Revista REDESUL Verão

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A FOMENTO PARANÁ INVESTE NO FUTURO DOS PARANAENSES. · Menores taxas do mercado · Rating Internacional Fitch e Moody´s: grau de investimento

Gustavo Barros Empreendedor do Setor de Construção Civil

UM PARANÁ CADA DIA MAIS FORTE. ESSE É O NOSSO MAIOR RESULTADO.

· Atuação nos 399 municípios do estado · Mais de 10.950 contratos firmados desde 2011 · R$ 547 milhões liberados para empreendedores de micro, pequeno e médio porte e para projetos especiais nos três últimos anos Carolina Farion de Carvalho Mulher Empreendedora

· R$ 680 milhões em recursos contratados pelos municípios para obras e equipamentos · Top de Marketing 2013 na categoria mercado financeiro

André dos Santos Taxista desde 1995

41 3 8 8 3 . 7000 WWW.FOMENTO.PR.GOV.BR

O U V I D O R I A

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Editorial

Fim de ano é aquela época em que prometemos coisas para nós mesmos e para os outros. Promessas que, muitas vezes, esquecemos em meio às gordices do Natal e ao champanhe do Réveillon. Não há problema nisso, porque, muitas vezes, vale mesmo a intenção. Mas em 2014 seria muito bom irmos além disso. Claro, ainda é importante celebrar o que foi conquistado no decorrer do ano e planejar mais, mas também é fundamental entendermos o porquê dos sucessos e, sobretudo, dos fracassos. E este é um ano e tanto para se pensar a respeito disso, fazer um balanço geral, não apenas em termos pessoais, mas também considerando o contexto em que vivemos. Tivemos o início do fim de uma crise mundial, enfrentamos eleições turbulentas, avançamos no campo social, paramos economicamente, e regredimos em áreas como educação e segurança. Vivemos num outro clima, sob as nuvens que começaram a se formar ainda lá nas manifestações de junho de 2013. Foi com milhares nas ruas que nos demos conta da ação dos movimentos sociais e da falência da grande mídia; e, sobretudo, vimos sair do armário uma extrema direita conservadora. É muita coisa para assimilar em um só fim de ano, mas é necessário. Talvez, o que tenha vingado disso tudo, de uma forma ou outra, é a percepção geral de que nós passamos a encarar a política como algo nosso, algo de que fazemos parte, e que precisamos fazer ainda com mais vontade. Nesse sentido, nesta edição, também nós queremos pensar em política, falar de promessas e fazer cobranças, mas queremos ainda lembrar você, caro leitor, que a política não está apenas nas urnas e nas grandes coisas: ela está em cada ato nosso e de nossos vizinhos, no asfalto novo e

EXPEDIENTE

naquele que não está tão bom assim, nas pessoas que se especializam para cuidar da saúde de nosso povo. Política é o ato de importa-se com o outro. Seu José, por exemplo, que coleciona a dor do abandono em seu barraco às margens da 277, não é apenas um dos personagens desta revista ou um nome folclórico de nossa cidade. Ele é alguém para quem nossos olhos devem se voltar novamente. O que nossos políticos estão fazendo para que outros Josés não sejam deixados ao próprio azar? O que nós estamos fazendo para que não morram novos Josés, ou Antônios, nas filas de hospitais? E como deixamos nossas Marias sem trabalho e nossos Pedros sem educação ou alimento? Nossa parte começa por juntar as vozes dessas pessoas, dos cidadãos que acreditam em Guarapuava e ajudam a transformá-la num lugar melhor para Marias e Josés, Antônios e Pedros, que têm nome e direitos. Nossos empreendedores, que dão oportunidades a famílias, que atraem os olhos dos investidores. Aqueles que não nasceram em nossas terras, mas vieram de mala, cuia e vontade para fazer com que nossa cidade se tornasse também a deles. O frio, de que falamos na última edição, nem de perto representa nossa alma, nossa hospitalidade. Não deveria, pelo menos. E também não deve representar nossa vontade de mudar, de cobrar promessas e de acreditar que, juntos, fazemos a cidade em que todos queremos viver. Neste fim de ano, que nossas promessas sejam fundadas nas necessidades de todos e que nos tornem pessoas melhores no próximo ano e em todos os dias.

Rede Sul em Revista – Edição de verão (dezembro de 2014) Produção: Rede Sul de Notícias - Izabel Cristina Esteche - ME CNPJ: 13.660.357/0001-48 Diretora: Cristina Esteche Edição e revisão (colaboradores): Anderson Costa e Julliane Brita Entrevistas e Redação: Cristina Esteche, Rogério Thomas e Lizi Dalenogari Fotografias: Lizi Dalenogari Projeto gráfico e diagramação: AndyLand Criatividade Tiragem: 5 mil exemplares Circulação: Guarapuava, Municípios da Cantuquiriguaçu e da Amocentro, Curitiba e Brasília Gerência comercial: Juliana de Paz Moura Distribuição gratuita

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Por mais ideias políticas

A cidade em movimento Foto da Capa Nicole Gutfreund BAILARINA BEATRIZ KRAMER Produzida na Oficina de Fotografia: A linguagem do movimento Ministrada por Andy Troc no Parque do Lago em novembro de 2014.

Ao som do sino da Catedral Guarapuava acorda com o movimento dos ônibus da cidade O sino da Catedral Nossa Senhora de Belém dá as primeiras badaladas anunciando que um novo dia começou. No Terminal Estação da Fonte, para onde convergem 41 ônibus oriundos das 34 linhas transportando trabalhadores, estudantes, aposentados, o movimento segue o dia inteiro. São pessoas de todas as idades que, num vai-evem constante e quase desenfreado, colocam a cidade em movimento. São quase 7 horas. Dona Nair Aparecida do Amaral acordou muito cedo para fazer o café, ir até o ponto de ônibus e chegar ao trabalho na hora certa. “Ainda bem que o ônibus nunca atrasa, sempre chega na hora”, disse a diarista que mora no Bairro Xarquinho e trabalha no Trianon.

Educard Cerca de oito mil estudantes pagam apenas R$ 1 Guarapuava dá exemplo de políticas públicas para estudantes. Uma lei garante uma tarifa única aos alunos matriculados nos ensinos fundamental e médio de escolas públicas e particulares, e, ainda, estudantes do ensino superior público e bolsistas de faculdades particulares cadastrados no Educard. São mais de oito mil estudantes que pagam apenas R$ 1 ao dia para utilizar até quatro passes. A iniciativa, que partiu da administração municipal em parceria com lideranças estudantis e com a Empresa Pérola do Oeste, é o primeiro passo para a implantação do passe livre. “É um avanço importante na implantação de políticas públicas para os estudantes. Contudo, continuaremos com conversas e debates para a implantação do passe livre”, destacou a chefe do Centro Acadêmico de Serviço Social da Faculdade Guairacá e representante do movimento estudantil, Etiene Rabel Corso, durante a sanção da lei.

A diarista pega, quase que diariamente, algum ônibus da Pérola do Oeste. A empresa transporta cerca de 870 mil passageiros por mês e conta com uma frota composta por 65 ônibus – todos adaptados. Patrícia Duarte Lemos, 23 anos, trabalha durante o dia e estuda à noite – assim como milhares de jovens guarapuavanos. “Se o trabalho da empresa [de ônibus] não fosse eficiente, não sei como faria, mas com a pontualidade tudo acaba dando certo”, afirma. Patrícia mora no Bonsucesso, trabalha no Centro e estuda no Bairro Santa Cruz – local considerado um polo universitário da cidade, já que conta com a Unicentro (Universidade Estadual do Centro-Oeste) e a Faculdade Campo Real.

Nas idas e vindas dos terminais urbanos, o dia passa e a noite vem. Os ônibus deixam o terminal transportando as mais diversas pessoas: trabalhadores, estudantes e os que estão apenas passeando pela cidade. No interior dos veículos, o trânsito dessas pessoas que vão de uma ponta a outra de Guarapuava é constante. Tanto movimento faz com que uma empresa como a Pérola do Oeste consuma, aproximadamente, 100 mil litros de diesel por mês. Mas os efeitos não englobam apenas os passageiros e o consumo de diesel. A empresa, que acompanha cada nascer e pôr do sol em Guarapuava, gera, em média, 250 empregos diretos. Prova de que o movimento da cidade não depende apenas dos ônibus, mas, também, das pessoas.


O olhar se volta para o interior

Em busca de tranquilida- “Aqui tenho tudo o que de e crescimento profis- preciso para viver bem” sional

Maior qualidade de vida atrai profissionais de diversas áreas Sair dos grandes centros para trabalhar em cidades interioranas é sinônimo de qualidade de vida e ascensão profissional, benefícios estes que, muitas vezes, se estendem para toda a família.

Guarapuava é um exemplo. Por ser próxima a estradas significativas e por estar perto do Porto de Paranaguá – fatores importantes para o escoamento da produção –, a cidade possui uma localização privilegiada. Considerada um corredor para o Mercosul, Guarapuava tem estrutura nos

distritos industriais e conta com um mercado consumidor importante. Todos esses elementos “pesam” na decisão que envolve a ampliação de um empreendimento. Diante disso tudo, a cidade ainda conta com um plus: quem chega ganha, além de toda essa estrutura industrial e comercial, sossego e qualidade de vida.

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Por conta dos incentivos que englobam redução de impostos e terrenos com preços mais acessíveis, as cidades pequenas passa-

ram a ter mais atrativos para as empresas.

A médica Beatriz Gomes Bianco Cabrera Garcia morava em Ribeiro Preto, cidade de grande porte do interior de São Paulo, considerada a “Califórnia Brasileira” pelo alto PIB (Produto Interno Bruto) da população. Entretanto, ela e o esposo Antonio Marcos foram atraídos pelas oportunidades que Guarapuava oferece, agregando qualidade de vida com a possibilidade de crescimento profissional. Beatriz, que é dermatologista, e Antonio, cirurgião plástico, são formados pela Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, da USP (Universidade de São Paulo), e buscavam a tranquilidade do interior. Foram apresentados a Guarapuava pelo também médico e especialista em cirurgia de cabeça e pescoço, Dr. David Figueiredo, que já trabalhava na cidade. “Viemos, gostamos e percebemos que a cidade, por ser polo regional, nos oferecia o que estávamos buscando”.

Músico troca a capital baiana pelo sossego de Guarapuava

Para alguns, o clima de Guarapuava pode ser um empecilho: temperaturas baixas, chuva, neblina... Mas foi justamente o frio de Guarapuava que atraiu o músico baiano Antonio Carlos de Castro, também conhecido como Toninho. Natural de Salvador, trocou as praias, a cidade histórica e badalada e o sol escaldante da capital do Nosso Senhor do Bonfim pela quietude e pela qualidade de vida que Guarapuava oferece. “Esta é a melhor cidade que existe, uma cidade que encanta e que não troco por nenhuma outra cidade brasileira”, confidencia. Toninho colocou os pés em Guarapuava pela primeira vez assim que o filho foi aprovado no vestibular. “Vim para montar

Vivendo na cidade há 13 anos, o casal já possui quatro filhos –Matheus, Isabela, Luiza e Rafael – e acompanham o desenvolvimento de Guarapuava. “Acompanhamos o crescimento da cidade nas diversas áreas, vendo o comércio melhorar e se tornar um polo de prestação de serviços”, observa Beatriz. “A cidade é muito boa. Acertamos na opção”.

Novas oportunidades em Guarapuava

De volta pra casa Ele deixou a família para trás e foi em busca do sonho de ser médico. Há 37 anos, o guarapuavano Silvio Sékula atravessou fronteiras e foi parar em Varsóvia, na longínqua Polônia, terra do pai e dos avós, após ter ganho uma bolsa de estudos para cursar Medicina. “Quando jovem eu queria viajar, estudar e sequer sabia o que era o sistema comunista, uma república popular”, conta. Ao pisar em solo polonês, à primeira vista, o frio da paisagem de concreto, a barreira do idioma e a diferença dos usos e costumes chocaram o guarapuavano. “Fiquei um ano em Cracóvia aprendendo a língua po-

lonesa. Nesse período, estudei Psicologia”, relata. De volta à Varsóvia, foram seis anos de universidade e dez anos de especialização em ginecologia e obstetrícia.

“Fiquei um ano em Cracóvia aprendendo a língua polonesa. Nesse período, estudei Psicologia” O tempo passou e Silvio Sékula acrescentou no currículo a função de médico da embaixada brasileira. Se envolveu com a indústria farmacêutica como executi-

vo da Aventis Pharma – hoje Sanofi Aventis –, viveu na Suécia por dois anos, viajou pelo mundo... Pai de dois filhos que vivem na Alemanha, hoje mora em Guarapuava e sente a diferença da terra que deixou. “Guarapuava hoje é outra, está muito melhor, cresceu bastante e a mentalidade do povo mudou”, explica. Tendo morado em Curitiba antes de vir para cá, o médico diz que prefere a cidade onde nasceu. “Aqui a qualidade de vida é bem melhor. Quero voltar a trabalhar como médico, como professor e contribuir para que cidade se desenvolva”, conclui o cidadão do mundo que hoje encontra paz justamente em sua cidade natal.

Guarapuava vê o ano de 2014 acabando e, ao mesmo tempo, comemora novos empreendimentos de grupos empresariais que encontraram na cidade o potencial desejado:

Em 2014

Em 2013

• Araupel Investimento de R$ 120 milhões às margens da PR 466

• Garden Shopping Guarapuava Investimento de R$ 200 milhões no Alto da XV

• Curso de Medicina

• Centro de Especialidades

• Hospital Regional • Indústria de Milho na Agrária • Ampliação da Agromalte

uma estrutura para ele. Durante dois anos vim frequentemente para cá. Me senti muito bem, a minha saúde melhorou, a pressão alta estabilizou... Acabei vindo morar aqui e trazendo a minha filha”, conta. Por morar no centro da cidade, Toninho dispensa até o uso de automóvel. “Guarapuava tem tudo o que me faz bem e aqui faço tudo a pé”, diz. Também intérprete, administrador e exfuncionário da Itaipu Binacional e do Departamento de Águas e Energia, Toninho já cantou em bares e boates do Rio de Janeiro, participou de programas de TV como a Grande Chance, a Escada do Sucesso e outros. Em Guarapuava, Toninho também encontrou um espaço: aonde chega, é “palhinha” na certa. “Esta é a melhor cidade, este é o melhor clima e digo com muita convicção que aqui tenho tudo o que preciso para viver bem”, finaliza o baiano que se encantou pelos atributos guarapuavanos.


