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ISSN 1984-0004 Publicação bimestral do Sindicato Rural de Guarapuava Ano IX - Nº 51 - Out/Nov 2015 Distribuição gratuita

Revista do Produtor Rural do Paraná

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Ciclo médio. Alta produtividade. Potencial para antecipar o plantio de safrinha de milho.


8 20 28 62 66 70 78 88 100

Leite: redescobrindo um futuro para o setor

Paraná

Um alerta sobre a ferrugem da soja

Especial

WinterShow contribui para o desenvolvimento regional

Milho

Alto custo de produção e baixa rentabilidade = redução de área de milho

Aveia

Silagem dá aproveitamento à aveia preta de cobertura

Fazendas Históricas

Capão Bonito: a tradição das tropeadas do passado

Bovinocultura de corte

Pecuária moderna: comitê iniciará ações regionais

Tradicionalismo

Tropeada: cultura que reúne gerações

Comissão Técnica

Tarde de Campo de Ovinos


Diretoria Presidente

1º Vice Presidente

2º Vice Presidente

1º Secretário

2º Secretário

Rodolpho Luiz Werneck Botelho

Josef Pfann Filho

Anton Gora

Gibran Thives Araújo Luiz Carlos Colferai

1º Tesoureiro

2º Tesoureiro

João Arthur Barbosa Lima

Jairo Luiz Ramos Neto

Conselho Fiscal

Ernesto Stock

Suplentes:

Nilceia Mabel Kloster Spachynski Veigantes

Lincoln Campello

Redação/Fotografia

Projeto gráfico

Editora-Chefe

Repórter

Repórter

Luciana de Queiroga Bren (Registro Profissional - 4333)

Manoel Godoy

Geyssica Reis

Pré-distribuição

Roberto Hyczy Ribeiro

Roberto Niczay Arkétipo Agrocomunicação

Distribuição

Alceu Sebastião Pires de Araújo

Cícero Passos de Lacerda

Nossa capa Foto capa: Comunicação FAEP

Titulares:

Impressão: Midiograf - Gráfica e Editora Tiragem: 3.400 exemplares Endereço: Rua Afonso Botelho, 58 - Trianon CEP 85070-165 - Guarapuava - PR Fone/Fax: (42) 3623-1115 Email: comunicacao@srgpuava.com.br Site: www.srgpuava.com.br Extensão de Base Candói Rua XV de Novembro, 2687 Fone: (42) 3638-1721 Candói - PR Extensão de Base Cantagalo Rua Olavo Bilac, 59 - Sala 2 Fone: (42) 3636-1529 Cantagalo - PR

André Zentner

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Revista do Produtor Rural do Paraná

Fernando Mancuelo Oliveira

Os artigos assinados não expressam, necessariamente, a opinião da REVISTA DO PRODUTOR RURAL ou da diretoria do Sindicato Rural de Guarapuava. É permitida a reprodução de matérias, desde que citada a fonte.


Editorial

48 anos de história F

echamos mais uma edição da REVISTA DO PRODUTOR RURAL logo após um bombardeio de palestras, seminários, reuniões e cursos técnicos nas áreas de agricultura e pecuária. O resultado não poderia ter sido outro: uma revista cheia de informação técnica de qualidade. Destaque para o Simpósio Regional de Bovinocultura de Leite que, em sua primeira edição, comprovou que a união faz a força. A organização do evento envolveu várias entidades, empresas e cooperativas do setor e o resultado foi surpreendente. Excelentes palestrantes e um rico conteúdo foram disponibilizados aos mais de 200 participantes, durante três dias. Outro grande evento, que também tivemos o privilégio de participar e apoiar foi o WinterShow, referência em cereais de inverno, promovido pela Cooperativa Agrária. Contamos com a visitação de mais de 500 pessoas no estande do Sistema FAEP, entre sócios, parceiros e profissionais da área. Durante o evento, aproveitamos para comemorar o Dia do Agrônomo (12 de outubro), em parceria com a AEAGRO, e o aniversário de 48 anos do Sindicato Rural de Guarapuava (18 de outubro). Sorteamos cestas de produtos importados para os sócios visitantes do estande e, juntamente com produtores e parceiros, cantamos parabéns para nossa entidade de classe. Com o apoio de todos vocês, esperamos que a nossa entidade tenha muitos anos de vida, sucesso, prosperidade e que siga em frente, sempre focada na representação política da classe e na defesa do setor agropecuário. A todos, uma ótima leitura!

Rodolpho Luiz Werneck Botelho Presidente do Sindicato Rural de Guarapuava

Revista do Produtor Rural do Paraná

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Foto: Manoel Godoy

Foto destaque da edição

Sindicato Rural de Guarapuava - 48 anos

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ARTIGO

Anton Gora

Produtor rural, diretor da Federação da Agricultura do Estado do Paraná (FAEP), vice-presidente do Sindicato Rural de Guarapuava e presidente do Núcleo Regional dos Sindicatos Rurais do Centro-Sul do Paraná

Brasil, fornecedor de alimentos para o mundo?

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á muito tempo se fala do Brasil como celeiro do mundo, Amazônia pulmão do mundo, maior reservatório de água doce, fornecedor de minérios, inclusive dos mais raros. Condições naturais o Brasil tem para isso. Até pouco tempo atrás, estávamos no caminho para alcançar essas metas. Hoje, porém, me parece que a realidade é outra. O Brasil está à beira do precipício e, se cair, essas metas serão postergadas por muito tempo. Depende apenas da política e da população brasileira, que se quiser vai dar os rumos à política. O Brasil cresceu na produção de alimentos nos últimos anos como nenhum outro país. Temos calor e água de graça, que são os insumos indispensáveis e mais caros para produzir alimentos. Outros países precisam investir em irrigação, construções caras para a produção animal e derivados, precisam aquecer ambientes. Temos a desvantagem de solos pobres, necessitando de importação de fertilizantes, problema que pode ser minimizado com a integração lavoura-pecuária, reciclando os nutrientes. Desenvolvemos tecnologias capazes de gerar altas produtividades, graças à criação de órgãos de pesquisa no passado e à formação de técnicos competentes. Fruto da política, é claro. Foi o Ministro Alysson Paulinelli quem criou a Embrapa, outros deram sequência ao trabalho de pesquisa e assistência técnica. Ah! E tudo isso aconteceu durante o Regime Militar. No

Paraná, o IAPAR foi criado no governo de José Richa e o sucesso foi tão grande que até exportamos tecnologia. Hoje nós vemos a pesquisa ser desmontada, a ideologia tomou o lugar do conhecimento, os técnicos pesquisadores são mal remunerados, faltam recursos para a execução dos ensaios, a tecnologia foi direcionada para um segmento de produtores que não existe. Precisamos lembrar que não existem nem pequenos nem grandes produtores, existem produtores agrícolas. Não existem agricultores sem terra, produtor é aquele que produz, pode ser em área própria ou arrendada. A atividade agrícola hoje se divide em três segmentos: terra, máquinas, produção. E os três fatores devem ser remunerados. A pesquisa vem sendo desmontada, sendo politizada; a assistência só existe ainda em setores privados. Sem pesquisa hoje, sem tecnologia no futuro. Se esse quadro não se reverter, é bem possível que falte tecnologia no futuro e, sem tecnologia, a produção cai. Os produtores estão sendo divididos em familiares e empresariais, o que também não existe. Todos os produtores têm que ser empresários rurais. A atividade tem que dar lucro. Os pequenos produtores não podem receber assistencialismo em troca de voto. Esse é um dos fatores que podem frear o Brasil no seu papel de celeiro do mundo. A infraestrutura torna os nossos produtos caros, reduzindo o lucro do produ-

tor, que reduz, por sua vez, a sua capacidade de investimento em tecnologia. Impostos absurdos sem benefício para os produtores encarecem a produção de alimentos, principalmente para os mais pobres, que ficam impedidos de comprar o básico, reduzindo o consumo, empobrecendo ainda mais o pequeno produtor e o cidadão de menor valor aquisitivo. Registro de defensivos sendo avaliado por ecologistas profissionais retardam a adoção de novas tecnologias, reduzindo a nossa capacidade competitiva. Ecologistas profissionais que se opõem aos transgênicos e outras tecnologias do futuro retardam o avanço da produtividade. Aumento do credito agrícola, inclusive pelos bancos privados com juros compatíveis, poderão impulsionar a agropecuária. Precisamos competir com outros países que tem juro zero e até subsídios para a produção. Se todos esses empecilhos não forem removidos, nunca chegaremos a celeiro, chegaremos a uma condição de fome. Ideologia não enche a barriga de ninguém. O que gera riqueza é o trabalho honesto e sério. A corrupção é outro elemento forte, que pode tirar do Brasil a condição de pulmão do mundo, de maior reserva natural ambiental do mundo. A corrupção vende licenças de desmatamento, compra autorizações ilegais. A corrupção e a pobreza destroem a natureza e o meio ambiente.

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Manchete

Presidente da Aliança Láctea Sul-Brasileira, Ronei Volpi (FAEP)

Leite: redescobrindo um futuro para o setor

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m dos principais alimentos no Brasil e em vários outros países, o leite começa a ser redescoberto, no país, como atividade econômica promissora. Os setores de ponta desta cadeia produtiva vêm se mobilizando para nivelar por cima este mercado, afirmando que o produto pode evoluir em qualidade e se tornar um bom negócio. Entre os números que dão base a esta visão, estão os do próprio crescimento da produção mundial entre os anos de 2003 e 2013: crises à parte, o volume cresceu 21%, saindo de 510 bilhões para 617,5 bilhões de litros (Fonte FAO). A elevação brasileira no mesmo período foi mais do que o dobro do índice global: 54%, passando de 22,3 bilhões para 34,2 bilhões de litros (Fonte IBGE). E no Sul, naqueles dez anos, o

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crescimento é cerca de duas vezes a média nacional ou em torno de cinco vezes a internacional: 105% (Fonte IBGE/FAO/ministério da agricultura argentino). O estado de Santa Catarina despontou, com nada menos do que 123%; o Paraná, 105%; e Rio Grande do Sul, 96%. Percentuais que, em todos os casos, ultrapassam em muito os 35% da região Sudeste, que engloba São Paulo, Espírito Santo, Rio de Janeiro e Minas Gerais, tradicional no setor leiteiro, e deixam ainda mais longe os 16% de toda a Argentina. Se em 2003 a produção no Sul, com 11,7 bilhões, e a do país vizinho, com 11,1 bilhões de litros, estavam em patamares próximos, a expectativa para 2023, considerando-se a mesma taxa de crescimento do decênio 2003/2013, é a de que Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná alcan-

cem um volume de 23,9 bilhões, com o Brasil saindo de 34,2 bilhões para 52,7 bilhões de litros. Mas enquanto a produção cresce, lideranças do setor leiteiro e especialistas enfatizam: o país ainda precisa evoluir muito. E mais: da porteira para dentro, o próprio sistema produtivo necessita um gerenciamento mais empresarial. Porque, em termos de eficiência, em muitas propriedades os números deixam a desejar. Dentro desta tendência de difusão de informação para o setor leiteiro, em Guarapuava, o Sindicato Rural, através de sua Comissão Técnica de Leite, realizou, de 7 a 9 de outubro, o 1º Simpósio Regional de Bovinocultura de Leite – mais do que um evento técnico pontual, uma primeira ação de maior porte para motivar mais produtores a se sintoni-


zar com critérios globais de produção. A programação trouxe seis palestras de especialistas, duas mesas redondas, e visitação a três propriedades rurais. Na noite do dia 7, na abertura do simpósio, realizaram pronunciamentos o representante da Comissão Técnica de Bovinocultura de Leite, o veterinário e produtor Jairo Luiz Ramos Neto; o diretor geral da SEAB, Otamir Cezar Martins; o diretor administrativo da EMATER, Richard Golba; o presidente da COAMIG, Edson Bastos; o presidente do Sindicato Rural, Rodolpho Luiz Werneck Botelho; e o prefeito de Guarapuava, Cesar Filho. Na mesa de honra, com as lideranças, a professora Deonísia Martinichen (membro da comissão organizadora) representou o reitor da Unicentro, Aldo Bona. Ao saudar os participantes, o presidente do sindicato enfatizou a necessidade de difusão de tecnologia: “Tudo se resume na questão de uma melhor

Jairo Luiz Ramos Neto (Comissão Técnica Leite), Richard Golba (Emater), Otamir Martins (Seab), Rodolpho Luiz W. Botelho (Sind. Rural), César Silvestri Filho (Prefeito Municipal) Edson Bastos (Coamig), Deonisia Martinichen (Unicentro) e Ronei Volpi (FAEP)

produtividade, numa melhor rentabilidade”, afirmou Rodolpho L. W. Botelho. “O potencial de crescimento do leite, no Estado, é muito grande. Temos alguns nichos extremamente eficientes. Mas precisamos de informação, tecnologia e conhecimento”, completou.

Empresas ligadas ao setor leiteiro: estandes no simpósio

A palestra de abertura refletiu aquela visão: “Aliança Láctea Sul Brasileira – Enfrentando os desafios para criar competitividade sustentável”. O tema foi abordado pelo presidente da Aliança, o veterinário Ronei Volpi (FAEP), mostrando que, no Brasil, os estados do Sul criaram a Aliança Láctea Sul Brasileira para modernizar a cadeia produtiva. Desde que foi estabelecida em 2 de setembro de 2014, a Aliança direciona suas ações para qualidade do produto e transferência de tecnologia. Volpi sublinhou que os avanços buscados até o momento estão em sintonia com o mercado mundial do leite, onde qualidade é palavra-chave. Ainda de acordo com ele, no Brasil, qualidade é necessária também na gestão. No Paraná, especificou, as propriedades precisam de mais produtividade: com média de 29 animais/ produtor, 55% dos produtores (até 50 litros/dia) respondem por apenas 14% da produção total; 39% (51 a 250 litros/dia), correspondem a 44%; e 6% (acima de 251 litros/dia), produzem 42%. Volpi defendeu que, para uma evolução em qualidade e rentabilidade, o produtor precisará implantar, ao mesmo tempo, quatro estratégias: gestão, nutrição, sanidade e genética. Referindo-se ao centro-sul paranaense, ele exemplificou a diferença de remuneração que ocorre no segmento: “Temos um preço médio (por litro, ao produtor) de R$ 1,07, hoje. Mas tem gente ganhando R$ 0,80, e tem gente ganhando R$ 1,20 – porque entra a Revista do Produtor Rural do Paraná

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questão de qualidade”, analisou. Em entrevista, o presidente da Comissão Técnica da Bovinocultura de Leite da FAEP enalteceu a comissão organizadora do simpósio pela escolha das palestras técnicas: “Conheço todos os palestrantes. Poderia dizer que é o que tem de melhor no país. A oportunidade que o Sindicato está dando para os produtores é ímpar”. Participaram ainda do simpósio autoridades, representantes de cooperativas, instituições financeiras, profissionais ligados ao agronegócio, estudantes e produtores rurais. A REVISTA DO PRODUTOR RURAL acompanhou o evento e traz um resumo das palestras.

Comissão organizadora composta por várias entidades, empresas e cooperativas

Ronei Volpi (FAEP), presidente da Aliança Láctea Sul Brasileira

CONTRASTES NO PARANÁ:

55% dos produtores respondem por apenas 14% da produção; 6%, produzem 42% do total

Comitiva de produtores de leite do Paraguai Organizadores durante visita à propriedade rural

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Palestras Vantagens e Desvantagens da Produção de Leite em Sistemas Pastoris Dr. Amadeu Bona Filho (Professor da UFPR) Infelizmente quando se trata de suplementação, os produtores ainda não a fazem de uma forma correta, não pensam em qualidade e sim produtividade. Eles fazem sua própria mistura na propriedade, de uma forma generalizada para todo o rebanho, não é uma suplementação individualizada. O produtor deve pensar que uma boa produção depende do potencial genético do animal, da composição química da pastagem e do consumo do animal. A qualidade da forragem também depende de vários fatores, como composição química, consumo e digestibilidade da matéria seca pelo animal. Quando se trata da composição química da pastagem, devemos pensar nos nutrientes mais importantes, que são: carboidratos, lipídios e proteínas, que produzem energia; vitaminas e minerais que produzem a circulação da energia. Os produtores acham que a proteína é o nutriente mais importante, mas não é ela que mais limita a produção e sim a energia. Outra questão é que a qualidade e a disponibilidade de pastagem varia em um curto período de tempo, até mesmo de um dia para outro, e um dos fatores é a influência meteorológica . Há um entendimento que a pastagem resolve tudo, mas não é bem assim. Ela depende de São Pedro. É preciso que o produtor utilize outras alternativas efetivas nesses momentos de crise”.

O Programa PISA: Planejamento da Propriedade Rural para Produção Intensiva com Sustentabilidade Dr. Jean Mezzalira

(supervisor regional do Serviço de Inteligência em Agronegócios) É totalmente possível a produção intensiva com sustentabilidade. O diferencial do Programa PISA é que ele trabalha tanto esse avanço produtivo quanto um avanço de sustentabilidade. Até poucos anos, isso estava sendo colocado como contraditório. Ou seja: ‘Se eu adubar uma pastagem, ela passa a não ser sustentável’. Ela pode não ser uma pastagem orgânica. Agora, sustentável, ela pode ser. A gente trabalha com recomendações de como fazer com que este nutriente, jogado na pastagem, seja melhor aproveitado. Ou que ele cicle: o pasto aproveita, o animal consome, esterca, outra planta vai aproveitar. Por exemplo: o plantio direto nos ajuda para que nutrientes não sejam perdidos por lixiviação. Curvas de nível nos ajudam também. De início, sempre, nossa forma de pensar é: não, não tem como, porque toda a mídia nos colocou que ou você preserva ou você ganha dinheiro. Mas hoje, a gente já tem mais de 1.000 produtores que estão trabalhando nesse sistema, em vários níveis de evolução dentro da propriedade”.

Produção Intensiva de leite com ênfase na geração de renda: Técnicas aplicadas e casos de sucesso no sul do Brasil Marcelo de Rezende

(Engenheiro Agrônomo e presidente da Cooperideal) Muitas propriedades de leite no sul do Brasil apresentam um perfil de predominância de agricultura familiar; leite como principal atividade; produção média inferior a 100 l/dia; propriedade média, inferior a 20 hectares; bons animais; um potencial produtivo pouco explorado; e gente com vontade de crescer e trabalhar. Através de assistência em algumas propriedades, comprovamos que é possível, mesmo em uma propriedade pequena, com poucos recursos, conseguir estabelecer uma estrutura para produzir mais, com eficiência e viver bem com a produção de leite, mantendo-se na propriedade. O produtor pode transformar a propriedade em uma estrutura que seja atrativa também aos filhos, para que eles dêem continuidade à produção leiteira. A base do nosso trabalho é o manejo intensivo de pastagem, sempre procurando trabalhar com pastagens perenes para que o produtor não tenha que plantar uma área nova anualmente e desfazer aquela. É importante sempre trabalhar pela qualidade da pastagem, trabalhar a fertilidade do solo e o manejo dessas plantas, para que se possa obter o máximo delas. Outro ponto é a questão gerencial da atividade. Temos incentivado que o produtor anote tudo que acontece na propriedade, dados zootécnicos e econômicos, para que através dessas anotações a gente possa gerar índices e indicadores de qual é a real situação da fazenda. Isso facilita a identificação das melhores ações para a propriedade”.

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Enfoque na qualidade do leite Henrique Costales Junqueira

(Engenheiro Agrônomo da Castrolanda) Para fazer investimento em qualidade, primeiro é preciso estar consciente da importância da qualidade. Uma vez tendo essa consciência, você tem que usar os princípios da gestão de qualidade, analisando os processos da produção. Por exemplo: qual é o processo que tem uma relação direta com a contagem bacteriana do leite, que é uma das principais exigências da qualidade? É o processo de ordenha. A partir daí, é preciso analisar como o produtor faz esse processo de ordenha, escolher uma forma e todo dia fazer do mesmo jeito. Através dos resultados das amostras semanais, por exemplo, você pode ver se aquele processo está funcionando ou não. Se ele não estiver funcionando, tenta um outro processo. O Pool Leite é uma entidade que procura pensar sobre isso também. Existe desde 2000 e, atualmente, congrega mais de oito cooperativas (Castrolanda, Capal, Coac, Bom Jesus, Coamig, Agrária, Witmarsum e Frísia), com mais de 1400 produtores. Com essa união, eles organizam todo o processo de coleta de leite nas propriedades, o próprio sistema de pagamento por volume/qualidade e sua relação com as indústrias. Para os produtores inseridos em uma cooperativa, é mais fácil pensar em qualidade, porque eles produzem o leite e remetem para a indústria. E sabem que se a indústria dele tiver um desempenho melhor, ele vai ter um preço de leite melhor ou a possibilidade de participar de sobras no final do ano, que nas cooperativas a gente chama de lucro de sobras. Isso, para alguns produtores está muito claro, mas para outros, nem tanto”.

Controle Leiteiro como Ferramenta para Melhoria na Qualidade do Leite e na Gestão da Propriedade Altair Valotto

(Médico veterinário / Associação Paranaense de Criadores de Bovinos da Raça Holandesa – APCBRH) “O planejamento é fundamental para o produtor saber onde está e aonde vai chegar. O nosso grande know-how é em termos de qualidade de leite. Mas a gente está estendendo para todos os outros setores dentro da propriedade. Principalmente na área de reprodução animal, hoje um dos grandes gargalos da atividade. É possível planejar a reprodução. Reprodução é manejo. As pessoas que fazem uma boa comida para a vaca, de qualidade, em quantidade, dando bom conforto, boas instalações, vão ter boa reprodução. Trabalho na parte de melhoramento animal. O que vai de genético, das mães para as filhas, a parcela é muito pequena. Se o criador trabalhar cada vez mais nesses aspectos de ambiente, vai ter resultados positivos. O que está acontecendo é que estamos – vou falar dos criadores top – cada vez mais desafiando essas vacas. Tem produtor com média de 40 litros de leite/vaca/dia. Muitas vezes, estamos exigindo demais e necessariamente não estão tão afinadas as outras partes, como o balanceamento da dieta, ou o conforto, a qualidade da água. É para isso que temos de atentar”.

Qualidade do leite e pagamento por qualidade – Motivação, pontos chave para elevar a qualidade Itamar Cousseau

(Médico Veterinário, Instrutor do Senar) O produtor é movido por resultado. O objetivo dele é o lucro e se o laticínio não paga por qualidade, normalmente eles não trabalham em cima de qualidade. Tanto é que as médias paranaenses e brasileiras são horríveis frente a qualquer país do mundo. A culpa não é só do produtor. Parte dessa culpa é do laticínio que não faz pagamento por qualidade. O laticínio quer um leite bom, mas não quer pagar por isso. Por outro lado, o produtor também é culpado por não querer investir. Porque boa parte da falta de qualidade se deve à falta de investimento. O produtor não quer gastar dinheiro na sua propriedade, produz pouco e se dedica a várias atividades ao mesmo tempo. Com isso, não consegue fazer volume daquele produto e não consegue fazer com qualidade, por estar em muitas atividades. Esse produtor acaba não se profissionalizando como deveria. A principal forma de incentivar esse produtor a investir é o pagamento por qualidade. Ainda há muitas indústrias que não fazem isso. Outra forma seria convencer esse produtor que ele pode produzir um leite de qualidade sem ser muito oneroso para ele. Mas é preciso investir para evoluir”.

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Mesas redondas Ouvir especialistas é sempre produtivo. Debater diretamente com eles é melhor ainda. Neste enfoque, o 1º Simpósio Regional da Bovinocultura de Leite realizou duas mesas redondas, ao final das palestras: a primeira, com mediação do professor Dr. Sebastião Brasil Campos Lustosa (Unicentro); a segunda, coordenada pela professora Dra. Kate Aparecida Buzi.

Prof. Dr. Sebastião Brasil Campos Lustosa

Foi um simpósio que superou nossas expectativas. Houve grande participação dos produtores, uma vez que foram eles mesmos que solicitaram o simpósio e auxiliaram na formulação das palestras. Foi um evento marcante principalmente porque quem construiu foram os produtores, junto com a comissão de bovinocultura de leite do sindicato. O nível das palestras foi muito alto. Ali foi mostrado desde o passo a passo, algumas coisas que, às vezes, o produtor está errando na sua propriedade. Então a gente vê realmente que são informações bastante úteis, de mercado, de locais onde o produtor pode ser assessorado do ponto de vista de qualidade do leite, a questão do associativismo, cooperativismo, das boas práticas dentro da propriedade”.

Participantes comentaram evento Também compareceram ao simpósio participantes de outras regiões e até de outros países. Os produtores de leite Werner e Nelsi König vieram de Erval Seco, no Rio Grande Sul. Werner relatou que ambos decidiram vir ao simpósio porque estão sempre em busca de inovações. “Foi um exemplo de evento. Eu participo muito, sempre procuro informação. E aqui os palestrantes foram excelentes. Foram diretos, falaram aquilo que a gente precisa ouvir: a verdade, para mudar o sistema”. Em sua produção, explicou, o trabalho é com a raça Jersey. Em sua avaliação, os animais, além de darem um leite de boa qualidade, também se adaptam ao solo pedregoso do local. Mas na tecnologia, contou que, apesar de produzir “há muitos anos”, a propriedade ainda não está “bem equipada como deveria ser”. Num grupo de 20 participantes do Paraguai, vieram produtores e jovens de três localidades a cerca de 200 quilômetros de Salto del Guairá. Naquelas comunidades, a produção de leite, com Jersey, é uma das atividades. “Para nós, é importante saber sobre genética, como produzir mais e como conseguir melhorar”, destacou Elva Manuela, integrante também de um comitê

Profa. Dra. Kate Aparecida Buzi

Werner e Nelsi König, de Erval Seco (RS)

Foi uma preocupação da comissão fazer um simpósio voltado para os interesses dos produtores. E uma das preocupações maiores era a parte de forragicultura, alimentação, nutrição e qualidade. Hoje em dia, é uma realidade a bonificação por qualidade e não tem como fugir disso. O produtor vai ter de se enquadrar, senão vai acabar tendo prejuízo. Com relação à qualidade do leite, vimos nas palestras que não se precisa comprar nenhum equipamento caro, fazer grandes mudanças nas propriedades. São pequenas atitudes que levam a mudanças: contagem de células somáticas, contagem bacteriana total. Precisa ter, claro, o empenho do produtor, o interesse. Por isso, são bons esses eventos, para ele ter esse contato, com essas informações. Não é nada inatingível, nada muito difícil. Com certeza ele pode melhorar o perfil da propriedade, mesmo sendo pequeno produtor, e melhorar a qualidade do seu leite e a sua renda. Isso é que é o importante, já que muitos vivem dessa produção”.

de mulheres produtoras. Ela disse que o grupo aprovou o simpósio: “Muito bom, muito instrutivo. Aprendemos muito, levamos muita informação”. A receptividade também foi elogiada: “As pessoas são muito amáveis e a organização foi muito boa. Fomos muito bem atendidos e temos de dizer muito obrigado”, concluiu. As expectativas sobre o Simpósio de Bovinocultura não foram superadas apenas pelos organizadores, mas também pelo participantes. “Não tem como dizer que uma palestra só foi a melhor. Todas foram muito boas, porque trataram de temas que realmente o produtor se depara todos os dias na propriedade. Foi falado de manejo, genética, administração da propriedade rural, distribuição de renda e qualidade do leite”, elogiou a produtora Leadani Aparecida, do distrito do Guairacá, que está na atividade há 13 anos. Para a produtora de leite, Regina Maria Fassbinder Revista do Produtor Rural do Paraná

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VISITAS TÉCNICAS CABANHA LAGOA AZUL - Anton Egles

Elva Manuela, da região de Salto del Guairá, no Paraguai Seitz o evento teve um nível técnico de alta qualidade. “Todo conhecimento é válido, sempre aprendemos em eventos como este, mesmo já tendo experiência na produção leiteira. O Sindicato Rural e demais organizadores estão de parabéns pela escolha das palestras e dos palestrantes. Todas se complementaram e passaram informações que se o produtor realmente aplicar na propriedade, ele vai crescer”. O Simpósio Regional contou com patrocínio da Coamig, Pioneer, Cooperativa Agrária, Sementes Agroceres, ABS Pecplan, Marca Genética, Sementes Adriana, JPS Pecuária, Connan, Piscicultura Progresso, Dekalb, DSM Tortuga, IP & Klüber Pré-moldados, Laticínios BMilk, Jordana Bier, Zanella Controle de Pragas, Coamo e apoio da Agropantanal.

Leadani Aparecida

“Anteriormente trabalhava com a produção de gado Charolês para a venda. Mas a atividade começou a dar mais prejuízo do que lucro. Eu tinha duas vacas de leite da raça holandesa que produzia leite para uso da família. Em 2007, decidi parar com o Charolês e entrar para a produção de leite. Fui vendendo o gado e adquirindo vacas de leite. Optei pela raça holandesa por uma questão de gosto. O sistema atual de produção é de pasto e silagem, com duas plataformas de silagem por dia. Além disso ofereço 5 quilos de ração e mais 1 quilo de casquinha de soja e mais cevada macerada. A minha média, nos últimos meses, é de 17 mil litros/ mês. A média anual é de 23 litros por vaca. Utilizo 100% inseminação”.

CHÁCARA BELA VISTA - Jairo Luiz Ramos Neto “Comecei com a produção de gado Charolês. Comprei uma pequena propriedade e montei uma pequena central de coleta de embriões. Durante algum tempo isso foi bem, dava pra ganhar um pouco de dinheiro, mas chegou uma hora que a comercialização do animal ficou muito difícil e optamos parar com o Charolês. Iniciei com o leite, comprando oito novilhas prenhas Jersey. No começo era uma atividade apenas para custear a propriedade e gerar uma renda para pagar funcionários e despesas. Fomos crescendo devagar, melhorando cada vez mais. E, de quatro anos pra cá, resolvemos incrementar um pouco mais a atividade. Fiz um financiamento, comprei transferidor, resfriador, máquinas de ordenha e começamos a melhorar a sala de ordenha. Atualmente, estou com 29 vacas em lactação, dessas, sete não são minhas, estão por um tempo na propriedade e são holandesas. No começo, como muitos produtores, tinha Jersey e Holandesa, mas o manejo de alimentação para as duas é muito complicado, por isso optei por ficar só com a raça Jersey. Há um ano e meio eu comecei a receber o pagamento por qualidade. O leite é comercializado pela Pool, na Castrolanda. Desde o início, por ser a raça Jersey, nós temos conseguido alcançar os melhores preços da região, em função da qualidade do leite, alto teor de proteína, gordura e sólidos e baixa contagem bacteriana e de células somáticas. O preço mais alto que a gente recebeu foi de R$ 1,25 o litro e o mais baixo foi de R$ 1,05. No manejo do rebanho, forneço silagem o ano todo e são suplementadas também com ração. Dependendo da época do ano, cada uma recebe de 3,5 kg a 4 kg por dia. Além disso, também recebem sal mineral na alimentação. Na reprodução, trabalhamos com 100 % de inseminação. Não temos touros na propriedade”.

SALASCH DUHATSCHEK - Harald Duhatschek “Comecei a produzir há um ano e meio. Anteriormente tinha produção de cavalo crioulo, resolvemos parar e investir em vaca de leite. Surgiu a oportunidade quando a Cooperativa Agrária começou a fazer o programa de diversificação, então aproveitamos. O investimento foi de R$ 960 mil em animais e instalação. Atualmente, estamos com 45 vacas em lactação. O rebanho é formado por animais da raça Jersey e Holandesa e algumas são misturadas. Tiramos oito hectares de área agricultável para fazer formação de pasto e já tinha sete hectares de piquetes com pasto. Estamos plantando tifton e azevém e também plantamos milho para silagem. A produção está, em torno de, 1000 litros/dia”.

Regina Seitz

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Revista do Produtor Rural do Paraná


Controle de pragas

Boas Práticas de Manejo: MIP e MRI

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om o objetivo de divulgar estratégias adequadas para a correta utilização e manutenção de plantas geneticamente modificadas resistentes a insetos, a ABRASEM (Associação Brasileira de Sementes e Mudas) desenvolveu o que chamamos hoje de “Boas Práticas de Manejo”, as quais incorporam recomendações de práticas de MIP (Manejo Integrado de Pragas) e MRI (Manejo de Resistência de Insetos). Brevemente, o MIP é o sistema de manejo de pragas que associa o ambiente e a dinâmica populacional da espécie, utilizando todas as técnicas e métodos apropriados, mantendo a população da praga em níveis abaixo daqueles que ocasionam dano econômico. O MRI foca na redução da pressão de seleção causada pelo uso contínuo de agentes inseticidas (biotecnologias ou inseticidas sintéticos/ biológicos), buscando a redução do risco de seleção de indivíduos resistentes e, consequentemente, a evolução de populações resistentes a esses agentes. Isto se torna um desafio maior nas tecnologias Bt devido à expressão contínua de proteínas em todo o ciclo da cultura. A estratégia mais efetiva no combate à resistência é implantar diversas práticas simultaneamente para retardar sua ocorrência e, para maior efetividade, estas devem ser implantadas antes do seu desenvolvimento. Para tanto, recomenda-se a implantação de programas de MRI como componente de um programa mais amplo de MIP, cobrindo três componentes básicos: monitoramento do complexo de pra-

gas no campo e mudanças na densidade populacional, foco em níveis de dano econômico, e integração de múltiplas estratégias de controle. No Brasil, seis estratégias de manejo foram identificadas pela ABRASEM, para que o manejo integrado seja realizado com sucesso em tecnologias Bt:

I. Dessecação antecipada: As culturas antecessoras, assim como as plantas daninhas e voluntárias presentes no ambiente, funcionam como plantas hospedeiras para as principais pragas que atacam a cultura na fase inicial, podendo influenciar a espécie predominante e a pressão inicial das pragas. Assim, no sistema de plantio direto, a pressão de pragas na fase inicial da cultura pode ser maior quando comparado ao sistema de plantio convencional. A dessecação antecipada da cobertura vegetal tem como objetivo disponibilizar palhada seca sobre o solo, facilitando a operação do plantio e promovendo a proteção do solo. O momento ideal das aplicações de herbicida pode variar de acordo com as condições climáticas e o sistema de plantio utilizado. Além disso, a dessecação antecipada da palhada contribui para a redução de população de pragas iniciais. Em casos de alta pressão de pragas, principalmente na presença de lagartas remanescentes da palhada, recomenda-se aplicação de inseticidas no pré-plantio, pois lagartas grandes são, de modo geral, menos suscetíveis a proteínas Bt, sobrevivendo mais facilmente à exposição do milho Bt, poden-

do acelerar o processo de desenvolvimento de resistência.

