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Neia Borges reformulou sua loja de calçados em Biritiba Mirim e passou a empreender também com turismo
DE VOLTA AO JOGO
Mudar a forma de atuação – e até mesmo arriscar-se em áreas diferentes – foi a saída de dois em cada três empreendedores que conseguiram passar pela fase mais crítica da pandemia Pág. 8
Empreendedorismo está atraindo mulheres mais jovens Pág. 4
Internet ajuda produtores rurais a vender mais Pág. 6
Aos 95 anos, ‘vovó’ empreende com fabricação de chás Pág. 16
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De likes a vendas, a força do digital TIRSO MEIRELLES, Presidente do Sebrae‑SP e empreendedor Em minhas visitas pelo Estado de São Paulo, um dos meus momentos preferidos é conhecer histórias de empreendedores cujos negócios ajudamos a transformar. É o caso da Juliana Limonta, do sítio Frescor da Mantiqueira, em São Bento do Sapucaí. Tudo ia conforme o planejado, até a chegada da pandemia de Covid-19, impactando severamente as quatro frentes do empreendimento: cultivo de hortaliças, hospedagens (queda de 50% do faturamento), processamento de frutas e consultoria e treinamento ambiental. Do choque inicial ao arregaçar de mangas foram poucos dias. Juliana decidiu que era hora de intensificar a prática dos conhecimentos adquiridos no Empretec e nas consultorias e cursos do Sebrae-SP em Guaratinguetá e do Senar-SP. De imediato, investiu na melhoria da divulgação digital e nas vendas online, além do delivery. Só na comercialização de cestas das hortaliças orgânicas, via WhatsApp, o crescimento da receita foi de 20% após 30 dias do início da pandemia. A solução para o ramo de hospedagem veio com o olhar atento à tendência das pessoas querendo trabalhar e ficar num lugar mais agradável com a família. Ela investiu na instalação de fibra ótica na propriedade, passando de internet de 7 megabytes para 150 megabytes, e na melhoria das instalações para garantir mais conforto e privacidade. Com divulgação forte nas redes sociais da hospedagem “office na roça”, a taxa de ocupação ficou em 92%, em julho do ano passado.
Juliana também se jogou de cabeça no processamento de frutas, com a implementação de um sistema inovador no Brasil, as Frutirinhas. Ela queria ir além do mercado de desidratação e geleias, já ocupado por fornecedores artesanais e grandes corporações. Aqui, mais uma vez, o digital fez a diferença nas vendas. Dentro de um dos maiores marketplaces do País, viu a receita do seu produto crescer 35% desde a primeira venda, em outubro do ano passado. Juliana é das empreendedoras que enxergam o copo meio cheio e, para ela, a pandemia trouxe a oportunidade de inovar ainda mais e procurar formas de crescer, de não se acomodar com a situação. Para este ano, ela planeja ter loja virtual própria, colocar no ar o novo site e investir em publicidade digital, além de desenvolver novas embalagens para colocar as frutas processadas nas prateleiras do varejo nacional. Ela não está sozinha. Este é um perfil cada vez mais comum entre os empreendedores de pequenos negócios, em especial os do agronegócio. De acordo com a 13ª edição da pesquisa Sebrae Impacto da Pandemia do Coronavírus nos Pequenos Negócios, 41% dos empreendimentos do agro realizaram algum tipo de transformação para continuar em atividade. A maioria (68%) disse que passou a vender pelas redes sociais e aplicativos, mais da metade declarou utilizar ferramentas digitais para vender e divulgar seus produtos e serviços, 80% aderiram à modalidade de pa-
gamento virtual Pix. A incorporação dessas ferramentas no dia a dia garantiu melhora no faturamento e um relativo otimismo que permite pensar em investimentos – 87% afirmaram que pretendem investir na ampliação da capacidade produtiva e de atendimento, na modernização da gestão do negócio e na divulgação. Isso é o que temos visto em todos setores de atividades. Empresários se ajustando ao novo cenário, conhecendo as tendências que se tornaram rapidamente realidade e se movimentando para aproveitar as oportunidades. Esse é o empreendedor que fez o reshape no seu modo de agir e no negócio, que busca soluções criativas para equações até então impossíveis. O Sebrae é e continuará presente para apoiá-lo na jornada incrível de transformar o até então impossível em inúmeras possibilidades de ser bem sucedido na trilha do empreendedorismo. No mês em que comemoramos o Dia Internacional da Mulher, na pessoa da Juliana, do Frescor da Mantiqueira, meus cumprimentos a todas que trazem no seu DNA o jeito feminino de empreender, reunindo características tão necessárias para os dias de hoje, como a resiliência, persistência, fé, foco no propósito, capacidade de reinventar-se, de inovar, busca intensa de conhecimento e de aprendizado e olhar nas tendências. Com certeza, temos muito a aprender com elas para transformar, reconstruir e crescer de forma sustentável.
Destaques Sebrae, ACSP e ACCredito firmam parceria para fomentar crédito orientado
U
m acordo de cooperação entre Sebrae, Associação Comercial de São Paulo (ACSP) e a fintech da entidade ACCredito vai permitir a liberação de R$ 40 milhões em financiamento para Microempreendedores Individuais (MEIs), micro e pequenas empresas e capacitar 3,5 mil donos do próprio negócio no Estado de São Paulo. A iniciativa é uma forma de liberar crédito, a juros baixos e de maneira assistida. Ou seja, o microempreendedor que precisa de dinheiro agora tem o apoio do Programa de Crédito Orienta, do Sebrae, para mostrar a ele como e qual a melhor forma de investir.
“Quem chegar à ACCredito, por meio do Sebrae, terá 15% de desconto em cima dos juros que já são um dos mais baixos praticados pelo mercado”, disse Milton Luiz de Melo Santos, presidente da ACCredito. Ele explica ainda que as operações da fintech têm prazo elástico para pagamento (até 36 meses), inclusive com carência de até nove meses, sem a exigência de garantias físicas do proponente do crédito. “O processo de aprovação é 100% digital, rápido e bastante simplificado”, comentou. De acordo com o presidente da ACSP, Alfredo Cotait
Neto, facilitar o crédito para os micro e pequenos empresários é um dos caminhos que vão ajudar o Brasil a crescer, porque será desta forma, com a geração de novos negócios e de emprego, que eles movimentam a economia. “Essa parceria com a Associação Comercial e a ACCredito vai nos ajudar a atuar em todas as frentes e acompanhar esse empresário em todas as etapas da contratação do crédito para ajudá-lo a prosperar”, ressalta Wilson Poit, diretor-superintendente do Sebrae-SP. O Programa de Crédito Orienta começa este mês com a capacitação de empreendedores, clientes
ACCredito, sobre como avaliar a real necessidade de buscar recursos financeiros e a importância de conhecer as modalidades de captação para tomar a decisão mais vantajosa para o negócio. Os empresários que optarem pela contratação de crédito receberão uma assessoria especializada para colocar em prática um planejamento estratégico. Os especialistas ajudarão a empresa no uso correto dos recursos em busca de aumento do faturamento e redução de custos. Os interessados em buscar outras informações sobre a parceria podem acessar o site da ACCredito ou entrar em contato com o Sebrae pelo telefone 0800 570 0800.
