Srg revprodrural53 fevmar2016 web

Page 1

ISSN 1984-0004 Publicação bimestral do Sindicato Rural de Guarapuava Ano IX - Nº 53 - Fev/Mar 2016 Distribuição gratuita

Revista do Produtor Rural do Paraná

1



Pastagem: manejo para otimizar produção

28

Americanos na região

Ovinocultura

GENÉTICA BOVINA

66

Troca de experiências

VIAGEM TÉCNICA

68

Hora de acelerar na trilha da consciência ambiental

16

50 10

Manchete

INSEGURANÇA NO CAMPO

Canchim de Candói é destaque nacional

Show Rural 2016

72

O impacto do El Niño

84

Pesquisa e tecnologia no campo

Agricultura

SOJA

HORTIFRUTICULTURA

88

Dia de campo Verão Agrária 2016

42

32

Indígenas invadem propriedades rurais em Laranjeiras do Sul (PR)

CANTAGALO

Caravana Soja Brasil Produtores avaliam safra de batata

Rodeio tradicionalista reúne laçadores locais e de outros estados


Editorial

Mais três anos se passaram A

primeira edição do ano é sempre movimentada, com a renovação das parcerias, adesão de novas empresas e cobertura jornalística dos primeiros dias de campo. Agradecemos a todos os anunciantes de 2015 que renovaram os contratos de inserção publicitária em nossa publicação e também às novas empresas que agora fazem parte da REVISTA DO PRODUTOR RURAL. Agradecemos também às empresas parceiras do Projeto Identidade Sindical, as quais fornecem descontos aos nossos associados. Com a parceria, todos estarão mais próximos do Sindicato, diretoria, sócios e colaboradores. Paralelo ao trabalho externo, internamente, estamos realizando o processo eleitoral do Sindicato Rural, cumprindo o que determina o nosso Estatuto Social. Registramos uma chapa, visando dar continuidade ao trabalho que iniciamos há quase seis anos. A gestão 2013-2016 chega ao fim. Realizamos muitos eventos técnicos, publicamos 18 edições dessa revista informativa, levamos as reivindicações dos nossos associados à Federação da Agricultura do Estado do Paraná (FAEP), através das comissões técnicas. Não dá para citar todas as ações destes últimos três anos, mas podemos destacar as principais, realizadas e/ou apoiadas pelo Sindicato, e que certamente colaboraram para o desenvolvimento da agropecuária regional: • Viagem técnica de produtores rurais da região para Moçambique (fev 2013) • Caravanas para Show Rural Coopavel Cascavel (anualmente) • Reuniões e dias de campo sobre nozes pecã (anualmente) • Campanha Produtor Solidário (doações a entidades beneficentes) • Palestra sobre a importância da silagem para o incremento da produtividade leiteira (fev/2013) • Curso de Excel para produtores rurais (desde abril/2013) • Participação no Dia de Campo de Verão e WinterShow da Cooperativa Agrária (anualmente) • Apoio Expocrioulo (anualmente) • Apoio Ovinotec (anualmente) • Apoio Feira Estadual de Bezerros de Guarapuava (anualmente) • Reuniões para definição do Valor da Terra Nua, em parceria com Deral/Seab (anualmente) • Dia da Mulher Agropecuarista (março/2013) • Indicação de produtoras rurais para Diploma Mulher Cidadã - Câmara Municipal (anualmente) • Campanha do Imposto Beneficente (abril/2013) em outdoors • Programa de Desenv. Florestal 2013

4

Revista do Produtor Rural do Paraná

(debates sobre cooperativa florestal) • Café da Manhã para sócios aniversariantes do trimestre (2013 e 2014) • Apoio e participação na Expogua (anualmente) • Participação no I Congr. de Olericultura Paranaense - Unicentro (2013) • Apoio a produtores de Laranjeiras do Sul e Guaíra atingidos por invasão de indígenas (2013) • Apoio à Campanha Seja Amigo do São Vicente (2013) • Participação na Jornada de Estudos Agronômicos da Fac. Campo Real (2013) • Reuniões do Conselho Mun. de Sanidade Agropecuária (CSA) (Desde 2013) • 4º Encontro Técnico de Feijão (2013) • Audiência Pública contra PEC 37 (2013) • Participação no Dia do Desafio (anualmente) • Apoio à Semana Acadêmica de Medicina Veterinária da Unicentro (2013) • Café da Manhã do Dia do Zootecnista (2013) • Apoio ao Circuito Cultural do Sesi (anualmente) • Julho/2013 - Neve em Guarapuava • Apoio ao Encontro de Prod. de Leite 2013 • Reuniões de levantamento de custo de produção de grãos, pecuária de corte e leite (anualmente)

Rodolpho Luiz Werneck Botelho Presidente do Sindicato Rural de Guarapuava


• Exposição Fotográfica Sócios e Produção, Tecnologia e Paixão (2013) • Seminário Os Segredos Fora da Porteira (2013) • 2º Dia de Campo Florestal (out/2013) • Apoio ao Arraiá do Hospital São Vicente (desde 2013) • Apoio ao 2º Fórum de Agronegócios Centro Sul do Paraná - BetoAgro (2013) • Evento Dia do Agricultor (anualmente) Guarapuava, Candói e Cantagalo • Apoio ao Crioulaço (2013) • Encontro de Secretárias (2013) • Visita técnica de produtores rurais da Argentina (2013) • Café da Manhã do Dia do Agrônomo (out/2014) • Apoio ao 1º Simpósio de Sanidade Animal do Centro-Oeste do PR • Café da Manhã do Dia do Veterinário (set/2013) • Cadastro Ambiental Rural (CAR) - apoio aos produtores no preenchimento (desde 2014) • Visita de produtores rurais americanos (nov/2013) • Apoio Seminário Regional Plante seu Futuro (dez/2013) • Visita de produtores rurais da Alemanha (jan/2014) • Reuniões sobre cooperativa florestal (2014) • Reuniões da Comissão Técnica de Bovinocultura de Leite do Sindicato Rural (desde 2014) • Visita técnica de produtores rurais da Austrália (maio/2014) • Apoio Seminário Regional de Manejo e Conservação do Solo (maio/2014) • Encontro de Resultados de Pesquisas Unicentro, Agrass e Sindicato Rural (anualmente) • Palestra com Reinhold Stephanes sobre novo Código Florestal e CAR (maio/2014) • Cursos do Senar em Guarapuava, Candói, Cantagalo e Foz do Jordão (mensalmente) • Dia do Seguro (2014) • Apoio Congresso de Ciências Agrárias e Ambientais da Unicentro (nov/2014) • Apoio Tropeada Tiro Longo (desde 2014) • Apoio Noite das Batatas (jul/2014) • Viagem Técnica Internacional da FAEP para Estados Unidos e Canadá (set/2014) • Comissão Técnica de Bovinocultura de Corte da FAEP - Realização de reuniões e dias de campo no Estado (desde 2014) • Parceria do Sindicato Rural com Piscicultura Progresso para encomenda e entrega de alevinos (desde 2014) • Apoio ao Debate sobre tendências de preços das commodities da Lavoura Guarapuava (out/2014) • Apoio à Campanha Outubro Rosa (desde 2013)

• Palestra sobre CAR com secretário de Estado de Meio Ambiente (set/2014) • Seminário de Agricultura de Precisão (out/2014) • Apoio Festa Nacional do Charque - Candói (anualmente) • Apoio Tarde de Ovinos no CEDETEG/ Unicentro (nov/2014) • Participação e premiações no Programa Empreendedor Rural/Senar (anualmente) • Projeto Soja Brasil com carreta Canal Rural e palestras (dez/2014) • Café da Manhã do Dia do Técnico Agrícola (nov/2014) • Visita técnica de produtores rurais de Santa Catarina (nov/2014) • Apoio aos projetos da Polícia Militar PROERD e PROET (desde 2014) • Visita técnica de produtores rurais da Suíça (jan/2015) • Curso para capatazes (fev/2015) • Palestra sobre CAR com Samantha Pineda (dez/2014) • Aulas de inglês para sócios e parceiros • Assembleia Geral Ordinária de prestação de contas (anualmente) • Apoio às manifestação contra corrupção (março e abril/2015) • Reuniões sobre Convenção Coletiva de Trabalho com Sindicato dos Trabalhadores Rurais (anualmente) • Visita técnica de produtores rurais do Pará (abril/2015) • Palestra sobre pecuária na Nova Zelândia (abril/2015) • Lançamento do Plano Pecuária Moderna (ago/2015) • 1º Conselho Temático do Setor Madeireiro de Guarapuava e região (julho/2015) • Criação da Comissão Técnica de Ovinocultura do Sindicato Rural (junho/2015) • Seminário Tendências de Mercado de Soja, Milho e Trigo (julho/2015) • Simpósio Regional de Bovinocultura de Leite (out/2015) • Palestra sobre ferrugem da soja (set/2015) • Parceria com Senac - cursos profissionalizantes • Formação do Comitê Regional de Bovinocultura de Corte (out/2015) • Tarde de Campo de Ovinos (set/2015) • Reforma do pátio interno do Sindicato Rural/estacionamento (out/2015) • Projeto No caminho da soja (Aprosoja e Canal Rural) com palestras técnicas (out/2015) • Atendimento interno (CCIR, ITR, folha de pagamento) • Visita técnica de produtores rurais da Suíça (nov/2015)

Para dar continuidade ao trabalho, esperamos todos os associados no dia 29 de março, nas eleições que vão definir diretoria, conselho fiscal e delegado representante da FAEP para os próximos três anos. Solicitamos ao produtores rurais que tragam sugestões para a diretoria, para que possamos fazer um trabalho cada vez melhor. Informamos ainda que estamos iniciando os trabalhos de negociação salarial com o Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Guarapuava (Convenção Coletiva) e também na luta pela melhoria das estradas rurais do município, apresentando reivindicações e promovendo reuniões com o governo municipal. Na defesa da classe, continuaremos firmes, contando com o apoio de todos os nossos associados. Revista do Produtor Rural do Paraná

5


Diretoria Presidente

1º Vice Presidente

2º Vice Presidente

1º Secretário

2º Secretário

1º Tesoureiro

2º Tesoureiro

Rodolpho Luiz Werneck Botelho

Josef Pfann Filho

Anton Gora

Gibran Thives Araújo

Luiz Carlos Colferai

João Arthur Barbosa Lima

Jairo Luiz Ramos Neto

Conselho Fiscal Titulares:

Ernesto Stock

Suplentes:

Nilceia Mabel Kloster Spachynski Veigantes

Lincoln Campello

Roberto Hyczy Ribeiro

Projeto gráfico

Redação/Fotografia Repórter

Repórter

Luciana de Queiroga Bren Reg. Prof. 4333

Manoel Godoy

Geyssica Reis

Cícero Passos de Lacerda

Nossa capa Foto capa: Sindicato Rural de Guarapuava / Manoel Godoy

Editora-Chefe

Alceu Sebastião Pires de Araújo

Pré-distribuição

Roberto Niczay Arkétipo Agrocomunicação

Distribuição

Endereço: Rua Afonso Botelho, 58 - Trianon CEP 85070-165 - Guarapuava - PR Fone/Fax: (42) 3623-1115 Email: comunicacao@srgpuava.com.br Site: www.srgpuava.com.br Extensão de Base Candói Rua XV de Novembro, 2687 Fone: (42) 3638-1721 Candói - PR Extensão de Base Cantagalo Rua Olavo Bilac, 59 - Sala 2 Fone: (42) 3636-1529 Cantagalo - PR

André Zentner

6

Revista do Produtor Rural do Paraná

Fernando Mancuelo Oliveira

Impressão: Midiograf - Gráfica e Editora Tiragem: 3.400 exemplares Os artigos assinados não expressam, necessariamente, a opinião da REVISTA DO PRODUTOR RURAL ou da diretoria do Sindicato Rural de Guarapuava. É permitida a reprodução de matérias, desde que citada a fonte.


Foto destaque Foto: Manoel Godoy

da edição

Dia de Campo de Verão 2016 - Cooperativa Agrária Distrito de Entre Rios / Guarapuava - PR

Fotógrafo Manoel Godoy Direto do banco de imagens da REVISTA DO PRODUTOR RURAL DO PARANÁ

Revista do Produtor Rural do Paraná

7


Caixa de Entrada “A REVISTA DO PRODUTOR RURAL revolucionou o meu processo produtivo. Recebo a Revista do Produtor Rural há 8 anos. Passei por um período muito crítico em minha vida e emergi há 8 meses. Os problemas que passei foram relacionados a crises econômicas na minha atividade. E a partir do momento que consegui soltar minhas algemas, consegui olhar o mundo com outros olhos, passei a ver, por exemplo, que as edições da Revista do Produtor Rural estavam amontoadas na minha casa, sem sequer tirar o lacre. Ainda tenho revistas para deslacrar e conferir as riquezas que estão lá, que eu não consegui ver na época que deveria ter visto. A partir de agosto do ano passado, quando comecei a voltar a enxergar, voltei a ler, comecei a descobrir novas coisas e já estava com o processo de implantação da nova lavoura em andamento. No meio desse processo, fui descobrindo mais coisas na revista, que tive chance de buscar em tempo e implementar. Essas novidades estão lá, respondendo aquilo que se propunham a fazer. Na revista está a história do azospirillum, fosfonato e Microgeo. O material da revista está riquíssimo. Melhor do que vocês estão construindo, eu não imagino que poderia ser.”

Anselmo Stuepp

Produtor rural de Santa Maria do Oeste

“Inicialmente felicito o Sindicato pela atuação e lutas ao longo do ano de 2015: ano repleto de desafios e provocações para o mundo rural. Aproveito para estender a todos os que direta e indiretamente atuam no Sindicato, na sede e nas extensões, um Natal de muita e serena harmonia e um 2016 de conquistas e sonhos a semear. Finalmente parabenizo a Revista que continua informando e formando produtores, estudantes da área, pesquisadores e leitores interessados nos diferentes assuntos ligados ao mundo rural, tão badalado, mas pouco conhecido. Agradeço pelo apoio à Exposição dos discentes do Curso de Medicina Veterinária da Faculdade Campo Real, realizada na nova sede da ALAC e IHG durante o mês de novembro. A todos o muito obrigado e um fraterno abraço”.

Prof. Ms Luigi Chiaro e família Produtor Rural

“Recebi, com muita satisfação, a Revista do Produtor Rural, realização do Sindicato Rural de Guarapuava, pela qual agradeço. A Revista apresenta assuntos tanto para os sindicalizados como para o público em geral, oferecendo informações, esclarecendo dúvidas, promovendo o debate e ajudando criar mais consciência sobre os fatos que envolvem o importante Setor Agropecuário. Destaco a divulgação do 20º Agrinho - Programa do Sistema FAEP - que premiou alunos/as e professores/as de escolas públicas e privadas, com investimento em educação, formação sobre o meio ambiente e a sustentabilidade do nosso Planeta. Parabenizo a equipe pelo trabalho apresentado desejando que continuem firmes e ajudando a construir/reconstruir o Paraná Rural que todos querem e sonham. Feliz 2016.”

Flávio Arns

Secretário para Assuntos Estratégicos – SEAE

8

Revista do Produtor Rural do Paraná


ARTIGO

Anton Gora

Produtor rural, diretor da Federação da Agricultura do Estado do Paraná (FAEP), vice-presidente do Sindicato Rural de Guarapuava e presidente do Núcleo Regional dos Sindicatos Rurais do Centro-Sul do Paraná

A atual crise e o agronegócio

O

agronegócio sempre foi o grande vilão no Brasil, perante o governo, perante a sociedade e ainda continua sendo para algumas pessoas e segmentos. O agronegócio polui rios, subsolo, deixa resíduos de defensivos nos alimentos, desmata, usa trabalho escravo, infantil, tem subsídios. Parece até o socialista falando do tio Sam, que também é imperialista, opressor, explorador e por aí afora. Americanos, europeus e o agronegócio têm uma coisa em comum: trabalho, educação, pesquisa, seriedade, investimento. A única diferença é que os americanos e os europeus têm o reconhecimento e a ajuda do governo e da sociedade. Nós somos, às vezes, até discriminados. É uma pena que essa revista circula mais entre os produtores e todos eles sabem do que estou falando. Essas informações deveriam circular na grande mídia, para esclarecer a população. Mas a grande mídia quer sensacionalismo e o sensacionalismo vem do preço da hortaliça alto temporariamente, em função de uma adversidade climática, ou até por falta de apoio do governo em algum momento, por falta de políticas das mais simples. Se a grande mídia apenas informasse o cidadão, que é sua obrigação, o brasileiro teria outra visão do agronegócio. Há alguns anos, na Europa, o governo fez uma pesquisa sobre os

subsídios para a agricultura que o produtor europeu possui. Resultado da enquete: 90% da população foi contra. E eles sabem o porquê. Já passaram fome, têm apenas uma safra por ano e o medo do desabastecimento é muito grande. Além da fome, pode provocar convulsões sociais e até guerras. Daquilo que a mídia negativa divulga nada é verdade. O agronegócio usa as melhores tecnologias de produção, cumpre rigorosamente a legislação trabalhista, além de não poluir ainda preserva o meio ambiente. É só observar um rio que entra limpo em uma cidade e de lá sai sujo, será novamente recuperado pelo agronegócio até ele chegar em sua foz. O agropecuarista até doou parte do seu patrimônio para a sociedade, para colaborar com o meio ambiente. Paga para preservar. E o cidadão urbano apenas joga o seu lixo na natureza, sem se preocupar com nada. Um ecologista equilibrado uma vez disse: se não fosse a agropecuária, as cidades já tinham se afundado em seu próprio lixo. A agricultura usa apenas 17% do território nacional para a produção de alimentos, área menor do que as reservas indígenas. Mais de 50% das terras brasileiras são preservadas, maior índice do mundo. A agropecuária é o único setor que tem uma balança comercial positiva. Se não fosse a agricultura, a

nossa balança comercial seria negativa. Pagamos a dívida externa do Brasil com o nosso superávit. Mas eu confio no tempo e o tempo já desmascarou o MST, revelando que é apenas uma quadrilha tentando chegar ao poder, através de mentiras. Aliás, o vilão são os seus dirigentes, o acampado é vitima de exploração. E o tempo vai trazer as verdades em outras áreas. Claro que existem também maus produtores, mas esses não são produtores, são marginais e devem ser punidos. E o tempo vai mostrar que os agropecuaristas são, na verdade, os grandes heróis dessa nação: produzem alimento barato, de qualidade, e os alimentos poderiam ser ainda muito mais baratos se não fossem os altos impostos do governo e a péssima infraestrutura de logística. Às vezes, precisamos até brigar pela manutenção das estradas. Sustentamos o governo, o meio ambiente, pagamos as dívidas do Brasil. Vamos nos orgulhar disso, colegas! Vamos divulgar esse nosso trabalho, vamos participar das nossas representações, vamos nos defender, caso contrário, daqui a pouco, realmente as pessoas vão achar ainda mais que o leite vem da caixinha no supermercado e que os alimentos caem do céu. Se nós não nos defendermos, continuaremos sendo os vilões. Daqui a pouco, o governo vai dizer que a crise é culpa da agropecuária.

Revista do Produtor Rural do Paraná

9


Troca de experiências

Americanos na região Produtores de soja e milho nos Estados Unidos, visitantes iniciaram giro na região de Londrina e seguiram para Guarapuava

G

uarapuava e região mais uma vez estiveram no roteiro de produtores rurais do exterior, que vieram ao Brasil em busca de conhecer as várias realidades da agropecuária no país. No dia 27 de fevereiro, um grupo de americanos, a maioria produtores rurais, iniciou o giro pelo centro-sul paranaense no Sindicato Rural de Guarapuava. No anfiteatro da entidade, os visitantes assistiram uma apresentação sobre o agronegócio no Brasil, o papel do Sistema Federação da Agricultura do Estado do Paraná (FAEP) e dos sindicatos rurais. Com o presidente do Sindicato, Rodolpho Luiz Werneck Botelho, os americanos puderam conversar sobre política agrícola, dificuldades do setor, câmbio, exportação e potenciais do Brasil. Para mostrar na prática a agropecuária local, Botelho levou o grupo a sua propriedade, em Candói, onde as atividades se voltam para a produção de grãos, como milho, soja e trigo, além de pecuária, com bovinos de corte da raça angus. Na fazenda, o giro começou nos silos, com troca de ideias sobre parâmetros da armazenagem e tipos de instalações como moegas,

10

Revista do Produtor Rural do Paraná

seguindo depois para os barracões de maquinário e para as lavouras de soja e milho. Custos de produção, doenças das culturas de verão, como ferrugem e mofo branco, e o ponto de equilíbrio para a viabilidade econômica das lavouras, na relação produtividade por hectare, estiveram entre os pontos que mais despertaram o interesse dos americanos, que buscaram aproveitar o momento para obter o máximo de informações. Após almoço na propriedade, o presidente do Sindicato Rural apresentou dados específicos sobre a fazenda, relatando o passado recente da produção e os desafios técnicos no início da implantação da integração lavoura-pecuária-floresta. Ao final do encontro, Botelho elogiou o grupo, que visou conhecer o cenário brasileiro, comparando com suas regiões de origem, os estados de Arkansas, Iowa, Illinois, Ohio, Nebraska, Missouri e Minessota: “O que chamou a atenção é que eles estavam realmente interessados em saber questão de produtividade, condições climáticas, potencial, custo. Um pessoal interessado em aprofundar seus conhecimentos, trocar experiências, muito técnico e focado”. Botelho observou que a troca de experiências é

Daniel Carmichael

interessante também para quem recebe visitantes. Guiando o grupo e ajudando como tradutor, o vice-presidente do Sindicato Rural de Rolândia, Daniel Alfredo Rosenthal, destacou que assim como o produtor brasileiro, também os americanos têm a curiosidade de ver de perto outras realidades da agropecuária: “Eles têm o mesmo interesse, porque o Brasil é um país de destaque.


Vice-pres. Sindicato Rural de Rolândia, Daniel Alfredo Rosenthal Está passando obviamente por um momento de crise, mas nosso país é maravilhoso. Lá fora, é visto como um grande player, um grande jogador do mercado. Então, as pessoas querem conhecer. Enfim, o Brasil é muito interessante para todos”. Entre os americanos, Larry Baumgart, produtor de soja, milho e beterraba, atuando também na suinocultura com um plantel de 40 mil animais, confirmou: “Gostei muito. Aprendi muito sobre a agricultura no Brasil. Comparei bastante com o estado de Minessota. Vocês estão fazendo um bom trabalho aqui”, disse.

Outro membro do grupo, Daniel Carmichael, que trabalha no setor de elevadores para grãos, ressaltou que mesmo não sendo produtor, veio para ampliar conhecimento. “Eu vim para aprender, para ver como é a agricultura no Brasil. É tudo muito bonito, muito organizado”, acrescentou. No roteiro, o ponto seguinte foi a propriedade do agrônomo e agropecuarista Silvino Caus, no município de Pinhão. Na fazenda que produz culturas de inverno e verão, também a pecuária de corte com destaque para o angus é uma das principais atividades. Caus deu as boas-vindas aos visitantes e destacou que a união dos criadores em torno da cooperativa Cooperaliança, que se direcionou para carnes nobres, trouxe avanço técnico e econômico para o setor. Conforme relatou, a remuneração diferenciada vem ajudando a viabilidade da propriedade, em que as áreas são mais dobradas. Caus especificou como realiza o manejo de seu plantel (terminação) e também realizou um giro pelas instalações, onde a visita se encerrou, no final da tarde, com muita troca de ideias. O grupo também visitou, em Guarapuava, a propriedade do suinocultor Wienfried Leh.

Milho: um dos pontos de interesse dos americanos

Produtor Silvino Caus (3º da dir. p/ esq.) destacou importância da qualidade para viabilizar bovinocultura de corte

(42) 3629-1366 / 9119-6449 agricolaagp@agricolaagp.com.br

Av. Manoel Ribas, 4253 - Guarapuava - PR

Revista do Produtor Rural do Paraná

11


Sindicato Rural de Guarapuava

Eleição de diretoria

terá chapa única

O

Sindicato Rural de Guarapuava encerrou, no dia 26 de fevereiro, o período previsto em estatuto para o registro de chapas para a eleição da diretoria. O prazo encerrou-se com a apresentação de uma chapa única. O processo foi deferido pela comissão eleitoral do sindicato, que oficializou a composição de titulares e suplentes. O atual presidente, o agrônomo e agropecuarista Rodolpho Luiz Werneck Botelho, concorre à reeleição (confira abaixo a relação completa dos nomes e dos cargos aos quais concorrem). Todos os componentes se propuseram a dar continuidade ao trabalho desenvolvido no momento e a fortalecer o compromisso com o produtores rurais, defendendo a classe. Assembleia Geral, no dia 29 de março, no anfiteatro do Sindicato Rural de Guarapuava, vai proceder à eleição da diretoria da entidade ao triênio 2016-2019. Na ocasião, será definida a composição de titulares e suplentes de diretores e do conselho fiscal. Também se decidirá o delegado representante do Conselho da Federação da Agricultura do Estado do Paraná (FAEP), à qual o sindicato é filiado. Para votar, o associado ao Sindicato Rural de Guarapuava deve estar em dia com a anuidade 2016 e ter mais de 6 meses de filiação (o sindicato já emitiu os boletos para pagamento da anuidade deste ano. O vencimento é no dia 18 de março). A votação ocorrerá de 8h às 17h30. A diretoria da entidade conta com a presença dos associados. A Assembleia Geral Ordinária (AGO), voltada à prestação de contas do ano de 2015 e à proposta orçamentária de 2016, também será realizada dia 29 de março, às 8 horas.

12

Revista do Produtor Rural do Paraná

Chapa de diretoria para o triênio 2016-2019 Presidente: Rodolpho Luiz Werneck Botelho 1º Vice Presidente: Josef Pfann Filho 2º Vice Presidente: Anton Gora 1º Secretário: Gibran Thives Araújo 2º Secretário: Cícero Passos de Lacerda 1º Tesoureiro: João Arthur Barboza Lima 2º Tesoureiro: Jairo Luiz Ramos Neto Delegado Representante: Anton Gora Conselho Fiscal Titulares: Lincoln Campello, Luiz Carlos Colferai e Alexandre Seitz Suplentes: Carlos Eduardo dos Santos Luhm, Anton Gottfried Egles e Roberto Eduardo Nascimento da Cunha


Manejo da fertilidade do solo por zoneamento de potencial produtivo Leandro Taubinger e Adriano Rissini Engenheiros Agrônomos

C

om a necessidade de maximizar a rentabilidade do produtor rural, constantemente tem-se almejado maior eficiência no manejo da fertilidade do solo, sendo os fertilizantes e corretivos um dos insumos que mais impactam no custo de produção. A variabilidade espacial dos atributos químicos do solo já têm sido manejada mais eficientemente pela estratégia da coleta de solo em grade amostral, direcionando-se a aplicação de insumos de acordo com a necessidade de cada local dentro de um mesmo talhão ou gleba, visando a elevação dos teores no solo para os níveis desejados. Quanto a variabilidade espacial dos atributos físicos do solo ainda não se tem muita informação. Porém, isso não os torna menos importantes, já que estão diretamente relacionados com a hidratação da planta, com a aeração do sistema radicular, e em muitos casos podem limitar a eficiência dos fertilizantes e corretivos. Esses atributos, diferentemente dos químicos, apresentam uma variabilidade natural ao longo do tempo bastante baixa, e são dificilmente alterados com manejo. Portanto, os atributos químicos e os físicos precisam estar em equilíbrio no sistema, e para serem manejados precisam ser investigados. Quando se passa a considerar também a variabilidade espacial da produtividade das lavouras, torna-se possível

Determinação das Zonas de Manejo em função do Histórico

um nível de manejo ainda mais avançado. Pelo fato de a variabilidade espacial da produtividade apresentar tendência de se repetir ao longo dos anos, torna-se possível determinar as zonas de diferente potencial produtivo, popularmente conhecidas por zonas de manejo, investigar os atributos que estão causando essa variabilidade e definir a melhor estratégia de manejo em cada zona pré-estabelecida. Além da elevação dos teores dos nutrientes para os níveis desejados, passa-se a considerar também a demanda nutricional da cultura em função da expectativa de produtividade. Essa estratégia de manejo da fertilidade por zoneamento de potencial produtivo têm sido difundida há alguns anos, mas não avançou até o momen-

to devido à dificuldade de se obter um histórico de mapas de produtividade através dos monitores embarcados nas colhedoras. Atualmente, devido à maior facilidade de acesso à imagens de satélite, que trazem a informação dos índices de vegetação ou biomassa, a obtenção do histórico de mapa de produtividade não é mais um empecilho. Um exemplo desses índices é o NDVI - Normalized Difference Vegetation Index, que permite obter uma correlação bastante satisfatória com os mapas de colheita, uma vez que indica de forma indireta a quantidade de biomassa e clorofila das plantas analisadas, podendo inclusive ser utilizado para realizar o monitoramento das lavouras periodicamente durante a safra.

Responsáveis Técnicos:

Adriano L. L. Rissini Eng. Agrônomo MSc. CREA PR-85926/D (42) 9129 0555

Leandro Taubinger Eng. Agrônomo CREA PR-146197/D (42) 9117 7273

Praça Nova Pátria – Edifício Agrária Colônia Vitória - Guarapuava - PR - TEL:(42) 3625 1630 apaquilino

Revista do Produtor Rural do Paraná

13

E-mail: aquilino.ap@hotmail.com


Lançamento

Produza IPRO: tudo o que a soja deve ser

A

Cooperativa Agrária Agro-industrial lança em 2016 uma nova variedade de soja com características únicas, que contribuem para assegurar ao máximo a manutenção de produtividade, qualidade e renda ao produtor.A Produza IPRO agrega três tecnologias: é tolerante à ferrugem asiática (tecnologia Inox), resistente a lagartas (tecnologia IPRO, ou Bt) e tolerante a herbicidas com base em glifosato (RR, ou Roundup Ready). Além disso, ela possui características genéticas altamente correlacionadas à adaptação a regiões como a de Guarapuava: de elevada altitude e de clima chuvoso. Contudo, também se mostra muito prolífica em locais mais quentes e de baixa altitude. Em suma, trata-se de uma cultivar apro-

14

Revista do Produtor Rural do Paraná

priada às necessidades do produtor rural, como nenhuma outra. E não é para menos. A Produza IPRO foi selecionada por um instituto de pesquisa genuinamente guarapuavano – a FAPA (Fundação Agrária de Pesquisa Agropecuária) – a partir de materiais disponibilizados pela TMG (Tropical Melhoramento & Genética).