II. Tratamento de sementes: O Tratamento de Sementes (TS) é uma prática que tem como finalidade o controle de pragas subterrâneas e iniciais da cultura, período de grande suscetibilidade às pragas. O uso de Tratamento de Sementes é importante para o estabelecimento do estande da lavoura, já que os danos causados por essas pragas resultam em falhas na lavoura devido ao ataque às sementes após a semeadura, danos às raízes após a germinação e à parte aérea das plantas recém-emergidas. Considerando o manejo de resistência de insetos, o uso de TS visando o controle de lagartas auxilia no estabelecimento de plantas nas áreas de refúgio, e serve como um diferente modo de ação em áreas Bt na fase inicial de desenvolvimento da lavoura.

III. Proposta de refúgio estruturado efetivo: A função da área de refúgio no manejo de resistência de insetos às culturas com a tecnologia Bt é produzir uma abundância de insetos suscetíveis, que irão cruzar com os raros insetos resistentes provenientes das áreas plantadas Revista do Produtor Rural do Paraná

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com tecnologia Bt, reduzindo, assim, a possibilidade de desenvolvimento de populações resistentes. Quanto maior o número de aplicações de inseticidas em áreas de refúgio menor sua efetividade como ferramenta de MRI. Entretanto, devido à alta pressão de pragas em áreas tropicais, entende-se que implementação de áreas de refúgio sem nenhuma intervenção na população de pragas não é uma prática viável. Assim, o foco da proposta de refúgio é reduzir ao máximo o número de aplicações de inseticidas, focando apenas no controle de pragas na fase inicial da cultura, janela mais importante para seu estabelecimento. A proposta de manejo de áreas de refúgio de milho, visando otimizar a sua efetividade como ferramenta de MRI (Figuras 5 e 6), baseia-se nas seguintes recomendações: 1. Adoção de 10% de área de refúgio estruturado efetivo; 2. O plantio da área de refúgio estruturado efetivo pode ser feito de diversas maneiras (Figura 7), desde que seja mantida uma distância máxima de 800 metros da área com milho Bt. Entretanto, para uma maior efetividade da área de refúgio como ferramenta de MRI, recomenda-se a sua implantação em faixas, ou dentro do mesmo bloco, favorecendo, assim, o acasalamento aleatório entre indivíduos provenientes das áreas de Bt e refúgio. 3. Uso opcional de TS com inseticida para controle de lagartas. 4. Uso de inseticidas – Nas áreas de refúgio (milho não Bt), para o controle da lagarta-do-cartucho (Spodoptera frugiperda) as aplicações de inseticidas deverão ser feitas quando 20% das plantas atingirem o nível 3 da Escala Davis (raspagens iniciais). Para garantir a efetividade do refúgio como ferramenta de MRI, recomendam-se no máximo duas pulverizações até o estágio V6 (seis folhas verdadeiras). Idealmente, as pulverizações da área de refúgio devem acontecer simultaneamente às pulverizações da área com milho Bt. Consideramos ser essa a melhor re-

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lação entre o dano econômico e o refúgio estruturado efetivo como produtor de insetos suscetíveis. Importante salientar que as principais empresas de sementes que atuam no mercado brasileiro estiveram reunidas e concordaram em seguir e difundir as orientações do Comitê Brasileiro de Ação à Resistência de Inseticidas (IRAC- BR), que tem como missão orientar o uso de produtos fitossanitários de maneira sustentável.

IV. Controle de plantas daninhas e voluntárias: Algumas plantas daninhas podem ser importantes hospedeiras para insetos-pragas das culturas subsequentes, permitindo que uma quantidade significativa de insetos sobreviva nas áreas de cultivo no período de entressafra. Além disso, plantas daninhas podem ser fonte de lagartas em ínstares mais avançados, as quais apresentam maior dificuldade de controle pe-

Figura 5 - Proposta de manejo

Figura 6 - manejo da lagarta-do-cartucho do milho no refúgio estruturado efetivo

Figura 7 - exemplos de áreas de refúgio estruturado efetivo

las tecnologias Bt. A movimentação de lagartas entre plantas Bt e daninhas pode acarretar em exposição subletal dos insetos, aumentando sua taxa de sobrevivência no campo e, consequentemente, o risco de evolução de resistência. Certas práticas podem contribuir para o controle eficaz das ervas daninhas, assim como para a prevenção da resistência aos herbicidas, tais como: 1. Não deixar áreas em pousio: empregar as práticas integradas de manejo de plantas daninhas durante o ano, focando o manejo do banco de sementes (rotação de culturas e coberturas). 2. Começar a cultura no limpo: aplicar um controle efetivo antecipadamente no pré-plantio e, se necessário, usar um pré-emergente em áreas de elevada pressão de plantas daninhas. 3. Utilizar a dose e o momento correto de aplicação dos produtos no sistema de manejo, observando-se as melhores condições de aplicação. 4. Utilizar o manejo pós-colheita: associação de herbicidas com diferentes mecanismos de ação. O manejo inadequado de plantas daninhas e voluntárias pode trazer sérias consequências. (Figuras 8 e 9).

V. Monitoramento


Figura 8 - plantas daninhas resistentes

de pragas e tomada de decisão: O monitoramento de pragas na lavoura é fundamental na tomada de decisão. Essa prática determina a situação das pragas na cultura através da avaliação adequada de incidência e pressão

de pragas, danos e prejuízos que podem estar ocorrendo e da definição do momento da aplicação de inseticida. O monitoramento de pragas deve ser realizado de forma que todo o campo seja avaliado, para que a tomada de decisão seja apropriada. Na Figura 10 são apresentadas as formas mais utilizadas para o monitoramento da lavoura: os padrões de zig-zag ou de perímetro. Assim, o monitoramento constitui-

Figura 10 - padrões zig-zag e perímetro Figura 9 - plantas daninhas resistentes e voluntárias

Padrão de Zig-Zag

Use este padrão pare os danos no interior do campo

Padrão de Perímetro

Use este padrão pare os danos na bordadura do campo

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-se como a base de todo e qualquer programa de manejo integrado de pragas, devendo ser uma prática rotineira realizada durante todo o ciclo da cultura. Sempre que for necessário realizar mais de uma aplicação de inseticida, deve-se alternar os modos de ação de maneira a evitar a seleção de insetos resistentes.

VI. Rotação de culturas: Rotação de culturas trata-se da prática de alternar o plantio de diferentes espécies da cultura na mesma área agrícola (Figura 11). Como ferramenta de MIP e MRI, a escolha das espécies para a rotação de culturas deve focar em culturas diferentes, que não expressem a(s) mesma(s) proteínas Bt, ou culturas que não sejam hospedeiras das pragas de maior importância na área, visando a quebra da janela de exposição e redução na pressão de população. O estabelecimento de uma janela livre de hospedeiros ajuda a reduzir a densidade de pragas e a seleção de resistência.

Para a obtenção de máxima eficiência na melhoria da capacidade produtiva do solo, o planejamento da rotação de culturas deve considerar, sempre que possível, a associação de espécies que produzam grandes quantidades de biomassa e de rápido desenvolvimento, cultivadas isoladamente ou em consórcio com culturas comerciais. Benefícios associados à rotação de culturas incluem:

1. Controle de doenças, 2. Controle de pragas, 3. Controle de plantas daninhas, 4. Reciclagem de nutrientes, 5. Aumento da produtividade do sistema. Para mais informações acesse: www.boaspraticasagronomicas.com.br

Escala Davis - lagarta-do-cartucho (Spodoptera frugiperda)

Figura 11 - Rotação de culturas Escala Davis - Visual Rating Scales for Screening Whorl-Stage Corn for Resistance to Fall Armyworm, F. M. Davis USDA-ARS Crop Science Research Laboratory, Mississippi State University, MS 39762.

® YieldGard é marca registrada utilizada sob licença da Monsanto Company. Tecnologia de proteção contra insetos Herculex® desenvolvida pela Dow AgroSciences e Pioneer Hi-Bred. ® Herculex e o logo HX são marcas registradas da Dow AgroSciences LLC. LibertyLink® e o logotipo são marcas registradas da Bayer.

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Fonte: DuPont Pioneer



Paraná

Entidades da agropecuária promoveram seminários para alertar: a soja safrinha traz risco de ferrugem para a safra principal daquela cultura

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uarapuava sediou, dia 17 de setembro, no anfiteatro do Sindicato Rural, um dos seminários que levaram, a produtores de seis regiões do Paraná, um alerta: a soja safrinha contribui para a resistência da ferrugem, colocando em risco a safra principal de soja. Promovidos por várias instituições, como Agência de Defesa Agropecuária do Paraná (Adapar), Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) - Soja, Federação da Agricultura do Estado do Paraná (FAEP) e Organização das Cooperativas do Paraná (Ocepar), os encontros, realizados durante o mês, levantaram temas importantes: das pesquisas da Embrapa sobre a ferrugem a uma proposta de calendarização da cultura. Participaram agropecuaristas, cooperativas, entidades ligadas à agricultura e profissionais que atuam no agronegócio. Na primeira parte do evento, tiveram lugar duas palestras. A pesquisadora Claudine Seixas, da área de fitopatologia da Embrapa-Soja (Londrina), resumiu um histórico da ferrugem da soja no Brasil e a pesquisa que a instituição desenvolve com diversas organizações e empresas. Já a engenheira agrônoma Antoniele Serpa, da ADAPAR, apresentou números da soja no Estado (safra e safrinha), des-

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Revista do Produtor Rural do Paraná

tacando a proposta das entidades para calendarizar plantio e colheita. Ambas as palestrantes conversaram, em entrevista, com a REVISTA DO PRODUTOR RURAL. Claudine Seixas apresentou o trabalho da Embrapa iniciado em 2004, a campo e em laboratório, e que hoje abrange as principais regiões produtoras: “São conduzidos, anualmente, ensaios cooperativos em rede, que testam produtos que já estão no mercado, os que estão em vias de serem colocados no mercado e alguns que já não têm sido utilizados, como forma de monitorar o que vem acontecendo no campo”. Ela destacou que os estudos apontaram se-

Claudine Seixas (EMBRAPA SOJA) leção da característica de resistência no fungo da ferrugem. “Há uma certeza sobre isso. Não é mais uma hipótese. Já é certo que o fungo hoje está resistente a


Segundo Embrapa, ferrugem é a mais grave doença da soja Antoniele Serpa (ADAPAR) triazóis e também a estrobirulinas, que são dois tipos de moléculas utilizados para o controle”. Claudine defendeu uma correta utilização das tecnologias para que se possa manter sua eficácia: “Temos percebido que produtos utilizados para o controle da ferrugem estão com sua eficiência reduzida. Alguns, mais recentes no mercado, podem ter sua eficiência ameaçada se nós não utilizarmos da maneira adequada” – o que significa, entre outro procedimentos técnicos, evitar soja sobre soja. Antoniele Serpa (ADAPAR) detalhou que o risco também existe no cultivo de soja sobre feijão – quando o produtor semeia a primeira safra de soja se-

De acordo com informações da Embrapa, a ferrugem asiática da soja é a mais grave doença que atinge aquela cultura. O agente causador é o fungo Phakopsora pachyrhizi. No Brasil, a doença foi identificada em 2001 e se espalhou por todas as regiões produtoras. O principal dano é a desfolha precoce. A planta atingida não consegue realizar a completa formação de grãos, sofrendo redução de produtividade. Os primeiros sintomas podem ser vistos no terço inferior das plantas: pontos minúsculos (no máximo 1mm de diâmetro), mais escuros do que o tecido sadio da folha, de cor esverdeada ou cinza-esverdeada.

guindo o calendário oficial (até final de dezembro), mas torna a plantar soja, em janeiro, em áreas antecedidas por feijão: “Naquela soja de primeira safra, a ferrugem vai aparecer no estádio reprodutivo. A soja que ele planta em janeiro vai ser atacada desde o período vegetativo”. Como resultado, pros-

seguiu a agrônoma da ADAPAR, serão necessárias aplicações de fungicida durante todo o ciclo da safrinha. “Isso vai induzir o fungo a resistência. Essa é a preocupação”, acrescentou. Segundo Antoniele, apesar da pequena área de safrinha de soja, no Estado e na região, este maior período de

(42) 3629-1366 / 9119-6449 agricolaagp@agricolaagp.com.br

Av. Manoel Ribas, 4253 - Guarapuava - PR

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uso de fungicidas, no cultivo, e a permanência de plantas ou grãos no solo, após a colheita, colocam em perigo a safra principal. “Na regional de Guarapuava, temos 255.300 hectares de soja de primeira safra. Somente 1% é de segunda safra. Nesse 1%, temos uma produtividade ainda menor: 0,81% da produção da soja vem da segunda safra. Então, é uma quantidade muito irrisória para a gente comprometer todo o plantio de primeira safra”, argumentou. A agrônoma da ADAPAR ressaltou que elevar a quantidade de fungicida para combater a ferrugem não é solução: “Aquela dose, descrita na bula, é a que a gente pode e deve utilizar. E jamais aumentar essa dose por conta de cada um. É justamente esse um dos fatores que está fazendo com que o fungo fique tão resistente”, frisou, apontando ser necessário o produtor considerar também o risco para as pessoas e o meio ambiente. Antoniele explicou ainda a proposta de calendarização da soja apresentada no seminário, visando eliminar a possibilidade da safrinha da cultura: plantio, de 16 de setembro até 31 de dezembro; colheita, até dia 15 de maio. Entre junho e setembro, prossegue o vazio sanitário da soja. “Acho importante dizer que a proposta está alicerçada pelo zoneamento agrícola do MAPA, na época indicada para o plantio de soja no Paraná todo”. O zoneamento agrícola estabelecido pelo MAPA diz que, no Estado, o plantio da soja deve ocorrer entre 21 de setembro e 31 de dezembro. Na calendarização da colheita, para a região sul do Paraná, a data final seria em 15 de maio. “É importante colocar que na nossa região não houve objeções quanto a essa

Nilson Hanque Camargo (FAEP)

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calendarização. Agora serão discutidos os trâmites para normatização das propostas”, recordou. Na metade final do seminário, épocas de plantio para a soja, riscos e alternativas à soja safrinha foram alguns dos pontos debatidos entre o público e os participantes de uma mesa redonda, com a presença das duas palestrantes, além do assessor técnico-econômico da FAEP, Nilson Hanque Camargo; do agrônomo da Gerência Técnico-Econômica da OCEPAR, Silvio Krinski; e do engenheiro agrônomo e fiscal de Defesa Agropecuária da ADAPAR (Gerência de Defesa Vegetal), Marcílio Martins Araújo. Silvio Krinski (OCEPAR) considerou que os seminários foram oportunidade para que os vários setores ligados à agricultura, como produtores, pesquisa e assistência técnica, pudessem discutir em conjunto a ferrugem da soja. “Nosso principal objetivo nessas reuniões é ouvir o produtor, para ver, dessas propostas, qual o impacto dentro da sua propriedade”, comentou.

Marcílio Martins Araújo (ADAPAR) cias públicas: “Estamos apresentando uma proposta de minuta de legislação, para a gente tomar ações e evitar o cultivo da soja safrinha”. As entidades que organizaram os seminários, prosseguiu, deverão agora analisar juntas as ideias e sugestões contidas em relatórios gerados durante os encontros”. Os seminários sobre a ferrugem da soja foram realizados também em Maringá, Pato Branco, Cascavel, Londrina e Castro.

Safrinha de soja na região e no Estado Silvio Krinski (OCEPAR) Nilson Camargo (FAEP) salientou que a rotação de culturas, com alternância entre leguminosas, como a soja, e gramíneas, como o trigo, contribui para a sanidade daqueles dois tipos de cultura. “Hoje, o que você vê, e muito, é o plantio de leguminosa sobre leguminosa, o que vem acarretando esta perda de eficácia dos defensivos, principalmente”, analisou. Marcílio Araújo (ADAPAR) comparou o formato dos seminários ao de audiên-

Números da regional da SEAB em Guarapuava mostram o panorama da soja em 12 municípios, detalhando safra principal e safrinha em 2014/15. A safra principal representou área de cerca de 254,9 mil hectares, enquanto a safrinha, 2.620 hectares. No Paraná, também em 2014/2015, a SEAB registrou uma primeira safra de soja com área de 5 milhões de hectares e uma segunda safra com 132,4 mil hectares.


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CNA

Foto: Marco Quintana/Sistema FARSUL

Comissão Nacional de Bovinocultura de Corte na Expointer é de garantias para fazer esse trabalho com segurança”, avaliou. O presidente da Comissão Técnica de Bovinocultura de Corte da FAEP destacou também que os compradores de carne buscam produto oriundo de rebanhos saudáveis: “Os grandes importadores de carne de ótima qualidade exigem que essa carne seja produzida em harmonia com o meio ambiente e com segurança alimentar”. Para chegar àquele patamar, Botelho defendeu um esforço conjunto: “No Paraná, cada setor tem de fazer sua tarefa: o produtor, a vacinação; o Estado, a fiscalização; para que com isso a gente possa conseguir um resultado lá na frente”.

FAEP participou do evento, com presidentes de comissões técnicas das bovinoculturas de corte e leite

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mais recente reunião da Comissão Nacional de Bovinocultura de Corte, da Confederação Nacional da Agricultura (CNA), foi promovida dia 31 de agosto na Casa FARSUL, no Parque de Exposições Assis Brasil, em Esteio (RS). O encontro, conduzido pelo presidente da comissão da CNA, Antônio Pitangui de Salvo, reuniu lideranças de entidades como Centro Panamericano de Febre Aftosa da Organização Mundial da Saúde (Panaftosa), Conselho Nacional de Pecuária de Corte (CNPC), Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (ABIEC) e Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul (FARSUL), além de presidentes e representantes de federações e associações de raças. Pela Federação da Agricultura do Paraná (FAEP), participaram o consultor técnico e presidente da Comissão da Bovinocultura de Leite da Federação da

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Agricultura do Estado do Paraná (FAEP), Ronei Volpi, e o presidente da Comissão Técnica da Bovinocultura de Corte da entidade, também presidente do Sindicato Rural de Guarapuava, Rodolpho Luiz Werneck Botelho. Entre outros assuntos, o encontro serviu para uma troca de ideias sobre como o Brasil pode se tornar livre de febre aftosa sem vacinação. Botelho, em entrevista após o evento, analisou que, apesar de diferenças entre as várias regiões brasileiras, o setor da pecuária de corte concorda que sanidade é uma prioridade para consolidar e ganhar mais mercados no Brasil e no exterior. “Essa questão de área livre de aftosa sem vacinação é um assunto polêmico, mesmo dentro do Paraná. Mas acho que é uma meta que nós, produtores rurais e representantes, assumimos como algo possível num futuro próximo. A gente tem que buscar esta meta. Precisamos

Rodolpho L. W. Botelho, pres. da Comissão da Pecuária de Corte da FAEP Ele lembrou que vizinhos do Brasil também têm se voltado para a sanidade do rebanho de corte, mesmo mantendo a vacinação em alguns casos: “O Uruguai tem uma sanidade interessante, embora com vacinação. A Argentina tem regiões que são livres de aftosa e outras continuam com a vacinação. O Brasil tem o maior rebanho comercial do mundo e um potencial de crescimento muito grande”. Botelho enumerou ainda, países que avançaram em sanidade, como Chile, Peru e Paraguai.


Legislação

Decker, De Rocco Bastos Advogados Associados Fábio Farés Decker (OAB/PR nº 26.745) Tânia Nunes De Rocco Bastos (OAB/PR nº 20.655) Vivian Albernaz (OAB/PR nº41.281)

Produtor rural: contribuinte individual ou sociedade empresária?

T

radicionalmente os produtores rurais contabilizam o resultado de suas atividades como pessoa física. Nos últimos anos, tem sido observado um crescente movimento de incentivo para que os produtores rurais passem a atuar como pessoa jurídica. Até pouco tempo atrás, vários produtores rurais brasileiros, não tratavam seus negócios como empresas, embora as mesmas assim fossem, mas atualmente está mudando rapidamente o conceito antigo. Com o crescimento da importância do agronegócio brasileiro, as relações comerciais e os controles, fiscais, trabalhistas, fundiários e ambientais, aumentou a necessidade de uma maior organização administrativa do negócio. Como a forma de atuação do produtor rural é uma opção, é preciso que se faça uma análise mais apurada a fim de que se verifiquem as vantagens e desvantagens, bem como as implicações, na adoção de um ou outro modelo. É importante o produtor rural sempre estar assessorado por um profissional da área jurídica e contábil, independentemente de tratar-se de pessoa física ou jurídica, os quais irão auxiliá-lo na melhor forma de exercer sua atividade. Paralelamente ao citado anteriormente, os filhos passaram a ter mais interesse nos negócios dos pais, pelos bons resultados econômicos que os mesmos vêm apresentando e que cer-

tamente continuarão tendo. Atualmente tanto os filhos que trabalham com os pais nas propriedades, como os que estão fora delas, querem participar, opinar e acompanhar o negócio da família, e isto obriga que a relação existente seja regrada e administrada de uma forma que não ocorram atritos familiares e nem perda de competitividade da empresa. Com a complexidade existente, começaram os produtores rurais a transformar seus negócios em empresas rurais constituídas juridicamente, o que realmente facilita em muito o estabelecimento das relações, comerciais e familiares, visando a harmonia familiar e o crescimento econômico e sustentável das empresas. Faz parte da estruturação da nova empresa rural a criação de pessoas jurídicas que, em parceria com as pessoas físicas, passam a explorar aquele negócio que antes era feito somente por pessoas físicas. Com a implantação da empresa, pode-se regrar toda a relação societária da família através de um contrato social. Paralelamente à parceria entre as pessoas jurídicas e pessoas físicas, são criadas condições fiscais e tributárias que favorecem legalmente a aquisição de novos investimentos assim como a redução de impostos. Ademais, o produtor rural, seja ele pessoa física ou pessoa jurídica indi-

vidual, está sujeito de forma ilimitada, salvo exceções, às obrigações contraídas junto a terceiros. Quando há constituição de pessoa jurídica, formada por dois ou mais sócios, de caráter limitado, cada sócio responde pelo valor de suas quotas e todos, solidariamente, pela integralização do capital da sociedade, conforme determina a lei. Isso quer dizer que a sociedade oferece certa proteção, limitando a responsabilidade das pessoas físicas, o que, por si só, é um enorme atrativo. Não sem motivo é que muitos produtores rurais passaram a constituir empresas com característica familiar e de exploração rural, passando a integralizar as cotas da empresa mediante a transferência de bens, especialmente os imóveis, o que facilita, em muito, a transferência patrimonial em vida, além de atrair considerável redução da carga tributária. Vale lembrar, que caso haja opção pela constituição de uma sociedade, haverá obrigação e pagamento de diversos encargos e contribuições, da mesma forma que as demais empresas. Diante de tal situação, os produtores rurais, os quais tradicionalmente exploram sua atividade como pessoas físicas, têm outras opções que, em determinadas situações, podem mostrar-se atrativas, oferecendo maior organização, segurança e menor pagamento de tributos, além de ainda ajudar a resolver problemas sucessórios. Revista do Produtor Rural do Paraná

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Pitanga

ITR declarado Sindicato Rural de Pitanga emitiu mais de 2.500 ITR´s durante o prazo de declaração do imposto

O

prazo para a declaração do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural (ITR) 2015 já terminou em todo o Brasil. Em Pitanga, o Sindicato Rural emitiu, em média, 2500 declarações durante o prazo de 17 de agosto a 30 de setembro. A entidade atende, além de Pitanga, as cidades de Boa Ventura, Santa Maria do Oeste, Nova Tebas e Mato Rico. A REVISTA DO PRODUTOR RURAL esteve no Sindicato no dia 28 de setembro. Na data, o secretário executivo da entidade sindical, Antônio Adir de Lara, afirmou que 90% dos produtores rurais já haviam declarado o imposto. “Neste ano, os produtores da região não deixaram para última hora. Ficaram apenas alguns retardatários, que faltavam documentos. Desta forma, o andamento correu tudo bem. Nós estamos trabalhando com o Valor da Terra Nua (VTN) estabelecido como referência pelo Departamento de Economia Rural (Deral),

Adir de Lara emitindo ITR de produtor rural

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Revista do Produtor Rural do Paraná

com isso houve uma valorização do valor da terra e, consequentemente, aumento no valor do tributo. Para que o produtor não tenha problemas com a fiscalização, principalmente agora que os municípios fizeram o convênio com a Receita Federal, o valor declarado corretamente, de acordo com o Deral, diminui as chances do produtor ser notificado”. Ele conta que, em Pitanga, como já existe o convênio com a Receita Federal, o valor arrecadado com o imposto fica 100% no município para ser investido em educação, saúde, áreas rurais, etc. O produtor rural que perdeu o prazo ainda pode declarar, porém com incidência de multa de 1% ao mês, calculada sobre o total do imposto devido, não podendo seu valor ser inferior a R$ 50,00. Para outras informações o produtor rural deve entrar em contato com o Sindicato Rural de Pitanga, pelo telefone (42) 3646-1338.

Orientações sobre o Cadastro Ambiental Rural O Sindicato Rural de Pitanga voltou a realizar o Cadastro Ambiental Rural (CAR) para os produtores rurais. “Já realizamos, em média, 140 cadastros e estamos orientando os produtores para que procurem os escritórios de engenharia florestal habilitados a realizar o CAR para que não haja problemas sérios, quando as questões de reservas florestais são mais complicadas. Gostamos de enfatizar aos produtores também que com o CAR eles têm alguns benefícios, como por exemplo, declarando a área de Reserva Legal ou Preservação Permanente, fazendo o Ato Declaratório Ambiental (ADA), aquela parte da mata ele deixa de pagar o Imposto Territorial Rural (ITR)”, ressalta Adir.


O registro no Cadastro Ambiental Rural (CAR), criado pela lei do Código Florestal (Lei 12.651/2012), é obrigatório para todos os imóveis rurais do país. No sistema, os proprietários devem declarar as informações ambientais de suas propriedades rurais. Com os dados obtidos por meio do CAR, que é um registro público eletrônico de âmbito nacional, o governo pretende controlar, monitorar e fazer o planejamento ambiental e econômi-

co das áreas rurais, além de usar as informações para auxiliar no combate ao desmatamento. Em 2014, dois anos depois da aprovação do Código Florestal, o governo federal lançou as regras para inscrição no Cadastro Ambiental Rural. Na ocasião, o prazo dado para o cadastramento foi de um ano - até maio de 2015. Com a prorrogação do prazo para mais um ano, os produtores tem até maio de 2016 para fazer o cadastro.

Viagem para Expointer 2015 O Sindicato Rural de Pitanga, visando trazer conhecimentos para os associados da entidade, em parceria com a Federação da Agricultura do Estado do Paraná (FAEP), promoveu uma viagem técnica para Esteio– RS no dia 26 de agosto, com o objetivo de participar da Expointer 2015. Por determinação da diretoria do Sindicato, participaram da viagem casais de produtores rurais, pois hoje, tanto o homem como a mulher participam das atividades rurais. Ao todo, 36 pessoas visitaram a exposição. A viagem técnica contou também com a presença do tesoureiro da entidade, Anselmo Coutinho Machado e sua esposa Marilma Machado, os quais conduziram os participantes aos eventos agendados na Expointer. “A viagem foi um sucesso, pois a maioria dos participantes não conhecia a exposição. Todos aproveitaram o evento para adquirir mais conhecimentos e aplicá-los no dia a dia da propriedade”.

Caravana de produtores de Pitanga para Expointer

38ª Expointer Considerada uma das maiores mostras agropecuárias da América Latina, a 38ª Expointer encerrou com volume de negócios batendo na casa dos R$ 1,70 bilhão. O evento atraiu mais de 509.204 visitantes ao Parque de Exposições Assis Brasil. Já a venda de animais teve incremento de 23,79% em relação ao ano de 2014. O volume chegou a R$ 15.389.240,00. Os leilões da raça Crioula e a comercialização de coberturas puxaram, mais uma vez, a venda de animais, alcançando R$ 10,98 milhões. A venda de bovinos de corte e mistos atingiu R$ 2.687.520,00 – aumento de 60% em relação a 2014, quando o desempenho foi de R$ 1.671.910,00. Revista do Produtor Rural do Paraná

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Especial

W INTERSHOW CONTRIBUI PARA O

DESENVOLVIMENTO REGIONAL Texto e fotos: Manoel Godoy e Geyssica Reis Edição: Luciana de Queiroga Bren

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uestões técnicas importantes para culturas de inverno tradicionais no Paraná, como trigo, cevada e aveia, ao lado de informações sobre cultivos alternativos, como canola e linhaça, fizeram mais uma vez, do WinterShow, nos dias 20 e 22 de outubro, um dos eventos técnicos de referência no Brasil. Ao longo de três dias, a Fundação Agrária de Pesquisa Agropecuária (FAPA) apresentou, em sua sede, no distrito de Entre Rios, em Guarapuava (PR),a produtores rurais, profissionais e estudantes da área, resultados de pesquisas produzidas pela Fundação, novidades tecnológicas de cerca de 70 expositores – de empresas de pesquisa até marcas conhecidas em serviços

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Revista do Produtor Rural do Paraná

e produtos agrícolas, como insumos, sementes e maquinários. Palestras de convidados também fizeram parte das atrações: Gilberto Rocca da Cunha (Agrometeorologista/ Embrapa Trigo), dia 20; o economista Ricardo Amorim (Globonews), dia 21; e Dado Schneider (doutor em Comunicação), dia 22. Dinâmica de máquinas completou a programação. Da abertura do evento, participou, entre outras autoridades, o secretário de Estado da Agricultura do Paraná, Norberto Ortigara. O Sindicato Rural de Guarapuava/ Sistema FAEP foi um dos apoiadores do

evento, somando-se à outros patrocinadores como Caixa, UPL, ORO AGRI, Banco do Brasil, Agro DBO, Senior, Toyota, LG, Fertilizantes Heringer, Adama, Rotam e Dow. A REVISTA DO PRODUTOR RURAL conversou com palestrantes, pesquisadores e organizadores do WinterShow 2015. Confira:


Público recorde Um evento que seguiu crescendo em estrutura, comodidade para o público e expositores, além de oferecer uma enorme gama de informações técnicas sobre culturas de inverno. Novidades e pesquisas que se relacionam diretamente com o dia a dia das propriedades. O resultado: uma presença recorde de mais de 4 mil pessoas. Com este balanço acima das expectativas, a Cooperativa Agrária e a FAPA encerraram o WinterShow 2015 comemorando mais uma edição daquele que é hoje um dos principais encontros técnicos de trigo, cevada, aveia e canola.

Jorge Karl – Presidente da Agrária “O evento apresentou novas tecnologias, novos materiais, e ao mesmo tempo a estrutura teve algumas inovações. E foi um evento bem técnico. Muita novidade, lançamento de produtos. Bem amplo, o leque de informações. Eu diria que superou as expectativas”.

André Spitzner – Gerente agrícola “A gente terminou o evento bastante satisfeito com tudo que vimos funcionar. Uma coisa é planejar. Outra, é ver que no fim do evento deu certo. Os assuntos todos, muito bons, as palestras âncoras conseguiram atrair um público selecionado. Enfim, o objetivo foi alcançado”.

Norberto Ortigara, Secretário de Estado da Agricultura

Plante Seu Futuro Após a abertura oficial do evento, o coordenador do Plante seu Futuro na Emater, Nelson Harger, apresentou informações sobre conservação de solos, manejo integrado de pragas e outras ações do programa Plante Seu Futuro.

Lançamento livro Durante o evento, houve o lançamento do livro “Fertilidade do Solo e seu Manejo em Plantio Direto, no centro-sul do Paraná”, de autoria da pesquisadora da FAPA, Sandra Mara Vieira Fontoura.