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Entrevista do mês
Um novo consumidor
Eduardo Soutello, da MRM Commerce, fala sobre o comportamento dos clientes com a pandemia
A
pós dois anos de pandemia de Covid-19, não há dúvida de que os hábitos dos consumidores mudaram e as compras pela internet foram incorporadas ao dia a dia de um número maior de pessoas. Isso exigiu adaptações por parte das empresas para atender à demanda. O estudo “A nova jornada do consumidor no e-commerce”, da MRM Commerce, unidade de negócio da MRM Brasil, realizada em parceria com a startup MindMiners, mostra que o brasileiro, além de querer ser bem atendido virtualmente, pesquisa e compara muito, faz questão de uma navegação eficiente nos sites e valoriza a postura da marca para tomar sua decisão. A seguir, Eduardo Soutello, head da MRM Commerce e com experiência em corporações como Shell, Chevrolet, Latam Airlines, Santander, Bayer, Sanofi e Samsung, explica o que os clientes esperam nesse novo cenário. Qual foi a principal mudança no comportamento do consumidor após dois anos de pandemia? Segundo a pesquisa que a MRM Commerce realizou sobre a nova jornada do consumidor no e-commerce, uma importante mudança ocorrida durante esses dois anos foi a adesão às compras pela internet. Dos que participaram da pesquisa, 80% afirmam que passaram a comprar mais por canais digitais com a pandemia. E 68% dessas pessoas acreditam que essa mudança de hábito vai se manter após a pandemia. O consumidor também se familiarizou com o conceito de marketplace, que, hoje, é o principal canal para a realização de compras online. Como se comunicar com o consumidor de forma eficiente? A pesquisa revela que só 24% das pessoas afirmam que os anúncios que recebem pela internet interessam. Isso se deve a um modelo de comunicação em que o relacionamento não é o foco. Para uma comunicação efetiva,
Eduardo Soutello, da MRM Commerce: personalização pode ser o diferencial para atrair o cliente
de uma empresa no ambiente digital, daqui para frente, vai depender cada vez mais do fator omnicanalidade, ou seja, da capacidade da empresa de oferecer vários canais de compra ao mesmo tempo para seus consumidores e com a mesma eficiência e as mesmas vantagens. O que faz a pessoa a desistir de uma compra? As pessoas estão muito atentas ao comportamento das empresas em relação às questões sociais, à sua contribuição para a sociedade. A pesquisa revela isso. Entre os itens que mais apareceram como resultado da pergunta “o que faria você desistir de comprar de uma empresa ainda que ela oferecesse o mesmo nível de qualidade e preço da concorrência?”, estão o desrespeito com pessoas menos favorecidas sob o ponto de vista socioeconômico (60%), produtos testados em animais (49%), empresa que demonstra despreocupação com o meio ambiente (48%), empresa que desrespeita a diversidade (47%).
o importante é que as empresas construam com seus consumidores o que costumamos chamar na MRM de “meaningful relationship”, ou seja, relacionamentos com significado. Nenhum algoritmo por si só será assertivo o suficiente para entregar a comunicação mais adequada para todos os consumidores. É necessário construir relacionamento a partir de uma série de elementos, como conteúdo atrativo, relevante e inspirador oferecido em todos os pontos de contato da empresa com o consumidor, experiência de compra inovadora, compreensão do comportamento do consumidor por meio da boa gestão de dados. Não adianta pensar no uso de dados como uma via de mão única. Os dados precisam ajudar as empresas a entregarem valor por meio de sugestões mais assertivas, mas também por meio de novos serviços e elemen-
tos que melhorem a experiência do consumidor. Trata-se de um conjunto de fatores que possibilitarão a entrega de uma comunicação personalizada e relevante. O que leva o cliente a optar pela loja digital à física e vice-versa? Os principais motivos para o consumidor preferir a compra pela internet são preço (para 76%), comodidade (para 52%), facilidade de encontrar o que precisa (para 52%). Para quem prefere comprar na loja física, os principais motivos são levar o produto na hora (para 73%), a experiência na loja (para 39%), e a facilidade de encontrar o que precisa (para 34%). Outro dado interessante é que 71% das pessoas afirmam começar a pesquisa na loja física e realizar a compra pela internet; e 65% começam a pesquisa na internet e compram na loja física. Esses dados mostram que o sucesso
Como um pequeno comércio pode se encaixar nesse novo comportamento do consumidor? Os pequenos negócios são, historicamente, muito bons no relacionamento com seus clientes. As plataformas digitais favorecem ainda mais conhecer bem cada cliente, o que é algo muito valorizado pelos consumidores hoje. Uma série de novos canais, como as redes sociais, proporcionam uma visibilidade nunca antes experimentada pelos pequenos negócios. O que um pequeno negócio não alcança em termos de escala, pode ser compensado com a personalização. Além disso, ficou mais fácil para os pequenos negócios terem acesso a canais como os marketplaces, que podem ser boas opções desde que haja um bom controle sobre as margens. Nesse sentido, pequenos negócios podem fazer testes em diversas plataformas, aprender e selecionar os canais que tragam os melhores retornos.
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Mais jovens e
Empreendedorismo feminino cresceu na pandemia e na faixa de 18 a Mariel Mathias*
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o início da pandemia de Covid-19, Marisol Kiyoko Hoshina decidiu levar adiante a ideia de ter um negócio próprio. Formada em relações públicas, e então com 30 anos de idade, tentou diversos caminhos. Começou importando objetos do Nepal para o Brasil, ideia que acabou não dando certo pelo aumento do dólar. Depois disso, resolveu vender alimentos plant based, já que tinha conhecimento desse mercado. “Reformei a cozinha para estar de acordo com as normas, pois já trabalhei na parte de segurança alimentar, então sabia como funcionava. Comecei a investir, mas notei que ainda não era o que eu procurava como empreendedora”, conta. Vendo o crescimento do mercado de delivery de alimentos, Marisol então decidiu unir sua paixão pela culinária asiática à possibilidade de empreender com tecnologia. Foi então que surgiu o Vou de Nekô, um app de entrega de comida com foco em restaurantes orientais. Além desse diferencial, a proposta era “humanizar” o sistema de delivery. “Nós colocamos a foto do prato principal e do chef de cozinha no nosso aplicativo. Para mim, é importante trazer a história de vida das pessoas junto com seus pratos ofertados, principalmente quando falamos da comunidade asiática, que já sofreu muito preconceito.” O aplicativo tem outros diferenciais como raio de entrega de 12 quilômetros e taxa para os restaurantes parceiros de 17%, abaixo da média do mercado, além do investimento na identidade visual e em publicações com conteúdo sobre a Ásia nas redes sociais. Assim como Marisol, mais mulheres assumiram a frente de um negócio próprio durante a pandemia, especialmente na faixa até 30 anos. No período, cresceu a quantidade de empreendedoras que passaram a ser as únicas
Marisol Kiyoko Hoshina criou o app Vou de Nekô durante a pandemia: novo rumo na carreira
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mais decididas
30 anos, segundo pesquisa; capacitação é chave para tirar ideia do papel responsáveis pelos seus negócios, de acordo com a pesquisa “Voo Delas”, realizada pelo Sebrae-SP com a participação do Movimento Aladas. Além disso, a pesquisa mostra que o empreendedorismo feminino está mais jovem. A participação de mulheres de 18 a 30 anos à frente de um negócio próprio subiu de 6% para 25% durante o período da pandemia. No caso de Marisol, o exemplo começou em casa. Ela conta que a mãe, Ruth Hoshina, divorciou-se e teve de cuidar dos dois filhos sozinha. Sempre a incentivou a buscar conhecimento e estudo para ser bem-sucedida. “Sempre aprendi que na vida você tem de lutar e fazer por você. Não é bom depender de outras pessoas”, afirma. Marisol começou aos 12 anos a praticar xadrez, um esporte em que, na maioria, o destaque é dos homens. “Isso nunca foi um problema. Eu fui campeã brasileira e vice-campeã sul-americana na Argentina. O xadrez me trouxe uma outra perspectiva de vida”, diz. Ela também trabalhou por seis anos em uma empresa como relações públicas, casou, viajou por mais de 40 países, divorciou-se e voltou para o Brasil em busca de um novo rumo na carreira. Marisol começou a empreender sozinha, sendo responsável por todas as áreas de sua empresa e investindo o próprio dinheiro. Conforme a pesquisa “Voo Delas”, esse é o cenário mais comum: 78% das mulheres entrevistadas abriram empresas com recursos próprios durante a pandemia. Atualmente, o Vou de Nekô está em crescimento, tanto no número de restaurantes disponíveis quanto na quantidade de pedidos.
