GOVERNO DO ESTADO DA BAHIA Bahia: Terra da Cultura - Publicação da Secretaria de Cultura do Estado da Bahia | Ano 1 - Nº1 2011 a 2013 Governador do Estado da Bahia Jaques Wagner Secretário de Cultura Albino Rubim Chefe de Gabinete Rômulo Cravo Diretor Geral Thiago Pereira Superintendente de Promoção Cultural Carlos Paiva Superintendente de Desenvolvimento Territorial da Cultura Taiane Fernandes Diretora da Fundação Pedro Calmon Fátima Fróes Diretora da Fundação Cultural do Estado da Bahia Nehle Franke Diretor do Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia Frederico Mendonça DIRETORA DO CENTRO DE CULTURAS POPULARES E IDENTITÁRIAS Arany Santana
APOIO E PESQUISA Rede DE ASSESSORES SecultBA: Adriana Jacob e Rodrigo Lago SecultBA, André Santana - FPC, Paula Berbert - Funceb, Geraldo Moniz - IPAC, Windson Souza - CCPI, Gabriel Camões - TCA, Yara Vasku - DIMUS, Cátia Albuquerque - MAM e Eder Santana - Conselho Estadual de Cultura. Pesquisa e entrevistas: Rede Ascom SecultBA, Ana Paula Vargas, Marilúcia Leal, Nilma Gonçalves, Tess Chamusca, Atila Barros
http://www.flickr.com/photos/secultba
Pesquisa, produção e edição de textos: Ana Paula Vargas,
https://twitter.com/SecultBA
Carolina Valente e Renata Rocha
www.facebook.com/secultba
PESQUISA DE FOTOS: Antônio Figueiredo, Camilla França,
www.cultura.ba.gov.br
Cátia Milena, Helder Vieira, Maiana Rosari, Maíra Araújo, Nerivaldo Góes, Paula Berbert e Tai Oliver Edição final: Adriana Jacob e Hilcelia Falcão Programação visual e Diagramação: Tai Oliver Capa: Arte de Tai Oliver
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BAHIA: TERRA DA CULTURA
Entenda a SecultBA A Secretaria de Cultura do Estado da Bahia atua através de duas superintendências, três unidades vinculadas, um centro de Culturas Populares e Identitárias, e possui ainda como órgão vinculado o Conselho Estadual de Cultura. Conheça melhor cada unidade: Superintendências: Superintendência de Promoção Cultural (Suprocult) Gere os mecanismos financeiros de apoio à cultura, tais como o Fazcultura e o Fundo de Cultura do Estado da Bahia (FCBA). Além disso, a Superintendência também atua na área de Economia da Cultura.
Superintendência de Desenvolvimento Territorial da Cultura (Sudecult) Responsável pela política de territorialização da cultura, a SUDECULT trabalha em prol do desenvolvimento e fortalecimento da cultura e direito à cidadania na capital e no interior do estado.
Unidades: FPC – Fundação Pedro Calmon Responsável pela produção e gestão de acervos documentais e bibliográficos que compõem a memória do Estado e da sociedade, também atua na promoção e difusão do livro e da leitura, reconhecendo e valorizando a diversidade cultural da Bahia e o pleno exercício da cidadania.
Funceb – Fundação Cultural do Estado da Bahia Tem como missão criar e implementar políticas e programas públicos de artes em articulação com a sociedade, que promovam a formação, a produção e a difusão das Artes Visuais, Audiovisual, Circo, Dança, Música, Literatura e Teatro.
IPAC – Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural Atua na salvaguarda de bens culturais tangíveis e intangíveis, além de executar políticas de preservação do patrimônio cultural e promove atividades relacionadas aos museus, gerindo, organizando e difundindo seus acervos.
CCPI – Centro de Culturas Populares e Identitárias Prezar pelos valores culturais, transcendendo a dimensão simbólica, é tarefa do CCPI. O Instituto é responsável pela execução, proteção e promoção de políticas de valorização e fortalecimento das manifestações populares e de identidade.
CEC - Conselho de Cultura De caráter normativo e consultivo, é um órgão colegiado da SecultBA que tem por finalidade contribuir com a formulação de políticas de cultura para o Estado.
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Construindo uma cultura cidadã Desde 2003, com Gilberto Gil no Ministério da Cultura, as políticas culturais no Brasil passaram por significativas transformações. Na Bahia este processo foi inaugurado pouco depois, em 2007. As novas políticas culturais colocaram no horizonte a construção de uma cultura cidadã. O campo da cultura desde 2003 buscou estar sintonizado com o signo das mudanças. As políticas de cultura adotaram um conceito ampliado de cultura; procuraram se desenvolver em âmbito nacional; ampliar a cidadania e os direitos culturais e estimular a diversidade cultural brasileira, entendida como nossa maior riqueza no campo da cultura. Na Bahia tais horizontes foram fontes inspiradoras das transformações desencadeadas a partir de 2007 e continuadas / transformadas desde 2011. As políticas culturais desenvolvidas desde então têm como seu horizonte a construção de uma cultura cidadã, que permita a todos o acesso às diversas modalidades de experimentação e fruição culturais, a participação na construção das políticas culturais, a ampliação da cidadania e dos direitos culturais, além de buscar a mudança dos valores presentes na sociedade. Ela deve possibilitar a predominância de novos valores democráticos, republicanos, solidários, fraternos, de transparência, de paz, de equidade e de respeito à diversidade cultural, social, étnica, etária, de gênero e de orientação sexual, imprescindíveis a uma nova sociedade e a um novo modelo de desenvolvimento. A atuação da Secretaria não apenas buscou o desenvolvimento da cultura, mas assumiu como compromisso qualificar este desenvolvimento pela superação dos valores autoritários, discriminatórios, conservadores, intolerantes e monolíticos por outros que estejam em sintonia com o aprimoramento e a emancipação da sociedade e dos indivíduos. A política cultural adotada, por conseguinte, nada teve de neutra. Pelo contrário, ela tomou nitidamente posição nas lutas político-culturais em curso nas sociedades: internacionais, brasileira e baiana. 6
Tai Oliver
BAHIA: TERRA DA CULTURA
Durante este período, o desenvolvimento econômico e social vivenciados pelo Brasil e pela Bahia incluiu milhões de brasileiros e baianos, através da criação de novos empregos, do aumento do salário mínimo, da bolsa-família, da educação e de outros dispositivos que combinaram como nunca desenvolvimento econômico e social. Os dados nesta perspectiva são incontestes. As mudanças desencadeadas nestes anos no Brasil e na Bahia devem ser acompanhadas de profundas transformações políticas, que aprimorem a representação e criem novos procedimentos de democracia direta e participação cidadã, a exemplo de consultas públicas, conferências e outros mecanismos. Nesta circunstância, a construção da cultura cidadã busca colocar a cultura em sintonia com a sociedade que está sendo construída, através deste processo de transformações
que acontece no país e no estado, com suas tensões, retrocessos e avanços. O desenvolvimento do Brasil e da Bahia não prescinde do desenvolvimento da cultura cidadã, da cidadania e dos direitos culturais. Eles são dimensões essenciais do desenvolvimento e da construção de uma sociedade mais justa, democrática e criativa. A cultura cidadã, ainda embrionária e em constante processo de luta e de atualização, requer a sua tradução em efetivas linhas de atuação. A Secretaria Estadual de Cultura da Bahia entre 2011 e 2013 tem se orientado por diretrizes, que possibilitam a escolha e o desenvolvimento qualificados de suas atividades. Tais diretrizes são: fortalecimento da institucionalidade e da organização do campo cultural; ampliação dos diálogos interculturais; aprofundamento da territorialização das políticas culturais; desenvolvimento da economia da cultura e alargamento das transversalidades da cultura. 7
Editorial
- BAHIA: TERRA DA CULTURA
Uma sinfonia viva composta por cores, texturas, movimento, coreografias, música e ritmo. Esta publicação é um convite a um passeio por três anos – de 2011 a 2013 – da gestão da cultura na Bahia. Da capital ao interior, do popular ao erudito, da formação e qualificação até as mais espontâneas manifestações populares. A riqueza dessa diversidade cultural está no Solar do Unhão e no Teatro Castro Alves, que inicia ainda este ano as obras do Projeto Novo TCA. Mesmo em reforma, os dois espaços continuarão a movimentar a agenda cultural e artística de Salvador. Está também nos 17 teatros e centros de cultura estaduais espalhados pelo interior, e nos mais de 200 pontos de cultura distribuídos entre os 27 territórios de identidade da Bahia. Só mesmo estando em tantos lugares para compreender a riqueza do ofício de vaqueiro e promover uma Celebração da Cultura dos Sertões. Tão ricas quanto ela, as tradições de matriz africana foram reverenciadas no Encontro das Culturas Negras. Entre uma quarta que dança, um Carnaval que é ouro negro, e um verão que é cênico, os projetos da Secretaria de Cultura da Bahia envolveram produtores, artistas e a sociedade. Seja através dos editais do Fundo de Cultura da Bahia ou de espetáculos e cursos gratuitos ou a preços populares, o estado abriu as portas e os olhos para uma cultura que vai muito além dos antigos holofotes da baianidade. A Bahia do samba de roda tornou-se também a terra da Orquestra Sinfônica da Bahia. Se o trio elétrico atrai uma multidão no Carnaval Pipoca, os Cine Concertos da OSBA têm ingressos esgotados. As pessoas que se expressam através da dança e dos ritmos populares também podem tocar um instrumento de música clássica, através das atividades do NEOJIBA. Ou, quem sabe, participar dos Salões de Artes Visuais da Bahia e se encantar pelo universo da literatura através dos Agentes de Leitura do Projeto Mais Cultura,
da Fundação Pedro Calmon, que chegam até de bicicleta a cada canto do estado. A memória que está nos livros, ganha outra forma nos monumentos tombados pelo Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia e ecoa nas vozes e gestos preservados por rituais como o Bembé do Mercado, hoje patrimônio imaterial da Bahia. A diversidade cultural ganha ponto em cada canto do estado. Através da Superintendência de Desenvolvimento Territorial da Cultura, pontos, pontinhos e pontões articulam e impulsionam ações nas comunidades, do sertão ao litoral. Gente que ganha voz em eventos criados para democratizar a discussão sobre políticas culturais. As Conferências municipais, territoriais e setoriais, além da estadual e nacional representaram uma possibilidade concreta de contribuir com o Sistema Nacional de Cultura. Gente que conquista mais alternativas para empreender através dos projetos de financiamento desenvolvidos pela Superintendência de Promoção Cultural, em uma dinâmica que vai além da simples lógica de mercado. Para conhecer e estar ainda mais perto das particularidades de cada lugar, as Caravanas Culturais e outros projetos itinerantes da SecultBA possibilitam o desenvolvimento de políticas públicas e ações em sintonia com as necessidades específicas. É através desse conhecimento da realidade de cada território do estado que a Secretaria tem desenvolvido e aprofundado suas diretrizes: a territorialização da cultura, a institucionalidade cultural, a economia da cultura, as transversalidades da cultura e os diálogos culturais. Juntas, elas contribuem para que a Bahia seja, cada vez mais, a terra da cultura. Boa leitura!
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BAHIA: TERRA DA CULTURA
Institucionalidade cultural 10
sumário
Cultura de Casa Nova 11 Caminhos Urbanos de Preservação 20 Outras Palavras 28 A Cultura que Queremos 34
Diálogos interculturais 38 Crítica para que te quero 39 Mapa da Diversidade 42 Memória Online 48 Baila Comigo 54 Bahia Mundo Afora 60 Bem Além dos Seis Dias de Carnaval 68
Territorialização da cultura 76 Intercâmbio de Verdade Longe de Planilhas e Papéis 77 Gestão Compartilhada Promove Inserção Sócio-Cultural 86 Quem Conta um Conto Aumenta um Ponto 92 Hoje Tem Espetáculo! 98 Cultura em Todo o Canto 108
Economia da cultura 120
Transversalidades 146
Dinheiro, Diversão e Cultura 121 Nova Agenda para as Artes 130 Todas as Letras 138
Alargamento das Transversalidades Culturais 148
Dinamização cultural 156 Diálogos na História 157 A Cultura Entra em Campo 162 Salve Jorge! 166 Cultura em Festa no Pelô 170 Arte Inclusiva 176 Sinfonia Viva 182 9
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Brasil e a Bahia têm uma organização do campo cultural muito frágil. Um dos desafios das políticas culturais, diante deste déficit, é o fortalecimento de sua institucionalidade. Este processo busca consolidar políticas, estruturas, gestão democrática e procedimentos republicanos de apoio à cultura, como as seleções públicas e editais, e mecanismos de participação político-cultural. A criação de novas instituições, a reforma de instalações existentes, a qualificação da gestão e a formação de pessoal em cultura são vitais para o desenvolvimento cultural.
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Outro compromisso da SecultBA é tornar a Bahia uma referência na formação e qualificação em cultura no Brasil. Sem ela, não se
aprimora a gestão e o desenvolvimento da cultura. A Secretaria adotou uma política de apoio à constituição de novos cursos na área da cultura, sejam de graduação e pós-graduação ou de extensão e especialização. O fortalecimento da institucionalidade cultural não se esgota na criação de novas instituições e legislações, nem na formação e qualificação das pessoas, mas implica na própria organização do campo cultural. Neste sentido, a Secult tem estimulado a organização dos colegiados setoriais, de as associações de amigos de instituições culturais, de consórcios intermunicipais de cultura e de outras entidades e fóruns culturais.
BAHIA: TERRA DA CULTURA
cultura de casa nova Prédios históricos ou não, teatros, museus e centros culturais passam por reformas de requalificação estrutural Reformar os espaços públicos destinados à cultura é uma dos pontos fundamentais para o fortalecimento da institucionalidade cultural. Prédios históricos ou não têm sido alvo de investimentos do Estado para requalificar e dinamizar equipamentos culturais. Tombados pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), o Solar do Unhão, o Forte do Barbalho e a Quinta do Tanque são apenas alguns exemplos de espaços que estão sendo requalificados pelas intervenções. Ainda em andamento, a iniciativa, que inclui a reforma de teatros e centros de cultura estaduais, vai garantir um presente a Salvador: a reforma do Teatro Castros Alves, um dos maiores complexos do gênero do país.
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INSTITUCIONALIDADE culturaL Acervo MAM
Solar do Unhão ganha reforma
Luciano Oliveira
Construído no século XVII, às margens da Baía de Todos os Santos, o Unhão, solar que abriga o Museu de Arte Moderna da Bahia (MAM-BA), passa pela sua mais importante reforma desde a inauguração, nos anos 1960. Na época, ele havia sido reestruturado pela arquiteta ítalo-brasileira Lina Bo Bardi. A obra está orçada em R$ 15,6 milhões em reparos, melhoria de equipamentos e reestruturação espacial. O projeto é de autoria dos arquitetos André Vainer e Guilherme Paoliello. A ideia é reformular o espaço para abrigar melhor as cerca de 1.200 obras do acervo do MAM. De grande importância para as artes no circuito internacional, nacional e local, o museu reúne peças de artistas de diferentes gerações do Modernismo brasileiro e baiano. No acervo, figuram trabalhos de Tarsila do Amaral, Carybé, Djanira, Flávio de Carvalho, Pancetti e Rubem Valentim. Para além da arte, a iniciativa irá contribuir com o fortalecimento do MAM como centro cultural. O diretor do museu, Marcelo Rezende, enfatiza que a reforma colocará em prática o modelo de museu popular que Lina Bo Bardi propunha, no qual as pessoas são produtoras e devem ter acesso à cultura. “Além disso, teremos espaço para uma maior variedade de linguagens: teatro, cinema, dança, artes plásticas etc.”, completa.
Thomaz Farkas
O Museu de Arte Moderna da Bahia foi instalado no Solar do Unhão em 1966 e, atualmente, é considerado o principal espaço para a arte contemporânea do estado e um dos mais importantes do país, recebendo relevantes mostras nacionais e internacionais.
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Solar do Unhão Galeria subsolo Prédio principal em reforma Capela
Acervo TCA
BAHIA: TERRA DA CULTURA
Projeto Novo TCA
Um novo Castro Alves Com orçamento de mais de R$ 90 milhões, o Projeto Novo Teatro Castro Alves, que deve ter as obras iniciadas até o fim de 2013, irá aprimorar a estrutura do maior complexo do gênero da Bahia. Além de requalificar a Sala Principal, a Sala do Coro, a Concha Acústica e construir um estacionamento com capacidade para 300 veículos, a iniciativa prevê a criação do Centro de Referência em Engenharia do Espetáculo e de uma Sala Sinfônica. Outra importante pretensão do Novo TCA é a integração entre os novos espaços e as diversas atividades, promovendo a articulação entre servidores, visitantes e frequentadores. Com duração prevista de 12 meses, a primeira etapa conta com recursos do Governo Estadual e também do Governo Federal, através do MinC. O Novo TCA visa consolidar o espaço como um dos maiores complexos culturais do Brasil. As obras serão executadas pela empresa baiana Axxo Construtora, vencedora da licitação promovida pela Superintendência de Construções Administrativas da Bahia e pela Secretaria de Desenvolvimento Urbano da Bahia. 13
INSTITUCIONALIDADE culturaL O projeto de requalificação e ampliação é resultado do Concurso Público Nacional de Anteprojetos Arquitetônicos para Requalificação e Ampliação do Complexo TCA, realizado nos anos de 2009 e 2010. “Este projeto arquitetônico viabilizará de forma eficiente, plástica e exequível a concretização dessa visão inovadora”, afirma o diretor do TCA, Moacyr Gramacho. Serão contempladas, inicialmente, ações como a requalificação técnica da Concha Acústica, além da construção do estacionamento. Também será construída a Casa de Máquinas que garantirá melhores condições para a central elétrica, os sistemas de ar condicionado, gás e demais instalações. As etapas seguintes incluem um novo espaço, com 600 lugares, para abrigar a Sala Sinfônica, que deve oferecer qualidade acústica de padrão internacional. Entre os principais desafios, está a execução das obras com o mínimo impacto sobre a pauta de eventos e atividades, além da manutenção do aspecto histórico do prédio.
Acervo TCA
Coragem de mulher - Não há dúvidas de que o Teatro Castro Alves é uma referência nacional tanto na área artística e cultural, como no seu arrojado projeto arquitetônico. Sua inauguração em julho de 1958 foi adiada por conta de um incêndio que destruiu boa parte de sua estrutura, e aconteceu apenas em 1967. Durante a reconstrução, a arquiteta Lina Bo Bardi, com uma atitude ousada e inovadora, subverteu a lógica de ocupação do Teatro, fazendo das ruínas da Sala Principal o cenário da renomada Ópera dos Três Tostões, dirigida por Martim Gonçalves, baseada na obra de Bertold Brecht.
Sala Sinfônica
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Acervo TCA
BAHIA: TERRA DA CULTURA
Sala Principal do TCA
Inspirado neste episódio, que aliou criatividade, coragem e superação, o Teatro Castro Alves, em conjunto com a Fundação Cultural do Estado da Bahia, lançou a Edição Especial 2013 do Edital TCA.Núcleo “Em Construção” - Uma homenagem à Lina Bo Bardi. O propósito é consolidar uma estratégia de ocupações e intervenções artísticas que serão realizadas durante as obras da primeira fase de requalificação e modernização. Neste contexto, a ocupação do Complexo exigiu criatividade e sensibilidade para o uso dos seus espaços durante a reforma. Atenta a estes critérios, a companhia teatral selecionada para receber o prêmio de R$ 300 mil foi o Núcleo Afro-Brasileiro de Teatro de Alagoinhas (NATA), com o projeto Exu Silê Oná, que tem a direção de Fernanda Júlia.
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INSTITUCIONALIDADE culturaL
Forte do Barbalho
Antes de tudo um forte A maior fortificação da Bahia tem as obras de sua etapa inicial concluídas em dezembro de 2013. A entrega do Forte do Barbalho, após a intervenção emergencial, é alvo de investimento de R$ 1,2 milhão do Tesouro Estadual. Conhecida também como Forte de Nossa Senhora do Monte do Carmo, a edificação não recebia reparos e manutenção há décadas. “A estrutura do Forte estava instável e precisávamos fazer a intervenção”, explica o diretor geral do Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia (IPAC), Frederico Mendonça. Após a conclusão das obras, serão promovidas ações de ocupação via SecultBA.
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O Forte do Barbalho surgiu como trincheira contra as investidas dos invasores holandeses no século XVII, em 1638, e é tombado pelo Iphan/MinC como Patrimônio do Brasil desde 1957. Trata-se de uma propriedade do Governo Federal, administrada pela SecultBA. A intervenção teve o aval do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) do Ministério da Cultura e está sendo coordenada pelo IPAC/SecultBA.
BAHIA: TERRA DA CULTURA
Novos abrigos para sonhos antigos Quem nunca foi a espaços como o Centro Cultural de Plataforma, no subúrbio ferroviário, não faz ideia da importância de locais como este para o circuito alternativo de Salvador. Trata-se de um palco de atividades sócio-educacionais, além de abrigar trabalhos gerados a partir de demandas da população local. Com perfil semelhante, este e outros 17 espaços culturais localizados em 13 municípios baianos são alvo de investimentos de requalificação.
Acervo IPAC
Com perfil semelhante, estes e outros 17 espaços culturais localizados em 13 municípios baianos são alvo de investimentos de requalificação. Administrados pela SecultBA, através da Diretoria de Espaços Culturais (DEC), casas e centros de cultura, teatros e cines-teatros passam por reformas. A ideia é melhorar as instalações e equipar os prédios que funcionam como espaços de produção e difusão culturais. Em Juazeiro, Itabuna, Valença e Vitória da Conquista, por exemplo, eles se destacam por atrair um grande público.“Manter o bom funcionamento dos espaços culturais requer não só uma programação regular, mas também boas instalações físicas”, afirma Giuliana Kauark, diretora da DEC, em referência aos mais de R$ 2,3 milhões investidos em reforma e requalificação entre 2011 e 2012. Foram contemplados por esse montante o Centro de Cultura Amélio Amorim, em Feira de Santana; o Centro de Cultura Adonias Filho, em Itabuna; a Casa da Cultura, em Mutuípe; o Espaço Xisto Bahia e o Espaço Cultural Alagados, na capital. “Também foram realizadas manutenções das instalações elétricas em dez espaços culturais e a contratação de serviços de manutenção periódica atendendo a todas as unidades”, completa Giuliana. Reinaugurado em maio deste ano, o Centro de Cultura Amélio Amorim foi beneficiado com recursos que ultrapassaram R$ 1 milhão. Além disso, o Complexo Carro de Boi, composto pelo antigo restaurante e pela Boate Jerimum, equipamentos localizados na área do Centro de Cultura Amélio Amorim, tiveram suas estruturas escoradas, enquanto se elabora o projeto para a sua recuperação. Em Itabuna, foi iniciada em setembro de 2013 uma reforma geral no valor de cerca de R$ 1 milhão, que deve ser concluída em 2014.
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Arquivo vivo na Quinta do Tanque
Ascom FPC
INSTITUCIONALIDADE culturaL
Quem costuma consultar o acervo do Arquivo Público do Estado da Bahia (Apeb) no prédio erguido pelos jesuítas na Baixa de Quintas no século XVI estranha as obras. Mas deverá ficar satisfeito com o resultado da modernização do espaço realizada pelo governo estadual. Com investimentos de R$ 2 milhões, a SecultBA realiza a primeira intervenção no imóvel da Quinta do Tanque desde que o Apeb foi transferido da Avenida Carlos Gomes para lá em 1980. Segunda mais importante instituição arquivística pública do País, o Apeb registrou, em 2012, mais de três mil atendimentos aos cidadãos e à administração pública. As obras no prédio, tombado pelo Iphan, em 1949, não interromperam o trabalho do Arquivo Público. O atendimento ao público foi mantido, mesmo de forma limitada. “Diferentemente de outras cidades, que fecham os arquivos públicos por longos períodos de reforma, nós optamos em manter o atendimento, mesmo com limitações temporárias, por entender a magnitude do papel social do Arquivo Público para o cidadão, na comprovação de direitos e no resgate da memória”, explica Fátima Fróes, diretora-geral da Fundação Pedro Calmon, órgão responsável pela coordenação do Apeb. A manutenção do funcionamento é reconhecida como benéfica pelos usuários. “Temos que aprender a conviver com problemas. Fechar o Arquivo, mesmo que
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Documentos arquivados no Arquivo Público do Estado da Bahia
temporariamente, seria uma perda muito grande para a comunidade acadêmica”, afirma Daniele Santos, doutoranda e pesquisadora sobre escravidão e tráfico na Bahia. “Nós recebemos incentivos de instituições financiadoras, como a Capes e o CNPq, e temos um tempo determinado para a conclusão dos trabalhos, reformas possuem prazos elásticos e isto atrapalharia o desenrolar de nossos cursos e pesquisas”, completa.
Ascom FPC
BAHIA: TERRA DA CULTURA
No Arquivo, há documentos produzidos e acumulados no período colonial, quando Salvador foi capital do Brasil (1549-1763). Três conjuntos documentais pertencentes ao acervo do APEB/FPC/ SecultBA foram nominados e registrados como Memória do Mundo pela Unesco: o “Tribunal da Relação do Estado do Brasil e da Bahia (1652-1822)”, em 2008, os “Registros de entrada de passageiros no porto de Salvador (Bahia): 1855-1964”, em 2010 e “Cartas Régias”: 1648-1821, em 2013.
Ascom FPC Higienização de documentos
Ascom FPC
Serviço/Atendimento: O Arquivo Público funciona de segunda a sexta-feira, das 8h30 às 17h30, com serviços de consulta, reprodução de documentos e emissão de certidões, além de atendimento à distância (apb.fpc@fpc.ba.gov. br) ao cidadão e aos órgãos da administração pública. Há ainda visitas monitoradas para estudantes de ensino médio e universitário e a assistência técnica aos órgãos integrantes da administração pública do Estado da Bahia (intermediario. apb@fpc.ba.gov.br)
Restauração de documentos
Acervo
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Caminhos urbanos de preservação Ruas, igrejas, praças, largos e até trilhas rupestres foram recuperadas pela secultba
Sem eles, parte da história da Bahia estaria perdida. Ruas, igrejas, praças, largos e até trilhas rupestres passaram por intervenções públicas voltadas à preservação. Da Chapada ao Recôncavo, passando pelo Centro Histórico de Salvador, prédios históricos e logradouros receberam investimentos do Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia (IPAC), autarquia da SecultBA, que, entre 2011 e 2013, concluiu e devolveu à população importantes empreendimentos de restauração e conservação do patrimônio material. Além disso, manifestações culturais como o Bembé do Mercado e os ofícios de vaqueiro e de baiana de acarajé foram registrados como patrimônio imaterial pelo órgão estadual.
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BAHIA: TERRA DA CULTURA
Memória viva no Recôncavo Nem precisa ter uma aula de preservação de patrimônio histórico. Um rápido passeio pelo cenário de Cachoeira e São Félix, típico do século XVIII, faz qualquer pessoa entender. O que o Programa Monumenta realiza ali, via convênio entre o Governo da Bahia, através do IPAC, e o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), é fundamental à memória histórica do Brasil. O antigo Cine-Teatro Glória, em Cachoeira, além dos casarões da Rua Ana Néry e a urbanização da orla fluvial à beira do Rio Paraguaçu, ilustram bem o resultado desta política de preservação. As obras foram realizadas em convênio com a Fundação Hansen Bahia, que constituiu a Unidade Executora do Programa para as cidades de Lençóis, Cachoeira e São Félix. Também foram restaurados 80 imóveis, entre igrejas, conventos e outras edificações de importância histórico-arquitetônica. No total, de 2007 até 2012, foram investidos R$ 38 milhões, através do Programa Monumenta. Das obras de restauração de elementos artísticos do IPAC, destacam-se os dois altares do século XVIII da Igreja Matriz de Bom Jesus de Piatã, cidade localizada a 572 km de Salvador, na região da Chapada Diamantina. A igreja está sob tombamento provisório pelo Estado e a atuação do IPAC/SecultBA foi realizada em parceria com a prefeitura e a paróquia locais.
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INSTITUCIONALIDADE culturaL
barreiras iraquara
wagner BO-2012
lençóis
nova redenção
são félix d correntina
Caravana
Caravana
Oeste Bai
Circuitos Arqueológicos
Na Lapa Doce, arqueólogos trabalharam na preservação da trilha
senhor do bonfim
22 barreiras
Acervo IPAC
BAHIA: TERRA DA CULTURA
Outros caminhos no Pelô Faz tempo que eles não são mais simples quintais de casas seculares. Mas guardam, no nome e na localização, papel fundamental na ocupação dos espaços no Centro Histórico de Salvador. Os largos Quincas Berro D´Água e Pedro Archanjo e a Praça Tereza Batista irão passar por um processo de requalificação. Com este objetivo, foi elaborado um projeto executivo assinado pelo Escritório Arthur Casas. A empresa foi escolhida mediante concurso nacional, com júri internacional e externo ao IPAC, realizado no início de 2012, em atuação conjunta com o Instituto dos Arquitetos do Brasil – Departamento da Bahia (IAB-BA). O projeto de requalificação das praças e largos do Pelourinho foi classificado por unanimidade de acordo com critérios de contextualização, relação dos largos com o ambiente, funcionalidade, fruição de espaços, circulação, visibilidade, acústica, além da viabilidade econômica, social e tecnológica.
Acervo IPAC
Por meio do Programa de Desenvolvimento do Turismo no Nordeste (ProdeturNE II), do Ministério do Turismo (Mtur), foi possível recuperar, entre outros, a Igreja do Rosário dos Pretos, a Igreja e o Cemitério do Pilar. “O Prodetur NE II foi uma iniciativa do Ministério do Turismo que, através da Setur, investiu R$ 21,3 milhões nessas obras”, explica o diretor do IPAC, Frederico Mendonça. Da etapa iniciada em 2013, está em andamento a restauração do Oratório da Cruz do Pascoal com investimento de R$ 250 mil, diretamente do Tesouro Estadual. Em abril de 2012, foram finalizadas as restaurações da primeira etapa da Igreja e do Cemitério do Pilar e da Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos. As duas edificações são tombadas pelo Iphan.
Pinturas rupestres em sitio arqueológico na Chapada
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Patrimônio material: Edifício da Associação dos Empregados no Comércio da Bahia (Salvador) Localizado na esquina da Rua Chile com a Rua do Tira Chapéu, ao lado da Câmara Municipal de Salvador, foi tombado em 2011. O prédio é um dos mais suntuosos dentre os ecléticos na capital baiana, com projeto do arquiteto italiano Rossi Baptista.
Usina Cinco Rios (São Sebastião do Passé) Hoje, em ruínas, está localizada no Distrito de Maracangalha, município de São Sebastião do Passé, a 70 km de Salvador. Fundada nos moldes industriais em 1912, toma emprestado o nome do Engenho Maracangalha, do século 16, que começou a ser construído em 1757 e remonta ao início da colonização portuguesa na região. O equipamento já está desativado, mas é considerado de grande valor histórico e cultural. Trata-se do terceiro monumento industrial vinculado à produção açucareira baiana a ser tombado pelo Estado, em 2011. Antes, foram tombados o Engenho de Baixo, em Aratuípe, e o de Cajaíba, em São Francisco do Conde.
Igreja Presbiteriana / Grace Memorial Hospital Instituto Ponte Nova (Wagner) Construídas a partir de 1916, com a chegada do médico cirurgião norte-americano Walter Wood e sua esposa, a enfermeira Grace Wood, na Cidade de Wagner. Inclui ambulatório, farmácia, igreja e o Memorial, primeiro hospital da Chapada Diamantina. Em 1931, foi criada a primeira Escola Superior de Enfermagem da Bahia e, em 1939, concluído o complexo educacional, com auditório posterior de 1964. Simples e austeros, os edifícios têm características que se aproximam do estilo Georgian ou Colonial Americano, tributário do neoclassicismo.
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BAHIA: TERRA DA CULTURA
Instituto Geográfico e Histórico da Bahia (Salvador) Criada em 1894, é considerada uma das mais importantes instituições que guardam a memória do nosso estado, com acervo de 40 mil livros, documentos e móveis antigos, retratos e pertences de personalidades baianas, peças do Cortejo 2 de Julho, entre outras relíquias históricas. O prédio do IGHB é um dos últimos remanescentes da construção eclética, dominante na arquitetura e nos planos de reurbanização de algumas das grandes cidades brasileiras até o início do século 20, que valorizava elementos ornamentais de linguagem clássica.
Poço de Petróleo C-1 (Candeias) Situado no Recôncavo Baiano, o Poço de Petróleo C-1 foi localizado em 1941, sendo o primeiro de exploração comercial no país. Tratase de um marco referencial da história da prospecção de petróleo no Brasil, do desenvolvimento econômico nacional, do debate público sobre o petróleo na sociedade brasileira e da evolução do conhecimento geológico no país.
Terreiro Ilê Asipá (Salvador) Fundado em 1980, por Deoscóredes Maximiliano dos Santos, o Mestre Didi, o Ilê Asipá ocupa área de cinco mil metros quadrados, destinada ao culto religioso do candomblé. É uma reserva verde no bairro de Piatã, que contrasta com grandes trechos já ocupados por prédios e com a aridez da terra que provavelmente receberá novas edificações.
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Capela Senhora Santana do Miradouro (Xique-Xique) Não se sabe ao certo o ano de construção da capela, mas é inquestionável sua importância para a ocupação das terras ribeirinhas.
Igreja Matriz do Senhor da Ascensão em Mirandela (Banzaê) A construção desta igreja teria sido iniciada em 1701. Ela está ligada às origens do assentamento jesuítico de Saco dos Morcegos, fundado na segunda metade do século XVII. O edifício está localizado em terra Kiriri, e a notificação de tombamento provisório foi realizada por solicitação conjunta da comunidade indígena e da prefeitura de Banzaê no dia 17 de outubro de 2013.
Patrimônio Imaterial: Ofício de Vaqueiro A Bahia foi o primeiro estado a registrar o ofício de Vaqueiro, graças às pesquisas e dossiê do IPAC. O ‘Ofício dos Vaqueiros’ foi instituído como bem imaterial inscrito no Livro de Registros Especiais dos Saberes e Modos de Fazer do Estado da Bahia, por meio do Decreto nº 13.150, de 10 de agosto de 2011. Vestimentas, maneiras de cantar e falar, habitar, trabalhar e lidar com o gado são algumas das características mais marcantes desse ofício.
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BAHIA: TERRA DA CULTURA
Bembé do Mercado A Festa do Bembé teve início em 13 de maio de 1889, um ano após a abolição da escravatura no Brasil. Naquele dia, os negros de Santo Amaro da Purificação resolveram festejar a liberdade, quando convidaram a comunidade de candomblés da região para fazer um louvor aos orixás. O festejo durou três dias com apresentação de maculelê, capoeira e samba de roda. A festa acontece todos os anos no mês de maio, no município de Santo Amaro da Purificação, no Recôncavo Baiano.
Ofício das Baianas de Acarajé Amplamente disseminada na Cidade de Salvador, a prática tradicional de produção e venda em tabuleiro das chamadas comidas de baiana, feitas com azeite de dendê e ligadas ao culto dos orixás, foi reconhecida como bem imaterial do estado em 2012. Trata-se de uma prática cultural de longa continuidade histórica, reiterada no cotidiano dos ritos do candomblé e constituinte de forte fator de identidade na cidade de Salvador e outras localidades baianas.
