(Brasil, Tietê, 1907 – São Paulo, 1993)
Concertino para piano e orquestra de câmara (1961) 1 I. Festivo; II. Tristonho - Vivo - Tempo primo 12:21 BXSVC1601670
2 III. Alegre (Rondó) 07:43 BXSVC1601671
Choro para piano e orquestra (1956) 3 I. Cômodo 05:35 BXSVC1601672
4 II. Nostálgico 06:05 BXSVC1601673
5 III. Alegre 05:33 BXSVC1601674
(Brasil, Fortaleza, 1864 – Rio de Janeiro, 1920)
Valsas Humorísticas, op. 22 (1902) 6 Valsa I – Tempo de valsa un poco vivo 02:21 BXSVC1601675
7 Valsa II – Lento 03:09 BXSVC1601676
8 Valsa III – Moderato pesante 02:53 BXSVC1601677
9 Valsa IV – Tempo de valsa commodo 03:07 BXSVC1601678
10 Valsa V – Tempo giusto 04:51 BXSVC1601679
11 Valsa VI – Allegro 04:30 BXSVC1601680
Esse disco tem raízes em nossa busca diária pela difusão e valorização da memória musical brasileira. Nasce também do desejo de oferecer ao público a chance de ouvir, talvez pela primeira vez, obras pilares de nossa musicografia, já que gravações mais antigas estão a muito fora de catálogo. Compartilhando esses mesmos valores e desejos, a Orquestra Filarmônica de Minas Gerais, sob a direção do maestro Fábio Mechetti, inicia uma parceria com o Selo Sesc e apresenta três obras de dois autores fundamentais: Alberto Nepomuceno e Camargo Guarnieri. Em comum, podemos dizer que além de atestarem a capacidade criativa de seus compositores, reafirmando o lugar de destaque que ganharam na história, está o fato de que todas foram compostas para piano e orquestra. E para acompanhar a OFMG nesse projeto, Mechetti convidou ninguém menos que a pianista Cristina Ortiz, que aproveita as “brincadeiras” propostas pelos autores para mostrar todo o virtuosismo que a fez ser reconhecida mundo afora. Assim, ao trazer esse álbum para nosso catálogo, o Sesc corrobora sua missão educativa a partir de uma perspectiva
da circulação dos bens culturais, ao mesmo tempo em que abre caminho para futuras parcerias com outras instituições que compartilham conosco visões e valores. Danilo Santos de Miranda Diretor Regional do Sesc São Paulo
Este disco
As semelhanças que trazem unidade a este CD da Orquestra Filarmônica de Minas Gerais e de Cristina Ortiz vão além do fato das três obras aqui registradas terem sido escritas para piano e orquestra, e por autores brasileiros. Nas três obras, os autores brincam com os limites das formas e dos gêneros — a valsa, o choro, a suíte, o concerto e o rondó —, o “tecido orquestral” se entrelaça com o instrumento solista, criando ambientes de música de câmara, e o tratamento do piano se destaca e valoriza nos trechos virtuosísticos. Embora distantes cronologicamente, pois Alberto Nepomuceno viveu entre 1864 e 1920 e Camargo Guarnieri, entre 1907 e 1993, ambos nasceram em cidades onde as práticas musicais eram muito centradas nos repertórios populares. O primeiro nasceu em Fortaleza (Ceará), o outro em Tietê (São Paulo) e iniciaram suas formações musicais com seus pais. Além disso, ao chegarem às respectivas cidades que adotaram para trabalhar, passaram a viver profissionalmente do ofício, sem terem tido a ocasião de realizar os estudos regulares dos conservatórios. Não obstante, tornaram-se professores e regentes de orquestra, exercendo
atividades políticas inerentes a suas práticas artísticas. Foram músicos integrados em seus tempos e sociedades, e militaram para retraçar os espaços da música brasileira, pelo que estão associados às questões sobre o nacional, o nacionalismo e o ser nacionalista em música, conceitos diversos uns dos outros e com frequência tomados como equivalentes. Valsas humorísticas para piano e orquestra
Quem teve a oportunidade de observar o compositor Alberto Nepomuceno nas poucas imagens que dele se tem — ao piano, no óleo sobre tela feito por Eliseu Visconti em 1895, ou em fotografias da década de 1910 — custa a crer que ele costumasse sorrir, menos ainda que tenha escrito paródias sobre... valsas! Esta certamente não era a opinião de Mário de Andrade quando ouviu as Valsas humorísticas interpretadas pela Sociedade de Concertos Sinfônicos com o pianista J. Octaviano, em concerto do dia 4 de maio de 1930. Apesar de gostar mais da Suíte brasileira e do Prelúdio de Garatuja, disse o crítico do Diário Nacional:
“É indiscutível que quando escuto qualquer coisa de Nepomuceno, me sinto sempre animado por intensa simpatia. O que talvez me faça aumentar um bocado o valor das obras dele, não sei... Assim por exemplo ontem, era tão humorada a minha expectativa por essas Valsas Humorísticas, que pelo menos pude gozar todas as qualidades que elas têm: aquela nitidez melódica franca e sem vulgaridade, tão comum nas obras de Nepomuceno; a notável variedade rítmica; o a propósito de certas evocações humorísticas de temas alheios (João Strauss, Chopin); a riqueza de cores orquestrais. É uma peça que agrada. (...)”
