VetScience Magazine nº11

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ISSN 2358-5145

uma revista do Grupo TECSA Número 11, 2016

NEFROLOGIA VETERINÁRIA SOLUÇÕES E INOVAÇÕES

www.vetsciencemagazine.com


Especialista em

ENDOCRINOLOGIA

Veterinária

ALGUMAS VANTAGENS DO RADIOIMUNOENSAIO: - Capacidade de detectar concentrações picomolares; - Maior precisão e segurança.

EXAMES REALIZADOS COM CONTROLE EM 3 NÍVEIS:

Dr. Luiz Eduardo Ristow Diretor Técnico - RT | CRMV-MG 3708

www.tecsa.com.br SAC: (031) 3281-0500

sac@tecsa.com.br


EDITORIAL

A importância da Certif icação em Laboratórios Veterinários

Estudos muito bem fundamentados pelo

maior

mostraram que, mesmo com controles muito

serviços prestados.

CAP – Colégio Americano de Patologia -

bem instituídos, podem ocorrer em média 312 erros laboratoriais em cada 1 milhão de

exames . Isto nos EUA e na linha Humana, imagine você o % de erros em Laboratórios veterinários no Brasil, sem utilização de controles internos e externos – calibrações

– aferições diárias , além de testes de proficiência e crosscheck? Este número pode facilmente ultrapassar a casa de 10 mil erros por milhão, neste tipo de laboratório.

As complicações nestes casos são inúmeras: erro grave na finalização do diagnóstico pelo médico veterinário, erro na condução ou monitoramento do tratamento, diagnóstico

tardio ou postergado por falsos - negativos, possibilidade de propagação da doença não

diagnosticada a tempo, dentre inúmeras outras implicações jurídicas e comerciais.

Dado este panorama, uma das estratégias para minimizar os erros é a busca por programas sérios de acreditações

pelo laboratório

veterinário. Ao buscar a conformidade com parâmetros para obter as certificações, o

Laboratório Veterinário melhora processos,

possibilitando menor incidência de erros,

segurança

e

conseqüentemente

melhoria na qualidade global em todos os Desde 1999 o TECSA Laboratórios é

certificado na ISO 9001 pela renomada empresa DNV – sendo então o Primeiro laboratório

Veterinário

certificado

na

América Latina – e segue assim por 17 anos, sempre ganhando a cada ano a renovação da sua certificação com absoluta conformidade

as diversas exigências da Norma. Ingressou voluntariamente

nos

credenciamentos

do Ministério da Agricultura (MAPA) buscando

excelência

na

realização

de

exames oficiais e que envolveram mudanças estruturais de qualidade em toda a empresa desde 2001. Como se não bastasse desde

2015 o TECSA também segue as rigorosas

normas da ISO 17025, específica para nosso segmento, auditado pelo INMETRO com

conformidade plena no atendimento de toda a padronização. Segurança e confiabilidade

que refletem para você, médico veterinário, em garantia de um exame realizado em padrão qualidade mundial.

Todos os dias em cada setor técnico, profissionais super qualificados realizam manutenções

preventivas, calibrações

e

aferições sistemáticas em cada instrumento ou aparelho utilizado naquela setor. São também utilizados parâmetros de garantia da qualidade com controles em 3 níveis para

cada analito da rotina. Exames sujeitos apenas

ao olho humano são controlados por duplo

observador e um corsscheck sistemático. Todas as etapas do processo, da chegada

das amostras até a liberação dos relatórios de resultados, são analisados por médicos veterinários com anos de experiência em

medicina laboratorial veterinária. São mais

de 30 pontos de inspeção neste processo. Somente assim você pode ter certeza de que os resultados liberados são de fato confiáveis e seguros.

Acredite, qualidade é essencial, você não pode abrir mão dela em um laboratório que lhe apóie. Mas QUALIDADE tem de ser comprovada, requer experiência, controles, certificações, acreditações e sobretudo compromisso com o resultado. Não se pode optar por aquilo que não gera absoluta segurança na sua condução diagnóstica, pois um “barato” pode lhe sair muito, muito caro depois.

Luiz Ristow

Afonso Perez


Experiência + Inovação + Segurança

ENDOCRINOLOGIA Nos seus 21 anos de mercado, o TECSA tornou-se referência no setor de endocrinologia. Um de seus grandes diferenciais é a metodologia de Radioimunoensaio, que consiste em detectar concentrações picomolares com precisão e segurança.

ALERGIA E IMUNOTERAPIA Através da Tecnologia HESKA, líder no mercado europeu, o TECSA realiza testes alérgicos sorológicos para dosagem de IgE-específica, contra alérgenos ambientais brasileiros. Disponibiliza também o tratamento imunoterápico personalizado, realmente eficaz e sem efeitos colaterais – em formato Sublingual ou Subcutâneo.

PCR REAL TIME O PCR Real Time é mais um grande diferencial oferecido pelo TECSA. O exame permite que os processos de amplificação, detecção e quantificação de DNA, sejam realizados em uma única etapa. Desta forma, potencializa-se a obtenção e precisão dos resultados, diminuindo o risco de contaminação da amostra e aumentando a sensibilidade.

HISTOPATOLOGIA Uma das mais importantes divisões diagnósticas do TECSA, onde os exames anatomo-patológicos são todos realizados, em duplicata, por médicos veterinários com grande experiência na área. Além da histopatologia com colorações de rotina, realizamos exames complementares para aperfeiçoamento do diagnóstico.

(031) 3281-0500

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ÍNDICE

06. NEFROLOGIA 06. UM NOVO CENÁRIO PARA O DIAGNÓSTICO E MONITORAMENTO DO DOENTE RENAL CRÔNICO

32. DERMATOLOGIA

34. BIOLOGIA MOLECULAR

32. CONTROLE DA DERMATITE ATÓPICA

34. DIAGNÓSTICO DA CINOMOSE CANINA PELA TÉCNICA DE PCR REAL TIME

37. PATOLOGIA CLÍNICA

39. ANATOMIA PATOLÓGICA

37. A HIPERLACTATEMIA COMO

39. COMO SOLICITAR O EXAME HISTOPATOLÓGICO

10. BIOMARCADORES DE INJÚRIA RENAL 13. ALTERAÇÕES LABORATORIAIS ENCONTRADAS EM CÃES E GATOS COM INSUFICIÊNCIA RENAL 16. BIÓPSIA RENAL EM CÃES E GATOS: ARMAZENAMENTO, ENCAMINHAMENTO E PROCESSAMENTO 19. IDENTIFICAÇÃO DOS PRINCIPAIS CÁLCULOS URINÁRIOS DE CÃES E GATOS

IMPORTANTE MARCADOR PROGNÓSTICO EM INFECÇÕES AGUDAS POR BABESIA CANIS

22. PARASITOLOGIA

24. ENDOCRINOLOGIA

22. TOXOPLASMOSE

24. PARÂMETROS CLÍNICOS LABORATORIAIS DE ANIMAIS OBESOS 26. HIPERTIREOIDISMO EM FELINOS

Colaboraram neste número: Membros da Equipe de Médicos Veterinários do TECSA Laboratórios:

40. ALERGOLOGIA 40. FARMACODERMIA (REAÇÕES ADVERSAS A DROGAS) EM CÃES E GATOS

28. LEISHMANIOSE

30. MED. LAB. DE FELINOS

28.DIAGNÓSTICO SOROLÓGICO DE LEISHMANIOSE VISCERAL CANINA: EXISTE REAÇÃO CRUZADA?

30. PANCREATITE FELINA: DIAGNÓSTICO LABORATORIAL

Dr. Flávio Herberg de Alonso Dr. Frederico Miranda Pereira Dr. Guilherme Stancioli Dra. Isabela Azevedo Ribeiro Meirelles Carvalho Dra. Isabela de Oliveira Avelar Dr. João Paulo Fernandez Ferreira Dr. João Paulo Franco Dra. Luciana Fachini da Costa Dr. Luiz Eduardo Ristow Colaboração Especial: Dra. Daniela Bastos de Souza Karam Rosa Dr. Júlio César Cambraia Veado Dr. Luiz Eduardo de Souza Tassini

EXPEDIENTE Editores/Publishers:

CIRCULAÇÃO DIRIGIDA

Dr. Luiz Eduardo Ristow . CRMV-SP 5560S . CRMV-MG 3708 . ristow@tecsa.com.br Dr. Afonso Alvarez Perez Jr. . afonsoperez@tecsa.com.br Equipe de Médicos Veterinários TECSA . tecsa@tecsa.com.br

A revista VetScience® Magazine é uma publicação do Grupo TECSA dirigida somente aos médicos veterinários, como parte do Projeto JORNADA DO CONHECIMENTO, criado pelo mesmo. Este projeto visa a universalização do conhecimento em Medicina Laboratorial Veterinária. A periodicidade é Bimestral, com artigos originais de pesquisa clínica e experimental, artigos de revisão sistemática de literatura, metanálise, artigos de opinião, comunicações, imagens e cartas ao editor.

Diagramação: Sê Comunicação . se@secomunicacao.com.br Contatos e Publicidade: comunicacao@tecsa.com.br Av. do Contorno , nº 6226 , B. Funcionários, Belo Horizonte - MG – CEP 30.110-042 PABX-(31) 3281-0500

Tiragem: 5000 revistas . Publicação Bimestral Na Internet: www.vetsciencemagazine.com

ISSN: 2358-1018

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Grupo TECSA – 21 anos de precisão, tecnologia e agilidade.


NEFROLOGIA

UM NOVO CENÁRIO PARA O DIAGNÓSTICO E MONITORAMENTO DO DOENTE RENAL CRÔNICO Júlio César Cambraia Veado - Professor Associado (Escola de Veterinária UFMG)

Introdução

Durante muito tempo o animal diagnosticado como insuficiente renal crônico, recebeu atenção somente quando passava mal, momento em que tomava soro intravenoso para melhorar o quadro de uremia em que se encontrava. Este cenário foi realidade durante décadas. Não se tinha nada para fazer para este animal. Sua doença condenava-o a uma qualidade de vida ruim e uma expectativa de vida curta. Para paciente semelhante na área humana, a evolução de técnicas dialíticas e do transplante renal, permitiu que muitos homens tivessem uma sobrevida maior e muitos viviam bem. Com o passar do tempo a sociedade mudou a sua forma de relacionamento com os animais de companhia, permitindo que muitas práticas, que até pouco 6

tempo eram consideradas impossíveis de serem realizadas, passassem a fazer parte do cotidiano do profissional médico veterinário. Por outro lado, esta permissão, associada à facilidade ao acesso da informação, pressionou o médico veterinário a qualificarse, a conhecer e oferecer recursos, exames e tratamentos, para atender a necessidade de seu paciente e a exigência de seu responsável. Com isto, a medicina veterinária evolui num curto espaço de tempo. Tudo muda, todos têm que mudar. Passamos a correr contra o tempo, temos que estudar, que nos atualizar, nos envolver de forma profunda nas mais diversas áreas do conhecimento. Evoluem na Medicina Veterinária a dermatologia, a neurologia, a oftalmologia, a cardiologia a oncologia, a nefrologia e urologia,

dentre outras diversas áreas. Surgem os profissionais que passaram a deter um conhecimento específico e que realizam um trabalho brilhante, conseguindo resultados formidáveis, ajudando muitos animais e deixando muitos responsáveis extremante satisfeitos. Esta mudança de comportamento social e profissional induziu o estímulo a realização de ações que surgem para contribuir neste novo cenário. Desenvolvem-se importantes pesquisas, surgem novos medicamentos, novos tratamentos, exames diversos, a informação se difunde; o médico veterinário passa a ter inúmeros recursos e agora, o melhor de tudo, ele pode aplicá-los na sua rotina. Nada melhor do que estudar e poder aplicar este conhecimento adquirido, acreditem. Saber que você terá algum paciente para utilizar um medicamento muito


NEFROLOGIA eficaz, porém de custo elevado; um exame fundamental, porém de alto valor, para realizar um prodecedimento sofisticado e caro, é uma satisfação profissional. Áreas do conhecimento como a nefrologia veternária evoluiram muito nestes últimos poucos anos. Profissionais vêm se interessando por uma determinada área, se envolvendo nela e criando a figura do médico veterinário especialista, mesmo que não detenha o ´´título de especialista``. Para o momento o que importa é que este profissional detém um conhecimento específico e pode ajudar muito o seu paciente. Com o estímulo a criação da área de nefrologia veterinária, médicos veterinários, em reunião realizada em um congresso realizado em Viena na Áustria em 1998 (8th Annual Congress of the European Society of Veterinary Internal Medicine), resolveram criar a entidade, que hoje é a mais respeitada por todos no mundo inteiro na área da nefrologia, a International Renal Interest Sociaty (IRIS). Esta sociedade tem como um de seus objetivos, propor diretrizes para conduta de doenças conhecidas. Uma das diretrizes propostas pela IRIS é o conhecido Estadiamento da Doença Renal Crônica (DRC). Este estadiamento trata-se de uma classificação da DRC e, com base nesta classificação e as alterações que estão presentes no animal, propostas de tratamento.

Doença Renal Crônica

Conhecida como insuficiência renal crônica durante muito tempo, passou a ser chamada de doença renal crônica (DRC), principalmente pelo fato de que o paciente, portador desta afecção, pode ser diagnosticado antes que os sinais de insuficiência sejam identificados. Definida como lesão renal irreversível e perda progressiva das funções renais, a doença renal crônica é alteração que não tem cura e que deve, ao ser diagnosticada, tratada com base em tratamento conservador. Doenças congênitas ou hereditárias, como a displasia renal, comum no Yorkshire, Shi Tzu e Lhasa Apso e a doença renal policística, comum no 7


NEFROLOGIA felino da raça Persa, causam perda importante de néfrons, suficiente para causar, nestes animais, DRC. Doenças diversas podem causar lesões irreversíveis em glomérulos e túbulos, destruindo glomérulos e túbulos e, também, causar DRC. Assim, animais podem ser classificados como portadores de DRC de origem congênita ou hetereditária, ou adquirida. Pode-se identificar o paciente DRC a partir do momento que se observa sinais de lesão renal irreversível e, por este fato, a imagem de ultrassonografia é, a princípio, o exame que é capaz de identificar uma perda importante de néfrons, porém, não tão grande para comprometer funções renais. Portanto, animais podem ter a imagem de um rim com alterações morfológicas importantes e terem as funções renais preservadas. A incapacidade de exercício de uma ou mais funções, situação comum da DRC, exige que o animal seja tratado de forma especial, com dieta apropriada, a chamada dieta renal, além de medicamentos que visam controlar a pressão glomerular, comum neste paciente, além de associações com potencial antiinflamatório como os omegra 3 e antioxidantes. Alguns podem apresentar anemia, excesso de fósforo sérico, de uréia, proteinúria devido à hipertensão, condições passíveis de serem controladas. A identificação destes problemas é feita, principalmente, através de exames laboratoriais. A IRIS propõe uma classificação para a DRC em quatro estágios distintos, com base em valores de creatinina sérica de animal hidratado e em jejum alimentar 8 a 12 horas. O estágio 1 refere-se aos animais que foram diagnosticados como portadores de DRC (por imagem de ultrassom alterada, e/ou densidade urinária diminuida, e/ou proteinúria de origem renal e/ou exame histopatológico alterado) e que estão com valores de creatinina em faixa de normalidade (até 1,4mg/dL em cães e até 1,6mg/dL em gatos). Estes animais, normalmente não apresentam alterações clínicas, que seriam no DRC, poliúria, polidpsia e emagrecimento. Para este 8

estágio a IRIS não propõe tratamento conservador. Os demais estágios 2, 3 e 4, são determinados, também pelo valor de creatinina. Além de avaliar o estágio deve-se avaliar a pressão sanguínea sistêmica e a proteinúria (pelo resultado de relação proteina creatinina urinária), para averiguar a necessidade de tratamento. Esta classificação, também conhecida como estadiamento IRIS, visa separar os animais de acordo com a gravidade e permitir tratamento

específico e para cada estágio da doença. Detalhes podem ser vistos no site da sociedade (www.iris-kidney.com). Existem, na verdade, duas formas de abordar o paciente portador de DRC. Uma quando ele está descompensado, em quadro de uremia e outra, quando ele está bem. Quando está em quadro de uremia, ele exige cuidados especiais pois está em quadro tóxico, com desequilíbrio de eletrólitos e até de seu estado ácido/base. As amostras enviadas


NEFROLOGIA para análise devem estar apropriadas para o exame e os resultados devem ser avaliados de forma crítica: animais desidratados apresentam aumento dos valores de uréia e creatinina séricas, por exemplo, podendo mesmo, caracterizar o animal como azotêmico (aquele que tem aumento de resíduos nitrogenados no sangue), sendo que ele pode não ser. Lembre-se que a análise de bioquímica sérica é feita em amostras de plasma e se o animal estiver desidratado seu plasma estará com menos água, ou seja, mais concentrado, e o aparelho que fez a medida não sabe disto! Deve-se monitorar neste paciente, principalmente, uréia, creatinina, urinálise, RPC, albumina sérica e hemograma, dentre outros a critério. Exames repetidos a intervalos de, por exemplo, 72 horas podem revelar a evolução do processo, ajudando, inclusive, no prognóstico do caso. Por outro lado, o DRC estável, aquele que está bem, alimentando normalmente, com boa atividade física, sem histórico de vômito recente e em jejum alimentar de 8 a 12 horas encontra-se no momento ideal para coleta de amostras de sangue e urina para exames e, portanto, avaliação de seu estado de normalidade. Deve-se realizar os seguintes exames neste paciente: ureia e creatinina séricas, fósforo sérico, hemograma e contagem de reticulócitos, urinálise, RPC. Caso julgue necessário peça albumina sérica. Com o valor da creatinina, no quadro de estadiamento IRIS, classifica-se a DRC do paciente. Veja que com estes exames podese, não só monitora o paciente como também, tratar possíveis alterações. Para ureia aumentada (valores acima de 150mg/dL) pode-se prescrever cetoanálogos; para animais anêmicos eritropoetina recombinate humana e suplementos que ajudam a proteger células sanguíneas; para hiperfosfatemia quelantes; proteinúria inibidores de enzima conversora de angiotensina (IECA). Além disto, para melhorar os processos inflamatórios intrarenais, comuns deste paciente, omega 3 e antioxidantes. A pressão sanguínea sistêmica deve ser avaliada e, se

necessário, tratada. Estes animais devem consumir dieta apropriada, a ração renal, que contribui sobremaneira para a manutenção de uma vida equilibrada, controlando os compostos que, quando em excesso, podem trazer prejuizo ao animal, como proteína, fósforo, sódio, sendo acrescidas, normalmente, de ácidos graxos essenciais (omega 3 e 6), vitaminas lipo e hidro solúveis, além de outras propostas importantes a este animal especial. Estes animais, quando em estágio inicial da doença, devem ser avaliados a intervalos de aproximadamente 6 meses. Se estiverem em estágio mais avançado (III e IV), devem ser examinados a cada 3 a 4 meses, visto que podem apresentar, com maior frequência, alterações como anemia, hiperfosfatemia, proteinúria e hipertensão.

