Jornal de Negócios - #333 - Janeiro/2022

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A empreendedora Paula Oliveira procura equilibrar trabalho, estudos e os cuidados dos filhos

GESTÃO DA EMPRESA E DO TEMPO

Com expedientes que passam de nove horas diárias e incluem fins de semana, empreendedor precisa se organizar para saber administrar o negócio e a jornada de trabalho Pág. 8

As expectativas dos empreendedores para 2022 Pág. 4

Volta do presencial desafia o delivery Pág. 6

O que será tendência neste e no próximo ano nos negócios Pág. 10


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Quando a boa gestão e a atitude certa andam juntas TIRSO MEIRELLES, Presidente do Sebrae‑SP e empreendedor Neste nosso primeiro encontro de 2022 quero falar de dois aspectos que são fundamentais para qualquer empresa: gestão e comportamento empreendedor. É comum começarmos o ano com grandes expectativas para o ciclo que vem pela frente. Nos negócios, isso tem a ver com aproveitar oportunidades e atingir bons resultados. Este ano será de extrema importância para a reconstrução dos empreendimentos de pequeno porte e os dois pontos de que falo aqui são fundamentais para o fortalecimento deles. A combinação desses fatores tem a capacidade de potencializar as qualidades da empresa e direcioná-la na rota do sucesso. No que diz respeito à gestão, não é nenhum segredo que um empreendimento organizado tem rendimento melhor. Portanto, “colocar a casa em ordem” é o alicerce para se apresentar de forma competitiva no mercado. Nesse quesito, ressalto o cuidado especial que se deve ter com a parte financeira. Nas conversas que tenho com empreendedores dos mais variados ramos, vejo que muita gente tem dificuldade em lidar com as contas do empreendimento. Digo para eles que o primeiro passo é fazer um diagnóstico detalhado das finanças. É preciso ter muito claro quanto dinheiro entra e quanto sai, separar contas da empresa e pessoais, manter um fluxo de caixa que permita cumprir compromissos com fornecedores, arcar com eventuais empréstimos e demais obrigações. É muito importante que a empresa tenha indicadores, por mais simples que sejam. Não é raro, por exemplo, o proprietário não saber precificar seu produto ou não ter noção da margem de lucro. Isso vira uma bola de neve porque ele trabalha no escuro, sem noção de quanto fa-

tura e sem poder avaliar a saúde financeira do negócio. Outro aspecto que noto é muita gente reclamar de chegar ao final do dia esgotada de tanto trabalhar, sem perspectiva de alívio. Claro que as maiores atribuições de uma empresa são do dono do negócio, que tem de estar atento a tudo e pronto para dar as respostas necessárias. Mas percebo que há casos em que ele se ocupa demais com a rotina operacional e acaba sem tempo de pensar estrategicamente. Para ajudar nessa questão, a tecnologia é a grande aliada e está ao alcance de todos. Por meio de um programa de computador ou um aplicativo, assuntos podem ser resolvidos de forma mais ágil, sobrando mais tempo para pensar em planos de venda, em como atrair clientes, no relacionamento com o público, ou seja, em aspectos que vão proporcionar mais resultado. Aliás, a tecnologia é a chave para se trabalhar estrategicamente. Ela encurta distâncias e possibilita que um artesão do interior de São Paulo, venda para outras cidades, outros Estados e mesmo para fora do País. Quando a gestão de qualidade encontra a atitude certa, os pontos fortes do negócio se sobressaem. O comportamento empreendedor faz toda a diferença. Começo destacando a disciplina. Sem ela, a empresa funciona mal, não entrega o combinado, não cumpre prazos, problemas se acumulam; nem preciso dizer como isso termina. A disciplina leva a uma rotina positiva, produtiva e de melhoria constante. Todos nós já ouvimos alguém dizer: “quando você não sabe para onde vai, qualquer caminho serve”. Mas quando há um objetivo, você passa a trabalhar consciente de onde está e onde pretende chegar. Isso é foco,

que evita o gasto de energia com coisas que desviam da rota. Sem direcionamento, os esforços se dispersam e as ideias se perdem. O empreendedor tem espírito realizador por natureza. Mas para fazer acontecer, ele precisa estar motivado. Empreender é algo que exige muita dedicação e sacrifício. O dono de um negócio é testado todo dia e tem de encontrar forças para continuar. Como se automotivar? Todo negócio nasce de um sonho, de um propósito, da vontade de fazer do seu jeito, do desejo de mudar o mundo ou simplesmente querer ganhar dinheiro. É daí que vem o impulso para todo dia colocar a mão na massa e enfrentar as adversidades. Mas para essa vontade não se perder no meio dos contratempos, é importante estabelecer metas. Assim, de conquista em conquista, o empreendedor renova seu fôlego e segue realizando. A jornada exige do empreendedor uma boa dose de resiliência para superar os obstáculos, se adaptar às circunstâncias, achar soluções onde parece não haver e seguir firme. O que me deixa animado é que o empreendedor brasileiro desenvolveu uma capacidade única de se reinventar. Ele é criativo, corajoso e batalhador. É ele que constrói um Brasil novo a cada dia e é para ele que o Sebrae-SP existe, caminhando lado a lado na busca por um país melhor. Nossas portas estão sempre abertas para receber o empreendedor, com consultorias, cursos e inúmeras soluções gratuitas. Que 2022 seja repleto de muitos negócios, oportunidades, com gestores de alto nível e atitude, focados, entusiasmados e resilientes.

Destaques Nova etapa do Catalisa ICT ajuda pesquisadores a criarem negócios de base tecnológica

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Sebrae lançou um novo edital do programa Catalisa ICT. A iniciativa tem como objetivo fomentar a criação de negócios de base tecnológica no Brasil, a partir de pesquisas acadêmicas. O público-alvo do programa são mestres, mestrandos, doutores e doutorandos, participantes ou não da etapa anterior do Catalisa ICT. Serão selecionados, nesse edital, 250 Planos de Inovação que serão apoiados com até R$ 150 mil durante 12 meses.

O apoio aos pesquisadores será feito na forma de bolsas de estímulo à inovação (doutor/doutorando R$ 4.500,00; mestre/mestrando - R$ 3.500,00; graduado – R$ 1.500,00; graduando – R$ 600,00) mais um auxílio de R$ 20 mil para o plano de inovação. O programa Catalisa ICT foi lançado em outubro de 2020 e, em fevereiro de 2021, 1 mil pesquisas com potencial de inovação foram selecionadas. Desde o término da capacitação dessa primeira turma de pesquisadores, a comunidade acadê-

mica aguardava o lançamento do segundo Edital do Catalisa ICT – Planos de Inovação.

que apresente o Plano de Inovação, a partir de uma pesquisa científica.

As inscrições ficarão abertas até o dia 30 de janeiro (2022) e estarão disponíveis pelo Portal do Sebrae (https://www.sebrae.com.br/sites/ PortalSebrae/catalisa/ictedital).

CRONOGRAMA

Podem participar desse edital, além dos pesquisadores que estiveram na capacitação “Aprender e Estruturar”, qualquer mestre, mestrando, doutor ou doutorando

03/12/2021 – lançamento/publicação do Edital no Portal Sebrae 30/01/2022 – encerramento das inscrições 11/03/2022 – divulgação do resultado final


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Entrevista do mês

Sustentabilidade em 1º lugar

Daniela Garcia, do ICCB, fala da importância desse tema para os negócios de qualquer porte e setor