Leandro Bren – Coordenador da Assistência Técnica “São muito importantes as informações técnicas difundidas no WinterShow. Por mais que hoje a gente esteja vivendo um momento muito difícil, quando se fala em termos de doenças, e o clima favorável para a ocorrência delas, se não tivéssemos toda a pesquisa que temos, provavelmente nem teríamos produto para colher e entregar para as indústrias”

Palestra com Ricardo Amorim atraiu mais de 1.400 pessoas

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Especial Gestão de riscos em agricultura: o uso inteligente das previsões de tempo e de clima GILBERTO ROCCA DA CUNHA

Brasil: antes, durante e depois das eleições RICARDO AMORIM

Economista e comentarista da Globo News

Agrometeorologista da Embrapa Trigo

no mundo cresceu como nunca, devido à inserção da economia chinesa. Depois disso, a gente terá mais uns 20 anos, devido a inserção da economia indiana. Temos mais uns 30 anos garantidos de sucesso do agronegócio. E o agronegócio brasileiro tem a vantagem de ainda ter espaço para lavouras, dá para crescer mais em produtividade e temos que melhorar nossa infraestrutura. Se isso acontecer, o espaço para o agronegócio vai melhorar ainda mais”.

O mundo mudou, bem na minha vez DADO SCHNEIDER

Doutor em comunicação

“Os dois principais riscos da agricultura são o mercado e o clima. O que o produtor deve fazer, quanto ao clima, é utilizar as tecnologias climáticas disponíveis para entender o que há de previsões, como elas funcionam e como podem ajudar. Por exemplo, entender as diferenças de uma previsão de clima, de tempo e de mudança de clima. Até três dias, atualmente, o nível de acerto da previsão já é da ordem de 95%, até cinco dias o nível baixa para até 80%, até sete dias o nível fica em torno de 60% e quando tentamos prever para além de 10 dias, o nível fica inferior a 50%. Isso é muito importante na agricultura, porque em várias atividades que o produtor precisa fazer no dia a dia, o clima influencia na decisão. Previsões com um alto nível de acerto faz toda a diferença no manejo dos cultivos. Paralelamente, existem as previsões ditas estacionais, que são das escalas de seis meses até um ano. Elas não dizem que dia vai chover ou fazer sol, mas dizem qual é a tendência das principais variáveis, especialmente chuva, que é a mais importante para agricultura. No sul do Brasil, as previsões estacionais mais importantes são os fenômenos El Niño e La Niña. Neste ano, estamos vivendo o evento El Niño. Isso exige uma estratégia de manejo diferente de outros anos.”.

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Revista do Produtor Rural do Paraná

“Precisamos consertar o que fizemos errado. O governo não pode gastar mais do que ele arrecada, não dá para brincar com a inflação, porque quando brincamos com a inflação, ela fica mais alta e você tem que dar uma contraída muito forte, o que o Brasil está vivendo hoje. Outro ponto é que alguém que seja presidente tem que ter capacidade de coordenação política. Nós temos uma presidente que não gosta de fazer política e isso criou um vácuo de poder, que em parte explica a crise política. Nós estamos vivendo uma crise moral. E espero que ela mude! Porque passamos a acreditar, no Brasil, que corrupção é uma coisa normal, que ela é a regra do jogo e não tem que ser! A gente tem que aproveitar essa crise para punir gente poderosa e reduzir a corrupção em geral. Apesar de todos os problemas, eu acho que estamos perto da hora da virada. Falta só criar condições políticas. Isso será feito com a manutenção da presidente no poder ou com a queda dela, e pode acontecer em alguns meses. Por outro lado, temos que pensar que a crise do Brasil não é a crise do agronegócio. Esse vai muito bem no país. E vai bem porque conseguiu um ganho de produtividade que outras áreas não conseguiram, aproveitando o momento internacional favorável, pois a demanda por alimentos

O último dia do WinterShow foi marcado pela tradicional palestra motivacional. Dado, em sua fala, comentou sobre a importante transição cultural e comportamental que o mundo está passando. Falou que muitas pessoas, do século 20, possuem dificuldade de se adaptar a essas mudanças, mas segundo ele, elas precisam conhecer, entender e aceitar essa transição. “Não há mais lugar no mundo para as pessoas que não se adaptam”. Para os produtores rurais, a mensagem é a mesma: “Não deixem de se atualizar. A velocidade com que a tecnologia e o conhecimento estão evoluindo impede que uma pessoa hoje diga que já sabe de tudo. Não importa a idade”.


ESTAÇÕES DA FAPA TRIGO E FITOPATOLOGIA Juliano Almeida e Heraldo Feksa (FAPA) (Heraldo) “Neste ano, as doenças que se destacaram foram as manchas foliares. No final do florescimento do trigo, começou a surgir bacteriose. A bactéria avança drasticamente na cultura, causando perda de potencial entre 20% e 35%. Estamos sugerindo aos produtores que têm trigo nesta fase que façam algumas aplicações, utilizando produtos que tenham ações sobre bactérias, para uma ação preventiva ou um pré-curativo, evitando esse tanto de perda”.

AVEIA (GRÃO, FORRAGEM E COBERTURA)

ENTOMOLOGIA E HERBOLOGIA Alfred Stoetzer e Vitor Spader (FAPA)

Juliano Almeida (FAPA) e Marcelo Teixeira Pacheco (UFRGS)

ESTAÇÃO CEVADA Noemir Antoniazzi (FAPA) MANEJO DE CULTIVARES DE CEVADA VISANDO A QUALIDADE DO MALTE “Nossa pesquisa foca no manejo das cultivares de cevada, incluindo a qualidade do plantio, época de semeadura ideal, o número ideal de planta por metro quadrado e também as particularidades de cada cultivar. Estamos lançando também duas variedades de cevada, a ANAG 01 e a BRS Korbel, que são parcerias da Agrária com outras empresas. Ambas tem vantagens sobre outras variedades, tanto em produtividade quanto sanidade”.

(Marcelo) “Na aveia grão, falamos de alguns problemas. O principal é a ferrugem da folha. Este ano de 2015 foi muito propício a esta doença. Mostramos alguns genótipos que são resistentes a ferrugem. Aqui, apresentamos a URS Brava, um lançamento de 2012. É precoce, com elevada qualidade de grão e com resistência parcial. A planta apresenta a ferrugem, em níveis baixos, o que propicia que o agricultor tenha um uso menor de fungicida.

FERTILIDADE DE SOLO

Sandra Mara Vieira Fontoura (FAPA) e Cimélio Bayer (UFRGS)

(Alfred) “Existem várias plantas daninhas que são hospedeiras de pragas. Uma vez manejando as plantas daninhas, o produtor vai manejar essas pragas também. No manejo integrado, ele vai manejar: plantas daninhas, pragas e doenças”.

ESTAÇÃO OLEOGINOSAS Juliano Almeida (FAPA) e Gilberto Omar Tomm (Embrapa Trigo) CULTIVOS ALTERNATIVOS DE INVERNO – CANOLA, NABO E LINHAÇA

MECANIZAÇÃO AGRÍCOLA

Étore F. Reynado (FAPA) MÉTODOS DE AMOSTRAGEM DE SOLO VISANDO O MANEJO LOCALIZADO DE CALAGEM

“Realizamos um estudo comparando a amostragem tradicional da amostragem Grad, para mostrar qual é a tecnologia que está dando mais retorno e qual está utilizando mais fertilizante. Chegamos a conclusão que a agricultura de precisão aportou mais insumo que a amostragem tradicional. Buscando o porquê disso, chegamos ao resultado que a amostragem tradicional subestima a quantidade de insumos necessária”.

(Vitor) “Abordamos o seguinte ponto: que o produtor faça o manejo, tanto de plantas daninhas, como pragas e doenças, não olhando só o período das culturas, mas também o período sem culturas no campo. O manejo feito nesse período traz uma série de benefícios, como reduzir a infestação de plantas daninhas no sistema de produção”.

(Sandra) “Procuramos trazer uma consolidação de resultados, de quase 20 anos. Trabalhamos com resultados de calagem e de adubação, não só para cereais de inverno, que são o foco do WinterShow, mas para todas as culturas envolvidas na rotação (verão/inverno). Temos resultados sobre adubação nitrogenada, consolidados, para milho, cevada e trigo. E já alguns resultados iniciais para a adubação nitrogenada na cultura da soja. No caso, a gente percebe que não está encontrando resposta, mas resposta bem consistente em relação à reinoculação”.

(Gilberto) “Nós estamos disponibilizando uma tecnologia que permite o controle de plantas daninhas de folhas largas, que é uma limitante do cultivo de canola. Antes de termos essa tecnologia, não recomendávamos o cultivo de canola em áreas infestadas com nabiça, que é da mesma família da canola e por isso, era difícil o controle. Agora com os materiais clearfield, a Hyola 571 CL e a Hyola 575 CL, facilitou para o produtor ter lavouras com controle de plantas daninhas. Essas tecnologias permitem o controle tanto de folhas largas, como estreitas”. Revista do Produtor Rural do Paraná

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Especial Anag 01: a nova cultivar de cevada da Agrária

Critérios básicos da produção, confecção e uso de silagem de milho na nutrição de bovinos. “Tem dois pontos cruciais na confecção da silagem: é o ajuste do tamanho de partícula dessa silagem e o grau de processamento dos grãos contidos nessa silagem. Não podemos adotar o pensamento de que quanto mais picada ou menos picada melhor. Existe um ajuste. E este ajuste não é fixo”.

Dinâmica de máquinas Os participantes assistiram demonstrações de máquinas agrícolas das empresas expositoras. Um grande público acompanhou apresentações de desempenho, força e precisão de tratores, colheitadeiras, pulverizadores, entre outros equipamentos.

Atleta olímpica A campeã olímpica de vôlei de praia em Atlanta (1996), Sandra Pires, esteve presente no WinterShow 2015, em ação do Banco do Brasil, um dos principais patrocinadores desta edição.

Durante o WinterShow, a Cooperativa Agrária lançou uma nova cultivar de cevada, a Anag 01. A variedade foi desenvolvida desde 2007, em parceira com a Ackermann, empresa de melhoramento genético da Alemanha. O registro e a proteção da variedade no Ministério da Agricultura foram feitos no início deste ano. Em 2016 está previsto que mais de 25 mil hectares da cevada ANAG sejam plantados na região de Guarapuava. A pesquisa da nova cultivar foi coordenada, no Brasil, pelo pesquisador da FAPA, Noemir Antoniazzi. “A nova cultivar apresenta várias vantagens em relação ao que já temos no mercado. Uma delas é um alto potencial produtivo. Em nível de lavoura, chegamos a produzir 6.370 quilos por hectare. Além disso, ela possui uma qualidade do malte superior a outras. Em relação a doenças, ela é resistente à ferrugem da folha e oídio. Outro ponto positivo é que se trata do material mais resistente que temos em acamamento”, destaca o pesquisador.

Troféu WinterShow

• Categoria Veículos Utilitários: Toyota • Categoria Genética: Pioneer

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• Categoria Defensivos: Syngenta

• Categoria Fertilizantes: Yara

• Categoria Máquinas Agrícolas: John Deere

• Categoria Caminhões: Volvo


Estande do Sistema FAEP recebeu mais de 500 visitantes

Sindicato Rural completa 48 anos

O Sindicato Rural de Guarapuava, além de ser uma das entidades patrocinadoras do WinterShow 2015, também esteve presente nos três dias de evento com estande, expondo ao público presente os cursos do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar), a Revista do Produtor Rural do Paraná e outros serviços prestados aos associados. Mais de 500 pessoas passaram pelo estande da entidade, entre produtores e representantes de empresas parceiras.

O Sindicato Rural completou no dia 18 de outubro, 48 anos. Em comemoração, houve sorteios de cestas de produtos importados para associados que visitaram o estande. Os premiados foram os associados Gustavo Küster, Anton Keller I e Pauline Küster.

Dia do Agrônomo Durante o WinterShow, em comemoração ao Dia do Agrônomo (12 de outubro),o Sindicato Rural de Guarapuava e a Associação dos Engenheiros Agrônomos de Guarapuava (AEAGRO) sortearam três cestas de produtos importados aos visitantes do estande da entidade representativa da classe. Os ganhadores foram os engenheiros agrônomos Celso Wobeto, Josef Pertschy e Vivaldino G. Pinto.

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Ovinocultura

OVINOTEC: informação e tecnologia para ovinocultura

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4ª Ovinotec, promovida pela CooperAliança Carnes Nobres no dia 25 de setembro, no anfiteatro do Sindicato Rural de Guarapuava, reuniu mais de 120 ovinocultores, estudantes e técnicos e contou com o apoio do Sistema Faep, Sindicato Rural, Unicentro, DSM Tortuga, Zoetis e Cordeiro Biz. “Os temas escolhidos para as palestras visaram mostrar ao produtor a importância de se trabalhar no sistema cooperativista. A primeira palestra apresentou a experiência cooperativista da Espanha, que funciona muito bem e as demais complementaram o assunto, mostrando formas de como produzir com eficiência e como ter uma maior rentabilidade”, explicou a vice-presidente da CooperAliança e coordenadora do projeto ovinos, Adriane Thives Araújo Azevedo. A mensagem principal desta Ovinotec foi planejar para produzir com eficiência. “O evento cumpriu o seu objetivo, que é levar informação técnica e de qualidade ao produtor. Também mostramos o trabalho da CooperAliança a outros produtores de ovinos que não são nossos cooperados. Fizemos um convite para se juntarem a nós e mostramos como funciona a organização e a importância da participação de novos produtores para o crescimento do projeto ovinos. Existe uma demanda de cordeiro e estamos atendendo apenas 50%. Precisamos de mais produção. Portanto, a cooperativa está aberta a todos os interessados”, salientou.

Cooperativas: Eixo estruturante do agronegócio da carne ovina na Espanha Daniel Benitz Ojeda Pesquisador de produção e melhoramento genético de ovinos e caprinos, coordenador de transferência de tecnologias – CDTEC Empresa Estadual de Pesquisa Agropecuária da Paraíba – Emepa/PB “O objetivo da minha participação na Ovinotec não foi trazer nenhuma experiência inédita. A intenção foi trazer uma reflexão sobre que mesmo em um momento de muita crise, como passa há muitos anos a ovinocultura espanhola e de todo o mundo, há ações que podem ser desenvolvidas, principalmente, pelas cooperativas. Elas têm como objetivo o fortalecimento do setor e, principalmente, uma remuneração mais justa para o produtor. Houve um processo histórico no desenvolvimento das cooperativas na Espanha, ao longo do século XX. Atualmente, há uma maior consciência e mais do que isso, existe a necessidade de se trabalhar em cooperativa. É aquela velha história de que se não se aprende pelo amor, se aprende pela dor. Um fator determinante que se constata é que nas épocas de fartura, o individualismo é preponderante e na época de dificuldades, a união é que tem saído com as melhores propostas, resultados e tem fortalecido os setores. A união dessas cooperativas fortalece muito as regiões e fortalece o país perante o mundo. A minha ideia foi demonstrar que sempre há a possibilidade de adicionar mais gente com um mesmo objetivo, principalmente neste momento de crise no país. É preciso romper algumas amarras e avançar mais com as cooperativas. O Brasil, assim como a América Latina em geral, tem muita pouca consciência de cooperativismo, mas o Paraná é uma ilha diante dessa situação. Destaque para Guarapuava, pelo trabalho excelente desenvolvido pela CooperAliança”.

Gestão e análise financeira na ovinocultura Elísio de Camargo Debortoli Médico veterinário, Me. em Agronegócios – UFRGS, doutorando em Zootecnia – UFPR, professor IFRS – campus Sertão

Adriane Azevedo, vice-presidente da CooperAliança e coordenadora do projeto ovinos

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“É necessária uma mudança de paradigma, uma conscientização da importância de realizar a gestão e a análise financeira. O produtor gosta muito de executar tecnologias em seu sistema de produção, mas quando se trata de gestão financeira, ela não é vista como uma atividade prazerosa e não é fácil o produtor inseri-la em sua rotina. O pro-


dutor precisa estar atento ao controle, com o registro de todas as informações do seu sistema de produção e a relação que seus dados zootécnicos tem com sua eficiência econômica. Isso porque não tem como separar os dados zootécnicos do resultado financeiro. As margens da pecuária, e isso não se aplica somente à ovinocultura, são extremas. Se fosse uma atividade com alta lucratividade não seriam necessários tantas ferramentas e instrumentos para garantir a viabilidade econômica. Quando o produtor paga seus custos variáveis, aquele dos desembolsos, ele acredita que não está tendo prejuízo. Mas quando fazemos a análise do capital imobilizado com equipamentos, o custo do uso da terra, a mão de obra, colocando tudo em um custo total, só então observamos que a propriedade está ficando no vermelho. O Caderno de Campo que a CooperAliança implantou neste ano é uma evolução fantástica no processo de controle das propriedades. Essa ferramenta daqui a dois ou três anos é o sonho de qualquer pesquisador”.

Desafios para reduzir a mortalidade dos cordeiros Rafael Fernando dos Santos Zootecnista, chefe executivo da CordeiroBiz “O desafio de reduzir a mortalidade dos cordeiros traz um subtítulo, que na verdade é controlar a taxa de sobrevivência. As principais causas de mortalidade são a distocia e a fome. Algumas vezes, as ovelhas que parem mais de um cordeiro, deixam de amamentar um deles. Por isso, os produtores devem ter consciência que a taxa de sobrevivência está ligada diretamente à mãe, que é a matriz. Mas como melhorar esta taxa? Basicamente, a base é um bom planejamento nutricional. Essa parte do manejo deve receber atenção desde a gestação, parição até o aleitamento. Só assim a matriz vai estar preparada para alimentar os cordeiros. O Brasil é muito carente de informações quando se trata da produção de ovinos. A mortalidade no país é altíssima. Estudos apontam que algumas propriedades possuem até 40% de taxa de mortalidade, com isso a produção fica inviável. Na realidade, a mortalidade teto deve chegar aos 12%. No Brasil, geralmente, esta taxa é maior, por isso reduzir a mortalidade é um desafio no país e deve ser superada para que o setor tenha um crescimento significativo”.

Sanidade na Ovinocultura Marcio Bugalo Mestre em Medicina Veterinária, professor na Faculdade Cescage e consultor nas empresas Agroceres e Zoetis “As principais enfermidades que acometem os rebanhos precoces de ovinos, tanto no Paraná, quanto no Brasil são as clostridioses e a linfadenite. A linfadenite é uma bactéria endêmica, bastante existente no Brasil e vem ganhando força no Paraná. Com isso, a Zoetis está oferecendo uma vacina única que vem associada frente às principais doenças clostridiais e à bactéria causadora da linfadenite caseosa. Estas doenças são extremamente importantes porque elas impactam além da produtividade, no caso da linfadenite, que é uma doença mais crônica, na eficiência produtiva. E as clostridioses ocasionam altos índices de mortalidade, ou seja, os produtores que não adotam as vacinas preventivas em seus animais, certamente têm um índice e um número de mortalidade muito significativo”.

Forragem conservada na dieta de ovinos de corte Marlon R. H. da Silva Médico Veterinário e professor de nutrição de ruminantes da Unicentro “Há uma tendência de que o mercado privilegie cordeiros mais jovens, ou seja, que os produtores consigam abater os animais com idade não superior a seis, sete meses. Pensando nessa possibilidade, em alguns períodos há uma defasagem das pastagens. Então, pode-se trabalhar de uma maneira estratégica a produção dos alimentos conservados. Os produtores têm receio de utilizar a forragem conservada, por ser (a princípio) inviável economicamente, mas a silagem pode servir como uma ferramenta no manejo nutricional para que não se tenha uma inconstância na qualidade da oferta. Alguns pecuaristas resistem à silagem porque ela é uma modalidade agrícola e, muitas vezes, o pecuarista acha que não está preparado para ingressar nela. Mas a silagem com acompanhamento técnico adequado se torna uma atividade não tão onerosa e que promove vantagem, frente a uma adversidade, em um momento de deficiência de pastagens qualitativas e quantitativas, quando se trabalha entrega de cordeiros na entressafra, o produtor teria uma valorização do cordeiro e manteria o rebanho uniforme. Mas é importante ter um acompanhamento técnico, porque se o produtor fizer tudo por conta, ele pode arriscar e implicar em uma baixa qualidade de silagem, com custo elevado”.


Registro Associados recebem prêmios sorteados no Dia do Agricultor 2015

Sindicato Rural apoia 8º Festival Gastronômico Carne de Cordeiro Cooperaliança

As empresas que doaram vales no Dia do Agricultor, realizado em julho pelo Sindicato Rural de Guarapuava, entregaram os prêmios aos associados sorteados nos meses de agosto e setembro. O Dia do Agricultor é promovido anualmente pelo Sindicato Rural. Todos os produtores associados à entidade são convidados a participar de uma tarde festiva de confraternização, com coquetel e sorteio de brindes. O associado Zadil Carneiro Batista elogiou o evento. “Foi maravilhoso! Fui embora muito contente, por causa da confraternização e porque ganhei mais de R$ 1.000,00 em prêmios. Acho até um desrespeito os produtores não participarem de um evento como esse, preparado com tanta dedicação pelo Sindicato Rural. A participação dos produtores rurais em eventos como esse fortalece e une a classe”. O Sindicato Rural agradece a participação de todos os associados e também as empresas parceiras do evento, que possibilitam os sorteios com a doação de diversos brindes.

O Festival Gastronômico Carne de Cordeiro, promovido pela Cooperaliança Carnes Nobres, será realizado no dia 20 de novembro, a partir das 20h30, no Pahy Centro de Eventos. O Sindicato Rural de Guarapuava apoia o evento. O festival proporciona a degustação de 10 pratos todos a base de carne de cordeiro. Os pratos são produzidos pelo chefe Kiko Dalla Vecchia. Neste ano, o evento tem uma novidade. “Parte da verba será destinada ao Instituto Virmond (Hospital Santa Tereza). A Cooperaliança acredita que é importante para cidade que toda empresa, cooperativa ou entidade realize ações sociais. Já tivemos outros eventos que colaboraram com o Hospital São Vicente e agora decidimos ajudar outro hospital da cidade, que também é muito importante”, conta a vice-presidente da Cooperaliança, Adriane Araújo Azevedo. Os convites estão sendo vendidos na Cooperaliança – Cordeiro Guarapuava, que fica na rua Vicente Machado, 777. Outras informações pelo telefone: (42) 3622-2443.

Registro fotográfico da entrega de sacos de sementes de milho Pioneer Adilson Pagno, Roberto Carlos Cordeiro (filho do sócio Pedro Cordeiro), Rodolpho Luiz Werneck Botelho (pres. Sindicato Rural Guarapuava), Mário Luiz Marcondes Cordeiro (sócio) e Marcelo Mayer (Pioneer) Agroeste

Rodrigo Davedovicz e Zadil Carneiro Batista

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Adilson Pagno (Pioneer), Huberto Limberger (sócio) e Marcelo Mayer (Pioneer)

Dekalb

Roberto Cella e Valério Tomaselli

Gildo Gorski

Agroceres

Fábio Siqueira

Orlando Deschk Junior e Willian Rickli Siqueira


Pós colheita

Transportador de corrente combinado Atributos e benefícios do produto:

Eng. Marcio Geraldo Schäfer marciogeraldo@ymail.com Paraná Silos Representações Ltda.

2. Este transportador é dotado de uma curva (fig-3) de interligação que permite a combinação de um transporte em sentido horizontal com um transporte inclinado. Com as diversas possibilidades de comprimento horizontal e altura de saída do produto.

1. O Transportador de Corrente Combinado é aplicado quando se deseja transportar um produto de um nível de carga inferior para um nível de descarga superior limite de altura de 10 m.(fig-1), podendo carregar uma máquina de limpeza sem uso de poço e elevador.(fig-2) Curva

5. Segurança Alimentar: A melhor segurança alimentar é consequência do sistema autolimpante (fig-5), pois com menos pontos de sujidade a tendência é que ocorra menor contaminação dos grãos e cereais transportados neste equipamento.

3. Possibilitam diferentes ajustes em obra, resultando em melhor aproveitamento do espaço físico e evita escavações profundas de poços e túneis. 4. Segurança Operacional: A redução ou eliminação de poços (fig-4) e túneis diminuem a acumulação de gases tóxicos e os riscos de explosões. O ambiente se torna menos confinado, menos insalubre e mais ergonômico, proporcionando uma manutenção e operação mais segura.

Fundo autolimpante Interligado ao esticador da corrente Chapa montada internamente ao formato do raio da roda deslizante

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Piscicultura

Encomenda de alevinos no Sindicato Rural

F

oi um grande sucesso o primeiro ano da parceria entre Sindicato Rural de Guarapuava e a Piscicultura Progresso, de Francisco Beltrão, na distribuição de alevinos. Dando continuidade aos trabalhos, a entidade sindical já está fazendo a reserva dos alevinos em Guarapuava e nas Extensões de Base em Candói e Cantagalo. A entrega dos pedidos será nos dias 13 de novembro e 15 de dezembro. Os interessados devem fazer os pedidos com Anelise (sede do Sindicato Rural), Ana Paula (Candói) ou Daiane (Cantagalo). Outras informações (como valores dos alevinos, por espécies) pelo telefone (42) 3623-1115.

Berçário A Piscicultura Progresso dispõe também do berçário ou tanque rede pronto de 2x2x1. O valor é R$ 90,00, para alojar até 2500 alevinos. O berçário serve para quem adquire os alevinos e tem peixes carnívoros no açude. Também evita outros predadores como pássaros, rãs, cobras, entre outros. Deve-se deixar durante dois a três meses, observando o crescimento, tirando os peixes que estiverem maiores, a fim de dar mais espaço aos demais. Nunca colocar peixes carnívoros (dourado, pintado, trairão, traira, bagre, catfish, matrinxa, piracanjuba) junto com os outros peixes no tanque rede. Alguns cuidados devem ser tomados, como instalar o berçário próximo à entrada de água do açude, ou instalar uma mangueira de água próximo ou dentro dele, mas com altitude para que possa suprir a falta de oxigênio com o

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crescimento dos alevinos ou em condições variadas do tempo. Também é necessário limpar o tanque uma vez por semana ou a cada 15 dias para tirar o limo e o excesso de ração, para circular a água pelo tanque.

Dicas importantes O ideal para quem vai soltar os alevinos em açudes novos ou que foram abertos e estão secos é fazer todo o processo de correção (com cal virgem e depois calcário) e adubação com esterco de gado, porco, frango, ovelha. Encher o açude de água 5 a 10 dias antes da soltura dos alevinos. Se tiver bastante água e puder encher mais próximo da soltura (tipo 2 a 3 dias antes) melhor ainda,sendo que o açude contendo 50 a 70 centímetros de água pode fazer a soltura dos mesmos. Isso é bom para evitar o aparecimento de

predadores na água e outros peixes que podem ser trazidos por pássaros ou pela própria entrada de água (ex. lambaris e trairas), fazendo assim que não se proliferem antes da soltura dos alevinos no açude. Ao soltar os alevinos, o ideal é distribuir em várias partes do açude, a fim de formarem cardumes espalhados pelo mesmo.

Tilápia Muitos têm dúvidas sobre a tilápia, se não desova, se é sexada ou revertida. As espécies de tilápia comercializadas são a GIFT, a tailandesa ou o cruzamento das espécies. A Piscicultura Progresso trabalha com a GIFT, pois cresce mais rapidamente e dá mais filé. É a melhor do mercado hoje. Toda tilápia de qualidade tem ma-


trizes importadas e são sempre sexadas (revertidas), sendo tratadas com hormônio na ração de hora em hora do nascimento até uns 27 dias de vida, porém sempre existe até 5% dela que pode desovar. Peixes que podem desovar: tilápia, húngara, colorida, jundiá, catfish,traira,trairão e lambari. Para combater a desova da tilápia, recomendemos a soltura em conjunto de peixes CARNÍVOROS, mas o melhor peixe para fazer isso é o lambari, porém sua reprodução é intensa no verão também povoando bastante o açude. O jundiá seria outra saída para soltar junto da tilápia. Peixes carnívoros: dourado, pintado, traira, trairão são os mais vorazes. Bagre africano, catfish, jundiá, matrinxã, piracanjuba, piraputanga, pacu, tambacu, tambaqui também são considerados carnívoros, sendo que al-

guns se alimentam de tudo que é tipo de comida(frutas,folhas,insetos,etc.). É muito importante a soltura de várias espécies de alevinos no mesmo açude. Assim, é possível fazer o controle de espécies que desovam e várias delas se alimentam do que outras produzem. Também é importante para apreciar outro tipo de carne de peixe e variar na hora da pescaria. Exemplo: Em um açude de 2000m², pode-se soltar de 2 a 3 mil alevinos, dependendo das espécies e quantidades indicadas por m². Se soltar tilápia, bagre africano, jundiá e catfish, por exemplo, pode soltar uma quantidade maior e menos de carpas e outras espécies.

(46) 8415-4508 (oi) - 9975-9280 / 9971-5630 (tim)

Exemplo: tilápia 700/jundiá 500/ catfish 300/carpa húngara 300/capim 200/cabeça grande 100/trairão 100/ tambacu ou pacu 100/pintado (de 10 a 40) dourado (de 10 a 40). Sendo que pode tirar uma espécie que não queira e aumentar nas outras ou diminuir uma e aumentar outra. Cada açude é diferente do outro, sendo o produtor conhecedor do mesmo e muitas vezes sabendo o que é melhor para soltar.

erivelto_dv1@hotmail.com Revista do Produtor Rural do Paraná 39


Pomar

Mudas de nozes pecã

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os meses de julho e agosto foram feitas as entregas de mudas de Nogueira Pecã no Sindicato Rural de Guarapuava. As mudas são oriundas de Anta Gorda – RS, do Viveiros Pitol, empresa parceira da entidade sindical. Ao todo, 11 produtores rurais receberam as mudas. O mercado da Nogueira Pecã está valorizado e em expansão. Atualmente, o preço do quilo de nozes chega a R$ 15,00. Segundo o engenheiro agrônomo da empresa gaúcha Viveiros Pitol, Júlio Cesar F. Medeiros, a valorização do produto aconteceu em 2005, quan-

Darci Leal dos Santos (pedido de Dilcéia Araújo Spinola)

do a China começou a importar o produto. “Até então, a nozes alcançavam o preço de US$ 2.50. Hoje, a China já consome 30% da produção mundial de nozes pecã”, explica. Segundo o agrônomo, a Indústria Pitol, sediada em Anta Gorda/RS, juntamente com o Viveiros Pitol, interrompe a produção por quatro meses no ano, devido à falta de nozes in natura para beneficiamento e comercialização. Na região de Guarapuava, mais de 50 produtores rurais estão investindo na pecã. Segundo o proprietário Luizinho Pitol, os pomares são recentes, de no máximo quatro anos, por isso ainda

Edilson de Souza (pedido de Pedro Paulo Dalla Rosa)

não há uma produção em grande escala. “São poucos os pomares que já deram algum fruto, porque a produção começa a partir do sexto ano. Mas a expectativa para a região é muito boa, já que o clima é propício para a pecã”, observa. As entregas acontecem todos os anos nesse mesmo período. Além das entregas, a equipe do Viveiros Pitol realiza reuniões e visitas as propriedades com pecã na região. Interessados em encomendar as mudas devem entrar em contato com Anelise, na recepção do Sindicato Rural de Guarapuava (Rua Afonso Botelho, 58 - Trianon). Cada muda custa R$ 33.

Elisabeth Lealdino e Pedro Lealdino juntamente com Luizinho Pitol

Luís Paulo de Oliveira Gomes Filho, Lorival Hirt e Luizinho Pitol

Marlon e Fábio Siqueira

Leniro Gomes Junior (pedido de Eleda Bochnia)

Iron Cezar de Moraes - Grupo Reinhofer

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Revista do Produtor Rural do Paraná

Gabriel Gerster

Vera Aparecida Dangui (pedido de Enio Mendes Dangui)


Pesquisa Participação em curso de atualização em nogueira-pecã no INTA - Argentina Engenheiro Agrônomo MSc. Julio Cesar F. Medeiros – CREA 15.364-D Responsável Técnico Viveiros Pitol JMedeiros Consultoria email: julio@jmedeirosambiental.com.br

O

s Viveiros Pitol, representados pelo senhor Lenio Pitol e pelo Engenheiro Agrônomo Julio Medeiros, juntamente com o Engenheiro Agrônomo Fernando Selayaran, do escritório municipal da EMATER de Anta Gorda-RS, além do senhor Vanderlei da Cunha, responsável pelo pomar de Jairo Casagranda, localizado no município, estiveram participando recentemente de um curso de atualização em nogueira-pecã nas dependências do INTA – Instituto Nacional de Agropecuária da Argentina, em unidade localizada no município de Concepción del Uruguay, província de Entre Rios. Este instituto argentino é o responsável pelo Programa Pró Pecan, que tem desenvolvido importantes tecnologias adaptadas para a cultura, promovendo a introdução, seleção e melhoramento genético de variedades, além de fomentar a adoção destas tecnologias, com fins de proporcionar o aumento da produtividade e da área plantada desta cultura. O intercâmbio com esta instituição de pesquisa argentino tem sido constante e muito proveitoso, pois tem permitido o acesso às tecnologias mais modernas de produção de mudas e de manejo da cultura, uma vez que no Brasil a pesquisa com esta frutífera é praticamente inexisten-

Equipe participante com pesquisadores do INTA – Argentina – Setembro/2015 durante a participação no curso de atualização em produção de noz-pecã.

te, no momento. Mediante a realização de encontros técnicos com os produtores interessados, os Viveiros Pitol tem realizado frequentemente palestras técnicas, seminários, tardes de campo e visitas técnicas a pomares dos seus clientes, onde estas tecnologias são repassadas, visando o adequado planejamento, implantação e manejo inicial do pomar. O curso, que tratou sobre diversos temas, como planejamento do pomar, irrigação, técnicas de pulverização, manejo de podas, doenças, mercado e outros, proporcionou a consolidação de conhecimentos e o necessário ajuste de técnicas de cultivo às necessidades, o que será repassado aos produtores clientes do viveiro nas próximas oportunidades. A noz-pecã tem alcançado altos preços nos mercados interno e externo,

dado ao sensível aumento no consumo nos últimos anos, com forte tendência de continuidade no curto, médio e longo prazos. Isto acontece em grande parte em função da entrada no mercado importador de países do oriente, onde se destaca a China. Por este motivo, a nogueira-pecã hoje é uma das grandes alternativas de cultivo para pequenas, médias e grandes propriedades, o que tem provocado uma grande procura por parte dos produtores. Entretanto, para a obtenção de todo o potencial de produtividade e rentabilidade, a informação é fundamental, e é em função disso que os Viveiros Pitol tem procurado sempre proporcionar aos seus clientes o acesso a todas as tecnologias de produção visando a obtenção de grandes resultados em produtividade e rentabilidade.