Produtividade De acordo com o pesquisador responsável pela pesquisa de soja na FAPA, Vitor Spader, a Produza Ipro é a reunião das diversas qualidades que a torna uma cultivar tão promissora. “Ela é, por si só, uma variedade com elevado potencial produtivo. Mas as características de tolerância a ferru-

gem, lagartas e glifosato impedem que esse potencial se perca no campo em função de doenças, pragas e outras complicações”, afirmou. “Afinal, muitas variedades têm um bom potencial produtivo. Mas com a soja Produza se reduz intensamente a dependência dos defensivos químicos para manter esse potencial”. Durante os anos de avaliação, a Produza IPRO sempre obteve um bom desempenho diante das variedades de soja atualmente cultivadas na região – inclusive perante novas linhas promissoras de soja que estão sendo lançadas por grandes companhias.


Em 2014, por exemplo, foram realizados 27 ensaios em diferentes regiões e épocas, com 35 cultivares, e a Produza IPRO sempre ficou entre os três primeiros em produtividade. “É uma característica muito importante, porque mostra a estabilidade do material diante das diferentes situações”, destacou Spader.

Semeadura Por ser adequada a regiões mais elevadas, a Produza IPRO também possui boa adaptação em relação à época de semeadura na região. Segundo o pesquisador Vitor Spader, é possível começar o plantio em outubro – início do período de semeadura na região guarapuavana – e estendê-lo até dezembro, sem perder o bom comportamento da cultivar no campo. “Existem poucos materiais que tenham um bom comportamento em toda essa época de semeadura”, acrescentou.

Desenvolvimento A nova cultivar lançada pela Agrária segue uma linha de pesquisa que está em pleno crescimento na FAPA: o melhoramento de plantas. Embora não seja novidade a FAPA lançar cultivares com a própria marca, nos últimos anos o número de novas variedades trazidas ao público pelo instituto de pesquisa – incluindo a cevada cervejeira ANA 01, as cultivares de nabo forrageiro Trado e Pé de Pato, e a aveia para grãos URSFAPA Slava – tem crescido significativamente.

No caso da Produza IPRO, ela foi selecionada a partir de uma extensa série de linhagens genéticas disponibilizadas por diversas empresas e avaliadas pela FAPA durante vários anos, nas diferentes condições de cultivo praticadas na região.

Disponibilidade A Produza IPRO está sendo multiplicada na safra de verão 2015/2016, e estará disponível para os primeiros cultivos comerciais a partir da safra 2016/2017. A cultivar foi licenciada para comercialização exclusiva da Agrária em uma região que vai do Rio Grande do Sul até o Paraná. Estima-se que no primeiro ano haja semente para cultivar aproximadamente 60 mil hectares – o que seria suficiente, a princípio, para atender a demanda da própria Cooperativa Agrária, e ainda disponibilizar um volume significativo de sementes para o mercado. “É muito raro ter uma cultivar, da qual, no ano do lançamento, se tenha uma quantidade de sementes grande para multiplicar. Isso é um ponto extremamente positivo”, concluiu Spader. A expectativa é que a Produza IPRO seja tão bem-sucedida – quer no campo ou comercialmente – quanto a cultivar AFS 110RR, também selecionada pela FAPA e comercializada pela Agrária há vários anos, e que é reconhecida por sua elevada produtividade. Revista do Produtor Rural do Paraná

15


Ovinocultura

PASTAGEM:

manejo para otimizar produção

A

Comissão Técnica de Ovinocultura do Sindicato Rural de Guarapuava realizou uma Tarde de Campo de Ovinos, propondo aos ovinocultores uma visão diferente sobre a produção: manejar o pasto como cultura. Com o tema “Pastagem e Manejo de Rebanho”, o evento ocorreu dia 3 de dezembro, na Fazenda Limoeiro, em Candói (PR), para apresentar um caso prático de reorientação da dinâmica do manejo de pastagem: na propriedade, trabalho conduzido pelo professor Dr. Sebastião Brasil Campos Lustosa, do Laboratório de Ciências Florestais e Forrageiras da Unicentro, com a participação do zootecnista Roberto Motta, da regional da Emater em Guarapuava, introduziu critérios técnicos para conduzir as forrageiras e a interação entre pasto e animais. Diante de produtores das regiões de Candói, Guarapuava e Irati, abriram o encontro técnico a proprietária da fazenda, Vânia Elisabeth Cherem Fabrício de Melo, Roberto Motta Júnior,

16

Revista do Produtor Rural do Paraná

Sebastião Brasil e a professora Deonísia Martinichen, do Departamento de Ciências Agrárias da Unicentro. Relatando suas impressões sobre o trabalho realizado na propriedade, Vânia destacou que a experiência exigiu dela mesma abertura, porque o sistema rompe com as formas tradicionais de lidar com as forrageiras e os animais. São índices científicos e econômicos, colocados na ponta do lápis, que passam a ser o critério para definir a estrutura e a dinâmica da criação de ovinos. O professor Sebastião Brasil, ao enfatizar a abordagem agronômica do manejo do pasto, resumiu o que preconiza como uma atitude técnica: “Queremos aumentar a produção animal. Mas temos também de aumentar o aporte de nutrientes. A base de todo o sistema é o solo”. Em sua programação, que começou por volta das 15h, a Tarde de Ovinos trouxe, como principal ponto, palestras de acadêmicos do quarto ano de Agronomia da Unicentro. Com isso,

Ovinocultora Vânia E. C. Fabrício de Melo (Faz. Limoeiro) e zootecnista Roberto Motta (Emater)

como observou a professora Deonísia, os organizadores buscaram um duplo objetivo: levar aos participantes informações de pesquisa e dar aos futuros agrônomos oportunidade de vivenciar o contato direto com produtores rurais. As apresentações enfocaram alguns dos temas que mais influenciam a ovinocultura a pasto, como corre-


ção de solo, adubação, implantação da pastagem, manejo do pastoreio e características de forrageiras conhecidas, como tifton 85 e aruana, entre outras. Como mensagem principal, os estudantes assinalaram que não existe uma “receita de bolo” para se atingir os melhores índices de produtividade. Mas observaram que dois parâmetros podem contribuir para uma criação de ovinos mais eficiente, da conservação do solo ao resultado financeiro: os dados científicos e o conhecimento do sistema produtivo específico de cada propriedade. Eles acrescentaram que, com base naqueles dois fatores, o ovinocultor deve planejar e investir em qualidade de pasto e racionalidade no manejo. Exemplificando, recordaram constatações já consolidadas pela pesquisa: na nutrição das plantas, entre os vários elementos importantes, aquele que estiver em um nível abaixo do necessário é o que vai reduzir o desempenho das pastagens e o resultado de todo o sistema; no manejo de pastejo, apontaram que também já são conhecidas as melhores alturas de entrada e de saída dos animais. Respeitar aquelas medidas, diferentes para cada tipo de pastagem, significa dar ao rebanho uma alimentação de melhor valor nutricional e permitir, à planta, condição de voltar a produzir folhas para um novo pastejo. Por isso, frisaram, as alturas de pasto recomendadas são hoje mais importantes do que uma regra de números fixos, seja de animais por piquete ou de dias de pastejo por área. Participando da troca de ideias entre alunos e produtores, o professor Sebastião Brasil sublinhou que o consórcio de pastagens, adotado em várias propriedades, é um arranjo mais complexo do que pode parecer – mesmo entre forrageiras apropriadas para uma mesma estação do ano. As plantas, recordou, têm diferenças de ciclo, altura, valor nutricional, palatabilidade e competem entre si no mesmo espaço. Ainda conforme enfatizou, manejar pasto como cultura significa, inclusive, repensar toda a rotina da fazenda, estabelecendo um planejamento que envolve variados tópicos:

Depois das apresentações, visitação ao campo

analisar o solo, escolher as pastagens, adubar corretamente, definir um tamanho eficiente para os piquetes, evitando que os animais acabem utilizando apenas uma parte da área, e considerar o tempo adequado de pas-

toreio, respeitando a capacidade de recuperação de cada forrageira. A programação da Tarde de Ovinos 2015 se encerrou por volta das 19h, com visitação a piquetes e instalações de ovinocultura da fazenda.

Pasto perene: vida útil deveria ser no mínimo de 8 a 10 anos Prof. Dr. Sebastião Brasil Campos Lustosa “O que observamos, e não é somente na região, é que as pastagens perenes estão ficando com vida útil muito curta. Em média, no Brasil, duram entre três e cinco anos. Deveriam durar no mínimo de oito a dez anos no horizonte de um projeto em que aquela área se pague. Agora, existem pastagens que têm mais de 50 anos. Foram constantemente manejadas, fertilizadas, principalmente em função da intensidade (da lotação) animal. O produtor vê somente o número de animais. Mas às vezes aquela lotação não consegue ser comportada pelo componente vegetal. A degradação, no Brasil, é principalmente devido a dois fatores: o superpastoreio e a falta de adubação de manutenção. A adubação de manutenção é pelo menos cinco a seis vezes menor do que o custo de implantação da pastagem”.

Revista do Produtor Rural do Paraná

17


Trabalho mudou rotina da fazenda Na Fazenda Limoeiro (Candói-PR), voltada à ovinocultura a pasto, a área de forrageiras, de 95,8 ha, abrange variedades como tífton 85 (11,3 ha), milheto (24,2 ha), quicuio (9,6 ha), aruana (48,4 ha), hemarthria (2,3 ha) e pastos de inverno, como aveia e azevém (311 ha). No local, trabalho conduzido entre 2014 e 2015 pelo professor Dr. Sebastião Brasil Campos Lustosa (Unicentro/Depto. de Agronomia) e pelo zootecnista Roberto Motta (Emater/ Guarapuava), teve o objetivo de mostrar que manejar o pasto como cultura é melhor para o solo, os animais e a eficiência no uso dos fatores de produção. O foco foi a recuperação de pastagens degradadas, manutenção das que estavam iniciando degradação e a implantação de novos pastos. “O que buscamos foi treinar os funcionários e a proprietária sobre essas relações entre planta e animal. Se sobrepusermos o rebanho à capacidade da planta, muitas vezes essas cargas mais altas se refletem em compactação do solo, perda da diversidade das boas plantas forrageiras, aparecimento de solo descoberto, de plantas indesejáveis, chegando ao grau de degradação”, contou o professor à REVISTA DO PRODUTOR RURAL.

Além de equilibrar a lotação de animais nas áreas de pasto, acrescentou, o trabalho enfocou a pastagem como cultura que precisa de nutrição para produtividade: “Fizemos na propriedade uma estratégia de adubação com fósforo (P) e potássio (K) sempre na entrada da estação de crescimento: final de agosto, início de setembro. O fósforo, colocado em linha, com plantadeira. O potássio, aplicado uma vez ao ano, também no início da estação de crescimento, com a primeira adubação nitrogenada”. Mas o nitrogênio (N), um dos mais importantes nutrientes, foi utilizado de forma escalonada: “O que se parcela são as adubações nitrogenadas, que podem ser duas ou três. A primeira, em setembro (início do crescimento das forrageiras de verão), com 50% a 60% da quantidade total a ser aplicada no ano. As outras duas, em novembro/dezembro e em fevereiro/março”. O especialista relatou elevação no desempenho de pasto: “Tivemos uma produção de tifton 85, ano passado, da ordem de 17 toneladas de matéria seca, e de capim aruana, de 24 toneladas de matéria seca por hectare”. Para a proprietária da fazenda, o trabalho significou uma nova rotina.

Ovinocultura na Fazenda Limoeiro (Candói - PR)

18

Revista do Produtor Rural do Paraná

“Tive que me adaptar à completa reforma das pastagens”, explicou Vânia Elisabeth Cherem Fabrício de Melo, especificando que a propriedade possui 22 piquetes, de diversos tamanhos, para abrigar seu plantel: 526 matrizes, 102 cordeiras, 86 borregas, 94 borregos confinados para abate e 10 reprodutores PO com registro (Ile de France, Texel e Hampshire). “Nos piquetes, coloco quantos animais aquela pastagem suporta durante os dias que se fazem necessários, obedecendo somente à altura mínima (das plantas forrageiras) para não degradar o campo. Assim vamos fazendo um rodízio até o primeiro piquete estar em condições de receber de novo um outro rebanho”, completou. Ela afirma ver uma transformação: “Posso dizer que houve um antes e um depois, porque em um determinado piquete, onde se colocava 100 cabeças, hoje posso quase dobrar a lotação, por conta do incremento dado ao pasto, e justificando o investimento”. Vânia avaliou ainda que a Tarde de Ovinos alcançou o objetivo, pela presença de 55 participantes, entre estudantes e produtores rurais, e agradeceu a todos os que realizaram o trabalho em sua propriedade, além dos apoiadores do evento.


Um manejo técnico, assim como no cultivo de cereais Profª. Deonísia Martinichen “O objetivo geral de tudo isso é realmente conscientizar os produtores, fazer com que eles comecem a enxergar a pastagem como uma cultura, investindo em tecnologia da mesma forma que investem para a produção de soja, milho, das grandes culturas. A pastagem também é uma cultura. Ela tem de ser vista desta forma. Quando o produtor muda o manejo, com certeza, ele tem o retorno. Porque tem um aproveitamento muito melhor de sua área. Ele vai produzir mais pastagem. Então, além de melhorar a qualidade da dieta, aumenta principalmente a capacidade de suporte. Em áreas que poderiam ter em torno de cinco ou seis ovinos, ele pode triplicar, quadruplicar, dependendo do manejo que fizer”.

Frente a frente com os produtores rurais As palestras técnicas apresentadas na Tarde de Ovinos foram elaboradas, em grupos, por estudantes do quarto ano de Agronomia da Unicentro. De cada grupo, um representante expôs o tra-

balho aos produtores rurais. De acordo com a professora Deonísia Martinichen, a experiência foi importante para colocar os estudantes em contato com uma realidade que conhecerão em breve. Fo-

ram palestrantes: André Luiz Valcanaia Moss, Guilherme Borazo Silveira, Emanuel Gava, Jhonatan Spliethoff, Vinícius Martins Biscaia e Jean Carlos Zocche e Hendrik Fritz Strijker.

Guilherme Borazo Silveira Esse contato do aluno com os produtores é muito interessante. Nos deixa mais preparados”

André Luiz Valcanaia Moss

Nota da Redação

Emanuel Gava

Foi bem gratificante, porque, quando sairmos da faculdade, vamos ter de lidar constantemente com este tipo de extensão”

A gente apresenta muito trabalho na faculdade, mas nunca tinha tido esse contato direto com o produtor”

Hendrik Fritz Strijker

A Revista do Produtor Rural presta suas condolências aos familiares e amigos do estudante.

Foi muito gratificante. Contribuiu muito para nós, para o nosso grupo que apresentou, pois aumentou muito a confiança da gente”

Jhonatan Spliethoff Acho que esse intercâmbio entre os alunos e os produtores rurais é bastante importante para o preparo profissional da gente”

Vinícius Martins Biscaia, estudante de Agronomia da Unicentro, também apresentou informações técnicas na Tarde de Ovinos, em dezembro do ano passado. No dia 11 janeiro deste ano, o jovem foi uma das vítimas fatais da colisão que envolveu dois carros na BR 277, na região de Palmeira.

Jean Carlos Zocche Executando este tipo de evento, a gente tem uma participação grande em estar solucionando alguns entraves da cultura (das pastagens)” Revista do Produtor Rural do Paraná

19


Cooperativa de crédito

Agora somos: Sicredi Planalto das Águas PR/SP!

G

randes histórias precisam ser contadas. É assim que começo falando da nossa cooperativa de crédito e investimento Sicredi Planalto das Águas PR/SP.

Adilson Primo Fiorentin Presidente

20

Revista do Produtor Rural do Paraná

Grandes conquistas marcaram a Cooperativa desde a sua fundação em 10 de agosto de 1983, sendo este, em minha opinião, o primeiro grande marco da nossa história. Os 32 fundadores vislumbravam uma entidade que pudesse no futuro atender principalmente suas necessidades de crédito rural, dada a falta de políticas e recursos existentes. Assim nascia naquela época, a Credipuava, uma Cooperativa especificamente voltada ao Crédito Rural. Ao longo dos anos e décadas, os desafios foram grandes, e aquela pequena cooperativa conseguiu se manter viva, ajustando-se ao longo de sua existência, alterando seu nome, se atualizando, inaugurando novas agências e

ocupando seu espaço na área de ação combinada pelas Cooperativas do sistema Sicredi no Paraná. Em 2011, veio o segundo grande marco na história da nossa empresa: a autorização para nos transformarmos em Cooperativa de Livre Adesão de associados, ou seja, dessa data em diante qualquer pessoa de natureza física ou jurídica poderia fazer parte do nosso quadro de associados, fato que acabou acelerando o nosso crescimento em associados, resultados e volumes. Exigiu também maior preparação das nossas equipes, melhores e maiores ambientes de atendimento. O ano de 2015 foi um ano marcante para nós da Sicredi Planalto das Águas PR/SP (antiga Credipuava que em 1992 virou Terceiro Planalto PR), pois, além dos 32 anos da fundação de nossa Cooperativa, mais um marco histórico; fica o registro do ano em que o Banco Central do Brasil autorizou a expansão da nossa área de responsabilidade para o


noroeste de São Paulo, em um conjunto inicial de 16 municípios, dos quais se destacam: Votuporanga, Fernandópolis, Jales e Santa Fé do Sul. Encerramos, portanto, o ano de 2015 com o registro do terceiro grande marco, quando fomos autorizados pela entidade máxima do Sistema Financeiro Nacional, o Banco Central do Brasil, a levar o sistema Sicredi, com sotaque paranaense da região do Terceiro Planalto do Paraná, ao noroeste de São Paulo, com a missão de nos próximos anos implantar em toda aquela região o estilo aqui já desenvolvido. Iniciaremos essa nova fase inaugurando, até outubro deste ano, a primeira agência no município de VOTUPORANGA, o qual é muito pujante e com características de aceitação do modelo cooperativista muito parecidas com as que temos aqui no Paraná. Resumindo, durante esses 32 anos muitas coisas foram feitas em prol do desenvolvimento regional, conquistas foram comemoradas e algumas destas ações são importantes destacarmos e rememorarmos: - O atendimento, ano após ano, de toda a demanda dos nossos produtores rurais tradicionais quanto ao crédito rural, seja de custeio ou de investimento

(nosso objetivo primeiro, fundamentado no alicerce da fundação da Cooperativa). - As nossas participações frequentemente nas principais feiras e eventos da nossa área de ação, sendo parceiros da comunidade e das entidades envolvidas para a viabilização destas ações. - Construímos uma parceira com o colégio SESI em Guarapuava através do nosso principal programa de responsabilidade social, A UNIÃO FAZ A VIDA. Uma das nossas várias colaborações para a sociedade local, que tem como objetivo maior desenvolver noções de cidadania e associativismo, via escola, nas crianças e adolescentes. - Ampliamos várias de nossas agências e inauguramos novos espaços físicos de atendimento, sempre pensando no melhor atendimento dos nossos associados. Um dos exemplos mais recentes é a inauguração da agência sede da cooperativa, denominada Agência Guarapuava, inaugurada em novembro/15, com mais de 600m2, considerada umas das mais belas estruturas de instituição financeira no município de Guarapuava. - A busca incessante pelo bom relacionamento com o nosso quadro social, seja dentro das nossas agências, ou através de programas de desenvolvimento cooperativo como o Programa

Crescer, que forma, em todas as nossas cidades, um grupo de associados mais informados e conhecedores do nosso Sistema Sicredi e da própria Cooperativa, quais diariamente nos ajudam a disseminar os diferenciais do Cooperativismo de Crédito. Por fim, quero em nome dos nossos Conselhos, de administração e fiscal, agradecer a todos os nossos mais de 14,5 mil associados pela confiança depositada e aos 121 colaboradores pelo trabalho e dedicação e pleno entendimento de que somos diferentes, uma empresa de propriedade coletiva, formada por cada uma das pessoas que se associam. Estamos presentes no município de Guarapuava com a Agência Guarapuava (antiga XV de Novembro) desde 1984, a agência Portal do Lago desde 2004 e a agência em Entre Rios desde 2011; no município de Candói estamos presentes desde 1997; em Pinhão desde o ano de 2000; Pitanga, 2001; Santa Maria do Oeste, 2002; Manoel Ribas, 2004; Palmital, 2007 e Turvo, 2009; e logo estaremos em São Paulo, no município de Votuporanga. O crescimento da nossa cooperativa não para por aí, afinal, agora nós somos a Sicredi Planalto das Águas PR/SP. Venha com a gente!

Revista do Produtor Rural do Paraná

21


Decisão

Decker, De Rocco Bastos Advogados Associados Fábio Farés Decker (OAB/PR nº 26.745) Tânia Nunes De Rocco Bastos (OAB/PR nº 20.655) Vivian Albernaz (OAB/PR nº41.281)

Os expurgos do Plano Collor nos contratos agrícolas

N

a década de 1990, momento em que a inflação estava fora de controle, foi lançado um pacote de medidas governamentais que influenciaram o setor econômico de todo o país, em especial o cálculo da correção das dívidas agrícolas. Na época, os financiamentos passaram a ser corrigidos pelo IPC, que variou até 84,32% e quase dobrou o saldo devedor de um mês para o outro. Os planos econômicos Collor I e II causaram o endividamento dos agricultores que tinham na época Contratos do Crédito Rural em andamento, destinados a custeio ou investimento em implementos agrícolas. No entanto, os agricultores acabam de ganhar uma forma de recuperar essas perdas, pois no final do ano de 2015, o Superior Tribunal de Justiça - STF julgou e manteve procedente a decisão da Ação Civil Pública que obriga a União, o Banco Central e o Banco do Brasil a devolverem a todos agricultores brasileiros, a diferença do que pagaram a mais pelos financiamentos corrigidos pelos índices da poupança no Plano Collor, em 1990. A Ação Civil Pública, que tramita desde 1994 foi manejada pelo Ministério Público Federal e possui como parte interessada a Sociedade Rural Brasileira - SRB, o objeto da demanda é a redução dos percentuais de 84,32% cobrados na época para 41,28%, nos financiamentos agrícolas indexados pela poupança. Em março de 1990, o Banco do Brasil corrigiu todos os contratos de financiamento rural em vigência por índices que variavam entre

22

Revista do Produtor Rural do Paraná

74,6% e 84,32%. Ocorre que, na época, o valor do índice a ser aplicado era de 41,28%. Assim, os agricultores que fizeram financiamento de custeio no Banco do Brasil nesta época têm direito a receber a diferença do que pagaram, a mais, pelos financiamentos corrigidos pelos índices da poupança no Plano Collor. Assim, a decisão proferida pelo STJ determina a redução dos percentuais de 84,32% e 74,6% para 41,28% nos contratos, devendo, ainda, proceder recálculo dos valores em aberto, bem como devolver as quantias pagas pelos mutuários que quitaram seus financiamentos pelos percentuais maiores. O direito se constitui em revisão do saldo devedor para os agricultores que ainda devem ao Banco do Brasil, ou mesmo fizeram contrato de securitização de suas dívidas (PESA), bem como devolução de valores para aqueles que já quitaram as suas dívidas, ou que no recálculo do saldo devedor atual acabem por ser declarados credores do Banco. Assim, a partir dessa decisão, com abrangência nacional, os produtos rurais que ainda não buscaram a restituição dos débitos dos contratos poderão fazê-los por meio de ação judicial que busca a repetição do indébito dos contratos, mediante comprovação da tomada do financiamento no período em que os índices foram aplicados. A decisão proferida pelo STJ reverteu uma arbitrariedade aplicada aos produtores rurais, naquela época, que tiveram que arcar com um ônus absolutamente indevido, sem qualquer justificativa.


Nutrição de plantas

Fosfitos de cobre como forma de proteção

O

equilíbrio nutricional somado à produção de plantas com uma maior resistência a diversos patógenos resultam na combinação ideal para que o manejo das doenças nas mesmas seja mais racional e efetivo e assim possa garantir um sistema de produção mais sustentável, produtivo e lucrativo. Tal necessidade se torna mais urgente quando observamos a redução da eficiência dos fungicidas no controle de ferrugem asiática, fato que vem sendo observado pela Embrapa desde a safra de 2007/2008 e que já chega a gerar mais de dois bilhões/safra em investimentos para o controle desta doença. Uma alternativa que vem se destacando como um importante recurso na estratégia de manejo, por reduzir a severidade das doenças, é a utilização de fosfitos nas aplicações foliares. Os fosfitos são compostos à base de fósforo, originados da neutralização do ácido fosforoso (H3PO3) por uma base. São solúveis e de alta sistemicidade, sendo facilmente absorvidos pelas raízes e folhas das plantas. Os fosfitos possuem elevada atividade antifúngica, atuando diretamente sobre as doenças e estimulan-

do os mecanismos naturais de defesa contra doenças. Além disso, podem ser utilizados como importante fonte de nutrientes para as plantas, pois apresentam um cátion acompanhante ao PO3 – permite-se corrigir rapidamente as deficiências nutricionais com este elemento e melhorar o desenvolvimento das plantas e a sua atividade fisiológica. Os fosfitos apresentam basicamente dois mecanismos de ação: o primeiro é sua ação direta sobre as doenças, pois apresentam ação fungicida em relação a determinados fungos invasores, vindo a causar a morte ou a inibição do crescimento dos fungos. O segundo mecanismo é a sua ação indireta por meio da ativação dos sistemas de defesa das plantas. Os fosfitos estimulam a síntese de fitoalexinas (substâncias químicas naturais de defesa), sendo capazes de contribuir efetivamente para o controle de patógenos. No mercado, encontramos diversos fosfitos, como o fosfito de potássio, de magnésio, de manganês e de cobre. No caso específico do fosfito de cobre, o cátion cobre também apresenta ação no controle de doenças e terá ação de contato e sistêmica, dependendo da formu-

lação do produto. O cobre atua na proteção do tecido vegetal contra infecções por bactérias e na redução das populações bacterianas na superfície foliar. O cobre participa de muitos processos fisiológicos como a fotossíntese, a respiração, distribuição de carboidratos, metabolismo de proteínas e da parede celular e está envolvido em mecanismos de resistência a doenças contra fungos e bactérias (atuando como indutor de resistência). Apresenta ação preventiva e curativa contra a maioria das doenças bacterianas e seu suplemento adequado vem promovendo resistência de plantas a doenças fúngicas. Hoje, no mercado, há uma grande gama de produtos baseados em fosfitos de cobre e o produtor deve pesquisar e procurar orientação de um profissional especializado para fazer uma escolha correta. Esta escolha deverá levar em conta que as fontes das matérias-primas usadas para a sua fabricação devem, além de ter boa procedência, possuir em sua formulação as fontes e compostos adequados para que o produto aplicado realmente funcione como indutor de resistência e consequentemente ajude no controle de doenças.

Revista do Produtor Rural do Paraná

23


Pitanga

Sindicato Rural de Pitanga no Produshow 2016

O

Sindicato Rural de Pitanga participou nos dias 11 e 12 de fevereiro do 11º Produshow, realizado pela Producerta em Pitanga-PR. O estande da entidade, além de ser um ponto para recepcionar os produtores da região, também ofereceu alguns serviços aos associados. “O Sindicato Rural é uma instituição muito forte no município. É uma entidade que representa o produtor em todas as suas instâncias, seus anseios e dificuldades. E não poderia ficar de fora de um evento como esse, focado em agricultura”, afirmou o presidente do Sindicato Rural e também sócio-proprietário da Producerta, Luiz Carlos Zampier. Ele ressaltou que, atualmente, a entidade possui mais de 1500 associados em Pitanga, Boa Ventura do São Roque, Santa Maria, Mato Rico e Nova Tebas e que a maioria comparece ao Produshow, por ser um evento de destaque na região central do Paraná. No estande do Sindicato, durante o evento, a entidade contou com algumas parcerias para oferecer atrativos aos produtores. “Contamos com a parceria do IAP, que já é tradicional na entrega de mudas. Tivemos também um espaço para tirar dúvidas sobre o CAR com um representante da Faep, técnico e especialista no assunto. Deu muito certo. Muitos produtores procuraram o técnico e foi bastante proveitoso. O prazo está curto e com uma pessoa especialista no assunto, as dúvidas foram sanadas de forma eficiente. Também tivemos uma parceria com a APAE, que comercializou alguns produtos de artesanato”, detalhou Zampier.

Zampier com as colaboradoras do Sindicato Rural de Pitanga, Daiany Zampier (esquerda) e Aleciane Araújo

24

Revista do Produtor Rural do Paraná

Estande do Sindicato Rural ofereceu vários serviços aos produtores

Associados elogiam Sindicato O produtor rural Salvador Kerniski, sócio do Sindicato Rural de Pitanga, disse que visita o Produshow todos os anos e que é uma oportunidade de conhecer as novidades em cultivares que se adaptam à região, além de maquinários. “Com o Sindicato Rural aqui, nós, associados nos sentimos representados. Além disso, é um espaço para encontrar os colegas. Gosto também dos serviços que eles oferecem durante o evento, como a questão do CAR, que está mexendo muito com os produtores”. “O Sindicato Rural é uma entidade de grande importância na cidade, está evoluindo muito nos últimos anos e vem representando muito bem os produtores. A entidade não poderia deixar de marcar presença em um evento tão importante para a cidade, em especial, para os produtores rurais, que é o Produshow”, disse a associada Maria de Lourdes de Lara.

Salvador Kerniski, sócio do Sindicato Rural de Pitanga

Maria de Lourdes (ao lado direito) com seu marido João Macir de Lara, seu filho Mauro de Lara (lado direito) e sua neta Sarah Maria de Lara.


CAR O engenheiro florestal e instrutor do CAR pela Federação de Agricultura do Estado do Paraná (FAEP), Osmael Portela, que participou do Produshow, contou à Revista do Produtor Rural que as principais dúvidas dos produtores que o procuraram no evento, em relação ao Cadastro, dizem respeito à Reserva Legal e como fazer o CAR quando se tem mais de uma propriedade que compõe o imóvel.

2016, duas mil mudas nativas foram distribuídas gratuitamente aos produtores. “Nesse ano, estamos distribuindo mudas de Aroeira, Espinheira Santa, Cedro, Angico, Monjoleiro, Pinheiro do Paraná e Branquilho. Cada espécie tem uma particularidade. Orientamos o produtor sobre como plantar e cultivar a planta”, contou o agente de apoio do IAP, Sergio Satchio.

estande do Sindicato Rural. Elas comercializaram tapetes de crochê e panos de prato bordados, produzidos pelas mães dos alunos da instituição. “Algumas mães vêm do interior trazer seus filhos e ficam o dia inteiro na instituição. Para se ocuparem, nós temos um Clube de Mães, onde elas aprendem e fazem peças de artesanatos. Quando temos oportunidade, comercializamos essas peças e a renda é revertida para a Apae. A parceria com o Sindicato é antiga e é muito boa, porque expomos nosso trabalho e ainda garantimos uma renda para ajudar nos gastos”, exaltou a professora Marilda Mello Leão.

