Presidência da República Secretaria-Geral da Presidência da República Secretaria de Controle Interno
Avaliação da Execução do Programa 0152 “Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo ao adolescente em conflito com a lei – PRÓ-SINASE” (Secretaria de Direitos Humanos/PR)
SÉRIE DIAGNÓSTICOS Volume III
Brasília-DF, agosto de 2012
Presidência da República Secretaria-Geral da Presidência da República Secretaria de Controle Interno
Avaliação da Execução do Programa 0152 “Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo ao Adolescente em Conflito com a Lei – PRÓ-SINASE”
SÉRIE DIAGNÓSTICOS Volume III (Secretaria de Direitos Humanos/PR)
Brasília-DF, agosto de 2012
PRESIDENTA DA REPÚBLICA Dilma Rousseff SECRETARIA-GERAL Ministro de Estado Chefe Gilberto Carvalho SECRETARIA DE CONTROLE INTERNO Secretário de Controle Interno Jerri Coelho Coordenação-Geral de Fiscalização de Programas de Governo e Atos de Pessoal - COFIP Coordenador-Geral Antônio Luiz Almeida Equipe Técnica COFIP Ana Cláudia da Silva Campolina Isabel Batista da Rocha José Tupinanbá Ibiapina Parente Marcele Botelho Werner Neibert Bezerra Colaboradores Alexandre Soares Francisco de Carvalho Claudio Augusto Grünewald Soares
Agradecemos a colaboração dos dirigentes e servidores da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República (SDH/ PR), bem como, aos gestores dos órgãos locais da política de Atendimento Socioeducativo de Adolescentes em Conflito com a Lei, aos promotores(as) do Ministério Público Estadual, aos juízes da Vara da Infância e da Juventude, representantes das Defensorias Públicas Estaduais, Conselho Estadual dos Direitos da Criança e do Adolescente e aos representantes da sociedade civil que atuam no desenvolvimento da política de atendimento socioeducativa. Sem a colaboração de todos, não teria sido possível realizar este trabalho. O êxito da avaliação da execução de programas de governo está estritamente relacionado à parceria que se estabelece entre a equipe de fiscalização e os dirigentes e técnicos responsáveis pela elaboração e execução do programa avaliado.
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SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 11
1.1) Seleção do Programa 0152 1.2) Objetivos e escopo 2. ESTRATÉGIA DE ATUAÇÃO DA CISET/PR .......................................................................... 15
2.1) Levantamento de Dados Orçamentários do Programa 0152 2.2) Definição da amostra 2.3) Verificação de conformidade 2.4) Avaliação de Programa de Governo 3. A PROBLEMÁTICA SOCIAL E A POLÍTICA PÚBLICA DE ATENDIMENTO SOCIOEDUCATIVO NO BRASIL ............................................................................................................................... 25
3.1) Histórico social 3.2) Características dos adolescentes 3.3) Rede de Atendimento Socioeducativo 3.4) Fundamentação legal 3.4.1) Estatuto da Criança e do Adolescente 3.4.2) Lei 12.594/2012 - Sinase 3.4.3) Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente (Conanda) 4. O PROGRAMA 0152 ....................................................................................................... 33
4.1) Objetivo/Finalidade 4.2) Público-alvo 4.3) Ações Orçamentárias do Programa 0152 4.4) Órgãos federais responsáveis 4.5) Demais Atores 4.6) Mecanismos de controle 4.7) Fluxo operacional da rede socioeducativa
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5. ASPECTOS FISCALIZADOS DO PROGRAMA .................................................................... 37
5.1) Parâmetros Arquitetônicos das Unidades de Atendimento Socioeducativas 5.1.1) Unidades de atendimento inicial 5.1.1.1) Diretrizes 5.1.1.2) O que foi verificado 5.1.1.3) Análise de cenário 5.1.2) Unidades de internação provisória 5.1.2.1) Diretrizes 5.1.2.2) O que foi verificado 5.1.3) Unidades de internação 5.1.3.1) Diretrizes 5.1.3.2) O que foi verificado 5.1.4) Unidades de semiliberdade 5.1.4.1) Diretrizes 5.1.4.2) O que foi verificado 5.2) Parâmetros Pedagógicos 5.2.1) Educação 5.2.1.1) Diretrizes 5.2.1.2) O que foi verificado 5.2.2) Esporte, cultura e lazer 5.2.3) Profissionalização 5.2.4) Saúde 5.3) Atuação do Poder Judiciário 5.3.1) O que foi verificado 5.4) Atuação do Ministério Público 5.4.1) O que foi verificado 5.5) Atuação da Defensoria Pública 5.5.1) O que foi verificado
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6. INDICADORES DE DESEMPENHO E CARACTERÍSTICAS VERIFICADAS DO SISTEMA SOCIOEDUCATIVO ............................................................................................................. 67
6.1) Indicadores utilizados nos estados 6.1.1) Perfil dos adolescentes 6.1.1.1) Gênero 6.1.1.2) Faixa etária 6.1.1.3) Escolaridade 6.1.1.4) Reincidência 6.1.1.5) Tipificação dos atos infracionais 6.1.1.6) Povos indígenas 6.1.2) Características das medidas socioeducativas 6.2) Indicadores utilizados pela SDH/PR 7. BOAS PRÁTICAS ............................................................................................................. 75
7.1) Atuação do órgão gestor estadual 7.2) Atuação das unidades socioeducativas 7.3) Atuação do Judiciário estadual 7.4) Atuação da Defensoria Pública Estadual 7.5) Atuação do Ministério Público Estadual 8. CONCLUSÃO .................................................................................................................. 79
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LISTA DE QUADROS
Quadro 1: Dotação Atualizada + Restos a Pagar Inscritos ...................................................... 16 Quadro 2: Recursos do Programa 0152 distribuídos por modalidade de aplicação ............... 17 Quadro 3: Recursos do Programa 0152 distribuídos por grupo de despesa .......................... 18 Quadro 4: Recursos do Programa 0152 sob a responsabilidade da Unidade Orçamentária: 55901- Fundo Nacional de Assistência Social (FNAS) ............................................................... 18 Quadro 5: Recursos do Programa 0152 repassados por meio de convênios ......................... 19 Quadro 6: Taxas de Homicídio dos Jovens entre 15 e 24 anos em 100.000 ........................... 27 Quadro 7: Índice de Homicídios na Adolescência no Brasil (IHA 2005/2007) ........................ 28 Quadro 8: Relação dos órgãos federais responsáveis pela implementação do Programa 0152 ........................................................................................................................ 34 Quadro 9: Instituições Parceiras do Centro Socioeducativo “Homero de Souza Filho” .......... 57 Quadro 10: Empresas parceiras na profissionalização dos adolescentes do Ceará .................. 57 LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1: Ações Orçamentárias do Programa 0152 ............................................................... 16 Gráfico 2: Execução Orçamentária do Programa 0152 na SDH/PR ......................................... 19 Gráfico 3: Recursos Fiscalizados ............................................................................................. 20 Gráfico 4: Perfil dos Adolescentes por Sexo ........................................................................... 67 Gráfico 5: Perfil dos Adolescentes por Idade ......................................................................... 68 Gráfico 6: Perfil dos Adolescentes por Escolaridade .............................................................. 68 Gráfico 7: Perfil dos Adolescentes por Reincidência .............................................................. 69 Gráfico 8: Distribuição dos Atos Infracionais .......................................................................... 70 Gráfico 9: Medidas Socioeducativas - CE .............................................................................. 71 Gráfico 10: Medidas Socioeducativas - MS .............................................................................. 71 Gráfico 11: Medidas Socioeducativas - PE ................................................................................ 71 Gráfico 12: Medidas Socioeducativas - PR ............................................................................... 71 Gráfico 13: Medidas Socioeducativas - RJ ................................................................................ 72 Gráfico 14: Medidas Socioeducativas - RR ............................................................................... 72
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LISTA DE FIGURAS
Figura 1: Unidade de Atendimento Inicial do Centro Integrado da Criança e do Adolescente de Pernambuco ........................................................................................................................ 38 Figura 2: Centro de Internação Provisória Feminina de Pernambuco .................................... 40 Figura 3: Construção da nova Unidade de Internação Provisória da Ilha do Governador – Rio de Janeiro/RJ ......................................................................................................................... 41 Figura 4: Unidade de Internação Provisória de Campo Grande/MS ...................................... 42 Figura 5: Unidade de Internação São Francisco – Piraquara/PR ............................................ 43 Figura 6: Centro Educacional Cardeal Aloisio Lorscheider – Fortaleza/CE ............................. 45 Figura 7: Centro de Atendimento Socioeducativo (CASE) – Jaboatão dos Guararapes/PE ......................................................................................................................... 46 Figura 8: Centro de Atendimento Socioeducativo (CASE) – Abreu e Lima/PE ........................ 47 Figura 9: Centro Socioeducativo Homero de Souza Cruz Filho – Boa Vista/RR ...................... 47 Figura 10: Unidade Educacional de Semiliberdade Tuiuiú – Campo Grande/MS ..................... 49 Figura 11: Centro de Recursos Integrados de Atendimento ao Adolescente Ilha do Governador – Rio de Janeiro/RJ ................................................................................................................... 50 Figura 12: Instituto Padre Severino – Internação Provisória – Rio de Janeiro/RJ ..................... 52 Figura13: Unidade Educacional de Internação Dom Bosco – Campo Grande/MS ................... 54 Figura14: Centro Educacional Cardeal Aloisio Lorscheider – Fortaleza/CE .............................. 55 Figura 15: Centro de Capacitação Profissional (CECAP) – Rio de Janeiro/RJ ............................ 56 Figura 16: Centro Educacional Cardeal Aloisio Lorscheider – Fortaleza/CE ............................. 58 Figura17: Ambulatório - Unidade Educacional de Internação Dom Bosco – Campo Grande/MS ................................................................................................................... 59 Figura18: Ambulatório de saúde - Centro de Atendimento Socioeducativo (CASE) – Jaboatão dos Guararapes/PE ................................................................................................................... 60
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1. introdução
1.1 Seleção do Programa 0152
– Projovem e, para 2010, o Programa 0156 – Pre-
A atuação da Secretaria de Controle Inter-
venção e Enfrentamento da Violência contra as
no da Presidência da República na avaliação da
Mulheres.
execução de programas de governo advém de
Para o exercício de 2011, o programa da
dispositivo constitucional que estabelece, no in-
área social selecionado para atuação sistemá-
ciso I do art. 74 da Constituição da República, ser
tica, conforme Nota Técnica (JT) Nº 006/2011
finalidade do Controle Interno “avaliar o cumpri-
COFIP-CISET-SG-PR, foi o Sistema Nacional de
mento das metas previstas no plano plurianual, Atendimento Socioeducativo ao Adolescente em a execução dos programas de governo e dos or- Conflito com a Lei – Pró-SINASE (Programa 0152), çamentos da União”. A partir dessa finalidade, sob gestão da Secretaria de Direitos Humanos da o Controle Interno desenvolveu um processo de
Presidência da República – SDH/PR.
planejamento que busca identificar, segundo va-
O orçamento disponibilizado para a execu-
riáveis e critérios definidos, os programas de go-
ção das Ações do Programa 0152 – Pró-SINASE
verno que, anualmente, serão objeto de acom-
- em 2011, foi da ordem de R$ 26.900.000,00.
panhamento sistemático, e, bem assim, definir
Ressalte-se que os restos a pagar processados
uma estratégia de atuação nesses programas
e nãoprocessados referentes ao Programa, se
selecionados.
acrescentados à dotação prevista na LOA, totali-
O planejamento adotado prevê, em uma
zam o valor disponível de R$ 66.743.682,38.
primeira etapa, a realização de um estudo téc-
Diante da Hierarquização, para atuação sis-
nico denominado de Hierarquização de Progra-
temática no Programa 0152 - Sistema Nacional
mas, que visa pontuar os programas de governo
de Atendimento Socioeducativo ao Adolescente
a partir de três variáveis: materialidade (valores
em Conflito com a Lei – Pró-Sinase, considerou-
orçamentários envolvidos), criticidade (potencia-
se que o referido programa apresentou alto índi-
lidade de falhas na execução - risco) e relevância
ce de execução financeira nos exercícios de 2008
(impacto social e econômico). Como resultado,
a 2010, cujo objeto principal é a Construção/Re-
obtém-se um ranking em ordem decrescente de
forma dos Centros Socioeducativo para Adoles-
pontuação alcançada pelos programas de gover- centes no contidos no orçamento anual.
Após a Hierarquização de Programas, a fase
Nos exercícios de 2009 e 2010, esta Secre-
seguinte do processo de planejamento estabele-
taria, a partir da Hierarquização, priorizou os
ce a realização de amplo estudo a respeito do ob-
seguintes programas: no exercício de 2009, o
jeto de trabalho, no caso o Programa 0152. Este
programa 8034 - Nacional de Inclusão de Jovens
estudo visa, principalmente, obter informações a 13
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respeito do desenho operacional do programa,
Controle Interno é que o produto ora disponibili-
e analisa aspectos tais como: objetivos, finali-
zado, na forma deste relatório, a partir das fisca-
dades, metas, público-alvo, responsáveis pela
lizações realizadas, seja utilizado como mais um
execução e fluxo de atividades. A partir desse de- elemento para auxiliar o gestor na importante senho operacional, define-se a estratégia de atu-
tarefa de acompanhar a implementação das polí-
ação, bem como o plano operacional, momento
ticas sob sua responsabilidade e avaliar a neces-
em que são identificados pontos de verificação
sidade de ajustes de forma a propiciar melhorias
(estados, órgãos estaduais de políticas socioe- de eficácia, eficiência e efetividade na execução ducativa, unidades de cumprimento de medidas
do programa.
socioeducativas, etc.) e procedimentos a serem
Importante ressaltar, ainda, que o gestor
aplicados nas ações de controle. Esta etapa está
federal do programa foi informado de todo o
descrita na Nota Técnica (JT/MB) nº 14/2011 CO-
processo desenvolvido, tendo sido apresentada à
FIP-CISET-SG-PR com a documentação de plane- SDH/PR, na fase inicial, a estratégia de trabalho, jamento do Programa 0152.
visando buscar sugestões que seriam agregadas
É importante mencionar que a execução do
aos meios e formas de atuação. Saliente-
Programa 0152 é bastante descentralizada, por
se, por fim, que na sequência dos trabalhos,
meio de convênios com estados, municípios e
foram apresentados os resultados parciais das
entidades privadas sem fins lucrativos.
fiscalizações realizadas, ensejando gestão da SDH
Ressalte-se, ainda, que a atuação do Controle Interno não possui a pretensão de realizar uma
junto aos gestores estaduais para saneamento das pendências.
avaliação da efetividade social da política ou do programa, ou seja, do real impacto no público-
1.2 Objetivos e escopo
alvo. Esse papel cabe ao próprio gestor, com o
O presente relatório tem como objetivo
auxílio de instituições nacionais e internacionais
registrar os resultados das fiscalizações realizadas
especializadas, que se utilizaram técnicas apro-
por esta CISET/PR nos estados visitados,
priadas para aferição dos resultados alcançados
bem como avaliar a execução da Política de
com a implementação da política pública.
Atendimento Socioeducativo de Adolescentes
No caso, cabe ao Controle Interno, a partir
em Conflito com a Lei, por meio de estudos de
da aplicação de técnicas específicas, avaliar se a
casos, com vistas à consolidação de possíveis
execução está sendo realizada conforme as nor- fragilidades e boas práticas verificadas em todos mas que regulam o programa, à luz da legislação,
os estados selecionados por amostragem.
bem como identificar possíveis pontos opera-
Os resultados referem-se às conclusões e
cionais frágeis que, embora não estejam ferindo
percepções dos auditores por meio da aplicação
normas legais, possam interferir na adequada
da metodologia definida no planejamento da Au-
execução do programa.
ditoria de Avaliação de Programas, a qual inclui
Dessa forma, a intenção desta Secretaria de 14
aplicação de questionários destinados aos atores
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do Programa, entrevistas, realização de grupo
Apresentamos, ainda, algumas análises de
focal e observação. Ressalte-se que os relatórios
dados coletados junto aos atores do Programa
de auditoria operacional, pela sua natureza, são
nos estados, ressalvando que a análise de dados
mais analíticos e argumentativos e se propõem
é um procedimento interativo e, à medida que
a subsidiar possíveis alterações no desenho da
a auditoria progride, ou seja, mais estados são
política pública para o controle e redução do pro-
visitados e outros procedimentos aplicados, as
blema social.
análises foram refinadas e intensificadas.
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2. ESTRATÉGIA DE ATUAÇÃO DA CISET/PR A abordagem adotada por esta Secretaria de
para fiscalização desses recursos repassados por
Controle Interno da Presidência da República para
meio de convênios, e, conjuntamente, proceder a
a avaliação do Programa 0152 – Sistema Nacional
avaliação do programa orçamentário Pró-Sinase
de Atendimento Socioeducativo ao Adolescente
nos estados escolhidos.
em Conflito com a Lei – Pró-SINASE – teve por Sinase, quando da implementação da respectiva
2.1 Levantamento de Dados Orçamentários do Programa 0152
política pública de atendimento socioeducativo
Para o exercício de 2011, o orçamento
princípio conciliar a avaliação das diretrizes do
nos estados federados, com a verificação da con- disponibilizado para a execução das Ações do formidade da aplicação dos recursos repassados
Programa 0152 – Sistema Nacional de Atendi-
aos estados por meio de convênios, cuja dotação
mento Socioeducativo ao Adolescente em Con-
refere-se ao Programa 0152.
flito com a Lei – Pró-Sinase, foi da ordem de R$
Inicialmente, realizou-se um levantamento
26.900.000,00.
sobre os dados orçamentários e financeiros do
Considerando os Restos a Pagar processados
Programa 0152, a fim de conhecer a distribuição
e não-processados, advindos de exercícios ante-
dos recursos federais pela SDH/PR aos estados,
riores, atinge-se o montante de R$ 66.743.682,38,
municípios e instituições privadas sem fins lucra-
distribuídos entre as Ações Orçamentárias do
tivos; estabelecer uma amostragem estratégica
Programa 0152, conforme demonstrado a seguir.
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Quadro 1 – Dotação Atualizada + Restos a Pagar Inscritos
Fonte Siafi Gerencial – janeiro/2012
O gráfico a seguir ilustra a representatividade das ações do Programa 0152, em relação aos recursos disponíveis. Gráfico 1 – Ações Orçamentárias do Programa 0152
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Observe-se que a Ação 8794 – Apoio à
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responsabilidade da SDH/PR.
Construção, Reforma e Ampliação de Unidades de
Abaixo, demonstra-se o montante de
Semiliberdade e Internação – representa 74,70%
recursos do Programa 0152 distribuído por
dos recursos destinados ao Programa 0152, sob
modalidade de aplicação:
Quadro 2 – Recursos do Programa 0152 distribuídos por modalidade de aplicação
Fonte: Siafi Gerencial – Março/2011
Observa-se no gráfico acima que 91,19% dos financeiros, restringe-se a 4,68% dos recursos do recursos serão executados de forma indireta, sen-
programa, os quais se encontram dotados nas
do: 83,4% para estados e Distrito Federal; 3,11%
Ações 8793 – Formação de operadores do sistema
para municípios; 4,68% para Instituição Privadas
de atendimento socioeducativo ao adolescente
Sem Fins Lucrativos; e 0,37% para Transferências
em conflito com a lei – e 8796 – Apoio a serviços de
ao Exterior. Acrescenta-se que a previsão para
defesa técnica dos adolescentes em conflito com
execução direta, incluindo operações internas, é
a lei. Esta última representa a melhor contribuição
8,44% dos recursos disponíveis para o exercício
dessas instituições ao Sinase, à medida que
de 2011.
realiza a defesa jurídica do adolescente infrator
Acrescente-se que, dos recursos do Programa 0152 descentralizados aos estados e Distrito
quando da ausência ou insuficiência do serviço na defensoria pública do estado.
