dos A póstolos ' § sobre o penteeostatismo - antigo e moderno -
W alter ÂŤI* C h an try
Sinais dos Apóstolos Com o deve valorizar o crente as afirm ações atuais acerca dos dons espirituais? N este livro W alter Chantry descreve a propagação m undial do m ovim ento carism ático e considera sua im portância. D eus continua atuando hoje no m undo, mas o autor não crê que os poderes m iraculosos ainda estejam na posse de hom ens e m ulheres. Seguindo o curso dos m ilagres no Velho e Novo Testam entos, chega à conclusão de que sua função foi principalm ente a de confirm ar a m issão dos porta-vozes de Deus. Por isso, todos os casos registrados de recepção de poderes m iraculosos no N ovo Testam ento, sem pre ocorreram pelo m inistério de um apóstolo. Chantry crê que a procura de todos os dons espirituais do período apostólico só pode ocorrer baseado na falta de reconhecim ento da suficiência e finalidade da Bíblia. O argum ento deste livro é reforçado pela exposição bíblica. O surpreendente tratam ento de 1 Coríntios, capítulo 13, m ostra que os dons espirituais podem estar presentes enquanto o am or está ausente, indicando com isso que a presença deles nunca foi considerada na Igre ja do N ovo Testam ento com o evidência de m aturidade espiritual. A tra vés de 2 Coríntios, capítulos 10 a 13, o autor dem onstra que o que Deus usa para Sua glória é a debilidade hum ana e não o senso de “poder” . Com o Salm o 85 Chantry esboça o verdadeiro caráter do avivam ento e conclui o livro com referências do G rande D espertam ento do século XVIII. E sta pequena obra tem um estilo claro e vigoroso. D istingue cuida d o sam en te os d iferen tes tipos de cristão s que se in clin am p ara o carism atism o. E xpõe questões que confrontam a todo crente e as respostas de W alter Chantry se identificam com as dos grandes líderes da Igreja através dos séculos.
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SINAIS DOS APOSTOLOS Observações sobre o pentecostalisj - antigo e moderno -
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Título original: Signs of the Apostles Editora: The Banner of Truth Trust Primeira edição em inglês: 1973 Tradução do inglês: Edgard Leitão Revisão: Antonio Poccinelli Capa: Sergio Luiz Menga Primeira edição em português: 1996 Impressão: Imprensa da Fé
ÍNDICE Prefácio Registro de sinais e maravilhas Formulação exata da questão Operadores de milagres enviados por Deus Milagres no Velho Testamento.............. Milagres messiânicos Milagres apostólicos.............................. São completas as Escrituras? Uma questão pertinente........................ Uma resposta evid en te.......................... Os dons na Igreja Primitiva......................... Uma admoestação Princípios gerais sobre os dons Os dons não são sinais da graça O amor no exercício dos dons Os dons desaparecerão da Igreja Supervisão dos dons temporários Um propósito para as línguas Por que os cristãos procuram os “dons”? A atração atual....................................... A atração em Corinto............................ A resposta bíblica
.7 11
16 20 20 23 26 31 31 37 44 46 49 50 52 53 57 59 63 63 69 71
7. 8.
O batismo com o E spírito....................................... 80 Quando o Espírito v em .........................'.................. 92 O Espírito de santidade....................................... 93 O Espírito de verdade....................................... 100 9. A experiência preocupante.................................. 109 10. Uma palavra positiva.............................................112 11. O Espírito e os a vi vamentos.................................. 119 Apêndice................................................................ 129 Bibliografia seleta................................................... 135
fins do século XIX a suspeitosa tese de que “só é real aquilo que pode se observar e medir” e seu descendente legítimo do início deste século no seio da sociedade norte-americana, o pragmatismo utilitarista para o qual só é valioso o que produz resultados, que rende lucros, têm contribuído a configurar, dentro dos diferentes movimentos missionários, aperigosa ideologia (supostamente extra-bíblica) segundo a qual os cristãos, as igrejas locais e as missões têm de mostrar resultados tangíveis, “evidências” observáveis. Desse modo se chegou ao absurdo paradoxo de que uma filosofia eminentemente materialista prefigura os princípios que vão reger o desenvolvimento espiritual de crentes e congregações. Daí a freqüente ênfase atual em fenômenos observáveis como as línguas, curas, milagres, profecias, formas ruidosas de adoração, que hão de ser mostradas como “evidências” da “plenitude do Espírito Santo”. Assim as coisas, as ênfases carismáticas atuais, longe de ser fruto de ponderado estudo e investigação nas Escrituras, são mais a conseqüência dum crescente “materialismo espiritual” que reivindica resultados tangíveis, em oposição ao princípio ensinado pelo próprio Senhor Jesus ao afirmar: “...o vento sopra onde quer, e ouves a sua voz, mas não sabes de onde vem nem para onde vai; assim é todo aquele que é nascido do Espírito” (João 3:6,8). Por outro lado, seria bom recordar o apóstolo Paulo, quando se dispõe a fazer uma exposição didática sobre os dons espirituais aos crentes de Corinto, e inicia sua dissertação dessa maneira: “Não quero, irmãos, que sejais ignorantes acerca dos dons espirituais” (1 Cor. 12:1). Aquela igreja havia se especializado, ao menos um grupo, na prática dos dons espirituais. Mas aqueles cristãos estavam cometendo erros graves. Haviam chegado, inclusive, a maldizer o Senhor Jesus no curso de suas pretendidas práticas espirituais (1 Cor. 12:2-3). As
freqüentes falhas em que estavam incorrendo eram conseqüência natural de uma prática ignorante, desprovida de princípios sadios que formaram seu conteúdo. Jerônimo afirmaria séculos mais tarde: “Ignorar as Escrituras é ignorar a Deus” . Empreender práticas de aparência cristã sem o conhecimento pertinente das Escrituras é expor -se a cometer erros, impulsionar práticas anti-bíblicas e gerar heresias das mais diversas tonalidades. Nada há que substitua o consciencioso estudo da Bíblia para conduzir a um sólido conhecimento da revelada vontade de Deus referente às mais diversas facetas da vida cristã cotidiana. Walter J. Chantry apresenta uma análise documentada sobre a natureza do pentecostalismo à luz do duplo contexto histórico e bíblico, ao qual é mister acrescentar o mérito de uma permanente exposição escriturística que, com o rigor de uma contextualizada hermenêutica, garante a objetividade das conclusões e a coerência das mesmas com o espírito do ensino apostólico, uma vez que a genuína construção da Igreja de Cristo há de ser feita “sobre o fundamento dos apóstolos e dos profetas” (Ef. 2:20). Com efeito, o sistemático da exposição bíblica que o autor apresenta, capítulo após capítulo, é tal que permite tomá -lo como um autêntico paradigma hermenêutico. Esta é uma obra que não pode faltar no gabinete pastoral de todo pastor sério e responsável. Já é hora de ir tomando definições e assumindo o único compromisso possível para um pastor, um ministro do evangelho, um missionário de Cristo, um mestre de teologia ou um professor bíblico - o compromisso com a verdade. E urgente que as nossas igrejas retornem à realidade vivenciada pela igreja à qual escreve o idoso apóstolo João: “O ancião à senhora eleita e aos seus filhos, a quem amo na verdade; e não só eu, mas todos os que conheceram a verdade, por causa da verdade que permanece em
nós, e estará para sempre conosco... Muito me regozijei porque achei a alguns de teus filhos andando na verdade, conforme o mandamento que recebemos do Pai... qualquer que se extravia, e não persevera na doutrina de Cristo, não tem a Deus; o que persevera na doutrina de Cristo, esse tem ao Pai e ao Filho. Se algum vem a vós, e não traz esta doutrina, não o recebais em casa, nem lhe digais: bemvindo!” (2 João). Os erros se propagam rápida e amplamente, e aqueles que os difundem o fazem com agressividade, diligência e eficiência comprovadas. E necessário que os discípulos de Cristo, portadores e amantes da verdade, tomem, uma vez mais na história, consciência da exortação sagrada: “Amados, pela grande solicitude que tinha de escrever-vos acerca de nossa salvação, senti-me obrigado a corresponder-m e convosco, exortando-vos a batalhardes diligentemente pela fé que uma vez por todas foi entregue aos santos” (Judas 23). A Deus seja a glória, e em Sua graça queira o Senhor em Sua soberana vontade utilizar este livro como valioso instrumento para a edificação de Sua Igreja “sobre o fundamento dos apóstolos e dos profetas”.
REGISTRO DE SINAIS E MARAVILHAS O protestantismo está sendo seriamente abalado pelo movimento carismático. Há séculos têm existido pequenos gmpos que reivindicam a possuir os dons de profecia e o poder de operar milagres; mas historicamente os cristãos os têm reputado por seitas falsas ou extremistas. * A aurora do século XX serviu de marco natural para o surgi mento das igrejas pentecostais. Devido à apostasia geral desde o liberalismo teológico no princípio deste século, os pentecostais tiveram uma acolhida reservada e cautelosa como evangélicos. Sua crença num Deus sobrenatural e a Palavra divinamente inspirada os colocou em posição de aliados úteis para o fundamentalismo. A partir da Segunda Guerra Mundial, a experiência de fenômenos “miraculosos” se estendeu mais além dos domínios das igrejas pentecostais e o movimento alcançou crescimento vertiginoso. As práticas conhecidas freqüentemente sob o rótulo de “evangelho pleno”
* O catolicismo romano tem dado lugar à execução de atos maravilhosos através de seus “santos”. Mas o protestantismo tem se manifestado firme contra a aceitação dos milagres hodiernos operados por homens, como se fossem provenientes de Deus.