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SG é a sigla para Environmental, Social and Governance, conjunto de práticas adotado por empreendimentos que atuam com responsabilidade social em prol da sustentabilidade. São empresas que perceberam que, o negócio deve ter compromisso com o impacto que causa no meio ambiente e na sociedade. Para Daniela Garcia, especialista em estratégia de posicionamento de marcas na internet e relacionamento com consumidores, são essas empresas que conseguirão ir mais longe. Daniela também é diretora de operações do Instituto Capitalismo Consciente Brasil (ICCB), organização responsável por conteúdos e formação para líderes que desejam se tornar mais conscientes do seu impacto no entorno. A seguir, ela dá mais explicações sobre o assunto. O que é ESG? Como impacta pequenos negócios? ESG significa Environmental, Social and Governance ou Ecoambiental, Social e Governança. São critérios de sustentabilidade exigidos das empresas no mundo inteiro. O conceito não é novo, mas se tornou atual com a pandemia. As empresas devem estar atentas ao impacto dos seus produtos e serviços na sociedade e no globo. Essa urgência pela sustentabilidade foi ampliada em 2015 com a criação dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU, e mais recentemente com a crise climática. Quando o assunto chegou no segmento financeiro, as empresas realmente se atentaram para a responsabilidade que têm com o planeta. Empresas que não olham para seus stakeholders – grupos de interesse ao seu redor – não conseguem seguir em frente. Olhar para colaboradores, cadeia de fornecedores, clientes e sociedade de forma equânime é fundamental para a empresa criar boas relações em seu meio e gerar valor compartilhado. O ESG veio para provar que os resultados das empresas precisam estar atrelados a essa consciência

a questão dos resíduos sólidos: as empresas são responsáveis pelo seu lixo, embalagens e seu destino. Não cuidar pode dar multa e problemas de reputação. Um microempresário ou MEI pode separar o lixo e descartar da forma correta. Qualquer ação, sendo pessoa física ou jurídica de qualquer tamanho, é relevante. Pense nas questões de diversidade e inclusão. A diversidade é fundamental para gerar ambientes mais criativos. Contrate pessoas de gêneros, raças, cores e idades diferentes. Não custa mais ser transparente com colaboradores e clientes. Mas valoriza a marca. Governança é ter o controle da empresa em mãos e de forma clara.

Daniela Garcia, do ICCB: “Somos um sistema de pessoas e negócios que seguem juntos”

do coletivo. Todos os negócios serão impactados pelo ESG, independentemente do seu tamanho. Não há diferença quando o foco é cuidado com sociedade, meio ambiente e transparência. Como os pequenos negócios podem abordar o tema da sustentabilidade como valor para a marca? Segundo pesquisa feita pela agência Union + Webster em 2019, 87% da população brasileira prefere comprar de empresas sustentáveis e 70% disseram não se importar em pagar um pouco mais por isso. Esse consumidor é muito atento aos valores de uma marca. O que essa marca faz pelo meio ambiente? Ela está envolvida em trabalho escravo? Ela tem responsabilidade com seus colaboradores? Seus produtos são sustentáveis? Com quais projetos sociais ela está engajada? Qualquer empresa pode deixar isso transparente. Comece mostrando seu propósito, o que faz, exponha

números relevantes, contrate diversidade, comente como trata seu resíduo e suas embalagens. Transparência é o centro da governança. A senhora é crítica às empresas que têm um discurso sobre ESG e não aplicam na prática. Quem é realmente engajado em ESG mostra o que faz, mas primeiro faz internamente. ESG começa alinhando propósito a plano estratégico de atuação. Depois vem a comunicação, que não se sustenta sem bases sólidas internas, se a empresa mentir ou apenas fizer marketing, os consumidores perceberão e a marca vai sofrer em dobro. Quem já não viu uma crise se instalar por conta de consumidores nas redes sociais? Em tempos de crise econômica, quando a empresa apenas busca manter-se viva, é possível pensar em ESG? Olhar para parâmetros de sustentabilidade não custa mais caro; não olhar pode dar prejuízo. Veja

O que é capitalismo consciente? É um movimento que surgiu nos Estados Unidos no início dos anos 2000, de um estudo do professor Raj Sisodia. O objetivo era verificar como empresas mantinham alta reputação e fidelidade dos clientes sem investimentos exorbitantes em publicidade e marketing. John Mackey, CEO da Whole Foods, rede de supermercados americana, identificou características e atitudes que há anos aplicava em seu negócio. Juntos fundaram o movimento para reunir empresas que se reconhecessem capitalistas conscientes, cuja prática é baseada em quatro pilares. O primeiro é o propósito maior, é a causa pela qual ela existe. O segundo é a liderança consciente. Os líderes são responsáveis por servir ao propósito da organização criando valor para os seus stakeholders e cultivando uma cultura consciente de confiança e cuidado. O terceiro é a orientação para stakeholders. O negócio deve entender que faz parte de um sistema em que existem diferentes partes interessadas e gerar relações de valor compartilhado com todos. Por fim, vem a cultura consciente, que é a incorporação dos valores, princípios e práticas subjacentes ao tecido social de uma empresa. Ela conecta os stakeholders entre si e ao seu propósito.


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O que esperar

Empreendedores de diferentes áreas mostram

Gabriel Jareta

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uem disse que as promessas de ano novo não precisam ser respeitadas? Depois de quase dois anos de restrições de atividades por causa da pandemia de covid-19 e de crise econômica, empreendedores mostram que as expectativas para 2022 estão, sim, altas. Apesar do clima de otimismo com o desenvolvimento de suas empresas e suas atividades, é preciso ter pé no chão e basear todos os passos em muito planejamento. Nestas páginas, quatro empreendedores de diferentes ramos e com atuações diversas contam como passaram pela maior crise sanitária dos últimos 100 anos e o que estão esperando do ano que se inicia.

Voos mais altos

“N

o começo, quando pensamos em loja física, fiquei com bastante medo. A gente tem muita experiência com online, mas fazíamos muitas feiras, bazares, vendendo peças de coleções antigas. A panMichelly Barros, da Moda Vício, confecção que atua online desde 2013 e que no ano passado demia fez com que tivéssemos vontade de nos reinventarinaugurou sua primeira loja física, em Taubaté. mos, e despertou a vontade de ter essa experiência com o ponto físico. Foi uma das melhores coisas que fizemos, os clientes passaram a nos visitar e a comprar com mais frequência. Fizemos um percurso ‘ao contrário’: começamos em um marketplace muito grande e montamos uma equipe muito bem preparada para a agilidade do online. A loja veio do encontro do momento com o ponto que achamos, no centro de Taubaté. A cada mês nosso faturamento aumenta, vemos que as pessoas querem sair para comprar presencialmente. A loja física veio como uma opção a mais para vender, temos nosso estoque e conseguimos reforçar nossa marca na cidade onde começamos. Para 2022, nossa perspectiva é divulgar mais o nosso site próprio, já que boa parte do nosso lucro fica nos marketplaces. Demoramos para lançar um site porque queríamos fazer do zero, com nosso conhecimento adquirido ao longo do tempo. Graças à participação em uma rodada de negócios do Sebrae, hoje temos perspectivas de vender no exterior. Está tudo ainda instável, mas eu sou otimista, apesar de tudo. O segredo é buscar sempre algo de novo para fazer, sempre se renovar. Conseguimos manter todo nosso time durante a pandemia, mesmo 2021 sendo um ano mais difícil que 2020. Espero no ano que vem manter tudo isso ativo e conseguir exportar.”

União produtiva

“A

cooperativa começou quando teve uma chuva aqui e alagou tudo, no início de 2020. Reunimos um grupo para limpar a valeta para escoar a água e vimos que se a gente conseguisse montar uma cooperativa, o grupo todo poderia ter várias vantagens. A partir daí o Sebrae ajudou muito, organizou as turmas para passar as orientações e tivemos até aulas sobre combate a pragas. Hoje somos 16 produtores e plantamos alface, repolho, cebolinha e outros legumes. Nossos clientes são municípios como Bertioga e Rio Grande da Serra, e estamos tentando também fechar acordo com a prefeitura de Mogi das Cruzes. Também vendemos uma parte de produção orgânica para um resort na região, e queremos aumentar essa produção. O que nos segurou muito durante a pandemia foram as vendas para prefeituras, mesmo porque antes da cooperativa, a gente só plantava e não anotava nada, não sabia fazer planejamento, era um descontrole de tudo. Agora, o Sebrae tem ajudado muito com essa organização e nossa expectativa para 2022 é crescer e conseguir fornecer para outras prefeituras da região.”

Valdeci Borges da Silva, um dos fundadores e atualmente secretário da Cooperativa dos Produtores Agrícolas Solidários do Alto Tietê (Coopassat), que reúne produtores rurais no distrito de Jundiapeba, em Mogi das Cruzes.