Federal, 89,03% referem-se à Ação 8794 – Apoio
Dos recursos disponibilizados para o Pro-
à Construção, Reforma e Ampliação de Unidades
grama 0152, R$ 13.394.035,69 (20,07%) foi des-
de Semiliberdade e Internação.
tinado para atender despesas de custeio e R$
Importante destacar que a parceria com as instituições privadas sem fins lucrativos, em termos
53.349.646,69 para despesas de capital, conforme distribuição a seguir:
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Quadro 3 – Recursos do Programa 0152 distribuídos por grupo de despesa
Fonte: Siafi Gerencial – janeiro/2012
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O gráfico abaixo ilustra a execução orçamentária do Programa 0152, no período de 2008 a 2010. Gráfico 2 – Execução Orçamentária do Programa 0152 na SDH/PR
Cabe informar que se encontra sob a res-
execução da ação a seguir demonstrada, também
ponsabilidade da Unidade Orçamentária: 55901–
integrante do Programa 0152, porém de responsa-
Fundo Nacional de Assistência Social – FNAS – a
bilidade do Ministério do Desenvolvimento Social.
Quadro 4 – Recursos do Programa 0152 sob a responsabilidade daUnidade Orçamentária: 55901– Fundo Nacional de Assistência Social (FNAS)
Fonte Siafi Gerencial – janeiro/2012
2.2 Definição da amostra
• Paraná;
Tendo em vista a limitação operacional desta
• Ceará;
Ciset/PR, definiu-se uma amostra de estados
• Mato Grosso do Sul;
a serem visitados, cujo critério de seleção foi a
• Pernambuco;
materialidade dos recursos descentralizados ao
• Rio de Janeiro;
longo dos exercícios de 2008 a 2011 e o seu nível
• Roraima.
de execução física e financeira, de modo a atuar
Para os estados escolhidos, o repasse de re-
de forma oportuna e preventiva no que se refere à
cursos por meio de convênios celebrados nos exer-
fiscalização de convênios.
cícios de 2008 a 2010, até o momento das fiscali-
Desse modo, para atuação da Ciset/PR, foram selecionados os seguintes estados:
zações, atingiu o montante de R$ 57.979.038,73, a saber: 21
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Quadro 5 – Recursos do Programa 0152 repassados por meio de convênios
Fonte: SICONV – janeiro/2011
Importante ressaltar que, a partir dessa
Assim, foram visitados seis estados, abrangendo
elementos
R$57.979.038,73 em recursos conveniados,
de forma a consolidar um entendimento para
correspondendo, respectivamente, a 40,23% dos
que pudéssemos nos manifestar de forma
recursos descentralizados a estados nos exercícios
consistente a respeito da execução operacional
de 2008 a 2010 (total de R$ 144.128.778,38),
do programa, além da conformidade das
de forma a colher elementos para avaliarmos a
transferências voluntárias de recursos federais.
totalidade da ação.
estratégia,
pretendeu-se
buscar
Gráfico 3 – Recursos Fiscalizados
A Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República (SDH/PR) foi informada,
2.3 Verificação de Conformidade A finalidade do programa 0152 é permitir
por meio dos relatórios de fiscalização, acerca a efetividade das medidas socioeducativas, de das situações encontradas nos estados, para natureza sancionatória e conteúdo socioeduque adotasse as medidas de sua alçada visando
cativo, aplicadas a adolescentes sentenciados
à implementação das correções que se fizeram em razão do cometimento de ato infracional; necessárias. Esta Ciset/PR está monitorando a por meio do comprometimento da família, da execução das correções propostas. comunidade e do Poder Público para a inclusão 22
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social desses adolescentes.
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recursos descentralizados ao longo dos exercícios
Para tanto, os recursos são descentralizados
de 2008 a 2011 e o seu nível de execução, visando
do orçamento da Presidência da República
atuar de forma oportuna e preventiva no que se
para os entes executores (municípios, estados
refere à fiscalização de convênios e execução de
e instituições privadas sem fins lucrativos), por
recursos federais.
meio da celebração de convênios.
A metodologia de seleção priorizou, ainda,
Para a verificação de conformidade sobre a
os estados que concentram a maior quantidade
correta aplicação do gasto, referente ao repasse
de adolescentes em cumprimento de medidas
de recursos federais por meio dos convênios,
socioeducativas;
estabeleceu-se uma amostragem, priorizando
pertencentes a todas as regiões brasileiras;
a Ação 8794 – Apoio à Construção, Reforma
além das distâncias entre os municípios onde
e Ampliação de Unidades de Semiliberdade
se localizam as unidades socioeducativas dos
e Internação, visto a sua materialidade, R$
estados e sua respectiva capital, de forma a
17.500.000,00, representar 65,05% dos recursos
ampliar a amostra pelo melhor aproveitamento
atribuídos ao Programa. Além disso, essa
do tempo gasto com os deslocamentos da equipe.
Ação possui maior quantidade de convênios
Assim, os estados visitados foram: Ceará,
celebrados com diversos estados brasileiros,
Mato Grosso do Sul, Paraná, Pernambuco, Rio de
refletindo a distribuição dos recursos federais
Janeiro e Roraima.
representação
de
estados
para a implementação do Sistema Nacional de Atendimentos Socioeducativo de adolescentes em conflito com a lei. A Ação 8794 estabelece como finalidade
2.4 Avaliação do Programa de Governo Para a avaliação do Programa 0152, a estra-
reordenar as unidades de semiliberdade e inter- tégia de atuação adotada se propôs a avaliar o nação conforme parâmetros arquitetônicos esta-
desempenho da rede de atendimento socioedu-
belecidos pelo Sistema Nacional de Atendimento
cativo implementada pelos mesmos estados se-
Socioeducativo – Sinase. Assim, apoia os gover- lecionados para a realização de fiscalizações de nos estaduais na construção, ampliação e refor- convênios. Assim, foram definidos procedimenma de estabelecimentos para o cumprimento de
tos para testar pontos que compõem o processo
medidas socioeducativas.
operacional do programa nos órgãos estaduais
Observe que a implementação da ação 8794 gestores; bem como a transversalidade das políconcentra a destinação de recursos à esfera
ticas locais entre as diversas áreas, a articulação e
estadual, portanto o foco de atuação da Ciset/PR
o apoio entre as esferas de governo, os diferentes
foram os convênios celebrados com os estados.
poderes e na parceria público-privado.
O primeiro critério para seleção da amostra
Nos trabalhos de campo, durante as visitas
a ser visitada para realização de fiscalização e aos estados, foram aplicadas as seguintes técnicas: auditoria de desempenho foi a materialidade dos
análise documental, inspeção física e entrevistas 23
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por meio de questionários direcionados aos
de
auditoria
operacional
adotados
pela
International Organization of Supreme Audit pela implementação da Política de Atendimento Institutions – Intosai. Portanto, consideramos gestores dos órgãos e/ou entidades responsáveis
Socioeducativa dos estados e aos diretores
sua utilização uma iniciativa da Ciset/PR na busca
de unidades que atendem adolescentes em pelo alinhamento às normas internacionais de cumprimento de medidas socioeducativas. Realizaram-se, também, reuniões e grupos
auditoria interna. Assim, definiu-se que, a partir da fiscalização
focais com os juízes, promotores e defensores sistemática
para
avaliação
da
execução
envolvidos com a aplicação e acompanhamento do Programa 0152, devem ser avaliados e da execução de medidas socioeducativas pelos
monitorados os estados beneficiários, na execução
adolescentes, com vistas a contemplar opiniões
dos recursos federais para implementação do
e perspectivas de todos os atores envolvidos no
Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo
Programa.
ao Adolescente em Conflito com a Lei, bem como
A estratégia de atuação previu uma fiscalização
conhecer as iniciativas e atuação da política local.
piloto em convênio celebrado com o Estado do
Os trabalhos das equipes de fiscalização buscaram
Paraná, a fim de se obter conhecimento sobre
também identificar boas práticas aplicadas nas
a implementação de Políticas Socioeducativas, localidades, as quais poderiam ser disseminadas conforme as diretrizes do Sistema Nacional de a entes federados de todo o país, bem como Atendimento Socioeducativo ao Adolescente em
elaborar um diagnóstico da implementação da
Conflito com a Lei.
política nos estados visitados.
Importante esclarecer que, para a realização
Desta forma, a avaliação da execução do
deste trabalho, utilizamos, como referência,
programa de governo 0152 – Pró-Sinase visou:
as Auditorias de Natureza Operacional de
• conhecer a formulação e implementação
Avaliação de Programas, desenvolvidas pelo
da política estadual de proteção aos
Tribunal de Contas da União e, portanto, seu
adolescentes em conflito e sua normatização;
Manual de Auditoria Operacional – 3ª versão,
• avaliar o registro e consolidação de dados
março de 2010. No entanto, registre-se que não
e informações sobre os adolescentes em
foi possível, neste primeiro momento, utilizar
cumprimento de medidas socioeducativas
todas as técnicas de planejamento e execução
no estado;
definidas e recomendadas pela Corte de Contas.
• conhecer os mecanismos de interlocução
Apesar disto, houve preocupação em cumprir
entre estado e respectivos municípios
as diretrizes deste tipo de auditoria, visando
para acompanhamento do cumprimento e
o aperfeiçoamento das técnicas em futuros
registro das medidas socioeducativas, bem
trabalhos desta natureza.
como de egressos;
Conforme descrito no referido manual, o 24
normativo
está
alinhado
aos
padrões
• obter informações acerca da atuação do Conselho Estadual dos Direitos da Criança
SECRETARIA DE CONTROLE INTERNO/SG/PR
e do Adolescente no acompanhamento da
• Na
Rede
Estadual
de
ciset
Atendimento
política, como forma de Controle Social;
Socioeducativa:
tipos
• obter informações sobre a atuação dos
socioeducativas;
tipos
atores envolvidos na política de atendimento
disponibilizados
socioeducativo
entre
adolescentes acolhidos; infraestrutura dos
Secretarias Estaduais e harmonia entre os
espaços; forma do atendimento oferecido
Poderes).
pelos socioeducadores; capacitação dos
(intersetorialidade
nas
de de
unidades
unidades serviços e
aos
levantamento
funcionários; características dos adolescentes
sobre a Política Pública Nacional de Atendimen-
atendidos; e atuação do Judiciário, Ministério
to Socioeducativo, sobre as especificidades do
Público e Defensoria Pública, no processo de
Programa 0152 e do Sistema Nacional de Aten-
aplicação das medidas socioeducativas.
dimento Socioeducativo – Sinase, bem como do
Para a consolidação dos resultados referen-
Realizou-se,
inicialmente,
público-alvo, em entrevistas com especialistas e te às questões operacionais, de funcionamento gestores da área.
do programa, apresentamos este Relatório de
Os principais pontos de atuação da Ciset/PR, Diagnóstico com a análise dos dados que foram no âmbito do Programa 0152, foram os seguintes:
coletados, principalmente por meio de questio-
• Nos Órgãos Gestores Estaduais de Políticas
nários, de forma a apresentar à SDH/PR as fragi-
Socioeducativas: legitimidade do órgão;
lidades detectadas sob a ótica do controle e que
estratégias de implementação da política;
estejam prejudicando o desempenho do pro-
aderência às diretrizes do Sinase; apoio e
grama, bem como as boas práticas verificadas.
articulação com a União e as demais políticas
Pretende-se que, com as informações geradas, a
locais geridas pelos diversos órgãos públicos
SDH/PR possa ter elementos que a subsidiem em
municipais e estaduais; articulação/parceria uma eventual melhoria no Programa Nacional de com o terceiro setor; implementação de ação
Atendimento Socioeducativo ao Adolescente em
que vise à participação cidadã;
Conflito com a Lei.
25
ciset
26
SECRETARIA DE CONTROLE INTERNO/SG/PR
SECRETARIA DE CONTROLE INTERNO/SG/PR
ciset
3. A PROBLEMÁTICA SOCIAL E A POLÍTICA PÚBLICA DE ATENDIMENTO SOCIOEDUCATIVO NO BRASIL
3.1 Histórico Social
12 a 17 anos na Região Nordeste é praticamente
Neste tópico apresentaremos alguns aspec-
o dobro da média nacional: 32% (a média nacio-
tos da problemática social que demandou a for-
nal é de 17,6%), o que representa um universo de
mulação da política pública de atendimento so-
2,1 milhões de adolescentes que vivem na misé-
cioeducativo no Brasil. Embora este tema seja de
ria. Na Região Norte, são 418 mil garotos e garo-
amplo conhecimento do gestor federal do pro-
tas nessas condições, 22% do total do país.
grama, as breves considerações que se seguirão
O estudo também aponta imensas dispari-
possuem o objetivo de contextualizar as informa-
dades regionais na educação. Enquanto a média
ções técnicas que virão no decorrer do trabalho.
nacional de adolescentes de 12 a 17 anos não al-
A República Federativa do Brasil é um país
fabetizados era de 1,6% em 2009, no Nordeste o
extenso e populoso, que possui uma organização
índice era mais que o dobro da média nacional:
político-administrativa
em
4%. Enquanto no Nordeste, em 2009, apenas a
26 estados e o Distrito Federal, bastante
metade (50,3%) dos adolescentes de 16 e 17 anos
heterogêneo quanto à população e aos recursos
tinha concluído o ensino fundamental, em 2009,
econômicos e ambientais. Conforme dados da
no Sudeste, a taxa de conclusão era de 75,3%.
descentralizada
Pesquisa Nacional de Amostra por Domicílio –
Em relação aos adolescentes que não estudam
PNAD 2009, realizada pelo Instituto Brasileiro
nem trabalham, mantém-se a disparidade entre
de Geografia e Estatística – IBGE, atualmente a
as regiões brasileiras. Segundo dados da PNAD de
população brasileira é composta por 191.796.000
2009, 5,4% dos adolescentes entre 12 e 17 anos
habitantes; dos quais 21.083.635 (10,99%) são
não estudavam nem trabalhavam.
adolescentes.
A Região Norte apresentava a maior
De acordo com a PNAD 2009, a Região Su-
incidência de adolescentes fora das escolas e sem
deste concentra a maior população de adoles-
trabalhar (6,5%), seguida do Nordeste (6,1%),
centes brasileiros (38,5%), seguido pelo Nordeste
Centro-Oeste (5,9%), Sul (5,5%) e Sudeste (4,5%).
(31%). No Sul vivem 13,9% dos jovens. O Norte
A violência entre os adolescentes do
tem 9,4%, e o Centro Oeste tem 7,3% dos adoles-
Nordeste, conforme a taxa de mortalidade por
centes brasileiros.
homicídio, é mais elevada. Essa taxa, entre os
Conforme o Relatório – Situação da Adoles-
adolescentes de 12 a 17 anos, em 2009, era de 24
cência Brasileira 2011, elaborado pelo Fundo das
em cada grupo de 100 mil habitantes da mesma
Nações Unidas para a Infância – Unicef, o índice
faixa etária, acima da média nacional (19,1).
de extrema pobreza entre garotos e garotas de
As regiões Centro-Oeste e Norte também
27
ciset
SECRETARIA DE CONTROLE INTERNO/SG/PR
têm índices acima da média nacional, no mesmo
Essas vulnerabilidades, dentre outros mo-
ano e na mesma faixa: de 23,4 no Centro-Oeste e
tivos, podem propiciar o envolvimento do ado-
de 22,1 no Norte.
lescente com a prática de atos infracionais, tor-
Ainda conforme o estudo do Unicef, no Brasil,
nando-se necessária a formulação de políticas de
mais de 80% da população mora em áreas urbanas
atendimento socioeducativo para a ressocializa-
e quase seis milhões de adolescentes brasileiros
ção desses adolescentes.
vivem nas dez maiores regiões metropolitanas capitais e seus arredores, nos estados da Bahia,
3.2 Características dos Adolescentes
Ceará, Minas Gerais, Pará, Paraná, Pernambuco,
Sobre a problemática social referente aos
Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e São Paulo e
adolescentes em conflito com a lei, podemos
no Distrito Federal.
considerar as informações do Mapa da Violên-
do país. São garotos e garotas que moram nas
Diante do cenário de vulnerabilidades acima
cia 2011 – Os jovens do Brasil –, elaboradas pelo
exposto, em que os adolescentes brasileiros
Instituto Sangari, com dados fornecidos pelo Sub-
vivem, faz-se necessária a formulação de sistema de Informações de Mortalidade do Mipolíticas públicas voltadas para esse público. A
nistério da Saúde (Sistema de Informações sobre
pesquisa do Unicef considera insuficientes as
Mortalidade – SIM – Datasus), para mensurar,
políticas públicas voltadas para os adolescentes
de forma análoga, a violência entre a população
no Brasil. E ainda, diante da diversidade das
adolescente nos estados e regiões brasileiras.
vulnerabilidades regionais por eles vivida, o
Embora a faixa etária de classificação como
organismo internacional também propõe que
adolescentes seja entre 12 e 17 anos, a seguir
seja feita uma coleta de dados para identificar apresentamos o ordenamento das UF por taxas os grupos mais vulneráveis de adolescentes de homicídio (em 100 mil), dos jovens entre 15 em todas as regiões e os principais problemas
e 24 anos de idade, no ano de 2008, do Mapa da
enfrentados por eles.
Violência.
28
SECRETARIA DE CONTROLE INTERNO/SG/PR
Quadro 6 – Taxas de Homicídio dos Jovens entre 15 e 24 anos em 100.000
ciset
estados, variando de 18,1 em Roraima até 125,2 em Alagoas, para cada grupo de 100 mil jovens entre 15 e 24 anos. O estudo também conclui que os avanços na contenção da violência homicida estão sendo compensados pelo forte aumento da violência contra adolescentes nas cidades do interior, movimento denominado “interiorização”. Ou também pela elevação do número de homicídios em estados até o momento considerados de baixo ou médio potencial, num processo que o trabalho denomina “espalhamento”. Em ambos os casos, a resultante foi um deslocamento dos pólos dinâmicos da violência rumo a locais com menor presença do estado na área de segurança pública. Outro dado interessante é o Índice de Homicídios na Adolescência – IHA, elaborado por meio da parceria entre a Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, o Unicef, o Laboratório de Análise de Violência da Universidade do Estado do Rio de Janeiro e o Observatório de Favelas. O IHA representa o número de adolescentes que morrem por causa dos homicídios antes de completar 19 anos, para cada grupo de 1.000 adolescentes de 12 anos. Apesar deste índice se referir ao adolescente vítima da violência, podemos interpretá-lo como uma forma de exposição do adolescente a um ambiente de violência que, como fruto do próprio meio, pode ser influenciado e conduzido à prática de atos infracionais.
Fonte: SIM/SVS/MS
A seguir apresentamos os IHA para as capitais brasileiras, decorrentes da publicação Homicídios
Observe que há elevada disparidade entre na Adolescência no Brasil (IHA 2005/2007), as taxa de homicídios de jovens dos diferentes elaborada pela parceria acima descrita.