Forragicultura

Investimento em pastagem de qualidade, aumento de lucratividade

M

uitos pecuaristas acabam negligenciando o controle de plantas daninhas na pastagem, já que “continuam produzindo carne e leite”. A magnitude das perdas de produção na pastagem, decorrentes da

infestação por plantas invasoras não é quantificada, dando a falsa impressão que é possível conviver bem com elas. Porém, inquestionáveis dados científicos e econômicos mostram a importância do controle destas plantas na atividade pecuária.

Na reforma e formação da pastagem esse controle é de extrema importância, sendo fundamental para o bom estabelecimento e longevidade da futura pastagem. Vários estudos mostram que as perdas já se iniciam a partir dos 15 dias após a germinação, sendo que elas já são


muito significativas a partir dos 30 dias. Ou seja, considerando o período de germinação, o controle das invasoras deve ser iniciado entre 30 a 45 dias após plantio, não mais tarde que isso. Já na manutenção das pastagens estabelecidas, essa prática é ainda mais negligenciada. As invasoras vão surgindo paulatinamente, degradando a pastagem, e o pecuarista, assim como o pessoal de campo, vai se acostumando com o visual, sem se dar conta do real impacto que a perda de produção de forragem está acarretando no balanço final da atividade. Essa perda é traduzida pela menor capacidade de suporte, com menor produção de raízes e consequente menor resistência a secas, perda de matéria orgânica e nutrientes, além

da compactação e erosão do solo, chegando ao cenário extremo, que exige a reforma da pastagem. Aí reside outro paradigma da atividade. Implanta-se uma pastagem já com a perspectiva de que esta será reformada depois de 5, 7 ou 10 anos . Pastagem bem mantida não precisa ser reformada nunca, a menos que se queira substituir a espécie forrageira. Prova disso, são piquetes instalados há mais de 40 anos na ESALQ, em pleno vigor produtivo. Muitas áreas designadas à reforma, dado seu alto grau de degradação, podem ser revertidas para recuperação com vedação, aplicação de herbicidas, calcário e fertilizantes, retornando ao sistema produtivo de modo muito mais rápido e econômico do que pela opção da reforma. Das modalidades existentes para

o controle de plantas daninhas, a mais econômica, rápida e eficaz é a feita através de herbicidas, que apresentam variadas possibilidades de uso, decorrente de cada necessidade específica: plantas de fácil e difícil controle, época do ano, modalidade de aplicação, bioma, potencial produtivo, entre outras. Para auxiliar o produtor a encontrar a melhor solução para cada situação específica e manter uma pastagem que alavanque a lucratividade na produção de carne ou leite, é necessário conhecimento acadêmico aliado à experiência no ramo. A Agrícola Colferai conta com um equipe de profissionais especializados em pastagens que atua em quase todo o Paraná e com um portfólio de produtos que atendem a todas as necessidades do pecuarista.

Forrageira HD364

SS318


Cultura e Cidadania Palco Giratório do SESC O Sindicato Rural de Guarapuava recebeu, em seu anfiteatro, no dia 19 de agosto, mais um espetáculo da agenda cultural da cidade: numa promoção do SESC, em seu programa Palco Giratório, a Cia. Cortejo apresentou a peça Antes da Chuva – a história de dois amantes que se conhecem desde criança e acabam em rumos diferentes ao longo da vida. Com texto de Rodrigo Portella e direção de Rodrigo Portella e Leo Marvet, a trama, com vários personagens é encenada por apenas dois atores: Bruna Portella (Ana) e Luan Vieira (Aramís). Num ambiente que sugere um povoado do interior do Brasil, oscilando entre união e separação, o enredo discute o que os dois protagonistas poderiam ter vivido, a cada momento, se tivessem tomado outras decisões.

PROET: cidadania no trânsito Cerca de 120 alunos de 6º ano do ensino fundamental, acompanhados de pais e professores, lotaram o anfiteatro do Sindicato Rural de Guarapuava, no dia 21 de agosto, para a cerimônia de formatura do Programa de Educação para o Trânsito (PROET) 2015. Na presença de autoridades e representantes do 16º Batalhão de Polícia Militar, Patrulha Escolar, Guaratran, Prefeitura de Guarapuava e Núcleo Regional de Ensino, os alunos, do Colégio Estadual Professor Amarílio e Colégio Platão, prestaram juramento de observar as leis do trânsito. Vencedores de concurso de redações, promovido no âmbito do PROET, realizaram ainda a leitura de seus textos. Mais uma vez, o clima descontraído, com música e aplausos para alunos, instrutores e professo-

res, buscou motivar os futuros motoristas a se conscientizar sobre a necessidade de respeito e segurança na convivência entre condutores de veículos. Num período de oito semanas, o PROET leva a crianças noções sobre cidadania e sinalização, ressaltando comportamentos necessários para a preservar a vida de pedestres, ciclistas, skatistas e motoristas. Com a iniciativa, a Patrulha Escolar também objetiva contribuir para que os jovens participantes ajudem a conscientizar seus pais.

Curso de preparo de massas do Senac O Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac) promoveu dos dias 14 a 17 de setembro, no Sindicato Rural de Guarapuava, o curso de Preparo de Massas. A instrutora foi Luciane Mendes Paz. O participante do curso Luciano Farinha Watzlawick, sócio do Sindicato Rural, disse que sempre gostou de cozinhar e degustar massas, como um hobby. “Logo que fiquei sabendo do curso, me interessei. Acredito que preparar a massa em casa é muito diferente de ir ao supermercado e comprar uma massa pronta, industrializada. A massa caseira tem muito mais qualidade e sabor”. Hildegard Abt, também sócia do Sindicato Rural, fez o curso com a intenção de preparar as massas para a família. “Cozinhar sempre foi uma terapia para mim. Apesar de já ter algum conhecimento, um curso como esse sempre agrega e traz novidades, tanto na técnica como em receitas. Uma delas, que eu gostei muito e vou fazer, com certeza, é o famoso Tortei

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Revista do Produtor Rural do Paraná

de Abóbora. É uma massa diferente e deliciosa”. O curso também trouxe novidades para aqueles que cozinham não só por prazer, mas por profissão. William Cristian de Lima participou a pedido do próprio estabelecimento em que trabalha. “A ideia é comprar menos massa industrializada e começarmos a produzir nossa própria massa”. Clotilde Moser Montes trabalha em um restaurante típico alemão e buscou mais conhecimento. “Produzimos comidas típicas alemãs, mas queremos variar o cardápio, com outros tipos de receitas. Por isso vim aprender algumas massas mais comuns aqui, como o ravióli”.


Segurança e Medicina do Trabalho Rural

TRABALHO DIGNO

é trabalho seguro Ministério do Trabalho reforça fiscalização sobre as condições trabalhistas no meio rural

P

erda ao empregado, ao empregador e principalmente à empresa, esta seria a melhor definição de acidentes de trabalho no meio rural. Mesmo assim, a cada ano os índices de acidentes agrícolas aumentam e muitas vezes esse aumento ocorre devido à falta de prevenção e de equipamentos de segurança adequados para a execução de atividades no campo. Acidentes de trabalho caracterizam-se como qualquer ato que ocorre quando o empregado estiver a serviço do patrão ou da empresa, mesmo sendo no caminho de ida ou volta para executar a tarefa. Já doenças profissionais são aquelas causadas devido à exposição dos funcionários a algum agente que prejudica sua saúde. Ambos são responsabilidades dos empregadores evitarem, e para isso, os serviços da Torre Forte podem garantir o treinamento adequado à equipe e a avaliação dos equipamentos de segurança e proteção. A preocupação com os acidentes de trabalho no meio rural tem tomado proporções cada vez mais drásticas, por isso, além da exigência do cumprimento regular da legislação trabalhista e das normas regulamentadoras, o Ministério do Trabalho e Emprego tem reforçado a fiscalização. Esse novo plano tem como objetivo a busca pelos requisitos básicos de saúde e segurança do trabalhador rural, o combate à informalidade e, com

isso, o aumento da arrecadação do Estado, estimado em R$ 2,4 bilhões. Dentre as exigências feitas durante a fiscalização estão alojamentos limpos e em boas condições, instalações sanitárias adequadas, locais para alimentação, acesso à água potável e copos individuais, fornecimento dos equipamentos de proteção individual e atestados de saúde ocupacional. Para grandes propriedades ou produRevista do Produtor Rural do Paraná

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Principais causas de acidentes de trabalho

tores que possuírem mais de 20 funcionários poderão ser avaliadas ainda outras determinações. Também é exigido do produtor rural que este contrate um profissional capacitado e habilitado para realizar as avaliações dos riscos para a segurança e saúde dos trabalhadores. Avaliações feitas por profissionais capacitados não apenas evitam acidentes que causam gastos com tratamento médico, indenizações, perdas de produção, danos às máquinas, atrasos, como também garantem que

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Revista do Produtor Rural do Paraná

o trabalho seja supervisionado corretamente e, caso necessário, sejam fornecidos cursos, preparações e treinamentos para os funcionários. A Torre Forte já é reconhecida em todo o estado por oferecer serviços de consultoria empresarial, oferecer cursos e treinamentos, garantir a segurança no trabalho dos funcionários e certificar que a saúde dos trabalhadores está sendo promovida pelos empregadores de acordo com as normas regulamentadoras para trabalhos rurais do Ministério de Trabalho e Emprego.

As principais causas de acidentes no meio de trabalho rural são divididas em três categorias: condições inseguras, ato inseguro e fator pessoal inseguro. Condições inseguras: são as condições do meio em que o trabalho é realizado, com riscos para a vida e para a saúde do trabalhador. Ferramentas inadequadas, falta de dispositivos de segurança e de proteção em máquinas e veículos agrícolas, como roldanas e engrenagens, excesso de ruídos e vibrações caracterizam-se como condições inseguras no meio rural. Para isso, a Torre Forte possui equipamentos próprios e equipe treinada para a realização de avaliações ambientais, elaboração de dados e programas de prevenção de riscos. Ato inseguro: é quando a ação que coloca em risco o funcionário parte dele próprio. Excesso de velocidade nas operações com veículos e máquinas agrícolas, falta de cuidado no abastecimento e carregamento de veículos, não utilizar dispositivos de segurança, fumar, beber ou comer durante a aplicação de produtos químicos entre outras atitudes caracterizam-se como ato inseguro e reforçam a importância de um profissional qualificado que ofereça o treinamento adequado aos funcionários, como os cursos e treinamentos disponibilizados em amplas áreas pela Torre Forte. Fator pessoal inseguro: são fatores que limitam o funcionário na execução da função, seja de ordem física ou psicológica. Surdez, deficiência visual, defeitos físicos, falta de motivação ou limitações de habilidades caracterizam-se como fatores pessoais inseguros.


Revista do Produtor Rural do Paranรก

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Aconteceu ITR 2015 O Sindicato Rural de Guarapuava preencheu e emitiu à Receita Federal, 800 declarações do Imposto Territorial Rural (ITR) em Guarapuava e nas Extensões de Base Candói/Foz do Jordão e Cantagalo. O produtor rural que perdeu o prazo (de 17 de agosto a 30 de setembro) ainda pode declarar. No entanto, terá que pagar multa de 1% ao mês, calculada sobre o total do imposto devido, não podendo seu valor ser inferior a R$ 50,00. No caso de imóvel rural imune ou isento, mas cujo dono deve declarar em razão de ter havido alteração nas informações cadastrais do bem, a não apresentação no prazo implica multa de R$ 50,00. Enquanto não colocar o imposto em dia, o proprietário fica impedido de obter a Certidão Negativa de Débitos (CND) da Secretaria da Receita Federal (SRF), indispensável nas transações imobiliárias. O atraso na entrega do ITR também impede o proprietário de obter financiamentos ou crédito junto a instituições financeiras oficiais.

Casa em Ordem A palestra Casa em Ordem, vinculada ao Programa Empreendedor Rural, do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar) foi realizada na sede do Sindicato Rural de Guarapuava no dia 19 de setembro e na Extensão de Base de Cantagalo no dia 31 de agosto. O engenheiro agrônomo Dalton Celeste Rasêra abordou a evolução do sistema sindical rural brasileiro e seis especificações da legislação: fundiária, tributária, ambiental, sanitária, previdenciária e trabalhista. “O Casa em Ordem procura trazer informações sobre as obrigações do produtor rural. No Brasil as leis são muito dinâmicas, por isso são necessárias organizações como o Sindicato Rural e a Faep, para atualizar as Dalton Celeste Rasêra, informações e repassar engenheiro agrônomo e aos produtores”, destapalestrante do Casa em cou Rasêra. Ordem

Participantes do Casa em Ordem em Guarapuava

Participantes do Casa em Ordem na Extensão de Base Cantagalo

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Lançamento

Bayer e Agropantanal apresentam novidade em Guarapuava: Veritas

P

rodutores rurais de Guarapuava e região tiveram, no dia 9 de setembro, oportunidade de conferir o lançamento regional de um produto que está chegando ao mercado brasileiro para elevar produtividades nas culturas de soja e feijão. Num evento que reuniu nomes de referência na produção rural do centro-sul paranaense, Bayer e Agropantanal (Grupo Pitangueiras) promoveram a apresentação de Veritas, uma tecnologia que, por sua forma de atuação nas plantas, é considerada como uma inovação. Agrônomo da área de Desenvolvimento de Mercado da Bayer, para as regiões dos Campos Gerais e Guarapu-

ava, Cassiano Medeiros saudou os participantes e explicou o surgimento, as pesquisas e o funcionamento de Veritas. Em entrevista à REVISTA DO PRODUTOR RURAL, ele detalhou o lançamento. “Veritas, para nós, significa um marco histórico na empresa, porque entra num novo segmento da Bayer: o de eficiência de cultivos. É um produto sistêmico, atua como carreador de cálcio, proporciona um maior pegamento de vagens, através do fortalecimento da parede celular da planta. É uma tecnologia totalmente inovadora, nunca vista antes”, explicou. Segundo assinalou, a Bayer, com mais de 150 anos de história, mantém um forte compromisso com o lema “Se é Bayer é Bom” e por isso, antes de lançar Veritas, testou o pro-

Veritas atua na célula das plantas de feijão e soja, para melhor absorção de cálcio

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Cassiano Medeiros (Bayer)

Emerson Moura (Bayer)

duto ao longo de três anos de aplicação a campo, em cerca de 500 áreas, para analisar resultados. “Veritas vem para dar segurança ao produtor, fazer com que ele tenha um ganho médio de três a quatro sacas por hectare, na soja, e de cinco a sete sacas, na cultura do feijão”, especificou. “É uma tecnologia inglesa, do centro de pesquisas mais antigo do mundo. A Bayer fez uma parceria com este centro para trazer esta tecnologia para o Brasil”, acrescentou. O agrônomo sublinhou ainda que o desenvolvimento do produto levou em conta não só a inovação, mas a necessidade de um posicionamento que também fosse simples de ser realizado na lavoura, mencionando as recomendações gerais: “Na soja, em uma única aplicação, no início do florescimento. Para as sojas determinadas, em R1. Para as indeterminadas, no início do florescimento mais 10 dias. Para feijão, em duas aplicações: uma em R5 e outra em R7”.

Produtores: presença acima das expectativas

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Fernando Ruiz Dias Júnior, produtor rural

A aplicação de Veritas, prosseguiu, também é simples: “É uma aplicação foliar, como qualquer outra que o produtor faz. É um litro por hectare, fácil de lembrar. Não tem nível toxicológico nenhum, o que também é importante frisar. A agricultura é algo muito complexo. Então, se a gente traz algo simples, mas ao mesmo tempo inovador, é muito importante”. Para a correta utilização da novidade, o agrônomo também destacou a importância do acompanhamento técnico. “O que a gente pede é que o produtor procure um distribuidor autorizado. Aqui em Guarapuava, é a Agropantanal. Ela é precursora e foi nossa parceira no entendimento de trazer esta tecnologia. Nossos consultores, via distribuição, estão muito bem preparados para posicionar e entregar não só o produto, mas o acerto dele em nível de campo”, completou. Presente ao lançamento, o geren-

Marcelo Martins Pereira, diretor da Agropantanal

te regional da Bayer em Ponta Grossa, Emerson Moura, lembrou que lançar novidades é uma das diretrizes da empresa. “A cada dois anos, estamos trazendo inovações. A Bayer é muito conhecida por seus fungicidas, inseticidas, herbicidas, tratamento de sementes. Agora está trazendo um produto que você fornece para a planta e faz com que ela consiga segurar mais as flores e as vagens e, com isso, trazer mais produtividade”, assinalou. Moura também se disse feliz com a presença dos produtores no evento de lançamento de Veritas: “Guarapuava é um lugar que sempre foi muito bom para os nossos lançamentos. Sempre teve bastante gente. Isso mostra o interesse do agricultor da região em conhecer novas tecnologias. Para nós, é uma grande satisfação”. Diretor da Agropantanal em Guarapuava, Marcelo Martins Pereira, enalteceu a parceria com a Bayer: “Para nós, é uma satisfação a escolha de Guarapuava, como lançamento oficial do Veritas, e também a escolha do Grupo Pitangueiras, como empresa parceira da Bayer para este lançamento”. Entre os participantes do evento, um agricultor de Guarapuava também pode testar Veritas ainda antes do lançamento oficial. Fernando Ruiz Dias Júnior contou que utilizou a novidade na cultura da soja, na safra 2013/2014. Os resultados, segundo estimou, foram positivos. “Fizemos um lado a lado com outros produtos. Realmente, é um produto que entregou uma vantagem de três a cinco sacas na média. Fizemos uma avaliação que não foi tão a fundo, mas o diferencial acredito que seja em relação ao produto”. Para a próxima safra, Dias Júnior antecipou que pretende continuar utilizando Veritas e disse esperar que as condições meteorológicas colaborem: “Se o clima ajudar, creio que o Veritas vai se consagrar ainda mais”.


EXISTEM OS PRODUTORES E OS PRODUTORES INOVADORES. DE QUE LADO VOCÊ ESTÁ?

Chegamos para inaugurar uma nova era. Veritas, um produto com ação sistêmica, atuando nas culturas de soja e feijão. Sua tecnologia inédita promove o transporte intracelular do Cálcio, garantindo maior fixação das flores na fase da florada. Ou seja, produtividade além do máximo desejado por hectare. Isso é eficiência de cultivos. Essa é para você que está à frente do seu tempo.

Veritas - A diferença entre produzir e produzir de verdade.

Distribuidor Autorizado Bayer

www.bayercropscience.com.br


Trigo Biotrigo leva conhecimento e apresenta seu lançamento TBIO Sossego no WinterShow

A

cadeia tritícola continua buscando soluções e tecnologias para aumentar a produtividade, garantir colheita em anos atípicos e, especialmente, melhorar a qualidade do trigo produzido no país. Este foi o foco de trabalho da Biotrigo Genética, líder em genética de trigo na América Latina, durante o WinterShow, realizado entre 20 e 22 de outubro no distrito de Entre Rios, em Guarapuava (PR). O evento da Cooperativa Agrária é referência no que diz respeito as tecnologias ligadas aos cereais de inverno e atrai cerca de 6 mil produtores anualmente. Nesta edição, os destaques são o lançamento do TBIO Sossego e a Estação de Qualidade da Biotrigo. De acordo com Fernando Michel Wagner, gerente da Biotrigo Genética para os estados do Paraná, São Paulo, Cerrado e Paraguai, a empresa trouxe em seu campo demonstrativo cultivares que se destacam no mercado brasileiro, novas tecnologias de pesquisa para qualificar a qualidade do trigo além de uma abordagem sobre os principais desafios agronômicos que a cultura enfrenta. “São dados detalhados de desempenho e produtividade de cada cultivar que precisam estar na ponta do lápis do triticultor e de seu assistente técnico na hora de definir a cultivar para a sua lavoura”, explica. Disponível para multiplicadores na próxima safra, ganha cada vez mais destaque TBIO Sossego, cultivar que entrega mais tranquilidade e flexibilidade no manejo de doenças, incluindo as de espiga e as foliares, especialmente o complexo de manchas e a bacteriose, presentes na região na safra atual. Além destes pontos, chama a atenção o grande potencial produtivo do material combinado com uma ampla adaptação, sendo recomendado para todas as regiões

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tritícolas do país. A cultivar de ciclo médio, apresenta elevada resistência à germinação na espiga e debulha natural, além do baixo nível de toxinas em seus grãos na média dos ensaios avaliados, juntamente com boa tolerância ao Na estação de qualidade da Biotrigo, produtores acamamento. A indicação é conferiram como são realizados os testes de para lavouras focadas em méperformance industrial dio e menores investimentos. “TBIO Sossego traz o melhor pacote fitossanitário já lançado no Brasil, sendo um forte aliado no momento de planejar os custos da lavoura”. Além do TBIO Sossego, as cultivares TBIO Toruk, com área expressiva junto aos cooperados da Cooperativa Agrária, TBIO Sintonia, TBIO O TBIO Sossego é lançamento da Biotrigo para Mestre, TBIO Iguaçu, TBIO multiplicação em 2016 e para o mercado em 2017 Sinuelo e TBIO Tibagi, também foram expostas. “Comprar de acordo com a demanda que cada Segundo a Supervisora de Qualidade cultivar atende é o primeiro passo para Industrial da Biotrigo Genética, Kênia o acerto. É preciso conhecer as caracteMeneguzzi, cada cultivar possui uma rísticas do material, projetando o cenávocação diferente e para que ela tenha rio dentro da realidade de cada proprievalor no mercado, a sua performance dade”, afirmou Wagner. industrial precisa ser testada também no produto final, seja ele pão, massas, biscoitos. “É essencial realizar testes de panificação, pois nem sempre a cultivar que passa nos testes laboratoriais tem o mesmo desempenho na panificação, Uma das principais informações ou vice-versa. Com base neste conhepara melhorar a rentabilidade do procimento, o produtor ele pode definir dutor que investe no trigo é identificar qual a cultivar que ele quer semear”, a vocação de cada cultivar. Mas como complementa. A estação de qualidater certeza de que o trigo semeado prode também traz informações de como duzirá o que a indústria quer comprar? as cultivares estão sendo preparadas e É buscando esta resposta que a Biotritestadas para adequação dos limites da go inovou nesta edição do WinterShow micotoxina desoxinivalenol (DON). trazendo um espaço exclusivo para Texto: Daniela Wiethölter Lopes/ demonstração de qualidade industrial Assessora de Imprensa Biotrigo Genética dos trigos TBIO para os agricultores. DW Press Consultoria e Assessoria em Comunicação

As vocações das cultivares de trigo


Sementes

Dekalb promove primeira ação simultânea para produtores de milho em todo o Brasil Mais de seis mil produtores receberam e compartilharam ao mesmo tempo informações sobre como é possível alavancar a produtividade das lavouras.

N

o dia 4 de agosto, a Dekalb, que comercializa sementes convencionais e geneticamente modificadas de milho, realizou simultaneamente, em 85 cidades brasileiras, o evento DIA D VT PRO 3. A ação aconteceu durante todo o dia e atingiu mais seis mil agricultores das principais regiões produtoras de milho em todo o Brasil. Cerca de 70 produtores foram impactados por cidade. Ao todo, 85 repre-

sentantes técnicos de vendas da Dekalb conduziram as atividades em 14 estados brasileiros: Maranhão, Pará, Piauí, Tocantins, Sergipe, Bahia, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás, Minas Gerais, São Paulo, Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul. A ação envolveu palestras sobre novas tecnologias, com demonstrações práticas, e a exposição de híbridos da marca. “A vantagem deste formato foi incentivar a troca de informações com um grande grupo de produtores, e valorizar

as características e benefícios específicos que cada região pode obter ao adotar uma nova tecnologia. É um formato inovador e está em linha com o nosso compromisso de entregar valor para cada agricultor que confia em nossas sementes” observou Hugo Carlos, gerente de Marketing da marca Dekalb da Monsanto. De acordo com Hugo, além da parte teórica, foram mostrados resultados locais de produtividade com orientações de manejo específicas para cada região. Revista do Produtor Rural do Paraná

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“Os produtores conseguiram observar um comparativo real entre talhões e puderam verificar os diferenciais oferecidos pelas sementes Dekalb associados à tecnologia VT PRO 3 da Monsanto, única do mercado que protege de forma completa a planta do milho, raízes, parte aérea e espigas”, afirmou o gerente. “O principal propósito desta ação foi demonstrar o potencial da tecnologia VT PRO 3 para que os agricultores estejam prontos para utilizar esta tecnologia em suas lavouras e obtenham melhores resultados. Estamos ao lado do agricultor brasileiro para desafiar os limites da produtividade”, concluiu Hugo Carlos.

Coamo Guarapuava

Cooperativa Agrária

Coamo Pinhão

VT PRO 3 O milho VT PRO 3 chegou ao mercado como aliado do produtor para aumentar a produtividade da lavoura e combater as principais pragas da cultura, protegendo de forma completa a planta do milho. Um dos diferenciais da tecnologia é oferecer a proteção da raiz do milho contra o ataque da larva-alfinete (Diabrotica

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speciosa). Outra característica de VT PRO 3 é a facilidade no manejo de plantas daninhas devido a sua tolerância ao herbicida glifosato. O VT PRO 3 é um conjunto de soluções inovadoras em um único produto, pois tem duas proteínas Bt contra pragas da parte aérea e uma específica para o controle da larva-alfinete (Diabrotica speciosa), praga que fica escondida no

solo e se alimenta das raízes do milho, diminuindo a capacidade de absorção de água e nutrientes e reduzindo o potencial produtivo da lavoura. A tecnologia atua também contra as pragas áreas que atacam as folhas, colmo e espiga do milho – lagartas do cartucho, da espiga, elasmo e broca do colmo. Os resultados em campo comprovam a eficiência de VT PRO 3 em todo o Brasil. A Fundação ABC, do Paraná, por exemplo, testou a tecnologia VT PRO 3 no sul do país durante a safra 2013/2014. O registro de maior produtividade foi de 30 sacos a mais em uma das áreas avaliadas.


AQUI tem Proteção da raiz à esPiga. RINO COM

AQUI Não tem

MAIOR FLEXIBILIDADE

NO MANEJO DE PLANTAS DANINHAS

DesafianDo os limites Da proDutiviDaDe.

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Unicentro

Considerações em torno do Glúten Reino Pécala Rae, Economista, Assessor institucional da Associação Brasileira da Indústria do Trigo - ABITRIGO

H

á cerca de 12 mil anos, a humanidade – estimada em mais ou menos 10 milhões de habitantes – já havia deixado a África e, em pequenos bandos, de até 100 indivíduos, ocupava todos os continentes, com exceção da Antártida. Nômades, sempre caminhando em busca de alimento. Predadores: acampados em determinado local, consumiam todo alimento disponível, num raio de meia dúzia quilômetros e eram obrigados a mudar de pousada. Vivia-se sob grande tensão na mudança de local porque não havia garantia de alimento no dia seguinte. Supõe-se que sobreviviam por menos de 30 anos, baixo índice de natalidade, vocabulário com menos de 1000 palavras. Idade da Pedra. Uns autores defendem a tese de que o Homo sapiens sapiens teria já 180 mil anos. Outros, dão por menos, 150 mil, para terceiros, existimos há 120 mil anos. Durante todo esse largo tempo, o progresso cultural e tecnológico foi muito pequeno, justamente pela condição de nômades. Saindo da África, ao passar pelo Crescente Fértil, lá estavam disponíveis condições favoráveis à invenção da agricultura e da pecuária. Há muito,tinham aprendido o valor dos grãos e ali, no Oriente Médio, estavam campos nativos de Triticum Aestivum

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Vulgaris. A cada ano, na safra, colhiam-se grãos, principalmente trigo. Aprenderam logo a melhorar o rendimento do cereal, limpando o campo, o que aumentava a produção e facilitava a colheita. Deste ponto, para perceber que uma semente, caída no chão, resultava em outra planta, não decorreram muitos séculos. Acontece que não bastava lançar a semente no chão, porque as aves as roubavam. Então, alguém,com um pedaço de pau, fez um risco no chão, colocou a semente e passou o pé, escondendo-a da passarada. Estava inventada a agricultura, basicamente a partir da triticultura. E esta se espalhou em torno do Mar Mediterrâneo. Ao transpor, com a agropecuária, o limite da vida do caçador/coletor, criaram-se cidades, sofisticou-se o pensamento, cresceu o vocabulário. A humanidade foi abandonando o animismo, o inicial estágio de religiosidade, passando primeiro pelo politeísmo e, a seguir, chegamos ao monoteísmo. Não por coincidência, na mesma pequena área de onde irradiou a triticultura, o Crescente Fértil, foram instituídos o Judaísmo, o Cristianismo e o Islamismo. Não por coincidência. Sem tomar conhecimento da invenção da triticultura, talvez mil anos depois, chineses inventaram a rizi-

cultura. Muito, muito tempo depois, na Mesoamérica, civilizações pré-colombianas inventaram a cultura do milho. Nos Andes, o índio aprendeu a plantar batatas. Há controvérsias se os nossos índios inventaram a agricultura da mandioca ou se receberam informações dos Andes. Há meia dúzia de mil anos, os sumérios, na parte oriental do Crescente Fértil, inventaram a roda, o arado e a irrigação, usando os rios Tigre e Eufrates. Obviamente, com tal tecnologia, multiplicaram a produtividade. De maneira que, na entressafra, quando povos vizinhos sofriam escassez de alimentos, os sumérios dispunham de grandes estoques de trigo, o que os levou a inventar o comércio internacional, a primeira globalização. Cidades cresceram porque cada agricultor produzia muito mais do que ele próprio consumia. Ur, citada na Bíblia, passou de 50 mil habitantes. Basicamente para controlar o comércio, os sumérios desenvolveram a língua escrita e passamos da Pré-História para a História. Por causa do trigo. Em seguida, os Chineses, plantando arroz irrigado, inventaram a sua língua escrita. Os Egípcios, aproveitando a produtividade decorrente das cheias do Nilo, criaram os hieróglifos. Sempre para controlar o comércio do excedente disponível de alimentos.