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de 2022

otimismo – e pé no chão – com o ano que está começando

Hora da solidez

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osso negócio é de importação e distribuição de produtos para lojistas e varejistas. Trabalhamos com puericultura leve, que são brinquedos e artigos de uso pessoal e para desenvolvimento de bebês. No começo, a empresa era meu ‘plano B’, eu trabalhava com marcas menores, mas nos últimos anos tomei a decisão de ser o ‘plano A’, com investimento de tempo muito maior. O mercado dos importados dessa categoria têm uma incidência de impostos muito alta, a gente não tem nenhuma isenção. Além disso, nosso público viaja, compra lá fora. E temos também o problema de quem importa para revenda sem selo do Inmetro, sem certificação e sem pagar imposto. Com a pandemia, o primeiro impacto foi restringir as viagens. O segundo foi a redução dos produtos não importados oficialmente. O resultado foi que tivemos um acréscimo nas vendas. No ano passado crescemos entre 55% e 60%, não podemos reclamar do nosso negócio. Nós procuramos o Sebrae em janeiro de 2020 por uma questão de fluxo de caixa. A gente tinha ideia dos indicadores, mas a obtenção desses números é desafiadora. Com a pandemia, precisamos entender quais as ferramentas e que tipo de financiamentos seriam possíveis. Conseguimos um crédito com o Fampe e o impacto na área financeira foi o que mais precisávamos. Sou uma pessoa positiva, tenho buscado entender o cenário, mas hoje a incerteza é grande e estamos trabalhando para ter solidez para conseguir passar o ano. Já sentimos uma resistência muito grande à variação do dólar, custo logístico internacional, os fretes estão 20 vezes mais caros. Contamos com crescimento porque sabemos que ainda temos clientes para conquistar, ainda temos campos para cobrir. O ano de 2022 vai exigir um exercício bom de convivência em sociedade, mas creio que vou respirar mais aliviada só em 2023.”

Ana Carolina Itzaina, proprietária da Oasis Importadora, de São Paulo, que representa marcas de produtos para bebês

Novo mindset

“A

ntes de abrir a empresa, há quase 11 anos, eu trabalhava como freelancer na área de desenvolvimento de sites. Com a demanda do mercado e a transformação digital que começou lá atrás, passei a ser dono de uma empresa. Em 2015, reestruturei a agência, resolvi algumas questões que estavam se arrastando e comecei a fazer planejamento. Passei a fazer também alguns cursos com o Sebrae, mas a virada de chave mesmo foi quando fiz o Empretec. Eu mudei a mentalidade e comecei a me ver como um empresário, e não só um desenvolvedor. Saí com aquele “gás” do curso, mas uma semana depois veio a pandemia. Mesmo assim, conseguimos ir bem no home office, forneci equipamentos e internet para os funcionários poderem trabalhar sem problemas. A demanda pelo e-commerce foi muito grande na pandemia, mas ainda nos faltava uma preparação melhor. Por isso fiz cursos, participei de algumas mentorias com o Sebrae e também fizemos parte do programa Brasil Mais, do Sebrae-SP. De janeiro ao fim do ano passado nós mais que dobramos o faturamento sem dobrar os custos, fiz um investimento em pessoas e estou no processo de formalizar todas as contratações. Mas a mudança de mindset foi o mais importante: agir como um empresário e ter tomadas de decisão mais rápidas. Se eu quero ganhar escala, não importa o que está na frente, vou tentar resolver. Com a volta ao presencial, arrumei o espaço da agência e contratei mais pessoas. Para 2022, quero dobrar o tamanho da agência e ter um departamento somente de e-commerce, oferecendo soluções que os clientes ainda não encontram no mercado. Também quero criar um departamento comercial, que nunca tive. Com crescimento também surgem outras dúvidas, como questões jurídicas, por isso estou de olho em cursos e treinamentos do Sebrae. Vejo 2022 com um otimismo muito grande.”

Renan de Matos Baradel é fundador da Agência Weber, especializada em meios digitais e desenvolvimento de sites e e-commerce, sediada no bairro de Santo Amaro, em São Paulo. No período de um ano, em 2021, dobrou o faturamento e passou de MEI a EPP.


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Delivery

Com a retomada das atividades presenciais e a queda nos pedidos para

Diogo e Carla, da Puporki: reforço no marketing digital para enfrentar a diminuição dos pedidos

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Mariel Mathias*

s restrições de funcionamento e circulação durante a pandemia deram um enorme impulso ao delivery. Porém, com a retomada do atendimento presencial, negócios baseados em entregas em domicílio registram uma sensível diminuição nos pedidos, obrigando seus proprietários a repensar as estratégias para atrair clientes. De acordo com dados disponibilizados pela startup de gestão de finanças pessoais Mobills, os gastos do consumidor nos três principais aplicativos de entrega, iFood, UberEats e Rappi, cresceram 149% no ano de 2020 em relação a 2019. Em 2020, na comparação de dezembro com março, início da pandemia, o aumento de demanda foi de 187%. Com o avanço da vacinação

e a liberação do atendimento presencial nos últimos meses, as empresas de delivery têm registrado uma queda gradativa nos pedidos, que pode chegar a 50% em alguns casos. Diogo Pereira da Silva e Carla Miranda de Melo, donos da Puporki, estão entre os que tiveram redução na quantidade de entregas. Silva era dono de uma empresa de eventos, mas, com a pandemia, foi obrigado a fechar as portas. A alternativa encontrada pelo casal foi criar a Puporki, uma loja especializada em lanches de carne de porco gourmet, apenas como delivery. “Com a retomada das atividades, de outubro para novembro tivemos uma queda de 15% a 20% em nossos pedidos e sabemos que a tendência é cair cada vez mais, já que as pessoas estão voltando a frequentar lugares públicos, então

temos que focar em nossos planos de negócios”, afirma Silva. O desafio para a maioria dos empreendedores que trabalham com delivery é achar saídas para compensar a queda no volume de pedidos, que podem incluir um ponto para atendimento presencial. “Temos planos de abrir um ponto físico futuramente. Mas, por enquanto, estamos focando em nossa estratégia de marketing digital”, diz Silva. “A internet nos dá uma força muito grande para encontrar novos clientes. Estamos investindo em tráfego pago para chegar a mais pessoas e, assim, aumentar a demanda dos nossos pedidos”, explica. Segundo o empreendedor, a Puporki dedica bastante atenção à experiência do consumidor,

que vai desde as publicações nas redes sociais, aproveitando as tendências do momento, até a entrega do lanche. “Para criar um negócio é necessário se destacar e para isso é fundamental ser diferente nas redes e focar na experiência do cliente. Tudo o que fazemos é pensado; até brincamos e dizemos que entregamos tudo com muito humor, amor e carinho, quase como um abraço nosso para os clientes.” A analista do Sebrae-SP Helena Andrade ressalta a importância de as empresas que usam delivery investirem no digital para conseguirem alcançar um público maior e, dessa forma, enfrentar as oscilações do mercado. “Não ter uma estratégia de marketing traçada é o grande erro dos empreendedores que implementam o delivery”, explica. “O


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em transição

entrega, empreendedores buscam maneiras de atrair clientes

que ocorre é o empreendedor montar um delivery e pensar que por já estar nos grandes aplicativos de entrega não será necessário planejar ações nesse sentido.” De acordo com ela, é necessário entender que não se pode depender apenas do marketing do aplicativo de entrega: é importante estar presente em outras plataformas como Google Meu Negócio, Instagram e Facebook para que mais pessoas conheçam a empresa e se interessem por ela. Em relação à abertura de um ponto físico para compensar a queda no delivery, Helena lembra que há diversos fatores envolvidos que merecem toda a atenção. Um estabelecimento com atendimento presencial muda totalmente a característica do negócio, destaca. Enquanto a empresa é delivery, pode, por exemplo, ter registro como Microempreendedor Individual (MEI) e um funcionário contratado. No ponto físico, deve-se calcular quantos funcionários serão necessários e, a partir de dois colaboradores, o registro passa a ser de microempresa (ME). Há mudanças ainda nos gastos, nas legislações tributária e trabalhista, além de implicações na estrutura do negócio como locação de espaço, equipamentos, investimentos em marketing (para que as pessoas conheçam a empresa), entre outros. Tudo entra no cálculo para verificar se o empreendimento é viável.