29
ciset
SECRETARIA DE CONTROLE INTERNO/SG/PR
Quadro 7 – Índice de Homicídios na Adolescência no Brasil (IHA 2005/2007)
lescente em Conflito com a Lei – 2010, concluiu que houve um aumento no número de adolescentes acolhidos pela rede de atendimento socioeducativo em cumprimento de medidas de restrição e privação de liberdade de 4,50%, em relação ao ano de 2009. O estudo demonstra, ainda, que se considerada a variação do crescimento no período de 1996 a 2004, observa-se um crescimento de 31,29%, enquanto que, de 2004 para 2010, há um decréscimo de 23,81%, apresentando uma tendência de estabilização no número de adolescentes em regime de internação, internação provisória e semiliberdade. Em relação aos tipos de medidas, a SDH/ PR apontou que o incremento verificado se distribuiu da seguinte forma: internação = 1,18%, internação provisória = 13,34% e semiliberdade = 10,20%. Nota-se, portanto, que as unidades socioeducativas de internação provisória absorveram o maior percentual de adolescentes em possível conflito com a lei. Em relação ao sexo dos adolescentes em regime de restrição ou privação de liberdade, o levantamento verificou que as meninas representam 5,06% do total; prevalecem cumprindo medida de internação, que denotam a preponderância de infrações mais graves e concentram-se nas regiões Norte e Nordeste.
Fonte: Homicídios na Adolescência no Brasil (IHA 2005/2007)/SDH-UNICEFUERJ–Laboratório de Favelas
Em relação à rede de atendimento socioeducativo, o país dispõe de 124 unidades de internação, 55 de internação provisória,
3.3 Rede de Atendimento Socioeducativo
110 de semiliberdade, 16 de atendimento
A SDH/PR, por meio do Levantamento Na-
provisória,
cional do Atendimento Socioeducativo ao Ado30
inicial, 130 mistas (internação, internação semiliberdade
e
atendimento
inicial); totalizando 435 unidades distribuídas
SECRETARIA DE CONTROLE INTERNO/SG/PR
em todos os estados federados. Destaque-se
ciset
sistemas dentro de uma rede de atendimento.
que atualmente, de acordo com informações da
A União, por meio da Secretaria de Direitos
SDH/PR, há carência de vagas nas unidades dos
Humanos da Presidência da República – SDH/
estados do Ceará, Pernambuco, Amapá, Paraíba,
PR, formulou uma política nacional visando
Paraná e no Distrito Federal. Sendo que para
atender a essa parcela da sociedade. Em 2006,
esse cálculo foram considerados todos os tipos
instituiu o Sistema Nacional de Atendimento So-
de unidades socioeducativas, o que não impede
cioeducativo – Sinase para o desenvolvimento
que haja superlotação em outros estados,
de diretrizes e implementação de ações a serem
em determinadas unidades de internação, de
executadas no atendimento ao adolescente em
internação provisória ou de semiliberdade.
conflito com a lei.
Outro dado importante é que no Brasil há 8,8 internos para cada 10 mil adolescentes no
3.4 Fundamentação Legal
país, apresentando grande disparidade entre os
O Sinase se orienta pelas normativas
estados. Calcula, também, uma taxa média de
internacionais das quais o Brasil é signatário,
dois adolescentes em medida de meio aberto
quais sejam:
(Liberdade Assistida e Prestação de Serviços à
• Convenção da ONU sobre os Direitos da
Comunidade) para cada adolescente privado ou
Criança, aprovada pela Assembléia-Geral das
restrito de liberdade.
Nações Unidas em 20 de novembro de 1989;
Em resumo, diante do contexto social de
• Regras Mínimas das Nações Unidas para
vulnerabilidades em que vivem os adolescentes
Administração
e, ainda, dos dados sobre o funcionamento
e da Juventude – Regras de Beijing
do sistema socioeducativo no país, fez-se
(Res.
40/33
da –
Justiça ONU,
de
da
Infância 29.11.85);
necessária a atuação de todos os setores
• Regras Mínimas das Nações Unidas para a
públicos e privados por meio de programas
Proteção dos Jovens Privados de Liberdade
específicos, no contexto de políticas públicas
(Assembléia-Geral da ONU, novembro/90).
focadas neste segmento.
As normas nacionais que fundamentam as
É compromisso e responsabilidade do estado buscar soluções eficientes, eficazes
diretrizes do SINASE são as seguintes: • Constituição
Federal
de
1988,
que
e efetivas para o sistema socioeducativo
estabeleceu em seu artigo 227 a infância e
e assegurar aos adolescentes em conflito
a adolescência como prioridade absoluta e
com a lei oportunidade de desenvolvimento
pelo Estatuto da Criança e do Adolescente
e reconstrução de seu projeto de vida. Os
– ECA, que consolidou os preceitos da
adolescentes em conflito com a lei têm sido
Convenção e da Carta Magna brasileira; e
submetidos a situações de vulnerabilidade, o
• Resolução
CONANDA
nº
119/2006.
que demanda o desenvolvimento de política
Obs: Em 18/01/2012, após a execução deste trabalho,
pública integrada com outras políticas sociais e
foi publicada a Lei 12.594/2012, instituindo o SINASE.
31
ciset
SECRETARIA DE CONTROLE INTERNO/SG/PR
3.4.1 Estatuto da Criança
parcela da população infantojuvenil que cometia
e do Adolescente
delitos de qualquer natureza eram dispensadas
A Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990,
ações repressivas e punitivas, em sintonia com a
que dispõe sobre o Estatuto da Criança e do
Política Nacional de Bem-Estar do Menor.
Adolescente, regulamentou o artigo 227 da
Com a publicação do Estatuto, o atendimento
Constituição Federal que atribui à criança
passou a ter como premissa um caráter
e ao adolescente, prioridade absoluta no
educativo, mais adequado à condição peculiar
atendimento aos seus direitos como cidadãos
de desenvolvimento em que se encontram
brasileiros. O estatuto reforçou alguns preceitos
os adolescentes. Em seu art. 112, caput, o
já determinados pela Constituição de 1988, como
estatuto indica como categorias de medidas
a proteção integral de crianças e adolescentes e
socioeducativas aplicáveis aos adolescentes
a prioridade na formulação de políticas públicas,
autores de atos infracionais.
na destinação de recursos da União e no
• advertência;
atendimento de serviços públicos. A lei considera
• obrigação de reparar o dano;
crianças as pessoas que têm até 12 anos de idade
• prestação de serviços à comunidade;
incompletos, e adolescentes aquelas que têm
• liberdade assistida;
entre 12 e 18 anos.
• inserção em regime de semiliberdade;
O ECA estabelece que é dever do Estado,
• internação em estabelecimento educacional.
da família e da sociedade garantir o direito de crianças e adolescentes à liberdade, à dignidade,
O
atendimento
socioeducativo
deve
à convivência familiar e comunitária, à saúde,
assegurar aos adolescentes, mesmo àqueles
à educação, à cultura, ao esporte, ao lazer, à
em privação de liberdade, todos os direitos
profissionalização e à proteção do trabalho. Além
fundamentais, como à educação, ao esporte, ao
disso, prevê a proteção contra qualquer forma de
lazer e à convivência familiar e comunitária
exploração, discriminação, violência e opressão.
O Estatuto, em seu art. 100, ainda estabelece
representou
que, quando da aplicação das medidas, devem-
a aprovação do Estatuto da Criança e do
se levar em conta as necessidades pedagógicas
O
marco
histórico
que
Adolescente, em 1990 deve-se, principalmente, do adolescente, preferindo-se aquelas que visem à mudança que a nova lei representou para
ao fortalecimento dos vínculos familiares e
o tratamento destinado aos adolescentes em
comunitários.
conflito com a lei. Antes disso, o atendimento aos jovens que
3.4.2 SINASE
cometiam atos infracionais era balizado pelo
O Sinase é fruto de uma construção coletiva
Código de Menores (Lei nº 6.697/1979), uma
que envolveu diversas áreas de governo,
lei que considerava a infância e a adolescência
representantes de entidades e especialistas
em “situação irregular”. Em outras palavras, à
na área, além de uma série de debates
32
SECRETARIA DE CONTROLE INTERNO/SG/PR
ciset
protagonizados por operadores do Sistema de
3º Capítulo – princípios e marco legal do
Garantia de Direitos em encontros regionais, que
Sinase;
resultou num documento normativo aprovado
4º Capítulo – contempla a organização do
pela Resolução Conanda nº 119, de 11 de
Sistema;
dezembro de 2006.
5º Capítulo – gestão dos programas;
O Sinase teve como objetivo traçar uma série
6º Capítulo – parâmetros da gestão
de estratégias e recomendações para a promoção
pedagógica no atendimento socioeducativo;
de uma ação articulada entre União, estados
7º Capítulo – parâmetros arquitetônicos
e municípios. O documento também define as
para os programas socioeducativos;
atribuições do Poder Judiciário e do Ministério
8º Capítulo – gestão do sistema e
Público para o atendimento aos adolescentes
financiamento;
em conflito com a lei, que vão desde a apuração
9º Capítulo – monitoramento e avaliação.
do ato infracional até a aplicação das medidas
O anexo do projeto Sinase apresenta o detalhamento técnico das normas, definições e
socioeducativas. na
etapas para elaboração de projetos arquitetônicos
Resolução Conanda está a exigência de que cada
e complementares das Unidades de atendimento
unidade de atendimento em regime fechado
socioeducativo de internação e internação
(medidas
provisória.
Entre
as
mudanças
socioeducativas
estabelecidas
de
privação
de
liberdade) atenda, no máximo, a 90 adolescentes
O Sinase ainda define os princípios que
por vez, sendo que os quartos deverão ser atingem indiscriminadamente todas as medidas ocupados por, no máximo, três jovens. Também
socioeducativas, destacando, quando for o caso,
está prevista a mudança na arquitetura dessas
aqueles que informam uma ou mais medidas,
unidades, que deverá privilegiar as construções relacionados a seguir: horizontais e espaços para atividades físicas.
1. Respeito aos direitos humanos;
Serviços de educação, saúde, lazer, cultura,
2. Responsabilidade
solidária
da
Família,
esporte e profissionalização são prioridades no
Sociedade e Estado pela promoção e a defesa
Sistema.
dos direitos de crianças e adolescentes –
O Sinase está organizado em nove capítulos
artigos 227 da Constituição Federal e 4º do ECA;
a seguir: 1º Capítulo – breve analise das realidades
3. Adolescente como pessoa em situação
no
peculiar de desenvolvimento, sujeito de
adolescente em conflito com a lei, e das
direitos e responsabilidades – artigos 227, §
medidas socioeducativas no Brasil, com
3º, inciso V, da CF; e 3º, 6º e 15º do ECA;
sobre
a
adolescência,
com
foco
ênfase para as privativas de liberdade;
4. Prioridade absoluta para a criança e o
2° Capítulo – conceito e integração das
adolescente – artigos 227 da Constituição
políticas pública;
Federal e 4º do ECA; 33
ciset
SECRETARIA DE CONTROLE INTERNO/SG/PR
12. Municipalização do atendimento – artigo 88,
5. Legalidade; 6. Respeito ao devido processo legal – artigos 227, § 3º, inciso IV da Constituição Federal,
inciso I do ECA; 13. Descentralização
político
administrativa
40 da Convenção das Nações Unidas sobre os
mediante a criação e a manutenção de
Direitos da Criança e 108, 110 e 111 do ECA e
programas específicos – artigos 204, inc. I, da
nos tratados internacionais;
Constituição Federal e 88, inc. II, do ECA;
7. Excepcionalidade, à
condição
brevidade
peculiar
de
e
respeito
pessoa
em
desenvolvimento; 8. Incolumidade, integridade física e segurança (artigos 124 e 125 do ECA);
14. Gestão democrática e participativa na formulação das políticas e no controle das ações em todos os níveis; 15. Corresponsabilidade no financiamento do atendimento às medidas socioeducativas;
9. Respeito à capacidade do adolescente
16. Mobilização da opinião pública no sentido
de cumprir a medida; às circunstâncias; à
da indispensável participação dos diversos
gravidade da infração e às necessidades
segmentos da sociedade. ACRESS
pedagógicas do adolescente na escolha da medida, com preferência pelas que visem
3.4.3 Conselho Nacional dos Direitos
ao fortalecimento dos vínculos familiares e
da Criança e do Adolescente (Conanda)
comunitários – artigos 100, 112 , § 1º, e 112,
O Conselho Nacional dos Direitos da Criança
§ 3º, do ECA;
e do Adolescente (Conanda), integrado por
10. Incompletude institucional, caracterizada
representantes de entidades da sociedade civil
pela utilização do máximo possível de
e dos governos de forma paritária, é responsável
serviços na comunidade, responsabilizando por deliberar sobre a política de atenção à infância as políticas setoriais no atendimento aos
e adolescência. Atuou como normatizador e
adolescentes – artigo 86 do ECA;
articulador com os demais atores do Sistema
11. Garantia de atendimento especializado para
de Garantia e Direitos (SGD), na concretização
adolescentes com deficiência – artigo 227,
dos avanços contidos no Sinase, para a efetiva
parágrafo único, inciso II , da Constituição
cidadania dos adolescentes em conflito com a lei.
Federal;
34
SECRETARIA DE CONTROLE INTERNO/SG/PR
ciset
4. O PROGRAMA 0152 4.1 Objetivo/Finalidade
socioeducativo que estejam cumprindo medidas
O objetivo do programa 0152, conforme
socioeducativas
aplicáveis
a
adolescentes
dados do Sigplan, é fortalecer a implementação
julgados pela prática de ato ilícito que se
do SINASE – Sistema Nacional de Atendimento
equipare a crime ou contravenção penal. São
Socioeducativo ao Adolescente em Conflito
elas: advertência, obrigação de reparar o dano,
com a Lei –, visando à efetividade das medidas
prestação de serviços à comunidade, liberdade
socioeducativas.
assistida, semiliberdade e internação.
O programa é implementado pelo governo de das medidas socioeducativas responsabili-
4.3 Ações Orçamentárias do Programa 0152
zadoras, de natureza sancionatória e conteúdo
A
federal com a finalidade de permitir a efetivida-
seguir,
descrevemos
as
ações
socioeducativo, aplicadas a adolescentes senten-
orçamentárias do Programa 0152, conforme
ciados em razão do cometimento de ato infracio-
disposto no Cadastro de Ações referente
nal; por meio do comprometimento da família,
ao Mapeamento das Ações Orçamentárias
da comunidade e do Poder Público para a inclu-
Integrantes da Lei Orçamentária para 2011.
são social desses adolescentes.
• 2272 - Gestão e Administração do
Conforme disposto na Resolução Conanda
Programa: Constituir um centro de custos
nº 119/2006, a premissa básica é a necessidade
administrativos dos programas, agregando as
de se constituir parâmetros mais objetivos
despesas que não são passíveis de apropriação
e procedimentos mais justos que evitem ou
em ações finalísticas do próprio programa.
limitem a discricionariedade, à medida que o
• 8524 - Serviços de Proteção Social aos
Sinase reafirma a diretriz do Estatuto sobre a
Adolescentes em Cumprimento de Medidas So-
natureza pedagógica da medida socioeducativa.
cioeducativas: Criar condições para a constru-
Visa, assim, promover o desenvolvimento
ção/reconstrução de projetos de vida que visem
de ações socioeducativas sustentadas nos prin-
à ruptura com a prática de ato infracional; esta-
cípios dos direitos humanos e com alinhamento
belecer contratos com o adolescente a partir das
conceitual, estratégico e operacional, estrutura-
possibilidades e limites do trabalho a ser desen-
da, principalmente, em bases éticas e pedagógi-
volvido e normas que regulem o período de cum-
cas.
primento da medida socioeducativa; contribuir para o estabelecimento da autoconfiança e a ca-
4.2 Público-Alvo
pacidade de reflexão sobre as possibilidades de
Adolescentes em conflito com a lei das
construção de autonomias; possibilitar acessos
Unidades e/ou programas de atendimento
e oportunidades para a ampliação do universo 35
ciset
SECRETARIA DE CONTROLE INTERNO/SG/PR
informacional e cultural e o desenvolvimento de
Meio Aberto: Efetivar um processo de munici-
habilidades e competências; e fortalecer a convi-
palização das medidas socioeducativas de Liber-
vência familiar e comunitária.
dade Assistida e Prestação de Serviços à Comu-
• 8793 - Formação de Operadores do Sis-
nidade que garanta o atendimento qualificado,
tema de Atendimento Socioeducativo ao Ado-
partindo do conceito de incompletude institucio-
lescente em Conflito com A Lei: Apoiar Centros
nal, de acordo com os parâmetros do Sinase.
de Formação do Sistema de Atendimento Socio-
• 8796 - Apoio a Serviços de Defesa Técnica
educativo, bem como capacitações, seminários e
dos Adolescentes em conflito com a Lei: Garantir
congressos de operadores do sistema socioedu-
proteção jurídico-social aos adolescentes, enten-
cativo, em conformidade com as diretrizes esta- dida como defesa técnica qualificada, de acordo belecidas no Sinase. • 8794 - Apoio à Construção, Reforma e
com as especificidades do processo de aplicação e de execução das medidas socioeducativas.
Ampliação de Unidades de Semiliberdade e Internação: Reordenar as unidades de semiliber-
4.4 Órgãos Federais Responsáveis
dade e internação conforme parâmetros arqui-
Os órgãos federais responsáveis pela
tetônicos estabelecidos pelo Sinase. • 8795 - Apoio à Municipalização e à Descentralização das Medidas Socioeducativas em
implementação do Programa 0152, conforme a Lei Orçamentária Anual da União para 2011 são os relacionados no quadro a seguir.
Quadro 8 – Relação dos órgãos federais responsáveis pela implementação
36
SECRETARIA DE CONTROLE INTERNO/SG/PR
ciset
4.5 Demais Atores
sabilização, em tese, pela prática do crime previs-
• Estados e Municípios;
to no art. 231 do ECA. Também se constitui crime
• Conselhos dos Direitos e/ou Tutelares
proceder à apreensão de criança ou adolescente sem que haja flagrante ou ordem escrita e fun-
Estaduais e Municipais;
• Entidades e/ou programas que executam as damentada de autoridade judiciária competente ou sem a observância das formalidades legais medidas socioeducativas; • Conselhos municipais e estaduais dos direitos
(art.230, caput e § único do ECA). Se o contexto ao qual o ato infracional se in-
da criança e do adolescente;
composta sere reclama o decreto da internação provisória pelos profissionais e adolescentes das do adolescente ou não comparecem os pais ou Unidades e/ou programas de atendimento responsável, deve ser aquele imediatamente en-
• Comunidade
socioeducativa
caminhado ao Ministério Público, com cópia de
socioeducativo;
auto de apreensão.
• Instituições Privadas sem fins lucrativos; • Judiciário especializado;
Os requisitos para internação provisória são:
• Ministério Público Estadual;
a) gravidade do ato;
• Defensoria Pública do Estado.
b) repercussão social; c) necessidade de garantia da segurança
4.6 Mecanismos de Controle
pessoal do adolescente; ou
Os mecanismos de controle previstos na
d) manutenção da ordem pública – art.174,
Resolução Conanda são os seguintes:
do ECA.
• Monitoramento e avaliação do fluxo de
O MP procede à oitiva informal do
atendimento
socioeducativo
(Sipia
e
e vítimas (art.179 do ECA).
