Jornal de Negócios - #334 - Fevereiro/2022

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Vitor Luiz Bego, de Mogi das Cruzes: em pouco tempo, já conseguiu vender para órgãos do governo

O CAMINHO ABERTO DAS LICITAÇÕES

Pequenos negócios encontram nas vendas para órgãos públicos oportunidades para aumentar o faturamento; saiba como entrar nesse mercado Pág. 8

Entrevista: o desafio de empreender na favela Pág. 3

Como a inovação pode melhorar os resultados Pág. 4

Contra alta dos preços, rigor no controle das finanças Pág. 6


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(Re)inovação + (re)aprendizagem = (re)construção TIRSO MEIRELLES, Presidente do Sebrae‑SP e empreendedor Mais um ano desafiador se inicia, convivendo com os reflexos da crise sanitária que transformou nosso dia a dia, acelerando tendências e apontando novos caminhos. Ao contrário dos anos anteriores, estamos com mais experiência e conhecimento, conquistados no intenso processo de aprendizagem e reaprendizagem em tempo real, que possibilitou avançar rapidamente na resolução criativa para equações até então impossíveis. O título da mensagem deste mês é uma das fórmulas que levam a soluções tão esperadas. É nessa via que temos que nos manter conectados, buscando soluções inovadoras que possibilitem o aumento da competitividade e do protagonismo diante do processo de reconstrução do crescimento socioeconômico sustentável. O Sebrae continuará sendo o parceiro dos empreendedores nesta jornada. No ano passado realizamos mais de 5 milhões de atendimentos, sendo que 3,8 milhões executados pelos canais digitais exclusivamente organizados para isso. Mais relevante que nossos resultados, foi a resposta dos empresários atendidos: ao incorporar práticas inovadoras, 89% relataram manutenção ou aumento no faturamento e 60,5% informaram manutenção ou redução nos custos. Em um

ano em que a economia andou de lado, tal repercussão foi extremamente bem vinda e mostra que estamos no caminho certo. Boa parte desses atendimentos vieram dos 150 projetos de desenvolvimento local (PDLs), implantados com respeito à vocação regional e ao grau de maturidade dos negócios. Nas soluções de integração das mais diversas cadeias produtivas, os resultados também foram altamente expressivos: de cada 100 participantes, 95 informaram aumento ou manutenção do faturamento e 97 afirmaram que a manutenção e/ou criação de novas vagas de trabalho estavam relacionadas diretamente à participação nos programas de desenvolvimento local, entre eles nos 57 Arranjos Produtivos Locais (APLs), dos mais diversos segmentos, mapeados pelo governo estadual – do artesanato à indústria calçadista, da cerveja à cerâmica artística, do café gourmet ao turismo, de equipamentos médico-odontológicos aos TICs e biotecnologia. O sucesso de um empreendimento é a nossa razão de ser. Por isso, vamos intensificar as ações de promoção comercial, inclusive as que ocorrem no mundo virtual. Em 2021, nas 29 rodadas setoriais e multissetoriais, tivemos 2,1 mil participantes que geraram expectativas de negócios na ordem

de R$ 360 milhões. E já estamos preparando a próxima edição da Feira do Empreendedor. No ano passado, o evento foi 100% digital, inaugurando a plataforma inédita Sebrae Experience, os participantes viabilizaram mais de R$ 150 milhões de negócios futuros. Somos presença que transforma. Nesta edição, você vai se inspirar com as histórias de empresários que fizeram a virada de chave, aprimorando gestão e incorporando inovações que permitiram não só a retomada dos negócios, como também do protagonismo em seus campos e atuação. E vai conhecer novas oportunidades de negócios geradas pela conectividade, digitalização e outras tendências que vieram para ficar. No ano em que o Sebrae completa 50 anos ininterruptos de apoio ao pequeno negócio e à cultura empreendedora, quero reafirmar a você nosso compromisso de continuar, minuto a minuto, nos conectando, reinovando, apoiando seu processo de transformação. Nossa rede física – hoje com quase 400 pontos, entre escritórios regionais e postos avançados,– e digital está à sua disposição, 24 horas por dia, sete dias por semana. Juntos, consolidaremos o empreendedorismo como pilar da ponte que levará o Brasil para um futuro brilhante, promissor e próspero, o futuro que merecemos como nação. Esse é o legado do Sebrae presente.

Destaques Contribuição do MEI tem novo valor a partir deste mês

C

om o aumento do salário mínimo para R$ 1.212 em 2022, as contribuições mensais do Microempreendedor Individual (MEI) também serão reajustadas. A partir deste mês, o valor referente ao INSS do Documento de Arrecadação Simplificada do MEI (DAS-MEI) será de R$ 60,60, o que corresponde a 5% do salário mínimo. O MEI que exerce atividades ligadas ao comércio e indústria paga R$ 1 a mais referente ao Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) e os ligados ao serviço, R$ 5 referentes ao Imposto sobre Serviços (ISS). O reajuste vale apenas para os boletos que vencerão a partir do dia

20 de fevereiro. O aumento de 10,18% no valor da contribuição ocorre porque o imposto mensal pago pelos MEI é atrelado ao salário mínimo e o reajuste ocorre todos os anos. Atualmente, existem cerca de 13 milhões de MEIs no Brasil. Por meio da contribuição, eles têm direitos previdenciários, como aposentadoria por idade, auxílio-doença, salário maternidade, auxílio reclusão e pensão por morte. Além disso, ao se tornar MEI, o optante passa a ter um CNPJ, emitir notas fiscais, ter acesso às linhas de crédito e financiamentos com condições especiais. Quem não estiver com pagamento em dia pode perder o direito aos benefícios previdenciá-

rios como aposentadoria e licença maternidade, e ter o CNPJ cancelado pela Receita Federal. No Portal do Empreendedor, é possível encontrar todas as informações sobre o MEI e aderir ao regime de forma fácil e rápida pela internet. O endereço é https:// www.gov.br/empresas-e-negocios/ pt-br/empreendedor. O Portal Sebrae também oferece informações, orientações e cursos online gratuitos direcionados especialmente aos MEI. O boleto mensal do Documento de Arrecadação Simplificada do MEI (DAS-MEI) vence todo dia 20 e pode ser gerado no Portal do Empreendedor. Para o pagamento mensal do DAS-MEI, o MEI também pode

optar pelo débito automático e, para isso, basta acessar o Portal do Empreendedor e clicar no banner da solicitação de Débito Automático. O MEI que fizer essa opção deve ter uma conta corrente em um dos bancos conveniados. O Documento de Arrecadação Simplificada do MEI é o instrumento de pagamento mensal das obrigações tributárias da categoria. O DAS tem custo fixo, que varia de acordo com o setor de atuação do empreendedor. O valor mensal é de 5% do salário mínimo, referente a contribuições previdenciárias, e R$ 5 de ISS para o município, se a atividade for serviço, ou R$ 1 de ICMS para o Estado, se for comércio ou indústria.