tem se infiltrado agora na maioria das denominações. Recentemente, o “avivamento carismático”, como o denominam os simpatizantes, ganhou enorme prestígio. Na realidade a maioria dos cristãos vacilam em chamar o movimento de heterodoxo ou anti-bíblico. Poucos são os assuntos que universalmente interessam aos americanos (norte-americanos e latino-americanos), mas os dramáticos “milagres” hodiernos conseguiram fazê-lo. Os meios de comunicação seculares não vacilam em divulgar as pretensões espetaculares que envolvem línguas e curas. Os pastores são interrogados freqüentemente quanto a sua opinião com respeito a estes fenômenos, mesmo por pessoas que de outra forma não revelam interesse pela religião. E uma das primeiras perguntas com as quais o ministro se defronta em suas visitas. Até os céticos estão curiosos. Nas igrejas, grande número de leigos têm buscado e recebido os “dons”. Sua busca tem sido estimulada por grupos avulsos à Igreja. Surpreendentemente, em tais grupos, surgem clérigos que estão dirigindo o movimento. Os leigos que “os recebem” oferecem informações estimulantes a seus amigos cristãos, animando-os a participar “das bênçãos do Pentecoste”. Pessoas que têm sido cristãs por muitos anos, de repente afirmam terem recebido dons e passado por experiências extraordinárias. São poucas as igrejas que têm escapado deste poderoso impacto. Mesmo os perspicazes e os cautelosos se tornam confusos devido à abundância de notícias sobre eventos sobrenaturais. Que opinião deveriam ter os membros das igrejas acerca deles? As sociedades parecem claramente vulneráveis a esta invasão neopentecostal. A maioria intentou permanecer neutra quanto os temas das línguas e das curas. Visto que as associações que não estimulam oficialmente os sinais e as maravilhas deste século, também não as
repelem, freqüentemente elas abrigam no seu meio alguns oficiais e dirigentes que testificam possuir dons miraculosos e, recentemente, muitas organizações evangélicas nos Estados Unidos têm passado para uma posição pentecostal. As organizações de estudantes se encontram especialmente inclinadas ao fascínio “carismático”. Com freqüência cada vez maior, os jovens debatem sobre o valor de tais experiências. E até os seminários e institutos bíblicos estão se vendo francamente inundados por excitantes ondas “carismáticas”. As principais publicações evangélicas periódicas, em suas normas editoriais assumem posturas favoráveis ao movimento ou tentam permanecer neutras. Praticamente qualquer livraria evangélica distribui com entusiasmo obras pentecostais como, por exemplo, A Cruz e o Punhal, sem restrição alguma. *As juntas missionárias se encontram em posição conflitante com respeito ao assunto. Muitas delas têm elementos dentro do seu pessoal que crêem ardentemente nas modernas visões, línguas e curas. Algumas missões não enviarão tais missionários aos diferentes campos; não obstante mesmo essas vacilam quando se trata de condenar práticas neopentecostais como sendo anti-bíblicas. Suas livrarias distribuem literatura pentecostal. No campo missionário, a pressão exercida quanto à unidade entre todos os evangélicos abafa qualquer crítica que pudesse fazer-se ao movimento. Os missionários que assumem uma posição firme contra os modernos realizadores de milagres têm encontrado as igrejas de seus campos fortemente influenciadas por zelosos “apóstolos” dos dons miraculosos. Algumas igrejas, fruto do esforço missionário, estão sendo divididas por causa de tais práticas, enquanto outras têm sido * O livro é vendido na catedral católica romana de Westminster.
completamente arrebatadas das mãos dos missionários pelos propagandistas do “evangelho pleno”. Ao regressarem ao seu país de origem, missionários têm de defrontar-se com as igrejas que os sustentam, as quais vão incrementando sua simpatia pelo “movimento carismático”. Com toda a clareza, o protestantismo enfrenta o desafio de responder a sérias interrogações. A Igreja, o mundo e talvez sua próprio consciência perguntam: “Que é tudo isso? Que nos ensina a Bíblia a respeito de línguas e curas?” O momento não é mais apropriado para cair numa vaga neutralidade. Nem para apoiar-se no aparentemente piedoso, mas evasivo, pronunciamento: “Não desejo opor-me a uma genuína obra de Deus”. O assunto que exige resposta é este: “Poderia ser de Deus este dramático desenvolvimento atual de acontecimentos?” Os pentecostais têm muita razão quando afirmam que, se estas são obras do Espírito, não é possível rechaçá-las. Por que não participar de feitos de vulto? Você não quer, como cristão, todas as bênção de Deus? Não anela que sua igreja seja como as igrejas do Novo Testamento? Estas são indagações que não podem ser ignoradas, pois, evidentemente, tanto as línguas como os milagres foram práticas comuns nas igrejas dos tempos bíblicos. Eram, nessa época, eventos de tão freqüente ocorrência que os membros escreviam sobre os milagres como algo natural. E, sem dúvida, os dons sobrenaturais foram benéficos para as igrejas primitivas. Por que não haveriam de ser valiosos hoje? Além disso, este movimento do século XX adotou um nome que atrai a nossa atenção. E um desafio. A expressão “evangelho pleno” implica que as igrejas têm andado durante muito tempo, coxeando com mais ou menos 80% do evangelho. Acaso não queremos receber
toda a bênção que Cristo tem para nós e Sua Igreja? Porventura não seria a igreja que mais se assemelhe com as igrejas de Pedro e de Paulo em experiência e em doutrina aquela que, com maior probabilidade, gozará da presença de Deus? Não ousemos ignorar as modernas pretensões dos operadores de milagres. Podemos ter eliminado da nossa mente o assunto, porém isso não é honesto. O assunto, nem por isso, desapareceu. Seriam paralelos os acontecimentos atuais aos dos Atos dos Apóstolos? Precisamos reexaminar as Escrituras em relação a este tópico tão pertinente, a fim de podermos responder a todas estas interrogações.
FORMULAÇÃO EXATA DA QUESTÃO Alguma vez você tentou definir a palavra ‘‘milagre’’? Para a mente santificada não é difícil ver o poder de Deus em toda parte. A criação incessantemente provê demonstrações impressionantes do poder do Criador. As Escrituras Sagradas nos ensinam que este mundo não é um mecanismo independente. O Filho de Deus é quem “sustenta todas as coisas com sua palavra poderosa” (Heb. 1:3). “Nele todas as coisas subsistem” (Col. 1:17). Toda a fascinante majestade do céu e da terra é um mural que testifica do Seu poder. Plante um grão de milho na terra e o mesmo se multiplicará cinco mil vezes. Isso não é menos maravilhoso que o fato de que cinco pãezinhos tenham alimentado a cinco mil homens. No entanto, por ser de comum ocorrência, faz com que os homens lhe dêem pouca importância. O nascimento de uma criança é tão assombroso como a ressurreição dos mortos por Jesus Cristo. Um ser ainda inexistente é trazido à vida em virtude do poder divino na concepção e no nascimento. E simplesmente a raridade da ressurreição que torna a reunião da alma e do corpo em algo tão surpreendente aos olhos humanos. Às vezes os cristãos usam a palavra “milagre” freqüentemente como sinônimo de “o sobrenatural” . Fala-se do “milagre do nascimento” ou do “milagre da primavera”, porque devemos nos
admirar com a revelação do poder do Criador em tais eventos. De igual modo, os crentes descrevem a invisível, mas poderosa, obra da graça de Deus sobre a alma como “o milagre do novo nascimento”. Isso pode ser aceito como linguagem poética, pois todas estas coisas são o efeito direto da poderosa ação divina. Entretanto, estritamente falando, tais coisas não são milagres. Numa exata definição do termo, é necessário referir-se apenas à operação de Deus que ocorre no plano físico, fenômeno incomum para a experiência humana e inexplicável em termos dc agentes físicos secundários. A ação habitual de Deus neste mundo pode ser efeito do poder divino tanto como os milagres, porém para sermos exatos, é necessário referirmos à Sua atividade normal como providência, em vez de chamá-la de milagre. Os eventos providenciais costumeiros revelam a glória de Deus, mas o pecado cegou os olhos mortais para a sua percepção. Em sua ímpia rebelião, os pecadores fecham os olhos a essa contínua revelação do sobrenatural. Deus tem realizado feitos incomuns, com o objetivo de surpreender os pecadores, requerendo sua atenção e extraindo deles o reconhecimento de Sua grandeza. O mesmo poder, oculto na ação ordinária de Deus através da providência, se revela extraordinariamente nos milagres. No entanto, c incorreto afirmar que os milagres sejam violações das leis naturais. Ainda que as potências miraculosas estejam acima e além das forças que o nosso Criador emprega no curso da nossa experiência cotidiana, não se encontra em conflito com o poder providencial. Um milagre marca uma interrupção no padrão normal da operação divina mediante Sua ação extraordinária. Igualmente é um equívoco afirmar que um milagre é Deus agir desprovido de meios. As vezes é o poder de Deus sendo manifestado
sem agentes intermediários - como quando destruiu Sodoma. Mas há ocasiões em que o Seu poder se manifesta, produzindo um efeito totalmente desproporcional ao resultado obtido através do uso de um meio específico, como quando abriu o Mar Vermelho por meio de Moisés, ao estender a vara sobre as águas. Os milagres, então, são as obras extraordinárias do poder de Deus que demandam a atenção maravilhada dos homens. E não há razão bíblica para limitar a Deus à realização de milagres em certas épocas somente. Sem sombra de dúvida, Deus continua realizando hoje manifestações especiais de poder. Em resposta às orações do Seu povo, Deus está curando, como expressão soberana de Seu poder, a alguns que a moderna medicina tem desenganado. Alguns teólogos preferem classificar estes eventos como “atos de extraordinária providência” e não milagres. Todavia tal distinção provavelmente passe despercebida da maioria das mentes. Qualquer que seja o procedimento que elejamos para descobrir o fenômeno, é evidente que não podemos limitar a operação de maravilhas por Deus, a épocas antigas. Os entusiastas “carismáticos”, contudo, não apenas afirmam que Deus está operando milagres no século XX, eles também asseveram que alguns homens neste século se encontram investidos do poder para realizar milagres. Nenhum cristão nega que atualmente Deus está fazendo coisas ex traordinárias, tais com o restau rar maravilhosamente os enfermos. O ponto a debater, entretanto, é se a Igreja desta década deve ter homens capazes de operar milagres. No passado Deus concedeu acertos homens o poder de realizar milagres sob Sua autoridade. Tão grande foi este poder no caso de Pedro que se alguém se colocasse sob a sua sombra provavelmente seria curado de sua doença. A pergunta que temos de examinar não
é: “Deveria Deus estar fazendo milagres hoje?” e sim “Deveriam os homens estar realizando milagres sob a autoridade de Deus?” É imperativo que esta distinção seja levada em conta no decorrer de qualquer discussão sobre o movimento do “evangelho pleno”.