Considerações Finais

Devido à mudança da forma como a sociedade vem se relacionando com os animais de companhia, devemos propor tratamento conservador para pacientes portadores de doença renal crônica, doença sem cura, irreversível, degenerativa e progressiva. A dieta especial, a ração renal, é o ponto de partida deste tratamento. Importante recomendá-la sob a forma de prescrição, em receituário, respeitando a recomendação do fabricante para quantidade e peso do animal. Lembrese: se a dieta for dada a vontade, ela se torna uma dieta comum, onde as restrições não mais existirão. Na medicina humana o uso de inibidores da ECA aumentou a expectativa de vida de homens portadores de DRC que era de 2 a 3 anos, para 8 a 10 anos, por permitir o controle da hipertensão glomerular. A hipertensão glomerular, comum do DRC, se controlada, evita a glomeruloesclerose e a proteinúria, os dois fatores principais relacionados a progressão da DRC. Estudos vêm comprovando que esta conduta também pode favorecer cães e gatos DRC. Ainda para o tratamento conservador, omega 3 e antioxidantes têm mostrado efeito antiinflamatório intrarenal, diminuindo a espessura do glomérulo, melhorando

a filtração glomerular, a excreção e conservando melhor glomérulos e túbulos. Como visto, não existe mais razão para os doentes renais crônicos ficarem abandonados no fundo do quintal. Não devem ser atendidos somente quando descompensados, quando na maioria das vezes, recebem cuidados com práticas simples e pouco eficazes. Estes animais, com doença sem cura, precisam de atenção, merecem cuidados e, como visto, podemos oferecerlhes longevidade com qualidade de vida, que é o que seu responsável, e ele mesmo, esperam de você.

EXAMES REALIZADOS PELO TECSA LABORATÓRIOS

CÓD - EXAME

PRAZO/DIAS

572 - RELAÇÃO UREIA/CREATININA (CHECK UP GLOBAL)

1

837 - PERFIL RENAL COMPLETO

1

324 - PERFIL BIOQUÍMICO

1

788 - CHECK UP GLOBAL DE FUNÇÕES COM HEMOGRAMA

1

114 - UREIA

1

98 - CREATININA

1

234 - URINA ROTINA

1

272 - FAN FATOR ANTI- NUCLEAR VETERINARIO

4

253 - ANTICORPO ANTI NUCLEAR (ANA)

4

443 - ALBUMINA

1

102 - FOSFORO

1

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NEFROLOGIA

BIOMARCADORES DE INJÚRIA RENAL

Júlio César Cambraia Veado – Professor Associado Escola de Veterinária (UFMG) Luiz Eduardo de Souza Tassini – Mestre em Medicina Veterinária (UFMG) Daniela Bastos de Souza Karam Rosa – Médica Veterinária Introdução

O néfron, a unidade funcional do rim, é estrutura formada por porções vasculares e porções celulares. Quando afecções atingem os rins, podem causar danos ao seu parênquima, lesando glomérulos ou túbulos. Se a agressão for muito grave pode comprometer funções renais e até causar a morte do animal. Pelo fato de que somente após um comprometimento de cerca de 66 a 75% dos néfrons é que as funções renais se mostram alteradas, sendo normalmente o momento que identificamos esta afecção do sistema, vem se estimulando realização de ações que possam ser tomadas em fase anterior ao da insuficiência, identificando da injúria que causam a insuficiências. Doença periodontal, piometra, leptospirose, hepatite infecciosa, leishmaniose, erlichiose, doenças autoimune, dentre outras várias afecções podem causar dano glomerular e, em muitos casos, as funções renais, mesmo com danos glomerulares graves, ainda estão preservadas. Em várias situações observa-se dano tubular, como do uso de medicamentos, nos casos graves de hipotensão, nos cardiopatas, nas anemias e desidratações. Células dos túbulos morrem e ocorre destruição tubular. Da mesma forma, nestas circunstâncias, ocorre injúria, potencial causador de insuficiência renal. Identificar injúrias portanto é a ação que protegem os rins, é ação de “renoproteção”, que muitas vezes impede a instalação de insuficiência funcional renal. As células que compõem o arcabouço dos túbulos renais contêm enzimas em diferentes partes de sua estrutura. Por serem originadas de organelas celulares específicas, o aumento na atividade urinária destas enzimas, indica a ocorrência de lesão em sua célula de origem, o que garante sua especificidade como marcador. Como grande parte das enzimas séricas, 10

possuem peso molecular que impede que sejam filtradas pelos glomérulos, garantindo que, se sua atividade estiver aumentada na urina, esta relacionada a lesões locais, das células tubulares. Em situação normal estas enzimas estão presentes em baixa concentração na urina. O aumento em sua atividade urinária, acima de um valor de referência para normalidade, permite a identificação de uma injúria ou mesmo, avalia o grau de lesão tubular renal. Por sinalizar injúria às células renais, ou seja, aos túbulos renais, a avaliação da atividade urinária das enzimas Gama-glutamil-transferase (GGT) e da N-acetyl-β-D- glucosaminidase (NAG), são consideradas precoce em relação aos métodos de avaliação de função renal, como, por exemplo, o de dosagem sérica de uréia e creatinina. GGT e NAG são, portanto, capazes de fornecer informações sobre o início da lesão, assim como de sua progressão. Em cães, as enzimas urinárias têm sido primariamente utilizadas na avaliação de nefrotoxicidade aguda, por serem testes sensíveis e não invasivos para o diagnóstico de lesão tubular renal.

Glomerulonefropatias

Glomerulonefropatias são afecções de ocorrência comum na clínica veterinária e possuem grande potencial de evolução para insuficiência renal aguda (IRA) ou para doença renal crônica (DRC), levando ao comprometimento da vida do paciente. Doenças infecciosas como leishmaniose, erlichiose, babesiose, leptospirose, piometra; estados inflamatórios crônicos como dermatites, doença periodontal, artrites, pancreatites, distúrbios endócrinos (hiperadrenocorticismo), afecções vasculares, algumas neoplasias, intoxicações, hipertensão arterial sistêmica são afecções com potencial para desencadear glomerulonefropatia,

pois, podem causar alterações na permeabilidade seletiva dos capilares glomerulares. Esta alteração na permeabilidade seletiva ocorre, na maioria das vezes, devido a lesões no capilar glomerular (glomerulonefrites imunomediadas), gerando solução de continuidade em seu endotélio (permitindo a passagem da albumina para o filtrado) e ou devido a processo de hipertensão glomerular (“forçando” a passagem da albumina para o filtrado), gerando com isso, a presença de proteína na urina (proteinúria). Esta proteinúria de origem renal (albuminúria) é o que caracteriza o quadro de glomerulonefropatia, sendo um achado comum na clínica veterinária, porém, muitas vezes, ignorado ou negligenciado. A principal glomerulonefropatia em cães é a glomerulonefrite imunomediada. Ocorre devido ao depósito, nas paredes dos capilares glomerulares, de imunocomplexos circulantes ou formados in situ, estimulando toda uma reação inflamatória a qual provoca desenvolvimento de lesão glomerular. À medida que a lesão progride, são produzidas hialinização e esclerose, gerando danos glomerulares irreversíveis, com perda da capacidade funcional do néfron. Outras causas, menos frequentes, são a amiloidose e a glomerulonefropatia primária (hereditária e rara). As glomerulonefropatias apresentam sinais clínicos muito variáveis, dependendo da severidade da proteinúria e da doença primária causadora do problema. Podem ser assintomáticas, ou apresentarem os sinais relativos à doença primária, como também podem apresentar-se na forma de sinais de IRA (anorexia, apatia, vômito, oligúria ou anúria, úlceras na cavidade oral) ou ainda como sinais de DRC (emagrecimento, apatia, inapetência, vômito, poliúria, polidipsia, pelo sem brilho). Independente do grau de também podem ocorrer é


NEFROLOGIA

o tromboembolismo e a hipertensão arterial sistêmica secundária. Muitos animais portam glomerulonefropatia com proteinúria sutil, que permanece por longo tempo, sem sinais clínicos significativos e, na maioria das vezes, são diagnosticados acidentalmente, durante avaliações de rotina, onde aparece a proteinúria. A presença de proteína na urina é, portanto, um sinalizador precoce de injúria renal, e pode estar presente como a única alteração nos exames laboratoriais, antes que ocorra o comprometimento da função renal (ureia e creatinina aumentados) ou qualquer outra alteração em exames laboratoriais. A detecção da proteinúria em estágios iniciais (subclínicos) do processo de injúria renal permite que se institua uma pesquisa pela causa do problema e tratamento adequado, antes que o quadro se agrave, evitando uma insuficiência renal aguda ou sua persistência que pode evoluir para uma condição irreversível a DRC. O método mais simples de identificar a proteinúria

é através do exame de urina rotina, devendo-se sempre correlacionar o valor da proteinúria à densidade urinária. Um mesmo valor de proteinúria é tanto mais preocupante quanto menor for a densidade da urina. Identificada a proteinúria, outro teste importante, para quantificar, melhor avaliar a magnitude da proteinúria, é a relação proteína creatinina urinária (RPC). Análises seriadas de RPC são importantes, em intervalos adequados a cada caso, a fim de confirmar a persistência da proteinúria e se obter uma análise mais acurada da sua magnitude. Quanto maior e mais persistente a proteinúria, maior é o grau de ”agressão” ao glomérulo e mais urgente se faz a necessidade de diagnóstico e tratamento da doença primária. Resultados de exames complementares, muitas vezes negligenciados ou subestimados, são a chave para a identificação da glomerulonefropatia. O exame de urina rotina, neste caso, é fundamental. A correlação entre resultados de urinálise,

perfil bioquímico e hemograma pode ser ferramenta valiosa no diagnóstico e identificação da causa do problema glomerular. Quando, por exemplo, a proteinúria é acompanhada de hipoalbuminemia e hiperglobulinemia é necessário buscar uma causa imunomediada para a glomerulonefrite. Muitas vezes, o hemograma não mostra alterações, e, quando mostra, pode auxiliar na descoberta da doença primária. O clínico deve, portanto, estar atento a pequenas variações de resultados, que podem sinalizar o início de graves problemas, antes que ocorram alterações na ureia e creatinina, permitindo uma intervenção rápida com interrupção do processo da glomerulonefropatia antes que se agrave.

Enzimas Urinárias

Enzimas são compostos orgânicos importantes no metabolismo e que se armazenam em diferentes células. Quando a quantidade de uma enzima se encontra aumentada em uma amostra 11


NEFROLOGIA orgânica, pode sinalizar uma lesão celular. Túbulos renais, como visto, são constituídos por células e nelas, estão armazenadas diversas enzimas. A identificação do aumento da atividade de certas enzimas na urina pode sinalizar lesão a células tubulares renais.

Gama-GlutamilTransferase Urinária

A gama-glutamil-transferase GGT, é uma glicoproteína cujo peso molecular está entre 90 e 120 kDa. A molécula é isolada de vários tecidos do organismo. Nos rins ela é observada com maior atividade e está localizada nas microvilosidades da parede do túbulo proximal, sendo liberada na urina pela desintegração fisiológica ou como resultado de lesão, mesmo que superficial, das células tubulares. Devido ao seu peso molecular, a GGT não é filtrada através do glomérulo, portanto sua presença na urina reflete perdas a partir das microvilosidades das células do túbulo proximal. Aumentos da atividade urinária normalmente indicam lesão do epitélio tubular, sendo assim, considerada um marcador de injúria, precoce a estados de insuficiência. Além disso, fornece informações importantes sobre a progressão da lesão tubular. Como esta enzima se encontra armazenada na parede das células, aumentos importantes de sua atividade podem ser aceitos, sem que se instale, no animal, quadro de insuficiência renal. Em estudos em medicina e medicina veterinária, a GGT urinária apresentou alteração em seus valores de atividade urinária antes de haver alterações em ureia e creatinina. Tal observação permite considerar este marcador como sendo precoce em relação à avaliação de função renal. Pode ser usado quando se realiza alguma prática causadora de nefrotoxicidade, quando se suspeita de lesões tubulares, como nas situações de albuminúria, dentre outras. A realização do exame de GGT urinário está disponível para a maior parte dos laboratórios de análises clínicas em medicina veterinária, sendo um exame que apresenta uma boa relação de custo e benefício. Os valores de referência para 12

cães hígidos, assim como a estabilidade urinária da enzima já estão disponíveis.

N-AcetylB-D-Glucosaminidase

A N-acetyl-β-D-glucosaminidase – NAG, é uma enzima lisossomal presente em altas concentrações nas células epiteliais dos túbulos contorcidos proximais. Quando há maior excreção de proteínas nos túbulos renais, ou há lesão profunda com liberação de conteúdo intracelular, há aumento da atividade lisossomal e consequente liberação de NAG. Seu peso molecular de 140 kDa não permite filtração glomerular, assim sua atividade urinária aumentada é um dos indicadores mais sensíveis de injúria renal. A NAG se mostra como marcador de injúria e específico para o monitoramento durante terapia com fármacos potencialmente nefrotóxicos, como aminoglicosídeos. Seu uso permite ao clínico ajustar a terapia da melhor e mais segura forma possível. Em situações de proteinúria secundária à glomerulonefrite ou em pacientes diabéticos, o aumento da atividade urinária de NAG reflete a perda da seletividade glomerular, a estimativa da função renal tubular e de sua integridade. Dessa forma, é possível identificar e monitorar indivíduos em risco de desenvolver quadros de insuficiência renal. Em humanos, o monitoramento da atividade de NAG tem sido aplicado em pacientes em unidades de terapia intensiva como recurso para predição de necessidade de hemodiálise, transplante renal e óbito, apresentando resultados confiáveis e satisfatórios. Estudos desse tipo ainda não foram descritos em medicina veterinária. Apesar de ainda não existir um kit comercial para análise disponível no mercado, a metodologia do ensaio foi determinada recentemente para cães hígidos, assim como o intervalo de confiança de sua atividade urinária e seus valores de estabilidade urinária.