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Entrevista do mês

Comunidade empreendedora Gilson Rodrigues, do G10 Favelas, fala sobre a realidade dos pequenos negócios na periferia

S

para que possam regularizar sua empresa e ter acesso aos benefícios.

e empreender, por si só, já traz muitos desafios, o empreendedor da favela enfrenta dificuldades extras, como falta de estrutura e preconceito. Para apoiar esses pequenos negócios, o Sebrae-SP inaugurou, em maio do ano passado, um posto do Sebrae Aqui em Paraisópolis, na Capital paulista, disponibilizando atendimento presencial, cursos e orientações sobre gestão. A segunda maior favela de São Paulo e quinta maior do Brasil pode ser comparada a um município, já que abriga cerca de 100 mil habitantes, empreendimentos de diversos tipos, escolas, agências bancárias e unidades de saúde. A instalação do Sebrae Aqui contou com a parceria do G10 Favelas, organização presidida pelo líder comunitário Gilson Rodrigues, que também é CEO do G10 Bank. Na entrevista a seguir, ele fala sobre a realidade do empreendedorismo nas comunidades. O que é o G10 Favelas e como surgiu? O G10 Favelas é um bloco de líderes e empreendedores criado em 2019 para fortalecer iniciativas de impacto social nas comunidades do País. Buscamos sempre mostrar o potencial das favelas, que juntas movimentam bilhões de reais por ano. Essa iniciativa faz alusão ao G20, bloco econômico dos países mais ricos do mundo. Com isso, criamos um olhar sobre a favela, como favelas ricas e grandes potências, onde o empreendedorismo faz com que a economia seja potente nas comunidades, possibilitando que o dinheiro circule nesses territórios e, consequentemente, gere mais empregos e renda. Com a chegada da pandemia, criamos 12 iniciativas humanitárias por meio do Comitê das Favelas-Presidentes de Rua com intuito de minimizar os efeitos negativos do coronavírus nas comunidades do Brasil. Já impactamos milhares de pessoas levando alimentos, entre outras iniciativas.

Gilson Rodrigues, do G10 Favelas: “O empreendedorismo é um fator muito importante de inclusão nas comunidades”

Quais as dificuldades específicas que o empreendedor de favela enfrenta? As principais dificuldades estão ligadas à infraestrutura. O que os moradores de bairros formais podem ter acesso, os das favelas não têm. Então, por vezes, temos dificuldades de tirar alvará, porque não temos estrutura. Nossos CEPs são bloqueados pelas empresas de entrega e não chega correspondência, e é mais difícil ter acesso a crédito, por conta do conjunto de burocracia dos “bancões”. É como se vivêssemos em dois mundos, um que pode ter acesso a tudo, e o outro que tem os CEPs bloqueados pelos aplicativos de carro que não chegam, além de não termos acesso à internet. Como foi o impacto da pandemia no empreendedor da favela?

Como o empreendedorismo pode ser um fator de inclusão nas comunidades? Acredito que o empreendedorismo é um fator muito importante de inclusão nas comunidades. Quando uma pessoa começa a empreender e tem retorno financeiro, ela consegue ter poder aquisitivo e acesso a bens e serviços que antes não tinha. Consequentemente, ela precisa adquirir mais conhecimento para fortalecer o seu negócio e ter condições para continuar empreendendo. Recentemente, o G10 Favelas criou o G10 Hub - Acelerador de Negócios, que conta com iniciativas de inovação, educação, microcrédito por meio do G10 Bank, desenvolvimento e sustentabilidade.

Como fazer os empreendedores deixarem a informalidade? Muitas pessoas começam a empreender por necessidade e quando elas entendem que empreender gera autonomia financeira esquecem de um fator importante: a capacitação. É imprescindível que quem começa a empreender busque conhecimento para dar continuidade ao negócio e isso só é possível por meio da formação. O G10 Hub - Acelerador de Negócios gera conhecimento por meio de parcerias como a que tem com o Sebrae Aqui. Em nosso hub em Paraisópolis temos uma unidade à disposição dos microempreendedores

O impacto foi bastante significativo tendo em vista os fechamentos constantes que ocorreram e o impacto sobre o número de pessoas desempregadas. A favela tem um poder de consumo gigantesco, porque, apesar de a população ter baixa renda, ela consome no local; se as pessoas param de consumir, esses empreendedores são afetados diretamente. Então, muitos empreendedores ficaram sem renda, e agora estão trabalhando para retomar a sua economia. Quais os próximos passos do G 10 Favelas? É levar o G10 Hub para vários Estados, já inaugurando no primeiro trimestre Heliópolis, em São Paulo; Coroadinho, no Maranhão; Betim, em Minas Gerais; e Casa Amarela, em Pernambuco, levando 18 iniciativas de apoio à economia da favela, gerando trabalho e renda.


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Foco total

Seja em um processo, serviço ou produto, inovar melhora

Marilza Angeleli, da Academia Inovação: com as mudanças, faturamento cresceu 5%

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Rogério Lagos

studo feito pelo Sebrae entre novembro de 2020 e abril de 2021, a partir do acompanhamento de quase 5 mil empresas que introduziram inovações e melhorias no processo de gestão, mostrou que, em média, esses pequenos negócios tiveram um aumento de 52% de produtividade e um incremento de 18% no faturamento. “A inovação é mais simples do que muitos imaginam. É comum atrelarmos o conceito a novas tecnologias ou grandes diferenças, mas muitas vezes a inovação acontece em um simples ajuste de processo que aumenta a produtividade da empresa e, consequentemente, o ganho de faturamento”, explica

a analista de negócios do Sebrae-SP Priscila Tanihara. Foi justamente prestando a atenção na estrutura e nos processos da Academia Inovação, em Votorantim, no interior de São Paulo, que Marilza Angeleli encontrou uma solução para aumentar o faturamento no setor de aulas da academia: transformou um espaço antes inutilizado em um salão com tatame para judô infantil. A empreendedora conta que, com a pandemia, a procura por atividades físicas para crianças aumentou bastante. Contratou uma professora com experiência com crianças e, há quase quatro meses, já tem uma turma grande com aulas duas vezes por semana, o que impacta positivamente no faturamento do negócio.

“Sempre tivemos vontade de implementar a categoria na academia, mas o projeto nunca saía do papel. A correria do dia a dia fazia com que não enxergássemos as oportunidades que estavam na nossa frente. Com o auxílio do Sebrae-SP, durante o programa Brasil Mais, nós conseguimos finalmente colocar em prática e já notamos um acréscimo de 5% em nosso faturamento”, diz Marilza. Agora, ela organiza a ampliação da academia com um novo salão de ginástica, que terá também aulas de balé, além da implementação de hidroterapia na piscina. “Essa capacitação nos fez enxergar caminhos que, sozinha, dificilmente iria conseguir trilhar”, comenta.

DESCOMPLICANDO

Atento ao avanço das novas tecnologias de transmissão online que ganharam força durante a pandemia, o empreendedor Fernando Moreira, da Broadcast Media Lab, empresa especializada em soluções audiovisuais de São José dos Campos, também no interior de São Paulo, aproveitou sua experiência como professor universitário para unir o útil ao agradável: criou um teclado com poucas teclas e comandos simples de videoconferências para plataformas como Zoom e Google Meet. O sistema intuitivo facilita o trabalho de muitos professores e pessoas que são avessas à tecnologia ou com a idade avançada,


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na inovação

a eficiência, reduz custos e aumenta os ganhos da empresa que acabam sendo colocadas à margem no mercado de trabalho apesar da experiência acumulada. “Identificamos um problema e criamos a solução. Conseguimos agregar valor e entender nossos processos como inovação a partir do acompanhamento do Sebrae-SP no programa Brasil Mais. Esse conceito de inovação foi muito importante, pois abriu a minha cabeça", diz. Com isso, explica Moreira, a empresa entra em outra fase. "Hoje estou relançando a minha empresa no mercado com uma plataforma de soluções e com protótipos criados dentro da capacitação para facilitar a vida do criador de conteúdo. Esse teclado, por exemplo, vai servir como uma demonstração de soluções simples e baratas que podem ser realizadas”, diz.