Mudas nativas foram entregues gratuitamente aos produtores pelo IAP Tira dúvidas sobre o CAR, com Osmael Portela (FAEP) Portela ainda falou da preocupação da Faep em relação ao índice baixo de produtores que preencheram o cadastro no Paraná. “É um fato bem lamentável. No último relatório do IAP, no final do mês de janeiro, o Paraná estava com apenas 51% de cadastros efetivados. Isso é muito pouco, visto que nós temos três meses para finalizar a inscrição no CAR. O produtor que deixar de fazer o CAR no prazo tem que ter ciência que ele vai poder preencher o cadastro em outra data, mas perde todos os benefícios que a nova legislação ambiental traz”. O índice de cadastros preenchidos em Pitanga é de apenas 28%. Portela alertou que não há garantia de prorrogação do prazo e que os produtores devem trabalhar com o prazo final, que é dia 5 de maio. “O Ministério do Meio Ambiente não se posicionou sobre prorrogação do prazo. Alguns produtores ouvem boatos e acreditam, mas não temos garantia nenhuma”. O Sindicato Rural de Pitanga está fazendo o preenchimento do cadastro para propriedades de associados com até 80 ha. Para áreas maiores a entidade conta com escritórios parceiros de engenharia florestal na cidade.

IAP A parceria entre o Instituto Ambiental do Paraná (IAP) e o Sindicato Rural de Pitanga é antiga. Durante o Produshow

APAE As professoras da Associação de Pais e Amigos dos Deficientes Físicos (APAE) de Pitanga também estiveram presentes no

Professoras da Apae comercializaram artesanatos produzidos na própria instituição

PRODUSHOW O Produshow completou 11 anos em 2016. O evento começou com um dia de campo e hoje é uma das feiras agropecuárias de destaque na região central do Paraná, promovida pela Agropecuária Producerta. “A cada ano que passa, o evento evolui. São mais de 70 empresas expositoras com novidades tecnológicas. As empresas de genética são um exemplo, pois estão lançando novas variedades das culturas de soja e milho. O agricultor já vai começar a plantar na próxima safra variedades novas. Nas máquinas agrícolas, cada fabricante sempre traz o que há de mais moderno. E esses lançamentos sempre corrigem alguns defeitos que ocorriam no modelo anterior. Tudo isso é importante para o produtor, porque ele visualiza, aprende e também evolui”, destaca Zampier. O evento ainda abrange a área de pecuária, com mostra de animais de corte, leite e pastagens. “O produtor consegue avaliar o comportamento de uma cultivar de pastagem aplicada na região. Diferente de quando ele vê pastagens em feiras de outras regiões, onde o comportamento é diferente, em função do clima e solo”. Quanto ao público, Zampier comemo-

rou o resultado. “Eram esperadas 4 mil pessoas nos dois dias de evento, mas só no dia 12, foram 3 mil visitantes. Com certeza, tivemos mais de 5 mil pessoas nos dois dias de evento”. Quanto à crise econômica, o organizador do Produshow é otimista. “A crise nacional afeta a agricultura também, mas nem tanto quanto os outros setores. E a receita para o produtor rural fugir da crise é a produtividade. Se ele tiver produtividade e aproveitando o bom momento de preços, principalmente, produtos de exportação como a soja, ele consegue um bom resultado. E para alcançar esses bons resultados ele precisa de boas cultivares e bons insumos, que são encontrados em eventos como esse”.

Revista do Produtor Rural do Paraná

25


Sustentabilidade

TELHAS ECOLÓGICAS:

ótima opção para propriedades rurais

C

aixinhas de leite chamadas longa vida podem ter uma grande utilidade na sua própria casa: elas podem ser transformadas em telhas. Desde 1999, a Tetra Pak, a maior fabricante deste tipo de embalagem no mundo, começou a realizar estudos sobre como transformar as caixinhas em placas rígidas. O Departamento de Meio Ambiente da empresa considerou que a mistura de plástico e alumínio se tornava um material nobre e caro para ser apenas descartado. Com a evolução das pesquisas, descobriram que as placas poderiam substituir as telhas tradicionais que

cobrem os mais variados tipos de construção. Em Guarapuava, em outubro de 2015, a Evotelhas - Produtos Reciclados iniciou a fabricação da Evotelha, que apresenta vários benefícios em relação às telhas de fibrocimento e zinco. “Além do produto ser ecológico, pois é feito com material 100% reciclável e não ter nenhum produto químico em sua composição, pensando nas chuvas com granizo, essa telha é muito mais resistente dos que as comuns, devido a sua flexibilidade. Ela também tem um isolamento térmico melhor, deixando o ambiente muito mais fresco. Também é mais leve, facilitando o

Cesar Augusto Balotin, proprietário da Evoplac, empresa que fabrica a Evotelha

26

Revista do Produtor Rural do Paraná

manuseio”, pontua Cesar Augusto Balotin, proprietário da Evotelhas. Outros benefícios estão ligados à alta resistência a fogo (não propagando chamas), vedabilidade, material impermeável e as telhas podem ser cortadas em qualquer sentido. A base da fabricação é feita de polialumínio (plástico + alumínio). O material vem pronto de Inácio Martins, onde é retirado o papel. “No entanto, quando o material chega, ainda vem com algumas fibras de papel. Algumas fábricas fazem as telhas com essas fibras mesmo, mas nós retiramos todos os resíduos. Isso porque, com o tempo, o papel pega umidade, expande e começa a fazer buracos. Em seguida, o material é moído mais uma vez, prensado na máquina quente e depois passa pela máquina que deixa com a ondulação das telhas.”, explica Balotin. A instalação acontece da mesma forma das telhas tradicionais, com pregos. A espessura da telha é de 6mm. Com o mesmo polialumínio é feito as cumeeiras, que são peças que fazem a junção das telhas. As vendas acontecem de forma direta, mas para atender a região, serão montadas unidades de revenda da Evotelhas. Atualmente, a produção é de 4 mil telhas/mês, mas com a chegada de mais uma máquina, Batolin pretende dobrar a produção para atender a demanda do mercado. “Temos planos de ampliar ainda mais a fabricação, já que a estrutura e a logística que temos pode ser aumentada em até seis vezes a produção”.


Cochos Além de telhas, com o mesmo material podem ser fabricados outros produtos sob encomenda. Um exemplo são os cochos para alimentação de animais. “A vantagem de fazer um cocho com esse produto é que além da durabilidade e resistência, ele é muito mais higiênico do que um cocho de concreto, por exemplo. Isso porque o de concreto, por causa da umidade, acaba produzindo fungos e a limpeza tem que ser feita frequentemente. Com o polialumínio não há necessidade”, destaca Batolin. Com a mesma matéria-prima também podem ser produzidos tapumes para cercar construções e casinhas de cachorro em todos os tamanhos.

As telhas são disponibilizadas nas medidas de: 2,44 x 1,10/ 2,44 x 0,96/ 2,20 x 0,96/ 1,80x 0,96

Quanto ao preço, ele explica que levando em consideração todas as vantagens do produto, inclusive a durabilidade em relação as telhas tradicionais e menos perda na hora do manuseio, as telhas ecológicas tem um custo menor.

Estrutura em propriedade rural feito com Evotelha

Revista do Produtor Rural do Paraná

27


Genética bovina

Com manejo voltado ao melhoramento genético, Criatório Canchim Tarumã se destaca em nível nacional e obtém mercado em vários estados do Brasil

Canchim de Candói é destaque nacional

S

e a pecuária de corte, no centro-oeste do Paraná, apresenta destaques em raças européias, uma propriedade da região, a Fazenda Vista Alegre, em Candói, vem se notabilizando na criação de um gado brasileiro: o canchim. Mencionado pela revista Canchim (editada pela Associação Brasileira de Criadores de Canchim/ABCCAN – edição 06/Julho de 2015), o criatório Canchim Tarumã, tem obtido, desde 2012, posições relevantes em termos de evolução genética. Trabalho de longo prazo, iniciado pelo pecuarista Edson Bastos na década de 70, e hoje em dia gerenciado em conjunto com seu filho, Tiago Bastos, a dedicação à atividade está resultando ano a ano em mais qualidade. E reconhecimento.

28

Revista do Produtor Rural do Paraná

Esta notoriedade ocorre no mais exigente evento técnico do canchim, a Prova Canchim de Avaliação de Desempenho (PCAD). Conforme explica a ABCCAN, a PCAD é a principal ferramenta de análise da raça, conduzida por meio de um programa denominado Geneplus, da Embrapa. Realizada desde 2011, a prova conta com a presença de animais dos mais conceituados criatórios do país, localizados em estados como São Paulo, Paraná, Mato Grosso do Sul, Goiás e Minas Gerais. O objetivo é claro: apontar exemplares do canchim com desempenho superior, para sua utilização como reprodutores, seja dentro da própria raça ou no chamado cruzamento industrial. Nesta prova, o Criatório Canchim Tarumã se destacou pela primeira vez em 2012: o animal Ruffus da Vista Alegre obteve a colocação de Elite Bron-

Tiago Bastos, do criatório Canchim Tarumã, de Candói (PR)


ze. Em 2013, veio a classificação Elite Prata, com Salomé da Vista Alegre. Em 2014, Taura MN da Vista Alegre seria Elite Ouro. Em 2015, a alegria se repetiu: mais uma classificação de Elite Ouro, desta vez para Urso MN da Vista Alegre, que competiu na etapa de Angatuba (SP), entre os animais nascidos entre setembro e novembro de 2014. Feliz com o resultado, mas principalmente atribuindo as boas participações na PCAD à gestão do rebanho, Tiago Bastos disse à REVISTA DO PRODUTOR RURAL, que as colocações são ainda mais significativas se considerados dois fatos: a prova analisa o que há de melhor quando se trata de canchim; e a própria avaliação é, em si, bastante técnica, traduzindo em números as características dos animais. Para ele, o manejo de seu plantel, também baseado em números, além de ser mais exato do que as avaliações apenas visuais, acaba sintonizando o criatório com os níveis de qualidade exigidos. Exemplificando, recordou que, mesmo entre competidores de excelente padrão, Taura MN da Vista Alegre (Elite Ouro 2014) mostrou um desempenho elevado: “Ele teve ganho de peso de 1,918 kg/dia (com uma suplementação de menos de 2 kg de ração/dia), 50% su-

perior à média da prova e 10% acima do segundo colocado”. Já a série de posições de destaque atribuídas aos animais do criatório Canchim Tarumã em anos recentes é, a seu ver, prova de que o sistema produtivo promoveu alto patamar genético no mesmo período em que a PCAD surgiu e se consolidou: “Se todo ano você faz um animal que é destaque e, além disso, os animais que vão para lá também voltam bem classificados, com características superiores à média da raça, acho que isso significa que a gente está no caminho certo”. Caminho que significa pensar em detalhes: para avaliações de acasalamento e seleção, explicou o jovem criador, são utilizados métodos objetivos. “Tem um programa que a Embrapa fornece, que é de melhoramento através de DEP. Você faz avaliações de características das fêmeas e dos machos nascidos e correlaciona com a mãe e o pai. Dentro disso, se pode realizar um acasalamento que corrija os defeitos mais facilmente”, sublinhou. Segundo o pecuarista, importante para um criatório que busque a seleção genética do plantel é “entender os animais” – mapear, ter um banco de dados com todas as características, já que todas interessam, e a partir daí promover os

Taura MN da vista alegre, Elite Ouro em 2014 foto aos 14 meses - 550 kg

PCAD 2015: presença recorde de animais De acordo com a ABCCAN, a PCAD 2015, realizada com coordenação e supervisão técnica da Embrapa/Geneplus, teve recorde de animais avaliados, com 350 exemplares da raça canchim. A prova aconteceu em duas baterias simultâneas, em Jussara (GO) e Angatuba (SP), encerrando-se dia 21 de novembro. Nesta grande avaliação técnica do canchim, os animais são analisados em ítens como ganho de peso diário, peso ao final da prova, perímetro escrotal, área de olho de lombo, espessura de gordura subcutânea, conformação frigorífica, qualidade de pelagem, correção de umbigo e prepúcio, aprumos e caracterização racial.

acasalamentos que permitam às novas gerações receber dos pais os traços desejados. “A principal ferramenta do touro canchim é proporcionar as características produtivas das raças europeias à vacada zebuína em clima tropical, no Centro-Oeste, na região Norte do Brasil – o que os touros europeus não conseguem.

Salomé da Vista Alegre - Elite Prata em 2013 aos 14 meses Revista do Produtor Rural do Paraná

29


O trabalho passa pelo melhoramento criterioso do gado puro, mas o objetivo principal é de produzir um bom rebanho de touros a campo para atender a demanda de rebanhos comerciais. Com isso, especificou, é grande a demanda por canchim em especial no Brasil central – mas também em outras regiões do país. “A gente tem vendido animais para Mato Grosso do Sul, São Paulo, Pará, Goiás, Tocantins, Rondônia, Rio de Janeiro. Isso demonstra que o canchim é um animal bastante funcional, que se encaixa em diversas áreas”, concluiu.

Canchim Tarumã na 31ª Exposição Nacional da Raça Canchim, em Ponta Grossa

Bezerros obtidos no cruzamento de touro Canchim em vacada comercial

Rusticidade do Canchim, adaptado a diferentes topografias e condições climáticas

Raça uniu rusticidade e rendimento econômico A raça canchim foi formada, segundo o Centro de Pesquisa Pecuária do Sudeste (CPPSE), da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA), com o objetivo de obter um gado que tivesse a rusticidade e a adaptação aos trópicos, típica dos animais zebuínos, e a precocidade e o rendimento econômico, marcantes nas raças bovinas europeias. Sua formação teve início em 1940, com veterinário e zootecnista Antônio Teixeira Vianna, na Fazenda de Criação São Carlos (Também conhecida como Fazenda Canchim, a proprie-

30

Revista do Produtor Rural do Paraná

dade é hoje o Centro de Pesquisa Pecuária do Sudeste – CPPSE). No local, os cruzamentos realizados para a criar o canchim utilizaram, como gado europeu, o charolês; e, como animais zebuínos, indubrasil, guzerá e nelore. Ao longo dos anos, verificou-se que o grau de mestiçagem 5/8 charolês e 3/8 zebu era o que resultava nas características desejadas, sendo então o escolhido para a formação da raça. Os primeiros animais com aquele “grau de sangue” nasceram em 1953. Obteve-se assim um novo tipo de gado de corte para

o Brasil Central. O nome “canchim” provém de uma árvore, comum na região em que a raça foi desenvolvida. Em 11 de novembro de 1971, foi criada a Associação Brasileira de Criadores de Bovinos da Raça Canchim, atualmente Associação Brasileira de Criadores de Canchim (ABCCAN). Em 18 de maio de 1983, com a Portaria Nº 130, publicada no Diário Oficial da União em 20 de maio do mesmo ano, o Ministério da Agricultura reconheceu como raça o bovino do tipo canchim, que passou a ser denominado de raça canchim.


Informação

Agricultura digital

P

rodutores da região de Guarapuava-PR receberam a visita, no dia 03 de fevereiro, do presidente da The Climate Corporation e vice-presidente da Monsanto, Mike Stern. A visita foi realizada a produtores rurais de três estados brasileiros que estão testando um produto da empresa, que já tem um desenvolvimento mais avançado nos Estados Unidos. Os testes, no Brasil, estão sendo feitos com 35 produtores em um total de 8 estados. No Paraná, o produto está sendo testado em duas propriedades rurais: Fazenda Capão Redondo e Fazenda Mariedda, em Candói-PR. Mike Stern e outros representantes das multinacional foram recepcionados, em cada fazenda, pelos produtores rurais Rodolpho Luiz Werneck Botelho e Ernest Milla e filhos.

O objetivo do encontro era ouvir a opinião e sugestões dos produtores rurais sobre a ferramenta da Climate, que faz a coleta de dados e geração de mapas a partir das máquinas existentes nas fazendas. A empresa foi comprada pela Monsanto, líder em biotecnologia, em 2013. Com a Climate, dedicada à gestão de dados, o grupo Monsanto pretende fornecer um pacote completo de soluções para o produtor. O objetivo da Climate é combinar ciência agronômica, germoplasma (material genético das sementes), utilização de dados e engenharia de software. O principal produto da empresa funciona da seguinte forma: um dispositivo conectado às máquinas em atividade no campo recolhe todas as informações do plantio e da colheita e as

Presidente da Climate Corporation, Mike Stern com sua equipe, em conversa com o produtor rural Rodolpho L. W. Botelho, na Fazenda Capão Redondo

transmite para um aplicativo no iPad, que gera os mapas automaticamente. Depois, os dados são armazenados na nuvem (servidores externos que possibilitam o acesso remotamente). O produtor terá, então, todas as informações para cada talhão (áreas de plantio), como a população e a velocidade do plantio, a produtividade em cada talhão, desempenho de híbridos e variedades, e ainda dados de desenvolvimento do clima, em uma só plataforma. Essas informações poderão auxiliar o produtor a escolher o melhor momento para o plantio e o tipo de insumo a utilizar. Ainda é cedo para avaliar um ganho médio de produtividade, mas essa ferramenta pode encurtar a distância entre os menores e maiores rendimentos. O produto deve ser lançado daqui a dois anos.

Representantes da Climate Corporation e Monsanto com os proprietários da fazenda e colaboradores

Revista do Produtor Rural do Paraná

31


Dia de Campo de Verão Agrária 2016

PESQUISA E TECNOLOGIA no campo D

ois dias de chuva, mas também de muito conhecimento: assim foi o Dia de Campo de Verão 2016 da Cooperativa Agrária, realizado nos dias 24 e 25 de fevereiro. O evento contou com a presença de 1600 visitantes, entre produtores rurais, estudantes, profissionais, pesquisadores da área e representantes de empresas. Em avaliação, o presidente da Cooperativa Agrária, Jorge Karl, destacou que o objetivo do dia de campo é mostrar as alternativas de verão para os produtores. “Nosso foco principal continua sendo soja e milho, mas também temos outras atividades que fazem parte do evento, como feijão e hortaliças”. Para ele a importância do dia de campo se dá na atualização de informações técnicas. “Todos os anos aparecem novas tecnologias,

32

Revista do Produtor Rural do Paraná

pre focados, de qualidade e que a chuva, apesar de atrapalhar, o público que realmente se interessa pela programação do dia de campo não falta ao evento. “Além disso, temos uma estrutura que ano a ano adequamos cada vez mais, para que gere conforto aos participantes, tanto com muito sol ou chuva”.

Jorge Karl, presidente Cooperativa Agrária

mas também novos problemas. Esse ano, principalmente, porque temos vindo com as dificuldades geradas pelo El Niño. Essa dinâmica de um ano para outro é cada vez maior. Nós ajustamos os temas do dia de campo de acordo com a realidade atual”. Quanto ao público, Karl afirmou que os visitantes do dia de campo são sem-

O secretária estadual de Agricultura e Abastecimento, Norberto Ortigara, participou da abertura do evento


Confira o resumo da programação do Dia de Campo Verão 2016:

Campanha Plante seu Futuro – Seab Nelson Harger – engenheiro agrônomo “Boas práticas em Manejo Integrado de Pragas (MIP) é o monitoramento semanal do que está acontecendo na lavoura através do uso do pano batido. Esse é o princípio. É você ter informação da população de pragas, especialmente, mas também é possível ter informação de inimigos naturais. A partir dessa informação, tomar decisão do melhor momento de iniciar o controle químico. E o uso dessa simples ferramenta tem reduzido, no Paraná, pelo menos a metade das aplicações que são realizadas. Na última safra do estado, a média de aplicações foi de 4,7 e nas áreas monitoradas pela campanha, a média foi de 2,1. Esse ano pretendemos alcançar ou até diminuir esses números”.

Manejo Nutricional de Equinos Karine Adria Pietricoski “Nós domesticamos o cavalo. Atualmente, é como se ele fosse um ente da família. Mas como nós o tiramos de uma vida livre e trouxemos para dentro de uma baia, temos que ter atenção com alguns determinados manejos, para que a gente não tenha determinadas doenças que são muito comuns, como cólicas e laminites. São algumas questões básicas sobre anatomia e fisiologia dos cavalos que a gente precisa entender para que não tenha problemas. Os principais cuidados que devemos ter no manejo nutricional é alimentação, sempre fracionada. Os cavalos têm estômagos pequenos, então precisam comer várias vezes ao dia, mas pouco por vez. Outra falha no manejo que vemos hoje é a falta de água. Os equinos, às vezes, são privados de água. É preciso dar muita água e água de qualidade para eles”.

Critérios Práticos para Manejo de Irrigação em cultivos de Hortaliças Professor Sidnei Jadoski – Unicentro “Alguns dos critérios que o produtor deve considerar no manejo de irrigação do HF é como determinar a necessidade de água para cultura; pontos que demonstrem que o volume de água que está sendo aplicado é o suficiente; e uma relação entre a aplicação de água e retorno econômico. Também é preciso considerar algumas culturas mais apropriadas para a região, alguns processos de determinação de umidade e disponibilidade para a cultura, equipamentos, sistemas que a gente pode utilizar para saber quando e quanto irrigar. O produtor precisa entender que a deficiência hídrica associada ao manejo de irrigação são coisas que não podem existir. Mesmo você tendo sistema de irrigação, se não tiver critérios de manejo específicos para aquela cultura, você pode estar perdendo, às vezes, até mais do que não irrigando”.

Qualidade de Vida Doutor Marcos Cabrera “É muito importante a gente cuidar da gente. Ficamos preocupados com a missão de produzir, de ganhar dinheiro, de estruturar nossa família, mas esquecemos de cuidar de nós mesmos. Um dos pontos mais importantes, nesse tema de qualidade de vida é que as pessoas não se reconhecem como seres que podem adoecer. Seja de problemas mentais, psíquicos ou físicos, elas acabam não investindo suficiente nisso. Desde a alimentação até cuidados com o sono, atividades físicas, relações pessoais, etc. Eu acho que se as pessoas reconhecessem que elas têm chance sim de adoecer, elas estariam cuidando com outro tônus para estar cuidando disso”.

Revista do Produtor Rural do Paraná

33


Sucessão trigo-soja: Aspectos Econômicos Doutora Cláudia de Mori – Embrapa Soja “Nós desenvolvemos uma pesquisa a partir de 2012 na região, na tentativa de responder algumas questões que mudaram ao longo do tempo, principalmente na soja, que as cultivares estão vindo cada vez mais precoces. Então tem que haver o encaixe temporal nisso. Basicamente, na pesquisa se fez uma estrutura de experimentação com quatro sistemas: a sucessão aveia-soja; trigo de ciclo longo-soja; cevada ciclo médio-soja; e trigo ciclo precoce -soja. Além disso, avaliamos as questões do ciclo de soja. A ideia foi analisar como que se ajustam essas duas culturas nesses sistemas, e como é o rendimento e a incidência de pragas e doenças. Apresentei no dia de campo a parte econômica, ou seja, quais desses sistemas traz mais retorno econômico. A indicação, considerando os dois anos de pesquisa, em termos de margem operacional é de sistemas pautados em trigo ciclo tardio e cevada ciclo médio, combinados com a soja. A soja, principalmente a 5.6 (ciclo precoce) e a 6.2 (ciclo precoce) foram as melhores combinações. É preciso que o produtor tenha um ajuste fino nesse sistema, da técnica aplicada, na escolha desses cultivares, impactando no resultado final. Por fim, o produtor precisa considerar que a cultura de inverno contribui para a questão dos custos fixos. E outra questão importante é a diversificação. Temos que olhar a agricultura como parte integrante de uma região, que está calcada nela. Tem toda uma rede de economia que se apoia nela”.

Atividade Rural – Tributação do empresário rural Enio Borges de Paiva – Safras & Cifras “Estamos próximos da declaração de Imposto de Renda. Houve poucos investimentos na atividade rural e os preços não foram ruins no ano de 2015. Nós temos uma previsão que vai haver um crescimento na carga tributária do Imposto de Renda da pessoa física. Viemos com uma alteração constante na legislação. Também viemos com inovações, porque todos os entes públicos, dependendo do seu nível, querem, cada vez mais, aumentar a arrecadação. E nessa busca de arrecadação, temos uma lei que foi aprovada ontem, do aumento do ganho de capital, que vai chegar a 22,5%. E a novidade da Receita Federal é a participação de contribuintes que serão “vips”, que terão um olho especial da Receita. Nesses contribuintes, a agricultura é uma fonte, sem dúvida nenhuma, de busca da carga tributária, pois o agronegócio está com 44% do PIB brasileiro. Portanto, cada vez mais, será necessário o produtor se organizar, ter uma estrutura melhor contábil-administrativa para buscar ter uma carga menor de impostos e quando vier uma fiscalização, estarem mais preparados. Uma das estratégias é também adotar o sistema mix de tributação, ou seja, ter uma parte na pessoa jurídica e uma parte na pessoa física”.

Estações da FAPA

Além das palestras principais, o Dia de Campo de Verão contou com sete estações simultâneas da Fundação Agrária de Pesquisa Agropecuária (FAPA):

MECANIZAÇÃO AGRÍCOLA

MILHO E FERTILIDADE DO SOLO

FITOPATOLOGIA

FEIJÃO

“Qualidade de grãos de milho para a indústria de grits”, com Celso Wobeto e “Níveis de manejo na cultura do milho”, com Sandra Mara Vieira Fontoura

“Pneus Agrícolas – custos e benefícios” Pesquisador: Dr. Étore F. Reynaldo

“Manejo integrado do complexo de doenças na cultura da soja” Pesquisador: Msc. Heraldo Feksa

34

“Manejo de cultivares de feijão preto e carioca” Pesquisadores: Msc. Noemir Antoniazzi e Msc. Eduardo Pagliosa

ENTOMOLOGIA

HORTALIÇAS

SOJA

“Manejo de pragas na cultura da soja” Palestrante: Alfred Stoetzer

“Trigo Mourisco e Hortaliças” Palestrante: Juliano Almeida

“Posicionamento fitotécnico da nova cultivar de soja PRODUZA IPRO” Pesquisador: Vitor Spader

Revista do Produtor Rural do Paraná


Estande do Sistema Faep/ Senar/ Sindicato Rural de Guarapuava Mais uma vez, o Sistema FAEP, através do Sindicato Rural de Guarapuava e o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (SENAR), estiveram presentes no evento. No estande da entidade, os produtores rurais e parceiros da entidade foram recepcionados. Roberto Cunha, Rodolpho Luiz W. Botelho e Cícero Lacerda

Rodolpho L. W. Botelho, Gibran Thives Araújo, Daniel Rosenthal e Roberto Cunha

Para os associados, houve o sorteio de três cestas de páscoa. Confira os ganhadores: Sorteio das cestas de páscoa

Luciana Bren, Robert Utri e André Spitzner

Maria Helena Lacerda (recebeu por Cícero Lacerda) e Arnaldo Machado

Ernesto Stock e Luciana Q. Bren

Direto dos EUA Um grupo de produtores rurais americanos visitou o Dia de Campo de Verão 2016 Agrária. No estande do Sindicato Rural, eles foram recepcionados pelo gerente agrícola da Cooperativa, André Spitzner, o coordenador da Fapa, Leandro Bren, o diretor do Sindicato Rural João Arthur Barboza Lima e o produtor rural associado ao Sindicato, Roberto Cunha. Revista do Produtor Rural do Paraná

35


Milho e soja

Pioneer apresenta novidades tecnológicas em milho e soja Materiais em milho combinam várias tecnologias; na soja, uma cultivar com alto PMS

H

íbridos de milho que somam várias tecnologias para o controle de sete espécies de lagarta, e uma nova cultivar de soja (95Y52), tolerante ao glifosato e ao nematoide do cisto, estiveram em destaque no estande da Pioneer no Dia de Campo de Verão da Agrária 2016. O evento, realizado na Fundação Agrária de Pesquisa Agropecuária (FAPA), no distrito de Entre Rios, ocorreu nos dias 24 e 25 de fevereiro, quando produtores rurais puderam conhecer a linha de híbridos Leptra: 32R48, 30F53 e 30R50, os três para plantio de verão na região definida pela empresa como Sul (abrangendo, entre outros locais, Guarapuava e seu entorno).