SOLUÇÕES

Com a pandemia, o restaurante em que Thiago Gomes era funcionário fechou. Ele decidiu empreender em casa, fazendo hambúrgueres e entregando para os moradores do condomínio em que mora. Com o fim das restrições ao funcionamento do comércio e as pessoas voltando a comer fora, os pedidos diminuíram e o negócio ficou inviável. Gomes aceitou o convite do amigo Diogo Rios para abrir um ponto físico de pão de queijo recheado, localizado na região

de Pinheiros, em São Paulo. “Nós estamos em uma região mista, comercial e residencial. É perceptível que ainda poucas pessoas circulam e dependemos de clientes que passam pelo local. O começo ainda está sendo desafiador para nós. Mas vemos que há uma melhora mês após mês”, diz. Apesar das dificuldades, Gomes ressalta as características do atendimento presencial. “Com o espaço físico, conseguimos entregar uma experiência para nossos clientes que, com o delivery, não é possível.” Mesmo com ponto físico sendo seu foco principal, o empreendedor faz entregas para locais próximos e entende que é necessário continuar investindo em marketing digital para captar mais clientes. Se por um lado muitos negócios viram o delivery recuar, por outro há quem não tenha sentido impacto negativo por enquanto. É o caso de Wilson Roberto de Freitas Junior. Professor, ele sofreu um acidente de moto, ficou inapto para o trabalho e depois foi demitido. A esposa, Bruna Lima dos Santos de Freitas, não conseguia emprego devido à pandemia. O casal resolveu abrir a Kyro’s Burger no ano passado e trabalhar no modelo dark kitchen, que só oferece delivery. Até o momento, não notaram diferença nas vendas com a retomada das atividades presenciais, tanto que não pensam em desacelerar. “Encontramos um espaço novo para a produção de nossos hambúrgueres, novos equipamentos, aumentando a nossa capacidade produtiva. Nós nos preparamos muito com os cursos do Sebrae e tivemos a oportunidade de realizar o Empretec. Foi uma experiência fantástica. Recomendo”, diz Freitas Junior. Os planos para expandir as entregas em domicílio envolvem justamente seu contato com o Sebrae-SP: durante o Empretec, o empreendedor conseguiu validar, de modo profissional, a ideia de abrir outro delivery, de comida mexicana. *Estagiária sob supervisão dos editores

PARA IMPULSIONAR 1. Invista no marketing digital para captar novos clientes. Utilize as mídias sociais para fortalecer a sua marca, gerar relacionamento e fidelizar; 2. Crie promoções para os dias mais fracos em vendas, ofereça combos a preços especiais ou descontos para elevar o tíquete médio; 3. Não fique 100% dependente dos aplicativos de entrega, pois eles impedem o relacionamento com os clientes já que a base de dados não é sua. Sempre que possível, atraia o público para atendimento próprio ou estimule os clientes a preencherem pesquisas em que você consiga montar uma base de dados; 4. Envie mimos que façam o cliente se sentir especial, como bilhetes escritos à mão, doces ou outros brindes. Esses gestos geram divulgação espontânea porque os clientes acabam postando nas mídias para compartilhar com os seguidores; 5. Faça parcerias com empresas locais que tenham o mesmo público-alvo; 6. Aposte em uma apresentação do produto caprichada para estimular seus clientes a tirar fotos “instagramáveis”; 7. Pratique o advocacy marketing, que é a estratégia de identificar, engajar e mobilizar seus clientes mais satisfeitos, conhecidos como defensores da marca, para que compartilhem suas experiências positivas com a marca e com seus seguidores. Eles têm alto poder de conversão de vendas e trazem credibilidade para a sua empresa.

PARA QUEM ESTÁ COMEÇANDO 1. Faça um plano de negócios antes de empreender para identificar se a ideia é viável; 2. Defina a área de entrega e localização do delivery para facilitar a logística; 3.Pesquise todas as exigências legais solicitadas pela Vigilância Sanitária e órgãos regulatórios; 4. Faça um levantamento dos seus principais concorrentes e identifique seus pontos fortes e fracos – isso pode ser um diferencial competitivo para o seu negócio; 5. Pesquise e defina bons fornecedores para não ter problemas com falta de insumos. *Fonte: Helena Andrade, analista do Sebrae-SP.

Veja mais dicas para um delivery eficiente acessando o QR Code:


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O DESAFIO DE

Pesquisa do Sebrae-SP mostrou que empreendedor dedica

Paula Oliveira consegue organizar estudos, vida pessoal e profissional

A

Gisele Tamamar

rotina da empreendedora Paula Oliveira, de 33 anos, começa cedo, às 5h, com as atividades da casa e cuidados dos quatro filhos, com idades entre 7 e 15 anos. Das 8h às 13h20 ela assiste às aulas do curso de Gestão de Negócios e Inovação, que faz na Fatec Sebrae. Pausa para o almoço e, na sequência, ela inicia sua jornada de trabalho, que por envolver decoração de festas, também acaba consumindo boa parte dos fins de semana. Com o dia todo tomado, Paula se organiza para estar na cama às 22h e ter sete horas de sono necessárias para o descanso. O dia a dia de Paula é puxado, ainda mais por ser divorciada e ter a guarda compartilhada dos filhos. Porém, ela consegue conciliar estudos, vida pessoal e profissio-

nal graças à importância que dá para a gestão do seu tempo, tema de pesquisa do Sebrae-SP feita para mapear a jornada do empreendedor. O estudo mostrou que, em média, o empreendedor paulista dedica 9,3 horas por dia para o trabalho, jornada mais longa do que o expediente padrão de muitos funcionários com registro em carteira, sendo que 78% dos donos de negócio costumam trabalhar aos sábados e 33% aos domingos. Os fins de semana são mais corridos para Paula, devido à montagem das festas. Ela cuida de três braços do negócio: Mimos d'Arte Soluções em Festas, Nicochico Fest (locação e venda de artigos) e Tesouros da Infância (venda de brincadeiras lúdicas e educativas feitas de papel). “As ferramentas, consultorias, leituras e a busca pelo conhecimento

constante ajudam na definição das prioridades para ajustar a agenda. Fui ocupando meu espaço com coisas que eu acho importante”, diz. Entre as ferramentas usadas por ela estão aplicativos de organização de tarefas. As ferramentas também são primordiais na organização das atividades da empreendedora Maria do Carmo Esteves da Cunha, mais conhecida como Madis, de 70 anos. Depois que se aposentou da área de recursos humanos, ela criou com a irmã a empresa Envelhecer com Estilo, uma comunidade com mais de 300 mil seguidores com projetos digitais e portal de informações sobre o envelhecimento saudável, estilo e empoderamento. A parte da manhã é dedicada ao gerenciamento das redes sociais. À tarde, Madis faz cursos, marca reuniões, estuda e pesquisa assun-

tos para a comunidade. “Procuro sempre fazer minha gestão do tempo, conciliando a vida pessoal e profissional. Como trabalho com Marketing Digital, uso aplicativos que são excelentes e ajudam na administração do tempo, pois quanto mais automatizado e digital você deixar os processos, melhor você desempenhará suas outras atividades”, conta Madis, que utiliza, inclusive, aplicativos pagos para agendar postagens nas redes sociais. “Dedico de seis a oito horas para o trabalho. Vou adaptando conforme os projetos. Uma pessoa organizada consegue ser muito mais produtiva”, diz. A consultora do Sebrae-SP Cintia Martins reforça que a maneira como o tempo é utilizado reflete na produtividade. A pesquisa do Sebrae-SP mostra que 45% dos empreendedores dizem faltar tempo para a empresa. "Em decorrência dessa rotina puxada e agitada, é muito comum o empreendedor confundir o fato de estar ocupado com as horas trabalhadas. Estar ocupado não necessariamente significa ser produtivo. Ser produtivo é conseguir os resultados esperados em um espaço menor de tempo e com menos esforço, tirando o melhor proveito das 24 horas", destaca. Por isso, a consultora reforça que o planejamento é a espinha dorsal para uma boa e eficaz gestão do tempo. “Tempo e planejamento andam juntos, pois geram valor e trazem resultados. Se eu não gosto ou não dou importância para o planejamento, muito provavelmente faltam horas no meu dia para dar conta de tudo, os processos internos não estão bem desenhados, há muito retrabalho, prazos não são cumpridos, metas não são batidas", completa. O CEO da Delpim Automação Comercial, Orllei Hernani Amaro Rozauro, segue à risca a orientação do Sebrae. “Aprendi sobre metas, a criar planos de ação e a planejar. Assim, consigo colocar minhas ações de forma mais clara na agenda. Em tudo que tentamos fazer, procuramos ter a melhor produtividade possível”, conta Orllei, que depois de testar