Lizi Dalenogari

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Espírito empreendedor O espírito empreendedor dos dois amigos não parou na Construtora Trianon. Em 1994 em uma área de propriedade do Bavaresco e onde, em princípio, seria construído um shopping center, Joaquim e Nenê fundaram o Tijolão, loja de revenda de materiais de construção que em novembro completou 20 anos. Já com a pequena loja em obras no terreno, convidaram o amigo Abrão Nasser para ingressar na sociedade do que é hoje o Tijolão, nome fantasia da Brasmaco Materiais de Construção. Na loja a participação de Nenê também é fundamental. Responsável por parte das compras, área de pessoal e financeira, o profissional cursou apenas até a terceira série do ensino primário. No Tijolão é responsável até hoje pelos cálculos dos orçamentos de materiais dos clientes e elabora com o engenheiro e sócio, cronogramas físico-financeiro para obtenção de linhas de financiamento de seus clientes junto a bancos e entidades de crédito. “Faço estes cálculos com muita facilidade, graças a experiência adquirida ao longo do tempo como construtor.”

O pedreiro que virou empresário

josé Guilherme Haag tem uma história de amor com Guarapuava e com o prédio que levou 22 anos para construir

Nenê veio para começar a vida como construtor, aproveitando a experiência que adquiriu com o pai desde os 13 anos de idade. No final daquele mesmo ano de1968 entregou sua primeira obra, em frente a antiga Rodoviária, onde hoje é o terminal Estação da Fonte. “Com o primeiro salário ele já conseguiu alugar uma casa e começou a mobiliar dentro das possibilidades, relembra o engenheiro civil Joaquim

“Em Guarapuava só não trabalha quem não quer. Basta ser honesto e trabalhador que a cidade oferece todas as oportunidades para você crescer. Hoje quando saio por uns dias e retorno, vejo a linda cidade que outrora me abriu os braços e ainda abre o coração para receber”, diz o construtor.

“Depois comprei um sofá e já me sentia rico”

Parceria que dura 32 anos

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Cidadão conceituado em Guarapuava, cidade que escolheu para viver e onde aportou em 13 de janeiro de 1968, vindo de Ponta Grossa, trazendo “uma malinha, uma caixa de ferramentas e uma esposa de 15 anos e grávida”, o jovem de 19 anos se transformou num empreendedor de sucesso.

Bavaresco, que era responsável técnico da Construtora Haag, fundada em 1974.

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A trajetória do empresário José Guilherme Haag, 66 anos, se funde ao crescimento de Guarapuava. Responsável pela construção de mais 100 obras na cidade, para os poucos que conhecem a sua história, é impossível olhar para muitos edifícios, casas e lojas, sem ver o trabalho do Nenê, como é conhecido um dos sócios do Tijolão e da Construtora Trianon. E para encerrar a carreira na construção civil, o pedreiro por vocação, “enche os olhos” para contemplar o Versalhes, um edifício de 10 andares, 32 apartamentos, agora pronto, mas que levou 22 anos para ser construído.

Quando acaba de contar a sua história, após mostrar os detalhes de cada andar, já de volta ao portão de entrada do prédio que se ergue imponente no bairro Santa Cruz, Nenê olha para o alto e não esconde a realização. “Eu peguei no barro desta obra, acompanhei tudo e agora o prédio está pronto. Eu nem acredito. Agora posso me aposentar”.

Nenê, que já era sócio do seu pai na Construtora Haag, em 1988 criou com o amigo Bavaresco a Construtora Trianon. “Em 1992 o Joaquim lançou três edifícios: o Mônaco que foi vendido na terceira laje, o Toulon, que não chegou a sair do papel e o Versalhes, só concluído agora por questões financeiras dos condôminos”. Os “sócios” no empreendimento pagavam então 300 cruzeiros velhos e hoje terminam o prédio com uma contribuição mensal de R$ 1,3 mil. “Quando começamos éramos jovens ainda com cabelos pretos”, diz Nenê referindo-se aos cabelos brancos do “irmão” e sócio. “Eu conheci o Nenê quando eu era chefe de conservação ferroviária da estrada de ferro Ponta Grossa –Guarapuava e recém pós-graduado em Ferrovias pelo Instituto Militar de Engenharia do Rio de Janeiro, onde obtive a 1º colocação naquele ano. Esta parceria já dura 37 anos”, diz Joaquim.


Se as grandes empresas enchem os olhos da população porque são sinônimo de geração de empregos em massa, são as micro e pequenas que, como formiguinhas, garantem o alimento diário do setor.

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Consciente da importância do empreendedorismo, o prefeito Cesar Silvestri Filho implantou o programa Guarapuava Empreendedora, projeto que possibilita a formalização de atividades que, assim, podem se desenvolver e gerar empregos. “Ter um espaço destinado para atender aqueles que possuem vontade de empreender ajuda não só o empresário, mas toda a cidade que cresce com a movimentação do segmento de negócios”, explica.

A partir desse conceito, a Secretaria Municipal de Indústria e Comércio criou a Agência do Empreendedor. E, a partir de uma parceria com o Sebrae, a Secretaria também disponibiliza o Licita Fácil e o Inova Guarapuava, ferramentas que facilitam a vida de quem deseja empreender. “Em questão de poucas horas, a pessoa que deseja empreender sai da Agência como empresário e ainda com acesso a crédito”, observa a coordenadora do programa, Ana Claudia Klosouski. O modelo está sendo exportado para outros municípios. O secretário de Planejamento Urbano do município de Fazenda Rio Grande, João Valdir Falat, esteve em

Guarapuava para vivenciar a experiência. “A visita foi bastante produtiva. O que vimos aqui vai fazer com que adiantemos bastante o andamento da nossa sala. Acredito que os outros municípios aqui representados também vão poder aproveitar as valiosas informações”. Em Guarapuava, 205 micro e pequenas empresas já foram formalizadas

Arquivo Pessoal

Fotógrafa autônoma há 10 anos, Dani Leela, mineira de Poços de Caldas, encontrou na Agência do Empreendedor a oportunidade que precisava para crescer. “Como entrei no mercado de casamentos e o trabalho aumentou, senti a necessidade de abrir uma empresa e procurei o programa da Prefeitura”, relata. Com a empresa formalizada e qualificada nos cursos e palestras ofertados pelo programa Guarapuava Empreendedora, a fotógrafa diz que se sente mais confiante e que transmite mais segurança aos clientes. “Me sinto apoiada pelo programa, pois quando você pensa em abrir uma empresa pensa que é tudo fácil, mas depois vê que não é tão simples assim. Aprendi coisas simples que abriram a minha visão”, conta a fotógrafa.


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Vem aí um novo conceito em lavanderia Na Arte Florestal, o espaço é zen

Móveis artesanais rústicos, feitos com material de demolição, se misturam a florais e incensos num projeto que une os Irmãos Baitel

Três irmãos com talentos diferentes e cada um seguindo um caminho. Diego é engenheiro florestal. Joelma é jornalista. Miriam é acadêmica de Direito. Mesmo em áreas distintas, os irmãos resolveram se unir em prol de um projeto alternativo. Como se fossem peças de lego, as ideias se encaixaram e do projeto surgiu uma loja de móveis rústicos.

Trabalhando como assessora política por dez anos em Umuarama no escritório político do deputado federal Zeca Dirceu, Joelma conta que também foi “ligada” em coisas alternativas. “Faço ioga há nove anos e, esse tempo em que estive ‘casada’ com a política, sofri, mas aprendi muitas coisas e resolvi investir esse aprendizado num projeto com meus irmãos”, afirma.

A fórmula do sucesso da loja de móveis é simples: basta unir a criatividade de Diego com uma raiz de árvore, um pedaço de tronco, uma janela, uma porta e qualquer outro material de demolição. Dessa mistura, novos móveis são talhados pelas mãos do artista e surge uma mescla de coisas antigas com materiais que dão um toque moderno à peça. O resultado é sempre diferente, mas a reação de quem aprecia é a mesma: encanto pelo bom gosto.

“A Jo vai assumir a parte administrativa e de comunicação da nossa loja. Também vendemos on-line e já temos peças em vários municípios brasileiros”, anuncia Miriam.

“Desde pequeno meu irmão já gostava de criar. Apaixonado por sementes, criava peças artesanais como brincos, colares, pulseiras e vendia para ajudar nos custos da faculdade de engenharia florestal. O Diego sempre foi um cupim, sempre gostou de madeira velha”, relembra Joelma Baitel.

O ateliê está em um lugar separado da Arte Florestal, que fica na Rua Capitão Rocha, 1.100, no centro de Guarapuava. No mesmo espaço, o cliente encontra florais, incensos indianos, e, futuramente, também poderá fazer oficinas de culinária vegetariana, além de ter a oportunidade de participar de bate-papos temáticos numa sala de leitura aconchegante que, segundo os próprios irmãos Baitel, é um espaço zen.

de gostava s mão já ça ir e p u e a m v ia pequeno e ntes, cr “Desde nado por seme res, pulseiras o e la o d ix c a a p , ld s u A inco fac criar. como br os custos da is a n a s n arte judar para a l.” vendia floresta ia nhar de enge

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A partir de janeiro a população de Guarapuava e região poderão contar com um novo conceito em lavanderia. A DRYCLEAN USA está se instalando na cidade com uma proposta inovadora em atendimento nos cuidados com a roupa da sua família. De acordo com o empresário Vinicius Traiano, a DRYCLEAN USA é uma lavanderia completa, pioneira em lavagem ecologicamente correta e especializada em cuidar das roupas, trazendo mais conforto e qualidade para o seu dia a dia. “No Paraná, Guarapuava é a quarta cidade a receber esta franquia. É realmente um novo conceito, que alia profissionalismo, qualidade e preço de mercado para os clientes”, explica Vinicius Traiano. QUEM É A DRYCLEAN USA Presente mundialmente com mais de 400 lojas, a DRYCLEAN USA se tornou uma das maiores e mais modernas redes de lavanderias. No Brasil, são mais de 150 unidades, que oferecem avançadas técnicas de lavagem para todos os tipos de peças de vestuário, para artigos de cama, mesa, banho e decoração e com alta qualidade e respeito ao meio ambiente. LAVAGEM ECOLOGICAMENTE CORRETA “O processo de lavagem Eco System dispensa o uso de produtos químicos nocivos, resultando em proteção ao meio ambiente e às fibras dos tecidos, tornando-as macias e com agradáveis perfumes, sem afetar a saúde”, explica Debora Bueno, treinadora de franquias que está acompanhando a instalação da unidade da DRYCLEAN USA em Guarapuava. “Além de lavar, a unidade também efetuará pequenos consertos nas peças. Outro diferencial, é o atendimento de um sapateiro parceiro, que atenderá pela DRYCLEAN USA em Guarapuava. O objetivo é que todo o trabalho em roupas e sapatos possa ser atendimento pela unidade”, explica Debora.


Specialite é excelência em centro médico

Modelo de gestão que ganha prêmio

A visão empreendedora do cirurgião plástico Antonio Marcos Cabrera Garcia e da esposa, a dermatologista Beatriz, se materializa no Centro Médico Specialite, na Rua Saldanha Marinho, 542. A estrutura física começou com 300 metros quadrados de área construída em 2006, quando a primeira parte da Clínica foi inaugurada. Com necessidade de mais espaço, em julho deste ano a Clínica passou a ter 3 mil m2, atendendo clientes de 50 municípios da região nas áreas de cirurgia plástica estética e reparadora, dermatologia, laser e ginecologia, além de profissionais em nutrição e fisioterapia. O espaço, agora ampliado, será também aberto a outros profissionais. “Quando chegamos aqui em 2002 vimos o potencial de Guarapuava como polo regional e, embora muitas pessoas não reconheçam esse potencial, nós vimos e apostamos nisso”, afirma Cabrera. Instalações modernas e um ambiente clean tornam o Centro Médico Specialite referência em bom gosto, conforto e praticidade. De acordo com o médico Antonio Marcos, tudo foi pensado de forma a oferecer a excelência em atendimento desde a recepção, nos consultórios médicos, salas

de cirurgia, de tratamento faciais e corporais, laser, leitos para internamentos e recuperação pós-anestésica.

“Nosso principal objetivo é a atualização médica constante” O Centro de Estudos – que, recentemente, recebeu o nome da Prof. Dra. Norma Tiraboschi Foss como homenagem por seu papel na formação dos médicos – é dotado de biblioteca, salas de aulas e acesso multimídia. Sedia reuniões clínicas mensais, debates e outros eventos. “Nosso principal objetivo é a atualização médica constante”, diz Antonio Marcos.

Considerado o melhor do Paraná pelo Prêmio MPE Brasil, o desafio agora é nacional

I Jornada Científica Dentro do conceito de qualificação profissional, o Centro Médico já sediou a I Jornada Científica, em parceria com a Faculdade Campo Real, com a presença de ilustres professores e pesquisadores da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto – USP (Universidade de São Paulo), Prof. Dr. Jayme Farina Junior (chefe da Divisão de Cirurgia Plástica do HC), Prof. Dra. Norma Foss (disciplina de Dermatologia) e prof. Dr. Milton Cesar Foss (disciplina de Endocrinologia). “Tivemos a participação de 25 médicos, 50 acadêmicos e pós-graduandos da Faculdade Campo Real”. De acordo com Antonio Marcos, a intenção é promover o evento anualmente.

A qualidade do serviço prestado à população há mais de 20 anos pelo Laboratório Góes resultou num Prêmio Estadual e, junto a ele, o sinal verde para representar o Paraná na etapa nacional. O modelo de gestão implantado pelo empresário e bioquímico Celso Góes deu ao Laboratório o primeiro lugar no MPE Brasil – Prêmio de Competitividade para Micro e Pequenas Empresas, na categoria Serviços de Saúde. O anúncio foi feito em Foz do Iguaçu no Recanto Cataratas Thermas Resort & Convention, durante a XXIV Convenção Anual da Faciap. O resultado e o anúncio de que o Laboratório Góes vai representar o Paraná na etapa nacional – que deve ocorrer no primeiro semestre de 2015 – surpreendeu o empresário. “Me emocionei ao receber o resultado, pois não esperava”, conta. O Prêmio MPE Brasil existe desde 2004. Idealizado para reconhecer a excelência da gestão das micro e pequenas empresas, o prêmio tem por base o MEG (Modelo de Excelência da Gestão) da FNQ (Fundação Nacional da Qualidade). Neste ano, foram mais de 8 mil inscrições, sendo que delas foram escolhidos quase 4 mil candidatos. Destas, 33 empresas foram visitadas por demonstrarem um melhor desempenho.

A fórmula do sucesso do Góes Laboratório O modelo de gestão faz do Góes Laboratório de Análises Clínicas uma empresa com sistema de gestão funcional, com equipamentos de última geração para os mais diversos exames. Essa atualização constante proporciona aos clientes rapidez, agilidade e a certeza de qualidade nos diagnósticos. Esse é um compromisso que existe desde o início das atividades e que continuará sendo o foco da empresa por vários anos.

“As mudanças constantes não estão somente na qualidade dos equipamentos”. Pensando principalmente em melhor atender às empresas conveniadas e à população em geral, o Góes Laboratório consolida sua marca com qualidade e confiança. “As mudanças constantes não estão somente na qualidade dos equipamentos. Elas estão também em novos exames, e o mais importante em toda a gestão organizacional: no corpo farmacêutico e clínico”, afirma Góes.