Cyrano Yazbek, Martinho Skawinski, Marcelo Mayer, Sérgio Rovedo e Adilson Pagno

O híbrido 32R48 Leptra (tecnologias 32R48YH e 32R48VYHR), um superprecoce recomendado somente para silagem, é para semeadura no cedo (70 a 80 mil plantas/ha). Outra opção Leptra, o 30F53 (30F53YH, 30F53VYH e 30F53VYHR), um precoce, para semeadura no cedo e no normal (ambos os casos, 70 a 75 mil plantas/ha); e o

36

Revista do Produtor Rural do Paraná

30R50 Leptra (30R50YH e 30R50VYH), que é para o plantio cedo ou normal (ambos os casos, 65 a 75 mil plantas/ha). A Pioneer trouxe ainda outros destaques: três lançamentos, com P1680, P2866, P3271, além de P3456 – os quatro, possíveis de serem plantados no Sul. O híbrido P1680YH, um hiper precoce, tem indicação Pioneer: um dos destaques do Dia de Campo de Verão da Agrária 2016 para plantio cedo (70 a 75 mil plantas/ha) e normal disse, referindo-se ao controle das la(70 a 80 mil plantas/ha) e também esgartas da espiga, do cartucho, do trigo, tará disponível na versão Leptra. rosca, elasmo, broca-da-cana-deO material P2866H, super precoce, -açúçar e eridania. é para cultivo cedo (70 a 75 mil planEle comentou ainda característas/ha) e normal (60 a 70 mil plantas/ ticas da soja 95Y52 (ciclo 5.2): “Aqui ha). Outro híbrido precoce, o P3271H na nossa região são 118 a 120 dias. tem elevado potencial produtivo, para A altura de inserção de vagem dela plantio no cedo (70 a 75 mil plantas/ é muito expressiva. Isso possibilita ha) e normal (60 a 70 mil plantas/ha). plantio bem antecipado quanto no O material P3456H, de ciclo precoce, pós-trigo” – na região, informou, o no Sul é para plantio cedo (70 a 75 mil ciclo é precoce. Outro ponto forte da plantas/ha) ou normal (60 a 70 mil cultivar, para Yazbek, é o PMS: “Um plantas/ha). A Pioneer antecipa que alto Peso de Mil Sementes, de 180g”. este híbrido também estará disponível Materiais informativos da Pioneer para a safra 2016 na versão Leptra. fornecem vários detalhes técnicos Representante comercial para importantes para o cultivo dos mateGuarapuava e região, Cyrano Leonarriais da empresa, que enfatiza a nedo Yazbek, detalhou os lançamentos: cessidade dos produtores realizarem, “Hoje, a tecnologia é considerada a no milho, o refúgio, e observarem, na mais eficiente. Ela tem efeito sobre as soja, o vazio sanitário. sete lagartas que atacam a cultura”,

Híbridos: Lançamentos e tecnologia Leptra


Revista do Produtor Rural do Paranรก

37


Câmara Municipal

Contra o fracking

D

esde 2013, o Governo Federal, por meio da Agência Nacional do Petróleo, vem realizando leilões para blocos do folhelho do xisto em regiões brasileiras, que explora o gás do xisto de forma não convencional, também conhecido como fracking (Extração do Gás do Xisto através do Fraturamento Hidráulico). As áreas são distribuídas em oito setores de seis bacias sedimentares, sendo localizadas nos estados da Bahia, Espírito Santo, Maranhão, Paraná e Rio Grande do Norte. No Paraná, a região de Guarapuava também está inclusa nos blocos. A Comissão de Agricultura e Defesa do Meio Ambiente da Câmara Municipal de Guarapuava se mostrou contrária à exploração do gás xisto de forma não convencional na região. No dia 11 de dezembro de 2015 foi realizada uma audiência pública sobre o assunto. O encontro teve a presença da Nicole Figueiredo de Oliveira da 350.org Brasil que explanou sobre “A Realidade do Fracking nos EUA” e do membro da Coalizão Não Fracking Brasil, Juliano Bueno de Araújo, que debateu sobre “Fracking, os riscos à Agricultura e a água”. Ambos demonstraram as consequências que o fracking pode trazer ao meio ambiente. O presidente da Comissão, vereador Germano Toledo Alves, pontua que já estão sendo tomadas ações legais contra o fracking. “Quando soubemos que um bloco aqui na nossa região também seria licitado pela ANP, fizemos um projeto de lei juntamente com o vereador Neto Rauen, para que não possa ser explorado o gás do xisto aqui, por meio do fracking. Também vou entrar com mais dois projetos de lei para não poder utilizar água no sistema de fracking e também um projeto para proibir o

38

Revista do Produtor Rural do Paraná

transporte dos produtos químicos utilizados no processo”. Alves diz que as próximas ações serão unir forças com outros municípios da região para que não aceitem a extração do gás xisto. “Precisamos conscientizar o governo dos municípios da região e também os cidadãos, para que tomem ciência dos riscos que essa forma de extração de gás pode trazer”.

Polêmica O Fracking vem causando discussões polêmicas por ser um processo que pode trazer consequências graves ao meio ambiente e às pessoas. Para que o gás metano seja liberado da rocha do xisto, o solo é perfurado, e através de tubulações são injetados de 7 a 15 milhões de litros de água e mais de 600 tipos de produtos químicos, alguns extremamente nocivos ao meio ambiente e outros até cancerígenos. “O gás metano que sobe vem com água e vapor. Depois tem que ser processado e retirada essa água. Nessa retirada, é feita uma piscininha e essa piscininha é altamente tóxica. É onde vão ficar os produtos cancerígenos e radioativos e eles podem contaminar

ar, água e solo em longas distâncias”, explica o vereador, complementando que não há como prever que o gás metano seja captado 100% pelo cano. “O gás do xisto comparado a outros gases é 86 vezes mais poluente”.

Impacto na agricultura Além da contaminação do solo e da água, o fracking apresenta uma potencial força de competição com a agricultura pela água fresca, já que no processo são utilizadas quantidades expressivas de água (7 a 15 milhões de litros). Além disso, Alves atenta para os próprios alimentos contaminados em locais que utilizam o fracking como forma de extração do gás. “Os membros da Comissão do Meio Ambiente da Assembleia Legislativa do Paraná fizeram uma visita na região da Patagônia, na Argentina, onde fazem o fracking. Há uma alta produção de maçã na região e nos últimos anos vem sendo observado um fenômeno diferente com a fruta produzida no local. Quando cortada, ela não oxida e tudo indica que são os produtos químicos que estão chegando até o fruto”.


Pneus

Michelin em prol do desenvolvimento agrícola

A

tualmente, todos os agricultores se deparam com um desafio em comum: maximizar sua produtividade e reduzir os custos operacionais. Para isso, a busca pela melhoria nas performances das máquinas agrícolas é, cada vez mais, acirrada. Nesse contexto, há um elemento fundamental que poucos percebem, mas que pode fazer muita diferença: os tipos de pneus agrícolas. Com o intuito de apresentar as inovações para o segmento de pneus agrícolas, a Precisão Máquinas realizou, no município de Arapongas - PR, uma demonstração técnica evidenciando o desempenho dos pneus agrícolas de diferentes tecnologias. Durante a demonstração, que contou com a presença de mais de 100 agricultores da região, foi utilizado um trator de 180HP com um escarificador de 4,2m de largura com as hastes a 25 cm de profundidade, para o preparo de solo em uma área de 200 metros de comprimento. Primeiramente, o trator trabalhou com os pneus originais 24,5 - 32 no eixo traseiro e pneus 18,4-26 no eixo dianteiro, ambos de constru-

ção diagonal. Posteriormente, foram montados no mesmo trator, pneus agrícolas com tecnologias MICHELIN Ultraflex de dimensões VF 710/60 R38 no eixo traseiro e VF 600/60 R30 no eixo dianteiro. O trator trabalhou em regime de 2.000 RPM nas duas passagens realizadas e por meio de equipamentos de precisão, como GPS e sistema de medição de consumo de combustível, constatou-se uma redução no consumo de combustível de 31% por hectare trabalhado. Os pneus agrícolas com tecnologias Michelin Ultraflex, por permitirem a rodagem com menor pressão, proporcionam uma maior área de contato com o solo e consequentemente um menor índice de patinagem. Ficou comprovado que o trator alcançou uma melhor velocidade de trabalho, o que resultou em uma melhor produtividade da máquina em hectare/hora de 18,2%. A demonstração mostra que, mesmo diante do investimento na mudança de aros dos rodados, os pneus agrícolas de tecnologias MICHELIN Ultraflex contribuem para a melhor performance das máquinas e consequente economia para o produtor em

curto prazo. Além da economia no consumo de combustível e o ganho de tempo de trabalho, os pneus com tecnologia MICHELIN Ultraflex também proporcionam menor compactação do solo, o que contribui ainda mais para a melhor produtividade do agricultor, explica Christian Mendonça, Diretor de Comércio e Marketing de Pneus Agrícolas da Michelin América do Sul. Com o mesmo trator, em condições idênticas de carga, foi comprovada uma redução de penetração no solo de 17% dos pneus com tecnologia MICHELIN Ultraflex, comparativamente aos pneus diagonais. Esse resultado diminui consideravelmente a compactação do solo, o que se traduz em um maior rendimento agrícola por hectare. Estudos realizados por entidades independentes ainda comprovaram que, com a utilização da tecnologia MICHELIN Ultraflex, ocorreu um aumento de 4% na produtividade de uma lavoura quando comparado, nas mesmas condições, ao uso de pneus radiais Standards. Para maiores informações acesse: www.redemichelin.com.br

Revista do Produtor Rural do Paraná

39


Secagem de resíduos

KWAYB WASTE SOLUTION:

Solução revolucionária para secagem de resíduos João Sérgio Hul Engenheiro Mecânico CREA PR-21789-D

A

E.M.G. do Brasil, empresa nacional, que atua na área da metalurgia desde 2007, apresenta ao mercado KWAYB WASTE SOLUTION, fracionador e secador, projetado para minimizar os impactos ao meio ambiente e agregar valor ao produto, que antes era considerado passivo ambiental. Desenvolvido para atuar nas áreas de agroindústria (dejetos, lodos e rejeitos), florestal (galhadas, cascas e raízes) e urbana (podas de árvores, lodo sanitário e lixo orgânico), o KWAYB WASTE SOLUTION, equipamento com tecnologia ambientalmente sustentável, tem capacidade para triturar e secar até 4 toneladas de resíduos por hora, com consumo de energia elétrica de 80 kW/hora (sem compactador) e fonte de geração térmica de acordo com a disponibilidade do cliente (vapor, gás, óleo BPF, biomassa ou resistência elétrica). O material na entrada pode conter umidade de até 95%, tendo na saída umidade entre 10 a 15%, conforme ajustes e necessidades do produto final, sendo o tempo de residência dos resíduos no equipamento de 2 a 3 segundos, podendo ser utilizado como fertilizante, biomassa ou ração animal.

40

Revista do Produtor Rural do Paraná

A água contida nos resíduos é evaporada, reduzindo dessa maneira os efluentes líquidos da unidade. Com a instalação de um condensador, a água pode ser reaproveitada para limpeza, contribuindo com a redução de consumo de água da unidade produtiva. O resíduo seco poderá ser compac-

Fig. 1

tado para aumentar a relação peso/ volume e, assim, diminuir o custo do transporte devido ao maior aproveitamento do modal de transporte. Comercializado como unidade fixa ou itinerante (fig 1), tem como itens opcionais: compactador, lava-

dor de gases, condensador, flotador e gerador de energia. Apresenta sistema de fácil montagem devido ao conceito de estrutura em containers. Apenas uma base prévia é necessária, onde o sistema é descarregado e montado, sendo os componentes conectados sem necessidade de retirar da estrutura que serviu para o transporte (Fig. 2). O equipamento apresenta resultados extremamente satisfatórios com rejeitos de hidrapulper, casca de pinus e eucalipto e lodo decantado de flotador; Por reduzir drasticamente o peso (umidade), facilita muito o transporte e armazenagem de resíduos. Exemplos na área agropecuária: secagem de rúmen bovino (obtém-se um produto que pode ser utilizado como combustível em caldeiras de biomassa); vísceras de animais, onde a água contida será reduzida a valores baixos, evitando problemas na armazenagem e reduzindo o custo de transporte.


Novas aplicações poderão ser testadas no equipamento instalado em Araucária-PR, nas instalações da EMG. Testes podem ser agendados e realizados para verificação da aplicação do KWAYB WASTE SOLUTION no resíduo específico da sua empresa. O site www.kwayb.com.br apresenta detalhes técnicos e um vídeo do equipamento instalado em Araucária para testes, além de exemplos de algumas das aplicações. A EMG do Brasil fez parceria estratégica com grandes empresas italianas, como Globus e Trasmec, o que faz dela uma líder em produção e tecnologia de última geração, com atuação em sistemas de movimentação e transporte de toras, cavacos, pátios de biomassa, na elaboração e implementação de projetos especiais, adequando-se à necessidade de cada cliente, entre os quais destacam-se: ADM, Arauco, Belagrícola, Berneck, BSC, Duratex, Eucatex, Fibria, Grand

Fig. 2

Food, Imcopa, International Paper, Klabin, Suzano e Trombini. Conta com engenheiros e técnicos altamente capacitados e com grande experiência, proporcionando soluções completas para trans-

porte, armazenagem e processamento de graneis sólidos, pátios de madeira e biomassa, com máxima confiabilidade e tecnologia, atendendo plenamente as necessidades de seus clientes.


Agricultura

O impacto do El Niño Provocadas pelo El Niño, chuvas constantes no segundo semestre de 2015 impactaram na produtividade de várias culturas no Paraná. Em Guarapuava e região, fenômeno atingiu trigo e feijão

O

agricultor do Paraná teve, entre a segunda metade de 2015 e o começo de 2016, uma “surpresa” diferente. Desta vez, mais do que as lagartas e a ferrugem da soja, o susto ficou por conta do efeito do El Niño. O fenômeno que acontece com o aquecimento das águas do Oceano Pacífico trouxe um tempo mais do que úmido. Também no centro-sul do Estado, o período significou precipitações pluviométricas acima da média e além de qualquer expectativa. No distrito de Entre Rios, uma das principais áreas agrícolas de Guarapuava, a estação meteorológica da Fundação Agrária de Pesquisas Agropecuária (FAPA) registrou que, em 2015, dos sete meses com chuva acima da média, cinco ocorre-

42

Revista do Produtor Rural do Paraná

ram no segundo semestre: julho teve 316mm (média de 154mm); setembro, 209mm (média de 169mm); outubro, 226mm (média de 212); novembro, 194mm (média de 165mm); e dezembro, 262mm (média de 194mm). Apenas nos primeiros 15 dias de janeiro de 2016, o volume chegava a 134 mm (média de 196mm), com um extremo no dia 10, quando houve 51mm. Ainda de acordo com a FAPA, no ano passado a radiação solar medida em W/m² (watts por metro quadrado) se mostrou abaixo da média em seis dos 12 meses do período. Quatro daqueles meses, no segundo semestre: julho, com 280 (média 310,2); outubro, com 373,8 (média 408,3); novembro, com 306 (média 442,2); e dezembro, com 326,1 (média 439,1). Num ano já marcado por elevação de custos de

produção, luz solar de menos e chuva demais reduziram a produtividade de lavouras importantes, como trigo, tomate e feijão. Em 12 municípios do centro-sul do Paraná, onde o trigo começou com área cerca de 8% menor, as precipitações excessivas coincidiram com o ciclo da cultura. Conforme apurou a REVISTA DO PRODUTOR RURAL junto à Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento (SEAB) em Guarapuava, o comparativo do percentual de colheita no auge da safra na região (novembro) mostrava o desafio dos agricultores: em 2013/2014, 70% – índice normal; em 2014/2015, apenas 55%. Na produtividade, o ano anterior registrou 3.357 kg/hectare. Para 2014/2015, a expectativa inicial era de 3,6 mil kg/ hectare. Mas um levantamento de 11


Roman Keller: “zero a zero” no trigo e otimismo no milho

janeiro, que ainda aguardava alguns números do setor, apontava para cerca de 2,4 mil kg/hectare. O DERAL sublinhou que prossegue com a análise dos dados, o que mais tarde permitirá um panorama mais exato da colheita (em 2013/2014, o trigo na região teve área de 74.290 hectares, com produção de 249.363 toneladas). Na soja pós-trigo, era o comparativo de percentual de plantio, realizado em novembro, que dava a dimensão da mesma dificuldade. No final daquele mês, somente 70%, quando o normal deveria ser 95%. Cerca de 30% da área acabaram ficando para dezembro. Em alguns campos, a germinação deixou a desejar. Em outros, se recorreu ao replantio. Luminosidade solar em quantidade adequada também fez falta. Já nos primeiros dias de 2016, entraram doenças como ferrugem e mofo branco. Levantamento preliminar da situação das lavouras, em 11 de janeiro, indicava: 3% ruim; 22% medianas; e 75% boas (outras avaliações foram feitas posteriormente). No mercado, pelo menos, o momento de semeadura da soja anunciava rentabilidade melhor do que no feijão e no milho. A cultura se expandiu: de 255.300 para 271.600 hectares. Na safra passada, a produtividade ficou em 3.282 kg/hectare. Para 2015/2016, a expectativa é de 3.450 kg/hectare, com produção estimada em torno de 937.020 toneladas.

No milho, o DERAL avaliou que o plantio, quase todo concentrado no mês de setembro, transcorreu em boas condições. Em janeiro, não se registrava perdas naquela cultura. Se o desenvolvimento foi possível apesar do tempo úmido, restava a expectativa de ver, na colheita, se a falta de luz do sol em níveis normais teria ou não afetado a produtividade. O feijão foi outra cultura impactada pelo El Niño. Em regiões como a de Prudentópolis, a colheita se concentrou em final em novembro/dezembro, sob excesso de umidade. Resultado: muitos grãos brotados, ardidos e perdas em torno de 50%. Também na região central do Estado a cultura registrou quebras expressivas. No campo, a REVISTA DO PRODUTOR RURAL voltou a realizar um giro por propriedades, conversando com produtores sobre suas safras. Nos seus cálculos, os números do inverno passado também foram mais modestos. Nos plantios de verão, expectativa. O clima que começou difícil pareceu melhorar em meados de janeiro. No distrito de Palmeirinha, em Guarapuava, o agricultor Roman Keller estimou que em sua propriedade o volume de chuvas tenha superado entre 20% e 30% a média normal. “Para um El Niño dessa intensidade não foi tão relevante”, avaliou, considerando que o maior desafio ficou por conta dos poucos dias de sol e da temperatura

quente, que favoreceram a incidência de doenças. No trigo, recordou que foi necessário uma aplicação a mais do que o previsto e considerou sorte ter conseguido colher o cereal antes que a chuva prejudicasse a qualidade de grão. Mas a produtividade prevista em 4 mil kg/hectare acabou ficando em 3,3 mil kg/hectare. Na rentabilidade, Keller disse que a safra terminou num empate entre investimento e prejuízo. Com 25 anos de experiência na cultura, disparou: “Ninguém aplica tecnologia para ficar no zero a zero”. Por outro lado, defendeu que a rotação das lavouras de verão e de inverno é fundamental para reduzir doenças na soja e no milho, apontando que abrir mão do trigo pode significar muito mais despesas com agroquímicos no verão. Por esta razão, antecipou, em 2016 a triticultura prossegue na propriedade: “Pretendo para a próxima safra manter a área que tive no inverno passado. Estamos planejando uma redução de investimento, calibrar a adubação conforme o rendimento esperado”. Na cevada, outro cultivo de inverno na fazenda, a lavoura também sentiu o clima. Doenças elevaram o custo com aplicações e reduziram o rendimento da cultura. No milho, apesar da pouca luminosidade solar, o agricultor se mostrou otimista: “A lavoura está muito bonita”. Para ele, a análise visual das espigas indicava que a produtividade poderia alcançar a do ano passado (12 mil kg/hectare) ou ser até melhor.

Regiane: no trigo, quebra de safra; na soja, alegria com visual da lavoura Revista do Produtor Rural do Paraná

43


Na soja, Keller contou que conseguiu implantar a lavoura dentro do calendário, encerrando os trabalhos dia 10 de dezembro. Porém viu nas chuvas dos primeiros dias de 2016 condições difíceis para a sanidade das plantas: “Todas as doenças da soja, de que se tem conhecimento, parece que tinha na nossa lavoura. Mas agora, com esse veranico, desses 12 ou 13 dias, a situação melhorou bem, o controle está tranquilo”, relatou ao se referir ao um período de sol em meados de janeiro. Pragas como falsa-medideira e helicoverpa, completou, também apresentavam incidência dentro do normal. Expectativa de produtividade: a mesma do ano passado. Keller sublinhou, no entanto, que ainda era cedo para projetar o desempenho exato da cultura, que só seria colhida dali a 45 dias. Em outra propriedade, nas proximidades do Rio Jordão, a produtora Regiane Lustosa também registrou perdas no trigo, mas se alegrava, em final de janeiro, com o aspecto visual do milho e da soja. Na triticultura, contou que foi a primeira vez, em 13 anos, que o cultivo encerrou o ciclo no vermelho. A dificuldade com a chuva começou no plantio, nos últimos dias de junho. “No final de outubro, já começou a entrar doença. O que pegou aqui para nós foi a giberela. Bem intensamente.

Ano de 1983 teve mais de 3.000 mm de chuva Conhecida entre produtores rurais e meteorologistas como um local de chuvas regulares, Guarapuava têm visto não raramente precipitações pluviométricas acima da média. Desde que o clima começou a ser monitorado pela estação meteorológica da Fundação Agrária de Pesquisa Agropecuária – FAPA (1976), localizada na Colônia Vitória, no distrito de Entre Rios (Guarapuava), o momento mais chuvoso no local foi 1983, com 3.190mm. Apenas o mês de julho daquele ano teve 655mm. Já na média de todos os anos, outubro apresenta o maior volume de chuvas, atingindo 212mm. Um extremo daquele mês ocorreu em 1997, com 363mm. Mas novembro, de acordo com a FAPA, também já registrou muita chuva, como em 1982, quando o volume atingiu a marca de 468mm. O fenômeno correspondeu a mais do que o dobro da média do mês mais úmido. O período mais seco dos 40 anos de monitoramento foi 2006, com 1.230mm. Na média das quatro décadas, a chuva medida na estação da FAPA soma 1.985mm por ano.

“Chuva na colheita, já sofremos com isso, mas durante todo o ciclo, isso nunca tinha acontecido,” Sueli Karling – Produtora de feijão Sueli Karling (Pitanga): no feijão, perdas e oscilação da qualidade dos grãos

44

Revista do Produtor Rural do Paraná


Não consegui fazer o controle. A qualidade de grão caiu: PH, tive de 64 a 76. Então, praticamente colhi a metade da lavoura”, relatou. A plantação conduzida para uma produtividade de 4,8 mil kg/hectare alcançou média de apenas 2.262 kg/hectare. Ainda assim, a agricultora antecipou que para o inverno deste ano vai manter a área: “Só pelo benefício que a cultura do trigo traz para a soja já é válido – se a gente empatar, já está ganhando”, justificou, revelando que vai inclusive repetir o investimento para produtividade elevada. No milho, ela disse que a pouca luz solar já deixava entrever que esta safra teria alguma perda, mesmo não muito significativa, ficando abaixo dos 13,6 mil kg/hectare obtidos em 2014/2015. Já na qualidade de grão, pairava uma dúvida: “Não sei como vai ser. Acho que vamos ter problema com grão ardido. Tudo indica que vai ser um pouco maior do que nos outros anos”. Na soja, o plantio aconteceu “debaixo de água”. Houve falhas na distribuição de sementes no solo. “Alguma perda já teve. Mas visualmente, a lavoura está muito bonita. Ainda não tem como prever uma produção”, acrescentou Regiane, que na safra passada alcançou média de 68 sacas/ hectare. Em compensação, destacou, a doenças e pragas, como ferrugem e lagarta falsa-medideira, se mostravam sob controle. Em ambas as culturas de verão, a produtora, que também é técnica agrícola, encontrava só um detalhe preocupante: as raízes, que se desenvolveram menos do que o normal. Risco no caso de um tempo mais seco no fim do ciclo. Apesar disso, afirmava a determinação de quem vive de plantar e colher: “Acho que a gente não pode se abater. Temos que continuar. Não é por causa de um ano atípico que vamos deixar de fazer a lavoura”. Na região central do Estado, outra cultura, o feijão, mostrava semelhante impacto do clima. Sueli Karling, que há 10 anos se dedica àquele cultivo em sua propriedade, em Pitanga, viu boa parte da rentabilidade cair literalmente no chão. Correspondendo a cerca de 20% de sua área de verão, ao lado de

Feijão: estiolamento de plantas, brotamento de grãos

Grãos: Safra recorde no Paraná

O Paraná encerrou 2015 registrando safra recorde, conforme divulgou, dia 18 de dezembro do ano passado, a Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento (SEAB). O volume total de grãos chegou a 38 milhões de toneladas no período 2014/2015, ou 6% superior a 2013/2014. A avaliação da SEAB indica ainda que o resultado foi possível porque produtores e técnicos vêm se dedicando a treinamentos constantes, aplicando as tecnologias existentes. Mas no trigo, o clima castigou a lavoura, com estiagem, em meados de setembro, e chuva na colheita, em novembro. A cultura, que teve seu potencial estimado pelo DERAL em 4 milhões de toneladas (para um quadro climático normal), acabou alcançando apenas 3,3 milhões de toneladas. Após a safra, o DERAL avaliou que, daquele total, cerca de 67% da produção paranaense (2,2 milhões de toneladas) apresentou P.H. (índice de qualidade) 78, 25% teve P.H. 76 e cerca de 8% do trigo foi considerado como triguilho, destinado à ração animal.

milho e soja, a safra de uma variedade carioca, semeada entre 2 e 10 de outubro do ano passado, se encerrou dia 21 de janeiro, sob sol forte e céu azul, revelando o estrago das chuvas: as plantas tiveram desenvolvimento anormal (estiolamento), não suportaram o próprio peso e acabaram por se dobrar

completamente sobre o solo. Este acamamento trouxe um desafio a mais: a plataforma da colhedeira só conseguia recolher parte das vagens. Do total obtido, grãos germinados reduziram ainda mais a produtividade. Balanço final: quebra de no mínimo 50%, com média de 30 sacas/hectare. “O normal, nossa Revista do Produtor Rural do Paraná

45


2015/2016: estimativa para as primeiras safras de soja e milho Em dezembro do ano passado, o DERAL já antevia as tendências da safra de verão 2015/2016 no Paraná. Ressaltando que um número exato da colheita só pode ser obtido após o encerramento dos trabalhos no campo, projetava uma produção de 22,2 milhões de toneladas de grãos. Na soja, a área em todo o Estado chega a 5,3 milhões de hectares, com previsão apontando para um

volume recorde de 18 milhões de toneladas. Em 2014/2015, foram 5,1 milhões de hectares, com 16,9 milhões de toneladas. No milho da 1ª safra, a área é de 429 mil hectares, cerca de 21% a menos que no ano passado. A estimativa aponta para 3,7 milhões de toneladas. Em 2014/2015, a 1ª safra teve 542 mil hectares, gerando 4,6 milhões de toneladas.

Gabriel Gerster: no tomate a campo, chuva no plantio e expectativa de safra normal

46

Revista do Produtor Rural do Paraná

meta sempre, é de pelo menos 50 sacas/hectare”, comparou a produtora rural. “Chuva na colheita, já sofremos com isso, mas durante todo o ciclo, isso nunca tinha acontecido”, recordou. Na comercialização, Sueli comentou que a demanda estava forte, possibilitando escoar o feijão “tranquilamente”. Segundo avaliou, preços bons, em torno de R$ 200,00/saca (naquele momento), ajudavam a compensar ao menos em parte os prejuízos. A dificuldade era conseguir, no volume colhido, feijão com qualidade suficiente para alcançar os maiores patamares. Ela calculava realizar vendas entre R$ 100,00 a R$ 200,00/saca. Apesar da quebra, a produtora rural afirmou que, para a próxima safra, pretende manter a área. “A gente não tem feijão como uma cultura de aventura”, explicou. Para ela, que é agrônoma, a alternativa para evitar ou contornar as dificuldades é buscar o profissionalismo: “Tentamos trabalhar com variedades mais precoces, com época, escalonar”. Sueli ressaltou que ser agricultor é ser perseverante: “O produtor é sempre persistente”. Perseverança também foi necessária na olericultura. Até mesmo quem cultiva seus produtos em estufa, protegidos da chuva, percebeu que não teve como escapar da falta de luz do sol, que colocou o desenvolvimento das plantas em marcha lenta. Em Guarapuava, o agricultor Lourenço Lemler, que há 20 anos produz tomate do tipo canadense no distrito de Entre Rios, resumiu sua impressão sobre o quadro climático em entrevista, dia 13 de janeiro: “Nunca vi uma situação


dessas”. Conforme explicou, aquele seria o momento de pico da safra. Nos 1.200 m² de estufa, os cerca de 720 pés de tomate deveriam estar produzindo, cada um, de 12kg a 15kg (cada fruto pesa em média 600g). A realidade era outra: quebra de 50%, com cada planta dando, no máximo, 6kg ou 7kg. A causa, atribuiu à baixa luminosidade do período, porque todos os outros fatores da produção, segundo destacou, foram utilizados como sempre. “O tomate precisa de 13 a 14 horas de luz por dia”, disse. Lemler detalhou que, sem aquele insumo, a planta até cresce, porém os frutos se mostram mais suscetíveis a doenças e a produtividade despenca. Para tentar amenizar o prejuízo, o produtor reconheceu que foi necessário aumentar o preço, de R$ 6,00 para R$ 8,00 o quilo. Embora frente a uma quebra, sublinhou, a propriedade conseguia atender a demanda de seus clientes tradicionais. Mas ponderou que desta vez a menor produtividade não permitiu a oferecer o produto a um supermercado local. Mesmo preocupado, Lemler afirmou que pretende prosseguir com investimentos e antecipou que para a safra julho-outubro já comprou um equipamento de aquecimento para a estufa. Em dias com temperaturas abaixo de zero, comuns no inverno guarapuavano, o objetivo é manter o clima ambiente em torno de 5°C – o suficiente, contou o produtor, para evitar que o tomate seja danificado. “Esse frio acontece de três a quatro noites por ano. Então compensa. O aquecimento dura até cinco horas”, completou. No tomate a campo, outro produtor de Entre Rios, Gabriel Gerster, se disse igualmente surpreso com a chuva do segundo semestre de 2015: “Esse período foi muito complicado”. Dia 21 de janeiro, a cerca de um mês da colheita, ele antevia, entretanto, que nos 3,5 hectares estabelecidos em 6 de dezembro (plantio direto e fertirrigação) para colheita entre 20 de fevereiro e 15 de abril, as plantas apontavam para uma safra normal – Resultado a comemorar num período atípico. “Se o El Niño diminuir sua força, acredito que a produtividade será praticamente a mesma que a

Lemler (Entre Rios): luminosidade escassa, produtividade reduzida

Na estufa, requeima de folhas atingiu cultivo do tomate

gente já vem atingindo. Mais ou menos de 70 a 90 mil kg/hectare”, estimou, indicando que também a qualidade se mostrava boa. No caso de uma intensificação das precipitações pluviométricas dali em diante, avaliou, haveria um maior risco de doenças, como a bacteriose. A dificuldade até então, relatou, ocorreu no começo dos trabalhos. Em dezembro, na hora do plantio, a chuva alagou trechos do acesso à lavoura, precarizando o deslocamento da mão-de-obra. O imprevisto, explicou, significaria um custo a mais, porque o obrigaria a recuperar os locais mais atingidos para escoar a produção. Do contrário, completou, seria difícil encontrar caminhoneiros dispostos a submeter seus veículos a um desgaste extra. “O pessoal não gosta muito e com razão”, concordou. Na comercialização, Gerster visualizava que os preços, de R$ 30,00 a R$ 35,00 (em 21 de janeiro) a caixa de 28kg, tendo chegado a R$ 50,00 na semana anterior, acabariam compensando o maior custo de produção. Na média dos últimos cinco ou dez anos, calculou, a remuneração vem pagando o investimento por hectare: “O retor-

no, digo que é de oito a 10 vezes maior do que na soja”. Compradores, o produtor contou que tem encontrado em Curitiba, São Paulo e Foz do Iguaçu. Sublinhando que o tomate é uma cultura sensível, “de fortes emoções”, Gerster destacou que, a seu ver, para manter a atividade ao longo dos anos, é preciso aliar cautela e técnica. Tradicional em cereais de verão e inverno, tendo o cultivo do fruto como diversificação, assinalou que prefere áreas pequenas: “Para um produtor individual, de dois e meio a cinco hectares”. Uma estratégia de viabilidade, ressaltou, é ter na soja uma renda que possibilite, se necessário, cobrir algum prejuízo no tomate. Unir forças é outro fator importante. Nesta safra, ele produziu em cooperação com o sócio e agrônomo Diego Rafael Maroso, que conduz outros 3,5 hectares numa área ao lado. Sinergia na hora de dividir custos e de trocar ideias sobre a aplicação das técnicas. “Acho que tem que levar muito a sério o manejo”, frisou. Chuvas à parte, Gerster também declara que pretende prosseguir com o tomate. Conforme resumiu, de seus cinco anos na cultura, dois foram difíceis e três bons. Enquanto calculam os prejuízos da safra passada e avaliam resultados desta, os produtores rurais seguem trabalhando e torcendo para que os sóis e as chuvas decidam, para variar, favorecer as lavouras. Mas dia 19 de janeiro, o Grupo de Trabalho em Previsão Climática Sazonal, do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, divulgava que o El Niño continuaria a influenciar o clima brasileiro pelos três meses seguintes. Revista do Produtor Rural do Paraná

47


Máquinas agrícolas

Massey Show

A

Massey Ferguson realizou de 01 a 05 de fevereiro, o Massey Show em todo o Paraná. O evento teve diversos atrativos para os produtores rurais da região que buscam equipamentos mais modernos, sofisticados, rentáveis e econômicos. Em Guarapuava, na concessionária Augustin, o Massey Show aconteceu no dia 4 de fevereiro. “Essa é a segunda edição do evento no município. Pretendemos realizar a terceira edição ainda esse ano. O evento

acontece em parceria da fábrica com as concessionárias e tem a intenção de aproximar o cliente, mostrando todas as tecnologias disponíveis em nossas máquinas. Nós juntamos tudo que temos de melhor e expomos aos nossos clientes, dando a oportunidade para eles adquirirem os produtos em excelentes condições.”, detalhou o gerente de vendas da Augustin em Guarapuava, Márcio Ronei Kilpp. Na região, o evento aconteceu em União da Vitória, Mangueirinha e Guarapuava. O produtor rural pode conferir a nova série de tratores MF 6700R Dyna-4, a tradicional MF 4200, além das famosas e pesos pesados MF 7100 e MF 7300. As colheitadeiras híbridas MF 5690, MF 6690 e as axiais MF 9695, MF 9795 e MF 9895, o pulverizador MF 9030 e toda a linha de implementos da marca, como plantadeiras, distribuidores O gerente da Augustin – Guarapuava, Márcio Kilpp, a analista de fertilizantes e plaide marketing da Massey, Vanessa Güenter e o coordenador comercial da fábrica Massey Fergunson, Mauro Muraro nas frontais.