NOVO PRODUTO

Também no interior de São Paulo, os empreendedores Lucas Delpasso e Lucas Ramos uniram a Café Delgraan, de Araraquara, e o Rancho do Argenton Cervejas Artesanais, de Ibitinga, para a criação de um novo produto: uma cerveja American Brown Ale com café. A ideia surgiu durante um encontro de pequenas empresas participantes do programa de inovação Brasil Mais. Delpasso explica que sempre falou muito sobre a sua empresa nas reuniões, o que chamou a atenção de Ramos, que já havia tentado fabricar uma cerveja de café antes, mas sem sucesso. Desenvolveram a nova ideia juntos e lançaram o primeiro lote em outubro de 2021 com 400 unidades. “Deu mais certo do que a gente esperava, com certeza vamos continuar”, comemora Delpasso. Formado em engenharia agronômica, o empreendedor afirma que se sente à vontade com cafés especiais e em tocar o negócio que é uma paixão de família. Ela sempre teve ideias inovadoras, mas muito receio de colocá-las em prática. “No Brasil Mais, me ensinaram como fazer isso de uma forma simples, principalmente em como fazer

o marketing que sempre foi uma dificuldade para mim”, afirma. No momento, ele trabalha com mais algumas frentes de inovação: o Drip Coffee, que oferece uma dose única em um filtro com abas ajustáveis na xícara; e na época do Natal – e já com conceitos de marketing em prática – lançou embalagens festivas vermelhas para a ocasião. “Vamos lançar ainda cápsulas reutilizáveis, em que iremos cobrar apenas o reabastecimento do produto”, explica.

IMPORTÂNCIA

A analista de negócios Priscila Tanihara explica que inovar sempre foi importante, mas se tornou fundamental durante a pandemia, principalmente no ambiente virtual. Muitas micro e pequenas empresas passaram a oferecer seus produtos e serviços de forma online e a concorrência se tornou muito grande. Desta forma, como é possível se destacar e chamar a atenção dos clientes?

“As empresas precisam pensar nos processos de inovação justamente para se diferenciarem e ganharem em competitividade. O cliente não quer ‘mais do mesmo’, mas sim uma empresa que atenda de forma diferente, que ofereça um conteúdo diversificado ou até mesmo que apresente seus produtos ou serviços de uma maneira inédita", diz Priscila. A especialista comenta, ainda, que a inovação pode ajudar a aumentar a produtividade da empresa, consequentemente, reduzindo custos e aumentando o faturamento. “O simples fato de organizar um processo já contribui para esses objetivos. A partir do momento em que existe a inovação, oferecendo um diferencial ao cliente, a empresa passa a chamar mais a atenção e a vender mais”, finaliza.

O PROGRAMA

O Sebrae-SP utiliza no Brasil Mais a metodologia do projeto

Agentes Locais de Inovação (ALI). As empresas participantes recebem acompanhamento técnico gratuito por até quatro meses para melhorarem suas práticas produtivas ou gerenciais. O foco se dá nas soluções para os problemas que as empresas apresentam, sempre priorizando o aumento da produtividade. O primeiro ciclo de 2022 do Brasil Mais começa no próximo mês de março e as inscrições já estão abertas. Microempresas (MEs) e Empresas de Pequeno Porte (EPPs), com CNPJ ativo, podem participar. A pessoas interessadas podem entrar em contato com o Sebrae pelo telefone 0800 570 0800 ou se informar no escritório regional mais próximo. Saiba mais acessando o QR Code:


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O desafio da

Insumos e mercadorias que subiram além da inflação são os custos

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Gisele Tamamar

m 2021, a inflação oficial fechou em 10,06%, maior valor dos últimos seis anos, representando a média da variação de preços de produtos e serviços no País. No entanto, no dia a dia dos empreendedores, os indicadores individuais vão bem além do índice médio e evidenciam um desafio a mais na hora de fazer a gestão financeira da empresa e de se planejar ao longo do ano. A artesã Camila Zumba Vilela, por exemplo, começou a sentir o impacto da inflação há pouco mais de um ano, quando a escalada do dólar se refletiu no aumento dos preços das matérias-primas entre 30% e 50%. Mas houve casos de altas ainda maiores, como a caixa de rebite com mil peças. Antes da pandemia, ela pagava R$ 80. Agora, paga o dobro: R$ 160. Outro caso envolve as ferramentas, como o furador de couro, que passou de R$ 49 para R$ 85. Para minimizar o aumento dos custos, a empreendedora, proprietária da marca Camila Prendada, faz muita pesquisa de preços, procura comprar em quantidade maiores e sempre está em busca de novos fornecedores, além de procurar pagar as compras em dinheiro quando possível, já quem em alguns lugares os descontos podem chegar a 15%. Outra estratégia de Camila é se planejar para diminuir a quantidade de vezes que precisa sair de casa para comprar material, economizando um pouco na gasolina. A artesã também reaproveita retalhos de tecidos para produzir peças menores, como porta-moedas e porta-óculos. “Utilizo as peças para dar de brindes e fidelizar clientes, e também aproveito para vender um produto mais acessível”, conta. Assim como no caso de Camila, os insumos e mercadorias foram apontados por 35% dos Microempreendedores Individuais (MEIs) e 39% dos donos de micro e peque-

A artesã Camila Vilela enfrenta a alta de preços das matérias-primas acima da inflação

nas empresas como os custos que mais têm pressionado seus negócios, de acordo com a 12ª edição da pesquisa do Sebrae sobre o impacto da pandemia nos pequenos negócios. Combustível, aluguel e energia elétrica também aparecem na lista.

CONTROLES

A consultora do Sebrae-SP Lucia Amélia Gomes afirma que a alta dos custos é uma reclamação diária dos empreendedores. “A grande maioria dos relatos cita alta nos custos de matéria-prima e insumos, de energia elétrica, de contratação e reposição de funcionários. Porém, alguns empreendedores não têm controles financeiros atualizados

e efetivos que permitem ter clareza do impacto dos aumentos na lucratividade da empresa”, destaca. Por isso, antes de começar a cortar os custos, a consultora recomenda fazer um mapeamento para saber exatamente onde a empresa está gastando, ou seja, para onde está indo o dinheiro do negócio. Uma das indicações é fazer o controle financeiro por meio do DRE (Demonstrativo de Resultado do Exercício) para acompanhar em detalhes a situação financeira da empresa. “Com um controle preciso e confiável, é possível avaliar o impacto de cada custo no faturamento e sua relevância para o negócio e para os clientes. Mas cuidado para não cortar gastos que afetem a qualidade

do produto ou serviço e a entrega de valor ao cliente”, alerta. Outro ponto de atenção é com o preço cobrado pelos produtos e serviços. Em muitos casos, fica difícil não repassar parte dos aumentos para o consumidor. Por isso, é importante que o empreendedor tenha clareza dos custos envolvidos e calcule corretamente o preço de venda. “Comunique os clientes com antecedência de que haverá reajuste, explique o real motivo, acompanhe e estude os preços praticados no mercado, ofereça vantagens para fidelizar seus clientes e reforce sempre a entrega de valor e qualidade dos seus produtos e serviços”, orienta Lucia.