Considerações Finais

As injúrias renais fazem parte da rotina da clínica veterinária de pequenos animais, seja associadas às doenças, procedimentos, medicamentos

ou à maior longevidade observada nos pacientes. Vale considerar que, além da pesquisa de proteína, visando identificar lesão glomerular, das enzimas urinárias, visando identificar lesões tubulares, ainda existem outros biomarcadores que já vem sendo utilizados no homem, ou ainda em estudos tais como NGAL (Lipocaína Associada à Gelatinase Neutrofílica), Cistatina C, dentre outros, os quais têm se mostrado eficientes para a detecção de injúria renal. A possibilidade de utilizar um método de diagnóstico de injúria pode ser a ferramenta capaz de evitar que o paciente progrida ao estágio de insuficiência renal aguda ou doença renal crônico.

EXAMES REALIZADOS PELO TECSA LABORATÓRIOS

CÓD - EXAME

PRAZO/DIAS

572 - RELAÇÃO UREIA/CREATININA (CHECK UP GLOBAL)

1

837 - PERFIL RENAL COMPLETO

1

324 - PERFIL BIOQUÍMICO

1

788 - CHECK UP GLOBAL DE FUNÇÕES COM HEMOGRAMA

1

114 - UREIA

1

98 - CREATININA

1

234 - URINA ROTINA

1

272 - FAN FATOR ANTI- NUCLEAR VETERINARIO

4

253 - ANTICORPO ANTI NUCLEAR (ANA)

4

443 - ALBUMINA

1

102 - FOSFORO

1


NEFROLOGIA

ALTERAÇÕES LABORATORIAIS ENCONTRADAS EM CÃES E GATOS COM INSUFICIÊNCIA RENAL

Introdução

Os rins são órgãos responsáveis por uma série de funções, como excretar substratos gerados pelo organismo, auxiliar na homeostase dos líquidos corporais e a produção e liberação de hormônios controladores da pressão sanguínea e produção de hemácias. A alteração em seu funcionamento pode ter origens pré-renais (insuficiência cardíaca congestiva, hipovolemia grave e/ou baixo fluxo renal), renais (nefrotoxidades, eclampsia, glomérulo nefrite, pielonefrite) ou pós-renais (obstruções). Além disso, fatores iatrogênicos também podem estar

relacionados a quadros de insuficiência renal (IR).

Insuficiência Renal

A IR ocorre devido à perda de funções renais e a tentativa de compensá-las, o que se dá por meio da reserva funcional, com ativação dos mecanismos de hipertrofia e hiperplasia dos néfrons. Quando esta perda de função acomete de 65 a 75% dor rins, considera-se que o animal está em um quadro de azotemia, tendo como consequência o acumulo de compostos nitrogenados não proteicos no sangue (ureia e creatinina). Alguns estudos constataram que as

principais doenças que causam lesões nos rins são: nefrite (50%), diabetes (25%), infecções, hipertensão arterial grave, doenças hereditárias (rim cístico), cálculos e obstruções. Em casos onde a lesão renal não é detectada precocemente e progride, a mesma pode causar lesões definitivas e irreversíveis nos rins, culminando em insuficiência renal crônica (IRC).

Classificações da IR

Segundo a Sociedade Internacional de Interesse Renal (IRIS), a doença renal em cães e gatos podem ser classificadas em quatro estágios de evolução: 13


NEFROLOGIA Estágio I: estado não azotêmico, com inabilidade de concentração urinária, proteinúria renal e alterações em exames de biopsia e imagem. Estágio II: azotemia discreta, animal pode apresentar perda de peso. A creatinina sérica pode apresentar valores em torno de 1,4mg dL-1 a 2,0mg dL-1 (cães) e 1,6mg dL-1 a 2,8mg dL-1 (gatos). Estágio III: aumento moderado da azotemia. A creatinina sérica pode apresentar valores em torno de 2,1mg dL-1 a 5,0mg dL-1 (cães) e 2,9mg dL-1 a 5,0 mg dL-1 (gatos). Estágio IV: aumento significativo da azotemia, com possíveis alterações gastrointestinais, neuromusculares e cardiovasculares. A creatinina sérica apresenta valores superiores a 5,0mg dL-1 tanto em cães quanto em gatos.

Sinais Clínicos

Os sinais clínicos mais encontrados em animais que apresentam IR são: oligúria, hematúria, poliúria, anuria, prostração, algia abdominal, êmese, diarreia, melena e ulceração oral. Outros sinais também podem ser encontrados, como mucosas congestas, polidipsia, hipertermia, dispneia, ascite e edema periférico. Animais que possuem mais de 75% dos rins afetados ou afuncionais tendem a perder a capacidade de reabsorver a água nos túbulos renais e gerar desidratação, anorexia náuseas e vômitos.

Exames Laboratoriais

Existem inúmeros exames laboratoriais que são usados para o diagnóstico e acompanhamento de animais com injúrias renais. Dentre os exames existentes pode-se citar: - Dosagem de ureia e creatinina; - Mensuração de fósforo sérico; - Amilase e lipase pancreática; - Urinálise; - Hemograma completo; - Microalbuminúria. 14


NEFROLOGIA Alterações Laboratoriais

Em animais saudáveis, os rins são capazes de retirar substratos gerados pelo organismo através da filtração glomerular. Dessa forma, dosagens séricas de ureia e creatinina são parâmetros utilizados para avaliar se os glomérulos do animal estão comprometidos ou não. Valores elevados destes parâmetros indicam que o rim não está sendo capaz de excretar essas substâncias, com possíveis lesões estruturais do tecido renal e diminuição da taxa de filtração glomerular. De forma semelhante, o fósforo também é excretado pelo rim em condições normais. Assim, nas lesões renais, a elevação sanguínea do fósforo acontece antes mesmo da elevação da ureia e creatinina, o que faz do parâmetro um marcador precoce da lesão renal. O exame de microalbuminúria também pode ser utilizado para detecção precoce de lesões renais. Em alguns animais acometidos pela insuficiência renal, podem ocorrer casos de pancreatite urêmica, elevando os níveis de amilase e lipase sérica e agravando quadros de depressão e anorexia. De forma rotineira, a insuficiência renal é secundária a pancreatite, porém, o inverso também ocorre. Por sua vez, o exame de hemograma completo irá avaliar uma possível diminuição da eritropoietina e a existência de infecções, além de analisar o quadro geral paciente. Já a urinálise é um exame simples e não invasivo, capaz de indicar vários parâmetros, como densidade, cor, turbidez, pH, glicose, cetonas, proteínas, bilirrubina, hemoglobina, cilindros, células e cristais. Dentre esses parâmetros, diversas alterações podem ser encontradas, dentre eles podemos citar: Alteração de cor: A urina concentrada possui coloração âmbar, já a menos concentradas apresentam coloração amarelo clara. Inúmeros pigmentos (tanto endógenos quanto exógenos) podem alterar a coloração da urina. Em casos de hematúria, hemoglobinúria,

bilirrubinúria e mioglobinúria, podem ser observadas cores avermelhadas, amarronzadas e negras. Densidade urinária: O primeiro sinal da doença renal é a perda da capacidade do rim em concentrar a urina (isostenúria), que por sua vez ocorre quando mais de 66% do parênquima renal está afetado. pH: o valor de pH urinário pode sofrer alterações devido a vários fatores, sendo a dieta um dos principais. Urinas alcalinas podem indicar quadros de alcalose metabólica ou respiratória e infecções das vias urinárias por microorganismos que utilizam a ureia (Proteus e Pseudomonas sp.). Já urinas ácidas estão relacionadas a acidose metabólica, perda de potássio, infecções das vias urinárias por Escherichia coli e em casos de febre. Proteínas: A proteinúria pode ocorrer por motivos pré-renais (febre, convulsão, exercício intenso), renais (doenças glomerulares e tubulares) e pós-renais (infecções e inflamações do trato urinário). Cilindros: Animais sadios podem apresentar uma pequena quantidade de cilindros, porém, números maiores podem indicar patologia renal, como a doença tubular aguda. Quadros inflamatórios ou hemorrágicos também podem resultar na formação de cilindros.

prazer em atender e esclarecer possíveis dúvidas.

EXAMES REALIZADOS PELO TECSA LABORATÓRIOS

CÓD - EXAME

PRAZO/DIAS

572 - RELAÇÃO UREIA/CREATININA (CHECK UP GLOBAL)

1

837 - PERFIL RENAL COMPLETO

1

324 - PERFIL BIOQUÍMICO

1

788 - CHECK UP GLOBAL DE FUNÇÕES COM HEMOGRAMA

1

114 - UREIA

1

98 - CREATININA

1

234 - URINA ROTINA

1

272 - FAN FATOR ANTI- NUCLEAR VETERINARIO

4

253 - ANTICORPO ANTI NUCLEAR (ANA)

4

443 - ALBUMINA

1

102 - FOSFORO

1

Conclusão

Os rins são órgãos vitais para o bom funcionamento do organismo, sendo que a diminuição ou a perda de suas funções acarreta em importantes alterações na saúde do animal. Por isso, o diagnóstico precoce da doença através de exames laboratoriais e sinais clínicos são fundamentais para um prognóstico favorável. O TECSA Laboratórios possui uma equipe de médicos veterinários prontos para auxiliar no que for preciso para a realização do diagnóstico. Entre em contato conosco para maiores informações, teremos

Referências Bibliográficas

TOZZETTI, D.S. Insuficiência renal crônica em cães e gatos revisão de literatura. PEREIRA, T.S. Insuficiência renal aguda em pequenos animais. OLIVEIRA, R.F. Pancreatite aguda canina. Clínica médica e cirurgia de pequenos animais. DAMONLIN, M.L. Urinálise no diagnóstico de doenças renais. FARAONE, M. Classificação em estágios da doença renal crônica em cães e gatos. Abordagem clínica laboratorial e terapêutica CAMARGO, M.H.B. Alterações morfológicas e funcionais dos rins de cães com insuficiência renal crônica.

15


NEFROLOGIA

BIÓPSIA RENAL EM CÃES E GATOS:

ARMAZENAMENTO, ENCAMINHAMENTO E PROCESSAMENTO

Introdução

O desenvolvimento da nefrologia veterinária nos Estados Unidos e países europeus estão diretamente relacionados com a interação entre pesquisas e avaliações histopatológicas. No Brasil, a biópsia renal também está se tornando realidade, devido a sua grande importância clínica. Por isso é necessário que o Médico Veterinário saiba quais são os principais pontos críticos para a realização de exames histopatológicos. As biopsias renais em pequenos animais podem ser realizadas por laparotomia, vídeo laparoscopia ou guiadas por ultrassom, utilizando dispositivos automáticos ou semiautomáticos, através de agulha cortante tipo Tru-cut (figura 1), ou ainda através de incisão com auxílio de lâmina de bisturi. Os métodos de microscopia de luz, imunofluorescência e microscopia eletrônica têm possibilitado o reconhecimento de lesões, auxiliando o dia a dia do Médico Veterinário. Este artigo tem o objetivo de esclarecer os principais aspectos relacionados ao armazenamento, envio e processamento de amostras de biópsias renais de cães e gatos. 16

e destruição progressiva dos glomérulos e túbulos substituindo por tecido cicatricial afuncional. Figura 1: Agulha tipo Tru-cut. Fonte: Melchert, 2010

Doenças Glomerulares

Os rins são responsáveis por eliminar a maior parte dos produtos gerados pelo metabolismo corporal, controlam concentrações de diversos constituintes dos líquidos orgânicos e são responsáveis pela produção e liberação de alguns hormônios responsáveis pela homeostasia corporal. Por esses motivos, quando os rins são acometidos por doenças glomerulares, acabam resultando em quadros de insuficiência renal terminal em animais e humanos. Na doença autoimune túbulo-glomerular, ocorre deposição do complexo antígenoanticorpo nos glomérulos ou adesão de antígenos à parede capilar glomerular, estimulando a produção de anticorpos, levando a lesões que geram inúmeras consequências. Dentre elas, podemos citar a hialinização, fibrose, oclusão das alças glomerulares, reação inflamatória

Figura 2: Insuficiência renal aguda (1), Rim normal (2), insuficiência renal crônica (3). Fonte:http://www.drzooecia.com.br/insuficienciarenal-em-caes-e-gatos/

Avaliação das Amostras Recebidas Para Análise

A melhor forma de avaliar a amostra recebida para análise é inicialmente ampliar a imagem do material coletado (10-40x) utilizando microscópico de dissecação, lupa ocular ou lente de mão, juntamente com uma iluminação adequada, tornando possível a distinção da cortical da medular renal. Em condições normais, na região cortical há glomérulos e os túbulos apresentandose desordenados, em padrão irregular, diferentemente da região medular, que


NEFROLOGIA são retos e distribuídos paralelamente (figura 3). As amostras devem ser mantidas umedecidas em solução salina e manipuladas sem o uso de pinças. São colhidos dois fragmentos de aproximadamente 10 mm de comprimento ou até três fragmentos com comprimento inferior a 10 mm. As amostras obtidas em cunha são cortadas em fragmentos de 1-2 mm antes de serem colocadas em fixadores, já as amostras obtidas por agulha (figura 4) não são cortadas em fragmentos menores.

Figura 3: Parte superior da imagem indica a região cortical e parte inferior indica região medular do rim. Fonte: Acervo interno TECSA.

Figura 4: Figura A mostra o posicionamento do ultrassom e introdução da agulha Tru-cut. Figura B mostra o posicionamento correto da coleta realizada com a agulha Tru-cut no rim. Fonte: Melchert, 2010

Armazenamento e Separação das Amostras

Os fragmentos renais obtidos devem ser devidamente identificados e conservados em formaldeído a 10% tamponado, caso sejam avaliados por microscopia de luz. Para microscopia eletrônica utiliza-se o aldeído glutárico e para a avaliação por imunofluorescência fixa-se com a solução de Michel. Após a fixação, deve-se encaminhar as amostras a um laboratório específico para realização do processamento histotécnico dos fragmentos.

Microscopia de Luz

As amostras, após serem fixadas por 17


NEFROLOGIA no mínimo vinte e quatro horas em formaldeído, devem ser desidratadas em álcool, diafanizada em xilol e incluída em parafina. Os cortes histológicos são feitos com 3 µm de espessura e corados rotineiramente com hematoxilinaeosina, podendo, caso haja necessidade, ser corados com tricrômico de Masson, vermelho Congo e impregnados com prata metenamina (PAMS) para melhor visualização das lesões.

Imunofluorescência

Durante o processamento, as amostras são preservadas em solução de Michel e congeladas em nitrogênio líquido. Os cortes de congelamento apresentam entre 2 e 3 µm de espessura e são processados em criostato, a -20 °C. Após incubação por 30 minutos (em temperatura ambiente), em câmara úmida os antissoros policlonais anti cão ou anti gato de IgM, IgA, IgG e C3, são conjugados ao isotiocianato de fluoresceína. As lâminas são montadas em glicerina tamponada em pH 8.5 e examinadas ao microscópico universal para imunofluorescência.

Microscopia Eletrônica

As amostras são fixadas em aldeído

glutárico a 1-3%, posteriormente são pós-fixada em tetróxido de ósmio a 1% e em tampão cacodilatode sódio 0,2 M. A desidratação é realizada em uma série crescente de acetona e por fim incluída em resina araldite. Após a escolha do melhor local, são realizados cortes extremamente finos e corados por azul de toluidina.

Análise do Material

Na análise com microscopia de luz, o fragmento é satisfatório quando possui mais de 5-10 glomérulos, sem artefatos. A avaliação de imunofluorescência está relacionada com a presença ou ausência de reações imunes (IgG, IgM, IgA, C3), sendo classificada em granular ou linear, incluindo localização, intensidade e distribuição dos depósitos. As alterações na morfologia das células renais são detectadas por microscopia eletrônica.

Considerações Finais

É importante a conscientização sobre como as amostras renais devem ser armazenadas, transportadas e processadas, para auxiliar na interpretação das alterações histopatológicas e facilitar o diagnóstico e tratamento das glomerulopatias.

