sebrae­‑SP ou pelo 0800 570 0800.

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União contra a crise

Atuação em grupo foi a solução para empresários do setor de alimentação de Catanduva Gisele Tamamar

B

uscar soluções em conjunto foi a saída encontrada por um grupo de empresários do setor de alimentação de Catanduva para enfrentar todo o cenário de crise provocado pela pandemia de Covid-19. Donos de restaurantes, bares e lanchonetes, eles formaram a Associação Alimentação Forte para fazer compras coletivas, programar ações e receber capacitações. Sempre com o apoio do Sebrae-SP. “Nosso segmento foi o primeiro a parar. Estava todo mundo abastecido e precisamos fechar as portas. Mas em vez de reclamar, começamos a procurar soluções”, relata o presidente da associação, Jesus José Queiroz Leão, mais conhecido como Gê. “O conhecimento nos ajuda. Percebemos que os problemas são os mesmos. Só muda o endereço. Buscamos ajuda e com o Sebrae conseguimos colocar o aprendizado em prática e minimizar os problemas que tivemos na pandemia”, completa. Os empresários da cidade já faziam parte de um grupo e começaram a se organizar mais fortemente com a pandemia. Entre as ações realizadas com a ajuda do Sebrae estão a: participação em palestra sobre associativismo e cooperativismo, orientação sobre vínculo trabalhista, festival de delivery, capacitações sobre cardápio, entregas, segurança alimentar, precificação, vendas online e direcionamento para conseguir crédito. Programa Brasil Mais com acompanhamento de um agente local de inovação (ALI) e serviços do Sebraetec, como elaboração de fichas técni-

Associação Alimentação Forte: reuniões semanais para buscar soluções conjuntas

cas e melhoria de layout produtivo, também fizeram parte das ações. Atualmente, o foco está na qualificação da mão de obra dos funcionários e também de novos colaboradores. “De um lado temos o pessoal desempregado e do outro, nosso setor com falta de mão de obra qualificada. Fizemos uma parceria com os sindicatos, Sebrae e Senac para abrir cursos”, explica Gê. O proprietário da Casa da Mamma Pastéis e Massas, Gustavo José Dias Pena, conta que precisou se reinventar e investir em novas tecnologias e estruturas. “Aproveitamos o momento para nos capacitar com o Sebrae. Com as dificuldades, ficamos mais próximos e montamos a associação, que vem crescendo a cada dia, ajudando não só a mim, mas também a todos os associados”, relata. O empresário Adriano Martinho, da Panificadora Bambina, reforça

a importância da busca conjunta de soluções. “Começamos a colher os frutos: fazemos compras em grupo, treinamos funcionários, realizamos ações sociais. Espero que a Associação cresça e nos ajude a superar os desafios que temos no ramo de

alimentação”, afirma. Entre as ações sociais a que ele se refere estão a organização de doação de alimentos para famílias carentes e ajuda a instituições sociais. A consultora do Sebrae de São José do Rio Preto Simone Haduo é responsável pelo acompanhamento do grupo. “No início da pandemia, alguns empresários pensaram em desistir. A área de alimentação fora do lar sofreu demais e conseguimos fazer com que eles acreditassem que existia a possibilidade de recuperação, que o delivery poderia ser uma alternativa positiva de operação”, conta Simone. O trabalho feito em Catanduva deu tão certo que serve de modelo para aplicação em outras cidades como São José do Rio Preto. “O sentimento é de superação, com resultados colhidos pelos empresários que focaram na solução, e isso refletiu diretamente no aumento de faturamento ou redução de custos dos negócios”, afirma a consultora.

Integrantes da Associação Alimentação Forte Bar do Nê 2

Panificadora Bambina

MP Sobremesas

Bar do Nê 3

Cachorro-quente Tia Sônia

Yellow Door

Tratoria La Grande Família

Bar do Tchê

Churrascaria Original Meguis Esfiharia Beto Salgados

Torre Pizzaria

Bar do Cesar

Ge Lanches

Romana Pizzaria Farm Burguer

Pizzaria Só Na Lenha

Pizzaria do Tio Edson

Bendita Gastro

Frutaria Avenida

Casa da Mamma Pasteis

Restaurante Vitória Restaurante A Casa é sua

EXPEDIENTE Publicação mensal do Sebrae­‑SP Edição impressa

DIRETORIA EXECUTIVA Diretor­‑superintendente: Wilson Poit Diretor técnico: Ivan Hussni Diretor de administração e finanças: Guilherme Campos

Marcos Leodovico e Mariel Mathias. Imagens: www.gettyimages.com. Diagramação: Douglas da Rocha Yoshida. Fotos: Ricardo Yoithi Matsukawa – ME e Carlos Raphael do Valle – ME para o Sebrae­‑SP. Apoio comercial: Unidade Relacionamento: (11) 3177­‑4784

CONSELHO DELIBERATIVO Presidente: Tirso Meirelles ACSP, ANPEI, Banco do Brasil, Faesp, FecomercioSP, Fiesp, Fundação ParqTec, IPT, Desenvolve SP, SEBRAE, Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia, Sindibancos­‑SP, Superintendência Estadual da Caixa Econômica Federal.