Impõe-se observar o que ocorreu com os povos alimentados com trigo, arroz, milho, batata e mandioca. Quais as Civilizações, depois dos Sumérios, que lideraram o caminhar da Humanidade? Assírios, babilônios, egípcios, gregos, romanos, árabes e europeus. Emerge importantíssima coincidência, todos alimentados predominantemente com trigo. E por que? Porque o trigo possui um leque maior de proteínas essenciais e melhores carboidratos. Sustentar uma população com melhor alimento, por séculos, resulta indivíduos mais fortes e saudáveis, física e mentalmente. Não será necessário dissertar sobre proteínas e carboidratos de trigo; basta ver o resultado, do ponto de vista da evolução da Humanidade: Civilizações vencedoras. Lendo, por exemplo, Fernand Braudel – “Civilização Material, Economia e Capitalismo – Séculos XV – XVIII”, em “As Estruturas do Cotidiano”, Capítulo 2, “O Pão de Cada Dia” lê-se: “Entre o século XV e o século XVIII, a alimentação humana consiste, essencialmente, em alimentos vegetais. (...) Por razões bem simples: com a mesma superfície, basta que uma economia se decida segundo a aritmética das calorias para que a agricultura leve a melhor sobre a pecuária; bem ou mal, ali-

menta dez, vinte vezes mais pessoas do que a sua rival.”. Se a mesa dos ricos, dos nobres, era farta e variada, a população em geral, pela produtividade dos grãos e custo mais baixo, alimentava-se quase que exclusivamente deles. Até recentemente, por exemplo, século XVIII, franceses, italianos e outros, comiam pão, comiam mingau, de trigo. Assim, será razoável comparar o desempenho de povos alimentados com trigo, arroz, milho, batata e mandioca. O trigo leva demasiada vantagem. Do cão original, segundo autores, dispomos agora de centenas de raças. Os bancos de germoplasma, distinguindo hoje centenas de milhares de variedades de trigo, mostram o resultado de uma evolução de milhares de anos. Segundo autores, a primeira seleção, involuntária, foi ligada ao desgrame. Quando madura, a espiga liberava os grãos, que caíam no chão, mas era mais fácil pegar a espiga do que catar o grão no solo. Assim foram selecionadas variedades nas quais o grão, depois de maduro, não se soltava da espiga. Simultaneamente, os que colhiam, preferiam as espigas maiores. E o trigo plantado, lentamente, passou a ter espigas maiores e menos sujeitas a desgrame. Quando a Natureza cria um modo de alimentar recém-nascidos ou recém-germinados, a eles, novas plantas e novos animais, destina alimentos muito ricos. Todos sabem que um ovo, afora a casca que protege o conteúdo, está composto por embrião, clara e gema. Colocando-se um ovo de galinha para chocar, em pouco tempo o pintinho, já completo, bica o ovo, livrando-se da casca. De onde saíram os “ingredientes” que formaram o pinto? De onde veio “matéria-prima” para construir cérebro, esqueleto, órgãos, aparelhos circulatório, digestivo, respiratório e nervoso? Evidentemente, da gema e da clara. Então, os ovos são alimentos muito completos. Óbvio. O que não impediu que os ovos fossem execrados e retirados de uma lista de recomendados. Nenhuma base científica, apenas crenças, mo-

dismos. Felizmente, o valor dos ovos já foi oficialmente restaurado. Para os mamíferos, temos o leite. Podemos alimentar um bebê por mais de um ano, unicamente com leite materno. Ele cresce, saudável, provavelmente, melhor do que recebendo outros alimentos. Diz-se que o leite é um alimento completo. E assim são os grãos. Um grão de trigo compõe-se de casca (tegumento), gérmen (equivalente ao embrião,a partir do qual a planta será desenvolvida) e endosperma, o alimento inicial do gérmen, que, separado da casca e do gérmen e moído, vem a ser a farinha de trigo. Como no caso da clara e gema e no do leite, é o endosperma que alimenta a nova planta. Para alguns grãos, será bastante umedecê-los que, logo, criam-se raízes e caules, alimentados pelo endosperma. Entre as crenças, sem fundamento, que se propagam, há a de que farinha “refinada” faz mal. Como se fosse um tratamento químico, que introduzisse na farinha algum elemento nocivo. Um absurdo. Farinha de trigo não se “refina”. Apenas o grão é moído e, por simples peneiramento, separa-se o que não é endosperma, isto é, casca e gérmen. Separa-se o tegumento, para melhorar o desempenho da farinha na produção de derivados – pães, massas, biscoitos, etc.. Em relação a outros grãos, o trigo distingue-se pelo glúten. A cevada possui uma pequena proporção de glúten, comparada à do trigo, e os demais cereais praticamente não têm glúten. As proteínas do trigo são classificadas, grosso modo, em solúveis em água – imensa maioria – e as insolúveis. Estas se dividem em gluteninas e gliadinas. Fechando a mão em torno de um punhado de farinha de trigo e colocando-a sob uma torneira, com um fio de água, é possível dissolver a parcela solúvel – carboidratos e proteínas – que vão escorrendo para o ralo da pia. Ao final, restará na mão uma massa viscosa, assemelhada à goma de mascar, de cor amarelada. É o glúten, o maravilhoso glúten. Vejamos para que serve. Revista do Produtor Rural do Paraná

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Adicionando água e fermento a qualquer farinha amilácea, de milho, mandioca, centeio ou outra, a massa cresce pela reação, que produz gás carbônico. Acontece que, ao ser levada ao forno, o gás escapa e o pão, ou bolo, perde volume, achatando-se. Perde a fofura, característica dos derivados do trigo. Já a farinha de trigo, com as gluteninas e gliadinas espalhadas pela farinha, quando fermenta, faz com que essas proteínas, elásticas, alonguem-se. Levada tal massa ao forno, o glúten perde a elasticidade e sustenta a massa, não deixando “solar”. Uma maravilha. Quem quiser fazer um bom pão de, por exemplo, centeio, deverá adicionar um pouco de farinha de trigo, para melhorar a fofura, a palatabilidade do pão. Desde o tempo dos sumérios a farinha de trigo tem glúten. Ou melhor, possui gluteninas egliadinas que, com água, formam o glúten. Nunca houve nenhuma mudança no sentido de alterar suas características. Acontece que o teor dessas proteínas muda um pouco, de variedade para variedade de trigo. Os pesquisadores, chamados de melhoristas, vão cruzando variedades objetivando obter trigos mais produtivos ou menos exigentes em fertilidade do solo, menos suscetíveis a doenças e pragas e mais adequados aos produtos a serem fabricados. Norman Borlaug, Diretor do CIMMYT – Centro Internacional de Mejoramento de Maíz y Trigo, México, dirigiu a criação de variedades mais resistentes e produtivas, em solos menos adequados ao trigo,que dobraram a produção da Índia, do Paquistão, do Brasil e permitiram a sua produção em outros países africanos. Por isso, por sua Revolução Verde, recebeu o Prêmio Nobel da Paz. Por esse tempo não circulavam boatos descabidos sobre glúten, hoje demonizado na mídia. Felizmente, ainda não apareceu um detrator do glúten a alertar o católico

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para o “perigo” de receber a hóstia sagrada, por causa do seu glúten... Os alimentos despertam nos seres humanos um interesse desproporcional, que os levam a crenças que, depois de desmascaradas, são substituídas por outras. Não existe nenhuma pesquisa comparando as diferenças genéticas do trigo consumido pelos sumérios e o que hoje plantamos e colhemos. Muito menos, nunca se descobriu qualquer diferença que seja desfavorável ao ser humano. Também não há pesquisa fazendo tal comparação entre o glúten atual e o do tempo do Rei Sol, Luis XIV, na segunda metade do século XIV. Alguém supõe um perigo e pessoas sugestionáveis se preocupam. Depois, o assunto morre e nasce outra crença. Dada a imensidão de células diferentes no corpo humano, que necessitam ser substituídas continuamente e que requerem diferentes “matérias-primas”, entende-se facilmente que a alimentação deve ser variada. Por outro lado, na quantidade apenas necessária. Assim,“deve-se comer de tudo, um pouquinho”. A quantidade deve ser restringida à manutenção do peso saudável. Os excessos não são benfazejos, para qualquer item. A seleção, com vistas à variedade, deve atentar para os alimentos mais completos, como os citados, leite, ovos, grãos. Sim, atenção nas vitaminas e sais minerais. Para começar, alimentos de todas as cores. De qualquer forma, o pão, o macarrão não são “catalisadores” de obesidade. O seu consumo, como no caso de quase todos outros alimentos, deve ser restringido ao nível de manutenção de peso saudável. Na Ásia, o arroz predominou. China e Japão consumiam-no de modo intensivo, diante da escassez de carnes e outra fontes de proteínas. Com o passar dos séculos, distinguíamos seus habitantes pela menor estatura. Eis que, ao término desta última, a Segunda Grande Guerra, a intervenção americana no Japão para lá levou o trigo, subsidiando-o, inclusive. Já a China tornou-se o maior produtor mundial de trigo. Em poucas décadas, China e Japão já podem formar equipes de vôlei e basquete, que requerem atletas de estatura elevada...

A comida, com a civilização, ao lado da obrigação imposta pelo instinto de sobrevivência, transmutou a refeição para um momento de prazer. O sabor é buscado, com requisitos cada vez mais sofisticados. A cada ano, milhões de turistas visitam a França, Paris. Todos reconhecem a qualidade da culinária francesa. Não é necessário, entretanto, buscar o prazer em caros restaurantes. Quem, pela primeira, aprecia a delícia de uma baguette ou de um croissant, não esquece. E é impossível fabricá-los com farinha sem glúten. Na culinária, a farinha de trigo é um ingrediente fundamental na elaboração de milhares de pratos, doces e salgados, com o objetivo de melhorar sua apresentação e palatabilidade, a partir de favorável custo/benefício. A farinha de trigo é barata! O camarão é considerado uma iguaria. Caro porque escasso. Certas pessoas, entretanto, não podem comer camarão. Alérgicas. Correriam riscos caso se descuidassem. O camarão não tem culpa, não é defeituoso e nem modificado geneticamente (a moda consiste em culpar mudanças genéticas). Apenas uns são alérgicos. Ao camarão e a outros crustáceos. O leite, todos sabem, é um alimento riquíssimo, mas algumas pessoas, uma pequena fração da população, é intolerante à lactose. Ingerindo leite logo passam mal. O problema não está no leite, mas na dificuldade do intolerante. Algo como 1% da população desenvolve uma intolerância a glúten, inflama-se o intestino. São chamados “celíacos” ou portadores de doença celíaca. Novamente, o problema não está no trigo, no glúten, mas na anormalidade de algumas pessoas. A grande dificuldade em desfazer as lendas em torno do glúten é que é quase impossível provar que não existe o que não existe. Compete ao acusador o ônus da prova e os que atribuem malefícios ao glúten deveriam fazer a prova, o que nunca aconteceu. A onda contra o glúten passará, como outras se foram.


Fertilizantes biológicos

Simbiose-Agro e Guará Campo divulgam inoculante para trigo

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m inoculante para gramíneas, como milho e trigo, foi o destaque de um encontro técnico-comercial, promovido no dia 26 de agosto, pelas empresas Simbiose-Agro (fertilizantes biológicos - Curitiba) e Guará Campo (revenda de agroquímicos - Guarapuava), numa propriedade rural de Candói. Representante técnico de vendas da Simbiose-Agro, Alexandro J. Vieira detalhou em entrevista características e efeitos do produto: “Essa bactéria tem duas cepas: a AB-V5 e AB-V6. Uma é promotora de crescimento radicular e a outra, de absorção de nitrogênio. O Azospirillum, hoje, traz para a cultura do trigo em torno de 30 kg de N por hectare. Se você calcular o valor do N, isso é uma vantagem muito grande”, observou. Na triticultura, o representante técnico-comercial salientou que o inoculante pode ser aplicado de duas maneiras: “No tratamento de sementes, usando em torno de 2 ml/kg, ou aplicação via aérea, após o trigo emergido, com dosagem de 300 ml/ha a 500 ml/ha”. Ele relatou ainda

que tem visto resultados positivos em outras regiões paranaenses, como Laranjeiras do Sul e Ponta Grossa. Na lavoura apresentada no evento, onde o produto foi aplicado no tratamento de sementes, com 2 ml/kg, Vieira chamou a atenção para a diferença visual entre a área em que se utilizou o inoculante e a testemunha. “É um trigo que foi plantado em julho. Ocorreram praticamente 20 e poucos dias de chuva e depois estiagem. Com o uso do Azospirillum na cultura, a gente percebeu que o trigo sentiu menos estresse hídrico nesse período”, apontou. A explicação, prosseguiu, está na ação sobre a raiz: “Em todas as áreas em que foi feita a aplicação, observa-se uma diferença nítida. Como a bactéria tem a função de promotora de crescimento radicular, quanto mais raiz, maior a absorção de nutrientes do solo e de água também”, disse. Sobre a empresa, Vieira lembrou que, tendo iniciado as atividades em 2007, em Curitiba, como distribuidora de fertilizantes biológicos, a Simbiose-Agro, em 2010, adquiriu uma indústria de uma multinacional do ramo de defensivos,

em Cruz Alta (RS), e passou a ser também produtora de insumos microbiológicos. Bactérias e fungos são a base de opções tecnológicas, que compõem hoje um portfólio de 27 fertilizantes biológicos (inoculantes). Da Guará Campo, Rubens Seitaro Gushi destacou ter visto na apresentação do produto da Simbiose-Agro, no dia de campo, uma alternativa importante para os produtores de Guarapuava e região. Enfolhamento e altura das plantas de trigo foram pontos que ele destacou como diferenças visuais perceptíveis.

Raízes de trigo, no detalhe

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Dia do CAR

UM MOMENTO PARA TIRAR DÚVIDAS E PREENCHER O CADASTRO

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stá em vigência o prazo de preenchimento do Cadastro Ambiental Rural (CAR). Em todo o Brasil, o cadastramento, instituído pelo governo federal, é obrigatório para todos os proprietários rurais, independentemente do tamanho e do tipo de utilização de suas áreas. Embora o primeiro prazo, que se encerraria no último dia 5 de maio, tenha sido prorrogado em um ano, entidades da agropecuária recomendam que a inscrição das propriedades seja feita o quanto antes. O procedimento pode ser realizado gratuitamente direto no site do cadastro, mas vários são os proprietários que acabam tendo alguma dúvida. Pensando nestes produtores, o Sindicato Rural de Guarapuava e a Uniflora Engenharia vêm promovendo o Dia do CAR. Na iniciativa, técnicos da empresa vão ao sindicato, onde atendem os proprietários. O serviço tem desconto para os associados, mas o preço depende de cada caso. No primeiro semestre, edições do Dia do CAR ocorreram ainda antes do primeiro prazo do cadastro. Após o adiamento, foi realizado Dia do CAR nos dias 30 de setembro e 30 de outubro. Depois de atender vários produtores, Caroline Brotsko e João Brunner Silva, da Uniflora, comentaram que muitas dúvidas giram em torno de documentação e dados de georreferenciamento. “Não é um processo simples”, comentou Caroline. Segundo ressaltou, em alguns casos pode ser necessário tempo para reunir documentos. Em outros, conforme disse Brunner da Silva, é preciso levantar o perímetro da área. “Muitas vezes, o proprietário não consegue localizar pelas imagens (do sistema do CAR)”, acrescentou.

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Iniciativa oferece serviço de orientação e preenchimento do CAR Na direção da Uniflora, o engenheiro florestal Andreas Kleina (Brahma) chamou a atenção para o fato que os proprietários rurais deixaram de fazer o CAR depois que o prazo ficou para 2016. “O Dia do CAR, que estávamos fazendo semanalmente, acabou se tornando um evento mensal”, disse, alertando, no entanto, que agora uma nova “reta final” está se aproximando. Brahma também defende que o CAR é importante porque, além de ser obrigatório, passará a ser o que chamou de “portal’ entre a propriedade rural e o governo para qualquer assunto relacionado a meio ambiente. Fazer o CAR em tempo hábil são também as recomendações do Sistema Federação da Agricultura do Paraná (FAEP). A assessora técnica de Meio Ambiente da entidade, Carla Beck, ressaltou que inscrever o imóvel rural é importante também para aderir a regularização ambiental de acordo com o Novo Código Florestal, assim como para obter licenciamento ambiental e crédito agrícola.

Engenheiro florestal Andreas Kleina: nova reta final do prazo do CAR está chegando No Paraná, o IAP tem divulgado dados sobre o total de inscrições do CAR no Estado. Relatório do dia 2 de outubro (com dados de 31 de agosto) aponta que das 532,8 mil propriedades (fonte INCRA), apenas 32,7% já estavam cadastradas. Da área passível de cadastro no Estado, 15,3 milhões de hectares, estavam inscritos 6,2 milhões (40,6%). Outras informações sobre o Dia do CAR, do Sindicato Rural de Guarapuava, podem ser obtidas na sede da entidade, na Rua Afonso Botelho, nº 58, Bairro Trianon, ou pelo telefone 42 3623 1115.


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Milho

Alto custo de produção e baixa rentabilidade = redução de área de milho

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milho vem ano a ano perdendo espaço nas lavouras brasileiras. A redução é de 6,6% na área da safra verão de milho. No Paraná, em especial, na região de Guarapuava não foi diferente. Neste ano, a área estimada de milho grão pela Regional da Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento (Seab) - (12 municípios) ficará em torno de 60.800 hectares, uma redução de 22% em relação ao ano passado. Segundo a Seab, a estimativa é que, em Guarapuava, sejam plantados 17.200 hectares de milho e 70.300 hectares de soja. A oleoginosa teve um aumento em 5% na área plantada em propriedades do município e o milho uma

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queda de 15%. Esta queda foi maior em Candói e Cantagalo, onde cada município reduziu 30% de área do cereal. Dois fatores foram predominantes para os produtores optarem por reduzir a área de milho: o preço desvalorizado e o alto custo de produção. Segundo dados da Seab, enquanto a média no mês de outubro da saca do milho era de R$ 25,75, a saca da soja custava R$ 71,00. Estes números eram ainda piores em julho deste ano, quando o plantio de verão começava ser planejado - o milho estava em R$ 21,00 a saca. Além disso, o custo de produção do cereal, segundo estimativas do Departamento de Economia Rural (Deral), ficará nesta safra, em torno de R$ 3.700,00 por hectare, perante R$ 2.800,00 da soja.

Produtores persistem Mesmo com os dados desanimadores, alguns produtores rurais permaneceram com o plantio da cultura, como Herbert Schlafner. “Optamos por continuar plantando o milho pela rotação de cultura e também porque como trabalhamos com gado de corte, precisamos fazer silagem”. Ele plantou 58 hectares na Agropecuária Cachoeirinha, destinados à silagem. Para a comercialização do grão, plantou mais 70 hectares em áreas de Guarapuava e Cantagalo. Da safra passada para esta, a quantidade de área praticamente se manteve. Alex


Stoetzer, administrador das propriedades diz que a preocupação em deixar de cultivar o milho são as doenças que podem vir. “A rotação de cultura é importantíssima na prevenção das doenças. A soja, se for plantada mais que três anos em uma mesma área começa a ter um agravante na questão de doenças e como o milho é uma gramínea, ele quebra o ciclo de uma leguminosa”, observa. Schlafner tem noção de que a lucratividade da cultura não é nada animadora. “O custo de produção do milho é muito alto. Quando ele estava a R$ 20,00 o saco, para ter um equilíbrio nos custos, nós teríamos que colher quase 13 toneladas. Agora o milho teve uma alta. Portanto, pode ser que essa quantidade diminua. Mas ninguém sabe o que vai acontecer até o início do ano que vem, devido a alta do dólar. Acredito que o ponto de equilíbrio deve ficar em torno de 12 toneladas. Não vai dar lucro, mas pelo menos não dá prejuízo”. No ano passado o total da colheita em todas as áreas foi de 13,5 toneladas, produtividade que deu apenas para cobrir os custos. O produtor destinou, para soja, 180 hectares na Agropecuária Cachoeirinha, mais 90 hectares em área arrendada em Guarapuava e 130 hectares em Cantagalo. O produtor rural Edmar Klein também persiste com o milho. “Da safra passada para esta, houve uma redução pequena, de 6%, mas muito mais por questões de adequação de talhões. Para silagem, foi mantida a mesma área”, conta. Na safra passada, foram 539 hectares destinados ao milho e neste ano, 503 hectares. A área de silagem permaneceu em 18 hectares. Essas áreas são

Alex Stoetzer e Herbert Schlafner, Agropecuária Cachoeirinha - Guarapuava

divididas nas Fazendas Esperança, Três Capões, Santana, Lontrão e Alto Sabiá. Klein conta que não foi pelo resultado da comercialização do grão no ano passado que ele optou por continuar plantando milho. “A venda dos grãos na safra passada foi bastante complicada. A comercialização bem próxima à colheita

Edmar Klein, Fazenda Esperança – Guarapuava

foi feita a R$ 26,00 a saca. Depois disso, o preço do milho foi despencando, sendo que a maior parte foi vendida a R$ 23,00. Recentemente, o milho registrou um aumento que chegou a R$ 30,00. Mas a gente tinha pouca quantidade”. O produtor também teve problemas com a produtividade, já que a lavoura foi afetada pelo ataque da lagarta do cartucho. “No total, foram 20% de plantas perdidas”, conta ele. “O que nos faz persistir no milho é que, há muitos anos, procuramos manter nossa rotação de cultura, tanto em cultura de inverno como de verão. Pelo próprio costume e um controle sanitário melhor, para quebrar o ciclo das pragas e doenças. Nós sabemos, por exemplo, que com o plantio de soja repetido por anos, a tendência é que o mofo branco, causado pelo fungo Sclerotinia sclerotiorum, aumente muito na lavoura”, conta Klein, que complementa que, em sua opinião, o fato dos produtores aumentarem a proporção de soja ou não realizarem a rotação de cultura “poderá acarretar problemas não em um curto prazo, mas daqui alguns anos”.

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Rodrigo Queiroz, Fazenda Curucaca– Candói

Sem milho na safra de verão A produtora rural Hermine Leh fez as contas e decidiu não plantar nenhum hectare de milho em suas propriedades. “O custo está muito alto e o retorno é muito baixo. Fizemos algumas reuniões e decidimos não plantar, já que na safra passada quase não houve rentabilidade”. Nas propriedades do Grupo Agropecuária Santa Clara (Candói-PR) eram plantados 817 hectares de milho. “Vendi a saca de milho, em média, por R$ 25,00, mas houve um ataque de lagartas nas lavouras que fizeram com que eu tivesse um prejuízo de 198 sacas por hectare. Enfim, deu prejuízo”. Hermine afirma que no próximo ano pretende voltar a plantar o milho, mesmo com os custos, já que sabe da importância da rotação de culturas.

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Redução afeta empresas de sementes Com a redução do plantio de milho, as empresas de sementes também sentem o impacto. Rodrigo Davedovicz, representante comercial da Agroeste, conta que a redução nas vendas foi significativa. “Na regional de Guarapuava (20 municípios), somente para a Cooperativa Agrária, a redução foi de 17% e no geral passou de 40% no milho. Todos os anos, a venda de semente de milho vem caindo. Contudo, 2015 registrou uma das maiores quedas”. Davedovicz conta que mesmo os produtores que continuam plantando o milho reduziram a área. Foi o caso de Rodrigo Queiroz. Ele reduziu pela metade a área plantada de milho. “A gente

vinha com uma rotação de 50% de milho, devido à rotação de culturas e, financeiramente, ainda estava sendo viável. Neste ano, reduzimos para 25% (350 hectares), nos outros 75% serão plantados a soja. A decisão foi baseada no financeiro, porque o milho reduziu muito o preço”. Toda a área plantada na Fazenda Curucaca é para comercialização de grãos. O milho da safra passada ainda está estocado. “Estamos com sorte agora, pois houve um aumento no preço do milho nos últimos 30 dias”. Segundo Davedovicz, a empresa está trabalhando com esses clientes que adquiriram o milho, visitando as áreas e prestando assistência técnica para garantir uma boa produtividade. “É assim que pretendemos trabalhar perante esta queda”, comenta.

Rodrigo Davedovicz, representante comercial da Agroeste


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Aveia

Silagem dá aproveitamento à aveia preta de cobertura

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proveitar economicamente a aveia preta, transformando a cultura, antes apenas de cobertura, numa silagem que, complementando a silagem de milho, proporciona a bovinos de leite e ovinos de corte alimentação para o ano inteiro. É nesta alternativa que o agrônomo e produtor rural Anton Gora (também vice presidente do Sindicato Rural de Guarapuava), do distrito de Entre Rios, aposta para otimizar o uso da terra em sua propriedade. À REVISTA DO PRODUTOR RURAL, ele

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se disse bastante satisfeito com a decisão e estimou que a ideia trouxe aumento de cerca de 10% em seu resultado líquido na pecuária. Já na primeira experiência, no inverno de 2014, a aceitação do novo ingrediente, por parte dos animais, foi tão boa que levou o agropecuarista e sua equipe a repetir a decisão neste ano. Na tarde do dia 22 de setembro, nas Fazendas Combrão I e II, a prioridade era realizar a colheita de 43 hectares, compactar e armazenar a silagem. Funcionário da propriedade, que acompanhava os trabalhos, Adão Karpinski, contou que a aveia preta, apesar de ter alcançado, em sua avaliação, um bonito porte em torno de 140 cm, teve

Adão Karpinski: aveia preta alcançou porte considerado bom


O casal Anton Gora e Neusa Silveira Vier, apostando na silagem de aveia preta

uma condução extremamente simples: o cultivo, que começou em maio deste ano, com 80 quilos de semente por hectare, foi feito sem qualquer adubação ou uso de defensivos. O bom desenvolvimento da cultura, ele atribuiu ao clima do período. Para a transformação da aveia colhida em silagem, Karpinski explicou que a alternativa da propriedade foi contratar, também pelo segundo ano consecutivo, uma empresa prestadora de serviços de colheita de culturas para silagem: a colhedeira opera com uma plataforma especial e um sistema interno que, além de colher, já realiza a moagem do material, descarregando as plantas de aveia picadas, na forma de silagem, em caminhão, simultaneamente à colheita. À frente da empresa, Adair José Cagnini e José de Paula Martim, disseram ver na silagem de aveia uma tendência que está surgindo entre alguns clientes. “A silagem de aveia está vindo para substituir a falta do milho. Acho que vai ‘pegar’”, comentou Cagnini. Depois de colhido, o material seguia para os silos, para ser compactado, por trator, antes de ser disponibilizado aos animais: 270 ovinos e 168 cabeças de gado leiteiro, das quais 90 vacas em lactação. Ao explicar como a nova silagem foi incluída no sistema de nutrição dos dois plantéis, Anton Gora ressaltou que o sistema segue um conceito: o uso de várias alternativas de alimentação, combinadas em quantidades economicamente viáveis, com a previsão do consumo anual. A silagem de aveia

preta, apontou, veio somar à de milho, permitindo que as propriedades passassem a contar, durante todo o ano, com um alimento de custo mais baixo. Para tudo dar certo, completou, é necessário entretanto pensar com antecedência: “É preciso ter um trabalho de planejamento, de ver a quantidade de animais, o volume que eles consomem, mas consigo fechar muito bem a questão da alimentação para o ano inteiro. Normalmente, trabalho com uma boa sobra, porque a gente nunca sabe o que acontece em termos de clima”, disse. A racionalização prossegue no cocho: “No gado de leite, eu uso a silagem de aveia preta em mistura com a de mi-

lho. Dois terços de milho, um de aveia, mais a ração e o sal mineral. E estou complementando, hoje, com casquinha de soja, que aumenta o teor de gordura do leite”, especificou Gora. Mas a ração, acrescentou, também é utilizada com base em retorno econômico. As vacas que produzem mais leite são identificadas com colares vermelhos e recebem maior quantidade; as de menor volume, com colares verdes, ganham menor porção: 8 kg/dia para animais entre 20 e 30 litros de leite/dia; 5 kg/dia para os que estão abaixo daquele patamar. Em todos os casos, além da suplementação, a silagem é à vontade, enquanto parte do rebanho também tem no pasto mais uma alternativa de alimentação, no consórcio aveia com azevém. “Essa combinação tem dado um efeito muito bom. Tem aumentado a produção e também a qualidade do leite”, sublinhou Gora. Entre os destaques do plantel, o produtor e sua equipe revelaram que um dos animais está produzindo no momento uma média em torno de 47 litros de leite por dia. Para o ajuste fino e eficiente dessa composição das alternativas de nutrição, no entanto, segundo ressaltaram Gora e sua equipe, as propriedades recorreram ao conhecimento de um veterinário, também criador de gado leiteiro, que vem assessorando o sistema.

José de Paula Martim e Adair José Cagnini: prestação de serviço de colheita Revista do Produtor Rural do Paraná

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Na propriedade, trabalho em equipe para fazer a silagem

Vacas de leite: na alimentação, mais ração para animais com maior produção

Aveia preta: na mesma área, rotação prosseguirá com milho silagem

Máquina já corta as plantas na forma de silagem durante a colheita

Complementação: Renilson disponibiliza sal mineral, ração e casquinha de soja Ovinos: em vez de pisoteio de pasto, aveia servida como silagem, no cocho

Adenilson J. de Oliveira, na distribuição da silagem no trato: um terço de aveia preta, dois de silagem de milho

Silagem segue direto da colheita para compactação por trator

Silagem de aveia para ovinos No plantel ovino, a alimentação, prosseguiu Gora, é praticamente a mesma e também nesse segmento ele vê vantagem: “Em vez de soltar os animais em pastagem de aveia, faço essa silagem e disponibilizo a eles, no cocho, onde o alimento é muito melhor aproveitado”. E explicou o porquê: “Quando solto os ovinos no campo, eles amassam o pasto mais do que comem. Esse

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custo que tenho de silagem se paga com o melhor aproveitamento da aveia”. Produtor tradicional também de culturas de verão e inverno no sistema de rotação (dois terços de soja e um de milho), o agropecuarista afirmou que a seu ver o maior ganho, contudo, é dar aproveitamento econômico às áreas de cobertura pré-milho: “Pensei que a gente podia aproveitar essa aveia de cobertura, do milho, para usar como alimentação para o gado. Porque senão, você planta aveia, desseca, planta o milho em cima e isso acaba sendo um custo a mais para o milho”. Para ele, a

alternativa é interessante em especial para pequenos e médios produtores que possuem aqueles mesmos tipos de atividade. “Penso que, talvez, para um grande produtor, para quem planta 500 hectares, 1000 hectares, isso não faça grande diferença. Mas para o médio produtor, com 200 hectares, para o pequeno, com 100 hectares, isso realmente é um melhor aproveitamento da terra em si, de todos os fatores de produção: de máquina, de mão de obra. Acho que o resultado final viabiliza melhor as pequenas propriedades”, concluiu.


Serviços automotivos

Lastro líquido e sólido

P

ara garantir a estabilidade dos veículos agrícolas e reduzir a patinagem dos pneus no campo, é recomendável adicionar peso ao trator (para obter uma boa relação entre a potência x peso). Este peso é denominado lastro. Esse lastro pode ser sólido (com metal nas rodas) ou líquido (quando parte do volume de ar dos pneus é substituído por água).

PROCEDIMENTO PARA USO DE LASTRO LÍQUIDO Confira qual o volume máximo de líquido recomendado para pneus: PNEUS DIAGONAIS: Máximo de 75% do volume do pneu, para não prejudicar a flexão e amortecimento.

PNEUS RADIAIS: *É possível preencher o volume do pneu em até 40%, mas somente em casos especiais e com recomendação do fabricante.

• A operação de lastramento com água deve ser feita com a roda montada no trator e levantada do solo. • Gire a roda até que a válvula fique na posição superior de 14 horas. • Retire o núcleo da válvula. • Encha o pneu com água. Use uma mangueira comum acoplada a um adaptador próprio para este fim. • Quando o enchimento atingir o nível da válvula (75% do pneu), iniciará um vazamento do excedente pelo adaptador. • Pare a operação de enchimento e recoloque o núcleo da válvula. • Infle o pneu com uma ou duas libras acima da pressão recomendada para a operação, com a válvula ainda na posição superior. • Gire a roda até que a válvula fique na posição inferior de 6 horas e recoloque-a no solo. • Calibre o pneu à pressão recomendada e não se esqueça da tampa da válvula

*Sempre que possível, é recomendado substituir o lastro líquido pelo mesmo peso equivalente em lastro sólido.