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alta dos preços

que mais pressionam os negócios; controle financeiro é fundamental

ALIMENTOS

A empreendedora Natasha Faria Gargano precisou diminuir a margem de lucro e fazer muita pesquisa de preços para fechar as contas de suas empresas, Comidinhas da Natasha e Nath Fit. Ela procura fazer muitas consultas com fornecedores e a organização constante é um fator para ter o melhor produto com bons preços. “Procuramos comprar direto dos produtores, no caso dos hortifrutis. Já com as carnes, busco qualidade e procuro comprar em quantidade para ter um prazo de pagamento e um valor que consiga trabalhar”, conta. Peixes, como salmão e linguado, e o filé mignon só entram no

cardápio se o cliente pede especificamente nas marmitas produzidas de acordo com a dieta. Para se ter uma ideia da alta dos preços, Natasha conta que pagava R$ 19 no quilo do corte bovino patinho. Atualmente, paga R$ 44. O quilo do filé de tilápia saltou de R$ 17 para R$ 38. E o do filé de frango foi de R$ 12 para R$ 19,90. Além de todos os produtos, ainda tem o gás de cozinha, que passou de R$ 63 para R$ 105. Mesmo com todas as dificuldades, Natasha tem as melhores expectativas para 2022. “Acredito em mim, na minha empresa e na comida que produzo. Quero expandir, crescer e colocar minha comida em outros pontos de venda. Espero que a economia seja reestruturada para podermos oferecer sempre o melhor”, conta. A consultora do Sebrae-SP Lucia Gomes afirma que o monitoramento dos custos e adequação dos preços devem ser práticas constantes no negócio. "Todo empreendedor está em busca de melhorar a lucratividade da empresa, e práticas ligadas a aumento de faturamento e redução de custos podem levar o negócio a patamares diferentes. É preciso muita atenção, estratégia e monitoramento constante”, finaliza.

COMO ENXUGAR OS CUSTOS Faça gestão financeira da empresa com riqueza de detalhes: separe custos diretos, fixos e variáveis e tome decisões mais assertivas com base em dados e informações. Envolva os colaboradores na geração de ideias e sugestões para redução de custos; isso pode contribuir para enxergar pontos de vista até então ignorados pelo gestor. Reavalie todos os custos e despesas fixas e variáveis, veja onde há desperdício. Verifique o consumo de energia elétrica das máquinas e equipamentos atuais e a possibilidade de troca/manutenção, além de investimento em outras fontes de energia. Busque novos fornecedores e parceiros para o negócio; mantenha-se atualizado e informado sobre o mercado e preparado para negociar sempre. Reveja e renegocie gastos com tarifas bancárias, logística, telefonia, internet, seguros, benefícios, consumo de água, material de escritório e de limpeza. Planeje o dia a dia da empresa para evitar desperdício, retrabalho, movimentação e processamentos excessivos, buscando a melhoria contínua dos processos. Atenção para o estoque, como compras constantes e excessivas, estoque exagerado de insumos ou produto acabado, excesso de produção comparado a capacidade de vendas; isso tudo exige maior espaço de armazenagem, esforço de gestão de estoque e significa dinheiro parado. Faça a seleção de funcionários de forma clara, técnica e com base nos objetivos estratégicos da empresa; reveja também as responsabilidades de cada um e busque ser mais eficiente com o quadro atual. Defina seu pró-labore e mantenha regularidade nas retiradas; lembre-se de que o caixa da empresa não é extensão do bolso do empreendedor.

Fonte: Lucia Amélia Gomes, consultora do Sebrae-SP


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COMPRAS PÚBLICAS Com capacitação do Sebrae-SP, empreendedores descobrem que

O empreendedor Vítor Luiz Bego, que começou a trabalhar com compras públicas: aprendizado constante

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Gabriel Jareta

iante das dificuldades impostas pela pandemia de Covid-19 nos últimos dois anos, uma saída para os empreendedores que estavam em busca de aumentar o faturamento e abrir novos mercados foi procurar o setor de compras públicas. Ao contrário do que pode parecer, fornecer produtos e serviços para órgãos públicos – como prefeituras, escolas públicas, secretarias etc – não é um “bicho de sete cabeças”. Basta ter muito cuidado na hora de ler os editais, adequar a empresa para exercer a atividade econômica desejada e analisar até onde é possível chegar com o preço.

E não importa a experiência no mercado ou o tamanho da empresa: estando de acordo com o exigido pelo órgão comprador, o caminho está livre para qualquer empreendedor, mesmo um Microempreendedor Individual (MEI). É importante ressaltar, porém, que nem sempre um “novato” vai conseguir vender para governos. Em muitos casos, é necessário provar que a empresa tem capacitação técnica – ou seja, que ela é capaz de entregar o que oferece. A trajetória recente do empreendedor Vitor Luiz Bego, de Mogi das Cruzes, mostra como é entrar nesse mercado. Ele atuava como MEI na área de representação

comercial e promoção de vendas e também está cursando graduação em arquitetura. Observando as oportunidades de mercado, em setembro de 2021 participou de uma capacitação em compras públicas no Sebrae-SP e decidiu unir sua área de atuação com os conhecimentos da faculdade. “Gostei do curso e remodelei todo meu MEI para poder vender material de construção civil, elétrico e hidráulico. Também tenho conhecimento na área de informática, então passei a vender também produtos dessa área”, diz. Trabalhando em casa, Bego fica atento aos editais e mantém contato com fornecedores para

tentar negociar preços e aumentar sua margem de lucro – por enquanto, ele tem procurado apenas compras pequenas, que não exigem capacitação técnica, e procura manter sua margem entre 10% e 30%. “Essa é uma questão importante, deixo o valor dentro da margem que programei. Mesmo que eu perca, tenho que ter meu lucro”, afirma. O empreendedor percebe que tem evoluído dentro do meio de licitações e encontrado mais oportunidades, mas sente falta de uma possibilidade maior de negociação com os pregoeiros – além de editais para MEIs que exigem capacitação técnica mesmo para entregas pequenas. “Isso atrapalha muito quem está começando”, observa.