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Visão empreendedora atrai pacientes de 50 municípios

Lizi Dalenogari

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LABORATÓRIO GÓES


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Competência e tecnologia salvam vidas

Em 12 anos de atividade, o Centro de Hemodinâmica atendeu quase 13 mil pessoas

por meio de finos cateteres na dinâmica circulatória, o que possibilita o diagnóstico por introdução de contraste radiológico. Já a angioplastia é o tratamento das artérias coronárias pela desobstrução mecânica do vaso por meio de um balão com o implante de uma prótese chamada popularmente de stent. As duas técnicas são praticamente

“A competência da equipe aliada aos equipamentos de ponta permite que o paciente realize o exame perto de casa, sem necessitar deslocar-se para a capital” indolores, sendo, na maioria das vezes, realizadas através da artéria do punho (artéria radial). “A competência da equipe aliada aos equipamentos de ponta permite que o paciente realize o exame perto de casa, sem necessitar deslocar-se para a capital”, finaliza Geraldo Pacheco Barbosa.

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A cada ano, o Centro de Hemodinâmica salva mais vidas. Sediado no Hospital São Vicente de Paulo, em Guarapuava, o Centro oferece serviço qualificado em recursos humanos e tecnológicos, sendo o único em Guarapuava e região com atendimento de alta complexidade para vários tipos de doenças relacionadas à cardiologia intervencionista. Os números de pacientes que entraram no Centro de Hemodinâmica com a saúde comprometida comprova a competência médica e tecnológica. “Em 12 anos, já fizemos 13 mil atendimentos e a maioria com êxito”, disse o cardiologista Geraldo Pacheco Barbosa. “Cerca de 90% desse atendimento são pacientes do SUS (Serviço Único de Saúde), que é o perfil da população guarapuavana”, observa. Oferecendo um conjunto de procedimentos médicos invasivos para diagnóstico e tratamento de cardiopatias, os procedimentos mais realizados no Centro de Hemodinâmica são o cateterismo e a angioplastia. De acordo com o médico Stefan Wolanski Negrão, o cateterismo é realizado


Hospital Regional

Cesar Filho

Unidade vai preencher o vazio assistencial na região Muito mais do que o investimento de R$ 52 milhões, o Hospital Regional, em Guarapuava, vai preencher um vazio assistencial na região, atuando para complementar o atendimento já prestado pelos demais serviços de saúde. Quando concluída, a unidade poderá servir de campo de treinamento para diversos cursos da área de saúde da Unicentro (Universidade Estadual do Centro-Oeste), visando inclusive a implantação do curso de medicina da região. Dessa forma, vai haver um grande impacto na formação de novos profissionais de saúde e na assistência hospitalar de todo o centro-oeste do Paraná. De acordo com o secretário estadual da Saúde, Michele Caputo, o hospital, que tem

perfil regional, será construído ao lado da sede do campus da UTFPR (Universidade Tecnológica Federal do Paraná), com acesso pela BR 277, o que vai facilitar o movimento de ambulâncias vindas dos municípios da região. “O hospital foi planejado para complementar a assistência à saúde oferecida na região e deve atuar em áreas hoje deficitárias. A unidade terá 16 mil m2 e beneficiará cerca de 410 mil habitantes da região. Com 150 leitos, sendo 30 leitos de UTI adulta e 10 de UTI infantil, o hospital integrará as Redes de Atenção à Saúde, em especial a Paraná Urgência”. Segundo Caputo, as obras vão começar já em 2015 e a unidade deve entrar em funcionamento em 2016.

CENTRO DE ESPECIALIDADES O Estado vai investir também cerca de R$ 9 milhões na construção do prédio do Centro de Especialidades, cujas obras de terraplanagem já começaram, e também vai garantir aquisição dos equipamentos da unidade. Para o secretário, o novo Centro de Especialidades representa um marco na melhoria da qualidade do atendimento especializado na região. A previsão é de que, com ele, seja possível realizar cerca de 12

mil consultas médicas mensais e 4,7 mil consultas com equipes multiprofissionais, com nutricionistas, enfermeiros, assistentes sociais e psicólogos, por exemplo. O centro terá ainda potencial para realizar 6,3 mil exames especializados por mês, como ultrassonografias, endoscopias, eletrocardiograma, entre outros, e cerca de 30 mil exames laboratoriais. Quanto às cirurgias eletivas ambulatoriais, a previsão é que possam chegar a mais de 400 mensais.

“2015 vai ser o ano de afirmação que valeu a pena”

“RESGATE HISTÓRICO” Além dos R$ 61 milhões para a construção do Hospital e do Centro de Especialidades, estão sendo destinados R$ 8,5 milhões para construção, reforma ou ampliação de 28 unidades da saúde da família. Michele Caputo lembra que o governo também já repassou R$ 2,7 milhões para a ampliação de prédio anexo ao Hospital São Vicente de Paulo e R$ 600 mil para equipamentos. A obra, que permitirá a abertura de 50 leitos gerais para atendimento SUS na região, já está em andamento e deve ser finalizada em 2015. Ao todo, o Governo do Estado repassou ao hospital R$ 12 milhões entre custeio, obras e equipamentos. “É um resgate histórico que estamos fazendo nessa região. Há dez anos o Governo do Estado não realizava obras de peso para a área da saúde na região e estamos conseguindo reverter isso com o centro de especialidades e o futuro Hospital Regional”.

Nos últimos dois anos Guarapuava e região têm sido contemplados com diversos projetos estadual e federal. São obras anunciadas que, quando concluídas, serão fundamentais para suprir um vácuo geográfico histórico na falta de investimentos em infraestrutura básica, que passa de 20 anos.

de estradas como o maior já realizado no Município. “São obras que asseguram à população a possibilidade de deslocamento de um ponto a outro do Município, levando progresso, estudantes indo a passeio, enfim, possibilitando boas condições de deslocamento”.

Na avaliação do prefeito Cesar Silvestri Filho, nos últimos dois anos Guarapuava tem se preparado para assumir definitivamente o papel de polo regional. “Esses dois anos foram de muito trabalho. E grande parte desse trabalho, nas reivindicações junto aos governos do Estado e Federal, foi extremamente importante a presença do prefeito junto às secretaris, ao governador, aos ministérios. Articulamos e gestionamos muito o que é de direito de Guarapuava e o que há anos não vinha acontecendo. Foram dois anos importantes, de preparação e conquistas. Tenho certeza que 2015 será o ano para comprovar a Guarapuava e região que o nosso trabalho valeu a pena. Realizamos muito em 2013 e 2014, mas 2015 Guarapuava será um dos maiores canteiros de obras do Paraná, com a execução de tudo aquilo que planejamos, buscamos e conquistamos para a nossa população e para toda a região”.

“Além disso, na Educação, estamos trabalhando na ampliação e reformas de escolas, além da qualificação constante dos professores. No nosso entendimento a Educação é base do desenvolvimento, por isso temos priorizado a construção de novos prédios, a reforma e ampliação de prédios que há tempos estavam sem manutenção, e, principalmente, valorização da classe profissional do setor”. O prefeito cita ainda a melhoria no IDEB como resultado prático dos investimentos. “Nosso índice foi surpreendente, evoluimos muito e isso é fruto de um trabalho intenso com investimentos e reconhecimento do setor. O IDEB é a prova que estamos no caminho certo no trabalho da Educação em Guarapuava”.

EM EXECUÇÃO Entre as obras em execução em Guarapuava, Cesar Filho aponta o programa de pavimentação urbana e de recuperação

Cesar Filho também aponta a construção da sede própria da UTFPR e a abertura de novos cursos nas faculdades em Guarapuava como reconhecimento das instituições pelos investimentos que estão ocorrendo no Município. “É inquestionável que Guarapuava é um polo regional também de Educação. E os investimentos em cursos superiores traz muitos benefícios diretos para a cidade e para a região. A UTFPR e

as demais instituições apostam na consolidação de Guarapuava cada vez mais como um grande polo regional”. Na Saúde, Guarapuava foi reconhecida estadualmente com o Prêmio Gestor Público do Paraná com o programa Mãe Guará. “Esse prêmio é o reconhecimento das ações implantadas pela atual administração”, resume o prefeito Cesar Silvestri Filho, lembrando que, no ano passado (2013), o projeto Parque Escola, da Secretária de Meio Ambiente, foi contemplado com o prêmio. O programa Mamãe Guará visa o acompanhamento, atendimento e monitoramento de todas as gestantes e bebês nascidos no município. Com diversas ações na área da saúde, o município conseguiu reduzir o alto índice de mortalidade infantil, um dos principais indicadores de desenvolvimento humano. “Nós ampliamos a rede de cuidados às gestantes e bebês, com a sistematização da assistência, atendimento especializado e odontológico, oferta de equipe multiprofissional, entre outros”. Para dar suporte a este programa a vários outros, a Prefeitura está reformando e ampliando 16 postos de saúde. “Até o final de 2015 esses 16 postos estarão com estrutura reformada e ampliada, possibilitando atendimento de qualidade à nossa população”.


Estúdio Cipriano

Outra obra na Saúde apontada como de grande importância em 2014, foi a efetivação da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do Batel. “A UPA qualificou o atendimento. Hoje Guarapuava tem um local preparado e estrutura para atendimento de emergências. É um atendimento especializado com ótimas condições para quem precisa”. ENCHENTE Um aspecto negativo no ano de 2014 foi a enchente de junho, a maior da história já registrada na região e que atingiu praticamente todo o Município. “Não há como prever desastres naturais, mas demos uma resposta imediata para o ocorrido. Cortamos salários do prefeito, secretários e cargos comissionados, remanejamos despesas, direcionamos investimentos e colocamos em prática o Plano de Recuperação de Danos (PRD). “Redirecionamos através de economias e dos cortes nos salários cerca de R$ 6 milhões. Esses recursos próprios do município foram fundamentais para a recuperação rápida do que as chuvas destruíram. Demos a resposta que a comunidade precisava naquele momento. Agimos de forma rápida e o ritmo de desenvolvimento que Guarapuava vinha apresentando foi interrompido, mas está sendo retomado”. ESPORTE No setor de Esportes, Cesar Filho aponta que as conquistas vêm se somando dia a dia. “Além das estruturas que estão sendo reformadas, estamos incentivando os esportistas de Guarapuava. Já estamos colhendo os resultados. Guarapuava já foi vergonha nacional com o estado do Ginásio Joaquim Prestes, onde chovia mais dentro do que fora. Recuperamos a estrutura física e colocamos novo piso. E foi nesse palco que o Brasil assistiu às ótimas campanhas do CAD, que se sagrou campeão estadual invicto após o novo piso ser instalado. Os guarapuavanos estão voltando a ter orgulho do esporte local”. 2015/2016 Se os anos de 2013 e 2014 foram de articulação e de preparação, Cesar Filho aponta o biênio 2015/2016 como de afirmação. “Temos certeza que 2015 será um ano de afirmação, onde os guarapuavanos terão a certeza que todo o trabalho que realizamos até aqui valeu a pena. Guarapuava vai se tornar um dos maiores canteiros de obras do Paraná”. HOSPITAL REGIONAL/CENTRO DE ESPECIALIDADES/MEDICINA Entre as obras de grande importância, Cesar Filho aponta a construção do Hospital Regional, do Centro de Especialida-

des e do Curso de Medicina como âncoras de uma nova realidade. “São investimentos de mais de R$ 50 milhões, que até agora estão no papel. Mas já estão assegurados e confirmados. São obras e conquistas que vão contribuir para dar melhores condições de vida para os moradores de toda a região.” RODOVIA/AEROPORTO O prefeito aponta ainda as parcerias entre as concessionárias de pedágio como positivas para melhorar a estrutura rodoviária que corta a cidade. “Já estamos na fase final do primeiro trecho de duplicação da BR 277 no sentido a Ponta Grossa. Mas também estamos negociando a duplicação e a implantação de trincheiras no sentido Foz do Iguaçu. Estamos bem adiantados na negociação e estamos lutando para a duplicação até a sede da Agrária, na BR 277, com a construção de trincheiras e trevos. Isso vai agilizar o tráfego e dar mais segurança a quem utiliza a rodovia nessa área central de Guarapuava”. Da mesma maneira, Guarapuava está entre os dois municípios do Paraná que receberão investimentos para obras de melhoria e ampliação do aeroporto. “Temos assegurado por parte do Governo Federal R$ 80 milhões em investimentos. O aeroporto de Guarapuava estará preparado para atender a essa demanda que irá surgir

nos próximos anos, ficando entre os melhores aeroportos do país”. HABITAÇÃO/SANEAMENTO Dois programas que também são apontados como os maiores já realizados na história de Guarapuava são o habitacional e o de saneamento. “Guarapuava está recebendo o maior projeto habitacional da história. Em 2015, ele terá continuidade com a liberação de mais casas. Da mesma maneira, a Sanepar tem projetado o maior investimento da história da empresa já feito em Guarapuava. Isso é qualidade de vida que está sendo colocada à disposição da população”. EXPECTATIVA Com todas as obras em andamento e projetos prontos para serem executados, o prefeito reafirma que a realidade de Guarapuava muda a partir de 2015. “Trabalhamos muito até aqui. Vencemos uma etapa necessária e importante, que é a parte burocrática. Agora, vamos colher os resultados positivos desse intenso trabalho dos dois últimos anos. Os guarapuavanos terão a certeza que realmente valeu a pena acreditar nesse novo projeto de desenvolvimento para o Município e para a região”.

O trabalho que merece prêmios Dentista ganha o reconhecimento da sociedade guarapuavana

Ela é presidente da ABO (Associação Brasileira de Odontologia), regional Guarapuava, recebeu o prêmio Divas na área da Saúde no Dia da Mulher, é coordenadora do curso de Técnico em Saúde Bucal, no Centro Formador Caetano Munhoz da Rocha, pela Escola de Saúde Pública do Paraná. Estas são apenas algumas das atribuições da dentista Renata Cristina Freitas Brito Araujo, formada pela Universidade de Ribeirão Preto em 1997. Filha de uma família muito unida, ganhou, com humildade, respeito e muito trabalho, a mais rica herança: o estudo. O irmão formou-se médico; ela, dentista, e foi em Guarapuava que Renata conquistou um espaço profissional não só no município, mas na região. Casada com Elton Thives Araújo com quem teve as filhas Laura (12), Maria Augusta (9) e Ana Francisca (02), Renata é grata à família. “Eles são meus alicerces junto

com toda minha família, me apoiam em cada oportunidade que me é ofertada, entendendo toda a correria do meu dia a dia”.

