Jornal de Negócios - edição #337

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Paloma Andrade, da loja online Pink Store, faz compras semanais no Brás para revenda

SACOLAS DE INOVAÇÃO

Varejistas que vendem roupas e acessórios sem ponto fixo crescem na pandemia com oferta de facilidades e divulgação personalizada na internet. Pág. 8

Como dentista montou empresa de molduras de sucesso Pág. 3

Pesquisa GEM: mais experientes superaram melhor a pandemia Pág. 4

Pequenos sentem custo alto de insumos e falta de matéria-prima Pág. 6


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A nova face do empreendedorismo paulista TIRSO MEIRELLES, Presidente do Sebrae‑SP e empreendedor Em 2021, quase dez milhões de paulistas estavam envolvidos com a criação ou manutenção de um pequeno negócio. Esse número representa 31,4% do total da população adulta do Estado. Caso São Paulo fosse um país, teríamos a quarta maior taxa de empreendedorismo estabelecido, à frente inclusive do Brasil e três posições após a primeira do ranking, Coreia do Sul (16,4%). Tal resultado se deu em decorrência da maior sobrevivência dos empreendedores estabelecidos, aqueles com mais de 36 meses de atividade. De acordo com a pesquisa Global Entrepreneurship Monitor São Paulo (GEM SP) 2022, a taxa de atividade neste segmento saltou de 10%, em 2020, para 12,4% em 2021. Boa parte disso é reflexo da retomada da economia do Estado, cujo Produto Interno Bruto (PIB) foi superior ao índice do Brasil, puxado por TI, construção e setor financeiro. Exceto o último, os dois outros segmentos têm alta participação dos pequenos negócios. São os sobreviventes à pandemia da Covid-19. Ao permanecer em atividade, esses empreendedores mostraram a importância do amadurecimento da ges-

tão e comprovam a eficácia de três “vacinas” disponibilizadas no período: maior acesso a crédito, por meio do Programa Nacional de Apoio às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (Pronampe), ingresso em programas como Auxílio Emergencial e Programa Emergencial de Manutenção do Emprego e da Renda (BEm), e a incorporação de tecnologias digitais no dia a dia da gestão e de vendas – muito impulsionada pelo Sebrae. Na média, quase metade dos empreendedores aceleraram a implantação de tecnologias digitais ou passaram a fazer uso dessas nos últimos dois anos. O estudo revelou também a mudança do perfil dos que lideram um empreendedorismo inicial. Apesar de a maioria ainda ser formada por homens (53,8%), aumentou a participação das mulheres (46,2%), estão mais jovens (47,2% têm entre 18 a 34 anos), mais escolarizados (42,7% têm ensino médio completo e 34,6% possuem o superior completo) e têm renda entre um a seis salários mínimos. Os dados revelados nesse detalhado raio-X da atividade empreendedora apontam um movimento bem interessante do empreendedorismo paulista para

os próximos anos: de um lado os empreendedores por necessidade – 73% declararam que abriram um negócio para ganhar a vida. Esse resultado é inferior ao resultado de 2020 (76%), mas ainda assim é um sinal forte que ainda no ano passado a dificuldade de obter um posto de trabalho moveu boa parte desses empreendedores. Do outro lado, estão os empreendedores estabelecidos sobreviventes à pandemia, que querem fazer a diferença na sociedade, e que agora precisam engrenar no processo de competitividade. Necessidade ou oportunidade; sonho ou única saída. Não importa a motivação. Estamos atentos a essas duas grandes faces do perfil de empreendedorismo detectadas pela pesquisa e temos promovido transformações em nossos produtos e serviços para atender às diferentes demandas desses públicos, fornecendo orientação, conhecimento de ponta, acesso à inovação e a mercados que permitam aos empreendedores transpassar a ponte entre o sonho e o sucesso do negócio. Conectados a essa realidade, vamos apoiar os empresários a transformar seus empreendimentos em pilares do processo de reconstrução sustentável.

Destaques

Sebrae-SP, Fiesp e Senai-SP lançam programa para levar a transformação digital a indústrias

O

Sebrae-SP, a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) e o Senai-SP lançaram a Jornada de Transformação Digital, programa com capacidade para atender 40 mil indústrias de micro, pequeno e médio porte nos próximos quatro anos. Do total de 53.073 indústrias paulistas, 48.827 (92%) são de micro e pequeno porte. O programa será gratuito para empresas industriais com faturamento anual de até R$ 8 milhões. Pesquisa da Associação Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) e da Fundação Getúlio Vargas (FGV) indica que 66% das micro e pequenas empresas estão no estágio inicial de maturidade digital. Avançar na digitalização é o caminho para o crescimento do setor e do País.

“A transformação digital das empresas é estratégia relevante para elevar a competitividade e a produtividade da indústria brasileira”, diz o presidente da Fiesp, Josué Gomes da Silva. “Em todo mundo, mesmo nos países desenvolvidos, pequenas e médias indústrias são grandes empregadoras e fundamentais para o processo de desenvolvimento tecnológico.” “Nesse momento de retomada econômica, é essencial que as empresas estejam digitalizadas, preparadas para enfrentar os desafios e aproveitar as oportunidades”, afirma o diretor-superintendente do Sebrae-SP, Wilson Poit. “Na Jornada, o Sebrae-SP vai atender a empresas do Estado inteiro por meio de dois programas, o Brasil Mais ALI e o Sebraetec, fazendo o diagnóstico e o monito-

ramento dos negócios, promovendo a melhoria de processos, produtos e serviços com a introdução de inovações”, explica. Mais produtividade e mais competitividade se revertem em ganhos concretos. As empresas líderes em maturidade digital no Brasil têm resultado financeiro três vezes melhor que as demais, segundo estudo da consultoria McKinsey. O mesmo trabalho mostrou que quem adere à digitalização entra num círculo virtuoso. À medida que aumenta o grau de maturidade digital, a empresa tende a se distanciar das demais, numa curva de aceleração da transformação. A Jornada liderada por Sebrae-SP, Fiesp e Senai-SP, que terá a participação do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp) no interior, é um programa

estruturado para auxiliar as empresas nesta transição. Nessa iniciativa inédita, as entidades se unem para entregar às empresas um olhar estratégico sobre os negócios, iniciando com uma análise criteriosa da gestão, passando por processos de manufatura enxuta, eficiência energética até chegar à digitalização. São oito etapas de consultoria e treinamento para indústrias de todos os segmentos, com diferentes níveis de maturidade digital: diagnóstico, estratégia, otimização de processos, mapeamento, automação, digitalização, integração e indústria inteligente. As metodologias utilizadas já foram aplicadas em indústrias de diversos portes, em projetos específicos, com resultados muito positivos e ganhos de produtividade superiores a 50%.


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Entrevista do mês

Telas de sucesso

CEO da Moldura Minuto, Antonio Carlos Viegas fala sobre o mercado de empreendedorismo artístico plataforma de e-commerce Galeria Minuto e a série de lives Papo com Artista. Na entrevista a seguir, Viegas fala sobre as origens da empresa e como é empreender em um negócio ligado às artes.