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PARA OS PEQUENOS

fornecer para órgãos de governo é mais fácil – e mais seguro – do que parece CONHECIMENTO

A entrada de Bego no ambiente das compras públicas se deveu a um curso que ele fez no escritório regional do Sebrae-SP do Alto Tietê, onde foi desenvolvido um projeto de vendas “B2G” (sigla para business to government, ou “empresas para governos”). “Nossa proposta é sensibilizar os empresários sobre a possibilidade de vender para o governo e desmistificar que isso era acessível apenas para grandes empresas ou para quem detém um conhecimento excepcional”, diz o consultor do Sebrae-SP João Carlos Loureiro Gomes. É o caso, por exemplo, de quem acredita que é preciso conhecer profundamente a legislação para poder participar de licitações. De acordo com Gomes, o empreendedor deve estar atento aos documentos pedidos nos editais e saber o que o governo precisa comprar. A partir daí, montar o seu preço para conseguir vender e ter lucro no negócio. No curso oferecido pelo Sebrae-SP, além das informações sobre como formular o preço, o empreendedor vai receber uma planilha com links para baixar as certidões necessárias e ter orientações sobre as diversas formas de compras públicas existentes, como processos de contratação direta, feitos por meio de dispensa de licitação ou cotação eletrônica, bem como os pregões eletrônicos, convites e outras modalidades. “O empreendedor vai começar a entender que ele deve vender pela referência, pela especificação do produto, e não pela marca, então é preciso encontrar o equilíbrio para o empresário obter o melhor resultado possível. São visões que andam juntas: a questão financeira e o conhecimento sobre compras públicas”, afirma Gomes. Os empreendedores que participam da capacitação também aprendem sobre onde buscar os editais na internet para participar das licitações. Desde 2020,

o Sebrae-SP mantém o Portal Compras Públicas SP (www. compraspublicassp.com.br), aberto para MEIs, MPEs, cooperativas e produtores rurais. A participação em todas as modalidades de licitação exclusivas realizadas dentro da plataforma é gratuita durante um período de 12 meses, e o usuário também recebe alertas customizados e georreferenciados sobre certames que estão ocorrendo na sua região.

OPORTUNIDADES

O consultor do Sebrae-SP Rogério Cardoso, também do Alto Tietê, explica que diversos empreendedores da região passaram a fornecer itens para municípios da região que vão desde pó de café e hortaliças até cogumelos para a merenda escolar, em parceria com a prefeitura de Mogi das Cruzes. Além disso, há oportunidades para vender para órgãos estaduais, como unidades prisionais que precisam de itens de higiene pessoal e de vestimenta. Mesmo com todo esse mercado, Cardoso aponta que muitos processos acabam “desertos” – ou seja, sem nenhum participante. Quem está atento aos editais consegue encontrar essas oportunidades e obter um bom faturamento. “Quando você vende para o governo, um ponto chave é ir baixando o preço para ganhar aquele certame, porém mantendo algumas margens que você precisa – essa lógica é que é passada durante o treinamento, quando você conhece todos os custos envolvidos”, afirma. As compras públicas foram a “salvação da lavoura” para o empresário Daniel Vinicius de Moraes, proprietário da marmitaria Le Cheff, em Caraguatatuba. A empresa começou como restaurante em 2014, mas em 2020 passou a fazer só delivery. “Tomamos essa decisão um mês antes de a pandemia começar”, lembra Moraes, que é dono da empresa junto com a

esposa, Helen Moraes. Com a crise provocada pela pandemia, o casal buscou alternativas para aumentar o faturamento – foi quando eles fizeram a capacitação em compras públicas e passaram a participar de licitações, em junho de 2021. Atualmente, a empresa fornece refeições para a prefeitura da cidade e, em média, 60% do faturamento vem de vendas para órgãos públicos. “No começo eu tinha muito pé atrás, eu não acreditava que podia entrar nessa área sem ter a indicação de alguém. Hoje eu vejo que, pelo menos no meu ramo, eu não tenho nada que duvidar dos processos”, afirma. Moraes conta que hoje a esposa fica mais à frente da operação

da marmitaria, enquanto ele se dedica a encontrar novas oportunidades por meio de licitações. “Há muito mais campo do que só vender o marmitex, como fornecimento de lanches e outros itens de alimentação. Hoje minha rotina é ficar de olho no que as prefeituras estão buscando”, conta. E completa: “É importante lembrar que tudo isso demanda tempo, quem quer trabalhar com compras públicas não pode ficar ansioso para querer ganhar logo”.

Para saber mais sobre a história de Daniel e Helen Moraes, acesse o QR Code:

COMO COMEÇAR Empreendedores interessados em participar de cursos de capacitação para entrar no mercado de compras públicas devem procurar a unidade do Sebrae-SP mais próxima – a agenda depende de cada região – ou ligar para 0800 570 0800. As empresas também podem se cadastrar gratuitamente no Portal Compras Públicas SP (www.compraspublicassp.com.br). Mais de 35 mil fornecedores de produtos e serviços já estão cadastrados e cerca de 91 mil editais já foram divulgados na plataforma. O Sebrae-SP também oferece um curso online sobre o tema, basta acessar o QR Code.


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Faça um orçamento vendedor Modo de apresentar a proposta pode ser determinante para fechar o negócio

F

azer um orçamento vai além de informar preço, prazo e uma lista de material. A confecção bem feita dessa proposta comercial pode influenciar a decisão do cliente. Leia

a seguir as orientações dos consultores do Sebrae-SP Ariadne Mecate e Felipe Chiconato sobre como elaborar um orçamento realmente vendedor.

Alinhe as expectativas de seu cliente, entenda as reais necessidades dele e o que ele precisa, e veja se sua empresa tem condições de atender à demanda. Esse é um momento muito importante, pois um orçamento errado pode fazer com que sua empresa perca a oportunidade de venda.

Monte um orçamento organizado, visualmente bonito, utilize a identidade visual da empresa (logo, cores, tipo de letra).

Dê algumas dicas para seu cliente. Por exemplo, você pode ajudá-lo orientando como escolher o serviço, mostrando os cuidados que ele deve ter na hora de contratar. Isso mostra que você entende do que faz e ainda ajuda o cliente na escolha, reforçando a sua imagem de especialista.

Dê destaques aos seus diferenciais. Evidencie os pontos que agregam valor (prazo de entrega, forma de pagamento, detalhes do produto ou serviço etc).

Cada item é uma venda. Apresente no orçamento o detalhamento (excesso ou escassez de informações pode ser ruim) do que será adquirido.

Orçamento não é só preço. Apresente o preço com as condições de pagamento, sempre evidenciando o valor e não o custo.

x

Procure não enviar orçamento em corpo de e-mail.

Seja rápido no envio, não deixe seu cliente esperando.

Lembre-se de gerar uma percepção de escassez, colocando prazo de validade na proposta do orçamento.

Monitore o orçamento enviado e procure saber o que o cliente achou, mesmo em caso negativo.