As seis valsas foram compostas provavelmente em 1902. A estreia, segundo um programa de concerto, ocorreu no Teatro Lírico a 10 de junho de 1904, e contemplou as valsas de números 1, 2, 4 e 6. Como solista, Ernesto Schilling, aluno de Paderevski, e regência do compositor. Notícias de periódicos da época, porém, colocam em dúvida essas datas, pois informam que a pianista Walborg Bang, regida por Nepomuceno, seu marido, tocou a peça em situações de concerto anteriores. Em todo caso, na década de 1910 a obra tornou-se suficientemente conhecida a ponto do
pianista Arthur Napoleão fazer dela uma redução para dois pianos editada por sua empresa. Na “dança” dos gêneros, o Choro para piano e orquestra (1956)
Camargo Guarnieri escreveu sete choros para instrumento solista e orquestra: ao primeiro (1951), para violino, sucederam dois no mesmo ano de 1956, um para clarinete e outro para piano; cinco anos depois, ele fez um para violoncelo (1961); onze anos passados era a vez da flauta (1972); em 1975 a viola é o instrumento principal e a conclusão do ciclo, em 1991, tem o fagote como protagonista. Artista organizado e cuidadoso, Guarnieri colou na partitura do Choro para viola um trecho explicando o gênero da peça: “Nesta obra a palavra Choro não foi usada na acepção popular, isto é, um conjunto de instrumentos de sopro, cordas e percussão que, altas horas da noite percorre as ruas da cidade (uma espécie de serenata) tocando em frente às casas das namoradas ou para homenagear amigos. Choro aqui está substituindo Concerto. O compositor preferiu Choro por-
que a mensagem, ou melhor, a linguagem musical é nacional, própria do autor e com suas raízes na terra.”
Em 1961, já, Guarnieri explicara a Lamberto Baldi, seu primeiro professor de composição, que apesar de seu Choro para violoncelo poder ser chamado de Concerto, preferia chamar de Choro “por causa de sua linguagem rítmica e melódica”. Em três movimentos — Cômodo, Nostálgico e Alegre — o Choro para piano recupera alguns procedimentos de escrita consagrados pelo compositor experiente. Para o Cômodo, Guarnieri usou dois temas, trabalhados na forma sonata, ou seja, em três partes bem proporcionadas sendo a última delas a reexposição daquelas linhas melódicas antes da Coda. O movimento intermediário, como o próprio nome indica, é nostálgico, melodia longa e sinuosa apresentada pela clarineta. Este tema único que terá como contracanto a trompa, seguida pelo oboé e novamente a clarineta, será relembrado pelas madeiras e a trompa no final do movimento. O Choro termina com o Alegre, onde a alternância dos andamentos reforça a impressão de uma suíte em cinco partes, em que alguns autores localizam a construção de um rondó.
Sob regência de Carlos Chavez a estreia da obra ocorreu em 1959, com a Orquestra Sinfônica de Caracas e o pianista Albert Faber. Concertino para piano e orquestra (1961): “Uma obra feliz”
Dedicado a Vera Sílvia, com quem se casara recentemente, o Concertino possui três movimentos — Festivo, Tristonho e Alegre (Rondó) — sendo unidos os dois primeiros. À semelhança do Choro para piano, no primeiro movimento Guarnieri também emprega dois temas e, como ele mesmo explica, o “(...) primeiro tema [é] desenvolvido num caráter melódico. A orquestra, com ritmo tipicamente brasileiro, secunda o solo de piano, onde o tema é exposto, em oitavas, de maneira muito simples. No desenvolvimento os dois temas se intercalam. Uma passagem, quase cadência, é confiada ao piano, servindo de preparação para a reexposição, onde são observadas pequenas variantes. Uma ponte nos conduz diretamente ao segundo movimento, ‘Tristonho’. Este é construído na forma A-B-A, sendo que a parte A é uma modinha
na qual a orquestra procura imitar os bordonejos do violão, enquanto o piano canta a melodia principal. A parte central – B – deste movimento, o ‘Scherzo’, compreende um diálogo entre o piano e a orquestra. Quando retorna o tema A, a melodia principal é confiada ao violoncelo, que se alterna constantemente com o instrumento solista. Este movimento conclui de maneira simples, quase clássica. O terceiro movimento ‘Allegro’ é um Rondó. O primeiro tema tem o caráter do nosso frevo. O segundo é uma moda paulista, e o terceiro é quase uma embolada, pela sua linha melódica em notas rebatidas. Na reexposição, o segundo tema surge dialogando com o primeiro. Depois de um desenvolvimento, chegamos a uma Coda final onde o terceiro tema, no piano solo, se contrapõe ao primeiro, alargando em seu ritmo e confiado à orquestra. Uma passagem muito brilhante do piano contraponta o primeiro tema, desta vez confiado aos metais e aumentado em duas vezes o valor de suas notas. Chegamos assim ao final da obra".