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PLANEJAR AS 24 HORAS 9,3 horas por dia para o trabalho; 45% dizem faltar tempo para empresa várias ferramentas, se adaptou melhor ao Google Agenda. Outra preocupação do empresário é manter o pilar da saúde em dia. “Busco trabalhar os três pontos: qualidade do sono, alimentação e atividade física”, relata Orllei, que se programa para ir à academia logo depois de deixar o filho na escola e antes de ir para a empresa. A consultora do Sebrae-SP lembra da importância de o empreendedor entender que é uma pessoa única, com responsabilidades pessoais e profissionais. “É um engano muito comum as pessoas priorizarem a vida empresarial e deixarem para depois os compromissos relacionados a vida pessoal. Essa forma de pensar traz sérias consequências, entre elas as frustações, problemas de saúde, desgastes nos relacionamentos familiares, estresse, sensação de fracasso e impotência”, alerta.

CARACTERÍSTICAS

Para quem tem dificuldades de fazer a gestão do tempo, Cintia Martins lembra que o planejamento e monitoramento sistemático estão entre as características essenciais do comportamento empreendedor. “Se eu não desenvolvo essa característica, as minhas chances de insucesso em relação à administração do tempo com foco em alcance de resultados aumentam consideravelmente. Quando não há planejamento, acabo me tornando multitarefa, ou seja, faço muitas coisas, sem a consciência do que devo priorizar”, diz Cintia. E diante de um cenário de crise, a consultora lembra que algumas competências fazem total diferença na vida do empreendedor, com destaque para a capacidade de adaptabilidade e organização, a visão sistêmica, a capacidade estratégica, ou seja, a visualização do próximo passo, a vontade e capacidade de sair da zona de conforto. “São necessários recursos emocionais e muito mais esforço para que uma nova rotina seja desenhada e internalizada para garantir os resultados e a sobrevivência do negócio”, afirma.

COMO ORGANIZAR Quer saber como se organizar e planejar seu tempo para ter sucesso? Veja as dicas abaixo da consultora do Sebrae-SP Cintia Martins 1 - Liste a sua rotina pessoal e profissional, incluindo as pendências 2 - Determine um tempo para realização de cada atividade 3 - Classifique-as considerando sempre o foco nos resultados: a) tarefas de alto impacto (somente eu posso realizar) b) tarefas de médio impacto (somente eu posso realizar, mas não precisam ser realizadas naquele dia) c) tarefas de baixo impacto (posso realizar se tiver tempo ou delegar) d) tarefas delegáveis (devem ser delegadas e apenas monitoradas por mim) e) tarefas elimináveis (devem ser realizadas por outra pessoa ou totalmente eliminadas do meu dia produtivo)

4 - Distribua as suas tarefas em sua agenda ou aplicativo de gestão do tempo, considerando jornada x compromissos 5 - Monitore a execução das tarefas diariamente 6 - Caso alguma tarefa de letra 'b' não tenha sido realizada, ela deverá ser transferida para o dia seguinte, muito provavelmente com a classificação 'a' 7 - Se aparecer uma urgência, imediatamente submeta a classificação a, b, c, d ou e para tomar a decisão se deve parar o que estava fazendo para dedicar tempo a essa nova solicitação 8 - Atenção: as tarefas 'd' e 'e', normalmente, são as que mais drenam o seu tempo, pois incluem as tarefas de estimação e as distrações 9 - Pratique o exercício dos 3Cs, respondendo às seguintes perguntas: O que preciso começar a fazer? O que preciso continuar fazendo? O que preciso cessar de fazer?

TEMPO

Saiba mais acessando o QR Code:

EMPREENDEDOR Um empreendedor trabalha em média

9,3 HORAS POR DIA

• 9,2 horas para MEI • 9,7 horas na microempresa • 9,9 horas em uma empresa de pequeno porte

• 43% acham que imprevistos fazem parte da atividade • 18% creditam que os imprevistos a erros ou falta de planejamento • os imprevistos de ordem pessoal ou familiar afetam mais as mulheres, pois 41% delas são demandadas nesses casos ante 34% dos homens.

• MEI sobe para 82% • 33% costumam trabalhar aos domingos (média de 6,3h.)

45% dos empreendedores

78% trabalham aos sábados

afirmam que falta tempo para a empresa

Média de 7 horas

Por dia, 1,7 horas é dedicada para resolver imprevistos.

Sá Do ba min do go

Atender clientes é o que mais ocupa o tempo de um empreendedor:

média de 3,9 horas do dia

Mulheres se dedicam mais para questões pessoais: • Elas gastam 5,5 horas do dia • Eles, 4,7 horas • Trabalho doméstico, a diferença é maior: homens gastam 1,2 hora com isso e as mulheres, 2,1 horas

Um empreendedor dorme em média 6,7 horas

• Apesar de 59% considerarem que é tempo suficiente, 37% avaliam que não é o bastante e só 4% consideram mais do que suficiente. • As mulheres: 45% afirmam que é insuficiente • Homens: 29%


10 | JORNAL DE NEGÓCIOS

As tendências para 2022 e 2023 Guia traz o que deve nortear o mercado para as micro e pequenas empresas

D

epois do forte impacto causado pela pandemia e um período cheio de incertezas, o mercado começa a dar sinais de como serão os negócios daqui para frente. O Sebrae-PR fez um levanta-

1.

mento do que deve ser tendência neste e no próximo ano. O Guia de Tendências 20222023 é uma ferramenta de grande utilidade para os empreendedores planejarem suas ações adaptadas às novas realidades. Nesta

A inclusão de grupos minoritários, antes pouco percebidos ou

atendidos pela indústria, é uma das grandes exigências do consumidor atual (mesmo daquele que não faz parte destes grupos diretamente). O

página, você encontra um resumo do que deve nortear os negócios, de acordo com o Guia. O material completo está disponível gratuitamente em https://www.sebraepr. com.br/tendencias/.

9.

O turismo introspectivo se relaciona com o crescente desejo na

população por fazer “retiros rurais” e passar temporadas em locais mais tranquilos e isolados, especialmente quando cercados por natureza.

que se espera é que as empresas se demonstrem, para além de discur-

Este movimento cria uma grande oportunidade para os pequenos negó-

sos, preparadas na prática para lidar com públicos diversificados.

cios destas áreas, com potencial para fortalecer a economia da região.

2.

10.

Atendentes que seguem consumidores em lojas físicas ou “pro-

Sustentabilidade é a nova base dos negócios. Essas ques-

gramas de fidelidade” com cláusulas obscuras e juros altíssimos, são

tões têm se tornado tão fundamentais quando falamos em mercado e

soluções não mais bem-vindas.

indústria que já é possível identificar uma espécie de setor econômico

3.

crescente originado dela. É preciso estar sempre atento às necessidades dos colabo-

radores, desde condições de saúde (física e mental) até experiências

11.

Os materiais que vão para descarte podem ser comercializa-

no ambiente de trabalho, a fim de implementar melhorias e oferecer

dos ou permutados entre empresas, doados pela ou para a população,

suporte mais adequado.

reutilizados em novos processos de produção, transformados em

4.

bioenergia. Disponibilizar o seu negócio no meio online traz uma série de

vantagens, sendo talvez a principal delas o fato de que, a qualquer hora, em qualquer lugar, alguém pode adquirir seus produtos e serviços. A loja digital vende 24 horas por dia todos os dias.