SONHO ANTIGO
O caminho para a igualdade de gênero ainda é distante, afinal, muitas mulheres não conseguem focar inteiramente em seus negócios por ter outras responsabilidades, como cuidar da casa
e dos filhos, e, em grande parte, não recebem nenhum tipo de apoio de seus parceiros. Mas, claro, há as exceções. Isla Oliveira sempre teve o sonho de empreender e, desde criança, é apaixonada por cozinhar. No início da pandemia, aos 25 anos, resolveu abrir a Isla Oliveira Ateliê de Doces com o apoio do marido, Tercio Fillipe. “É uma grande sorte ter o apoio do meu marido, porque nem todas as mulheres têm isso dentro de casa. O Tercio veste a camisa, bota a mão na massa. Se ele tiver que tatuar a palavra ‘ateliê’ no próprio corpo, ele tatua e segue em frente”, brinca Isla. Empreender por desejo, sonho ou amor é um privilégio para muitas mulheres – e esse número vem crescendo. No caso de Isla, que é enfermeira, o desejo de empreender vem da flexibilidade que um negócio próprio pode trazer, permitindo a ela conciliar todas suas tarefas com a ajuda do marido. “Eu comecei a empreender desde pequena, sempre que tinha a oportunidade, eu vendia doces no colégio e na faculdade. E eu sempre tive essa vontade de ter meu negócio”, conta. Muito da ajuda para concretizar a ideia de Isla veio da capacitação no Sebrae-SP. “Eu participei do projeto Sebrae Delas e consegui aprimorar minhas técnicas em vendas. Como consequência, aumentei minha produtividade, minhas vendas e também consegui entender onde precisava melhorar o meu financeiro”, diz. Isla foi homenageada em novembro passado no Sebrae Aqui Mulher, em Barueri, por seu desempenho como mulher empreendedora, e agora vê seu ateliê de doces artesanais ganhar mais clientes e ser mais produtivo. Muito da maior presença das mulheres no empreendedorismo durante a pandemia surge também como reflexo do aumento
da oferta de cursos, especialmente de cursos online. “A pesquisa Voo Delas nos mostrou que o número de mulheres que abriram empresas para atender a um propósito cresceu. É um dado muito interessante, pois mostra como a mulher está se permitindo mergulhar nos seus desejos. Essa mudança aconteceu com a pandemia, pois fez muitas mulheres questionarem seus propósitos e desejos” explica Camila Ribeiro, gestora estadual de empreendedorismo feminino do Sebrae-SP. O Sebrae Delas oferece uma série de programas de qualificação técnica por meio de cursos, palestras, oficinas e workshops, além de facilitar o acesso a crédito e aos mercados. Suas iniciativas incluem a capacitação para
mulheres em situação de vulnerabilidade, imigrantes, refugiadas, indígenas, reeducandas do sistema prisional, vítimas de violência, com deficiência e LGBTQIA+. Em 2021, o projeto atendeu a 22 mil mulheres, e neste ano pretende atender mais 40 mil. “O empreendedorismo é uma ferramenta muito importante e transformadora para as mulheres, pois possibilita a autonomia financeira. Com isso, é possível a mulher conseguir tomar a decisão de sair de situações de fragilidade que fazem mal a elas e que muitas vezes não conseguem por não terem condições financeiras”, afirma. *Estagiária sob supervisão dos editores
Saiba mais sobre o Sebrae Delas acessando o QR Code:
COMO COMEÇAR Primeiro, é necessário fazer uma investigação interna: • O que você gosta de fazer? • Quais são suas habilidades/talentos? • O que move você? Segundo, investigação externa: • Atente-se às necessidades do consumidor atual e às oportunidades de mercado. • Modele a sua ideia, mapeando principalmente os seus diferenciais competitivos, segmentos de clientes a serem atendidos, canais de atendimento e recursos necessários. • Busque conhecimento, periodicamente, para planejar a abertura e gerir a empresa de maneira mais organizada possível. • Não tenha medo ou vergonha de pedir ajuda – mentores, consultores e parceiros podem complementar e potencializar seus resultados. • Administre o seu tempo: será necessário manter a organização da vida pessoal, o operacional do dia a dia e a gestão do seu negócio. • Seja feliz com a nova fase – ter sucesso é ser feliz! Fonte: Camila Ribeiro, gestora estadual de empreendedorismo feminino do Sebrae-SP
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Hortas ganham
Pandemia acelerou uso de redes sociais e aplicativos para vendas da
Karina Sarri e a sogra, Creusa, do Sítio Ipê: um dia vendendo na feira, os outros, nas redes sociais
Gisele Tamamar
A
ntes da pandemia, a produção do Sítio Ipê, localizado em Morro Agudo, era vendida em duas feiras na cidade e para dois estabelecimentos. Com a horta lotada de verduras, em março de 2020, a notícia de que seria necessário fechar os locais de venda trouxe muita preocupação para a família Sarri, dona do sítio. Mais acostumada com a tecnologia, Karina Sarri tomou a frente da situação e ajudou o marido e os sogros na digitalização: fez cadastro de clientes para criar um grupo no WhatsApp, elaborou
uma logomarca para o negócio e montou um perfil no Facebook. Hoje, dois anos depois, o sítio tem, em média, 170 clientes no grupo de WhatsApp e conseguiu mais oito clientes fixos, entre pizzaria, lanchonete e supermercado. A família Sarri faz parte de um grupo de pequenos produtores rurais que precisou marcar presença no mundo digital para manter as vendas e sobreviver na crise. Atualmente, 68% dos produtores rurais comercializam via redes sociais, aplicativos ou internet, segundo a 13ª edição da pesquisa “O
impacto da pandemia nos pequenos negócios”, realizada pelo Sebrae. Em maio de 2020, esse índice era de 58%. O destaque é para o WhatsApp, com adesão de 96% dos produtores, seguido do Instagram (58%) e Facebook (41%). Na avaliação do consultor do Sebrae-SP Luiz Felipe Cavallari, um dos principais desafios que os produtores enfrentaram para fazer a digitalização foi conhecer a operacionalização das ferramentas, ou seja, entender o que realmente WhatsApp, Facebook e Instagram, entre outras redes sociais, oferecem
e como o seu uso pode ser convertido em vendas. “Tudo que é novo e desconhecido causa, em um primeiro momento, medo e receio. Os empreendedores estão quebrando essa barreira e começando entender como as mídias sociais e os canais digitais podem favorecer seu pequeno negócio e aumentar a competitividade e produtividade, que antes era restrita a grandes empresas”, destaca. No Sítio Ipê, as entregas são feitas em três dias da semana. Karina e a sogra, Creusa, se organizam para receber os pedidos,
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a tela do celular
produção rural; 68% já comercializam via internet, a maioria pelo WhatsApp embalar e fazer a distribuição. O sistema deu tão certo que a família participa da feira apenas em um dia da semana e vende o restante da produção para os clientes já cadastrados. “Não podemos ficar de braços cruzados esperando a oportunidade. Nós que temos de correr atrás”, afirma Karina, que recebe mensagens diariamente de pessoas em busca de informações para compra de produtos. Karina também se organiza para postar fotos e vídeos no Instagram, além de produzir conteúdo para o TikTok com os alimentos disponíveis na semana. “O marketing é fundamental”, completa a empreendedora, que recebe, inclusive, mensagens de moradores de outras cidades da região interessados nas hortaliças, legumes, verduras e frutas.