Referências Bibliográficas CIANCIOLO, R. E.; BROWN, C. A.; MOHR, F. C.; H SPANGLER, W. L.; ARESU, L.; VANDERLUGT, J. J.; JANSEN, J. H.; JAMES, C.; CLUBB, F. J.; LEES, G. E.Pathologic evaluation of canine renal biopsies: methods for identifying features that differentiate immune-mediated glomerulonephritides from other categories of glomerular diseases. Journal of Veterinary Internal Medicine, v.27, n.1, p.10-18, 2013. CLÍNICA VETERINÁRIA DR. ZOO. Insufiência renal em cães e gatos. 2015. Acesso em: http://www.drzooecia.com.br/ insuficiencia-renal-em-caes-e-gatos/. Acesso em: 01 out. 2015. CRIVELLENTI, L. Z.;, BORIN-CRIVELLENTI, S.; BRITO, M. B. S.; SIMÕES, A. P. R.; HUPPES, R. R et al . Investigation of proteinuria in female dogs with mammary neoplasms. Proceedings… 38th World Small Animal Veterinary Association - WSAVA, Auckland, NZ, 2013. 594. CRIVELLENTI, L. Z.; BORIN-CRIVELLENTI, S.; LEITE, F. H. et al. Immunofluorescence staining of kidney samples for the detection of immunoglobulis and complemente C3 in dogs with mammary neoplasms – preliminary results. Proceedings… 38th World Small Animal Veterinary Association – WSAVA, Auckland, NZ, 2013b, p. 593. GRANT, D. C.; FORRESTER, S. D. Glomerulonephritis in dogs and cats: glomerular function, pathophysiology, and clinical signs. Compendium: Continuing Education for Veterinarians, v. 23, n. 8, p. 739-743, 2001. GRAUER, G. F. Canine glomerulonephritis: new thoughts on proteinuria and treatment. Journal of Small Animal Practice. v. 46, n. 10, p. 469-478, 2005. HEIENE, R.; KRISTIANSEN, V.; TEIGE, J. et al. Renal histomorphology in dogs with pyometra and control dogs, and long term clinical outcome with respect to signs of kidney disease. ActaVeterinariaScandinavica. v. 49, n.13, p. 1-9, 2007. HUMPHREYS, B. D.; SOIFFER, R. J.; MAGEE, C. C. Renal failure associated with cancer and its treatment: an update. Journal of the American Society of Nephrology, v. 16, n. 1, p. 151-161, 2005. LEES, G. E. early diagnosis of renal disease and renal failure. Veterinary Clinics of North America: Small Animal Pratice, v. 34, n. 4, p. 867-885, 2004. LEES, G. E.; CIANCIOLO, R. E.; CLUBB, F. J. Renal biopsy and pathologic evaluation of glomerular disease. Topics in Companion Animal Medicine, v. 26, n. 3, p. 143-153, 2011. LIMA, E. Q.; BARROS, R. T. Biópsia Renal. In. BARROS, R. T.; ALVES, M. A. R.; DANTAS, M. Glomerulopatias: patogenia, clínica e tratamento. São Paulo: Sauvier, 2006, 2ed, p.100-105. MELCHERT, A.; et al. Biópisia Renal percutânea monitorizada por ultrassonografia em cães. Ciência Animal Brasileira, v.11, n.2, 2010. WALKER, P. D. The renal biopsy. Archives of Pathology & Laboratory Medicine. v. 133, n. 2, p. 181-188, 2009. ZINI, E.; BONFANTI, U.; ZATELLI, A. Z. Diagnostic relevance of qualitative proteinuria evaluated by use of sodium dodecyl sulfate-agarose gel electrophoresis and comparison with renal histologic findings in dogs. American Journal of Veterinary Research, v. 65, n. 7, p. 964-971, 2004.

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EXAMES REALIZADOS PELO TECSA LABORATÓRIOS

CÓD - EXAME

86 - HISTOPATOLOGICO COM COLORACAO DE ROTINA - HE 752 - PERFIL FACILITADOR HISTOPATOLOGICO C/ COLORACAO ROTINA - 2 A 3 PECAS 753 - PERFIL FACILITADOR HISTOPATOLOGICO C/ COLORACAO ROTINA - 4 A 5 PEÇAS

PRAZO/DIAS

4 5 5

644 - HISTOPATOLOGICO COM MARGEM CIRURGICA

4

349 - PERFIL RENAL

1

193 - RAZAO PROTEINA CREATININA URINARIA

2

234 - URINA ROTINA

1

628 - MICROALBUMINURIA

2

572 - RELACAO UREIA/CREATININA (CHECK UP GLOBAL)

1

809 - HISTOPATOLOGICO OSSEO

10

648 - IMUNOHISTOQUIMICA PARA NEOPLASIA - PAINEL GERAL

14

649 - IMUNOHISTOQUIMICA DE NEOPLASIA - 1 MARCADOR

14

659 - IMUNOHISTOQUIMICA - DETECCAO DE MICRO - METASTASES DE MELANOMA

14

656 - IMUNOHISTOQUIMICA - VALOR PROGNÓSTICO DE MASTOCITOMA

14

658 - PERFIL FACILITADOR CITO E HISTOPATOLOGICO

4

653 - IMUNOHISTOQUIMICA TOXOPLASMA GONDII

14

456 - LEISHMANIOSE METODO IMUNOHISTOQUIMICA

6


NEFROLOGIA

IDENTIFICAÇÃO DOS PRINCIPAIS CÁLCULOS URINÁRIOS DE CÃES E GATOS

Urolitíase

A urolitíase pode ser definida como a formação de sedimento em qualquer sítio do trato urinário, consistindo em um ou mais cristaloides de urina pouco solúveis. A condição se inicia com a formação de cristais na urina que, em condições específicas, podem progredir para formação de urólitos (pedras) no interior do trato urinário. Em pequenos animais, estes urólitos são mais frequentemente encontrados na bexiga. As condições que favorecem a formação destas estruturas envolvem o desenvolvimento de uma urina supersaturada por componentes iônicos de um tipo específico de pedra, levando à precipitação dos cristais, solidificação e crescimento.

nicho) para designar uma área evidente de crescimento inicial do urólito, designa a maior porção do corpo do urólito. A camada externa representa uma casca de material precipitado, que envolve completamente o corpo do urólito, já os cristais de superfície representam uma cobertura incompleta da superfície externa do cristal (figura 2).

Figura 1: Tipos de urólitos. Fonte: Laboratório TECSA.

Principais Urólitos de Cães e Gatos

Classificação das Pedras

Quando 70% do urólito é composto por um tipo de cristal, ele é nomeado por aquele tipo de cristal. Os Urólitos mistos são aqueles que apresentam composição de um único cristal menor que 70% e não apresentam núcleo e superfície distinguíveis. Os Urólitos compostos são aqueles que apresentam núcleo identificável de um tipo de cristal com camadas circunjacentes de outro tipo de cristal (figura 1). O Minnesota Urolith Center utiliza os termos núcleo (ou

dos urólitos através da identificação da cristalúria. Existe uma boa correlação entre o tipo de cristal encontrado na etapa de análise do sedimento da urinálise e o tipo de urólito formado no trato urinário do paciente, dessa forma, muitos veterinários utilizam este método para auxiliar no diagnóstico da urolitíase. Entretanto, este parâmetro não é recomendado como ferramenta mais precisa para este diagnóstico. Os cristais podem ser formados ou dissolvidos de acordo com variações abruptas ou progressivas no pH urinário, promovendo assim, eventuais caracterizações imprecisas da composição de urólitos.

ESTRUVITA

Figura 2: Anatomia de um urólito de urato composto com um núcleo de estruvita e uma camada externa de oxalato de cálcio. Fonte: Adatado de Bartges e Polzin, 2011.

A urinálise pode ser utilizada como ferramenta para prever a composição

Figura 3: Urólitos de estruvita estéreis de cão. Fo n t e : h t t p : / / w w w . c v m . u m n . e d u / d e p t s / minnesotaurolithcenter/home.html

19


NEFROLOGIA

Características físicas destacadas: CÃO: Urólito estéril: Formato arredondado a ovalado, superfície irregular e ocasionalmente lisa, coloração amarelo claro. Tamanho normalmente entre 1-15 mm. Quantidade: 1-3. Urólito + infecção: Formato arredondado a facetado a piramidal, superfície lisa a discretamente rugosa, coloração amarelo claro. Tamanho normalmente entre 4 a 20mm. Quantidade: ≥ 4 GATO: Urólito estéril: Formato arredondado a discóide, superfície discretamente rugosa, coloração amarelo claro. Tamanho normalmente entre 3-10 mm. Quantidade: 1-3 e ocasionalmente muitos. Urólito + infecção: Formato arredondado a facetado, superfície lisa a discretamente rugosa, coloração amarelo claro. Tamanho normalmente entre 2 a 7 mm. Quantidade: Poucos a muitos. Composição química predominante: Amônio + Magnésio + Fosfato. Pequena fração de Cálcio. 20

Comentários clínicos: Este urólito apresenta uma prevalência aproximada de 50% em cães e 33-43% em gatos. Está associado com ocorrência de infecções do trato urinário por bactérias produtoras de urease (Estafilococos, Proteus, Enterococcus, Mycoplasma) e, por este motivo, a infecção do trato urinário (ITU) é fator predisponente. Acomete mais frequentemente animais jovens e fêmeas. A bexiga é o sítio mais comum de aparecimento e, clinicamente, costuma apresentar alta taxa de recorrência (>20%). Raças predispostas: Schnauzer miniatura, Bichon frise, Lhasa apso, Shihtzu e Poodle miniatura. OXALATO

Características físicas destacadas: CÃO: Monoidratado: Formato normalmente arredondado, superfície lisa, coloração amarelo claro. Tamanho normalmente entre 2-7 mm. Quantidade: 20. Diidratado: Formato de roseta, superfície rugosa, coloração amarelo claro. Tamanho normalmente entre 1-15 mm (figura 4). Quantidade: >5, eventualmente grande e único. GATO: Monoidratado: Formato normalmente arredondado porém também em roseta, superfície lisa e ocasionalmente lobulada, coloração amarelo claro. Tamanho normalmente entre 1-5 mm. Quantidade: >5. Diidratado: Formato de roseta, superfície rugosa a lisa, coloração amarelo claro. Tamanho normalmente entre 1-7 mm. Quantidade: >3. Composição química predominante: Oxalato + Cálcio.

Figura 4: Urólitos de oxalato diidratado de cão. Formato típico de roseta. Fonte: http://www.cvm. umn.edu/depts/minnesotaurolithcenter/home.html

Comentários clínicos: Incidência crescente em cães e principalmente gatos. Em cães, a bexiga é o sítio mais


NEFROLOGIA comum de aparecimento, já nos gatos, os rins, ureter e a bexiga são os locais mais comuns. A infecção do trato urinário é considerada um fator mais complicante do que um fator predisponente, exibindo uma alta taxa de recorrência (25 – 48%). Fatores de risco em cães: Idade > 4 anos (maior risco entre 8 e 12 anos), machos castrados, raças Schnauzer miniatura, Lhasa apso, Yorkshire terrier, Bichon frise, Shih tzu, Poodle miniatura, sobrepeso e hiperadrenocorticismo. Fatores de risco em gatos: Alimentação exclusiva de dieta acidificante, machos castrados, meia idade a idosos, raças persa e himalaia, ambiente exclusivamente “indoor” e hipercalcemias idiopáticas. URATO

Apresenta alta recorrência (30 a 50%). CISTINA

Características físicas destacadas: CÃO: Formato arredondado a oval, superfície lisa. Tamanho normalmente entre 1-15 mm. Quantidade: Poucos ou inúmeros para serem contados. GATO: Formato arredondado a oval, superfície lisa. Tamanho normalmente entre 2-10 mm. Quantidade: Normalmente 1, podendo aparecer até 5. Composição química predominante: Urato + Amônio. Comentários clínicos: As raças mais frequentemente acometidas são o Dálmata e o Bulldog inglês. Frequentemente acomete cães com shunt portossistêmico (é comum também encontrar urólito de estruvita). Os machos são mais frequentemente acometidos do que as fêmeas e infecção de trato urinário é um fator complicante.

Comentários clínicos: Prevalência menor que 1% dentre as urolítiases que acometem cães e gatos.

EXAMES REALIZADOS PELO TECSA LABORATÓRIOS Figura 6: Urólitos de cistina. Fonte: http://www. cvm.umn.edu/depts/minnesotaurolithcenter/home. html

CÓD - EXAME

PRAZO/DIAS

Características físicas destacadas: CÃO: Formato arredondado e superfície lisa ou lobulada. Quantidade: de muitos a poucos. Tamanho: 2-10 mm. GATO: Formato arredondado e superfície rugosa. Quantidade: de muitos a poucos. Tamanho: 1-4 mm.

Figura 5: Urólitos de urato.Fonte: http://www. cvm.umn.edu/depts/minnesotaurolithcenter/home. html

Composição química predominante: Fosfato + Cálcio.

219 - ANÁLISE DE CÁLCULO URINÁRIO

2

234 - URINA ROTINA

1

788 - CHECK UP GLOBAL DE FUNCOES COM HEMOGRAMA

1

Composição química predominante: Cistina. Comentários clínicos: As raças mais frequentemente acometidas são o Dálmata e o Bulldog inglês. Frequentemente acomete cães com shunt portossistêmico (é comum também encontrar urólito de estruvita). Da mesma forma que nos Urólitos de urato, os machos são mais frequentemente acometidos do que as fêmeas e infecção de trato urinário é fator complicante. Apresenta alta recorrência (30 a 50%). HIDROXIAPATITA (FOSFATO DE CÁLCIO) Características físicas destacadas: CÃO: Formato arredondado a cuboide e superfície lisa. Quantidade: de muitos a poucos. Tamanho: 2-6 mm. GATO: Superfície rugosa. Tamanho: 1-4 mm. Quantidade e superfície: Não descritos em decorrência da baixa prevalência.

Referências Bibliográficas

Lekcharoensuk, C., C.A. Osborne, et al. (2005). Evaluation of trends in the frequency of calcium oxalate uroliths in the upper urinary tract of cats.J Am Anim Hosp Assoc41: 39–46. Lulich, J.P. and C.A. Osborne (2009). Changing paradigms in the diagnosis of urolithiasis.Vet Clin North Am, Small Anim Pract39: 79–91. OCHMANSKI, W.; KMIEK, J.; SULOWICZ, W. Analysis of chemical composition of urinary stones. International Urology and Nephrology, Budapest. v. 31, p. 743-750, 1999. OSBORNE, C. A.; LULICH, J. P.; BARTGES, J. W.; UNGER, L. K.; THUMCHAI, R.; KOEHLER, L. A.; BIRD, K. A.; FELICE, L. J. Canine and feline urolithiases: relationship of ethiopatogenesis to treatment and prevention. In: OSBORNE, C. A.; FINCO, D. R. Canine and feline nephrology and urology, Media: Williams & Wilkins, 1995. p. 798-888. WEICHSELBAUM, R. C.; FEENEY, D. A.; JESSEN, C. R.; OSBORNE, C. A.; DREYTSER, V.; HOLTE, J. An integrated epidemiologic and radiographic algorithm for canine urocystolith mineral type prediction. Veterinary Radiology and Ultrasound, Raleigh. v. 42, p. 311-319, 2001

21


PARASITOLOGIA

TOXOPLASMOSE

Introdução

Figura 1

A toxoplasmose é uma doença parasitária causada pelo protozoário Toxoplasma gondii, responsável por causar lesões polissistêmicas. Sua distribuição ocorre em todas as áreas do mundo onde há gatos (hospedeiros definitivos do parasita), pois são os únicos que completam a fase sexuada do parasito, a qual leva à excreção de oocistos nas fezes. Os hospedeiros intermediários podem ser a maioria das aves, anfíbios, peixes, répteis e mamíferos, entre eles os seres humanos. Estes se infectam pela ingestão de oocistos esporulados oriundos das fezes dos gatos infectados ou através da ingestão de cistos presentes em carnes suínas, bovinas e caprinas mal passadas, fechando assim o ciclo biológico do parasito (figura 1).

Figura 1: Ciclo biológico do protozoário Toxoplasma gondii. 1: Infecção do hospedeiro definitivo. 2: Rompimento do Cisto e infecção de células epiteliais intestinais. 3: Formação dos merozoítos. 4/5: Início da fase sexual com formação de macrogametas e microgametas flagelados dos merozoítos. 6: Fusão dos microgametas com macrogametas. 7: Oocisto lançado para o ambiente com as fezes. 8: O oocisto não-esporulado torna-se infeccioso e contamina o ambiente. 9: O oocisto esporulado pode causar infecção nos animais que consumirem alimento e água contaminados. 10/11: Infecção humana acontece pela ingestão de carne crua ou mal cozida de animais infectados, contendo cistos. 12:Taquizoítos do T. gondii multiplicam-se no hospedeiro intermediário. 13: Diferenciação de taquizoítos-bradizoítos e formação dos cistos teciduais. 14: Transmissão transplacentária de taquizoítos. Fonte: www.intechopen.com/books

A toxoplasmose ocorre em animais de estimação, de produção, animais silvestres, e na grande maioria dos

vertebrados terrestres. Nas gestações o protozoário é capaz de ultrapassar a barreira transplacentária, podendo causar abortos ou a ocorrência de nascimentos de fetos mal formados. Os gatos tornam-se infectados pela ingestão de oocistos esporulados ou pela ingestão de cistos extraintestinais presentes nos tecidos dos hospedeiros intermediários. A liberação dos oocistos nas fezes, ocorre em média por 15 dias após a infecção. Os oocistos podem permanecer viáveis por até 18 meses no meio ambiente, se estiverem em condições adequadas de temperatura e umidade. Ocorrem dois diferentes padrões de multiplicação em gatos após a infecção: ciclo enteroepitelial, no qual os parasitos penetram na mucosa intestinal e se multiplicam nas células epiteliais do intestino delgado, produzindo os oocisto. O ciclo extraintestinal, pode ocorrer em várias células do organismo do animal, rompendo e permitindo assim a infecção de outras células. O ciclo enteroepitelial ocorre apenas em gatos e em outros felídeos, enquanto o ciclo extraintestinal, ocorre em todas as espécies de hospedeiros intermediários.