OPERADORES DE MILAGRES ENVIADOS POR DEUS As Escrituras dispõem de um enorme reservatório de informação sobre homens investidos com o poder de operar maravilhas. Quem eram eles? Por que possuíam tão maravilhosos dons? Só a Bíblia pode oferecer adequada orientação a nosso pensamento e capacitar -nos para avaliar as modernas pretensões sobre línguas e curas. Milagres no Velho Testamento Em relação ao registro bíblico, José foi a primeira pessoa investida com dons extraordinários da parte de Deus. Este homem de Deus foi evidentemente um profeta. Podia com a inspiração divina interpretar sonhos e predizer o curso futuro da história. Todos os seus dons se achavam diretamente empenhados em profetizar, isto é, em proclamar a verdade divinamente inspirada. O primeiro homem operador de milagres que a Bíblia menciona é Moisés. De fato, ele está em primeiro lugar, no Velho Testamento, entre aqueles do grupo especial que realizam milagres. “E nunca mais se levantou profeta em Israel como Moisés... em todos os sinais e prodígios que Jeová o enviou a fazer na terra do Egito” (Deut. 34:10 11). ^ Por que Deus enviou Moisés a operar maravilhas? Em Êx. 4 :1 5 se encontra uma resposta explícita a essa pergunta. Moisés se achava
vacilante para aproximar-se dos hebreus no Egito com a palavra de Deus. Ora, ele já havia falhado lamentavelmente em seu intento para ganhar respeito como líder, ao matar o capataz injusto. O argumento que apresentou a Deus foi o fato de que o povo não o reconhecia como profeta enviado pelo Todo-poderoso. Moisés podia prever a cena ao chegar ao Egito e dizer: “O Deus de vossos pais me enviou a vós” (Êx. 3:13). “Eles não me crerão; pensarão que sou um impostor”, pensou ele. “Dirão: o Senhor não te apareceu” (Êx. 4:1). Precisamente por isso, Deus dotou a Moisés do poder de operar milagres, “Para que possam crer que o Senhor Deus de seus pais... te apareceu” (Êx. 4:5). Os poderes miraculosos, foram, então, as credenciais de que Moisés dispunha para provar que era um profeta enviado por Deus com uma mensagem divinamente revelada. Eram as maravilhas, portanto, testemunho de Deus de que Moisés realmente estava falando a palavra da verdade. Este princípio é de universal aplicação para os milagres do Velho Testamento. Unicamente os que eram inspirados por Deus para transmitir Sua palavra realizavam milagres. Este era um dom outorgado exclusivamente aos profetas. Entretanto, isso não significa que o único propósito dos milagres é o de testificar que os profetas têm uma comissão divinamente conferida. As poderosas manifestações de Deus também revelam a natureza da sua ação salvadora. Sob este ponto de vista, os milagres contém uma mensagem em si mesmos. Contudo, em primeira instância, foram sinais e maravilhas empregados para chamar a atenção sobre a mensagem dos profetas, sem a qual os eventos maravilhosos seriam um enigma mais do que um meio de instrução. Alguns pensam que os juizes, como Sansão e Sangar, eram exceções à regra mencionada, de que só os profetas possuíam o poder de operar milagres.
Todavia, tal conclusão não tem base evidente. Ainda que a história sagrada registra somente os feitos heróicos e às vezes miraculosos desses homens, ela é incompleta. Embora não existam dados explícitos, sabemos que esses juizes não apenas libertaram o povo da opressão, mas também governaram a nação (Juizes 2 :16 19). Os juizes eram dirigentes nacionais (Deut. 17:9) a quem as pessoas recorriam para dirimir casos de jurisprudência de difícil solução. Pelo menos nesse sentido os juizes, como Sansão, herdaram uma posição mosaica de governo nacional. Quando Josué ocupou uma posição semelhante, ele se tornou às vezes em instrumento de comunicação divina - por exemplo, quando o pecado de Acã foi descoberto, assim como na ocasião de renovar o pacto com Israel, já bem perto de sua morte. O último e maior dos juizes, Samuel, quando apareceu no cenário histórico, evidenciou ser acima de tudo um profeta. Os que necessitavam de uma revelação divina se dirigiam a ele, como fez Saul quando buscava as jumentas do seu pai. Afirmar que todos os juizes desde Josué até Samuel falaram de forma profética, seria asseverar mais do que se pode provar pelas Escrituras. Mas esperar que o Senhor tivesse Seus profetas durante esse período de escassa revelação não é um sonho extravagante. Que o povo de Deus tivesse um governante estritamente secular era algo chocante para Samuel. Seria isso porque todos os juizes anteriores foram também profetas, não obstante a estatura deles ser inferior à dele? Quando Elias se levantou no monte Carmelo para pedir fogo do céu que consumisse o sacrifício, seu propósito era validar diante do povo o seu ministério profético. Ele orou assim: “Senhor Deus de Abraão, de Isaque e de Jacó, seja manifesto hoje que Tu és Deus em Israel, e que eu sou teu servo, e que segundo a tua palavra fiz todas estas coisas” (1 Reis 18:36). Ele considerava o milagre como
uma confirmação para o povo de que o homem por cuja mediação se operava era um profeta de Deus. Elias não era movido por ambição pessoal ou desejo de aplauso. No entanto o profeta desejava ardentemente que as multidões escutassem com atenção a Palavra inspirada que os chamava ao arrependimento. Em Sal. 74:9 aparece um texto importante sobre este assunto. No meio do lamento pela desolação do povo de Deus, o salmista diz: “Já não vemos os nossos sinais; não há mais profeta, nem entre vós que saiba até quando.” A poesia hebraica é conhecida por suas frases paralelas que expressam idéias sinônimas em forma sutilmente diferente. O verso poético anterior tem três frases paralelas, cada uma das quais expressa a mesma idéia básica, porém ao mesmo tempo cada uma acrescenta algo mais ao pensamento. Noutras palavras, a ausência de sinais é equivalente à ausência de um profeta, que também é o mesmo que não ter uma resposta autorizada à pergunta: “Até quando estará Deus ausente de nós?” Esta é uma categórica confirmação do princípio já estabelecido de que unicamente profetas operam milagres. Quer dizer, onde ocorrem milagres, deveríamos esperar ouvir a Palavra de Deus. Quando não há profetas, não haverá sinais. Milagres Messiânicos No Novo Testamento, os milagres servem precisamente aos mesmos propósitos como no Velho Testamento. A evidência a respeito é esmagadora. Jesus realizou muitos milagres para provar que era o grande profeta prometido em Deut. 18:15- “Do meio de ti, entre teus irmãos, um profeta semelhante a ti, a quem levantará o Senhor teu Deus; a ele ouvireis.” Apenas Jesus foi “como Moisés” na realização de maravilhas. Na verdade, Seus sinais inclusive
suplantaram os poderosos milagres realizados por Moisés. Embora inúmeros benefícios tenham sido conferidos aos homens através dos milagres de Jesus, o propósito primordial deles não era promover compassiva ajuda à sociedade. Primeiramente e acima de tudo, tinham a finalidade de chamar a atenção para a autoridade divina do Seu ensino. Ainda que grandes verdades se encontrem inseridas nos atos miraculosos de Jesus, esses não poderiam ser cabalmente entendidos sem as Suas declarações proféticas, para as quais os milagres serviram de testemunho. João apresentou seu Evangelho como um catálogo de sinais de Jesus Cristo. “Fez ainda Jesus muitos outros sinais em presença dos seus discípulos, os quais não estão escritos neste livro. Estes, porém, foram escritos...” (João 20:30-31). Por que foram registrados os Seus milagres? “Para que creiais que Jesus é o Cristo.” Para que os leitores pudessem ver que Ele é o Messias, o maior dos profetas, e para que pudessem receber Suas palavras como palavras de vida. Precisamente dessa maneira nosso santo Senhor falou a respeito de Suas próprias maravilhas. “Se não faço as obras de meu Pai, não me creiais. Mas se as faço, ainda que não creiais em mim, crede nas obras, a fim de que conheçais que o Pai está em mim e eu no Pai” (João 10:37-38). Nosso Senhor chamou a atenção para Seus atos portentosos como uma comprovação da Sua autoridade de profeta. Embora muitos permanecessem cegos ante os maravilhosos sinais operados por Jesus, muitos outros por causa deles concluíram que Ele era um profeta. Um homem chamado Nicodemos tinha algumas inquietações teológicas que o perturbavam, e concluiu que Jesus poderia dar-lhe respostas plenamente autorizadas. Por isso ele se aproximou de nosso Senhor, dizendo: “Rabi, sabemos que és mestre vindo de Deus” (João 3:2).
Como chegou este doutor das Escrituras à tal conclusão? O que o levou a depositar confiança nas palavras de Cristo? O citado texto nos fornece a base de sua conclusão: “porque nenhum homem pode fazer os sinais que tu fazes, se Deus não for com ele” . Ele confiava em que Cristo podia esclarecer suas dúvidas mediante explicações cheias de autoridade, devido Ele realizar milagres. Logo que Jesus alimentou miraculosamente a cinco mil pessoas, a multidão que observou o sinal chegou à conclusão correta: “Este verdadeiramente é o profeta que havia de vir ao mundo” (João 6:16). Estavam convencidos que só os profetas faziam milagres. Outra multidão raciocinou em termos semelhantes em João 7:31: “Muitos da multidão creram nele, e diziam: o Cristo, quando vier, fará mais sinais do que os que este tem feito?” Havendo sido testemunhas oculares dos Seus atos portentosos, estavam firmemente convencidos de que Ele devia falar a verdade e ser o Cristo. O Cristo devia fazer os maiores milagres, porque se esperava que Ele falasse a verdade mais plena e claramente. “Quando Ele vier nos declarará todas as coisas” (João 4:25). * Do sermão de Pedro no dia de Pentecoste fica claro que, na mente dos discípulos de Cristo, este fora o significdo central dos Seus milagres. O apóstolo recriminou os judeus que crucificaram o nosso Senhor por não haverem crido nEle. Sua incredulidade era inexcusável. “Jesus Nazareno, homem aprovado por Deus diante de vós...” (Atos 2:22). Como lhes havia testificado o Pai que Cristo era * Outro exemplo notável é o registro da ressurreição do filho da viúva de Naim: quando as pessoas presenciaram o estupendo prodígio, exclamaram admiradas: '“Um grande profeta se levantou entre nós, e Deus visitou o seu povo” (Luc. 7:16). Nota do tradutor.
um mensageiro aprovado por Deus? “Com maravilhas, prodígios e sinais que Deus realizou entre vós por meio dele.” Pedro estava, efetivamente, dizendo às grandes multidões que os milagres de Jesus requeriam que elas se sentassem aos Seus pés para receber a instrução. Todavia, ao recusar o reconhecimento das sua credenciais evidentes como profeta, crucificaram o Senhor da glória. Milagres Apostólicos Os milagres registrados no Novo Testamento, efetuados por homens, semelhantes aos efetuados por Cristo, confirmavam também a autoridade profética dos que eram porta-vozes de Deus em Sua infalível Palavra. Em 2 Cor. 12:12 Paulo se refere aos milagres como “os sinais do apostolado”. No contexto o que ele está fazendo é defender sua própria autoridade apostólica. “Os sinais do meu apostolado foram manifestados entre vós com toda a paciência, por sinais, prodígios e maravilhas”. Ele considerava os dons milagrosos como prova estabelecida por Deus com respeito ao ministério apostólico. O apostolado implicava em ser instrumento de revelação divina, pois os apóstolos eram porta-vozes autoritativos de Deus e autores das Escrituras no novo pacto, do mesmo modo como os profetas haviam sido no pacto antigo. Em Gál. 3:5 Paulo apelou para a sua capacidade de realizar milagres, como evidência de que ele, em vez dos judaizantes, era digno de crédito. Ele havia trazido o evangelho operando milagres. Em contraste, os que tentavam obrigar a igreja a retornar ao antigo pacto, não os haviam realizado. Portanto era um absurdo que a igreja abandonasse a Paulo por causa dos novos mestres. Novamente, em Rom. 15:18-19, Paulo se refere às maravilhas que Deus havia operado por seu intermédio como prova da sua apostolicidade.