Infoinfra); • Monitoramento e avaliação da qualidade dos programas de atendimento socioeducativo; • Estudos
adolescente e, se possível, dos pais, testemunhas
de
casos
de
programas
socioeducativos;
Em princípio, não é necessária a presença de advogado quando da realização da oitiva informal (a obrigatoriedade se dá apenas após a audiência de apresentação – art.186, §§2º e 3º c/c art.207
• Avaliação de custos dos programas de e §1º do ECA). A oitiva informal no Ministério Público atendimento socioeducativos. é realizada para esclarecer os fatos da forma
4.7 Fluxo Operacional da rede socioeducativa
como eles aconteceram, mas o adolescente não
Caso um adolescente seja apreendido pela
tem de se defender, de dizer o que efetivamente
autoridade policial, esta deve comunicar a autoridade judiciária competente, à família ou pessoa
é obrigado a falar. É uma oportunidade que ele aconteceu. Depois da oitiva, o promotor analisa se vai
indicada pelo adolescente, sob pena de respon- oferecer representação, que equivale a uma de37
ciset
SECRETARIA DE CONTROLE INTERNO/SG/PR
núncia; ou concede remissão. Dependendo da
significa que o MP deva oferecer a representação
gravidade do ato, a internação provisória é reco-
(em especial quando acompanhada de um
mendada. A remissão é o perdão concedido pela
pedido de decreto de internação provisória) sem
prática do ato infracional que não justifique a apli-
que existam ao menos fortes indícios de autoria
cação de uma medida socioeducativa. A remissão
e materialidade da infração, sob pena de dano
pode ser concedida pelo MP e homologada pelo
grave e irreparável ao adolescente acusado.
juiz e acumulada com as seguintes medidas pro-
Uma vez oferecida a representação, a
tetivas: matrícula escolar, tratamento antidrogas;
autoridade judiciária designará audiência de
e acompanhamento dos pais, conforme art. 101
apresentação, com a notificação (citação) do
do ECA.
adolescente. Estando o adolescente internado,
Após a oitiva informal, o MP poderá tomar
será requisitada sua apresentação, sem prejuízo
uma das seguintes providências (art.180 do ECA):
da notificação de seus pais ou responsáveis, que
I - ARQUIVAMENTO: fato inexistente,
deverão estar presentes ao ato (art.111, VI c/c
atipicidade do fato, autoria não é do adolescente, pessoa tem mais de 21 anos no momento da oitiva informal etc.;
art.184, §4º, do ECA). Estando apreendido o adolescente, deve a autoridade judiciária decidir acerca da necessidade
II - REPRESENTAÇÃO: dedução da pretensão
de sua internação provisória, observado o disposto
socioeducativa em Juízo pelo MP (art.182 do ECA);
no art.108, caput e parágrafo único e art.174,
III - REMISSÃO: Quando concedida pelo MP,
do ECA (a internação provisória somente pode
constitui-se numa forma de exclusão do processo.
ser decretada em se tratando de ato infracional
Pode ser concedida em sua modalidade de
de natureza grave, após cabal demonstração
perdão puro e simples (caso em que independe
de sua necessidade imperiosa, nas hipóteses
do consentimento do adolescente) ou vir
previstas em lei – art.174, do ECA, devendo ser o
acompanhada de MSE não privativa de liberdade
adolescente encaminhado para estabelecimento
(devendo ser esta ajustada pelo representante do
adequado, onde será obrigatória a realização de
MP e adolescente – arts.126, caput e 127, ambos
atividades pedagógicas).
do ECA.
Estando o adolescente em internação
Tendo em vista a celeridade com que deve
provisória, o prazo máximo e improrrogável para
ser conduzido o procedimento, não se exige,
conclusão de todo o procedimento é de 45 dias,
quando do oferecimento da representação, prova
computados da data da apreensão (inclusive) –
pré-constituída de autoria e materialidade da
arts.108, caput e 183, do ECA.
infração (art.182, §2º do ECA), que somente será
Apenas para aplicação da MSE de advertência,
necessária ao término daquele, para que possa
bastam “indícios suficientes” de autoria e prova
ser imposta alguma medida sócio-educativa ao
de materialidade (art.114 do ECA).
adolescente (conforme art.114 do ECA). Isto não
38
SECRETARIA DE CONTROLE INTERNO/SG/PR
ciset
5. ASPECTOS FISCALIZADOS DO PROGRAMA 5.1 Parâmetros Arquitetônicos das Unidades de Atendimento Socioeducativas
garantia dos direitos fundamentais dos adolescentes.
Sobre os parâmetros arquitetônicos das
5.1.1 Unidades de Atendimento Inicial
Unidades de Atendimento Socioeducativas, o Sinase dispõe:
Conforme disposto no Sinase, o atendimento inicial ao adolescente em conflito com a lei,
[...] considera-se que Unidade é o espaço arquitetônico que unifica, concentra, integra o atendimento ao adolescente com autonomia técnica e administrativa, com quadro próprio de pessoal, para o desenvolvimento de um programa de atendimento e um projeto pedagógico específico. Neste sentido, cada Unidade terá até quarenta adolescentes, conforme a resolução nº 46/96 do Conanda, sendo constituída de espaços residenciais denominados de módulos (estruturas físicas que compõem uma Unidade), com capacidade não superior a quinze adolescentes. No caso de existir mais de uma Unidade em um mesmo terreno, o atendimento total não poderá ultrapassar a noventa adolescentes. Neste conjunto de Unidades poderá existir um núcleo comum de administração logística.
mediante a integração operacional entre o Ju-
E ainda:
dispõe:
As estruturas físicas das Unidades de atendimento e/ou programas serão orientadas pelo projeto pedagógico e estruturadas de modo a assegurar a capacidade física para o atendimento adequado à execução desse projeto e a
diciário, Ministério Público, Defensoria Pública, Segurança Pública e Assistência Social, preferencialmente em um mesmo local (artigo 88, inciso V, do ECA), visa garantir os princípios de excepcionalidade e brevidade da internação provisória, de modo a impedir que os adolescentes permaneçam internados quando a lei não o exigir ou permaneçam privados de liberdade por período superior ao estritamente necessário ou ao prazo limite determinado pelo ECA. A agilidade desse atendimento inicial necessita da efetiva atuação de todos os órgãos arrolados no artigo 88, inciso V, do ECA, que podem atuar em regime de plantão e deverão estar presentes em finais de semana e feriados, inclusive. 5.1.1.1 Diretrizes O Estatuto da Criança e do Adolescente
Art. 88 - São diretrizes da política de atendimento: [...] V - integração operacional de órgãos do Judiciário, Ministério Público, Defensoria,Segurança Pública e Assistência 39
ciset
SECRETARIA DE CONTROLE INTERNO/SG/PR
5.1.1.2 O que foi verificado Social, preferencialmente em um mesmo As visitas realizadas aos estados e suas reslocal, para efeito de agilização do atendimento inicial a adolescente a quem se pectivas redes de atendimento socioeducativas, evidenciou que, dos seis estados, três possuem atribua autoria de ato infracional; atendimento inicial com todos os serviços dispoO Sinase não discorre sobre as diretrizes es- nibilizados no mesmo local. São eles: Ceará, Parapecíficas para a implementação de Unidades Ini- ná e Pernambuco. ciais de Atendimento, mas esclarece que o aten-
Mencione-se que o estado de Pernambuco
dimento inicial previsto no artigo 88, inciso V, do
conta com o Centro Integrado da Criança e do
ECA, não exige, apenas considera preferencial,
Adolescente – Cica. Este Centro é destinado ao
que esses serviços aconteçam num mesmo local, atendimento de Crianças e Adolescentes do país, cabendo aos órgãos envolvidos (Ministério Públi- em consonância com o principio da proteção co, Defensoria Pública, Juizado da Infância e Ju-
integral preconizado pelo Estatuto da Criança e do
ventude, Segurança Pública e Assistência Social)
Adolescente, e dispõe de delegacia especializada,
decidir quanto à conveniência e oportunidade,
Judiciário especializado, Defensoria Pública do
desde que haja integração entre eles.
estado, Ministério Público do estado e Unidade de Atendimento Inicial.
Figura 1: Unidade de Atendimento Inicial do Centro Integrado da Criança e do Adolescente de Pernambuco
O estado do Rio de Janeiro, apesar de não
atendimento inicial ao adolescente, inclusive
possuir um complexo de serviços concentrados
dispondo de uma Unidade específica para esse
num mesmo local, oferece um serviço integrado,
acolhimento.
entre 40
os
diversos
atores
envolvidos,
de
Os estados do Mato Grosso do Sul e Roraima
SECRETARIA DE CONTROLE INTERNO/SG/PR
ciset
não possuem atendimento inicial centralizado no
Importante mencionar que, conforme per-
mesmo local, bem como não possuem unidades
cepção da equipe, as unidades destinadas ao
específicas para acolhimento inicial dos adoles- atendimento inicial dependem da atuação breve centes, que são encaminhados pela autoridade
e oportuna de órgãos do Judiciário, Ministério
policial às Unidades de Internação Provisória.
Público e Defensoria Pública.
5.1.1.3 Análise de cenário Os diferentes cenários encontrados nos diferentes estados visitados permitiu à equipe de fiscalização inferir algumas percepções. Conforme dispõe o estatuto, é fundamental que os serviços de atendimento inicial sejam oferecidos ao adolescente de forma breve e integrada para que lhes sejam garantidos o devido processo legal, a legalidade do processo, bem como a definição da medida adequada à sua ressocialização, considerando seu contexto social de vida e família diante da gravidade do ato praticado. O fato do estado não contar com todos os serviços necessários em um mesmo local, exige uma articulação maior, mais custosa e uma maior mobilidade dos profissionais envolvidos, o que enseja um número elevado de promotores, defensores, juizados especializados e delegacias envolvidas. Assim, havendo o compromisso com essa integração, minimizam-se os prejuízos advindos do processo de acolhimento inicial do adolescente sem a proximidade física dos órgãos. É o caso do estado do Rio de Janeiro, que apresentou um acolhimento inicial satisfatório, em que os adolescentes não permanecem na Unidade Inicial por período superior a cinco dias, sem que tenham sido ouvidos pelo Ministério Público e assistidos pela Defensoria Pública do estado.
5.1.2 Unidades de Internação Provisória 5.1.2.1 Diretrizes O Estatuto da Criança e do Adolescente em seu Capítulo II – Dos Direitos Individuais –dispõe:
[...] Art. 107. A apreensão de qualquer adolescente e o local onde se encontra recolhido serão incontinenti comunicados à autoridade judiciária competente e à família do apreendido ou à pessoa por ele indicada. Parágrafo único. Examinar-se-á, desde logo e sob pena de responsabilidade, a possibilidade de liberação imediata. Art. 108. A internação, antes da sentença, pode ser determinada pelo prazo máximo de quarenta e cinco dias. Parágrafo único. A decisão deverá ser fundamentada e basear-se em indícios suficientes de autoria e materialidade, demonstrada a necessidade imperiosa da medida. 5.1.2.2 O que foi verificado A visita aos estados permitiu à equipe da Ciset/PR, a partir das inspeções físicas às unidades socioeducativas que atendem adolescentes em regime de internação provisória e das entrevistas com os seus diretores, além das entrevistas com os integrantes dos órgãos de gestão e execução da política nos estados, verificar, entre outros 41
ciset
SECRETARIA DE CONTROLE INTERNO/SG/PR
aspectos, carências e problemas estruturais de
lisados, recebem decisão judicial para soltura por
espaços físicos, em decorrência de superlotação
preclusão de prazo (máximo de 45 dias), ou seja,
ou ausência de investimentos em manutenção
sem julgamento e sentença. Importante destacar
das diversas unidades visitadas.
que foram verificados casos de prorrogação do
No Ceará verificou-se Unidades de Internação
prazo de internação provisória para além dos 45
Provisória com 133% a mais da sua capacidade
dias, expressamente improrrogáveis, conforme
de acolhimento. Este cenário pode evidenciar o
disposto no ECA.
elevado índice de violência entre adolescentes
Também verificada nos estados de Pernam-
no estado ou o entendimento majoritário do
buco e Paraná, essa demora do judiciário e as
judiciário pela medida de internação para o
recorrentes preclusões de prazo com soltura de
cometimento de infrações mais leves ou que
adolescentes, sem que tenham sido julgados e
não gerassem qualquer ameaça à sociedade
tenham recebido a medida socioeducativa ade-
ou à ordem, deferindo internação provisória na
quada ao delito cometido, geram a sensação de
maioria dos casos.
impunidade entre eles, criando um entendimen-
Outra hipótese para superlotação nas uni-
to de que em no máximo 45 dias estarão livres,
dades provisórias é a demora no julgamento
sem que tenham sofrido ao menos uma adver-
dos adolescentes que, conforme informado nos
tência da autoridade judicial e reflitam sobre as
questionários e confirmado nos prontuários ana-
consequências de reincidirem nas infrações.
Figura 2: Centro de Internação Provisória Feminina de Pernambuco
Entendemos que a internação provisória
adolescente sob rito judicial próprio definido
é apenas uma medida cautelar que visa à no Estatuto, inclusive com a garantia de defesa manutenção da ordem pública e a proteção do
técnica e celeridade processual é necessário para
adolescente, até que a medida socioeducativa
que o adolescente tenha ciência da conseqüência
seja aplicada para sua recuperação e retorno
sofrida em virtude de seus atos praticados, com
ao convívio com a sociedade. O julgamento do
a intensidade que cada caso, em específico,
42
SECRETARIA DE CONTROLE INTERNO/SG/PR
requer. Entretanto, o que evidenciamos foi
ciset
internação provisória, localizada na capital, onde
uma diversidade de infrações com a mesma os internos, advindos da capital e do interior, consequência – internação provisória por 45 dias.
convivem entre si, em meio a uma diversidade de
O Rio de Janeiro, também com superlotação
atos infracionais cometidos com diferentes graus
em internação provisória, apresenta outra
de gravidades, conforme repercussão de cada
característica na rede de atendimento, qual
local onde ocorreu o delito. Esta centralização
seja a disponibilização de uma única unidade de também dificulta a mobilidade quando do Figura 3: Construção da nova Unidade de Internação Provisória da Ilha do Governador – Rio de Janeiro/RJ
comparecimento às audiências nas respectivas
se verificou apenas uma Unidade de Internação
comarcas; bem como a visita dos familiares.
Provisória localizada na capital, assim, quando ne-
Neste ponto é importante registrar a
cessário, os juízes das comarcas do interior enca-
atual política de descentralização de unidades
minham para a capital, adolescentes em conflito
provisórias no Rio de Janeiro, em implantação
com a lei, para acolhimento provisório até julga-
com a construção de edificações específicas
mento do ato e aplicação de medida socioeducati-
para internação provisória no mesmo terreno
va. A unidade, apesar de estar funcionando acima
das Unidades de Internação de todo o estado,
de sua capacidade de acolhimento, possui eleva-
o que reduzirá a distância do adolescente à sua
da rotatividade de internos, à medida que a pas-
residência e à comarca onde tramita seu processo
sagem do adolescente por ela é temporária, não
de aplicação de medida.
permitindo a permanência por mais de 45 dias em
No estado do Mato Grosso do Sul, também
internação provisória, conforme dispõe o ECA.
43
ciset
SECRETARIA DE CONTROLE INTERNO/SG/PR
Figura 4: Unidade de Internação Provisória de Campo Grande/MS
5.1.3 Unidades de Internação
projetos de profissionalização, esporte, cultura e
5.1.3.1 Diretrizes
lazer com foco na reintegração do adolescente à
Sobre a medida socioeducativa de internação, família e à sociedade. o Estatuto da Criança e do Adolescente dispõe:
A seguir transcrevemos alguns dos aspectos
Art. 123 A internação deverá ser cumprida verificados pela equipe nas visitas realizadas nos em entidade exclusiva para adolescentes, em estados, especificamente no que se refere às local distinto daquele destinado ao abrigo, Unidades de Internação/Privação de Liberdade. obedecida rigorosa separação por critérios Paraná de idade, compleição física e gravidade da Dos estados visitados, o Paraná é o estado infração. brasileiro com maior número de Unidades 5.1.3.2 O que foi verificado
Socioeducativas de Internação, dispõem de 19
As visitas realizadas às Unidades Socioeduca-
unidades distribuídas entre 15 municípios. Neste
tivas de Internação nos estados do Paraná, Mato
estado, foram verificados problemas estruturais
Grosso do Sul, Ceará, Pernambuco, Roraima e Rio
nos espaços físicos, principalmente em duas
de Janeiro permitiram verificar deficiências e ini- das quatro unidades visitadas, que em razão da ciativas dos órgãos gestores estaduais no senti-
estruturação no modelo antigo, o qual priorizava
do de estruturar uma política de atendimento ao
a punição em detrimento da ressocialização,
adolescente em conflito com a lei, empreenden- conta com poucos espaços educativos, além da do parcerias fundamentais para proporcionar a escassa ventilação e iluminação dos alojamentos. recuperação do adolescente, garantindo seus di-
Apesar do verificado pela Equipe nas
reitos à educação, saúde, assistência social, segu- unidades visitadas, é importante citar que o rança, defesa técnica gratuita; além de oferecer Estado foi premiado na categoria Execução 44
SECRETARIA DE CONTROLE INTERNO/SG/PR
de Medidas em Meio Fechado com o Projeto
ciset
lescentes internos, suas famílias e comarcas.
Medida Socioeducativa de Internação em um
Segundo a SFDS/PR, o investimento na estru-
Novo Conceito Arquitetônico do Paraná, modelo
tura arquitetônica das unidades, baseado no Si-
adotado em três centros socioeducativos do
nase, objetiva melhoria do caráter pedagógico da
Paraná, não visitados: Cascavel, Laranjeiras do
medida socioeducativa de internação no estado.
Sul e Ponta Grossa.
Cabe mencionar que, segundo a Coordenação de
Mencione-se a preocupação da atual gestão
Socioeducação da SFDS/PR, há previsão de incre-
da Secretaria de Estado de Família e Desenvolvi- mento de 3% ao ano do número de adolescentes mento Social do Paraná – SFDS/PR, responsável
cumprindo medida socioeducativa no regime fe-
pela política socioeducativa do estado, para a
chado no estado. Na percepção da equipe, esse
ampliação da rede de atendimento, com investi-
quadro decorre da ausência de políticas públicas
mento na construção de novas unidades a partir
preventivas, as quais deveriam promover a redu-
de um novo padrão estrutural, baseado no Sina- ção da demanda por acolhimento de adolescense, com a proposta de atendimento regionaliza-
tes em conflito com a lei.
do, garantindo maior proximidade entre os adoFigura 5: Unidade de Internação São Francisco – Piraquara/PR
Rio de Janeiro
localizadas na Ilha do Governador e as outras
O estado do Rio de Janeiro, na data da visita,
duas nos municípios de Bangu e Belford Roxo.
dispunha de quatro Unidades Educacionais de
Havia ainda uma unidade de tratamento ao
Internação, com capacidade para o acolhimento
uso e abuso de drogas – o Centro Intensivo de Tra-
de 516 adolescentes em cumprimento de medida
tamento ao Uso e Abuso de Drogas (CITUAD), com
socioeducativa de internação, sendo duas
capacidade de atendimento para 15 adolescentes. 45
ciset
SECRETARIA DE CONTROLE INTERNO/SG/PR
Verificou-se, no entanto, que a execução Janeiro, a execução da medida socioeducativa da medida socioeducativa de internação está
de internação está concentrada na Região
concentrada na Região Metropolitana do estado,
Metropolitana do estado, contrariando as
contrariando as diretrizes do ECA que orienta a
diretrizes do ECA que orienta a descentralização
descentralização das unidades socioeducativas das unidades socioeducativas de forma a permitir de forma a permitir que o adolescente cumpra que o adolescente cumpra a medida próximo à a medida próximo à sua família. Para corrigir esse cenário, o Degase, órgão gestor da política
sua família. Na data da visita (27/6/2011), todas as Uni-
socioeducativa no estado, em parceria com a SDH/ dades apresentavam superlotação, com exceção PR, está construindo unidades de internação em da Unidade feminina, resultando em uma ocupaCampos dos Goytacases e em Itaboraí, municípios
ção de 187,09% em relação à capacidade de aco-
que abrangerão regiões com elevados índices de
lhimento da rede de atendimento socioeducativo
adolescentes em cumprimento de medidas.
do estado. Verificou-se, no entanto, a previsão de implementação de mais cinco centros educacio-
Ceará
nais. Desses, três são financiados com recursos
O estado do Ceará dispõe de cinco Unidades
da SDH/PR, sendo um no bairro do Canindezinho,
Educacionais de Internação, com capacidade
em Fortaleza, com capacidade para atender 60
para o acolhimento de 500 adolescentes em
adolescentes; um no município de Sobral e ou-
cumprimento de medida socioeducativa de
tro no município de Juazeiro do Norte, estes dois
internação, todas localizadas em Fortaleza,
com capacidade para acolher 90 internos.
capital do estado.