JORNAL DE NEGÓCIOS Unidade Marketing e Comunicação Gerente: Mariana Ribas Coordenadora de Imprensa e Conteúdo: Marcelle Carvalho Editores responsáveis e redatores: Gabriel Jareta (MTB 34769) e Roberto Capisano Filho (MTB 46219). Assessores de imprensa: Gisele Tamamar, Patricia Gonzalez e Rogério Lagos. Estagiários:

SEBRAE­‑SP Rua Vergueiro, 1.117, Paraíso São Paulo­‑SP. CEP: 01504­‑ 001 PARA ANUNCIAR sp-jn@sebraesp.com.br

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LIVROS A ARTE DE ENCANTAR CLIENTES (Gente Editora) Frequentemente, donos de micro e pequenas empresas se dão conta de que seus negócios não têm um grande diferencial e não sabem o que fazer para mudar essa situação. Há ainda os que julgam que excelência no atendimento é só para empresas grandes, e há aqueles que acreditam que surpreender e encantar o cliente é difícil e custa caro. Existe uma estratégia que qualquer dono de negócio pode adotar? No livro, Erik Penna mostra que é fácil e viável decolar nos negócios, mesmo em mercados cada vez mais competitivos. Ele propõe uma metodologia que foca em transformar o cliente na maior estrela da sua empresa ao implementar o atendimento excepcional como vantagem competitiva do seu negócio. O HERÓI E O FORA-DA-LEI (Cultrix) Para os empreendedores que desejam criar marcas fortes e com significado, o livro de Margaret Mark e Carol S. Pearson é uma ótima indicação. A obra das autoras apresenta os 12 arquétipos segundo o psiquiatra Carl Gustav Jung, que são como personalidades que ajudam o público a se identificar com a marca. Essa afinidade emocional, posteriormente, vai facilitar nas decisões de compra. Com base no propósito da marca, o empreendedor pode identificar qual é o arquétipo dominante da empresa e aprender a posicionar sua marca de acordo com esse arquétipo. Uma leitura repleta de reflexão e autoconhecimento, que pode ser aplicada tanto no âmbito profissional como pessoal. ELON MUSK: COMO O CEO BILIONÁRIO DA SPACEX E DA TESLA ESTÁ MOLDANDO NOSSO FUTURO (Intrínseca) Nessa biografia, o jornalista Ashlee Vance, após horas de conversa com Elon Musk e pessoas de seu meio, o apresenta como o homem mais audacioso do Vale do Silício. Passando por toda a jornada empreendedora de Musk, o livro apresenta ao leitor o empresário por traz da Tesla (carros elétricos), SolarCity (energia solar) e SpaceX (foguetes espaciais), empresas revolucionárias que impactaram o ambiente político e econômico nos últimos anos. Para mostrar que nada é impossível quando se trata de empreendedores ousados e ambiciosos e que mesmo as maiores empresas do mundo passam por momentos de instabilidade.

TEC & TIKTOK ALCANÇA A MARCA DE 1 BILHÃO DE USUÁRIOS ATIVOS POR MÊS O aplicativo TikTok alcançou a marca de 1 bilhão de usuários ativos por mês no mundo neste ano. O número representa um crescimento de 45% desde julho de 2020. Segundo a empresa, Estados Unidos, Europa, Brasil e Sudeste Asiático são os maiores mercados da plataforma. O TikTok tinha cerca de 55 milhões de usuários globais até janeiro de 2018. O número subiu para mais de 271 milhões em dezembro do mesmo ano, foi a 508 milhões em dezembro de 2019 e atingiu 689 milhões em julho do ano passado. Em seu último balanço trimestral, o Facebook, principal rival do TikTok, divulgou ter 2,9 bilhões de usuários mensais ativos até o final do primeiro semestre.