Terreiros de Candomblé de Cachoeira e São Félix Em 31 de Janeiro de 2012, foi aberto processo para o registro especial de onze Terreiros de Candomblé, localizados em Cachoeira e São Félix, como “Espaços destinados a Práticas Culturais Coletivas”. Os terreiros foram selecionados a partir de um inventário inicial promovido pelo antropólogo Vilson Caetano de Souza Júnior, abrangendo espaços sagrados tradicionais do Recôncavo, fundados entre a segunda metade do século XIX e 1986. São eles: Raiz de Ayrá, da Cajá, Ilê Axé Ogunjá e Aganjú Didê, em São Félix, e Viva Deus, Lobanekun, Lobanekun Filha, Ogodô Dey, Ilê Axé Itayle, Dendezeiro Incossi Mukumbi e Humpame Ayono Huntologi, em Cachoeira. 27
Outras palavras
Mais de 12 mil baianos participam de cursos e programas de formação e qualificação profissional em cultura
Prioridade da gestão no período 2011-2014, a formação e a qualificação em cultura impulsionaram a criação da Rede Estadual de Formação em Cultura e do Programa de Formação e Qualificação em Cultura da Bahia. Ambos foram instrumentos fundamentais para que mais de 12 mil pessoas participassem de cursos dos mais diversos setores do campo cultural, a exemplo de elaboração de projetos, gestão e produção cultural, economia da cultura, organização de eventos, linguagens e expressões artísticas, moda, cultura digital e museologia. Em Salvador e em mais de cem municípios baianos, programas como o de Qualificação em Artes da Funceb, o Qualicultura, o Pronatec, Trilhas das Artes e Jovens Multiplicadores abriram portas para que homens e mulheres de todo o estado se qualificassem para atuar nas mais diversas áreas do campo cultural. “Se de fato queremos que a cultura seja um elemento de desenvolvimento, é fundamental que a educação seja o tempo inteiro associada a ela”, afirma o secretário de Cultura, Albino Rubim. Sob esta perspectiva, foi criada em 2011 uma Rede Estadual de Formação em Cultura, com o objetivo de articular a interlocução entre instituições e estimular as parcerias necessárias ao avanço no setor de qualificação da cultura no estado. Integram a rede representantes das universidades públicas, dos Institutos Federais de Ensino loca28
BAHIA: TERRA DA CULTURA
lizados na Bahia, organizações da sociedade civil dedicadas à cultura e educação, entidades do sistema S, além de representantes do Ministério da Cultura e secretarias estaduais de Educação, Trabalho, Emprego e Renda, e Casa Civil, além da SecultBA. Formação em Artes – Por meio do Centro de Formação em Artes (CFA) da Fundação Cultural do Estado da Bahia (Funceb), mais de 2 mil adolescentes e jovens tiveram a oportunidade de iniciar ou se qualificar nas áreas de música, dramaturgia, dança, artes visuais e literatura. Criado em 2011, o CFA vem ampliando as oportunidades de formação no setor, prioritariamente no âmbito da qualificação técnica profissional, em sintonia com a política de Educação Profissional do Ministério da Educação e espelhado na expertise da Escola de Dança da Funceb. Alinhado ao Programa Estadual Pacto Pela Vida, o CFA também desenvolve ações através de Núcleos de Dança e de Música nas comunidades dos bairros do Nordeste de Amaralina, no Alto das Pombas e na Casa da Música, em Itapuã. Outro braço do trabalho, o Programa de Qualificação em Música passou a ser uma ação regular anual do CFA. Em 2012, as 240 vagas disponibilizadas despertaram grande interesse. Com apenas três meses de intenso trabalho, os alunos da turma do Núcleo de Formação Musical com Enfoque na Música da Bahia, coordenado por Letieres Leite, realizaram sua primeira apresentação. Há ainda os cursos especiais de Harmonia e instrumentação, orquestração e arranjo, coordenados por Bira Marques. A sede do Centro, inaugurada em setembro de 2012, ocupa o antigo prédio do Seminário São Dâmaso, construção tombada pelo Iphan localizada no Pelourinho.
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INSTITUCIONALIDADE culturaL
Profissionalismo em arte dramática O Centro Técnico do Teatro Castro Alves realizou, em 2011, o primeiro curso profissionalizante Tecnologias em Arte Dramática, criado a partir do convênio firmado em 2010 entre a Funceb e o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Bahia (IFBA), beneficiando 96 profissionais. Em 2012, o espaço abrigou cerca de sete oficinas técnicas, que beneficiaram 134 participantes e outras três oficinas técnicas do projeto TCA.Núcleo, com o total de 75 alunos. Além disso, sediou como
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Acervo SecultBA
Além dos cursos concentrados na capital, as atividades de qualificação e formação também ocorrem em municípios como Feira de Santana, Guanambi, Irecê, Jequié e Teixeira de Freitas e Juazeiro, entre outros. Trata-se do Programa de Qualificação em Artes, iniciado em 2012, quando foram oferecidos cursos em quatro linguagens para doze cidades. Em 2013, o programa inclui 15 cidades de diferentes territórios de identidade da Bahia. As 20 turmas abordarão as diversas linguagens artísticas, totalizando 495 profissionais das artes da Bahia contemplados pela ação.
BAHIA: TERRA DA CULTURA
apoiador os projetos Criativos Dissonantes com cinco laboratórios criativos nas áreas de moda e figurino, atingindo ao total 125 participantes. Como uma das principais ações de 2013 no processo de implantação e fortalecimento de um Centro de Referência em Engenharia do Espetáculo Teatral, o Centro Técnico propõe uma série de 16 oficinas técnicas nas áreas pertinentes à engenharia do espetáculo – cenografia, figurino, adereçaria cênica, sonorização e iluminação – através do Programa de Oficinas Técnicas 2013, realizadas entre abril e novembro de 2013. Os investimentos somados chegaram a R$ 98 mil e beneficiaram cerca de 320 profissionais. Alunos em processo de formação e qualificação em Cultura
Acervo SecultBA
Superintendente de Promoção Cultura, Carlos Paiva apresenta Seminário Bahia Criativa, dentro do programa de Formação e Qualificação em Cultura
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Programas Qualicultura – Com foco no fortalecimento dos setores da economia criativa, o Projeto Qualicultura é uma parceria da SecultBA com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas. Implantado em junho de 2012, promove capacitações e orientações sobre os setores criativos como música, gastronomia, design, cultura digital, moda, publicidade, artes cênicas, artes visuais, culturas populares, mercado editorial, arquitetura, audiovisual e jogos eletrônicos, entre outros. Um escritório instalado no Pelourinho dá suporte às atividades do Qualicultura realizadas em Salvador. Em um ano, o projeto - voltado para gestores culturais, empreendedores criativos, artistas, produtores e organizações não governamentais - capacitou mais de 2,4 mil pessoas em diversas oficinas na área da Economia da Criativa.
Com o propósito de estabelecer uma formação inicial e continuada para artistas, técnicos, gestores e produtores que atuam no campo da cultura e mesmo para o público mais amplo, destacam-se iniciativas como a abertura de vagas do campo cultural no Programa Nacional de Ensino Técnico e Profissionalizante (Pronatec), o Qualicultura, que tem como foco a economia criativa, e o Trilha das Artes.
Pronatec – Setecentas vagas para cursos profissionalizantes gratuitos em áreas ligadas às artes e à cultura. O Pronatec ofereceu, em junho de 2013, 26 cursos gratuitos, em áreas como fotografia, desenho de moda, organização e recepção de eventos, iluminação cênica, inglês e espanhol. Trata-se de uma parceria firmada entre o MinC, o MEC, a SecultBA e a SEC. As aulas foram ministradas no Senac-Aquidabã, Senac-Camaçari e em três espaços culturais administrados pela SecultBA. Em 2014, os campos de atuação serão expandidos e haverá 1.250 vagas, quase o dobro do ano anterior. Os cursos foram ministrados pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac), pelo Ifba e pela SEC, em parceria com a Escola de Dança da Funceb. Serão oferecidas aulas para a formação de auxiliar de biblioteca, cantor, discjóquei, operador de áudio, editor de vídeo, entre outros, em um total de 50 cursos em Salvador e mais 15 municípios. 32
BAHIA: TERRA DA CULTURA Trilhas – Iniciado em 2012, o Na Trilha das Artes contribui para a qualificação e elevação do nível de escolaridade. Além disso, promove a geração de renda e o protagonismo juvenil por meio da cultura e da arte. O público alvo é formado por jovens de 16 a 29 anos, em situação de desemprego involuntário, cujas famílias estão cadastradas no Programa Bolsa Família do Governo Federal. Trata-se de uma articulação entre a SecultBA, a Secretaria de Trabalho Emprego e Renda (SETRE) e a coordenação de Juventude da Secretaria de Relações Institucionais (SERIN), que inseriu a área cultural no Programa Estadual de Inserção de Jovens no Mundo do Trabalho, o Trilhas, criado pelo Governo da Bahia, em 2008. Em novembro de 2012, o programa certificou 500 jovens de sete municípios (Salvador, Valença, Jequié, Vitória da Conquista, Porto Seguro, Itabuna e Ilhéus) que participaram de 11 cursos, a exemplo de Agente Cultural e Animador Cultural, Culturas Digitais e Mobilização de Redes Sociais, Introdução à Produção Cultural, Vídeo, Fotografia e Cenotecnia, entre outros. A segunda etapa do projeto, iniciada em agosto de 2013, está promovendo a capacitação de mais 500 jovens, através da oferta de 25 cursos em nove cidades da Bahia.
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A cultura que queremos Diálogo pauta política pública e consolida novo perfil de gestão do setor na Bahia
Um olhar mais conservador haveria de se espantar. Mas quem está habituado à gestão colegiada, não. Diálogo é a palavra que resume as ações de fortalecimento da institucionalidade da área cultural na Bahia. Conferências estaduais, consultas públicas para alterar leis e um plano estadual de cultura, tudo construído a partir de troca de informação, participação,. conversação e negociação. Atendendo a demandas, debates e pautas construídos em conjunto com a sociedade, principalmente através das Conferências Estaduais de Cultura, as ações de fortalecimento da institucionalidade da área cultural na Bahia ganham cada vez mais evidência. Um exemplo é a aprovação da Lei nº 12.365/2011, a Lei Orgânica da Cultura, que regulamenta, entre outros aspectos, o Plano Estadual de Cultura, o Sistema Estadual de Cultura e o Conselho de Cultura do Estado da Bahia. O Plano Estadual de Cultura propõe o alinhamento com o Plano Nacional de Cultura, previsto para 10 anos, garantindo assim a construção de políticas públicas de Estado de longo prazo. O Sistema Estadual de Cultura, por sua vez, visa criar mecanismos que promovam uma maior articulação entre os governos municipais, estadual e federal e facilitar a execução de pro-
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BAHIA: TERRA DA CULTURA Acervo SecultBA
A IV Conferência Estadual de Cultura reuniu gestores e artistas emVitória da Conquista
jetos conjuntos e o repasse de recursos. Quanto ao Conselho Estadual de Cultura, a Lei dispõe, entre outros aspectos, que a indicação dos conselheiros da sociedade civil seja feita por meio de eleição, atendendo a critérios que contemplem setores e territórios culturais, de forma a garantir uma maior diversidade em sua composição e sua efetiva estadualização. Outras importantes conquistas foram a construção e realização de consultas públicas sobre o Plano Estadual do Livro e Leitura (PELL) e sobre a alteração na lei do Fundo de Cultura do Estado da Bahia (FCBA) e do FazCultura, mecanismos de fomento cultural. Também merece destaque a construção do Plano Estadual de Cultura, principal objetivo da IV Conferência de Cultura, realizada em 2011. 35
INSTITUCIONALIDADE culturaL
Consultas Públicas A realização de consultas públicas permite intensificar a articulação entre governo e sociedade, através da participação na formulação, reelaboração e definição de políticas públicas. Sob essa perspectiva, a SecultBA abriu consulta pública, entre março e maio de 2013, para a reformulação da legislação do Fundo de Cultura (FCBA). Um dos objetivos é assegurar, em lei, os procedimentos democráticos e republicanos que hoje são realizados no Fundo de Cultura da Bahia. Para Carlos Paiva, superintendente de Promoção Cultural, a nova proposta atualiza e incorpora demandas da sociedade à política de fomento e financiamento à cultura. “Avançamos nos últimos anos na simplificação e aperfeiçoamento do FCBA, porém muitas das demandas de mudança solicitadas diziam respeito a dispositivos da Lei. Esta é a oportunidade de equacionarmos estas demandas”, completa. Também a minuta do Plano Estadual do Livro e Leitura do Estado da Bahia (PELL-BA) foi disponibilizada para consulta pública através do site da Secretaria de Cultura, possibilitando a sua avaliação pela sociedade. Criado a partir de três eixos temáticos – democratização do acesso, valorização da leitura como prática social e desenvolvimento da economia do livro, o plano tem como propósito reunir objetivos, estratégias e ações que devem orientar as iniciativas públicas no setor nos próximos dez anos. Além disso, como forma democrática de construção das políticas culturais, a SecultBA - submeteu para consulta pública uma versão inicial do texto do Plano Estadual de Cultura do estado. A intenção foi fazer com que a sociedade civil contribuísse com a definição do texto final e legitimasse o documento. O Plano define as prioridades que são consideradas como condutoras da política cultural do Estado em um prazo de dez anos. Nele são reunidas diretrizes, estratégias e ações que perpassam por diversas áreas. 36
Conferências de Cultura, um espaço de intercâmbio Outro importante mecanismo de participação são as Conferências Estaduais de Cultura, espaços de diálogo entre a sociedade civil e o poder público. Sua realização no estado, em quatro etapas – Conferências Municipais, Territoriais, Setoriais e Estadual – integra poderes públicos e sociedade civil em níveis municipal, territorial e estadual, e acontece de dois em dois anos, envolvendo todas as unidades da Secretaria de Cultura em sua construção. Em 2013, a Bahia realizou a V Conferência Estadual de Cultura, entre os meses de junho e outubro nos 27 Territórios de Identidade, com o tema “Uma política de Estado para a cultura: desafios do Sistema Estadual de Cultura”. O objetivo principal foi reunir a comunidade cultural para debater as políticas públicas de cultura em desenvolvimento no estado. As três primeiras etapas da Conferência ocorreram de junho a setembro. O balanço final revela que 39 mil pessoas, de 358 municípios baianos, participaram de todas as etapas para sua realização. A última etapa da Conferência, e sua culminância, aconteceu nos dias 12 e 13 de outubro, na Cidade do Saber, em Camaçari. Na ocasião, foram eleitos os 20 membros (10 titulares e 10 suplentes) que representarão os Territórios de Identidade no Conselho Estadual. Tiveram direito a votar os delegados natos, municipais e os territoriais, todos eleitos após as conferências de cultura realizadas ao longo do ano. Após a nomeação de todos os conselheiros, o órgão passará a ter 30 titulares e 30 suplentes. A V Conferência também estabeleceu marcos: o secretário de Articulação Institucional do MinC, Bernardo Mata-Machado afirmou durante a mesa de abertura que “a Bahia foi o único estado que cumpriu todo o roteiro de conferências proposto pelo MinC”. Por ser um momento de
BAHIA: TERRA DA CULTURA construção compartilhada das políticas públicas, Mata-Machado ainda enfatizou que “entre os componentes do sistema estão as conferências. Foi devido à Cultura, que, pela primeira vez entrou na constituição esse termo ‘conferência’”.
Acervo SecultBA
O diferencial deste ano, na V Conferência, foi o caráter devolutivo do processo, já que foram apresentadas as ações, programas e projetos realizados pela Secretaria de Cultura, a partir das demandas da sociedade apresentadas nas conferências anteriores. “É um momento de prestação de contas à sociedade. Retomamos as ações propostas na IV Conferência e a atuação do Estado a partir delas”, completa Sandro Magalhães, diretor de Territorialização da Cultura da SecultBA. A IV Conferência Estadual de Cultura foi realizada em dezembro de 2011, na cidade de Vitória da Conquista.
V Conferência Estadual de Cultura da Bahia - Camaçari
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S
ão muitos os sotaques que configuram a cultura baiana: afro-brasileiro, do sertão, dos povos originários, entre tantos. Uma das diretrizes da SecultBA é ampliar os diálogos interculturais entre esses estoques e fluxos culturais, os sotaques brasileiros e outras culturas do mundo, em especial latino -americanas e africanas. Sem os diálogos interculturais não existe a possibilidade de desenvolvimento da cultura, já que ela é resultado das conversações e trocas culturais.
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Esta perspectiva é vital para superar a monocultura da baianidade que, por muitas décadas, animava as políticas culturais no estado. Agora, a baianidade é imaginada como complexa e composta de múltiplos estoques e fluxos culturais. Uma identidade produzida pela diversidade, que constitui a Bahia.
BAHIA: TERRA DA CULTURA
CrItica para que te quero Programa estadual investe na formação de novos críticos baianos
Nas artes, não é tarefa fácil exercer a crítica. Mas ela é fundamental para fortalecer a cultura no estado. Por conta disto, a Bahia ganhou, em 2011, um Programa de Incentivo à Crítica de Artes, uma iniciativa da Fundação Cultural do Estado da Bahia (Funceb) voltada a abertura de novos espaços de difusão da crítica de arte na Bahia. A primeira experiência deu origem ao periódico Cítrica, que reúne textos e ilustrações produzidos pela equipe da fundação, convidados e profissionais que participaram da Oficina de Qualificação Crítica. “A crítica é uma arte. E a arte se faz a partir dessa perspectiva crítica. Sem esse Cosme não poderá existir – a não ser como farsa – o companheiro Damião, a dupla que troca sempre de posição, continuamente, procedimento sem fim”, afirma o jornalista, crítico e curador de arte Marcelo Rezende, diretor do Museu de Arte Moderna da Bahia (MAM-BA), em seu texto Uma crítica, uma arte, publicado na primeira edição do periódico. A proposta é colaborar com a abertura de novos espaços de difusão da crítica de arte na Bahia e fazer com que o periódico se estruture como um projeto independente e auto-sustentável, com o objetivo de fortalecer o campo da crítica no estado. Com tiragem de 6 mil exemplares, distribuídos gratuitamente, o Cítrica disponibiliza o conteúdo em um blog, que pode ser acessado no endereço www.fundacaocultural.ba.gov.br/citrica. O periódico integra o Programa de Incentivo à Crítica de Artes, com a finalidade de contribuir com essa produção artístico-intelectual, cuja tradição, atividade, empregabilidade e reconhecimento são ainda pouco representativos na Bahia. A iniciativa busca aprimorar a crítica baiana e, com isso, contribuir para o desenvolvimento das artes produzidas no estado. Para tanto, 37 39
DIálogos interculturais
Acervo Funceb
Capa nº 1 da Cítrica
investe em ações estruturantes que envolvem formação, produção, criação e difusão do exercício da análise crítica nas áreas de Artes Visuais, Audiovisual, Circo, Dança, Literatura, Música e Teatro. No seu primeiro ano, o Programa realizou duas ações: o I Seminário Baiano de Crítica de Artes, que reuniu profissionais de grande experiência na área de crítica cultural e crítica específica nas linguagens artísticas – entre eles, José Miguel Wisnik, Antônio Marcos Pereira e Ruy Gardnier. Além do público que participou gratuita38 40
mente das atividades, o evento também teve transmissão online em tempo real pelo portal do Instituto de Radiodifusão Educativa da Bahia (Irdeb). Mais de 8,7 mil visitas de internautas foram registradas, contabilizando um total de mais de 30 mil visualizações de página. Concurso - Outra realização foi o Concurso Estadual de Estímulo à Crítica de Artes, que premiou 20 autores de críticas entre 43 concorrentes. Foram mais de R$ 40 mil em premiações e os vencedores tiveram seus textos publicados através da Série
BAHIA: TERRA DA CULTURA Crítica das Artes. Os resultados colaboraram com o aperfeiçoamento do programa e com a elaboração de projetos estruturantes a serem promovidos nesta área. A iniciativa também foi avaliada a partir de reuniões internas, consultas a estudiosos da área e de um encontro onde estiveram presentes representantes das Pós-Graduações em Artes (Artes Cênicas, Artes Visuais, Dança, Literatura e Música) da Universidade Federal da Bahia (UFBA). O II Seminário Baiano de Crítica de Artes, em 2012, contou com a participação de Helena Katz, Ivana Bentes, Carlos Calado e Wagner Schwartz, diante de um público de cerca de 80 pessoas por dia e, mais uma vez, com transmissão ao vivo pelo portal do Irdeb. Na sequência, veio a Oficina de Qualificação em Crítica, um processo formativo semipresencial com 30 alunos selecionados através de chamada pública e coordenação pedagógica de Luiz Cláudio Cajaíba (UFBA). A oficina foi ministrada por Marcelo Rezende. Além dos professores Cyntia Nogueira, da Universidade Federal do Recôncavo (UFRB), e Luiz Fernando Ramos, da Universidade de São Paulo (USP). O Programa ainda lançou a Série Crítica das Artes, coleção de publicações com temáticas diversas, destinada a promover a difusão de conteúdo sobre o tema, resgatar produções de profissionais notórios e divulgar novos trabalhos. São três os livros já lançados: Leituras Possíveis nas Frestas do Cotidiano, que reúne críticas premiadas no Concurso Estadual de Estímulo à Crítica de Artes 2011, com organização de Milena Britto; Memória de uma Crítica Encantada, organizado por Nadja Miranda, que traz críticas teatrais escritas por Clodoaldo Lobo desde os anos 1980, conteúdo que expressa faces da história recente do Teatro da Bahia; e a segunda edição do Panorama do Cinema Baiano, de André Setaro. Além das versões impressas, os livros também estão disponíveis no site www.fundacaocultural.ba.gov.br/criticadeartes.
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Mapa da diversidade
Na Bahia, hoje, a diversidade deixou de ser apenas uma palavra para ilustrar as incógnitas da realidade multicultural. Foi através do apoio às culturas populares e identitárias, uma das principais marcas da política da Secretaria de Cultura da Bahia (SecultBA), que o Estado conseguiu valorizar várias manifestações culturais. Por meio de ações como seminários, conferências e encontros culturais, resultado direto da criação do Centro de Culturas Populares e Identitárias (CCPI), a secretaria promoveu encontros e realizou editais específicos para o setor. O destaque vai para duas edições da Celebração das Culturas dos Sertões e do Encontro das Culturas Negras, além das Semanas da Cultura Popular, que reuniram 24 mil pessoas na capital e no interior. Os encontros tiveram a participação de pesquisadores, artistas, dirigentes de instituições culturais e representantes do poder público de Salvador, Santo Amaro, Cachoeira, Juazeiro, Feira de Santana e de outros estados brasileiros e países.
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Acervo SecultBA
Ações públicas reconduzem diversidade da cultura popular à pauta dos grandes eventos da Bahia
BAHIA: TERRA DA CULTURA
Celebração das Culturas dos Sertões
Veredas dos grandes sertões Sertanejo de verdade conhece o valor do legado musical de nomes como Gonzagão, Xangai e Elomar. No evento realizado na Bahia para celebrar a cultura dos sertões, Xangai e Elomar se uniram a Targino Gondim e outros músicos para prestar homenagens ao centenário do Rei do Baião. A Celebração das Culturas dos Sertões teve início em 2012 com o concerto Baião de Nóis, realizado no Teatro Castro Alves, em Salvador. O objetivo? Além de festejar os 100 anos de Luiz Gonzaga, valorizar, difundir e celebrar as culturas dos sertões e a sua importância para a formação da identidade e diversidade cultural baiana. A programação, que seguiu para Feira de Santana, contou com mesas redondas, encontro de estudos, lançamentos de livros, apresentações
musicais e feira de artesanato, com destaque para a aula-espetáculo do escritor e dramaturgo pernambucano Ariano Suassuna. Ao final, 9 mil pessoas participaram de 13 programações especiais e mais de 30 atividades artístico- culturais, todas com ampla repercussão na sociedade. A segunda edição do projeto, realizada em maio de 2013, reuniu milhares de pessoas entre a abertura em Salvador e o fechamento em Juazeiro. Durante seis dias, o público conferiu uma programação artística diversa composta de 28 atividades divididas entre apresentações musicais, aula-espetáculo, mesas-redondas, debates, exposições, minicursos, oficinas, mostras, conferências, exibições de trabalhos acadêmicos, cortejo pelas ruas da cidade e lançamento de livros, além da presença, dentre outros, de Antônio Nóbrega e Antônio Torres. 41 43
Acervo SecultBA
DIálogos interculturais
Houve, ainda, uma maior articulação com o processo de territorialização da cultura, uma das diretrizes da SecultBA, por intermédio do aumento da diversidade de manifestações populares no cortejo. Falar da cultura dos sertões significa se referir a 80% do território da Bahia, que é semi-árido. O espetáculo “Sertão da Gente”, conduzido pelo sanfoneiro Targino Gondim, lotou a sala principal do TCA na abertura do evento e encerrou a celebração de forma memorável na Concha Acústica do Centro de Cultura João Gilberto, em Juazeiro, às margens do Rio São Francisco. A apresentação homenageou o cantor, compositor e repentista Bule -Bule, pela sua importância e contribuição para a cultura sertaneja, e o cantor e compositor Dominguinhos, herdeiro do velho Gonzagão, considerado o sanfoneiro mais emblemático do Brasil.
Encontro de Culturas Negras
Festa da cultura negra A cultura de matriz africana encontrou um espaço singular para seu desenvolvimento em terras baianas, em especial no Recôncavo e em Salvador. Homens e mulheres vindos de diversas nações africanas trouxeram hábitos, religião, música e dança que ajudaram a construir a cultura local. Nada mais natural que a SecultBA aproveitasse para realizar Encontro das Culturas Negras, um grande evento anual inteiramente dedicado à valorização, divulgação e ao intercâmbio das culturas negras das Américas e do mundo. O evento é realizado em Salvador, cidade que ganhou em 2011, no Encontro Ibero-americano do Ano Internacional dos Afrodescendentes (Afro XXI), o título de capital ibero-americana dos afrodescendentes.
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O encontro foi um marco para o CCPI, trazendo para a Bahia importantes nomes nacionais e internacionais envolvidos com o tema das culturas e das diásporas negras. Mesas-redondas, plenárias, oficinas e apresentações artísticas, como shows, espetáculos de dança, teatro e exposições integra-
Paulo Munhoz
BAHIA: TERRA DA CULTURA
ram o evento entre 8 e 10 de novembro de 2012, em Salvador e Santo Amaro da Purificação. Tambores - Além de reunir cerca de 15 mil pessoas em 22 programações diversas, o encontro alcançou resultados concretos em intercâmbios e articulações. Exemplo disto foi a escolha do tema do carnaval do Pelô de 2013: “Carnavais Negros”, fruto das discussões entre representantes dos carnavais da Colômbia, Estados Unidos, Uruguai e Trinidad e Tobago. Destaque ainda para o Encontro de Tambores, reunindo pela primeira vez 150 percussionistas, músicos dos principais blocos afros de Salvador, regidos por Carlinhos Brown, para o show do Ilê Aiyê e Olodum, ambos no Terreiro de Jesus, no Pelourinho. Em 2013, o II Encontro das Culturas Negras reuniu artistas do Brasil, Angola e Estados Unidos para celebrar o mês da Consciência Negra. Espetáculos de música, teatro e dança, além de filmes, livros e debates movimentaram os palcos e espaços culturais de Salvador e de cidades do interior baiano em novembro. Entre os destaques, os shows da Banda Hot 8 Brass Band, de Nova Orleans, e Margareth Menezes, com participação especial do cantor e compositor angolano Filipe Mukenga, e as apresenta43 45
DIálogos interculturais
Tai Oliver
ções do Ilê Aiyê e do Olodum, além da Banda Maravilha, de Angola. A programação incluiu ainda espetáculos teatrais do Nata – Núcleo Afrobrasileiro de Teatro de Alagoinhas, vencedor do TCA.Núcleo 2013, exibição de filmes como O Jardim das Folhas Sagradas e Dança das Cabaças – Exu no Brasil, e lançamento de livros, a exemplo da autobiografia de Valdina Pinto de Oliveira, a Makota Valdina.
Semana de Culturas Populares e Identitárias
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BAHIA: TERRA DA CULTURA
Cultura popular é no Pelô
Tai Oliver
Fomentar as variadas formas de expressão artística e cultural existentes entre os 417 municípios do estado da Bahia. É este o objetivo da Semana da Cultura Popular, realizada em 2011 e 2012 no Pelourinho. Na programação, toda gratuita, palestras, shows e concertos musicais, espetáculos de dança, teatro, fanfarras, apresentações de capoeira e exposições, além de atividades socioeducativas. Estiveram presentes escolas, instituições do Terceiro Setor, agentes sociais e culturais, pesquisadores, historiadores e crianças, jovens, adultos e idosos.
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Memória online
Biblioteca virtual preserva documentos históricos e mantém viva a memória da Bahia
Pouca gente sabe, mas já é possível acessar, em meio digital, documentos raros da Guerra de Canudos ou da Revolta dos Malês. E não é só isto. A Biblioteca Virtual Dois de Julho reúne todo o acervo digitalizado sobre a história da Bahia, entre documentos, artigos, livros, teses e dissertações. A consulta pode ser feita on line no www.bv2dejulho.ba.gov.br. Artigos, livros, teses e dissertações sobre episódios históricos da memória da Bahia estão reunidos na biblioteca, uma das ações desenvolvidas pela SecultBA, por meio Fundação Pedro Calmon (FPC) para unir a memória do estado com a sociedade contemporânea e as novas pesquisas acadêmicas que contribuem para a preservação e divulgação da história. Merecem destaque, além da biblioteca, o Centro de Memória da Bahia e o Centro de Documentação e Memória do Patrimônio Cultural da Bahia, onde o Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia (IPAC) disponibiliza um vasto acervo sobre o patrimônio cultural do estado.
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BAHIA: TERRA DA CULTURA
Biblioteca virtual Buscando inovar na produção e distribuição de conteúdo nas mídias digitais, a Biblioteca Virtual Dois de Julho, reúne passagens significativas da história da Bahia em acervo digitalizado e disponível para consulta on line. O acervo virtual é composto por fotos, vídeos e textos sobre assuntos como Independência do Brasil na Bahia, a insurreição de escravos Malês, o trabalho de Edison Carneiro e a história de Canudos, entre outros. A maioria dos documentos foi publicada pela primeira vez nesta plataforma digital. O portal conta com a contribuição de pesquisadores e a organização do corpo técnico de profissionais da biblioteca. “Para o pesquisador, a Biblioteca Virtual 2 de Julho é um importante meio,
por abrir esses acervos para o mundo inteiro, proporcionando para outras culturas o conhecimento da história da Bahia”, explica Cristina Santos, ex-diretora da Biblioteca - hoje dirigida por Ana Maria Amorim. O site recebe acessos de usuários de todos os continentes do mundo. Juntamente com a história da Bahia, estão disponíveis documentos inéditos do acervo do Centro de Memória da Bahia e do Arquivo Público do Estado da Bahia. A Biblioteca publica gratuitamente informações enviadas pelos usuários, com o objetivo de fomentar a produção de conhecimento e agregar dados referentes à História da Bahia, disponíveis no site (www.bv2dejulho.ba.gov.br).
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DIálogos interculturais
Para jamais esquecer
A diretora do Centro de Memória da Bahia, Jacira Primo, reforça a necessidade de trabalhar com a memória nos espaços culturais. “É importante trazer a lume a memória e a história de personalidades que influíram de forma significativa na sociedade baiana e brasileira, modificando por vezes, a política e cultura de nosso país”, conclui Jacira. Já o IPAC dispõe de milhares de fotografias – digitais e analógicas –, mapas, plantas de imóveis, projetos de restauração, dossiês de pesquisas, estudos, livros e documentos técnicos produzidos ao longo de 46 anos de existência da autarquia sobre os patrimônios culturais da Bahia. Tudo está reunido no Centro de Documentação e Memória do Patrimônio Cultural, localizado em um casarão restaurado de estilo arquitetônico barroco-colonial, no número 29 da Rua Gregório de Mattos, Pelourinho. “Esta é a primeira vez que é organizado e disponibilizado o acervo completo do Instituto para pleno uso público”, afirma o diretor do IPAC, Frederico Mendonça. A abertura do Centro integra a requalificação do Quarteirão Cultural do Pelourinho, coordenada pelo Instituto. O quarteirão fica entre as ladeiras de São Miguel (Rua Frei Vicente) e do Ferrão, e as ruas Gregório de Mattos (antiga Maciel de Baixo) e a Baixa dos Sapateiros. “Trata-se de um quarteirão funcional e multicultural já que oferece estacionamento de 240 vagas, com acesso a quatro museus e coleções de arte do estado, galeria de arte do Ferrão, o Cine XIV do circuito Sala de Arte, o Teatro XVIII, a coordenação de Restauração de Elementos Artísticos do IPAC, a biblioteca Manuel Querino, o projeto de Residência Artística da Fundação Cultural, o Escritório de Referência do Centro Antigo, além de estúdios, lojas e comércios”, diz Mendonça. A Praça das Artes, na área interna do quarteirão, já ganhou serviços de impermeabilização, paisagismo e revisão das instalações elétricas. Em convênio com o Centro de Re48 50
Rafael Martins
Projetos que destacam marcos históricos integram as atividades da FPC e asseguram a participação das unidades em projetos especiais. Entre as ações destaca-se o Ano Jorge Amado, quando se comemorou os 100 anos de nascimento do mais popular escritor da Bahia e as celebrações dos centenários do pesquisador Edison Carneiro e do estadista Antônio Balbino.
Bibliotecas Comunitárias
BAHIA: TERRA DA CULTURA
Publicações e Videodocumentários do Ipac Órgão referência no Brasil por ser uma das mais antigas instituições do país que desenvolvem políticas de proteção aos patrimônios culturais, o IPAC tem por obrigação regimental promover a produção técnica e científica com a qual trabalha, inclusive, com a publicação de livros, atendendo ainda ao Decreto Estadual nº 8.626/2003 que determina a promoção dos bens culturais. A partir 2010, essa produção aumenta com o lançamento das coleções Cadernos do IPAC e Apostilas Conversando sobre Patrimônio.
ferência Integral de Adolescentes (CRIA) e outras instituições, o IPAC desenvolverá ações de dinamização da praça. A biblioteca Manuel Querino do IPAC, integrada ao centro, abriga 220 obras raras datadas dos séculos 18, 19 e 20, e é referência para as áreas de história, arquitetura, sociologia e antropologia. O arquivo técnico dispõe de quase 4,7 mil documentos, entre plantas e cadastros arquitetônicos, projetos complementares, mapas, croquis, esboços e levantamentos produzidos entre os anos de 1969 e 2007. Já o arquivo fotográfico dispõe de cerca de 130 mil imagens, em preto e branco e coloridas, produzidas pelos fotógrafos do IPAC e Secretaria de Comunicação, além de filmes, fitas cassetes, fotogramas, slides, reproduções antigas e álbuns. Os próximos passos são a disponibilização virtual dos acervos, espaço expositivo, livros de tombo e registro, e uma lojinha onde serão comercializados os livros produzidos pelo Instituto.
