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Diretor de Operações da CDIAL Halal, Ahmad M. Saifi explica sobre o mercado halal e seu potencial

Os países árabes estão entre os principais parceiros comerciais do Brasil há décadas – no ano de 2022, as exportações brasileiras para os 22 países que compõem a Liga Árabe bateram recorde: foram US$ 17,7 bilhões em receitas, com destaque para proteína animal e grãos. Para vender para esse público, porém, é preciso ter seus produtos certificados de acordo com a religião islâmica –os chamados produtos halal. Essa certificação atesta que os produtos não tiveram contato com nada de origem suína nem álcool, proibidos pela lei islâmica.

Além dos árabes, países de maioria muçulmana, como Malásia e Indonésia, surgem como grandes mercados para produtos brasileiros, inclusive com abertura para os pequenos negócios e em segmentos distintos, como o setor químico e o de cosméticos. Na entrevista a seguir, Ahmad M. Saifi, diretor de Operações da CDIAL Halal, uma das mais tradicionais certificadoras halal da América Latina, fala sobre esse mercado consumidor e como se preparar para fazer parte dele.

O que torna um produto halal? Qual o tamanho desse mercado consumidor no mundo?

O produto halal é aquele que atende às jurisprudências da religião islâmica em toda sua cadeia produtiva, como a matéria-prima, insumos, transporte e armazenamento, de forma que não utilize e não tenha nenhum tipo de contato com qualquer produto de origem suína ou álcool. E isso é verificado por meio da certificação halal, processo em que uma certificadora habilitada atesta a aptidão das empresas na utilização de procedimentos e matérias-primas autorizadas pela lei islâmica, o que torna esses produtos aptos para consumo. Com isso, a empresa poderá atender aos requisitos de consumidores árabes e muçulmanos ou, ainda, de outros mercados que busquem produtos comprovadamente saudáveis, sustentáveis e rastreáveis. O mercado halal global atende a quase um quarto da população mundial e prevê faturamento em torno de US$ 11,2 trilhões em 2028.

O Brasil é um grande exportador de proteína animal halal, mas há outros produtos que se destacam?

Sim, o Brasil é o maior exportador de proteína halal do mundo, mas há espaço para abertura de mercado em diversos segmentos. Como exemplo, ainda dentro da proteína animal, além da carne de frango, o segmento de peixes já começa também a enxergar o potencial desse mercado. Para 2023, a expectativa da CDIAL Halal é de 50% de crescimento para o segmento de peixes. E, para além da proteína animal, neste ano, a expectativa da certificadora é aumentar em 25% as certificações em todas as categorias, inclusive de produtos industriali- zados, cosméticos, fármacos, turismo, entre outras. Nesse caminho, também tem se destacado o de químicos. As certificações da CDIAL Halal para a indústria de químicos e bioquímicos passaram de 24% em 2021 para 40% em 2022. Dentre os setores da indústria química que mais buscaram a certificação halal, estão empresas de colágeno/gelatina, aditivos alimentares, aromas, químicos/saneantes, entre outros. Vale ressaltar que a certificação halal neste segmento é ainda mais ampla, e também é concedida a empresas de suplementos nutricionais, minerais, enzimas e adjuvantes para a produção de inseticidas, medicamentos, fertilizantes, materiais de limpeza, têxteis e produtos de couro.

Existe espaço para os pequenos negócios no mercado halal? Como se destacar nesse mercado?

Para ter mais chance de sucesso junto a esses países, é importante primeiro que o empresário defina para qual país ele deseja vender seu produto e se há demanda de consumo onde ele deseja iniciar este comércio. Depois, é essencial que procure informações sobre as exigências daquele país, já que há determinações específicas para cada um dentro de cada mercado. Por isso, a importância de o empresário buscar uma certificadora habilitada para realizar esse processo, já que o selo halal é a porta de entrada para esse promissor mercado.

Como é possível obter a certificação halal? É um processo complexo?

No caso das proteínas animais, esta avaliação do auditor se baseia tanto no normativo halal como nas normativas brasileiras definidas pelo Ministério da Agricultura. Não é um processo complexo, basta que a empresa atenda à todas as normas estabelecidas. Há empresas que conseguem a certificação com um mês, já outras, demoram um pouco mais. Tudo depende da condição da empresa e da disponibilidade em fornecer dados específicos para a certificação.

O empreendedor que pretende vender para muçulmanos precisa estar atento a que outras características?

Além de saber com qual país o empresário deseja vender seu produto, também é importante que o empresário se informe sobre os hábitos do consumidor daquele país. Por exemplo, no caso das exportações de frango halal, há países que consomem cortes específicos do produto. Outra situação é com os industrializados – está sendo observada uma maior demanda por produtos brasileiros, como o açaí, o que foi motivado pela forte presença de empresários brasileiros em feiras internacionais. Há também o caso de cosméticos, por exemplo, que devem seguir rigorosamente, além da composição, exigências específicas quanto às informações e fotos em embalagens.

Roberto Capisano Filho

Oc aminho do varejo pós-pandemia passa, principalmente, por oferecer uma experiência de alta qualidade para o cliente, uso estratégico e associado de tecnologia e dados, rapidez das empresas em dar respostas ao mercado e um cuidado especial nas relações com os diversos públicos. Essas características foram vistas na missão internacional promovida pelo Sebrae-SP a Nova York em janeiro, dentro do programa Sebrae Trade Negócios Globais. A viagem incluiu visitas aos três dias da edição 2023 da NRF Retail’s Big Show, a maior feira de varejo do mundo, e outros três dias de visitas técnicas a lojas renomadas.

Estiveram na missão 30 empresários do Estado de São Paulo de diferentes ramos, que, ao final do período em Nova York, participaram de um hackaton, em que puderam traçar um plano para seus negócios com base no que vivenciaram naqueles dias.

Durante as visitas à NRF e às lojas, os empreendedores e empreendedoras estiveram acompanhados de equipe técnica do Sebrae-SP: o gerente de relacionamento Alexandre Robazza, os consultores especialistas em varejo Daniela Abdala e Edgar Neto, o gerente do escritório regional do Sebrae-SP em Franca, Vinicius Agostinho, e o gestor de missões internacionais e internacionalização do Sebrae-SP, Márcio Guerra. A seguir, estão alguns destaques do que foi visto nas palestras e corredores da NRF e nas lojas.

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