No que se refere à atuação do estado
Da mesma forma que no estado do Rio de na aplicação de medidas socioeducativas em Figura 6: Centro Educacional Cardeal Aloisio Lorscheider – Fortaleza/CE
46
SECRETARIA DE CONTROLE INTERNO/SG/PR
unidades privativas de liberdade, nos termos
ciset
centes em cumprimento de medida socioedu-
do art. 1º da Lei Estadual nº 13.553/2004, cativa de internação, sendo duas localizadas na ficou autorizada a destinação, pelos Órgãos e capital e as outras cinco distribuídas nos muniEntidades da Administração Pública Estadual
cípios de Dourados, Ponta Porã, Corumbá e Três
de Recursos Públicos, para entidades privadas
Lagoas. Na data da visita (25/7/2011) ), conforme
sem fins lucrativos (ONGs), de Subvenções
os dados estatísticos fornecidos pelo órgão ges-
Sociais, pela prestação de serviços essenciais
tor local, havia 183 adolescentes em conflito com
de assistência social, saúde, educação e cultura,
a lei acolhidos na rede de atendimento socioedu-
em caráter suplementar. Esta autorização se
cativo do estado.
deu em razão de não haver força de trabalho do
Apenas uma Unidade apresentava superlo-
estado, tendo em vista que o último concurso
tação, a Unidade Dom Bosco, 27,78% acima de
ocorreu em 1982. Dessa forma, a maioria
sua capacidade. Entretanto, o estado está finan-
dos profissionais em atividade nas Unidades
ciando reforma de ampliação desta Unidade, a
de Internação é selecionada pelas ONGs
qual disponibilizará mais 32 vagas.
contratadas pela Secretaria Estadual do Trabalho e Desenvolvimento Social do Ceará, órgão gestor
Pernambuco
da política socioeducativa do estado.
O estado de Pernambuco dispõe de oito
O sistema descentralizado de contratação unidades de atendimento com capacidade de pessoal e administração das Unidades para o acolhimento de 507 adolescentes em Socioeducativas do estado do Ceará, sem cumprimento de medida socioeducativa de adentrar na questão legal, permite maior
internação, distribuídas em cinco das 12 Regiões
mobilidade na seleção de profissionais com do estado. Os municípios contemplados são os perfil adequado para o trabalho; bem como no
seguintes: Recife, Abreu e Lima, Jaboatão dos
desligamento de profissionais sem compromisso
Guararapes e Cabo de Santo Agostinho, Caruaru,
com a causa. No entanto, também propicia uma Arcoverde, Garanhuns e Petrolina. maior rotatividade de funcionários, à medida que
A equipe de fiscalização, na data da visita
oferecem salários reduzidos para os funcionários
(22/8/2011), verificou, por meio de dados esta-
da ONG e poucas perspectivas de crescimento na
tísticos fornecidos pelo órgão gestor local, super-
carreira pelo trabalhador; o que traz prejuízos ao
lotação em todas as unidades socioeducativas
estado, que investiu em formação e capacitação
de internação no percentual total de 206% (507
destes profissionais.
vagas e 1046 internos). Estes dados de superlotação foram confirmados pela equipe durante visi-
Mato Grosso do Sul O estado de Mato Grosso do Sul dispõe de
tas a cinco unidades. O estado, em parceria com a SDH/PR, está
sete Unidades Educacionais de Internação, com investindo nos seguintes objetos: construção, já capacidade para o acolhimento de 202 adoles- em fase de conclusão, do Centro de Atendimento 47
ciset
SECRETARIA DE CONTROLE INTERNO/SG/PR
Figura 7: Centro de Atendimento Socioeducativo (CASE) – Jaboatão dos Guararapes/PE
Socioeducativo – CASE do município de Vitória de
em alojamentos improvisados, inclusive dentro
Santo Antão, com 72 vagas; e construção de CASE
de lavanderias. A equipe observou problemas
feminino, em Jaboatão dos Guararapes, com 72
de escabiose na maioria dos internos, também
vagas.
decorrentes da superlotação.
Com exceção da Unidade Socioeducativa no
O uso de cigarros pelos adolescentes e
município de Jaboatão dos Guararapes, as demais
socioeducadores é permitido nos Centros de
Unidades de internação visitadas não apresenta-
Atendimento, com a justificativa de “redução
ram condições adequadas de acolhimento. Estão
de danos”, por serem em sua maioria, usuários
superlotadas e em péssimas condições de con-
de drogas, conforme dados coletados nas visitas
servação. Os agentes socioeducadores possuem
de inspeção da equipe do Centro de Apoio
postura de policiais para que possam manter a
Operacional às Promotorias de Justiça da Infância
ordem entre os adolescentes que estão alojados
e da Juventude (CAOPIJ), realizadas nas unidades
bem além da capacidade das Unidades, permitin-
socioeducativas em Pernambuco no biênio 2008-
do a ocorrência de rebeliões e revoltas entre eles,
2009. Estes dados apontam que em torno de
contra o patrimônio e contra funcionários.
90% dos jovens e adolescentes em conflito com
O Centro de Internação Abreu e Lima, com um excedente de 140%, abrigava adolescentes
48
a lei, que cumprem medida de internação ou internação provisória, são usuários de drogas.
SECRETARIA DE CONTROLE INTERNO/SG/PR
ciset
Figura 8: Centro de Atendimento Socioeducativo (CASE) – Abreu e Lima/PE
Roraima
abriga atualmente 30 adolescentes em conflito
O estado de Roraima conta com uma
com a lei, sendo uma do sexo feminino. A
única unidade de atendimento socioeducativo, Unidade é dividida em quatro espaços para com capacidade para 88 adolescentes. Esta
cumprimento de medidas: duas de internação,
Unidade atende toda a demanda do estado,
com capacidades de 16 e 30 adolescentes do
para cumprimento de todas as medidas
sexo masculino; semiliberdade, com capacidade
socioeducativas em meio fechado e sua
para 26 adolescentes do sexo masculino;
capacidade de atendimento nunca foi alcançada.
internação e semiliberdade com capacidade para
O
Centro
Socioeducativo
de
Roraima
16 adolescentes do sexo feminino.
Figura 9: Centro Socioeducativo Homero de Souza Cruz Filho – Boa Vista/RR
49
ciset
SECRETARIA DE CONTROLE INTERNO/SG/PR
5.1.4 Unidades de Semiliberdade
socioeducativa mais branda e proporcional ao
5.1.4.1 Diretrizes
ato cometido. Atendimento
O estado do Ceará conta com seis
Socioeducativo – Resolução Conanda/Sinase –
unidades socioeducativas de semiliberdade
dispõe:
com capacidade para 180 adolescentes do sexo
O
Sistema
Nacional
de
Para os programas que executam a medida de semiliberdade, a capacidade não deverá exceder a vinte adolescentes para que se mantenha um acompanhamento mais individualizado. O programa de atendimento deverá ser realizado, preferencialmente, em casas residenciais localizadas em bairros comunitários, considerando na organização do espaço físico os aspectos logísticos necessários para a execução do atendimento dessa modalidade socioeducativa sem, contudo, descaracterizá-la de uma moradia residencial. Também deverá ser respeitada a separação entre os adolescentes que receberam a medida de semiliberdade como progressão de medida e aqueles que a receberam como primeira medida.
masculino, sendo uma na capital e cinco no interior do estado, distribuídas nos municípios de Iguatu, Crateús, Sobral e Juazeiro do Norte. Os dados estatísticos fornecidos pelo órgão gestor local demonstraram que essas unidades estavam, na data da visita, com uma ocupação de 62,08% das vagas oferecidas, o que pode refletir a baixa aplicabilidade da medida de restrição de liberdade pelo judiciário ou mesmo por estarem localizadas, em sua maioria, no interior do Estado. Ressalte-se que a única Unidade de Semiliberdade de Fortaleza, diferente do que ocorre no interior do estado, está com sua capacidade superlotada em 30%. Está em construção no bairro de Sapiranga, município de Fortaleza/CE, uma unidade para medidas em regime de semiliberdade com capacidade para 40 adolescentes em conflito com
5.1.4.2 O que foi verificado
a lei. O Centro Educacional Aldaci Barbosa Mota,
O estado do Paraná dispõe de sete unidades
unidade feminina de cumprimento de medidas
para cumprimento de medida socioeducativa de
socioeducativa, conta com duas adolescentes
semiliberdade com capacidade para acolhimento
cumprindo medida de semiliberdade.
de 52 adolescentes, distribuídas nos municípios
No estado do Mato Grosso do Sul há duas
de Curitiba, Cascavel, Foz de Iguaçu, Londrina e
unidades, sendo uma no município de Campo
Ponta Grossa. Segundo avaliação da Secretaria
Grande, com capacidade para 16 adolescentes
de Estado da Família e Desenvolvimento Social
e outra no município de Corumbá, com 20
do Paraná – SFDS/PR - há pouco investimento do
vagas. O estado apresentou, na data da visita,
estado em unidades de Semiliberdade. A SFDS/PR
Unidades de Semiliberdade com apenas 44,44%
estima que cerca de 50% dos internos poderiam
de sua capacidade ocupada, refletindo a baixa
ser destinados a essas unidades, com medida
aplicabilidade da medida.
50
SECRETARIA DE CONTROLE INTERNO/SG/PR
ciset
Figura 10: Unidade Educacional de Semiliberdade Tuiuiú – Campo Grande/MS
O estado de Pernambuco possui seis casas Roraima, com capacidade para 26 adolescentes. de semiliberdade, que atendem um total de 140
Na data da visita havia dois adolescentes
adolescentes. Destas, três estão localizadas em
cumprindo medida de semiliberdade.
Recife e as demais nos municípios de Garanhuns,
Ressalte-se que, conforme a Resolução Co-
Caruaru e Timbaúba. Na data da visita verificou-
nanda/Sinase, o local destinado ao cumprimento
se superlotação em uma das casas de Recife no
de medida de semiliberdade deve ser distinto ao
percentual de 410%, a casa com capacidade de
de internação e preferencialmente em local re-
20 adolescentes abrigava 82. Segundo o órgão
sidencial. Sobre o assunto, o Juizado da Infância
gestor da Política de Atendimento Socioeducativo
e Juventude/RR já oficiou ao governo do estado,
do estado, estão previstas a locação e equipagem exigindo o remanejamento dos adolescentes em de cinco casas de semiliberdade, sendo três
semiliberdade para espaço distinto e apropriado.
no município do Recife e duas no interior do
No estado do Rio de Janeiro, em relação à
estado, visando ao aumento em 100 vagas na
medida de semiliberdade, a sua capacidade ins-
capacidade de acolhimento de adolescentes em
talada é suficiente para a demanda e adequa-
semiliberdade.
damente distribuída. Há maior concentração de
Em Roraima, as medidas socioeducativas
vagas na Região Metropolitana devido à maior in-
restritivas de semiliberdade, são executadas
cidência de atos infracionais cometidos por ado-
no espaço físico do Centro Socioeducativo de
lescentes dessa região.
51
ciset
SECRETARIA DE CONTROLE INTERNO/SG/PR
Figura 11: Centro de Recursos Integrados de Atendimento ao Adolescente Ilha do Governador – Rio de Janeiro/RJ
Assim, das 17 unidades de semiliberdade do estado, 11 estão localizadas no interior e seis na Região Metropolitana. Segundo os dados fornecidos pelo órgão gestor local, a capacidade de acolhimento das dezessete unidades é de 516 adolescentes. Na data da visita verificou-se 83,52% dessa capacidade ocupada, o que reflete
oportunidades de superação de sua situação de exclusão, de ressignificação de valores, bem como o acesso à formação de valores para a participação na vida social, vez que as medidas socioeducativas possuem uma dimensão jurídico-sancionatória e uma dimensão substancial ético-pedagógica.
a alta aplicabilidade da medida pela autoridade judiciária, ou permanência do adolescente no
5.2.1 Educação
Programa.
Conforme disposto no Sinase, cabe aos órgãos gestores estaduais que executam a inter-
5.2 Parâmetros Pedagógicos
nação provisória e as medidas socioeducativas
Sobre os parâmetros pedagógicos das Uni-
consolidar parcerias com órgãos executivos do
dades de Atendimento Socioeducativas, Resolu- Sistema de Ensino visando ao cumprimento do ção Conanda/Sinase dispõe:
capítulo IV do ECA e, sobretudo, a garantia de re-
Os parâmetros norteadores da ação e gresso, sucesso e permanência dos adolescentes gestão pedagógicas para as entidades na rede formal de ensino. e/ou programas de atendimento que 5.2.1.1 Diretrizes executam a internação provisória e as O Estatuto da Criança e do Adolescente medidas socioeducativas devem propiciar ao adolescente o acesso a direitos e às dispõe: 52
SECRETARIA DE CONTROLE INTERNO/SG/PR
Art. 53. A criança e o adolescente têm direito à educação, visando ao pleno desenvolvimento de sua pessoa, preparo para o exercício da cidadania e qualificação para o trabalho, assegurando-se-lhes: I - igualdade de condições para o acesso e permanência na escola; II - direito de ser respeitado por seus educadores; III - direito de contestar critérios avaliativos, podendo recorrer às instâncias escolares superiores; IV - direito de organização e participação em entidades estudantis; V - acesso à escola pública e gratuita próxima de sua residência. Parágrafo único. É direito dos pais ou responsáveis ter ciência do processo pedagógico, bem como participar da definição das propostas educacionais. Art. 54. É dever do Estado assegurar à criança e ao adolescente: I - ensino fundamental, obrigatório e gratuito, inclusive para os que a ele não tiveram acesso na idade própria;
ciset
judicado, ora pela carência de pessoal especializado, ora pela dificuldade de articulação política. A seguir transcrevemos algumas das propostas educativas aplicadas e verificadas pela equipe, especificamente no que se refere às Unidades de Internação/Privação de Liberdade. Rio de Janeiro No Rio de Janeiro vale mencionar o trabalho desenvolvido na Unidade de Internação Provisória do Rio de Janeiro, Instituto Padre Severino , por meio do Colégio Estadual Padre Carlos Leôncio da Silva, que além de conviver com as especificidades do interno, permanecem com o adolescente por um período aproximado de quarenta e cinco dias, prazo máximo para a internação provisória. Este período é relativamente curto para produzir algum aprendizado, de acordo com a metodologia tradicional de ensino. O Colégio Estadual Padre Carlos Leôncio da Silva desenvolveu um Projeto Político Pedagógico – PPP
próprio, orientando a sistemática
pedagógica de forma a otimizá-la e dinamizá-la. A metodologia do trabalho pedagógico proposta no PPP e implantada na unidade de internação
5.2.1.2 O que foi verificado
provisória estabelece a rotina escolar por meio
O desenvolvimento de atividades pedagógi-
de oficinas pedagógicas. A oficina pedagógica é
cas dentro das unidades socioeducativas, confor-
uma metodologia de trabalho em grupo; nela
me o estabelecido nas diretrizes do Sinase, foi
o saber é construído coletivamente por seus
perceptível nas visitas realizadas pela equipe da
atores e guiada pelo professor, que estimula
Ciset/PR nos estados, embora muitas vezes pre-
descobertas e reflexões.
53
ciset
SECRETARIA DE CONTROLE INTERNO/SG/PR
Figura 12: Instituto Padre Severino – Internação Provisória – Rio de Janeiro/RJ
O curto período de permanência do mental e/ou médio, a adolescentes e jovens em adolescente na unidade provisória impede a
conflito com a lei ou em situação de risco social
realização de uma sequência de conteúdos
e pessoal, atendidos nas Unidades Socioeducati-
curriculares. Assim, a proposta é ressignificar vas, por meio de ações descentralizadas dos Cena escola para esses jovens a partir da discussão
tros Estaduais de Educação Básica para Jovens
de seus direitos, dos problemas comunitários
e Adultos – CEEBJAs semipresenciais. Os alunos
e políticos, oportunizar formas de expressão
que participam desse programa são matriculados
artística e estímulo à vida saudável através da no CEEBJA semipresencial ao qual a Unidade Soprática de esportes e conhecimento do corpo.
cioeducativa estiver vinculada.
As oficinas pedagógicas são as seguintes: Vivência, Linguagem, Ambiental, Raciocínio e
Ceará
Interpretação, Recriarte e Letramento.
No Ceará não há termo de cooperação entre a Secretaria de Trabalho e Desenvolvimento
Paraná
Social-STDS, gestora da política socioeducativa
No Paraná, o Programa de Educação nas
e a Secretaria de Educação, que possibilite a
Unidades Socioeducativas (Proeduse) é uma par- certificação da conclusão do ensino da série ceria da Secretaria de Estado da Criança e da Ju-
cursada pelo adolescente na unidade. Este fato,
ventude e da Secretaria de Estado da Educação, segundo relato em uma das Unidades visitadas, por meio do Departamento de Educação Especial
fez com que um adolescente que passou no
e Inclusão Educacional. O objetivo do programa
vestibular não pudesse cursar a Faculdade, pois
é garantir a escolarização básica, no nível funda- não possuía certificado de conclusão do 2º grau.
54
SECRETARIA DE CONTROLE INTERNO/SG/PR
ciset
Pernambuco
com todo o mobiliário, equipamentos, material
Em Pernambuco, durante as visitas, não fi-
didático, professores e, inclusive, salas de
cou evidenciado articulações entre as diversas informática e biblioteca. secretarias de estado de forma a tratar as parti-
Observou-se que esse envolvimento da Se-
cularidades do público-alvo da política pelo ór-
cretaria de Educação Estadual de Mato Grosso do
gão gestor. Em razão da superlotação nas unida-
Sul é fundamental para a escolarização dos ado-
des socioeducativas de Pernambuco, verificou-se
lescentes internos, que em sua maioria, estavam
uma defasagem entre o número de efetivo de
fora da escola. Desta forma, o estado permitiu
adolescentes e o número de matriculados nas
aos adolescentes o acesso ao ensino regular den-
escolas. Segundo informação do órgão gestor,
tro da Unidade de Internação, com a qualidade e
na data da visita da equipe da Ciset/PR, com a
a especificidade que esses alunos requerem, para
regulamentação do Planejamento Operacional
que possam ser reintegrados à comunidade esco-
e Pedagógico, que garante o direito à educação
lar ao fim do cumprimento das medidas impostas
básica aos adolescentes e jovens dos Centros de
sem defasagem de aprendizado.