Da série Cadernos do IPAC, já foram lançados títulos sobre o Pano da Costa, Festa da Boa Morte, Carnaval de Maragojipe, Desfile de Afoxés, Festa de Santa Bárbara e Ofício de Vaqueiros. A coleção desperta interesse do público por causa da relevância dos temas apresentados e da rica iconografia. Na coleção ‘Conversando sobre Patrimônio´, foram publicados ‘Salvaguarda do Patrimônio Afro-brasileiro’, ‘Patrimônio e Festas Populares’, ‘Patrimônio Material e Imaterial do Cortejo do 2 de Julho’, ‘Sistema Estadual de Patrimônio/ ICMS Cultural’ e ‘Circuitos Arqueológicos da Chapada Diamantina’.
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DIálogos interculturais
Cadernos do Ipac - Acervo
Alguns dos vídeos educativos, institucionais ou incorporados às campanhas do IPAC já alcançaram repercussão internacional e foram exibidos pela TV Pública de Angola. O Instituto já produziu nove vídeos. Dentre os temas dos DVDs, estão o artista Eckenberger, a mostra comemorativa dos 40 anos do IPAC, os 90 anos do Museu de Arte da Bahia (MAB), Duas Paisagens: Troca de Olhares sobre Cachoeira e São Félix, Projeto (Per)Cursos Patrimoniais (Centro Histórico de Salvador, Cortejo Dois de Julho), entre outros. Foram produzidos, ainda, integrando a série de publicações Cadernos do IPAC, os videodocumentários Festa da Boa Morte, Carnaval de Maragojipe e Desfile de Afoxés. O Projeto Circuitos Arqueológicos da Chapada Diamantina, realizado graças à parceria entre a UFBA e SECULT/IPAC também foi tema de um documentário. Os vídeos têm duração média de 26 minutos, padrão utilizado pelas emissoras de TV brasileiras para a categoria documentários. Todas essas publicações estão disponíveis no Centro de Documentação e Memória do IPAC e também para download gratuito no site do instituto (www.ipac.ba.gov.br). A ação é complementada pela IPAC TV, que coloca à disposição entrevistas com especialistas sobre bens culturais materiais e imateriais, também no site do IPAC. Projeto Circuitos Arqueológicos da Chapada Diamantina, realizado graças à parceria entre a UFBA e SECULT/IPAC também foi tema de um documentário. Os vídeos têm duração média de 26 minutos, padrão utilizado pelas emissoras de TV brasileiras para a categoria documentários.
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Todas essas publicações estão disponíveis no Centro de Documentação e Memória do IPAC e também para download gratuito no site do instituto (www.ipac.ba.gov.br). A ação é complementada pela IPAC TV (www.ipac.ba.gov.br), que coloca à disposição entrevistas com especialistas sobre bens culturais materiais e imateriais.
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Baila comigo
Os mais jovens podem se espantar. Mas vigor físico não é tudo no Balé do Teatro Castro Alves (BTCA), companhia de dança oficial da Bahia. Bailarinos de até 60 anos têm desempenho de destaque em espetáculos nos quais o que conta é a experiência profissional. Este é caso de ...Ou Isso, de Jomar Mesquisa e Rodrigo de Castro, um dos espetáculos apresentados pela companhia na Bienal de Veneza em 2012. Sob a direção do ator e diretor paulista Jorge Vermelho, ganhou projeção nacional e internacional. Como a única companhia brasileira convidada, realizou oito apresentações na Itália das montagens A Quem Possa Interessar, de Henrique Rodovalho, com a participação da cantora Badi Assad e 1POR1PRAUM, performance Jorge Vermelho e Renata Melo. “Trata-se de um confessionário, onde o bailarino e seu único público compartilham uma determinada emoção que ficará restrita e segredada aos dois”, descreve Vermelho, referindo-se ao 1POR1PRAUM. Em vez de acontecer no palco tradicional, o espetáculo é realizado em cabines individuais, onde cada artista - no total de 20 bailarinos-intérpretes - recebe um espectador por vez, em solos que duram, em média, cinco minutos cada um. Apoiado no tripé formação/produção/circulação da dança, o BTCA tem garantido novas oportunidades de ação para o elenco e também uma maior proximidade com o público.
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Isabel Gouveia
Balé do Teatro Castro Alves investe em aprendizagem e ganha projeção nacional e internacional
BAHIA: TERRA DA CULTURA
BTCA - Espetáculo ...Ou Isso
Ainda em 2012, o BTCA levou as montagens do seu repertório para as cidades Santo Amaro, Camaçari e São Paulo. Em novembro, apresentouse gratuitamente para o público de Ilhéus e Porto Seguro, totalizando 25 apresentações pelo interior. Ciente de seu importante papel para a difusão da dança, o Balé intensificou a circulação dentro do estado da Bahia, realizando apresentações em Feira de Santana, Valença, Lençóis, Jequié, Santo Amaro da Purificação, Juazeiro, Vitória da Conquista, Ilhéus e Alagoinhas. Nessas viagens, foram ministradas aulas e oficinas que integram o programa de circulação da Companhia, que em 2011 chegou a realizar cerca de 20 oficinas, incluindo capital e interior. 53 55
Isabel Gouveia
BTCA - Espetáculo ...Ou Isso BTCA - Espetáculo ...Ou Isso
Abril, o mês da dança, foi especial para o BTCA em 2013. A companhia fez a ocupação da Sala do Coro, onde realizou 28 apresentações públicas dos espetáculos de seu atual repertório, com sala lotada em todas as sessões. Além disso, tendo como foco os espectadores infantis, o Balé realizou, em parceria com a Osquestra Sinfônica da Bahia (Osba), a montagem e a apresentação do espetáculo didático-musical Pedro e o Lobo, de Sergey Prokofiev, com regência do maestro Carlos Prazeres e direção artística de Jorge Vermelho. Em 2011, ano em que o BTCA completou 30 anos de atividades, a companhia realizou mais de 40 apresentações, sendo oito delas em Santa Catarina, Rio de Janeiro, São Paulo e Ceará. Em novembro e dezembro do mesmo ano, o Balé es-
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teve na Bélgica a convite do Europalia, considerado um dos mais importantes eventos culturais do continente europeu que se estende aos vizinhos França, Alemanha, Holanda e Luxemburgo. O festival é realizado a cada dois anos e já homenageou 18 países. Em sua 23ª edição, em 2011, o homenageado foi o Brasil. Na ocasião, o BTCA realizou 13 apresentações passando pela capital belga (Théâtre Varia), Bruxelas, e nas cidades de Mons (Théatre Le Manége) e Liége (Téâtre de La Place) com o espetáculo Essa Tempestade. Criado em 1º de abril de 1981 pelo Governo do Estado e mantido pela SecultBA, através da Funceb, o Balé do TCA é a companhia de dança oficial da Bahia. Desde a sua criação, assumiu o perfil de dança contemporânea, apresentando coreógrafos como Victor Navarro, Lia Robat-
BAHIA: TERRA DA CULTURA
to, Antonio Carlos Cardoso, Carlos Moraes, Luis Arrieta, Oscar Arraiz, Guilherme Botelho, Tíndaro Silvano, Mario Nascimento, Ismael Ivo, Henrique Rodovalho e Claudio Bernardo, entre outros. Hoje com um corpo artístico formado por 36 bailarinos, o BTCA conta com mais de 50 montagens em seu repertório. Canteiro de Obras – Revisitando a própria estrutura, a Curadoria Artística do BTCA tem proposto um redimensionamento das ações e lançou em 2013 o desafio para que os intérpretes apresentassem projetos nas diferentes vertentes da dança. A proposta era investigar outros recortes da construção artística. Foram apresentadas 18 propostas e, após uma análise criteriosa da viabilidade de execução, oito projetos foram escolhidos para compor a grade de programação.
Entre os projetos aprovados, Pílulas Dançadas, de Morena Nascimento, foi concebido para ser apresentado em creches, abrigos e hospitais, aprofundando assim o conceito público do BTCA. Outro projeto colocado em prática foi O que os olhos não veem, o coração sente, coordenado pela bailarina Rosa Barreto, que propõe uma experiência didático-sensorial com crianças do Instituto de Cegos da Bahia. Já o projeto Álbum de Família, criado por Fátima Berenguer e Dina Tourinho, com dramaturgia de Fábio Vidal, percorre os espaços internos do Teatro Castro Alves, revelando corredores, salas, janelas e paisagens ainda desconhecidas do público. Outros dois projetos, Stop Motion, de Luíza Meireles e Telemática, de Lícia Morais, devem ser montados em 2014. 55 57
Acervo SecultBA
DIálogos interculturais
Escola de Dança da Funceb - Espetáculo Sertania
Visando a reestruturação interna da companhia e com o objetivo de proporcionar experiências diversas aos intérpretes em outros segmentos da dança além do palco, foram criados núcleos de trabalho, onde bailarinos também contribuem com sua expertise em prol da própria companhia. Desta maneira, foram instituídos os Núcleos de Extensão, Difusão e Circulação, Pesquisa, Produção Técnica e, por fim, Formação de Plateia e Projetos Especiais.
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Foi instituído também o Núcleo de Saúde do Bailarino, coordenado por Alice Becker, que realiza um consistente preparo físico e um programa de prevenção de lesões e foi responsável por oferecer palestras com especialistas de diversas áreas da saúde, sempre com vagas abertas à comunidade.
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Memória da pele O BTCA Memória é um projeto que traz em si duas ideias complementares: a noção de preservação de obras de referência que marcaram uma época e a possibilidade de entender a dança como algo dinâmico, que se modifica a partir do contato com o contexto e as pessoas. Partindo desse pressuposto, foi inaugurada em 2007 uma parceria entre o BTCA e a Escola de Dança do Centro de Formação em Artes da Funceb. O desafio era estabelecer diálogos e conexões, em processos de releituras de produções de dança. Juntas, essas duas instituições públicas de dança realizaram remontagens de coreografias criadas para o BTCA, a exemplo da A Sagração da Primavera (1987), coreografada por Oscar Araiz, com a coordenação de remontagem da bailarina do BTCA, Anna Paula Drehmer, em 2013. Sertania (1984), da coreógrafa Lia Robatto, em 2012 e Pangea (1997), com coreografia de Tíndaro Silvano e coordenação de remontagem de Sylvan Barbosa, também fizeram parte do projeto. Aos jovens bailarinos da Escola de Dança da Funceb, é dada a oportunidade de participar de um processo de recriação coreográfica, vivenciado de forma intensiva durante três meses, como intérpretes. Para esses jovens, tal contexto se estabelece como um espaço de ensino -aprendizagem. Os integrantes do BTCA, por sua vez, podem exercitar outras competências, conquistadas como bailarinos ao longo das suas experiências, ligadas ao fazer da dança, e ainda o prazer de reverem essas obras, em outros corpos. Já o público, tem a oportunidade de rever o repertório e a produção de um grupo fundamental para a dança da Bahia.
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Bahia mundo afora
Programa de Mobilidade Artística e Cultural promove a internacionalização da cultura baiana
A Bahia é mundialmente reconhecida como um celeiro de novas ideias e criações de sucesso, para além de sua diversidade cultural. Com o propósito de alargar o alcance dessas produções, o Estado tem investido cada vez mais na internacionalização da cultura, por intermédio do Programa de Mobilidade Artística e Cultural. A iniciativa visa à expansão e promoção da cultura baiana em suas mais diversas expressões e tem intensificado a participação em feiras internacionais, a exemplo da Womex e Frankfurt, chamadas públicas e editais de incentivo à promoção comercial e intercâmbios culturais. Mas não é só isto. São realizadas ações de promoção da carreira de artistas e grupos musicais baianos como Baiana System, OQuadro, Soraia Drumond e Tiganá. Com investimento médio anual de R$ 800 mil, as atividades resultam da articulação entre a Assessoria de Relações Internacionais da Secretaria de Cultura (SecultBA), instituições vinculadas, órgãos governamentais e não governamentais.
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Novo passaporte para o planeta
Cartaxo
BAHIA: TERRA DA CULTURA
Do interior rural da Bahia, passando pelo sertão, até o litoral e os sons urbanos de artistas independentes, a música contemporânea feita no estado ganha um novo passaporte para públicos e mercados internacionais. O projeto Bahia Music Export integra o Programa de Mobilidade Artística e Cultural promovido pela SecultBA, através da Funceb. A iniciativa já lançou cinco álbuns, sendo os dois últimos volumes – o primeiro reúne diversos gêneros musicais e o segundo abrange o universo da bass culture – em 2013. O repertório dos CDs inclui desde bandas do interior do estado, como Samba Chula de São Braz, de Santo Amaro da Purificação, O Quadro, de Ilhéus, e Os Nelsons, de Paulo Afonso, até as soteropolitanas BaianaSystem e Bemba Trio. “Essa seleção demonstra não apenas a diversidade musical, mas um nível de articulação e profissionalismo capaz de conquistar e se conectar a outros espaços no mercado internacional”, explica o coordenador de música da Funceb, Cássio Nobre.
BaianaSystem
Há três anos, o lançamento e distribuição inicial das coletâneas é feito na WOMEX – World Music Expo, uma das mais relevantes feiras de negócios e oportunidades do mercado da música internacional. Este ano, o evento foi em outubro na cidade de Cardiff, na Inglaterra. Neste e em outros eventos e plataformas internacionais do gênero, os discos chegam a produtores, radialistas, jornalistas, empresários, selos, programadores de festivais internacionais e demais agentes do mercado mundial, com fins exclusivos de promoção internacional, apresentando um panorama do cenário musical baiano contemporâneo.
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DIálogos interculturais
Conexão África - Com canções selecionadas nos volumes 2 e 3 da coletânea, o cantor Dão afirma que ter uma faixa selecionada agregou à sua carreira um referencial associado à qualidade artística. Segundo ele, o convite para participar do CMEAS UK Autumn Tour 2011 – turnê de outono na Inglaterra que tem como propósito a divulgação da música de outros países – resultou também da visibilidade gerada após a distribuição das cópias na Womex. “Quando o produtor conversou comigo citou a coletânea e considerou minha presença ali uma ótima referência do trabalho que desenvolvo”, afirma Dão. “É muito importante a disponibilidade em investir em novas propostas e sonoridades diversas que a SecultBA vem demonstrando. São ações que, com certeza, abrem portas para novos contratos”, completa o cantor. A seleção musical do BMEX foi feita em parceria com o Brasil Music Exchange, projeto conduzido pela Brasil, Música & Artes (BM&A) que procura estimular atividades e trocas de experiência no mercado musical. A curadoria é de Jody Gillet, jornalista britânica, crítica de música, representante da BM&A no Reino Unido, que atua há mais de 15 anos com o cenário local de música independente, com foco particular no Brasil. Ela trabalhou com artistas como Criolo, Orquestra Imperial, Nação Zumbi e Tulipa Ruiz. A seleção das músicas baseia-se na adequação das obras ao perfil de mercado internacional e no nível de correlação com a Bahia, a partir de sua própria assinatura curatorial e da inscrição pública que foi aberta a canções produzidas na Bahia e/ou por artistas do estado. “Com profundas conexões com a África, mas também com uma 60 62
BAHIA: TERRA DA CULTURA das mais fortes cenas de rock do país, além de diversas tradições rurais em atividade e uma herança cancioneira altamente reverenciada, a Bahia possui uma produção musical repleta de reviravoltas surpreendentes”, avalia Jody Gillett. A lista completa de artistas e canções incluídas no projeto está disponível no www.cultura.ba.gov.br/bahiaexport/index.html. Outra importante ação do Bahia Music Export foi a realização do Encounters, projeto que visa a criação de oportunidades de negócios e promoção da música baiana. Em julho de 2012, o evento reuniu artistas e produtores musicais baianos e profissionais do exterior, principalmente jornalistas, com o propósito de abrir portas para a criação de um plano de carreira internacional para os artistas locais. Diversos artistas presente foram selecionados pelos convidados internacionais para a rodada de negócios. O evento aconteceu no Conselho de Cultura da Bahia, em Salvador. Durante os dois dias do encontro, nomes importantes como Crispin Parry, presidente da British Underground, Felix Hines, diretor administrativo da Westbury Music, editora independente de música contemporânea do Reino Unido, Bernardo Gutierrez, Wozzy Brewster e Jody Gillett estiveram presentes.
Intercâmbio musical Bahia-Londres
Acervo SecultBA
Em maio de 2013, cidades baianas e do Reino Unido se transformaram em cenário para o Bass Culture Clash, projeto resultante de uma parceria entre a SecultBA/Funceb e a British Underground. A ação possibilitou um importante intercâmbio cultural entre a Bahia e Londres, contando como protagonistas grandes nomes da cena bass destes dois locais.
Capas dos CD’s do Bahia Music Export
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DIálogos interculturais
Durante oito dias, shows e workshops movimentaram as cidades de Salvador, Ilhéus e Londres, atraindo um público de cerca de 30 mil pessoas. O Bass Bahia X Londres é um projeto que visa criar oportunidades e apresentar os talentos emergentes do Reino Unido no mercado musical brasileiro e os talentos emergentes brasileiros no mercado inglês. Participaram a referência do dancehall soundsystem londrino The Heatwave, que apresentou a sua festa ao lado da rainha do dancehall britânico – MC Lady Chann, além do artista Natty, revelação da nova música londrina, reconhecido também pela sua parceria musical com Ziggy Marley. Do Brasil, bandas emergentes e promissoras representam a cena musical baiana – OQuadro, banda natural de Ilhéus e um dos mais antigos grupos de hip hop do estado, trouxeram a nova tendência do gênero, intitulada Nova Escola (New School), buscando inovações estéticas a partir do diálogo com outros estilos musicais e movimentos culturais. Completando o time baiano, a banda Os Nelsons, da cidade de Paulo Afonso, executou uma conexão entre as batidas baianas e o global ghettotech, sempre utilizando de tecnologia e estudo dos dub’s jamaicanos para criação de texturas musicais autênticas. O projeto Bass Culture Clash também faz parte do programa Bahia Music Export.
Os Nelsons
Música em Trânsito Em 2012, a cantora Aiace, vocalista do grupo Sertanília, participou do projeto Música em Trânsito, realizado numa parceria entre Funceb e Goethe Institut Bahia. Dentre 43 inscritos, ela foi uma das duas selecionadas, ao lado de Emilia Souto, para integrar esta ação que investe no compartilhamento de expressões diversas da música contemporânea como um meio para a qualificação de profissionais, bem como para o fortalecimento de sua presença nos mercados brasileiro e in62 64
André Frutuoso
BAHIA: TERRA DA CULTURA
ternacional. O trabalho se deu numa criação colaborativa entre o músico e produtor alemão Markus Popp/Oval, visionário da música eletrônica, com sete cantores da América do Sul, numa imersão vivida na capital baiana para a gravação de um CD – que virou o álbum CALIDOSTÓPIA!. “Foi uma alegria imensa participar deste projeto. Poder conhecer pessoas de outras nacionalidades, onde cada um trouxe um pouquinho de si e das suas influências. Acho que isso que é o mais bacana. Uma verdadeira salada de frutas que transformou tudo isso em um CD. Foi fantástico!”, afirma a cantora. Os participantes fizeram um show de apresentação dos resultados, em setembro, em evento gratuito no Pelourinho, onde as músicas foram executadas ao vivo pela primeira vez. Markus Popp ainda realizou um workshop aberto ao público. “Éramos pessoas que não se conheciam, que precisavam criar uma unidade para alcançar o objetivo. A troca, de fato, acontecia e até hoje a gente mantém contato uns com os outros. Essa força, interação e vontade de fazer música aconteceram”, afirma.
Intercâmbio e mobilidade: experiências pessoais e premiações O investimento empreendido pelo Programa de Mobilidade Artística e Cultural tem como principal retorno a promoção de experiências pessoais e enriquecedoras tanto para os artistas e pesquisadores contemplados quanto para a cultura do estado. Um exemplo disso é o valor agregado à carreira do coreógrafo e produtor Giltanei Amorim. Beneficiado em 2011 com o projeto Corpo Fronteira, o artista fez intercâmbio na Universidade Rei Juan Carlos, em Madri, na Espanha. Na ocasião, Amorim deu luz ao Festival Scratxe Underground Brasil, realizado em Matadero (Madri) e no Museu Montehermoso (Vitoria-Gasteiz), que permitiu 18 apresentações de artistas e grupo brasileiros de 63 65
DIálogos interculturais
dança contemporânea e performance. “O grande ganho de uma seleção deste tipo é conseguir difundir o trabalho fora do país, principalmente na Europa. Temos aqui no estado trabalhos de boa qualidade, mas que permanecem isolados. Atrair visibilidade é o principal aporte que editais com esta linha de atuação podem garantir. Precisamos de mais iniciativas deste tipo”, afirma. Outro exemplo da eficácia do Programa de Mobilidade Artística e Cultural é a trajetória da artista visual Maria Luedy. Mestre em Artes pela Universidade Federal da Bahia (UFBA) e pesquisadora das técnicas do papel, sobretudo o desenvolvido com extrato de algodão na Índia, Maria foi selecionada através da linha de apoio residências artísticas culturais e passou 40 dias em Japuir e Pondicherry, norte e sul da Índia. “A residência é um momento muito especial porque permite ao artista, além de se concentrar na prática do seu fazer, o deslocamento e a interatividade com as pessoas, os materiais, a relação com o lugar, com a cultura. Ele vai na gênese do fazer” , declara. Após a residência, a artista apresentou um workshop no Museu de Arte Moderna da Bahia (MAM-BA), baseado em suas pesquisas. Para Verônica Aquino, diretora de Fomento da Secretaria de Cultura, as ações de mobilidade artística têm forte impacto no setor e, por isso, requerem cada vez mais publicidade. “Apesar de inicialmente o artista ou grupo ser o único beneficiado, o retorno para a comunidade é garantido quando estes alcançam progressão na carreira e replicam os conhecimentos adquiridos”, completa.
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Literatura baiana chega a Frankfurt “Este é o momento de sensibilização para a internacionalização da produção literária baiana”, afirma a coordenadora de relações internacionais da SecultBA, Monique Badaró, ao falar sobre a participação da Bahia na Feira do Livro de Frankfurt 2012 e 2013, na Alemanha, considerada o mais importante encontro mundial do setor editorial. Em 2013, a SecultBA lançou na feira – realizada desde 1949 e que, este ano, homenageou o Brasil – o livro Autores Baianos: um Panorama. A publicação trilíngue (inglês, alemão e espanhol) apresentou ao mundo 18 nomes que representam a atual produção literária da Bahia. “Um livro é sempre uma mensagem numa garrafa para ser encontrada por seu leitor ideal. Uma iniciativa como esta facilita esses encontros e ajuda a promover diálogos”, afirmou o escritor Aleilton Fonseca, um dos participantes. Além dele, autores de distintas gerações, perfis e gêneros publicaram textos no livro: Adelice Souza, Állex Leilla, Antonio Risério, Carlos Ribeiro, Daniela Galdino, Florisvaldo Mattos, Hélio Pólvora, João Filho, Karina Rabinovitz, Kátia Borges, Lima Trindade, Luís Antonio Cajazeira Ramos, Mayrant Gallo, Myriam Fraga, Roberval Pereyr, Ruy Espinheira Filho e Ruy Tapioca.
Acervo SecultBA
BAHIA: TERRA DA CULTURA
mercados de direitos, onde são negociadas também as traduções – proporcionam o contato entre o público e mercado estrangeiro e o livro e o autor nacional.
Capa da produção literária da Bahia (trilíngue)
Eles foram escolhidos por uma comissão especializada, formada por críticos, pesquisadores, jornalistas e escritores, que também selecionaram mostras do trabalho dos artistas para compor a publicação. Os textos foram acompanhados por uma minibiografia. Após o lançamento em Frankfurt, a obra já vem sendo utilizada em outras iniciativas de difusão em feiras e eventos literários internacionais e nacionais, a exemplo da Bienal do Livro da Bahia. “A atenção especial que o Brasil vem recebendo de outros países em suas diversas áreas deve ser vista e aproveitada também como um bom momento para a internacionalização da literatura baiana e inserção das editoras nesse processo”, afirma Monique Badaró. A Feira do Livro de Frankfurt atrai anualmente cerca de sete mil expositores e cerca de 300 mil visitantes de 100 países a cada edição, sendo considerada o maior ponto de encontro entre os agentes do setor. As Feiras Internacionais de Livro – misto de bolsas de valores autorais,
Em 2012, a editora baiana Casarão do Verbo visitou o espaço da Feira de Frankfurt através de seleção no Edital de Apoio a Promoção Comercial de Bens e Serviços Culturais no Brasil e no Exterior, que estimula a produção artístico-cultural baiana e promove o intercâmbio e a circulação com outros estados e países. Internacionalização - As homenagens que o Brasil tem recebido em grandes feiras evidenciam o crescente interesse internacional pelo país no campo da literatura. Atenta a este processo, a SecultBA, através da Funceb, com apoio do Instituto Goethe, realizou em 2012 o encontro Perspectivas para a Internacionalização da Literatura Baiana. O evento, que integra o Programa de Apoio à Mobilidade Artística e Cultural, tem como objetivo destacar o papel do agente literário na promoção, divulgação e comercialização de suas obras. O evento contou com a participação da agente literária alemã, especializada na difusão das literaturas do Brasil, da África Lusófona e da América Latina, Nicole Witts, além de Dolores Manzano, gerente executiva do projeto Brazilian Publishers da Câmara Brasileira do Livro / Apex Brasil. Representando o Centro Internacional do Livro, esteve presente o coordenador do Programa de Apoio à Tradução da Fundação Biblioteca Nacional, Fábio Lima.
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Bem além dos seis dias de Carnaval Projetos valorizam o resgate das tradições afro e dão a milhares de foliões o acesso ao melhor da cultura local
Aos 17 anos de idade, o adolescente Arlison, morador da comunidade do Amparo do Tororó, já enfrentou muitas dificuldades na vida. Abandonado pela mãe, muito novo teve contato com o mundo das drogas e não demorou a largar os estudos. Mas há cerca de um ano e meio, aconteceu uma virada positiva. Arlison conheceu o Proartemusic, projeto fundado em 2011, que através de quatro oficinas (artes, dança, artes plásticas e teatro) busca estimular jovens, a partir a dos 14 anos, que vivem situação de risco a abandonar esta condição. “Aprendi a dançar aqui, a fazer desenhos e arte com os professores. Graças a Deus, hoje trabalho com dança através da entidade e estou de bem com a vida”, conta Arlison, que terminou os seus estudos e hoje tem esperança de ver outros jovens, incluindo muitos dos seus amigos, trilharem o mesmo caminho. O Proartemusic é desenvolvido pelo Afro Quilombo, entidade cultural apoiada pelo Carnaval Ouro Negro, um dos diversos projetos da SecultBA voltados para o Carnaval. Extrapolando os seis dias de festa, esses projetos também contribuem para o desenvolvimento social através da construção de uma cultura cidadã. Tendo o Centro de Culturas Populares e Identitárias (CCPI) como órgão responsável, os programas Carnaval Pipoca, Carnaval do Pelô e Outros Carnavais e o Carnaval Ouro Negro têm se destacado pela democratização e valorização da diversidade cultural. 66 68
Acervo SecultBA
BAHIA: TERRA DA CULTURA
Banda Didá no Carnaval do Pelô
Esses projetos possibilitam a valorização e o resgate das tradições afro, a promoção do acesso do folião pipoca a propostas musicais diferenciadas e de qualidade, e levam aos circuitos do Carnaval e do Pelô uma variedade de estilos e ritmos, com uma programação diversificada e para as mais diversas idades e gostos, garantindo para milhares de foliões o acesso democrático ao que há de melhor. Alegria do folião pipoca - Com atrações diversas que saem em trios sem cordas, o Carnaval Pipoca abre espaço para uma festa democrática, atingindo um público que representa a maior parcela do número de foliões que movimentam a folia. Foram 15 projetos selecionados em 2011, 20 em 2012, quando os circuitos Dodô e Osmar ganharam atenção especial no Programa Pipoca e 22 em 2013. Ali, Rock, reggae, samba, axé, MPB entraram no repertório de mais de 70 atrações que participaram dos trios elétricos. Cantores consagrados, como Lazzo, Tonho Matéria e a Banda Didá, foram chamados para conduzir a folia em companhia de novos talentos como Karina Buhr e Márcia Castro. O investimento foi de R$ 900 mil.
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Acervo SecultBA
DIálogos interculturais
A política cultural da SecultBA é alicerçada na democratização e na diversidade. Por isso, toda a programação e atrações que desfilam pelos circuitos e pelo Centro Histórico são selecionadas através de chamadas públicas. Em 2013, a multiplicidade de sons e ritmos e a música de qualidade apoiadas no Carnaval Pipoca atraíram a atenção dos foliões e contribuíram para a formação de novos públicos para a festa. O programa estimulou ainda um debate qualificado sobre o formato e necessidade de mudanças no Carnaval de Salvador, sem cordas e democrático. O apoio foi ampliado para 22 projetos selecionados – passando a incluir dois microtrios - somando 68 70
80 atrações, em um investimento de R$ 2,4 milhões. Carnaval da Diversidade - O Carnaval do Pelourinho vem se tornando uma referência em diversidade nos últimos anos. Entre 2011 e 2012, foram quase cem artistas ou bandas credenciados através do projeto para se apresentar nos largos e ruas do centro histórico de Salvador durante a folia carnavalesca. No biênio, cerca de 1 milhão de pessoas passaram pelo Pelourinho no período do Carnaval. Em 2012, a festa contou com recursos que ultrapassaram R$ 3 milhões, a maior quantia já investida no Carnaval do Pelô, até aquele ano.
Acervo SecultBA
BAHIA: TERRA DA CULTURA
“É importante dizer que mesmo no Carnaval que a gente faz no Pelourinho, e que as pessoas dançam e participam, é sempre com muita paz. É um público diferente, diversificado, que aplaude e abraça o que a gente faz, e acima de tudo, respeita o artista”, diz a cantora Will Carvalho, uma das artistas que animam a festa.
Carnaval do Pelô e Filhas de Gandhy
O ano de 2013 representou a consolidação do Carnaval do Pelourinho como um espaço de paz e democracia, aberto a todas as tendências musicais e artísticas, das tradicionais às contemporâneas. Com um investimento em torno de R$ 3,2 milhões, foram selecionadas 41 atrações para tocar nas três praças e no Largo do Pelourinho, além de outras 32 entidades que se apresentaram pelas ruas, em manifestações espontâneas e criativas e de diferentes estilos, totalizando 73 atrações apoiadas pela Secretaria, com o tema “Carnavais Negros”. O Carnaval é Ouro Negro - A folia e a beleza dos blocos do Carnaval Ouro Negro ainda ultrapassam o Pelourinho e tomam conta dos demais circuitos da festa, levando em cada canto um pouco da riqueza cultural presente nas batidas da musicalidade de
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Acervo SecultBA
DIálogos interculturais
matriz africana. Um dos programas mais significativos criados pela SecultBA, o Ouro Negro apóia um conjunto de manifestações, como afoxés, blocos afro, de samba, de percussão e de reggae de Salvador e Feira de Santana, vitais ao Carnaval contemporâneo da Bahia. Em 2011, 137 entidades carnavalescas foram contempladas pelo projeto, que investiu em torno de R$ 5 milhões. Em 2012, o Ouro Negro apoiou mais de 126 entidades de afoxés, blocos afro, de índio, de samba, de reggae e de percussão, que se apresentaram nos circuitos Batatinha (Centro Histórico), Dodô (Barra) e Osmar (Campo Grande). O investimento foi de mais de R$ 5,3 milhões. Saíram pelo Ouro Negro desfiles de entidades fundamentais para a história do Carnaval baiano, como 70 72
Ilê Ayê, Malê de Balê, Olodum, Filhos de Gandhy, Ijexá da Bahia, Bankoma, Apaxes do Tororó, Cortejo Afro e Muzenza. As agremiações contempladas contribuem para promover e preservar as formas mais tradicionais de se festejar o Carnaval. O Ouro Negro ainda é responsável pela contratação de blocos destes mesmos segmentos que fazem parte da Micareta de Feira, tradição no município de Feira de Santana. Em 2013, o apoio da SecultBA a 133 entidades do Carnaval Ouro Negro, com investimento de R$ 6,3 milhões, fez ecoar pelos circuitos da festa o brilho, a beleza, a força dos blocos de raiz africana. O programa estimula a valorização e a preservação das tradições afro no Carnaval, através do desfile com alas e roupas tradicionais, além da renovação dos integrantes dessas agremiações, com maior presença da juventude.
Agnaldo Novais
BAHIA: TERRA DA CULTURA
Carnaval Ouro Negro Filhos de Gandhy e Ilê Aiyê
Para além dos seis dias de folia, a SecultBA considera fundamental estimular o avanço no trabalho que várias destas entidades desenvolvem ao longo do ano em suas próprias comunidades. Cerca de cem grupos cadastrados no Ouro Negro desenvolvem algum tipo de atividade de promoção do desenvolvimento sócio-cultural. São ações que trabalham com a autoestima de crianças a idosos, principalmente de áreas carentes, e que valorizam as artes, fazeres e saberes tradicionais. O Carnaval se torna a ocasião de mostrar o resultado de um trabalho desenvolvido durante o ano inteiro, sempre envolvendo a comunidade. “O Ouro Negro facilitou mais você ter subsídio pra poder honrar com as despesas destas atividades. É de importância muito grande a SecultBA fazer parte das atribuições voltadas às entidades pra poder ter condições não só de incentivo, como das pessoas acreditarem que existe um mecanismo que está apontando para ques-
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tões do trabalho social e cultural”, declara Sandro Cavalcanti, um dos fundadores do projeto Proartemusic, que já beneficiou cerca de 140 jovens. Estima-se que mais de 15 mil pessoas de todas as faixas etárias sejam beneficiadas diretamente por trabalhos desenvolvidos entre entidades apoiadas pelo Ouro Negro.
Acervo SecultBA
DIálogos interculturais
A partir de 2012, a SecultBA criou ainda o programa Outros Carnavais. Naquele ano, a Secretaria apoiou o Carnaval de Maragojipe, cidade do Recôncavo Baiano cuja festa, com mais de 180 anos de tradição, foi registrada como Patrimônio Cultural Imaterial da Bahia, com um investimento de R$295 mil. Já em 2013, os investimentos foram ampliados para R$ 500 mil, tornando possível a extensão do apoio a projetos como o Palco do Rock, com 36 atrações da Bahia e de outros estados, com os espaços interativos e infantil, em Piatã; e a reabertura, após quatro anos sem funcionamento, do Camarote das Baianas, espaço gratuito, localizado na Praça Municipal, promovendo a reinserção da baianas no Carnaval da Bahia; além de onze manifestações folclóricas e populares do Carnaval de Maragojipe.
Carnaval de Maragojipe
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BAHIA: TERRA DA CULTURA
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L
evar as políticas culturais ao interior e à periferia de Salvador. Este é o principal objetivo do aprofundamento da territorialização da cultura. De Juazeiro, no norte, a Caravelas, no Sul, de Barreiras, no Oeste, a Salvador, no Leste, a atenção com a diversidade de manifestações culturais em todos os territórios da Bahia é um dos compromissos da SecultBA. Para assegurar esse olhar diante de cada território de identidade, foram implantadas conferências de cultura territoriais, setoriais e estaduais e instituído o Fórum
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dos Dirigentes Municipais de Cultura. Nossos centros e espaços culturais passaram a assumir papel destacado no processo de territorialização e caravanas culturais foram inauguradas. Centros e espaços culturais da capital e do interior foram deslocados da Fundação Cultural do Estado da Bahia (Funceb), voltada para a atuação na área de artes, para a Superintendência de Desenvolvimento Territorial da Cultura. Tudo para fortalecer o processo de territorialização.