VENDA DIRETA
O Facebook e o WhatsApp são as plataformas escolhidas pelo produtor João Roberto Pina, de Jaborandi, para vender a produção de hortaliças. Ele cultiva as hortas em três terrenos na cidade e se organiza para cuidar da plantação, receber os pedidos e realizar as entregas durante a semana. A dinâmica é: ele posta os alimentos disponíveis no dia, recebe os pedidos e realiza as entregas. Alguns clientes até passam nos terrenos para fazer as compras. Ele costuma usar o status do WhatsApp para informar os contatos sobre as novidades do dia e logo começa a receber os pedidos. “Consegui muitos clientes pela quantidade e qualidade dos produtos. Muitas pessoas passaram a comprar da horta em busca de alimentos frescos”, conta. Para 2022, o produtor espera um ano promissor. “Com a pandemia, recebi apoio do Sebrae, resolvi me formalizar e estou me organizando para aumentar meus canais de venda
e começar a fornecer para a prefeitura”, afirma Pina, que também firmou uma parceria com a Cooperativa de Produtores Rurais de Barretos e Região (Coopbar).
DESAFIOS
Mesmo com o avanço da digitalização no campo, o consultor do Sebrae-SP pontua que existem pontos a serem superados. Uma pesquisa da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Sebrae e Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), de 2020, mostrou que 67,1% dos produtores têm dificuldade de acesso à internet por questões de custo, acompanhados por 47,8% com problemas de conexão ou falta dela nas áreas rurais. “Não dá para fazer transformação digital sem acesso à internet, mas, entre os que já conseguem, temos observado uma evolução no uso das ferramentas digitais para comunicação mais efetiva com o cliente. Já faz parte do seu dia a dia”, destaca Cavallari. O consultor ressalta ainda a importância dos produtores se preocuparem em fazer essa digitalização. “A curva da inovação é muito curta. Antigamente, levava-se dez anos para colocar um produto comercial no mercado e transformar a produtividade, hoje isso ocorre em menos de um ano. O conhecimento deve sempre estar presente na vida do produtor. Ele tem de estar antenado às transformações tecnológicas que auxiliarão na redução dos seus custos e principalmente seu tempo”, reforça.
COMO POTENCIALIZAR AS VENDAS • Desenvolver sua marca de uma forma simples e que o cliente se identifique com seus produtos e serviços. • Criar e solidificar a carteira de clientes. • Dimensionar a sua carteira de clientes com sua capacidade de produção e entrega. • Potencializar os itens que têm maior facilidade de produção e que lhe ofereçam a melhor margem. • Estudar o melhor canal de mídias sociais onde poderia encontrar o seu potencial consumidor. • Criar conteúdo constantemente para manter o relacionamento com o cliente e ter uma boa comunicação. • Sempre monitorar e estudar a melhor logística de entrega. Tanto para o cliente quanto para o produtor. • Facilitar sempre a compra para o cliente. • Sempre ouça seu cliente, ele é seu melhor conselheiro. • Otimize seu tempo com as ferramentas digitais e não deixe que elas sejam uma tortura. Pelo contrário, elas vieram para facilitar a vida do produtor. • Implante a rastreabilidade de produtos. Hoje o cliente procura cuidados e é preciso oferecer a ele a proteção necessária ao adquirir um alimento: seguro e saudável. Fonte: Luiz Felipe Cavallari, consultor do Sebrae-SP
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RETORNO
Duas em cada três empresas que conseguiram passar pela pandemia mudaram sua Patricia Gonzalez
C
om o avanço da vacinação contra a Covid-19 no País e perspectiva de melhora das atividades econômicas, muitos empreendedores que sofreram para manter as portas abertas – ou mesmo que tiveram de fechar seu negócio – nos últimos dois anos estão de volta ao balcão. Alguns até mesmo aproveitaram para mudar o rumo dos negócios e passaram a atuar em outra área. De acordo com a 13º edição da pesquisa “Os Impactos do Coronavírus nos Pequenos Negócios”, realizada pelo Sebrae em parceria com a Fundação Getúlio Vargas (FGV), 86% das empresas já conseguiram retomar a sua operação. Mas apenas 31% atuam da mesma forma que antes – ou seja, praticamente duas em cada três mudaram sua forma de atuar. É o caso da empreendedora Neia Borges, dona de uma loja de calçados no centro de Biritiba Mirim há 28 anos. Antes da pandemia, a Neia Calçados ocupava um espaço de cerca de 300 metros quadrados. Em março de 2020, precisou fechar o estabelecimento, que foi reaberto somente em dezembro de 2021 – desta vez com metade da metragem. “No início eu sofri muito. Fiquei vivendo do dinheiro que tinha guardado, com o mínimo para sobreviver. O faturamento foi a zero. Na época, resolvi me dedicar ao campo”, conta. Neia começou a fazer algumas reformas na chácara que havia comprado ao longo de sua jornada no comércio. Ela também aproveitou para fazer melhorias em seu estabelecimento. Com as portas fechadas, precisou demitir os sete funcionários e começou a montar alguns kits com os produtos da loja para mostrar aos amigos e vender em algumas casas. “Mesmo quando autorizaram abrir a loja, eu optei por não abrir. Os horários eram reduzidos e os clientes não apareciam. A cidade não tinha
Neia Borges, de Biritiba Mirim: loja de calçados foi remodelada e ela passou a empreender também com turismo
movimento. Era muito desgastante”, diz. Quando estava no campo, Neia colocava a mão na massa. Plantava, aparava a grama, cuidava dos cavalos. E essa dedicação acabou rendendo a ela a ideia de um novo negócio: receber hóspedes em sua chácara. Como as obras já estavam acontecendo, ela conseguiu dar início ao novo negócio em abril do ano passado. “Com a paralisação das atividades da loja, eu consegui investir meu tempo lá. Coisa que eu nunca havia feito, pois trabalhava
muito. Hoje eu tenho certeza de que foi a melhor jogada que eu fiz”, comemora. Atualmente, o faturamento da pousada é maior que o da loja. Ela mantém os dois negócios girando com a ajuda da família. “Meu filho está tocando a loja com meu pai, um senhor de 74 anos, e mais uma funcionária. Eu apareço lá duas vezes por semana e o restante do tempo fico na chácara”, conta. O empreendimento de hospedagem cresceu somente com o boca a boca e a procura foi alta desde o começo. Ela já tem pedidos de reservas
inclusive para o Natal e réveillon deste ano. “Eu ainda estou aprendendo muita coisa. Agora estou descobrindo que eu posso agregar valor ao meu negócio com brinquedos infláveis e bebidas. Não vou ficar só na locação”, planeja. Como uma boa empresária com tino para negócios, Neia ainda consegue vender os produtos de sua loja para os hóspedes da chácara. Segundo ela, é comum a procura dos hóspedes por chinelos ou casos de pais que esqueceram tênis para os filhos, por exemplo. “Estou conseguindo manter um bom
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RENOVADO
forma de atuar – e algumas estão conseguindo obter resultados ainda melhores
faturamento. Meus negócios estão gerando renda e também já proporcionaram empregos. Estou muito satisfeita com essa retomada e espero que o ano seja de crescimento e expansão. Eu me reinventei e sempre falo para todo mundo que vale acreditar e ir atrás”, afirma.