Atendimento Socioeducativo – Case, havia previ-
Outra iniciativa interessante da Secretaria
são de que todos os adolescentes estariam matri-
de Estado de Justiça e Segurança Pública
culados na escola nos próximos meses.
(SEJUSP/MS) em parceira com a Secretaria de Estado de Educação (SED/MS), por meio da
Mato Grosso do Sul
Superintendência de Assistência Socioeducativa
A Secretaria de Estado de Segurança de
(SAS), foi o lançamento do projeto “TOSCO nas
Mato Grosso do Sul, órgão gestor da política
MSE”. Com base no livro TOSCO, do psicólogo
socioeducativa, por meio de um termo de
Gilberto Mattje. O objetivo é trabalhar de
cooperação com a Secretaria de Estado de
maneira diferenciada com os adolescentes em
Educação instituiu a Escola Pólo Profª Evanilda
cumprimento de medidas socioeducativas temas
Maria Neves Cavassa, nas Unidades Educacionais
como: violência, bullying, drogas, realidade social,
de Internação de Mato Grosso do Sul –UNEIs. juventude,
comportamento,
relacionamento
As visitas às UNEIs em Campo Grande/MS,
entre pais e filhos e entre aluno e professor. O
permitiram evidenciar a presença da escola nas
projeto tem apoio e acompanhamento da Editora
Unidades, as quais contam com salas de aula
Alvorada, que doou 300 livros para o projeto.
55
ciset
SECRETARIA DE CONTROLE INTERNO/SG/PR
Figura13: Unidade Educacional de Internação Dom Bosco – Campo Grande/MS
Roraima
5.2.2 Esporte, Cultura e Lazer
Em Roraima, os adolescentes do Centro
Da visita realizada às Unidades Socioeduca-
Socioeducativo Homero de Souza Cruz são
tivas com o objetivo de conhecer a política em
atendidos por meio de uma unidade vinculada
torno da construção do Sistema Nacional de
à Escola Estadual Professor Jaceguai Reis
Atendimento Socioeducativo – Sinase, também
Cunha localizada na comunidade. Nas salas
se verificaram iniciativas e projetos de esporte,
de aula descentralizadas da referida escola,
cultura e lazer com foco na reintegração do ado-
funcionando dentro da instituição, são atendidos
lescente à família e à sociedade.
os adolescentes nas modalidades: “Educação
No Ceará, por meio da articulação da
de Jovens e Adultos – EJA”, “Regular” e “Exame Secretaria do Trabalho e Desenvolvimento Social, de Suplência”. Não foi possível presenciar as
gestora da política socioeducativa, verificamos,
atividades em razão da maior parte dos servidores
em execução, o Projeto UM NOVO OLHAR –
do CSE estar, naquela semana, participando do
proposta pedagógica inovadora, associada a um
curso de capacitação na Universidade Federal
plano de atividades desporto-recreativo, artístico/
de Roraima. Entretanto, a equipe verificou a
cultural e espiritual a serem desenvolvidas junto
existência de locais, devidamente equipados para
aos jovens nos Centros Socioeducativos.
a realização das atividades propostas.
56
SECRETARIA DE CONTROLE INTERNO/SG/PR
ciset
Figura14: Centro Educacional Cardeal Aloisio Lorscheider – Fortaleza/CE
Em Mato Grosso do Sul a Superintendência
de acesso à formação, informação e inserção do
de Atendimento Socioeducativo dispõe, em
adolescente em conflito com a lei no mercado de
sua estrutura institucional, de uma divisão de
trabalho, como forma de subsidiar a geração de
Educação e Educação para o Trabalho, que
renda necessária à subsistência e o fortalecimen-
promove articulação com a Secretaria de Estado
to dos vínculos familiares e comunitários.
de Educação e com setores privados objetivando
O Degase, órgão gestor da política no Rio
o desenvolvimento de atividades de esporte,
de Janeiro, possui um Centro de Capacitação
cultura e lazer desenvolvidas nas Unidades do
Profissional – Cecap, vinculado à Coordenação
interior e da capital.
de Educação, Cultura, Esporte e Lazer – Cecel, o
qual recebeu recursos da SDH/PR para reformas
5.2.3 Profissionalização
e reestruturação.
A profissionalização, conforme o Sinase, é co-
O Cecap possui, inclusive, um Blog na in-
mum a todas as entidades que executam a inter-
ternet destinado à divulgação das atividades do
nação provisória e as medidas socioeducativas.
Cecap e Instituições parceiras como forma de au-
Sua intervenção tem como proposta o desenvol-
mentar a interação com todos os atores do siste-
vimento de ações que assegurem oportunidades
ma socioeducativo do Estado do Rio de Janeiro.
57
ciset
SECRETARIA DE CONTROLE INTERNO/SG/PR
Figura 15: Centro de Capacitação Profissional (CECAP) – Rio de Janeiro/RJ
Durante a visita ao Cecap, verificamos a rea-
Projeto
realizado
exclusivamente
nas
lização dos seguintes cursos, fruto das parcerias
Unidades que atendem adolescentes do sexo
com Organizações nãogovernamentais:
feminino (CRIAAD Ricardo de Albuquerque e
58
• Projeto Lego
Educandário Santos Dumont).
Utilização, por parte dos adolescentes,
• Projeto Significando Vidas
da robótica educacional, do cinema e da
Cursos/oficinas de fotografia, bordado,
arte que, a partir de peças LEGO, possam
cabelo afro, capoeira, serigrafia, batik tie-die
expressar idéias e anseios para construção
e empreendedorismo – Parceria com a ONG
de um novo país – Iniciativa da SEEDUC em
Ação Comunitária do Brasil.
parceria com a Lego Education.
O Centro de Capacitação Profissional –
Atividade desenvolvida em todas as Unidades
Cecap, no Rio de Janeiro, pretende proporcionar
de medida de internação e em 14 unidades
chances reais de desenvolvimento profissional e
de semiliberdade.
social para os adolescentes e jovens do sistema
• Projeto Afroreggae
socioeducativo, prioritariamente , e comunidade
Oficinas de esporte, teatro, grafite e percussão
através de cursos profissionalizantes e de oficinas
– Parceria com o Grupo Afroreggae.
de geração de renda. Para tanto, contam com
• Projeto Gol Legal
parcerias como RioSolidário, Proderj, Senai-
Atividades psicossociais diversas e futebol
Firjan, as empresas Masan Alimentos e Serviços
feminino – Parceria com a Instituição Homem
e Werner Coiffeur, a ONG Ação Comunitária do
Novo.
Brasil, entre outros.
SECRETARIA DE CONTROLE INTERNO/SG/PR
No Paraná, as atividades desenvolvidas
ciset
(aptidão) dos colaboradores.
dentro das unidades como música, esporte e
Em Roraima, complementando a rede so-
alguns cursos profissionalizantes são realizadas
cioeducativa, o Centro Socioeducativo “Homero
por colaboradores/servidores da própria unidade.
de Souza Filho” tem no seu quadro algumas ins-
São atividades coordenadas pelos diretores das
tituições parceiras que prestam serviços, da se-
unidades, mas dependem da capacidade pessoal
guinte forma:
Quadro 9 – Instituições Parceiras do Centro Socioeducativo “Homero de Souza Filho
No Ceará, são 22 oficinas distribuídas nas
redes; banda marcial; capoeira; corte e costura;
diversas unidades socioeducativas: serigrafia;
primeiro passo; textura em tela; higiene e bele-
artesanato; tecelagem; saneantes; informática;
za. Verificamos, ainda, a profissionalização de 97
bijuteria; vime; artes; música; vassouraria; mar-
adolescentes por meio de contratos com as se-
cenaria; bordado; arte e educação; eletrônica;
guintes empresas:
Quadro 10 – Empresas parceiras na profissionalização dos adolescentes do Ceará
Fonte: Célula de Medidas Socioeducativas/STD
59
ciset
SECRETARIA DE CONTROLE INTERNO/SG/PR
Figura 16: Centro Educacional Cardeal Aloisio Lorscheider – Fortaleza/CE
Em Pernambuco, além de parcerias com Sesc e Senai para promoção de atividades
Industrial – Senai. As áreas de maior interesse dos adolescentes foram informática e mecânica.
profissionalizantes, observa-se, no período de 2007 a 2010, segundo o Relatório de Gestão,
5.2.4 Saúde
que os cursos mais ofertados aos adolescentes
O adolescente tem direito de acesso às ações
foram: pintura predial, auxiliar de serviços gerais,
de saúde, acolhendo, assim, os princípios de
eletricista, serviços de jardinagem, auxiliar de
proteção, de acordo com o previsto nos artigos
cozinha, auxiliar de escritório, garçom e corte
7, 8, 9, 11 e 13 do ECA. A garantia deste direito
e costura, com uma maior participação dos
está pautada na reestruturação das ações de
adolescentes nos três primeiros cursos. Apenas
saúde das unidades visitadas, conforme a seguir
em Caruaru, existe uma predominância dos
descrevemos.
adolescentes em cursos de Corte e Costura, devido
Existe em Mato Grosso do Sul um registro
à unidade produtiva de confecções, existente no
padronizado e sistematizado das informações
Case/Caruaru, criada em decorrência do Pólo de
do adolescente em cumprimento de medida
Confecção instalado na região.
socioeducativa
–
SIGO
–
Procedimentos
Em Mato Grosso do Sul, para as ações na
Integrados e Informação Única, que integra
área de qualificação e profissionalização dos
toda a rede do sistema socioeducativo do
adolescentes estavam em execução uma parceria
estado, permitindo uma avaliação mais justa,
com o Serviço Nacional de Aprendizagem
imparcial e transparente do adolescente, à
Nacional –Senac, e em negociação uma parceria
medida que subsidia a decisão judicial e viabiliza
com o Serviço Nacional de Aprendizagem
o
60
acompanhamento
online
dos
registros
SECRETARIA DE CONTROLE INTERNO/SG/PR
ciset
realizados por cada profissional. Está em fase
meio de parceria com a SDH/PR, inclui pequenas
de finalização o módulo para integrar o sistema
salas para atendimentos psicossociais, com
informatizado – SIGO, para registros também
exceção da Unidade de Internação Dom Bosco,
de informações psicossociais e de saúde dos
a qual, além de sala para atendimento técnico
adolescentes internos nas Unidades. Saliente-se
psicológico e de assistência social, conta com um
que há perspectiva de integração dos dados com
ambulatório mantido com recursos do sistema de
o SIPIA-SINASE.
saúde municipal para atendimentos de primeiros
A estrutura física das unidades de internação visitadas em Campo Grande/MS, construída por
socorros diariamente, e atendimento médico uma vez por semana.
Figura17: Ambulatório - Unidade Educacional de Internação Dom Bosco – Campo Grande/MS
No Paraná, com exceção do Centro
envolvendo o adolescente em conflito com a
Socioeducativo Fazenda Rio Grande, que não
lei, que são os transtornos neurocognitivos,
dispõe de consultório médico, verificaram-se na
decorrente da drogadição. Diante disso, a
estrutura física das demais unidades visitadas
Coordenadora de Proteção especial relatou
consultórios médicos e de dentistas, equipados
que estão sendo retomados convênios com as
e com medicamentos, além de profissionais de
comunidades terapêuticas, que disponibilizam
saúde do quadro de pessoal efetivo das unidades.
172 vagas para o CEDCA. Por meio de uma
Conforme mencionado em ata do Conselho
resolução das Secretarias da Saúde, Família e
Estadual dos Direitos da Criança e do Adolescente
Justiça, em vias de aprovação, será preenchido
do Paraná – CEDCA, de 18/3/2011, disponibilizada
um fluxo de entrada e encaminhamentos que
à equipe, existe um sério problema de saúde
chegará a todos os serviços especializados 61
ciset
SECRETARIA DE CONTROLE INTERNO/SG/PR
(Saúde, Assistência Social e juizados) para que
além de profissionais de saúde do quadro de
os adolescentes possam aproveitar as vagas
profissionais das unidades. Em Pernambuco, no período de 2006 a 2009
disponibilizadas. No Ceará, a Unidade de Recepção não
foram investidos R$ 1.083.132,68, sendo R$
dispõe de atendimento médico. Quando o
934.830,29 em recursos captados da Secretaria
adolescente
apresentando
de Direitos Humanos da Presidência da República
lesões que demandem cuidados especiais, o
- SDH/PR e R$ 148.302,39 em recursos próprios,
mesmo é conduzido ao hospital estadual ou
que foram aplicados em reforma e ampliação do
municipal para o atendimento necessário. As
ambulatório de saúde de quatro das unidades so-
demais unidades visitadas, possuem estrutura de
cioeducativas de Pernambuco, contribuindo para
atendimento ambulatorial, consultórios médicos
o oferecimento de espaços adequados ao pronto
e de dentistas, equipados e com medicamentos,
atendimento de saúde dos adolescentes internos.
é
recepcionado
Figura 18: Ambulatório de saúde - Centro de Atendimento Socioeducativo (CASE) – Jaboatão dos Guararapes/PE
Entretanto, diante das dificuldades de
O Centro Socioeducativo “Homero de Souza
atendimentos especializados de saúde dos
Cruz Filho”, em Roraima, dispõe de dois médicos
adolescentes das unidades socioeducativas,
(clínico-geral e psiquiatra) lotados na Unidade
a recém-criada Secretaria da Criança e da
Socioeducativa. A Equipe de Fiscalização obser-
Juventude do Estado de Pernambuco, formulou
vou que algumas ações já vêm sendo implemen-
ações emergenciais para o fortalecimento de
tadas pela equipe de saúde no local, entretanto,
parcerias para qualificação da assistência à saúde
no que se refere às Ações de Atenção Básica e
dos internos. Há previsão de convênio com a Média Complexidade na área de Saúde Mental, Faculdade Pernambucana de Saúde/IMIP. 62
ficou evidenciado que os serviços dessa área no
SECRETARIA DE CONTROLE INTERNO/SG/PR
ciset
Estado ainda encontram-se deficitários, principal-
O Novo Degase (Departamento Geral de
mente diante das dificuldades apresentadas pelo
Ações Socioeducativas) que desde 2007 vem
Diretor da Unidade nas questões relacionadas ao
passando por uma série de remodelações,
comprometimento da saúde mental, da maioria
pautadas no que determina o Sinase, mantém em
dos adolescentes em cumprimento de medidas,
sua estrutura o Centro Integrado de Tratamento
pelo uso de álcool e drogas.
ao Uso e Abuso de Drogas (Cituad), com o projeto
Sobre o assunto vale citar que diante da au-
Nossa Casa para tratamento ambulatorial de
sência de Serviço de Atendimento Psicossocial
adolescentes dependentes e suas famílias, e a
no Estado, o Juiz da vara da infância e juventude
clínica Recuperando Vidas, para internação, com
da comarca de Boa Vista/RR, solicitou à Funda-
15 leitos.
ção Esperança, entidade privada, o acolhimento de um adolescente usuário de droga, que diante
5.3 Atuação do poder judiciário
da abstenção, havia destruído parte do seu aloja-
Art. 145. Os estados e o Distrito Federal poderão criar varas especializadas e exclusivas da infância e da juventude, cabendo ao Poder Judiciário estabelecer sua proporcionalidade por número de habitantes, dotá-las de infraestrutura e dispor sobre o atendimento, inclusive em plantões.
mento. Mencione-se que a Fundação Esperança, que somente acolhe dependentes químicos por livre e espontânea vontade, aceitou a demanda após um trabalho psicológico de conscientização do adolescente pelos profissionais da Unidade. O Estado do Rio de Janeiro dispõe de programa para tratamento de dependentes químicos entre adolescentes em conflito com a lei. Em 2009 foi inaugurado o Centro de Tratamento
5.3.1 O que foi verificado
para
Ceará
Adolescentes
Dependentes
Químicos
em Conflito com a Lei (Credeq), atendendo a
No estado do Ceará, verificou-se uma
30 jovens acolhidos pela rede socioeducativa
realidade de superlotação em todas as unidades
do estado. Os adolescentes encaminhados ao
socioeducativas . Quanto à Unidade de Recepção,
Credeq convivem por 100 dias e fazem diversas
que tem como objetivo acolher o adolescente
atividades. Depois desse período, é feita uma
acusado da prática de ato infracional, por até 24
nova avaliação para saber se ele deverá ou não
horas, encaminhado pela delegacia da criança
retornar à rede socioeducativa.
e do adolescente ou reconduzido pelo juiz da
O Centro de Tratamento para Adolescentes
infância e da juventude e pelas comarcas do
Dependentes Químicos em Conflito com a Lei é interior do estado, pode-se atribuir a superlotação fruto de parceria entre o Governo do Estado, por
à reduzida atuação do judiciário, que deve ouvir o
meio da Secretaria de Educação, e a Associação
adolescente e aplicar a medida socioeducativa em
Amor e Vida, instituição do Serviço de Assistência
conformidade com o ECA. Conforme informação
Social Evangélica (Sase).
da Diretora desta Unidade, os adolescentes têm 63
ciset
SECRETARIA DE CONTROLE INTERNO/SG/PR
permanecido na Unidade, em média, por 5 dias,
da socioeducativa.
pela ausência de juízes sobretudo nos feriados e finais de semana. Verificou-se, ainda, nos prontuários arquiva-
Mato Grosso do Sul No estado de Mato Grosso do Sul, a inte-
dos nas Unidades de Internação Provisória mas- gração de ações entre a Secretaria de Justiça e culinas do Ceará visitadas, casos em que o ado- Segurança Pública do Estado, por meio da Supelescente completou os 45 dias (art. 108 do ECA)
rintendência de Assistência Socioeducativa, e o
de internação provisória sem que tenha sequer
Poder Judiciário, bem como o Ministério Público,
comparecido à audiência de apresentação junto
Defensoria Pública, Conselho Estadual dos Di-
ao juizado especializado, acompanhado por de-
reitos da Criança e do Adolescente e sociedade,
fesa técnica. Da mesma forma, no Centro Socio- propicia a celeridade dos procedimentos judiciáeducativo feminino Aldaci Barbosa, segundo in- rios, contribuindo para a implementação de uma formação da direção, no exercício de 2011, 100%
Política Pública de Atendimento Socioeducativo
das internas foram liberadas após o decurso de
voltada para a garantia dos direitos dos adoles-
prazo de 45 dias, sem julgamento. Da análise da
centes, norteada pelos princípios da brevidade e
documentação disponibilizada pela Unidade, ve- excepcionalidade previstos no art. 121 do Estaturificaram-se casos em que o juiz prorrogou a in- to da Criança e do Adolescente. ternação provisória do adolescente. Verificaram-
A análise dos quantitativos de adolescentes
se também adolescentes aguardando sentença
acolhidos no exercício 2010/2011, demonstra
após 20 dias do decurso de prazo.
uma estabilidade no número de internos nesse
A medida de internação provisória é a priva-
Estado, que entendemos estar relacionada à atu-
ção de liberdade com prazo determinado de até
ação oportuna e tempestiva do Judiciário, o qual
45 dias (art. 108 do ECA), na qual o adolescente
não mantém adolescentes em internação por
aguarda, sob tutela do Estado, que sua situação prazos demasiadamente longos e desproporciojurídica seja avaliada pelo Juiz da Infância e Ju-
nais à infração cometida; além de considerar o
ventude. Caso se complete esse prazo e o pro-
bom comportamento e a recuperação do adoles-
cesso não tenha sido julgado, o adolescente será
cente ao decidir sobre sua soltura. Desta forma,
desligado da Unidade (mediante autorização do
atuando de acordo com as diretrizes do Sinase,
Juiz) e retornará ao seu meio sócio-familiar com
ao decidir pela internação apenas em caráter de
o direito de aguardar o processo em liberdade.
exceção quando as demais medidas socioeduca-
A morosidade dos procedimentos judiciários
tivas não se julgarem suficientes e adequadas à
contribui para a superlotação das Unidades de
recuperação do menor.