Filha de uma família muito unida, ganhou, com humildade, respeito e muito trabalho, a mais rica herança: o estudo Com esse apoio e muita dedicação, Renata já prestou serviços em Foz do Jordão, Irati. Em Guarapuava, desde 2003 já atuou no antigo COAS, com pacientes soropositivos, profissionais do sexo e detentos da 14ª SDP; integrou a Equipe da Saúde da Família do bairro Paz e Bem; assumiu o departamento de Odontologia da Prefeitura Municipal de Saúde. Formada em Multiplicadora de Saúde Bucal da Pastoral da Criança, capacitou coordenadoras de 20 municípios; foi coordenadora de Saúde Bucal do Departamento de Atenção à

Saúde, da Secretaria de Saúde; e concluiu o curso de Gestão em Saúde Bucal na Universidade Estadual de Maringá. Toda essa trajetória lhe deu o know -how que a fez merecedora do Prêmio Paraná Sorridente, em outubro de 2014, pela gestão em saúde bucal, já que o município de Guarapuava ficou em 2º lugar do Paraná entre as cidades de 50.001 habitantes a 300.000 habitantes. Em novembro de 2014, Renata recebeu a Moção de Aplausos e Congratulações, concedida pela Câmara Municipal de Vereadores.


beto richa

Boa convivência garante exemplo de liderança no Paraná

Um mandato voltado para o social

Deputado atribui a boa reputação ao modo honesto e respeitoso de trabalhar

A meta é chegar a 200 mil pessoas fora da extrema pobreza no Paraná

Com sete mandatos consecutivos como deputado estadual – e atuação em 50 municípios paranaenses, incluindo Prudentópolis e Cantagalo – o tucano Ademar Traiano, que contou com votos expressivos de Guarapuava, se coloca à disposição para ser parceiro e atuar mais no município. A vontade de investir mais em Guarapuava tem motivos: além de gostar muito da cidade, Ademar tem parentes que já se enraizaram na cidade. “Tenho filho, nora e netos morando em Guarapuava e isso é um peso pesado para que eu possa contribuir com o município”, expõe.

Os próximos quatro anos de mandato do governador Beto Richa no Paraná serão voltados para a melhoria da qualidade de vida, com foco em projetos sociais. Se atualmente, 92 mil pessoas saíram da extrema pobreza, a meta é dobrar o número de atendimentos e Guarapuava está inserida nesse contexto com novos investimentos nas áreas da saúde e educação, principalmente, segundo anuncia o governador Beto Richa. “Nenhuma administração se justifica se não praticar ações para melhorar a vida das pessoas, em especial daquelas que mais precisam do poder público”.

RSN - Quais os principais projetos da área social para 2015 na região de Guarapuava? Beto Richa - Nossa gestão é voltada para o atendimento das necessidades das pessoas. São programas e investimentos que permitiram tirar 92 mil pessoas da extrema pobreza. Lembro que Guarapuava foi onde lançamos ações do programa Família Paranaense. Esta é principal plataforma de combate à pobreza no Paraná e já atendeu 1.878 famílias do município com complementação de renda do programa e outras ações para tirá-las da situação de vulnerabilidade social. RSN – Qual é a meta para 2015 nessa área? Beto Richa - Nossa meta e dobrar o número de pessoas atendidas, chegando a 200 mil no Estado, para reduzir as desigualdades que ainda existem. As ações na área social têm parceria com as prefeituras, que nos apresentam projetos para ampliar o atendimento aos moradores. Nosso plano de governo traz ações que podemos desenvolver em conjunto com as cidades, como a rede de serviços regionalizados para atendimento a mulheres vítimas de violência ou a rede de assistência de alta e média complexidade, para a população em risco social e atendimento de crianças, adolescentes e jovens em abrigos, casa lares ou repúblicas. RSN - Guarapuava tem se tornado um polo regional da saúde. Há novos investimentos previstos para 2015, além do Hospital Regional e do Centro de Especialidades? Beto Richa – A cidade foi escolhida para receber um novo centro de especialidades

médicas, que vai atender a população da região com consultas especializadas. Vamos iniciar as obras do Hospital Regional e consolidar os demais serviços de saúde que o Estado implantou no município, que recebeu a primeira unidade do Serviço Integrado de Saúde Mental que atua com abrangência regional e associa tratamento ambulatorial e o tratamento assistido 24 horas para pacientes que dependentes químicos ou sofrem de transtornos mentais. RSN – Esse apoio será mantido? Beto Richa - Investimos R$ 2,5 milhões em obras em unidades sociais e equipamentos hospitalares e manteremos este apoio para a cidade. Também liberamos recursos para apoiar a reestruturação e qualificação do atendimento no Hospital de Caridade São Vicente de Paulo, que também recebe recursos mensais do governo para custeio. Nossa meta é abrir 1.000 novos leitos hospitalares no Paraná, sendo 500 de UTI. Um dos hospitais que vai contribuir para alcançar este objetivo é o Hospital Regional, que receber mais de R$ 50 milhões em investimentos. RSN - E o curso de Medicina na Unicentro? Beto Richa - Estamos fazendo o que está ao nosso alcance para viabilizar a implantação do curso. Trabalhamos com a perspectiva de que ele seja instalado até 2016, e passe a funcionar em conjunto com o Hospital Regional. Mas ainda é preciso vencer etapas. Depois de aprovado o projeto pedagógico, ainda é necessária aval da Secretaria de Estado da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior do Paraná (Seti) e do Conselho Nacional de Saúde, por exemplo.

RSN - A Unicentro manterá o PED e há novos investimentos previstos para 2015? Como fica a situação das universidades estaduais? Beto Richa - O ensino superior é uma atribuição federal. Apesar disso, o Paraná dá um exemplo para o Brasil, mantendo sete universidades estaduais. Continuaremos a fazer os investimentos necessários, dentro das possibilidades do Estado para ampliar e modernizar as estruturas. É necessário destacar que o orçamento para Ciência e Tecnologia do Paraná chega a R$ 2,7 bilhões em 2014, é o segundo maior do Brasil, atrás apenas do de São Paulo. Proporcionalmente, o Paraná é o estado que mais investe no setor. RSN - O que o Paraná pode esperar do novo mandato de Beto Richa? Beto Richa - Eu acredito que fizemos muito pelo Estado, apesar das dificuldades impostas ao Paraná nos últimos quatro anos. Isto foi reconhecido pelos paranaenses nas urnas neste ano. Mas o melhor está por vir. Como disse antes, a prioridade é investir no social. Nenhuma administração se justifica se não praticar ações para melhorar a vida das pessoas, em especial daquelas que mais precisam do poder público. Vamos seguir com muita austeridade e absoluto rigor na aplicação dos recursos públicos.

Ademar Traiano tem um longo histórico na política. Aos sete anos, fez seu primeiro pronunciamento público. Mesmo tão jo-

vem, Ademar atribui que aquele foi o momento crucial para o início de sua história na administração pública. Depois, militou

“Embora meus pais não fossem políticos, essa arte está no sangue. Tenho um irmão que já foi vice-prefeito de Santo Antônio do Sudoeste e uma irmã que é vereadora no Rio Grande Sul” na política estudantil, se tornou vereador e, mais tarde, foi o primeiro prefeito eleito de Santo Antônio do Sudoeste após a ditadura militar. “Embora meus pais não fossem políticos, essa arte está no sangue. Tenho um

irmão que já foi vice-prefeito de Santo Antônio do Sudoeste e uma irmã que é vereadora no Rio Grande Sul”, explica o deputado. Com o foco direcionado para Francisco Beltrão, Ademar Traiano também atua em outras localidades do Paraná. Considerado uma das maiores lideranças do estado, o líder do Governo no atual mandato do governador Beto Richa diz que essa conquista está embasada no posicionamento, no trabalho e na honestidade. “Fui oposição ao governo Requião em 1991 e continuei por mais oito anos quando ele voltou ao governo. Minha postura política com boa convivência com os demais deputados colabora para que eu faça oposição com respeito aos adversários. Isso me dá credibilidade”, afirma.


Com um pé na faixa e o olho no carro

FROTA As ruas projetadas no início do desenvolvimento da cidade foram desenhadas para atender o número de veículos daquela época. Porém, hoje a realidade é muito diferente. Guarapuava possui a 10ª maior frota do Paraná, com mais de 89 mil veículos. Esse número justifica o grande movimento (ou movimento lento) em dias de pico. Fica praticamente impossível achar vagas de estacionamento.

PEDESTRES Se para os motoristas o grande movimento é complicado, para os pedestres a situação é ainda mais tensa. Para sensibilizar os motoristas para que eles dêem a preferência para os pedestres, a Prefeitura de Guarapuava, através Surg, iniciou em abril deste ano a implantação de faixas elevadas para pedestres. “É um trabalho constante de conscientização, pois os guarapuavanos ainda não tinham a cultura de respeitar a faixa de pedestres”, diz o presidente da Surg, Fernando Damiani.

Lizi Dalenogari

Lizi Dalenogari Lizi Dalenogari

Sob essa ótica, é possível ver que Guarapuava, assim como outros municípios brasileiros, foi mergulhada numa inanição, resultante da falta de planejamento urbano. Se, por um lado, projetos de urbanização deram um ar jovial, com canteiros de flores coloridas e aparelhos que embelezaram o centro, se esqueceu de promover o bem-estar das pessoas a partir de iniciativas simples, mas extremamente necessária. A implantação de pontos de ônibus adequados e de semáforos inteligentes, por exemplo, são tão importantes quanto a ampliação da rede de saneamento básico, da revitalização de praças e parques.

Ao longo dos anos, Guarapuava foi deixando de ser uma cidade do interior, se tornando polo regional em Saúde, Educação no comércio e na indústria. Milhares de pessoas vêem em determinados dias do mês realizar compras, ou resolver questões bancárias, ou, ainda, agendar ou realizar exames e consultas no setor da Saúde. Da mesma maneira, diariamente a cidade recebe milhares de estudantes, que vêem em comboios para estudar nas universidades locais.

O sinal está aberto para o bem-estar O renomado arquiteto polonês Daniel Libeskind, responsável pelo projeto de reconstrução da área onde caíram as antigas torres do World Trade Center, em Nova York, comparou as cidades em que trabalhou a corpos vivos com alma e variações de humor.

Aos poucos, os guarapuavanos estão se habituando a uma nova forma de direção em seus veículos, andando com mais calma e prestando mais atenção aos pedestres.

Em 2014, foram implantadas 15 faixas, mas os pedidos continuam se avolumando e o projeto será intensificado a partir de 2015. “Temos recebido muitos pedidos para a implantação das faixas. Todos esses pedidos são encaminhados para o Conselho Municipal de Trânsito (Comutra) que avalia a necessidade. Mas, com certeza, é um projeto que traz mais segurança para os pedestres”, afirma Damiani.


CAMPANHA “A FAIXA É NOSSA”

Para a professora da Universidade Estadual do Centro-Oeste (Unicentro), uma das coordenadoras do Movimento Pé na Faixa, Patrícia Carla Angeloni de Lima, os resultados da organização da sociedade já aparecem com a implantação das lombadas elevadas em diversos pontos da cidade. “Toda e qualquer mobilização neste sentido faz com que melhorias ocorram e estamos vivendo um momento onde não podemos mais nos dar ao luxo de nos omitirmos. O trânsito está caótico e os registros de acidentes são alarmantes. Por isso convidamos a sociedade a se engajar nesta campanha. Cada um fazendo a sua parte, motorista e pedestre, teremos um trânsito mais seguro”, destaca Patrícia.

Lizi Dalenogari

“Pedestre na faixa, motorista que respeita para!”, é assim que motoristas e pedestres são confrontados pela campanha “A Faixa é Nossa”, que tomou corpo em Guarapuava com o objetivo de conscientizar tanto os motoristas quanto os pedestres sobre a importância de um (motorista) parar quando há alguém atravessando a faixa e o outro (o pedestre) cruzar as ruas por ela.

Elizabete Correia, que reside na Vila Carli, chega às pressas do outro lado da faixa, mas não consegue esconder um sorriso de satisfação. “O carro parou e eu vim rápido, porque vai saber se ele vai esperar ou não. Ainda bem que esperou e torço pra que todos parem e respeitem sempre os pedestres”, diz Elizabete enquanto ajeita várias sacolas de compra no colo. A campanha visa, principalmente, alertar motoristas que passam pela faixa de pedestres sem parar antes da faixa de contenção, mesmo que pessoas estejam esperando para atravessar a rua. “Muito importante este tipo de campanha. Precisamos de uma conscientização total de nossos motoristas e aí me incluo, afinal, somos pedestres também”, diz o motorista Hélio Machado. O estudante Carlos Conceição chegou irritado ao outro lado da faixa, pois o motorista não parou. “Tem que ser algo que os dois lados (motorista e pedestre) cumpram, senão não dá certo. Eu vou pela faixa, nem que fique mais longe do lugar que ia atravessar, mas o motorista tem que respeitar e parar. Consciência, essa é a palavra”, destaca o estudante. Para conscientização de motoristas e pedestres, foram distribuídos panfletos junto com explicações no momento em que carros estavam prestes a passar pela faixa de pedestres. Para os motoristas que concordaram e toparam aderir a campanha, um adesivo foi fixado na parte traseira dos veículos com a frase “Movimento Pé na Faixa, eu apoio!”

Praças e outros espaços públicos ganham mais árvores

EXEMPLO DE QUE DÁ CERTO Enquanto Guarapuava ainda está engatinhando na conscientização dos motoristas e pedestres sobre a importância de usar a faixa, Pato Branco, no Sudoeste do Estado, anda a passos largos e colhe ótimos resultados. “Chegamos a um índice de mais de 95% de eficiência das faixas de pedestres implantadas no Centro da cidade. O trabalho continua para que seja atingida a meta de 100%. Ainda temos muito a fazer nos bairros, mas estamos no caminho”, explica o diretor do Departamento de Trânsito, coronel Esau Borges Sampaio. Um ponto fundamental para que a conscientização sobre a utilização da faixa de pedestres em Pato Branco decolasse, segundo Sampaio, foi a criação do Departamento de Trânsito de Pato Branco (Depatran). O órgão municipal executivo de trânsito foi criado em 2006 e tem como competência legal operar o sistema de estacionamento regulamentado e rotativo, de veículos automotores e executar a fiscalização de Trânsito, autuar e aplicar as penalidades cabíveis

por infrações de circulação, estacionamento e parada, bem como outras atribuições. “Nós colocamos os agentes na rua para que eles parassem os veículos para que dessem preferencial aos pedestres. Com o tempo esse trabalho passou a se tornar hábito dos motoristas. O importante de tudo é o motorista se conscientizar que o pedestre chegou antes no mundo do que o carro”, destaca o coronel. “Tão logo o Departamento foi criado, foram iniciadas as campanhas de conscientização. No começo foi meio tumultuado, mas com o passar do tempo os motoristas e, principalmente, os pedestres foram se acostumando. Hoje é um hábito do pedestre atravessar pela faixa e hábito ainda maior do motorista em dar a preferência ao pedestre. Foram oito anos para chegar a esse índice, mas o trabalho está sendo feito para que ele seja melhorado e chegue a 100%”, conclui Sampaio.