Sinais Clínicos

Os sinais clínicos geralmente não estão associados ao ciclo enteroepitelial nos gatos. Os sinais clínicos da 22


PARASITOLOGIA

toxoplasmose geralmente ocorrem em hospedeiros intermediários. Nos gatos, os sinais clínicos podem ocorrer durante a fase aguda da infecção extraintestinal. Mas para os sinais clínicos aparecerem, depende do organismo estar imunodeprimido ou ser um feto. As síndromes clínicas mais comuns são as deficiências neurológicas, retinocoroidite, polimiosite, linfadenopatia, hepatite, pancreatite, granuloma intestinal e aborto.

Diagnóstico

O diagnóstico da toxoplasmose se faz pela combinação dos sinais clínicos, histórico e realização dos exames laboratoriais. O exame parasitológico de fezes em gatos, não pode ser unicamente usado para detecção de oocistos de T.gondii, pois estes podem ser confundidos com as espécies Hammondia e Frenkelia, já que apresentam semelhança morfológica. Então para um melhor diagnóstico de toxoplasmose, tanto em gato quanto em cão, sugere-se a pesquisa sorológica de anticorpos IgG e IgM anti T.gondiie e o exame de PCR Real Time – (reação da cadeia de polimerase em tempo real, Qualitativo ou Quantitativo). Para o diagnóstico em felinos podemos realizar também exames hematológicos e bioquímicos. No hemograma, as alterações compatíveis são anemia arregenerativa, leucocitose neutrofílica, linfocitose, neutropenia, monocitose e eosinofilia. Nos exames bioquímicos realizados durante a fase aguda da doença, verificam-se alterações como hipoproteinemia e hipoalbuminemia, além do aumento na alanina

aminotransferase (ALT) e aspartate aminitransferase (AST) em gatos com necrose muscular. Há também aumento dos níveis de bilirrubina em gatos que desenvolvem colângio-hepatite e lipidose hepática. Já os animais que desenvolvem pancreatite podem apresentar aumento da amilase e lipase, além de redução no nível total de cálcio e concentração de albumina normal. Taquizoítos podem ser detectados em vários tecidos e fluidos durante a doença aguda (citologia). São comumente encontrados em fluidos peritoneais e torácicos de animais que desenvolveram efusões torácicas e ascite.

Informações de Importância na Prevenção da Infecção Humana

Infecções extra-intestinais ocorrem em seres humanos, possuindo sinais clínicos similares aos ocorridos nos cães e gatos. A infecção humana ocorre com a ingestão de cistos contendo bradizoítos (figura 2) na carne crua ou mal cozida, ingestão de oocistos em águas e alimentos contaminados com fezes de gatos, além da via transplacentária.

congênita, através da transmissão placentária, a qual representa a maior ameaça aos seres humanos. Podem resultar em morte fetal e em abortamento no primeiro trimestre de gravidez, ou, em deficiências neurológicas e visuais no último trimestre de gravidez. Sabendo que a infecção humana pode ocorrer em função de exposição aos oocistos presentes nas fezes dos gatos, mulheres grávidas não devem limpar as caixas de areia que os gatos utilizam para defecar. Estas caixas devem ser higienizadas diariamente para impedir que os oocistos se tornem infectantes. Os gatos não devem receber carne crua e nem devem caçar, para evitar uma possível infecção. Deve-se sempre lembrar que a infecção humana pode ocorrer pela ingestão de carne crua ou mal cozida, e não apenas a partir das fezes de gatos. EXAMES REALIZADOS PELO TECSA LABORATÓRIOS CÓD - EXAME

PRAZO/DIAS

82 - TOXOPLASMOSE FELINA

5

783 - TOXOPLASMA SP PCR REAL TIME QUANTITATIVO

7

307 - TOXOPLASMOSE CANINA

5

653 - IMUNOHISTOQUIMICA TOXOPLASMA GONDII

14

305 - TOXOPLASMOSE + CLAMIDIOSE FELINAS

1

788 - CHECK UP GLOBAL DE FUNCOES COM HEMOGRAMA

1

87- CITOLOGIAS - PET

3

Referências Bibliográficas

Figura 2: Cisto de T. gondii em tecido contendo bradizoítos. Fonte: DUBEY, JITENDER P.

As infecções humanas em sua maioria são assintomáticas, exceto em casos de imunodepressão e em casos de infecção

1. Autophagy - A Double-Edged Sword - Cell Survival or Death? Immunology and microbiology. [Online] INTECH - Open science,Open minds, Abril 17, 2013. [Cited: Maio 07, 2014.] http://www.intechopen.com/books/autophagya-double-edged-sword-cell-survival-or-death-/autophagicbalance-between-mammals-and-protozoa-a-molecularbiochemical-and-morphological-review-of-2. DUBEY, JITENDER P. Body & Brain. Science news. [Online] Magazine of the society for science & the public, Janeiro 10, 2013. [Cited: Maio 07, 2014.] https://www.sciencenews.org/article/littlemind-benders. 3. SÉRGIO LUÍS A. PITARELLO. Saúde Animal. Gatos. Acessado em Maio 02, 2014. http://www.saudeanimal.com.br/ artigo51.htm 4. http://www.scielo.org

23


ENDOCRINOLOGIA

PARÂMETROS CLÍNICOS LABORATORIAIS DE ANIMAIS OBESOS CORRELAÇÃO COM A DIABETES MELLITUS

Introdução

O acúmulo de tecido adiposo causado por doenças genéticas, endócrino-metabólicas ou por alterações nutricionais é denominado obesidade, podendo levar à diminuição da longevidade e ao desenvolvimento de doenças secundárias. Define-se obesidade como acúmulo de tecido adiposo, correspondente a 15% a mais do que o indivíduo com peso ideal. Existem vários fatores que predispõem ao excesso de peso, como: raça, sexo, idade, fatores genéticos, sedentarismo e alimentação. Dentre os problemas que a obesidade promove encontram-se a doença musculoesquelética (discopatias e ruptura de ligamento cruzado), diabetes mellitus, doença cardiovascular, comprometimento da competência 24

imunológica, e morte prematura. As consequências da obesidade incluem aumento da incidência de artrite, lipidose hepática, doença do trato urinário inferior dos felinos, incontinência urinária em cadelas castradas, constipação, problemas respiratórios, dermatopatias, afecções reprodutivas, aumento de risco anestésico e cirúrgico.

Figura 1: Animais Obesos. Fonte: http://www.affordavetac.com

Etiologia

A diabetes mellitus é uma doença sistêmica crônica devido à deficiência relativa ou absoluta de insulina. Isso resulta em um desequilíbrio no metabolismo de proteínas, gorduras e carboidratos e quadro persistente de hiperglicemia. A suspeita desta doença baseia-se nos sinais clínicos clássicos de poliúria, polidipsia, polifagia, perda de peso, glicosúria, além de persistente hiperglicemia de jejum (acima de 200mg/dL). A glicemia de jejum normal no cão é de 65 a 118 mg/dL, considerando-se o achado de valores de jejum acima de 200mg/dL diabetes mellitus. A hiperglicemia e a glicosúria estarão presentes em todos os cães diabéticos, independente do tipo de diabetes mellitus.


ENDOCRINOLOGIA Diagnóstico

As curvas glicêmicas são uma ferramenta valiosa na estabilização e monitoramento de animais diabéticos. Elas fornecem uma avaliação precisa do efeito da insulinoterapia atual e permitem indicar as mudanças na dose ou frequência de administração da insulina, tornando-se fundamentais na investigação de diabético instável. Entre outras coisas ela ajuda a mostrar a eficácia da insulina e as concentrações máximas e mínimas de glicose no sangue e quando estas ocorrem. A obesidade é uma síndrome que deve ser diagnosticada e tratada corretamente. Devido aos inúmeros efeitos deletérios que ela pode promover no animal, o ideal é a prevenção desta doença, com uma dieta adequada para a idade e a raça do animal e exercícios físicos regulares. Após o diagnóstico, recomenda-se identificar doenças que possam causar intolerância a glicose. Para este fim, perfil bioquímico sérico, urinálise e hemograma devem ser requisitados. EXAMES REALIZADOS PELO TECSA LABORATÓRIOS

CÓD - EXAME

Porém apenas uma demonstração de hiperglicemia não implica no diagnóstico definitivo da doença, já que alterações metabólicas causadas pela administração de glicocorticóides ou outros hormônios hiperglicemiantes podem causar elevação nos níveis de glicose sanguínea, mesmo a liberação de cortisol endógeno e adrenalina no estresse da colheita é suficiente para determinar tal elevação. Dentre os testes que são de extremo auxílio na investigação da doença temse colesterol e triglicerídeos (auxiliam a detectar dislipidemias, comuns na doença), urinálise (para a detecção da glicosúria e cetonúria), dosagem de frutosamina sérica e hemoglobina glicosilada. A obesidade promove

grandes distúrbios no metabolismo dos lipídeos de animais obesos, também ocorre o aumento da concentração plasmática de colesterol e triglicérides (hiperlipidemia). A lipoproteína de LDL é responsável pelo transporte de colesterol para os tecidos, com isso há um aumento de seus níveis plasmáticos e a consequente aderência ao endotélio vascular. As LDL são as lipoproteínas predominantes em cães obesos, independentemente da idade. Portanto o monitoramento dessa lipoproteína é útil quando avaliamos a perda de peso de um animal. A hiperlipidemia se torna clinicamente importante em cães, quando as concentrações de triglicerídeos em jejum excedem os 500mg/dL, ou se a concentração de colesterol excede os 300mg/dL.

PRAZO/DIAS

39 - HEMOGRAMA COMPLETO

1

105 - GLICOSE - GLICEMIA

1

124 - CURVA GLICEMICA

1

277 - GLICOHEMOGLOBINA HEMOGLOBINA GLICOSILADA

2

103 - FRUTOSAMINA

1

243 - COLESTEROL TOTAL

1

97 - COLESTEROL TOTAL E FRACOES (TOTAL+LDL+VLDL+HDL)

1

175 - ELETROFORESE DE COLESTEROL

3

381 - HDL - COLESTEROL FRACAO HDL

2

380 - LDL - COLESTEROL FRACAO LDL

1

392 - VLDL - COLESTEROL FRACAO VLDL

1

113 - TRIGLICERIDEOS

1

234 - URINA ROTINA

1

324 - PERFIL BIOQUIMICO

1

Referências Bibliográficas

Tese - DISTÚRBIOS METABÓLICOS EM ANIMAIS OBESOS Heloisa Celis da Silva 1; Revista Clínica Veterinária, Ano XIX, n 112 setembro/ outubro, 2014

25


ENDOCRINOLOGIA

HIPERTIREOIDISMO EM FELINOS

Introdução

O hipertireoidismo é a enfermidade hormonal mais encontrada em felinos. A síndrome clínica resulta do excesso do hormônio tireoidiano [tiroxina (T4) e triiodotironina (T3)] presente na circulação por um funcionamento anormal da glândula tireoide. Em consequência disso, o metabolismo passa a funcionar de forma acelerada o que pode levar ao mau funcionamento de diversos órgãos. Geralmente, gatos que desenvolvem esta enfermidade apresentam nódulos benignos na glândula tireoide, que causam a hiperfunção, sendo mais raros os casos de tumores malignos como causadores da hiperfunção glandular. A alteração ocorre em gatos entre 4 e 22 anos, sendo que 95% dos felinos acometidos têm mais de 10 anos de idade. No entanto, já existe relato dessa endocrinopatia em filhotes com oito meses de idade. Gatos de todas as raças e ambos os sexos 26

podem ser acometidos.

Figura 1: Felino idoso com suspeita hipertireoidismo. Fonte: www.greenpasturesvets.co.uk

Patogenia

de

A patogenia dessa doença ainda não está bem definida, entretanto, pressupõe-se que fatores circulatórios (imunoglobulinas), nutricionais (iodo na dieta) e ambientais (toxinas bociogênicas) possam Influenciar em sua patogênese, pois em 70% dos casos há um aumento bilateral da glândula tireoide apesar de não haver conexão

entre os dois lobos tireoidianos. Os hormônios tireoidianos, quando em excesso, afetam os sistemas músculo-esquelético, cardiovascular, gastrointestinal, hepático, urinário, nervoso e a área comportamental do animal. As complicações mais comuns são espessamento do músculo cardíaco, aumento da pressão arterial, alterações no funcionamento renal e problemas intestinais.

Sinais Clínicos

A maioria dos sinais clínicos ocorre devido a uma taxa metabólica basal acelerada, afetando vários órgãos e levando a um aumento do consumo de oxigênio pelos tecidos. A apresentação clínica clássica inclui taquicardia, hiperatividade, emaciação progressiva, polifagia, diarreia, emese, poliúria e polidipsia. A perda de peso é secundária ao aumento do metabolismo basal, que requer maior demanda calórica e acarreta


ENDOCRINOLOGIA provavelmente em decorrência da má nutrição, da insuficiência cardíaca congestiva, da anóxia hepática e do efeito tóxico direto dos hormônios tireoidianos no fígado. A realização do exame T4 total comumente é a mais utilizada para confirmar o diagnóstico de hipertireoidismo. Quando o seu valor está aumentado, o resultado é extremamente específico para o diagnóstico da enfermidade. Felinos com sintomas iniciais de hipertireoidismo podem apresentar T4 total ainda em níveis normais, o que pode tornar o diagnóstico correto um pouco mais difícil. Devido a essa variação hormonal, os animais suspeitos de hipertireoidismo devem ter os níveis de T4 total reavaliados após duas semanas. EXAMES REALIZADOS PELO TECSA LABORATÓRIOS CÓD - EXAME

uma ingestão maior de alimentos, levando à polifagia. O aumento da frequência de defecação e a diarreia são secundários à hipermotilidade intestinal. Achados no exame físico incluem aumento da glândula tireoide em alguns animais (figura 2).

Figura 2: Exame físico da tireoide em felinos. Fonte: site animalendocrine.

Frequentemente se evidencia azotemia e hiperfosfatemia nesses pacientes. Acredita-se que o aumento da pressão do capilar glomerular e da proteinúria

em gatos com hipertireoidismo possa contribuir para a progressão da doença renal.

Diagnóstico

Muitas outras enfermidades podem ser confundidas com o hipertireoidismo. Sendo necessário para o diagnóstico, a realização de exames laboratórios associados aos sinais clínicos, histórico do paciente, exame físico (palpação da tireoide) e exames de imagens se necessário. A alteração hematológica mais frequente é a eritrocitose. Essa alteração é ocasionada pelo elevado consumo de oxigênio e pelo estímulo β-adrenérgico sobre a medula óssea, elevando a eritropoese. Há também aumento da atividade das enzimas hepáticas (alaninaamino transferase, fosfatase alcalina e gama-glutamil transferase), que retornam para os valores de referência após o tratamento. Tal aumento ocorre

PRAZO/DIAS

44 - HEMOGRAMA COMPLETO FELINO

1

801 - CHECK UP GLOBAL PLUS

1

333 - PERFIL HEPATICO

1

349 - PERFIL RENAL

1

697 - PERFIL HIPERTIREOIDISMO RADIOIMUNOENSAIO

2

147 - T4 TOTAL - RADIOIMUNOENSAIO

1

73 - T4 LIVRE - RADIOIMUNOENSAIO

1

626 - T4 LIVRE - DIALISE (PRE-RADIOIMUNOENSAIO)

1

71 - TSH - HORMONIO ESTIMULANTE DA TIREOIDE

1

Referências Bibliográficas

JUNIOR; A.R. et al. Hipertireoidismo em felinos: Revisão de literatura e estudo retrospective. [online] [citado em 30 /03/2016] http://www.anclivepadf.com.br/arquivo/ Hipertireoidismo%20em%20felinos.pdf NELSO, R. W. ; COUTO, C.G. Medicina interna de pequenos animais.4 ed. Rio de Janeiro: Guanabara koogan, 2010. SANTOS; M.S; et al. Hipertireoidismo felino (relato de caso). [citado em 30 /03/2016] http://www.eventosufrpe.com. br/jepex2009/cd/resumos/r0598-1.pdf

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LEISHMANIOSE

DIAGNÓSTICO SOROLÓGICO DE LEISHMANIOSE VISCERAL CANINA: EXISTE REAÇÃO CRUZADA?