BAHIA: TERRA DA CULTURA ^
IntercAmbio de verdade longe de planilhas e papEis Bahia democratiza acesso a exposições e espetáculos cênicos Nem planilhas, nem papéis. O gestor cultural da Bahia tem à disposição instrumentos que permitem conhecer de perto o universo da cultura e criar políticas públicas específicas para cada região. A denominação dos projetos é sugestiva: Caravanas Culturais e Funceb Itinerante. O objetivo é fazer os dirigentes dos principais órgãos de cultura conhecer a realidade e adequar ações públicas às demandas de cada lugar. Desde 2012, as caravanas já passaram por 22 municípios de cinco territórios de identidade do Oeste e Sul da Bahia, além de sítios arqueológicos da Chapada Diamantina. Até o final de 2014, o Funceb Itinerante deverá visitar cidades dos territórios de identidade. Ambos aproximam o governo das comunidades culturais do estado, por meio de encontros com representantes de cada localidade. As Caravanas Culturais, além de aprofundar o conhecimento sobre os territórios, possibilitam que a secretaria formule e desenvolva políticas culturais qualificadas e sintonizadas com os territórios. Formada por dirigentes dos principais órgãos e instituições vinculadas à secretaria, a comitiva realiza visitas a projetos, espaços e instituições culturais dos municípios, assiste a apresentações das culturas locais e promove conversas com a população. A ideia é aproximar a população da política de cultura que vem sendo aplicada no estado, além de identificar os agentes de cultura e as produções artístico-culturais expressivas de cada território.
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A terceira Caravana Cultural, realizada em março de 2013, percorreu um roteiro de 11 cidades do Sul Baiano, em sete dias, visitando Pontos de Cultura, Pontos de Leitura e muitos outros projetos e iniciativas. Nesta região, os momentos de conversas foram marcados por debates entre os agentes culturais de cada local e os membros da SecultBA que faziam parte da comitiva. Houve, ainda, uma reunião do secretário Albino Rubim com prefeitos no município de Itanhém.
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“Sem dúvida, um espaço importante para esclarecer dúvidas, registrar demandas e reivindicações, além de ser uma oportunidade para a secretaria explicar de forma mais clara e pessoal alguns aspectos dos seus processos, das atividades e dos objetivos dessa gestão”, conta o produtor cultural Carlos Sebastião, da cidade de Eunápolis. Na segunda edição das Caravanas Culturais, a escolha do oeste da Bahia – dividido em três territórios de identidade: Velho Chico, Bacia do Rio Corrente e Bacia do Rio Gran-
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EXT RE
“A política cultural da SecultBA era uma incógnita para boa parte dos agentes de cultura. Nesse sentido, as caravanas garantem três grandes conquistas: o acesso às comunidades culturais mais distantes, o agendamento do tema da cultura e da política cultural nos municípios e a oxigenação da secretaria, na formulação e execução de suas políticas culturais”, avalia a superintendente de Desenvolvimento Territorial da Cultura da SecultBA, Taiane Fernandes.
Acervo SecultBA
territorialização da cultura
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Identidades visuais das Caravanas Culturais
BAHIA: TERRA DA CULTURA de – decorreu da avaliação de que apenas projetos específicos da secretaria, como os Pontos de Cultura, Pontos de Leitura, Modernização de Bibliotecas e o financiamento de atividades culturais, alcançavam esta região do estado. Além da escassa atuação, outros fatores foram determinantes para fundamentar a opção, a exemplo do desconhecimento relativo à cultura da região, sua amplitude territorial e seu isolamento, devido à distância da capital. Os municípios visitados foram Ibotirama, Paratinga, Bom Jesus da Lapa, Santa Maria da Vitória, São Felix do Coribe, Correntina, São Desidério e Barreiras. Além deles, o secretário foi a Cariranha e Malhada. Já a primeira Caravana Cultural, realizada em janeiro de 2012, teve como destino a Chapada Diamantina, percorrendo os municípios de Lençóis, Wagner, Nova Redenção e Iraquara. Sua trajetória estava ancorada no Projeto Circuitos Arqueológicos, realizado por meio de um convênio de cooperação técnica entre o Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural (IPAC) e a Universidade Federal da Bahia (UFBA). O principal objetivo deste projeto é preservar e promover o patrimônio cultural e natural da região, criando circuitos de visitação que contemplem bens paisagísticos, ambientais, históricos, arquitetônicos e de pinturas rupestres.
Funceb Itinerante Entidade vinculada à SecultBA, a Fundação Cultural do Estado da Bahia (Funceb), através do projeto Funceb Itinerante, concebeu as primeiras ações de deslocamento institucional aos territórios de identidade. A equipe, formada por dirigentes e coordenadores da Fundação, realiza encontros com a comunidade cultural dos municípios com o objetivo de estabelecer contato com realidades distintas do estado e facilitar a concepção das políticas públicas para as Artes Visuais, Audiovisual, Circo, Dança, Literatura, Música e Teatro. Realizada no primeiro semestre de 2013, a terceira edição do Funceb Itinerante ficou 13 dias na estrada, passando por Valença (Baixo Sul), Porto Seguro (Costa do Descobrimento), Itapetinga (Médio Sudoeste), Macaúbas (Bacia do Paramirim), 79
Alex Oliveira
Jacobina (Piemonte da Diamantina), Paulo Afonso (Itaparica BA/PE) e Serrinha (Sisal). “Além de pautar as linguagens artísticas e as ações realizadas e planejadas pela Funceb, os encontros visam estimular a organização dos setores artísticos, fomentar o debate, ouvir a sociedade em relação às demandas para as linguagens artísticas e promover a articulação com agentes, grupos e instituições culturais do interior da Bahia”, afirma a diretora geral da Fundação Cultural, Nehle Franke. Na segunda edição, em junho de 2012, foram 12 dias para passar por Teixeira de Freitas (Extremo Sul), Jequié (Médio Rio das Contas), Santa Maria da Vitória (Bacia do Rio Corrente), Seabra (Chapada Diamantina), Euclides da Cunha (Semiárido Nordeste II) e Cruz das Almas (Recôncavo), num total de 3,3 mil quilômetros rodados nas estradas da Bahia.
Paula Berbert
Já na primeira edição, entre agosto e setembro de 2011, foram visitadas as cidades de Alagoinhas (Litoral Norte-Agreste Baiano), Senhor do Bonfim (Piemonte Norte do Itapicuru), Itaberaba (Piemonte do Paraguaçu), Barreiras (Oeste Baiano), Vitória da Conquista (Vitória da Conquista) e Ilhéus (Litoral Sul), numa viagem que também durou doze dias e percorreu cerca de 2,8 mil quilômetros.
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Dentre os resultados alcançados, está a concepção e o aprimoramento do edital Calendário das Artes, que atende à necessidade de um mecanismo de apoio com premissas de territorialização da distribuição de recursos. Criado em 2012 e direcionado para a produção artística de pequeno porte em todo o estado, o Calendário das Artes, em suas três primeiras chamadas (2012-2013), disponibilizou R$ 1,742 milhão para a execução de 135 projetos, oriundos de 70 municípios, contemplando todos os 27 Territórios de Identidade.
Funceb itinerante Orquestra em Serrinha Plenária em Porto Seguro Artista se apresentando em Senhor do Bonfim
Tiago Lima
Alex Oliveira
territorialização da cultura
BAHIA: TERRA DA CULTURA
Funceb itinerante 2012 - Euclides da Cunha
Outros importantes resultados do Funceb Itinerante puderam ser verificados nas Conferências Setoriais de Cultura de 2011, realizadas em Salvador com a presença de participantes dos encontros feitos naquele ano. Com o maior comparecimento de pessoas mobilizadas do interior do estado, a pluralidade nos debates foi ampliada. Já em 2012, o Funceb Itinerante permitiu a eleição de membros para composição dos Grupos de Articulação Setorial (GAS), que, com representantes de toda a Bahia, deram andamento ao processo de formação dos Colegiados Setoriais das Artes da Bahia.
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territorialização da cultura
salão das artes visuais 2011: Porto Seguro, Valença e Alagoinhas. 2012: Irecê, Jequié e Juazeiro. 2013: Feira de Santana e Teixeira de Freitas
2011-2012 2011-2012: Feira de Santana, Jequié, Porto Seguro, Salvador, Valença e Vitória da Conquista Público estimado: 10.872 pessoas 2013 14 (Alagoinhas, Barreiras, Euclides da Cunha, Feira de Santana, Itabuna, Irecê, Jequié, Juazeiro, Mutuípe, Porto Seguro, Teixeira de Freitas, Salvador, Valença e Vitória da Conquista) Público estimado: 10 mil pessoas
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BAHIA: TERRA DA CULTURA
curaçá paulo afonso
juazeiro
uauá
senhor do bonfim euclides da cunha irecê
barreiras
feira de santana santo amaro
bom jesus da lapa santa maria da vitória jequié poções Vitória da conquista
ituberá
alagoinhas camaçari lauro de freitas salvador valença taperoá itacaré
itabuna
porto seguro
teixeira de freitas
quarta que dança
2011: Ilh e Alagoin 2012: S Itabuna
2011: Salvador, Juazeiro e Paulo Afonso. 2012: Salvador, Alagoinhas, Bom Jesus da Lapa, Itabuna, Itacaré, Poções, Santa Maria da Vitória, Senhor do Bonfim e Vitória da Conquista. 2013: Curaçá, Itabuna, Ituberá, Juazeiro, Lauro de Freitas, Porto Seguro, Senhor do Bonfim, Taperoá, Uauá, Valença e Vitória da Conquista.
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territorialização da cultura
Roteiros das Caravanas Culturais
ibotirama
barreiras são desidério
paratinga
bom jesus da lapa são félix do coribe santa maria da vitória correntina
Caravana
Oeste Baiano
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BO-2012
BAHIA: TERRA DA CULTURA
BO-2012
belmonte itapebi santa cruz cabrรกlia
Caravana
Sul Baiano
eunรกpolis itamaraju teixeira de freitas
porto seguro prado
alcobaรงa caravelas nova viรงosa
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Gestão compartilhada promove inclusão sócio-cultural Aporte financeiro de R$ 27,1 milhões cria rede de interiorização da cultura na Bahia
Parece subjetivo, mas basta conferir os resultados para compreender. Os Pontos de Cultura, projeto implementado pelo governo federal em parceria com as secretarias estaduais, são ferramentas indispensáveis à gestão da cultura, numa rede compartilhada entre poder público e sociedade civil. Na Bahia são 220 Pontos de Cultura, 150 conveniados à Secretaria de Cultura do Estado (SecultBA), além de 70 do Ministério da Cultura, distribuídos nos 26 territórios de identidade estaduais. A iniciativa integra o Programa Cultura Viva. Até a finalização do convênio, a Bahia terá aporte financeiro total de R$ 27,1 milhões, sendo R$ 18,1 milhões do MinC e R$ 9 milhões do governo local. A proposta prevê a instrumentalização das comunidades que se tornam responsáveis por articular e impulsionar ações já existentes. Após seleção por edital, cada instituição recebe R$ 60 mil anuais, por três anos, para a realização de ações envolvendo arte, economia solidária, cultura, cidadania e educação.
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Os Pontos de Cultura são estimulados a formular propostas voltadas para a produção, formação cultural e geração de renda por meio da cultura. Estas iniciativas recebem apoio do governo para se fortalecer. Cada Ponto de Cultura deve agregar atividades realizadas
BAHIA: TERRA DA CULTURA por outros atores sociais e parceiros públicos ou privados. A política de Pontos de Cultura na Bahia vem avançando em dois aspectos principais: o aumento da interlocução entre os gestores e o poder público, representado pela SecultBA e pelo MinC, bem como o lançamento de editais voltados para a infância e para a juventude. Em abril de 2014, integrantes do programa participarão da quinta edição do Encontro Estadual dos Pontos de Cultura da Bahia - Teia. “Será um importante momento de visibilidade, de troca de experiências entre instituições e um retrato do que é produzido como cultura no estado”, comenta Cláudia Vasconcelos, diretora de Cidadania Cultural da SecultBA. Além da programação artística e cultural, haverá espaço para a tomada de decisões políticas, como a eleição de uma nova Comissão Estadual de Pontos de Cultura, estabelecida como instância legítima de diálogo entre Estado, representado pela SecultBA, e a sociedade civil, por meio dos Pontos de Cultura. A primeira Teia Estadual aconteceu em 2009, quando foi eleita a atual comissão, composta por representantes de Pontos de Cultura dos 27 territórios de identidade da Bahia. Eles se reúnem de três a quatro vezes por ano. Lula Dantas, coordenador da Associação do Culto Afro-Itabunense (ACAI), é um dos membros. “Esta participação me permitiu realizar um trabalho muito mais abrangente, pois posso me dirigir a uma autoridade de Estado e discutir política cultural. Isto é muito novo no Brasil e, sobretudo, no interior baiano”, ressalta. Desde que foi reconhecida como Ponto de Cultura, a ACAI mapeou 64 comunidades tradicionais e conquistou mais respeito e visibilidade para os povos de terreiros de Itabuna. Redesenho - Alicerçado nos Pontos e Pontões de Cultura, o Cultura Viva provoca a sociedade civil a assumir a responsabilidade de cogerir recursos públicos, impulsionando ações culturais e artísticas nas comunidades. Além disso, contribui para o reconhecimento de diversos grupos em todo o ter
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ritório nacional que já produziam atividades culturais de forma independente. A existência dos Pontos de Cultura indicou que era preciso repensar e democratizar os instrumentos de relação do estado com as comunidades culturais, antes excluídas de relações com o estado.
Acervo Oi Kabum!
territorialização da cultura
Com a finalidade de avaliar o funcionamento do programa, de forma a realinhar e readequar o patamar de controle e desempenho do Cultura Viva, a Secretaria da Cidadania e da Diversidade Cultural (SCDC) do MinC propôs, em 2012, uma ampla reforma, nomeada de Redesenho do Programa Cultura Viva. Esta questão, bem como o papel dos estados na gestão das ações, foram discutidas no Encontro de Gestores Estaduais de Pontos de Cultura, proposto e realizado pela SecultBA com apoio e participação da SCDC/MinC em fevereiro de 2013, em Salvador. A partir do encontro, responsáveis pelo Programa Cultura Viva de 18 estados produziram, em conjunto, um documento que reúne as propostas relacionadas à gestão, às redes de Pontos de Cultura, à sustentabilidade, à comunicação e ao Encontro Nacional dos Pontos de Cultura – Teia. Também foi eleita uma comissão representativa da Rede de Gestores Estaduais do Programa Cultura Viva composta por dois representantes de cada região, um titular e um suplente. O encontro contribuiu, ainda, para estabelecer um diálogo mais sistemático entre o Minc, as secretarias estaduais e os Pontos de Cultura.
Jovens multiplicam arte e educação Iniciado em setembro de 2012 e oficialmente lançado em dezembro do mesmo ano, o Programa Jovens Multiplicadores beneficia 129 jovens em condição de vulnerabilidade social. Eles funcionam como agentes de desenvolvimento de atividades culturais, expandindo suas capacitações. A iniciativa é da SecultBA em parceria com o Fundo Estadual de Combate e Erradicação da Pobreza e à Casa Civil. Os jovens multiplicadores fazem parte de 48 Pontos de Cultura da Bahia e recebem uma bolsa mensal de R$ 250 durante 12 meses, com possibilidade de renovação por mais um ano, após aprovação orçamentária. Puderam se candidatar indivíduos com idade entre 16 e 29 anos, com renda per capita familiar mensal inferior a R$ 137, entre outros requisitos. 88
BAHIA: TERRA DA CULTURA “Este tipo de ação é muito importante e estratégica para abrir perspectivas para o jovem, tanto para estimular o trabalho desenvolvido no Ponto de Cultura, quanto para a sua vida pessoal”, opina Irenilda Carvalho, coordenadora do Grupo Culturart. Localizada em Campo Formoso, no território de identidade Piemonte Norte do Itapicuru, a instituição se tornou Ponto de Cultura em 2008 e, desde então, ofereceu formação em teatro a 120 jovens e realizou 12 festivais teatrais em quatro povoados próximos: Brejo Grande, Tiquara, Tuiutiba e Poços.
Pontinhos de Cultura Com o objetivo de estimular e consolidar ações que preservem e transmitam a cultura e os direitos da infância e da adolescência, a SecultBA lançou em 2012, em parceria com o MinC e a Fundação Biblioteca Nacional, o edital do prêmio Pontinho de Cultura. Na Bahia, 54 instituições foram selecionadas e irão receber um prêmio de R$ 18 mil cada uma. Pontos de Cultura - Oi Kabum!
A condição básica de participação foi o trabalho social, cultural, artístico e/ou educacional, com crianças e adolescentes, não sendo exigência, entretanto, que a instituição fosse Ponto de Cultura. Além disso, também foi considerado o compromisso com o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), de 1990, conjunto de normas que tem por finalidade a proteção integral de crianças e adolescentes. A Organização Cultural e Artística Reisado de São Vicente (Orcare), localizada na zona rural de Tiquaruçu, distrito de Feira de Santana, foi uma das contempladas. Para o 89
territorialização da cultura
cantor e compositor Asa Filho, que faz parte da Orcare, a iniciativa de valorizar a cultura do reisado nos dias atuais numa localidade rural é inovadora. “É algo um tanto vanguardista, pois enquanto a televisão mostra a cultura de massa, nós trazemos a cultura tradicional. Proporcionamos a crianças de 10 a 12 anos acesso à música e a instrumentos musicais como violão, percussão e teclado e elevamos a autoestima delas. Antes, pouco se oferecia além da educação básica”. Irenilda de Carvalho, coordenadora do Grupo Culturart, conta como os cursos de teatro potencializados pelos Pontos e Pontinhos de Cultura impactaram a vida dos jovens da comunidade campo-formosense: “Antes, com baixa autoestima, eles se entendiam apenas como meninos da roça. Com o aprendizado de artes cênicas, eles finalmente se sentiram vistos e cuidados. Eles passaram a ser mais críticos e participativos, tanto em casa quanto na escola”.
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BAHIA: TERRA DA CULTURA
COMO TUDO COMEÇOU
Principal ação do Programa Nacional de Cultura, Educação e Cidadania – Cultura Viva, norteado pelos princípios de autonomia, empoderamento e protagonismo da população, a política dos Pontos de Cultura foi criada em 2004 pelo MinC com a missão de “revelar” o Brasil. Até 2003, as políticas culturais brasileiras valorizavam apenas o patrimônio e as artes e estavam fortemente concentradas no Rio de Janeiro, em São Paulo e em Brasília. Com o início do trabalho do então Ministro da Cultura Gilberto Gil (2003-2008), a proposta passou a atender grupos e pessoas historicamente excluídas das políticas culturais e engrandecer a cultura como expressão simbólica, cidadã e econômica, valores inerentes ao Programa Mais Cultura.
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Quem conta um conto aumenta um ponto Mais de R$ 11 milhões são investidos para levar livros e histórias à população da capital e do interior da Bahia Nem toda criança tem o privilégio de ter um contador de histórias dentro de casa. Mas se um deles chega, de moto ou bicicleta, com uma estante cheinha de livros não há como resistir. É diversão na certa, com aprendizado de adultos e crianças sobre o valor que o livro tem. É o que acontece com as ações de incentivo à leitura, ampliação e apoio a bibliotecas, implementadas na Bahia pela Fundação Pedro Calmon, órgão da Secretaria de Cultura (SecultBA), a partir do Programa Mais Cultura, do governo federal. O aprendizado fica ainda mais divertido quando tem feira de livros em plena praça, seja na capital ou no interior. Tudo isto – à exceção da feirinha que acontece no Campo Grande, em Salvador – integra o programa que prevê quatro ações: modernização de bibliotecas públicas, pontos de leitura, agentes de leitura e apoio a bibliotecas comunitárias na capital e no interior. Mais de R$ 11 milhões foram aplicados na modernização de bibliotecas públicas, na premiação de bibliotecas comunitárias e criação de pontos de leitura na Bahia. Somente em 2012, 100 bibliotecas públicas municipais, em todos os territórios de identidade, foram contempladas com um acervo de 1.300 livros e um kit modernização composto por móveis, circuladores de ar e itens de ambiência. Editoras e autores baianos foram privilegiados pelo projeto, que re 92
Aristeu Chagas
Feira do Livro no Campo Grande
Bibliotecas Comunit谩rias
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Nerivaldo G贸es
BAHIA: TERRA DA CULTURA
servou 50% dos investimentos para compra de obras do estado. Foram investidos nesta iniciativa cerca de R$ 5,5 milhões. Já o edital de apoio às bibliotecas comunitárias destinou R$ 1,15 milhão a 23 bibliotecas deste tipo. Cada uma recebeu R$ 50 mil em maio de 2011.
Nerivaldo Góes
territorialização da cultura
O trabalho da pedagoga Vanessa dos Santos Mendes em São Félix do Coribe, no Oeste, é exemplo de como o poder público pode contribuir para a formação de novos leitores no país. Uma das contempladas por um dos editais do pontos de leitura, ela se desloca, de moto, para praças públicas de localidades onde não há bibliotecas.“Minha maior motivação é ver a transformação da concepção de leitura das crianças que antes viam o livro como um mero objeto e hoje olham com mais carinho e respeito”, conta Vanessa, que mantém um ponto de leitura com narrações de história, oficinas educativas e empréstimo de livros. Para a gestora do Mais Cultura, iniciativas como esta têm mudado o perfil dos leitores baianos. “Por ser bibliotecária de formação e ter trabalhado sempre com bibliotecas fixas, fico emocionada ao ver iniciativas como a de Vanessa. Antes, o acesso aos livros era restrito aos estudantes e pesquisadores, hoje eu percebo que temos uma Bahia mais leitora”, conclui Maísa Menezes. Em 2013, Maísa integrou a III Caravana Cultural da Secult, quando visitou a região Sul da Bahia para conhecer os pontos de leitura aprovados por meio de edital, incluindo os agentes e mediadores de cultura e as manifestações culturais mais expressivas de cada território. Em duas edições do Edi94
De bicicleta, agentes de leitura levam exemplares a regiões onde não há bibliotecas
BAHIA: TERRA DA CULTURA tal Pontos de Leitura, foram aprovados 260 projetos a partir de um investimento de R$ 5,2 milhões que, entre 2011 e 2012, criaram pontos de leitura em 100 municípios da Bahia. Que tal levar livros a lugares distantes numa bicicleta especial? É assim que acontece na Bahia, por meio de um projeto de democratização da leitura como forma de inclusão social. Tratase do projeto Agentes de Leitura, que em 2013, levou o benefício a 46 municípios dos 27 territórios de identidade estaduais. A missão dos 268 contemplados foi levar uma micro-biblioteca de casa em casa para emprestar livros, fazer rodas e clubes de leitura, contar histórias e promover saraus. Para execução do projeto, serão destinados R$ 3,7 milhões. O público alvo do programa são famílias beneficiadas pelo programa Bolsa Família, do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Pobreza, residentes em comunidades, bairros e municípios com baixo Índice de Desenvolvimento Humano.
Sala de leitura Não seria mesmo suficiente apenas comprar livros e equipar bibliotecas em todos os territórios de identidade da Bahia. Além de investir, em 2012, R$ 5,5 milhões na aquisição de 1,3 mil títulos – totalizando 130 mil novos exemplares – e na modernização de cem bibliotecas públicas municipais, a Fundação Pedro Calmon levou aos bairros de Salvador e a municípios do interior o projeto Biblioteca de Extensão. A iniciativa promove a itinerância de acervos bibliográficos e encontro de autores com leitores de comunidades carentes. As visitas mensais aos bairros populares fazem parte do principal projeto desenvolvido pela biblioteca e somaram uma média de 22 mil consultas nos últimos dois anos. O incentivo à cultura teatral e literária baiana também faz parte das ações do projeto que, em 2012, levou para praças públicas o espetáculo Lê é bom, em parceria com o grupo de teatro É Invenções Artísticas. Os bairros de Cajazeiras X, Liberdade, Pau da Lima, Fazenda Grande III, Periperi, Chapada do Rio Vermelho, Dom Avelar e Plataforma são algumas das comunidades contempladas todos os anos. “A Biblioteca Móvel cumpre, há alguns anos, o roteiro semanal nos bairros e aos domingos participa do projeto Domingo na Praça, inserindo o livro e a literatura nas comunidades populares.
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territorialização da cultura Além disso, proporciona o acesso às manifestações de artes cênicas, poetas, escritores, mágicos e contadores de histórias. Nossos projetos seguem e devem abranger, até o final deste ano, um público maior do que o atingido no ano passado, quando somamos 12 mil consultas”, destaca Gleide Machado, diretora da Biblioteca de Extensão. Além dessas atividades, são promovidos encontros de escritores com leitores em bairros populares. O projeto, batizado de Lê Bairros, promoveu a interação e contribuiu com a difusão da literatura, além de fomentar o acesso aos livros nas comunidades. Já participaram das atividades autoras como: Lilia Gramacho, Mabel Veloso, Neide Cortizo, Sandra Popoff, Neide Cazumbá, Maria Prado e o arte-educador Jorge Conceição.
estadual, a Feira Mensal de Livros e o Feiramóvel. Com uma média de público estimada em quatro mil pessoas nos últimos dois anos, a Feira Mensal de Livros acontece no primeiro domingo de cada mês, no Campo Grande. Já a Feiramóvel, um veículo que possibilita a exposição e comercialização, a preços acessíveis, de livros de editoras e autores baianos, marcou presença em municípios como Cachoeira, Juazeiro, Cabaceiras do Paraguaçu, Poções, além da feira de artesanato do Instituto Mauá, em Salvador. “O objetivo é democratizar o acesso ao livro. Por isso circulamos por toda a Bahia, levando os livros a eventos culturais e locais onde não há livrarias, vendendo obras a preços módicos”, destaca Dênisson Padilha, coordenador na Diretoria do Livro e da Leitura da FPC.
Outros dois projetos incrementam as ações de incentivo à leitura do governo
Tom Correia
Feira Móvel
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Literatura | Ação Poética nasComunidades: intervenção artística e social Pão e poesia Levando a poesia, em sua diversidade de estilos e abordagens, a comunidades populares, o Ação Poética nas Comunidades foi lançado em 2012 pela Fundação Cultural do Estado da Bahia (Funceb). O evento, gratuito e aberto ao público, reúne poetas e coletivos que levam performance, poesia audiovisual, saraus, oficinas, hip hop, grafite, instalações poéticas, leituras, declamações e uma série de atividades envolvendo esta arte. A pretensão é de fazer intervenções artísticas e sociais em zonas que apresentem tensão social, problemas de violência e escassez de bens culturais. Assim, proporciona um tempo e um espaço para reflexão sob o encanto da palavra poética, que extrapola os espaços canônicos e invade o ambiente urbano, deixando-o mais colorido, mais leve e mais humano. A estreia aconteceu em março, na comunidade do Solar do Unhão, na Avenida Contorno, localizada ao lado do Museu de Arte Moderna da Bahia (MAM-BA), apoiador da primeira edição. Em setembro, foi a vez de Alagados, em parceria com a Superintendência de Desenvolvimento Territorial da Cultura (Sudecult), através da Diretoria de Espaços Culturais e o Espaço Cultural Alagados. A segunda edição foi aperfeiçoada, com duração de cinco dias e seleção pública dos artistas participantes. Nos primeiros quatro dias, foram promovidas oficinas artísticas gratuitas para crianças, jovens e adultos, que culminaram com uma grande ação aberta ao público. Dez artistas/coletivos selecionados entre 132 inscritos, atuantes nas áreas literárias, poéticas ou na interação delas com outras linguagens, mostraram possibilidades do uso da palavra em diversas expressões das artes. Três artistas/coletivos ministraram oficinas, além de participar da intervenção final. Os resultados foram apresentados na ação poética, reunindo, além dos alunos e professores, os outros sete artistas/coletivos selecionados. 97
Hoje tem espetáculo
Estado aplica recursos, amplia grade de eventos e atrai público maior a espaços culturais da capital e do interior
Tem mais gente frequentando os 17 espaços culturais públicos da Bahia. Nos últimos dois anos, a programação tem atraído um público médio anual de 300 mil pessoas. O número é 20% superior ao registrado em 2010. O lançamento do Edital de Dinamização de Espaços Culturais injetou R$ 1,5 milhão para ampliar a grade de eventos de centros de cultura e teatros na capital e interior. A oferta de uma programação diversificada ampliou o público em 60 mil pessoas. Os espaços são administrados pela Secretaria de Cultura do Estado da Bahia (SecultBA), através da Diretoria de Espaços Culturais (DEC), criada em 2007 como parte da Fundação Cultural do Estado (Funceb). As ações da Diretoria de Espaços Culturais estiveram fortemente voltadas para a implantação de uma programação diversificada eatração de atividades culturais para seus equipamentos.
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Somados os últimos dois anos (2011-2012), o quantitativo de público foi de 617.415 pessoas, superior ao biênio anterior (2009-2010), cujo público total foi de 476.436. Deste total, cerca de 75% referem-se aos espaços culturais localizados no interior do estado e os 25% restantes dos espaços de Salvador e região metropolitana. “Este percentual deve-se, primeiro, ao
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número de espaços. São onze unidades no interior e seis na Região Metropolitana de Salvador, e também pela diversa capacidade de público desses espaços”, explica Viviane Andrade, da Coordenação de Programação da DEC. O departamento teve a destinação orçamentária média de R$ 918 mil para a realização de projetos, além do direcionamento de ações da Secretaria para os Espaços Culturais. Neste período, circularam nos Espaços Culturais da SecultBA, na capital e no interior, importantes grupos artísticos, a exemplo do Los Catedrásticos. O mais recente espetáculo do Grupo, Nova Mente, esteve em cartaz no Teatro Dona Canô, em Santo Amaro; no Centro de Cultura Olívia Barradas (Valença); no Cine-Teatro Lauro de Freitas; no Centro de Cultura ACM (Jequié) e, em Salvador, no Centro Cultural Plataforma, Cine-Teatro Solar Boa Vista, Espaço Cultural Alagados e no Espaço Xisto Bahia. Já os espetáculos Essa Tempestade, 1POR1PRAUM e Ou Isso do Balé do Teatro Castro Alves (BTCA) levaram mais de 1.500 espectadores a seis Espaços Culturais.
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Dentre as atividades artístico-culturais realizadas nos espaços pela SecultBA destacam-se ainda o Circuito Popular de Cinema e Vídeo (CPCV), que engloba os projetos Terças na Tela e Itinerância de Mostras e Festivais; o Curso de Qualificação em Artes, que oferece cursos gratuitos de qualificação profissional em todos os espaços culturais do interior do estado; além das parcerias com a Funceb nos editais de difusão, tais como o Quarta que Dança, os Salões de Artes Visuais da Bahia e o Verão Cênico. “As ações promovidas e articuladas pela diretoria são responsáveis por 25% do total de público freqüentador dos espaços culturais. O Circuito Popular de Cinema e Vídeo, nos dois últimos anos, atraiu um público superior a 40 mil pessoas”, afirma Viviane. Edital - Uma das novidades da edição 2012 do Fundo de Cultura da Bahia (FCBA), o edital setorial Dinamização de Espaços Culturais teve como objetivo apoiar propostas de dinamização através de uma programação regular, durante um período mínimo de seis meses e máximo de um ano, envolvendo atividades mensais de formação e/ou difusão das diversas expressões culturais.
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Acervo DEC
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O edital também contemplou o incentivo de acesso aos espaços junto à comunidade local, como formação de público para a cultura. O investimento total do edital foi de R$ 1,5 milhão. “O lançamento deste edital é uma meta audaciosa da diretoria de articular-se com outros espaços culturais do estado, sejam eles públicos ou privados, numa perspectiva de construção de uma política setorial para espaços culturais”, destaca a diretora de Espaços Culturais da SecultBA, Giuliana Kauark.
Casa da Música em Itapuã
Casa da Música fomenta produção cultural em Itapuã Localizada no Parque do Abaeté/Itapuã, importante ponto turístico da capital baiana, a Casa da Música tem desenvolvido projetos artístico-culturais - a exemplo de mostras, saraus e palestras - com o objetivo de consolidar o vínculo com a comunidade local. Dentre as atividades realizadas, chamam atenção o projeto Arraiá da Casa da Música, a Mostra de Instrumentos Musicais Tradicionais Emília Biancardi e o Sarau de Itapuã. Juntas, essas programações movimentam um público de mais de 2.500 pessoas.
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territorialização da cultura
No mês de junho, o Arraiá da Casa da Música celebrou a cultura nordestina através do tradicional forró pé de serra, rezas de Santo Antônio e culinária típica, sempre às quintas-feiras. Em sintonia com as demandas da sociedade, o espaço realizou uma campanha e conseguiu arrecadar aproximadamente 94 kg de alimentos não perecíveis, doados para as vítimas da seca no sertão baiano. O evento contou com investimento de R$ 5,2 mil. Em parceria com a Diretoria de Museus, o espaço realizou a Mostra de Instrumentos Musicais Tradicionais Emília Biancardi, entre agosto e novembro de 2012. Com entrada gratuita, mais de 700 visitantes tiveram 102
a oportunidade de conhecer cerca de 40 instrumentos de corda, sopro e percussão da coleção. A mostra integrou ainda quatro palestras musicadas. Já o Sarau de Itapuã, realizou debates sobre arte e cultura, apresentação de filmes e vídeos, performances de dança, teatro e capoeira. As 23 edições do projeto, realizadas em 2012, contaram com a presença de artistas como Margareth Menezes, Mariene de Castro, Gereba, Carlinhos Cor das Águas, Sine Calmon, Armandinho, Jota Veloso, Jorge Vercilo, entre outros, atraindo um público aproximado de 1.300 pessoas.
Alex Oliveira
BAHIA: TERRA DA CULTURA Plataforma - Reinaugurado em 2007, o Centro Cultural Plataforma devolveu à comunidade um espaço importante de convívio social. De lá para cá, o local tem abrigado eventos importantes da cena cultural local, com destaque para o Festival Caldeirão Cultural, que, em 2012, em sua sexta edição, comemorou em grande estilo os cinco anos de reabertura espaço. O destaque da programação vai também para outros dois projetos do espaço, o Plataforma de Talentos e o Convidança. O ano de 2012 foi uma festa em Plataforma. No Festival Caldeirão Cultural, foram 12 dias de shows, caminhada cultural, exposição, oficinas, teatro e circo, com um público estimado em quase duas mil pessoas. A abertura do evento contou com a apresentação do grupo de percussão e sopros Letieres Leite & Orquestra Rumpilezz. O Plataforma de Talentos, que é realizado desde 2009, levou ao palco performances de 24 grupos artísticos de grupos e artistas iniciantes. Uma comissão formada por artistas locais é organizada para orientar os novos talentos no desenvolvimento de técnicas para aprimorar o trabalho desenvolvido.
Centro Cultural de Plataforma
Já o projeto Plataforma Convidança, realizado desde 2011 em parceria com o Núcleo de Extensão do Balé do Teatro Castro Alves, promove oficinas de balé clássico para os jovens da comunidade. Em 2012, as oficinas beneficiaram 80 alunos, divididos em três turmas. Deste grupo, 18 alunos participaram da remontagem do espetáculo Pangea, de Tíndaro Silvano,
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territorialização da cultura
que se apresentou em diversas ocasiões no Centro Cultural Plataforma e na Sala do Coro do TCA, atraindo um público de 1.500 espectadores.