O Concertino estreou em 1963 com a St Louis Symphony Orchestra regida por Guarnieri, tendo João Carlos Martins como solista. Animado com a repercussão da obra,
Guarnieri escreveu a seu velho mestre Lamberto Baldi que tudo soava bem. Tratava-se de “uma obra feliz”. Flávia Camargo Toni musicóloga, é professora titular do Instituto de Estudos Brasileiros da Universidade de São Paulo
ORQUESTRA FILARMÔNICA DE MINAS GERAIS
FABIO MECHETTI
CRISTINA ORTIZ
ORQUESTRA FILARMÔNICA DE MINAS GERAIS
DIRETOR ARTÍSTICO e REGENTE TITULAR
Fabio Mechetti REGENTE ASSOCIADO
Marcos Arakaki Primeiros Violinos
Anthony Flint Spalla Rommel Fernandes Spalla associado Ara Harutyunyan Spalla assistente Ana Paula Schmidt Ana Zivkovic Arthur Vieira Terto Bojana Pantovic Dante Bertolino Hyu-Kyung Jung Joanna Bello Roberta Arruda Rodrigo Bustamante Rodrigo M. Braga Rodrigo de Oliveira Segundos Violinos
Frank Haemmer * Leonidas Cáceres *** Gideôni Loamir Jovana Trifunovic Luka Milanovic
Martha de Moura Pacífico Matheus Braga Radmila Bocev Rodolfo Toffolo Tiago Ellwanger Valentina Gostilovitch Violas
João Carlos Ferreira * Roberto Papi *** Flávia Motta Gerry Varona Gilberto Paganini Juan Díaz Katarzyna Druzd Luciano Gatelli Marcelo Nébias Nathan Medina Violoncelos
Philip Hansen * Felix Drake ***
Camila Pacífico Camilla Ribeiro Eduardo Swerts Emilia Neves Lina Radovanovic Robson Fonseca William Neres Contrabaixos
Nilson Bellotto * Marcelo Cunha Marcos Lemes Pablo Guiñez Rossini Parucci Walace Mariano Flautas
Cássia Lima * Renata Xavier *** Alexandre Braga Elena Suchkova
Clarinetes
Marcus Julius Lander * Jonatas Bueno *** Ney Franco Alexandre Silva Fagotes
Catherine Carignan * Andrew Huntriss Trompas
Alma Maria Liebrecht * Evgueni Gerassimov *** Gustavo Garcia Trindade José Francisco dos Santos Lucas Filho Fabio Ogata Trompetes
Marlon Humphreys * Daniel Leal ***
Oboés
Trombones
Alexandre Barros * Ravi Shankar *** Moisés Pena
Mark John Mulley * Diego Ribeiro ** Renato Lisboa
Tuba
Gerente
Eleilton Cruz *
Jussan Fernandes
Tímpanos
Inspetora
Patricio Hernández Pradenas*
Karolina Lima
Percussão
Assistente
Rafael Alberto * Daniel Lemos *** Sérgio Aluotto Werner Silveira
Administrativa
Débora Vieira Arquivista
Ana Lúcia Kobayashi Harpa
Giselle Boeters
Assistentes
Claudio Starlino Jônatas Reis * principal ** principal associado *** principal assistente
Supervisor de Montagem
Rodrigo Castro Montadores
André Barbosa Hélio Sardinha Jeferson Silva Klênio Carvalho Risbleiz Aguiar
Gravado em julho e agosto de 2016, na Sala Minas Gerais (BH - MG) Camargo Guarnieri – Concertino e Choro para piano e orquestra Alberto Nepomuceno – Valsas Humorísticas, op. 22 Produção Circus Produções Direção de produção Guto Ruocco Produção executiva Mariana Cavalcante Produtor musical de gravação, edição, mixagem e masterização Ulrich Schneider Assistente técnico Marcio Jesus Torres Projeto gráfico Alexandre Amaral Fotos Orquestra Rafael Motta Solista Ivan Cavalcanti Regente Bruna Brandão
SERVIÇO SOCIAL DO COMÉRCIO
Administração Regional no Estado de São Paulo
Presidente do Conselho Regional Abram Szajman Diretor Regional Danilo Santos de Miranda Superintendentes
Comunicação Social Ivan Paulo Giannini Técnico-Social Joel Naimayer Padula Administração Luiz Deoclécio Massaro Galina Assessoria Técnica e de Planejamento Sérgio José Battistelli Selo Sesc
Gerente do Centro de Produção Audiovisual Silvana Morales Nunes Gerente Adjunta Sandra Karaoglan Coordenador Wagner Palazzi Produção Giuliano Jorge, Ricardo Tifona Comunicação Alexandre Amaral, Raul Lorenzeti Administrativo Katia Kieling, Thays Heiderich, Yumi Sakamoto Áudio João Zilio, Marcelo Sarra
Av. Álvaro Ramos, 991 São Paulo/SP - CEP 03331-000 Tel: (11) 2607-8271 selosesc@sescsp.org.br sescsp.org.br/selosesc sescsp.org.br/livraria
impressĂŁo Nywgraf