Antonio Carlos Viegas, CEO da Moldura Minuto: e-commerce mais forte na pandemia

Como surgiu a ideia de criar o Moldura Minuto? A Moldura Minuto surgiu de uma necessidade minha quando eu era dentista. Quando fui inaugurar meu primeiro consultório, precisei montar um quadro para a sala de espera que ia ser utilizada no dia seguinte. Esse quadro demorou 15 dias para ser emoldurado. Um quadro é algo tão simples que me fez pensar como poderia demorar 15 dias para fazer. Foi quando pensei que se um dia eu saísse da odontologia, iria montar um negócio baseado na venda de quadros para fazer isso rapidamente. Depois de três anos, eu resolvi abraçar essa oportunidade que havia ficado na minha mente, estudei o mercado, as tendências e resolvi empreender fazendo o meu negócio com base na produção rápida de quadros. Quem é o cliente típico da empresa? Existe um perfil? Os nossos clientes típicos, baseado na pesquisa do Ibope que encomendamos no início de 2020, são 55% mulheres e 45% homens das classes A e B. São pessoas gostam de cultura, viagem e decoração.

U

ma necessidade não atendida pelo mercado levou à criação de uma das franquias mais famosas do Brasil quando se trata de arte e decoração. No final da década de 1990, o então dentista Antonio Carlos Viegas se frustrou com a demora para emoldurar um quadro para o seu consultório e começou a pensar em empreender nessa área. Estudou a fundo o mercado e, em 1999, montou a Moldura Minu-

to, atualmente com 60 unidades em 25 cidades brasileiras e três unidades em países da América do Sul. Hoje, a Moldura Minuto é referência no setor, e conta com serviço de emolduramento de alto luxo e galeria de artes e fotografias com acervo exclusivo – o que inclui consultoria especializada em decoração de ambientes. A empresa mantém outros projetos, como a

Quais as características de um empreendedor na área de arte? O empreendedor que atua nessa área tem como vantagens o fato de ela ser mais estável. Por exemplo: não há definição de uma cor por ano, como no mercado de moda e de calçados, nem a exigência de um número grande de coleções. Claro que na arte temos algumas tendências, mas elas ocorrem em períodos maiores de tempo. Inserindo a arte no universo da decoração, nós temos coleções que variam de cinco em cinco anos, por exemplo. Agora

estamos em uma onda de cores claras e o uso do amadeirado; claro que o empreendedor de arte deve se adequar a isso, mas ele tem de priorizar mais a criatividade – tendo um tempo maior para criar – do que a dinamicidade. Como a pandemia impactou a empresa? Foi possível inovar no período? Claro que a pandemia foi uma coisa horrível, mas ela também auxiliou muito no crescimento do mercado de decoração e da Moldura Minuto. Com a quarentena e as pessoas isoladas em casa, a preocupação com a decoração de interiores cresceu exponencialmente. Nós ainda fomos beneficiados pelo fato de termos uma forte presença digital. Nosso e-commerce, que atende a todo o Brasil, permaneceu em funcionamento nesse período e nós pudemos otimizar nossas operações de atendimento a distância. O quanto a atual situação da economia afeta um negócio ligado à arte? No nosso caso, os produtores de arte que atuam conosco não sofreram tanto impacto, porque nosso atendimento é voltado às classes A e B. Claro que a inflação gera um certo desconforto sempre que um aumento é anunciado, mas o fato de o pão e a gasolina estarem mais caros não faz com que esse segmento de clientes deixe de investir em arte e emolduramento. Isso porque consumir arte e cultura deixou de ser algo supérfluo e se tornou algo essencial para a impressão da personalidade. Quais os projetos da empresa para o futuro? Os projetos para o futuro estão baseados na integração entre o ambiente físico e digital de uma forma eficaz, trabalhando o método omnichannel. Nosso foco é estar onde o cliente está, por isso vamos investir em expansão nas duas frentes – tanto digital quanto física.


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Experiência

Pesquisa mostra que empreendedores com mais tempo no mercado conseguiram

Leandro Dias, do La Paella: crise na pandemia o levou a abrir novas frentes de negócios

O

s mais de dois anos de restrições provocadas pela pandemia de Covid-19 foram especialmente prejudiciais para aquelas empresas que dependem de circulação de público, como bares, restaurantes, casas de shows, hotéis etc, mas, agora, a última edição da pesquisa Global Entrepreneurship Monitor (GEM) mostra que os pequenos negócios que estavam há menos tempo no mercado também sofreram mais. Os empreendedores iniciais – isto é, aqueles com até três anos e meio no mercado ou que tomaram medidas para empreender em até um ano – caíram de 21,2% (2020) para 19,2% (2021) da população adulta do Estado de São Paulo. Por outro lado, o empreendedorismo estabelecido, aquele com mais de três anos e meio em atividade, passou de 10% em 2020 para

12,4% em 2021, puxando o aumento do empreendedorismo total no Estado, que hoje é de 31,4%. Um fator que pode explicar o aumento, ainda que discreto, do número de empreendedores estabelecidos é que eles investiram mais em capacitação – os números do Sebrae-SP mostram que a procura por atendimento cresceu 49% em 2021 em comparação ao ano anterior – e também em digitalização. A pesquisa GEM aponta que 40,4% dos empreendimentos estabelecidos, 48,9% dos nascentes e 33,6% dos novos buscaram implantar tecnologias digitais com mais rapidez ou passaram a fazer uso delas no período. Os nascentes são os que existem há no máximo três meses ou que realizaram ações para empreender no horizonte de um ano. Os novos

são os negócios entre três meses e três anos e meio de existência. Ambos compõem os empreendimentos iniciais. O consultor do Sebrae-SP Felipe Chiconato vai buscar no naturalista inglês Charles Darwin (1809-82), que propôs a Teoria da Evolução, a explicação para o fato de que muitas empresas não só conseguiram se manter de portas abertas durante a pandemia como também conseguiram registrar crescimento e novas frentes de negócios. Quem primeiro se adaptou, ele diz, conseguiu dominar uma fatia maior do mercado. “Os empreendedores que cresceram durante a pandemia foram aqueles que se adaptaram, que conseguiram fazer uma leitura do contexto em que estavam e que aproveitaram as oportunidades que estavam presentes”, afirma.

TUDO NA PLANILHA Esse foi o caso do empreendedor Leandro Dias, proprietário do restaurante La Paella, no bairro do Campo Belo, em São Paulo. Com a experiência de ter passado por uma crise anterior no seu negócio por falta de conhecimento, ele buscou analisar o cenário com a chegada da pandemia e fez as adaptações que a situação indicava. Dias conta que a casa está aberta desde 2013, mas começou a “pegar” mesmo no ano seguinte. Apesar do grande movimento do restaurante, no entanto, o dinheiro não entrava e ele vivia com a situação financeira no fio da navalha. “O dinheiro ia embora muito rápido, estávamos vivendo do giro do dia a dia. Eram muitos problemas, nenhum controle dos funcio-