SAÍDAS
Apesar do cenário ainda incerto, os empreendedores têm se mostrado, em geral, mais otimistas com seus negócios para 2022. A consultora de negócios do Sebrae-SP Monica Lemes ressalta que,
no atual momento, é importante que os empreendedores estejam atentos ao comportamento de seus clientes para oferecer o melhor serviço. “O olhar para as pessoas deve acontecer a cada dia, tanto para clientes internos como externos. Também é importante implantar um processo de relacionamento com clientes. Todos estão inseguros com a economia e os reflexos da pandemia. Eles querem ser ouvidos, precisam de acolhimento”, diz. Outro empreendedor que conseguiu retomar as atividades depois de transformar o jeito de atuar é Junior Rangel, do Grupo Vira Festa. A empresa, que começou em 2005 voltada para festas de aniversário, atuava desde 2007 no segmento de marketing promocional para grandes empresas. No início de 2020, já estavam prontos para celebrar os 15 anos de empresa – com reformulação do site e redes socais e investimento em uma nova logomarca – quando começaram os primeiros cancelamentos. “O foco do nosso trabalho sempre foi criar ações de encantamento com ideias lúdicas para promover produtos e serviços, conectando as pessoas com as marcas. É um trabalho que exige muito do presencial”, explica. Nos primeiros meses da pandemia, conseguiram manter a equipe e a estrutura com o caixa que tinham disponível. Mas, em agosto de 2020, não teve jeito: o empreendedor precisou fechar o escritório, localizado na zona leste da Capital. Durante algum tempo, continuaram realizando lives sem nenhum retorno financeiro, apenas para manter sua marca na memória dos clientes. Ainda sem muita perspectiva sobre quando as atividades poderiam voltar, o empreendedor começou a participar de outras iniciativas para garantir a sobrevivência do negócio: apresentações drive-in (aquelas feitas em estacionamento, com o público dentro dos carros), ações de endomarketing e também
para o atacarejo, com muitas lojas no Brás. “Usamos o grande acervo que já tínhamos e também conseguimos manter alguns funcionários com as regras das Medidas Provisórias que foram lançadas na época”, diz Rangel. O ano de 2021 começou um pouco melhor, pois a empresa já tinha conseguido alguma renda com essas ações paralelas. E, no fim do último ano, o faturamento da empresa já superava o de antes da pandemia. “A partir de junho já sentimos que as empresas voltaram a nos procurar. E continuamos também com as ações para o atacarejo. Para quem está retomando o negócio agora, a dica é não esquecer tudo que aprendemos na pandemia. Aqui as coisas funcionavam de forma automática, fazíamos tudo do mesmo jeito todos os dias. A pandemia foi sofrida, mas trouxe a lição de que podemos nos permitir errar”, afirma. Também da área de eventos – uma das mais prejudicadas pela
pandemia –, o empreendedor Fabio Vieira, que há 24 anos atua como locutor e apresentador e também tem uma empresa de celebração de casamentos em São Bernardo do Campo, viu seu faturamento chegar a zero em 2020. Foi quando começou a fazer participações em programas de rádio e TV com seu trabalho de locução e, em paralelo, abriu uma hamburgueria para diversificar sua receita. O aquecimento do mercado de eventos, segundo ele, começou no último trimestre de 2021 e parece não dar sinais de que vai diminuir. Ano passado foi o ano que mais trabalhei na vida. E, para 2022, a demanda está aquecida principalmente para casamentos, que sempre foram a minha principal fonte de renda. Acho que este ano será maravilhoso”, comemora.
Para saber mais, acesse o QR Code:
ESTRATÉGIA PARA A RETOMADA Alguns pontos-chave para ficar atento nesse período Controles financeiros: Fique de olho no caixa; é fundamental estar atento e buscar soluções para reduzir custos e aumentar faturamento. Inovação: Inovar está no detalhe; uma simples mudança no PDV, aplicar as ferramentas de visual merchandising para oferecer um ponto de venda mais atraente e moderno ou inovar na embalagem são alguns exemplos do que pode ser feito. Marketing digital: O digital veio para ficar. É imprescindível estar presente em diversos canais, ser omnichannel. Investigue por qual canal seu cliente quer comprar, com praticidade, agilidade e conveniência. Loja virtual, aplicativo, marketplace, redes sociais, televendas, lojas físicas — o consumidor tem cada dia mais opções para comprar e se conectar com as marcas.
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Para vender mais na Páscoa Empreendedor deve, desde já, pensar em estratégias para atrair o consumidor na data
E
ntre os meses de março e abril, supermercados e redes de lojas começam a organizar os espaços para vender os produtos de Páscoa. Esse também é um bom momento para as pequenas empresas começarem a própria movimentação para estarem prontas para atender os clientes que desejam presentear nessa época. Veja algumas dicas de como preparar seu negócio para a data.
Continue realizando todas as ações de prevenção à Covid-19. Considere que parte do mercado consumidor ainda está bastante preocupado com o vírus e com o emocional de seus amigos e familiares.
Comunique claramente as medidas adotadas pela empresa na prevenção da Covid-19. Garanta que seu cliente saiba que, além de ótimas oportunidades, seu negócio ainda está atento e respeitando os clientes.
Avalie o porcentual de vendas que devem ser realizadas presencialmente e a distância. As compras feitas de forma remota já estão incorporadas à rotina de grande parte dos consumidores, que gostaram das facilidades que a experiência proporciona.