RECURSO DO FACEBOOK INTEGRA MENSAGENS ENTRE INSTAGRAM E WHATSAPP O Facebook lançou novas ferramentas para as empresas encontrarem e conversarem com potenciais clientes em seus aplicativos. A ideia é se tornar o principal local para compras online, utilizando as redes sociais da empresa (controladora também do Instagram e WhatsApp) para expandir o público. Com isso, as empresas poderão adicionar um botão em seus perfis do Instagram para permitir que as pessoas enviem uma mensagem por WhatsApp para a empresa com um clique. Integrar o WhatsApp é importante para clientes em países como Índia e Brasil, onde o aplicativo de mensagens é amplamente usado.

80% DOS CONSUMIDORES DESISTEM DA COMPRA POR FALTA DE OPÇÕES DE PAGAMENTO Pesquisa feita com 500 pessoas em todo o País revelou que a falta de opções de formas de pagamento leva grande parte dos consumidores a não concluir suas compras online. O levantamento é da Nuvemshop, unicórnio do setor de comércio eletrônico, com o apoio das empresas Iugu e Pagar.me. O estudo mostrou que apesar de considerarem as compras digitais seguras (87% dos consumidores confiam no e-commerce), uma das razões para abandonarem seus carrinhos está na falta de flexibilidade na hora de fazer os pagamentos. Aproximadamente 80% dos participantes da pesquisa deixaram de concluir um pedido por não poder realizar o pagamento do jeito que gostariam, seja boleto, cartão de crédito ou Pix, que aparece como método preferido de metade dos compradores. R$ 500,00


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IDEIAS

PERGUNTE A QUEM ENTENDE Como aumentar as vendas na retomada? Divulgação

Por Sheyla Costa, especialista em gestão e mercado

PODCAST

CBN PROFESSIONAL Em mais de 200 episódios, o podcast CBN Professional promove conversas com líderes de grandes empresas e especialistas em negócios para ajudar o desenvolvimento profissional dos ouvintes e reflexões no mundo dos negócios. Uma parceria da Rádio CBN com o jornal Valor Econômico, o podcast é voltado não só para quem quer empreender, mas também para quem está em busca de novos rumos profissionais. Disponível nos principais aplicativos.

FILMES

UM BOM ANO O investidor inglês Max Skinner (interpretado por Russell Crowe) herda uma vinícola na França. Sem noção de ética nem sentimento nenhum pela propriedade, ele só pensa em dinheiro e quer vendê-la, causando conflitos. O filme mostra como a ganância sem limites pode prejudicar qualquer negócio, por mais sólido que pareça. Disponível em Star+ e Telecine.

VÍDEO

Assista a Live em:

LIDERANÇA Como ser um bom líder atualmente, em um mercado de trabalho que mescla diferentes gerações e precisa se adaptar às recentes transformações? Saiba enfrentar esse desafio. https://bit.ly/3lAoJMi

Todo empreendedor de sucesso é um vendedor por excelência, porque já cria o negócio visando as vendas. O bom vendedor é aquele que se coloca no lugar de quem está comprando. Nesses tempos de retomada econômica, é necessário ter muita atenção com o atendimento, que é a porta de entrada para fidelizar o cliente. Destaco abaixo cinco técnicas para o sucesso de vendas em qualquer negócio, seja presencial ou online. A primeira é criar um vínculo. Para vender mais, é preciso gostar de lidar com pessoas e entender as necessidades delas. Entenda o consumidor e como ele se comunica para poder criar um vínculo. Isso gera identificação e credibilidade. A ideia não é copiar a forma como o cliente fala, mas acompanhar seu ritmo e fazer uma conexão. Se a pessoa fala baixo, por exemplo, o vendedor muito expansivo pode fazê-la se sentir desconfortável. Fale sempre a verdade. Mentir para o cliente pode ser fatal não só para a venda, mas para o negócio. O vendedor ideal não é aquele que falsamente elogia o cliente na porta do provador de roupas, dizendo que a peça ficou excelente quando ela mal serviu. Isso é um erro. O terceiro ponto é personalizar o atendimento. O mínimo é tentar lembrar o nome e sempre tratar a pessoa como única. Há pessoas sérias, as de poucas palavras, as risonhas, as deprimidas, as dramáticas, atendidas por telefone ou pessoalmente. Em pouco tempo você consegue descobrir a personalidade pelo tom de voz e ritmo das palavras. A quarta técnica é sobre o cliente ter razão. Um dos pilares do atendimento eficiente é evitar discordar dele. É possível não concordar sem bater de frente. Quando o cliente fala que não gosta do produto, serviço ou marca, não precisa concordar. Basta dizer que nem sempre existe unanimidade em tudo, mas que se pode fazer o máximo para atender bem. Isso já conquista a confiança. Por fim, vender melhor inclui fidelizar. O cliente volta quando encontra o que procura. Invista em um atendimento impecável. Tão importante quanto a própria venda é o pós-venda. Telefone ou mande um e-mail para saber se o produto atendeu às expectativas e mantenha contato com seu público. Tem alguma dúvida sobre como a tecnologia pode ajudar o seu negócio? Pergunte a quem entende! Mande um e­‑mail para imprensa@sebraesp.com.br.