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para crescer

melhores resultados na pandemia; capacitação e adaptação são palavras-chave nários, não entendia de precificação. Nossos preços eram extremamente baixos. A gente trabalhava muito e o dinheiro não aparecia”, conta Dias. A situação começou a mudar quando ele conheceu um contador que fez uma análise a fundo da empresa. “Hoje eu vejo o quanto o negócio de restaurante é difícil, é muito complexo”, diz. Foi nesse período que ele também buscou orientação no Sebrae-SP para conhecer de fato seu negócio e seu próprio entendimento como empreendedor. Justamente quando as coisas pareciam estar entrando nos eixos, uma crise ainda mais grave surgiu. “Quando a pandemia chegou, o restaurante estava ajeitado e eu estava trabalhando muito com eventos; foi um desespero total, porque eu não entendia o que ia acontecer. Como assim fechar o restaurante?”, lembra. O primeiro passo foi colocar tudo em planilhas: desde o valor das embalagens para delivery até a margem do aplicativo de entrega. Além disso, o empreendedor precisou levar em conta que, como o restaurante está instalado em um bairro residencial, o almoço era de pouco movimento. Por isso, ele decidiu criar um “novo” restaurante funcionando dentro do principal, voltado para delivery de comidas do dia a dia – afinal, a paella é um prato para ocasiões especiais, para reunir a família e amigos etc. “Antes, eu fazia cerca de 15 deliveries por dia, e na pandemia cheguei a fazer 80 para compensar a margem. No salão, as pessoas comem entrada, pedem vinho, sobremesa”, explica Dias. Ele também criou muitas estratégias digitais para chegar aos clientes, como um mailing de WhatsApp para onde ele mandava novidades do cardápio e ouvia demandas. Para ocupar melhor o tempo de seus funcionários, garçons passaram a fazer entrega e a ir ao mercado. E, com a diminuição das restrições nos últimos meses, veio a maior aposta: a inauguração de um bar de

vinhos e jazz vizinho ao restaurante, um antigo sonho do empreendedor. Além disso, ele também está com um pequeno espaço na Vila Olímpia com comida espanhola. “Hoje tenho mais concorrência, principalmente com as dark kitchens (cozinhas voltadas apenas para o delivery), mas meu plano agora é organizar minhas finanças nas três unidades, porque ainda tenho dívidas, e investir mais na música”, conta Dias. Para Felipe Chiconato, do Sebrae-SP, Dias foi capaz de fazer a leitura adequada do momento, entendeu o que os clientes estavam buscando, mudou o cardápio e investiu no delivery. “O que eu recomendo para quem está com dificuldade é dar dois passos para trás, olhar para o negócio, entender o que ele tem de bom, o que tem de fraqueza, e como pode aproveitar as oportunidades”, diz. Ele cita, por exemplo, utilizar a metodologia 5W2H (checklist administrativo) para desenhar um plano de ação. Além disso, tudo dentro da empresa precisa ser baseado em metas e indicadores. “Indico sempre buscar os consultores do Sebrae-SP para pedir ajuda, porque realmente é difícil enxergar quando você está no olho do furacão”, afirma.

Sobre a pesquisa Global Entrepreneurship Monitor (GEM) São Paulo 2021: Amostra de 2 mil pessoas entre 18 e 64 anos do Estado de São Paulo. O levantamento foi feito de julho a outubro de 2021. No Estado a pesquisa foi realizada pelo Sebrae-SP e pelo Instituto Brasileiro da Qualidade e Produtividade (IBQP). O projeto GEM é coordenado por um consórcio internacional, com a liderança da Babson College (EUA). Além de São Paulo, em 2021 a pesquisa foi realizada em 47 países.

RAIO-X EMPREENDEDOR Isso equivale a

31,4%

9,74 milhões de

da população adulta do Estado de São Paulo está envolvida em algum negócio, ligeiro aumento em relação a 2020 (30,8%)

pessoas Entre os países, SP estaria em

O Brasil está com

30,4% 5º

, atrás de:

nesse indicador

1. República Dominicana 45,2% 2. Sudão 41,5% 3. Guatemala 39,8% 4. Chile 35,9%

Empreendedorismo estabelecido em São Paulo: (+ de três anos e meio em atividade)

12,4%

10%

em 2020 para

Entre os países, SP estaria em

em 2021

, atrás de:

1. Coreia do Sul 16,4% 2. Grécia 14,7% 3. Guatemala 12,7%

O Brasil tem taxa de

9,9%

(considerando São Paulo),

posição no ranking


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Insumo mais caro

Com alta no preço e até falta de componentes e matérias-primas, Patricia Gonzalez

A

tentativa dos pequenos negócios para voltar aos patamares de faturamento anteriores à pandemia tem sido impactada por um fator muito presente no dia a dia dos brasileiros atualmente. O alto preço dos insumos e mercadorias tem feito os empreendedores assumirem mais custos

para não os repassar integralmente ao consumidor. De acordo com a última pesquisa sobre os impactos do coronavírus realizada pelo Sebrae em parceria com a Fundação Getulio Vargas (FGV), cerca de 50% dos pequenos negócios consideram os custos de insumos e mercadorias um entrave, em uma lista que envolve outros custos quase que

inevitáveis para manter um negócio em funcionamento, como energia elétrica, combustíveis e aluguel. O consultor de negócios do Sebrae-SP Luiz Alberto Stephan Junior explica que a escassez de insumos e matérias-primas tem provocado impactos tanto para a indústria quanto para o comércio e os serviços em geral, e isso pode

ser sentido de forma mais intensa pelas micro e pequenas empresas não só pela elevação dos custos, mas também pelas dificuldades de precificação e de manutenção de margem de lucro. “Muitas empresas foram prejudicadas e tiveram dificuldades financeiras, além de perderem alguns de seus fornecedores. Um exemplo importante


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exige estratégia

empreendedores precisam segurar repasse e se deparam com prazos maiores é o setor têxtil e de confecções, que perdeu muitas empresas em São Paulo, sem contar as interrupções e quebras de fornecimento de importações”, ressalta. A empreendedora Leonice Gonçalves, dona da Ma Decor Indústria e Comércio em Vidros, teve seus negócios impactados já no

Leonice Gonçalves, dona da Ma Decor: mudança nos prazos de pagamento para investir em insumos

início da pandemia. Diante do novo cenário, foi obrigada a fazer algumas mudanças em seu negócio para tentar manter as portas abertas. A empresa trabalha com pintura de vidros para perfumes, velas, aromatizadores, entre outros, e atende a grandes varejistas. No início da pandemia chegou a ficar quatro meses com seu negócio quase que totalmente parado. E, agora, quando o cenário de restrições está quase no fim, a falta de alguns insumos vem trazendo dificuldades para a sua produção. “Dependemos de sacos plásticos para a embalagem e o preço dele praticamente triplicou. As tintas que usamos são derivadas do petróleo e também subiram muito. De dezembro até agora houve um reajuste de 33%. E já tem previsão de novo aumento de pelo menos mais 15%”, relata. Por ser um negócio pequeno, a empreendedora explica que eles não têm um grande estoque e sempre que precisam renovar a matéria-prima encontram um reajuste de preço. A dificuldade em encontrar alguns itens necessários também está prejudicando o prazo de entrega para o cliente. Além disso, algumas adaptações precisaram ser feitas para garantir a entrega. “Trabalhamos com prazos de entrega. Antes eram 20 dias, agora precisa ser de 35 ou até 40 dias. Também começamos a fracionar a entrega para nosso cliente ter o mínimo para abastecer a loja dele. Trocamos o saquinho plástico por papel ou plástico bolha, que é vendida em fardo maior”, diz Leonice. Para enfrentar a situação de escassez e aumento de preços, a empreendedora precisou alterar também a forma como realiza a cobrança de seus pedidos. “Antes, a gente faturava o pedido e o cliente pagava apenas no final. Costumava faturar para até 60 dias Hoje eu já peço um valor de 30% a 50% de entrada e utilizo esse dinheiro para pagar os insumos”, explica. Nesse período, a empresária tem investido em cursos e infor-

mações para conseguir reduzir a conta de energia e reduzir desperdícios. Entre as ações indicadas pelo Sebrae-SP, Leonice destaca o Programa Brasil Mais, focado em aumentar o faturamento e reduzir custos. “Eu acho que essa questão da matéria-prima ainda vai durar um tempo. Muita coisa está subindo. O petróleo tem grande impacto. Então precisamos aprender a sobreviver com isso”, diz.