48

Revista do Produtor Rural do Paraná

O vendedor Paolo Wagner ao lado do produtor rural Renato Cruz

O produtor rural Renato Cruz, cliente antigo da Massey, prestigiou o evento. “Independente da situação econômica que vivemos, é importante estarmos atualizados. Conhecer as máquinas novas, as tecnologias e seus benefícios. Visualizamos nas revistas, nas propagandas, mas não é igual. Eventos proporcionam que você conheça e analise com calma os equipamentos. Vale muito a pena participar”, observou. A Seven Mitsubishi, a Agropantanal e os agentes financeiros Sicredi, Cresol, Banco do Brasil e Bradesco


participaram do evento como parceiros da Augustin. Além de ser um dia de negócios, o Massey Show também foi um dia de conhecimento para os produtores que estiveram presentes. A Augustin proporcionou duas palestras aos clientes, com assuntos relevantes para o setor agrícola. Confira:

Ferrugem na safra de soja 2015/2016 Orlando Deschk Junior – Bayer “O clima interferiu diretamente no surto drástico da ferrugem, devida a influência do fenômeno El Niño. A Fundação ABC já previa que a ferrugem iria vir antes e com maior intensidade na safra de 2015. E foi isso que aconteceu, pois a doença apareceu 32 dias antes nas lavouras, que na safra passada. O produtor também está ficando sem saída, já que hoje a ferrugem adquiriu resistência a maioria das estrobilurinas. Nós, da Bayer, indicamos o manejo da soja com aplicação de Fox e Sphere Max. Os resultados demonstram que este é o melhor que existe no mercado. Isso devido a sua composição que, atualmente, é a única resistente à ferrugem. A estrobilurina do Fox é uma das únicas que ainda não é resistente e pela gama de controle que o produto Fox possui”.

AGCO Finance Rodolpho Ferreira – coordenador regional “Apresentamos o banco da fábrica Massey, pois muitos produtores não têm conhecimento que a fábrica disponibiliza um banco próprio. E fazer o negócio pelo banco oferece algumas vantagens. Uma delas é a facilidade. O produtor não precisa ir até o banco, desde a aprovação do crédito, até a formalização do negócio é via concessionária. Tudo que o produtor precisar, a concessionária dá o apoio. E isso agiliza o processo da entrega da máquina. Inclusive, nós estamos com um prazo médio de entrega no Paraná de 67 dias, enquanto no mercado esse prazo é de 120 a 140 dias. Quanto ao custo, nós trabalhamos com as linhas de financiamento do BNDES, que são as mesmas condições do mercado e não cobramos taxa nenhuma. Nós sabemos que a atual conjuntura econômica do país não é favorável, por isso estamos trabalhando com alguns diferenciais para o produtor. O primeiro deles é adequar o pagamento da primeira parcela na principal safra do cliente. Muitos produtores tem dificuldade de pagar a primeira parcela, porque ela cai em período de entresafra, quando ele está investindo, mas se essa parcela cair durante a safra, facilita. Outra vantagem é o Plano Verão, que é a oferta de tratores com financiamento de até oito anos”.


MANCHETE

a n r a r e l e c a e Hora d

m a a i c n ê i c c on s

a refletir ua levou produtores rurais Ág da e lo So do ão aç erv ns I Rally do Uso e Co a agropecuária sustentável um de ior ma z ve da ca de sobre a necessida

A

celerar, olhar o relógio e conferir o rumo no GPS. O rumo da sustentabilidade. O tempo não espera. Os caminhos são muitos. Acelerar, porque o meio ambiente está mudando e mudando rápido. Temperatura. Chuva. Solo. E porque, na corrida pela vida, devemos colocar hoje, no primeiro lugar do podium, as condições para que a produção de alimentos continue possível no dia de amanhã. Com esta ideia, a Adama, Cooperativa Agrária, FAPA, MacPonta, Sementes Agroceres e Sindicato Rural de Guarapuava, com apoio da Federação da Agricultura do Estado do Paraná (FAEP), realiza-

50

Revista do Produtor Rural do Paraná

ram, no último dia 19 de fevereiro, o I Rally de Uso e Conservação do Solo e da Água: uma competição no formato de um rally de regularidade, para cooperados da Agrária e sócios do Sindicato, tendo por tema a conservação dos recursos naturais mais indispensáveis na agropecuária. Nesta corrida em que todos podiam vencer, vitória foi compreender que a natureza é frágil, por vezes até rebelde, mas está sempre pronta a responder aos nossos acenos em favor de uma boa convivência. Por isso, desde o anúncio da realização do evento, no início do ano, os organizadores destacaram que a iniciativa teve como principal objetivo,

mais do que lazer e integração entre as 35 equipes participantes, divulgar práticas para uma utilização do solo e as águas de forma sustentável no campo. Marcando este objetivo, o rally teve ao longo de seus 320 quilômetros de estradas rurais nas regiões de Guarapuava, Pinhão e Candói, provas orientadas por pesquisadores da FAPA, valendo pontos, que remeteram àquele enfoque, como a coleta de água de rios (para comparação de seu grau de limpeza) e a cópia de textos de conscientização, expostos em banners em determinados pontos da trilha. Cinco estações apresentaram mini-palestras, da FAPA ou de empresas


Ao todo 35 equipes percorreram mais de 300 km na região de Guarapuava

e qualidade de plantio (Fazenda Casa Verde, onde ocorreu o almoço do evento); compactação de solos e escorrimento superficial da água (Fazenda Modelo); e orientações sobre o Cadastro Ambiental Rural – CAR, a cargo do Sindicato Rural de Guarapuava (Parque Recreativo Jordãozinho). O objetivo ecológico das atividades trouxe também ao evento representantes de outras entidades da agropecuária do Estado, como Silvio Krinski, da área de Meio Ambiente da OCEPAR, e Carla Beck, do departamento Técnico-Econômico da FAEP. Responsáveis por definir pontos que deveriam fazer parte da trilha, os pesquisadores Sandra Mara Vieira Fontoura e Étore Reynaldo buscaram incluir no roteiro locais que refletissem questões relevantes para o solo e a água. “Fizemos o percurso antecipadamente, identificando pontos onde os produtores têm feito práticas de conservação, que podem ser adotadas por todos. Mas o principal foco foi de trazer a temática da conservação, divulgar as práticas possíveis, muitas vezes sem onerar em custos maiores para o produtor”, explicou Sandra. Referindo-se às provas, a pesquisadora assinalou atividades, como a amostragem de solo, que visaram relembrar procedimentos necessários: “É extremamente importante, é uma das ferramentas imprescindíveis de manejo de solo, de adubação de culturas. É também uma

forma descontraída de todos participarem, não só um membro da equipe, mas de fazer com que todo mundo interagisse para somar pontos”. Membro da comissão organizadora, o coordenador da Assistência Técnica da Agrária, agrônomo Leandro Bren, disse, ao conversar com a REVISTA DO PRODUTOR RURAL após o rally, que os agricultores do Paraná já têm contribuído para a conservação do solo ao utilizar o plantio direto – técnica adotada há cerca de 40 anos. Mas agora, apontou Bren, a preservação daquele recurso se tornou ainda mais importante: “As mudanças climáticas estão aí. Elas são verdadeiras. A chuva tem uma intensidade maior do que no passado. A necessidade de se fazer algo a mais nos levou a trazer não só aos cooperados da Agrária, mas aos produtores da região de Guarapuava,

trilha da

mbiental e entidades organizadoras, abordando a cultura do milho na conservação do solo (Fazenda Fundo Grande); controle fitossanitário visando os cuidados com a nascente e os rios (Fazenda Santa Clara); agricultura de precisão

No roteiro, a beleza da região

Evento também chamou a atenção para o perigo da erosão aquilo que a FAPA acredita que seja o melhor”. As atividades da competição, explicou, visaram apontar caminhos: “Os produtores tiveram oportunidade de fazer pequenas dinâmicas, voltadas à consciência sobre métodos que podem ser aplicados no campo e trazer um grande benefício não só para o meio ambiente como também para eles mesmos: métodos de controle de erosão, de diminuição da velocidade da água (da chuva), tais como canal vegetado e plantio em nível”. Além de divulgar aquelas técnicas, acrescentou o coordenador da Assistência Técnica da Agrária, o rally buscou também provocar reflexão e ação: “A proposta é que cada produtor olhe a sua realidade e veja onde são os pontos-problemas Revista do Produtor Rural do Paraná

51


Rodolpho L. W. Botelho, pres. do Sindicato Rural

Leandro Bren, coord. Assistência Técnica da Agrária

(da propriedade) para começar a intervir neles, para que consigamos ter uma agricultura cada vez mais sustentável, assegurar as produtividades e manter os nutrientes no solo”. Exemplo prático, apontou Bren, podia ser visto na estação “Terraceamento” – um trecho da trilha que descia por degraus de curvas de nível em direção a um riacho. No local situado dentro de uma propriedade rural, detalhou, o terraceamento evita as enxurradas de chuva morro abaixo, que carregam terra e nutrientes do solo para os cursos d´água. E o que também se preserva, destacou, é um dos insumos que mais pesam no bolso do produtor rural: os fertilizantes, que de outra forma também seriam arrastados com as chuvas. Outro participante do rally, o presidente do Sindicato Rural de Guarapuava, o agrônomo e agropecuarista Rodolpho Luiz Werneck Botelho, enalteceu em entrevista a iniciativa de promover o evento com uma motivação ambiental. Ele também disse ver nas atuais transformações das temperaturas e dos regimes de chuva um motivo a mais para se aplicar as técnicas de conservação do solo, mas defendeu que as próprias técnicas sejam aperfeiçoadas.

Estação Adama

52

Revista do Produtor Rural do Paraná

Os pesquisadores Étore Reynaldo e Sandra Fontoura (FAPA)

No plantio direto, destacou a necessidade de melhor acesso aos materiais: “As culturas como cobertura de solo, cada vez são mais fundamentais. O produtor muitas vezes encontra algum problema, principalmente em função do custo e da disponibilidade de sementes. Teria de haver alguma maneira de baratear o financiamento, de trabalhar com coberturas de solo, quer sejam forrageiras, gramíneas ou leguminosas”. Já no terraceamento de lavouras, avaliou que o produtor carece de pesquisas atuais que mostrassem como ajustar melhor a viabilidade econômica de implantação, o tamanho das curvas de nível e a eficiência do maquinário neste tipo de terreno. “Essa questão dos terraços é extremamente polêmica. Tem gente a favor, gente contra”, declarou, mencionando que os custos desta alternativa e a efetividade de plantio e colheita naquelas condições são argumentos de quem prefere alguma outra opção de preservação da terra. “O que nós acreditamos é que tem que ter um estudo mais profundo e mais abrangente dos terraços. Os estudos que a gente tem, do IAPAR, são extremamente inte-

Carla Beck (FAEP)

Silvio Krinski (OCEPAR)

ressantes, mas foram feitos há várias décadas”, recordou. “Tem alguns estudos, mostrando alguns terraços de base mais larga – mais distância entre terraços maiores – que podem ser adequados a algumas regiões. Mas ser obrigatório para todos os produtores do Estado, sem alguns estudos complementares, e sem levar em consideração a questão de tipos de solo, é muito complicado”, completou. Independente da técnica a ser aplicada, Botelho preconizou que o produtor observe os pontos críticos da propriedade para decidir a alternativa: “Acho que a gente tem que pensar bastante nas áreas que sempre têm problema de escorrimento de água. Até deixar de plantar nessas áreas”. Os chamados canais vegetados, opinou, também precisariam ser mais estudados, mas poderiam ser uma opção. “A gente tem que ter um estudo melhor e quem sabe implantar isso em nível de Estado, em vários locais”, sugeriu. De acordo com ele, que tem visitado em anos recentes regiões produtoras de grãos dos Estados Unidos, a técnica tem sido utilizada naquele país, em áreas agrícolas com lençol freático baixo, onde o alagamento ocorre com frequência, apresentando resultado “extremamente interessante”. Botelho enfatizou ainda que a conservação do solo passa também por uma abordagem voltada igualmente para fora da porteira, para a relação entre a propriedade e a estrada rural. A seu ver, os dois ambientes precisam estar alinhados com a visão conservacionista. “Nós não queremos, o governo não quer, as secretarias municipais não querem água na estrada. Mas essa água não pode simplesmente ser jogada na lavoura.


Como o contrário também é verdadeiro: as lavouras têm de ter cuidado de não jogar água na estrada, senão a gente tem problema viário”. Resumindo sua posição, ele afirmou que o solo é um patrimônio da humanidade, das futuras gerações: “O produtor tem de ter a consciência da importância do que é um solo. O governo tem de ver isso com bons olhos também. Não pode só penalizar o produtor, mas sim levar informações, tecnologia, e muitas vezes suporte técnico”.

“Hoje, temos o Cadastro Ambiental Rural (CAR), que é o primeiro passo de regularização ambiental” Carla Beck, depto. TécnicoEconômico da FAEP Depois de acompanhar o rally com o presidente do Sindicato Rural de Guarapuava, Carla Beck, do departamento Técnico-Econômico da FAEP, também valorizou o evento: “Vejo como de suma importância esse trabalho que foi feito aqui, em parceria com o sindicato e a cooperativa. Isso traz esclarecimento para o produtor rural. E o que acho mais importante: é ver as situações concretamente. Passamos por várias localidades onde pudemos ver quais são as formas de controlar a erosão”. Para ela, o tema vem sendo retomado por estar dentro das questões ambientais atuais. “Hoje, temos o Cadastro Ambiental Rural (CAR), que é o primeiro passo de regularização ambiental, e depois o Programa de Regularização Ambiental (PRA), que envolve toda a questão de solo e água”, especi-

ficou, avaliando que as duas medidas contribuirão para a preservação daqueles dois recursos naturais. Na área de Meio Ambiente, da Gerência Técnica e Econômica da OCEPAR, o agrônomo Silvio Krinski, elogiou a criatividade do evento: “Vejo de forma muito positiva e inovadora o que a cooperativa, junto com o sindicato, e todos os representantes (organizadores), fizeram com esta ação, de uma forma muito lúdica, muito divertida”. Questões técnicas, continuou, puderam ser apresentadas: “Escorrimento de água superficial, aumento da infiltração de água, a questão da conservação do solo como um todo. Foram mais de 300 quilômetros. Pudemos ver coisas boas e coisas que podem ser melhoradas”. Na análise de Krinski, o mais importante foi colocar em evidência o enfoque da sustentabilidade: “A gente não foi simplesmente discutir que para fazer conservação de solo se precisa fazer terraço. Temos de ampliar os nossos conhecimentos, precisamos buscar novas alternativas. O que foi apresentado no evento ampliou nossa visão em termos de conservação de solo para esta região. Podemos depois até extrapolar essas tecnologias para outros tipos de solo, fugindo do basalto, indo para as áreas de arenito”.

FAPA: prova Mulching Vertical

FAPA: prova Medição dos Canais Vegetados

Estação amostragem de solo

“O que foi apresentado aqui para nós consegue ampliar nossa visão em termos de conservação de solo para esta região” Silvio Krinski, área ambiental da OCEPAR Estação Agroceres Revista do Produtor Rural do Paraná

53


RALLY A largada do rally aconteceu por volta das 7h30, em frente do prédio administrativo da Agrária, na Vitória (distrito de Entre Rios). Seguindo o formato desses enduros off road de regularidade, os veículos se posicionaram em fila, diante da barraca dos organizadores, onde recebiam, no horário previsto, o sinal verde para iniciar a trajeto cronometrado (neste tipo de prova, são considerados como melhores os participantes que conseguirem realizar cada etapa dentro do tempo e previsto, perdendo assim menos pontos). Ao final da competição, que durou cerca de 12 horas e se encerrou com jantar no Parque Recreativo Jordãozinho, em Entre Rios, os organizadores agradeceram a todos os que participaram e anunciaram os vencedores: 1º lugar, Roberto Cunha, Renê Bandeira e seu filho Murilo, com 2.006 pontos perdidos; 2º lugar, Rodrigo Ferreira, Maximilian Karl e John Abreu, com 2.873 pontos perdidos; e 3º lugar, Rosni Vicentin Ferreira e Cícero Rogério Kuntz, com 3.293 pontos perdidos. Entusiasmados após receber seu troféu junto do presidente da Agrária, Jorge Karl, dos representantes da FAEP, Carla Beck, e da OCEPAR, Silvio Krinski, e do presidente do Sindicato Rural,

Estação MacPonta

Chegada: na Estação do Sindicato Rural, com orientações sobre o CAR

PREMIAÇÃO Rodolpho Luiz Werneck Botelho, os primeiros colocados festejaram: “É uma satisfação estar participando de um evento como esse, promovido aqui na região, para divulgar uma das coisas que são necessárias para os produtores terem uma conscientização melhor do uso do solo e da água. Quem que não fica feliz com o primeiro lugar? Com certeza, estou muito feliz”, comentou Cunha. Para Bandeira, o rally valeu pelo conhecimento e as amizades. “Uma prova maravilhosa para nós e que nos trouxe bastante conhecimento. Nos divertimos muito. Tivemos esse momento de confraternização com todo o pessoal. Deixo também os parabéns para a organização do evento”, afirmou. Antes da confirmação oficial do resultado, no melhor espírito de bom humor na trilha, o Troféu Tartaruga (último lugar) foi arrebatado com muito fair play pela dupla Fernando Peterlini e Luis Cesar Peterlini, que com 859.535 pontos perdidos, não foi menos celebrada do que os outros premiados.

54

Revista do Produtor Rural do Paraná

1º lugar: Roberto Cunha e Renê Bandeira 2º lugar: Rodrigo Ferreira, Maximilian Karl e John Abreu 3º lugar: Rosni Vicentin Ferreira e Cícero Rogério Kuntz (à dir.) Troféu ‘Tartaruga’: Fernando Peterlini e Luis Cesar Peterlini

Representantes das empresas organizadoras: Fernando Mayer (Agroceres), Everton Santos (Adama), Luciana Q. Bren (Sind. Rural), Leandro Bren / Rafaela Lacerda (Agrária) e Mayara Dziurun (MacPonta)


Tecnologia

Geofly aposta em qualidade e segurança em fotos aéreas

N

uma época em que a agricultura de precisão e preservação do meio ambiente são cada vez mais importantes na agropecuária, são muitos os produtores que recorrem a empresas para produzir fotos aéreas de suas propriedades e lavouras. Com foco neste segmento, onde tecnologia de imagens é fator decisivo, três empreendedores uniram seus conhecimentos e deram inicio, há cerca de seis meses, em Guarapuava, à empresa Geofly Drones Geotecnologia e Imagens aéreas. João Saulo Piasecki, professor de geografia; o empresário e aeromodelista há mais de vinte anos Marcelo Zittlau; e o geógrafo Ricardo Borges, responsável técnico, explicam que oferecer qualidade em imagens foi o conceito principal: da escolha dos equipamentos às técnicas de utilização. A empresa possui drones de quatro e seis motores com características e utilizações diferentes ressalta Piasecki. Para a captação de imagens foi escolhido um modelo de câmera que combina alta resolução em megapixels com obturador de altíssima velocidade (característica necessária para fotos nítidas e em movimento); com plataforma estabilizada (Gimbal) para que a câmera fique estável independente de movimentos do drone e ações do vento. Piasecki completou que a busca do profissionalismo está presente também na própria operação dos equipamentos: segundo ele, antes de cada sobrevôo é realizada uma coleta de dados, levantando as características do terreno, montando assim um plano de vôo para cobertura total e igualitária da área. Esses dados são repassados ao drone que realiza o plano determinado. É onde entra a segurança, ressaltou o piloto Marcelo Zittlau: o vôo só acontece dentro das normas de segurança definidas pelo DECEA (Departamento de Controle do Espaço Aéreo) e sempre em contato visual com o drone. Todo esse cuidado, conforme observou o geógrafo Ricardo Borges, resulta para os clientes em imagens que contém características necessárias para um excelente produto final: Atualidade, nitidez e alta resolução.

Ricardo Borges, João Saulo Piasecki e Marcelo Zittlau, da Geofly Drones Geotecnologia e Imagens: escolha criteriosa de equipamentos para qualidade em foto

Mosaicos e ortofotos Borges enfatizou ainda que a Geofly Drones Geotecnologia e Imagens Aéreas produz também os chamados “mosaicos” de fotos, a colagem lado a lado de vários arquivos para formar uma imagem total da área. Outros itens de destaque do portfólio, lembrou, são as ortofotos, que equivalem a mapas fotográficos, e até os modelos digitais de terreno em 3D. Com esta tecnologia, a empresa está preparada para prestar diversos serviços: fotos aéreas para produtores rurais, empresas em geral e imobiliárias, monitoramento ambiental, fiscalização e acompanhamento de obras e vídeos institucionais. Um dos atrativos, conforme assinalaram os empresários, é poder ter toda esta variedade Ortofoto: um dos de possibilidades, com vários serviços que alta qualidade em foto, e a empresa oferece a um custo acessível a um na linha de imagens grande número de pessoas e áreas profissionais, no empresas. campo e na cidade

Revista do Produtor Rural do Paraná

55


Notas Sindicato Rural de Guarapuava realiza mais um Dia do CAR O Sindicato Rural de Guarapuava e a Uniflora Engenharia realizaram dia 29 de fevereiro, mais uma edição do Dia do CAR (Cadastro Ambiental Rural). Na iniciativa, o produtor rural com dúvidas sobre o preenchimento dos dados recebe, na sede do sindicato, orientação da equipe da Uniflora. O preço do serviço varia de acordo com cada caso. O CAR é um cadastro eletrônico, obrigatório, de propriedades rurais de todo o Brasil. O prazo de inscrição no CAR se encerrará no próximo dia 5 de maio. Para mais informações, os produtores podem entrar em contato com o Sindicato Rural de Guarapuava: Fone: (42) 3623 1115 Rua Afonso Botelho, nº 58, Bairro Trianon 08h00 às 11h30 e das 13h00 às 17h30

Próximos DIA DO CAR • 11 de março • 31 de março

Curso ensina a preparar churrasco O Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac) ofertou o curso Churrasqueiro no Sindicato Rural de Guarapuava, de 1º a 04 de dezembro de 2015. O objetivo foi proporcionar aos participantes competências necessárias para o preparo de churrascos grelhados e assados na brasa e/ou em churrasqueiras, utilizando variados tipos de carnes. O sócio do Sindicato Rural de Guarapuava, Rodrigo Ribas Martins, participou do curso e apesar de já fazer churrasco, afirmou que agora poderá preparar com muito mais técnica. “Foi bem proveitoso. Gostei muito das práticas, técnicas e de como preparar a carne, desde o tempero, os cortes e também quais os acompanhamentos ideais”.

Recadastramento biométrico: novo prazo é dia 4 O prazo para o recadastramento biométrico dos eleitores, em vários municípios brasileiros, foi adiado para 4 de maio de 2016. Segundo apurou a REVISTA DO PRODUTOR RURAL no dia 11 de janeiro deste ano, junto ao Fórum Eleitoral Desembargador Lauro Fabrício de Melo Pinto, na rua Rua Brigadeiro Rocha, 1046, Trianon, em Guarapuava, poucos eram os que naquele momento buscavam a instituição para renovar o título. Responsável pelo recadastramento biométrico dos eleitores das 43ª e 44ª Zonas Eleitorais (abrangendo Guarapuava e diversos municípios da região), a chefe de cartório da 43ª Zona Eleitoral, Liciane Priscila Gelenski Olanik, detalhou o assunto: “A gente percebeu que depois do encerramento do prazo (em dezembro passado), não está tendo uma adesão significativa da área rural”. Liciane apontou ainda que o novo prazo, em 4 de maio, é definitivo: “Os eleitores

56

Revista do Produtor Rural do Paraná

que não comparecerem (até a data final) não vão poder votar, porque o título vai ser cancelado”. Para estes, reativar o documento só será possível após a eleição de outubro. “A reabertura do cadastro eleitoral geralmente acontece em meados de novembro de cada ano eleitoral. O cadastro fecha em 4 de maio, passamos pelo período eleitoral e em meados de novembro o cadastro reabre. Só a partir daí, quem tiver seu título cancelado pode reativá-lo com a condição de pagar uma multa”, completou. A chefe do cartório da 43ª Zona Eleitoral sublinhou ainda um detalhe importante para os eleitores que vivem no campo: o comprovante de residência de funcionários de propriedades que moram em seu local de trabalho exige atenção tanto dos próprios empregados quanto de seus empregadores. Liciane assinalou que, nesses casos, o documento é uma declaração que o empregador deve emitir. O comprovante

de maio Coordenadora do recadastramento biométrico no Fórum Eleitoral de Guarapuava, Liciane Priscila Gelenski Olanik

precisa ser também reconhecido em cartório. “Essa declaração tem de estar com firma reconhecida, tanto pelo proprietário, quanto pelo eleitor (empregado) que vai fazer o recadastramento, quanto por duas testemunhas”, esclareceu. Ela salientou que deixar de renovar o título de eleitor pode trazer consequências, como cancelamento de CPF ou impossibilidade de renovar passaporte, já que a pessoa ficará sem a quitação eleitoral.


Empresa

BOX M3: novo espaço para

Novo espaço da loja: inspiração para a esportividade na personalização de veículos

customização de veículos

U

ma empresa de destaque no setor de personalização de veículos, em Guarapuava, comemorou, dia 3 de dezembro, um ano de atendimento em grande estilo: a Box M3 apresentou seu novo espaço, na Avenida Sebastião de Camargo Ribas (nº 1955). Para a ocasião, a direção expôs no show room tudo o que os apreciadores de carros estilizados mais admiram: aros sofisticados, dos mais variados tamanhos e designs, e alguns carros diferenciados, que inspiram a customização por meio de rodas e acessórios – do cultuado Opala ao eterno Porsche, passando por veículos atuais rebaixados. Tudo traduzindo a dedicação a modelos esportivos, de luxo, blindados, utilitários de médio e grande porte e populares, em serviços que vão do tunning à geometria e da manutenção ao insufilm, entre diversos outros.

A inauguração reuniu, num ambiente ainda mais amplo e funcional, dezenas de convidados, entre clientes, parceiros, amigos e profissionais da equipe da empresa. Proprietário e diretor do Box M3, Thiago Ferreira de Lima comemorou o avanço: “Há apenas um ano, já conquistamos nosso espaço no mercado. Temos vindo num crescimento constante. Com essa nova loja, temos a condição de dar um atendimento diferenciado, com um amplo show room de rodas e vários acessórios importados, que são novidades”. A empresa, ressaltou, veio para afirmar a ideia de dar um toque pessoal ao veículo: “A linha é completa: rodas importadas, nacionais, estilo Euro, cromadas, com pinturas exclusivas e diamantadas”. O portfólio de produtos se complementa, de acordo com o proprietário da Box M3, com outros itens, como

Proprietário da Box M3, Thiago F. de Lima, e seu sócio, Lorenz Henrique de Jesus Revista do Produtor Rural do Paraná

57


pneus. No mix de marcas, fabricantes consagrados mundialmente. Nos modelos, uma variedade que vai desde aqueles de uso geral até os de alta performance (para elevadas rotações). Outros atrativos são os pneus run flat (possibilitam rodar ainda por alguns quilômetros mesmo depois de um furo) e os de uso misto cidade e campo, com alta durabilidade. Na loja, também é possível encontrar itens de segurança, como kits de suspensão e de performance. “É uma linha bem completa, para quem é apaixonado por carro e quer deixá-lo como um modelo único e

Inauguração da nova loja da Box M3: clientes, parceiros, amigos e profissionais da empresa prestigiaram o momento

Acessórios: nova vida a um dos modelos preferidos por apreciadores de carros personalizados Dragster: no clima dos veículos esportivos fora do comum

Balanceamento computadorizado e alinhamento em 3D Oficina: máquinas para veículos leves e utilitários

Rodas para uma variedade de veículos: dos rebaixados aos clássicos esportivos

58

Revista do Produtor Rural do Paraná

exclusivo”, observou Thiago. “Tudo que seja vinculado a pneus e rodas, a Box M3 consegue hoje oferecer com muita qualidade. Temos uma equipe de 13 colaboradores. São profissionais que já atuam há bastante tempo no mercado”, completou.