Festivais atraem público centros de cultura do interior Festivais de caráter territorial deram nova vida aos espaços culturais do Estado. Mais de 10 mil pessoas conferiram a performance de 144 artistas e manifestações culturais do interior em quatro espaços culturais. Alagoinhas, Mutuípe, Porto Seguro e Juazeiro entraram na rota da programação implementada pelo governo do estado para movimentar os centros de cultura do interior. A Semana de Arte e Cultura do Território Litoral Norte e Agreste Baiano é um projeto realizado pelo Centro de Cultura de Alagoinhas desde 2010 e que reúne diversas linguagens artísticas tradicionais e contemporâneas de diferentes municípios daquele Território. Nos últimos dois anos, o projeto atraiu um público de 4.683 pessoas.
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O Festival de Arte e Cultura de Mutuípe, também promovido pelo espaço cultural da SecultBa em parceria local com o Ponto de Cultura Associação de Capoeira Axé Bahia, tem estrutura similar. Criado também em 2010, o projeto reúne artistas das várias linguagens artísticas do Território do Vale do Jequiriçá. Em 2012, o Centro de Cultura João Gilberto, em Juazeiro se inseriu no programa de territorialização com o Festival de Arte e Cultura do Território do São Francisco. Em seu primeiro ano, o Festival reuniu um público de 500 pessoas. Já no Centro de Cultura de Porto Seguro, a ação que envolve vários artistas do Território da Costa do Descobrimento é a Semana Literária. Realizada desde 2008, a ação visa estimular a prática da leitura, focando no público escolar. A cada ano, a Semana homenageia um escritor de renome no universo literário. Já foram homenageados Machado de Assis, Euclides da Cunha, Clarice Lispector, Castro Alves e Jorge Amado. O evento atraiu um público de mais de 2.600 pessoas.
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Feira de Santana - Mesmo fora da rota dos festivais, Feira de Santana se fortaleceu no itinerário de eventos culturais. Após um ano fechado para reformas, o Centro de Cultura Amélio Amorim, localizado no município, festejou a reabertura com 15 dias de comemorações. Com investimento de R$ 800 mil, foi possível levar ao espaço uma programação diversificada no mês de maio de 2012. O processo de reintegração do espaço à cidade e todo o território de identidade Portal do Sertão contou com biblioteca móvel, sarau de poesias, apresentações de grupos de teatro e música locais. Também esteve na pauta a Feira de Economia Solidária, Artesanato e Comidas Típicas; oficinas de teatro e música percussiva, apresentação de circo, palestras, exposições, encontro territorial e mostras artísticas dos pontos de cultura do Portal do Sertão.
Novo olhar dinamiza espaços culturais Livros, mesas, estantes e cadeiras não são mais os únicos elementos que estruturam e mantêm as bibliotecas e os espaços de leitura. Um novo modelo de gestão, associado ao advento das ferramentas
Acervo DEC
Centro de Cultura João Gilberto
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Acervo FPC
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da internet que estreitam os laços entre os usuários e as instituições, impulsionam a modernização da metodologia de trabalho destes equipamentos culturais. Há perfis nas redes sociais, sites e blogsna internet, mas há também um novo modelo de administração que atrai cada vez mais gente a bibliotecas e teatros da capital e interior. Em Itaparica, a Biblioteca Juracy Magalhães Jr., por exemplo, aproveitou um dos meios mais antigos e tradicionais para se aproximar da comunidade e divulgar a instituição. O programa radiofônico Biblioteca no Ar, transmitido pela rádio comunitária da Ilha de Itaparica - Tupinambá FM 87,9 –leva às ruas, todas as terças-feiras, as ações, projetos e novidades da instituição.“O programa é um espaço semanal para a promoção do livro e da leitura e divulgação de ações da biblioteca”, comenta a diretora da biblioteca, Dalva Tavares.O programa é também um espaço de interação com os frequentadores e de visibilidade, que possibilita o acesso às informações educativas e pertinentes à rotina cultural da cidade. Marcos históricos - Outro mecanismo é trabalhar com marcos históricos e culturais para realizar atividades em datas importantes do calendário de festas populares. A bicentenária Biblioteca Pública do Estado da Bahia, localizada no bairro dos Barris, por exemplo, há cinco anos realiza a única lavagem “profano-literária” do calendário cultural da cidade: a Lavagem da Biblioteca Pública do Estado da Bahia. A ação celebra o aniversário da unidade e festeja o Dia Nacional da Cultura, 5 de novembro. A criação do Complexo Cultural dos Barris, que integrará os órgãos instalados no prédio da Biblioteca Pública do Estado, deve trazer ainda mais dinamismo ao local.A gestão compartilhada dos eventos da Biblioteca de Extensão, do Espaço Xisto, do Centro de Memória da Bahia e da Diretoria de Audiovisual (Dimas), responsável pelas salas de exibição Walter da Silveira e Alexandre Robatto, além da Galeria Pierre Verger, deve dinamizar a ocupação do lugar. A Fundação Pedro Calmon/SecultBA também participa das comemorações ao dia 2 de Fevereiro, com a campanha “No dia 2 de fevereiro não é só Yemanjá que receberá presentes. Doe livros para a biblioteca Juracy Magalhães Jr,”.Esta ação tem o objetivo de estimular a doação
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de livros e fazer a biblioteca presente nos festejos populares realizados no Rio Vermelho, bairro onde a unidade está localizada.
Detalhe da fachada da Biblioteca Pública dos Barris
“Nada melhor do que uma festa popular como esta para disseminar a cultura e a consciência da necessidade de doação de livros e de estímulo à leitura. As obras poderão ser acessadas o ano todo”, conclui Sônia Morelli, diretora da biblioteca, que também participa de outros festejos do bairro como a Festa dos Pescadores (29 de junho) e a Festa de Santana (Dia da Vovó), em 26 de julho. Mas o ponto alto das festas populares acontece nas celebrações da Independência do Brasil na Bahia, quando a Fundação oferece aos baianos e interessados uma programação completa com palestras, lançamentos, cursos, celebrações e homenagens. Através da Biblioteca Anísio Teixeira, situada na Ladeira de São Bento, a FPC abre as portas da unidade para os interessados em livros, história e lazer, no circuito oficial do desfile. Outra ação que merece destaque é desenvolvida pela Biblioteca de Extensão, que leva contação de histórias, performances literárias, doação de livros e oficinas de leitura para as cidades do Recôncavo dentro do projeto Rota da Independência, nos meses de junho e julho. 107
Cultura em todo canto Bahia democratiza acesso a exposições e espetáculos cênicos
Exposições e espetáculos de dança e teatrais em Salvador e em diversos territórios da Bahia, com acesso praticamente gratuito. Projetos como os Salões de Artes Visuais da Bahia, a Temporada Verão Cênico e o Quarta que Dança conseguem aliar a democratização à presença em municípios como Barreiras, Itacaré, Juazeiro, Mutuípe e Uauá, em um total de 26 cidades. Basta conferir a reação do público e a satisfação dos artistas para entender: tanto faz assistir ou encenar. Frequentar peças de teatro ou espetáculos de dança de graça ou a preços populares é benefício para todos. Do palco às artes visuais, os projetos da Secretaria de Cultura da Bahia (SecultBA) fazem a diferença na vida da plateia e da classe artística ao difundir e fomentar a cultura no estado.
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Acervo Funceb
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Verão Cênico Espetáculo - Os Mentirosos
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Maioridade nas artes visuais
Os Salões de Artes Visuais são velhos conhecidos dos artistas plásticos baianos. São 21 anos de exposição e atividades de formação, promovidas pela Fundação Cultural do Estado da Bahia (Funceb) em várias cidades do estado. Em 2013, serão R$ 105 mil distribuídos entre 15 artistas, que terão ainda auxílio financeiro para custear o deslocamento entre os lugares que abrigam os Salões. Até 2014, serão expostas 108 obras, selecionadas entre 463 propostas inscritas por meio de edital público. Em 2013, houve edições em Feira de Santana e Teixeira de Freitas. No próximo ano, os Salões aportam em Barreiras, Vitória da Conquista e Lençóis. A trajetória do artista plástico Zé de Rocha ilustra bem o papel do projeto. “Sem dúvida, através dos Salões, adquiri experiência profissional e um gradual amadurecimento de meu trabalho. Pela dificuldade em enviar trabalhos para lugares distantes, participar desses Salões é uma forma de poder ousar e, por exemplo, realizar obras de grandes dimensões. Além disso, eu, que vim do interior, sei como é difícil o acesso à arte nestas cidades e o projeto facilita isso”, relata Zé de Rocha, que participa dos Salões desde 1997 e já estreou sendo duplamente premiado, nas exposições de Itabuna e Feira de Santana.
Repaginado em 2012, quando comemorou o 20º aniversário e adotou novo nome, os Salões de Artes Visuais – antes chamados de Salões Regionais de Artes Visuais da Bahia – distribuíram R$ 63 mil em prêmios a nove artistas. Naquele ano, o projeto aportou em Irecê, cidade que não possui centro de cultura da Diretoria de Espaços Culturais (DEC) da SecultBA, além de Feira de Santana, Barreiras, Teixeira de Freitas e Vitória da Conquista. As obras premiadas, bem como as menções especiais, indicadas pelas comissões de premiação, e os prêmios do público, definidos pela escolha dos visitantes, totalizaram 17 trabalhos, que integraram a exposição Esquizópolis, em diálogo com peças do acervo do Museu de Arte Moderna da Bahia-BA. Na abertura da mostra, em 20 de junho de 2013, também foi lançado o Catálogo dos Salões de Artes Visuais da Bahia, publicação bianual de registro e divulgação composta pelas obras premiadas nas duas edições.
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Teatro quase de graça todo dia no Verão Iniciativa inédita da Fundação Cultural do Estado da Bahia (FUNCEB), o projeto Temporada Verão Cênico levou ao teatro mais de 10 mil pessoas em 14 municípios da Bahia na alta estação em 2013. Na primeira edição do projeto, em dezembro de 2011, o Teatro Popular de Ilhéus encheu de riso o Largo Quincas Berro D´Água, no Pelourinho, Centro Histórico de Salvador. O espetáculo? O premiado O Inspetor Geral, um texto em cordel, escrito por Romualdo Lisboa, que também assina a direção. A peça foi uma das selecionadas na chamada pública da edição-piloto do projeto. Selecionado pelo SESI-SP para o Núcleo de Montagens Inéditas, tinha ficado em cartaz por quatro meses em São Paulo, mas ainda não havia sido apresentada na Bahia. “Fomos indicados ao Prêmio Shell e, dentro da Temporada Verão Cênico, conseguimos estrear o espetáculo no nosso próprio estado, no Pelourinho, que é referência da cultura baiana. Realizar a abertura do projeto foi extremamente marcante”, conta Lisboa. O Teatro Popular de Ilhéus foi criado em 1995 pelo ator e diretor Équio Reis. Com apoio do Centro de Culturas Populares e Identitárias (CCPI) e da Superintendência de Desenvolvimento Territorial da Cultura (Sudecult), através da Diretoria de Espaços Culturais (DEC), a Temporada Verão Cênico visa estimular a difusão, a diversidade, a acessibilidade e a atuação em rede do teatro baiano.
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A primeira edição foi realizada entre dezembro de 2011 e fevereiro de 2012, com ingressos gratuitos ou a R$ 1. Foram 180 apresentações em Salvador, Feira de Santana, Jequié, Porto Seguro, Valença e Vitória da Conquista. Na segunda edição, já reestruturada, em janeiro de 2013, foram apresentadas 96 sessões teatrais de 32 diferentes espetáculos em diversos formatos, estéticas e temáticas. Além das cidades anteriores, a temporada incluiu Alagoinhas, Barreiras, Euclides da Cunha, Itabuna, Irecê, Juazeiro, Mutuípe e Teixeira de Freitas.
Bob Nunes
Acervo Funceb
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Temporada Verão Cênico Espetáculo - Salmo 91
Temporada Verão Cênico Espetáculo - O Grande Encontro de Palhaços
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Quarta que Dança - Espetáculo Aluga-se um Coração
Como se baila na tribo A Qualquer Um dos 2 Cia. de Dança, de Juazeiro, nasceu em 2007, a partir do desejo de profissionalização e da necessidade de manter um trabalho sistemático de dança no Vale do São Francisco. Em 2011, graças ao projeto Quarta que Dança, apresentou o espetáculo Aluga-se um Coração em Juazeiro, Paulo Afonso e Salvador. Em 2012, foi a vez de circular com a coreografia De Dentro por Alagoinhas, Senhor do Bonfim e, de novo, pela capital. Formado apenas por homens, o grupo, que tem direção de Jailson Lima, é integrado por Alan Gêrald, 114
Alexandre Santos, André Vitor Brandão, Cleybson Lima, Cristiano Santana e Wendell Brito. “A primeira vez que saimos de Juazeiro foi através do Quarta que Dança, projeto bem democrático. Sem o Quarta que Dança, seria muito mais difícil, praticamente impossível, levar as nossas apresentações para outros municípios. A gente não tem patrocínio. Circular por outras localidades tem um custo alto e o projeto facilita esta circulação”, afirma André Vitor Brandão. O projeto é promovido pela Fundação Cultural do Estado da Bahia (Funceb).
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Em 2012, mais outros 15 selecionados compuseram uma programação que se estendeu por 13 semanas, de junho a setembro, em Salvador e mais oito cidades: Alagoinhas, Bom Jesus da Lapa, Itabuna, Itacaré, Poções, Santa Maria da Vitória, Senhor do Bonfim e Vitória da Conquista.
Maíra Lins
Maurício Fidalgo
Em 2013, as 21 propostas participantes foram selecionadas entre 120 inscritas em edital público. A 15ª edição do Quarta que Dança inclui, além de Salvador, apresentações em onze cidades: Curaçá, Itabuna, Ituberá, Juazeiro, Lauro de Freitas, Porto Seguro, Senhor do Bonfim, Taperoá, Uauá, Valença e Vitória da Conquista. Este ano, devido ao contingenciamento do Governo do Estado, foram realizadas 31 sessões das 84 previstas. Ainda não houve apresentações nas cidades de Itabuna, Ituberá, Juazeiro, Porto Seguro, Taperoá, Uauá e Vitória da Conquista. O Quarta que Dança surgiu em 1998 e, ao longo destes anos, proporcionou mais de 230 apresentações de variados grupos e propostas artísticas, consolidando-se como um dos principais mecanismos de promoção da dança da Bahia. Desde 2007, as inscrições para o projeto passaram a ser feitas exclusivamente via edital, inicialmente em duas categorias. Além dos tradicionais espetáculos de dança, deu-se espaço para os trabalhos em processo de criação, com objetivo de estimular o debate em torno dos processos construtivos. Em 2008, outras duas categorias foram criadas: intervenção urbana e dança de rua.
Quarta que Dança - Espetáculo Trilhas Urbanas
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Adenor Gondim
territorialização da cultura
TCA.Núcleo - Espetáculo Amor Barato
TCA.Núcleo O projeto Exu Sile Onlá, do Núcleo Afro-Brasileiro de Teatro de Alagoinhas, foi o grande vencedor do edital TCA.Núcleo “Em Construção” - Uma homenagem à Lina Bo Bardi deste ano. Com direção de Fernanda Júlia, ele foi selecionado para receber o prêmio de R$ 300 mil, lançado em 2013 pelo Teatro Castro Alves, em conjunto com a Funceb. A intenção do projeto é contribuir com a pesquisa, investigação e formação em artes cênicas através do desdobramento do processo de criação e montagem de um espetáculo selecionado anualmente. Um dos maiores diferenciais desta edição foi a inclusão, no edital, de um intercâmbio cultural com uma companhia de outro estado ou país. O Nata propôs dialogar e estabelecer uma parceria com a Cia do Miolo (SP), com direito a ações culturais conjuntas. Em 2011, o edital TCA.Núcleo, programa que visa contribuir com a pesquisa, investigação e formação em artes cênicas através do desdobramento do processo de criação e montagem de um espetáculo selecionado anualmente, também passou por relevantes alterações. Houve um aporte financeiro para a montagem 116
BAHIA: TERRA DA CULTURA vencedora, de R$ 300 mil, o dobro em relação a sua edição de lançamento, em 2007. Do total do prêmio, R$ 100 mil são destinados à circulação do projeto. A primeira montagem realizada dentro deste novo conceito foi Outra Tempestade, do cubano Luis Alonso, uma versão do clássico A Tempestade de William Shakespeare. Além de cumprir uma temporada de 20 apresentações na Sala do Coro do TCA, o espetáculo circulou pelas cidades de Ilhéus, Feira de Santana, Santo Amaro e Alagoinhas. Encenado duas vezes em cada município, Outra Tempestade totalizou um público de 1.300 pessoas. Em 2012, o musical Amor Barato, com direção de Fábio Espírito Santo, vencedor do TCA.Núcleo, cumpriu temporada em Salvador e realizou 12 apresentações pelo interior do estado, passando pelas cidades de Santo Amaro, Vitória da Conquista, Itabuna e Camaçari, durante os meses de março e abril. O espetáculo, que narra a trágica história de amor impossível vivida no submundo de uma metrópole brasileira, tem inspiração na obra infantil O Casamento de Dona Baratinha, mas aborda, com música e ironia, aspectos adultos da sociedade moderna, como as disputas nas esferas do poder, corrupção, manipulação midiática, degradação da estrutura familiar, violência juvenil e erotização feminina. O Núcleo de Teatro do TCA - TCA.Núcleo foi criado em 1995. A partir de 2007, a seleção do espetáculo, elenco e equipes técnicas começou a ser realizada através de editais e seleções públicas. Adenor Gondim
TCA.Núcleo - Espetáculo Outra Tempestade
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Projetos salões das artes visuais 2011: Porto Seguro, Valença e Alagoinhas. 2012: Irecê, Jequié e Juazeiro. 2013: Feira de Santana,Teixeira de Freitas, Lençóis, Barreiras e Vitória da Conquista.
temporada verão cênico 2011-2012: Feira de Santana, Jequié, Porto Seguro, Salvador, Valença e Vitória da Conquista Público estimado: 10.872 pessoas 2013: 14 (Alagoinhas, Barreiras, Euclides da Cunha, Feira de Santana, Itabuna, Irecê, Jequié, Juazeiro, Mutuípe, Porto Seguro, Teixeira de Freitas, Salvador, Valença e Vitória da Conquista) Público estimado: 10 mil pessoas
quarta que dança 2011: Salvador, Juazeiro e Paulo Afonso. 2012: Salvador, Alagoinhas, Bom Jesus da Lapa, Itabuna, Itacaré, Poções, Santa Maria da Vitória, Senhor do Bonfim e Vitória da Conquista. 2013: Curaçá, Itabuna, Ituberá, Juazeiro, Lauro de Freitas, Porto Seguro, Salvador, Senhor do Bonfim, Taperoá, Uauá, Valença e Vitória da Conquista. 118
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Funceb curaçá paulo afonso juazeiro uauá
senhor do bonfim euclides da cunha irecê feira de santana alagoinhas
barreiras lençóis
santo amaro camaçari lauro de freitas salvador
bom jesus da lapa santa maria da vitória jequié poções Vitória da conquista
Total dos 3 projetos: 26 cidades alcançadas Alagoinhas, Barreiras, Bom Jesus da Lapa, Curaçá, Euclides da Cunha, Feira de Santana, Itabuna, Itacaré, Ituberá, Irecê, Jequié, Juazeiro, Lençóis, Lauro de Freitas, Mutuípe, Paulo Afonso, Poções, Porto Seguro, Santa Maria da Vitória, Senhor do Bonfim, Taperoá, Uauá, Teixeira de Freitas, Salvador, Valença e Vitória da Conquista.
ituberá
valença taperoá itacaré
itabuna
porto seguro
teixeira de freitas
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U
ma das áreas econômicas de maior expansão no mundo contemporâneo é a cultura. Na Bahia, o potencial é enorme, e ele precisa ser compreendido para integrar seu processo de desenvolvimento. Nesse contexto, o financiamento é uma das dimensões essenciais da economia da cultura e requer modalidades diferenciadas que envolvam, pelo menos, estado, públicos e empresas.
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A SecultBA busca diversificar e tornar mais republicanos e transparentes seus procedimentos de financiamento à cultura, através de seleções públicas. Hoje, existem na Bahia três modalidades de financiamento estatal: o Fundo de Cultura da Bahia (FCBA),
o programa de incentivo cultural intitulado FazCultura e o microcrédito cultural. A maior parte do financiamento é feita através do FCBA, o que possibilita um trabalho mais amplo e universal, porque não é limitado pela lógica do mercado, como ocorre em outros modos de financiamento. Desde 2012 foi implantada no Fundo uma dinâmica de editais por setores culturais, substituindo a lógica anterior de editais temáticos em setores específicos. Dessa forma, foi possível diminuir seu número, alargar sua abrangência e tornar a periodicidade anual. Assim, foram ampliadas as oportunidades oferecidas e incentivado o planejamento da comunidade cultural.
BAHIA: TERRA DA CULTURA
Dinheiro, diversAo e cultura Novo modelo democratiza acesso a recursos públicos para projetos em SEGMENTOS CULTURAIS na Bahia A Bahia é o estado da federação que conta com um dos mais diversificados sistemas de fomento do Brasil. Na hora de viabilizar projetos na área, é possível recorrer a variados mecanismos de financiamento, entre convênios, linhas de crédito, concursos e programa de incentivo fiscal. O Estado investiu, entre 2011 e 2012, por meio do Fundo de Cultura da Bahia e do Programa Estadual de Incentivo à Cultura (Fazcultura), o equivalente a R$ 80,41 milhões. Em 2013, o orçamento do FCBA foi R$ 38,6 milhões e, para 2014, será de R$ 41 milhões em apoio a projetos e editais. O Fazcultura permanece com o incentivo fiscal de R$ 15 milhões por ano. Do apoio direto não reembolsável (Fundo de Cultura, Calendário das Artes, Programa Mais Cultura, entre outros), passando pelas linhas de crédito CrediBahia e CrediFácil, as seleções têm recortes regionais ou setoriais. “As políticas devem atender a complexidade das dinâmicas culturais do nosso estado e o sistema de fomento não pode escapar a esse desafio”, ressalta Carlos Paiva, superintendente de Promoção Cultural da Secretaria de Cultura do Estado da Bahia. Além disto, existem ainda programas especiais, como o Carnaval Ouro Negro e o Programa de Apoio a Filarmônicas.
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ECONOMIA DA cultura
Alex Oliveira
Apresentação da Centenária Filarmônica de Minerva em Morro do Chapéu
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BAHIA: TERRA DA CULTURA
A desburocratização é um dos focos para o aperfeiçoamento do sistema de fomento à cultura local. Mais simples, os processos de inscrição e seleção de projetos têm democratizado o acesso de variados grupos sociais. Por meio da revisão dos instrumentos e mecanismos públicos de financiamento à produção artística e cultural, a SecultBA tem aprimorado e consolidado o Sistema Estadual de Fomento à Cultura, com ampliação dos recursos e expansão de áreas e modalidade de projetos. Permanece o desafio de mecanismos de fomento ainda mais acessíveis e específicos para os grupos de cultura popular. Merece destaque o Fundo de Cultura da Bahia (FCBA), que atualmente engloba 19 Editais Setoriais e as chamadas públicas de Demanda Espontânea, Mobilidade Artística e Cultural, Eventos Culturais Calendarizados e Ações Continuadas de apoio a instituições. Já o Programa Estadual de Incentivo à Cultura (FazCultura) permite o financiamento de atividades culturais por empresas, mediante abatimento de ICMS de até 80% do valor patrocinado. As iniciativas resultam do trabalho da Superintendência de Promoção Cultural (Suprocult) e integram o Sistema Estadual de Fomento, que engloba ainda outros mecanismos, como Calendário das Artes, Credibahia Cultural e Credifácil. Outro grande desafio da secretaria é estabelecer um apoio a dinâmicas culturais de caráter continuado ou que se repetem com periodicidade já estabelecida no calendário cultural. O Programa de Apoio a Ações Continuadas
de Instituições Culturais é um bom exemplo deste esforço. Atualmente, 15 instituições da capital e do interior têm apoio financeiro garantido. Os valores variam entre R$ 100 mil e R$ 600 mil por ano, assegurados pelo período de três anos. Até 2015, o investimento anual se aproxima dos R$ 6 milhões. Podem participar da chamada de Apoio a Instituições Culturais instituições privadas sem fins lucrativos, como centros culturais, arquivos, museus e teatros. Editais setoriais - Através do sistema de editais setoriais, mecanismo que compõe o FCBA, já foram destinados R$ 44,1 milhões para a execução dos projetos aprovados entre 2012 e 2013. Os recursos contemplaram todos os segmentos culturais, além de temas transversais. Em 2013, a SecultBA disponibilizou R$ 27,8 milhões em editais, com destaque a projetos de formação, culturas digitais, digitalização de arquivos e dinamização de espaços culturais. Somente em 2012, os 17 editais setoriais mais o de Demanda Espontânea aprovaram 262 projetos, somando um total de R$ 18,3 milhões. O número de propostas aprovadas no interior do estado tem crescido a cada ano, graças às oficinas de orientação à participação nos editais. Ao todo, mais de 270 municípios já foram contemplados com essa capacitação. Para inscrição nos editais setoriais, são necessários o formulário, orçamento e o currículo do proponente, salvo para três editais – Apoio a Editoras, Mobilidade Artística e Cultural e Dinamização de Espaços, únicos editais setoriais que solicitam anexos obrigatórios. Desde 2012, 123
ECONOMIA DA cultura
o proponente pode também realizar a inscrição pela internet, através de cadastro no Sistema de Gerenciamento de Fomento à Cultura – Clique Fomento, disponível no site: siic.cultura.ba.gov. br/clique_fomento. A SecultBA também recebe indicações para composição das Comissões de Seleção dos Editais Setoriais. Elas podem ser feitas apenas por instituições e coletivos. Os nomes são submetidos ao Conselho Estadual de Cultura e às equipes da SecultBA. Além desta modalidade de financiamento que contempla as linguagens artísticas, patrimônios e museus, os investimentos foram estendidos para áreas como economia criativa, formação e qualificação, projetos estratégicos e publicação de livros por editoras baianas. Destaque para o edital Territórios Culturais, criado a partir do entendimento da necessidade de se apoiar propostas de cooperação e intercâmbio cultural entre os municípios de um mesmo Território de Identidade.
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Histórico - De 2007 a 2010, os editais eram formulados para apoiar projetos específicos. Para ampliar possibilidades de incentivo, o formato setorial foi lançado em maio de 2012. O objetivo é garantir a democratização do acesso ao sistema de produção cultural nas suas mais diversas linguagens e expressões. Este sistema republicano de seleção pública é essencial para a consolidação dos processos de gestão e participação social. O investimento no formato setorial também é uma estratégia para manter a periodicidade da abertura de editais. A ideia é criar um calendário de lançamento de editais, com a intenção de possibilitar que a comunidade cultural possa planejar suas atividades do ano seguinte, apoiando assim a organização da produção cultural no estado.
BAHIA: TERRA DA CULTURA
Projetos selecionados ganham projeção nacional O modelo de editais possibilitou a realização de muitos projetos que ganharam projeção nacional e até internacional. Este é o caso dos espetáculos O segredo da arca de Trancoso, contemplada via Mobilidade Artística (Difusão e Intercâmbio) e o musical Amor Barato, vencedor do edital TCA.Núcleo, ambos premiados no 20º Prêmio Braskem, em abril de 2013. Outro trabalho de sucesso é a peça Entre Nós, selecionada pelo Fundo de Cultura da Bahia (FCBA), através do edital Culturas Identitárias, do Centro de Culturas Populares e Identitárias (LGBT-2010). O filme A Coleção Invisível, do diretor francês radicado na Bahia Bernard Attal recebeu o prêmio de Melhor Longa-Metragem da 4ª edição do Festival de Cinema Itinerante da Língua Portuguesa (Festin), em Lisboa, Portugal. Já o longa-metragem Depois da Chuva, apoiado pela SecultBA através da chamada pública Demanda Espontânea 2011, foi selecionado para a mostra Work in Progress (WIP) do Festival de Cinema Independente de Buenos Aires (Bafici). E conquistou, em 2013, os prêmios de Melhor ator, Melhor Roteiro e Melhor Trilha Sonora no 46º Festival de Cinema de Brasília. Bahia Criativa Com o objetivo de planejar e promover ações de fomento aos segmentos da Economia Criativa, considerado o grande motor do desenvolvimento no século XXI, a SecultBA, através da Diretoria de Economia da Cultura da Suprocult, reuniu representantes de órgãos e entidades da administração pública estadual e entidades não governamentais, no Grupo de Trabalho (GT) Bahia Criativa. O principal objetivo do GT, responsável por finalizar trabalho iniciado em 2012, é elaborar o documento “Bahia Criativa: Diretrizes e Iniciativas para o Desenvolvimento da Economia Criativa na Bahia”, que aponta diretrizes, metas e fontes de recursos para ações voltadas para linhas de atuação do setor. Entre os principais pontos, está a necessidade de construir indicadores para compor um banco de dados sobre o segmento criativo, a fim de sistematizar as informações referentes à dimensão econômica do segmento criativo na Bahia, com base nas estatísticas sobre o número e porte dos estabelecimentos formais, emprego, rendimento do trabalhador e as características da mão-de-obra ocupada. “Este será um documento referência no Estado, que está sendo elaborado por cinco comissões temáticas e um comitê técnico. Nele são estabelecidas cinco linhas de atuação: Territórios Culturais, Promoção, Fomento Especializado, Formação e Qualificação e Informação e Reflexão”, afirma a diretora de Economia da Cultura, Carmen Lima. A conclusão do documento está prevista para janeiro de 2014.
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Acervo Cachoeira Doc Prédio do evento
CachoeiraDoc - Exemplo de sucesso entre os projetos selecionados no edital de eventos calendarizados de 2013, o CachoeiraDoc, Festival de Documentários de Cachoeira, chegou este ano à quarta edição. Como o a proposta de estimular a produção de documentários e ser um espaço de discussão sobre o gênero, o evento, que possui abrangência nacional, já faz parte da agenda cultural de Cachoeira. Todas as edições, realizadas em parceria com a Universidade Federal do Recôncavo (UFRB), receberam o apoio do Fundo de Cultura da Bahia. O edital voltado para os eventos culturais calendarizados visa consolidar uma agenda de projetos culturais na Bahia, apoiando a realização total ou parcial e potencializando a visibilidade destes eventos como um todo. O teto de apoio estabelecido por projeto é de R$ 300 mil. O objetivo é apoiar iniciativas com temática cultural específica ou diversificada, realizadas com mais de um dia de duração consecutiva, periodicidade mínima anual, e com pelo menos três edições realizadas no estado.
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Acervo Cachoeira Doc
BAHIA: TERRA DA CULTURA
EVENTOS CALENDARIZADOS Lançado em junho de 2011, o edital disponibilizou o valor global de R$ 1,5 milhão, para apoio a uma edição dos eventos. Em 2012, este montante passou para R$ 1,6 milhão, ainda dentro da proposta de apoio anual. Em 2013, a iniciativa passou a assumir o formato de apoio continuado, a partir de avaliação de resultados de cada edição, por três anos consecutivos, uma inovação que permite maior planejamento dos produtores e artistas, assim como da própria secretaria. Neste formato, o edital passou a ter o valor global de R$ 3,3 milhões por ano.
Plateia em um dos dias da mostra do Cachoeira Doc
Mobilidade artística Residências artístico-culturais, intercâmbio/difusão e formação artístico-cultural são as três linhas de apoio ao trabalho de artistas baianos implementadas pelo Programa de Mobilidade Artística e Cultural. O investimento financeiro empreendido garante a execução dos projetos selecionados e experiência pessoal e enriquecedora tanto para os artistas e pesquisadores contemplados quanto para a o setor cultural do estado. Em 2013, foram investidos R$ 500 mil, através do Fundo de Cultura, no Programa de Mobilidade Artística e Cultural da SecultBA.
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ECONOMIA DA cultura
Eventos Culturais Calendarizados 2013/2015
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• CachoeiraDoc - Festival de Documentários de Cachoeira • Cantoria de São Gabriel • Exposição de Artes Visuais – Circuito das Artes – Triangulações • Festival de Corais Vozes na Chapada • Festival de Filarmônicas do Recôncavo • Festival de Música Instrumental da Bahia • Festival Internacional de Artistas de Rua • Festival Nacional de Vale Curtas • Festival Umbuzada Sonora • Festival Internacional de Artes Cênicas - FIAC Bahia • Festival Latino Americano de Teatro da Bahia - Filte Bahia • Interação e Conectividade - Encontro de Dança • Mostra de Cinema Conquista • Panorama Internacional Coisa de Cinema Instituição
Município
Teatro Vila Velha
Salvador
Fundação Casa de Jorge Amado
Salvador
Fundação Museu Carlos Costa Pinto
Salvador
Museu da Misericórdia
Salvador
Museu Hansen Bahia
Cachoeira e São Félix
Complexo do XVIII - Theatro XVIII, Casa XIV e Galeria Moacir Moreno
Salvador
Teatro Gamboa Nova
Salvador
Balé Folclórico da Bahia
Salvador
Fundação Pierre Verger
Salvador
Fundação Anísio Teixeira
Caetité
Academia de Letras da Bahia
Salvador
Teatro Popular de Ilhéus
Ilhéus
Instituto Geográfico e Histórico da Bahia
Salvador
Museu do Processo
Boa Nova
AEC-TEA
Capim Grosso
BAHIA: TERRA DA CULTURA
Fazcultura O FazCultura permite, por meio de renúncia fiscal, que a empresa patrocinadora de projetos culturais realize um abatimento de 5% a 10% do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) a cada mês, no limite de até 80% do valor total do projeto. Cabe ao patrocinador a contribuição, com recursos próprios, de no mínimo, 20% do valor total transferido ao projeto. Entre 2011 e 2013, 194 projetos de linguagens diversas como artes cênicas, cinema e vídeo, literatura, artesanato, folclore, entre outros, receberam apoio via FazCultura. Deste total, 27 foram aprovados no primeiro semestre de 2013. Com teto máximo de R$ 15 milhões ao ano, a Secult investiu na área cultural do estado, no período, cerca de R$ 34 milhões através de renúncia fiscal. Empresas como Boticário, Braskem, Natura, Oi têm realizado editais para seleção de projetos em segmentos específicos com o incentivo fiscal do Fazcultura.
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Nova agenda para as artes Programa financia e estimula criação de calendário de eventos culturais na capital e no interior
Mecanismo de incentivo a projetos artísticos e culturais de pequeno porte na Bahia, o Calendário das Artes já mudou o perfil da agenda de eventos culturais em comunidades do estado. Lançado em 2012 com o objetivo de estimular o desenvolvimento das artes, o edital disponibilizou, nas chamadas realizadas em 2012 e 2013, R$ 1,7 milhão para projetos culturais. A iniciativa dá prioridade a propostas de populações com menor acesso a produtos culturais e que privilegiem a diversidade cultural, com artistas, grupos e produtores, amadores ou profissionais. São concedidos prêmios de até R$ 13 mil para as áreas de Artes Visuais, Audiovisual, Circo, Dança, Literatura, Música, Teatro e Artes Integradas. Nos últimos dois anos, foram executados 135 projetos, selecionados dentre um total de 2.639 inscritos. Entre 2012 e 2013, 70 municípios de todos os 27 Territórios de Identidade do estado foram contemplados. A seleção e realização de projetos da segunda chamada do Calendário das Artes de 2013 acontecerão em 2014.