Introdução

A leishmaniose pertence a um grupo de doenças de grande importância para a saúde pública em todo o mundo. Também conhecida como “calazar”, a Leishmaniose Visceral, é transmitida pela picada de flebotomídeos e muitos mamíferos são responsáveis pela manutenção do ciclo de vida destes parasitos. A doença era registrada principalmente em áreas rurais, mas nas últimas décadas vem invadindo os grandes centros pelo fato do inseto ter se adaptado melhor aos ambientes urbanos devido ao desequilíbrio ecológico. Os cães se destacam como os principais reservatórios domésticos do parasito, embora outras espécies domésticas também possam ser infectadas e passem a constituir parte importante na epidemiologia da doença. De acordo com a legislação vigente e normas preconizadas pelo Ministério da Saúde, o destino de cães diagnosticados como portadores de leishmaniose é a eutanásia. Mas, de acordo com um estudo realizado na Universidade Estadual Paulista (Unesp), em Botucatu, o diagnóstico pautado nos exames sorológicos – recomendado pelo Ministério da Saúde 28

– pode apresentar resultados cruzados e condenar ao sacrifício animais que não desenvolveram a doença e mesmo animais que não são portadores do agente. Segundo a pesquisa que analisou cães nos municípios de Botucatu e Bauru, regiões consideradas como nãoendêmica e endêmica, respectivamente, o exame convencional pode detectar no animal infectado tanto o parasita Leishmania sp. quanto o Trypanosoma cruzi, responsável pela doença de Chagas. O estudo é resultado da dissertação de mestrado de Marcella Zampoli Troncarelli, da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Unesp de Botucatu, orientada por Simone Baldini Lucheis com Bolsa da FAPESP, publicado na revista Veterinary Parasitology.

Figura 1: ELISA. Fonte: TECSA Laboratórios.

O trabalho publicado analisou amostras de testes feitos com 100 cães do Centro de Controle de Zoonoses, em Bauru – área considerada endêmica de leishmaniose visceral – e outros 100 animais do Serviço de Guarda de Cães em Botucatu, onde a doença não se estabeleceu. De acordo com uma das pesquisadoras, como o protozoário pode provocar reações cruzadas e confundir o resultado, os testes envolveram três tipos de exames. O primeiro – que é recomendado como TRIAGEM pelo Ministério da Saúde – foi o exame sorológico, feito por Imunofluorescência indireta. Foram utilizados ainda o exame parasitológico direto, para análise do fígado e do baço dos cães, e o exame PCR. A associação dessas três técnicas ajudou a identificar os animais realmente infectados. Devido a um número preciso que a PCR pode detectar de animais positivos, o descrito estudo mostrou realmente que a sorologia pode falhar nesse diagnóstico, e por isso é TRIAGEM. Os resultados do exame sorológico apontaram que 16% dos 200 testes tiveram resultado positivo para ambas as doenças. Nas amostras dos cães de Bauru, 65% dos testes sorológicos


LEISHMANIOSE foram positivos para Leishmania e 40% para Trypanosoma cruzi. Entre os cães de Botucatu, todas as amostras foram negativas para Leishmania e apenas 4% foram positivas para o parasita da doença de Chagas. “Quando fizemos o exame parasitológico e o PCR, eles acusaram, respectivamente, resultados positivos para 59% e 76% nas amostras de fígado e 51% e 72% nas amostras de baço dos cães de Bauru. Isso demonstra que há resultados cruzados”, disse a veterinária, que atualmente faz o doutorado na Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia (FMVZ) da Unesp. Outro problema do exame sorológico, segundo ela, é que o resultado pode apontar também os “falsos negativos” – isto é, o exame dá negativo, mas na realidade o animal está infectado. “Por algum estresse, o animal não produziu anticorpos suficientes para serem detectados pelos testes sorológicos, mas ele tem o parasita se multiplicando no seu organismo”, apontou. Dos 33 cães que mostraram anticorpos contra ambos os parasitas nos testes sorológicos, 26 – ou mais de 78% – também apresentaram resultado positivo nos testes parasitológico e PCR. “Os resultados indicam que esses cães tinham leishmaniose e também sugerem a existência de resultados cruzados”, disse.

FAPESP. De acordo com Simone Baldini Lucheis, da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (Apta), órgão da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, para evitar falsos positivos seria necessário realizar além dos exames de triagem, exames de contraprova confirmatórios, como a ImunoHistoquímica e o exame de reação em cadeia de polimerase (PCR, na sigla em inglês) – uma técnica biomolecular que permite a síntese enzimática in vitro de sequências do DNA.

Figura 3: Esquerda: munohistoquímica Direita: Pesquisa direta. Fonte: TECSA Laboratórios.

O uso das três técnicas, segundo o estudo, permitiu uma alta exatidão no diagnóstico da leishmaniose e da doença de Chagas nos cães analisados. “Pelo PCR, registramos um número maior de animais infectados do que a própria sorologia. Ou seja, esse exame elucidou os ‘falsos negativos’”, afirmou Marcella.

Figura 4: PCR. Fonte: TECSA Laboratórios.

Figura 2: RIFI. Fonte: TECSA Laboratórios.

Os exames sorológicos convencionis para Leishmania podem apresentar resultados que seriam falsos positivos e, no momento do exame, o animal pode ter produzido anticorpos contra outros parasitas que são da mesma família da Leishmania, como o Trypanosoma cruzi. “Em muitos casos, o animal só está infectado por um deles, mas o exame acusa a presença do outro”disse à Agência

EXAMES REALIZADOS PELO TECSA LABORATÓRIOS

CÓD - EXAME

PRAZO/DIAS

456 - LEISHMANIOSE – IMUNOHISTOQUÍMICA

6

680 - LEISHMANIOSE – PCR REAL TIME QUANTITATIVO

7

483 - LEISHMANIOSE – PCR REAL TIME QUALITATIVO

7

408 - PESQUISA DE LEISHMANIA SP

4

83 - LEISHMANIOSE CANINA (ELISA + RIFI)

1

447 - LEISHMANIOSE CANINA – DILUIÇÃO TOTAL (ELISA + RIFI)

2

290 - LEISHMANIOSE FELINA (ELISA+ RIFI)

2

316 - PERFIL COMPLEMENTAR PARA LEISHMANIOSE

1

709 - PESQUISA DE TRYPANOSOMA CANINO

5

“Compreender o ciclo epidemiológico da doença é tarefa de grande importância, pois o problema da leishmaniose não será resolvido apenas com o sacrifício de animais”, destacou uma das pesquisadoras. Ressalta ainda que o estudo realizado foi importante para elucidar a escolha da técnica correta de diagnóstico, evitando assim ao máximo a ocorrência de falsos resultados e ocasionando centenas de eutanásias indevidas” (Fonte: UNESP). 29


MEDICINA LABORATORIAL DE FELINOS

PANCREATITE FELINA: DIAGNÓSTICO LABORATORIAL

A Doença

A pancreatite (inflamação do pâncreas) é um distúrbio gastrointestinal comum em cães e gatos. Antigamente, pensava-se que a incidência de pancreatite em gatos era baixa, porém estudos recentes sugerem o contrário. A verdadeira incidência da doença ainda é desconhecida, no entanto, como muitos cães e gatos apresentam uma forma branda ou subclínica, acabam não sendo encaminhados ao consultório veterinário. Infelizmente, muitos casos de pancreatite em gatos não são diagnosticados devido aos sintomas inespecíficos e vagos, além da falta de um teste altamente sensível e específico de diagnóstico. No entanto, um teste inovador tornou- se recentemente disponível, melhorando a nossa capacidade de alcançar um diagnóstico mais preciso desta doença em gatos. O pâncreas tem um papel duplo em animais. É um órgão “endócrino” que produz principalmente insulina, sendo também um órgão “exócrino” - que produz enzimas que estão envolvidas na 30

digestão de alimentos (principalmente amilase e lipase). Muitas falhas na função deste órgão podem ocorrer: a porção endócrina pode funcionar mal em termos de produção de hormônios (exemplo de diabetes, em que o pâncreas produz quantidades insuficientes de insulina) ou mesmo haver distúrbios envolvendo a porção exócrina no qual deixa de produzir enzimas digestivas suficientes, causando uma condição chamada de insuficiência pancreática exócrina. A inflamação do pâncreas resulta a partir da liberação de enzimas digestivas para si mesmo ao invés de lançá-las apenas no trato intestinal, uma condição que geralmente determina a prazo o quadro de pancreatite. A etiologia da pancreatite em gatos ainda é incerta. Traumas, infecções, parasitismo e reações idiossincráticas a certas drogas são causas potenciais, no entanto, a grande maioria dos casos (> 90%) não pode ser ligada a uma causa específica. Gatos siameses parecem estar em maior risco do que outros gatos, o que sugere um possível componente

genético para o distúrbio.

Sinais

Os sinais clínicos de pancreatite felina são bastante variáveis, e normalmente diferem dos sinais observados em cães. Cães muitas vezes fazem êmese e tem sinais de dor abdominal. Gatos, no entanto, podem apresentar inapetência, letargia, perda de peso, desidratação e diarreia. Vômitos e dor abdominal não são achados clínicos comuns em gatos afetados com pancreatite, apenas cerca de 1/3 dos gatos com pancreatite vai vomitar, e apenas 1/4 demonstram dor abdominal. Infelizmente para os gatos, pancreatite geralmente não é um acontecimento único, ela tende a ser um problema crônico intermitente e pode estar associada a outras condições. Cães, por comparação, são mais propensos a ter a pancreatite aguda, uma condição de curto prazo inflamatória que pode ser completamente reversível após a causa incial ser eliminada. Em alguns casos de pancreatite felina, o curso pode ser bem complicado e a doença pode provocar danos a outras áreas do corpo,


MEDICINA LABORATORIAL DE FELINOS ainda pouco acessível em nosso meio. Outro recurso diagnóstico, porém casuisticamente aplicado em conjunto com o diagnóstico post-mortem (necrospia) é o exame histopatológico.

Figura 1: Aparência microscópica de um pâncreas de um gato com pancreatite aguda. Fonte: Current Concepts in Feline Pancreatitis. Panagiotis G. Xenolius e Jorg M. Steiner; Texas A&M University)

levando à insuficiência respiratória, esteatite (inflamação dolorosa de tecido adiposo) e outros danos, muitas vezes com consequências graves.

Diagnóstico

A doença não pode ser diagnosticada somente com base no histórico ou sinais clínicos, uma vez que tais sinais (letargia, inapetência, perda de peso, vômitos, diarreia) podem imitar muitas outras doenças em gatos, não sendo específicos para pancreatite. Para complicar ainda mais, a pancreatite em gatos frequentemente se desenvolve simultaneamente com outras doenças, tais como a esteatose hepática, colangiohepatite (inflamação do fígado e das vias biliares) e doença inflamatória intestinal. Tal ocorrência simultânea destas afecções é denominada Triadite ou Doença Tríade Felina. Laboratorialmente sugere-se a dosagem de duas enzimas encontradas no soro, amilase e lipase, que se constituem bons indicadores de inflamação pancreática quando se demonstram em elevadas concentrações. Recentemente um estudo demonstrou que quase 50% dos cães com amilase sérica elevada ou níveis de lipase elevados não têm

pancreatite. Em gatos, a situação é um pouco mais complexa. A amilase e lipase séricas são utilizadas para triagem. Isto se deve principalmente ao fato de outros órgãos produzirem estas enzimas (estômago e intestino delgado). Estas enzimas são excretadas por via renal, além disso, a presença de doença renal concomitante (o que é bastante comum em gatos) pode elevar falsamente a amilase no soro e níveis de lipase. Ocasionalmente, uma elevada contagem de células brancas do sangue e aumento das enzimas hepáticas podem estar presentes, mas estas descobertas não são também específicas para doença pancreática, por si só. Um novo teste, mais rápido e preciso, para determinar no soro (semiquantitativamente) a lipase pancreática específica (por imunorreatividade) tornou-se validado para cães e gatos, demonstrando maior sensibilidade e especificidade para o diagnóstico: Lipase Imunorreativa Felina (FpLI). Tal teste, conjugado com anticorpos espécie-específicos tem se mostrado em alguns estudos com sensibilidade até mesmo superior a mensuração de fTLI (Imunorreatividade de fator semelhante a Tripsina), teste

Sinais clínicos apresentados por pacientes gravemente afetados e sua porcentagem de ocorrência: - Letargia: 100% - Falta de apetite: 97% - Desidratação: 92% - Taquipneia: 74% - Hipotermia: 68% - Icterícia: 64% - Taquicardia: 48% - Vômitos: 35% - Dor abdominal: 25% - Massa abdominal sentida no exame físico: 23% - Dificuldade para respirar: 20% - Diarreia:15% - Incoordenação: 15% - Febre: 07% EXAMES REALIZADOS PELO TECSA LABORATÓRIOS CÓD - EXAME

PRAZO/DIAS

39 - HEMOGRAMA COMPLETO

1

570 - CHECK UP GLOBAL DE FUNÇÕES

1

333 - PERFIL HEPÁTICO

1

764 - LIPASE IMUNORREATIVA FELINA ELISA - ESPÉCIE ESPECÍFICA

1

086 - HISTOPATOLÓGICO COM COLORAÇÃO DE ROTINA HE

4

094 - AMILASE

1

106 - LIPASE

1

627 - LIPASE IMUNORREATIVA CANINA ELISA - ESPÉCIE ESPECÍFICA

1

Referências Bibliográficas

Texto adaptado do site Manhattancats.com - “Pancreatite, doença misteriosa e complicada de diagnosticar”, por Arnold Plotnick em fevereiro de 2006.

31


DERMATOLOGIA

CONTROLE DA DERMATITE ATÓPICA Introdução

A dermatite atópica é uma dermatose inflamatória e pruriginosa de origem genética e de alta incidência, que atinge em torno de 20% dos animais. Ela está associada a uma reação a alérgenos ambientais como ácaros, fungos, gramíneas, pólens, ervas, produtos químicos, alimentos, entre outros. A predisposição genética é um dos fatores principais para a dermatite atópica. Os animais de raças puras são os mais acometidos como: Poodle, Shih tzu, Malteses, Golden, Yorkshire. Entretanto animais mestiços também apresentam a doença. Não há predisposição sexual, tanto os machos quanto as fêmeas são acometidos igualmente. É considerada uma doença de adultos jovens, onde os primeiros sinais clínicos aparecem entre seis meses a três anos de idade.

o alérgeno, as células de Langerhans entram em contato com este e os linfócitos T auxiliares são requisitados para fazerem a apresentação do antígeno aos linfócitos B, que produzem anticorpos IgE alérgeno-específicos e células de memória. Posteriormente os anticorpos IgE se ligam aos mastócitos e basófilos teciduais, resultando em degranulação e liberação de mediadores inflamatórios pré-formados, além da estimulação da cascata do ácido aracdônico. Os mediadores préformados são: histamina, heparina, serotonina, cininogenase, proteases neutras, fator quimiotático eosinofílico da anafilaxia, fator quimiotático do neutrófilo, fator ativador das plaquetas e todos os derivados do ácido aracdônico (figura 1).

Fisiopatologia

Sua fisiopatologia é considerada complexa e envolve vários fatores de natureza imunológica e não imunológica. Acredita-se que mutações genéticas conduzem a distúrbios de função da barreira tegumentar, defeitos na resposta imune antimicrobiana e a hiperreatividade cutânea a aeroalérgenos, antígenos microbianos, irritantes e trofoalérgenos. Uma vez que a função protetora da pele se encontra prejudicada favorece a penetração de bactérias, fungos, inalantes (pólens e ácaros) e irritantes como (gramíneas, ervas e produtos químicos) pelos espaços presentes entre as células, onde o contato destes agentes com o organismo desencadeia as reações alérgicas. As reações alérgicas típicas são predominantemente aquelas que envolvem predisposição genética, produção de anticorpos reagentes, além da degranulação de mastócitos. São reações que geralmente se iniciam após o segundo contato com o antígeno, sendo também chamadas de reações imediatas. A dermatite atópica envolve este tipo de reação que é mediada principalmente pela IgE. Uma vez feito o contato com 32

Figura 1: Cascata da resposta alérgica. Fonte: e-portefoliobio

Sinais Clínicos

O principal sinal clinica apresentado nos animais com dermatite atópica é o prurido (figura 2a). De uma forma geral, o prurido do atópico é caracterizado por ser continuo de moderado a intenso, durante todo o dia/noite. Entretanto alguns animais podem apresentar o prurido associado a determinadas estações do ano, sendo relatado pelos proprietários. Por exemplo, na primavera, estação associada à presença de maior quantidade de pólens e florações. O prurido do animal atópico é considerado de origem primaria. Sendo o ato de coçar, lamber e morder os responsáveis pelo aparecimento das lesões cutâneas. Essas lesões ficam susceptíveis a infecções o que

desencadeia ainda mais o ato de coçar, entrando em um ciclo vicioso aumentando mais as lesões cutâneas no animal (Figura 2b). A

B

Figura 2a: Inicio do processo alérgico, animal com prurido. Fonte: vettherapy.