As políticas públicas desempenham um papel fundamental na paisagem do espaço urbano. De acordo com o engenheiro florestal da Secretaria Municipal do Meio Ambiente, Saulo Vinicius Kuster da Silva, as áreas verdes e as praças aparecem como campos inseridos no sistema metropolitano, em que as necessidades econômicas da cidade não excluem os benefícios ecológicos da natureza ou as vantagens lúdicas do lazer. “Não é só a parte paisagística, há os benefícios como a questão da água/ solo, abafa os ruídos dos veículos, oferece sombras, atrai a fauna”. Ocorre, desta forma, uma harmonização das contradições entre o cinza concreto da grande cidade e o verde simbólico da natureza. Mudas novas substituem as árvores mortas em praças e outros logradouros públicos, como aconteceu recentemente no Parque do Lago.


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Guarapuava possui casos bem-sucedidos e que atuam como canal para caminhadas aos finais de tardes, ponto de encontro para bate-papo, atividades culturais num movimento incessante de idas e vindas.

O plantio de cerejeiras e de ipês com a participação da iniciativa privada visam dar um colorido que vai contrastar com o verde já existente na Praça Ucrânia. Trinta mudas foram plantadas em parceria com a Colônia Japonesa de Guarapuava numa iniciativa da empresária Katia Burko em parceria com o Colégio Assunção.

A revitalização da Praça Ucrânia com a nova quadra poliesportiva, campo de areia, academia ao ar livre e outros aparelhos para o bem-estar dos guarapuavanos deu vida ao logradouro público.

Abimael Valentin

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Viviane Gabre, mãe de Nicolas, de três anos, e moradora do Santa Cruz, diz que se surpreendeu com a revitalização da Praça. “Simplesmente transformou o bairro, mexeu com a autoestima dos moradores que ajudam a cuidar. Aqui, trago meu filho para admirar as pessoas praticando esportes, fazendo ginástica. E até um piquenique já estou convocada a fazer aqui, pois para ele isso é saudável. A Praça esta superestruturada e o mais importante é a preocupação com a sustentabilidade, necessária para crescermos ordenadamente. Muito prazeroso poder contar com mais esta opção de lazer na nossa linda cidade”.

Liz

O representante de vendas, Edson Martins, morador do bairro Santa Cruz, se mudou para Guarapuava há três meses e confessa estar apaixonado pela cidade. “Sou de Cianorte e amo minha cidade, mas agora tenho uma nova eleita que já ganhou meu coração e certamente encantará também a minha família, que chegará em breve. Qualidade de vida, esta Praça encantadora e bem cuidada, toda a cidade é surpreendente. E ainda tem lugares que pretendo conhecer assim que minha família chegar; o Parque do Jordão é um deles”, afirmou.

Kazuo Kawakami, 72 anos, responsável pelas mudas plantadas no Parque do Lago, há 13 anos foi um dos primeiros a cavar a terra e colocar uma muda da planta. “Só espero que caso outro prefeito entre, não corte as árvores por serem exóticas”, observou. Kazuo se refere ao primeiro plantio de cerejeiras feito na Lagoa das Lágrimas. As árvores foram cortadas em 1998 por não serem plantas nativas. “Eu vi o pessoal cortar as árvores. Hoje só existem três, mas agora é diferente porque a população aceita as flores de outro país”.


O local serve também como sede de grandes movimentos como a Virada Cultural, o artesanato, o Coral dos Anjos na época de Natal, a Virada do Ano. Essas são apenas algumas iniciativas interessantes, dentre outras em execução pela cidade. A tendência, porém, é que as pessoas duvidem da capacidade de promover modificações como as que estão acontecendo em vários pontos de Guarapuava. É até natural, pois há muitas histórias de obras que nunca saíram do papel e que foram propagadas por gestões anteriores. Mas, se abrirmos os olhos para o que acontece à volta, será possível enxergar que a cidade pode, sim, ganhar nova cara e autoestima, e isso se refletirá em moradores também mais saudáveis e felizes.

Lizi Dalenogari

*Retrato Falante

Outra requalificação de área simbólica para a população pode ser vivenciada no Parque do Lago, espaço que também é ocupado por pessoas de todas as idades. Entre a área verde, pés de cerejeiras mostram que o espaço se torna ainda mais especial na temporada de inverno, quando as flores brancas e cor-de-rosa de vários matizes se tornam atração especial. Córregos por entre pedras fazem um recorte na paisagem, onde a intervenção da madeira rústica em forma de pontes liga o Parque de um lado ao outro. É como se fosse um oásis de convívio em meio a entornos intrusos, mas aceitáveis, como a pista de skate, a academia ao ar livre, o peer que sedia as Tardes Musicais, projeto de iniciativa do jornalista Mauro Biazi que se tornou tradicional e que recebe o pôr do sol ao som da boa música.

A XV de Novembro está mudando A Rua XV de Novembro, principal artéria que corta o centro de Guarapuava, está sendo ampliada e vai proporcionar uma nova ligação do centro da cidade à BR 277. De acordo com o arquiteto Luiz Marcelo Sanches, serão quatro quilômetros desde a rótula da Polícia Militar até a entrada – ou saída – pela rodovia federal. As obras de infraestrutura estão em andamento. “Já concluímos as galerias pluviais e agora entramos na fase das demarcações e mudança de posteamento. Depois será feita a terraplenagem”. A ampliação dará novo visual à XV de Novembro. A avenida terá duas pistas com sete metros de cada lado e um canteiro central de três metros com paisagismo e ilumi-

nação. “Teremos passeios dos dois lados da XV de Novembro, com blocos de concreto e ao longo da via seis rótulas farão a conexão com outras ruas”, elucida o arquiteto. A valorização do Alto da XV, passando pelo Residencial 2000, até a BR 277 e a segurança na mobilidade chamam a atenção. Uma ciclovia com pavimentação asfáltica em CBUQ [concreto betuminoso usinado a quente] também compõe a paisagem de concreto.


Três mil vozes ecoam a mensagem do Natal Guarapuava apresenta um dos mais belos espetáculos natalinos do Paraná. Composto por três mil vozes, o Coral dos Anjos envolve alunos de 35 escolas municipais, espalhadas pelos bairros da cidade. Segundo a revista Ranking Brasil, o coral é considerado o protagonista da apresentação a céu aberto no Sul do Brasil. A nova performance do Coral dos Anjos foi aplaudida pelo público que lotou o Parque do Lago na noite de 6 de dezembro deste ano. Três novas canções foram incluídas no repertório. A maestrina responsável pelo Coral Municipal, Marcia Rickli, acompanhou todas as notas soadas pelos anjos do coral. Com um novo setlist, o coral abriu os ensaios com as canções “O primeiro Natal”, “Cantai, o Salvador Chegou” e “Aleluia”.

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Ingredientes: • 1 paleta de cordeiro • Sal • Pimenta do Reino • Limão Modo de preparo: • Temperar o cordeiro com 2 horas de antecedência. • Assar em forno (180º) por 2 horas.

Ingredientes do Molho: • 400g de molho de tomate • 2 colheres de sopa de açúcar mascavo • 1 colher de sopa de mel • 1 colher de sopa de mostarda • 1 colher de sopa de molho inglês • 100 ml de vinagre branco Modo de preparo: Misturar todos os ingredientes e levar ao fogo baixo por 20 minutos até obter a redução de 70% do seu volume. Modo de servir: Retire o cordeiro do forno. Acrescente o molho e leve ao forno novamente por mais 15 minutos.

Lizi Dalenogari

PALETA DE CARNEIRO COM MOLHO BARBECUE

Para encantar, tudo é preparado com esmero. São cerca de quatro meses de ensaios e preparação. A escolha do repertório, as túnicas e acessórios são detalhados minuciosamente, mas o principal objetivo é despertar o espírito natalino em cada cidadão. “Um dos nossos trabalhos nas escolas, se não o principal, é resgatar o amor ao próximo, lembrando sempre que o Natal não é só presentes, e sim o nascimento de Jesus”, diz a secretária municipal de Educação e Cultura, Doraci Senger Luy. Para ela, a figura do anjo é especial. “Ele anuncia as boas-novas”, finaliza.


A luz do Natal guarapuavano

Corrente de Luz

Por Lizi Dalenogari Quem desce para o Jordão na época natalina não consegue ficar indiferente. O telhado de uma casa iluminada chama a atenção já nas primeiras curvas da avenida Rubens de Siqueira Ribas. Isso há mais de 40 anos, sem interrupção. Todo início de noite, o homem com luz própria chamado José Sovrani liga os pisca-piscas e deixa que os visitantes entrem para ver de perto o presépio e observar cada detalhe da decoração que ele reinventa de forma diferente ano a ano. Às crianças visitantes, distribui balas e atenção. José acredita que quem não vive para servir não serve para viver. Com esta convicção segue fazendo o bem e tratando todas as pessoas com uma humanidade rara, uma simpatia que cativa ao primeiro contato, tanto o rico como o pobre, sem distinções. Mas de onde vem este fazer o bem sem olhar a quem? De onde se origina este espírito solidário e que ilumina o Natal de

tantos guarapuavanos nestes anos todos? Vamos voltar no tempo e as respostas surgirão como pisca-piscas. Quando menino, na década de 60, era mais um pequenino morador do Jordão que vivia humildemente com seus pais e irmã. Na véspera de Natal de um ano tão iluminado quanto ele, subiu a pé a Serra do Jordão com seu pai, que “alumiava” o caminho com um lampião a querosene (este original lampião que ainda ilumina o presépio). Iam assistir a Missa do Galo na Catedral Nossa Senhora de Belém. A euforia era tanta que, nem ele nem a irmã se preocupavam com o cansaço do caminho. Ao chegar a igreja, foram convidados a participar de uma festa na Loja Jane. Lá, o senhor Marinho havia preparado cuidadosamente um cenário que marcaria a vida de “Zezinho” (sim, é como seu José é chamado até hoje) para sempre. “Nunca mais esqueci a emoção daquele momento. Nunca tomei tanta tubaína na vida e ganhei tantas guloseimas. E se não

bastasse ainda ganhei das mãos do Papai Noel um carrinho. Minha mana uma boneca. E tudo aquilo nunca mais me saiu da cabeça”, conta emocionado. E foi neste momento, ainda criança e sem prever o que o futuro lhe reservava, que fez uma promessa. Quando crescesse iria fazer algo para que muitas famílias, principalmente crianças, sentissem a alegria que ele havia vivenciado através da boa ação do senhor Marinho. Sim, ele seria sua inspiração. E com a companheira de mais de 40 anos, a esposa Cleuza, que dá forma ao seu sonho todos os anos. E desde a chegada do primeiro dos seis filhos, não há um único Natal que não decora a sua casa, encantando a atenção dos seus primeiramente e consequentemente de tantas outras crianças que não ficam indiferentes diante do encantamento das luzes.

Josicléia, José Carlos, Josiane, João Paulo, Joslaine e Jaqueline são os filhos desse carismático casal. Agora são os sete netos que dão continuidade a tradição se comprometendo com o avó a dar sequência a esta corrente de luz. “Quando o senhor tiver velhinho vai ficar observando sentadinho eu arrumar as luzes. E eu vou perguntando se tá bom ou não porque sei quanto o senhor é detalhista. E aí vou arrumando do jeitinho que o senhor pedir, tá bem?”, promete para o avó o netinho, João Pedro, de 8 anos. E não são só os pisca-piscas que se acendem nesta época do ano. Se acendem também as lembranças de cada visita, de cada olhinho brilhando, de cada gesto de agradecimento (por mais que seu Zezinho não faça questão) e de cada aprendizado desta ideologia solidária. “Vivemos aqui momentos mágicos em um ambiente cuidadosamente preparado para ser encantador”, revela Odete Sampaio, 44 anos, moradora do bairro Santa Cruz e que trazia os filhos e hoje trás as netas para visitar a casa iluminada, já um ponto turístico da cidade nos festejos natalinos.


As luzes da casa do senhor Zezinho estão ligadas desde 15 de novembro e serão acessas diariamente até o dia de Reis, 06 de janeiro. “Geralmente deixo acessa até a meia noite todos os dias. Já estava deitado num domingo quando minha esposa viu a movimentação em frente a casa. Já se passavam das 23h30. Era uma família grande do Campo Velho que estava com a netinha. Ela veio com os bracinhos abertos e dizendo eufórica que era tudo muito lindo. Só por estas manifestações de carinho vale tudo. Não tem preço”, conta Zezinho emocionado. Esta alma inquieta, carismática, sonhadora e juvenil garante que, mesmo que todas as luzes da cidade se apaguem, ali no número 3274 da avenida Rubens Siqueira Ribas, no caminho para o Jordão, a luz de um filho de Deus cheio de amor e que preza a união, estará sempre acessa. Ele é a LUZ do Natal. Sejamos LUZES!

O natal encantador de Guarapuava Fotos de Lizi dalenogari



“Peleia grande”

Escola Municipal Antonio Lustosa

Um divisor de águas na educação de Guarapuava

Lizi Dalenogari

Após dez anos de luta que envolveu pais de alunos, sede própria se torna realidade

No lugar dos escombros da demolição do antigo Minibox, a estrutura de concreto sobe e, a cada dia, materializa um sonho de pais, alunos e professores. Aos poucos, a Escola Municipal Antonio Lustosa toma forma. A previsão é que possa abrigar os alunos já no primeiro semestre de 2016. Construído com o que há de mais moderno, a sede própria da escola que, há mais de dez anos é compartilhada com o Colégio Estadual Visconde de Guarapuava, muito mais que conforto e comodidade, oferecerá também uma nova metodologia de ensino – planejada a partir do debate realizado entre a equipe pedagógica e os pais dos alunos. São 3.187,60 m2 de área construída com oito salas de aulas, laboratórios de informática e de ciências, biblioteca, refeitório, área administrativa, quadra de esportes construída entre os dois blocos. O investimento do Município para que tudo isso se torne realidade chegou a mais ou menos R$ 6 milhões. As salas de aulas possuem janelas voltadas para a quadra esportiva. Para isolar o barulho, haverá conforto térmico com ar-condicionado em cada sala, permitindo que as janelas permaneçam fechadas. “Esta será a primeira escola que terá esse equipamento”, observa o prefeito Cesar Silvestri Filho

Se a obra física se destaca pela modernidade e pelo conforto ofertado aos alunos, a metodologia de ensino também será modelo. O diferencial é que a Secretaria Municipal de Educação chamou os pais de alunos e professores para debaterem o ensino dos filhos. “Por ser uma escola central, os pais não quiseram horário integral, mas sim atividades no contra turno”, diz o prefeito. Para as aulas de teatro, dança e outras atividades culturais, será utilizado o espaço do teatro –construído em uma área anexa à escola. “Vamos utilizar esse espaço para ofertar módulos para toda a rede municipal de ensino”, anuncia o prefeito.

Um marco para a educação da cidade Adriana Rocha Camargo, mãe de aluno, também acredita que este momento é um marco para Guarapuava. “Agora, nos últimos dois anos, tudo fluiu de uma maneira adequada porque extinguimos desde o início qualquer pretensão política deste ou daquele. Nosso foco é e sempre foi única e exclusivamente a educação. Temos que exaltar a abertura que esta gestão do Cesar Filho nos deu. Ainda candidato ele se comprometeu conosco. Honrou o compromisso e demonstrou comprometimento e eficiência. Agora, estamos aqui diante do sonho que saiu do papel e se tornou concreto. Uma vitória para a educação. Uma vitória para Guarapuava”.