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Fazendas Hist贸ricas

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tempo, em suas andanças, circulares, traz de volta, muitas vezes, dias distantes no calendário, cenas cuja vida ultrapassa a vida de uma única geração. Vida marcada pelo ir e vir de muitas andanças, em muitos caminhos. Caminhos de quem quer descobrir o mundo. Caminhos de quem quer reconhecer o mundo redescoberto. É esta atmosfera que se revela em diversas reminiscências históricas e no estilo de vida encontrados ainda hoje, surpreendentemente vivos, numa propriedade rural com 196 anos de história. Situada no distrito de Entre Rios, em Guarapuava, a Fazenda Capão Bonito foi uma das primeiras estabelecidas na região, na mesma época em que surgia a Freguesia Nossa Senhora de Belém, que daria origem ao município. Mas se a antiga residência da sede, erguida na segunda metade do século XIX, agora só existe em fotografia, na sede “nova”, já com 55 anos de história, os atuais proprietários, o agropecuarista (por tradição) e tropeiro (por paixão) José Ernani Lustosa e sua esposa Rita de Cássia mostram que uma identidade cultural vai além dos chamados patrimônios históricos tangíveis, como as construções. Com o conhecimento de quem há anos se dedica à leitura das mais diversas obras sobre o passado dos estados do Sul do Brasil e do tropeirismo, o produtor rural, ao conversar sobre a fazenda de sua família, destaca que, aqui, ainda mais do que as fotos, documentos e móveis antigos, as atenções se voltam a preservar sobretudo um certo jeito de ser: a tradição do tropeiro, figura que vivenciou e escreveu parte da história econômica brasileira entre os séculos XVIII e XIX. Numa estante, na entrada da casa, ele mostra que várias são as referências da época em que as chamadas “tropas”, de mula chucra ou de gado vacum, atravessavam longas distâncias, desde o Pampa, na Argentina, Uruguai e Rio Grande do Sul, até o Paraná e São Paulo: esporas, estribos, fi-

Sede da Capão Bonito, construída na década de 1880

velas, argolas e guarnições de metal. A própria fazenda, recordou, teve no tropeirismo sua principal atividade até a primeira metade do século XX. Mas se esta história, feita de idas e vindas, teria início na Capão Bonito somente no século XIX, José Ernani Lustosa sublinhou que seu mais antigo antepassado, de que se tem notícia em levantamento genealógico, veio de um período anterior: o Guarda-Mor Francisco Martins Lustosa. Português, natural de Santiago de Lustosa (Arcebispado de Braga), o Guarda-Mor não só demonstrava também gosto em viajar e conhecer, mas já se arrojava pela região. Famoso sertanista, o militar participou, em 1771, de expedições que a Coroa Portuguesa vinha promovendo para conhecer os Campos de Guarapuava, descobertos a 9 de setembro de 1770, pelo Tenente Cândido Xavier de Almeida e Souza. Olhando para aquele momento, o atual proprietário da Capão Bonito considera que o surgimento da fazenda, e o de outras da mesma época, remete em última análise à luta de Portugal e Espanha por territórios na América do Sul. Os dados da história confirmam: entre o final do século XV e o início do século XIX, os dois países ibéricos viviam uma disputa por espaço na região. A partir de 1808, conforme registra o livro Subsídios para a história de Guarapuava (2012), da professora Sulita (Alcioly Therezinha Gruber de Abreu), historiadora e autora de diversos estudos sobre Guarapuava, a transferência da família real portuguesa para o Brasil

levou à retomada da política de ocupação da parte meridional do país. Foi criada a Real Junta de Expedição a Guarapuava, que organizou e enviou a Real Expedição de Conquista e Povoamento dos Campos de Guarapuava. Liderada por Diogo Pinto de Azevedo Portugal, a expedição chegaria ao seu destino em 17 de julho de 1810. Mais tarde, em 9 de dezembro de 1819, dois de seus integrantes, Antônio da Rocha Loures e o Padre Francisco das Chagas Lima, transferem o povoado inicial, da Palmeirinha, para o atual local de Guarapuava, fundando a Freguesia de Nossa Senhora de Belém. Por volta desta época, tem início a ocupação da região pela modalidade de sesmarias: terras eram destinadas a proprietários, em condições de produzir. Conforme rememorou José Ernani Lustosa, a sesmaria de nº 5, que se tornaria a Fazenda Capão Bonito, surgiu em 1819 e teve como primeiro proprietário o Capitão Domingos Inácio de Araújo – seu mais antigo antecessor, mas ainda não um antepassado, já que a propriedade só mais tarde seria adquirida por sua família. Em 1851, falece o primeiro dono da fazenda, deixando a propriedade para a viúva, Josefa Joaquina Pinheiro de França, e para o nôno de seus 14 filhos: Major Manoel Marcondes de Sá. Nesse meio tempo, em 1852, a pequena povoação de Nossa Senhora de Belém é elevada à categoria de Vila de Guarapuava. O então proprietário da Capão Bonito viria a ser o primeiro presidente da Câmara Municipal, a 9 de abril de 1853. A Revista do Produtor Rural do Paraná

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Guarapuava desta época, se pouco povoada em comparação com os dias de hoje, já contava por outro lado com um vasto território que agora poucos imaginariam: em 1856, o município tinha fronteiras, ao norte, ao longo das divisas naturais dos rios dos Patos e Ivaí; a oeste, fazia fronteira com Paraguai e Argentina; ao sul, com a Província de São Pedro do Rio Grande do Sul. Na década seguinte, em 1863, Major Manoel Marcondes de Sá vende a Capão Bonito ao Coronel Domingos de Siqueira Cortes, por 16 contos de réis. A propriedade somava mais de 2.300 animais, entre bovinos, equinos e muares. Último filho do coronel, o Major Bento de Siqueira Cortes constrói a casa da sede na década de 1880. Em 1890, nova troca de comando: o Major Bento de Siqueira Cortes vende a fazenda para o Coronel Manoel Pereira dos Santos Martins – primeiro antepassado do atual proprietário a viver no local. O Coronel Manoel Pereira dos Santos Martins trazia também a tradição rural: era filho do Coronel Bento Martins (1825-1909), que possuía terras na região da Serra do Mar e engenho de erva-mate em Morretes (PR). Casado com Laurinda de Almeia Penteado, o novo proprietário vê nascer uma herdeira:

Barracão, com cerca de 100 anos: sob a estrutura de madeira, um “cantinho do chimarrão”, improvisado para uma boa mateada

Jocelina Martins, conhecida como “Nhá Mente”, bisavó de José Ernani Lustosa, cuja memória ele guarda até hoje. Com o casamento de Nhá Mente com Manoel Lustosa, prossegue a história da família

Marcas da fazenda: registradas em 1940, na Secretaria de Obras Públicas, Viação e Agricultura do Paraná

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e a tradição tropeira na Capão Bonito: “Dos Martins e dos Lustosa, as primeiras tropeadas foram de mula chucra. Eles buscavam em Santa Fé (Argentina) para trazer para a Feira de Sorocaba (SP)”, disse José Ernani Lustosa. Ainda segundo sublinhou, os tropeiros guarapuavanos, como seus antepassados, gostavam de utilizar as fazendas da região como escala para engordar os animais, antes de seguir viagem, por considerarem o pasto mais adequado. “O palha larga, o capim mimoso, em Guarapuava, eram mais fartos, mais abundantes, dando um levante na tropa”, ressaltou, atribuindo o fato ao tipo do solo local. E aquele ir e vir das andanças tropeiras, completou José Ernani Lustosa, perdurou no cotidiano da fazenda ainda na primeira metade do século XX, com seus avós, Tácito Martins Lustosa e Eunice. Ela, a ser a base da família, em casa, como ocorria naqueles tempos. Ele, a se lançar em longas viagens, trazendo e levando animais para vender. Deles dois, o neto guarda recordações, algumas singelas, como um caderninho de receitas da avó, que se estima ser da década de 1940. Em suas


Tácito Lustosa: foto é um dos poucos registros em que se vê a antiga sede da fazenda

Manuel Lustosa Caderno de receitas de Eunice Martins Lustosa, da década de 40: bolo de mandioca Jocelina Martins

Em fotos da segunda metade do século XIX, Dulce Gregória Lustosa (à esq.); e o casal Manoel Pereira dos Santos Martins e Laurinda de Almeida Penteado Martins

páginas agora amareladas, Eunice anotou, com a delicada caligrafia da época, o modo de preparo do tradicional bolo de mandioca – uma entre várias delícias antigas, que deram sabor ao trabalho pesado no campo. Já do avô, uma foto tem duplo valor: porque o retrata e porque nela se vê ao fundo um pouco do que era a antiga sede da fazenda. O tropeiro viveu quando o ciclo das mulas chucras já se havia encerrado, mas participou do ciclo do gado vacum, batendo estribo pelo Paraná afora. “Em 1952, Tácito e 13 peões trouxeram cerca de 700 cabeças de gado vacum de Cruz Alta (RS) até Guarapuava”, destacou José Ernani Lustosa, ao revelar, com familiaridade, detalhes das rotas tropeiras que, menos

Juarez Lustosa: pai do atual proprietário da Capão Bonito

Trabalhadores da fazenda também foram retratados ao longo do tempo

distantes do que os que o século XVIII, são contudo pouco conhecidos. Aquela e outras viagens incluíam o Passo do Goio-En e um vau a nado no Iguaçu, chamado Passo da Baía (um remanso), que permitia a passagem, para seguir rumo a Entre Rios. Se o tamanho do rebanho chama a atenção, o proprietário da Capão Bonito conta que a tarefa era possível devido ao jeito de tocar o gado vacum. “Os animais conseguiam passar nos rios porque tinha o boi sinuelo (ou sinoeiro). Ele ajudava a guiar”, explicou, observando que os bois, “encordoaditos”, simplesmente o seguiam. Dos caminhos do Rio Grande do Sul e da fazenda antiga, em Guarapuava, a tropa seguia até outro destino, inscrito

1960: festa de inauguração de uma nova sede na fazenda

na história do Paraná: a Lapa. No local que era já por volta de 1731 um pouso de tropeiros e onde um ramal de estrada de ferro havia sido inaugurado em 1891, o gado vacum vindo da Capão Bonito era embarcado no trem, para seguir aos mercados consumidores. Na segunda metade do século XX, com o filho de Tácito e Eunice, Juarez Martins Lustosa, e sua esposa Edla Woelfer Lustosa, surgiram novas atividades na fazenda: agricultura, nos anos 60, e ovinocultura, em 1977, com alguns dos primeiros animais Ilê-de-France importados para o Brasil (e o 1º da raça no Paraná). Em 1998, José Ernani Lustosa e seus irmãos, José Carlos Lustosa e o saudoso

O casal José Ernani e Rita de Cássia, com os filhos José Eduardo e José Vicente, e Edla Lustosa (mãe de Ernani) Revista do Produtor Rural do Paraná

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Enfeite em cabo de chicote, de cerca de 200 anos

Dono da Capão Bonito gravou iniciais de seu pai, Juarez Lustosa, em uma das montarias

Tácito Lustosa, dão sequência aos trabalhos na Capão Bonito. Juntos, aplicaram mais tecnologia à produção agrícola, elevando substancialmente a produtividade. Em 2001, José Ernani Lustosa e José Carlos Lustosa repartem a propriedade e José Ernani fica com a sede da antiga sesmaria nº 5, denominada Capão Bonito. Outra atividade começaria na propriedade, há cerca de dois anos: a criação de cavalos, agora da raça crioula. E apesar do tempo e do esforço requeridos pela lida do campo, o proprietário da Capão Bonito se mantém fiel ao tropeirismo. Desde 1982, rememorou, participa desta tradição histórica e cultural. Em 1997, a fazenda serviu como pouso na Primeira Tropeada da Campina do Simão a Guarapuava. Nos últimos

Freme: usado nas tropeadas para realizar sangrias Forma de queijo caseiro

quatro anos, ao lado de amigos produtores rurais e tradicionalistas, José Ernani Lustosa tem sido um um dos incentivadores da Tropeada Tiro Longo Tropeiros dos Campos de Guarapuava (neste ano, realizada em 20 de agosto), que percorre fazendas da região. Outros roteiros históricos também fazem parte de seus itinerários, como em 2005, quando percorreu cerca de 550 quilômetros do Caminho das Missões (o caminho, de 1816, foi aberto pela expedição de Atanagildo Pinto Martins, partindo de Guarapuava e chegando em Cruz Alta (RS). “Quando o Atanagildo descobriu essa rota, 60 léguas mais curta, economizando 30 dias de viagem em relação ao Caminho Real do Viamão, isso aqui fulgurou”,

José Ernani Lustosa e seu filho mais velho, José Eduardo, em uma recente tropeada

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Esporas, com mais de 100 anos

ressaltou. Os fazendeiros guarapuavanos, completou, tornaram-se tropeiros. “Foi um ciclo muito próspero. Pois eles viajavam até o Pampa, seja brasileiro, uruguaio ou argentino, compravam uma mula chucra, por 2 mil réis, e vendiam, na Feira de Sorocaba (SP), por 40 mil réis. Perdia-se 25% na viagem, por morte, enfermidade, onça ou extravio. E mesmo assim ainda se tinha lucro”, relatou. Até em rincões distantes de sua origem, como em Tocantins, onde tem outra propriedade, José Ernani Lustosa segue a tradição da Capão Bonito, com os Tropeiros da Integração Nossa Senhora Aparecida, de Araguaína, em viagens de mais de 400 quilômetros. Nessas andanças, iniciadas em 2007, assinalou com orgulho, um detalhe está sempre presente em suas mãos: a bandeira de Guarapuava. Considerando uma benção poder trabalhar a terra em terras históricas, ele prepara hoje o caminho para amanhã: “Faço de tudo para que a minha família, minha esposa Rita de Cássia, e meus filhos, José Eduardo e José Vicente, sigam o mesmo caminho que aprendi com meu pai, meu avô, meus antepassados, enfim! E tenho profundo respeito e agradecimento pela sabedoria que passaram ao longo dos anos. Que meus filhos não sejam meus herdeiros. Eu gostaria que eles fossem meus sucessores”, declarou.


Cooperativa de crédito

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Homenagem Póstuma

Manoel Henrique Pereira Foto: http://auonline.com.br/

(Nonô Pereira) Por Antônio Roque Dechen, Presidente do Conselho Científico para Agricultura Sustentável (CCAS), Professor Titular do Departamento de Ciência do Solo da ESALQ/ USP, Presidente da Fundação Agrisus e Membro do Conselho do Agronegócio (COSAG-FIESP).

F

aleceu em 8 de setembro de 2015, em Ponta Grossa (PR), Nonô Pereira, que junto com Herbert Bartyz e Frank Dijkstra, foi responsável pela implantação e difusão do sistema de plantio direto na palha, no Paraná e depois difundido para as regiões agrícolas do Brasil. O plantio direto é uma técnica que conserva o solo, pois os agricultores não precisam arar e gradear o solo antes da realização do plantio. A palha que fica no solo transforma-se em matéria orgânica, aumenta a fertilidade e conserva a umidade do solo. Hoje o plantio direto abrange mais de 30 milhões de hectares no Brasil. Nonô Pereira foi três vezes presidente da Federação Brasileira de Plantio Direto e Irrigação e, atualmente, era Diretor Honorário Fundador, ao lado de Herbert Bartz e Frank Dijkstra. Durante homenagem recebida da Itaipu Binacional, os pioneiros do plantio direto, entre eles Nonô Pereira, frisaram que a única certeza que os produtores tinham quatro décadas atrás, para evitar o avanço da erosão e a perda de produtividade, era a de que algo tinha que ser mudado na agricultura tradicional: “do jeito que era, estávamos com os dias contados, porque o solo é o nosso maior patrimônio e temos de conservá-lo”. Os pioneiros do plantio direto pregavam a sustentabilidade do sistema produtivo brasileiro e foram também inspiradores do Dr. Fernando Penteado Cardoso na criação da Fundação Agrisus (Agricultura Sustentável). Nonô Pereira finaliza suas grandes realizações em prol da Agricultura Brasileira com Sustentabilidade. Trabalhou arduamente na conservação de nosso patrimônio maior, nosso solo, deixando-nos o exemplo de dedicação, competência e responsabilidade. Uma perda incomensurável, com realizações que marcaram o novo cenário da Agricultura Brasileira com Sustentabilidade. Texto: Alfapress

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Tecnologia de aplicação

As importantes lições do

SINTAG 2015 B • Jeferson Luís Rezende, RTV

asicamente todos os palestrantes do Simpósio Internacional de Tecnologia de Aplicação em Uberlândia foram unânimes em dois pontos: que grande parte dos problemas surgidos nos últimos tempos no campo, relativos ao controle de plantas invasoras, de pragas e de doenças está diretamente ligado ao manejo da tecnologia de aplicação; e que o uso dos Adjuvantes é sim de fundamental importância. Gargalos como a falta de efetividade dos produtos e a presença de resistência aos ativos estão vinculados ao trato cultural. Superdoses e subdoses estão inviabilizando muitos produtos químicos. Alguns recém chegados ao mercado. Uma aplicação realizada de maneira indevida, com doses inadequadas, e máquinas desajustadas, contribui para todos estes “gaps”, que influenciam sobre a produção e o meio ambiente. Outro item de extrema importância diz respeito à dinâmica dos produtos fitossanitários sistêmicos: deposição, penetração, absorção e translocação. Os ativos possuem características próprias, nem sempre idênticas entre si, e os Adjuvantes também, que irão interferir no processo, positiva ou negativamente. Por isso, jamais se deve tratar uma recomendação igual à outra, como se tudo fosse à mesma coisa, sob pena de não ser alcançada a eficácia esperada. A penetração corresponde ao primeiro passo, e não indica necessariamente

que ocorreu a absorção pela planta. Esta última é a responsável por evitar a lavagem ou degradação do ativo aplicado. Estudos mais avançados indicam também que alguns produtos podem ser absorvidos pelo caule... ou seja, possuem a capacidade de ir mais adiante, não dependem apenas de uma boa cobertura foliar. O que na prática quer dizer que se você conseguir cobrir melhor todo o dossel estará facilitando ainda mais a ação destes ativos. O uso de um bom Adjuvante terá papel de destaque na permeabilidade da cutícula da planta, facilitando a entrada dos ativos sem necessariamente injuriar a cultura (sendo fitotóxico). A espessura da folha, o seu ângulo, a presença, maior ou menor, de cerosidade e de pêlos vão interferir em todo o processo. O Adjuvante atuará como uma ferramenta importante para que o trato tenha efetividade. As resistências aos Fungicidas, Herbicidas e Inseticidas já são algo cientificamente identificado pela Academia. Tanto que foi criado o FRAC/Brasil, que é um fórum onde são discutidos e estudados os casos. De acordo com o FRAC, o resultado dos tratos culturais está intimamente ligado a QUALIDADE DA APLICAÇÃO. A má cobertura e distribuição irregular do produto sobre o alvo é a grande responsável pelo surgimento das resistências. Isso está relacionado a pontos comuns, como: falta de regulagem das máquinas, excesso de velocidade na aplicação, taxas de aplicações (volu-

mes de vazões) exageradamente baixas sem o devido controle do ambiente, que aliada às alterações das doses para “reduzir os custos” tornam todo o processo de aplicação ineficiente. A presença de fitotoxidade causada por algumas moléculas, aplicadas sob uma condição de temperatura desfavorável ou de estresse hídrico, causam danos que vão além da injúria. No Brasil os problemas das máquinas continuam sendo um gargalo a ser corrigido: - Pontas representam 82,4% - Manômetros 73% - Calibração 61% Trabalho realizado por uma Cooperativa na França identificou que apenas 10% dos pulverizadores aplicavam corretamente. E em 37% deles, apenas a troca das pontas resolveria o problema! O SINTAG mostrou que um bom trato cultural depende de todas as ferramentas disponíveis; das máquinas devidamente reguladas e ajustadas; do respeito às condições ambientais; e do uso correto das dosagens dos ativos. Também destacou que a recomendação de ativos deve levar em conta a sua capacidade efetiva de combater o inimigo, o estágio da cultura e o momento em que estará sendo realizada a aplicação. Os ADJUVANTES definitivamente estão inseridos no processo, como plataformas de proteção das gotas aspergidas, além de contribuírem para a penetração e absorção do produto aplicado.

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Bovinocultura de corte

Pecuária Moderna:

comitê iniciará ações regionais

G

uarapuava e região já contam com um comitê que buscará realizar, em nível local, as ações do plano estadual Pecuária Moderna para desenvolver a bovinocultura de corte. A formação do comitê ocorreu no dia 6 de outubro, no Sindicato Rural de Guarapuava, em um dos fóruns regionais do plano. Como em outros encontros, o evento teve a participação de órgãos dos governo estadual, como SEAB, ADAPAR e EMATER, universidades e, pela iniciativa privada, Sistema FAEP, cooperativas, produtores rurais e profissionais de assistência técnica.

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Realizaram pronunciamentos e participaram da mesa de honra lideranças como o presidente do Comitê Gestor do Plano Pecuária Moderna, Rodolpho Luiz Werneck Botelho (que também preside a Comissão Técnica de Bovinocultura de Corte da FAEP e o Sindicato Rural de Guarapuava); o zootecnista da FAEP e membro do Comitê Gestor, Guilherme Souza Dias; Ricardo Vieira, representando o presidente da Adapar, Inácio Kroetz; Tadeu Felismino, diretor de inovação da Adapar; Richard Golba, diretor administrativo da EMATER; Otamir Martins, diretor geral da SEAB; e Itacir Vezzaro, secretário municipal de

Agricultura de Guarapuava, representando o prefeito Cesar Filho. Em uma palestra, o coordenador de Pecuária do Instituto EMATER, zootecnista Luiz Fernando Brondani, destacou metas do plano: a recuperação da pecuária; a produção de carne de qualidade; a organização do produtor para produzir e comercializar; e a elevação da produção de bezerros. Brondani apontou ainda que muitas propriedades do setor precisam adotar uma gestão mais eficiente. Mencionando dados do LAPBOV/ CIA/UFPR (2013), salientou que 15,2% dos pecuaristas não realizam nenhum tipo de controle de custos de produção; 25,7%, utilizam o programa Excel;


Integração, prazo e competitividade Guilherme Souza Dias Zooctenista/FAEP A gente percebe realmente uma mobilização dos produtores, que denota aquela mudança de cultura que é tão necessária. A ideia é promover a participação: o pessoal se integrar, trocar experiências e tentar conseguir avançar na atividade. Já se sabe hoje que aquela pecuária tradicional, de abater bois tardios, é prejudicial tanto para o bolso do produtor quanto para o sistema produtivo como um todo”.

Otamir Cezar Martins Diretor geral da SEAB Agora, se está enxergando a cadeia como um todo e não só o aspecto da produção. O programa se pauta por uma modernização da pecuária, melhorando os índices em 10 anos. Não vamos pensar que vai ser uma transformação rápida, mas que vamos ter ao longo desses 10 anos muito trabalho. O produtor é fundamental. É ele quem vai produzir uma carne de qualidade”.

Rodolpho L. W. Botelho Pres. do Comitê Gestor / Plano Pecuária Moderna A reunião exemplificou o que é o plano, o que é essa pecuária moderna. Ninguém está querendo inventar a roda. São sistemas de produções que existem já no Paraná, na região Sul, com confirmação de resultados. O que a gente pretende é transferir estas informações, ajudar os produtores a melhorar sua rentabilidade, agregando valor ao seu investimento. Uma pecuária séria, bem feita, é competitiva”.

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Primeira reunião regional 14,3%, outros softwares; 43,8%, cadernetas; e 1%, anotações via assistência técnica. Em entrevista, ele acrescentou que o Plano Pecuária Moderna buscará também industrializar o couro vendido in natura e transformado em outros Estados. “Hoje, os subprodutos de origem dos bovinos não são agroindustrializados aqui dentro do Estado. Estamos trabalhando na proposta de que tenhamos mais fábricas de sabonete, de gelatina, do setor de couro, na parte de bolsas, sapatos, blusas. Em síntese, tentar industrializar aqui dentro, para gerar emprego e renda”. Após a palestra, uma mesa redonda definiu os componentes do comitê de Guarapuava. Os fóruns regionais do Plano Pecuária Moderna criaram comitês regionais também em Paranavaí, Ponta Grossa, Laranjeiras do Sul, Cascavel, Umuarama, Cidade Gaúcha, Campo Mourão, Francisco Beltrão, Pato Branco, Cornélio Procópio, Santo Antônio da Platina, Maringá, Londrina,Ivaiporã, Pitanga e União da Vitória.

O comitê do Plano Pecuária Moderna para Guarapuava e região realizou, dia 14 de outubro, no Sindicato Rural de Guarapuava, sua primeira reunião. Um dos componentes e membro do Comitê Gestor do plano, o professor Sebastião Brasil (Unicentro), informou que o grupo definiu sua coordenação e debateu capacitação para a assistência técnica e a escolha de propriedades-modelo. Para profissionais de assistência técnica, ele disse que o comitê regional buscará realizar os primeiros cursos ainda neste ano. Na definição das propriedades-modelo, que servirão para difundir tecnologias da bovinocultura de corte em suas regiões, o professor lembrou que a fase ainda é de diagnóstico. A decisão, sublinhou, seguirá os critérios já estabelecidos pelo Comitê Gestor do Plano Pecuária Moderna. Sebastião Brasil adiantou que a escolha será criteriosa, para que sejam definidas fazendas que realmente possam servir como referência. Ele também lembrou que o comitê é aberto aos pecuaristas, que podem comparecer às reuniões.

Na busca de melhores índices

Coordenador de Pecuária do Instituto EMATER, zootecnista Luiz Fernando Brondani

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O Plano Pecuária Moderna, lançado, em agosto, visa desenvolver a bovinocultura de corte no Paraná. Nos próximos 10 anos, a iniciativa buscará, entre outros objetivos: no abate, reduzir a média dos atuais 37 meses para 30 meses; na taxa de ocupação, sair de 1,4 para 2 cabeças por hectare/ ano; nas matrizes, uma elevação de 10% do plantel, hoje de 2,3 milhões de cabeças; no plantel de bezerros, superar o atual déficit, em torno de 500 mil animais. Na comercialização, buscar carne de qualidade diferenciada para mercados dispostos a pagar melhores preços, no Brasil e

no mundo. Visando contribuir para estas metas, a iniciativa prevê ainda três ações: melhoria da capacitação da assistência técnica; a escolha de propriedades que se tornarão fazendas-modelo em pecuária moderna (pólos de difusão de tecnologia em suas regiões); e a realização de eventos técnicos voltados ao criador de gado de corte, a exemplo do que já acontece na agricultura.


Medicina e Segurança do Trabalho

A importância da segurança do trabalho nas empresas

A

segurança do trabalho pode ser definida como o conjunto de medidas adotadas com o propósito de prevenção aos acidentes de trabalho, assim como de promoção à saúde e a integridade física dos trabalhadores. Além disso, a segurança do trabalho trata-se de uma ciência multidisciplinar, sendo constituída por diversas outras disciplinas, tais como: medicina do trabalho, psicologia, ergonomia, higiene do trabalho, meio ambiente, combate a incêndios, saúde, engenharia, entre outras. A aplicação da segurança do trabalho se estende a um grande número e a diferentes ramos de atividades, sempre levando em consideração as características peculiares de cada atividade. Devido o importante papel da segurança e saúde do trabalho nas empresas, em 1943, através da criação da Consolidação das Leis do Trabalho – CLT, estabeleceu-se no Título II, Capítulo V entre os Artigos 154 ao 201, a primeira garantia legal de segurança e medicina do trabalho aos trabalhadores brasileiros. Posteriormente, estabeleceu-se a portaria nº 3.214, de 08 de junho de 1978 do Ministério do Trabalho e Emprego,

aprovando a criação das normas regulamentadoras, relativas à segurança e medicina do trabalho.

NR’S

Normas Regulamentadoras

Dessa forma, observa-se que além da importância da segurança do trabalho nas empresas, trata-se de uma obrigação legal e um direito de todo trabalhador, conforme especifica o Art. 7º da Constituição Federal de 1988, descrito abaixo: “Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social: XXII – redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de normas de saúde, higiene e segurança;” A responsabilidade pela segurança do trabalho nas empresas compete ao poder público, ao empregador e ao empregado. Tendo o poder público o dever de estabelecer e fiscalizar o cumprimento da legislação pertinente à segurança e medicina do trabalho, o empregador e o

empregado o dever de cumprir e fazer cumprir as disposições legais e regulamentares sobre a segurança e medicina do trabalho, assim como cabe ao empregado o papel de obedecer às ordens de serviço expedidas pelo empregador.

Por que investir em Segurança do Trabalho? Primeiramente, é importante deixar claro que investir em segurança do trabalho está muito além da busca em atender os requisitos da legislação brasileira e internacional. Ao investir em segurança do trabalho a empresa estará promovendo o bem-estar físico, mental e social dos trabalhadores, tanto quanto o compromisso e a motivação dos mesmos. Resultando em uma maior produtividade, a valorização da marca e da credibilidade da empresa, tal como a redução dos custos, dos acidentes e das doenças ocupacionais, ou seja, investir em segurança do trabalho é fundamental ao êxito de uma empresa. Texto reproduzido dos sites: http://www.dpunion.com.br/ e http://inbep.com.br/

“Seu patrimônio é a vida, sua maior proteção é a prevenção.”


Agronegócio

Palavra de ordem: mostrar o que eu faço para a sociedade

S Sebastião Ademir da Silva Sócio Diretor da Arkétipo Agrocomunicação

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omos ótimos para produzir e péssimos para contar nossas histórias.” Foi com essas palavras que o presidente da Associação Brasileira de Marketing Rural e Agronegócio – ABMR&A, abriu o 12º Congresso Brasileiro de Marketing Rural e Agronegócio, que aconteceu no dia 25 de setembro de 2015, em São Paulo-SP. Esse foi o tom do discurso de praticamente todos os palestrantes: o agronegócio precisa urgentemente se comunicar com a extremidade final da cadeia produtiva, que é o consumidor. Palestrantes de alto nível, como o Professor José Luiz Tejon, uma autoridade no meio comunicacional do agronegócio foi enfático ao falar que “se não vendermos a ciência, seremos ultrapassados pelo obscurantismo ideológico”. Enquanto as publicações segmentadas, especializadas em agricultura, pecuária, cadeia da proteína, avicultura, agroflorestais e demais culturas publicam páginas e páginas de artigos técnicos dirigidos a seus pares, a grande mídia está cheia de ativistas espalhando mitos e desinformação, transformando o agronegócio em vilão de todos os males do planeta. As entidades de classe e associações precisam dar uma resposta à sociedade, mostrar o que fazem e principalmente como fazem. O consumidor de hoje quer saber de onde vem o alimento que ele consome e se a cadeia do agronegócio não der essa resposta, outros darão, distorcendo os fatos conforme sua doutrinação ideológica. A pesquisa Brasil FoodTrends 2020, realizado pelo ITAL (Instituto de Tecnologia de Alimentos) e FIESP em 2010, detectou hábitos e tendências de consumo para até 2020 e dá um panorama claro do que estamos lidando. Um dos

dados mede o nível de conhecimento dos consumidores em relação a alguns termos apresentados. Enquanto para o termo “Orgânicos”, 18% conhecem bem e 33% conhecem um pouco, o termo “Rastreabilidade”, tão importante na cadeia produtiva do agronegócio, somente 3% conhecem bem e 59% não conhecem e nunca ouviram falar. Isso mostra o óbvio: não está se falando nada para quem vai consumir os produtos e que cada vez mais buscam informações. O consumidor está mais exigente e os grupos de consumo de alimentos orgânicos e naturais só crescem. Dentre o segmento chamado LOHAS (seguidores de um estilo de vida saudável com sustentabilidade), que já chega a 19% nos EUA, segundo o ITAL, 71% deles possuem tendência ao ativismo e acreditam que podem alterar os meios de produção por meio do favorecimento de determinados produtos e boicote a outros. Já não dá mais pra dizer “não vendo para o consumidor final e não tenho nada a dizer para ele”. Em algum momento, toda a cadeia vai ser impactada e já estamos atrasados para tomar medidas. Quando uma pergunta foi feita por alguém da plateia para Tejon, indagando por onde começar, ele foi direto ao ponto: quando a sua companhia estiver elaborando o planejamento estratégico, coloque lá um item para comunicação institucional e destine uma parcela da verba para isso. Já é um bom começo. Depois procure profissionais para elaborar e executar um plano de comunicação. Caso isso não seja possível por motivos vários, procure seus representantes de classe e proponha discussões e ações a respeito. O que definitivamente não dá mais é continuar ignorando um consumidor cada vez mais engajado e formador de opinião.


Plantadeira

Foto: Geyssica Reis

EASY RISER 2200:

maior autonomia e produtividade

C

om o objetivo de lançar e demonstrar a tecnologia implantada na nova plantadeira Easy Riser 2200 a Case IH, a concessionária Tratorcase, em Guarapuava, promoveu um dia de campo, em 24 de setembro. O evento aconteceu na Fazenda Santa Izulina, propriedade de Johann Zuber Júnior. Produtores rurais puderam observar a máquina em funcionamento, que promete oferecer a máxima produtividade na hora do plantio, apresentando menor variação de profundidade da semente mais uniforme, menor variação linear, depositando as sementes em espaçamentos desejados. “A Easy Riser apresenta alguns diferenciais como o singulador de sementes, que permite a distribuição de sementes, tanto em profundidade como em espaçamento. O reservatório de sementes tem uma espessura de 7 mm, o dobro do que é utilizado no mercado, tornando-o mais resistente. Chapas laterais no

chassis, com 9,5 mm de espessura, reforçam a robustez da plantadeira, assim como novos cilindros para a elevação da máquina para seu transporte, maiores e reforçados. Além disso, a plantadeira possui o novo Cabo Flexível Heavy Duty, com maior diâmetro, engrenagens que oferecem maior durabilidade e segurança na transmissão do movimento. A roda limitadora de profundidade é tracionada e não empurrada, o que diminui a exigência de potência de trator. Tudo isso ainda é apresentado com dois anos de garantia”, destaca Lucas Marçon, engenheiro agrônomo e representante da fábrica da Case. O diretor comercial da Concessionária Tratorcase, em Guarapuava, Marcos Rogério Fertonani, explicou que o dia de campo é uma oportunidade da empresa se aproximar mais dos clientes e expor seus produtos de uma forma mais prática. “Aqui, além de explicarmos o funcionamento da má-

quina, o cliente pode visualizar, o que traz mais segurança para ele adquirir o produto”. O anfitrião do dia de campo, Johann Zuber Junior, concorda que poder ver a máquina em funcionamento no campo faz toda a diferença. “Aqui nós podemos visualizar a distribuição da plantadeira, tanto em altura como a distância de um grão do outro e analisar se o seu desempenho é satisfatório”. O produtor rural Gibran Thives Araújo adquiriu recentemente a plantadeira Easy Riser e apesar do pouco uso, ele conta que tem boas expectativas com a máquina. “Gosto de tecnologia e acho importante experimentar as novidades do mercado. Algumas características me chamaram a atenção nesta máquina, como, por exemplo, o projeto de chassi dela, a distribuição das linhas, o sistema de caixa de sementes e o sistema de corte, que é muito eficiente também. Vamos testar seu desempenho nesta safra de verão”.