5.

Não mais limitados a “pontos de venda”, as lojas físicas agora se

12.

Uso de energias renováveis e emergentes como a solar, eólica

e bioenergia começam a ganhar cada vez mais espaço nos negócios.

13.

A conectividade deixou de ser uma grande novidade para

a população e passou a fazer cada vez mais parte do seu cotidiano,

tornam uma extensão experiencial do que as lojas virtuais não podem

especialmente a partir da pandemia. O público finalmente começa a

oferecer. Isso significa explorar as vantagens do mundo físico de modo

desfrutar em peso das praticidades oferecidas por essas tecnologias

mais elaborado ou estratégico que antes.

e espera agora solucionar questões rotineiras, das mais triviais às mais

6.

complexas, a partir delas. Para o mercado, este é um ponto sem volta. Se antes o omnichannel era visto como “o futuro do mercado”,

hoje já se entende que estar em todos os canais e redes sociais pode ser um tiro no pé. Aposte nos canais que realmente fazem sentido para o seu

14.

Como forma de compensar os desgastes psicológicos vividos

recentemente, as pessoas estarão propensas a buscar por

público, tenha controle de qualidade sobre cada um, unifique as informa-

“momentos de fuga” de distintas maneiras. O público estará

ções e foque em aprimorar a fluidez das jornadas do cliente.

ainda mais ávido pela procura de serviços que contribuam

7.

para o seu bem-estar. A oferta de serviços no modelo de assinatura tem crescido a

cada ano, fazendo com que a ideia de compra se desvencilhe aos poucos da ideia de posse: o consumidor não paga mais para adquirir, mas para acessar e experienciar.

8.

Delivery de tudo: o modelo na experiência de compra do cliente é

tão (ou mais) fundamental para os negócios quanto a presença digital.

Assista à live sobre tendências de consumo acessando QR Code:


EDIÇÃO 333 | JANEIRO DE 2022 | 11

Divulgação

Tudo ao seu tempo GRACIELLE ALVES DA ROCHA BALDINO Analista de negócios do Sebrae-SP

Qual máquina de cartão usar? São raros os estabelecimentos que não usam máquinas de cartão para receber pagamento. Quem não oferece essa opção perde competitividade e oportunidade de vendas. Porém, o empreendedor deve se atentar a vários fatores na hora de escolher qual usar. Em relação às taxas, o óbvio sempre precisa ser dito, afinal elas podem impactar diretamente no lucro da empresa. Portanto, elas precisam ser contabilizadas na estratégia financeira, considerando que este custo seja sempre coberto pelos preços de venda dos produtos. É importante se atentar ao tipo de máquina escolhida e se ela tem a ver com o seu público. Apesar de a maioria das pessoas terem smartphones e preferirem receber via SMS ou e-mail, existem casos em que o público pode exigir o recibo impresso. Por isso, é importante conhecer bem o seu mercado para escolher o modelo de máquina. Também é importante analisar a instituição a qual ela está vinculada. Existem empresas que, além da máquina, oferecem cartões que permitem a você utilizar direto os valores recebidos pela máqui-

na, facilitam o controle de entradas e saídas por meio de aplicativos, dão a opção de realizar o controle do estoque e disponibilizam linhas de crédito com taxa de juros atrativas. Use a máquina de cartão estrategicamente, de modo que ela seja um item que vai além de um meio de recebimento. Existem outros custos que devem ser avaliados no momento da escolha da máquina de cartão, como aluguel, taxa de adesão, taxas de antecipações de recebimento, de inclusão de bandeiras etc. Há diversos custos “invisíveis” que, assim como no caso das taxas, vão impactar na saúde financeira do seu negócio, por isso, atente-se a eles. Paralelamente, considere usar o PIX, pois além de o dinheiro ficar disponível imediatamente na sua conta, você não terá intermediários nas transações de pagamento, reduzindo seus custos. Pense no seu público e verifique se esta forma de pagamento é viável. As pessoas querem praticidade e cada vez menos andam com dinheiro no bolso. Por isso, tenha opções a oferecer para não perder vendas.

O Sebrae Responde é um serviço para tirar dúvidas de empreendedores sobre a abertura de novos negócios e questões relacionadas à gestão de empresas já em atividade.

Para alguns empreendedores, janeiro é um mês de baixa demanda e de preparação para o restante do ano. Para outros, é alta temporada, época de muito trabalho e que seguem sua rotina acelerada nesse mês. Depois de dois anos dificílimos, mais do que nunca precisamos de um tempo para respirar, seja agora, seja mais para frente. E tempo é justamente um dos assuntos desta edição do Jornal de Negócios (leia nas págs. 8 e 9). Saber administrá-lo é fundamental para tornar o dia a dia mais leve e produtivo. Conseguir um período de descanso é vital para cuidar da saúde física e mental, recarregar as baterias e renovar as energias para perseverar no restante do ano. Pesquisa do Sebrae-SP mostra que o empreendedor trabalha mais de 9 horas, em média, por dia, e boa parte dá expediente aos sábados e domingos. Não é pouco. O dono ou dona do negócio costuma ser o primeiro a chegar e o último a sair. Dizem que se você tiver um emprego de que gosta, nunca vai precisar trabalhar na vida. Há um certo exagero nessa máxima. Por mais prazerosa que seja a atividade, temos de saber dosar ou acabaremos extrapolando nossos limites. Segundo a pesquisa, parcela dos entrevistados diz que mesmo tra-

balhando essa quantidade toda de horas, ainda falta tempo para a empresa. O pulo do gato está em como esse tempo é usado. É uma questão de qualidade e não de quantidade. Cada um deve observar o que pode fazer para otimizá-lo. Um bom começo é eliminar distrações como conversas que se estendem demais, evitar ficar entretido com assuntos inúteis nas redes sociais e no WhatsApp. O que não agrega deve ser cortado. Querer fazer muitas coisas simultaneamente pode parecer produtivo, mas não é. Você está sempre interrompendo uma tarefa para cuidar de outra e fica tudo pendente. Estabelecer prioridades e focar nelas é mais proveitoso. Uma rotina bem gerenciada traz facilidades, seu rendimento aumenta e a empresa funciona melhor. Na dúvida, não hesite em procurar o Sebrae-SP para ajudar. Para fechar: reserve um tempo para comemorar suas conquistas. Você merece celebrar cada vitória.

WILSON POIT, diretor­‑superintendente do Sebrae­‑SP

Acompanhe o Sebrae­‑SP no ambiente digital, em www.sebraesp.com.br, e nas redes sociais: twitter.com/sebraesp facebook.com/sebraesp instagram.com/sebraesp flickr.com/sebraesp issuu.com/sebraesp soundcloud.com/sebraesp sebraeseunegocio.com.br youtube.com/sebraesaopaulo

ELOGIE. SUGIRA. CRITIQUE. RECLAME. Queremos ouvi­‑lo: 0800 570 0800 ouvidoria@sebraesp.com.br


12 | JORNAL DE NEGÓCIOS

Para anunciar

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o sebrae­‑sp não se responsabiliza pelas informações disponibilizadas neste espaço publicitário. o anunciante assume responsabilidade total por sua publicidade.

Para tornar a

comuni‑

cação mais acessível ao cliente com deficiên‑ cia auditiva, o Sebrae­‑SP disponibiliza o serviço de

SUA EMPRESA PODE FAZER PARTE DO TIME DE PARCEIROS DO SEBRAE-SP

intérprete de Libras em seus eventos presenciais. A solicitação do serviço deverá ser comunicada no ato da inscrição e com antecedência de 5 (cinco) dias úteis à data de reali‑ zação do evento. O clien‑ te ou seu representante poderá se inscrever pes‑ soalmente tórios

nos

Regionais,

Escri‑ pelo

portal do Sebrae­ ‑SP ou pelo 0800 570 0800.