Internação Provisória e para a sensação de impunidade dos adolescentes que são desligados por
Pernambuco
terem atingido o tempo máximo de permanência
O estado de Pernambuco dispõe de um
em internação provisória sem definição da medi- complexo com todos os serviços necessários ao 64
SECRETARIA DE CONTROLE INTERNO/SG/PR
atendimento inicial do adolescente (Delegacia
ciset
à decisão pela internação frente à gravidade dos
especializada, Unidade Socioeducativa de aten- delitos. Notou-se que as internações femininas dimento Inicial, Ministério Público, Defensoria
eram causadas por delitos de maior gravidade.
Pública e Juizado especializado) e, conforme im- Não restou claro se isto se deve ao reduzido pressões da equipe, o acolhimento é breve e pro- número de vagas ou ao diferente tratamento no porciona um acolhimento digno, mantendo os âmbito judicial. adolescentes no recinto por apenas um dia. Sobre o cenário de superlotação no
Rio de Janeiro
número de internos no estado de Pernambuco,
No interior do estado do Rio de Janeiro, a
entendemos que pode estar relacionado na
atuação do judiciário, que nem sempre conta
maioria dos casos à atuação do Judiciário, o com juízes especializados no ECA, varia conforme qual mantém adolescentes em internação por
a estrutura da sociedade local, principalmente
prazos longos, algumas vezes desproporcionais
no que se refere às decisões relativas à aplicação
à infração cometida, conforme se observa dos
de internação provisória para atos infracionais
dados constantes de planilhas e relatórios das
leves cometidos por adolescentes com família
unidades.
estruturada, pela dificuldade do convívio social desse adolescente em cidades menores.
Roraima
Tal situação justifica o fato de que 30%
No estado de Roraima os atos infracionais
dos adolescentes internos provisoriamente na
cometidos por adolescentes são de natureza pa-
única unidade de internação do Rio de Janeiro,
trimonial, e em sua maioria, não são considera- segundo o Juiz da Infância e da Juventude da dos de natureza grave, permitindo por parte do
capital, não recebem medida socioeducativa de
judiciário um maior investimento em meio aber- internação, e que, portanto, não deveriam ter to com a aplicação das medidas “Liberdade assis- sido encaminhados para a provisória. A aplicação tida – LA” e “Prestação de Serviços à Comunidade
da medida de internação provisória, soa nesses
– PSC”.
casos como castigo, uma punição que destoa da ressocialização a que se propõe a medida
Paraná
socioeducativa.
No Paraná, segundo informações oriundas
No que se refere à subjetividade considerada
da Secretaria de Estado da Criança e Juventude,
nas decisões judiciais no interior do estado,
os juízes ligam para a central de vagas da
quando da aplicação de medidas socioeducativas,
Secretaria para definir a lotação do adolescente,
em atendimento aos anseios da sociedade local,
de onde se deduz que o tamanho do público-
mencione-se que a inexistência de uniformidade
alvo é diretamente dependente do número de
na aplicação de medidas socioeducativas pode
vagas ofertadas. No âmbito da justiça do estado,
gerar divergências jurisprudenciais e doutrinárias
verificou-se não haver padronização em relação
a respeito do assunto. 65
ciset
SECRETARIA DE CONTROLE INTERNO/SG/PR
5.4 Atuação do Ministério Público
poderá haver uma audiência em continuação.
De acordo com o artigo 179 do ECA, o
Nas audiências, além da promotoria, também
Ministério Público procede à oitiva informal do
estão presentes os responsáveis pelo adolescente
adolescente e, se possível, dos pais, testemunhas
e a defesa técnica, que na maioria dos casos é
e vítimas. Depois da oitiva, o promotor analisa se
realizada pela defensoria pública.
vai oferecer representação, que equivale a uma denúncia, ou concede remissão.
O estado do Ceará dispõe de apenas um Promotor do Ministério Público, o qual desenvolve
Nota-se que a atuação do Ministério Público, suas atividades em sala cedida pelo governo do como previsto no ECA, é de suma importância estado, na Unidade Socioeducativa de Recepção, para a proteção e segurança do adolescente
para onde os adolescentes acusados de infrações
e para a garantia de seus direitos. Para tanto,
consideradas graves ou que demandam decreto
as promotorias devem estar capacitadas, com
de internação provisória são encaminhados pela
intuito de proporcionar a oitiva no mesmo dia da
autoridade policial, para oitiva do promotor em
apreensão.
até 24 horas. O promotor faz a oitiva informal do adolescente e, até que sejam realizados
5.4.1 O que foi verificado
os procedimentos judiciais para apuração dos
Nas visitas realizadas verificou-se que o Mi-
fatos e aplicação da medida socioeducativa,
nistério Público do Rio de Janeiro e Mato Grosso
decide pela internação provisória ou liberação
do Sul possuem intensa articulação entre o Poder
do adolescente para que aguarde citação para
Executivo, Judiciário, Ministério Público e Defen-
comparecer à audiência.
soria Pública. Importante mencionar que Mato
Em Pernambuco, verificou-se na estrutura
Grosso do Sul não conta com Unidade de Aten-
do Ministério Público, como órgão auxiliar, o
dimento Inicial. Assim, a Unidade de Internação
Centro de Apoio Operacional às Promotorias de
Provisória acolhe os adolescentes encaminhados
Justiça da Infância e da Juventude (CAOPIJ), com
pela Delegacia e os encaminha para a oitiva do
atuação na defesa da infância e da juventude
Ministério Público Estadual em até 24 horas ou
em todo o estado. O CAOPIJ foi criado visando
no dia útil subsequente às apreensões.
à remessa de informações técnico-jurídicas aos
No Rio de Janeiro, conforme informado pela
órgãos de execução com atribuição na defesa da
promotoria, o Ministério Público está presente infância e da juventude, o estímulo à integração em todas as audiências. A oitiva e a 1ª audiências entre os Promotores, a intermediação de contato são céleres, ocorrem em 24 horas. Após a oitiva,
entre os membros do Ministério Público de
é marcada a audiência de apresentação, onde são
Pernambuco e os órgãos públicos ou privados,
apresentadas as provas e ouvidas as testemunhas.
como também com todas as entidades que
Nessa oportunidade, o adolescente é inquirido
compõem o Sistema de Garantia dos Direitos da
pela autoridade judiciária. Se for necessário,
Criança e do Adolescente.
66
SECRETARIA DE CONTROLE INTERNO/SG/PR
ciset
5.5 Atuação da Defensoria Pública
Mencione-se que a maior demanda por defesa
A diretriz do ECA é de que nenhum
técnica do adolescente se dá no interior, em
adolescente a quem se atribua a prática de ato
razão da atuação do judiciário, o qual não conta
infracional, ainda que ausente ou foragido, seja
com varas especializadas, e portanto optando,
processado sem defensor (Art.207 do ECA).
na maioria dos casos, pela privação de liberdade,
A Resolução Conanda/SINASE menciona que
tendo como base a legislação criminal.
os programas de execução de atendimento
No estado de Mato Grosso do Sul , a
socioeducativo deverão ser articulados com Defensoria Pública é bem integrada e articulada os demais serviços e programas que visem com a rede de atendimento socioeducativa, para atender os direitos dos adolescentes, entre eles
a defesa técnica especializada dos adolescentes
o da defesa jurídica. Esta integração operacional
em cumprimento de medida socioeducativa no
tem por escopo uma agilidade no que tange estado. A reduzida articulação da rede foi percebida questões envolvendo direitos da criança e do adolescente, assegurando-se, com isso, o
no Ceará, onde não há assistência da Defensoria
princípio constitucional da prioridade absoluta
Pública do estado. Constatou-se que a defesa
(Art.227 da CF e 4º do ECA).
dos adolescentes é providenciada pela família, quando há condições. Os advogados dos Centros Socioeducativos,
5.5.1 O que foi verificado
contratados
pelas
ONGs
para
responsáveis pelas gerências das unidades,
fiscalização, notou-se a presença de defensorias
promovem o acompanhamento dos processos,
públicas nos Estados do Rio de Janeiro,
assim como orientam os adolescentes nas
Pernambuco e Mato Grosso do Sul. Mencione-
audiências.
Dentre
os
estados
selecionados
se que a Defensoria Pública do Paraná, prevista
Verificou-se, ainda, o Centro de Defesa da
desde a Constituição Federal de 1988, foi criada
Criança e do Adolescente – Cedeca, organização
oficialmente na semana anterior ao início de
não-governamental, que tem como objetivo a
nossos trabalhos (19/5/2011).
defesa de direitos humanos de crianças e adoles-
Considerado o setor mais articulado da
centes, localizada no Município de Fortaleza/CE,
Defensoria Pública do Estado do Rio de Janeiro, a
com recursos descentralizados da Secretaria de
Coordenadoria de Defesa dos Direitos da Criança
Direitos Humanos da Presidência da República –
e do Adolescente – Cdedica é responsável pela
SDH/PR, por meio de convênio, atuando na de-
promoção da defesa dos direitos das crianças
fesa técnica em 40 processos de adolescentes a
e adolescentes. O Cdedica conta com seis
quem se atribui a prática de ato infracional e em
defensores para execução da orientação e
cinco casos de violações de seus direitos, além do
assistência aos jovens em conflito com a lei, que
monitoramento da situação processual dos ado-
cumprem medida socioeducativa no estado.
lescentes internos e das unidades de privação de
67
ciset
SECRETARIA DE CONTROLE INTERNO/SG/PR
liberdade de adolescentes do estado do Ceará.
medidas socioeducativas residentes na capital. A
O Núcleo de Defesa da Infância e Juventu-
Defensora Pública relatou também, que o Núcleo
de – NUDCA, que funciona no Centro Integrado
mantém uma boa parceria com a Funase/PE, que
da Criança e do Adolescente (Cica), em Recife/
encaminha relação informando as datas das audi-
PE, assiste a cerca de 90% das ações cíveis rela-
ências dos adolescentes que deverão apresentar
cionadas aos processos dos jovens que cumprem defesa prévia no prazo legal.
68
SECRETARIA DE CONTROLE INTERNO/SG/PR
ciset
6. INDICADORES DE DESEMPENHO E CARACTERÍSTICAS VERIFICADAS DO SISTEMA SOCIOEDUCATIVO
6.1 Indicadores utilizados nos Estados
Executivo local, sobre o perfil dos adolescentes
A Resolução Conanda/SINASE orienta a uti-
aplicadas pelo judiciário.
acolhidos e sobre as medidas socioeducativas
lização de indicadores de diferentes naturezas, contemplando aspectos quantitativos e qualita-
6.1.1 Perfil dos Adolescentes
tivos, para o aperfeiçoamento da gestão da polí-
6.1.1.1 Gênero
tica socioeducativa de cada ente federado.
Em todos os estados visitados foi identifi-
Durante os trabalhos de fiscalização, para
cada uma significativa superioridade de adoles-
averiguação da aderência dos estados às dire-
centes do sexo masculino em cumprimento de
trizes do Sinase e da elaboração de indicadores
medida socioeducativa de privação e restrição
de desempenho, identificou-se o levantamento
de liberdade, conforme ilustrado no gráfico a
e registro de informações, no âmbito do Poder
seguir:
Gráfico 4 – Perfil dos Adolescentes por Sexo
6.1.1.2 Faixa Etária
Conforme os dados obtidos, a maior incidência
Outra característica verificada foi a faixa de atos infracionais ocorre entre as idades de 16 etária dos adolescentes acolhidos pela rede de
e 17 anos. A distribuição está representada no
atendimento socioeducativo de cada estado.
gráfico seguinte:
69
ciset
SECRETARIA DE CONTROLE INTERNO/SG/PR
Gráfico 5 – Perfil dos Adolescentes por Idade
6.1.1.3 Escolaridade
bro do ano de 2011, trimestre que antecedeu a
Em relação à escolaridade, foram identifica-
visita da Ciset/PR, a escolaridade dos adolescen-
dos registros desta natureza nos estados do Cear, tes que passaram ou ainda estão nas Unidades Rio de Janeiro e Roraima. No estado do Rio de Ja-
de Internação, Internação Provisória e Inicial está
neiro, durante os meses de julho, agosto e setem- demonstrada no gráfico a seguir.
Gráfico 6 – Perfil dos Adolescentes por Escolaridade
Fonte: Registro do trimestre jun-ago/2012 – DEGASE/RJ
Observa-se que a escolaridade dos adoles- apenas 0,42% declararam-se analfabetos. centes da rede socioeducativa do estado do Rio
Mencione-se que o cenário de escolarização
de Janeiro prevalece no 5º ano do ensino funda- verificado no Rio de Janeiro, foi observado pela mental. Importante destacar que 24,03% dos me- equipe também nas unidades visitadas dos ninos não informaram sobre a sua escolaridade e 70
demais Estados da amostra.
SECRETARIA DE CONTROLE INTERNO/SG/PR
A escolaridade correspondente à faixa etária
ciset
6.1.1.4 Reincidência
de 16 e 17 anos, predominante entre os internos,
Outra informação verificada foi referente à
seria o curso do ensino médio. Portanto, verifica-
reincidência dos adolescentes no cumprimento
se uma defasagem elevada na escolarização
de medida socioeducativa. O gráfico abaixo
do público-alvo, agravado pelo fato de que, na
demonstra o percentual registrado pelos estados
maioria dos casos, não estavam frequentando do Ceará, Mato Grosso do Sul e Rio de Janeiro a escola no momento do cometimento do ato sobre os adolescentes que estão cumprindo medida pela primeira vez e os reincidentes.
infracional.
Gráfico 7 – Perfil dos Adolescentes por Reincidência
Verifica-se que 37% dos adolescentes acolhi- tenciado e receber a medida de internação. dos são reincidentes, ou seja, cumpriram medida socioeducativa pela prática de ato infracional, participaram de programas de ressocialização e retornaram para as suas famílias, quando cometeram novo ato infracional e regressaram à rede socioeducativa para cumprimento de outra medi-
“Ele era desobediente e liderava conflitos na Unidade Provisória, após receber a sentença passou a comportar-se e seguir as regras, ciente da gravidade da infração cometida e do dever de cumprir a medida para se redimir perante a sociedade.”
da socioeducativa. Dos prontuários analisados, verificaram-se
6.1.1.5 Tipificação dos Atos Infracionais
casos de adolescentes que retornaram três ou
O gráfico a seguir apresenta a distribuição dos
mais vezes para a mesma Unidade Provisória, num
atos infracionais praticados pelos adolescentes
período de dois anos, sem que tenham sido sen-
em cumprimento de medidas socioeducativas
tenciados. Um relato interessante foi a mudança
de restrição e privação de liberdade, dos Estados
de comportamento de um adolescente ao ser sen-
visitados.
71
ciset
SECRETARIA DE CONTROLE INTERNO/SG/PR
Gráfico 8 – Distribuição dos Atos Infracionais
Os gráficos acima representam a média dos
uma atenção específica de acordo com seu
dados obtidos em cada estado visitado, porém é
contexto cultural de convivência e compreensão
importante esclarecer que todos eles apresen-
para que fossem ressocializados e reinseridos
taram consonância de dados com a média, não
nos costumes da sociedade onde vive. No
havendo discrepância. Os registros são seme-
entanto, não havia previsão de tratamento e
lhantes de demonstram uma regularidade nas
projeto pedagógico específico para adolescentes
características dos adolescentes que cumprem
indígenas.
medidas socioeducativas.
De acordo com a deliberação do Conanda, por meio da Resolução nº 91/2003, aplicam-se
6.1.1.6 Povos Indígenas
à família, à comunidade, à sociedade e especial-
Outra peculiaridade verificada em relação
mente à criança e ao adolescente indígenas as
aos adolescentes em conflito com a lei foi
disposições constantes no ECA, observadas as
referente à população do estado de Roraima,
peculiaridades socioculturais das comunidades
que possui 15 municípios, 450.479 habitantes;
indígenas.
sendo 87.253 na faixa etária de 10 a 19 anos. O estado tem 46% do seu território demarcado por reservas indígenas, representando 13% das
6.1.2 Características da Privação e Restrição de Liberdade
demarcações de todo o território brasileiro, que,
Em relação às medidas socioeducativas em
segundo o Instituto Socioambiental – ISA , possui
regime fechado, as quais os adolescentes dos
32.771 indígenas.
estados visitados cumprem; exceto os Estados
Da visita ao Centro Socioeducativo do
do Rio de Janeiro e Roraima, apresentaram
estado de Roraima, verificamos adolescentes
dados distintos à média dos demais; conforme os
indígenas em conflito com lei, os quais merecem
gráficos a seguir.
72
SECRETARIA DE CONTROLE INTERNO/SG/PR
Gráfico 9 – Medidas Socioeducativas-CE
Gráfico 11 – Medidas Socioeducativas-PE
Observe-se que a maior quantidade
ciset
Gráfico 10 – Medidas Socioeducativas -MS
Gráfico 12 – Medidas Socioeducativas-PR
maioria dos adolescentes acolhidos pela rede,
de adolescentes acolhidos pelo sistema
40,81%, cumpre medida de semiliberdade.
socioeducativo dos estados visitados encontra-
Importante salientar que, conforme informação
se cumprindo medida de Internação, seguida
dos gestores da política no Estado, as aplicações
pela Internação Provisória. Esses dados
de medida de semiliberdade é na maioria
apurados se aproximam do Levantamento
das vezes realizada como progressão para os
Nacional 2010 realizado pela SDH/PR para
adolescentes egressos da internação e não
todos os estados brasileiros. Este levantamento
como primeira medida.
apresentou os percentuais de 68,02% dos
A seguir apresentamos os dados referentes
adolescentes de todo o país em internação e
à distribuição das medidas socioeducativas em
22,22% em internação provisória.
cumprimento pelos adolescentes da rede de
No estado do Rio de Janeiro, diferente do que ocorre nos demais estados visitados, a
atendimento socioeducativo do estado do Rio de Janeiro.
73
ciset
SECRETARIA DE CONTROLE INTERNO/SG/PR
Gráfico 13 – Medidas Socioeducativas - RJ
No estado de Roraima, também diferen-
julgamento do processo de aplicação de medida
te dos demais estados visitados, apresentou o
socioeducativa e encaminhamento para unidade
maior percentual de adolescentes da rede socio-
adequada, remissão ou medida em meio aberto,
educativa do estado em cumprimento da medi-
conforme previsto no Estatuto da Criança e do
da de internação provisória, ou seja, aguardando
Adolescente.