É importante analisar como foram as vendas do ano passado se você já trabalhou nesta data. Dessa forma, as chances de acabar produzindo mais produtos do que a sua possível demanda atual são menores.
Ao usar sua loja online, seja site e redes sociais para oferecer seus produtos, tenha um design atrativo e com temática para a Páscoa. Garanta uma boa navegabilidade, produza boas fotos ou vídeos, publique informações detalhadas sobre os produtos e assegure-se de que automação está conectada com palavras-chaves (ovos, chocolate, presente, por exemplo).
Prepare sua equipe para o atendimento físico e online. Lembre-se de que o cliente do e-commerce é imediatista, ele quer rapidez, agilidade e não pensará duas vezes para sair da sua página se algo não agradar.
Uma opção para atrair o cliente é oferecer kits de confeiteiros para as famílias que preferem ficar em casa e produzir seus próprios ovos, doces, almoços ou petiscos típicos para a data.
Atenção especial às embalagens, que, além de proteger os produtos, devem também transparecer higiene e, se possível, ter elementos conectados com a data (por ex.: coelhos da Páscoa, ovos, doces etc).
Aproveite recursos gráficos, como cartazes, banners, fotos temáticas, pinturas. Utilize objetos decorativos e irreverentes, como coelhos diferentes dos tradicionais, ovos de vários tamanhos e cores. Ilumine sua vitrine com mais intensidade do que as outras dependências da loja.
A Páscoa não é só chocolate. Brindes, brinquedos e itens com motivos ligados à data também podem ser oferecidos ao consumidor.
Para saber mais, acesse o QR Code:
Revise os processos de produção e de entregas para ter certeza de que conseguirá dar conta caso sua demanda aumente na Páscoa.
Outro fator que ajuda a impulsionar as vendas é entender quais são as tendências de mercado. Conhecer novas receitas e oferecê-las no catálogo é uma maneira de atrair mais clientes. Exemplo dessa popularidade crescente são os ovos de colher. Tenha diferenciais para se destacar dos grandes mercados e da concorrência em geral; uma alternativa são os produtos mais saudáveis ou fitness com menos açúcar ou elaborados para pessoas com restrições alimentares como alergias.
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Estamos juntos SILMARA REGINA DE SOUZA Consultora do Sebrae-SP
Como planejar o marketing? Muitos empreendedores têm dúvidas sobre como fazer um plano de marketing, principalmente diante de cenários inconstantes. O planejamento é um roteiro a ser seguido e não algo inflexível. Conforme se modificam as demandas e comportamentos dos consumidores, o marketing se modifica também. A primeira sugestão é pensar num planejamento curto. Planos que atendam às necessidades da empresa durante três ou quatro meses podem funcionar melhor e facilitam a correção da rota. Pesquise o ambiente e estude possíveis panoramas. Analise fatores econômicos, sociais, políticos, culturais, tecnológicos, a concorrência e todas as informações relativas à empresa, seu produto, sua equipe, sua capacidade produtiva. Busque conhecer os pontos fortes e fracos dos concorrentes, formas de pagamento, ações de divulgação e promoção, distribuição, atendimento, variedade de produtos e serviços, localização, aparência, marca. Outro passo fundamental é a definição dos objetivos de marketing. Eles
precisam ser claros, mensuráveis e possíveis de serem alcançados. Reveja as estratégias. Para o produto, revise o portfólio, avalie os benefícios esperados pelo cliente e defina os principais atributos que seu produto precisa ter. As estratégias de preço devem ponderar fatores como descontos, prazos e meios de pagamento, critérios para conceder crédito e práticas de mercado. As estratégias de canais de vendas devem levar em conta onde o cliente procura e como adquire seu produto. Modelos que unam o físico e digital, localização, distribuição e posição geográfica devem ser analisados. Nas estratégias de comunicação, considere as mídias que serão utilizadas, a identidade visual da marca e do produto, a entrega de conteúdo relevante por canais digitais, ações de publicidade e ações promocionais do plano. Monte um cronograma que possa ser executado e acompanhado e levante os investimentos necessários para a realização das estratégias. Defina como será o monitoramento. A definição dos indicadores permite reduzir a diferença entre o desempenho esperado e o real, garantindo sua eficácia.
Neste mês completamos dois anos da pandemia de Covid-19. Em um período de provação como esse, não faltaram histórias de empreendedores e empreendedoras que venceram batalhas, tomaram decisões em meio às incertezas, trabalharam duro e tiveram sucesso em suas jornadas. São histórias de superação, de negócios que se reinventaram e, em alguns casos, estão até melhores do que antes. Acredito que há alguns elementos em comum entre eles: inovação, qualificação e capacidade de encontrar soluções, seja para a própria empresa, seja para o cliente. Essa habilidade de se renovar, de fazer e oferecer algo diferente é fundamental para revigorar o empreendimento, ir em outras direções, se adaptar às circunstâncias e encontrar saídas para os problemas. Temos exemplos assim nesta edição do Jornal de Negócios; são experiências bem-sucedidas que servem de inspiração e merecem ser compartilhadas. Como nada acontece por acaso, tais mudanças nos negócios são fruto do esforço dos responsáveis em buscar as respostas para cada situação. Nesse ponto, o Sebrae-SP tem participado ativamente. Colocamos em prática uma política de expansão e já estamos presentes fisicamente em mais
de 400 cidades no Estado de São Paulo, facilitando o contato direto com o empreendedor. A procura pelo nosso apoio aumentou consideravelmente. Mesmo com as restrições necessárias do isolamento social, aperfeiçoamos e adequamos nossos serviços conforme o contexto e chegamos ao final de 2020 tendo realizado cerca de 3 milhões de atendimentos. Em 2021, a demanda continuou forte e atingimos 4 milhões, um aumento de 32%. Esse crescimento comprova que os empreendedores estão cada vez mais cientes de que adquirir informação e conhecimento é o caminho para enfrentar qualquer contratempo. Além disso, eles perceberam que não precisavam tentar resolver tudo sozinhos e não hesitaram em procurar nossa ajuda. O Sebrae-SP esteve com o empreendedor desde o começo da crise e continua agora na retomada. Juntos, estamos virando o jogo e escrevendo histórias de conquistas e vitórias.
WILSON POIT, diretor‑superintendente do Sebrae‑SP
O Sebrae Responde é um serviço para tirar dúvidas de empreendedores sobre a abertura de novos negócios e questões relacionadas à gestão de empresas já em atividade.