Se a administração municipal cumpre a sua parte, os pais também possuem as suas obrigações. Gilberto Iberê Abreu Andrade tem um filho na escola. Pela melhoria do ensino, encabeçou o movimento que lutou pela sede própria da escola. Era ele quem marcava as assembleias e reunia os pais. Intensificado em 2011, o movimento participou de assembleias, fez atas, blitz e panfletagens. A partir desse trabalho, os pais ganharam voz – e tudo isso com algo em mente: não se tratava de uma iniciativa partidária, mas sim de uma ação que focava na garantia da educação de qualidade para as crianças. “Enfrentamos uma peleia grande para chegar até aqui. A gestão passada era muito centralizadora do poder, não abriu para discussão. A Joanita, ex-diretora, nos deu a liberdade para agirmos. Na época, éramos 240 pais e em uma das assembleias realizadas, os 240 participaram. O engajamento dos pais neste processo foi um marco. Eu defino este momento como um ‘divisor de águas’ em Guarapuava. A grandeza da educação acontece quando formarmos cidadãos críticos e atuantes e Guarapuava só tem a ganhar com isso. Que sirva de lição para as outras escolas. Não desistam do sonho. O nosso está se tornando realidade”, afirma Gilberto, orgulhoso pelo trabalho realizado.


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LITERATURA

Memória é pura imaginação

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A história da Família Merlin pelas mãos da Professora Dirce A importância da Família Clève na história de Guarapuava começa há muitos anos. Depois de o desembargador Jeorling Clève se aposentar da magistratura e dedicar seu tempo a escrever livros, agora é a vez de sua esposa, a professora Dirce, se dedicar à literatura. O livro “Família Merlin: Memória é Pura Imaginação”, lançado em novembro de 2014, relata a saga dos imigrantes italianos vindos de Verona e, em especial, do casal Giuseppe e Giuditta Merlin. “Voltar ao passado é sempre um caminho cheio de surpresas e família é algo grandioso que explica nossos traços físicos e nosso temperamento”, diz a professora. Entre os motivos que a levaram a escrever, está a curiosidade de um dos netos, que sempre procurou saber mais sobre a história da família. “Meu neto Luís Gustavo foi o maior incentivador. Ele era curioso pra saber todas as histórias. Aproveito também para deixar aos meus netos a viagem e a coragem da nossa família”, revela.

A narrativa – que é também um passeio cultural pela história dos imigrantes, as dificuldades e a perda da língua italiana com a Segunda Guerra Mundial – começou a ser escrita em 2012. Concluída no mês de maio deste ano, somente em novembro foi apresentada à família, em comemoração ao aniversário do pai da autora. “Estou feliz. Fiz um trabalho que me satisfez, que fez menção a vinda dos antepassados. Mostro como sofreram e como se fixaram no país. Motivei algumas amigas que estão contando histórias da família e as próprias histórias. É gratificante”, finaliza a professora.

Sobre Dirce Clève

Com vasto currículo na área da educação, Dirce Clève é professora e possui mais de 14 especializações, já participou de vários seminários e encontros pedagógicos. Seu relevante trabalho foi reconhecido pela comunidade de Pitanga, que mais tarde a homenageou, dando seu nome à Biblioteca das Faculdades do Centro do Paraná, em 2003. Em abril de 2004, a Câmara

Municipal de Pitanga lhe fez a outorga do título de Cidadã Honorária da cidade. Dirce Clève é uma das mais ativas soroptimistas da cidade de Curitiba. O título, criado nos Estados Unidos, vem de uma junção de palavras latinas (soror – irmã/mulher, óptima – excelente) e procura evidenciar mulheres que atuam constantemente em ações voluntárias em prol de melhores condições para as mulheres. Na capital paranaense, Dirce foi responsável pela coordenação da Campanha de Prevenção ao Tráfico de Mulheres, publicando as cartilhas “Liberte-se das Opressões – Diga Não à Violência”, “Tráfico de Mulheres, Não Deixe Acontecer” e o livro “Direitos Humanos para Mulheres e Meninas”. No rol das homenagens, a professora também guarda uma que foi dada pela UniBrasil. Na ocasião, a instituição batizou o complexo poliesportivo com o nome de Dirce Clève em função das inúmeras realizações na educação e na cultura.


Lizi Dalenogari

COLÉGIO SESI

Método diferenciado é modelo para o país VIDA RURAL

Diariamente, o Colégio Sesi movimenta centenas de estudantes que buscam um método de ensino diferenciado e que é modelo para o país inteiro.

A vida porteira adentro Programa diversifica atividades e gera renda ao agricultor familiar

De acordo com o diretor, Marildo Faustino Rodrigues, diante de tantas mudanças sociais, surgiram novos desafios para a educação e para a maneira de educar, exigindo uma metodologia cada vez mais dinâmica, integrada e inovadora. E é aí que o Colégio Sesi entra formando jovens éticos, transformadores e em sintonia com a inovação, através de uma metodologia de ensino diferenciada. Lizi Dalenogari

As aulas são baseadas nas Oficinas de Aprendizagem, em que os alunos se reúnem em equipes para solucionar desafios propostos pelo professor, promovendo a integração das disciplinas, a autonomia, a criatividade e o trabalho em equipe. De acordo com o diretor, a estrutura oferecida aos 370 alunos do ensino médio permite a aplicação diferenciada, que se destaca das demais, desde 2006. Também é cogitada para a implantação da Faculdade da Indústria na unidade Sesi de Guarapuava.

O sítio do casal Sirlei e Vicente passou a ser sinônimo de fartura. Porteira adentro, as estradas recém-cascalhadas garantem o escoamento da produção, que é entregue para enriquecer a merenda escolar e, também, colocada à venda na Feira do Produtor em Guarapuava.

“Possibilitamos a pesquisa, atualizando e despertando o interesse pela mídia social. Insistimos no apoio à leitura, que acaba sendo nosso grande diferencial. Um aluno do Sesi lê pelo menos oito livros durante o ano”.

Prêmio A metodologia tem rendido prêmios, como o da Fundação Espanhola. Guilherme Rosa, do 2º ano, ganhou o título de melhor Conto Nacional e da América Latina. O método tem rendido frutos aos guarapuavanos, como as oficinas bimestrais. Estudos de mercado definem de onde os projetos vão partir e então se constroem desafios propostos pelos professores, que instigam o trabalho em equipe entre os alunos. Segundo o diretor, uma das oficinas – “Entre pregos e Cavacos” – desafiou os alunos a pensarem em um móvel inédito no mercado priorizando a sustentabilidade. O resultado foi o primeiro lugar em um concurso nacional. O “My Puff”, criado pela aluna Hanna Carolyne Larocca Kremer Oliveira, do 2º ano, contou com a colaboração

do colega Jonas Fudal. Hanna ganhou uma bolsa de estudos e em abril vai representar o Brasil em Milão, na Itália. “Aqui nos preocupamos com a opinião do outro, levamos em conta os aspectos de toda a equipe e trabalhamos as diferenças. O meu colega Jonas foi fundamental no amadurecimento do meu projeto”, disse Hanna. “Pensei o ‘My Puff’ como uma caixa do mágico, e deu certo”. Com a bolsa de designer de móveis, Hanna vai estudar dois anos em Arapongas, polo moveleiro, e sonha em fazer Senai na área de Logística Portuária.

Se até pouco tempo, o acesso à estrada secundária que conduz às propriedades do distrito de Guairacá era repleto de dificuldades, agora, é mais rápido, confortável e seguro. De acordo com “seo” Vicente, a vida nunca esteve tão boa. “Nasci, me criei e moro aqui há 60 anos e nunca estivemos tão bem como agora. Estamos tendo o respeito e a consideração que os pequenos produtores merecem”, diz. O agricultor se refere às estradas cascalhadas dentro e fora da propriedade e também aos incentivos que recebe para aumentar a renda da família por meio dos projetos que integram o programa municipal Vida Rural. Com o solo corrigido, a horta produz verduras e legumes que ganham espaço de destaque no mercado. “A gente acorda quando o galo canta pra poder cuidar de tudo, mas vale a pena”, comenta Dona Sirlei. Ao lado da propriedade, é possível ver uma construção. Lá, além de muito concre-

to e tijolos sobrepostos, existe um sonho – e o sonho, que vem se concretizando com a ajuda do programa estadual Moradia Rural, é do filho de Sirlei e Vicente. A história contraria a máxima de que os filhos abandonam o meio rural para conquistarem o urbano. Na verdade, demonstra que os investimentos nesse meio estão atraindo novas pessoas e, também, fazendo com que outras criem raízes nas propriedades mais distantes dos centros.


Lizi Dalenogari

As verduras garantem o sustento

Lizi Dalenogari

A poucos quilômetros, na mesma região, moram Josiane e Leandro Zacarias Prestes. Em meio a um a vale, na casa ladeada por muito verde e gado no campo, o filho pequeno descansa numa rede aproveitando a sombra de uma árvore frutífera. A casa dos pais de Leandro dá boas-vindas aos visitantes. Uma casinha branca um pouco à frente, ainda em construção, enche os olhos do casal. “Vamos morar ali”, aponta Josiane. Durante o dia, nas lidas campeiras, os pais de Leandro cuidam do gado que garante carne e leite para o consumo. Junto com Josiane, Leandro cuida da roça e da horta. Na hora da colheita, o filho observa. “Essas verduras garantem o nosso sustento, pois vendemos para a merenda escolar e também na Feira do Produtor”, diz Josiane. “Agora com as estradas boas fora e dentro da porteira só temos a agradecer”, completa Leandro.

Por Lizi Dalenogari

GuArAPuAvA Possui:

3,4 mil Produtores 2,7 mil PequenAs is ProPriedAdes rurA s 4,5 mil quilÔmetro is de estrAdAs rurA

23 AGroindústriAs: • 10 PAniFicAções • 05 de GeleiAs • 03 de emButidos • 02 de derivAdos de leite • 03 de miniProcessAmento de leGumes e verdurAs, EM CONSTRUÇÃO

Marilise Scheidemontel Michelini sempre foi apaixonada por cavalos. Na verdade por todos os animais. E transmitiu este amor para o marido Sebastião Haeffner e para os filhos Kaoana, Tuanne e Gabriel. É só ir chegando na Chácara da família para atestar isso. São cachorros, pássaros, gatos, patos, vacas e bezerros, e é claro, os lindíssimos cavalos. Todos em harmonia e a espera de novos agregados. Sim, porque nesta família hospitaleira e amável sempre tem espaço para mais um. Gaúcha de Carazinho, a ex-modelo Marilise trocou o glamour das passarelas pelo desafio das pistas de Rodeio. E é lá que, ao lado da filha Tuanne de 16 anos, e do filho Gabriel, de 9 anos, rompe preconceitos, atrai admiração, dá exemplo de amor aos animais, se reinventa. Quando ganhou a primeira potra de sua vida se viu no dilema de ir contra tudo e todos, já que não aceitava a forma como os animais eram tratados e aí iniciou a sua maneira própria de cativar a confiança de seus cavalos. “Comecei a adestrar os animais os ensinando a gostar do que fazem. Com muito carinho, respeito, começamos a lhes tirar o medo fazendo com que se acostumassem com o barulho, o movimento incessante dos rodeios. Tudo com muita calma, no tempo deles. Habituamos o animal e ele acaba curtindo a competição tanto quanto nós”, conta Marilise.

Hoje ela adestra, faz o ferragiamento de seus cavalos, os treina para as competições em vários tipos de modalidades. Usa técnicas simples e eficazes amparadas na docialidade, companheirismo, conquistando a confiança do animal com suave comando de voz. Não usa bucal, cabrestro, chicote, nem montaria. O resultado salta aos olhos. Um laço de confiança e amor os unem e libertam.

“Habituamos o animal e ele acaba curtindo a competição tanto quanto nós” Há 3 anos esta família adotou as provas de laço como esporte. Esporte que praticam juntos. “Uma oportunidade de estarmos sempre unidos, respeitando e dissiminando a tradição de nossos pais, bisos e avós, da nossa terra. Temos o animal como nosso grande parceiro nesta caminhada e são incontáveis os momentos saudáveis que vivenciamos na vida cotidiana e nas competições”, diz emocionada a jovem Taunne. E tudo isso só é possível através do suporte logístico e emocional que o esposo Sebastião e a filha Kaoana lhes dão. “Um apoio incondicional. Sem eles nada disso seria possível”, explica a matriarca.

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Laço de amor pelos animais faz família vencedora


RESGATE DA TRADIÇÃO

Como esta é uma maneira de estar na vida, Marilise resolveu construir na sua propriedade um barracão todo de pedra, como os contruídos pelos tropeiros, onde funcionam as baias de seus animais. Uma verdadeira obra de arte onde os cavalos Baio, Linda, Lady e Gold se sentem, literalmente, em casa.

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Marilise vem de uma família de tropeiros. O avó Antônio Michelini desbravava o Rio Grande amado exercendo o tropeirismo com maestria. O pai, Nérsio Michelini, era músico e fazia questão de levar a tradição a todos os rincões que percorria. E é com base neste respeito à história de seus antepassados que a prenda do laço tem tomado a frente de manifestações em Guarapuava e região para que o tropeirismo seja resgatado e volte a ter o respeito que já teve. A organização de cavalgadas, procissões de fé e a tradicional Semana Farroupilha são exemplos destas ações.

Obras humanizam o Jardim das Américas

DESAFIOS

A cidade é mesmo camaleônica. Basta ficar algum tempo sem ir a determinado lugar para saber que, ao retornar, surpresas e mudanças serão vistas em vários locais.

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Eles estão entre os competidores de melhor pontuação do estado do Paraná, e fazem parte da Seleção da 3ª Região Tradicionalista (RT). A família estará participando do 26º Encontro Estadual de Seleções Campeiras, que acontece na cidade de Pinhão durante o fechamento desta edição da revista. Pontuando bem lá se credenciam para a competição nacional. “Não competimos entre nós. Quando entramos na pista somos mãe e filha, ou mãe e filho se divertindo juntos e é gratificante ver a receptividade do público. Estamos treinando motivados e felizes, afinal estamos unidos num mesmo propósito (mãe, filha e filho competidores): estarmos sempre juntos e nos dedicarmos integralmente aos nossos animais, lutando pelos seus direitos e bem estar”. Uma filosofia de vida que encanta a quem os conhece.