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Melodia renovada

Thais Chamma e o pai dela, Sérgio, inovaram em uma escola de música tradicional em Santo André Depoimento a Mariel Mathias*

“A

Riff Musical é uma escola de música profissional em Santo André que existe há 20 anos. No início, pertencia ao meu amigo Eduardo Soares, que foi meu professor de canto. Tive muitas experiências com ele, como o programa Ídolos, e no fim nos tornamos grandes amigos. Um dia, Eduardo comentou que iria vender a escola. Eu não quis acreditar, falei que não poderia fazer isso, pois a Riff era o único lugar em que eu me sentia bem, já que, na época, eu tinha depressão e síndrome do pânico porque estava infeliz com meu antigo trabalho. A música era a única coisa que fazia sentido para mim. Ele sugeriu então para que eu comprasse a Riff Musical; não pensei duas vezes e comprei. Meu pai, Sérgio Chamma, estava sem objetivos após se aposentar e entramos nessa juntos. Compramos em agosto de 2015, com um dinheiro que nem tínhamos, mas acreditávamos tanto que iria dar certo que assumimos a escola. Eu cuidava das pessoas e meu pai, da parte financeira. Foi um grande desafio no começo, a escola tinha poucos alunos e pouca estrutura. Tivemos de pensar em cada detalhe para entender onde precisávamos melhorar. No primeiro dia, quando chegamos para trabalhar, abrimos a porta, olhamos um para o outro e pensamos 'e agora?. Tínhamos empolgação e vontade de fazer dar certo, mas nos faltava o conhecimento. Começamos a conversar com músicos e professores para entender mais sobre esse mercado. Assim, procuramos cursos para nos aprimorar e descobrimos, enfim, o Sebrae-SP. Fizemos cursos de administração, liderança, vendas etc. Aprendemos, principalmente, que é necessário ter uma boa gestão

Thais Chamma e o pai, Sérgio, da Riff Musical: desafio de ensinar música por meio de uma tela

e funcionários qualificados para o bom funcionamento da empresa. Com o Sebrae-SP, aprendemos inúmeras ferramentas que automatizam ações manuais que nos faziam perder tempo. Além disso, o Sebrae-SP nos ensinou nossa maior lição: sermos líderes, e não chefes. Antes da pandemia, tínhamos um grande número de alunos e conseguimos atingir mais de 60% da nossa capacidade. Investimos em nossa infraestrutura, equipamentos para alunos e professores, layout, divulgação na internet, entre outros. Juntamos a tradição com a inovação. Voltamos a chamar a atenção novamente em Santo André, já que a Riff Musical tinha sido uma escola muito conhecida. Em 2020, veio a pandemia e, consequentemente, tivemos de fechar a escola. Nossa maior preocupação era como passar emoção,

paixão, alegria e diversão para nossos alunos por uma tela. Fizemos uma reunião com os professores para entendermos como iríamos prosseguir e pedimos ideias que poderiam manter nossos alunos interessados. Emprestamos equipamentos musicais para professores – já que muitos não tinham a estrutura pronta em casa – e ajudamos com custo de internet, já que alguns tinham um plano ruim. Para nossos alunos, realizamos apresentações em lives e videoclipes, também investimos em uma estrutura profissional, para que nossos alunos sentissem a emoção ao se apresentarem online. Nosso objetivo era lembrá-los de que faziam parte da Riff Musical, uma vez que estavam em contato direto com os professores. Após o retorno das atividades, pensamos em todos os tipos de medidas que teríamos de tomar para que

nossos alunos se sentissem seguros na volta às aulas presenciais. Criamos placas de acrílicos que separassem o aluno do professor durante as aulas, pedimos para a zeladora começar a vir todos os dias da semana e higienizamos as salas a cada aula. Também compramos faceshields para todos os nossos professores, entre outras muitas medidas. Nós percebemos que, depois dessa pandemia e do isolamento por mais de um ano, as pessoas estão cada vez mais depressivas, tristes e magoadas. Mas a música pode acessar lugares do cérebro que não conseguimos de outras formas. Esse é o nosso maior objetivo: tocar o coração dessas pessoas e melhorar suas vidas por meio da música. Trazer amor, carinho, paixão, sonho e esperança depois desse momento de tanta tristeza.” *Estagiária sob supervisão dos editores


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