Hebreus 2:1 - 4 é trecho de vital importância para a compreensão da doutrina cristã dos milagres. No primeiro capítulo da Epístola já se havia demonstrado que Jesus foi o maior de todos os profetas. Deus, anteriormente, havia falado várias vezes e de di versas formas; mas agora, nos fala através do Seu próprio Filho, concedendo uma revelação muito superior. Por essa razão o capítulo 2 inicia: “Portanto, é necessário que com mais diligência atendamos às coisas que temos ouvido”. Compete-nos prestar cuidadosa atenção e obediência à mensagem que nos foi dirigida, pois, se os que tiveram oportunidade de ouvir profetas de menor porte foram julgados por desprezar a mensagem do Velho Testamento, como escaparemos nós da condenação por rejeitarmos as palavras do Filho de Deus? A seguir, o versículo 4 chama nossa atenção para os milagres. A mensagem a qual devemos prestar atenção “começou a ser anunciada pelo Senhor” - Ele próprio. Contudo, “nos foi confirmada pelos que a ouviram”. Essas testemunhas de primeira mão (oculares) ou apóstolos que haviam estado pessoalmente “convivendo conosco todo o tempo em que o Senhor Jesus entrou e saiu dentre nós” (Atos 1:21), tinham um ministério de confirmação. E em Hebreus 2:4 lemos: “Testificando Deus juntamente com eles com sinais e prodígios e diversos milagres do Espírito Santo, distribuídos por sua vontade”. Outra vez os milagres no Novo Testamento são escrituristicamente enfocados como o divino selo de aprovação referente à mensagem dos apóstolos, que não era outra coisa senão o registro inspirado das coisas que eles viram e ouviram enquanto estavam com Jesus. Recordar essas maravilhas deveria ser suficiente para tornar mais profundo o nosso respeito quanto a autoridade das suas palavras e incentivar-nos para dar-lhes uma atenção maior.
No entanto, que se pode dizer com respeito aos cristãos comuns (que não eram apóstolos), através dos quais também foram realizados milagres na Igreja do Novo Testamento? E fato inegável que, embora os apóstolos fossem os principais operadores de milagres, muitos outros crentes compartilharam com eles os dons de profecia, de cura, etc. O livro dos Atos e 1 Coríntios, capítulos 12-14 mencionam uma longa lista de dons extraordinários exercidos por muitos irmãos da Igreja Primitiva. Um incidente registrado no livro de Atos nos liga diretamente com o assunto de cristãos que, embora não apóstolos, agiram com autoridade apostólica. Em Atos 8:4-13 encontramos Filipe operando milagres e anunciando o evangelho em Samaria. Grande número creu em Cristo e foi batizado como resultado do seu ministério. Quando a surpreendente informação sobre os novos convertidos chegou a Jerusalém, Pedro e João foram comissionados a ir lá e confirmar a obra. Logo que os apóstolos chegaram a Samaria, oraram a fim de que os convertidos pudessem receber o Espírito Santo. Certamente os verdadeiros convertidos já tinham o Espírito Santo em seus corações, porquanto “se alguém não tem o Espírito de Cristo, esse tal não é dele” (Rom. 8:9). Todavia, mediante a oração e a imposição das mãos por parte dos apóstolos, o Espírito desceu sobre os novos convertidos com dons miraculosos. Esta interpretação pode ser constatada pela imediata reação de Simão. Ele pôde ver que eles haviam recebido o Espírito. Daí pediu que lhe vendessem o poder apostólico de transmitir o Espírito mediante a imposição das mãos. Impõe-se aqui uma pergunta: por que Filipe não podia repartir esses dons extraordinários? Ele havia operado milagres. Mas, parece ter sido uma prerrogativa dos apóstolos, unicamente, o repassar esses dons a outros. Cada ocasião registrada em que alguém na Igreja
recebeu tais dons, ocorreu sob o ministério direto de um apóstolo. De modo que mesmo a prática geral da operação de milagres e dons extraordinários, dentro da Igreja, servia como testemunho da autoridade profética dos apóstolos. Simão Mago reconheceu imediatamente que os sinais poderosos de outros evidenciavam a autoridade única dos apóstolos, e pediu, conseqüentemente, que lhe vendessem uma entrada nesse grupo privilegiado. Todos os que operavam milagres pelo poder de Deus, os realizavam mediante a imposição das mãos dos apóstolos. Outros que operavam sinais, como Filipe, sem ser apóstolo, não podia transmitir esses dons. As Escrituras também nos falam de obras milagrosas executadas por falsos profetas. Entretanto, mesmo no domínio satânico, os milagres são destinados a assegurar a fé na mensagem comunicada por quem os executa. Essa é a razão por que são chamados “prodígios da mentira” (2 Tess. 2:9) porque induzem os homens a crerem nas mentiras dos falsos mestres. O Novo Testamento indica que podemos esperar a continuidade dos falsos profetas acompanhados de seus sinais fraudulentos. Surgirão até falsos cristos. E inegável, a partir do estudo da Bíblia, a conclusão de que a nenhum verdadeiro servo de Cristo será dado o poder de realizar milagres a menos que se encontre diretamente associado com a profecia. Onde quer que vejamos homens operando milagres pelo Espírito de Deus, esperaremos também que os acompanhe uma comunicação inspirada das palavras de Deus. Os milagres são a confirmação de Deus da missão divina daqueles que nos trazem novas revelações. Estamos na obrigação de considerar os que operam milagres e transmitem essa habilidade a outros, não só como pregadores, mas sim como verdadeiros profetas de Deus. A evidência
bíblica requer que modifiquemos nossas interrogações. Não podemos meramente perguntar: “deveriam os homens operar milagres na Igreja hoje?” Interrogar desse modo equivale realmente a perguntar: “Deve haver profetas na Igreja atual? Deve haver pessoas que estejam com unicando diretam ente a verdade revelada de D eus?” Naturalmente, esperamos que os homens preguem a Palavra transmitida pelos apóstolos e pelos profetas. Todavia, seria lícito que hoje procurássemos mais revelação?
SERIAM COMPLETAS AS ESCRITURAS? Uma Questão Pertinente Não devemos nos enganar quanto ao impulso central do “avivamento carismático’’ que oferece à Igrej a uma nova perspectiva da autoridade e da verdade absoluta. Os dons mais proeminentes entre as maravilhas do moderno movimento pentecostal são “falar em línguas”, “profetizar”, “sonhar”, e “ter visões”. Nenhum desses dons pode ser concebido à parte do conceito de uma revelação infalível vinda de Deus, dada por quem possua os referidos dons. “Falar em línguas” é nada menos que ter as faculdades falantes tão completamente sob o controle do Espírito Santo que uma pessoa possa articular uma linguagem desconhecida por si mesma. As palavras não são escolhidas conscientemente por quem fala, mas ao co n trário articula palavras diretam ente dadas por D eus. Independentemente da linguagem falada, o falar em línguas é uma forma de profecia. * * A palavra “profecia” é usada mais comumente nas Escrituras para qualquer mensagem transmitida da parte de Deus. Ocasionalmente, como em 1 Coríntios, capítulo 14, se usa no sentido mais técnico. Refere-se à comunicação de uma revelação divina em linguagem que os ouvintes entendem comumente. Nessa passagem é distinta do “falar em línguas”. De qualquer modo, ambas são formas de comunicação divina para o homem.
Devido o rei Saul pronunciar certa vez um discurso extático, surgiu o provérbio em Israel: “Está também Saul entre os profetas?” (1 Sam. 10:12). Qualquer que fale dessa maneira deve ser identificado como agente da revelação divina. Com certeza, as pessoas que dizem ter recebido sonhos e visões da parte de Deus sustentam que os mesmos são comunicações inspiradas da verdade divina. No pentecostalismo contemporâneo, até o dom de cura serve para realçar a autoridade de quem o possui. Multidões inteiras se apegam às opiniões dos que realizam milagres porque seus “dons” indicam que eles “estão cheios do Espírito Santo”. A implicação de tal lógica é clara. Como pode alguém atrever-se a duvidar das doutrinas dos operadores de milagres? Ainda que alguém raciocinasse a partir das Escrituras, nem por um milagre ele poderia sustentar a sua posição. Muitos preferem confiar nos ensinos dos homens em razão dos seus “dons”. “Acaso alguém que pode fazer coisas tão poderosas ensinaria doutrinas falsas?” - interrogam os fascinados. Um estudo das reuniões “carismáticas” revela que a Palavra de Deus é tida em pouca estima. Os que assistem são mais cativados pelas palavras dos profetas do século XX do que pelos ensinos de Cristo e Seus apóstolos registrados nas Escrituras. São as mensagens em línguas ou de profecias o que emociona os participantes com a convicção de que Deus tem falado em suas reuniões. Na medida em que aumentam os “dons” diminui a exposição da Palavra de Deus. As reuniões são constituídas de “testemunhos”, “compartilhar experiências”, com apenas referência ocasional à santa Palavra de Deus. M uitos dos que seguem este movimento permanecem tristemente ignorantes acerca dos rudimentos da fé por negligenciarem a Palavra. Eles vivem das experiências emocionais e visíveis e não da verdade. Mesmo aqueles que gastam horas inteiras
folheando a Bíblia, não o fazem com o propósito de assimilar a verdade, mas na esperança de granjear uma nova experiência para suas almas vazias e famintas da verdade. Sem sombra de dúvida, os grupos “carismáticos” acrescentaram suas novas revelações à Bíblia como sendo verdade infalível, revelada por Deus, segundo se vê no testemunho de David J. du Plessis, o qual por vários anos foi secretário da Conferência Mundial de Igrejas Pentecostais, cuja conferência reúne representantes de toda parte do mundo. Provavelmente não haja ninguém mais diretamente responsável pela proliferação da influência carismática nos diferentes círculos denominacionais. Em seu livro O Espírito me Ordenou Ir * começa com a explicação de que é basicamente uma série de mensagens gravadas que ele redigiu posteriormente. A atitude dele em referência ao seu próprio livro se torna evidente em afirmações como estas: “para mim foi um privilégio redigir e preparar para publicação, neste formato, aquelas revelações que recebi dEle (o Espírito) enquanto ministrava em conferências”. “Os amigos insistiram comigo para que eu publicasse as coisas que eu havia dito, ou melhor, as coisas que o Espírito Santo havia dito através de mim. Tratar de escrever sobre estas coisas não seria o mesmo que citar mais diretamente as declarações pronunciadas sob a unção do Espírito.” Ainda que ele afirme que o Senhor inspirou suas mensagens para conferências específicas, suponho que negaria que deveriam ser canonizadas, no entanto assinala: “estou seguro de que todos podemos aprender do que o Espírito Santo tem dito a outros”. Uma vez que os dirigentes reivindicam tão categoricamente: “Assim diz o Senhor”, não é de surpreender que seus jovens seguidores, sem vacilar, * “Logos International Foundation Trust” - Londres, 1970
imponham seus ensinos aos seus irmãos com insistência de que seu discernimento, conhecimento, direção, juízo ou exortação vêm diretamente do Espírito com toda a autoridade e força incontrovertível do céu. Sem tais pretensões, é impossível sustentar a possessão de muitos dos dons relacionados em 1 Coríntios, capítulo 12. Sei que alguns dirigentes pentecostais negariam de coração que as revelações contemporâneas sejam a verdade infalível, equivalente às Escrituras em sua autoridade, porém essa é a impressão essencial transmitida por qualquer reivindicação de possuir os “dons”. Historicamente os cristãos têm crido que a Bíblia é a única norma de fé e prática. A oposição a seitas que realizam milagres e falam em línguas tem se baseado neste alto conceito sobre as Escrituras. Nossa doutrina acerca das Escrituras nos dá confiança na única autoridade e absoluta suficiência das Escrituras através das quais o Espírito Santo guia nossas mentes à verdade, conduz nossa vida neste mundo e nos leva a uma comunhão verdadeira com Deus. Esta convicção implica necessariamente que Deus não está dando atualmente nenhuma revelação adicional através de profetas. Como estabelece acuradam ente a Confissão de Fé de Westminster o ponto de vista da maioria dos protestantes através dos séculos: “Todo o conselho de Deus, concernente atodas as coisas necessárias para a Sua própria glória, e para a salvação, fé e vida do homem é expressamente estabelecido na Bíblia ou pode ser deduzido dela por legítima e necessária conseqüência e nada haverá de acrescentar-se, seja por novas revelações do Espírito Santo, ou por tradição dos homens”, capítulo I, art. VI. Cremos que não devemos esperar mais revelações de Deus. O Velho e o Novo Testamentos estão completos e são suficientes para suprir todas as nossas necessidades. Unicamente a Bíblia é nossa autoridade!