FESTA MAIS CARA A empresária Simone Chemmés é dona da Tem Que Ter Festa e hoje conta com duas lojas na zona sul de São Paulo que vendem artigos para festas em geral e tem como seu carro-chefe os balões. Entre as principais dificuldades de produtos e insumos para o seu negócio, estão o gás hélio para os balões, pulseiras de led, linhas de materiais feitos em plástico e papelaria. “Estamos garimpando fornecedores. Fui comprar pulseiras de led e me deparei com um aumento de mais de 60%. Pesquisei mais opções e no fim até havia decidido comprar, mas nesse meio tempo o estoque do fornecedor zerou”, recorda. Com tantos aumentos, a empreendedora reforça o impacto direto em seu faturamento. “Nossa loja tem mais de 20 mil produtos e não tenho como repassar uma porcentagem de aumento tão alta de uma hora para outra ao nosso cliente. Estamos segurando de toda forma que conseguimos”, conta Na busca por outros fornecedores, a empreendedora tem se deparado com questões tributárias que está aprendendo a analisar. “Às vezes, nos deparamos com a questão de diferença de alíquota de ICMS entre Estados e precisamos pagar a diferença de um lugar para o outro. Então, por exemplo, se no Paraná a alíquota é menor, quando chega em São Paulo você tem que pagar o imposto. Você acha que vai sair mais barato e, no fim, pode ficar ainda mais caro. É importante

estar muito atento a isso também”, aponta Simone.

ALTERNATIVAS Para Stephan, do Sebrae-SP, a saída para os pequenos negócios que estão sofrendo com o custo e escassez de insumos é “abrir o jogo” com fornecedores e também insistir na busca por itens substitutos. “Sempre orientamos os empresários a estabelecer e manter um bom relacionamento com seus fornecedores, principalmente aqueles de itens indispensáveis ao seu negócio. Neste momento, percebemos que os fornecedores têm privilegiado seus clientes fiéis e que cumprem com os prazos de pagamento e de programação”, afirma. O consultor reforça que alguns fabricantes e distribuidores de certos segmentos não estavam aceitando novos cadastros em suas bases até a normalização de fornecimento de componentes e matérias-primas. E, em alguns casos, a substituição de produtos ou serviços pode ser mais complicada. Neste caso, Stephan recomenda a busca de fornecedores em outras regiões, embora o custo maior com frete tenha de ser levado em conta, além da participação em feiras e busca em plataformas de fornecedores e marketplaces, inclusive de importação. O consultor afirma também que análises feitas em diversos segmentos apontam uma perspectiva de melhora para alguns setores ainda neste ano, mas alguns fatores importantes ainda são uma incógnita. “A variação cambial, as dificuldades financeiras derivadas da baixa atividade econômica nos anos anteriores (2020 e 2021) e a rápida retomada do consumo, principalmente em nosso mercado interno, são pontos-chave para avaliar a situação nos próximos meses”, observa.


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'SACOLAS' DE

Varejo de vestuário sem ponto fixo ganhou novos

Gisele Tamamar

E

ntrega de moto, de carro, envio pelos Correios e até nas estações de metrô. Mas, se a cliente quiser, pode retirar as compras na casa da Paloma Andrade ou ela mesma pode levar as diversas peças para prova, sem compromisso. Sem um ponto físico, é assim que a empreendedora administra a Pink Store, loja de roupas femininas aberta em plena pandemia, em São Paulo. Negócios como o de Paloma registraram crescimento e também passaram por uma evolução nos últimos tempos. Dados elaborados pelo Sebrae-SP a partir do Portal do Empreendedor apontam um crescimento de 33,3% entre o começo de 2020 até o fim de 2021, quando o número de Microempreendedores Individuais (MEIs) na atividade de comércio varejista de artigos de vestuário e acessórios passou de 711.263 para 948.167 no Brasil. A gestora de comércio varejista do Sebrae-SP, Daniela Abdala, explica que a revenda de roupas em locais físicos ficou paralisada durante o período mais crítico da pandemia por conta do fechamento do comércio, e uma forma mais rápida e funcional para dar continuidade ao negócio foram as “sacolas” para os clientes. “Essa atividade já era comum. Muitos MEIs de revenda de roupas foram abertos sem local fixo, com a atividade de sacoleira, e até as lojas tinham esse costume com os clientes VIP, mas na pandemia passou a ser um meio eficaz de fazer com que o produto chegasse aos consumidores. Muitos segmentos que tiveram suas portas fechadas e não conseguiram voltar a operar optaram por mudar de atividade comercial e viram nas sacolas de roupas uma opção de sobreviver em meio a pandemia”, afirma Daniela. Na avaliação da especialista, a atividade passou por uma evolução considerável. Isso porque, antes da pandemia, as sacolas eram montadas somente com a percepção

do vendedor com relação às preferências do cliente. Com a propagação da Covid e a necessária digitalização dos meios de relacionamento com os consumidores, as sacoleiras passaram a utilizar o WhatsApp, Telegram, Instagram e o Facebook como vitrines – esses canais digitais permitem que os clientes escolham peças para a sua sacola. Outra evolução apontada por Daniela inclui as sacolas virtuais: as sacoleiras montam kits com produtos de modelos, cores e tamanhos do cliente, chamados de sacolas personalizadas. “Até o nome dessa prática evoluiu, muitos a chamam de fashion delivery ou delivery bag”, ressalta. No caso de Paloma, da Pink Store, se a cliente gostou da peça na foto, mas ficou indecisa, a empreendedora se prontifica a levar os modelos para a prova. “Venda online é assim: tem pessoas que ficam na dúvida se vão gostar. Vamos pensando em diversas opções para atender as clientes”, afirma ela, que passou a empreender após ser desligada do trabalho em um hospital, em novembro de 2020. “Eu tinha acabado de financiar meu apartamento e digo que foi o ‘empurrãozinho’ que faltava para abrir meu próprio negócio. Escolhi esse ramo pois, além de amar comprar roupas, amo ver as mulheres de bem com sua autoestima; sinto que vai além de vender roupas, consigo enviar muito amor com cada pacotinho: coloco um cheirinho especial, mimos e percebo que as clientes conseguem receber todo esse amor por meio de cada compra”, conta. Paloma vai uma vez por semana à região do Brás, na capital paulista, para as compras e faz as divulgações no Instagram e Facebook, além de contar com a indicação de cientes e realizar a distribuição de flyers. “São muitos desafios. Não é fácil conciliar tudo, trabalhar, cuidar dos filhos, da casa. Além disso, existe muita oscilação; eu posso ter vendido muito, mas no mês que

vem pode ser que eu não venda quase nada. São desafios que temos de somar para experiência, ver o que podemos melhorar, mudar e não deixar entrar no nosso coração e nos fazer desistir”, diz Paloma, que tem planos de crescimento para o negócio e futuramente até abrir uma loja física.

que, para quem estava começando, seria muito mais difícil realizar pedidos com um “mínimo de compra” ou ter um “X tempo de CNPJ ativo”. “Se ninguém abrir as portas para as pessoas começarem a empreender, nem que seja com o único valor que ela tem em mãos, mais lenta será sua jornada, menos negócios serão gerados”, afirma.

