Ao Vivo na Fábrica do Jazz O jazz surgiu no cenário do final do século XIX a partir da mistura de várias tradições musicais, essencialmente da afro-americana. Desde seu surgimento até os dias atuais, esse gênero musical passou por diversas transformações, cultivando suas características essenciais e produzindo vigorosa multiplicidade sonora. Com sua repercussão mundial, o jazz assimilou estilos musicais locais enriquecendo suas variações melódicas, harmônicas e rítmicas. Jazz na Fábrica é um festival que, durante cerca de um mês, transforma o Sesc Pompeia em um espaço de encontro do público com uma sonoridade construída com inventividade e boas doses de improviso. Desde sua primeira edição, o festival tem como marca a presença de todas as vertentes do jazz, buscando na produção mundial artistas que exploram novas possibilidades musicais, sem esquecer-se dos grandes
nomes que de uma forma ou outra foram os responsáveis por transformar o jazz no que ele é hoje. Ao Vivo Jazz na Fábrica, série do Selo Sesc, apresenta o registro de algumas dessas apresentações. São possibilidades de ampliar os limites do show, expandindo a sonoridade para novos públicos. Se o jazz é construído em grande parte pelo improviso, registros como este, captados ao vivo, colocam-nos diante de artista e obra em estado bruto, (re)criando sua música em tempo real, sem qualquer truque de estúdio, mostrando-nos porque o jazz, mais de um século depois de seu nascimento, continua pulsando e produzindo novos repertórios. Vida longa ao Jazz na Fábrica! Vida longa ao jazz!
Sesc São Paulo
Live on Jazz Factory Jazz appeared on the scene of the late 19th century from the blend of various musical traditions, mainly African-American. Since its emergence to the present day, this music genre has gone through several transformations, cultivating its essential characteristics and producing a robust sound multiplicity. With its worldwide repercussions, jazz assimilated local musical styles enriching its melodic, harmonic and rhythmic variations. Jazz na Fábrica is a festival which for about a month turns Sesc Pompeia into a space for the audience to meet with a sonority built with ingenuity and a good dose of improvisation. Since its first edition, the festival features all kinds of jazz, seeking around the world’s production artists who explore new musical possibilities, but not forgetting the great names that in one way or another were responsible for turning the jazz into what it is today. Ao Vivo Jazz na Fábrica, the Sesc label’s series, showcases the recordings of some of those concerts: they are possibilities to
broaden the boundaries of the shows, expanding that sound to new audiences. If jazz is built largely by improvisation, records like this, from live shows, place us in front of artist and works in the raw, (re)creating the music in real time, without any studio tricks, showing us why jazz, more than a century after its birth, still throbs and produces new repertoires. Long live Jazz na FĂĄbrica! Long live jazz!
Sesc SĂŁo Paulo
Anthony Braxton
saxofones alto, sopranino e soprano, eletr么nicos alto, sopranino and soprano saxophones, electronics
Taylor Ho Bynum
cornet, flugelhorn, trompete baixo cornet, flugelhorn, bass trumpet
Ingrid Laubrock
saxofones soprano e tenor soprano and tenor saxophones
Mary Halvorson guitarra electric guitar
Braxton Anthony Braxton foi um dos artistas que redefiniu o sentido da improvisação na música na década de 1960. Ele a tratava não como apenas uma forma de modular as frases musicais dadas por um tema prévio, mas o improviso tinha também um papel constituinte. Foi uma maneira de relacionar sons, de estabelecer novas relações entre os músicos de maneira menos previsível. Foi o caminho para a busca de um novo som. Os músicos da vanguarda afro-americana dos anos ’60 procuravam fugir das definições fáceis de gênero. Eles repensaram a trajetória da vanguarda em um contexto mais amplo do que o da música europeia e encontraram novas relações entre ritmos, intervalos, harmonias, pessoas e culturas. A música promovia encontros inusitados e sintaxes musicais improváveis. Anthony Braxton não queria restringir-se a um formato reconhecível e respondeu aos convencionalismos do jazz com
formas radicais de música. Do improviso, ele desenvolveu novas técnicas de composição. Um dos grandes saxofonistas da história, criou para solo, orquestras, elaborou óperas ambiciosas e música para grupos menores. Composição não é distribuir sons em uma determinada ordem, mas propor interações, deslocamentos e relações: mais do que uma forma de ordenar, a composição é uma proposição. Em 2014, Braxton apresentou no Sesc Pompeia duas peças para quarteto. Escolheu três dos maiores nomes da vanguarda de Nova York para executá-las: Mary Halvorson, Taylor Ho Bynum e Ingrid Laubrock. A partir de notações gráficas, propôs interações entre os instrumentos em dinâmicas e contrapontos pouco regulares. A música é pontuada por
significativas intervenções eletrônicas. Os sons, mesmo quando se repetem, parecem novos; eles acontecem na interação de um elemento com outro. São ritmos fazendo-se de harmonia, sons eletrônicos por vezes organizando uma frase musical ou revelando o tamanho do intervalo entre as notas. Por vezes, o mesmo elemento se repete, mas como ressurge em outra circunstância parece que estamos sendo apresentados a ele pela primeira vez. Como na vida, nunca nada se repete, depende de quem vive para dar a intensidade que ela merece. Estamos diante de momentos de rara intensidade.