Na área de manutenção, a modernidade também dá o tom nos equipamentos. “É uma oficina moderna, com alinhamento em 3D, balanceadora computadorizada. Temos máquina de desmontar pneu com braços auxiliares, importada dos Estados Unidos. É um ferramental

bem exclusivo mesmo”, destacou o diretor. Serviços de suspensão e freio também estão à disposição dos clientes, assim como revisão completa e a personalização do veículo. “A Box M3 mudou para atender ainda melhor os seus clientes”, finalizou Thiago.


Aconteceu

Sindicato Rural e Cresol dialogam sobre parceria O Sindicato Rural de Guarapuava e a cooperativa de crédito Cresol Vale das Araucárias realizaram, dia 16 de fevereiro, na sede do sindicato, reunião entre membros das duas organizações e produtores rurais. O objetivo foi apresentar o portfólio de produtos e serviços da cooperativa, que atua nos municípios de Guarapuava, Turvo, Santa Maria do Oeste, Palmital e Campina do Simão. Cooperativa e sindicato avaliaram o encontro como positivo, para dar início Flávio Marcos da Silva, a outras reuniões que serão promo- diretor da Cresol Unidade vidas com o mesmo objetivo. O Di- Guarapuava retor/Assessor Executivo da Cresol Vale das Araucárias, Flávio Marcos da Silva, explicou que a cooperativa vem buscando ampliar suas parcerias. “Há algum tempo a Cresol tinha foco na agricultura familiar. Até por conta do crescimento dos próprios agricultores, a cooperativa se abriu um pouco mais e agora está atendendo ao médio produtor”, contextualizou. “O objetivo que a gente tem agora é apresentar mais a Cresol para as entidades, para as pessoas, colocar um pouco mais daquilo que pensamos sobre o desenvolvimento da agricultura”, acrescentou. O diretor destacou também que em momentos de crise, como agora no país, “as cooperativas de aproximam mais dos seus cooperados, ajudam mais”. Para Marcos da Silva, a conjuntura exige que a Cresol busque novos cooperados e parceiros, como o Sindicato Rural de Guarapuava. O vice-presidente do sindicato, Anton Gora, disse que também a entidade vem buscando novas parcerias para desenvolver a agricultura. Outros momentos para apresentar a Cresol, prosseguiu Gora, deverão ocorrer durante o ano. “Com certeza, vão acontecer mais encontros como este”, finalizou. As datas e locais das reuniões ainda serão definidos e divulgados no site do Sindicato Rural de Guarapuava.

Santander apresenta linhas de crédito O Banco Santander realizou no dia 26 de fevereiro uma reunião com produtores rurais no Sindicato Rural de Guarapuava. As colaboradoras Rosana Passareli e Silmara Aparecida Paidasz do banco apresentaram aos presentes as linhas de crédito do Santander destinadas ao agronegócio.

Regional Senar realiza reunião com mobilizadores e instrutores

A regional do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar) de Guarapuava realizou no dia 5 de fevereiro, uma reunião com os mobilizadores e instrutores dos 28 municípios da região. Segundo o supervisor do Senar, Aparecido Ademir Grosse o encontro teve como objetivo rever algumas normas e planejar as ações para 2016, trocar experiências e confraternizar a equipe.

Revista do Produtor Rural do Paraná

59


Tecnologia de aplicação

PULVERIZAÇÕES FITOSSANITÁRIAS precisam ser repensadas Jeferson Luís Rezende, RTV

M

esmo diante da disseminação de muitas informações tecnológicas, a agricultura tem adotado modelos de tratos culturais que nem sempre estão em sintonia com as melhores práticas agronômicas de aplicação. Combinações de moléculas completamente antagônicas entre si, como do Glyphosate/ Fungicida, são mais comuns do que se imagina. Tudo isso, no entanto, precisa ser repensado. Há que se respeitar a compatibilidade dos produtos que irão dividir o mesmo ambiente/espaço. Não é só problema relacionado à combinação física, como as precipitações ou borras na calda; mas especialmente a química, que está relacionada ao funcionamento dos produtos. O Glyphosate, por exemplo, jamais deveria dividir espaço com fungicidas ou com alguns foliares. Isso porque perde eficiência e interfere nestes produtos. No entanto, infelizmente, vemos muito isso. Esperar que um ou todos estes produtos funcionem dentro daquilo que lhe é pertinente não é seguro, tão pouco crível. O Pesquisador da UENP – Dr. Marco Antonio Gandolfo, descobriu num dos seus experimentos, que alguns pós-emergentes podem sofrer interferência da calda ácida, no tanque do pulverizador, cristalizando parte da sua molécula, que acaba aderindo em partes internas do sistema de pulverização. Com isso, perdem eficiência. Mais adiante, numa outra aplicação em que a calda do pulverizador tenha ambiente alcalino, ocorrerá solubilização e os cristais serão aspergidos, gerando fitotoxidade, podendo dessecar a lavoura. Inseticidas podem sofrer perda de eficiência também. Problema importante diz respeito ao uso de produtos, como o Nitrogênio, junto com

60

Revista do Produtor Rural do Paraná

defensivos fitotóxicos. Uma combinação que provavelmente provocará injuria na cultura pulverizada, com danos que poderão ser mínimos ou severos. Muitos tratos culturais não alcançam o resultado esperado justamente porque não estão sendo respeitadas estas limitações. É importante cuidar do quê e como serão aplicados os produtos, de maneira que um ótimo defensivo escolhido com a melhor das intenções tenha efetividade agronômica e não cause nenhum dano à lavoura. A combinação de ativos não precisa ser problemática ou danosa para a cultura. Do mesmo modo que o ser humano usa medicamentos combinados, as lavouras podem ser protegidas de maneira racional. O uso de ADJUVANTE SINTÉTICO “neutro”, como o TA35 ou o INTEC, contribui para que as pulverizações ocorram num ambiente estável, sem que surjam borras, cristais ou espumas. Além disso, estas ferramentas tornam o processo de aplicação mais efetivo: com menores perdas por vento-evaporação-escorrimento. Ainda reduzem e até eliminam a fito causada pelas moléculas mais complexas. Perdas por vento são bastante impactantes, causam prejuízos diretos para o trato cultural e o meio ambiente. Pontas de pulverização também precisam ser muito bem escolhidas. O uso de uma ponta “errada” compromete significativamente a pulverização. A escolha dos produtos que serão aplicados, respeitando incompatibilidades; do ADJUVANTE SINTÉTICO que garantirá o melhor desempenho para o trato cultural; e das pontas (bicos) é fundamental para se alcançar êxito agronômico na pulverização. info@inquima.com.br


Revista do Produtor Rural do Paranรก

61


Evento

Agropantanal reúne clientes em dia de campo

E

m sua segunda edição, com a presença de mais de 180 produtores rurais e expositores de empresas de ponta no agronegócio, um evento técnico se firmou no calendário de encontros agrícolas em Guarapuava: o Dia de Campo da Agropantanal, empresa que atua na venda de produtos agropecuários e integra o Grupo Pitangueiras. Realizado em 13 de fevereiro, numa área próxima à margem da BR 277 (KM 353), o Dia de Campo trouxe novidades do momento em culturas como soja e milho, ao lado

62

Revista do Produtor Rural do Paraná

Equipe Agropantanal e parceiros


A evolução do dólar para a linha dos R$ 4,00 acabou beneficiando bastante o milho, jogou as cotações para cima”

Commodities

Bom para a soja, melhor para o milho No Dia de Campo promovido pela Agropantanal, uma das atrações foi a palestra de Vlamir Brandalizze, um dos mais destacados consultores de mercado agrícola no Brasil. Sua apresentação enfocou as perspectivas do mercado de commodities. Em entrevista à REVISTA DO PRODUTOR RURAL, ele abordou soja e milho, a partir do cenário que visualizava no dia da palestra, em 13 de fevereiro. RPR – Como o senhor vê hoje as perspectivas da soja?

de agroquímicos, sementes, adubos, tecnologias de aplicação, pick-ups, maquinário e implementos agrícolas. A programação teve início com palestra de um dos mais conceituados consultores de mercado agropecuário do Brasil: Vlamir Brandalizze, que analisou o comportamento e as tendências em especial de milho e soja, com base em números de produção e demanda nos níveis nacional e global, considerando o atual momento econômico de players importantes, como China, Estados Unidos e Argentina. Brandalizze lembrou que, se os preços de algumas commodities caíram em dólar no merca-

BRANDALIZZE – Este é ainda um ano bastante favorável para o setor da soja. Os produtores trabalham com custos do ano passado, quando o dólar ainda estava abaixo de R$ 3,00. Este fator acaba beneficiando o produtor. Estamos num ano em que as cotações em dólar, no mercado internacional, estão baixas. Os grãos estão muito baratos. Como tivemos a desvalorização cambial, a crise política e econômica brasileira que mantém o dólar aí na casa dos R$ 4,00, ela acabou servindo como vacina para o setor agrícola. A soja hoje, mesmo estando na faixa de US$ 20, no Porto de Paranaguá – o que é considerado uma cotação baixa; o normal seria de US$ 26 a US$ 30 –, está dando rentabilidade para o produtor. Aqui no Paraná estamos com um custo em real na faixa de R$ 55,00 a R$ 60,00 por saca. A gente consegue comercializar a soja acima desse valor. Ainda temos margens aí de R$ 5,00 a R$ 10,00 por saca. O produtor deve se preparar para o novo ano que vem pela frente. Planejar, tentar melhorar a produtividade. Porque estamos num ano em que a média da produtividade vai ser menor, em função do El Niño. Vamos entrar na fase de La Niña, com chuvas em volumes menores. Aí, sim, o produtor tem de pensar em aumentar a produtividade. Para os próximos meses a gente não vê as cotações voltarem, em Paranaguá, a US$ 26 a US$ 30 por saca. Temos um quadro de oferta e demanda bem tranquilo no mercado mundial. É um ano em que as cotações em dólar ficarão baratas para os importadores. Isso é benéfico, porque vai continuar estimulando a China a importar. RPR – Vimos, nos últimos anos, que o milho teve uma cotação mais baixa. Alguns produtores até saíram da cultura. Mas agora parece que o mercado se recupera.

Grupo Pitangueiras: gerentes Luiz Marcelo Cavagnari (Comercial) e Marcelo Scutti (Marketing)

BRANDALIZZE – Para o produtor de milho, o cenário é melhor do que o da soja. O porquê disso: o Brasil, nos últimos dois anos, se tornou um dos grandes players do mercado internacional na exportação. Hoje, o mercado global depende do Brasil. Antes, eram basicamente os Estados Unidos, que exportavam na faixa de 50 a 55 milhões de toneladas ao ano e atendiam o mercado global, de 60 a 65 milhões de toneladas. Hoje, o mercado é muito maior: 110, 120, 130 milhões de toneladas. A safra americana, que tem hoje um potencial para exportar 40 milhões, já não atende mais. Por isso, o Brasil entrou nesse segmento. Há uma demanda crescente. O Brasil exportou 28,9 milhões de toneladas no ano passado. Esse ano, vai também para números parecidos ou até acima disso. Já se cria um ambiente favorável. Não temos mais as sobras de milho que tínhamos nos anos anteriores para atender o mercado interno. A evolução do dólar para a linha dos R$ 4,00 acabou beneficiando bastante o milho, jogou as cotações para cima. A gente vê portos como Paranaguá trabalhando entre R$ 42,00 a R$ 44,00 a saca. Já teve negócios até a R$ 46,00. Entramos janeiro com quase 5 milhões de toneladas exportadas.

Revista do Produtor Rural do Paraná

63


Estações: das sementes à tecnologia de aplicação, passando por maquinário agrícola do mundial, por outro lado, em reais, o aumento de preço para os produtores deve ajudar a compensar. Na sequência da palestra, ocorreu visitação aos estandes das empresas. Durante almoço de confraternização, que encerrou a programação, os organizadores avaliaram que o evento evoluiu, se consolidando como destaque na agenda de quem busca tecnologias para o campo em Guarapuava e região. Gerente de Marketing/Técnica – Corporativo, o agrônomo Marcelo Scutti destacou que o objetivo foi mostrar ao agricultor o bom uso da tecnologia e o que ela pode trazer de retorno financeiro. Scutti sublinhou que o Dia de Campo também contribui para o relacionamento com os clientes da Agropantanal: “O Grupo Pitangueiras já tem 25 anos no mercado. Nossa base de negócios não é de ‘empurrar’ produtos. A gente gosta muito de venda técnica, que o produtor tenha resultado. Isso faz com que ele rentabilize e ganhe dinheiro. Com isso, entregamos valor tanto para o produtor quanto para o nosso fornecedor”. O gerente de marketing também ressaltou a participação das empresas parceiras para a realização do dia de campo: “Hoje, ninguém faz nada sozinho. A empresa é fruto dos fornecedores, que nos dão apoio, que acreditam que nosso trabalho de relacionamento e consultoria funciona. Então, a todo o pessoal que está aqui, temos de agradecer muito”. Luiz Marcelo Cavagnari, gerente comercial do Grupo Pitangueiras, apontou a difusão de novidades como fator importante para o setor rural, sujeito a vários riscos, como as varia-

64

Revista do Produtor Rural do Paraná

ções do clima e do mercado: “A gente conhece o agricultor de hoje, todo o investimento que ele faz na lavoura, que é uma empresa a céu aberto. Acho que a melhor contribuição que uma empresa pode oferecer para o agricultor é estar ao lado dele, contribuindo para o sucesso de sua lavoura”. Gerente da Agropantanal em Guarapuava, Marcelo Martins Pereira con-

Mais de 180 produtores rurais confirmaram o sucesso do Dia de Campo

siderou que um dos pontos de destaque do Dia de Campo é poder apresentar aos produtores como as tecnologias comercializadas pela empresa se comportam sob as condições locais. “Para nós, é importante mostrar todo o portfólio de nossos parceiros numa realidade aqui da região”, o que conforme disse, ajuda na escolha de produtos que tragam os resultados esperados.


Empreendedor rural

Casal de produtores rurais de Guarapuava conquista o 2º lugar no Empreendedor Rural 2015

A

12ª edição da final do Programa Empreendedor Rural, promovido pelo Sistema Faep/Senar, foi realizada no dia 4 de dezembro, em Curitiba. O casal de sócios do Sindicato Rural de Guarapuava, Marcio Manfredini e Rossana Campello Manfredini, ficou em 2º lugar na etapa estadual, com o projeto Bovinocultura de corte -implantação e reforma de pastagem na Fazenda Lagoa Seca. “Nós fizemos o projeto para beneficio próprio, para ajudar na produtividade, e nem contávamos ficar entre os 10 classificados, quem dirá ganhar em segundo lugar. Foi uma surpresa muito boa”, conta Manfredini. O casal assumiu a propriedade no início de 2015. “Começamos a atividade de pecuária em maio. Resolvemos fazer o Empreendedor para agregar conhecimento e para definir o que fazer na propriedade. Hoje, chegamos a conclusão de que o Empreendedor Rural foi uma das melhores coisas que poderíamos ter feito. Já estamos colhendo frutos da reforma que estamos fazendo nas pastagens e estamos muito mais preparados para continuar administrando a propriedade”. O casal participou da turma que teve como instrutor do Senar, Luiz Augusto Burei, que se destacou com três trabalhos, sob sua orientação, classificados para a final. “Contribuir positivamente para o desenvolvimento dos produtores rurais dá sentido ao trabalho que realizamos no curso. Esse trabalho não é só meu, é a soma de forças de muitas pessoas as quais temos que agradecer. Tenho muito orgulho de todos os trabalhos que desenvolvemos e claro, daqueles que foram para final. Um parabéns especial para Rossana e para o Marcio, que estão começando a atividade e já se destacaram. Com certeza, terão muito sucesso”. Aproximadamente 4,5 mil produtores, líderes rurais e autoridades participaram do evento da premiação, entre eles, o vice-presidente do Sindicato Rural de Guarapuava, Anton Gora, associados e colaboradores da entidade. O Programa Empreendedor Rural aborda e trabalha a gestão da propriedade rural e o empreendedorismo das pessoas do meio rural. Estimula o debate e a formação de lideranças. Ensina a calcular custos do processo produtivo e a elaborar projetos para que os produtores rurais passem a administrar suas propriedades com eficiência, como se fossem verdadeiras empresas.

Caravana Guarapuava no Empreendedor Rural

Supervisor regional do Senar, Aparecido Grosse, o casal Rossana e Marcio e o vicepresidente do Sindicato Rural de Guarapuava, Anton Gora Revista do Produtor Rural do Paraná

65


Show Rural 2016 O Sindicato Rural de Guarapuava, com o apoio da Federação da Agricultura do Estado do Paraná (Faep), levou no dia 02 de fevereiro, 155 produtores rurais e parceiros da entidade para o Show Rural Coopavel, em Cascavel. Quatro caravanas saíram de Guarapuava, Candói e Cantagalo. O produtor rural José Carlos Karpinski visitou o Show Rural Coopavel pelo quarto ano consecutivo. “Cada ano que a gente visita, mais a gente aprende e se surpreende com as novas tecnologias do plantio. E essas tecnologias ajudam tanto as pe-

Caravana Candói

Caravana Cantagalo

66

Revista do Produtor Rural do Paraná

quenas, como as grandes propriedades. Os maquinários sempre chamam atenção. Neste ano, conheci novos pulverizadores e fiquei impressionado com a tecnologia que eles possuem. Se o produtor não buscar informações, a propriedade fica abandonada, não oferece produtividade e o produtor fica desmotivado. Mas a culpa acaba sendo dele mesmo, que não buscou se atualizar. Hoje, se você tiver um hectare de terra e souber cuidar bem dele, a atividade pode dar uma renda maior do que você ir morar na cidade e trabalhar de empregado. Por isso, só tenho a agradecer ao Sistema FAEP, pela oportunidade que ele nos dá, todos os anos, de visitar um evento tão importante na nossa área”.

Foto: Assessoria Show Rural

Viagem técnica


Pecuária Estreando no Show Rural, o produtor rural Marcio Campello também elogiou o evento. “Ficamos impressionados com a organização e o show de tecnologias que eles disponibilizam no evento. Foi uma visita muito boa e edificante. O que chamou muito atenção para nós foi a área da pecuária, uma novidade no Show Rural. É um evento de primeiro mundo”.

Caravana Guarapuava

Caravana Guarapuava

Revista do Produtor Rural do Paraná

67


Insegurança no campo

Indígenas invadem propriedades rurais em Laranjeiras do Sul (PR) Índios ocupam algumas propriedades da localidade de Passo Liso desde dezembro de 2015

A

REVISTA DO PRODUTOR RURAL DO PARANÁ vem acompanhando a situação dos produtores rurais que foram obrigados a deixar suas propriedades em Laranjeiras do Sul (PR). Desde o dia 8 de dezembro de 2015, índios invadiram algumas propriedades rurais na localidade de Passo Liso, comunidade de Boa Vista, em Laranjeiras do Sul. Segundo Maressa Pavlak Melati, uma das advogadas que trabalha no caso, 12 famílias foram obrigadas, pelos indígenas, a deixarem suas casas. No entanto, na localidade, mais de 40 produtores rurais possuem áreas. Alguns agricultores relata-

Manifestação feita pelos produtores de LS na Delegacia da Polícia Federal em Guarapuava

68

Revista do Produtor Rural do Paraná

ram que foram expulsos de suas casas sem direito de pegar roupas ou documentos. Foi o caso de Demetrio Fialka. Segundo ele, os índios chegaram armados com facões, ocupando a casa e ameaçando sua família, caso não aceitassem sair. “Não nos deixaram tirar nada. Acredito que as nossas coisas já estão sendo vendidas. Estou com minha família, vivendo de favor e sem dinheiro”, contou o proprietário rural. Izabel Peracchi, moradora antiga do local, conta que há anos enfrenta problemas com os indígenas. A propriedade dela não foi invadida, mas ela relata furtos frequentes. “Eu tenho a escritura, pago os impostos, minha


A Audiência Pública realizada em Guarapuava teve como sentença do Juiz Federal Marcelo Adriano Micheloti o aumento de multa diária para a FUNAI e a União. O valor atual é de R$ 5 mil por dia.

propriedade é legal. Ela era do meu pai, depois foi passada para mim, estou no local há 27 anos. Já tive furtos pequenos, como botijão de gás, galinha, fios de luz e agora com essa última ocupação nas propriedades vizinhas, eles roubaram um boi. Jamais vou aceitar sair de lá”. As terras da localidade são reivindicadas pelos índios há vários anos, mas a advogada Laís de Oliveira Flaresso explica que a portaria que definia o local como sendo reserva indígena foi considerada nula. “A demarcação realizada foi considerada nula. Não há nada que diga que aquela área é indígena. Portanto, as ocupações são ilegais”. A ordem de reintegração de posse saiu dias após as invasões, em 11 de dezembro de 2015. Mas o que era pra ser a solução do problema, de nada adiantou até o fechamento desta edição. Mesmo com a ordem, a Polícia Federal afirmou que não poderia cumprir a ação por falta de efetivo.

Desde as invasões, produtores vêm registrando Boletins de Ocorrência na Polícia Civil, por furtos ou perturbações. Mas nenhuma ação legal foi tomada. Na madrugada do dia 22 de janeiro os índios incendiaram a Escola Municipal que fica na Comunidade Boa Vista e ainda a casa do produtor rural Idesnei João Beletti. Nada também foi feito.

Manifestações Cansados de esperar por uma solução para o problema, após a ordem de reintegração de posse, os produtores da comunidade Boa Vista realizaram uma manifestação em frente à Delegacia de Polícia Federal, em Guarapuava, no dia 27 de janeiro. Eles ficaram até às 19h em frente à delegacia, com faixas que pediam justiça. Segundo a produtora Rosecleia Padilha, os delegados Marcus Vinicius Mesquini e Waldomiro Vieira Junior ouviram alguns produtores e também tiveram reunião com

uma das advogadas envolvidas no caso, Laís de Oliveira Flaresso. “A Polícia Federal nos disse que por bem ou por mau os índios serão retirados das propriedades, mas ainda não há uma data definida, que era o que mais queríamos”. Os produtores também fizeram uma manifestação no dia 02 de fevereiro, desta vez no Centro de Laranjeiras do Sul. O comércio da cidade, em apoio, ficou fechado por algumas horas.

Audiência Pública Na tentativa de um acordo entre os produtores rurais e os indígenas, uma Audiência Pública também foi realizada no dia 15 de janeiro. Todas as partes envolvidas no caso foram chamadas, porém nenhum dos índios compareceu. O cacique Claudio Rufino justificou a ausência dizendo que queria evitar conflitos. Revista do Produtor Rural do Paraná

69


Na ocasião, estavam presentes o Juiz Federal Marcelo Adriano Micheloti, o advogado da União, doutor Audrey Fabiano Lustoza, o procurador da República, doutor Marcelo de Souza, o delegado federal de Brasília, doutor Luiz Carlos Ramos Porto, os advogados que representam os produtores, doutora Maressa Pavlak Melati e Laís de Oliveira Flaresso, representantes da Funai e do Incra. Durante a audiência, a advogada Maressa reafirmou que nenhum dos produtores tinham interesse de negociar as terras com o Incra e o único objetivo de todos é que os índios sejam retirados de suas propriedades e realocados em outro local. Ambos os advogados que defendem os produtores rurais exigiram um prazo para que a reintegração de posse seja cumprida. Porto, como representante da PF afirmou que não consegue determinar um prazo exato para a missão e que em menos de 60 dias não seria possível. O delegado federal defendeu que precisaria de pessoal preparado e um bom número de efetivo para pacificar a situação dentro da legalidade.

E ainda, que antes de tudo, precisaria haver um acordo entre ambas as partes, já que a Polícia Federal não ficaria no local e novas invasões poderiam vir a acontecer se, de fato, decisões concretas não fossem tomadas. No entanto, afirmou que as invasões são consideradas crimes, já que nada comprova que as terras são indígenas, e que índio não tem irresponsabilidade criminal. Por fim, a decisão do juiz federal foi de aumentar a multa diária para a União e Funai de R$ 2 mil para R$ 5 mil até o cumprimento da ordem de reintegração de posse. A REVISTA DO PRODUTOR RURAL, logo após a audiência conversou com o sertanista da Funai, Sebastião Fernandes. Ele afirmou que a Funai vem tentando convencer os índios a saírem das propriedades, até que haja uma decisão legal, mas segundo Fernandes, os índios resistem e dizem que não vão sair das propriedades. O sertanista ainda destacou que a Funai não tinha conhecimento das invasões, por isso nenhuma atitude foi tomada anteriormente. O advogado e assessor jurídico da Federação de Agricultura do Estado do Paraná, doutor Klauss Dias Kuhnen vem acompanhando o caso e também esteve presente na audiência pública. Para ele, chamou atenção o fato do represenKlauss Dias Kuhnen, advogado tante da Funai, e assessor jurídico da Faep que tem poder de negociação, não estar presente, assim como nenhum representante direto dos indígenas. “A Funai diz que as terras são indígenas e os índios também afirmam, porém eles não apresentam nenhum documento, nem nada legal que comprove esse fato. No momento oportuno, que era a audiência, para as partes negociarem, não se chegou a um consenso, porque os indígenas

70

Revista do Produtor Rural do Paraná

não compareceram e nem o representante da Funai, que está em contato direto com os índios. Ou seja, não se chegou a nada pela ausência deles”. O advogado também afirmou que a decisão do juiz federal foi justa do ponto técnico, mas não foi satisfatória e favorável aos produtores. “O que ele poderia fazer, que foi determinar a ordem de reintegração de posse, ele fez. Mas a parte policial não cabe a ele. Então o magistrado fez o que estava ao alcance dele, que foi aumentar a multa diária. Agora eu tenho certeza que nenhum dos produtores têm interesse nesse tipo de punição. O que eles querem são suas terras de novo”.

Reunião No dia 16 de fevereiro, um dia após a Audiência Pública, foi marcada uma reunião pelo Incra e a Funai. Algumas pessoas da comunidade Boa Vista puderam participar, mas segundo a advogada Maressa Pavlak Melati, os autores das ações de interdito proibitório e ordem de reintegração de posse, assim como os advogados que representam os mesmos não puderam participar. “O Incra conseguiu acordo com sete pessoas, dizendo que vão realocar essas pessoas e dar novas áreas daqui a dois meses. Mas não quer dizer que esse acordo vai se concretizar. Essas pessoas não são proprietárias da área. Por exemplo, uma das pessoas que aceitou o acordo, na verdade, a área é do seu irmão. Vale ressaltar, ainda, que nenhum proprietário que entrou com ação fez acordo. E mesmo que uma família concordasse em fazer o acordo, as outras que não aceitaram e entraram com reintegração, seriam atingidas. A reintegração tem que ser cumprida da mesma forma para elas”, explica Maressa. Até o fechamento desta edição, os produtores continuavam aguardando a Polícia Federal cumprir a ordem de reintegração de posse das propriedades invadidas.


Nogueira pecã

Perspectivas para o produto são cada dia mais favoráveis Engenheiro Agrônomo MSc. Julio Cesar F. Medeiros – CREA 15.364-D Responsável Técnico Viveiros e Agroindústria Pitol JMedeiros Consultoria em Agronomia – julio@jmedeirosambiental.com.br

A

s amêndoas de maneira geral, e as nozes-pecã, em particular, por serem consideradas um alimento de alto valor nutricional e terapêutico, vêm experimentando um aumento firme e crescente de consumo no Brasil e no mundo, o que faz com que a cultura seja uma alternativa de cultivo altamente promissor. Setenta por cento do consumo no país é oriundo de importação e somente os três estados do sul, principalmente, além de algumas regiões de clima mais ameno do centro-oeste e sudeste tem condições de produzir, sendo que o mercado para o produto alcança, além destes estados, todo o restante do país. Além dos países europeus, tradicionais consumidores, o outro grande mercado que já é uma realidade são os países asiáticos, onde se destaca a China, com sua população cuja renda crescente é usada em proporção significativa para a melhoria do padrão alimentar, e onde as amêndoas como a noz-pecã alcançam já uma posição de destaque, com estimativas de grande crescimento para os próximos anos.

Além da China, outro país que vem experimentando um crescimento vertiginoso é a India, com população também gigantesca, e com poder aquisitivo em franco crescimento. Este grande aumento no consumo mundial tem se refletido, naturalmente, no significativo aumento nos preços de venda para o produtor, que saltou dos 2,5 dólares praticados antes da China entrar no mercado, para até 5 dólares o quilo após o ingresso deste país. O preço no mercado brasileiro não é exceção, tendo o produto em casca alcançado no ano passado valores que chegaram próximos de R$18,00 o quilo. Para este ano, as perspectivas são de que os preços não baixem de 4 dólares o quilo, pois a demanda segue alta e em crescimento, e a produção está muito longe de atender esta procura crescente. Isto tem feito com que a indústria trabalhe em ociosidade, em média, por um período de 3 a 4 meses por ano, por absoluta falta de matéria-prima. E este aumento no consumo não é uma tendência de curto ou médio prazo. Conforme dados divulgados pelo INTA, da Argentina, a tendência é de forte expansão no con-

Pomar com 7 anos, da empresa Viveiros Pitol

sumo mundial para os próximos anos, uma vez que, comparativamente aos Estados Unidos, o maior produtor e maior consumidor mundial, o consumo médio por habitante na China, por exemplo, embora este país já seja o segundo maior consumidor mundial, ainda não atinge nem 10% do consumo médio do americano. Pela sua alta rentabilidade, baixo custo de implantação e mercado em forte expansão, a nogueira-pecã se coloca atualmente como uma das melhores alternativas de exploração, buscando a viabilidade das propriedades rurais, sendo viável o cultivo tanto em pequena escala, aproveitando a mão-de-obra familiar, como também em escalas maiores, pois permite mecanização em todas as etapas da produção.