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BAHIA: TERRA DA CULTURA O Calendário das Artes foi concebido através de um processo de diálogo com a sociedade civil e é o resultado da simplificação, ampliação e territorialização do Calendário de Apoio a Projetos Culturais, que a Fundação Cultural do Estado da Bahia (Funceb) realizou entre os anos de 2008 e 2011. No seu último ano, 2011, o Calendário de Apoio distribuiu R$ 563 mil para 64 projetos selecionados dentre 650 inscritos. Em 2013, o projeto foi modificado. A ideia é contemplar propostas de todas as regiões do estado em quantidade igualitária, com avaliação dos projetos feita de forma territorializada e com os inscritos de cada Macroterritório da Bahia concorrendo apenas entre si. Para isto, o edital agora divide o Macroterritório em duas categorias: propostas de Salvador e dos demais municípios. Assim, passa a atender à maior demanda da capital e garante maior competitividade das propostas dos outros municípios desta região. Festival de Itapetinga - Ele tem 15 anos, estuda no Colégio Agro Industrial de Itapetinga e teve uma ideia: realizar um festival de literatura que resultasse na publicação de um livro com artistas de sua cidade. O jovem Brenddo Washington apresentou seu propósito à professora, arquiteta e poeta Júlia Lícia, sugerindo que ela inscrevesse o projeto no edital Calendário das Artes e ajudasse a tornar este sonho realidade. “Brenddo mora na zona rural de Itapetinga, escreve muito bem e é apaixonado por literatura. Ele tinha participado de uma palestra em que falaram sobre o Calendário, então me procurou,
contou a ideia e pediu que eu fosse proponente do projeto. Logo em seguida, começamos a produzir o material”, conta a professora. Deu certo. A proposta foi uma das 43 selecionadas da 2ª Chamada de 2012 do edital e o I Festival de Artes Literárias de Itapetinga aconteceu em dezembro daquele ano na Fundação Associação Cultural Itapetinguense, com oficinas artísticas, bate-papo entre autores e a comunidade, palestras, saraus, chá literário, exposições, shows musicais e um concurso literário, cujos três vencedores receberam uma coleção de livros da literatura brasileira e medalha. O evento contou com o lançamento do livro Olhos d’Água e Sabão, uma antologia que reúne poesias de 17 escritores de Itapetinga – entre eles, o próprio Brenddo –, publicação que também foi concretizada como parte das ações do projeto, numa tiragem de 500 exemplares, distribuída em bibliotecas e escolas de cidades da região. “Além de darmos oportunidade para escritores que nunca participaram de um evento deste porte, tivemos muitas pessoas que voltaram a escrever a partir do que foi desenvolvido e apresentado em Itapetinga. O papel deste edital é muito importante, pois sem ele não teríamos conseguido realizar isso”, destaca Júlia Lícia.
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Cidades contempladas pelo Calendário das Artes
1ª Chamada 2012 + 2ª Chamada 2012 + 1ª Chamada 2013
Alagoinhas Amargosa Amélia Rodrigues Barreiras Bom Jesus da Lapa Cachoeira Caetité Camaçari Campo Formoso Cândido Sales Cansanção Capim Grosso Caravelas Carinhanha Casa Nova Conceição do Coité Cruz das Almas
Iaçu Ibicoara Ibotirama Igaporã Ilhéus Ipiaú Irecê Itaberaba Itabuna Itacaré Itapetinga Jacobina Jaguaquara Jequié Juazeiro Lafaiete Coutinho Lapão Livramento de Nossa Senhora
Dias D'Ávila Muniz Ferreira Euclides da Cunha Feira de Santana Gandu
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BAHIA: TERRA DA CULTURA
Nova Canaã Nova Soure
Tanque Novo Terra Nova
Oliveira dos Brejinhos
Ubaíra Uruçuca
Palmeiras Paratinga Paulo Afonso Pé de Serra Pintadas Porto Seguro Prado
Valença Vitória da Conquista Wenceslau Guimarães Xique-Xique
Rio de Contas Salvador Santa Bárbara Santa Cruz Cabrália Santa Maria da Vitória São Domingos São Félix São Félix do Coribe Sátiro Dias Senhor do Bonfim Serrinha Simões Filho
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ECONOMIA DA cultura
Fundação Cultural financia Projetos artísticos Com o intuito de democratizar o acesso ao financiamento público em toda a Bahia e de promover oportunidades de difusão da produção artística, a Funceb disponibilizou, em 2011/2012, R$ 3,173 milhões de recursos próprios em mecanismos de apoio a projetos artísticos. Através de edições de editais já tradicionais e outros novos lançados no período, e também do Calendário de Apoio a Projetos Culturais, em 2011, e de duas Chamadas do Calendário das Artes, em 2012, contabilizam-se 278 propostas beneficiadas com estas iniciativas de fomento às artes.
134
BAHIA: TERRA DA CULTURA
Número de propostas
Número de contemplados/ Premiados
Valor total disponibilizado
109
1
R$ 60 mil
5
1
R$ 300 mil
99
15
R$ 100 mil
226
75 obras selecionadas; 9 premiadas
R$ 63 mil
Festival Nacional 5 Minutos 2011 | 14ª edição
270
50 vídeos selecionados; 5 premiados
R$ 30 mil
Calendário de Apoio a Projetos Culturais 2011
650
64
R$ 563 mil
Concurso Estadual de Estímulo à Crítica de Artes 2011
43
20
R$ 46,9 mil
96
34
R$ 168 mil
1.071
43
R$ 546 mil
Quarta que Dança 2012 | 14ª edição
91
15
R$ 106 mil
TCA.Núcleo 2012 | 18ª montagem: Amor Barato
5
1
R$ 300 mil
218
75 obras selecionadas; 9 premiadas
R$ 63 mil
Festival Nacional 5 Minutos 2012 | 15ª edição
192
50 vídeos selecionados; 5 premiados
R$ 30 mil
Calendário das Artes 2012 | 2ª Chamada
705
43
R$ 559 mil
25
10
R$ 119 mil
179
3
R$ 120 mil
278
R$ 3.173.900,00
Edital Prêmio Nacional de Fotografia Pierre Verger 2010/2011 | 4ª edição TCA.Núcleo 2011 17ª montagem: Outra Tempestade Quarta que Dança 2011 |13ª edição Salões Regionais de Artes Visuais da Bahia 2011 19ª edição
1ª edição Temporada Verão Cênico 2011/2012 | 1ª edição Calendário das Artes 2012 | 1ª Chamada
Salões de Artes Visuais da Bahia 2012 20ª edição
Oficinas de Qualificação nos Circos 2012 1ª edição Prêmio Nacional de Fotografia Pierre Verger 2012/2013 5ª edição Total
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ECONOMIA DA cultura
Premiações incentivam novos escritores Reafirmando sua atribuição de incentivar e promover a memória, história e a produção literária e acadêmica na Bahia, a Fundação Pedro Calmon (FPC) premiou com recursos próprios mais de R$ 90 mil nos anos de 2011 e 2012. Em 2011, foram lançados dois prêmios, o Prêmio Hera de Publicação e o Prêmio de Humor Gráfico: o fim e a continuidade do livro. No ano seguinte, foram lançadas mais duas novidades: o Prêmio Nacional de Novelas Históricas e Prêmio de Poesia Damário Dacruz. Em 2011, o Prêmio Hera de Publicação contemplou com R$ 10 mil o livro Beira de rio: correnteza, de Carlos Barbosa, selecionado como o melhor livro de autor baiano publicado em 2010 e, com R$ 5 mil reais cada uma, as duas melhores dissertações de literatura defendida no mesmo ano: Ritos de passagem: experiência erótica e o menino-narrador na ficção de Antônio Carlos Viana, de Paulo André de Carvalho Correia; e Kali, a senhora da dança: uma construção dramatúrgica a partir dos elementos de ioga, de Adelice Souza. Já o Prêmio de Humor Gráfico: o fim e a continuidade do livro sugeria a reflexão humorada sobre o tema do fim do livro, através de cartuns, charges, tiras e HQs e selecionou três trabalhos: Álvaro Machado, premiado com R$ 7 mil pela primeira colocação; Davi Sales Batista, que recebeu R$ 5 mil pelo segundo lugar; e David Ricardo de Jesus Silva, que obteve o terceiro lugar, com prêmio de R$ 3 mil. O Prêmio Nacional de Novelas Históricas contemplou, em 2012, obras literárias inéditas baseadas em fatos históricos baianos, com recursos totalizados em R$ 50 mil, distribuídos em cinco novelas referente a episódios marcantes da História da Bahia: O Dois de Julho, Revolta dos Malês, A Sabinada, Revolta dos Búzios e Guerra de Canudos. Lançado no mesmo ano, o Prêmio de Poesia Damário Dacruz tem como objetivo incentivar a poesia baiana. O concurso consiste na premiação em dinheiro dos três primeiros colocados, somando o valor de R$ 6 mil, e na publicação de 136
BAHIA: TERRA DA CULTURA
um livro reunindo 40 poemas selecionados dentre os participantes. O escritor e jornalista Elieser César conquistou a primeira colocação com o poema Fotografia. Segundo ele, a inspiração ocorreu quando remexia numa caixa de fotografias da família. “Vi a foto da minha primeira infância, depois disso veio a inspiração. Estava numa mesa de bar e escrevi o poema de uma só vez”, recorda. Guido Manoel Santos Araújo e Helder Santos Rocha, com as poesias ”Flor Urbana II” e “O Autorretrato do Poema”, respectivamente, conquistaram a segunda e terceira colocação. 137
Todas as letras
Financiamento público incrementa publicação de livros e realização de feiras literárias na capital e no interior
Ficou mais fácil publicar livros na Bahia. Dinamizar a produção editorial local é um dos compromissos da política de financiamento adotada pela Secretaria de Cultura do Estado da Bahia. O setor agora conta com uma política específica para publicações. Desde o ano passado, foram lançados dois editais de Apoio à Publicação de Livros por Editoras Baianas. A iniciativa é voltada a projetos de coleções e obras individuais, cuja temática seja a cultura baiana em suas diversas expressões. O investimento global, que no primeiro ano foi de R$ 300 mil, foi ampliado para R$ 400 mil em 2013. A SecultBA deu prioridade, dentre as suas diretrizes, ao incentivo ao crescimento da economia da cultura. A Diretoria do Livro e Leitura (DLL) da Fundação Pedro Calmon (FPC), instituída em 2011, vem contribuindo cada vez mais para a expansão e fortalecimento da cadeia produtiva do livro, através de iniciativas como o lançamento de editais voltados para editoras, a promoção de seminários e feiras de livros e o patrocínio e participação nos mais importantes eventos da área no estado.
138
A FPC dialoga com diversas editoras, além de distribuidores, livreiros, entidades de fomento à leitura e escritores em todo o estado. Segundo o coordenador da Diretoria do Livro e da Leitura da FPC, Dênisson Padilha Filho, a Bahia conta com mais de 21 editoras (vide: www.fpc.ba.gov.br/editoras-baianas/), muitas delas, inclusive fora da capital. Coletânea - Uma das contempladas pelo edital de 2012, a editora P55 publicará uma coletânea com os livros Cultura e Opulência do Brasil, de André João Antonil; Historia do Brasil, de Frei Vicente do Salvador; O Theatro na Bahia, de Filho Boccaneira Júnior e Memória a Respeito dos Escravos, de Luiz Antônio de Oliveira Mendes. “Os nossos títulos visam a preservação e o registro da memória baiana”,
Nerivaldo Góes
BAHIA: TERRA DA CULTURA
destaca Marcelo Portugal, sócio-diretor da P55, que já atua no mercado há 10 anos. “Grandes livrarias representam as nossas publicações e conforme elas solicitam as obras, nós demandamos. A existência destas configurações possibilita que os títulos cheguem a outros estados”, conclui o editor.
Projeto Conversando com Sua História
Já o editor e proprietário da editora Kalango, Dhan Ribeiro, também contemplado, enfatiza que o edital contribui para a profissionalização da produção literária na Bahia. “Uma editora de médio porte na Bahia, quando investe em literatura poética, por exemplo, corre um risco financeiro. Mas com o edital torna-se produtivo elaborar algo de qualidade para o mercado exigente 139
ECONOMIA DA cultura
e em crescente expansão”. A Kalango tem oito anos e já publicou mais de 50 títulos, distribuídos em cidades como Porto Alegre, Santa Catarina, São Paulo, Rio Janeiro e no estado do Ceará.
Nerivaldo Góes
Dênisson Padilha Filho enfatiza que a política de fomento é uma importante ferramenta no fortalecimento ao mercado editorial. “A ideia do edital é disponibilizar recursos para fortalecer as editoras baianas contempladas. Este propósito foi alinhado com outra forte atribuição da Fundação Pedro Calmon, que é a de recu-
140
perar a memória da Bahia, muitas vezes desconhecida do grande público, em especial no que diz respeito a obras importantes da cultura baiana que se encontram fora de catálogo e, portanto, indisponíveis para o leitor”, explica. Ainda com o objetivo de fortalecer as editoras do estado, a FPC publicou diversos livros em co-edição, como as coleções Estante de Bolso, Obras Raras da Cultura Baiana e Memória da Literatura Baiana, em parceria com editoras como a Livro. com, Quarteto Editora, Casarão do Verbo
BAHIA: TERRA DA CULTURA
e UEFS Editora. Serão também publicadas pelo edital de Apoio à Publicação de Livros por Editoras Baianas, as seguintes coleções: Tempo Antigo: Memórias da História Bahiana, Literatura do Baixo Sul e História e Histórias de Lia. Eventos de literatura - Foram instituídas parcerias com a Feira Literária Internacional de Cachoeira (Flica), Bienal do Livro da Bahia (Salvador), Feira do Livro
de Feira de Santana, em convênio com a UEFS e Jornadas de Leitura em cidades como São Felipe e Poções. Além do apoio financeiro a estes grandes eventos, a Diretoria do Livro e da Leitura vem qualificando sua participação na programação, promovendo atividades que correspondem às suas atribuições, a exemplo do incentivo à prática da leitura e a promoção de debates sobre o mercado editorial, dentre outras.
Apresentação na Flica - Cachoeira
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FEIRAS LITERÁRIAS Salvador/Bienal do Livro A Bienal do Livro da Bahia já se firmou no calendário dos eventos literários de Salvador. A Secretaria de Cultura, por meio da Fundação Pedro Calmon, foi uma das patrocinadoras do maior evento literário da Bahia, que atraiu escritores do estado e do país. O investimento do Governo Estadual – através da SecultBA, Secretaria de Educação, Secretaria de Turismo e Secretaria da Fazenda – foi de R$ 300 mil em 2011 e de R$ 1,3 milhão em 2013, sendo R$ 600 mil em vale-livros.
Bienal do Livro - setor infantil
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Em 2011, a FPC esteve presente no Espaço Ruy Espinheira Filho, onde ocorreram diversas edições do Encontro com o Escritor, além de lançamentos de livros e contação de histórias. A Bienal do Livro da Bahia também integrou as comemorações pelo centenário de nascimento de Jorge Amado promovendo debates sobre a obra do escritor baiano e o lançamento da coletânea Jorge Amado de Todas as Cores. A obra é resultado do seminário Atualidade em Jorge Amado, organizado pela Fundação Pedro Calmon e a Academia de
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Entre os 385 expositores presentes na Bienal – editores, livreiros, distribuidores, veículos de comunicação e instituições do setor – destacaram-se dois importantes espaços, dedicados à literatura baiana: o estande institucional do Governo do Estado e um estande destinado às editoras baianas.
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Nerivaldo Góes
ECONOMIA DA cultura
BAHIA: TERRA DA CULTURA Letras da Bahia. Já em 2013, o estande homenageou autores negros, entre eles Deoscóredes Maximiliano dos Santos, o Mestre Didi (1917-2013), o historiador Ubiratan Castro (1948-2013), o estudioso Edison Carneiro (1912-1972), o poeta Jonatas Conceição (1952-2009) e a ialorixá Stella de Oxóssi, nomeada este ano para a Academia Baiana de Letras. Já o estande destinado às editoras baianas buscou, ao mesmo tempo dar visibilidade aos livros publicados recentemente no estado e possibilitar o acesso do público a esta emergente produção editorial. Atendendo a uma chamada pública, sete editoras de pequeno e médio porte (Caramurê, Vento Leste, Quarteto, Todas as Falas, Editus, Kalango e Fundação Pierre Verger) que não participariam da Bienal, puderam expor e vender suas publicações durante todo o evento. Além delas, a União Baiana de Escritores também participou da Bienal.
Cachoeira/Flica Desde a primeira edição da Feira Literária Internacional de Cachoeira (Flica), realizada na cidade de Cachoeira Bahia, a Fundação Pedro Calmon contribui para sua realização através de financiamento direto. Somadas as duas edições do evento, foram investidos cerca de R$230 mil.
Flica - Cachoeira
Em 2012, a Fundação também participou da programação da Flica, através da presença do Feiramóvel – microônibus itinerante que possibilita o acesso do público aos livros publicados em co-edição pela FPC –, e da realização das inscrições do Prêmio Damário da Cruz, na cidade de Cachoeira. Já na primeira edição do evento em 2011, a FPC promoveu uma série de atividades culturais como encontro com escritores, sessão de autógrafos, seminários e recital de poesia.
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ECONOMIA DA cultura
Feira de Santana/Festival literário de Feira Outro evento realizado em Feira de Santana, também recebeu apoio da SecultBA. Criada com o objetivo de despertar a comunidade do município para a leitura, a Feira do Livro – Festival Literário e Cultural chegou a sua 5ª edição em 2012. Realizada a partir de convênio entre a Secretaria e a Universidade Estadual de Feira de Santana (Uefs), o evento conta com exposição e venda de livros, além de vasta programação com lançamento de livros, círculos de leitura, contação de histórias, recitais, palestras, oficinas, teatro, música e atividades de formação de leitor.
outro abc Seminários e debates – Por meio de parceria com a Academia de Letras da Bahia e outros fóruns de autores e livreiros, desde 2011, o projeto Seminários Novas Letras vem possibilitando a reflexão sobre importantes temas do universo dos livros e da leitura. O projeto consiste numa série de encontros mensais com os escritores baianos da atualidade, que, através de mesas-redondas, palestras e conferências abertas ao público, fortalecem a difusão da leitura e a disseminação da literatura no Estado. Dentre estes eventos, merece destaque no ano de 2012, a realização do Seminário Rede Produtiva do Livro, que contou com a presença da agente literária Marisa Moura (Página da Cultura), José Castilho (Secretário-executivo do Plano Nacional do Livro e Leitura), a editora Flávia Garcia Rosa (Edufba), o editor Rosel Soares (Casarão do Verbo) e o presidente da Liga Baiana de Editores (Libre), Haroldo Ceravolo. A mediação foi do escritor Carlos Ribeiro (ALB e UFRB) e da editora Márcia Tude (Livro.com). 144
Acervo FPC
BAHIA: TERRA DA CULTURA
Feirinha do livro no Campo Grande
Feirinha do livro - Mensalmente, livreiros e editores montam seus estandes na ampla Praça do Campo Grande, centro de Salvador, para realizar a já tradicional Feira Mensal de Livros do Campo Grande, sempre no primeiro domingo de cada mês, das 9h às 17h. Com o objetivo de democratizar o acesso de potenciais leitores, livros novos e usados são vendidos a preços populares pelos expositores, formados por editoras baianas, livreiros, sebos e autores independentes, através de entidades setoriais como a União Brasileira de Escritores - BA, que também contribuem para a dinamização da programação do evento com lançamentos de livros e sessões de autógrafo. Este ano, foram realizadas 22 edições da Feira Mensal de Livros do Campo Grande, que, nos anos de 2011 e 2012, atingiu uma média de público estimada em quatro mil pessoas.
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A
cooperação não acontece apenas entre culturas e territórios distintos, mas também entre áreas de reflexão e de práticas diferenciadas. Para desenvolver a cultura, é imprescindível considerar sua articulação, cada dia mais essencial, com campos afins. Nesse sentido, a SECULT busca desenvolver um trabalho colaborativo com outras áreas e secretarias, como educação, comunicação, ciência e tecnologia, turismo, economia, segurança pública, saúde, urbanismo e trabalho, entre outras. Não existem políticas culturais na atualidade sem educação e comunicação. A interface entre cultura, educação e comunicação é vital na contemporaneidade. A educação é, em boa medida, transmissão da herança cultural de uma geração à outra. Quando se fala em comunica-
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ção, não se deve esquecer que suas mídias não só transmitem cultura, mas são hoje gigantescas produtoras de cultura. A importância dessa visão colaborativa aparece também em outras áreas, a exemplo do patrimônio, como mostram as ações e projetos desenvolvidos, o turismo e a promoção da igualdade racial. O trabalho colaborativo, com outras áreas e suas instituições, emerge hoje como vital para fortalecer as políticas culturais e consolidá-las como políticas integradas de governo e mesmo políticas de estado, que transcendam governos.
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TRANSVERSALIDADES
Alargamento das TRANSVERSALIDADES CULTURAIS SECULT - SEMA/SETUR Festival de Lençóis Parceria entre a Secretaria de Turismo - Setur e a Secretaria do Meio Ambiente - Sema, com a finalidade de apoiar a realização do Festival de Lençóis, realizado em outubro de 2012 e 2013, evento que ocorre há 15 anos, reunindo atrações musicais, arte e educação ambiental.
SECULT - SETRE Programa Trilha das Artes Através da parceria entre a Secretaria de Cultura, a Secretaria do Trabalho, Emprego, Renda e Esporte e a Coordenação de Juventude da Secretaria de Relações Institucionais do Governo do Estado da Bahia, a concepção do programa “Na Trilha do Emprego” foi ampliada. Em 2012, além da formação de jovens para o mercado de trabalho em campos técnicos tradicionais, o programa “Na Trilha das Artes” promoveu na capital e em sete cidades do interior formação nas áreas mais diversas da cultura: de técnicas de palco e produção cultural, a cultura digital e mobilização de redes sociais. Em novembro de 2012, o Programa certificou 500 jovens de 16 a 29 anos, em situação de desemprego involuntário, cujas famílias estão cadastradas no Programa Bolsa Família do Governo Federal.
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FPC/SECULT - SEC
Program
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mas
CCPI / SECULT - SEPROMI Comissão de Sustentabilidade de Povos e Comunidades Tradicionais Desde novembro de 2011, o CCPI representa a SecultBA na Comissão de Sustentabilidade de Povos e Comunidades Tradicionais, coordenada pela SEPROMI, que tem como objetivo traçar as políticas para povos e comunidades tradicionais (povos ciganos, povos de santo, quilombolas, povos indígenas). São 15 representantes do governo e 15 da sociedade civil.
CCPI / SECULT - SERINTER Encontro Iberoamericano do Ano Internacional dos Afrodescendentes – Afro XXI Apoio para a programação cultural do Encontro Ibero Apoio para a programação cultural do Encontro Ibero Americano do Ano Internacional dos Afrodescendentes – Afro XXI, realizado no Centro Histórico em novembro de 2011.
CCPI / SECULT - SETUR Salão Baiano de Turismo Em maio de 2012, a SecultBA através do CCPI, realizou uma grande de exposição sobre cultura popular no I Salão Baiano de Turismo, promovido pela Secretaria de Turismo (SETUR), no Centro de Convenções de Salvador/BA. Tendo em vista sua missão de promover, valorizar e fortalecer as manifestações populares e de identidade do estado, o CCPI foi responsável pela concepção, articulação e execução da exposição sobre a diversidade cultural da Bahia e cortejo com a participação de vários grupos de cultura popular.
CCPI / SECULT - SCJDH Comitê LGBT O CCPI passou a integrar o Comitê Estadual de Promoção da Cidadania e Direitos Humanos de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais – Comitê LGBT. O órgão busca promover a articulação dos órgãos entidades envolvidos na implementação das ações que assegurem a promoção da cidadania e direitos humanos da população LGBT e é vinculado á Secretaria da Justiça, Cidadania e Direitos Humanos.
IPAC / SECULT - SEC Restauração dos Murais da Escola Parque
FPC/SECULT- SJCDH Memórias Reveladas das Lutas Políticas na Bahia (1964-1985)
FPC/SECU 149 Plano Estad
Apoio para a programação cultural do Encontro Ibero Apoio para a programação cultural do Encontro Ibero Americano do Ano Internacional dos Afrodescendentes – Afro XXI, realizado TRANSVERSALIDADES no Centro Histórico em novembro de 2011.
Alargamento das TRANSVERSALIDADES CULTURAIS
CCPI / SECULT - SC Comitê LGBT
O CCPI passou a integrar o da Cidadania e Direitos Bissexuais, Travestis e Tran IPAC / SECULT - SEC busca promover a articu na implementa Restauração dos Murais daenvolvidos Escola Parque promoção da cidadania e d Através de um convênio firmado entre a SecultBA, o Instituto á Sec LGBT e é vinculado do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia (IPAC) e a Direitos Humanos. Secretaria de Educação do Estado da Bahia (SEC), foi iniciada,
em 2012, a restauração de nove obras de arte – entre murais e painéis sobre madeira de grandes dimensões, além de uma tela – do Centro Educacional Carneiro Ribeiro (Escola Parque e Escolas Classes I, II e III) no bairro da Caixa D´água, em Salvador, tombado como Patrimônio da Bahia desde 1981 por sua importância arquitetônica. As obras, pintadas entre as décadas de 1940 e 1950, são de artistas plásticos renomados nacional e internacionalmente como Maria Célia Amado, Carlos Magano, JennerFPC/SECULTAugusto, Carybé, CarlosSJCDH Bastos e Djanira Motta da Silva. Dois afrescos já foram restaurados e IPAC / SECULT - SEC Memórias Reveladas das Lutas Polí devolvidos à população em junho de 2013. Além da (1964-1985) Restauração dos Murais da Escola Parquerestauração, o convênionanoBahia valor de R$ 1,2 milhão, inclui ações de educação patrimonial para a comunidade, com visitas dirigidas às obras, produção de videodocumentário e iniciativaada Casa Civil da Presi Através de um convênio firmado entre a SecultBA, o Instituto elaboração de cartilhasPor em quadrinhos serem distribuídas elaborado de ensino. o projeto Memória do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia (IPAC) entre e aalunos da rede pública
Secretaria de Educação do Estado da Bahia (SEC), foi iniciada, em 2012, a restauração de nove obras de arte – entre murais e painéis sobre madeira de grandes dimensões, além de uma tela – do Centro Educacional Carneiro Ribeiro (Escola Parque e Escolas Classes I, II e III) no bairro da Caixa D´água, em Salvador, tombado como Patrimônio da Bahia desde 1981 por sua importância arquitetônica. As obras, pintadas entre as décadas de 1940 e 1950, são de artistas plásticos renomados nacional e internacionalmente como Maria Célia Amado, Carlos Magano, Jenner Augusto, Carybé, Carlos Bastos e Djanira Motta da Silva. Dois afrescos já foram restaurados e devolvidos à população em junho de 2013. Além da restauração, o convênio no valor de R$ 1,2 milhão, inclui ações de educação patrimonial para a comunidade, com visitas dirigidas às obras, produção de videodocumentário e elaboração de cartilhas em quadrinhos a serem distribuídas entre alunos da rede pública de ensino.
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implementado no Estado da Bah Justiça, Cidadania e Direitos Huma objetiva difundir a memória e hist na Bahia entre as décadas de 1960
FPC/SECU Rota da Ind
Realizado em Cidadão - SAC do Recôncavo Independência da Biblioteca M Fundação Ped contação de h tivos, recitais cidade de Cach pio se transfor
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Sema, com a finalidade de apoiar a l de Lençóis, realizado em outubro de o que ocorre há 15 anos, reunindo rte e educação ambiental.
FPC/SECULT- SJCDH
E Memórias Reveladas das Lutas Políticas Bahia (1964-1985) dasnaArtes
Por iniciativa da Casa Civil da Presidência da República foi entre a Secretaria de Cultura, a elaborado o projeto Memórias Reveladas, sendo ho,implementado Emprego, Renda e Esporte e a no Estado da Bahia pela Secretaria de entude daCidadania Secretaria de Relações Justiça, e Direitos Humanos - SJCDH. O projeto Governo dodifundir Estado da Bahia, a das lutas políticas objetiva a memória e história rama “Na Trilha Emprego” na Bahia entre asdo décadas de 1960foi e 1980.
FPC/SECULT - SEC Plano Estadual do livro e Leitura (PELL) O Plano Estadual do Livro e Leitura apresenta os 11 objetivos, 8 estratégias e 51 ações que vão orientar as ações do setor nos próximos dez anos (2013-2022). Sob a coordenação das Secretarias da Cultura e da Educação da Bahia, o Conselho Deliberativo do Plano Estadual do Livro e Leitura do Estado da Bahia realizou, entre julho de 2012 e janeiro de 2013, diversas atividades que conduziram à elaboração deste documento, que se organiza em torno de três eixos temáticos: Democratização do acesso, Valorização da leitura como prática social e Desenvolvimento da economia do livro. Este Plano já passou por consulta pública e será submetido à Assembleia Legislativa.
além da formação de jovens para o o em campos técnicos tradicionais, ha das Artes” promoveu na capital FPC/SECULT- SAEB o interior formação nas áreas mais Rota da Independência da Bahia : de técnicas de palco e produção digital e mobilização de redes Realizado em parceria com o Serviço de Atendimento ao bro de 2012, o Programa certificou Cidadão - SAC Móvel,o projeto circula por oito municípios 29 anos, em situação de desemdo Recôncavo Baiano que protagonizaram a saga da cujas famílias estãoIndependência cadastradasda Bahia. A Rota conta com a participação Família do Governo Federal. da Biblioteca Móvel da Biblioteca de Extensão – BIBEX da
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Bahia desde a ância do ensino a rede pública Instituto Anísio verno do Estado no currículo do
FPC/SECU Programa P
Fundação Pedro Calmon, por meio de atividades de contação de histórias, pintura e desenho, jogos educativos, recitais de poesia e palestras. O roteiro começa na cidade de Cachoeira, em 25 de junho, dia em que o município se transforma na capital do Estado.
O Programa d implantar uma integrada, qu humanos, red vulnerabilidad construídas d secretarias de com o Progra Biblioteca Mó Fundação Ped de atendimen mos domicilia do Rio Vermel Escola de Dan Dança, no Ce Amaralina, c consolida-se a Dança, atende
FPC/SECULT - SEC Curso Ensino de História da Bahia A atividade, que aborda a História da Bahia desde a Colônia até a República, ressaltou a importância do ensino de história do estado para os alunos da rede pública estadual. A parceria entre a FPC/SECULT e o Instituto Anísio Teixeira/SEC faz parte de uma ação do Governo do Estado para inserir a disciplina História da Bahia no currículo do Ensino Básico. Em 2013, com duração de cinco meses, foi abordado um módulo por mês atendendo a um total de 1.383 participantes.
FPC/SECULT - SSP Programa Pacto Pela Vida O Programa do Governo Estadual Pacto pela Vida visa implantar uma política de segurança pública transversal e integrada, que projete a cidadania, garanta os direitos humanos, reduza os índices de criminalidade, violência e vulnerabilidade das comunidades, com base em ações construídas de forma pactuada junto à sociedade e as secretarias de governo. A parceria da Secretaria de Cultura com o Programa tem como destaque duas ações: a Biblioteca Móvel da Biblioteca de Extensão, vinculada à Fundação Pedro Calmon, que promove o acesso a serviços de atendimento e funções de biblioteca como empréstimos domiciliar, consulta e pesquisa no Calabar, Chapada do Rio Vermelho e Fazenda Coutos; e a implantação, pela Escola de Dança da FUNCEB o Núcleo de Formação em Dança, no Centro Social Urbano - CSU do Nordeste de Amaralina, cujo programa de iniciação em dança consolida-se através do Curso de Qualificação Artística em Dança, atendendo inicialmente a 150 crianças e jovens.
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TRANSVERSALIDADES
Alargamento das TRANSVERSALIDADES CULTURAIS SECULT-SEPLAN Pesquisas e publicações sobre o mapa cultural da Bahia e economia criativa Mensurar os impactos da festa nas economias locais a partir da cadeia produtiva que abastece o São João. Este é SECULT-SEPLAN o objetivo da pesquisa Efeitos da Festa de São João em Pesquisas e publicações o mapa Municípios Selecionados, que ouviusobre empresários, atores cultural e economia culturais da e Bahia informais. Realizadocriativa em 2013 pela Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia – SEI/SEPLAN, comeconomias a SecultBA locais e SETUR, Mensurar os impactosemdaparceria festa nas a o estudo reuniu dados primários e secundários nove partir da cadeia produtiva que abastece o São João.deEste é tradicionalmente ocorrem festejos omunicípios objetivo daonde pesquisa Efeitos da Festa de SãoosJoão em juninos: Amargosa, Cachoeira, Cruzempresários, das Almas, atores Jequié, Municípios Selecionados, que ouviu Lençóis, Mucugê, Santo Antônio de Jesus, Senhor do culturais e informais. Realizado em 2013 pela Bonfim e Piritiba. Já a publicação Bahia Criativa: Diretrizes Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da e Iniciativas para o Desenvolvimento Economia Criativa Bahia – SEI/SEPLAN, em parceria com da a SecultBA e SETUR, na Bahia é um plano de desenvolvimento da economia o estudo reuniu dados primários e secundários de nove criativa paraonde o estado, com objetivoocorrem de sistematizar uma municípios tradicionalmente os festejos carteira de iniciativas integradas para fortalecer juninos: Amargosa, Cachoeira, Cruz das Almas, Jequié,a dimensãoMucugê, econômica do segmento. fase conclusão, Lençóis, Santo Antônio deEmJesus, Senhor doa publicação foi elaborada pelo Grupo de Trabalho Bahia Bonfim e Piritiba. Já a publicação Bahia Criativa: Diretrizes Criativa, que reúne 17 instituições da administração e Iniciativas para o Desenvolvimento da Economia Criativa pública e entidades não governamentais, sob na Bahiaestadual é um plano de desenvolvimento da economia coordenação da SecultBA. criativa para o estado, com objetivo de sistematizar uma carteira de iniciativas integradas para fortalecer a dimensão econômica do segmento. Em fase conclusão, a publicação foi elaborada pelo Grupo de Trabalho Bahia Criativa, que reúne 17 instituições da administração pública estadual e entidades não governamentais, sob coordenação da SecultBA.