DIVERSIFICAÇÃO

Diante desse cenário, ela criou a Empreenda Catarina. A empresa reúne produtos de nichos diversificados e os envia em pacotes. “Aquele único dinheiro que geralmente a sacoleira, a revendedora

Renata Pardo enxergou uma oportunidade de empreender ajudando vendedoras iniciantes. Ela sempre trabalhou na área de vendas, mas tinha a percepção

Paloma Andrade abriu negócio em plena pandemia e já pensa em expansão


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ROUPA NOVA

nomes, como fashion delivery ou delivery bag ou até mesmo novos lojistas têm, nós usamos para mandar produtos de inúmeras lojas, dando a ela o direito de escolha e teste de produtos, sem fidelizar tudo num único atacadista, variando o estoque final”, explica. “Temos clientes que começaram com dez blusinhas de R$ 10 e hoje, três anos depois, inauguraram lojas ainda comprando conosco, só que 100 vezes mais do que o valor do começo. O mais incrível é receber mensagens falando que faço parte disso”, relata.

Para quem tem interesse em começar na atividade, Renata afirma que “uma boa compra é a base de tudo, principalmente se você estiver com baixa disponibilidade financeira”. “Antes, a gente se baseava no feeling e, se errasse, era aquela situação de ‘estoque parado, dinheiro encalhado’. Hoje você só tem estoque parado se não estiver gerindo bem seu negócio, considerando uma infinidade de possibilidades no mundo virtual”, explica. A empreendedora cita, por exemplo, a possibilidade de testar o produto sem tê-lo em estoque, fazendo pesquisa

com amigos, status de redes sociais e avaliação da audiência gerada na vitrine virtual. Uma das criações do Empreenda Catarina é um grupo chamado “Troca de estoque”. O que não vende em uma região pode ser vendido outra. "Assim todos fazem o giro sem deixar dinheiro, literalmente, mofando em produtos, e podendo renovar sempre numa compra mais direcionada”, explica.

GESTÃO Daniela Abdala, do Sebrae-SP, reforça que fazer a gestão do negócio é fundamental para saber a margem e porcentagem de lucro. “As sacoleiras têm dificuldade de precificar seus produtos; esse tipo de erro interfere no ganho, dando prejuízo ou chegando até a fechar o negócio”, diz. Daniela orienta a levantar todo o custo da operação (custo do produto, da viagem, da alimentação, da embalagem, da entrega e de

todos os insumos, além de impostos e etc.), analisar os custos fixos e variáveis e assim entender qual porcentual de lucro consegue aferir no negócio. Entre os pontos em comum das sacoleiras de sucesso, Daniela cita que elas conhecem muito bem seus clientes, estão antenadas com as tendências do setor da moda, conhecem e monitoram a concorrência, sabem o que comprar e onde comprar, investem em marketing, em relacionamento com os clientes e fazem gestão firme do negócio. “A revenda de roupas por meio de loja física, loja virtual, marketplaces, redes sociais ou por meio de sacolas sempre foi um bom negócio, mas, como qualquer empreendimento, tem suas dificuldades. Por isso, é preciso estudar o mercado e entender o comportamento do cliente para ter resultado”, finaliza.

Pontos de atenção • Saber o que comprar e onde comprar – buscar os melhores fornecedores. • Ficar de olho no perfil de consumo do seu cliente e nas mudanças de comportamento. • Ficar antenada com as tendências do setor moda. • Fazer a gestão do negócio é fundamental para saber qual a margem e porcentagem de lucro. • Ter um bom plano de divulgação. • Identificar e dominar os canais de relacionamento e de vendas de preferência do seu cliente. • Humanizar seu atendimento – fazer com que seu cliente se sinta especial. Fonte: gestora de comércio varejista do Sebrae-SP, Daniela Abdala


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Saiba precificar corretamente Vender pelo preço certo é vital para a saúde financeira, competitividade e lucratividade do negócio

S

aber colocar o preço certo nos produtos ou serviços é estratégico. A precificação está diretamente ligada a competitividade, atratividade e lucratividade do negócio. Um preço errado pode pôr a saúde financeira da empresa em sério risco, porque se não cobrir os custos, quanto mais vendas, mais prejuízo. O preço não pode ser alto a ponto de desestimular a compra, mas deve estar na média do mercado e proporcionar o lucro almejado. O desafio é mostrar que seu produto vale mais do que você cobra. A seguir, você encontra uma série de orientações sobre como precificar corretamente o que oferece ao cliente.

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Calcule o custo por unidade

Quanto você gastou para produzir ou comprar cada unidade do produto ou para prestar o serviço? Esse dado é fundamental para todos os outros passos se você quiser precificar corretamente o que vende. Você precisa saber o custo da matéria-prima, o tempo de produção de cada unidade, custo de distribuição, mão de obra, entre outros. No caso de serviços, você precisa calcular o tempo médio gasto para cada atividade, e formar um preço que cubra os minutos ou horas trabalhadas, abrangendo todo o custo e gerando lucro.

2

Contabilize as despesas

Visualize as despesas da empresa, definindo gastos fixos e variáveis. Os custos variáveis são esporádicos e dependem do volume de venda, como gastos com emissão de um boleto. Já os custos fixos são aqueles que devem ser pagos, não importando o valor do seu faturamento. Exemplo: salários. As duas despesas devem ser pagas com as vendas, mas há formas de fazer isso. • Diluir os custos fixos no mix de produtos: dessa forma, você atribui porcentagens de contribuição diferentes a cada um deles. Isso possibilita o cálculo de uma estimativa de quantos produtos de cada tipo precisam ser vendidos para pagar a operação – o que sobrar é lucro líquido. • Estimar um preço que resulte em uma margem de contribuição: retirando o valor das despesas fixas e variáveis, o restante é o lucro líquido. • Em quaisquer desses cálculos, não esqueça de incluir os valores de impostos.

3

Respeite a margem

Ao definir uma margem para que seu negócio sobreviva, você deve respeitá-la. Caso você tenha definido um ganho de 20% sobre o custo de cada item, atenha-se ao plano na hora de precificar, a não ser que a estratégia tenha que ser modificada. Se um item dá prejuízo, não adianta mantê-lo no estoque. Compre bem e venda melhor.

4

Entenda e conheça a margem de lucro e o markup

Margem de lucro é a porcentagem que volta para o caixa quando todos os custos são pagos. Calcula-se subtraindo os custos do preço final do produto. Markup é o porcentual aplicado aos produtos, ou seja, o lucro desejado. Sabendo o que esses termos representam para seu negócio, precificar um produto se torna uma tarefa mais simples e assertiva.

5

Estude o mercado

Além das tabelas de preço que existem por aí, é preciso fazer uma pesquisa minuciosa dos principais players de mercado antes de precificar: quanto vendem, por quanto e para quem. Esse estudo é uma radiografia de tudo o que você precisa saber sobre o ambiente em que pretende entrar. Nessa pesquisa, você pode descobrir que o seu valor de venda está muito acima do mercado. Se isso acontecer, analise com calma a situação, já que você pode ficar com o estoque parado caso não venda o previsto. Por isso, se tiver uma margem alta, considere uma redução do valor. Agora, se a margem está apertada, talvez o produto não seja o mais adequado para a venda. Mas há alternativas para ganhar competitividade. É possível diminuir a margem de um produto X e aumentar essa diferença em Y e oferecer os dois juntos.