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Inovação com resultado
Mãe e filha, Silvia e Mariana Maretti apostaram em novos produtos e digitalização para crescer na pandemia Rogério Lagos
N
egócio familiar com organização e estrutura profissionais, a Casa & Verde conseguiu crescer em plena pandemia com inovação e digitalização. A empresa, dirigida por Silvia Maretti e a filha Mariana Maretti Rufino, é uma garden store localizada em Mogi Mirim, com produtos para piscina, paisagismo, móveis, pet, design floral, jardinagem e decoração. Há 35 anos no mercado, a Casa & Verde deu um salto em 2021: inaugurou uma filial em Mogi Guaçu, ampliou o número de funcionários de 14 para 36 e aumentou em 50% o faturamento. “Fazemos capacitações em gestão e vamos atrás de melhorias para crescer. É muito importante colocar em prática o que se aprende”, diz Mariana. A empresa tem participado de soluções do Sebrae-SP com foco em inovação, como o programa Brasil Mais, atendimentos tecnológicos do Sebraetec, workshops do Inova Sebrae e acompanhamento com as consultorias de marketing digital. "Logo após os primeiros encontros do Programa ALI, em 2020, a Casa & Verde começou a sentir o impacto da pandemia. Silvia nos procurou para ajudá-la na estratégia de ampliar seu mix, como na oferta de produtos para a linha pet e também iniciando a digitalização", diz a analista do Sebrae-SP Luciani Matielo. A Casa & Verde investiu em uma nova linha de produtos home care com sprays e aromatizadores e iniciou seu planejamento para ganhar mais presença digital. O Sebrae-SP identificou a oportunidade de a empresa fortalecer suas
Silvia (esq.) e Mariana Maretti, da Casa & Verde: expansão veio com novo portfólio e marketing digital
vendas na internet participando de consultorias sobre SEO (técnicas para melhorar a presença nos mecanismos de busca). A empresa implementou um CRM (processo de relacionamento com clientes) focado em oportunidades de vendas em redes sociais e marketplaces. O e-commerce foi lançado em outubro com ofertas de coleções exclusivas. Outro diferencial foram as lives shopping, que auxiliaram no crescimento das vendas. “O Sebrae-SP tem sempre uma solução. Com o aumento de funcionários, estamos conversando sobre capacitação para
a equipe. No digital, estamos sempre nos mantendo atualizadas. É muito importante ter o Sebrae-SP ao lado”, destaca Silvia. Para Luciani, atuar com estratégias em diferentes frentes faz com que a empresa seja eficiente no ambiente online e também ofereça uma nova experiência de compra nas lojas físicas. “Queremos expandir nossa atuação com essa mentalidade omnichannel e chegar onde ainda não estamos. Para isso, estamos trabalhando no planejamento de uma linha de produtos exclusiva”, finaliza Mariana.
DIGITALIZAÇÃO E INOVAÇÃO Ajustar o modelo de negócios de sua empresa pensando no digital passou a ser fundamental, principalmente após o início da pandemia. O Sebrae-SP pode ajudar você a inovar da mesma forma que auxiliou a Casa & Verde. Entre em contato conosco gratuitamente pelo telefone 0800 570 0800
EXPEDIENTE Publicação mensal do Sebrae‑SP Edição impressa
DIRETORIA EXECUTIVA Diretor‑superintendente: Wilson Poit Diretor técnico: Ivan Hussni Diretor de administração e finanças: Guilherme Campos
Mariel Mathias. Imagens: www.gettyimages.com. Diagramação: Bruna Silene dos Santos. Fotos: Ricardo Yoithi Matsukawa – ME e Carlos Raphael do Valle – ME para o Sebrae‑SP. Apoio comercial: Unidade Relacionamento: (11) 3177‑4784
CONSELHO DELIBERATIVO Presidente: Tirso Meirelles ACSP, ANPEI, Banco do Brasil, Faesp, FecomercioSP, Fiesp, Fundação ParqTec, IPT, Desenvolve SP, SEBRAE, Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia, Sindibancos‑SP, Superintendência Estadual da Caixa Econômica Federal.
JORNAL DE NEGÓCIOS Unidade Marketing e Comunicação Gerente: Mariana Ribas Coordenadora de Imprensa e Conteúdo: Marcelle Carvalho Editores responsáveis e redatores: Gabriel Jareta (MTB 34769) e Roberto Capisano Filho (MTB 46219). Assessores de imprensa: Gisele Tamamar, Patricia Gonzalez e Rogério Lagos. Estagiária:
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TEC &
LIVROS NÃO ÓBVIO: COMO ANTECIPAR TENDÊNCIAS (Buzz Editora) E se você pudesse prever as novidades e tendências que vão revolucionar o seu negócio? Você não precisa ser um futurologista ou grande inovador para aprender a pensar como um deles. A chave para fazer seu negócio crescer ou impulsionar sua carreira está em um melhor entendimento sobre o presente. O futuro pertence a pensadores não óbvios, e este livro se propõe a ser um guia para se tornar um deles.
O PODER DA PRESENÇA (Sextante) Em um mundo dominado por prazos, expectativas e distrações, às vezes deparamos com momentos decisivos que acabam sendo vividos de forma insatisfatória, nos deixando tensos e arrependidos. A psicóloga e pesquisadora de Harvard, Amy Cuddy, explica como tirar proveito da linguagem corporal para ganhar segurança e passar uma imagem positiva, mesmo quando não nos sentimos tão confiantes assim, e o impacto que isso pode ter em nossas chances de sucesso.
O QUE O CEO QUER QUE VOCÊ SAIBA (Sextante) “O que o CEO quer que você saiba” descreve os fundamentos por trás do sucesso de qualquer negócio – seja um grande ou pequeno empreendimento. Contando fascinantes histórias de companhias como Uber, Amazon, Apple, Toyota, Netflix, Walmart, GE e Starbucks, Ram Charan demonstra que os melhores CEOs têm em comum a capacidade de reduzir a complexidade do negócio e focar na sua essência.
AUMENTA O NÚMERO DE EMPRESAS QUE ATUAM COM COMÉRCIO ELETRÔNICO O número de Microempreendedores Individuais (MEIs) e de micro e pequenas empresas que comercializam seus produtos pela internet continua apresentando incremento. De acordo com a 13ª Pesquisa de Impacto da Pandemia do Coronavírus nos Pequenos Negócios, realizada pelo Sebrae em parceria com a Fundação Getúlio Vargas (FGV), 74% dos pequenos negócios atuam no comércio eletrônico. Esse é o maior patamar da série histórica, que começou a ser realizada em maio de 2020.
ENTREGA ULTRARRÁPIDA É PREFERÊNCIA DE 73% DOS CLIENTES O quick commerce, como são chamadas as entregas ultrarrápidas, tem grande peso para os consumidores na hora de escolher produtos online. A maioria (73%) das pessoas que compra pela internet considera esse tipo de serviço relevante, mais importante até que preço e atendimento. O dado foi levantado pelo Capterra, plataforma de comparação de softwares do grupo Gartner. Porém, a falta de uma entrega rápida ainda não afasta os clientes da loja, já que só 25% disseram trocar de vendedor de acordo com a velocidade de entrega. Entre os millennials esse índice é de 27%. De acordo com o estudo, não foi seguida nenhuma definição oficial sobre o conceito de entrega ultrarrápida, mas a ideia é considerar algo que possa ser medido em minutos.
QUASE 40% DOS CONSUMIDORES FARÃO COMPRAS ONLINE ESTE ANO As compras online se mantêm como preferência para cerca de quatro em cada dez brasileiros, segundo pesquisa feita pela fintech Trigg sobre as tendências de consumo neste ano e reforça os indicadores sobre a mudança de comportamento do consumidor brasileiro. Embora as lojas físicas continuem sendo a preferência da maioria, 39,5% dos entrevistados responderam que pretendem usar o comércio eletrônico nas compras planejadas para 2022. Celulares, notebooks, carros e eletrodomésticos estão entre as prioridades de compra dos consumidores, que também fazem planos de gastar com turismo.