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Inovar sempre

MARCOS STAHL Consultor do Sebrae-SP

Como internacionalizar a empresa? O sonho de internacionalizar o negócio e aumentar a clientela pode começar a se concretizar quando sua empresa participa de missões, rodadas de negócios e feiras internacionais. Mas, para isso, é necessário fazer a adequação do empreendimento e dos produtos e capacitar o pessoal envolvido. Um dos primeiros pontos é conhecer a cultura e as exigências dos países dos importadores. Essas informações estão no site da Apex em http://www. apexbrasil.com.br/estudos-exclusivos-de-oportunidades-no-exterior. Assim, você vai saber o que pode ser vendido no exterior e pensar no seu diferencial. A pergunta é: por que alguém compraria o seu produto naquele país e não dos concorrentes locais? Ao pesquisar produtos similares aos seus, é necessário saber se o seu pode ser adquirido por aquele país ou se você tem flexibilidade para adequação. Há países, por exemplo, onde se exigem informações que não são pedidas no Brasil ou pode haver algum item na composição do produto permitido aqui e não no país de destino. Sua empresa conseguiria adaptar a em-

balagem ou o produto para atender a essas exigências? Saber se comunicar em inglês e em espanhol é obrigatório. Faz parte da internacionalização ter um site, fanpage, cartão pessoal e apresentação nesses idiomas. Outra questão é fazer uma lista básica de preços em dólar ou euro em inglês e espanhol. Lembre-se de calcular seus preços sem impostos brasileiros. Se sua empresa já tem como permitir aos clientes fazerem pedidos, seja por e-commerce automatizado, seja por pedidos pessoais manuais, conhecer os principais meios de pagamento adequados para cada uma das suas operações é um ponto muito importante e que possibilita ao cliente comprar sem medo (transferência bancária, cartão de crédito, pay pal etc). Nos eventos internacionais, leve amostras, que podem ser transportadas por courriers (DHL, Fedex, TNT, UPS, etc). Não se empolgue com a possibilidade de grandes pedidos. Busque mais informações antes de ações que custem dinheiro. Assegure-se de sempre ter pagamentos antecipados ou garantidos. Na dúvida, consulte o Sebrae-SP.

O Sebrae Responde é um serviço para tirar dúvidas de empreendedores sobre a abertura de novos negócios e questões relacionadas à gestão de empresas já em atividade.

Inovação, um dos temas desta edição do Jornal de Negócios, já era fundamental para a competitividade de qualquer empresa. Com os novos desafios trazidos pela pandemia, a necessidade de inovar ficou ainda mais evidente. Quem faz sempre igual, alcança sempre o mesmo resultado. Porém, uma hora a repetição não funciona mais: a consequência é a perda de espaço no mercado. Inovar é fazer diferente com o objetivo de melhorar o desempenho do negócio. Aqui, quero dar destaque a duas iniciativas do Sebrae-SP. Uma é a aplicação da metodologia Brasil Mais, que inclui o programa Agentes Locais de Inovação (ALI), e proporciona um acompanhamento técnico, personalizado e gratuito dentro da empresa, aprimorando a produtividade e a competitividade (leia na pág. 4). Chamo atenção também para a parceria entre o Sebrae-SP e a Associação Brasileira de Startups (Abstartups), no projeto iniciado no ano passado, que vai alcançar mil startups em três anos no Estado de São Paulo. As ações englobam mentorias, capacitações, networking e o desenvolvimento de comunidades desse setor. Startups são empresas inovadoras por natureza, que têm a tecnologia como base, além de grande potencial de crescimento. Elas se destacam por sua capacidade de sobre-

viver em um cenário de incertezas (o que não tem faltado nos últimos dois anos), são flexíveis e calcadas em planejamento e pesquisa. Em situações críticas, como a que temos vivido por causa da Covid-19, as startups têm a habilidade de resolver problemas que não encontramos em empresas convencionais. Elas podem oferecer as respostas que, muitas vezes, o modelo tradicional não consegue. São Paulo é um dos ecossistemas de startups mais promissores do mundo, abriga universidades, é o maior polo tecnológico da América Latina e conta com grande infraestrutura. Existem hoje mais de 920 startups no Estado, o que representa três de cada dez existentes no País. É um vasto potencial a ser explorado. Sempre digo que devemos parar de pensar no problema e focar na solução, e ela passa por perceber as oportunidades e estar aberto ao novo. O empreendedor que incorporar isso ao seu dia a dia vai ampliar suas chances de sucesso.

WILSON POIT, diretor­‑superintendente do Sebrae­‑SP

Acompanhe o Sebrae­‑SP no ambiente digital, em www.sebraesp.com.br, e nas redes sociais: twitter.com/sebraesp facebook.com/sebraesp instagram.com/sebraesp flickr.com/sebraesp issuu.com/sebraesp soundcloud.com/sebraesp sebraeseunegocio.com.br youtube.com/sebraesaopaulo

ELOGIE. SUGIRA. CRITIQUE. RECLAME. Queremos ouvi­‑lo: 0800 570 0800 ouvidoria@sebraesp.com.br


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cação mais acessível ao cliente com deficiên‑ cia auditiva, o Sebrae­‑SP disponibiliza o serviço de

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intérprete de Libras em seus eventos presenciais. A solicitação do serviço deverá ser comunicada no ato da inscrição e com antecedência de 5 (cinco) dias úteis à data de reali‑ zação do evento. O clien‑ te ou seu representante poderá se inscrever pes‑ soalmente tórios

nos

Regionais,

Escri‑ pelo

portal do Sebrae­ ‑SP ou pelo 0800 570 0800.

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Empreender na pele

Sheila e Marcos Gonçalves buscaram desenvolver postura empreendedora para expandir a Medicatriz

Sheila e Marcos Gonçalves, da Medicatriz: segurança para expandir a marca

P

Mariel Mathias*

ara ter um negócio de sucesso, é necessário ter um comportamento empreendedor. E foi esse comportamento que levou os farmacêuticos Sheila e Marcos Gonçalves a fundarem a Medicatriz há 33 anos, em São Paulo. O casal começou trabalhando com produtos manipulados na empresa, que depois se tornou uma farmácia dermatológica profissional. “O Marcos é muito visionário. Na época, ele detectou um novo mercado se abrindo de cosméticos profissionais, porque nós começamos a ter muita procura por profissionais da área de estética”, diz Sheila. A empresa Medicatriz começou aos poucos, mas em 2005 transfor-

mou a farmácia em uma indústria. “O Sebrae entrou na nossa vida porque percebemos que tínhamos construído uma empresa de 1988 até 2005 sem estruturação empresarial. Vimos que eram necessárias melhorias na parte organizacional”, conta. Sheila diz que um dos pilares de sua estratégia é usar todos os recursos que o Sebrae oferece. “Não nos limitamos apenas a cursos técnicos ou de recursos humanos. Eu já fiz de tudo, como palestras e cursos de logística, venda, marketing, finanças, entre outros. O que o Sebrae ofereceu, eu fiz”, lembra.