Os “carismáticos” apaixonados estão minando a confiança na suficiência das Escrituras. Busca-se, para edificação, a revelação direta na profecia e nas línguas. Alguns negariam que suas novas mensagens acrescentam algo ao cânon existente das Escrituras. Segundo eles, apenas recebem direção na hora quanto à porção das Escrituras em que devem enfocar a atenção da igreja. Ou só recebem advertências com relação a calamidades providenciais. Ou unicamente direção específica em assuntos da igreja local, ou problemas pessoais. De qualquer maneira, é uma mensagem recente “dos céus” que provê a orientação desejada naquela circunstância, e não das Escrituras. A prática pentecostal é realmente uma negação à suficiência das Escrituras. Os entusiastas neopentecostais afirmam implicitamente que a Bíblia não é capaz de fazer com que um homem esteja “inteiramente instruído para toda a boa obra” (2 Tim. 3:17). Não buscam apenas a iluminação do Espírito Santo no estudo da Palavra de Deus. Procuram uma palavra de Deus adicional, uma outra fonte de verdade. Para eles, a Bíblia não é suficiente. Ao esperar uma nova mensagem dos céus, os pentecostais crêem que profetas modernos se encontram espalhados pelo mundo hoje. Inclusive, entre aqueles que não participam dessa conclusão às vezes se encontra uma atitude quanto aos milagres, que equivale a uma falta de confiança na Palavra de Deus. Isto pode ser observado, por exemplo, no livro de Henry W. Frost, Cura Miraculosa. * Ao comentar sua expectativa em relação ao aumento dos milagres, Frost destaca: “Pode-se prever com confiança que, à medida que a presente apostasia cresça, Cristo manifestará Sua divindade e senhorio cada vez mais através de sinais miraculosos, incluindo curas. Não devemos * Publicado em português pela “PES” - Publicações Evangélicas Selecionadas
dizer, portanto, que a Palavra é suficiente.Níüuvàl mente, o é para todos que a conhecem e crêem. Mas não é assim para os que não a ouviram, ou tendo-a ouvido, não creram. Para tais pessoas, pode ser necessário um apelo dramático e no plano em que seja mais fácil de entender, por exemplo, no plano físico. O missionário no estrangeiro, portanto, pode ter em mente, no caso de enfermidade de outros, que talvez Deus Se agrade em torná-lo um operador de milagres”. Poucos daqueles dedicados ao moderno movimento de operação de milagres, mediante a instrumentalidade humana, têm sido tão moderados como o Dr. Frost em suas opiniões. Entretanto, temos aqui uma explícita negação da suficiência das Escrituras para o evangelismo. E, infelizmente, parece que há atitudes semelhantes profundamente arraigadas no “avivamento carismático”. Os homens têm esquecido que o próprio Senhor disse: “Se não ouvirem a Moisés e aos profetas, tampouco acreditarão ainda que algum dos mortos ressuscite” (Luc. 16:31). Muitos hoje vão além do Dr. Frost, buscando uma palavra adicional, não somente um sinal recente para tornar a Bíblia mais crível. Mas, em qualquer dos dois casos, há uma definida desconfiança a respeito da santa Palavra de Deus. Interrogamos: onde acharam nossos pais espirituais essa doutrina, segundo a qual não podemos esperar novas revelações do Espírito em nossa época? De onde surgiu a idéia de que as Escrituras são autosuficientes como norma e padrão de verdade e como fonte de guia em todo assunto prático? Ao escutar os pentecostais falando sobre estes assuntos, recebe-se a impressão de que esta antiga doutrina protestante é uma relíquia do sistema católico-romano. Os reformadores não foram suficientemente longe em seu empenho de livrar a Igrej a do diabólico obscurantismo da teologia medieval. Agora
se levantaram novas forças para completar a Reforma, a fim de dar à Igreja o “evangelho pleno”. Muito pelo contrário, as corrupções da igreja católica romana surgiram da proliferação de autoridades adicionais às santas Escrituras. A igreja romana elevou ao nível das Escrituras as visões dos seus membros e os decretos dos seus papas. E foi este afastamento de uma total aderência às Escrituras que ocasionou todos os males da igreja de Roma. Por outro lado, o princípio fundamental da Reforma foi o grito “Sola Scriptura” emitida pelos estudiosos das Escrituras. O “movimento carismático” não segue a linha da Reforma; pelo contrário, lança um golpe nocivo às raízes dela. Se possível, os carismáticos destruiriam o fundamento protestante da confiança somente nas Escrituras. Uma Resposta Evidente Evidentemente nossos antecessores protestantes extraíram suas doutrinas diretamente do Novo Testamento. Hebreus 1:1-3 contrasta a profecia do Velho Testamento com a revelação do Novo Testamento. A comparação intenta trazer à luz a superioridade da revelação da verdade feita pelo Novo Testamento. A verdade do Velho Testamento foi escrita em diversas épocas no decorrer de um dilatado período da história humana. Houve, portanto, uma progressiva comunicação da verdade através de muitos mensageiros que viveram separados por muitos séculos. Além disso, o Velho Testamento se caracteriza por métodos diversos de comunicar a mensagem de Deus aos homens. Houve sonhos, vozes celestiais, anjos mensageiros, etc. Tudo isso se encontra em marcante contraste com o novo período de revelação em que temos entrado. Chegamos a “estes últimos dias”.
No primeiro século depois de Cristo, quando foi escrita a Epístola aos Hebreus, os “últimos dias” haviam chegado. O contraste entre a maneira pela qual foi dada a revelação “aos pais” e o modo pelo qual agora finalmente era dada, necessariamente implica que a revelação não continuará sendo dada gradualmente através de séculos de desenvolvimento, nem mediante uma incontável multidão de mensageiros. Como veremos, à medida que prosseguirmos, a revelação destes últimos dias foi dada numa geração; na realidade veio na sua plenitude através de uma Pessoa. . A revelação da verdade, dada por Deus, alcançou seu glorioso clímax quando Cristo esteve sobre a terra. “Deus nos tem falado por meio de seu Filho” . Na Pessoa de Jesus Cristo a revelação havia chegado ao seu término, com caráter de prontidão dramática. O Filho de Deus encarna tudo quanto o Pai tem que dizer aos homens. Nada necessário foi reservado para épocas posteriores. Não é possível conceber uma revelação maior. Cristo é a última verdade e a revela plenamente. Ele é o esplendor personificado da glória do Pai. Todo o véu foi removido. Ele é a imagem expressa da Pessoa do Pai e perfeitamente revelado. Ele é o grande ponto final à conclusão da comunicação de Deus aos homens. A passagem respira uma finalidade. Cristo, o Filho de Deus, é o grande final da revelação. Tão completo é Ele como revelação de Deus, e tão suficiente foi Seu trabalho como profeta, que os apóstolos e seus livros do Novo Testamento são vistos em Heb. 2:1-4 como meras confirmações do que o Grande Profeta já havia dito. Os escritos apostólicos são o eco do que haviam escutado dos lábios do nosso sagrado Senhor. Quando o Espírito Santo desceu sobre eles em inspiração, foi para trazer à sua memória o que Jesus havia ensinado antes, e iluminar -lhes em relação ao significado de Seus ensinos (João 14:26). O sol
da revelação brilhou em Jesus Cristo. Os escritos dos apóstolos não eram novos raios de luz, mas reflexos da glória que brilhou no Filho de Deus. Esta perspectiva da revelação que faz com que todo o processo chegue ao final em Cristo Jesus se encontra presente noutras passagens do Novo Testamento. O Evangelho de João está especialmente saturado deste tema. João 1:1 identifica Jesus como a “Palavra”de Deus. Ele é Deus. E a mais completa e exaustiva expressão de Deus. E a plena verdade divina. Por esta razão podia afirmar em João 14:6: “Eu sou a verdade”. Ele é a verdade total; a última palavra. João 1:14 indica que quando esta Palavra Se fez carne, os apóstolos viram Sua glória “cheia de verdade”. Outros profetas haviam apresentado partículas da verdade. Ele, pelo contrário, estava cheio da verdade. Ninguém jamais viu a Deus, mas o unigénito Filho que eternamente habita na presença do Pai, declarou plenamente o Pai (João 1:18). Qualquer coisa, depois das palavras de Cristo, resultará como um anticlímax. Ele foi o único apto, digno, para comunicar aos homens toda a verdade que eles podem receber a respeito do Pai. E Ele cumpriu perfeitamente essa missão. João 14:7-10 apresenta um incidente, bastante instrutivo, da vida de nosso Senhor. Jesus havia dado a notícia aos discípulos de que Ele tinha de partir. Para consolar os Seus devotos amigos, que haviam sacrificado tudo pelo privilégio de estar com Ele, nosso Senhor afirmou que eles conheciam o Pai e O haviam visto. Mas Filipe não estava satisfeito. No versículo 8 ele pede uma visão gloriosa do Pai, a qual seria suficiente. Talvez ele sentia que nenhum deles havia alcançado as alturas dos santos primitivos como Moisés, que contemplou as costas do Todo-poderoso. Se eles pudessem ter tão -somente uma experiência extática semelhante!