No Jardim das Américas, um dos locais mais pobres de Guarapuava, a vida agora pulsa num compasso diferente. Em meio às casas simples – a maioria repleta de lixo reciclável no espaço vazio – é possível perceber que os moradores trabalham como operadores ecológicos. Muitos são diaristas. “Ah! Dá pra tirar uns R$ 250 por mês”, diz Otavio Nunes, pai de quatro filhos. É justamente para as crianças como as do “seo” Otávio que a administração municipal está construindo o Centro de Artes. De acordo com o mestre de obras Claudinei Oliveira, o prédio de três mil metros

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PERIFERIA

quadrados de área construída vai oferecer cineteatro com capacidade para 60 lugares, além de salas para telecentros, salas de multiuso, biblioteca, espaço para o CRAS (Centro de Referência em Assistência Social), banheiros adaptados, espaço para convivência, área administrativa, copa, cozinha e refeitório. Entre um bloco e outro, terá espaço para a pista de skate, quadra poliesportiva, mesas para xadrez e academia ao ar livre. O espaço é aberto à comunidade e vai oferecer cursos de qualificação profissional e de geração de renda para a jovens e adultos. Em outra extremidade, a obra da creche entra em fase final. Ela vai beneficiar crianças do jardim das Américas e do Paz e Bem.


Intercâmbio estudantil: de olho no futuro A qualidade de vida chega à periferia

A cada ano aumenta o número de estudantes guarapuavanos que buscam desenvolver um segundo idioma de forma sólida, conhecer uma nova cultura, adquirir experiência, viver sozinho e longe dos pais. Nesse contexto, o intercâmbio estudantil tem sido uma ótima alternativa para quem está de olho no futuro.

O homem com 73 anos de idade já perdeu a visão de um dos olhos, mas ainda lê na memória a época em que se mudou para o Paz e Bem há quase 30 anos. “Ih! Este lugar mudou muito, principalmente nos dois últimos anos quando o asfalto passou nas ruas”. Luiz Alves é aposentado e, solícito, lembra quando foi uma liderança responsável pela organização dos moradores em busca de água tratada e de energia elétrica. “Quando mudei pra cá, a gente pegava água de um poço que fica ali, mas depois de muitas reuniões conseguimos água e luz”, conta. “Agora veio o asfalto, a creche para os nossos netos, o Centro de Artes pra gurizada – e não foi preciso nem pedir”, emenda a esposa, Lurdes.

Atualmente o mercado de trabalho tem valorizado muito os profissionais que tive-

Algumas universidades possibilitam para o estudante de graduação e pós graduação a possibilidade do intercâmbio, porém fica de sua total responsabilidade os custos de passagem, hospedagem, alimentação e despesas acadêmicas.

como umas das maiores dificuldades, o mesmo ressalta que quanto mais distante o país, mais demorada é a adaptação. Neste sentido, o turismo de estudos pode ser tratado como um segmento de grande relevância para o crescimento estudantil, promovendo um mercado bastante promissor para os que passaram por esta experiência e contribuindo para o desenvolvimento profissional e pessoal, que futuramente serão utilizados no exercício da função de sua profissão.

Este processo de qualificação e ampliação de conhecimento inicialmente passa por um choque cultural e de idioma, sendo destacado pelo economista, Bernardo,

DADOS

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Vivendo com um dos filhos e com a nora, o casal cria quatro gatos, mas é à “Polaca” que “seo” Luiz é mais apegado. “Essa aqui não me larga nunca, nem quando pego a carroça pra ir catar papelão”, diz, enquanto acaricia a cadelinha branca. Sorridente, dona Lurdes expõe como gosta de viver onde mora. “A minha alegria é ter meus netos, minha casa, ver o meu filho construindo ali atrás e o nosso bairro crescer. Sou feliz aqui e não troco este lugar por nada, principalmente agora que o prefeito está melhorando a nossa vida”, diz.

O maior objetivo do intercâmbio para estudantes é o aprendizado, praticar a troca de experiências entre culturas diversificadas além de vivenciar outra realidade que agregará mais responsabilidade, autonomia e conhecimentos em sua vida profissional.

ram experiências fora do país, principalmente empresas multinacionais ou que importam e/ou exportam mercadorias, até mesmo nos programas de seleção para “trainees”; a experiência do intercâmbio é um grande diferencial no currículo do candidato.

Entre as 100 melhores universidades do mundo, de acordo com o ranking Times Higher Education, divulgado no início de outubro, há 5.425 estudantes brasileiros que obtiveram bolsa pelo programa Ciência sem Fronteiras. O número representa 13,8% dos 39.091 brasileiros, de graduandos a pesquisadores realizando pós-doutorado, que estão atualmente em universidades do exterior por meio do programa do governo. São 3.953 alunos de graduação-sanduíche (ou seja, realizada parte no exterior e parte no Brasil), o que representa 72% dos brasileiros nas instituições “top 100”, mais

854 inscritos em doutorado e 401 bolsistas de pós-doutorado.

com a instituição, há um total de cinco estudantes do Brasil atualmente matriculados.

No total, são 2.733 universidades no exterior que recebem bolsistas do Ciência sem Fronteiras, oriundos de 850 instituições brasileiras, conforme dados informados pelo Ministério da Educação (MEC).

Já na Universidade Harvard, segunda do ranking, estão 87 brasileiros do programa atualmente, sendo 19 de graduação, 25 de doutorado e 37 de pós-doutorado. Em Oxford, na Inglaterra, terceira do ranking, são 37 brasileiros. Stanford, a quarta colocada, tem 17. E Cambridge, quinta do ranking, conta atualmente com 47 bolsistas do Ciências sem Fronteiras.

No Instituto de Tecnologia da Califórnia (Caltech), dos Estados Unidos, eleito pela quarta vez a melhor universidade do mundo, há apenas um brasileiro estudando por meio do Ciência sem Fronteiras, ao realizar uma pesquisa de doutorado. De acordo


Da Folha ao Estadão

Os desenhos de Carlinhos Müller Da antiga Folha do Paraná à Folha de SP e ao Estadão

Um pedaço de papel, um lápis e muita criatividade. É com estes ingredientes que o menino que nasceu em Pinhão – e morou grande parte da infância e juventude em Guarapuava – se tornou um dos mais conceituados ilustradores do país. José Carlos Santos, o internacional Carlinhos Müller, se interessou pelo desenho ainda na infância. “Meu pai tinha um comércio em Pinhão e eu o ajudava. Nas horas vagas, ficava folheando os jornais que ele comprava por quilo para embrulhar os produtos vendidos na mercearia. Um dia, no meio dos jornais, achei uma revista Veja e tinha um desenho do Paulo Caruso. Acho que era uma caricatura do Ronald Reagan. Me despertou uma curiosidade! Achei estranho e belo, naquele momento decidi o que eu seria”, conta. Mesmo diante da certeza do que faria no futuro, Carlinhos ainda conservava a ingenuidade de criança. “Eu não sabia o nome da profissão... Eu era um matuto do interior e tinha apenas oito anos de idade”, brinca. Aos 12 anos, foi a Guarapuava. “Vida difícil”, afirma. Trabalhando como atendente numa academia, Carlinhos ficava desenhando para passar o tempo. Estava ali o sinal verde para que o desenhista mostrasse seu talento no jornal diário Folha do Paraná, do jornalista Carlos Alberto Gomes. “Fui lá e mostrei meu caderno para ele e para o Fernando Esteche, que era o editor. Na hora me convidaram para ficar”, relata. De acordo com Carlinhos, o único problema era que não dava para desenhar, pois o jornal era em linotipo. “Esse sistema não permitia fazer clichê dos desenhos todos os dias, então fiquei diagramando e esperando o dia em que chegasse a impressora offset”, relembra. Quando, finalmente, a Folha de Londrina passou a ser impressa em offset, veio outro problema: não tinha verba para fazer fotolitos todos os dias. Tudo era montado em papel vegetal para baratear o processo. “Eu tinha que desenhar direto nas páginas, às vezes num espaço mínimo e tudo ao contrário para ficar correto na hora da impressão. Foi uma grande escola pra mim”, lembra.

Em 1988, a família do desenhista se mudou para Ourinhos, no interior de São Paulo. O objetivo era trabalhar na usina de álcool e açúcar São Luiz. “Lá procurei o jornal local onde fui contratado, mas não durou muito e a empresa fechou. Fiquei colaborando com o Debate de Santa Cruz do Rio Pardo, do amigo Sergio Fleury. Mas, tudo muito difícil também, aí acabei trabalhando na usina como faz tudo. Desde letreiros em caminhão, até auxiliar de laboratório”. A vontade de vencer na profissão escolhida fez o jovem perder a timidez e encarar uma das cidades mais importantes do Brasil. “Vim para São Paulo com a cara e a coragem e duas cartas de apresentação que pedi ao jornalista Sergio Alves, que foi editor no Última Hora e no Jornal do Vale de Ourinhos, onde o conheci. As cartas eram para o jornal Notícias Populares e para a Folha Metropolitana de Guarulhos, onde acabei ficando por 10 meses até surgir um concurso na Folha de São Paulo para chargista. Mandei meu trabalho para lá e fui um dos oito ganhadores”. O prêmio conquistado? Um emprego num dos maiores jornais do Brasil. “Acho que meu sonho estava se tornando realidade, mas foi muito difícil também, não conse-

gui me adaptar ao ritmo do pessoal da Folha de São Paulo e pedi para sair”. Depois de tantos altos e baixos, Carlinhos foi até a Editora Globo e, voltando de lá, andando pela Marquês de São Vicente, viu o prédio do Estadão, na Marginal do Tietê. “Me deu aquela luz. Fui até lá com minha pasta debaixo do braço. Chegando na portaria, falei com o guarda que gostaria de trabalhar no jornal e perguntei se poderia mostrar meus desenhos lá na redação. Ele ficou desconfiado e pediu uma referência, alguém para me receber. Eu não tinha e fiquei ali com cara de cachorro magro”. Sem querer desistir, Carlinhos Muller mostrou os desenhos para o porteiro, que logo reconheceu o talento do desenhista. “Ele só falou assim: ‘Vai lá Zé Carlos!’ Entrei correndo e, no corredor, encontrei uma colega que era da Folha de São Paulo. Ela me apresentou ao editor de artes e ao editor chefe, o Zé Paulo Kupfer, na época. Não sei por que simpatizaram comigo e fiquei um dia, dois, um ano, dez...”. Foi assim, nesse ritmo inusitado, que Carlinhos já acumula 23 anos na redação do Estadão.

Pioneiro em ilustrações 3D Hoje, Carlinhos Muller possui o próprio estúdio, continua colaborando com o Estadão e fazendo trabalhos para outras empresas. “Dou aulas de pintura e desenho. Sou músico nas horas vagas, toco saxofone e flauta transversal, aprendi sozinho também. Tenho três filhos, Luiza, Gabriel e Luca, fruto do casamento com a Norma, fotógrafa que conheci no Estadão. Atualmente estou solteiro”, enfatiza. Atualmente, faz vários trabalhos em parceria com a Editora Belas Letras, além de ter ilustrado livros de Serginho Groisman, Tico Santa Cruz, Vitor e Léo e Eduardo Bueno (o Peninha)”. É pioneiro no Brasil em ilustrações Pop Up (3D) para a coleção “Os maiores Times do Brasil”, incluindo Corinthians, Flamengo, Vasco e Internacional, respectivamente com os escritores Glória Alves, Carol De Barba, Marcelo Aramis e Gustavo Guerter. Ilustrou também o livro de Rolando Boldrin, “História de contar o Brasil” (Um carro-

ção de causos), e de Ary Toledo, “Os textículos” de Ary Toledo (A anarquia da filosofia). “Sou um artista autodidata que nunca teve uma formação acadêmica. Vim do interior do Paraná com todos os sonhos embaixo do braço. Cheguei às portas do Estadão sem nenhum contato. O tempo passou e este ano completo 30 anos de profissão e, também, de amor por Sampa, onde finquei minhas raízes e não pretendo mais sair”, conta. Carlinhos diz que, apesar do tempo de profissão, ainda existe o desejo de continuar criando novas possibilidades de expressão artística. “Sou um apaixonado pela vida, pela família, pela música e pelos amigos. Na minha alma inquieta sou o cara que está sempre buscando aprender para um dia transmitir. Apesar de tudo, sou um otimista e continuo acreditando na humanidade; esperando que um dia estejamos todos irmanados”, finaliza.

Prêmios Concurso de Charges - Folha de São Paulo (1989) Salão Internacional de Humor de Piracicaba (1994, 1999, 2000 e 2005) Sociedade Interamericana de Imprensa (SINP) - Menção Honrosa (2000) II Salão Ramiz Gökçe de Humor do Chipre/Turquia (2002) Salão de Humor da Univates-Lageado (2003) Prêmio Estadão, categoria Artes e Ilustração (2001, 2002, 2003,2004,2005, 2006 e 2007,2010 e 2012) Prêmio 12º Salon Diogenes Taborda 2007 (Argentina) Comissão Europeia de Turismo CET 2012 (Istambul)


José, o coleciona-dor Por Caio Budel e Letícia Ferrari*

Como dizia Aristóteles: “Quem encontra prazer na solidão, ou é fera selvagem ou é Deus”. José dos Reis tem um pouco dos dois. O lado selvagem compreende a luta diária pela sobrevivência em meio aos perigos noturnos e, por que não diurnos; na caça ao alimento, na busca incessante por água e, sobretudo, pelo bem-estar de viver sozinho, sem nenhum parente, sem nenhum amigo, sem nenhum... alguém! Já a interface divina é afirmada por ele mesmo: “basta as pessoas acordarem para perceber. Eu sou Deus”. Soa estranho, gozado e maluco. Mas quem é que, quando entregue a uma vida solitária, não perde um pouco da razão e encontra forças sobre-humanas para continuar vivendo? E é em um morro, localizado às margens da BR 277, próximo ao acesso principal de Irati, em meio à natureza e bem pertinho do céu, que José dos Reis vive. Há 14 anos ele foi abandonado pela família – por motivos que opta por não comentar. A única coisa que diz, com a boca, olhos e todo o corpo é a falta que sente dos seus quatro filhos. Para amenizar a dor, José pre-

feriu juntar alguns objetos, uma tenda, fugir da civilização e viver em um mundo que é, literalmente, só seu. A casinha, ou melhor, tenda, está ali há quase dois anos. Quem passa pela BR 277 vê de longe o local que seu José escolheu como refúgio: uma estrutura simples, construída a base de madeira e lona.

“Estou esperando meus filhos voltarem e me tirarem daqui”

O que os viajantes não imaginam é a vida que seu José leva embaixo de barraco. Além de muito entulho, existe também a dor do abandono. Em um espaço muito pequeno, José guarda apenas aquilo que lhe interessa. Por lá, não há lugar para mordomia, luxo ou tecnologia. Sequer um relógio ou rádio atraem a atenção dele. Embaixo das lonas, existem apenas umas quatro ou cinco peças de roupas penduradas em uma madeira adaptada de cabide, um colchão velho e utensílios como panelas. Como não possui geladeira, os alimentos que consegue por meio de doações ou na própria mata que envolve a sua casa, ficam guardados em uma tábua, bem próximo de um metal enferrujado. Do lado de fora da casa, em cima do fogão velho, está o alimento do dia: cascas de laranja que servem tanto para comer como para fazer chá. Ao lado, as três garrafas que José usa para armazenar água, da chuva ou de uma vila que fica a 5 quilômetros dali.