Figura 2b: Animal com sinais mais avançados da dermatite atópica. Fonte: http://www. bemcoisademulher.com/pet-lovers-dermatiteatopica/).

Os animais apresentam geralmente uma pele avermelhada, seca, com escoriações, descamação e presença de urticária. Em muitos dos casos, também estão presentes crostas generalizadas decorrentes das infecções cutâneas por bactérias. Essas lesões ocorrem principalmente na face, pavilhão auricular, extremidades distais dos membros, axilas, região inguinal e dorso do animal. Sendo as lesões crônicas observadas principalmente nos locais onde há prurido intenso e repetido.

Diagnóstico

O diagnóstico é realizado a partir da exclusão de todas as outras causas de doença de pele pruriginosas, associado a historia clínica e aos sinais clínicos do animal. O diagnóstico definitivo da dermatite atópica geralmente não é dado na primeira consulta, sendo indicada a realização de raspado cutâneo de lugares diversos para pesquisa de sarna e fungos (pesquisa direta e cultura). As avaliações do descartar hormonal e clínico para patologias como hiperadrenocorticismo hipotireoidismo e hiperestrogenismo, são exames imprescindíveis para qualquer paciente portador de dermatopatias. Para confirmação da dermatite atópica é indicado a realização da prova sorológica IgE especifico. Os Testes sorológicos IgE específicos são uteis para identificar hipersensibilidade


DERMATOLOGIA

EXAMES REALIZADOS PELO TECSA LABORATÓRIOS

PRAZO/DIAS

CÓD - EXAME

a alérgenos ambientais. Este teste pesquisa a presença de anticorpos específicos produzidos pelos linfócitos B ativados após o contato com o alérgeno. É interessante ressaltar que o teste dosa o IgE ligado aos mastócitos, ou seja, a fração realmente ativa no processo da alergia.

Controle da Dermatite Atópica

O tratamento é baseado no controle dos sinais clínicos, visto que não há cura para essa doença, por isso, o proprietário deve estar ciente de que deverá fazer as medidas corretivas e aplicações de medicamentos por toda a vida do animal. Mas, com a realização de todas as recomendações passadas pelo médico veterinário responsável, o animal apresentará redução significativa dos sinais clínicos, melhorando muito sua qualidade de vida. O controle consiste em algumas etapas. 1- Identificação dos alérgicos causadores do quadro de atopia, através dos testes sorológicos IgE específicos. 2- Minimizar o contato do animal com os alérgenos ambientais, principalmente os alérgenos detectados nos testes sorológicos IgE específicos. O isolamento do animal atópico em gaiolas, mostrou ser eficiente na redução rápida do prurido na maioria dos cães, com hipersensibilidade IgE a alérgenos ambientais. 3- Promover a hidratação da pele visando recuperar a função de barreira

87 - CITOLOGIA

3

759 - CULTURA DE FUNGOS COM ANTIFUNGIGRAMA

30

86 - HISTOPATOLOGICO COM COLORACAO DE ROTINA - HE

4

epidérmica.

355 - PESQUISA DE SARNA E FUNGOS

1

4- Tratamento imunoterapico. A utilização da imunoterapia específica é uma forma eficaz e segura para reduzir os sinais clínicos dos animais com dermatite atópica. O objetivo da imunoterapia é dessensibilizar o animal, ´´ensinando´´ o organismo a não montar uma resposta alérgica contra os alérgenos específicos, reduzindo assim significativamente o prurido. O uso da imunoterapia terá como objetivo a melhora das lesões de pele (figura 3c) e da qualidade de vida do animal. As aplicações são fáceis já que podem ser por via subcutânea ou sublingual (figura 3a). 60 a 80% dos pacientes que passam pelo tratamento Imunoterápico, apresentam melhora dos sintomas já nos primeiros seis meses de tratamento. O tratamento imunoterapico deve ser continuo por no mínimo um ano, para poder avaliar adequadamente a sua eficácia, sendo necessário o tratamento por toda a vida do animal. A imunoterapia permite a redução significativa na terapia farmacológica (corticoides) levando ocasionalmente a sua eliminação. 3A

686 - TESTES ALÉRGICOS – PAINEL C/ 24 ALÉRGENOS

7

684 - TESTE ALÉRGICO ALERGIA À PICADA (SALIVA) DE PULGA

7

334 - PERFIL HIPERADRENOCORTICISMO

3

336 - PERFIL HIPOTIREOIDISMO

2

702 - PERFIL TRIAGEM HORMONAL FÊMEAS

2

VACINA IMUNOTERAPICA SUBLINGUA

45

VACINA IMUNOTERAPICA SUBCUTÂNEA

45

Referências Bibliográficas

NELSO, R. W. ; COUTO, C.G. Medicina interna de pequenos animais.4 ed. Rio de Janeiro: Guanabara koogan, 2010. Treatment of canine atopic dermatitis: 2015 updated guidelines from the International Committee on Allergic Diseases of Animals (ICADA). [citado em 08 /04/2016] http:// bmcvetres.biomedcentral.com/articles/10.1186/s12917-0150514-6

3B

3C

Figura 3a: Aplicação da vacina imunoterapica sublingual. Figura 3b: Animal antes do tratamento imunoterapico.

Figura 3c: Melhora clinica após tratamento imunoterapico. Fonte: Heska.com.

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BIOLOGIA MOLECULAR

DIAGNÓSTICO DA CINOMOSE CANINA PELA TÉCNICA DE PCR REAL TIME

Introdução

A cinomose canina ou também conhecida como doença dos coxins ásperos, é uma doença causada pelo vírus da família Paramixoviridae do gênero Morbilivírus, que possui um vírion envelopado e um genoma de RNA. É considerada uma doença altamente contagiosa e severa, não só para os cães domésticos, mas para muitos outros carnívoros. Mesmo existindo uma vacina de uso amplo para cinomose, essa doença ainda tem uma incidência elevada na clínica veterinária. Sua ocorrência é mundial, não tem predileção por raça, sexo e nem a sazonalidade. 34

Patogenia

Na cinomose canina, a eliminação do vírus pode ocorrer por meses através de secreções e excreções, como por exemplo as secreções nasais (figura 1), conjuntivais e lacrimais, saliva, urina e fezes. Após o vírus infectar o animal, o período de incubação ocorre aproximadamente de três a sete dias. Os tecidos linfoides são os pontos iniciais de multiplicação do vírus, que é posteriormente disseminado para os tratos respiratório, gastrointestinal, tegumentar e nervoso. Por sua vez, essa disseminação depende diretamente da resposta imune do animal, que pode ou não desenvolver a doença.

Figura 1: Sinal respiratório. Fonte: blogclinicacão.com

Sinais clínicos

Os sinais clínicos da cinomose podem ser divididos em fase respiratória, gastrointestinal e nervosa (figura 2). De forma geral, os primeiros sinais que


BIOLOGIA MOLECULAR aparecem são febre, vômito, diarreia e dificuldades respiratórias. Entre o 2º-6º dia e o 8º-9º dia, podem ocorrer picos de febre, que pode chegar a 41ºC. Com a disseminação do vírus, outros sinais como anorexia, apatia e conjuntivite começam a se tornar evidentes. Já os sinais neurológicos (convulsões, cegueira, rigidez muscular, vocalização, ataxia, tremores e hipertermias) comumente iniciam-se entre o 9º-10º dia de infecção, podendo ser irreversíveis (óbito ocorre em 30-80% dos casos).

Figura 2: Animal apresentando sinal neurológico. Fonte: Blogdocachorro.com

Diagnóstico

O diagnóstico da cinomose deve ser feito de forma cautelosa, levando-se em conta os sinais clínicos do animal, anamnese e exames laboratoriais. Existem vários tipos de exames para cinomose, como os moleculares, sorológicos e histopatológicos - cada um com suas vantagens e desvantagens. Entretanto, dentre todos os métodos, o PCR Real Time (PCR-RT) é o que apresenta o resultado mais preciso. O desenvolvimento e aprimoramento das técnicas de biologia molecular nos últimos anos, possibilitou o aperfeiçoamento do processo de PCR convencional, resultando na moderna técnica de PCR em tempo real. Essa evolução possibilitou que o método se tornasse mais sensível, especifico e com maior reprodutibilidade. Dessa forma, a PCR-RT se constitui atualmente na melhor ferramenta de diagnóstico em casos de cinomose canina em comparação às demais técnicas, inclusive, sobre a PCR convencional. A PCR-RT possui várias vantagens sobre a PCR convencional, que facilitam o diagnóstico do paciente. 35


BIOLOGIA MOLECULAR

Além de ser possível quantificar o material genético na amostra, a técnica requer concentrações muito menores de material genético; o tempo de reação é reduzido; há maior reprodutibilidade, sensibilidade e precisão. O risco de contaminação na PCR-RT é mínimo, uma vez que a reação ocorre dentro de um tubo fechado, sem a necessidade de manipulação do material e ausência de processamento pós-amplificação, fazendo com que o risco de contaminação diminua significativamente quando comparado à PCR convencional. A quantificação da amostra é um dos maiores diferenciais da PCR-RT, pois com ela tornou-se possível informar qual a quantidade de material genético contido na amostra. Essa informação pode auxiliar na diferenciação de reações vacinais ou se realmente se trata de uma infecção natural. Além disso, podese também saber o grau de infecção, estimar o prognóstico e o tratamento de doenças, levando em consideração a quantidade inicial do material genético detectado. 36

Conclusão

A cinomose canina é uma doença de ampla incidência na clínica veterinária. Dessa forma, o Médico Veterinário deve estar apto para diagnosticar de forma correta e precisa, sabendo interpretar os resultados obtidos em diferentes metodologias de exames existentes. Atualmente, a técnica que melhor auxilia o Médico Veterinário no diagnóstico da cinomose é a PCR-RT, pois além de possuir alta especificidade e sensibilidade, informa se o vírus está presente ou não na amostra enviada. Caso queira maiores informações, entre em contado com um de nossos veterinários, teremos um grande prazer em atendê-lo. Referências Bibliográficas

MONTEIRO, M.V.B.; SANTOS, M.P.S.; COSTA, C. T. C.; et al. Cinomose canina nos animais domésticos e silvestres. Revista de Ciências Agrarias. V,53, n,2, p. 216-223, julho/ dezembro 2010. ALBUQUERQUE, A. R.; DREHMER, C. L.; SILVA, V. G. Cinomose Canina: Revisão de Literatura. Anais do 11º Encontro Científico Cultural Interinstitucional - 2013. NASCIMENTO, D.N.S. Cinomose canina – Revisão de literatura. Universidade Federal Rural do Semiárido. Departamento de Ciência Animal. Clínica Médica de Pequenos Animais.

EXAMES REALIZADOS PELO TECSA LABORATÓRIOS

CÓD - EXAME

PRAZO/DIAS

239 /-CINOMOSE + PARVOVIROSE IGM - METODO: IMUNOCROMATOGRAFIA

1

723 - CINOMOSE METODO PCR REAL TIME QUALITATIVO

5

772 - CINOMOSE - METODO PCR REAL TIME QUANTITATIVO

7

537 - CINOMOSE PESQUISA DO ANTIGENO VIRAL

1

136 - CINOMOSE - PESQUISA DO CORPUSCULO DE INCLUSAO

2

670 - CINOMOSE IGG + PARVOVIROSE IGG

1

806 - PERFIL DOENCAS ENTERICAS - CINOMOSE E PARVOVIROSE PCR REAL TIME QUALITATIVO

4


PATOLOGIA CLÍNICA

A HIPERLACTATEMIA COMO IMPORTANTE MARCADOR PROGNÓSTICO EM INFECÇÕES AGUDAS POR BABESIA CANIS

Metabolismo Anaeróbico dos Carboidratos

Babesiose Canina

A babesiose canina é uma doença transmitida por carrapato e causada por hematozoários do gênero Babesia. Nove espécies diferentes são descritas como causadoras de babesiose em cães, entretanto apenas duas assumem maior importância epidemiológica no Brasil, Babesia canis e Babesia gibsoni. A doença cursa com processo hemolítico intra e extravascular, mas também pode resultar em disfunção múltipla de órgãos associada com hemoglobinúria, febre, icteríciae esplenomegalia. A crise hemolítica pode levar a um quadro de hipóxia tecidual anêmica, metabolismo anaeróbico e acidose.

Figura 1: Esfregaço sanguíneo de cão com babesiose. Par de merozoítos de Babesia canis exibindo formato piriforme típico. Fonte: Ken Latimer(2004) UniversityofGeorgiaResearchFoundation Inc.

Figura 2: Mucosa gengival ictérica de cão. Fonte: www.askjpc.org

Conforme a hipóxia secundária à anemia hemolítica se estabelece, o tecido busca compensar a produção energética através de vias metabólicas que não dependem da utilização do oxigênio. Esta condição anaeróbica que os tecidos ficam submetidos propicia que a transformação em lactato a partir do piruvato, um metabólito proveniente da quebra da glicose, tornese estimulada. Este lactato, depois de formado, é metabolizado pelo fígado e, quando produzido em grande quantidade, pode superar o limiar de capacidade de processamento hepático desta substância e se acumular na corrente sanguínea. 37


PATOLOGIA CLÍNICA bioquímico, hemograma completo e até mesmo PCR quantitativo para se estabelecer um prognóstico preciso e confiável para cada animal.

EXAMES REALIZADOS PELO TECSA LABORATÓRIOS

CÓD - EXAME

Hiperlactatemia Prognóstica

Muitas doenças graves apresentam descrição de hiperlactatemia por culminarem em uma combinação de hipóxia tecidual e aumento do metabolismo energético. Estudos em pacientes humanos demonstram que a persistência pós-terapêutica de concentrações elevadas de lactato mensuradas em pacientes submetidos a choque associaram-se com mortalidade consideravelmente aumentada.Em outro estudo, concluiu-se que o lactato pode ser considerado o índice prognóstico mais confiável para pacientes humanos submetidos a choque hipovolêmico. Dentre estes indivíduos, aqueles que não apresentarem estabilização e melhora de sinais clínicos em até 1 hora após a instituição de medidas terapêuticas tradicionais devem ser considerados para receber terapia alternativa. Na medicina veterinária, a dosagem de lactato sérico apresentou utilidade prognóstica em cavalos submetidos a cólica e valor preditivo para identificar necrose gástrica em cães apresentando vólvulo gástrico.

Figura 3: Cão com babesiose recebendo terapia de suporte a base de ventilação rica em oxigênio. Fonte: dogs.lovetoknow.com

38

Um estudo realizado em 90 cães, incluindo várias raças e igualmente distribuído em gênero e idade evidenciou uma concentração média de lactato sérico igual a 13,8mg/dL no grupo formado por cães saudáveis, 39 mg/dL no grupo de cães infectados com babesiose e sobreviventes e igual a 145 mg/dL no grupo de cães fatalmente infectados por Babesia canis. A constatação de hiperlactatemia em momento pré-tratamento foi associada com prognóstico ruim, entretanto as dosagens sequenciais de lactato permitiram definir um ponto de corte em 40 mg/dL mensurado 24 horas após o início do tratamento de suporte para se estimar a taxa de sobrevivência de maneira mais precisa. Todos os animais apresentando concentração de lactato sérico menor que este ponto de corte, neste momento, sobreviveram e todos os animais apresentando valores acima não sobreviveram.