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Agroinformática

Agrotis lança novo software: o

AgroGenesis

C

om o objetivo de organizar e controlar as pesquisas agropecuárias, a Agrotis Agroinformática, em parceria com a Fundação Agrária de Pesquisa Agropecuária (FAPA), lançou durante o WinterShow 2015, realizado de 20 a 22 de outubro, em Guarapuava (PR), um novo software, o AgroGenesis. “Esse aplicativo é um sonho antigo da Agrotis. Sempre tivemos vontade de produzir um software voltado às pesquisas agropecuárias. A Agrária é nossa cliente há 24 anos e conhecíamos essa demanda da FAPA. Desta forma, juntamos as ideias da Agrotis e as necessidades da FAPA e fomos desenvolvendo o AgroGenesis”, conta o engenheiro agrônomo e diretor da empresa, Manfred Leoni Schmid. Segundo ele, hoje, o agricultor “é bombardeado com inúmeros produtos, existe muitos fertilizantes, defensivos agrícolas, fungicidas, inseticidas, várias opções de máquinas agrícolas e centenas de cultivares. E o produtor se pergunta: o que é melhor

para minha propriedade, para minhas condições agrícolas? E as pesquisas e experimentações vem para resolver esse problema”. Schmid também destaca que, por outro lado, a FAPA, parceira da Agrotis, cresceu muito, assim como outras fundações de pesquisas. Essas fundações têm novas demandas, principalmente na padronização das pesquisas. “Atualmente, a FAPA está com mais de dez pesquisadores, por isso as pesquisas precisam ser padronizadas, sistematizadas. É fundamental manter a governança para trabalhar as principais demandas deste grupo, afinal pesquisas agropecuárias são caras. Desta forma, precisam ser analisadas e selecionadas com critério”. O AgroGenesis permite ao usuário analisar as demandas de pesquisa, com workflow para decidir quais serão executadas; organizar as pesquisas em protocolos, onde o pesquisador irá planejar todas as etapas, os ensaios, o delineamento estatístico a ser seguido, controlando os recursos necessários e gerando

Equipe Agrotis que esteve presente no lançamento do AgroGenesis durante o WinterShow

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Manfred Leoni Schmid, engenheiro agrônomo e diretor da Agrotis

uma agenda das atividades; gerar croquis de campo e etiquetas das parcelas, com QR-Code para leitura eletrônica; realizar as leituras necessárias com smarthphone de alta resistência, que sincroniza automaticamente com o Agrogenesis; estruturar as planilhas de resultado para as análises estatísticas; armazenar o resultado da pesquisa, gerando informes técnicos, laudos, trabalhos científicos, painéis ou teses. Para pesquisas de melhoramento de plantas, o AgroGenesis permite o controle de todas as linhagens trabalhadas, mantendo detalhes completos, desde os cruzamentos, os avanços de geração até o material estabilizado. Acompanha os ensaios safra a safra, principalmente detalhando os ensaios finais de lançamento de cultivares, como VCU, DHE e ensaios em rede. O aplicativo também organiza o banco de germoplasma, controlando todo o material lá depositado, com eti-


Diretoria da Agrária juntamente com representantes da FAPA e equipe da Agrotis

de qualquer lugar, já que ele fica disponível em uma nuvem. O desenvolvimento do AgroGenesis também contou com o apoio das empresas de melhoramento genético a Agronorte Pesquisas e Sementes (Sinop - MT) e OR Melhoramentos de Sementes (Passo Fundo - RS).

quetas para leitura eletrônica, controle de localização e validade do material. Schmid ressalta que o AgroGenesis tem uma função muito importante porque disponibiliza as pesquisas para os produtores. “Muitas vezes, as pesquisas ficam somente em um artigo científico e não chegam ao produtor. Então, uma das funções do software é essa: fazer com que o produtor tenha acesso a esses materiais e a qualquer momento, em uma biblioteca virtual, podendo visualizar todos os resultados”. Os cooperados da Cooperativa Agrária não precisam adquirir o software, pois no portal do cooperado poderão ter acesso livre ao AgroGenesis, acessando

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Inauguração

Bionutry:

Inovação em nutrição animal, IATF e medicamentos

O

correu no último dia 09/set a inauguração da Agropecuária BIONUTRY, inovação no mercado pecuário com prestação de serviços em IATF e Protocolo Nutricional. Foi oferecido um café da manhã aos clientes, juntamente com o lançamento da “Campanha + Terneiros” (repleta de brindes e vantagens) instaurada pela Companhia Nacional de Nutrição Animal – CONNAN/Manafós – antiga MANAH; representada pela BIONUTRY. Uma das especialidades é a Inseminação Artificial em Tempo Fixo (IATF). João Maurício Martins Kurshaidt, médico veterinário e sócio proprietário do empreendimento, conta que já realiza IATF há 10 anos, em parceria com Fábio Peterlini, sócio proprietário da BIONUTRY. “A procura por essa técnica vem crescendo muito, por isso sentimos necessidade de ter um espaço próprio e buscar um parceiro de vanguarda na linha de nutrição animal, oferecendo con-

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Espaço da Bionutry


fiança nos resultados de nossos clientes”, explicam. Kurshaidt ressalta que a IATF aliada a uma Nutrição de Resultados traz benefícios importantes para o rebanho e a lucratividade da propriedade. Uma delas é a uniformidade dos bezerros, alavancando o peso ao desmame. “É possível inseminar, em um mesmo dia, de 50 a 100 vacas. Isso possibilita a sincronização do cio delas e o nascimento dos bezerros acontece na mesma época”. Faça-nos uma visita e conheça uma Nutrição de Resultados com a tecnologia exclusiva em suplementos minerais: Polinutriente Aglomerado e não deixe seu dinheiro ir embora com os ventos e chuvas. Receba um atendimento exclusivo através de uma visita técnica em sua propriedade pelos nossos profissionais e transforme seus Resultados em @ de Lucratividade.

Equipe Bionutry: Gustavo Haag (atendente), Fábio Sampaio (médico veterinário), João Maurício M. Kurshaidt (médico veterinário e sócio proprietário)

Bruna Fontana (Connan) e João Maurício


Tradicionalismo

Tropeada:

cultura que reúne gerações

O

amanhecer do dia 20 de agosto, na fazenda Santa Cruz, na região de Guarapuava, trouxe as cores da antiga liberdade de sair em tropeada pelos campos afora. Era o dia perfeito para o início da 4ª Tropeada Tiro Longo, realizada pelos Tropeiros dos Campos de Guarapuava. Na propriedade, onde os participantes foram recebidos na noite anterior por Ruy Sérgio Taques Cruz e sua família, o som da preparação das montarias, iniciada ainda na penumbra da madrugada, deu lugar ao toque da gaita, num café da manhã animado – encontro entre pro-

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dutores rurais, amigos, filhos, netos, com direito a um indispensável virado de feijão e um café preto, bem quente, para rebater o frio de final de inverno. Os Tropeiros dos Campos de Guarapuava seguem o rito do respeito, entre anfitriões e participantes, e das homenagens a figuras de destaque do tropeirismo. Diante da porteira de cada fazenda do trajeto, o grupo, formado diante do proprietário, se anuncia e pede permissão, para descanso ou pernoite. A família anfitriã recebe uma característica flâmula de couro, alusiva à tropeada, como um símbolo de reconhecimento pela acolhida.

Homenageados As próprias edições do evento recebem nomes de tropeiros lembrados até hoje. Em 2015, dois foram escolhidos: Frederico Taques e Tonico Nascimento. Avô do atual dono da Fazenda Santa Cruz, Frederico Taques, já falecido, vivenciou as tropeadas do ciclo do gado e conheceu Tonico. Este último, que ainda hoje compartilha com os amigos o gosto pelo tradicionalismo, se dedicou à lida tropeira. “Dessa vez, decidimos homenagear também um tropeiro ainda em vida”, explicou o produtor rural José Ernani Lustosa,


Café da manhã ao som da gaita

Preparação das montarias

um dos incentivadores da Tropeada Tiro Longo, referindo-se a Tonico. A amizade entre os dois homenageados está na lembrança também do neto de Taques. “Eles trabalharam juntos, eram muito amigos. Ambos eram tropeiros e compradores de gado”, recordou Ruy Sérgio Taques Cruz. Ele comentou ainda a alegria de receber os tropeiros mais uma vez, já que em 2014 a tropeada se encerrou em sua propriedade: “Para nós, é uma satisfação cultivar a tradição que era dos nossos avós. Principalmente porque neste ano o homenageado foi nosso avô”.

Família Cruz e amigos: ponto de partida

Percurso: estradas e campos Homenagens no início do trajeto

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Cavaleiros e animais, caracterizados como nas antigas tropeadas

Tropeada é também um encontro de gerações

Pelos campos da região Saindo da Santa Cruz, os tropeiros percorreram campos, estradas e fazendas, terminando o roteiro, de dois dias, na propriedade rural de Edgar Galiarde, na localidade de Rocio. O trajeto marcou novamente um encontro de gerações: participantes experientes e jovens rememoraram outras viagens, causos antigos e amigos saudosos. Almoços e jantares, com cardápio tradicional e o sabor de um bom churrasco, reforçaram os laços de família. Ao final da tropeada, o grupo realizou homenagens, com destaque para o Sindicato Rural de Guarapuava. Neste ano, mais uma vez, a entidade apoiou a tropeada como forma de preservação desta tradição.

Roteiro atravessou paisagens típicas da região de Guarapuava

O rito do respeito: a cada escala, os tropeiros pedem permissão para adentrar às fazendas

Com boiada, tropeiros reviveram o ciclo do gado

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Churrasco: tradição também indispensável


Educação

Colégio Estadual de Palmeirinha realiza Agrinho em nível local

O

Colégio Estadual do Campo de Palmeirinha, em Guarapuava, comemorou, no dia 28 de agosto, a realização de uma etapa local do programa educativo Agrinho. Lançado há cerca de 20 anos pelo Sistema FAEP, o projeto leva para as salas de aula, em várias regiões do Paraná, conteúdos e atividades que valorizam o trabalho do campo e a sustentabilidade em relação ao meio ambiente. Dos cerca de 300 alunos que participaram, receberam medalhas e diplomas os que se destacaram em suas turmas. Quatro jovens se classificaram para a fase regional do Agrinho: Eduarda Gralaki (9º ano A), Any Gabriely Pachechne da Cruz (7º ano A), Mariana Moraes Schulze (6º ano B) e Bianca Paola de Souza (8º ano C). As premiações foram entregues pelo o diretor, Altevir Vilhas Voas, a pedagoga Alessandra Lopes Castelini, Eliane Jankowski, do Núcleo Regional de Educação, a representante dos pais, Jussara Soares Viviurka, e a funcionária do Sindicato Rural de Guarapuava, Rosemeri Althaus, representando a entidade e o SENAR-PR. Em entrevista, o diretor destacou que o Agrinho, realizado em parceria com o SENAR-PR e o Sindicato Rural de Guarapuava, se soma a um dos objetivos do colégio, que é a valorização das atividades rurais: “Nós, como um colégio localizado numa região de campo, temos que buscar todas as atividades para despertar nos nossos alunos o uso consciente dos recursos naturais, para o que é a sustentabilidade hoje. Não só na escola, mas na casa deles, onde estão os recursos naturais”. Coordenadora do Agrinho no colégio, a pedagoga Alessandra disse que a participação dos alunos foi resultado de uma mobilização: “Trouxemos um concurso interno, visto que para

Participaram do Agrinho em torno de 300 dos cerca de 700 alunos do Colégio Estadual do Campo de Palmeirinha

eles, muitas das vezes, o concurso na fase regional é algo muito distante”, comentou, explicando a iniciativa de conferir medalhas e certificados de participação, como reconhecimento do trabalho desenvolvido. “Os professores abraçaram também esta ideia, o que é muito importante para nós, e os alunos foram trabalhando com questões do dia-a-dia, de preservação do meio ambiente, de sustentabilidade”, completou. Ela salientou que o colégio participou do Agrinho em duas modalidades: concurso de redação, do 6º ao 9º ano, e no Relato Escola, com a participação da equipe pedagógica, relatando o desenvolvimento das ações do projeto. Ainda de acordo com a pedagoga, o encerramento da fase local não é a conclusão do trabalho, já que preservar a natureza é uma tarefa para todos os dias. “Hoje, não é o final, nós daremos continuidade, porque falar do meio ambiente é algo contínuo. Buscamos que a participação nesse pro-

jeto venha a motivá-los para outros”, ressaltou. Alessandra sublinhou também que, num ano marcado por paralisações no setor de ensino, no Paraná, a iniciativa serve também como uma motivação para os alunos. Coordenador regional do SENAR-PR em Guarapuava, Aparecido Grosse saudou a iniciativa do colégio, de promover uma premiação local do Agrinho. “É uma valorização dos trabalhos desses alunos e dos professores”, comentou. O passo seguinte, explicou, será uma etapa regional, na qual participam os 28 municípios. O primeiro colocado segue para a fase estadual, no dia 26 de outubro, em Curitiba. Grosse enalteceu ainda a disposição do Colégio Estadual do Campo de Palmeirinha de abrir espaço para outras iniciativas educativas do Sistema Federação da Agricultura do Paraná (FAEP), como o programa Jovem Agricultor Aprendiz (JAA), voltado a participantes, ligados ao campo, com idade entre 14 e 18 anos. Revista do Produtor Rural do Paraná

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Bovinocultura de Leite Tira-dúvidas sobre pastagens de verão

Caixas de abelhas da Abesul

Dr. Sebastião Lustosa A Comissão Técnica de Bovinocultura do Leite do Sindicato Rural de Guarapuava promoveu no dia 29 de setembro, palestra sobre estabelecimento de pastagens de verão, ministrada pelo professor da Unicentro, Dr. Sebastião Campos Lustosa. A palestra tratou dos vários tipos de pastagens, adubação, solo e tratamento. O palestrante ainda explicou sobre a quantidade de sementes, a profundidade em que devem ser plantadas e altura de entrada e saída no primeiro pastejo. “De setembro a novembro é o período de maior demanda por sementes, mudas e plantio. Por isso, essa palestra é ideal nessa época do ano, porque os que não se prepararam ainda, podem começar a preparar o plantio dessas pastagens, visando boas produções de leite”, explica Lustosa. A Comissão Técnica de Bovinocultura de Leite continuará recebendo palestras voltadas a melhoria das produções. Os encontros são gratuitos, abertos a qualquer interessado.

Leite das Crianças Guarapuava sediou uma das sete reuniões regionais entre a SEAB e usinas de leite do Paraná para definição do volume de leite a ser fornecido, por cada uma, ao programa estadual Leite das Crianças. No município, o encontro ocorreu dias 24 e 25 de setembro, no Sindicato Rural, com a presença de representantes de usinas das regiões de Guarapuava, Ivaiporã, Laranjeiras do Sul e Pato Branco, ao lado do chefe da regional da SEAB, Arthur Bittencourt. Valdenir B. Veloso Neto O presidente da Comissão de Credenciamento das Usinas para o Programa Leite das Crianças, Valdenir B. Veloso Neto, comentou os encontros: “Os atuais contratos vencem no dia 31 de outubro. A partir de novembro, temos de estar com os novos contratos assinados, para atender a demanda de leite do Paraná no ano de 2015 e todo o ano de 2016”. O programa, apontou, incentiva o segmento do leite: “É um trabalho em ciclo: fomenta a bacia leiteira, a condição nutricional das crianças e a formação de maiores vínculos com as escolas”. Ainda de acordo com Veloso Neto, em 2016, no Paraná, o Leite das Crianças contará com 40 milhões de litros de leite, significando em torno de R$ 80 milhões. Outras reuniões do programa foram realizadas também em Curitiba, Ponta Grossa, Cascavel, Umuarama, Londrina e Maringá.

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Nos meses de setembro e outubro, foram realizadas diversas entregas de caixas de abelhas da Abesul, encomendadas no Sindicato Rural de Guarapuava. O produtor Daniel Schneider adquiriu cinco caixas. “Por enquanto, vou utilizá-las como uma acomodação para as abelhas, porque na nossa propriedade tem bastante e elas ficam bem próxima a sede”. Já Darci Carraro comprou as caixas pensando em produzir mel. “Estamos iniciando o processo de produção. Lá na chácara já tenho mais duas já com produção. Agora é o momento propício, porque as abelhas estão soltando família. Vamos diversificar a produção da propriedade para ver se conseguimos cobrir os custos”. As caixas de abelhas custam a partir de R$ 120,00. Interessados podem encomendar na recepção do Sindicato Rural de Guarapuava (Rua Afonso Botelho, 58 - Trianon) ou pelo telefone (42) 3623-1115.

Daniel Schneider

Darci Carraro


Pragas urbanas Controle de roedores contribui para um ambiente seguro

O

controle de animais perigosos sempre foi uma questão importante, na cidade e no campo. Principalmente hoje, no meio rural, o assunto ganha ainda maior significado, já que em várias regiões as propriedades cresceram, passaram a investir mais em um patrimônio a ser preservado: maquinário e instalações de armazenagem. Pensando neste cenário, a Zanella Controle de Pragas tem realizado há mais de um ano, em Guarapuava e região, serviços de controle de pragas urbanas. Os critérios técnicos utilizados pela empresa, o monitoramento para medir resultados e a maior segurança gerada nos ambientes estão passo a passo conquistando clientes. “A demanda, hoje, é bastante grande, principalmente para o controle de roedores”, comentou o diretor da empresa, Adilson Zanella, observando que os produtores rurais, no momento de enfrentar o desafio de combater pragas urbanas, “têm buscado empresas especializadas” para obter melhor eficiência. Ele completou que, considerando esta tendência, preparou sua equipe para prestar os serviços dentro das especificações e leis necessárias: “Nossos colaboradores são habilitados. Hoje, dentro da legislação, isso quer dizer: NR 33 e NR 35, que regulamentam trabalho em ambiente confinado, em altura, porque a lei exige

isso atualmente”. O empresário acrescentou que, no caso de fazendas que já gestionam a implantação de padrões ISO para certificação, a Zanella Controle de Pragas fornece documentação que contribui para que os proprietários possam comprovar medidas adotadas em prol do novo patamar de qualidade, como laudos técnicos. Ele destacou ainda que, entre as várias pragas, o roedor é uma das que mais traz risco às pessoas e ao patrimônio no campo – independente do tamanho da propriedade. Por isso, completou, o combate aos ratos tem sido um dos principais serviços prestados pela empresa na área rural. Segundo disse, há relatos sobre animais entrando nos equipamentos, danificando componentes e a parte elétrica, o que além do prejuízo financeiro representa ainda um perigo. “O rato pode causar um curto-circuito. Temos vários casos de clientes, aqui da empresa, que já tiveram esse acontecimento”, apontou Zanella, observando que o mesmo também pode ocorrer em silos. O empresário lembrou ainda que a Zanella Controle de Pragas está apta a realizar também o controle de aranhas, escorpiões e cupins. Para o controle, em todos os casos, ele ressaltou que os produtos utilizados, além de serem de ponta em seus segmentos, são itens registrados em órgãos governamentais e que podem ser utilizados legalmente no Brasil.

Maquinário e armazenagem: investimentos altos, que precisam de proteção contra pragas, como roedores

Equipe combate pragas urbanas e monitora resultados

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Triticultura

Biotrigo inaugura nova sede em Passo Fundo fortalecendo a pesquisa de trigo Líder no mercado brasileiro e latino americano de semente de trigo, a Biotrigo investiu na primeira edificação do agronegócio do Brasil a receber a etiqueta de nível A, que indica melhores níveis de eficiência energética.

A

noite de 1º de outubro foi o marco de uma nova fase para o desenvolvimento do setor tritícola no Brasil. Foi inaugurada, em cerimônia que reuniu cerca de 300 produtores, sementeiros, técnicos de toda cadeia tritícola, além de autoridades e a imprensa, o Centro de Pesquisa Genética, a nova sede da Biotrigo Genética em Passo Fundo (RS) totalmente voltada para a geração de tecnologia. O Prefeito de Passo Fundo, Luciano Azevedo, esteve presente no evento realizado pela empresa, que é líder no mercado de cultivares de trigo no Brasil e América Latina. A nova unidade da empresa, que também possui uma filial na cidade de Campo Mourão, no Paraná, é 100% brasileira. Criada há oito anos pelos irmãos Ottoni Rosa Filho e André Cunha Rosa, traz na bagagem um programa de me-

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lhoramento genético com mais de duas décadas de pesquisa, além de exportar sua genética para países do Mercosul e Estados Unidos. Desde sua criação em 2008, a empresa ampliou o seu quadro de colaboradores de 10 para 50 e segue em crescimento. O investimento de mais de R$ 20 milhões na sua nova infraestrutura tem como objetivo ampliar a sua oferta de produtos e soluções para o agronegócio. Atualmente conta com um portfólio de 14 cultivares de trigo, incluindo dois novos projetos focados em segmentos específicos do mercado. Para o diretor técnico da Biotrigo, Ottoni Rosa Filho, a nova sede representa muito mais que uma renovação dos espaços da empresa. “O Centro de Pesquisa Genética abre um leque de novas oportunidades e de desenvolvimento de pesquisas para impulsionar o desenvolvimento científico e tecnológico da triticultura brasileira. Temos

Biotrigo Genetica - Ottoni Rosa Filho e André Cunha Rosa - Foto Diogo Zanatta maior capacidade gerencial de plantar e colher experimentos, de multiplicar novas linhagens, de atender nossos clientes diretos, de desenvolver novos negócios e, especialmente, maior capacidade de gerar conhecimento dentro do melhoramento de trigo. Desafios não faltarão principalmente para quem trabalha com trigo. Vamos desenvolver


e entregar maior segurança ao agricultor, mais qualidade ao consumidor e mais competitividade para toda a cadeia tritícola”, afirmou em seu discurso. O Diretor de Negócios da Biotrigo, André Cunha Rosa, ressaltou o papel da pesquisa no desenvolvimento da cultura do trigo. “Nossa missão é gerar valor para o agronegócio através de nossas cultivares e de nossos serviços para o melhor uso destas, fortalecendo assim a cadeia tritícola brasileira e do Mercosul. Esta nova estrutura vai nos permitir fazer mais e melhor”, afirmou. A força do trabalho, os investimentos em inovação e na pesquisa foram destacados pelo Prefeito de Passo Fundo, Luciano Azevedo. “Temos que reconhecer no gesto da Biotrigo o absoluto compromisso com o agronegócio e de confiança na nossa cidade de Passo Fundo e na nossa região, especialmente neste momento que estamos vivendo no Brasil, onde as empresas estão reduzindo os investimentos, a incerteza e o receio dos setores produtivos tem aumentado. Vocês demonstram aqui como é possível investir, empreender e acreditar no futuro. É um verdadeiro exemplo de como se sai na zona de conforto para acreditar no agronegócio brasileiro”, disse o Prefeito.

Investimento no uso eficiente dos recursos naturais Na oportunidade, os diretores da empresa anunciaram a inédita conquista da Etiqueta Nacional de Conservação de Energia (ENCE) de Edificação Construída de Nível A. Esta certificação, que foi concedida pelo Inmetro e Eletrobrás/ Procel Edifica, classificou o nível de consumo de energia do prédio administrativo como o mais econômico. Segundo Ottoni, a Biotrigo entende que o bom desempenho econômico-financeiro deve ser acompanhado por claras atitudes em favor do meio ambiente e de todos os públicos com que se relaciona: colaboradores, clientes, fornecedores e sociedade. Por isso, a empresa adota medidas pioneiras e arrojadas de responsabilidade ambiental, visando minimizar e prevenir impactos decorrentes

do uso de recursos naturais e da geração de resíduos. “A nossa nova sede, localizada na Estrada do Trigo, em Passo Fundo, é o maior exemplo dessa sintonia entre o crescimento da Biotrigo e o equilíbrio com o meio ambiente. Defendemos uma agricultura sustentável, com maior produtividade, por isso nossas estruturas foram planejadas para promover a economia energética e um maior conforto aos nossos colaboradores e clientes”, afirmou. O projeto é inédito por ser a primeira edificação comercial etiquetada no Rio Grande do Sul e a primeira edificação do ramo do agronegócio do Brasil a cumprir todos os itens de uso eficiente dos recursos naturais (água, luz, ventilação), redução de desperdícios e de impactos sobre o meio ambiente. No prédio, que possui 1,8 mil metros quadrados e três andares, as 33 salas estão todas conectadas ao sistema de automação energética e de climatização. A edificação conta com a união de fontes alternativas, como aproveitamento da luz natural, reutilização de água, uso consciente de energia e outros, que no seu conjunto, minimizam os impactos ambientais. “Em todo país há 50 edificações certificadas pelo Procel/ Inmetro, destas, apenas 10% são de empresas privadas, o que demonstra nosso pioneirismo e preocupação com a sustentabilidade e comprova a visão da empresa ao se colocar na vanguarda desse movimento no mercado nacional”, reforçou Rosa.

Etiqueta de Eficiência Energética A etiqueta de edificações foi emitida no dia 25 de setembro pelo Inmetro após análise técnica do edifício realizada pela CERTI – Fundação Centros de Referência em Tecnologias Inovadoras, que confirmou o nível de eficiência A (mais eficiente). Para conseguir o reconhecimento, quatro itens foram

avaliados (através do método prescritivo e por simulação): envoltória, iluminação, condicionamento de ar e consumo de água.

Nova sede Localizada na Estrada do Trigo, em Passo Fundo, a nova estrutura soma mais de 14 hectares e 6 mil metros quadrados de área construída. Além do prédio administrativo, na unidade de pesquisa há um conjunto de laboratórios para sementes, fitopatologia, qualidade e biotecnologia com área total de 700 metros quadrados. Nos dois celeiros, que somam quase 3 mil metros quadrados, são armazenadas as sementes experimentais e genéticas. A área de estufas conta com aproximadamente oito mil metros quadrados.

Sobre a Biotrigo Genética: Fundada em 2008, a Biotrigo traz na bagagem um programa de melhoramento genético com mais de duas décadas e vêm incorporando as mais modernas tecnologias às cultivares Biotrigo (TBIO), com o objetivo de levar qualidade, tecnologia, segurança e maiores rendimentos ao produtor e a toda cadeia. Localizada em Passo Fundo, região Norte do Rio Grande do Sul, e com filial em Campo Mourão, no Paraná, a empresa atende a diversos estados do território brasileiro, além de exportar para países do Mercosul e América do Norte. Atualmente, é detentora de aproximadamente 90% de market share no Rio Grande do Sul, 55% no Paraná e 67% no Brasil. Texto e fotos: Assessoria de Imprensa Biotrigo Revista do Produtor Rural do Paraná

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Tratamento de grãos e sementes

TECNIGRAN e BAYER CROPSCIENCE alertam para as perdas em grãos na pós-colheita

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egundo o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento e a FAO (Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação), as perdas médias da produção, no estágio de armazenamento, somam 10% do total produzido anualmente no mundo. Além disso, existem as perdas em qualidade, que comprometem o uso do grão produzido, ou o qualificam para outro uso menos importante e de menor valor agregado. Prejuízos causados por pragas em depósitos, presença de fragmentos de insetos, degradação da massa de grãos, contaminação por fungos, efeitos na saúde humana e animal e entraves para exportação de produtos em razão do potencial de risco, são alguns dos problemas que a armazenagem imprópria de grãos pode causar na economia nacional. O mercado está cada vez mais rigoroso com os padrões de qualidade. Uma das soluções para o problema de perdas de qualidade ocasionadas por pragas em armazéns é a utilização sistemática do manejo integrado, que consiste em pro-

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Revista do Produtor Rural do Paraná

filaxia, tratamento preventivo e tratamento curativo, com base no preparo dos armazéns para receber os grãos. Muitas pragas, tais como ratos e insetos, se reproduzem nos farelos e restos de grãos ocasionando prejuízos que podem facilmente ser evitados por meio de processos de higienização adequada. O processo para redução de perdas de grãos armazenados começa com a mudança de conduta dos armazenadores. É imprescindível que todos que lidam direta ou indiretamente com o grão estejam envolvidos no processo de tratamento. A ideia é conscientizar sobre a gravidade da ação das pragas e os seus danos.

Soluções TECNIGRAN Diante dessa necessidade, a TECNIGRAN apresenta uma linha de produtos que oferece soluções completas para o controle preventivo e curativo das pragas que atacam grãos armazenados. Para o controle dos insetos em grãos armazenados a médio e longo prazo, a Bayer desenvolveu produtos à base de deltamethrin e que são comercializados

sob a marca K-Obiol®. Deltamethrin é um piretróide fotoestável de alta atividade que age por contato e ingestão a doses muito baixas contra todos os insetos que normalmente infestam os grãos, como o Sitophilus spp, Tribolium spp, Rhyzopertha dominica e traças. Ainda que a atividade inseticida seja muito alta, o deltamethrin tem uma toxicidade muito baixa a animais de sangue quente. Ele é mais de 12000 vezes mais tóxico à Rhyzopertha dominica do que aos ratos. Além disso, o deltamethrin não penetra nos grãos, fazendo com que os resíduos nas farinhas permaneçam em níveis baixíssimos, tornando os riscos desprezíveis para o consumidor.

K-Obiol® 25 EC Concentrado emulsionável para diluição em água ou aplicação direta nos grãos. Pode ser utilizado também em superfícies e em termonebulizações para tratamento de sacarias e instalações.

Contém: 25g de deltamethrin / Iitro 250g de butóxido de piperonila / Iitro


O butóxido de piperonila, presente na formulação líquida, sinergiza (aumenta) o efeito inseticida do deltamethrin, reduzindo a quantidade de ingrediente ativo requerido.

Aplicação em Sacarias Aplicar o K-Obiol® 25 EC sobre as sacarias utilizando-se pulverizadores costais e manuais, motorizados ou estacionários, através de pistola aplicadora. Usar entre 2 a 5 litros de calda para cada 100m².

Dosagem de K-Obiol 25 EC: - 53 a 80mI/100m² ®

Aplicação nas Instalações Aplicação Direta nos Grãos O K-Obiol® 25 EC deve ser aplicado nos grãos em movimento utilizando­ se equipamento pulverizador de baixa pressão. Usar bicos pulverizadores (mínimo 3) que garantam uniformidade e bom contato do produto sobre a massa dos grãos. Utilizar pelo menos 1 litro de calda por tonelada.

Dosagem de K-Obiol® 25 EC / ton.: - 14 a 20ml - grãos - 40 a 80ml - sementes

• Tratamento residual Recomendada antes do armazenamento dos grãos, conhecida por higienização para evitar reinfestações externas aplicando-se nas paredes e sobre a massa periodicamente.

Dosagem: - 15 a 20ml de K-Obiol® 25 EC em 50 a 250ml de óleo mineral para 1000m³. Reaplicar sempre que aparecerem novos insetos.

Tratamento Complementar com K-Obiol® 2P Fundo de silo e armazéns graneleiros K-Obiol® 2P é amplamente utilizado pelas principais unidades armazenadoras do país como complementação aos tradicionais métodos de controle de insetos. A aplicação é realizada em fundos de silo e armazéns graneleiros antes do recebimento dos grãos armazenados.

• Tratamento não-residual O K-Obiol® 25 EC deve ser diluído em óleo mineral e aplicado com equipamentos termonebulizadores visando o controle de insetos adultos.

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Tarde de Campo de Ovinos

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Unicentro e levar esses resultados aos produtores, para que eles possam adotar as tecnologias que estão dando certo nas pesquisas. A respeito das doenças, o objetivo foi orientar o produtor sobre como realizar adequadamente a profilaxia, ou seja, a prevenção dessas doenças”, explicou o zootecnista e técnico regional da Emater, Roberto Motta Junior, que também é representante da Comissão de Ovinocultura do Sindicato Rural. A vice-presidente da CooperAliança Carnes Nobres, Adriane Thives de Araújo Azevedo (coordenadora do projeto Ovinos e também presidente da Comissão Técnica de Ovinocultura da Federação da Agricultura do Estado do Paraná - FAEP) destacou que eventos que unem produtores rurais e pesquisadores dentro da universidade são importantíssi-

mos. “Ambos se completam, o produtor precisa da universidade e a universidade precisa do produtor. Isso é muito importante para o desenvolvimento da agropecuária em geral”. A ovinocultora Vânia Elisabeth Cherem utiliza o sistema lavoura-pecuária há 30 anos. “Mesmo com a experiência, todo ano há uma modificação na ILP. Por exemplo, atualmente eu produzo muito mais ovinos em uma mesma área do que nos anos anteriores. E há os problemas inerentes ao sistema, como foi falado durante o evento. Por isso, precisamos sempre nos atualizar com as pesquisas. No evento de hoje, eles nos mostraram os resultados, reafirmando os benefícios da ILP e nos mostrando os caminhos que devemos seguir quanto as verminoses e os problemas de casco que vem se originando”. Fotos: Geyssica Reis

Comissão Técnica de Ovinocultura e Caprinocultura do Sindicato Rural de Guarapuava promoveu o seu primeiro evento técnico, com o apoio do Programa de Pós-Graduação em Ciências Veterinárias da Universidade Estadual do Centro-Oeste (Unicentro), Instituto Emater e Cooperaliança. Uma Tarde de Campo de Ovinos, realizada no dia 30 de setembro, no campus Cedeteg, reuniu ovinocultores da região. A programação incluiu as palestras Integração Lavoura-Pecuária de Ovinos com Suplementação a Pasto e Doenças do Casco e Verminoses e encerrou com uma visita aos piquetes experimentais do campus Cedeteg. “O objetivo foi divulgar o trabalho de Integração Lavoura-Pecuária oriundo da especialização da

Manoel Godoy

Comissão Técnica

O evento apresentou pesquisas realizadas de integração lavoura-pecuária e as principais doenças que acometem os ovinos

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Integração Lavoura-Pecuária de Ovinos com Suplementação A pesquisa sobre Integração Lavoura-Pecuária iniciou há 10 anos, vindo de uma demanda regional acerca do entendimento do sistema lavoura-pecuária, que é um sistema de aproveitamento de áreas ociosas no período de inverno, trazendo muito benefícios ao produtor. Geralmente, os cereais de inverno são culturas de alto risco. Com a ILP, o produtor não utiliza 100% da sua propriedade para as plantações, ficando com mais uma alternativa de receita. O que nós conseguimos identificar com essa pesquisa é que a adubação nitrogenada é um dos grandes fatores que limitam a produtividade das forrageiras

de inverno. Conseguimos identificar uma dose ideal, que fica entre 150 a 200 quilos de nitrogênio por hectare durante o período de inverno. E a grande vantagem que foi encontrada acerca desse assunto é que a adubação de nitrogênio, utilizada nessa pastagem de inverno, fica de resíduo para cobrir a lavoura de verão. Já sobre a suplementação que está sendo utilizada, podemos dizer que é um projeto que está em andamento. Os indicativos são que, através da suplementação, é possível fazermos o produtor aumentar a carga animal por m/área. As pesquisas mostram que há necessidade de continuarmos pesquisando esse assunto para consolidarmos as infor-

Fotos: Geyssica Reis

Professor Itacir Sandini

mações geradas. Mas de qualquer forma, percebemos que a suplementação pode favorecer a receita do produtor, desde que trabalhada associada com o nitrogênio”.