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Reajustes

Não é aconselhável segurar demais o repasse do aumento dos custos para o preço final. Em um primeiro momento, pode ajudar a manter a clientela. Porém, com o passar do tempo, o acumulado pode obrigar a fazer um reajuste em um porcentual muito elevado, assustando o consumidor.


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Às mães empreendedoras

THALITA DE PÁDUA MEDEIROS GENTIL Consultora de negócios do Sebrae-SP

Como fazer do CRM um aliado? Você sabe dizer a frequência de compra de seus clientes, suas preferências, canais de atendimento que eles mais utilizam ou mesmo a última compra que fizeram? Sua empresa usa essas informações para personalizar seu atendimento? Na era da transformação digital, é praticamente impossível gerenciar tudo isso com anotações na agenda ou com a memória. Anos atrás, as empresas não tinham tantos pontos de contato com os clientes. Hoje, precisam gerenciar o atendimento presencial, telefônico, as mensagens recebidas em diversas plataformas e mídias sociais, e-mail, chats, e tantos outros canais disponíveis. Diante desse cenário, somam-se problemas, como: perda de histórico dos clientes quando alguém da equipe sai, processos de venda heterogêneos, envio de e-mails inconsistentes, experiência ruim quando o cliente precisa repetir sua solicitação todas as vezes que entra em contato, ruído na comunicação e organização. Tudo isso gera baixo engajamento, culminando em queda nas vendas. Mas esses problemas têm solução com ajuda das plataformas de CRM ou Customer Relationship Management

(gerenciamento do relacionamento com clientes). O principal objetivo do CRM é melhorar o relacionamento com os clientes, visando aumentar a retenção dos atuais, melhorar a captação e reduzir custo na aquisição de novos, bem como torná-los embaixadores da nossa marca. Para tanto, contamos com a tecnologia para identificar os padrões de comportamento deles, cruzar dados, análise preditiva e monitoramento. A tecnologia potencializa nossas análises e contribui para tomada de decisões. Os resultados dependem de mudança de cultura no negócio, envolvendo gestores, colaboradores e até fornecedores da cadeia produtiva, em alguns casos. Empresas que passaram pela implementação do CRM relatam aumento médio da receita, maior produtividade do time de vendas, elevação nos níveis de satisfação dos clientes, gerando maior retenção e menores custos com marketing. Porém, os desafios para execução são grandes assim como os resultados. É preciso mapear os pontos de contato e a jornada do cliente, criar fluxos e processos, integrar canais e monitorar indicadores, além de treinar a equipe.

O Sebrae Responde é um serviço para tirar dúvidas de empreendedores sobre a abertura de novos negócios e questões relacionadas à gestão de empresas já em atividade.

Neste mês em que comemoramos o Dia das Mães, quero fazer aqui minha homenagem a elas, em especial às que também são empreendedoras. Pesquisa do Sebrae-SP mostra que cerca de 75% das mulheres empreendedoras são mães. Cuidar dos filhos e dos negócios é, sem sombra de dúvida, um desafio enorme, que exige muita dedicação, sacrifício e resiliência, mas, ao mesmo tempo, pode significar uma grande realização pessoal e profissional. Eu, que cresci em uma pequena cidade do interior de São Paulo, em uma casa sem eletricidade, aprendi muito com minha mãe que, ao lado do meu pai, deu as bases para eu me tornar o empreendedor que sou hoje. Além de trabalhar na plantação de café, minha mãe era cabeleireira e costureira. Ela fazia as roupas da família e, com criatividade, transformava as peças, aproveitando o que tínhamos. Um vestido virava duas bermudas e assim por diante. Nas entrelinhas dessas atividades estavam as lições de como conduzir um negócio e otimizar recursos. As mulheres aumentaram sua participação no empreendedorismo no Estado de São Paulo, segundo a mais recente pesquisa Global Entrepreneurship Monitor (GEM), passando de 44,6% em 2020 para 46,2% no ano passado.

Esse crescimento é importante porque significa mais mulheres tomando as rédeas de suas vidas, assumindo sua independência financeira e, em muitos casos, deixando para trás uma rotina de opressão e abusos. Porém, em pleno século 21, o ambiente de negócios ainda traz incoerências. Elas são olhadas com desconfiança e menosprezo em muitas situações. Como exemplo, levantamentos mostram que, apesar de melhores pagadoras, elas têm mais dificuldade de obter crédito e arcam com juros mais altos, o que não se justifica de forma alguma. O Sebrae-SP tem uma série de iniciativas de apoio ao empreendedorismo feminino dentro do movimento Sebrae Delas. Capacitá-las e valorizar a liderança feminina é promover inclusão produtiva, igualdade de oportunidades e caminhar para uma sociedade mais justa. Meus parabéns às mães empreendedoras. Contem com o Sebrae-SP para concretizar seus negócios e ter sucesso.

WILSON POIT, diretor­‑superintendente do Sebrae­‑SP

Acompanhe o Sebrae­‑SP no ambiente digital, em www.sebraesp.com.br, e nas redes sociais: twitter.com/sebraesp facebook.com/sebraesp instagram.com/sebraesp flickr.com/sebraesp issuu.com/sebraesp soundcloud.com/sebraesp sebraeseunegocio.com.br youtube.com/sebraesaopaulo

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Vencendo a desconfiança

Empresário nunca havia dado chance ao Sebrae-SP, mas ao aceitar ajuda, viu sua empresa decolar Rogério Lagos

F

ormado em processamento de dados e atuando há quatro anos como terceirizado em uma empresa pública, Édino Pereira viu na não renovação de seu contrato uma oportunidade para empreender no segmento. Abriu em 2007 a Fox Informática, em Itapeva, na região sudoeste paulista, e no meio da pandemia, em 2021, expandiu os negócios passando a comercializar produtos pela internet em marketplaces, além de inaugurar uma unidade física de consultoria técnica em Sorocaba, também no interior de São Paulo. “Os resultados exponenciais que começamos a ter na empresa foram graças ao Sebrae-SP. E olha que eu nunca havia acreditado no Sebrae-SP antes”, comenta o proprietário do atual Grupo Fox Loja. Pereira lembra que nunca atendia os consultores do Sebrae-SP e se perguntava o que tanto queriam com ele. “Só querem ganhar dinheiro nas minhas costas”, dizia. “Eu nem atendia o telefone, mandava dizer que não estava”, conta. A mudança de postura se deu em 2019, quando passou a se perguntar por que trabalhava tanto, não via o dinheiro e tampouco conseguia fazer a empresa crescer. “Procurei várias assessorias empresariais que não deram resultado. Até que procurei o Sebrae-SP, meio sem graça após tantas negativas, e fui apresentado às soluções de gestão, consultorias e ao curso Empretec, que mudou a minha vida. É um divisor de águas que transforma a mentalidade do empreendedor”, afirma.