Jesus ficou muito inquieto com a petição de Filipe. “Estou há tanto tempo convosco, e não me tendes conhecido, Filipe? Quem me vêam im vêoP ai”. Que tremenda repreensão! Acaso Filipe não deveria ter visto tudo que era possível ver da glória de Deus? Com quanto entusiasmo Moisés teria trocado a sua visão para escutar as palavras do Filho de Deus! Jesus é a glória viva de Deus, a encarnação viva da Sua Pessoa. A busca de Filipe, procurando algo mais, era um insulto para o Filho de Deus. Um insulto semelhante é manifesto através do desejo atual de obter mais revelações. E uma indicação de que os que buscam o “carisma” não estão percebendo a glória de Deus na face de Jesus Cristo. Embora as palavras de Jesus Cristo tenham estado com eles por muito tempo, eles persistem em buscar algo mais para conhecer o Deus vivo. Estão perdendo a maravilhosa realidade de que as Escrituras são a total e suficiente revelação dada pelo Espírito de Deus. Alguns olhos obscurecidos lêem os próprios ditos do Filho de Deus, mas tiram a vista deles. Porventura não seria uma visão algo mais maravilhoso para Filipe do que simplesmente falar com o Filho de Deus? Hoje, não seriam sonhos e línguas algo mais satisfatório do que meramente prestar atenção às palavras do Salvador? Devemos estar tão inquietos como o no sso Senhor. Os p e n tec o stais estão d esp rezan d o inconscientemente a revelação de Deus em Cristo, como insuficiente. Constantemente seu grande ânimo provém de fora da Palavra de Deus. Suas práticas proclamam aos quatro ventos “deve haver algo mais” . Se não fosse assim, dariam à Palavra de Cristo sua devota atenção em suas reuniões e implorariam a assistência do Espírito Santo para ajudá-los a compreendê-la.
Quando Jesus estava preste a partir desta terra, Ele orou assim ao Pai: “Acabei a obra que me encarregaste de fazer” (João 17:4). Qual era a tarefa que Ele havia terminado tão perfeitamente? O versículo 8 nos diz em parte: “Tenho-lhes dado as palavras que me deste”. A indicação aqui é que não há outras palavras mantidas em reserva para serem pronunciadas em outra época. João 15:15 o diz mais explicitamente: “Todas as coisas que tenho ouvido de meu Pai vô-las tenho dado a conhecer”. Precisamente como a exclamação dEle na cruz: “Tudo está consumado” significou que nada mais Lhe restava a fazer, como sacerdote, para assegurar a redenção do Seu rebanho, assim também estes versículos proclamam a conclusão do Seu perfeito ministério profético. Antes do Pentecoste os apóstolos tinham uma deficiência que os impedia de entender a verdade. O resplendor da glória do Pai brilhava sobre eles, mas não se achavam preparados para captar tal plenitude e totalidade da verdade. Não podiam compreender o ápice da revelação embora ele estivesse ante os seus olhos. Não é que houvesse falha na comunicação da verdade. A dificuldade consistia na sua incapacidade pessoal de recebê-la. Todavia o Espírito viria para ensinar-lhes as coisas que haviam aprendido de Cristo e para capacitá-los a registrar infalivelmente estes ensinamentos nas Escrituras. Conforme Jesus prometeu: “Quando o Espírito vier, Ele vos guiará a toda a verdade” (João 16:13). O Senhor cumpriu a Sua promessa de dar toda a revelação aos apóstolos. Hoje a Igreja realmente necessita de maior medida do Espírito Santo para poder compreender as palavras de Cristo - e para isso todos nós devemos orar. Contudo, ela não necessita novas mensagens dos céus. Como afirma acertadamente um hino:
“Quão firme alicerce fo i dado à fé De Deus em Sua eterna palavra de amor! Que mais Ele poderia em Seu livro acrescentar, Se tudo a Seus filhos o tem dito o Senhor?” Pergunto: o que se pode acrescentar a Cristo, a encarnação da verdade? A Igreja está construída sobre o firme fundamento dos apóstolos e dos profetas (Ef. 2:20). No entanto, o moderno “povo carismático” parece crer que muito ficou sem ser dito pelos apóstolos. “Se queremos que a Igreja floresça, então o fundamenta da verdade tem de ser ampliado”, eles nos dizem. A ausência de um apreço único pelas Escrituras não é assunto de pouca importância. A falta de uma completa confiança na Bíblia, da parte dos neopentecostais, deve ser grandemente deplorada. Não ver em Jesus a revelação final da verdade, é o erro maiúsculo que abrirá as portas da Igreja à multidão de heresias ensinadas em nome da verdade. Todo movimento autêntico iniciado pelo Espírito de Deus conduz os homens às palavras de Cristo, que foram autenticadas por Sua própria inspiração. Alguns têm ridicularizado um apelo a Apoc. 22:18-19, ao discutir a conclusão do cânon (o final das mensagens divinas provenientes do Senhor). Entretanto, no contexto de tudo quanto a Bíblia diz acerca de Jesus como o profeta final, o clímax da revelação, as palavras são muito significativas. É este mesmo Cristo Jesus que fala no capítulo final da Bíblia: “Se alguém acrescentar a estas coisas, Deus lhe acrescentará as pragas que estão escritas neste livro”. Nosso Senhor faz este comentário nos versículos finais do último testemunho confirmando Sua revelação. O Salvador deu a advertência através do último apóstolo vivo, na conclusão de seu ministério.
Há os que preferem diminuir essa advertência do Senhor, afirmando que só tem aplicação ao livro do Apocalipse. Mas linguagem tão forte e rara deve ser mais que uma proibição a modificar este último livro. Devemos vê-lo como Matthew Henry o fez. Ele escreveu: “Esta sanção é como uma espada flamejante cuja função é salvaguardar o cânon das Escrituras de mãos profanas”. O Apocalipse não é um livro comum. E uma ampla análise da história, desde a primeira vinda de Jesus Cristo até à segunda. Ele havia prometido aos Seus apóstolos que o Espírito lhes ensinaria “todas as coisas” (João 14:26). O Espírito havia vindo e havia cumprido esta promessa. Os apóstolos haviam comunicado a palavra autorizada. A tarefa da revelação estava concluída. O livro do Apocalipse é o último escrito apostólico para a Igreja. Otodo-poderoso Salvador, sentado à destra de Deus abre Seus lábios soberanos para declarar que nada deve ser acrescentado àquilo que já foi registrado. Cuidado, não mexa com a revelação de Cristo! Toda profecia moderna é espúria! A verdade de Deus nos chegou numa objetiva revelação imutável e final. Não podemos aceitar as novas “revelações”do neopentecostismo.
OS DONS NA IGREJA PRIMITIVA A participação na corrente “carismática” implica em negar a autoridade única e a suficiência das Escrituras. Ora, essa afirmação pode suscitar definidas interrogações em sua mente. Por que, então, houve práticas carismáticas evidentes nas igrejas do Novo Testamento? Será que a Igreja Primitiva estava menosprezando a revelação recebida de Cristo quando praticava a profecia e o falar em línguas? Estava negando a autoridade única e a suficiência das Escrituras? Se foi assim, por que é tão vital agora? Acaso uma importante passagem da Bíblia, ou seja, 1 Coríntios, capítulos 12 14, não indica que tais práticas são normais para uma igreja verdadeira? Respostas a algumas destas perguntas se acham implícitas nos capítulos precedentes, e tornar-se-ão mais claras ao tratar-se da passagem de Coríntios. É consenso geral que na igreja de Corinto se apresentava o exercício de muitos dons sobrenaturais ou miraculosos. Havia “a palavra de sabedoria”, “a palavra de conhecimento”, “a fé”, “acura”, “aoperação de milagres”, “aprofecia”, “o discernimento de espíritos”, “diversas classes de línguas”, “a interpretação de línguas” (1 Cor. 12:8-10), dos quais a maioria envolvia revelação divina. Eram manifestações do Espírito Santo. Na realidade, isso negava a autoridade única das Escrituras. A Bíblia não eraa única palavra
verbalmente inspirada, recebida por aquela igreja, pois também recebia a verdade de Deus através destes dons. Além disso, tal método de edificação dos santos em Corinto negava a suficiência das Escrituras, como estas existiam naquela época, e por uma boa razão. O Salvador havia vindo. A Igreja do Novo Testamento havia sido formada. Os filhos de Deus já não continuavam vivendo sob a antiga aliança. Entretanto, o Novo Testamento ainda não havia sido escrito. A plena revelação da verdade em Jesus Cristo ainda não havia sido entregue à Igreja em forma escrita pelos “que a ouviram” (Heb. 2:3). Não teria sido bom para uma geração inteira dos servos de Deus viver isolados da graça e verdade magnificentes que vêm através de Jesus Cristo, enquanto os livros do Novo Testamento fossem escritos e colecionados. Por esta razão, foram outorgadas revelações transitórias à Igreja, para sua edificação, enquanto o Espírito Santo lembrava os apóstolos de tudo que se relacionava com Cristo (João 14:26). Os crentes tinham que viver em Cristo, mesmo antes que os apóstolos pudessem fazê-10 conhecido plenamente. Durante o período de formação do Novo Testamento, os dons antes mencionados, ao ser exercitados nas igrejas apostólicas, servia de sinais dos quais Deus dava testemunho da autoridade divina dos apóstolos. Foram eles que levaram esses dons espirituais extraordinários às igrejas, por imposição de mãos, de modo que os dons, ao serem exercitados na Igreja, serviram de testemunho da autoridade dos que escreveram o Novo Testamento. Os dons de profecia e línguas, nos tempos apostólicos, tinham um efeito oposto aos seus equivalentes na época atual. A existência dos dons miraculosos na Igreja Primitiva atribui honra às Escrituras completas. A mensagem profética registrada no Novo Testamento é
tão vital que a Igreja não pode viver sem ela. À proporção que ela ia sendo escrita, era necessário dar as mesmas verdades mais ou menos numa outra forma para a edificação da Igreja. E o exercício dos dons miraculosos dá testemunho sobre a importância profunda da missão apostólica de confirmar o que Jesus havia começado a dizer (Heb. 2:3). Por conseguinte, estes milagres atestavam sobre a autoridade única e a suficiência das Escrituras, quando estas estivessem completas. Entretanto, a partir da conclusão do Novo Testamento e a morte dos apóstolos, os milagres e revelações possuem outra implicação diferente. Agora sugerem que até a -palavraapostólicaé insuficiente, da mesma maneira que as línguas e a profecia na Igreja Primitiva implicavam que as Escrituras do Velho Testamento eram insuficientes. Posto que os próprios apóstolos nos afirmam que eles revelaram completamente a Jesus Cristo, desejar revelações adicionais, além das Escrituras, é querer ir além de Cristo; é declarar que os apóstolos falharam em sua missão e que o Espírito Santo precisa compensar mediante línguas e profecias as deficiências da palavra apostólica. A clara implicação de tudo isso é que a Igreja deve ser alicerçada sobre os apóstolos e os profetas como também sobre mensagens modernas. Pois bem, se é desnecessária uma revelação adicional, por que haveria o Espírito de dar dons de revelação? Desde que as Escrituras foram completadas, sua autoridade é única e sua mensagem suficiente. E a Epístol a aos Coríntios testifica disso. Uma Admoestação “Não quero, irmãos, que ignoreis acerca dos dons espirituais.Sabeis que éreis gentios, deixáveis conduzir aos ídolos mudos, segundo éreis guiados. Portanto, vos faço saber que ninguém que fale pelo Espírito
de Deus chama anátema Jesus; e ninguém pode chamar a Jesus Senhor, senão pelo Espírito Santo” (1 Cor. 12:1 -3). Paulo inicia sua lição sobre os dons com uma admoestação interessante. “Não quero que ignoreis”. Este é uma assunto simples e básico. É apedra angular sobre a qual muito vai ser edificado. Ninguém negará que é possível abordar este tema dos milagres e dos dons extraordinários de forma impensada. Os mais sábios entre os próprios pentecostais reconhecem que muitos são fascinados com um emocionalismo irracional nas reuniões “carismáticas” - assim chamadas. Mas o cristão deve ser um homem pensante. O Espírito de Deus não embota o intelecto. Pelo contrário, Ele estimula o pensamento. Os crentes não devem ser ignorantes com respeito ao tema das manifestações espirituais. O apoio a essa admoestação vem por meio de contraste. Paulo recorda aos coríntios a sua experiência anterior no paganismo ocultista. Eles adoravam ídolos, objetos inânimes. Todavia os poderes satânicos se achavam presentes, com influência controladora sobre os homens. Muitos eram obrigados a submeter-se. Era uma força irracional. Esse é o sentido dos termos “arrastados” ou “impulsionados”, * àluz do contraste. As reuniões caracterizadas pelo emocionalismo sem sentido não são de Deus. E obra de demônios conceder aos homens sentimentos irracionais e conduzi-los a uma atividade extraordinária que a mente não consegue compreender. Aqui temos uma solene admoestação para qualquer cristão em meio a um a geração confundida. Em todos os cultos e reuniões é necessário manter uma mente ativa e com discernimento. Alguns sugerirão que a lógica é * Ver Charles Hodge para uma comparação desta palavra com “guiados pelo Espirito de Deus” (Exposição de I Coríntios, página 240 no inglês).