Doenças do Casco e Verminoses Mestranda em Ciências Veterinárias Sthefany Kamile dos Santos Estudos atuais vem mostrando que precisamos mudar a forma de como a gente trabalha com a verminose. Antigamente, o controle era feito só com vermífugos. Hoje sabemos que precisamos utilizar outras formas, como por exemplo, uma vermifugação seletiva através do farmacha, a rotação de piquetes entre espécies, ou seja, trabalhar a seleção de animais. As principais verminoses na região são os Helmintos gastrointestinais, as principais espécies são os Haemonchuse os Trichostrongylus. O Haemonchus é aquele parasita que vai dar a mucosa branca e pa-

peira, que é o edema submandibular. Nós testamos, aqui no campus, fazer a vermifugação pós-parto, porque a ovelha em pós-parto é uma categoria bastante sensível. Ela se contamina mais e libera mais ovos. A gente enfocou a vermifugação pós-parto para reduzir a contaminação da pastagem e também acompanhamos os animais através do OPG. Nos animais que apresentavam o OPG alto era feita a vermifugação. Com relação às doenças de casco, o controle está sendo feito através da prevenção, feita principalmente através do pedilúvio, de forma quinzenal. A gente casqueava sempre que necessário o

animal e depois passava pelo pedilúvio. E estamos conseguindo um bom resultado com esse método”.

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Solidariedade

Sindicato Rural apoiou arraiá beneficente do HSV

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erca de 10 mil pessoas estiveram presentes no 3º Arraiá Beneficente do Hospital de Caridade São Vicente de Paulo, realizado nos dias 19 e 20 de setembro, no Parque de Exposições Lacerda Werneck. O evento faz parte da programação do Festival de Inverno da Prefeitura de Guarapuava e foi adiado devido às fortes chuvas de julho. O clima colaborou para que o público aproveitasse as atrações musicais e as barraquinhas de comidas típicas, além do show de prêmios (1 Moto Sundown Hunter 0KM, 1 Moto Sundown Max 0KM e 1 carro UP 0KM). Mais de 1000 voluntários trabalharam nos dois dias de festa, na organização e barraquinhas. O Sindicato Rural de Guarapuava patrocinou o evento e todos os colaboradores trabalharam na barraca do milho. Foram vendidas 600 espigas de milho nos dois dias de evento. A renda arrecadada foi 100% doada ao Hospital São Vicente. O evento contribui para melhorias no hospital. Na primeira edição da festa, foi possível comprar um gerador novo para a instituição. No segundo ano, o evento contribuiu para a reforma de alguns leitos e melhorias na parte elétrica do Hospital. Este ano, a renda será revertida para a construção de um Centro Obstétrico. O São Vicente é referência em gestação de alto risco, por isso necessita da construção desse centro para melhor atendimento às gestantes, sem a necessidade de deslocamento das mesmas para o Centro Cirúrgico.

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Flashes do evento

BINGO - Premiados 1º PRÊMIO Moto Sundown Hunter 0 km: João Maria Delgado - cartela 07.068 2º PRÊMIO Moto Sundown Hunter 0 km: Marcius Cleve e Gustavo Souza Teixeira cartelas 04.824 e 06.750 3º PRÊMIO Carro UP 2015 0 km: Rosaura Góes - cartela 03.517


Medicina chinesa

A entrada dos bovinos no confinamento Jeferson de souza Coordenador regional – Lab. Naturovita

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mbora o sistema de confinamento de bovinos de corte no Brasil seja hoje uma realidade, ainda temos muitas questões a serem resolvidas. O sistema ainda se encontra em pleno desenvolvimento no país. São necessárias evoluções em vários setores, principalmente em manejo de distribuição e mistura de alimentos, logística e protocolos de adaptação, como constatado por Millenet al. (2009). O número de animais confinados no Brasil vem aumentando. Em 2000, o número de bovinos confinados foi de aproximadamente 1,95 milhão de cabeças. E em 2013, alcançamos a marca de 4,38 milhões de cabeças confinados (Agroconsult, 2014)

Chegada ao confinamento Um dos fatores que contribui para o sucesso no sistema de confinamento de bovinos no Brasil é a adaptação dos animais, que ocorre no período inicial do confinamento (chegada dos animais), pois passam por inúmeras mudanças fisiológicas e metabólicas, podendo ocorrer doenças e consequentemente prejuízo para o produtor. Algumas dessas doenças

são as doenças do complexo respiratório, doenças do complexo digestivo e excretor, doenças metabólicas e lesões. Com relação à sanidade dos animais, algumas medidas profiláticas devem ser tomadas, as quais incluem reposição da água corporal perdida; estabelecimento ou melhora da imunidade contra vírus e patógenos comuns (vacinas); controle de endo e ectoparasitas; estabelecimento da estrutura social na baia; e adaptação dos microrganismos no rúmen devido à troca da alimentação.

Naturovita no confinamento O Laboratório Naturovita é uma nova tecnologia que está no mercado e que utiliza como ciência para desenvolver seus produtos a Medicina Chinesa Clássica. A composição dos seus medicamentos são ervas medicinais e tecidos produzidos através da nanotecnologia como hipófise, pulmão, coração, estômago, intestino, fígado, rins, baço, etc... De acordo com a Medicina Chinesa, o tecido sadio trata o tecido doente numa forma energética. É uma evolução nesse tipo de tratamento, que no passado era praticamente impossível tratar doenças

e controlar os parasitas dos animais com produtos naturais, hoje isso é possível. No confinamento, indicamos o Complexo Vita, um medicamento natural energético que atua nas glândulas secretoras de hormônios dos animais, aumentando a imunidade e controlando as doenças e parasitas dos animais, dispensando o uso de qualquer medicamento químico durante todo o período do confinamento. Produzindo uma carne de melhor qualidade e com a segurança de consumir um alimento sem resíduo químico. Devido ao seu modo de ação e eficácia, o produto está ganhando o mercado cada vez mais, pois melhora muito o desempenho dos animais. Seja qual for seu sistema de produção, é um investimento com retorno garantido. Com o Complexo Vita, conseguimos tratar um animal desde o seu nascimento até o abate sem utilizar produto químico ao longo de sua vida produtiva, produzindo um alimento muito mais saudável. Não existe contra indicação, basta misturar aos suplementos minerais ou ração e fornecer diariamente a dose recomendada pelos técnicos regionais. Em Guarapuava você só encontra na Agroboi.

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Notas

Pátio novo

Sociedade Hípica de Candói No dia 5 de agosto, agropecuaristas de dez comunidades rurais reuniram-se na Extensão de Base Candói do Sindicato Rural de Guarapuava e criaram a Sociedade Hípica de Candói. Roberto Cezar Mendes Araújo foi nomeado presidente interino. Araújo disse que se sentiu na obrigação de fazer algo pelo município, e colaborar com a vontade e costumes dos pioneiros da região. “Através dos companheiros e da parceria com o prefeito, estamos criando a Sociedade Hípica e valorizando essa tradição tão nobre. No centro hípico haverá espaço para toda a família candoiana”, garantiu. No encontro, o prefeito de Candói, Gelson Costa, se comprometeu a investir R$300 mil e ceder um terreno para construção do espaço de competição e lazer. O terreno está localizado no Centro de Eventos de Candói. A Sociedade Hípica do município será a primeira no Centro Sul e Centro Oeste do Estado com 600 metros de raia para o esporte. Adão Lopes de Oliveira, ex-jóquei ficou emocionado com a iniciativa em criar uma raia de corrida de cavalos no município. “Pra mim é um orgulho ter uma hípica em Candói, porque isso também ajuda a resgatar a memória do meu pai, que por 50 anos cuidou de cavalos de corrida”, disse emocionado.

O Sindicato Rural de Guarapuava realizou a reforma de seu pátio e estacionamento interno, visando maior comodidade para sócios e parceiros da entidade. Confira o antes e o depois da obra:

antes

depois

Empreendedor Rural

Com informações da Assessoria de Comunicação da Prefeitura Municipal de Candói

DIRETORIA

Presidente: Roberto Cezar Mendes Araújo Vice-presidente: Rudimar Spagnholi 2º Vice-presidente: Ari Mattos de Deus 1º Secretário: Gilberto Marcondes Naikner 2º Secretário: Nerci Ciriaco Oliveira Lopes Tesoureiro: Edson Luis Pereira da Silva Orador: Ponciano Abreu Conselho Fiscal: Alaor Sebastião Teixeira Pedro Cardoso Ribeiro Adão Lopes Oliveira Conselho Deliberativo: Valdenei Deschk José Almeida (Bugre) Sebastião Questanha Martin

Guarapuava

Cantagalo O Sindicato Rural de Guarapuava está sediando duas turmas de Empreendedor Rural, programa do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar). As aulas acontecem aos sábados, na sede da entidade em Guarapuava, e às segundas, na Extensão de Base Cantagalo. O instrutor é Luiz Augusto Burei. Interessados devem entrar em contato pelo telefone (42) 3623-1115 (para cursos em Guarapuava/falar com Rose) ou (42) 3636-1529 (para cursos em Cantagalo/falar com Daiane).

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Candói

15 ANOS DE FESTA NACIONAL DO CHARQUE

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Festa Nacional do Charque, de Candói (PR) completou, em 2015, uma década e meia superando expectativas. De 27 a 30 de agosto, no Centro de Eventos Antônio Loures Alves, na PR 560, a programação, realizada pela Prefeitura com diversos apoios, reafirmou o município como um dos lugares em que é possível sentir, literalmente, o sabor da tradição gaúcha. Pratos a base de charque, no melhor estilo tropeiro, ao lado de torneios de laço comprido, rodeio, exposição de gado, shows musicais e parque de diversões atraíram público local e de outros municípios, além de amantes do tradicionalismo de várias regiões do Paraná. A programação teve início já no dia 23 de agosto, com a Caminhada na Natureza, em meio a recantos rurais do município. No dia 25, tradicionalistas que cultivam o tropeirismo reuniram-se

para a 16ª Cavalgada da Integração. Com início em frente à prefeitura, o trajeto percorreu, ao longo de dois dias, cerca de 60 quilômetros, por campos da região, encerrando-se no Centro de Eventos. A abertura oficial da festa ocorreu à noite, reunindo público e autoridades. Dia 28, teve lugar o 2º Encontro Municipal da Mulher Candoiana.

ta festa, estamos com 14 pratos, 13 deles a base de charque. Nossos carros-chefes são arroz carreteiro, escondidinho de charque e o bolinho de charque” – um sucesso: “Foram feitos 15 mil bolinhos e realmente a receptividade do povo foi maior do que a gente esperava. Em todas

Pratos a base de charque Durante quatro dias, na cozinha do evento, cerca de 50 pessoas, em revezamento, trabalharam com empenho para corresponder ao desejo dos visitantes de saborearem um cardápio que revive a tradição com tempero de inovação. Na equipe, a nutricionista Almira Eurônia Ferreira revelou aquela receita para a REVISTA DO PRODUTOR RURAL: “Nes-

Bolinhos de charque: 15 mil unidades com sabor de tradição Revista do Produtor Rural do Paraná

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Público fiel: descontração e expectativa frente às provas de laço

as festas, sempre acabamos nos surpreendendo com o público”, comemorou. Mas Almira contou que também as receitas modernas surpreenderam tanto os visitantes quanto a própria equipe da cozinha: “Este ano, nosso lançamento foi o estrogonofe de charque na moranga. Na hora do almoço, a demanda foi total. Nós tínhamos preparado 20 quilos de charque e foi tudo (consumido)”, contou, com um sorriso.

Sindicato Rural e Exposição Fazendas Históricas Em outro espaço da festa, na área de indústria e comércio, mais lembranças do passado no campo: com uma de suas extensões de base em Candói, o Sindicato Rural de Guarapuava, que de novo participou com seu estante, trouxe a exposição “Fazendas Históricas”.

A mostra reuniu fotos de fazendas, estabelecidas no século XIX em Candói. O local que hoje corresponde ao município pertencia, na época, à região da Freguesia Nossa Senhora de Belém, que daria origem a Guarapuava. Nas fotos, o público conheceu um pouco do aspecto de residências rurais com mais de 100 anos. As imagens vêm sendo produzidas desde fevereiro de 2014, pela REVISTA DO PRODUTOR RURAL (publicação bimestral do Sindicato Rural de Guarapuava), para a série de reportagens “Fazendas Históricas”. Antigos objetos e ferramentas completaram a exposição, chamando ainda mais a atenção de um público de todas as idades.

Laço comprido Já nas provas de laço comprido, neste ano promovidas pelo CTG Esteio da Tradição, de Candói, foi a emoção que deu sabor às tardes. Diante de um público que na arquibancada acompanhou

A nutricionista Almira Eurônia Ferreira: equipe se revezou para preparar os partos a base de charque as armadas até à noite, dezenas de laçadores demonstraram garra e habilidade. O patrão do CTG, Elisson Bueno Araújo, lembrou que mesmo não-oficial, a competição encerrou-se com chave de ouro. “Foi 100%”, resumiu. Araújo avaliou ainda que o reconhecimento da festa, em todo o Paraná, ajudou também no momento de organizar as competições. “O laço comprido é uma marca registrada do tradicionalismo gaúcho, então a gente vem tentando levar isso adiante”, completou. Ele agradeceu também ao prefeito, Gelson Costa, pelo convite para participar, e a todos os integrantes do CTG que ajudaram de alguma forma na realização das provas. Entre os que vieram de outros municípios, Célio Luciano de Souza, do CTG Tropeiros de Telêmaco Borba, recordou que esteve na primeira Festa Nacional do Charque, em 1998, e se disse feliz de retornar. “Vi o crescimento desta


Laçadores: garra e habilidade Patrão do CTG Esteio da Tradição, Elisson Bueno Araújo

Integrante do CTG Tropeiros de Telêmaco Borba, Célio Luciano de Souza

festa”, afirmou. Ele sublinhou que no tradicionalismo, mais importante do que as armadas positivas conseguidas no laço, é a amizade entre os participantes. Como exemplo, mencionou, os integrantes do CTG, que viajam todo o país para participar de eventos, têm em Candói uma escala marcante: “Não poderíamos deixar de prestigiar a 15ª Festa Nacional do Charque. É muito importante que aconteça isso aqui, numa região muito forte no gado de corte, para mostrar para os paranaenses e o Brasil o charque famoso de Candói”.

Balanço A Comissão Central Organizadora (CCO) fez um balanço positivo do evento. Vladimir Gonçalves da Cruz, da comissão, recordou que o vento forte que na noite de 26 de agosto ocorreu no Paraná, sentido também em Candói, não afetou a programação, que contou com sol nos dias seguintes. Neste ano,

Exposição de maquinário agrícola

de acordo com ele, a organização mudou a área de indústria e comércio para o espaço de alimentação, deslocando o restaurante para o local antes ocupado pelas empresas, o que permitiu maior número de estandes. “Era um pavilhão para 40 expositores. Levamos a indústria e comércio para o outro pavilhão, que tem capacidade para 70 expositores”, explicou. Mas a presença foi o grande destaque: “Tivemos um público até acima do que esperávamos. Houve uma procura muito grande pela alimentação, pelos pratos a base de charque, todos os dias”. Recordando que a entrada no evento é gratuita e que só nos shows é possível calcular a quantidade de pessoas, de acordo com a venda de ingressos, Gonçalves da Cruz estimou que o total de visitantes, nos quatro dias, girou entre 35 mil e 40 mil pessoas. “A gente gostaria de aproveitar este espaço para agradecer a participação das autoridades e do público em geral”, acrescentou.

Piquete Cacique Candói também participou, com laçadores como Gibran Thives Araújo

Integrante da CCO, Vladimir Gonçalves da Cruz: balanço positivo

Exposição de gado Revista do Produtor Rural do Paraná

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EXTENSÃO DE BASE CANDÓI Colaboradores da Extensão de Base Candói do Sindicato Rural de Guarapuava estiveram durante todo o evento, com estande, recepcionando os associados e parceiros da entidade. Confira

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Revista do Produtor Rural do Paraná


Zoonose

Leishmaniose: veterinários devem ficar em alerta

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édicos veterinários da região reuniram-se no Sindicato Rural de Guarapuava, dia 20 de agosto, para reunião de atualização sobre a Leishmaniose, promovida pelo Conselho Regional de Medicina Veterinária com o apoio da Sociedade Paranaense de Medicina Veterinária Núcleo Centro-Oeste. Segundo o diretor tesoureiro do Conselho Regional de Medicina Veterinária, Felipe Pohl, a leishmaniose é uma doença causada por um protozoário que existe no mundo inteiro. “Alguns países tem um problema maior, principalmente os de terceiro mundo. De 80% dos casos, dos dois tipos - a cutânea e a visceral, o Brasil figura entre os seis países que têm mais de 80% dos casos. Do ponto de vista da doença como zoonose, ela ataca cães principalmente, e o homem. No caso da cutânea, ela faz lesões de pele, feridas, pode fazer destruição de nariz e orelha. Mas não é um grande problema do ponto de vista do cão transmitir para o homem. No entanto, existe uma outra forma que é a visceral. Essa sim, nos animais domésticos, particularmente o cão, tem uma importância muito grande e hoje o Paraná está vivendo um foco em Foz de Iguaçu. Portanto, a preocupação do Conselho, para que os veterinários consigam reconhecer a doença. É uma doença de notificação obrigatória. Há obrigatoriedade de eutanásia quando os cães são contaminados. É uma discussão de controle populacional e questão de posse responsável”, observa. A reunião em Guarapuava contou com a participação de uma das autoridades mundiais no assunto, Dra. Vanete Thomaz Soccol, formada em Medicina Veterinária, doutora em leishmaniose pela Escola de Medicina de Montpellier na França e membro do Conselho Regional de Medicina Veterinária, além de professora da UFPR. Em entrevista à REVISTA DO PRODUTOR RURAL , ela falou sobre o tema. Confira:

Felipe Pohl: Conselho Regional de Medicina Veterinária promoveu reunião de atualização

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RPR: Qual foi o objetivo da Reunião de Atualização sobre a Leishmaniose? Dra. Vanete: “Tivemos um problema aqui na região em Rio Bonito de Iguaçu, onde tinha uma suspeita de leishmaniose tegumentar nos assentados, acampados da Araupel. Nós visitamos e constatamos que não era leishmaniose, eram apenas picadas de borrachudo que faziam as lesões. Mas em episódio anterior, em 2013, em um assentamento, houve realmente uma epidemia de leishmaniose tegumentar em humanos e cães. Estivemos presente naquela época também fazendo um levantamento. Foi constatado que dessa vez não era, mas vale o alerta para os médicos veterinários, porque temos próximo uma área endêmica de leishmaniose tegumentar, que é Prudentópolis. E, muitas vezes, o cão vem até o consultório por causa da migração rural-urbana. As pessoas hoje vivem mais na cidade ou visitam áreas que são grupos de riscos e podem contrair a doença, assim como seus animais”. RPR: E como a doença é transmitida? Dra. Vanete: “A doença é transmitida por um vetor conhecido como flebotomíneo, um mosquitinho (para falar de uma forma mais simples), que ao picar o animal, transmite o protozoário. O protozoário vai se multiplicando e formando uma ferida, que dificilmente sangra. Ela tem um fundo bem granuloso e, consequentemente, não se cura sozinha e fica ali em um certo estádio ou aumenta. É bom fazer um diagnóstico, pois é um problema de saúde pública. O homem também pode contrair a doença. Não há transmissão de cão para o homem, mas há de cão-vetor-homem. Outro problema é a leishmaniose visceral. Essa era endêmica na região nordeste do Brasil e migrou para a região sudeste com a

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Dra. Vanete Thomaz Soccol: “É uma doença grave e é preciso que médicos e veterinários estejam em alerta, para diagnosticar e tratar”.

passagem do gasoduto Bolívia-Brasil. O estado do Mato Grosso teve um epidemia muito grande de leishmaniose visceral e nós estávamos com uma expectativa de que a doença poderia entrar no estado do Paraná. E pela nossa surpresa, ela entrou pela tríplice fronteira, em Foz do Iguaçu. Nós estamos mapeando até onde a doença chegou dentro do Paraná. Precisamos contar agora com os veterinários para que estejam diagnosticando nas diferentes cidades, que sejam sentinelas, para que possamos entender a dispersão dessa doença. Em humanos, a doença tem tratamento, mas se não for diagnosticada corretamente e tratada adequadamente, o individuo pode ir a óbito. É uma doença grave e é preciso que médicos e veterinários estejam em alerta, para diagnosticar e tratar. RPR: Quais são os sintomas? Dra. Vanete: No homem, é febre recorrente, emagrecimento rápido e depois evolui para anemia e aumento do fígado e baço. Progride de forma aguda e crônica. Na aguda, o indivíduo pode ir a óbito rapidamente e na crônica, o individuo vai ao longo de dois, três até cinco anos aumentando a barriga e reduzindo sua capacidade nutricional. E

o mesmo acontece em cães, que também adoecem. Tem uma parcela de população de cães que são assintomáticos, ou seja, eles são portadores, mas não expõem o parasito. No entanto, ele fica com o parasito na pele, vem o vetor, pica e transmite. Desta forma, o cão também faz a forma visceral, fígado, baço, intestino, mas depois dessa fase, ele volta pra pele. E a quantidade de parasito na pele é muito grande. O homem não tem o parasito na pele, apenas na víscera. RPR: Há alguma forma de prevenção? Dra. Vanete: A forma de prevenir é bastante complexa porque primeiro precisamos reduzir a população canina de rua, sem proprietários, porque não sabemos se esses cães têm a doença ou não. É muito mais difícil de monitorar esses animais. Quanto maior a população canina sem cuidados, maior o risco. Outro cuidado é com o vetor. Ele não vive em água igual ao da dengue, ele vive em matéria orgânica. Portanto, quintais muito fechados, com muita fruta e folha no chão, são locais propícios para proliferação do vetor. É importante fazer a aeração, coleta de lixo e limpeza, para evitar a propagação ou a instalação do mosquito.


Profissionais em destaque

Alexandre Melo e Alceu Miguel (Tortuga)

Orlando Deschk Junior (Agroceres)

Ada Cecília Machuca (Protege)

Juliano Karpinski (Bayer)

Alessandro Pelegrini, Fernando Neto e Bruna Fontana (Connan)

Geovane Ferronato e Aliston Valenga (Marca Genética)

Tatiane Mendes Correia (Zanella Controle de Pragas)

Jonas Silva (JPS Pecuária)

pósio Reg io Sim

Erivelto Leonardo (Piscicultura Progresso)

Willian Hedenann e Mateus Nanci (Sementes Adriana)

Raphael Annes, Rogi Martã, Joelson Gonçalves, Divonei Silva e Adriana Aparecida Almeida (Agrária Nutrição Animal)

Roberto Cella e Thiago Mores Zanco (Dekalb)

Celso Antonio de Plincki, Anderson Durau, Robson Cardoso, Sandro Kanser e Everton Batista (Coamig)

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Simpósio Regional de Bovinocultura de Leite Estandes das empresas patrocinadoras

Bo l de vinocu na

Thiago Guimarães e Adilson Pagno (Pionner)

Chopp da Jordana Bier, uma das empresas patrocinadores do evento, fez sucesso no coquetel de abertura do evento. Revista do Produtor Rural do Paraná

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Profissionais em destaque

Mário Gans (agrônomo) e Mário Monferdini (Biosoja)

Pedro Campos (Lavoura SA) e Décio Tadeu Pimentel (OMEX Agrifluids)

Rodrigo Neves, Paulo Fialho, Arthur Rosseto e Ricardo Muñuz da Silva (Rhal)

Zanoni Camargo Buzzi (Coamo)

Thiago Vieira de Mello, Ezequiel Vieira de Mello e Jardel Lopes (Zico Motosserras)

Amauri Granemann (Agrícola AGP)

Caixa de Entrada A margem do 1º Simpósio Regional de Bovinocultura de leite Nos dias 7-9 de outubro participei do evento promovido pela comissão de bovinocultura de leite do Sindicato Rural de GUARAPUAVA. As palestras altamente informativas e ministradas por profissionais competentes, ilustraram de forma clara os novos e desafiadores caminhos que a produção de leite vem trilhando no Brasil e no mundo com ênfase na nossa região. O evento, entrosou pequenos e grandes produtores, experientes e iniciantes. As empresas presentes permitiram conhecer novos produtos e esclarecer dúvidas sobre seus usos para uma melhora constante na produção. A conclusão ficou clara e entusiasmantes. Para além das crises periódicas que o mercado vive, a atividade leiteira pode e deve crescer principalmente em nossa região respeitando alguns cuidados: planejamento prévio; qualificação e aperfeiçoamento constantes de mão de obra; seleção genética; produção de alimento na propriedade; cuidado com o meio ambiente e bem-estar animal. A organização, impecável do Sindicato Rural, demonstra mais uma vez que o futuro da agricultura se constrói com visão, determinação, empenho e muita paixão, deixando de lado ufanismos e pessimismos de quem fala da terra sem conhecê-la. Parabéns à comissão organizadora do evento e ao Sindicato Rural de Guarapuava. Prof. Ms. Luigi Chiaro Produtor Rural

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Produtores em destaque

Gerações da Família Lopes Araújo: Robson Lopes de Araújo, Davi Lopes de Araújo, Joana Lopes Araújo e Rubens Lopes de Araújo.

Rodrigo José de Abreu

Aldoíno Goldoni Filho

Nelson Batista

Novos Sócios

• André Kultz

• Paulo André Rocha

• Paulo Sergio Gomes de Assis

• Robert Weckl

Espaço Kids&Teens

Fillipo B. Piccoli e Enrico B. Piccoli, filhos de Mariane W. Botelho e André Piccoli

Emanuel Matos Ramos,10 anos, filho de Ana e Manuel Ramos (Fazenda Lontrão)

Davi de Queiroga Bren e Kaleb Duhatschek

Ana Betina e Astrid filhas de Anton Annas e Andreia Tyski Annas

o e-mail: foto para a su .br ie v n E uava.com cao@srgp comunica

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DEZEMBRO

NOVEMBRO

ANIVERSARIANTES/2015 01/11 01/11 01/11 01/11 01/11 02/11 02/11 02/11 03/11 03/11 03/11 04/11 04/11 04/11 04/11 04/11 05/11 05/11 05/11 05/11

Egon Heirich Milla Helmuth Mayer Jonas José Kulka Raimundo Gartner Rodrigo Schneider Gunter Winkler Johann Wolbert Theresia Jungert Dionisio Burak Evaldo Anton Klein Karl Keller Ana Celia de Araújo Antônio Schramm Cleverson Atalibe Martins Eunice Maria Scheis Keller João Laertes Ribas Rocha Antônio Carlos Ribeiro Burko Carlos Alberto Dipp de Castro Luciane Silvestri Araújo Rubens Lopes de Araújo

06/11 06/11 06/11 07/11 08/11 08/11 08/11 09/11 09/11 10/11 11/11 11/11 11/11 11/11 12/11 12/11 13/11 13/11 13/11 14/11

Egon Winkler Franz Weicher Júnior Jocelim A. das Neves Luiz Carlos M. de Oliveira Anderson Lineu Martins Irene Elisabeth Remlimger Josef Spieler Osmar Antonio Dalanora Vinicius Rocha Camargo Mariana Martins Marcondes Alaor Lopes Fritz Cesar Pedro Z. Ribas Gilberto Baroni Sidinei Denardi Harry Mayer Rachel Maria Naiverth Cicero Passos de Lacerda Heinrich Vollweiter Rozeli Araújo Oliveira Deodoro Araújo Marcondes

15/11 15/11 15/11 15/11 16/11 17/11 17/11 17/11 17/11 17/11 17/11 18/11 18/11 19/11 20/11 20/11 20/11 20/11 20/11 21/11

Jaime Tonon Leonardo Obal Otto Martin Ritter Vicente Mamcasz Valerio Tomaselli Aldoino Goldoni Filho Alfredo Szabo Antonio Cassol Bruno Armstrong de Araújo Miguel Wild Ronald Oster Alexandre Seitz Joao Pfaff Pertschy Luciano Koloda Cilton Ribas Edson José Mazurechen Etelvino Romano Portolan Francisco dos Santos Rodrigo Ribas Martins Mario Losso Kluber

21/11 22/11 23/11 24/11 25/11 25/11 26/11 26/11 26/11 27/11 28/11 28/11 28/11 29/11 29/11 30/11 30/11 30/11 30/11

Ruy Jorge Naiverth José Carlos Lustosa André Szendela Edemar Balkau Anton Gottfried Egles Rodolfo Wolbert Antonio Lineu Martins Joao Maria Siqueira Ribas Maria Ap. Lacerda Araújo Ozias Schineider Alfredo Jungert Raimund Helleis Vania Elisabeth C. F. de Melo Karl Heinz Laubert Filip Priscila Klein George Karam Joarez Santana N. de Oliveira Joicimar Antônio Centofante Josef Dettinger

01/12 01/12 01/12 01/12 01/12 01/12 02/12 02/12 02/12 02/12 02/12 03/12 03/12 03/12 04/12 05/12 05/12 05/12 05/12 05/12 05/12 07/12 07/12

Allan Kardec O. Lopes Filho João Afonso Fontoura Bilek Klaus Kratz Luciane Werneck Botelho Maria Danieli dos Reis Maria de Lourdes S. Mader Arion Mendes Teixeira Claraci Borges Cláudia Scherer Korpasch Gilson Schimim Mendes Roselinda de F. Nunes Chiaro Daniel José Loures Elcio Dobgenski Odacir Antonelli Ruy Laureci Alves Teixeira Blacardini Fritz Gadotti Erna Teresa Milla Jefferson José Martins João Paz França Siegbert Nauy Telcio Granemann Fritz Anton Egles Franz Milla II

08/12 08/12 08/12 10/12 10/12 10/12 10/12 11/12 11/12 12/12 12/12 12/12 12/12 13/12 13/12 14/12 15/12 15/12 15/12 15/12 15/12 16/12 16/12

Daniel Peruzzo Maricler Regina Nervis Solange Maria Schmidt Anderson Mendes de Araújo Irene Fernandes S. Filiposki José Canestraro Rodolpho Luiz Werneck Botelho Eliseu Schuaigert Marcos Tiago Geier Natanael Morgenstern Pacheco Pedro Cordeiro Pedro de Paula Xavier Valdir Cesar de Moraes Lima Nelci Terezinha Mendes do Valle Newton Schneider Alexandre Utri Elmar Remlimger Francisco Seitz Johann Reinhofer Osmar Karly Roland Milla Francisco José Martins Maria Ap. Cordeiro Lacerda

17/12 18/12 18/12 19/12 19/12 19/12 19/12 20/12 20/12 20/12 20/12 20/12 21/12 21/12 21/12 21/12 22/12 22/12 23/12 23/12 23/12 23/12 23/12

Roberto Sattler Christoph Ritter João Sueke Sobrinho Alberto Stock Eva Becker Jamil Alves de Souza Luciano Chiott Erich Egles João Francisco Abreu Ribas Josef Duhatschek Tiago Pacheco Stadler Ulrich Thomas Leh Edson Rodrigues de Bastos Gerhard Temari Josef Emanuel Buhali Romualdo Prestes Kramer Herold Pertschy Luiz Carlos Sbardelotto Caroline Lustoza Wolbert Elevir Antonio Negrello Geraldo Natal Ceccon Nilso Granoski William Schramm

24/12 25/12 25/12 25/12 25/12 25/12 26/12 26/12 26/12 27/12 27/12 28/12 28/12 29/12 29/12 29/12 30/12 31/12 31/12 31/12 31/12

Zanoni Camargo Buzzi Emanoel N. Silvestrin José Augusto de M. Barros Josef Wild Sebastião Elon Cavalheiro Wendelin Hering Filho Guilherme de Paula Neto Josias Schulze Rafaela Mayer Felipe Martins de Almeida Wilmar Schneider Cleber Dall’ Agnol Elton Thives Araujo Egon Scheidt Eponina Werneck Ceneviva Karin Katharina Leh Cristiano Binsfeld Adelheid Klein Knesowtsch Arno Silvestre Muller Márcio Mendes Araújo Rosita P. de Lima Malinoski

ERRATA:

Na edição nº 50 (ago/set 2015), na matéria “Pequenos apostam no morango” (p. 58 e 59), Eloy Penteado Ribeiro saiu como presidente da Associação dos Produtores, Moradores e Amigos da Campina do Guabiroba, quando na verdade ele é presidente da Associação dos Moradores do Guabiroba. Quem preside a Associação dos Produtores, Moradores e Amigos da Campina do Guabiroba é Klaus Dowich, onde Marisa Ferreira, produtora da localidade é associada. Pedimos desculpas pela troca de Associações.

Na edição nº 50 (ago/set 2015), matéria “Uma vida dedicada aos trabalhos em couro” (p. 94), o nome correto do entrevistado é: Victor Lachowski e não Luchowski, conforme publicado. Ao sr. Victor, seus familiares e amigos, pedimos desculpas pelo erro de grafia.

Confira a agenda de eventos agropecuários: Soja Brasil –  Projeto Carreta Canal Rural Guarapuava (PR) 08 de dezembro Sindicato Rural de Guarapuava (42) 3623-1115

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Fórum de  3º Agricultura da

América do Sul

Curitiba (PR) 12 e 13 de novembro Museu Oscar Niemeyer www.agrooutlook.com

Festival  8º Gastronômico Carne de Cordeiro Cooperaliança

Guarapuava (PR) 20 de novembro Pahy Centro de Eventos Ingressos: (42) 3622-2443

NOV/DEZ

2015

 Agrocampo

Maringá (PR) 11 a 22 de novembro Parque Internacional de Exposições Francisco Feio Ribeiro (44) 3261-1700


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