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Red Latinoamericana y del Caribe de Cocinas Limpias (RLCCL

Os aspectos importantes a serem considerados no plano de negócio são: i) que o custo dos investimentos vão ocorrer durante um período de tempo de alguns anos até que a eletrificação se complete, mas a vida econômica dos ativos físicos e das tarifas que vão ser pagas em geral, serão estendidas durante mais anos — em particular os cabos, transformadores, postes, e painéis solares, ainda que não as baterias —, e ii) que as tarifas em geral não vão ser suficientes para cobrir os custos e que vão necessitar de subsídios. O Governo correspondente, portanto, vai ter que intervir complementando o financiamento onde for necessário, talvez com o apoio de instituições financeiras de desenvolvimento. Na maior parte dos países ibero-americanos, dada a elevada proporção de população com acesso à eletricidade, é possível cobrir uma parte importante dos subsídios com uma sobrecarga nas tarifas elétricas, seja de todos os usuários ou somente daqueles com um status econômico ou nível de consumo mais elevado.

Este enfoque — denominado Integrated Distribution Framework (IDF) — foi proposto em termos gerais pela Global Commission to End Energy Poverty (GCEEP), um projeto financiado pela fundação Rockefeller com o apoio do MIT [43]. Esses princípios foram aplicados no caso das zonas não interconectadas (ZNI) da Colômbia, segundo consta em um relatório financiado pelo BID [44]. Um relatório posterior [45], também apoiado pelo BID, contém uma ampla revisão de experiências internacionais, mas unicamente focada nos sistemas fotovoltaicos isolados, de novo, com aplicação do marco IDF às ZNI. 11.15 Red Latinoamericana y del Caribe de Cocinas Limpias (RLCCL)

Omar Masera

Coordenador do Grupo de Innovación en Ecotecnologias y Bioenergia (GIEB) UNAM, México

Belén Olaya

Coordenadora, Grupo de Trabajo sobre Vivienda Ecotecnológica (VIVE) GIEB, UNAM, México

Víctor Ruiz-García

Coordenador, Laboratorio de Innovación y Evaluación en Bioenergía (LINEB) GIEB, UNAM, México

ARede Latinoamericana y del Caribe de Cocinas Limpias (RLCCL) agrupa e visibiliza, desde o ano de 2014, os esforços regionais em matéria de cocção limpa difundindo o conhecimento, ferramentas e políticas públicas, geradas nos países que a compõe. Integra pessoas, organizações públicas, acadêmicas e a cooperação técnica, bem como empresas privadas. A RLCCL funciona também como uma plataforma de intercâmbio de experiências, capacitação e gestão de informação e conta com pontos de contato em vários países da região. Trabalha-se em 4 eixos estratégicos: 1) políticas públicas e financiamento, 2) mercado e inovações em cocção limpa, 3) padrões e qualidade, e 4) monitoramento e impactos ambientais dos sistemas de cocção; potencializando uma linha transversal de comunicação para aumentar a visibilidade dos progressos em cada eixo. A RLCCL trabalha em coordenação com iniciativas globais

como a Clean Cooking Alliance (Aliança para a Cocção Limpa) e redes nacionais. Entre suas iniciativas bem sucedidas se destacam a realização de 3 seminários latino-americanos com ampla participação dos atores locais, cursos de capacitação e intercâmbios regionais em temas de padrões e inovação de fogões, bem como a publicação do boletim “Noticortos” e seu site http://redcocinasoestufaslimpias.blogspot.com/

Atualmente, mais de 130 milhões de latino-americanos carecem de acesso a tecnologias de cocção saudáveis: em sua maioria são habitantes do meio rural, vivem em condições de pobreza, se localizam em contextos socioambientais e culturais sumamente diversos e, em muitos casos, têm problemas de acesso físico ou econômico às redes de distribuição centralizadas de combustíveis modernos como o GLP ou a eletricidade. Ainda que exista um acesso crescente a fogões e dispositivos que utilizam gás ou eletricidade, estes não substituíram os fogões a lenha; pelo contrário, foram levados ao que se conhece como uso múltiplo ou empilhamento de tecnologias e combustíveis. Para o ano 2030 se espera que, não menos do que 50 milhões de usuários, continuem dependendo exclusivamente de combustíveis lenhosos para cozinhar.

Levando em conta esse contexto e o limitado sucesso que os programas focados em uma única tecnologia ou combustível tiveram na região, com metas de curto prazo, baseadas na instalação de fogões e desenhados sem a participação dos usuários, a RLCCL considera que é urgente uma mudança de paradigma. Especificamente, os programas devem ser orientados a oferecer sistemas de cocção saudáveis que integrem a lenha com outras opções em termos de combustíveis, dispositivos de uso final e melhores práticas (como a secagem da lenha e outras). Além disso, se deve partir das necessidades e preferências dos usuários finais, ser sensíveis à diversidade de contextos locais e desenhar com enfoque de gênero. O sucesso das intervenções deve ser medido pelo uso no longo prazo das alternativas propostas e não pelo número de dispositivos instalados, de forma que se deve garantir um adequado acompanhamento e monitoramento dos programas.

A região conta atualmente com um acervo de fogões eficientes a lenha e outros biocombustíveis lenhosos — especificamente, fogões com chaminé e desenho otimizado da câmara de combustão — que cumprem com as normas da OMS e, portanto, deveriam ser um componente importante para futuros programas de cocção limpa, particularmente se o objetivo é chegar ao segmento mais pobre e vulnerável da população. Além disso, é crucial fomentar a inovação e o intercâmbio de experiências por meio da consolidação de centros regionais de avaliação e inovação em cocção limpa. Os 4 centros regionais atuais localizados no México, em Honduras, no Peru e na Bolívia, poderiam ser a base dessas iniciativas e ajudar a catalisar as ações com o fim de alcançar o acesso.

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