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EDIÇÃO 333 | JANEIRO DE 2022 | 13

Senso de inovação

Com uma solução tecnológica adaptada ao Brasil, Alfa Sense ganhou mercado com planejamento e gestão

“E

Gabriel Jareta

mpreender é desafiador, mas empreender e inovar simultaneamente é um desafio ainda maior.” Com essa frase, Hamilton Luiz Silva, sócio fundador da Alfa Sense, resume o que foram para ele os últimos anos desenvolvendo e levando ao mercado uma tecnologia inovadora no País. A “Fence Lite” é uma solução que transforma fibra óptica em um sensor ultrassensível capaz de registrar qualquer vibração e, a partir de um software, classificar diferentes tipos de ameaças – como invasão ou dano. A partir daí, integrado a sistemas tradicionais, consegue gerar um alarme quando necessário. Antes de dar início à Alfa Sense, em março de 2019, Silva e o sócio, Victor Diago, já trabalhavam com importação de alta tecnologia, mas entenderam que precisavam adaptar a solução às necessidades brasileiras. Em parceria com a CPQD (Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Telecomunicações), a empresa desenvolveu a solução que, segundo Silva, é capaz de resistir por 25 anos mesmo sujeita a intempéries, quedas de raios e à maresia do extenso litoral brasileiro – além disso, em áreas de proteção permanente (APPs), por exemplo, o sistema consegue fazer um “muro virtual” no perímetro desejado sem a necessidade de interferir no ecossistema. Atualmente, a empresa – sediada em São Bernardo do Campo – tem mais de 200 projetos no País e busca mercado no exterior. A empresa recebeu financiamentos a partir de editais do Ministério da Ciência, Tecnologia

Hamilton Luiz Silva e Victor Diago, da Alfa Sense: desafio de ganhar mercado

e Inovações (MCTI) e da Petrobras, mas a presença do Sebrae-SP desde a estruturação foi fundamental para o planejamento estratégico e também para o acesso ao mercado, incluindo auxílio com questões contratuais e com precificação. “O Sebrae é um parceiro com ‘pê’ maiúsculo. Nós buscamos apoio não só para montar a operação, mas também para implementar inovação”, diz Silva. O consultor do Sebrae-SP Fabio Costa de Souza, que acompanhou a Alfa Sense, conta que a parceria com a empresa foi impulsionada pela participação nos editais de financiamento e também com a necessidade de uma imersão maior no ecossistema de inovação – especialmente no ABC. “A pandemia escancarou como as empresas precisam de tecnologia

para avançar, e é nisso que estamos trabalhando no ABC”, diz. No caso da Alfa Sense, ele destaca também o trabalho conjunto desde a abertura para desenvolver canais de vendas e processos de gestão, áreas que precisavam de um olhar mais atento. Hoje o Sebrae atua junto a 110 startups e empresas do setor de tecnologia da informação e comunicação (TIC) no ABC. Elas fazem parte de um programa do Sebrae-SP, e a ideia, segundo Souza, é reconhecer a região como um APL (arranjo produtivo local) voltado à inovação. “Hoje essas empresas têm 20 mil clientes no País, mais de 70% de fora do ABC. Estamos exportando serviços e pretendemos atrair mais empresas para esse portfólio”, afirma.

A expansão da Alfa Sense mostra que há um caminho aberto para empresas de TIC que estão voltadas, além da inovação, para a gestão e o planejamento. “Para uma empresa de alta tecnologia, se ela não estiver bem preparada ela não vai tracionar e vai chegar ao fim antes mesmo de iniciar suas atividades”, observa Silva.

SAIBA MAIS O projeto vocacional de TIC nos municípios do Grande ABC está aberto à participação de startups e empresas de tecnologia da região. Informações pelo telefone 11 4433-4280.

EXPEDIENTE Publicação mensal do Sebrae­‑SP Edição impressa

DIRETORIA EXECUTIVA Diretor­‑superintendente: Wilson Poit Diretor técnico: Ivan Hussni Diretor de administração e finanças: Guilherme Campos

Marcos Leodovico e Mariel Mathias. Imagens: www.gettyimages.com. Diagramação: Bruna Silene dos Santos. Fotos: Ricardo Yoithi Matsukawa – ME e Carlos Raphael do Valle – ME para o Sebrae­‑SP. Apoio comercial: Unidade Relacionamento: (11) 3177­‑4784

CONSELHO DELIBERATIVO Presidente: Tirso Meirelles ACSP, ANPEI, Banco do Brasil, Faesp, FecomercioSP, Fiesp, Fundação ParqTec, IPT, Desenvolve SP, SEBRAE, Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia, Sindibancos­‑SP, Superintendência Estadual da Caixa Econômica Federal.

JORNAL DE NEGÓCIOS Unidade Marketing e Comunicação Gerente: Mariana Ribas Coordenadora de Imprensa e Conteúdo: Marcelle Carvalho Editores responsáveis e redatores: Gabriel Jareta (MTB 34769) e Roberto Capisano Filho (MTB 46219). Assessores de imprensa: Gisele Tamamar, Patricia Gonzalez e Rogério Lagos. Estagiários:

SEBRAE­‑SP Rua Vergueiro, 1.117, Paraíso São Paulo­‑SP. CEP: 01504­‑ 001 PARA ANUNCIAR sp-jn@sebraesp.com.br

FALE COM A REDAÇÃO imprensa@sebraesp.com.br


14 | JORNAL DE NEGÓCIOS

LIVROS CONTEÚDOS AUTÊNTICOS PARA REDES SOCIAIS (Editora Girafa) No seu primeiro livro, Conteúdos Autênticos para Redes Sociais, a especialista em mídias sociais Paula Tebett procura mostrar que as redes sociais não representam apenas um espaço de diversão. Hoje, elas oferecem isso e muito mais recursos para alavancar e diferenciar o seu negócio, como: produzir linguagem, gerar dados e informações e estratégias de marketing a fim de vender produtos físicos e digitais. Mas é na rede, que as pessoas precisam oferecer uma coisa muito importante: a sua autenticidade para se tornar único em um ambiente cada vez mais competitivo.

A DICOTOMIA DA LIDERANÇA: COMO EQUILIBRAR OS DESAFIOS DA RESPONSABILIDADE EXTREMA PARA LIDERAR E VENCER (Alta Books) O livro busca ajudar os líderes a reconhecer e alcançar o equilíbrio de liderança, crucial para a vitória. Na obra, Jocko Willink e Leif Babin exploram a possibilidade de encontrar equilíbrio entre as forças opostas que puxam cada líder em diferentes direções. Dominar a dicotomia da liderança requer entender quando liderar e quando seguir; quando manobrar agressivamente e quando fazer uma pausa e deixar as coisas se desenvolverem; quando separar e deixar a equipe correr e quando mergulhar nos detalhes e microgerenciar.

CRIAÇÃO DE NOVOS NEGÓCIOS. EMPREENDEDORISMO PARA O SÉCULO 21 (Elsevier) O livro trata do verdadeiro processo de iniciar uma nova empresa, fazê-la crescer, realizar uma colheita bem-sucedida e começar de novo. Existe uma quantidade substancial de conhecimentos, conceitos e ferramentas que os empreendedores precisam conhecer se quiserem usar as chances a seu favor. Muito do que já se sabia anteriormente foi reforçado e aperfeiçoado, mas algumas coisas foram desafiadas. Surgiram inúmeros novos insights. Esta obra é produto da experiência e de uma considerável pesquisa nessa área, enraizada na aplicação ao mundo real e aperfeiçoada em sala de aula.

TEC & SETOR DE FRANQUIAS VOLTA A FATURAR COMO ANTES DA PANDEMIA

O mercado de franquias registrou aumento no faturamento no terceiro trimestre de 2021 na comparação com o mesmo período pré-crise. O resultado havia ficado em R$ 47,2 bilhões em 2019, caiu para R$ 43,9 bilhões em 2020 e no terceiro trimestre de 2021 ficou em R$ 47,3 bilhões. Os dados são da Pesquisa Trimestral de Desempenho do Setor realizada pela Associação Brasileira de Franchising (ABF) em parceria com a AGP. A alta foi de 0,4% no confronto entre o terceiro trimestre de 2019 e igual intervalo de 2021. Entre os segmentos que mais cresceram, o de turismo e hotelaria ganham destaque, com uma recuperação de 53,1% no último trimestre, impulsionado principalmente pela retomada das viagens. Na sequência vêm as franquias de casa e construção (10,8%), saúde, beleza e bem-estar (9,1%), alimentação (7,9%) e moda (7,25%).