Édino Pereira: “Os resultados exponenciais foram graças ao Sebrae-SP”

Pereira comenta que passou a perceber que o erro da empresa era ele mesmo. Achava que sabia fazer gestão e que suas atitudes centralizadoras estavam corretas. Como o foco do Empretec é no comportamento, ele atribui à metodologia a mudança nos negócios. “A gente abre os olhos para o que estamos errando. Passei a gerir tudo de maneira diferente, tanto no planejamento, no financeiro, quanto com os colaboradores. Comecei a oferecer mais treinamento e a

ouvi-los mais. Deixei de querer tudo na palma da minha mão ao perceber que isso era o que segurava o crescimento do negócio. Parei de ser o funcionário mais caro da minha empresa”, reconhece. Da participação no Empretec, em 2019, até os dias atuais, o Grupo Fox Loja já cresceu 100% em faturamento. Além de atribuir a evolução ao auxílio do Sebrae-SP, o proprietário ressalta a importância de se manter atualizado e atento

ao mercado. “Buscar conhecimento é uma das coisas mais importantes que os empreendedores precisam fazer. Já fiz vários cursos no Sebrae-SP e também em outros lugares, venho participando de feiras do segmento, fazendo networking e trocando informações com outras pessoas.” Para o analista de negócios do Sebrae-SP em Itapeva Fernando Morais, o momento exige dos empreendedores capacidade de lidar com problemas, adaptar-se a mudanças e criatividade para entender e atender os consumidores. “Para continuar vendendo e prestando serviços, é preciso se reinventar, agir de forma diferente para atingir resultados diferentes. Muitas vezes até sabemos o que precisa ser feito, mas arrumamos desculpas, deixamos para depois, e é preciso ter atitude como o Édino teve”. Para Pereira, o empreendedor precisa sair de sua zona de conforto. Hoje afirma estar com a mente aberta e enxerga o Grupo Fox Loja cada vez mais na internet, até mesmo atuando em outros segmentos. “Quero passar também a produzir conteúdo na internet e desenvolver cursos online para não depender no futuro de uma única fonte de renda”, finaliza o empreendedor. Conhece o Empretec? Assim como o Édino Pereira, você também pode melhorar seus negócios com o Empretec. Procure o escritório do Sebrae mais próximo e pergunte sobre as próximas turmas do curso. Para outras informações, ligue gratuitamente para o Sebrae no 0800 570 0800.

EXPEDIENTE Publicação mensal do Sebrae­‑SP Edição impressa

DIRETORIA EXECUTIVA Diretor­‑superintendente: Wilson Poit Diretor técnico: Ivan Hussni Diretor de administração e finanças: Guilherme Campos

www.gettyimages.com. Diagramação: Douglas da Rocha Yoshida e Gisele Costa. Fotos: Ricardo Yoithi Matsukawa – ME e Carlos Raphael do Valle – ME para o Sebrae­‑SP. Apoio comercial: Unidade Relacionamento: (11) 3177­‑4784

CONSELHO DELIBERATIVO Presidente: Tirso Meirelles ACSP, ANPEI, Banco do Brasil, Faesp, FecomercioSP, Fiesp, Fundação ParqTec, IPT, Desenvolve SP, SEBRAE, Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia, Sindibancos­‑SP, Superintendência Estadual da Caixa Econômica Federal.

JORNAL DE NEGÓCIOS Unidade Marketing e Comunicação Gerente: Mariana Ribas Coordenadora de Imprensa e Conteúdo: Marcelle Carvalho Editores responsáveis e redatores: Gabriel Jareta (MTB 34769) e Roberto Capisano Filho (MTB 46219). Assessores de imprensa: Gisele Tamamar, Patricia Gonzalez e Rogério Lagos. Imagens:

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TEC &

LIVROS PLATAFORMA: A REVOLUÇÃO DA ESTRATÉGIA (Alta Books) Este é um guia sobre o papel das plataformas online: o que elas são, como funcionam e qual seu significado para as empresas e para a economia. Com a tecnologia digital, toda empresa pode ser uma plataforma, aumentando seu alcance, velocidade, eficiência e a conveniência que oferece. O livro descreve como o novo modelo gerencial e organizacional pode ser implantado. Os pesquisadores do MIT Geoffrey Parker e Marshall Van Alstyne e o consultor Sangeet Paul Choudary compuseram um inteligente guia que serve tanto para uma corporação grande e estabelecida como para um empreendedor de primeira viagem.

SCALING UP: ESCALANDO SEU NEGÓCIO (AlfaCon) Uma scale up é uma empresa que já validou seus serviços e produtos no mercado, provando que seu modelo de negócio é sustentável. Seu próximo passo é escalar. A scale up é o próximo passo de uma startup. A energia e recursos são focados no crescimento sustentável. Faz mais de uma década que o livro mais vendido de Verne Harnish, "Mastering the Rockefeller Habits" foi lançado. Scaling Up é a primeira grande revisão desse clássico de negócios que detalha ferramentas e técnicas práticas para escalar um negócio que domina o setor.

NEUROCIÊNCIA PARA LÍDERES: COMO LIDERAR

DESEMPENHO DAS MPES EM ESG É 46% MELHOR DO QUE DAS GRANDES EMPRESAS A pesquisa “Melhores para o Brasil”, da Humanizadas, realizada com 300 empresas de vários portes e segmentos no Brasil, mostra que as micro e pequenas empresas saem na frente nos temas relacionados à Nova Economia, que inclui os princípios ESG (ambientais, sociais e de governança). Nesse caso, elas apresentam performance 46% superior às grandes. As MPEs brasileiras superam as grandes companhias em cinco princípios: propósito, estratégia de valor, cultura consciente, aprendizado e mudança e liderança consciente.

FACEBOOK E INSTAGRAM VÃO TER ANÚNCIOS EM 3D A Meta, empresa dona do Facebook, vai possibilitar a publicação de anúncios em 3D em suas plataformas. Por meio de parceria com a VNTANA, especializada realidade virtual (RV), serão desenvolvidos modelos para que Facebook e Instagram possam receber publicidade. Com a VNTANA será possível permitir que as marcas carreguem modelos 3D de seus produtos nessas redes sociais e os convertam em anúncios. Antes da integração, os anunciantes precisariam reformatar os arquivos 3D para serem compatíveis com os sistemas de anúncios da empresa. Não foi informada uma data para a implantação da novidade.

PESSOAS E EMPRESAS PARA O SUCESSO (Universo dos Livros) Com base nas descobertas mais recentes da neurociência e das ciências comportamentais, o livro apresenta uma estrutura prática para que você se torne mais eficaz e produtivo em situações profissionais complexas. A abordagem dos autores sobre a liderança do cérebro adaptável é um guia passo a passo para aprimorar seu modo de pensar, compreender e aplicar suas emoções, controlar as reações automáticas do seu cérebro e melhorar suas habilidades relacionais.

ATACAREJO JÁ RESPONDE POR 40% DAS VENDAS DE ALIMENTOS NO PAÍS O setor de atacarejo apresentou crescimento de 10% no ano passado, contra uma queda de 2,4% do varejo alimentar como um todo, segundo levantamento da McKinsey. O atacarejo reúne características do varejo e do atacado em uma única marca com atendimento para ambos. Com isso, em um ano, a participação do atacarejo no varejo de alimentos saltou de 35% para 40%. Atualmente existem 2 mil lojas desse perfil pelo País. Esse modelo deve aumentar sua participação, chegando a 50% das vendas nos próximos anos.


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IDEIAS

PERGUNTE A QUEM ENTENDE Como sua empresa pode cativar a geração millennial?

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por Ari Liskjack, CEO iSource Marketing

PODCAST

STARTUPS DE ALTO IMPACTO Startups de Alto Impacto fala sobre como crescer, encontrar investimento e colocar ideias em prática. O comando do programa é do empresário e apresentador Gerson Ribeiro, que tem experiência no mercado e já fundou quatro startups de sucesso. Disponível em Apple Podcasts.