Outros Fatores Prognósticos

Outras ferramentas prognósticas consideradas úteis para a babesiose canina incluem as dosagens séricas da glicose, triglicerídeos, proteína total, concentração de leucócitos e plaquetas. Um estudo determinou que os cães apresentando anemia moderada, trombocitopenia intensa, leucopenia de leve a moderada, hiperlactatemia, hipertrigliceridemia e hiperproteinemia devem ser encaminhados para receber cuidados intensivos. Desta forma, preconiza-se a solicitação de perfil

PRAZO/DIAS

788 - CHECK UP GLOBAL DE FUNCOES COM HEMOGRAMA

1

217 - LACTATO

2

113 - TRIGLICERÍDEOS

1

769 - BABESIA CANINA METODO PCR REAL TIME QUANTITATIVO

7

Referências Bibliográficas

Button C. Metabolicandelectrolytedisturbances in acutecaninebabesiosis. J Am Vet Assoc 1979;175:475–479. Desphande S, Ward Platt MP. Associationbetweenblood lactateandacid-base status andmortality in ventilated babies. ArchDisChild1997;76:F15–F20. Eichenberger RM, Riond B, Willi B, Hofmann-Lehmann R, Deplazes P. PrognosticMarkers in AcuteBabesia canis Infections. J Vet Intern Med. 2016 Jan 4. doi: 10.1111/ jvim.13822. Ganong WF. Endocrinologyandmetabolism. In: Ganong WF, ed. Reviewof Medical Physiology. San Francisco, CA: Lange Medical Publications; 1975:206–221. Jacobson L,Clark IA.The pathophysiologyofcaninebabesiosis: New approaches toanold puzzle. J S Afr Vet Assoc1994;68:134– 145. Lobetti R. Caninebabesiosis. CompContEducPract Vet 1998; 20:418–430. Lobetti R, Mohr AJ, Dippenaar T, Myburgh E. A preliminar studyontheserumprotein response in caninebabesiosis. J S Afr Vet Assoc2000;71:38–42. Welzl C, Leisewitz AL, Jacobson LS, et al. Systemicinflammatory response syndromeandmultipleorgandamage/dysfunction in complicatedcaninebabesiosis. J S Afr Vet Assoc2001;72:158–162.


ANATOMIA PATOLÓGICA

COMO SOLICITAR O EXAME HISTOPATOLÓGICO Um resultado confiável de exame histopatológico começa com o veterinário responsável pelo envio do tecido coletado. O correto manejo da amostra desde o momento da coleta até a sua chegada ao laboratório é essencial para manter a devida preservação tecidual e evitar a formação de artefatos indesejáveis e autólise, capazes de prejudicar a avaliação diagnóstica completamente. O envio de informações relacionadas com o paciente e a amostra também é essencial para a qualidade da análise microscópica e sua interpretação. A função da fixação é a de inibir a decomposição ou a autólise do fragmento de tecido coletado para que este possa ser adequadamente analisado quando chegar ao laboratório. A qualidade da fixação pode impactar consideravelmente na viabilidade do tecido. Por esse motivo, vários fatores devem ser considerados no momento de fixação do material coletado. O fragmento de tecido enviado ao laboratório para avaliação histopatológica deve possuir até dois cm de espessura e ser acondicionado em formalina imediatamente após a coleta. Este procedimento deve ocorrer o mais rápido possível, respeitando um limite de 30 minutos após a coleta. A proporção correta de formol a 10% tamponado para amostra deve ser de 10:1, ou seja, 9 partes de formol (a 10%) para 1 parte de amostra. Procurar recipientes com tamanho suficiente para acondicionar o volume total de amostra + formol e certificar que sua tampa está bem fechada e vedada. Alguns tecidos como olhos e testículos, podem ser preservados de maneira melhor quando armazenados na presença de outras substâncias fixativas como a solução de Davidson modificada e solução de Bouin. Consulte o laboratório para mais informações. Preconizar o uso de recipientes separados e individualmente identificados com o local de coleta. O tamanho do recipiente deve ser

proporcional ao tamanho da amostra, respeitando-se sempre a razão de 10:1 entre o volume de formol e de amostra. Os fragmentos muito grandes devem ser parcialmente fatiados, permitindo a penetração da substância fixativa. Enviar os fragmentos menores em frascos separados de amostras maiores. Não cortar as bordas da amostra caso exista interesse em avaliar as margens cirúrgicas. Os órgãos luminais (intestino, útero, vasos calibrosos, etc) devem receber uma descarga de formalina sobre sua superfície luminal intacta. Os tecidos podem sofrer encolhimento de seu tamanho secundariamente ao processo de fixação por formol e etapas de desidratação pós excisional. Este aspecto pode trazer alterações na avaliação do tamanho da margem cirúrgica. O gargalo do recipiente deve ser mais largo do que a amostra, pois, apesar de os tecidos frescos serem flexíveis e maleáveis, as amostras fixadas com formalina tornam-se rígidas, o que dificulta a sua manipulação através de um orifício estreito. A utilização de recipientes de vidro não é recomendada devido ao risco de quebra durante o transporte. Todas as informações referentes à história do paciente e achado clínico contribuem para um resultado preciso. Sempre enviar as seguintes informações juntamente com a solicitação do exame: 1. Histórico do paciente 2. Sinais clínicos 3. Quantidade de lesões e sítios anatômicos afetados 4. Quantidade de amostras enviadas ao laboratório 5. Descrição macroscópica da lesão com descrição anatômica específica, tamanho, formato, consistência, padrão de simetria e bordas. 6. Achados radiográficos e ultrassonográficos 7. Resultados de outros exames laboratoriais 8. Suspeita clínica

Identificar os frascos com o nome do animal, local de coleta e data. Armazenar em temperatura ambiente e NÃO CONGELAR! Se múltiplas massas forem enviadas, cada uma será considerada um local de coleta distinto. Neste caso, recomendamos a solicitação dos exames “Histopatológico com coloração de rotina (2 a 3 peças)” ou “Histopatológico com coloração de rotina (4 a 5 peças)”. Caso sejam encontradas lesões adicionais no momento da clivagem, pode haver adiamento da entrega do resultado enquanto o laboratório busca a permissão do veterinário solicitante do exame para a cobrança da análise de lesões adicionais.

EXAMES REALIZADOS PELO TECSA LABORATÓRIOS

CÓD - EXAME

PRAZO/DIAS

86 - HISTOPATOLÓGICO COM COLORAÇÃO DE ROTINA – HE

4

752 - PERFIL FACILITADOR HISTOPATOLÓGICO C/ COLORAÇÃO DE ROTINA – 2 A 3 PEÇAS

5

753 - PERFIL FACILITADOR HISTOPATOLÓGICO C/ COLORAÇÃO DE ROTINA – 4 A 5 PEÇAS

5

Referências Bibliográficas

KAMSTOCK, D. A. et al. Recommended guidelines for submission, trimming, margin evaluation, and reporting of tumor biopsy specimens in veterinary surgical pathology. Veterinary Pathology Online, v. 48, n. 1, p. 19-31, 2011. KERNS, M.J.; DARST, M.A.; OLSEN, T.G.; et al. Shrinkage of cutaneous specimens: formalin or other factors involved? J Cutan Pathol 35(12):1093–1096, 2008. MORRIS, J.; DOBSON, J. Small animal oncology. John Wiley & Sons, 2008. SIMPSON, P. R.; TSCHANG, T. P. DASP recommendations: consultations in surgical pathology. Association of Directors of Anatomic and Surgical Pathology. Hum Pathol 24(12):1382, 1993. WERNER, B. Skin biopsy with histopathologic analysis: why? what for? how? part II. Anais brasileiros de dermatologia, v. 84, n. 5, p. 507-513, 2009. WITHROW, S. J.; MACEWEN, E. G. Withrow and MacEwen’s small animal clinical oncology. Philadelphia: Saunders Company, 2007.

39


ALERGOLOGIA

FARMACODERMIA (REAÇÕES ADVERSAS A DROGAS) EM CÃES E GATOS

Introdução

A reação medicamentosa adversa (RMA), representa qualquer efeito não intencionado decorrente do uso de drogas terapêuticas ou da combinação de dois ou mais agentes farmacológicos ativos. A reação medicamentosa adversa cutânea (RMAC), é um tipo de RMA que afeta primariamente a pele. Outros termos são usados para descrever a RMAC incluindo erupção medicamentosa cutânea, erupção medicamentosa, alergia medicamentosa e dermatite medicamentosa. Em humanos, as reações imunomediadas ou idiossincráticas que podem ser de fundo imunológico, representam 25% das RMA’s. A incidência desta enfermidade em cães e gatos é relatada em torno de 2% e 1,6% respectivamente, dentre todos os casos dermatológicos examinados em uma rotina universitária. 40

Causa e Patogênese

Teoricamente, qualquer droga é capaz de induzir uma erupção cutânea, entretanto, alguns tipos específicos de drogas são mais frequentemente associados com a manifestação da RMAC. Em cães, os agentes tópicos como as sulfonamidas, penicilinas, cefalosporinas, levamisol e dietilcarbamazina, são as drogas mais frequentemente reconhecidas como causadoras de RMAC’s idiossincráticos. Em gatos, os agentes tópicos mais frequentes são as penicilinas, cefalosporinas e as sulfonamidas. As RMAC’s podem ser classificadas de acordo com o mecanismo patofisiológico, em etiologias imunológicas e não imunológicas. Os mecanismos não imunológicos incluem as reações imprevisíveis, que podem ter origem idiossincrática,

pseudoalérgica ou de intolerância. Em humanos, foi comprovada a existência de fatores genéticos contribuindo para o desenvolvimento da lesão. Existem muitas reações imunológicas associadas à RMAC, e estas podem ser do tipo I ao IV. Também é possível agrupar as causas de RMAC em previsíveis, quando o efeito é dependente da dose e da atividade farmacológica do medicamento e em não previsíveis (ou idiossincráticas), quando o efeito é frequentemente independente da dose, e sim, relacionado com a resposta imunológica do indivíduo ou diferenças genéticas na susceptibilidade do paciente (idiossincrasia ou intolerância), geralmente associadas com deficiências enzimáticas ou metabólicas. Os efeitos cutâneos de algumas drogas são conhecidos e previsíveis, devido às consequências provocadas na biologia


ALERGOLOGIA celular. Por exemplo, muitos fármacos quimioterápicos ou imunossupressivos como a doxorrubicina podem causar alopecia, hiperpigmentação, prurido, regeneração de feridas ruim, púrpura e aumento da susceptibilidade a infecções. Os glicocorticoides também são capazes de provocar vários efeitos adversos cutâneos, incluindo a terapia tópica, capaz de induzir lesões bolhosas.

Apresentações Clínicas

As RMAC’s podem mimetizar praticamente qualquer dermatose. As alterações clínicas mais comuns em cães incluem dermatite de contato, dermatite exfoliativa, prurido associado com lesões auto-induzidas, erupções máculopapulares e eritema multiforme (figura 1). Em gatos, as alterações dermatológicas mais comuns incluem dermatite de contato e lesões autoinduzidas por prurido.

Figura 1: Eritema multiforme em região ventral de cão. Fonte: Miller, Griffin, Campbell (2013).

Estudos demonstraram que os cães jovens e castrados apresentam maior tendência em exibir reações adversas num período de 3 dias após administração vacinal. Em outro estudo, foi observada predileção para RMAC nas raças Pastor Shetland, Dálmata, York Shire, Poodle Miniatura, Terrier Escocês, Schnauzer Miniatura, Pastor Australiano, Greyhound, Dentre Outras. As Raças Poodle, Bichon Frisés, Silky Terrier, Pequinês e Maltês apresentam predisposição específica para reações a injeção localizada, especialmente para vacina da raiva. Os Pinschers costumam apresentar reações a sulfonamida e o Schnauzer Miniatura frequentemente desenvolve uma dermatite necrolítica supurativa superficial, quando recebe tratamento com alguns tipos xampus (figura 2). Apesar de alguns humanos infectados com o vírus da imunodeficiência adquirida (HIV), apresentarem maior

propensão a reações adversas à drogas, esta relação não foi observada em gatos FeLV ou FIV positivos.

Figura 2: Dermatite necrolítica supurativa superficial com lesões ulceradas e necrosadas graves que se desenvolveram após alguns dias da exposição a um xampu em dorso de um schnauzer. Fonte: Miller, Griffin, Campbell (2013).

Diagnóstico

A presença de nódulos e alopecias em áreas de aplicação de vacinas e a manifestação do eritema multiforme são critérios clínicos que direcionam para o diagnóstico de RMAC. Entretanto, devido à variedade de tipos de lesões associadas a muitas outras dermatoses, faz-se necessária a consideração de muitos diagnósticos diferenciais. A medicina humana apresenta algumas alternativas analíticas laboratoriais para o diagnóstico de RMAC, como teste intradérmico, teste de emplastro, teste de transformação linfocitária e teste de toxicidade. Entretanto, estes testes apresentam sensibilidade e especificidade desconhecidas para pacientes veterinários. Por esse motivo, o diagnóstico de RMAC em cães e gatos é baseado primordialmente nos achados clínicos associados com histórico de administração medicamentosa e das erupções. Se a erupção estiver ocorrendo enquanto o paciente está recebendo a droga, se a droga foi descontinuada recentemente e a interrupção do tratamento resulta em restituição das lesões, ou, se a exposição repetida do medicamento leva ao aparecimento de lesões similares, o diagnóstico de RMAC deve ser considerado. Assim como as manifestações clínicas relacionadas com RMAC são intensamente variáveis, os achados histopatológicos também são. Na veterinária, a análise histopatológica pode ser útil para identificar síndromes cutâneas específicas relacionadas à RMAC como: Eritema multiforme, necrólise epidermal tóxica, dermatose neutrofílica estéril, celulite eosinofílica,

dermatite necrolítica supurativa superficial e vasculite. Quando se optar pela solicitação deste tipo de exame é fundamental informar no histórico a administração medicamentosa do paciente, para que esta informação esteja disponível para o patologista no momento da análise da amostra de biópsia.

EXAMES REALIZADOS PELO TECSA LABORATÓRIOS

CÓD - EXAME

PRAZO/DIAS

86 - HISTOPATOLÓGICO COM COLORAÇÃO DE ROTINA – HE

4

752 - PERFIL FACILITADOR HISTOPATOLÓGICO C/ COLORAÇÃO DE ROTINA – 2 A 3 PEÇAS

5

753 - PERFIL FACILITADOR HISTOPATOLÓGICO C/ COLORAÇÃO DE ROTINA – 4 A 5 PEÇAS

5

Referências Bibliográficas Barbaud A, et al: Guidelines for performing skin tests with drugs in the investigation of cutaneous adverse drug reactions. ContactDermatitis 45(6):321–328, 2001 Benahmed S, Picot MC, et al: Accuracy of a pharmacovigilance  algorithm in diagnosing drug hypersensitivity reactions. ArchInternMed 165(13):1500–1505, 2005. Benahmed S, Picot MC, Hillaire-Buys D, et al: Comparison of pharmacovigilancealgorithms in drug hypersensitivity reactions. Eur J ClinPharmacol 61(7):537–541, 2005. Mosby’s Medical Dictionary, ed 8, 2008, Elsevier. Moore N, Biour M, Paux G, et al: Adverse drug reaction monitoring: doing it the French way. Lancet 2(8463):1056–1058, 1985. Riedl MA, Casillas AM: Adverse drug reactions: types and treatment options. AmFamPhysician 68(9):1781–1790, 2003.

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A grande motivação do TECSA Laboratórios, acima de tudo, sempre foi proporcionar uma boa qualidade de vida para os animais. Ao logo destes 21 anos de história, a sanidade animal foi ponto primordial para que implantássemos inovações e melhorias constantes no segmento veterinário. O Câncer é um tema que, como todos sabemos, é responsável por grande parcela de mortalidade

em Pets e animais de todos os portes. Assim como para nós humanos, esta taxa pode ser reduzida se diagnosticada precocemente e feito o acompanhamento adequado. Destacamos que o TECSA Laboratórios, atua firmemente no combate ao câncer, oferecendo exames com agilidade, responsabilidade, precisão e segurança. Tais como:

232 | CEA - ANTÍGENO CARCINOEMBRIONÁRIO; 086 | HISTOPATOLÓGICO COM COLORAÇÃO DE ROTINA - HE; 752 | PERFIL FACILITADOR - HISTOPATOLÓGICO C/ COLORAÇÃO ROTINA - 2 A 3 PECAS 753 | PERFIL FACILITADOR - HISTOPATOLÓGICO C/ COLORAÇÃO ROTINA - 4 A 5 PECAS; 644 | HISTOPATOLÓGICO COM MARGEM CIRÚRGICA; 650 | HISTOPATOLOGIA COM COLORAÇÃO ESPECIAL 648 | IMUNOHISTOQUÍMICA PARA NEOPLASIA - PAINEL GERAL; 649 | IMUNOHISTOQUÍMICA DE NEOPLASIA - 1 MARCADOR; 656 | IMUNOHISTOQUÍMICA - VALOR PROGNÓSTICO DE MASTOCITOMA 659 | IMUNOHISTOQUÍMICA - DETECÇÃO DE MICRO - METÁSTASES DE MELANOMA

Nossa Equipe Técnica está à sua disposição para auxiliá-lo e orientá-lo quanto ao tema.

(031) 3281-0500

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uma revista revista do do Grupo Grupo TECSA TECSA uma Número 11, 12, 2016 Número

LEISHMANIOSEVETERINÁRIA VISCERAL NEFROLOGIA

O PAPEL DO LABORATÓRIO VETERINÁRIO NO DIAGNÓSTICO SOLUÇÕES E INOVAÇÕES www.vetsciencemagazine.com www.vetsciencemagazine.com

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