MULHERES EM POSTOS DE LIDERANÇA SÃO RARIDADE NAS EMPRESAS DA BOLSA

A participação de mulheres em postoschave das empresas ainda é raridade no Brasil, segundo estudo feito pela B3 com as 408 companhias listadas na Bolsa de Valores paulista. De acordo com o levantamento, de cada 100 empresas com ações negociadas, apenas seis têm três ou mais mulheres em cargos de diretoria estatutária. Um quarto delas têm somente uma e 61% não têm nenhuma mulher no corpo executivo e 45% não têm participação feminina no conselho de administração. Entre as 190 empresas que fazem parte do Novo Mercado, segmento de empresas que adotam voluntariamente regras de boa governança, 89% tinham uma ou nenhuma mulher entre os diretores. E as que tinham três ou mais mulheres nessa posição representam 3% do total. Segundo os Indicadores Sociais das Mulheres no Brasil, do IBGE, as mulheres representam mais da metade da população brasileira, são, em média, mais instruídas, mas são minoria até mesmo nos cargos gerenciais (37,4%) e, de forma geral, ganham 77% do rendimento dos homens.


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IDEIAS

PERGUNTE A QUEM ENTENDE “Como a arquitetura e a comunicação visual podem auxiliar seu negócio?”

Segundo o relatório mensal Inside Venture Capital, produzido pela plataforma de inovação aberta Distrito com apoio do Bexs Banco, foram injetados US$ 8,85 bilhões em startups brasileiras de janeiro a novembro de 2021. O volume é quase três vezes maior que o de 2020 (US$ 3,65 bilhões). Até novembro, foram registradas 677 rodadas. No mês de novembro, o setor de destaque foi o das fintechs, que recebeu um total captado de US$ 311 milhões. Em seguida, os segmentos foram: retailtechs (US$ 268 milhões), empresas de gestão de negócios e projetos (US$ 125 milhões), foodtechs (US$ 52 milhões) e healthtechs (US$ 31,3 milhões).

FILMES

COACH CARTER – TREINO PARA A VIDA Esse é o tipo de filme que mostra como é importante valorizar as pessoas para que o trabalho em equipe dê resultado. Nesta produção de 2005, Samuel L. Jackson interpreta Ken Carter, que retorna à sua antiga escola para treinar o time de basquete. Ele encontra uma equipe desestruturada com uma rotina de derrotas. Porém, com sua liderança, Carter consegue ir além da quadra e transforma o espírito e a realidade do grupo. Disponível na Netflix.

VÍDEO

Assista em:

INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL

Saiba como usar a inteligência artificial para aumentar o faturamento das vendas online.

https://bit.ly/3EJJvAu

Divulgação

INVESTIMENTO EM STARTUPS BRASILEIRAS TEM CRESCIMENTO EM 2021

Por Mateus Michels, arquiteto responsável pela Mateus Michels Arquitetura, com sede em Criciúma (SC)

Uma imagem vale mais que mil palavras. Você já deve ter escutado essa frase ao menos uma vez na vida, certo? A comunicação visual é essencial em qualquer negócio e pode até mesmo ser o diferencial quando comparada à concorrência. Dessa maneira, apostar em um projeto arquitetônico que trabalhe a parte visual, bem como a experiência que o cliente terá ao entrar no local, é imprescindível para que se tenha sucesso no mercado. Em um mundo onde a arquitetura e a comunicação visual estão totalmente conectadas, o arquiteto deve estudar o branding oferecido pela empresa, servindo de guia na escolha das cores, texturas e materiais, com o intuito de seguir a mesma linguagem utilizada pela sua marca nos outros meios de contato com o cliente. Na criação do projeto comercial, o cuidado é para que a loja transmita credibilidade e reconhecimento entre os consumidores. Por isso, desde a fachada até o interior, tudo é pensado de modo que marque o público e reforce a identidade da sua empresa. Além desse aspecto, o layout e a iluminação também são pontos importantíssimos na arquitetura. Entretanto, tudo deve ser feito de forma harmônica e precisa estar em sintonia com demais elementos de identidade visual, como banners, totens, placas informativas e sinalizações do lugar. Um dos grandes objetivos da arquitetura comercial é criar um espaço que converse com o cliente e passe a mensagem desejada. Sempre, claro, alinhado com o negócio. Com isso, é possível criar um ambiente que destaque o que é oferecido e, consequentemente, gere ainda mais vendas para o estabelecimento.

Tem alguma dúvida sobre como a tecnologia pode ajudar o seu negócio? Pergunte a quem entende! Mande um e­‑mail para imprensa@sebraesp.com.br.


16 | JORNAL DE NEGÓCIOS

Unindo o útil ao agradável A terapeuta Marceli Amaral digitalizou seu negócio para conciliar com a maternidade

Marceli Amaral: mudança para o Vale do Ribeira e reestruturação profissional

“E

Depoimento a Tatianne Kirejjian*

u trabalho com desenvolvimento humano e morava em São Paulo, onde eu prestava serviços para empresas, na área corporativa. Até que chegou um momento em que a capital começou a ficar muito grande para mim e decidi me mudar para o Vale do Ribeira, estabelecer minha vida e meu negócio nessa região, mais conectada com a natureza. Nesse momento, procurei o Sebrae-SP, fundamental para que eu conseguisse adaptar a linguagem da minha empresa, me conectar com os empresários e com as pessoas do Vale. Rapida-

mente eu me encaixei e a empresa começou a prosperar. Estava tudo indo muito bem, até que veio a pandemia e eu percebi que precisava fazer alguns ajustes, principalmente para tornar a minha empresa totalmente digital. Eu e meu companheiro nos mudamos para Iporanga, no interior do Vale do Ribeira, onde ele tem uma pousada. Ele também contou com a ajuda do Sebrae para fazer um plano de negócios, expandir a pousada e fortalecer o local como um espaço de educação ambiental. Eu criei novos produtos, automatizei os processos e tornei minha empresa 100% digital.

O interessante foi que, no meio do caminho, enquanto estávamos no projeto de digitalizar a empresa, descobrimos a minha gravidez. Foi mais urgente ainda que eu tornasse os meus produtos acessíveis aos clientes e que não dependessem tanto da minha presença para o atendimento. Nessa ocasião, eu participei do Programa Brasil Mais; foi quando eu criei meu produto digital, chamado Jornada Sistêmica, um processo de autoconhecimento terapêutico que as pessoas podem acessar por conta própria, online. Durante a gestação e agora, durante a minha licença materni-

dade, esse produto continua ativo, garantindo minha fonte de renda e a continuidade do trabalho. Desde a minha chegada ao Vale do Ribeira, o Sebrae tem sido fundamental para a sustentabilidade do meu negócio, para que ele continue operando, crescendo e sempre inovando. O fortalecimento do empreendedorismo feminino e materno me ajuda a ter qualidade de vida e me permite equilibrar o trabalho com o cuidado da minha família. Para mim, como educadora emocional e terapeuta sistêmica, esse momento de pandemia trouxe a oportunidade de automatizar o meu trabalho, que se tornou acessível a um grande número de pessoas que buscam pelo autoconhecimento, bem-estar, gestão emocional, resolução dos conflitos pessoais e familiares. Além disso, estamos trabalhando no projeto de adequação da pousada e do nosso centro de desenvolvimento de educação ambiental e expansão da consciência, que logo estará aberto para receber cada vez mais pessoas. Então eu sou grata ao Sebrae pelo meu negócio, pelo do meu companheiro e pela nossa família. O retorno ao meu trabalho está sendo muito tranquilo, estou podendo cuidar da minha filha como eu gostaria graças ao apoio que tive da equipe do Sebrae, que também apoiou o meu companheiro no projeto dele. Com isso, conseguimos unir os nossos propósitos. Futuramente, passando esse cenário que estamos vivendo, poderemos recomeçar, trazendo o trabalho para o presencial no espaço que estamos preparando para receber o público.” *Estagiária sob supervisão dos editores


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