Em 2011, a consultora do Sebrae-SP Ariadne Mecate enxergou na Medicatriz um potencial muito grande de crescimento. “Sheila é uma empresária muito determinada e isso fez com que ela unisse a vontade de crescer com o apoio que o Sebrae estava oferecendo. Temos várias ferramentas, mas depende de o empresário querer fazer a transformação do seu negócio. Foi o que a Medicatriz sempre quis e praticou, não só com ela mesma, mas também com os seus funcionários e fornecedores”, conta Ariadne. Isso levou a empresa também ao reconhecimento do mercado, como quando Sheila foi premiada pela Associação Comercial de São

Paulo como uma das dez empresárias que fazem a diferença na cidade. Além disso, a empreendedora participou de oito ciclos do Brasil Mais e, com isso, foi duas vezes finalista de um dos maiores prêmios de inovação do País. “Nós fomos escolhidos pelo Sebrae e pela Confederação Nacional da Indústria como uma das trinta empresas inovadoras do país”, diz. Outro curso fundamental na trajetória de Sheila foi o Empretec, que, segundo ela, a ajudou muito a abrir sua mente para desenvolver e elevar o patamar de sua empresa. Hoje, a Medicatriz é um grupo econômico com duas empresas: Medicatriz Dermocosméticos Profissionais, especializada em cosméticos de tratamento para pele, e Corius Soluções, especializada em tratamento de unhas. Ariadne Mecate conta que, com os cursos do Sebrae, não só a empresa registrou expansão, mas também a empresária conseguiu amadurecer sua maneira de trabalhar. “Isso trouxe uma segurança maior para Sheila, na medida em que ela tinha mais informações e controles do seu próprio negócio. Sempre traçou as metas de onde gostaria de chegar”, diz. Com a experiência no Empretec, conseguiu se planejar para atingir os resultados que esperava, assim como obter novos parceiros comerciais e uma rede de contatos. “A empresa cresceu em número de vendas desenvolvendo novos produtos e aumentando o leque de clientes. Também foi para um espaço maior e passou a participar de grandes feiras da área de cosméticos", conta Ariadne. *Estagiária sob supervisão dos editores

EXPEDIENTE Publicação mensal do Sebrae­‑SP Edição impressa

DIRETORIA EXECUTIVA Diretor­‑superintendente: Wilson Poit Diretor técnico: Ivan Hussni Diretor de administração e finanças: Guilherme Campos

Mariel Mathias. Imagens: www.gettyimages.com. Diagramação: Bruna Silene dos Santos. Fotos: Ricardo Yoithi Matsukawa – ME e Carlos Raphael do Valle – ME para o Sebrae­‑SP. Apoio comercial: Unidade Relacionamento: (11) 3177­‑4784

CONSELHO DELIBERATIVO Presidente: Tirso Meirelles ACSP, ANPEI, Banco do Brasil, Faesp, FecomercioSP, Fiesp, Fundação ParqTec, IPT, Desenvolve SP, SEBRAE, Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia, Sindibancos­‑SP, Superintendência Estadual da Caixa Econômica Federal.

JORNAL DE NEGÓCIOS Unidade Marketing e Comunicação Gerente: Mariana Ribas Coordenadora de Imprensa e Conteúdo: Marcelle Carvalho Editores responsáveis e redatores: Gabriel Jareta (MTB 34769) e Roberto Capisano Filho (MTB 46219). Assessores de imprensa: Gisele Tamamar, Patricia Gonzalez e Rogério Lagos. Estagiária:

SEBRAE­‑SP Rua Vergueiro, 1.117, Paraíso São Paulo­‑SP. CEP: 01504­‑ 001 PARA ANUNCIAR sp-jn@sebraesp.com.br

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TEC &

LIVROS INVENTE SEU LADO I: A ARTE DE INOVAR NUMA ÉPOCA DE INCERTEZAS (Buzz Editora) É um livro escrito para pessoas que se interessam em empreender e principalmente em inovar. O autor mostra que o intraempreendedorismo é tão imperativo, instigante e inovador quanto as modalidades externas. Ao longo da obra, o leitor descobre, de maneira prática, o intraempreendedor que você já é ou tomar consciência do intraempreendedor que você pode ser. Em ambos os casos, passará a ter uma visão mais ampla e nítida das infinitas potencialidades de crescimento pessoal e profissional que o intraempreendedorismo ativo pode proporcionar na sua vida e na empresa em que você trabalha.

DE UM GOLE SÓ: A HISTÓRIA DA AMBEV E A CRIAÇÃO DA MAIOR CERVEJARIA DO MUNDO (Portfolio-Penguin) O livro conta a história da Ambev e como uma empresa familiar obsoleta, ineficiente, nascida em um país de economia emergente, se tornou a maior do planeta em seu setor. A obra narra como os brasileiros atraíram os líderes do setor mundial a se unirem a eles ou a venderem seus negócios. O texto mostra os choques de cultura a cada nova fusão ou aquisição, o peso de se tornar uma referência em gestão, as vitórias, os aprendizados e as crises, além dos desafios na tentativa de reverter a imagem polêmica que se criou entre os consumidores brasileiros.

O LADO DIFÍCIL DAS SITUAÇÕES DIFÍCEIS (WMF Martins Fontes) No livro, Ben Horowitz, um dos empreendedores mais respeitados e experientes do Vale do Silício, conta a história de como ele mesmo fundou, dirigiu, vendeu, comprou, geriu e investiu em empresas de tecnologia, oferecendo conselhos essenciais e normas de sabedoria prática para ajudar os empreendedores a resolver os problemas mais difíceis - aqueles de que as faculdades de administração não tratam. Seu blog alcançou um público dedicado de milhões de leitores, que passaram a confiar no autor para ajudá-los a gerir suas próprias empresas.

PIX JÁ É USADO POR 86% DOS PEQUENOS NEGÓCIOS O número de adeptos do Pix continua crescendo. De acordo com a 13ª Pesquisa de Impacto da Pandemia do Coronavírus nos Pequenos Negócios, realizada pelo Sebrae em parceria com a Fundação Getulio Vargas (FGV) no final de novembro, 86% dos pequenos negócios já utilizam essa modalidade de pagamento. O número é 9 pontos porcentuais superior ao detectado na edição anterior da pesquisa realizada em agosto, quando 77% dos entrevistados afirmaram ter aderido ao Pix.

HAMBÚRGUER É O CAMPEÃO DE PEDIDOS NO DELIVERY

Segundo levantamento da empresa de delivery de alimentos iFood, o hambúrguer foi a comida mais pedida em 2021 no Brasil. Já a pizza, que é vista como uma das preferências do consumidor brasileiro, ficou apenas em nono lugar, atrás de açaí (8º), marmita (7º) e comida japonesa (6º), sobremesa (5º), pratos com frango (4º), sanduíche (3º) e pratos com carne (2º). No acumulado de janeiro a novembro do ano passado, foram pedidos mais de 100 milhões de hambúrgueres no aplicativo, ou quatro por segundo. O número de pedidos já havia crescido 140% na plataforma de 2020 para 2021 e houve um aumento de 104% no número de hamburguerias cadastradas entre março de 2020 e março deste ano, sendo que 94% são pequenas e médias empresas.

DIGITALIZAÇÃO AUMENTA OPORTUNIDADES DE NEGÓCIOS PARA MPES EM 2022

Levantamento feito pelo Sebrae com a FGV mostra que sete em cada dez micro e pequenas empresas se digitalizaram desde o início da pandemia e essa necessidade acabou criando ou aumentando as oportunidades em segmentos voltados para a tecnologia. Negócios ligados à tecnologia da informação como suporte técnico, manutenção e marketing estão entre os segmentos que mais apresentaram aumento no período. Há ainda muitas oportunidades relacionadas ao maior uso de equipamentos de comunicação em geral, de biometria, de automação residencial e empresarial e realidade virtual para teste de produtos e serviços.


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IDEIAS

PERGUNTE A QUEM ENTENDE Até onde vai a digitalização e quando ela se torna transformação digital?