Soja

Caravana Soja Brasil Em tempos difíceis, produtores da região aproveitaram para ouvir a opinião e conselhos de especialistas

72

Revista do Produtor Rural do Paraná

F

echando a programação técnica de 2015 do Sindicato Rural de Guarapuava, a entidade recebeu a Caravana Soja Brasil, no dia 8 dezembro. O projeto tem a realização do Canal Rural e da Aprosoja Brasil, com a coordenação técnica da Embrapa, apoio institucional do Conselho de Informações sobre Biotecnologia (CIB) e da Associação Brasileira de Sementes e Mudas (Abrasem), consultoria da Safras & Mercado e Somar Meteorologia. Além da programação de palestras técnicas que trataram sobre o mercado da soja, culturas Bt, perspectivas de clima, economia no processo de produtividade da soja e fertilidade, o Sindicato Rural ofereceu aos participantes estandes de empresas parceiras, que puderam demonstrar seus produtos e serviços. Para o presidente do Sindicato Rural de Guarapuava, Rodolpho Luiz Werneck Botelho, o evento foi uma maneira de proporcionar aos produtores rurais da região um panorama geral da situação agrícola no país, com foco na soja. “Como é uma caravana e passa por outras regiões, há uma troca de

Rodolpho Luiz Werneck Botelho, presidente do Sindicato Rural informações de como está o plantio e o desenvolvimento da cultura. Junto com essa troca de informações, as palestras técnicas que acompanham a caravana são de fundamental importância, pois estamos em uma safra complicada tanto em questão de clima, como em instabilidade econômica. É fundamental obter informações das pesquisas para prestar atenção no manejo da cultura. Outro ponto é a questão da comercialização. Estamos com a comercialização da safra 2016 relativamente adiantada, mas o pro-


José Eduardo Sismeiro, presidente da Aprosoja

Apoiadores locais Em Guarapuava, o evento contou com o patrocínio da Ademilar, Sultec, Promissor Seguros, Kwayb, Assemblage, Box M3, MacPonta – John Deere, Zico Motosserras, Inquima, Agrícola AGP, Cooperativa Agrária, Agrichem, Agroplan, Agrícola Estrela, Guará Campo, Coamo, Deragro, CooperAliança, Sociedade Rural de Guarapuava e Piscicultura Progresso.

dutor deve ficar atento aos seus custos, gerenciar seus riscos e ter uma boa gestão da sua propriedade. Por isso, informações e projeções do mercado também são sempre de grande valia”. O Caravana Soja Brasil conta ainda com patrocínio da BASF e Mitsubishi Motors, com apoio de Intacta RR2 Pro e apoio da Yara Brasil Fertilizantes e MAN LatinAmerica.

Foram 19 apoiadores do evento em Guarapuava Revista do Produtor Rural do Paraná

73


Perspectivas e tendências para a soja

Flávio França Jr. Consultor econômico e especialista em agribusiness

O setor da soja no Brasil vive um momento ainda mais desafiador: no mercado externo, muita oferta. No interno, a política afeta o cenário econômico. Em sua palestra, o consultor Flávio França Jr. elencou, entre os desafios, a tendência de um preço abaixo de US$ 10.00/ bushel. Fatores positivos, a seu ver, são: firme demanda nacional e global, Brasil com 43% de vendas antecipadas, eco-

nomia mundial em crescimento, tendência de câmbio alto no Brasil e prêmios positivos. Mas ele observa que o impeachment levaria o câmbio para baixo e aponta que em 2016 as margens serão mais ajustadas. Confira: “No lado do mercado internacional, estamos com uma situação de sobreoferta. Especialmente na soja. Milho e trigo, nem tanto. Você tem uma sobreoferta que vem mantendo os preços internacionais bem abaixo da média, abaixo inclusive dos US$ 9.00/bushel. A gente abre 2016 também com um cenário conservador. Para que esse preço em Chicago volte para um nível acima dos US$ 10.00/bushel, necessariamente precisa ajustar a oferta. Não adianta mexer em três, quatro ou cinco milhões de toneladas. Isso não muda o preço da soja no mundo hoje. Para o preço voltar à média, tem de tirar 15, 20 milhões de toneladas da safra global. A bola da vez é a safra da América do Sul. Estamos com alguns problemas localizados, nas regiões Norte e Nordeste, com as chuvas irregulares. Aqui na região Sul, com o excesso de chuvas. É um ano de El Niño, normalmente de safra cheia. Podem haver problemas localizados e reduzir o potencial da nossa safra. Ainda acredito numa safra gran-

de, próxima dos 100 milhões de toneladas. O produtor fica na dependência do câmbio. Na verdade, a gente vive um drama no país: ao mesmo tempo, inflação, recessão, PIB andando para trás. O caos político. Por esse motivo, o câmbio subiu tão forte nos últimos meses. Passou o ano garantindo a renda do produtor. A safra 2015 foi garantida pela taxa de câmbio alta. O grande risco que o produtor tem é que esse processo que temos em discussão hoje no Congresso, de impeachment, se avançar, para a taxa cambial é positivo. A taxa de câmbio perde valor, ela cai. Qual é o raciocínio do mercado? Esse governo não tem condições mais de governar. Se ficar, não vai conseguir aprovar nada, fazer os ajustes. Ninguém está dizendo que o impeachment é bom. É um trauma para a economia, para o país. Porém, diante do caos em que a gente chegou, a visão do mercado é a de que é um mal menor. De repente a gente tem uma esperança de parar de piorar. E isso não aconteceu ainda. Se esse processo for rápido, se corre o risco de que, quando chegar na nossa colheita, o câmbio esteja mais baixo do que está hoje. O câmbio pode ainda melhorar um pouco, flutuar e trazer momentos interessantes. Acho que o produtor deve aproveitar”.

Boas práticas agronômicas em culturas Bt

José Magid Waquil Pesquisador da Embrapa, agrônomo, mestre e doutor em entomologia

74

Revista do Produtor Rural do Paraná

“As principais práticas nas culturas Bt são a dessecação antecipada, o uso de tratamento de sementes, que é uma prática muito importante, o manejo de plantas daninhas para evitar a massa verde antes do plantio. Outra prática que merece muita atenção é uso da área de refúgio e o manejo de pragas. Dentro do manejo de pragas, destacamos também o monitoramento, acho que esse é um ponto fundamental que muitos produtores não entenderam a importância, pois acham que é uma perda de tempo. Mas na verdade (produzir sem monitoramento de pragas) é gerenciar a questão de infestação da sua lavoura sem conhecer a realidade que está acontecendo no ecossistema. Esse monitoramento deve ser feito tanto em culturas normais, como na transgêni-

cas. No caso das transgênicas, cada tecnologia tem um nível de ação diferenciada. Então o produtor deve procurar o guia prático da cultura que ele está adquirindo para saber exatamente quais são as formas que ele deve fazer o manejo das pragas alvo nas culturas Bt. Nas culturas que consideramos não transgênicas ou nas áreas de refúgio, nós mostramos ao produtor quais são os níveis de ação, como ele deve manejar na área de refúgio no sentido de manter uma população mínima de insetos susceptíveis a área dele para cruzar com os eventuais resistentes que eventualmente sobrevivem na cultura Bt. Então, o resultado desse cruzamento gera indivíduos susceptíveis e que é o que a gente quer manter, para a tecnologia Bt continuar funcionando”.


Os diretores do Sindicato Rural, Rodolpho Luiz Werneck Botelho e Gibran Thives Araújo. Ao centro, o produtor da Caravana Soja Brasil 2015, Sérgio Cotrim

Estandes das empresas parceiras do evento

Economia no processo da produtividade da soja

Amélio Dall’agnol Pesquisador da Embrapa Soja “A principal estratégia para o produtor economizar no processo de produtividade da soja é a gestão do negócio agrícola. É o produtor saber comprar bem os insumos e vender bem a safra. Como o produtor pode comprar bem os insumos? É, prin-

cipalmente, guardando dinheiro na época de vacas gordas para comprar à vista, os insumos, as máquinas, em vez de comprar em longuíssimas prestações ou comprar os insumos para pagar apenas com a produção. Também é possível reduzir custo, com o menor uso de fertilizantes. Colocar a quantidade necessária, mas não em excesso. Algumas vezes eu tenho excesso de fósforo em minha área e continuo colocando 400 quilos de NPK na dosagem x. Para fazer isso de forma correta, você precisa fazer uma análise de solo e com base nisso adubar de acordo com o que falta no seu solo e não simplesmente jogar uma quantidade enorme de fertilizantes. Porque a natureza tem uma lei que se chama a lei do mínimo, significa que a produção de uma planta acontece de acordo com o nutriente que ela precisa e que está em menor quantidade. Se, por exemplo, está faltando enxofre na minha lavoura, não adianta colocar potássio. Da mesma forma agrotóxicos: se eu coloco quantidade de pul-

verizações a mais que o necessário, eu estou perdendo quatro vezes: porque eu gasto mais dinheiro, poluo mais o meio ambiente, ajudo a promover a resistência das pragas aos agrotóxicos e mato os inimigos que matam as pragas. Em épocas de vacas magras, como dizemos, é que os produtores devem estar mais sensíveis a fazer essas pequenas economias, pois, podem fazer a diferença. Inclusive o produtor deve repensar o Manejo Integrado de Pragas. O produtor tem muitas dúvidas ainda em relação a isso. Uma delas é que ele não sabe se realmente pode deixar a lagarta desfolhar 30% da planta na fase vegetativa ou 15% na fase reprodutiva. Ou que ele pode deixar dois percevejos por metro linear e que isso não vai causar danos na produtividade dele. Ele também duvida do levantamento que o funcionário fez. Só que em ano de carestia, esse adicional a mais de herbicida e/ou inseticida que ele usou pode ser um lucro que ele deixou de ganhar”.

Revista do Produtor Rural do Paraná

75


Construção da fertilidade do solo e adubação na cultura de soja para altas produtividade

Antonio Saraiva Muniz Jr. Especialista agronômico Yara Fertilizantes

“O objetivo da minha fala foi trazer aos produtores reflexões a respeito desse tema que possam motivá-los a sair com o questionamento sobre o que fazer de diferente no manejo da fertilidade como um todo, pensando em propiciar para cultura um melhor ambiente para que ela se desenvolva pensando em termos de nutrição. Tudo isso pensando em boas práticas para o uso eficiente de fertilizantes, que hoje representa uma grande parcela do custo de produção da cultura.

E eles têm que ser manejados para que o produtor consiga tirar o máximo de soja para cada quilo de adubo que ele coloca no solo. Algumas dessas práticas são: trabalhar o conceito de que o produtor sempre se questione qual a melhor opção de fertilizantes para área que ele tem; buscar o equilíbrio entre aquilo que é econômico e aquilo que é técnico; a época ideal de aplicação; e por fim a questão da forma da aplicação, se é melhor a localizada, a lanço ou área total”.

Perspectivas do clima para a safra de soja

Luiz Renato Lazinski Meteorologista do INMET/MAPA

“Ultimamente, o clima tem sido notícia não pela falta, mas sim pelo excesso de precipitação que estamos observando. A falta de chuva prejudica as lavouras, mas o excesso também acaba prejudicando. Em 2015, nós vivemos sobre o efeito do fenômeno climático El Niño, que todos já ouviram falar bastante e este El Niño foi forte. Em virtude disso, ele vem influenciando muito nosso clima. Tem provocado muita chuva acima da média e muitos dias com chuva. A tendência é que ele continue até o final de fevereiro, atin-

gindo seu máximo, e a partir daí, começa a diminuir. Portanto, a perspectiva é que essas chuvas acima da média continuem, pelo menos, até o final da safra de verão. A boa notícia é que em anos de El Niño, nós não corremos tanto o risco da ocorrência de geadas muito no cedo. Chove muito, mas o frio vem na época certa. É preciso deixar o equipamento sempre pronto porque não irá ter até fevereiro mais que quatro dias sem chuva, então o produtor precisa aproveitar os poucos dias de sol para trabalhar”.

Ao final do evento, foram sorteadas cestas e panetones aos sócios do Sindicato Rural

76

Revista do Produtor Rural do Paraná


Revista do Produtor Rural do Paranรก

77


Pragas

Com Alerta Percevejo, FMC propõe novo manejo

A

fabricante de agroquímicos FMC Agricultural Solutions promoveu em Guarapuava, no último dia 14 de dezembro, evento técnico, para produtores rurais, com o objetivo de propor uma nova visão sobre o manejo de combate ao percevejo (Nezara viridula) e apresentar sua linha de produtos contra aquela praga. O encontro foi uma das etapas do Programa Alerta Percevejo, lançado pela empresa. Na iniciativa, um especialista convidado explica a forma de ação do inseto na lavoura e profissionais das áreas de Desenvolvimento de Mercado e de Marketing detalham como a FMC vem preconizando o posicionamento de suas alternativas tecnológicas para fazer frente ao inseto. De acordo com a equipe do programa, vários são os motivos que vêm tornando o tema cada vez mais relevante: ao contrário das lagartas, o percevejo se desloca na parte mais baixa das plantas e com isso o agricultor nem sempre percebe que a lavoura já apresenta infestação; mesmo a presença de um pequeno número de indivíduos já é suficiente para começar a reduzir o desempenho das culturas; além disso, a praga, conhecida na soja, passou a se alastrar também por outras culturas. Gerente Comercial da FMC para o Sul do Brasil, Giovani Ari Scortegagna comentou os eventos: “O Alerta Percevejo é um programa que visa alertar os produtores sobre esta praga que está se tornando cada vez maior, em função dessa diminuição de aplicação de inseticidas na soja”. Scortegagna recordou que a presença do inseto ameaça agora outras lavouras importantes: “Hoje, a gente

78

Revista do Produtor Rural do Paraná

Evento em Guarapuava: um dos encontros do programa em nível nacional

está vendo percevejo atacar milho, trigo, que basicamente não tinham esse problema”. Outro risco, acrescentou, é que muitas vezes o dano só é percebido tarde demais: “Quando que o produtor vai começar a fazer o manejo? Quando vir o percevejo voando. Mas aí a população geralmente é muito alta. Isso vai requerer que se faça várias aplicações”. Mesmo assim, completou, existe perda de produtividade. Em sua rotina percorrendo diversas regiões do país, o gerente disse ter encontrado lavouras que exemplificam o problema: “Tenho rodado o Brasil e visto áreas com cinco, sete aplicações para percevejo. Com três, ele (o produtor) podia ter tirado”. Por isso, apontou,

Scortegagna: produtor pode até aplicar menos


o Alerta Percevejo propõe uma nova visão: “É um evento que visa fazer com que o produtor repense a sua estratégia e comece a fazer aplicação mais cedo, para fazer até menos aplicações do que se fizesse as mais tardias”. A recomendação da FMC, sublinhou, é um conceito diferenciado: “O que a empresa preconiza é que a população de Braga da Silva: palestra técnica sobre o percevejos seja mantida desafio do percevejo em um número baixo de indivíduos, por metro quadrado e por consequência, por hectaqueles insetos pode acarretar perre”. Ainda de acordo com ele, no uso dos das significativas: “Tem algumas produtos da empresa, “aplicação na hora simulações de dano no Brasil que da dessecação ou no estádio vegetativo apontam que, a partir de um perceda soja, para baixar a população, vai ser vejo por metro quadrado, já podemuito eficiente”. mos ter danos na Com experiência produção”. Bra“Quando que o em manejo de insetos ga da Silva tame ácaros, o agrônomo bém comentou produtor vai começar Mauro Tadeu Braga que atualmente a a fazer o manejo? da Silva, que realizou forma de manejo, Quando vir o percevejo a palestra técnica do no país, se movoando. Mas aí a encontro, também dificou: “Hoje, população geralmente enfatizou a necesa pressão é um é muito alta” sidade de se manter pouco maior. a presença da praga Antes, se fazia Paulo Renato Colares, gerente nos parâmetros que uma aplicação comercial da FMC para o Sul do a pesquisa indica no máximo. TalBrasil como controlável. O vez, na região de agrônomo ponderou vocês, uma, duas no entanto que o agricultor precisa seno máximo. Tem regiões brasileiguir as recomendações técnicas para não ras em que as aplicações são mais criar cada vez mais resistência entre os pesadas. O produtor de sementes percevejos. Em entrevista, apontou que aplica mais em relação ao produhoje, com plantas altamente produtivas, tor comercial. O mais importante um número aparentemente pequeno daé: como a gente precisa produzir,

é tentar impactar menos o meio ambiente e conseguir produzir alguma coisa relevante em termos de grãos por hectare”. Encerrando o encontro, João Marcos Fillwock, da área de Desenvolvimento de Mercado da FMC, apresentou três alternativas para o combate ao percevejo, especificando o momento indicado pela empresa para a utilização na soja: Mustang (dessecação / plantio), Hero (Vn-R3) e Talismã (R3R6 / Enchimento de grãos).

Fillwock: posicionamento das soluções da FMC Iniciado em outubro de 2015, o Programa Alerta Percevejo abrange a realização de cerca de 40 eventos, em regiões agrícolas do Rio Grande do Sul à Bahia, incluindo Paraná, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Goiás e Minas Gerais. Em todos os locais, a FMC realiza os encontros dentro do mesmo padrão, com palestra técnica e divulgação das soluções para a praga do percevejo.


Agromarketing

Marketing de Origem:

o que é e como os produtores rurais podem se beneficiar dessa estratégia

Sebastião Ademir da Silva Sógio Diretor da Arkétipo Agrocomunicação

P

ara entender o significado de marketing de origem precisamos lembrar de como os alimentos eram vendidos no passado. Quase não existiam marcas e os produtos eram vendidos a granel ao consumidor final. As marcas que haviam não precisavam se diferenciar pois as opções eram poucas. Hoje, o acesso a produtos é quase infinito e a diferenciação entre eles é cada vez menor. Ainda assim, tem frigorífico vendendo carne de boi por carne de boi, produtor vendendo café por café, leite por leite, cada um por si e no fim tudo vira commodity1. Agregar valor a um grupo de produtos dando ênfase a seus atributos emocionais, étnicos, culturais, regionais e muitos outros resume o que vem a ser marketing de origem. O mundo tem muitos exemplos bem-sucedidos onde a iniciativa partiu de associações de produtores e cooperativas, como o café da Colômbia,

o presunto de Parma, o queijo Parmigiano-Reggiano na Itália ou a Quality Meat Scotland, organização escocesa dedicada a promover a carne produzida no país. Essas associações mantêm planos de marketing e programas dedicados a evidenciar características exclusivas de seus produtos e das regiões onde são produzidos, ganhando vantagem competitiva graças a sua procedência. O marketing de origem funciona de forma quase linear: um grupo de produtores, um produto de qualidade, boas práticas de fabricação, certificações, domínio da cadeia e uma boa história para contar, que pode ter origem na etnia de um povo, em sua cultura e costumes. A partir daí eu não vendo mais carne por carne, por exemplo. Eu vendo a carne da região do vale tal, a qual é conhecida por tais características. O consumidor entra no site e pode saber tudo sobre as boas práticas e entender, por exemplo, o que é rastreabilidade e o que ela significa para o bife que ele está consumindo. As iniciativas devem partir de entidades representativas, pois o produtor sozinho não possui recursos para iniciar um plano de marketing de toda uma região. Porém, ações nesse sentido já foram abandonadas por falta de engajamento dos envolvidos. Para dar certo, a ideia de associativismo tem que estar bem disseminada e todos devem ter entendimento de que a marca que estão construindo depende da dedicação de cada um para sustentar os atributos prometidos.

A percepção de qualidade só vai se sustentar se a marca entregar o que promete. Eu posso dizer que faço “o melhor hambúrguer do mundo” porque, a não ser que alguém já tenha provado todos os hambúrgueres do mundo, na prática ninguém consegue provar que não faço e ninguém antes de mim disse que fazia o melhor hambúrguer do mundo. Porém, se eu não entregar um produto de qualidade, uma experiência gastronômica, todo meu esforço de construção de marca irá por água abaixo. O marketing de origem não é usado somente para promover as marcas em mercados-alvo, mas também para defender mercados locais do ataque de concorrentes de outras regiões ou mesmo de outros países. Em resumo, é um conjunto de ações que reúne razão e emoção e que pode significar rever toda a estrutura de produção para obter certificações oficiais de origem, programas de integração e alinhamento tecnológico de produtores, além de um robusto projeto de construção de marca conduzido por profissionais de marketing e comunicação. O resultado, a médio prazo, são produtos diferenciados e com alto valor agregado, prontos para ganhar grandes fatias de mercado.

Referências: XAVIER, Coriolano. O poderoso marketing de origem. www.milkpoint.com.br acesso em 26 de janeiro de 2016 TEJON, José Luiz et XAVIER, Coriolano. Marketing & Agronegócio. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2009.

1 qualquer bem em estado bruto, geralmente de origem agropecuária ou de extração mineral ou vegetal, produzido em larga escala mundial e com características físicas homogêneas, seja qual for a sua origem, geralmente destinado ao comércio externo. (HOUAISS, 2001)

80

Revista do Produtor Rural do Paraná


Pós Colheita

A importância da exaustão de poeira em agroindústrias

Eng. Marcio Geraldo Schäfer marciogeraldo@ymail.com Paraná Silos Representações Ltda.

Não é de hoje que a emissão de pó e particulados tem feito parte das reuniões de diretoria de diversas agroindústrias. A emissão de pós nos processos de limpeza e movimentação de grãos, tem sido assunto amplamente discutido internamente nas empresas tanto pelo fator ambiental, como trabalhista. É comum nas pautas do plano diretor das grandes indústrias, a viabilização de verba para investimentos contínuos no setor.

O

despoeiramento de agroindústrias, além dos aspectos de proteção do meio ambiente, pode proporcionar uma série de melhorias no processo produtivo, otimizando tarefas e ainda na melhora do ambiente interno, protegendo colaboradores e máquinas. A legislação brasileira vem elevando seu nível de exigências no termo de emissão atmosférica, e a norma trabalhista no Brasil tem uma das mais exigentes legislações ambientais do mundo. Sabe-se também que a fiscalização ainda é muito pontual, baseando-se em denúncias ou sinistros. Mas o inevitável é que em um momento ou outro esta necessidade se colocara à sua porta. Se a captação de pó é importante pela adequação e exigência ambiental, além da melhoria do ambiente de trabalho de colaboradores, um bom sistema de aspiração e filtragem pode ajudar em diversos processos, seja porque o pó captado no recebimento do grão facilitará o processo de tarara ou máquina de limpeza, equipamentos de transporte como elevadores de canecas e correias, mas principalmente é de vital importância para evitar sinistros.

Para que ocorra uma explosão, são necessários três elementos, COMBUSTÍVEL, OXIGÊNCIO E FAÍSCA. Em um ambiente com particulados suspensos em determinado volume (combustível) somado a um ambiente aerado (oxigênio), qualquer centelha ou faísca pode acabar causando uma

explosão de proporções incalculáveis. É bem comum que escutemos histórias sobre alguém que desceu em túnel para fazer uma solda ou manutenção e ocorreu uma explosão. Acontece que particulados específicos, mais comumente soja e milho na forma de pó depositado em túneis, por exemplo, ao Revista do Produtor Rural do Paraná

81


agregarem umidade ou água, iniciam um processo de fermentação, liberando no ambiente gases tóxicos. Devemos considerar que todo ambiente confinado deve ter uma ventilação eficiente, de maneira a manter uma troca constante de ar, dificultando a ocorrência destes sinistros. Cabe aqui considerar que, neste caso, não estamos falando de exaustão localizada para remoção de pó, mas sim de ventilação diluidora, para garantir um ambiente que pode ser visitado. A ventilação de túneis e poços de elevadores normalmente é feita através de ventiladores axiais, que atingem maiores vazões com menores potências instaladas, ligados por dutos para direcionamento do ar. Um dos melhores conceitos para um túnel que possua poço nas duas pontas é jogar ar limpo por um lado e retirar ar saturado pela outra ponta. Em poços de elevadores é comum realizar a exaustão em depressão, onde um ventilador instalado a nível de piso está retirando ar do ambiente através de um tubo de mergulho, que termina a mais ou menos um metro do piso do poço. Este tipo de sistema de ventilação não garante que pós e particulados acabem decantando no ambiente, mas garante uma renovação constante de ar e retirada de gases tóxicos. Muitos conceitos desta ventilação são apresentados, po-

82

Revista do Produtor Rural do Paraná

rém deve-se levar em conta caminhos preferenciais do ar para não existirem pontos cegos sem circulação de ar no ambiente. Ao determinar um sistema de aspiração e filtragem, algumas premissas devem comandar a escolha do procedimento mais adequado ao processo produtivo existente. É bem comum que procedimentos e manuseios tenham que ser alterados para aumentar o resultado e reduzir investimentos. Ao determinar uma aspiração localizada, deve-se ter em mente que o enclausuramento ou fechamento máximo da operação deve ser alcançado. Quanto mais fechamento na manipulação e movimentação, menor será a necessidade de volume de ar aspirado e, por consequência, menor será o equipamento de filtragem. Tombos de correias e recebimento de correias devem ter capelas ou tampas forçando o ar a não se desprender, fazendo com que uma baixa vazão de ar e ponto de aspiração consiga manter entrada constante de ar pelas aberturas e evitando que o pó disperse no ambiente. O mesmo vale para descargas de silos, redlers, triper, entre outros processos de movimentação. Uma solução em novos projetos é a utilização de redleres (transportador fechado de corrente), no lugar de correias transportadoras.

Um dos pontos com maior investimento nas agroindústrias é a recepção e expedição de grãos, onde grandes massas de produto estão sendo transportadas, criando um arraste de ar em alto volume, carregado de particulados que após desprendidos dificilmente serão captados. No caso de recebimento de grãos por bicas, onde não se espera grande agilidade de descarga não são os mais complicados, mas quando falamos em tombadores de caminhões ou ainda basculamento de caminhões a coisa complica. Ao iniciar a inclinação de descarga nestes processos temos um volume grande de grãos sendo jogado para dentro da moega em intervalo curto de tempo. Como neste momento a moega está cheia de ar, este é expulso na mesma violência da descarga, gerando alto nível de pó no ambiente, tornando-se, em alguns casos, impossível o operador entrar no ambiente do tombamento até que a poeira decante. Em uma indústria que possui várias moegas e diversidade de caminhão, é interessante que haja um direcionamento do fluxo, tombando em uma moega com o sistema instalado. Isto facilitará o processo de fechamento no entorno da operação e ajudará a otimizar os custos do investimento. O conceito de enclausuramento e fechamento não é nenhuma novidade. Livros de mecânica de fluidos com enfoque em ventilação escritos há mais de 40 anos já colocam isto como de real importância para a eficiência dos sistemas. Empresas que fabricam equipamentos de armazenagem, em especial as empresas que fornecem para o setor portuário, há pelo menos 30 anos realizam este tipo de trabalho, melhorando os resultados da aspiração. Devido à variedade de recebimento de grãos em agroindústrias, as empresas especializadas geraram um case com diversos tipos de fechamentos, sejam fixos, móveis, de chapa metálica ou itens flexíveis, com condição de apresentar ao usuário uma variedade de soluções que certamente uma irá se adequar ao processo. Seguindo esta premissa de projeto, um carro chefe da exaustão das moegas tem sido o enclausuramen-


to móvel de tombadores. O mesmo é fixo nas abas laterais do tombador, movimentando-se em conjunto com o mesmo, criando um túnel de baixa metragem cúbica, mas principalmente faces abertas menores, garantindo com baixas vazões e pequenos equipamentos a não emissão de particulados para o ambiente externo, bem como uma lavagem mais rápida do ar, fazendo com que ao baixar a plataforma de tombamento não existam mais pós em suspensão. Uma porta que pode ser mecânica ou manual encerra o fundo do fechamento proporcionando excelente resultado. Devido à baixa cubagem do ambiente esta exaustão fica eficiente em potências pequenas como 40 ou 50cv. Outras soluções como filtros armários embutidos sobre a grade da moega, fazendo a grade virar grande plenum aspirante, tem ganhado espaço em entrepostos, empresas de logística, fábricas de rações, entre outros, pois evita retirar o pó e particulado, retirando apenas o ar que seria desprendido na movimentação. Levando-se em conta que em empresas de rações todo pó é aproveitado e que em empresas de logística todo volume que entrou na unidade deve ser expedido, esta pode ser a melhor escolha. Outro equipamento que vem ganhando bastante espaço são os filtros pontuais ou inseríveis. Este tipo de equipamento fica assentado sobre o ponto de emanação, seja ele um chute de correia, ou ainda um elevador, criando uma depressão constante e através de pulsos de ar comprimido devolve o produto ao sistema de transporte. É importante informar que ao participar de um processo de cotação deste tipo de sistema, o comprador, en-

genheiro ou proprietário, deve ter em mente a necessidade de visitar uma obra já realizada pelo fornecedor, ou ainda duas ou três ligações de referência para não entrar literalmente em uma furada. Lembre-se que em foto, toda obra recém concluída tem bom aspecto, vale saber se funcionou adequadamente, se segue operando até hoje, se o regime de manutenção está de acordo, entre outras averiguações. Um bom sistema deve ser desenvolvido de maneira a gerar apenas uma manutenção preventiva anual, tendo casos onde com monitoramento adequado pode-se diminuir a periodicidade preventiva. Equipamento que apresenta problemas ou exige manutenção constante foi mal dimensionado. Se sua empresa é grande ou pequena, em algum momento terá que dis-

cutir este tipo de sistema de controle ambiental, fazendo esta premissa necessária e de aporte ao crescimento natural da empresa. O bom ambiente de trabalho exigirá que você pense nisto. Resta salientar que uma análise de cada processo e emanação de particulados, deve ser estudada minuciosamente na fase de concepção de projeto no intuito de gerar um sistema realmente eficiente e que não prejudique a produtividade e resultado da agroindústria. Espero ter colaborado com o leitor neste ínterim. Caso o interesse seja mais profundo, sugiro a solicitação de informativos mais específicos que podem ser providos através de solicitação via meu e-mail: marciogeraldo@ymail.com

Revista do Produtor Rural do Paraná

83


Fotos: Manoel Godoy

Hortifruticultura

Produtores avaliam

safra de batata O

clima e a economia deixaram os produtores rurais apreensivos nesta safra de verão. Não foi diferente na safra de batata, que enfrentou os mesmos problemas que os grãos. Mas apesar das perdas, os números de produtividade, por enquanto, estão praticamente estabilizados, registrando uma leve alta. Segundo dados do Departamento de Economia Rural (Deral) da SEAB, enquanto a primeira safra de 2014/2015, nos 12 municípios atendidos pela regional de Guarapuava, registrou uma produção de 79.531 toneladas, a perspectiva para esta primeira safra é de 80 mil toneladas. Já para a segunda safra, a expectativa é de 99.900 toneladas,

84

Revista do Produtor Rural do Paraná

pouco mais do que no ano passado, quando fechou em 89.246 toneladas. Os bataticultores estavam satisfeitos com o preço da cultura, nos meses de janeiro e fevereiro. Em média, 25% mais elevado do que no mesmo período do ano passado. No entanto, o custo de produção subiu. A alta foi registrada, principalmente, pelo aumento dos preços dos insumos, devido à desvalorização do real em frente ao dólar. O produtor rural Celso Tateiva é bataticultor antigo em Guarapuava. Ele planta anualmente 200 hectares de batata. A colheita da primeira safra começou no dia 15 de janeiro. Em entrevista à REVISTA DO PRODUTOR RURAL DO PARANÁ no dia 28 de ja-


José Carlos Lustosa: “Hoje a batata é responsável por 80% do faturamento da minha propriedade”

neiro, o produtor avaliou os primeiros resultados da safra. “Nós tivemos uma safra com muita chuva, o que trouxe problemas: doenças e redução da produtividade. Além disso, houve um aumento de aproximadamente 30% do custo de produção, devido à alta dos insumos. Mas, em contrapartida, te-

mos um aumento de preço em relação ao ano passado, de 30%, em média. Devido a isso, apesar dos problemas, podemos afirmar que, por enquanto, a cultura está compensando”. O produtor rural José Carlos Lustosa planta batata há três anos. Nesta safra, a cultura da cultivar Ágata ocu-

pou 120 hectares em sua propriedade, que fica na colônia Samambaia em Entre Rios - Guarapuava. Ele também planta soja e milho. Lustosa conversou com a REVISTA DO PRODUTOR RURAL DO PARANÁ no dia 29 de janeiro. Na data, o produtor havia colhido 30 hectares. “A qualidade da batata está muito boa. Em relação à produtividade, ela está, em média, de 10 a 15% menor que no ano passado, devido ao excesso de chuva e à falta de luz. Quanto ao custo, ainda não fizemos todos os fechamentos, mas ele deve estar de 8 a 10% maior do que no ano passado. Em algumas áreas onde, normalmente, fazíamos duas aplicações de fungicidas por semana, desta vez, fizemos de três a quatro aplicações por semana”. Quanto ao preço, Lustosa disse que, de forma geral, o cenário está melhor que em 2015. “Mas temos que lembrar que ainda é início de safra, devemos ir até abril/maio colhendo. É muito cedo para falar sobre média geral de preço de batata. O momento está muito

Revista do Produtor Rural do Paraná

85


Anton Gora, produtor rural: batata como diversificação bom, mas pode variar. Pode melhorar ou piorar. O HF é assim, a variável é muito grande”. As batatas, produzidas na propriedade de Lustosa são vendidas em Campinas (SP), Belo Horizonte (MG) e Rio de Janeiro. O produtor pontuou que, atualmente, ele consegue fechar o ciclo completo da cultura da batata. Ele produz a semente, plantando 20 hectares na propriedade em Entre Rios e mais 20 hectares em uma propriedade em Roncador; planta 120 hectares para batata consumo; possui uma parceria com um lavador de batatas em Guarapuava, onde sua própria equipe lava as batatas; e ainda vende o produto de forma direta. Quando questionado sobre o porquê de há pouco tempo decidir produzir a cultura, mesmo perante a instabilidade de mercado, Lustosa afirma que “a cultura da batata é prazerosa para trabalhar, mas depende de muito empenho e dedicação. É muito técnica e, com isso, para o meu gosto, se torna muito interessante. Levo em conta que a nossa região é muito propicia para as culturas de HF (hortifruticultura) pela altitude, clima e quantidade de chuva, apesar deste ano ter registrado uma quantidade absurda”. Ele também destaca que, de certa forma, a batata tem um papel social. “Depois que comecei a plantar batata, empregamos mais de 50 pessoas durante a safra. Com soja e milho, eu tinha apenas cinco funcionários”, compara. Apesar dos gastos a mais, Lustosa afirma que hoje a batata é responsável por 80% do faturamento da proprieda-

86

Revista do Produtor Rural do Paraná

de. No ano que vem, ele pretende aumentar de 120 para 200 hectares a área destinada ao tubérculo. Parte dos resultados, Lustosa abribui à assistência técnica da Cooperativa Agrária. “Sou cooperado. É o primeiro ano que a cooperativa prestou assistência para a cultura de batata. E foi muito eficiente. Boa parte dos resultados se deve a isso”. Quem também aposta na batata é o produtor rural Anton Gora, que plantou 14 hectares em duas safras na Fazenda Combrão II. “Plantei batata há uns 15 anos atrás. Desisti, na época, porque o mercado era bagunçado e tinha muito calote de comprador. Agora, me parece que isso se normalizou. O mercado está mais organizado, sério e também está levando em consideração a qualidade do produto, o que a meu ver é muito importante”. Gora está procurando atividades mais intensivas. “Plantava somente grãos e com isso eu precisava de muita área, inclusive tinha muitas áreas arrendadas. Agora comecei a me dedicar a culturas mais intensivas. Investi no leite, onde o faturamento é 15 vezes maior por hectare do que em grãos. Agora a batata e depois quero plantar cebola e beterraba. Meu objetivo é que, com essas culturas, eu não precise mais de áreas arrendadas, devido ao alto custo; continue com a mesma ou até aumente a rentabilidade”.