FILMES

BRINQUEDOS QUE MARCAM ÉPOCA O documentário mostra as mentes por trás dos mais icônicos brinquedos discutindo a ascensão – e em alguns casos, a queda – de suas criações bilionárias. A obra aborda as etapas de produção, estratégias de marketing, aventuras de design e atmosfera nostálgica de produtos como Barbie, personagens de Star Wars, HeMan, naves espaciais e tanques de guerra que fizeram a cabeça de muitas crianças. Disponível na Netflix.

VÍDEO

Assista em:

IDOSOS DIGITAIS Pessoas com 60 anos ou mais estão cada vez mais conectadas e consumindo por meios digitais. Você já se comunica e oferece seus produtos e serviços para estes potenciais clientes? Saiba como atender melhor os idosos digitais e conquistar esse público.

https://youtu.be/E_1kSJfJqJc

Os millennials (nascidos entre 1981 e 1996) são a primeira geração a nascer na era digital. São bem reconhecidos por rejeitar estilos de vida tradicionais. Os millennials são comunicadores, multitarefas, inconformistas que valorizam seu tempo livre, desejam viver em um ambiente melhor e seus padrões de consumo são fortemente impactados pela tecnologia. Um dos aspectos que os millennials mais levam em conta é a experiência com a marca. Eles são duas vezes mais propensos a abandonar uma marca se não gostarem e duas vezes mais propensos a recomendá-la se tiverem uma ótima experiência. Quando se trata de conteúdo publicitário, são mais céticos do que outras gerações. Eles olham para a publicidade com cautela, incluindo conteúdo produzido por influenciadores. No entanto, confiam no conteúdo criado por outros usuários e o lugar favorito para consumi-lo é nas redes sociais. As empresas que desejam atingir essa geração devem se concentrar na oferta de experiência direcionada ao cliente millennial, que inclui ouvir seu ponto de vista e trabalhar para resolver suas fraquezas de forma inovadora. É um esforço que requer estratégias de marketing integradas, flexíveis, virais e confiáveis. Devem focar na experiência do usuário (UX), que busca atender a satisfação e as necessidades dos consumidores em termos de arquitetura da informação, interação, usabilidade, prototipagem e design visual. Em relação a este último item, trata-se de um dos principais campos a serem explorados para atrair esse público. Entre as possibilidades, está o uso do 3D, já que com a rápida evolução do software de modelagem há mais possibilidades de criar texturas e formas incrivelmente realistas. Os logotipos com gradientes (cores que se misturam) também podem ser aproveitados, pois estão cada vez mais presentes no cenário digital, inclusive no branding de grandes corporações. A cinemagrafia combina imagens estáticas e em movimento, o que permite mais realismo e proporciona uma sensação que não se consegue com uma simples imagem. Essas são apenas algumas tendências de design visual digital que podem ajudar uma empresa a conquistar os exigentes millenials. Tem alguma dúvida sobre como a tecnologia pode ajudar o seu negócio? Pergunte a quem entende! Mande um e­‑mail para imprensa@sebraesp.com.br.


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Expansão com identidade

Ana Beatriz de Souza conta como foi de uma para quatro cantinas escolares em São Paulo em plena pandemia Depoimento a Gisele Tamamar

“S

aímos de uma para quatro cantinas e de dois para 16 funcionários. Tudo isso em plena pandemia. Se compararmos dezembro de 2021 com março de 2022, não somos mais a mesma empresa, mas é gostoso ver que mantivemos nossa essência, tomamos decisões juntos e o crescimento só vale se a gente estiver junto, apesar de todos os desafios de uma empresa familiar. O negócio começou com uma cantina escolar, com meus avós José e Lourdes, em 1987. Meu pai, Antonio, e minha mãe, Márcia, entraram para a administração da Amagi, assim como eu e minha irmã Isadora. Minha irmã do meio é professora e ajuda de forma pontual. Em 2019, a lanchonete passou a se chamar Cantina do Ton. O negócio precisava adquirir essa identidade e as crianças conheciam meu pai. Estávamos criando novos produtos para atender tanto às expectativas dos pais quanto das crianças. Criamos um cardápio kids com frutas, sucos, salgados mais assados, além de um 'ar de brincadeira', com a inclusão de um adesivo, um desenho para colorir. Criamos maletinhas personalizadas para oferecer praticidade e um produto de qualidade e os pais podiam reservar o lanche pelo WhatsApp. Em 2017, atendíamos 16% de clientes na escola. Dois anos depois, quando realmente adquirimos uma identidade de fato e passamos por capacitações do Sebrae, passamos a atender 50%. Foi um crescimento muito legal. Passamos por muitos desafios juntos e tudo estava indo bem até a pandemia chegar.

Decidimos nos movimentar de forma rápida e criamos o Ateliê Gastronômico Família Amagi. Temos uma cozinha industrial na nossa casa e passamos a atender as famílias das escolas entregando os pratos em domicílio. Focamos nas datas comemorativas e chegamos a ter 47 pedidos para a ceia de Natal de 2020. A empresa foi tomando uma proporção maior, chegando a mais lares, tudo na base na cartela de clientes que tínhamos da escola. Esse foi um momento em que nos organizamos como empresa: o que podíamos fazer, de onde tirar. Nós nos profissionalizamos ainda mais. De um momento desesperador, passamos para um momento de esperança. Foi um processo de desenvolvimento. Meu pai entrou fundo na parte das finanças, minha mãe se desenvolveu muito na cozinha, criando produtos gostosos e bonitos. A Isadora foi se especializar em mídias e eu foquei na parte de planejamento.

Também participamos do Programa Brasil Mais, que foi fundamental para entendermos que nós somos uma família, mas que precisávamos criar alguns parâmetros. Nesse meio tempo, também fiz o Empretec, quando me entendi como empreendedora. Quando a escola reabriu, descobrimos que ela tinha sido vendida para uma rede de ensino. Ficamos em uma situação um pouco desconfortável porque não sabíamos do futuro, mas tínhamos consciência que o ateliê podia nos levar a algum lugar. Estávamos até pesquisando um lugar para abrir a porta para a rua. Mas, em setembro de 2021, recebemos o convite da rede para abrir mais uma unidade da nossa cantina em outra escola que eles compraram. Jamais esperávamos esse convite. E, em dezembro, veio um novo convite para assumirmos mais duas cantinas. Nós nos sentimos muito honrados, mas também com muito medo.

Resolvemos encarar. Penso que estávamos preparados para esse salto. Não que não tivéssemos desafios e problemas. Ao contrário. Mas sabíamos o caminho, tínhamos plano A, B, C se alguma coisa desse errado. Agora o desafio é administrar as quatro cantinas. O mais gostoso é ouvir que crescemos, mas mantivemos o padrão. Nossos planos são de crescimento. Queremos implantar um modelo de franchising, padronizar processos, atendimento. Queremos dar o primeiro passo para quando surgirem mais oportunidades de novas cantinas, estarmos preparados. Vamos nos preparar para mais crescimento e queremos ser um modelo para cantinas de escolas de pequeno a médio porte, e também voltar com o ateliê gastronômico porque entendemos que é um braço importante para o nosso negócio. Nós gostamos de fazer comida e é isso que queremos fazer.” Ana Beatriz de Souza (à frente), com os pais, Antonio e Márcia, e a irmã Isadora: empreendimento da família evoluiu, mas manteve a essência


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