fria. Contudo, o irracional é satânico. No versículo 3 nos é dada uma norma através da qual podemos avaliar vários espíritos. E note-se que é uma medida doutrinária. Particularmente, questiona o que um espírito diz com referência a Jesus Cristo. Imediatamente chegará a lembrança de 1 João 4:1-2: “Amados, não creiais a todos os espíritos, mas provai os espíritos, se são de Deus...” Muito mais será comentado a respeito deste assunto no capítulo 8. O critério de avaliação não é constituído pelos sentimentos, mas o escrutínio feito mediante a verdade. David J. du Plessis esqueceu-se disso. Em O Espírito me Ordenou Ir, ele testifica: “Vinte e quatro dirigentes ecumênicos estavam comodamente sentados ao meu redor... Eu poderia recordar dias em que desej asse pôr meus olhos em tais homens para denunciar a sua teologia e rogar o juízo de Deus sobre eles, em virtude do que eu considerava suas heresias e falsas doutrinas. Aí estava uma oportunidade maravilhosa e eles me diziam: “Seja devastadoramente franco”. Orei: “Senhor, que queres que eu faça?” “Naquela manhã algo me ocorreu. Após breves palavras de introdução sentia repentinamente me sobrevir um sentimento cálido. Soube que era o Espírito Santo tomando posse de mim, mas o que Ele queria de mim? Em lugar do velho espírito amargo de crítica e condenação em meu coração, agora sentia tão grande amor e compaixão por esses dirigentes de igrejas, que eu preferiria morrer por eles à julgá-los. De repente soube que o Espírito Santo estava no controle, pois eu estava fora de mim, no entanto, sóbrio como um juiz” (2 Cor. 5:13). “Graças a Deus, desse dia em diante, eu sabia o que significava ministrar no “caminho mais excelente” (1 Cor. 12:31). Esta é, certamente, a maneira do Espírito Santo” (pág. 16). Desde esse dia
parece que du Plessis nunca mais se levantou para reprovar os liberais por seus desvios da verdade. Tornou-se amigo deles e lhes dizia: “A Igreja não necessita de melhores teólogos, porém de homens cheios de fé e do Espírito Santo” (pág. 18). Isso recorda as palavras tristes do Sal. 78:9 - “Os filhos de Efraim, armados de arcos, retrocedem no dia da batalha”. Com vigilância doutrinária, as pessoas se afastariam rapidamente da maioria das reuniões carismáticas. É pela ignorância que o movimento ganha impulso. Que haja eco nos ouvidos dos crentes: “Não quero que permaneçais ignorantes” (1 Cor. 12:1). Princípios Gerais sobre os Dons “São todos apóstolos? São todos profetas? São todos mestres? Todos fazem milagres? Recebem todos poderes para curar? Todos falam em línguas? Interpretam-nas todos?” (1 Cor. 12:29-30). Através de todo o resto do capítulo 12, a Igreja é comparada a um corpo, do qual Jesus Cristo é a cabeça comunal e o Espírito Santo vivifica a cada membro. Todas as manifestações do Espírito e todos os ministérios são para o bem comum (versículo 7). A seguir Paulo menciona e destaca a diversidade dos membros, isto é, a diversidade dos seus dons e ministérios, um ensino que destrói efetivamente uma premissa fundamental dos pentecostais. Muitos neo-pentecostais crêem que é possível a uma pessoa ser batizada com o Espírito Santo sem que fale em línguas. Qualquer dos dons neste capítulo pode significar o batismo. De sua parte, os pentecostais insistem em que as línguas são a prova de haver tido essa experiência. No mínimo, neste ponto, os neo-pentecostais estão mais perto da posição bíblica. No versículo 30, Paulo interroga: “Falam todos em línguas?” A resposta é óbvia: nem todos falam em línguas.
Estes “todos” aqui se refere a todos os membros do corpo, que foram batizados pelo Espírito (versículo 13). Os pentecostais tratam de sofismar esta clara declaração de Paulo, afirmando que a pergunta realmente é: “Falam todos em línguas nas reuniões da igreja?” Mas essa não é a pergunta. Paulo nem sequer faz qualquer referência aos cultos públicos até o capítulo 14. Esse “todos” do versículo 30 refere -se aos membros do coipo, de cujo coipo continuam sendo membros, quer reunidos ou não em adoração pública. Este texto por si só invalida biblicamente a doutrina pentecostal de que todos os crentes batizados com o Espírito Santo manifestam seu batismo falando em línguas. Os pentecostais estão em direto conflito com o ponto de vista paulino, segundo o qual as manifestações do Espírito Santo no corpo são bem diversas. Nem todos falam em línguas, como nem todos são apóstolos (versículo 29). Os Dons Não São Sinais de Graça “Se eu falasse línguas humanas e angélicas, e não tivesse amor, seria como o metal que soa ou o címbalo que retine. Se tivesse profecia e entendesse todos os mistérios e toda a ciência e tivesse toda a fé, de tal modo que removesse os montes, e não tivesse amor, nada seria. Se repartisse todos os meus bens com os pobres e entregasse o meu corpo para ser queimado, e não tivesse amor, de nada me aproveitaria” (1 Cor. 13:1-3). Ao iniciar o capítulo 13 da Primeira Epístola aos Coríntios, Paulo estabelece uma verdade que golpeia as próprias raízes de todas as variantes dos modernos ensinos carismáticos. Aqui, o pai da igreja de Corinto ensina que os dons miraculosos não são sinal de saúde espiritual naquele que os possui. E possível falar em línguas, profetizar, exercer o dom da fé, sofrer e dar-se sacrificialmente, e entretanto
não ser nada. Há exemplos nas Escrituras de homens que possuíram dons extraordinários, mas estiveram profundamente vazios da graça de Deus. Judas é um exemplo característico. Nosso Senhor deu ênfase ao tremendo engano resultante de supor-se que os dons espirituais evidenciam o bem-estar espiritual daqueles que os possuem. Isto é afirmado em Mat. 7:22-23: “Muitos me dirão naquele dia: Senhor, Senhor, não profetizamos em teu nome e em teu nome expulsamos demônios, e em teu nome operamos milagres? E então lhes declararei: Nunca vos conheci; apartai-vos de mim, vós que praticais a iniqüidade”. Muitos fazem milagres neste mundo, contudo perecerão no vindouro. Paulo se referiu a esta possibilidade no capítulo 12:2 ao recordar aos cristãos que até os pagãos apresentavam maravilhosas manifestações de poder. Agora, em 13:1 -3, ele afirma que os dons espirituais externos não são índice, de maneira alguma, do estado espiritual de uma pessoa. Pelo contrário, as graças espirituais internas, gravadas na alma, são os sinais da grandeza espiritual. Não são os dons do Espírito, porém os frutos do Espírito, que constituem a medida de santidade, de utilidade para o Senhor, e de prosperidade espiritual na alma. O amor é a prova preeminente. Os dons em Corinto não foram dados como sinais para assegurar à igreja sobre sua saúde e vigor espirituais. Como Paulo acentua no capítulo 12, eles lhes foram outorgados para a edificação de todo o corpo. Que aconteceria ao movimento carismático se não fosse mais ensinado nem sugerido que os dons miraculosos são um sinal de bem-estar espiritual? Esta é a chave que revela toda a atitude do movimento. David du Plessis mesmo admite que os pentecostais perdem sua efetividade quando deixam de insistir em que as línguas são sinais de bênção espiritual, sinal do batismo no Espírito Santo. A
Palavra de Deus nos diz que é possível todos os dons sem amor. É possível possuir os dons e não ser nada. As graças, e não os dons, são a evidência da vitalidade espiritual. Elas se encontram interiormente e não em demonstrações externas. O Am or no Exercício dos Dons “O amor é sofredor, é benigno; o amor não é invejoso, não s< trfai i nem se ensoberbece, não se conduz inconvenientemente, não j^ocitoi os seus interesses, não se exaspera, não se ressente do se alegra com a injustiça, mas regozija-se com a verdad^Nrra^ sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta” (1 C or.J3^4ÍX K ^ Ao descrever o amor nos versíc k não fala no contexto do amor conjugal. Não temo^M ui urtfa referência geral. Sua aplicação específica se refere^m apigreja confundida, que praticava muitos dons espiritráçs) porçrn que precisava muito mais de graça espiritual. O amor se cneôfllxa onde são vistas a paciência e a mansidão (versículo 4). O amor jamais agirá de maneira fanática (isto é que significa aexp^ssao “não se conduz inconvenientemente”) nem busca fT^^tóerafHciite pessoais (versículo 5). O amor odeia o pecado e s ^ w ^ w n a verdade (versículo 6). Ocupa-se da santidade e ck d 0 ^n ^^(v eja 12:3). Novamente são apresentados profundos ' ' ie avaliação para as reuniões carismáticas e até para as 5es reformadas. Acaso há conduta vergonhosa, exaltação dos hòínens, presença do pecado, ausência da verdade? Se for assim, então a tais reuniões falta o amor. Não importa quais sejam os dons presentes, falta o essencial. Apesar da presença espetacular de manifestações portentosas, a reunião ou pessoas sem amor se caracteriza pelo fracasso.