SECULT-SERIN
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SECULT-SEC/SETUR/SEFAZ Bienal do Livro da Bahia (2011 e 2013) O Governo do Estado é o patrocinador master da Bienal do Livro da Bahia, evento literário mais importante do estado, onde os visitantes têm a oportunidade de se SECULT-SEC/SETUR/SEFAZ aproximar dos seus autores favoritos, folhear livros, Bienal do Livro da Bahia (2011 ee2013) viajar por lugares desconhecidos participar de atividades culturais, lançamentos, oficinas e debates. 2013, ado11ªEstado ediçãoé do evento foi realizada noBienal Centro OEm Governo o patrocinador master da deLivro Convenções deevento Salvador, em novembro, e contou do da Bahia, literário mais importante do com 385onde expositores. estado, os visitantes têm a oportunidade de se No estandedos dasseus secretarias estado, houve uma série aproximar autoresdefavoritos, folhear livros, de atividades envolvendo o livro, a leitura e a literatura, viajar por lugares desconhecidos e participar de com a presença delançamentos, autores paraoficinas leiturase debates. públicas, atividades culturais, contação oficinas no e debates Em 2013, ade 11ªhistórias, edição dolançamentos, evento foi realizada Centro emConvenções torno da cadeia produtiva criativa doe livro da de de Salvador, em enovembro, contou Bahia. 2013, o espaço homenageou importantes com 385Em expositores. representantes da culturadeafro-brasileira, entresérie eles No estande das secretarias estado, houve uma Deoscóredes Maximilianoo livro, dos Santos, Didi de atividades envolvendo a leitura oe aMestre literatura, (1917-2013), o historiador Ubiratan (1948-2013), com a presença de autores paraCastro leituras públicas,o estudiosodeEdison Carneiro (1912-1972), o poeta Jonatas contação histórias, lançamentos, oficinas e debates Conceição (1952-2009) e a ialorixá Stela dedoOxóssi. Em em torno da cadeia produtiva e criativa livro da 2011, aEm 10º 2013, ediçãoodo eventohomenageou homenageou importantes o Centenário Bahia. espaço de Nascimento da do cultura escritor afro-brasileira, Jorge Amado, comemorado representantes entre eles em agosto deMaximiliano 2012. Deoscóredes dos Santos, o Mestre Didi (1917-2013), o historiador Ubiratan Castro (1948-2013), o estudioso Edison Carneiro (1912-1972), o poeta Jonatas Conceição (1952-2009) e a ialorixá Stela de Oxóssi. Em 2011, a 10º edição do evento homenageou o Centenário de Nascimento do escritor Jorge Amado, comemorado em agosto de 2012.
Bienal dos Jovens Criadores da CPLP)
SECULT-SETUR/SECOM Carnaval
Em sua sexta edição, a primeira realizada no Brasil, a Bienal de Jovens Criadores da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) aconteceu de 03 a 07 de dezemSECULT-SERIN bro, em Salvador, e teve como tema "Política de Juventude Bienal dosLivre". JovensACriadores CPLP)do evento foi contribuir e Cultura principal da diretriz
Em 2013, a SecultBA investiu aproximadamente R$ 14,5 milhões na maior festa popular de rua do mundo, o Carnaval de Salvador. A programação contempla os já SECULT-SETUR/SECOM tradicionais Carnaval do Pelô, Carnaval Ouro Negro e o Carnaval Carnaval Pipoca, além do Palco do Rock, que garantem
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SECULT/SEC Edital para premiação de literatura infantil Um concurso das secretarias da Educação e de Cultura do Estado da Bahia irá selecionar 42 obras literárias infantis ilustradas, inéditas ou não. As inscrições foram encerradas em novembro de 2013. Serão premiados autores baianos, cujos textos literários tenham ênfase na tradição das culturas populares baianas e sejam voltados para estudantes do primeiro ano do ensino fundamental. As obras contempladas serão editadas e impressas pelas secretarias e utilizadas no âmbito do Programa Pacto pela Educação, que visa alfabetizar todas as crianças com até sete anos de idade. Os vencedores receberão R$ 10 mil para cada obra selecionada.
SECULT/SEMA Parque de Pituaçu / Espaço Mário Cravo O Parque Metropolitano de Pituaçu é um dos raros e mais belos parques ecológicos brasileiros situados dentro da área urbana, remanescente da Mata Atlântica. Além de atividades esportivas, são realizadas atividades sociais de educação ambiental com escolas, grupos sociais ou empresas. No local, encontra-se o Espaço Mário Cravo (EMC) - Parque das Esculturas, onde os visitantes podem apreciar esculturas do acervo do artista. Aí acontece o Programa de Integração com a Rede de Ensino do EMC, que funciona com base no Sistema SECULT/Várias secretarias de Aprendizado, criado pelo próprio escultor, que consiste Plano Bahia Criativa em ensinar, aliando teoria e prática. Crianças realizam também uma visita guiada à galeria que oferece exposição paraOo despertar da sensibilidade imaginação. Plano Bahia Criativa teme da como objetivo planejar e promover ações de fomento aos segmentos da economia criativa, considerada o um grande motor do desenvolvimento no século XXI. A SecultBA, através da Diretoria de Economia da Cultura, ligada à Suprocult, reuniu representantes de órgãos e entidades da administração pública estadual e entidades não governamentais, para formarem o Grupo de Trabalho (GT) Bahia Criativa, que trabalha desde agosto de 2012 para compor esse documento. O Plano aponta diretrizes, metas e fontes de recursos para ações voltadas para linhas de atuação do setor. Cinco comissões temáticas foram instituídas para debater e formular propostas para cada uma das linhas de atuação do Plano Bahia Criativa: Territórios Culturais, Promoção,
Bonfim e Piritiba. Já a publicação Bahia Criativa: Diretrizes e Iniciativas para o Desenvolvimento da Economia Criativa TERRA CULTURA na Bahia é um plano de BAHIA: desenvolvimento da DA economia criativa para o estado, com objetivo de sistematizar uma carteira de iniciativas integradas para fortalecer a dimensão econômica do segmento. Em fase conclusão, a publicação foi elaborada pelo Grupo de Trabalho Bahia Criativa, que reúne 17 instituições da administração pública estadual e entidades não governamentais, sob coordenação da SecultBA.
SECULT/SEMA Parque de Pituaçu / Espaço Mário Cravo
O Parque Metropolitano de Pituaçu é um dos raros e mais belos parques ecológicos brasileiros situados dentro da área urbana, remanescente da Mata Atlântica. Além de atividades esportivas, são realizadas atividades sociais de educação ambiental com escolas, grupos sociais ou empresas. No local, encontra-se o Espaço Mário Cravo (EMC) - Parque das Esculturas, onde os visitantes podem apreciar esculturas do SECULT-SERIN acervo do artista. Aí acontece o Programa de Integração com a Bienal Jovensdo Criadores dafunciona CPLP) com base no Sistema Rededos de Ensino EMC, que de Aprendizado, criado pelo próprio escultor, que consiste Ememsuaensinar, sexta edição, primeira realizada no Brasil, a aliando ateoria e prática. Crianças realizam Bienal de Jovens Criadores dos Países de também uma visita guiadadaà Comunidade galeria que oferece exposição Língua (CPLP) aconteceue da deimaginação. 03 a 07 de dezempara oPortuguesa despertar da sensibilidade bro, em Salvador, e teve como tema "Política de Juventude e Cultura Livre". A principal diretriz do evento foi contribuir para a integração e construção de novos caminhos para a formação cidadã das juventudes de seus países membros, por meio da aproximação e troca entre as diferentes identidades culturais e das políticas públicas para a juventude. As ações propostas, seja no campo da aproximação pessoal, da vivência, apreciação e identificação com as criações artísticas, bem como da discussão e reflexão sobre temas contemporâneos e politizados, promovem uma aproximação singular que tem a intenção de ser transformadora. Além dos jovens brasileiros, a VI Bienal contou com a participação de representantes de mais sete países da CPLP: Angola, Cabo Verde, Guiné Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor Leste.
SECULT/SETUR Festas juninas de Justiça, O SECULT-Secretaria ciclo de festejos juninos ganha uma programação especial no Pelourinho, a cada ano. Em 2013, em um Cidadania e Direitos Humanos total de oito dias da maior festa regional Brasil, o Conselho Estadual de pessoa comdo deficiência São João, o Pelô recebeu cerca de 120 mil pessoas. Foram realizadas apresentações gratuitas de alguns O Conselho Estadual Da Pessoa com Deficiência dos maiores nomes da música nordestina, como (COEDE) é órgão colegiado integrante da estrutura da Alceu Valença, Genival Lacerda, Zelito Miranda, Secretaria de Justiça, Cidadania e Direitos Humanos e Gilberto Gil e Elba Ramalho. A realização do São João tem como objetivo formular políticas e diretrizes e 153 do Pelô é uma parceria entre a Bahiatursa/Secretaria avaliar os programas e ações governamentais voltados do Turismo e a SecultBA. para a defesa dos direitos da pessoa com deficiência. É ele que aprova planos e programas elaborados por
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SECULT-SERIN
Bienal dos Jovens CriadoresTRANSVERSALIDADES da CPLP) Em sua sexta edição, a primeira realizada no Brasil, a
SECULT-SERIN Bienal de Jovens Criadores da Comunidade dos Países de
SECULT-SETUR/SECOM Carnaval Em 2013, a SecultBA investiu aproximadamente R$ 14,5 SECULT-SETUR/SECOM milhões na maior festa popular de rua do mundo, o Carnaval Carnaval de Salvador. A programação contempla os já
Alargamento das tradicionais Carnaval do Pelô, Carnaval Ouro Negro e o EmCarnaval 2013, a SecultBA 14,5 Pipoca, investiu além do aproximadamente Palco do Rock, queR$ garantem TRANSVERSALIDADES milhões na maior festa popular de rua do mundo, o o a diversidade musical e cultural à festa, bem como SECULT-SEC/SETUR/SEFAZ Carnaval de Salvador. A programação contempla os já acessodo democrático às manifestações populares. Bienal Livro dadoBahia (2011 eOuro 2013) tradicionais Carnaval Pelô, Carnaval Negro e o CULTURAIS Carnaval Pipoca, além do Palco do Rock, que garantem
Bienal dos Jovens Criadores da CPLP) Língua Portuguesa (CPLP) aconteceu de 03 a 07 de dezembro, em Salvador, e teve como tema "Política de Juventude Em esua sexta edição, a primeira realizada no foi Brasil, a Cultura Livre". A principal diretriz do evento contribuir Bienal de Jovens Criadores da Comunidade dos Países de para a integração e construção de novos caminhos para a SECULT-SEPLAN Língua Portuguesa aconteceude deseus 03 apaíses 07 de dezemformação cidadã(CPLP) das juventudes membros, Pesquisas e publicações sobre o diferentes mapa bro, em Salvador, e teve como tema "Política de as Juventude por meio da aproximação e troca entre e Cultura Livre". A principal diretriz do evento foi contribuir cultural da Bahia e economia criativa identidades culturais e das políticas públicas para a parajuventude. a integração e construção de novos caminhos para a As ações propostas, seja no campo da aproxiformação cidadã das juventudes de seus países membros, mação pessoal, da vivência, e identificação Mensurar os impactos da festaapreciação nas economias locais a porpartir meio aproximação e troca entre com asda criações artísticas, bem comoo as da diferentes discussão da cadeia produtiva que abastece São João. Este ée identidades culturais e das políticas públicas para temas contemporâneos politizados, oreflexão objetivo sobre da pesquisa Efeitos da Festa de eSão João aem juventude. As Selecionados, ações propostas, no empresários, campo da aaproxipromovem uma aproximação singular que tem intenção Municípios queseja ouviu atores mação pessoal, da vivência, apreciação e identificação de ser transformadora. dos jovens a VI culturais e informais.Além Realizado embrasileiros, 2013 pela com as criações bem Econômicos como discussão Bienal contou artísticas, comdea Estudos participação deda representantes de Superintendência e Sociais eda reflexão sobre temasda contemporâneos e politizados, mais –sete países CPLP: Angola, Verde, Guiné Bahia SEI/SEPLAN, em parceria com aCabo SecultBA e SETUR, promovem aproximação singularSão tem aeintenção Moçambique, Portugal, Tomé Príncipe oBissau, estudouma reuniu dados primários e que secundários de novee demunicípios ser transformadora. Além dos jovens brasileiros, a VI Timor Leste.onde tradicionalmente ocorrem os festejos Bienal contou com a participação de representantes de juninos: Amargosa, Cachoeira, Cruz das Almas, Jequié, mais sete países da CPLP: Angola, Cabo Verde, Guiné Lençóis, Mucugê, Santo Antônio de Jesus, Senhor do Bissau, São Tomé e Príncipe e BonfimMoçambique, e Piritiba. Já aPortugal, publicação Bahia Criativa: Diretrizes Timor Leste. e Iniciativas para o Desenvolvimento da Economia Criativa na Bahia é um plano de desenvolvimento da economia SECULT/SETUR criativa para o estado, com objetivo de sistematizar uma Festas de juninas carteira iniciativas integradas para fortalecer a dimensão econômica do segmento. Em fase conclusão, a O ciclo defoi festejos juninos programação publicação elaborada pelo ganha Grupo uma de Trabalho Bahia SECULT/SETUR especialque no Pelourinho, a cada ano.daEmadministração 2013, em um Criativa, reúne 17 instituições Festas juninas total deestadual oito diase da maior festa regional do Brasil, pública entidades não governamentais, sobo São João, odaPelô recebeu cerca de 120 mil pessoas. coordenação SecultBA. O ciclo derealizadas festejos juninos ganha uma programação Foram apresentações gratuitas de alguns especial no Pelourinho, a cada ano. Em 2013, em um dos maiores nomes da música nordestina, como total de oito dias da Genival maior festa regionalZelito do Brasil, o Alceu Valença, Lacerda, Miranda, SãoGilberto João, oGil Pelô recebeu cerca de 120 mil pessoas. e Elba Ramalho. A realização do São João Foram realizadas apresentações de alguns do Pelô é uma parceria entre agratuitas Bahiatursa/Secretaria dosdomaiores nomes da música nordestina, como Turismo e a SecultBA. Alceu Valença, Genival Lacerda, Zelito Miranda, Gilberto Gil e Elba Ramalho. A realização do São João do Pelô é uma parceria entre a Bahiatursa/Secretaria do Turismo e a SecultBA.
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Em sua sexta edição, a primeira realizada no Brasil, a Bienal de Jovens Criadores da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) aconteceu de 03 a 07 de dezembro, em Salvador, e teve como tema "Política de Juventude e Cultura Livre". A principal diretriz do evento foi contribuir para a integração e construção de novos caminhos para a formação cidadã das juventudes de seus países membros, por meio da aproximação e troca entre as diferentes identidades culturais e das políticas públicas para a juventude. As ações propostas, seja no campo da aproximação pessoal, da vivência, apreciação e identificação com as criações artísticas, bem como da discussão e reflexão sobre temas contemporâneos e politizados,
Governo domusical Estado éeocultural patrocinador master Bienal aOdiversidade à festa, bem da como o do Livro da Bahia, evento literário mais importante do acesso democrático às manifestações populares. estado, onde os visitantes têm a oportunidade de se aproximar dos seus autores favoritos, folhear livros, SECULT/SECOM viajar por lugares desconhecidos e participar de Política paralançamentos, audiovisualoficinas e debates. atividades culturais, Em 2013, a 11ª edição do evento foi realizada no Centro A SecultBAdetem como objetivo, na área do de SECULT/SECOM Convenções Salvador, em novembro, e audiovisual, contou deexpositores. fortalecer o setor e sua radiodifusão, em articulação com 385 Política para audiovisual com adas sociedade, paradepromover a cidadania, a democNo estande secretarias estado, houve uma série racia e aenvolvendo diversidadeo cultural da Bahia. Fazem parte do de atividades livro, a leitura e a literatura, tem como objetivo, na àleituras área do audiovisual, dede Fomento e Apoio Produção Audiovisual: comA SecultBA aPrograma presença autores para públicas, de fortalecer o setor e sua radiodifusão, emem o Festival Nacional de Vídeo – Imagem 5 Minutos e contação de histórias, lançamentos, oficinas earticulação debates sociedade, promover a cidadania, a democo aDesenvolvimento de Roteiros de Longa-Metragem, em com torno da cadeiapara produtiva e criativa do livro da racia e a 2013, diversidade cultural da Bahia. Fazem do da além do Programa Memória Audiovisual eparte Sonora Bahia. Em o espaço homenageou importantes Programa de Fomento e Apoio à Produção Audiovisual: Bahia, através da Cinemateca da Bahia.entre O Programa representantes da cultura afro-brasileira, eles de o Festival Nacional Imagem 5 Minutos e Fomento e Apoiodeà Vídeo Difusão realiza oasem seguintes Deoscóredes Maximiliano dos –Santos, Mestre Didiações: o Desenvolvimento de Roteiros de Longa-Metragem, a revitalização daUbiratan Sala Walter Silveira, Quartas (1917-2013), o historiador Castroda(1948-2013), o além doEdison Programa Memória Audiovisual e Sonora da Baianas, Cinema no(1912-1972), Vestibular, especiais, estudioso Carneiro o Sessões poeta Jonatas Bahia, através da Cinemateca da Bahia. O Programa Cinema Paradiso, é um Show Conceição (1952-2009) e aProjeto ialorixáSua StelaNota de Oxóssi. Emde de Fomento e Apoio à Difusão realiza as seguintes ações: e Ciranda Brasilhomenageou de Cinema. o Centenário 2011, aCinema 10º edição do evento revitalização da Sala Jorge Walter da Silveira, Quartas de aNascimento do escritor Amado, comemorado Baianas, Cinema no Vestibular, Sessões especiais, em agosto de 2012. Cinema Paradiso, Projeto Sua Nota é um Show de Cinema e Ciranda Brasil de Cinema.
SECULT-SETUR/SECOM Carnaval Em 2013, a SecultBA investiu aproximadamente R$ 14,5 milhões na maior festa popular de rua do mundo, o Carnaval de Salvador. A programação contempla os já tradicionais Carnaval do Pelô, Carnaval Ouro Negro e o Carnaval Pipoca, além do Palco do Rock, que garantem a diversidade musical e cultural à festa, bem como o acesso democrático às manifestações populares.
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Educação, que visa alfabetizar todas as crianças com até sete anos de idade. Os vencedores receberão R$ 10 mil para cada obra selecionada.
SECULT/SEC Edital para premiação de literatura infantil Um concurso das secretarias da Educação e de Cultura do Estado da Bahia irá selecionar 42 obras literárias infantis ilustradas, inéditas ou não. As inscrições foram encerradas em novembro de 2013. Serão premiados autores baianos, SECULT/Várias secretarias cujos textos literários tenham ênfase na tradição das Plano Bahia Criativa culturas populares baianas e sejam voltados para estudantes do primeiro ano do ensino fundamental. As O Plano Bahia como objetivo obras contempladas serão Criativa editadastem e impressas pelas planejar e promover ações de fomento aos segmentos secretarias e utilizadas no âmbito do Programa Pacto pelada economia criativa, considerada o umasgrande do desenvolviEducação, que visa alfabetizar todas criançasmotor com até mento no século XXI. A SecultBA, através da SECULT/Várias secretarias sete anos de idade. Os vencedores receberão R$ 10 milDiretoria de Economia da Cultura, ligada para cada obra selecionada. Plano Bahia Criativa à Suprocult, reuniu representantes de órgãos e entidades da administração pública estadual e entidades não governamentais, para formarem O Plano Bahia Criativa tem como objetivo planejar e o Grupo de Trabalho (GT) Bahia Criativa, que trabalha promover ações de fomento aos segmentos da economia desde agosto de 2012 para compor esse documento. O criativa, considerada o um grande motor do desenvolviPlano aponta diretrizes, metas e fontes de recursos para mento no século XXI. A SecultBA, através da Diretoria de ações voltadas para linhas de atuação do setor. Cinco Economia da Cultura, ligada à Suprocult, reuniu representcomissões temáticas foram instituídas para debater e antes de órgãos e entidades da administração pública formular propostas para cada uma das linhas de atuação estadual e entidades não governamentais, para formarem do Plano Bahia Criativa: Territórios Culturais, Promoção, o Grupo de Trabalho (GT) Bahia Criativa, que trabalha Fomento Especializado, Formação e qualificação e desde agosto de 2012 para compor esse documento. O Informação e Reflexão. Plano aponta diretrizes, metas e fontes de recursos para ações voltadas para linhas de atuação do setor. Cinco comissões temáticas foram instituídas para debater e formular propostas para cada uma das linhas de atuação do Plano Bahia Criativa: Territórios Culturais, Promoção, Fomento Especializado, Formação e qualificação e Informação e Reflexão.
SECULT/Várias secretarias Plano Bahia Criativa O Plano Bahia Criativa tem como objetivo planejar e promover ações de fomento aos segmentos da economia criativa, considerada o um grande motor do desenvolvimento no século XXI. A SecultBA, através da Diretoria de Economia da Cultura, ligada à Suprocult, reuniu representantes de órgãos e entidades da administração pública estadual e entidades não governamentais, para formarem o Grupo de Trabalho (GT) Bahia Criativa, que trabalha desde agosto de 2012 para compor esse documento. O Plano aponta diretrizes, metas e fontes de recursos para ações voltadas para linhas de atuação do setor. Cinco comissões temáticas foram instituídas para debater e formular propostas para cada uma das linhas de atuação
Rede de Ensino do EMC, que funciona com base no Sistema de Aprendizado, criado pelo próprio escultor, que consiste BAHIA: TERRA DA realizam CULTURA em ensinar, aliando teoria e prática. Crianças também uma visita guiada à galeria que oferece exposição para o despertar da sensibilidade e da imaginação.
SECULT/SEMA Parque de Pituaçu / Espaço Mário Cravo O Parque Metropolitano de Pituaçu é um dos raros e mais belos parques ecológicos brasileiros situados dentro da área urbana, remanescente da Mata Atlântica. Além de atividades esportivas, são realizadas atividades sociais de educação ambiental com escolas, grupos sociais ou empresas. No local, encontra-se o Espaço Mário Cravo (EMC) - Parque das Esculturas, onde os visitantes podem apreciar esculturas do acervo do artista. Aí acontece o Programa de Integração com a Rede de Ensino do EMC, que funciona de com Justiça, base no Sistema SECULT-Secretaria de Aprendizado, criado pelo próprio escultor, que consiste Cidadania e Direitos em ensinar, aliando teoria e prática. Humanos Crianças realizam Estadual deque pessoa deficiência também Conselho uma visita guiada à galeria oferececom exposição para o despertar da sensibilidade e da imaginação. O Conselho Estadual Da Pessoa com Deficiência (COEDE) é órgão colegiado integrante da estrutura da SECULT-Secretaria de Justiça, Secretaria de Justiça, Cidadania e Direitos Humanos e tem como objetivo formularHumanos políticas e diretrizes e Cidadania e Direitos avaliar os programas ações governamentais voltados Conselho Estaduale de pessoa com deficiência para a defesa dos direitos da pessoa com deficiência. É ele que aprova planos e programas elaborados por O Conselho Estadual Da Pessoa com Deficiência órgãos e entidades da administração pública estadual (COEDE) é órgão colegiado integrante da estrutura da relacionados aos interesses e direitos da pessoa com Secretaria de Justiça, Cidadania e Direitos Humanos e deficiência. Além disso, zela pela implantação da tem como objetivo formular políticas e diretrizes e Política Estadual para inclusão da pessoa com avaliar os programas e ações governamentais voltados deficiência, acompanha o planejamento, as resoluções para a defesa dos direitos da pessoa com deficiência. É das conferências específicas e avalia a execução das ele que aprova planos e programas elaborados por políticas setoriais de educação, saúde, trabalho, órgãos e entidades da administração pública estadual assistência social, transporte, cultura, turismo, relacionados aos interesses e direitos da pessoa com desporto, lazer e política urbana relativas à pessoa deficiência. Além disso, zela pela implantação da com deficiência. Política Estadual para inclusão da pessoa com deficiência, acompanha o planejamento, as resoluções das conferências específicas e avalia a execução das políticas setoriais de educação, saúde, trabalho, assistência social, transporte, cultura, turismo, desporto, lazer e política urbana relativas à pessoa com deficiência.
SECULT-Secretaria de Justiça, Cidadania e Direitos Humanos Conselho Estadual de pessoa com deficiência O Conselho Estadual Da Pessoa com Deficiência (COEDE) é órgão colegiado integrante da estrutura da Secretaria de Justiça, Cidadania e Direitos Humanos e tem como objetivo formular políticas e diretrizes e avaliar os programas e ações governamentais voltados para a defesa dos direitos da pessoa com deficiência. É
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em é preciso conhecer as cifras dos investimentos públicos em cultura para entender que, na Bahia, há algo de novo na gestão dos espaços culturais. Da capital ao interior, os 17 equipamentos administrados pela Secretaria de Cultura do Estado da Bahia (SecultBA), por intermédio da Diretoria de Espaços Culturais (DEC), ganharam uma nova dinâmica com a política de gestão do setor. Todos os anos, ações estruturadas pelo governo têm atraído a centros de
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Cultural cultura, teatros, bibliotecas e museus um público cada vez maior. Conferências, encontros e festivais, aliados à comemoração de datas históricas, incrementam o menu de entretenimento a preços populares a todas as camadas sociais. Ações de fomento beneficiam a classe artística e cultural, revelam novos talentos, facilitam o acesso às artes e promovem, de quebra, promovem a inclusão social.
BAHIA: TERRA DA CULTURA
DiAlogos na histOria Projetos incentivam debate sobre a cultura, preservam a memória e estimulam qualificação
Conversando sobre a sua história Que tal uma aula gratuita de história da Bahia, com pinceladas de literatura, cinema e cultura popular? É assim o curso Conversando com a sua História, promovido há nove anos pelo Centro de Memória da Bahia da Fundação Pedro Calmon. Estudantes do ensino médio e superior, docentes e pesquisadores participam de encontros gratuitos que tratam de assuntos como pós-abolição da escravatura e história oral. Para o ano de 2013, foram programados 20 encontros. Foram realizadas 45 palestras que abordaram diversos aspectos da História da Bahia do período colonial à atualidade, desenvolvidos por historiadores, professores universitários, doutores e mestres em História.
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Adenor Gondim
Conversas Plugadas escritor Mia Couto
Conversando sobre o Patrimônio Buscando possibilitar e promover o diálogo entre o poder público e a sociedade civil acerca do patrimônio cultural – material e imaterial – na Bahia, o Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia (IPAC) criou o projeto “Conversando Sobre Patrimônio”. O objetivo é estabelecer discussões sobre as políticas públicas de salvaguarda e preservação dos bens culturais. Para tanto, foram realizados, em 2011, encontros mensais no Conselho Estadual de Cultura entre profissionais de instituições culturais, pesquisadores, universitários, dirigentes e técnicos municipais, estaduais e federais, e representantes da sociedade civil organizada. 158
BAHIA: TERRA DA CULTURA Além de auxiliar nas diretrizes das políticas públicas culturais, o Projeto publicou a Coleção Apostilas do IPAC, com as compilações desses debates públicos. Entre os temas discutidos estão: plano de salvaguarda da Soledade; arquitetura e paisagem de Salvador e Recôncavo; salvaguarda do patrimônio cultural afro-brasileiro; patrimônio e festas populares; patrimônio material e imaterial no Cortejo do 2 de Julho; Circuitos Arqueológicos da Chapada Diamantina e o ICMS Cultural. Conversas Plugadas Criativas e enriquecedoras, as Conversas Plugadas são bate-papos que oferecem ao público em geral intercâmbio com profissionais de excelência no campo das artes, no cenário nacional e internacional que estejam de passagem pelo Teatro Castro Alves (TCA). Em 2013, ano em que completa seis anos, o projeto contou com a participação da atriz e encenadora Tânia Farias, do ator, diretor, palhaço e pesquisador Demian Reis, do diretor do Balé do TCA, Jorge Vermelho, além do escritor baiano Antonio Torres, recém nomeado para a Academia Brasileira de Letras e do ator, diretor e escritor baiano Aldri Anuciação, vencedor do Prêmio Jabuti de Literatura 2013.
Conversas Plugadas Ator, diretor e escritor Aldri Anuciação
Adenor Gondim
Entre 2011 e 2012, o projeto realizou 28 edições e contou com nomes como o coreógrafo mineiro Tíndaro Silvano, a jornalista e escritora gaúcha Eliane Brum, o diretor italiano Roberto Bacci, o diretor paulista José Possi Neto, o diretor baiano Marcio Meireles, o rapper Emicida, o fotógrafo Stéphane Couturier e os escritores Mia Couto e José Eduardo Agualusa, além dos atores e diretores Cacá Carvalho e Harildo Déda, entre outros. Desde 2011, edições do Conversas Plugadas são transmitidas na grade programação da Televisão Educativa da Bahia.
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DINAMIZAÇÃo cultural Fórum do Pensamento Crítico Em 2012, primeiro ano do Fórum de Pensamento Crítico, o objetivo do projeto foi estimular debates sobre temas culturais através do olhar da cidade. Além disso, o fórum buscou agitar a agenda política, chamando a atenção para o campo cultural. O evento ocorreu mensalmente, reunindo gestores públicos, produtores, estudantes, acadêmicos e agentes culturais. Realizado pela Secretaria Estadual de Cultura da Bahia (SecultBA), o projeto é coordenado pela Fundação Pedro Calmon. Em 2013, em parceria com a Fundação Perseu Abramo, as discussões discutiram, no segundo semestre, o tema “Cultura e Transformação Social”. Entre os convidados, estiveram o sociólogo Emir Sader, o economista Marcio Porchmann, a filósofa Marilena Chauí e o antropólogo Néstor Garcia Canclini. Ciclos de História da Arte A duas edições dos Ciclos de História da Arte buscaram discutir a arte em suas várias vertentes e ampliar a produção e o pensamento contemporâneos, tratando de temas relacionados à arte moderna, contemporânea e latino-americana com os professores da Escola de Belas Artes da UFBA. No total, foram 19 palestras e um público de mais de 1.400 pessoas. Diálogos nas Artes A terceira edição do projeto foi promovida entre março e junho de 2012 e composta de oficinas de técnicas artísticas, de trabalho em cerâmica, debates sobre arte e filosofia e diálogos com a música. A ação foi promovida no Palacete das Artes com o objetivo de promover a integração comunidade/museu, por meio de um programa socioeducativo de abordagem didático-pedagógica e recreativa. Novecentas e setenta e seis pessoas participaram da atividade.
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BAHIA: TERRA DA CULTURA
Marilena Chauí, filósofa
Néstor García Canclini, antropólogo
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Divulgação
Fórum do Pensamento Crítico
A cultura entra em campo Teatro, música, cinema e dança seduzem público de Salvador na Copa das Confederações
Tempo de jogo em campo, é tempo de celebrar a cultura enquanto a torcidas vibram com o futebol. Para oferecer ao público uma programação diferenciada no período da Copa das Confederações, a Secretaria de Cultura da Bahia (SecultBA) promoveu, em junho de 2013, uma programação especial em vários espaços culturais da capital e em centros de cultura do interior. O projeto Cultura em Campo incluiu a realização de shows de música, teatro, dança, exposições, exibições de filmes, além de ações de formação e debates sobre cultura e futebol. Cerca de 20 equipamentos culturais da capital e do interior ofereceram ao público uma agenda com temática relacionada ao futebol. Música, teatro e dança foram pauta no Teatro Castro Alves, que recebeu os shows de Gilberto Gil com participação especial da Orquestra Sinfônica da Bahia (Osba), as apresentações do Neojiba e da Orkestra Rumpilezz, além dos espetáculos A Quem possa Interessar, especialmente criado para o Balé Teatro Castro Alves, e o Baião de Nóis, que celebrou a cultura dos sertões.
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Acervo SecultBA
BAHIA: TERRA DA CULTURA
A Mostra Canal 100 no MAM, no Jogando com a Imagem, promoveu a exibição de filmes com temática esportiva. Aconteceram também as exposições Esquizópolis e Tupy todos os dias. Em campo, também, o Baba da Ladeira, intervenção do coletivo artístico GIA. A Fundação Cultural do Estado da Bahia - Funceb, em parceria com a produtora Huol Criações, reuniu artistas renomados da capital e do interior, na programação do MAM: Outras Sonoridades, que contou com a apresentação de grupos como Samba Chula de São Braz, Dão & A Caravana Black, OQuadro, Os Nelsons, BaianaSystem, Lazzo Matumbi e Márcia Castro.
Cultura em Campo - Espetáculo do BTCA A Quem Interessar Possa
No Complexo dos Barris, audiovisual e música se uniram no CINESomBA, a partir de mostras cinematográficas, instalações sonoras de Arto Lindsay, Fernando Rabelo e Jarbas Jácome, show com André Luiz Oliveira, com participação de Glória de Lurdes; show em homenagem aos Novos Baianos, com Márcia Castro, Curumin, Anelis Assumpção e Karina Buhr; e show em homenagem a Caetano Veloso, com Mariella Santiago e Moreno Veloso. No Palacete das Artes, durante o mês de junho, o público pôde conferir as exposições: O jogo só acaba quando termina, Mário Cravo Jr, e Rio Vermelho dos artistas e das artes. Além disso, a programação do Cinema no Palacete, contou com a exibição de filmes que abordam a temática do futebol. Nos Museus Tempostal e Solar Ferrão, as exposições permitiram aos visitantes conhecer mais sobre a Bahia por meio de cartões postais e fotografias de diversos artistas baianos.
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Acervo SecultBa
Acervo SecultBa
Acervo SecultBa
DINAMIZAÇÃo cultural
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BAHIA: TERRA DA CULTURA A Fundação Pedro Calmon destacou em sua programação exposições e exibições de filmes, além de leituras públicas sobre contos e crônicas de futebol com ficcionistas e jornalistas, como José Roberto Torero, Ivan Maurício, Carlos Ribeiro, Lupeu Lacerda, entre outros. Também foi realizada exibição comentada de jogo de futebol e o Seminário História Social do Futebol. Centros de cultura - Nos centros de cultura de Salvador e do interior houve o Dia de jogo = Dia de Festa. Trata-se da realização de apresentações culturais após a exibição dos jogos. Fizeram parte desta programação o Centro Cultural Plataforma, o Espaço Cultural Alagados, o Cine-teatro Solar Boa Vista (Brotas), o Espaço Xisto Bahia (Barris), a Casa da Música (Itapuã), o Centro de Cultura Amélio Amorim (Feira de Santana), Centro de Cultura João Gilberto (Juazeiro) e o Centro de Cultura de Porto Seguro. Na Sala do Coro, no Vão Livre do Teatro Castro Alves e no entorno do TCA aconteceu a Programação Baiana de Circo, Dança e Teatro. A escolha dos trabalhos se deu a partir de um recorte proposto por um comitê curatorial formado pelos coordenadores, assessores e diretores de linguagens artísticas da Funceb, considerando também o universo de obras apoiadas através
Cascadura no Solar Boa Vista Karina Buhr no Quadrilátero da Biblioteca Central dos Barris Encontro de Samba de Roda no Pelourinho
dos projetos e mecanismos de apoio da SecultBA em anos anteriores, a exemplo do Quarta que Dança, Temporada Verão Cênico e Kit Difusão do Teatro da Bahia. A cultura popular da capital e do interior também teve destaque na programação. O Centro de Culturas Populares e Identitárias promoveu encontros de manifestações culturais, como Encontro de Cheganças de Mouros e Marujadas, Encontro de Grupos de Mascarados, Encontro de Samba de Roda, Samba Chula, Encontro de Capoeira, Maculelê, Encontro de Grupos de Manifestações de Raízes Brasileiras e Encontro de Ternos de Reis, Reisados, Bois e Burrinhas.
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Salve, Jorge!