Divulgação

Por Sergio Lozinsky, sócio-fundador da Lozinsky Consultoria

PODCAST

RESUMO CAST

Apresentado por João Cristofolini e Gustavo Carriconde, o Resumo Cast é voltado ao empreendedorismo. Os apresentadores dão dicas de livros e fazem resumos das obras que consideram relevantes para quem quer começar a própria empresa ou melhorar a gestão. Disponível nas principais plataformas, como Spotify e Apple Podcasts. Link da página: https://bit.ly/3riZtvB

FILMES

DE PERNAS PRO AR

Alice já passou dos 30, é casada com João, tem um filho e é uma executiva bem sucedida. Na verdade, ela é uma típica workaholic, que tenta se equilibrar entre a rotina de trabalho e a família, mas perde o emprego e o marido no mesmo dia. É quando ela passa a contar com a ajuda da vizinha Marcela, que mostra que é possível ser uma profissional de sucesso sem deixar os prazeres da vida de lado. Para isso, Alice vira sócia da nova amiga em uma sex shop falida e embarca em uma nova fase. Disponível na Netflix.

VÍDEO

RELACIONAMENTO

O LinkedIn deixou de ser uma rede social para divulgação de vagas e currículos e se tornou uma plataforma líder em relacionamento, voltada para negócios. Saiba como aproveitar as oportunidades que esse canal oferece para aumentar as vendas e melhorar o relacionamento com o cliente.

Assista em:

https://bit.ly/3FpLYzt

Os termos digitalização e transformação digital têm sido usados de forma intercambiada, mas denotam coisas diferentes. No senso comum, digitalizar-se é passar por uma transformação digital. Mas a questão é mais complexa. Digitalização é o uso de tecnologias “digitais” – como mobilidade, apps, mensagens via WhatsApp ou SMS – que ampliam a automação dos processos, criam facilidades de self-service para clientes, fornecedores ou colaboradores, permitem autorizações de forma remota, entre outras, mas não mudam significativamente os processos. Para haver transformação digital é necessário haver, obviamente, uma transformação. Um exemplo de transformação digital são os serviços de entrega de refeições. O restaurante se digitalizou ao aderir a uma plataforma, automatizando processos que já existiam, enquanto o app fez a transformação digital da cadeia de valor. Ao entender que o atendimento do pedido seria o mercado mais promissor, as plataformas de delivery saltaram à frente e se tornaram mais importantes que algumas marcas de restaurantes. Agora, esse mercado vive uma nova transformação, com os restaurantes tentando criar as condições para voltarem a dominar a cadeia de valor. A transformação digital leva à disrupção, podendo atingir uma cadeia de valor inteira e resultar em algo inédito. Há quatro formas de fazer a transformação digital: 1 - Montar um escritório para isso: trata-se de uma equipe que estuda como digitalizar a empresa e como criar novos negócios baseados em tecnologias digitais. 2 - Montar um escritório em cada unidade de negócio: é como se o marketing, o departamento de vendas etc. tivessem seu próprio escritório de transformação. 3 - Estabelecer um projeto de transformação digital: permite à empresa experimentar aos poucos, em vez de mergulhar em uma reformulação total. 4 - Criação de um novo negócio digital: impacta menos o atual negócio. A empresa coloca dinheiro e gente em uma empresa nova.

Tem alguma dúvida sobre como a tecnologia pode ajudar o seu negócio? Pergunte a quem entende! Mande um e­‑mail para imprensa@sebraesp.com.br.


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Barba, cabelo e bigode

Fernando Sichieri mudou de carreira depois de ver oportunidade em produtos de beleza masculinos

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Depoimento a Tatianne Kirejjian*

rabalho desde os 15 anos, mas nunca deixei a CLT porque era minha segurança. Porém, sempre fui ambicioso e corri atrás de ter as minhas coisas. Eu me formei em engenharia mecânica e logo comecei a atuar na área. Tive grandes oportunidades de trabalho, participava de projetos no exterior. Mas, por volta de 2017, não estava mais sendo interessante para mim; havia me casado, estava formando minha família e queria pôr os pés no chão. Outra questão dessa época, era em relação à aparência. Gosto de ter tatuagens e barba, mas na empresa em que trabalhava sentia que havia um certo estigma em relação a isso. Mesmo assim, resolvi deixar a barba crescer e procurei uma barbearia para apará-la. Durante o atendimento, o barbeiro Bruno passou um óleo para finalizar os cuidados e confesso que não gostei. Bruno explicou que fazia parte do tratamento. Chegando em casa, recebi elogios da minha esposa, falando que a barba estava cheirosa, macia e perguntou o que eu tinha usado. Isso me deu um estalo, resolvi pesquisar sobre o produto e vi que não tinha nada parecido no Brasil, só importado. Quando voltei à barbearia, Bruno me contou que fabricava em casa mesmo, óleos e balms (hidratante para a barba) com ingredientes naturais. Sugeri que virássemos sócios: eu entraria com o apoio financeiro e o Bruno com o conhecimento técnico para profissionalizarmos a produção. Assim surgiu a Black Barts. De início, fabricamos 100 unidades de cada item, desenvolvemos um xampu para barba e uma essência própria. Fomos oferecer

Fernando Sichieri, da Black Barts: ideia de montar o negócio surgiu da experiência como consumidor

os produtos nas barbearias. Muitos profissionais quiseram comprar. Logo que criei a Black Barts, procurei o Sebrae-SP para aprender sobre plano de negócios, planilhas de controle, estudar a persona; fiz vários cursos. Formalizamos a empresa, terceirizamos a produção para uma fábrica de cosméticos para que os produtos estivessem de acordo com as normas sanitárias, desenvolvemos novos itens, como pomadas para o cabelo e eu comecei a montar um estoque dos produtos em casa. A empresa ganhou proporção e quando eu não estava viajando a trabalho, visitava as barbearias para vender. Não estávamos dando conta. Precisávamos de um espaço maior, dedicado só à Black Barts e, consequentemente, eu precisaria dedicar mais tempo para o negócio.

Até esse momento, toda a receita da empresa era reinvestida nela mesma. Até que, em junho de 2019, pedi demissão do meu emprego para me dedicar integralmente a Black Barts e fazer com que ela gerasse lucro para poder me sustentar. Nossas barbearias parceiras têm condições especiais para comprar nossos produtos, que, além de serem usados nos atendimentos, podem ser revendidos para os clientes. Tínhamos um e-commerce desde 2017, mas não vendia nada. Quem cuidava do site era uma agência de marketing. Em 2019, assumi essa responsabilidade, montei minha própria equipe e, aos poucos, as vendas começaram a acontecer. Em julho de 2020, participei do programa Agente Local de Inovação (ALI), do Sebrae-SP, foi ótimo, o consultor me ajudou a identifi-

car o gargalo que havia. Durante a pandemia, mergulhei de cabeça no negócio, me dediquei muito para manter as vendas; queria centralizar todas as funções e isso estava prejudicando meu desempenho, porque buscava o perfeccionismo. Com o consultor do ALI, fizemos um planejamento e as coisas foram melhorando. Ele também me deu algumas dicas bem pontuais, principalmente de marketing que me proporcionaram uma nova ótica. Quando colocava em prática, davam certo e o e-commerce decolou. Os próximos planos para a empresa são finalizar uma linha completa para os homens, da cabeça aos pés, e tornar a Black Barts a maior empresa da América Latina em cuidados masculinos.” *Estagiária sob supervisão dos editores


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