Tiago Mesquita crítico de arte
Braxton Anthony Braxton was one of the artists who redefined the meaning of music improvisation in the 1960s. He did not see it as just a way to modulate the musical phrases given by a previous theme, but improvisation had also a constitutional role. It was a way to make sounds relate and to establish new relationships among musicians in a less predictable manner. It was the way to search for a new kind of sound. Musicians of the African-American avant-garde of the 1960s tried to escape easy definitions of genre. They rethought the avantgarde’s path in a broader context than that of European music and found new relations among rhythms, intervals, harmonies, people and cultures: music promoted unusual encounters and unlikely musical syntaxes. Anthony Braxton did not want to be restricted to a recognizable format and answered to jazz conventions with radical forms of music. Starting from improvisation, he developed new techniques of
composition. He was one of the great saxophonists and created pieces for orchestras and solos, crafted ambitious operas and works for smaller ensembles. Composition is not distributing sounds in a given order, but it is proposing interactions, displacements and relations: more than a way of ordering elements, composition is a proposition. In 2014, Braxton performed two pieces for quartet at Sesc Pompeia. He chose three of the greatest names in New York to play them: Mary Halvorson, Taylor Ho Bynum and Ingrid Laubrock. Starting from graphical notations, he proposed interactions among the instruments in dynamics and counterpoints which were not very common. The music was punctuated by significant electronic interventions. Even when repeated the sounds seem new: they happen in the interaction of an element with another. Rhythms behave as harmony, electronic sounds sometimes organize a musical phrase or reveal the interval’s extent between
notes. Once in a while, the same element is repeated, but because it resurfaces in other circumstances it seems that we are being shown it for the first time. As in life, nothing ever repeats itself: life depends on who lives it to give it the intensity it deserves. We are facing moments of rare intensity.
Tiago Mesquita art critic
partitura da peรงa score 366d
CD 1
gravado em 7 de Agosto de 2014, no Sesc Pompeia (SP) recorded on 7 August, 2014 at Sesc Pompeia (SP - Brazil)
1 . Composition No. 366d
(+214, 366e, 366f, 366g) BRSC41500145
2. Encore 02:39 BRSC41500146
64:14
CD 2
gravado em 8 de Agosto de 2014, no Sesc Pompeia (SP) recorded on 8 August, 2014 at Sesc Pompeia (SP - Brazil)
1. Composition No. 367b
(+70, 364g, 365a, 366b) BRSC41500147
Todas as composiçþes por Anthony Braxton All pieces composed by Anthony Braxton
75:07
partitura da peรงa score 367b
Áudio gravado da saída da mesa de P.A. e mixado com captação do ambiente Audio recorded from the P.A. sounboard outlet, mixed with
surrounding recording
P.A.: Bernardo Pacheco Masterização Masterization: Estúdio El Rocha, São Paulo (BR), por by Fernando Sanches Projeto Gráfico Graphic Design: Alexandre Amaral & Guilherme Granado Fotos Photos: Camila Miranda (fotos do quarteto no encarte quartet photos on the booklet), Peter Gannushkin (retrato Braxton no encarte e do quarteto na embalagem Braxton photo on the booklet and quartet photo on the cover), Carolyn Wachnicki (retrato Braxton na embalagem Braxton photo on the cover) Aquarelas/Partituras Watercolors/Scores: Anthony Braxton Tradução e Revisão de Textos Translations and proofreading: Gabriela Maloucaze Produção Producer: Frederico Finelli & Angela Novaes www.tricentricfoundation.org
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