Centenário do escritor baiano é comemorado com espetáculo sinfônico, exposição e cerimônia religiosa
Jorge Amado teve uma festa de 100 anos à altura do seu legado. De exposições e homenagem em escola de samba a cerimônias no culto afro, com direito a reverência à memória no Ilê Axé Opó Afonjá, em São Gonçalo do Retiro, em Salvador, a comemoração do centenário amadiano extrapolou os limites da Bahia. Celebrado em 2012, em Salvador e Ilhéus, o Ano Jorge Amado combinou três iniciativas: uma exposição, um concerto e um festival. A programação, realizada entre os meses de agosto de 2011 e dezembro de 2012, incluiu a exposição Jorge, Amado e Universal, o Concerto Ao Amado Amar e o Festival Amar Amado, em Ilhéus.
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A abertura da exposição Jorge, Amado e Universal, no Museu de Arte Moderna (MAM), possibilitou ao público uma aproximação com aspectos do cotidiano do escritor e dos personagens e ambientes criados por ele. Dividida em módulos distintos, cada um deles dedicado a um aspecto na vida do escritor e de personagens como Gabriela e Nacib (Gabriela Cravo e Canela, 1958), a exposição traz fotografias, objetos, folhetos de cordel, filmes e itens nunca antes apresentados ao grande público. Antes de chegar à Bahia, onde permaneceu até o mês de novembro e foi visitada por mais de 17 mil pessoas, a mostra havia passado pelo Museu da Língua Portuguesa, em São Paulo.
BAHIA: TERRA DA CULTURA
Concerto Amado Jorge Regente Enrique Diemecke
Adenor Gondim
Já o Concerto Ao Amado Amar, da Orquestra Sinfônica da Bahia (Osba), foi realizado nos dias 10 e 11 de agosto, no Teatro Castro Alves e no Pelourinho, sempre com entrada gratuita. O evento contou com a participação especial de artistas como Moraes Moreira, Saulo Fernandes, Gerônimo, Luiz Caldas, Claudia Cunha, Manuela Rodrigues, Carla Visi, Alexandre Leão, Roberto Mendes e Ana Mametto, ao lado de grandes músicos da Bahia. “O foco principal foi homenagear o centenário do escritor com músicas de compositores ligados e interligados a ele, com uma miscigenação de sons e arranjos cuidadosamente escritos para que o público pudesse ler Jorge Amado, através das canções e dos coloridos dos instrumentos da também aniversariante Osba, que completou 30 anos em 2012”, elucida Luciano Calazans, diretor musical do concerto. 167
As ações comemorativas não se limitaram à capital baiana. A cidade de Ilhéus - onde o escritor, nascido em Ferradas, distrito de Itabuna, viveu sua infância e adolescência -, foi sede do Festival Amar Amado, que aconteceu entre os dias 4 e 12 de agosto. A vasta programação incluiu lançamento de livros e filmes, conversas com autores, feira de arte, exposições, apresentações teatrais, musicais e de dança, com apresentações da Orquestra Afro Sinfônica da Bahia, Moraes Moreira, Margareth Menezes, Caetano Veloso e família Caymmi, além de artistas locais. O festival foi realizado pela Fundação Cultural de Ilhéus e Maná Produções, com patrocínio do Governo da Bahia, através da SecultBA. Outras comemorações - O centenário do escritor Jorge Amado mobilizou a Secretaria de Cultura desde o início do ano de 2011. Já em março, a secretaria convidou um conjunto de instituições culturais e de personalidades próximas a Jorge e seu universo para imaginar conjuntamente o que depois foi denominado Ano Jorge Amado. As festividades de abertura do Ano Jorge Amado aconteceram em 10 em agosto de 2011, no aniversário de 99 anos de nascimento do escritor. A SecultBA participou da programação realizada pela Fundação Casa de Jorge Amado, no Pelourinho, e lançou o projeto Conversas Plugadas Especial, dedicado à literatura, com o escritor moçambicano Mia Couto, considerado um dos mais importantes escritores do continente africano. Na ocasião, Couto ressaltou a importância de se fazer uma leitura africana das obras de Jorge Amado. A série principal da Osba foi definida como Série Jorge Amado, em homenagem ao centenário do escritor que, ao longo do ano, realizou diversas apresentações na Sala Principal do TCA, e trouxe convidados como Enrique Diemecke, Isaac Karabtchevsky, e so168
BAHIA: TERRA DA CULTURA
listas como Antonio Menezes e Ilya Kaler. O Carnaval no Pelourinho recebeu decoração especial em suas ruas e largos, baseadas na obra O País do Carnaval. Houve, ainda, desfile da escola de samba Imperatriz Leopoldinense, que apresentou o enredo Jorge, Amado, Jorge, em homenagem ao escritor.
Detalhe de uma das instalações da exposição de 100 anos de Jorge Amado
As bibliotecas públicas do estado centralizaram diversas ações na literatura amadiana. O projeto Presença de Jorge, o Amado nas Bibliotecas promoveu ciclo de leitura e leituras dramáticas, exibição de filmes com debates, oficinas de arte literária, montagem de espetáculos e leituras em praças públicas. O livro de Zélia Gattai, Catálogo Fotográfico Zélia Gattai - A Casa do Rio Vermelho, com fotos de Jorge e sua família, recebeu apoio do Fundo de Cultura da Bahia. Merece destaque, ainda, o lançamento do livro ABC de Jorge Amado, um cordel idealizado pelo cantor e compositor Moraes Moreira, com ilustrações de Bel Borba. Por sua vez, a mostra itinerante Jorge Cine Amado, composta por adaptações cinematográficas de obras como Tieta do Agreste e os documentários Jorge Amado no Cinema teve como público-alvo os estudantes de escolas públicas do interior e da capital.
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CULTURA eM festa no Pelô Estado dinamiza programação e torna democrático acesso à cultura no Centro Histórico de Salvador
Do Carnaval às homenagens a Santa Bárbara e Iansã, passando pelo Dia do Samba e a programação de Natal, o Centro Histórico de Salvador é palco de eventos diversos do calendário de festas populares da capital. Com a intenção democratizar o acesso aos espaços culturais da região, o Centro de Culturas Populares e Identitárias (CCPI), órgão da Secretaria da Cultura da Bahia (SecultBA), realiza desde 2012 um trabalho inédito na forma de contratação de artistas para shows na região. São as chamadas públicas que definem a programação mensal do Pelourinho Cultural e eventos especiais nos Largos Pedro Archanjo, Tereza Batista, Quincas Berro d’Água e no Forte de Santo Antonio Além do Carmo, o Forte da Capoeira. A SecultBA também disponibiliza a solicitação de pauta para eventos, avaliada pela Coordenação Artística do Centro. Ao longo do ano, mais de mil apresentações artísticas são realizadas nos espaços culturais. Segundo dados da Polícia Militar, cerca de 530 mil pessoas participam anualmente dos shows. Esta média exclui o público das grandes festas, como o São João do Pelô, que oferece uma programação aberta e atrai cerca de 120 mil pessoas, e o Carnaval, a mais popular folia do ano. 170
Acervo SecultBA
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Lazzo Matumbi no Pelourinho
Grandes atrações do mundo da música já passaram pelo Pelô, muitos, inclusive, deram ali os primeiros passos de sua carreira. Magary Lord, Larissa Luz, Vivendo do Ócio, Mr. Armeng, são alguns dos nomes que consideram o lugar marcante em sua trajetória. Respeitando a regulamentação disposta na Lei N° 12.573 de 11 de abril de 2012, é proibida inclusão de repertórios e a reprodução de músicas que desvalorizem, incentivem a violência, o constrangimento às mulheres, bem como manifestações de homofobia, discriminação racial e apologia ao uso de drogas ilícitas. A cantora de arrocha Kelly Cristina, 31 anos, começou a carreira aos 14. Hoje, é um nome presente na programação do Centro Histórico e conta o quanto é importante ter espaços democráticos como os do Pelô para a construção 171
Acervo Ipac
DINAMIZAÇÃo cultural de sua carreira musical. “ Há muito tempo venho procurando um espaço para divulgar meu trabalho e hoje é maravilhoso subir ao palco e ver pessoas com camisas com minha foto, um público que conquistei e que procuram sempre saber onde vou tocar para me acompanhar, e o mais gratificante é acabar de cantar e ver a vibração e os aplausos do público”, afirma. Cidadania - O trabalho de dinamização do Centro Histórico vai além da parte artística. Através do CCPI, a SecultBA promove ações voltadas para a comunidade, entidades sem fins lucrativos e escolas públicas que têm acesso a oficinas, palestras e apresentações promovidas nos espaços do CCPI, e mesmo nas dependências de instituições localizadas no Pelourinho. O órgão também fornece suporte técnico às atividades desenvolvidas por estas instituições. “Esta parceria tem sido muito importante para a formação dos nossos alunos. Eles aprendem a respeitar a comunidade tendo acesso às praças, aos largos e a eventos que normalmente não fariam parte de sua realidade. Assim, aprendem também a valorizar os espaços aqui do Pelourinho”, relata Joseane da Sé, diretora da Escola Municipal Vivaldo Costa Lima, no Centro Histórico. Um exemplo de ações que dão certo é o projeto Arte e Alegria no Ar, uma parceria com o artista Eugenio Pipa, que teve primeira edição em 2012. Parte das comemorações do aniversário da cidade de Salvador, o projeto realizou soltura de 500 pipas que coloriram ainda mais o céu do Centro Histórico, além de promover oficinas para públicos de todas as idades. Os aprendizes
soteropolitanos se mostraram extremamente interessados. “As oficinas de pipas superaram as minhas expectativas. De todas as turmas que ministrei pelo Brasil, os participantes de Salvador foram os mais participativos. O carinho que recebi aqui, não tem preço”, afirmou Eugenio Pipa, satisfeito com os resultados. Iluminar - Ainda com objetivo de dinamizar e ressaltar a imponência de algumas construções do Pelourinho, a SecultBA, através do Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia (IPAC) desenvolve o Projeto de Iluminação Cenotécnica para 23 monumentos, com investimentos da ordem de R$ 8 milhões. “O objetivo é ressaltar as linhas e estilos arquitetônicos das construções seculares, incorporando sombras e texturas como elementos de composição e contraste, para um impacto cênico ainda maior para quem visita o Pelourinho à noite”, esclarece o diretor do IPAC, Frederico Mendonça. Na primeira etapa, que abarcou o Terreiro de Jesus, foram contempladas a Catedral Basílica, a Faculdade de Medicina – primeira do Brasil –, e as igrejas de São Domingos, de São Pedro dos Clérigos e de São Francisco, famosa por ter cobertura interna com lâminas de ouro. Em dezembro de 2012, o governador Jaques Wagner entregou a iluminação de cinco monumentos no Terreiro de Jesus e já estamos executando a licitação para mais outros quatro que estarão prontos para a Copa de 2014. O projeto de iluminação seguirá para os bairros do Carmo, Saúde e Santo Antônio. A Ordem Terceira de São Francisco, as igrejas do Boqueirão,
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Iluminação cênica dos monumentos do Centro histórico de Salvador
São Miguel, Santo Antônio e Saúde, o monumento Cruz do Pascoal e o prédio do Arcebispado, na Praça da Sé, são alguns dos monumentos a serem beneficiados. No Pelourinho, receberão iluminação a Igreja do Rosário dos Pretos, Casa do Benin, Fundação Casa de Jorge Amado, Museu da Cidade e Centro Cultural Solar Ferrão, este último imóvel originário do século XVII e administrado pelo IPAC, através da sua Diretoria de Museus (Dimus). O IPAC já havia implantado uma extensa iluminação nas ruas e travessas do Pelourinho. Em 2009, foram implantadas 305 luminárias em estilo ‘Caiscais’ – remetendo ao colonial – na grande extensão de ruas entre a Ladeira da Praça e o Largo do Carmo, com investimento de R$ 1,2 milhão do Tesouro Estadual. Esses lampiões têm mais durabilidade, baixo custo de manutenção e projeção de luz com alcance de 25 metros que garante iluminação para todos os pontos das ruas. 173
DINAMIZAÇÃo cultural Samba, suor e religião Todos os anos, mais de 10 mil pessoas participam do Dia do Samba em Salvador. A data, 2 de dezembro, é comemorada desde 1972 para lembrar o dia em que o compositor Ary Barroso, autor do samba Na Baixa dos Sapateiros, visitou a Bahia pela primeira vez. O diferencial das duas últimas edições da festa, em 2011 e 2012, é que sua programação foi composta primordialmente por atrações “prata da casa”.
Mas nem só de samba vive a rotina no Pelô. Todos os anos, no dia 4 de dezembro, a Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos faz uma grande homenagem à Santa Bárbara. No sincretismo religioso, a imagem é associada a Iansã. “O que mais podemos perceber na festa é o respeito religioso e a tolerância, que pode ser percebida através do sincretismo religioso com o candomblé”, destacou o Capelão da Igreja do Rosário dos Pretos, padre Gabriel dos Santos Filho. Patrimônio imaterial desde 2008 por decreto do governador do estado, estima-se que, somando estes dois últimos anos, a festa reúne cerca de 25 mil fiéis.
Acervo SecultBA
Das 14h às 23h, em cinco palcos simultâneos, diversos grupos de samba da Bahia comandam a festa. “A primeira homenagem ao samba ocorreu aqui no Centro Histórico. Para nós, é uma honra ter iniciado todo o processo e participar desse momento glorioso aqui no Pelourinho”, destacou Vadinho França, presidente do Alvorada, bloco de samba que foi uma das 47 atrações que movimentaram os festejos do dia em 2011.
Samba de Roda Folguedo
O apoio aos eventos tem o objetivo de fortalecer as mais diversas manifestações populares do estado. “Com a Festa de Santa Bárbara não poderia ser diferente. É um dia de celebração e homenagens à mulher guerreira e lutadora que Bárbara representou e que serve de exemplo para grande parte das mulheres batalhadoras do nosso dia a dia, que acordam cedo e pegam pesado, no batente”, explica a coordenadora do CCPI, Arany Santana. Atrações contratadas pelo CCPI e distribuídas por todos os largos diversificam a programação da festa.
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Tai Oliver
BAHIA: TERRA DA CULTURA
No fim do ano, o clima natalino se espalha pelo Centro Histórico com o Natal da Diversidade no Pelô. Resultado de parceria entre CCPI, Funceb e TCA, uma programação multicultural toma conta das ruas, largos, ladeiras e becos. Uma atração a parte é a decoração, que inclui presépios, pórticos e árvores. Na programação, há música, dança e teatro de rua, além de apresentações de corais, orquestras, cameratas populares, autos de Natal e folguedos.
Festa de Santa Bárbara
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Arte inclusiva
Bibliotecas públicas e museus investem em projetos que democratizam acesso à cultura para pessoas com deficiência
Inclusão e acessibilidade são palavras de ordem nas ações desenvolvidas pelas bibliotecas públicas e museus do estado da Bahia. Através destas unidades, a SecultBA tem buscado meios de garantir a participação de pessoas com deficiência em atividades e promover seu acesso a serviços e produtos culturais. Estes espaços têm se preocupado não apenas com a modernização das suas unidades, mas também com a promoção de atividades que garantam a acessibilidade. O reconhecimento dessas ações possibilitou, por exemplo, a participação da Fundação Pedro Calmon no Conselho Estadual da Pessoa com Deficiência, da Secretaria de Justiça, Cidadania e Direitos Humanos.
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BAHIA: TERRA DA CULTURA
Um novo jeito de ler A Biblioteca Pública do Estado da Bahia, em Salvador, que comemorou 202 anos de atividade, possui um setor especializado em braille – sistema de leitura com o tato para cegos – há mais de 40 anos, onde podem ser encontradas coleções inteiras do escritor Jorge Amado, literaturas infantis e livros como Harry Potter. Além disso, a Biblioteca promove a gravação de audiolivros e abriga o Grupo de Voluntários Copistas e Ledores para Cegos (GVCLC), que desempenha atividades de leitura, transcrição de textos, escrita em braille e digitação. O público deste setor é formado por universitários que encontram no espaço títulos e obras importantes para suas formações. Os livros sonoros e a informática são muito importantes para o desenvolvimento cultural dos deficientes visuais, mas o braille é o sistema base da sua educação acadêmica e pedagógica.
Os voluntários copistas e ledores têm a função de auxiliar os deficientes, realizando leituras de livros, que são gravadas em CDs e MP3 para audição posterior dos cegos, sessões de leitura, cópia e transcrição de livros, além de ensinar o sistema Braille. A biblioteca também possui uma estrutura arquitetônica voltada para a acessibilidade e conta ainda um setor infantil especializado no atendimento à crianças com deficiência. Libras - Já a Biblioteca Anísio Teixeira (BAT) oferece um serviço de referência no atendimento aos deficientes auditivos. Nesta unidade são realizados regularmente cursos e oficinas de libras, a Língua Brasileira de Sinais, língua gestual que os surdos utilizam para se comunicar. Há ainda cursos de expressão facial e corporal para ajudar na comunicação e também de português para pessoas com deficiências.
Nerivaldo Góes
Usuário do setor braile da Biblioteca Pública do Estado da Bahia
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DINAMIZAÇÃo cultural
Nerivaldo Góes
Crianças em atividade nas bibliotecas: referência em inclusão
Primavera da Inclusão
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Nerivaldo Góes
BAHIA: TERRA DA CULTURA Desde 2006, a Biblioteca Anísio Teixeira promove o Curso de Noções Básicas de Libras, visando habilitar pessoas para o atendimento aos surdos. Os cursos formam, em média, 90 pessoas por ano. Além de estudantes de pedagogia, também procuram os cursos profissionais da saúde e pessoas que trabalham com turismo, buscando conhecimento para melhor atender pessoas com necessidades auditivas. “Também capacitamos pessoas não surdas para a comunicação em libras no dia-a-dia. Ter alguém que compreenda a linguagem dos sinais é muito importante para o cotidiano dos deficientes, seja em hospitais, supermercados ou escolas. É essencial para o exercício da cidadania dessas pessoas”, afirma Laura Galvão, diretora da BAT. “A Biblioteca tornou-se referência no atendimento às pessoas com deficiência auditiva e possui profissionais capacitados para atender em Libras”. A BAT comporta, ainda, um acervo com mais de 200 peças, entre livros, bibliografias, brinquedos e multimeios, voltados para pessoas surdas de todas as idades.
Inclusão e compartilhamento de experiências Outro projeto de relevância realizado pela FPC, por meio da sua diretoria de Bibliotecas Públicas (Dibip) é o Primavera da Inclusão. A iniciativa acontece durante todo o mês de setembro e engloba vários eventos com foco na acessibilidade. O projeto celebra a chegada da estação das flores e o Dia Nacional de Luta da Pessoa com Deficiência, comemorados em 21 de setembro. As programações geralmente contam com workshops, rodas de conversa, torneios de xadrez para cegos, além de palestras e oficinas. Um exemplo de atividade desenvolvida dentro do projeto Primavera da Inclusão são os seminários sobre o autismo, realizados na Biblioteca Pública Thales de Azevedo. Com público de aproximadamente 150 pessoas por edição, formado por familiares, psicólogos e psicopedagogos, o evento tem como propósito difundir informações sobre a vida e desenvolvimento social dos autistas. “Realizar este trabalho é poder esclarecer e informar as pessoas sobre o autismo e assim contribuir para melhorar a qualidade de vida dos autistas” diz Conceição Andrade, diretora da Biblioteca Pública Thales de Azevedo. Para a diretora, o contato com o diferente, seja na biblioteca ou em outros espaços culturais, é também uma forma de estimular a participação cidadã dessas pessoas. A Biblioteca possui um rico acervo em braille para crianças e um setor voltado para pessoas com deficiência auditiva.
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Diálogo entre arte e cidadania nos museus
Lázaro Menezes
DINAMIZAÇÃo cultural
Para Uelinton Luís Santos Conceição, 25 anos, aluno do Centro de Formação e Acompanhamento Profissional da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Cefap/Apae), fazer parte da exposição Feira de Cores e Sabores, apresentada no Museu Udo Knoff de Azulejaria e Cerâmica entre julho e novembro de 2011, não lhe possibilitou somente mostrar a todos que podia ser tão criativo quanto as pessoas ditas normais. Expor o seu trabalho em um espaço como este trouxe o reconhecimento da família. “Minhas irmãs tinham o costume de ir ao museu e ao teatro e eu passei a conhecer estes lugares por causa delas, mas foi na exposição que elas notaram o que eu podia fazer através da arte. Às vezes, as pessoas só focam na necessidade e esquecem que aquele indivíduo pode produzir”, disse. A mostra exibida no Museu Udo Knoff é o resultado de uma iniciativa contemplada pelo edital 14/2010 - Apoio a Projetos de Valorização do Patrimônio Cultural do Estado da Bahia, realizado pelo IPAC. A coordenadora de iniciação do Cefap, Márcia Tavares, acredita que este projeto trouxe mais visibilidade para as atividades desenvolvidas pela Apae, que passou a receber vários convites de instituições de ensino e espaços culturais e expandiu a parceria com os museus. Em março de 2012, uma nova exposição com criações dos educandos – A Arte de Ser diferente – foi exibida no Udo Knoff e, em seguida, ficou em cartaz no Museu Geológico da Bahia. No mesmo ano, integrando a programação da sexta Primavera dos Museus, a Companhia de Dança e Percussão Opaxorô se apresentou no Palácio da Aclamação. Pelo projeto Capoeira do Jogo Inclusivo, houve roda de capoeira e samba de roda no Solar Ferrão. A acessibilidade nos museus foi um dos pontos marcantes do evento.
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Museu Udo Knoff e Museu de Arte Moderna da Bahia
Acervo SecultBA
BAHIA: TERRA DA CULTURA
A partir da visita à mostra Toque de Luz – Um novo olhar sobre a obra de Udo Knoff, fruto de uma parceria com o Instituto dos Cegos da Bahia (ICB) e voltada para cegos e pessoas com baixa visão, os educandos passaram a refletir sobre como pessoas com outros tipos de deficiência convivem com suas limitações. A exposição ficou em cartaz no Museu Udo Knoff entre setembro de 2012 e abril de 2013 A presença de um público mais diversificado também despertou um novo olhar nos profissionais dos museus, que têm se esforçado em qualificar o atendimento. Em setembro de 2012, técnicos que atuam nos espaços museais vinculados ao IPAC participaram das Oficinas de
Qualificação para Acessibilidade em Museus – Aprendendo e Convivendo com a Diversidade, ministradas no Museu de Arte da Bahia por representantes da Apae, ICB, Sesi, Associação de Pais e Amigos de Deficientes Auditivos (Apada), grupo Perspectivas em Movimento, Associação Baiana de Deficientes Físicos (Abadef) e Centro de Apoio Pedagógico (CAP). No Museu de Arte Moderna da Bahia, a exposição Jorge Amado e Universal, que ficou em cartaz até novembro de 2012, contou com visitas guiadas com audiodescrição para pessoas com deficiência visual e intelectual coordenadas pelo grupo de pesquisa Tramad.
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Sinfonia viva
Osba e Neojiba popularizam o acesso à música erudita na Bahia e apresentam música clássica a milhares de pessoas
Novos acordes ecoam no universo da música na Bahia. Mais do que os sons, uma imagem traduz com precisão o novo cenário: a sala principal do Teatro Castro Alves lotada para os concertos da Orquestra Sinfônica da Bahia e do programa Neojiba – Núcleos Estaduais de Orquestras Juvenis e Infantis da Bahia. A música erudita, antes restrita a pequenos grupos, atrai uma quantidade cada vez maior de admiradores. Na platéia diversificada, há espaço para todas as gerações e classes sociais, da baiana de acarajé de mais de 60 anos aos estudantes universitários, passando por adultos e até mesmo crianças. “Hoje, as pessoas vivenciam a música clássica na Bahia como uma coisa viva, como uma extensão integrada à sociedade. Por isso, digo que vivemos uma revolução sinfônica”, afirma o diretor da Osba, Carlos Prazeres. Quando assumiu a Orquestra, em 2011, seu primeiro desafio foi pensar em novas maneiras de aproximar a música clássica das pessoas, respeitando o concerto sinfônico, mas buscando formas alternativas de popularização. Dessa busca, nasceram projetos como o Cine Concerto, que apresenta versões orquestradas para clássicos da trilha sonora do cinema. A ideia deu tão 182
Orquestra Juvenil da Bahia no projeto Música em Trancoso
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Tatiana Golsman
BAHIA: TERRA DA CULTURA
Adenor Gondim
Cine Concerto da Osba - Regente Carlos Prazeres
certo que os ingressos da apresentação de 31 de outubro de 2013 se esgotaram e, atendendo a pedidos, foi feita uma sessão extra, também com casa cheia, em primeiro de novembro. Cine Conceito - A sintonia com o público cresce a cada concerto. A iniciativa dos músicos da orquestra de subir ao palco fantasiados com o figurino dos personagens das telonas passou a ser adotada pelo público. Na plateia e no palco, O Poderoso Chefão, Superman, O Homem Aranha e Darth Vader mostram que a melodia das peças envolve bem mais do que os ouvidos. “Por trás do Cine Concerto tem um Cine Conceito: divulgar a música clássica. O ouvinte veio escutar um soundtrack, mas vai para casa sabendo o que é um 184
oboé e um contrabaixo. Costumo brincar dizendo que somos traficantes de boa música, porque muitas vezes a pessoa retorna para assistir aos nossos outros concertos”, explica Prazeres. Além do Cine Concerto, outros destaques da programação da Osba foram as apresentações com Gilberto Gil e com Bibi Ferreira, além da Celebração das Culturas dos Sertões. O conceito forte é também um dos diferenciais do Neojiba: alcançar a excelência e a integração social por meio da prática coletiva da música. Hoje, já são 890 crianças e jovens entre 6 e 29 anos em cinco núcleos na capital e interior. O programa do governo da Bahia, através da SecultBA, foi criado em 2007, inspirado no El Sistema, reconhecido programa venezuelano cria-
Gravação do DVD César Camargo Mariano Rumpilezz e Orquestra Juvenil da Bahia
BAHIA: TERRA DA CULTURA
do em 1975. “A expansão do Neojiba nos últimos dois anos se inscreve em nossa meta principal que é, através da música, promover um desenvolvimento social sustentável aos jovens e crianças de todo o estado da Bahia”, afirma Ricardo Castro, diretor geral e artístico do Programa desde a sua fundação.
Um dos marcos da história do Neojiba foi sua associação inédita com a Columbia Artists Music LLC (CAMI Music), uma das principais agências de concertos dos Estados Unidos. A primeira ação resultante da associação será a turnê da Orquestra Sinfônica Juvenil da Bahia, principal formação do Núcleo, nos Estados Unidos, de 7 a 23 de fevereiro de 2014.
Tatiana Golsman
Três anos depois, em 2010, foi criada a Rede de Projetos Orquestrais da Bahia. Através da rede, o programa promove a integração e capacitação de 22 projetos orquestrais para crianças e jovens em 20 municípios baianos, pertencentes a 14 dos 27 Territórios de Identidade, através de diferentes atividades que beneficiam mais de 3,5 mil jovens. Entre 2011 e 2013, as orquestras e grupos do Neojiba realizaram 202 apresentações para um público de mais de 105 mil pessoas.
Os resultados já ultrapassam as fronteiras do Brasil. A Orquestra Sinfônica Juvenil da Bahia, principal grupo formado pelos mais avançados integrantes do Núcleo, foi a primeira orquestra juvenil brasileira a se apresentar na Europa, com concertos em Londres e Lisboa em 2010. Em 2011, foi convidada para concertos novamente em Londres, em Berlim e em Genebra ao lado de grandes músicos como os pianistas Maria João Pires e Lang Lang.
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DINAMIZAÇÃo cultural
30 anos de música erudita
Em 2013, um dos destaques da programação foi o concerto que homenageou o centenário de Walter Smetak. “Por sua forte cultura popular, muitos não imaginam que a Bahia tem também uma tradição importantíssima no âmbito da música de concerto. O legado de Hans-Joachim Koellreutter e Walter Smetak é hoje um compromisso desta instituição, que cada vez mais se aproxima da sua identidade baiana”, analisa Prazeres. Para além da capital, a orquestra também circulou pelo interior do estado, levando seu repertório para as cidades de Cipó, Lençóis, Maragogipe e Santo Amaro da Purificação. Em Salvador, integrou as comemorações pelos 12 anos da Jam no MAM (Museu de Arte Moderna da Bahia), com integrantes da escola de música Julliard School, de Nova York. Com Gilberto Gil no show Concerto de Cordas & Máquinas de Ritmo, se apresentou em Salvador, Recife, São Paulo e Brasília. A Osba tem por tradição receber grandes nomes da música clássica, tais como Luciano Pavarotti, Montserrat Caballé, Milla Edelman, Ramón Vargas, Valentina Lisitsa, Hélène Grimaud, Gil Shaham, entre outros. Destacam-se ainda as apresentações ao lado do Ballet Kirov, Ballet Bolshoi (Rússia) e Ballet da Cidade de Nova York, além da participação na montagem de várias óperas.
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Adenor Gondim
Criada em 30 de setembro de 1982, a Orquestra Sinfônica da Bahia (Osba) é uma companhia estadual que integra os corpos artísticos do Teatro Castro Alves. No ano em que completou três décadas, foram realizadas 32 apresentações que atingiram um público de mais de 25 mil pessoas. “O aumento significativo do público e a presença de grandes ícones da música clássica atual nos sinalizam que o caminho está correto e que os horizontes da orquestra são grandes como o mar que cerca Salvador”, afirma Carlos Prazeres. Hoje, a orquestra comemora o sucesso com o público: a média de ocupação nos concertos é de 80%. Entre as apresentações, momentos memoráveis como os shows com Gilberto Gil, Bibi Ferreira e a Celebração das Culturas dos Sertões.
Bibi Ferreira e Osba
BAHIA: TERRA DA CULTURA
Além da Temporada de Concertos, a Osba realiza o Projeto Cameratas, os Concertos Didáticos da Osba e também oferece, desde 2011, Seminários de Apreciação Musical, com foco principal na formação de público apreciador da música clássica. Já em sua sexta edição, o curso, intitulado A música e os seus segredos, acontece a cada semestre e é ministrado pela violoncelista da Osba Karina Martins Seixas. Semestralmente, são oferecidas 50 vagas gratuitas para qualquer pessoa acima de 15 anos, no horário noturno. Já o projeto Cameratas possui uma programação mensal gratuita, com um amplo repertório que vai da música erudita de várias épocas aos clássicos da MPB. O projeto possui seis grupos formados por músicos da Osba, que circulam por espaços variados como escolas, igrejas, bibliotecas públicas, hospitais, centros sociais, conventos, teatros, asilos, associações comunitárias e museus. O objetivo é atingir um número maior de pessoas e criar oportunidades de apreciação da música clássica. 187
DINAMIZAÇÃo cultural
Osba em série
Jorge Amado Realizada na Sala Principal do TCA, às quintas-feiras, é a principal série de concertos da Osba. Traz para a Bahia grandes nomes e obras nacionais e internacionais, colocando a orquestra no cenário principal da música de concerto do país. A série contempla ainda os principais compositores brasileiros, sobretudo os que são ligados à cultura baiana, tais como Lindembergue Cardoso e Ernst Widmer.
Regente Enrique Diemecke solista Saul Medina
Manuel Inácio da Costa Realizada nas igrejas baianas, grandes patrimônios arquitetônicos e culturais do Estado, esta série traz ao público o melhor da música de concerto de forma gratuita, aproveitando a beleza e a excelente acústica das igrejas de Salvador.
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Carybé Proporciona ao público baiano o melhor do repertório camerístico, aproveitando o espaço da Sala do Coro do TCA, propício a este tipo de repertório, além dos principais museus e dos centros culturais de Salvador e do interior do Estado.
Adenor Gondim
Adenor Gondim
BAHIA: TERRA DA CULTURA
Glauber Rocha
Regente Carlos Prazeres pianista Cristina Ortiz
Promove o encontro e o diálogo da música de concerto com o cinema, apresentando um formato inovador de espetáculo, envolvendo o uso de fantasias. Nesta série estão presentes os célebres “Cine-Concertos”, que ajudam a popularizar a música clássica de forma lúdica e divertida.
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DINAMIZAÇÃo cultural
Orquestra Juvenil da Bahia em Berlim
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Núcleos Estaduais de Orquestras Juvenis e infantis da Bahia
Grupos Musicais do Núcleo de Gestão e Formação Profissional - NGF Orquestra Sinfônica Juvenil 2 de Julho – J2J Orquestra Castro Alves – OCA Orquestra Pedagógica Experimental – OPE Orquestra Sinfônica Juvenil da Bahia Coral do NEOJIBA Centro de Documentação e Memória Atelier de Lutheria Rádio Clássica
Núcleos de Prática Orquestral e Coral - NPOs
Tatiana Golsman
Orquestra e Coral Santo Antônio – Núcleo Obras Sociais Irmã Dulce (Simões Filho) Orquestra de Cordas do ISHC – Núcleo Trancoso (Trancoso) Orquestra e Coral do Núcleo SESI Itapagipe (Salvador) Banda Sinfônica da Paz – Núcleo Bairro da Paz (Salvador)
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DINAMIZAÇÃo cultural
REDE DE PROJETOS ORQUESTRAIS: Projeto Parceiro
1 Filarmônica Filhos do Oeste Angical | OESTE BAIANO
12 Sociedade de Ações Educativas e Sociais e Tecnológicas Pilão Arcado | SERTÃO DO SÃO FRANCISCO
2 Projeto Cultural Flor do Meu Sertão Capim Grosso | PIEMONTE DA DIAMANTINA
13 AME – Musicart Porto Seguro | COSTA DO DESCOBRIMENTO
3 Orquestra Santo Antonio Conceição do Coité | SISAL
14 Projeto Escola Orquestra Sinfônica do Descobrimento Porto Seguro | COSTA DO DESCOBRIMENTO
4 Orquestra de Câmara de Curaçá Curaçá | SERTÃO DO SÃO FRANCISCO
15 Estrelas Musicais Salvador | METROPOLITANA DE SALVADOR
5 Orquestra Sinfônica de Itabuna E Ibirapitanga - CISO Itabuna | LITORAL SUL
16 IASA - Ambiente Musical Santa Cruz Cabrália | COSTA DO DESCOBRIMENTO
6 Camerata Canto das Artes Itapetinga | MÉDIO SUDOESTE DA BAHIA
17 Sofém Pró Música Santo Estevão | PORTAL DO SERTÃO
7 Projeto Arte de Tocar - Projart Jacobina | PIEMONTE DA DIAMANTINA
18 Oficina de Música Educacional Sociedade Filarmônica Lira 30 de Março São Francisco do Conde | RECÔNCAVO
8 MUS’ARTE Associação de Música e Arte Juazeiro | SERTÃO DO SÃO FRANCISCO 9 Projeto Música para Todos Juazeiro | SERTÃO DO SÃO FRANCISCO 10 Sociedade Filarmônica XV de Novembro Miguel Calmon | PIEMONTE DA DIAMANTINA 11 Orquestra Sopro de Alegria Pé de Serra | BACIA DO JACUÍP
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19 Orquestra de Cordas da Filarmonica 30 de Junho Serrinha | SISAL 20 Projeto Dando Corda para Paz e Bem Teixeira de Freitas | EXTREMO SUL 21 Projeto Orquestra Conquista Sinfônica Vitória da Conquista | VITÓRIA DA CONQUISTA 22 AFAM Associação Filarmônica Amigos da Musica Wenceslau Guimarães | BAIXO SUL
BAHIA: TERRA DA CULTURA
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