Lições de mendigo

Ja pensou em passar uns dias como mendigo para sentir na pele como se sente alguem que não tem nada e vive de doações? MATÉRIA E FOTOS DE JEAN PATRIK*

Apesar de simples, seu José não deixa de tentar praticar bons hábitos. Ele reservou um lugar apenas para deixar a louça suja. Quando está com água sobrando, lava os potes que utilizou. Para superar toda essa precariedade, José busca forças para se manter vivo, na fé. Além de acreditar que é o Deus dos católicos, ele nunca deixa de rezar. E não só pedindo por ele, como também por toda a humanidade.

“Já me acostumei com essa vida. Estou há 14 anos na estrada sem minha mulher e meus filhos. Agora sou eu, Deus e meu barraco” Aos 56 anos, o que ele gosta de fazer quando não está dentro da cabana é admirar aquilo que o envolve: a natureza e sua beleza. Mas, em um local onde qualquer um pode chegar, seu José não confia sua defesa apenas à proteção divina. Com um facão colado na cintura, está preparado para algu-

ma possível ameaça que se aproxime de sua casa. Não bastasse esta arma, guarda trincada na entrada da casa uma foice. Com uma rotina construída na solidão, após o tumulto das fotos e da conversa, é hora de seu José retornar ao seu aconchego, seu refúgio, seu lar. *Acadêmicos de Jornalismo da Universidade Estadual do Centro-Oeste

“Esse é um canto só meu. Não gosto de ser incomodado”

Vamos viajar? Quer saber pra onde? De Curitiba a Guarapuava. O que acha? Mas só que tem que ser a pé. Parece loucura? E mais, vestido como mendigo, sem dinheiro, sem cartão de crédito, sem celular ou quaisquer outros aparatos tecnológicos. Agora sim parece loucura. Não para o Carlos Egler e Denílson Rossi. Eles realizaram essa viagem em dezembro de 1997 (Acompanhe o diário de bordo ao lado com algumas das anotações de Denílson). A ideia foi praticamente um casamento de duas vontades. Egler desejava fazer uma experiência como mendigo pelas ruas catando papéis, e Rossi pretendia viajar de Curitiba a Guarapuava como uma forma de preparação espiritual em vista de sua ordenação como padre. Os dois então resolveram se unir e partir em caminhada. A viagem durou 8 dias e 7 noites, bem lembradas por Egler. “Eu recordo que conseguimos um lugar para dormir apenas duas noites, nas outras tivemos que improvisar”. No total, são 267 quilômetros, desde o Bairro Boqueirão em Curitiba, local de partida, até o Santuário da Divina Ternura na Vila Carli as margens da BR 277, em Guarapuava. Entretanto, ele afirma que devem ter andado uns 300 quilômetros, uma vez que quando chegavam nas cidades saiam da rodovia em direção às residências ou comércios para pedirem comida e/ou abrigo.

Carlos afirma que foi uma oportunidade incrível para toda a vida. “Foi uma experiência de muito sofrimento, mas para a vida foi fantástico. Por um lado a gente não tinha que se preocupar com nada, com estudos ou trabalhos, por outro, havia a carência da alimentação. A gente se preocupava com o momento, com o agora, nem pensávamos em questões políticas filosóficas ou religiosas, o importante era poder comer”. Ambos eram seminaristas e moravam em Curitiba, estudavam para ser padre. Rossi (Foto ao lado) havia concluído a faculdade de teologia, etapa final dos estudos sacerdotais, e Egler, terminava a filosofia, preparando-se para os estudos de teologia. Com essa viagem, Carlos queria fazer uma experiência de como se sente e pensa um mendigo no dia-a-dia. “Não se faz uma viagem dessa somente por esporte, tem que ter um objetivo muito forte. Eu queria sentir na pele como era estar com fome e ter que pedir uma comida. Como era não ter nada”. Como preparação, a dupla fez o trajeto de automóvel e foi marcando em um mapa quais seriam os possíveis locais de parada, que na prática acabou não dando muito certo. Fisicamente, a única preparação consistiu em algumas caminhadas que faziam durante a semana, além de jogarem futebol regularmente. Não levaram mala, nem roupas, ou cobertores. Vestiam roupas íntimas, calças, camisa, um boné e sandálias.

No bolso uma fotocópia do documento de identidade e mais nada.

“O primeiro dia parecia uma brincadeira, por isso andamos tanto. Mas agora eu vejo que nós erramos, não deveríamos ter feito isso”

O primeiro dia de viagem rendeu bastante, saíram cedo, cada um comendo uma maçã. Garantiram a primeira refeição em Campo Largo a aproximadamente 20 quilômetros de Curitiba, em uma casa de freiras, identificando-se simplesmente como mendigos. Aqui ainda com roupas limpas e uma boa aparência, o que definharia com o correr dos dias. Bastante empolgados com a viagem fizeram mais de 60 km, chegando em São Luiz do Puranã, as 9 horas da noite, onde foram sentir pela primeira vez como era dormir longe de uma cama e de um teto. “O primeiro dia parecia uma brincadeira, por isso andamos tanto. Mas agora eu vejo que nós erramos, não deveríamos ter feito isso”. Egler reconhece que andaram demais, o que fez com que a fatiga fosse muito intensa. “Não conseguíamos dormir, pois doía o corpo todo. Quando eu começava a dormir, eu sonhava que estava me cobrindo”.


DIÁRIO DE VIAGEM PRIMEIRO DIA 06 DE DEZEMBRO Antes de saírmos fomos até a capela do seminário, fizemos uma oração. Saímos às 5h da manhã, de Damasco (Boqueirão – Curitiba – PR), sem um centavo no bolso, apenas comendo uma maçã cada um“. “Passando pela Cidade Industrial de Curitiba pedimos algo para o café da manhã. Um homem nos atendeu bem e ganhamos dois bons sanduíches, a sensação de humilhação foi inevitável”. “Quando estávamos passando por Campo Largo fomos surpreendidos com uma forte chuva de pedra. Molhados e com muito frio chegamos em São Luís do Purunã por volta das 22h. Andamos por quase toda a vila e não conseguimos pouso. Outro andarilho nos sugeriu pedir jornal para enrolar no corpo”. SEGUNDO DIA 07 DE DEZEMBRO

Cada noite eles tinham uma experiência diferente, e de todos esses dias conseguiram dormir apenas três noites, nas outras apenas descansavam mas não conseguiam dormir. “Comida a gente conseguia fácil, o mais difícil era achar um lugar para dormir. As pessoas tinham muito medo”. Em uma das noites em que conseguiram lugar para dormir, eles foram acolhidos por um senhor embriagado que, apesar do receio, ofereceu-lhes um lugar em uma estufa de fumo, e também a esposa dele lhes preparou comida. “Na verdade foi ele mesmo que nos ofereceu um pouso. Conseguimos comida e seguiríamos em frente, mas já estava anoitecendo e, mesmo muito inseguro, nos ofereceu um lugar para dormirmos”.

“Ninguém deu comida pra nós. Depois de batermos em várias casas, um senhor nos deu três reais” O segundo lugar que conseguiram dormir foi em Palmeira, na casa paroquial. “Chegamos na igreja e as pessoas olhavam estranhamente para a gente. Eles nos mandaram para o fundo da igreja e nos indicaram como deveríamos nos comportar ali”. Palmeira foi a única cidade em que ninguém quis dar comida para os mendigos. “Ninguém deu comida pra nós. Depois de batermos em várias casas, um senhor nos deu três reais, aí, com mais um pouco que já tínhamos conseguido, compramos dois cachorros quentes e um refrigerante. Nesse dia dormimos em um colchão na garagem da casa do padre”. Uma outra experiência que marcou significativamente suas vidas foi uma noite em que foram acolhidos por um vigia noturno de um posto de combustível. “Um guardião autorizou dormirmos em uma varanda, aí

“Depois de muito andar chegamos a um restaurante à beira da rodovia. Pedimos se tinha resto de comida para a gente almoçar. Ganhamos um prato para os dois. Fomos comer na área, a gerente se aproximou e disse que não era para ficarmos ali próximo. Tivemos que ir mais longe e comer debaixo das árvores”. “Chegamos na cidade de Palmeira próxima às 16h. Deitamos para descansar, na praça da Igreja Imaculada Conceição. Mas como a grama estava um pouco molhada, decidimos entrar na igreja. Cansados, acabamos reclinando no banco e dormindo”. de madrugada ele nos chamou na guarita e nos cedeu o cobertor dele pra gente dormir. Três anos depois reconhecemos ele em uma missa e contamos a história pra todo mundo, foi emocionante”. Apesar de todos os perigos eles sentiram medo em poucos momentos. “Eu tive um pouco de medo quando chegamos na Serra da Esperança, ficamos até umas horas ao pé da serra, esperamos chegar a noite. Como estava escuro, não enxergávamos nada, tinha medo de cair. Antes de subir paramos em um posto. Tomei um copão de café quente, eu estava com o corpo molhado e fiquei com o pescoço travado. Fiquei bem preocupado, com o pescoço duro para cima. E no Cido, endureceu a perna. Aí um andava com a perna dura e o outro com o pescoço pra cima [risos]”. Outro momento tenso foi a abordagem feita pela polícia rodoviária. “Fomos parados pela polícia uma única vez, nosso objetivo não era falar nada pra ninguém, mas para eles tivemos que nos identificar. A princípio eles não acreditaram, mas a partir de um telefone que tinha em nosso documento eles

ligaram para o santuário pra se certificar”. Para Carlos o que mais marcou de tudo isso foi o fato de se sentirem verdadeiramente como mendigos. “Nós ouvíamos muito as pessoas nos dizendo: ‘Vocês são jovens, deviam estar trabalhando’ coisas que a gente sempre fala pra eles. Para mim foi um momento de muito superação. Não só naquele momento, mas para toda a vida. A gente precisa aprender a pisar no próprio calo, chega um momento que o calo fica duro. Tudo isso nos ajudou a compreender melhor as outras pessoas, principalmente os mendigos”. Rossi sintetiza que esta experiência foi de profunda lição de vida. “Foi profundamente marcante na minha vida. Depois desta experiência, passei a enxergar as pessoas e o mundo com um olhar diferente. Cresci muito enquanto pessoa e, sobretudo, como homem de fé”. Atualmente Carlos é padre em Guarapuava, e Denilson, foi padre durante um tempo, mas deixou o sacerdócio, hoje é professor universitário e reside em Curitiba.

“Tamanha fora nossa surpresa quando acordados fomos por um casal de ministros, pedindo para sairmos da igreja porque haveria uma missa solene. Era festa da padroeira. Dado a insistência do casal para saírmos, pedimos para ficar num canto, perto da porta de saída”. TERCEIRO DIA 08 DE DEZEMBRO “Pelo caminho experimentamos o limite e a solidariedade. Em algumas casas o descaso, mas acabamos ganhando pão, água e duas maçãs, que serviram de alimento para toda a manhã”. “Depois tivemos que andar um longo trecho sem encontrar casas... foi muito difícil. Mas, não desistimos e continuamos a caminhar, mesmo com sede e fome. Ah! A sede é muito mais difícil de suportar do que a fome”. “Depois de muito caminhar (...), avistamos fumaça. Oba! Como diz o ditado: ‘Onde há fumaça há fogo’. (...) De fato, adentramos no mato, guiados pela fumaça. (...) Fui pedir água e, saiu uma mulher grávida a qual nos mandou pegar água

na nascente. Quando estávamos saíndo (...) deparamos com o esposo dela e um capanga. Eles estavam armados com uma espingarda. Ficamos como medo, mas não tínhamos opção. Após respondermos algumas perguntas ele entrou na casa e trouxe-nos ‘bolinhos de chuva’. Na sequência ganhamos janta e pouso... dormimos numa tulha sobre estopas sujas...”. QUARTO DIA 09 DE DEZEMBRO “Depois de Irati, conseguimos ganhar mais pêssegos numa barraquinha à beira da estrada. Mais adiante fomos surpreendidos pela polícia rodoviária. Fomos retidos, interrogados, agredidos, mas depois nos soltaram”. “Durante à noite não conseguimos pouso. Fomos conseguir algo pra comer (janta) depois das 22h30, num restaurante perto do posto, lá também nos negaram pouso”. “Seguindo pelo caminho encontramos uma capela e paramos para dormir nas dependências externas. Mas o chão frio e a dor nos expulsaram para a estrada novamente”. QUINTO DIA 10 DE DEZEMBRO “Por volta das 5h chegamos em um posto, pedimos pouso até o amanhecer, mas não recebemos. Entramos no banheiro, onde ficamos dormindo até às 6h da manhã, horário em que fomos expulsos pelos caminhoneiros que queriam tomar banho”. “Depois de caminhar quase 6 km procurando e tentando conseguir almoço, ganhamos. Em seguida descansamos um pouco debaixo das árvores à beira da rodovia. Chegamos no trevo do Relógio por volta das 19h30. Pedimos pouso em várias casas e postos de gasolina, mas nada conseguimos. Ganhamos um prato de arroz e feijão em uma churrascaria. Acabamos dormindo em uma mecânica abandonada, mas as 2h da manhã fomos expulsos da mecânica pelo frio e pela dor”. SEXTO DIA 11 DE DEZEMBRO “Às 3h20 começamos a subir a Serra da Esperança. Às 5h30 superamos a serra. Cansados e molhados (chuva) chegamos a um posto. Também não nos deram pouso. Ficamos fora na garoa e vento frio”. “Às 10h chegamos em Guará. Depois do almoço voltamos a caminhar. Paramos para descansar e ganhamos água. A mais ou menos 8km de Guarapuava pegamos uma forte chuva”. “Às 20h20 chegamos no Santuário Divina Ternura. Após banho e jantar, o Pe. João Rocha celebrou para nós em Ação de Graças. Afinal, chegamos vivos, apesar de machucados...”.

DICAS DE SOBREVIVÊNCIA Aos poucos a dupla foi pegando o jeito e foram desenvolvendo técnicas de sobrevivência como mendigo. 1. Bastão. Uma espécie de cajado, se tornou um companheiro inseparável, servindo de terceira perna. 2. Evitar a fadiga. Eles nunca iam pedir comida juntos, uma vez que as casas eram longe da rodovia, assim evitavam o cansaço. Se um ganhasse algo trazia para o outro comer. 3. Poupar-se do sol. Não caminhavam das 13h às 18h para evitar o sol forte. 4. Jornal como cobertor. O jornal é um grande aliado contra o frio, eles colocavam por dentro da roupa, eles afirmam que esquenta bastante. 5. Bom calçado. Mesmo que seja como mendigo, tenha um bom calçado para andar bastante. 6. Soro caseiro. Eles sempre pediam nas casas água com sal e açúcar para se hidratarem. *Matéria publicada originalmente no jornal experimental Bebop, e cedida gentilmente por Jean Patrik para a RedeSul de Notícias.



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