Assim como Lustosa, Gora avalia que a perspectiva do preço da batata atualmente está boa, mas se preocupa com a variação de mercado. “Em janeiro, o preço estava ótimo em função do clima, chovia bastante, o que fez com que a produtividade caísse. Algumas regiões não conseguiram plantar, outras não conseguiram colher e com isso, houve uma falta de oferta do produto. Mas a gente sabe que daqui pra frente, isso pode mudar e o preço cair”. Numa avaliação geral, Gora afirma que vale a pena plantar batata, mas que os verdadeiros rendimentos vêm a longo prazo. “Acredito que precisa haver uma média de umas cinco safras, para assim ter um resultado definido, se é rentável ou não. A batata tem anos muito ruins e outros muito bons”. Gora também afirma que o produtor não deve se aventurar em plantar batata sem assistência técnica. “Hoje, a Cooperativa Agrária vem procurando alternativas de culturas para nossa região, o que é muito importante. A assistência técnica que ela oferece aos cooperados, em culturas de HF ou outras mais intensivas, incentiva e garante que os produtores variem as atividades, mas com foco na qualidade. A qualidade da nossa batata está muito boa e a assistência técnica, em grande parte, é o que tem garantido isso”.

Apesar do clima, produtores elogiam a qualidade da batata



Cantagalo

Rodeio tradicionalista reúne laçadores locais e de outros estados

C

antagalo sediou do dia 5 a 7 de fevereiro, um grande encontro tradicionalista: o 32º Rodeio Crioulo Interestadual, organizado pelo CTG Jacob Fritz. Admiradores e praticantes do laço comprido realizaram competições em várias categorias, sendo elas: quinteto, dupla, individual, capataz, patrão, veterano, guri, piá, prenda, vaca parada – piazinho e vaca parada – piazito. O destaque foi o Laço Equipe, que houve disputa das Taças Ouro (1º lugar – R$ 3 mil e troféu), Prata (1º lugar – R$ 2 mil e troféu) e Bronze (1º lugar – R$ 1 mil e troféu). No total, foram distribuídos 41 troféus e mais de R$ 27 mil em prêmios. Participaram do rodeio, em média, 500 laçadores locais, de várias regiões do Paraná e outros estados. O organizador e patrão do CTG, Valdeci Damiani destacou que o CTG Jacob Fritz faz parte da 16ª região e que os pontos obtidos pelos vencedores no rodeio em Cantagalo contam para classificá-los a uma disputa nacional, realizada sempre no final do ano, onde são apontados os melhores do Brasil. Para completar a programação foi realizado baile com Os Monarcas, Nova Geração e Grupo Garotos Fandangueiros e uma matinê. “Evento para fazer história. Tivemos mais de 500 laçadores, entre peões e prendas, circulação no evento de mais de 7000 pessoas, um baile com 120 mesas vendidas com um grupo de renome, que é Os Monarcas. Ficamos muito felizes com isso, mas isso só aumenta a nossa responsabilidade, pois o próximo deve ser melhor e é isso que esperamos a cada evento que realizamos”, avaliou Damiani. O Sindicato Rural de Guarapuava – Extensão de Base de Cantagalo apoiou o evento.

88

Revista do Produtor Rural do Paraná

No rodeio houve a inauguração da arquibancada coberta e da readequação do galpão de baile no Parque de Rodeio CTG Jacob Fritz

Confira o resultado do Laço Equipe: TAÇA OURO – San Rafael de Coronel Vivida

TAÇA PRATA – Família Staine CTG Marco da Tradição – Marquinho

TAÇA BRONZE – CTG Laço da União – Goioxim

Getúlio Brescovit Thiago Pesinato Beco Thiago Vicentin Eduardo Wolmer

Valdir Staine Eric Staine Samuel Staine Marcio Staine Enio Staine

Nedi Vicentin Aureo Ferreira Gilberto da Rosa Theobaldo Vicentin Jhonatan Vicentin


Piscicultura

Mais uma entrega de alevinos em Guarapuava

N

o dia 12 de fevereiro, foram entregues mais 20 mil alevinos da Piscicultura Progresso para produtores rurais de Guarapuava e região, no Sindicato Rural. Entre as mais de 20 espécies comercializadas pela piscicultura estão tilápia, carpa capim, carpa húngara, tambacu, lambari, pacu, dourado, jundiá, matrinxá, catfish e bagre africano. Mais duas entregas já estão programadas para os dias 15 de março e 15 de abril.

Os interessados em adquirir alevinos devem encomendar pelo número

Entregas no mês de fevereiro:

Franz Hunger

João Mª de Oliveira

Robson Fassbinder

Jonas Cebulski

José Mário Sydor e Ana Paula

João Paz França

Marcos Tiago Geier

Juliano Garcia

Allan Patrick e Shimeni Ksiaskiewcz

(42) 3623-1115 ou falar com Anelise, na recepção do Sindicato Rural.

Lourenço, Leopoldo e Primo Dalposso

Paulo Cezar Grocholski Eleni, Bruna dos Santos e João Acir

Revista do Produtor Rural do Paraná

89


Foto: Sindicato Rural de Guarapuiava / Manoel Godoy

Ovinocultura

Manejo e cuidados da ovelha na gestação Francine Mezzomo Giotto1 Fernando Augusto Grandis1 Francisco Fernandes Junior1 Camila Constantino2 Edson Luis de Azambuja Ribeiro3

A

gestação é um dos períodos mais crítico na vida das ovelhas e consequentemente do sistema produtivo como um todo. Apesar de muitas vezes a devida atenção não ser dada a essa fase da mesma forma que é dada à terminação dos cordeiros, os índices produtivos finais dependem diretamente do número de cordeiros saudáveis nascidos. Durante esse período, principalmente por efeitos hormonais e pelo direcionamento dos nutrientes para o crescimento do feto, a matriz torna-se mais susceptível a problemas sanitários e metabólicos. Consequentemente, as condições ambientais durante essa etapa merecem atenção especial. Inadequações no manejo durante a prenhez resultam em perdas embrionárias e fetais significativas, bem como desenvolvimento inicial dos cordeiros abaixo do esperado.

90

Revista do Produtor Rural do Paraná

Diagnóstico de gestação e manejo pré-parto A gestação na espécie ovina tem duração média de cinco meses, variando de 140 a 160 dias, de acordo com as condições ambientais a que as ovelhas forem submetidas. O diagnóstico precoce da gestação, feito através de ultrassonografia, é muito interessante, pois com base na identificação antecipada do tipo de gestação (simples ou múltipla) e na constatação de fêmeas vazias, medidas de manejo estratégicas podem ser adotadas, visando a melhoria dos índices reprodutivos e econômicos. Os cuidados para evitar a mortalidade de cordeiros devem ser tomados antes mesmo do parto, sendo extremamente importante manter as ovelhas em piquetes próximos para que sejam observados os primeiros sinais que a ovelha dá ao aproximar-se da hora do parto. A parição pode ocorrer a qualquer hora do dia ou da noite e os sinais observados são inquietação, andar em círculos, vocaliza-


ções, movimentos de deitar e levantar repetidamente, lamber e cheirar de forma constante o líquido amniótico que sai da vagina. Nesse período a ruminação e apreensão de alimentos geralmente cessam e em ovelhas mais velhas o período de inquietação é menor. O trabalho de parto em si é curto, geralmente leva menos de uma hora após a primeira protrusão. Ovelhas de primeiro parto podem passar de uma hora e ovelhas mais velhas podem encurtar por até meia hora o trabalho de parto. O melhor parto é aquele que não necessita da interferência do homem, mas em alguns casos intervir é necessário, sendo importante a procura de um profissional qualificado ou treinamento específico. É de suma importância evitar qualquer manejo que gere estresse nas ovelhas antes e durante o parto e que faça com que o cordeiro saia de perto da mãe nas primeiras horas pós parto.

Manejo nutricional e sanitário Durante a gestação, a exigência nutricional da matriz é variável, sendo afetada diretamente pelo estágio de desenvolvimento embrionário-fetal. Ressalta-se que fatores genéticos governam diretamente a amplitude dessa variação, bem como o tipo de gestação. Independentemente da raça, até aproximadamente 100 dias de gestação, a exigência nutricional é pouco alterada, visto que aproximadamente 70% do crescimento fetal ocorre nos últimos 50 dias de gestação. Até esse momento, as ovelhas podem ser mantidas em pastagem de boa qualidade com suplementação mineral balanceada para suprir suas necessidades nutricionais. É crucial a presença de água limpa e sombra no piquete para esses animais, visto que o estresse térmico é uma importante causa de perdas embrionárias. O cruzamento entre animais de

grande porte tende a resultar em um maior acréscimo na exigência das ovelhas no terço final de gestação, já que os cordeiros oriundos desse cruzamento também nascerão maiores. Da mesma forma, ovelhas mais rústicas, menores, também apresentam incremento na exigência nutricional nessa fase, porém a magnitude é menor. Vale ressaltar neste momento o planejamento da compatibilidade entre as raças materna e paterna no cruzamento, evitando o aparecimento de partos distócicos quando se utiliza fêmeas de pequeno porte com machos de grande porte. No terço final da gestação, ocorre sensível aumento na exigência nutricional das matrizes. Nessa etapa, a ovelha tem que gerar os 70% da produção fetal acima citados, além de ter que se preparar para a futura lactação, que deverá garantir a sobrevivência e o bom desenvolvimento inicial dos cordeiros. Como boa parte dos nutrientes ingeridos pela matriz nessa fase são prioritariamente direcionados ao crescimento final do feto e à preparação para produção do leite, a exigência nutricional necessária para o adequado funcionamento do sistema imune nem sempre é atendida. O aporte inadequado desses nutrientes, principalmente proteína e energia, resulta em animais imunodebilitados, agravando a situação da verminose e de outros problemas sanitários. Por esse motivo, as categorias responsáveis pela maior eliminação de ovos de vermes na pastagem são respectivamente ovelhas em início de lactação e ovelhas na última quinzena de prenhez. Portanto, deve-se fornecer a esses animais uma suplementação concentrada balanceada, ou um pasto adubado de excelente qualidade com suplementação mineral, para o adequado atendimento das necessidades nutricionais no final de gestação. O aporte energético deficiente no terço final de gestação é o principal fator predisponente ao aparecimento da toxemia da prenhez, problema metabólico resultante de baixa ingestão de energia, o que culmina com ex-

cessiva movimentação de gordura. O fígado não consegue metabolizar este excesso de gordura, resultando em formação de compostos que causam problemas no sistema nervoso central, resultando em parição de cordeiros debilitados, rejeição de cordeiros, ou até mesmo a morte da ovelha. O problema é agravado no caso de gestações múltiplas, justamente pelo maior aumento da exigência nutricional nesse caso. Entretanto, mesmo suplementando os animais nessa etapa, pode ser necessário realizar uma vermifugação estratégica dos animais, com base nos resultados de contagem de ovos por grama de fezes (OPG), e com a avaliação do grau FAMACHA de cada ovelha. Todo manejo a ser realizado deve ser feito de maneira calma, sem gerar estresse. Além da suplementação, deve-se atentar à imunização dos animais através dos protocolos de vacinação, sendo a vacina contra clostridioses a mais importante para a categoria, sendo essa realizada entre 4 a 6 semanas antes do parto.

Considerações Finais Diagnóstico precoce de gestação e estabelecimento de programas sanitários e nutricionais durante a gestação e específicos a cada propriedade são de extrema importância para o sucesso do empreendimento, visando índices zootécnicos satisfatórios, longevidade produtiva das matrizes e cordeiros saudáveis com crescimento otimizado. Para tanto, contar com assistência veterinária e zootécnica é imprescindível, e impulsiona cada vez mais a ovinocultura a conquistar lugar de destaque na pecuária nacional. Programa de Pós-Graduação em Ciência Animal, Universidade Estadual de Londrina - UEL 2 Pos-doutoranda (PNPD – CAPES), UEL. 3 Professor Associado do Departamento de Zootecnia, UEL. Contato: www.gepouel.com.br 1

Revista do Produtor Rural do Paraná

91


Inauguração

DS Agrícola traz experiência do Grupo Sandri na venda de insumos

U

ma empresa que surge unindo experiência na comercialização de produtos para a agropecuária e inovação para um atendimento sintonizado com o foco no cliente: com esta linha de trabalho, abriu suas portas, no dia 11 de fevereiro, em Guarapuava-PR, a loja do grupo Sandri Cereais•HF, a DS Agrícola, uma revenda de insumos e implementos para os produtores rurais da agricultura e da pecuária. Conforme explicou o gerente, Paulo Ricardo Dranca, a DS Agrícola é a 21ª loja da rede catarinense Sandri Cereais•HF. Em Guarapuava, completou, o empreendimento representa mais um passo em uma já tradicional parceria entre sua família e o Grupo Sandri (Taió-SC) – a Sandri Cereais•HF é uma das várias empresas do grupo. A loja está voltada à venda no varejo aos produtores rurais. O portfólio inclui itens importantes para o dia a dia no campo: de arames para cercas à ferramentaria; dos defensivos agrícolas aos medicamentos veterinários; de telas a botas para o trabalho agrícola; de adubos a sementes. Mas a comercialização, enfatizou Dranca, segue uma filosofia profissional, que corresponde ao próprio objetivo da empresa: observar critérios que contribuam para que o agropecuarista obtenha os resultados esperados em seu sistema produtivo. “Nosso objetivo é atender da

92

Revista do Produtor Rural do Paraná

melhor forma, com qualidade, todos os produtores, pequenos, médios e grandes. Pensando também pelo lado da assistência técnica, levando informação aos produtores que vêm buscar os serviços da DS Agrícola”, comentou. Este, ele aponta como um diferencial: “Não é só vender, mas atender a necessidade real do produtor no campo, para levar soluções”. Para isso, apontou o gerente, estão já disponíveis técnicos com conhecimento em produção pecuária

O gerente Paulo Dranca: loja tem técnicos para orientar produtores

De insumos a equipamentos agrícolas, DS Agrícola oferece centenas de itens importantes para propriedades rurais


de leite ou corte, em condições de orientar sobre nutrição ou reprodução. A assistência técnica se completa com a parte agrícola. Já no atacado, os destaques são equipamentos agrícolas Coyote, rações Apetite, para pequenos animais, e a linha de minerais Machs, destinada a grandes animais. Para o gerente e sua equipe, o trabalho pode ser resumido de forma simples: uma empresa que chega para somar com quem produz no campo.

De insumos a equipamentos agrícolas, DS Agrícola oferece centenas de itens importantes para propriedades rurais

Rua Cruz Machado, nº 5420 Guarapuava-PR Fone: (42) 3622-1676

Revista do Produtor Rural do Paraná

93


Profissionais em destaque

André Luiz Savoldi e Marcos Rogério Fertonani – Tratorcase

Mário Gans

Anderson Pilati, Agrício Ribas, Robson Souza, Henrique Chimiloski e Fabrício Stelle – Tratorcase

Marco Aurélio Ruiz Sichieri, Felipe B. A. Leite e Júlio Martins Neves – Stoller

Marcelo Mayer e Sérgio Rovedo – Pionner

Jorge Alberto Calegaro – Sultec

Celso Roloff e Mario Meyer (Agrocenter)

Elcio Marques, Wellington Alvarenga e Rafael Schuster – Nufarm

Marcelo Antônio Kluska – Microgeo

Projeto Identidade Sindical NOVO PARCEIRO Priscila do Nascimento, Easy english for everyone

Rodolpho Botelho, Valério Tomaselli e José Roberto Papi

94

Revista do Produtor Rural do Paraná


Produtores em destaque

Isabela Buch Lustosa e José Carlos Lustosa

Lourenço Lemler e Júlia Lemler

Roni Antônio Garcia e Luciana de Queiroga Bren

Siegfried Milla, João Arthur Barbosa Lima e Albert Josef Zimmermann

Tadeu Belinski e Ivonete Belinski

Jussara Muzzolon e Anderson Muzzolon

Luiz Lechacoski

Alfred Abt, José Roberto Papi, Pedro Souza Moreira e José Roberto Zanoni

Anderson Luan e Thalia Lucca

Ronald Oster

Andreas Milla II e Felipe Milla

Cleide Frites, Severiano Lucas, Laury Lopes Frites, Leila Martini de Almeida Frites e Loeny Almeida Frites

Camila Vitória Faultich, 9 anos, filha de Robert Faulstich

Heinrich Spieler, 10 anos, filho de Wilfried e Aridreia Spieler

Silvino Caus com a neta Mariana Milla Caus

Revista do Produtor Rural do Paraná

95


Projeto Identidade Sindical 2016 Produtor rural, apresente a carteirinha* do Sindicato Rural e obtenha descontos nos locais abaixo: (*Se ainda não possui a carteirinha de sócio, compareça ao Sindicato Rural de Guarapuava ou nas Extensões de Base: Candói - Foz do Jordão e Cantagalo)

GUARAPUAVA BetoAgro AGRONEGÓCIOS

10% em serviços

5% nas prestações de serviços

Fluxo de caixa gratuito, atualizado mensalmente, tanto trabalhos fiscais quanto trabalhos decisoriais

5% nas compras realizadas na loja

Descontos diversos

5% sobre valor final da negociação

5% em medicina do trabalho, segurança do trabalho, consultorias, intermediação de consultas e exames médicos e 10% em exames de diagnóstico laboratorial (Torreforte Clin)

Descontos em todos os ramos de seguros

5% em serviços ou equipamentos

15% nos exames radiográficos

20% no valor do curso

10% em todos os serviços prestados

Descontos em exames

Newdeal Agroscience 3% na linha de produtos Forquímica

Benefícios diversos

Desconto de 3% na linha de produtos New Deal

10% na prestação de serviços

3% em toda linha de insumos agrícolas

Descontos para sócios

CANDÓI

3% em produtos veterinários, ferramentas agrícolas e lubrificantes

96

Revista do Produtor Rural do Paraná

10% na elaboração do CAR e 5% na execução de serviços de topografia

6% em materiais de construção, móveis e casa pronta

3% nos implementos agrícolas, rolos destorroadores, renovador de pastagens e grade de pente hidráulica espalhador de palha

5% nas compras à vista

3% para compras à vista

10% à vista ou parcelamento em 10 vezes s/ juros nos cartões

3% sobre o preço de lista no ato da compra

5% nas compras de produtos, lanches em geral, porções e bebidas


www.srgpuava.com.br


Aniversariantes/2016

ABRIL

MARÇO

01/03 Dario Cebulski 01/03 Dilcéia Maria Araújo Espinola 01/03 Janete Ap. Honorio Sprotte 01/03 Josef Zimmermann 02/03 Edegar Leh 03/03 Alessandro Illich 03/03 Carlos Eduardo Rickli 03/03 Joana Lopes de Araújo 03/03 Teofilo Martin 03/03 Valdomiro Kava 04/03 Albert Korpasch 04/03 Eugenia Paczkowski 04/03 Johann Geier 04/03 Maria de Jesus R. Cordeiro 05/03 Hugo Martinazzo 05/03 Jorge dos Santos 05/03 Jose Massamitsu Kohatsu 05/03 Josef Karl 05/03 Marcos Fco. Araújo Martins 05/03 Natascha Abt 06/03 Herminio Minoru Kaneko 06/03 Joceli Vetorassi 06/03 Luciano Kloster Serpa 08/03 Márcio Adriano Freitas 08/03 Nezio Toledo

01/04 Josef Siegfrid Winkler 02/04 Hermann Weigand 02/04 Lilian Maria B. Dacorégio 03/04 Alaor Sebastião Teixeira 03/04 Alfredo Bernardini 03/04 Arnaldo Stock Júnior 03/04 Joair Mendes Pereira Júnior 03/04 Josef Pfann Filho 03/04 Stefan Buhali 04/04 Eduardo Vollweiter 04/04 Hermine Leh 05/04 Adelaide Ap. P. Zanona 05/04 Carla Renata Araújo Lustosa 05/04 Francisco A. Caldas Serpa 05/04 Luiz Carlos Schvarz 05/04 Ricardo Marcondes Teixeira 06/04 Ana Maria Lopes Ribeiro 06/04 Celso Carlos Carollo Silvestri 06/04 Luciana Vargas 06/04 Roberto Keller 06/04 Roberto Korpasch

09/03 Fábio Roberto Lustosa 09/03 Luiz Lechackoski 09/03 Moacir Antônio Nervis 09/03 Wienfried Matthias Leh 10/03 Diovani Silvestrin 10/03 Inês Maria Cleto Pacheco 10/03 Wendelin Hering 11/03 Armando Virmond de Abreu 11/03 Emiria Nakano 11/03 João Sebastião Stora 11/03 Nelson Mugnol 12/03 Gilberto Maack Kurowski 12/03 Roman Keller 13/03 Rodolpho T. de J. Botelho 14/03 Gabriel Gerster 14/03 Gerhard Josef Wilk 15/03 Cláudio Marath 15/03 João Luiz Schimim 16/03 Célia Regina Carollo Silvestri 16/03 Graziela Gerster 16/03 José Acyr dos Santos 16/03 Mathias Zehr 17/03 Cláudio Virmond Kiryla 17/03 Dario Caldas Serpa 17/03 Mail Marques de Azevedo

18/03 Adriano Pereira Subira 18/03 Fabrício G. Lustoza Araújo 19/03 Dirceu Fabrício 19/03 Hermann Josef Scherer 19/03 José Amoriti Trinco Ribeiro 19/03 Wiliam Rickli Siqueira 20/03 Eloá Bochnia 20/03 Jackson Fassbinder 20/03 Lorival Hirt 20/03 Neiri Lopes de Almeida 20/03 Nelvir de Jesus Gadens 21/03 Ana Hertz 21/03 Giovane Ivatiuk 22/03 Hildegard Abt 22/03 Horst Schwarz 23/03 Adolf Duhatschek 23/03 Laury Luiz Kunz 23/03 Luciane Maciel Almeida 23/03 Renato A. T. de Macedo Cruz 23/03 Solange Ribas Cleve 23/03 Vanderlei Ramires 24/03 Diego Luiz Begnini 24/03 Ernest Milla 24/03 Helga Reinhofer Illich 24/03 Lincoln Campello

07/04 Carlos Eduardo M. Ribas 07/04 Rafael Majowski 08/04 Gunther Gumpl 08/04 Paulo Cesar Muzzolon 08/04 Roberto Cesar M. de Araújo 09/04 Martin Heiser 09/04 Nelson Batista de Almeida 09/04 Romeu Felchak 10/04 Amarilio A. de Oliveira Krüger 10/04 Herbert Keller 10/04 Luciana Campello de Souza 11/04 Ciro Cezar Mendes Araújo 11/04 Maria das G. Mendes Teixeira 11/04 Sidnei Ferreira da Silva 12/04 Andreas Milla I 12/04 Marcelo Ferreira Ransolin 12/04 Robson Schneider 12/04 Rozendo Neves 12/04 Valdomiro Kaveski 13/04 Alberto Tokarski 13/04 Guilherme Illich

13/04 Ricardo Martins Kaminski 13/04 Rodrigo Castelini 14/04 Adelcio Granemann Fritz 14/04 Onair Rodrigues de Bairros 14/04 Peter Spiess Júnior 15/04 Anton Annas 15/04 Roland Jung 15/04 Valdir Antoninho Dezingrini 15/04 Wolfgang Mullerleily 16/04 Harald Korpasch 16/04 Helmut Keller 16/04 Helmuth José Seitz 17/04 Moyses Kaminski 18/04 Anton Fassbinder Júnior 18/04 Carlos Bodnar 18/04 Edio Sander 18/04 Fernando Ruiz Dias Júnior 18/04 Heinrich Siegmud Stader 18/04 José Szemanski Filho 18/04 Morel Lustosa Ribas 20/04 Dalton Cezar Martins Queiroz

Confira a agenda de eventos agropecuários: DE  LEILÃO GADO GERAL Guarapuava (PR) 30 de março Parque de Exposições Lacerda Werneck (42) 3623-3084

98

Revista do Produtor Rural do Paraná

 AGRISHOW Ribeirão Preto (SP)

25 a 29 de abril www.agrishow.com.br

FENASOJA  21ª Santa Rosa (RS)

29 de abril a 8 de maio www.fenasoja.com.br

 FEIRA TECNOLÓGICA FT SEMENTES

Ponta Grossa (PR) 10 de março Estação Experimental FT Sementes

24/03 Pedro Konjunski Sobrinho 25/03 Anton Keller I 25/03 Bruno Reinhofer 25/03 Daniela Baitala P. Losso Kluber 25/03 José Ewaldo Fagundes Schier 25/03 Ladir Zanella 25/03 Marielle Martins Marcondes 26/03 Rafael Marcondes Trombini 27/03 Alex Franz Oster 27/03 David Kluber 27/03 Erika Hildegard Duch Illich 27/03 Evald Zimmermann 27/03 Marcos M. Antônio Thamm 27/03 Vaterlo Haeffmer 28/03 Adilson Karam Júnior 28/03 Celso Marcelo Maciel 28/03 Mônica Casagrande 28/03 Odilon Casagrande 28/03 Pellisson Kaminski 29/03 Milton Luiz do Prado 30/03 Aristeu Vuicik 30/03 Francisco A. Martins Lima 30/03 Luiz Carlos Colferai 31/03 Jaciel do Valle

20/04 Manfred Stefan Spieler 20/04 Romancite José Silverio 21/04 Carlos Eduardo R. de Abreu 21/04 José Henrique C. Lustosa 21/04 Leônidas Ferreira Chaves Filho 22/04 Garcia de Matos Cardoso 22/04 Hermann Karly 22/04 Vera Terezinha Eidam 23/04 Estefano Kich 23/04 José Martyn 23/04 Paulo Henrique C. Klopfleisch 23/04 Ralf Karly 23/04 Serlei Antônio Denardi 23/04 Stefan Gerster Filho 23/04 Wilson Carlos Haas 24/04 Gunter Reichhardt 27/04 Priscila Zanatta 28/04 Huberto José Limberger 28/04 Moacir Kenji Aoyagui 30/04 Acyr Loures Pacheco Filho 30/04 Jairo Luiz Ramos Neto

MAR/ABR

2016

FEIRA DE BEZERROS  42ª GUARAPUAVA Guarapuava (PR) 01 de maio Parque de Exposições Lacerda Werneck Guarapuava-PR (42) 3623-3084


Revista do Produtor Rural do Paranรก

99


100

Revista do Produtor Rural do Paranรก


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.