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IDEIAS
PERGUNTE A QUEM ENTENDE Como ter sucesso no live commerce?
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Por Marcio Machado, fundador e CEO da StreamShop
PODCAST
SALA DE NEGÓCIOS O Sala de Negócios é uma fonte de inspiração para pessoas ligadas em empreendedorismo, mercado e finanças. Um bate-papo semanal com um convidado, sempre capitaneado pelo time da consultoria Mazars. O podcast está disponível nas plataformas digitais, como Spotify e Amazon Music.
1. Construa uma audiência prévia – Não adianta programar um megaevento se não houver ninguém para assistir. É preciso divulgar para a base de clientes e possíveis interessados na live para que ela tenha sucesso.
FILMES
SÓCIAS EM GUERRA Sócias em Guerra conta a história de duas amigas – Mia Carter (Tiffany Haddish) e Mel Paige (Rose Byrne) – que criam juntas uma empresa de cosméticos. Quando o negócio começa a ir mal, surge a empresária Claire Luna (Salma Hayek), que decide investir uma grande quantia para evitar a falência. É aí que tem início uma luta pelo controle do empreendimento. Disponível em YouTube, Amazon Prime Video e Telecine.
VÍDEO
Nascido na China, o live commerce deixou de ser uma novidade no Brasil e já se apresenta como uma das grandes armas de estratégia digital de pequenas e grandes marcas. É uma modalidade de comércio online que permite que consumidores interajam ao vivo com influenciadores e vendedores, comprando produtos diretamente durante as transmissões. O live commerce pode gerar uma taxa de conversão seis a dez vezes maior do que as vendas tradicionais por e-commerce, mas para isso é necessário muito planejamento e seguir um passo a passo rigoroso para que tudo funcione como esperado. Aqui vão algumas orientações:
2. Defina a estratégia – É importante definir o catálogo de produtos que será ofertado, quais serão as promoções, oportunidades de última hora para instigar o senso de urgência e tudo o que envolve a dinâmica da venda. 3. Escolha um bom apresentador (host) – Essa pessoa deve ser capaz de estabelecer conexão com a audiência em um tom de conversa. O apresentador também precisa ter conhecimento geral sobre o que vai ser oferecido. 4. Gere conteúdo relevante – A live precisa ser interessante e divertida. A criação de conteúdo relevante é o que vai definir quem vai ter a atenção e o engajamento do consumidor. É importante ter um bom roteiro, ensaiar e preparar o host. Assista em:
MERCADO PÓS-PANDEMIA Entenda as mudanças no comportamento de consumo causadas pela pandemia e quais as tendências que deverão permanecer nos próximos anos.
5. Tenha olhar crítico – O responsável pela estratégia digital deve observar a live do começo ao fim, checando os produtos mais acessados, as promoções que se esgotam mais rápido, os momentos mais curtidos e comentados da live, e também aqueles de menor engajamento para que você consiga planejar sua próxima ação e ter ainda melhores resultados.
https://bit.ly/3HRoV2J
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Tradição cultivada
Ume Shimada lançou sua marca de chás aos 87 anos, e negócio já envolve a quinta geração da família Depoimento a Gabriel Jareta
O depoimento abaixo é de Terezinha Shimada, 67 anos, filha de Ume Shimada que, aos 95 anos, continua à frente do Sítio Shimada – Chás Artesanais e Turismo.
Hoje com 95 anos, Ume Shimada acompanha a produção de chás de perto
“O
Sítio Shimada existe desde que minha mãe, dona Ume Shimada, o herdou dos pais dela, ainda na minha infância e dos meus irmãos. Naquela época, na década de 1960, era o auge do chá preto na economia de Registro. Meus pais eram muito batalhadores, era um trabalho muito difícil, eles colhiam a camellia sinensis (planta de cuja folha se originam vários tipos de chá) e vendiam para as fábricas, que processavam o chá preto. Meu pai nasceu no Japão e minha mãe nasceu no Brasil, é a caçula entre os irmãos dela. Além do chá, eles tinham horta, outros produtos ligados à comida oriental e vendiam para a cidade. Quando minha mãe e os irmãos herdaram o sítio, só ela manteve a parte dela, os outros lotes foram vendidos. Por muito tempo, o chazal continuou a produzir matéria-prima para fábricas, foi como nossa família se sustentava junto com a produção de lichias, que nós que começamos a plantar no Vale do Ribeira, mas depois ela arrendou o sítio e a família se mudou para São Paulo. Retornamos há uns 15 anos e começamos a plantar novamente, vendendo para as fábricas. Em 2011, os compradores passaram a recusar e nosso chazal ficou abandonado por três anos, até que, em 2014, pela iniciativa da nossa mãe, começamos a produzir o nosso próprio chá. Na época, ela já tinha 87 anos, mas não queria perder a tradição, ficava muito triste pensando no que poderia fazer. O negócio começou com ela e um entusiasta de chás, o Tomio Makioti, que trabalhou
em fábricas e entendia de máquinas, e também tinha essa preocupação de não acabar com a tradição do chá preto. Conversando entre eles, fizeram uma fábrica no sítio. Na época era um chá diferente, a qualidade melhorou muito com o aprendizado que tivemos desde então. Quando inauguramos, nossa ideia era fazer o chá preto, processar e vender, e aconteceu que outros estudiosos de chá e sommeliers trouxeram muitas informações. Nós vamos melhorando dia a dia. Nossos diferenciais são que o chá é artesanal e há três anos temos um certificado orgânico, que valorizou muito nosso produto. Hoje, além do Chá Preto do Sítio Shimada, temos chá verde, chá branco, lichia e alguns subprodutos, como broto de bambu. Nós temos
compradores de chá para revenda, lojistas e também varejo na venda online – temos muitos clientes internacionais, consumidores finais. Tudo na venda online aprendemos com o Sebrae, hoje minha filha, meu filho e minha nora cuidam dessa parte. Nós somos em seis irmãos e todos têm uma atividade. Foi a dona Ume que começou, mas os filhos, sobrinhos e netos também gostam muito – a quinta geração da família já está envolvida. Também fizemos vários cursos sobre turismo e, em 2018, começamos a receber turistas interessados na produção de chá. Isso alavancou muito o nosso sítio, mas com a pandemia as visitas tiveram de parar e agora estão retornando. As escolas de sommelier trazem os alunos para conhecer
a plantação e também recebemos os amantes de chá. Querem saber como é produzido, visitam a roça, a fábrica, têm degustação de chá e harmonização com produtos da região. Minha mãe é muito cativante, hoje tem 95 anos, adora conversar com os turistas. Quando ela começou aos 87, ela era muito ativa mesmo, colhia chá, participava da produção e até me deixava para trás. Atualmente, ela não consegue mais fazer o que fazia, fica vigiando de longe e de vez em quando puxa minha orelha! Ela gosta de contar como começou, e tudo foi iniciativa dela mesmo, a empreendedora é ela. O que ela me diz é para nunca deixar acabar a produção de chá, e pelo que vejo da minha família, nosso negócio tem muito futuro pela frente.”