Gráfico 14 – Medidas Socioeducativas-RR
6.2 Indicadores utilizados pela SDH/PR
atendimento, trazendo de forma sistemática e
A SDH/PR, conforme verificado no Levanta-
tram: o número de adolescentes atendidos; a
mento Nacional dos anos de 2008, 2009 e 2010,
proporção entre internos e população adoles-
realiza a consolidação dos dados referentes aos
cente; o número de unidades que desenvolvem
adolescentes acolhidos pelo Sistema Socioedu-
programas de atendimento inicial, internação
cativo de cada estado.
provisória, semiliberdade e internação no ter-
O estudo visa acompanhar a evolução do 74
comparativa alguns indicadores que demons-
ritório nacional; a expansão da municipalização
SECRETARIA DE CONTROLE INTERNO/SG/PR
ciset
das medidas em meio aberto de Liberdade As-
das sem fins lucrativos, deve considerar os dados
sistida e Prestação de Serviço à Comunidade;
e indicadores formulados. A demanda social e a
proporção entre programas de meio aberto e de
gestão da política socioeducativa no nível esta-
restrição e privação de liberdade; lócus institu-
dual e municipal devem ser avaliadas, de ma-
cional da política de atenção ao adolescente em
neira a se certificar da adequada aplicação dos
conflito com a lei, no âmbito dos governos esta-
recursos pela unidade beneficiada.
duais, dentre outras informações.
Por exemplo, o financiamento de uma
A formulação desses indicadores propicia
unidade de internação em um estado deve
a percepção social sobre a condução da política
considerar a demanda do local, ou seja, o nível
e seus resultados e permite o aperfeiçoamento
de ocupação das unidades existentes, suas
das diretrizes nacionais na busca de soluções
condições físicas e estruturais. Além disso,
para o problema social.
devem-se avaliar as prioridades orçamentárias da
Neste contexto, entendemos que a gestão
política socioeducativa, para a manutenção física
dos recursos destinados ao Programa Orçamen-
do empreendimento, bem como o oferecimento
tário 0152, descentralizados por meio de convê-
de recursos humanos para a prestação do
nios aos estados, municípios e entidades priva-
serviço.
75
ciset
76
SECRETARIA DE CONTROLE INTERNO/SG/PR
SECRETARIA DE CONTROLE INTERNO/SG/PR
ciset
7. BOAS PRÁTICAS As visitas realizadas aos estados beneficiados
para monitoramento de todas as unidades socio-
de
educativas do Rio de Janeiro, denominado HO-
Atendimento ao Adolescente em Conflito com
RUS, localizado no complexo do Degase/RJ na Ilha
a Lei permitiram também a verificação de boas
do Governador, chamou a atenção pela proposta
práticas na execução da política socioeducativa
inovadora de segurança e acompanhamento das
estadual em consonância com as diretrizes do
atividades nas unidades do Degase/RJ.
com
recursos
do
Programa
Nacional
Sinase. A seguir apresentamos as boas práticas identificadas na atuação dos atores envolvidos
Ceará
no Programa.
Da visita realizada às Unidades Socioeducativas de Fortaleza, verificou-se o projeto pedagógi-
7.1 Atuação do Órgão Gestor Estadual
co “Um Novo Olhar”, cujo piloto foi desenvolvido no Centro Educacional Dom Aloísio Lorscheider – Cecal, com a proposta de mudanças de menta-
Rio de Janeiro
lidade da socioeducação deixando para trás ope-
O Rio de Janeiro destacou-se pela intensa radores do sistema ainda comprometidos com a formulação de diretrizes e ações referentes à po- visão menorista, dos tempos do código do menor. lítica de atendimento socioeducativo no estado e articulação entre o Poder Executivo, Judiciário,
Mato Grosso do Sul
Ministério Público, Defensoria Pública e socieda-
Em Campo Grande/MS notou-se a participa-
de civil. Verificaram-se no Centro de Capacitação ção ativa do Conselho Estadual da Criança e Adodo Degase/RJ diversas atividades profissionali- lescente – CEDCA, que se mostrou presente tanto zantes, também extensivas à comunidade, com
no processo de recuperação dentro das Unidades
oportunidades de iniciação de emprego.
Educacionais de Internação, quanto na garantia
Verificou-se, também, a criação de uma de seus direitos básicos de forma a evitar seu entelevisão educativa, a TV Degase/RJ, com o objetivo de promover o resgate da identidade
volvimento com atos infracionais. Registre-se, ainda, o desenvolvimento de
dos adolescentes em conflito com a lei, a partir um sistema para registro de dados dos adolesda participação desses jovens – em atividades centes acolhidos pelas unidades socioeducativas, de bastidores – tendo como pano de fundo a integrado ao sistema informatizado da polícia ciintegração, a divulgação e o aprimoramento das vil do estado de Mato Grosso do Sul, que permite ações desenvolvidas por este Departamento em
conhecer toda a situação do adolescente e sua
todas as suas Unidades.
família, bem como sua rede de relacionamento.
A construção de uma central de segurança Mencione-se, também, a escola Pólo com estru77
ciset
SECRETARIA DE CONTROLE INTERNO/SG/PR
tura e proposta pedagógica própria para as espe-
formado por representantes do estado e dos Mu-
cificidades dos adolescentes em cumprimento de nicípios para articulação da política socioeducamedida socioeducativa, além de projetos esporti- tiva com a participação de grupos de trabalho, vos, a exemplo do “Bom de bola, bom na escola”, Ministério Público e Escritórios Regionais em 399 desempenhado pela Polícia Militar do estado em municípios. Verificou-se ainda o projeto de apoio ao
parceria com a Secretaria de Saúde.
egresso denominado Programa Jovem Educando, por meio do qual o adolescente egresso do sistema
Pernambuco
Em Pernambuco, notou-se a disponibilização socioeducativo e devidamente matriculado na de uma assessoria especializada de Segurança
escola recebe R$ 100 por mês, como incentivo à
Cidadã, para o monitoramento da execução
ressocialização e custeio das atividades escolares.
desse eixo, tanto para o aspecto relacional, como
Outra prática interessante a ser mencionada
no que diz respeito às condições infraestruturais
refere-se à rádio interna de transmissão fechada,
necessárias ao processo de proteção e contenção, com a participação dos internos, verificada em respaldado nos princípios do atendimento duas unidades visitadas. A Secretaria da Família e do projeto socioeducativo. Apesar de não ter
Desenvolvimento Social do Paraná informou que
sido possível verificar a atuação prática desta também houve implantação de rádios em outras assessoria,
consideramos
que
a
iniciativa
13 unidades socioeducativas do estado.
permitirá um bom monitoramento da segurança dos internos e profissionais e trará bons resultados para a mediação de conflitos nas unidades.
7.2 Atuação das Unidades Socioeducativas
Em relação à política de atendimento socioeducativa no estado de Pernambuco, a
Rio de Janeiro
recém-criada Secretaria de Estado da Criança e
Notou-se uma preocupação com a regula-
da Juventude, visando reduzir a superlotação das
mentação de regras a serem cumpridas na maio-
unidades de internação, disponibilizou orçamento
ria das unidades socioeducativas dos estados
para ações de indução e apoio à implantação
visitados, tanto pelos adolescentes, como pelos
da Liberdade Assistida e Serviço à Comunidade
agentes socioeducadores, professores, diretores
sob responsabilidade dos municípios. Para a
e as famílias dos adolescentes. O Rio de Janeiro
execução deste orçamento, formulou estratégia
chamou a atenção principalmente no que se re-
de priorização de aproximadamente 10% dos
fere à utilização de uniformes, à limpeza das uni-
municípios do estado responsáveis por 90% dos
dades e a disciplina exigida dos adolescentes. A
adolescentes em conflito com a lei do estado.
realização constante de capacitações pelo estado, tanto dos profissionais envolvidos quanto dos
78
Paraná
adolescentes, evidenciada na visita, nos pareceu
No Paraná foi constituído um grupo gestor
fundamental para a socialização e recuperação
SECRETARIA DE CONTROLE INTERNO/SG/PR
do adolescente.
ciset
de proporcionar maior efetividade em relação às
Na Unidade de Recepção do Rio de Janeiro
medidas socioeducativas no juizado da Infância
verificou-se uma Central, mantida pelo Detran/
e Juventude e na justiça comum; contribuir com
RJ, órgão responsável pela identificação civil
a garantia dos direitos humanos do autor do ato
da população do estado, para a emissão da
infracional e da vítima, seus familiares e a comu-
documentação dos adolescentes não registrados,
nidade; bem como promover a cultura pela paz
com sistema digitalizado de reconhecimento de
social.
digital, reduzindo a utilização de identidade falsa, inclusive por maiores de idade que tentam se
Rio de Janeiro
submeter ao regime socioeducativo ao invés do
No Rio de Janeiro, verificou-se a possibilidade
prisional.
de realizar denúncia online, no sítio do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, por meio do Serviço
Pernambuco
de Sindicância, e de Encaminhamento Sócio
Em Pernambuco, destacou-se a organização
Educativo e de Condução de Infratores – SSEC,
da Unidade Socioeducativa de Jaboatão dos Gua-
da 2ª Vara da Infância e Juventude. É importante
rarapes. Com um espaço acolhedor, em confor-
ressaltar que a identificação do denunciante não
midade com as diretrizes do Sinase, acomoda os
é obrigatória. As denúncias devem ser relativas
adolescentes em alojamentos adequados, per-
a atos infracionais cometidos por adolescentes
mitindo um convívio saudável. Notou-se, ainda,
ou referentes à execução de medida imposta por
nesta Unidade, a permissão para que a mãe do
este Juízo.
adolescente, eventualmente, vá dormir com o filho, como forma de aproximação e estímulo à
Roraima
criação de um suporte psicológico do adolescen-
Em Boa Vista, verificamos a realização, pelo
te interno.
Juizado da Infância e Juventude, de enquetes dirigidas à sociedade de modo geral, relacionadas
7.3 Atuação do Judiciário Estadual
às questões de crianças e adolescentes em situação de risco, de modo a envolver a sociedade,
Mato Grosso do Sul
fortalecer a política e oferecer um serviço digno.
Em Mato Grosso do Sul, verificou-se a prática
Essa prática permite que a sociedade conheça
da Justiça Restaurativa no processo de apuração
as peculiaridades dos adolescentes em conflito
do ato praticado e aplicação da medida socioe- com a lei e participem do seu processo de resducativa. O Programa de Atendimento da Justiça
socialização e acreditem nele, além de promover
Restaurativa – Pajur no âmbito do Poder Judici- a aceitação da inclusão desses adolescentes no ário de Mato Grosso do Sul, instituído por meio
meio social, permitindo sua recuperação. Notou-
da Resolução nº 569, de 22/9/2010, consiste no
se que as inspeções judiciais realizadas no Centro
modelo de Justiça participativa, com a finalidade
Socioeducativo são frequentes, demonstrando a 79
ciset
SECRETARIA DE CONTROLE INTERNO/SG/PR
preocupação no acompanhamento da execução
oportunidades e alternativas, mostrou-se como
da política socioeducativa no estado.
a única solução para redução dos alarmantes índices de violência e abandono.
7.4 Atuação da Defensoria Pública Estadual
7.5 Atuação do Ministério Público Estadual
Rio de Janeiro No Rio de Janeiro, notou-se uma atuação da Defensoria Pública do Estado ampla e deter-
Pernambuco Em Pernambuco, verificou-se a implementa-
minante para o reduzido número de adolescen- ção do programa “Justiça Sem Demora”, do Mites em cumprimento de medida socioeducativa, nistério Público do Estado, por meio do Centro de principalmente quando comparado a outros es- Apoio Operacional às Promotorias de Justiça da tados. O efetivo de seis defensores consegue atu- Infância e da Juventude – CAOPIJ. Neste Prograar na defesa de todos os adolescentes cumprin- ma, os adolescentes autores de pequenos delitos do medida socioeducativa, tanto no processo de são julgados no mesmo dia e os casos graves em execução judicial para aplicação da medida quan- até 15 dias. Segundo a coordenadora do CAOPIJ, to no acompanhamento de seu cumprimento.
uma vez o adolescente incluído no programa, a
Ainda no Rio de Janeiro, verificou-se, equipe técnica de coordenação, com base nos rea iniciativa e desenvolvimento do Projeto
latórios dos orientadores, emite posicionamento
“Reescrevendo a História”, elaborado pela sobre prorrogação, substituição ou extinção da Extensão de Assistência Jurídica integral e medida. Forma-se em cada comarca uma equipe gratuita à criança e ao adolescente em Abrigos de apoio ao Judiciário que implementa este pro(Acolhimento Institucional) da Defensoria Pública grama de dinamização da prestação jurisdicional. do Rio de Janeiro. Esse projeto dispõe sobre a experiência adquirida pela Defensoria Pública
Rio de Janeiro
do Rio de Janeiro, por meio do atendimento
No Rio de Janeiro verificaram-se como boas
jurídico especializado às crianças e adolescentes,
práticas do MPRJ, iniciativas para capacitação
trouxe a certeza de que a implantação de uma
em mediação e a justiça restaurativa, já utilizada
política de atendimento eficaz e exclusiva a tais nas audiências em que o adolescente é vítima de sujeitos especiais de direitos, com a criação de
80
crimes.
SECRETARIA DE CONTROLE INTERNO/SG/PR
ciset
8. CONCLUSÃO O presente trabalho teve como objetivo avaliar o desempenho do programa Pró-Sinase – Sis-
e do reduzido orçamento disponível à política e da ausência de diálogo com a sociedade.
tema Nacional de Atendimento Socioeducativo
Desta forma, consideramos que as disfun-
ao Adolescente em Conflito com a Lei –, notada-
ções encontradas na operação das regras de exe-
mente quanto à aplicabilidade das diretrizes na-
cução podem influenciar os resultados que a po-
cionais diante das práticas adotadas pelos esta-
lítica pública se propõe a atingir. Também foram
dos da federação visitados, em diferentes regiões
identificadas diversas boas práticas, em muitos
geográficas.
estados visitados, que são trazidas ao presente
Preliminarmente a qualquer consideração fi-
relatório, no intuito de disseminá-las.
nal, cumpre-nos reiterar que não foi escopo deste
A maioria das Unidades Socioeducativas vi-
trabalho a avaliação da efetividade do Programa
sitadas apresentou espaços físicos em desacordo
e nem do impacto social que a referida política
com a proposta do Sinase, porém as novas unida-
pública vem obtendo.
des já estão sendo construídas em conformidade
É importante salientar que a ação de controle
com essas diretrizes. Assim, foi possível verificar
desta Secretaria de Controle Interno se propôs a
que o modelo sugerido pelo Sinase para dispo-
uma avaliação voltada para a execução, ou seja,
sição de alojamentos, espaços de convivência,
focada no diagnóstico técnico do cumprimento
salas de aula, oficinas de profissionalização, refei-
das regras executórias estabelecidas no processo
tório e outros é adequado para um tratamento
de concepção do programa e na legislação geral
digno do interno, além de propiciar um ambiente
que com ele interage.
de disciplina e, na visão da equipe, oportunidades
Os dados coletados por meio das fiscalizações de ressocialização, desde que todo esse processo realizadas, sob o escopo definido a partir da
seja acompanhado por profissionais capacitados
abordagem de atuação, revelaram algumas
e em quantidade suficiente.
fragilidades que merecem uma avaliação por
Entretanto, um aspecto que vale ressaltar é
parte da SDH/PR, bem como de todos os atores
a carência de profissionais para desenvolvimento
envolvidos na política. Essas fragilidades podem
de atividades dentro das Unidades, verificada em
provocar a violação de direitos individuais e
todos os estados visitados. Sobre essa situação,
coletivos previstos no Estatuto da Criança e do
entendemos ser urgente o empenho das esferas
Adolescente. No entanto, percebe-se que grande
estaduais e municipais com a finalidade de firmar
parte dos problemas verificados é oriunda da
compromisso para a contratação suficiente de
articulação incipiente entre a União, os estados e profissionais regularmente capacitados. seus respectivos municípios, além dos órgãos do
Verificou-se, ainda, que a implementação
judiciário, defensoria pública e ministério público;
do Sinase resultou em melhor definição das 81
ciset
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competências de cada esfera de governo, de cada
Controle Interno, entendemos que a aferição do
poder e da sociedade civil. Ao mesmo tempo,
desempenho do Programa 0152 carece de aper-
permitiu a sensibilização e a mobilização das
feiçoamento por meio, principalmente, da utili-
áreas governamentais e da sociedade civil.
zação de instrumentos e indicadores de monito-
Importante mencionar que apesar das
ramento e fiscalização que subsidiem a emissão
diretrizes nacionais, as políticas socioeducativas
de juízo sobre o mérito do gasto e a atuação dos
são conduzidas de forma exclusiva por cada
convenentes na implementação e prestação con-
estado, havendo reduzida integração e articulação
tínua dos serviços.
entre eles. Inclusive os registros referentes ao
Conforme já comentado, o principal objetivo
problema social e ao público-alvo são distintos e deste trabalho é contribuir com uma análise sob não há padronização de dados, o que prejudica a
a ótica do Controle Interno, de modo a subsidiar
formulação de política a nível nacional.
futuras reflexões e diagnósticos que visem a
Verificou-se, ainda, a diversidade de enten-
readequar pontos de execução do Programa e
dimentos, pelos órgãos do judiciário, entre esta-
de diretrizes nacionais, de forma a possibilitar
dos e dentro de cada estado, quanto à aplicação
um melhor desempenho operacional, buscando,
da medida socioeducativa em relação à gravida-
principalmente, uma alocação mais eficiente dos
de do ato e o contexto social e familiar a que o
recursos disponíveis e, por consequência, um
adolescente está inserido.
melhor tratamento da problemática e a garantia
Em relação ao acompanhamento dos egressos, a ação da Ciset se restringiu a verificar
de direitos do público-alvo. Pelos resultados obtidos neste trabalho,
a atuação institucional do estado na articulação concluímos que os Planos de Atendimento Socom os municípios, responsáveis pelas medidas
cioeducativo dos estados visitados em confor-
em meio aberto. Assim, os exames permitiram
midade com o Sinase e com o ECA encontram-se
identificar pequenas iniciativas no sentido de se
em expansão e possuem desafios operacionais
iniciar um diálogo para a alimentação de dados
próprios desta condição, que demandará ajustes
sobre quantitativos de adolescentes assíduos à
contínuos no que concerne aos seus instrumen-
rede socioeducativa municipal.
tos de avaliação, monitoramento e controle.
Observaram-se, ainda, dificuldades de co-
Evidenciamos, ainda, boas práticas dos ges-
municação de dados entre as três esferas de go-
tores estaduais quanto à ressocialização do ado-
verno, o que prejudica o diagnóstico do problema
lescente, principalmente por meio de escolariza-
e a mensuração de resultados, devido, principal- ção, profissionalização, orientação e tratamento mente, à falta de recursos humanos e materiais,
adequado por profissionais capacitados. No en-
acarretando a execução ineficiente do recurso
tanto, quanto à aderência das políticas estaduais
público federal.
aos aspectos arquitetônicos estabelecidos no Si-
Diante dos trabalhos de pesquisa e de cam-
nase, notou-se que as mudanças, na maioria dos
po realizados por equipes desta Secretaria de
casos financiadas com recursos federais, ainda
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estão em andamento, e seus resultados práticos
ciset
são passíveis de superação por meio do
na efetividade da aplicação das medidas socioe- aporte e aperfeiçoamento de ferramentas de ducativas somente serão percebidos em momen- gerenciamento, capazes de intensificar o controle tos futuros. Contudo, todas as situações aqui expostas
técnico e administrativo sobre os processos e rotinas utilizadas.
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Esta obra foi impressa pela Imprensa Nacional. SIG, Quadra 6, Lote 800, 70.610-460. BrasĂlia, DF, em agosto de 2012
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