Os Dons Desaparecerão da Igreja “O amor nunca deixa de ser; mas as profecias se acabarão e cessarão as línguas, e a ciência desaparecerá. Porque em parte conhecemos e em parte profetizamos; mas quando vier o perfeito, então o que é em parte se acabará. Quando eu era menino, pensava como menino; mas quando cheguei a ser homem, deixei o que era de menino. Agora vemos por espelho obscuramente; mas então veremos face a face. Agora conheço em parte; mas então conhecerei como também sou conhecido” (1 Cor. 13:8-12). Os versículos 8-12 fazem referência diretamente ao caráter transitório dos dons miraculosos na Igreja. O que temos visto anteriormente noutras partes das Escrituras nos permite esperar isso. Aqui, simples e categoricamente, Paulo o afirma. O amor perdura; não se acabará. Jamais o amor desaparecerá da Igreja. Entretanto, as “profecias”, as “línguas” e a “ciência”se acabarão. Estes são os dons mencionados em 12:8-10 como “profecia” , “palavra de conhecimento” e “diversos gêneros de línguas”. E isso que o apóstolo tem em mente. Ele está comparando aqui os dons miraculosos com as graças internas. Ora, seria tolice pensar que o conhecimento, a linguagem e a verdade teriam de desaparecer no sentido absoluto da palavra. Mas, por outro lado, Paulo afirma que os dons desaparecerão da Igreja. Quando e porque os dons deveriam desaparecer da Igreja é algo claramente declarado nos versículos 9-12. A ciência e a profecia apenas eram formas imperfeitas de revelação. Todavia algo “perfeito” está por chegar. Nesse ponto, a mente se eleva ao céu. E ali onde temos o estado perfeito. No entanto, a palavra traduzida por “perfeito”, segundo o uso no Novo Testamento, nem sempre significa perfeito idealmente. A mesma palavra é usada novamente em 1 Cor.
14:20, onde é traduzida como “homens”. A idéia, pois, é “idôneo” em contraste com o “infantil” . Que este deve ser o significado em 13:10 é absolutamente claro à luz do contraste com o “infantil” do versículo 11. Quer dizer, quando a revelação plenamente adulta e amadurecida vier, então as revelações parciais de um estado de infância desaparecerão. Evidentemente, a idéia deste texto deve ser examinada à luz de 2Tim. 3:16-17. “Toda a Escritura é inspirada por Deus, e útil para ensinar, para redargíiir, para corrigir e para instruir em justiça, a fim de que o homem de Deus seja perfeito, inteiramente preparado para toda a boa obra”. Em nenhuma destas duas passagens “perfeito” se refere ao homem glorificado no céu. Refere-se ao homem cabalmente preparado para a vida neste mundo - o homem que se desenvolveu plenamente. Quando as Escrituras tivessem sido completadas, então a Igreja teria a revelação completa e apta para sua condição terrena. Nossa Bíblia havendo sido completada é perfeita no sentido que é plenam ente suficiente como revelação para todas as nossas necessidades. O que realmente Paulo afirma é que “quando vier o que é suficiente, o inadequado e parcial desaparecerá. As línguas cessarão e o conhecimento se acabará no momento em que o Novo Testamento for completado.” Os dons maravilhosos, tal como se encontram catalogados em 1 Coríntios, capítulo 12, só seriam úteis numa situação inferior. Sua utilidade parcial os circunscreveu a um estado temporal. Então, não há necessidade de apegar-se a esses dons. Acaso se apega um homem maduro, plenamente desenvolvido, às forças infantis de expressão, entendimento e pensamento (v.l 1)? Quando uma pessoas se desenvolve, renuncia as coisas de menino. De modo semelhante, as palavras, os pensamentos e a segurança íntima de ter as Escrituras
completas deve fazer com que a Igreja cresça e amadureça, deixando de lado a etapa infantil das revelações carismáticas. No entanto, muitos se têm deixado extraviar ao comentar o versículo 12. Devido o contraste aparecer tão forte, há uma tendência de pensar que, novamente, se trata de uma referência ao céu. Muitos comentaristas declaram que Paulo aqui estabelece um contraste entre o conhecimento presente e o entendimento celestial. Todavia, não é sua preocupação falar aqui da glória. Não. O tema é o tempo e a razão por que os dons miraculosos cessam; “agora” e “então” sempre têm este molde de referência. O fato é que os contrastes do versículo 12 não são tão absolutos como freqüentemente se supõe. As referências anotadas na Bíblia têm reconhecido aqui uma dependência com respeito a Num. 12:6 8. A linguagem é muito semelhante em ambas as passagens. A ocasião foi quando o Senhor repreendeu Miriam e Aarão por murmurar contra Seu servo Moisés. “E ele lhes disse: ouvi agora as minhas palavras. Quando houver entre vós profeta de Jeová, lhe aparecerei em visão, em sonhos falarei com ele. Não é assim com meu servo Moisés, que é fiel em toda a minha casa. Face a face falarei com ele, e claramente e não por figuras; e verá a aparência de Jeová. Por que, pois, não tivestes temor de falar contra meu servo Moisés?” Desse modo percebemos as figuras empregadas em 1 Cor. 13:12- um contraste entre a revelação obscura e parcial e um retrato aberto e frontal do Senhor. Aqui não temos um contraste entre profeta e céu, e sim entre profeta menor e profeta maior. No Velho Testamento Moisés aparece como o grande profeta que falou com Deus “cara a cara” e de modo explícito. Outros profetas receberam mensagens “por figuras” e “aparências” pelo método obscuro das “visões” e “sonhos”. No Novo Testamento Jesus Cristo
é apresentado como o grande profeta que habitou no seio do Pai e O revelou. Sua plena e total revelação do Pai foi registrada nas Escrituras pelos apóstolos. Outras revelações “carismáticas” eram equivalentes a ver através de um prisma imperfeitamente transparente (como os sonhos e visões do Velho Testamento). Eles transmitiam apenas uma revelação parcial, “obscuramente” (à maneira de “enigmas”). Em contraste, receber as Escrituras era colocar-se “face a face” com Deus. Esta era a aproximação íntima de Deus por meio de Jesus Cristo. O versículo 12 sintetiza a necessidade de que os dons miraculosos cessem! Mesmo que a cessação fosse coisa futura quando Paulo escreveu a Epístola, ela se tornou assunto do passado depois que João escreveu o Apocalipse. Desde então, os dons mencionados no capítulo 12 já haviam cessado. O capítulo 13 conclui com um comentário que demonstra que os versículos 8-13 não contrastam o conhecimento terreno com o celestial, porque mesmo depois de cessarem as profecias e as línguas, a fé e a esperança permanecerão. Não haverá esperança nos céus. “Esperança que se vê não é esperança; porque o que alguém vê, como esperará?” (Rom. 8:24). Mas logo que as Escrituras estejam completas, ainda a esperança permanecerá na Igreja até o dia de Jesus Cristo. Uma observação da Igreja atual nos conduz a uma angústia por causa de sua debilidade e “fracasso”, seu pecado e frieza. Não faltam as vozes que proclamam: “o de que necessitamos é voltar ao estado da Igreja nos tempos apostólicos.” Esta forma de raciocinar é que tem produzido a presente busca de dons miraculosos. Tais dons existiam na infância da Igreja. “Ah, se os tivéssemos agora!” “Muito pelo contrário!” - diz o apóstolo. “Não deveis desejar o regresso ao período infantil.” Antes que as Escrituras fossem terminadas, a Igreja
se encontrava em posição de inferioridade com respeito à verdade. Os crentes não têm razão para regressar à época anterior ao ano cem, no qual a Bíblia ainda não estava completa. Não existe motivo para desejar mensagens obscuras, quando tem diante de si a verdade das Escrituras! Nos capítulos 12-14 não temos uma passagem que esteja afirmando que os dons miraculosos sejam norma para a Igreja de todos os períodos. Pelo contrário, eles preparam a Igreja para quando estas manifestações do Espírito tenham cessado por terem sido completas as Escrituras. Que homem adulto quereria voltar à apreensão infantil da verdade, depois de experimentar a revelação completa e plena de graça da verdade, nas Escrituras? Todavia isso é precisamente o que os carismáticos nos pedem que façamos. Eles nos convidam a falar de maneira infantil e a examinar obscuros quebra -cabeças, depois que o Senhor e os apóstolos já nos deram uma revelação “face a face” do Pai. As línguas, as profecias, a palavra de sabedoria e a fé, foram bastante úteis nos dias da infância. Mas o perfeitamente adequado já chegou; o adulto já está presente. Os dons temporários cessaram. Supervisão dos Dons Temporários “E se a trombeta produzir som incerto, quem se preparará para a batalha? Assim também vós, se por língua não disserdes palavras bem compreensíveis, como se entenderá o que dizeis? Porque falareis ao ar” (I Cor. 14:8-9). Durante a geração na qual os coríntios viveram, requeria-se orientação para o uso e exercício dos dons temporários; por isso aparece o capítulo 14. Depois da instrução formulada no capítulo 13, este capítulo pode parecer um anticlímax para nossos propósitos
aqui visados. Contudo, algumas verdades exigem uma repetição. Certos pentecostais ensinam que falar erri línguas, em forma pública ou privada, é sempre um ato de oração, usualmente de adoração a Deus. Seja isso certo ou não, os versículos 5, 27 e 28 definitivamente indicam que as línguas não deviam ser usadas em reuniões públicas sem intérprete. A forte razão para haver esta norma é a necessidade absoluta da edificação comum na adoração (vss. 2 19). E para a edificação é indispensável o entendimento. Paulo desvendou novamente a pedra fundamental de 12:1-3. Nenhuma ação do Espírito que vise a edificação é insensata e irracional. Essa é a tática satânica de ludibriar os homens. Para que haja edificação tem que haver entendimento, embora ele seja obscuro ou embotado. Jamais podemos esperar que o Espírito de Deus graciosamente execute Suas funções na alma, a menos que seja em íntima relação com a verdade. A soberana e misteriosa obra da regeneração é em si mesma desempenhada pela verdade. “Sendo renascidos... pela palavra de Deus” (1 Ped. 1:23). Devido a isso Paulo repete com insistência que as “palavras fáceis de entender” são condição “sine qua non’’ *da edificação. E possível pensar na verdade sem a influência graciosa do Espírito Santo; porém jamais poderemos esperar a influência do Espírito sem que a verdade chegue à mente. Lembrados da ênfase bíblica sobre a comunicação inteligente de informação, a fim de que haja edificação, que razão temos nós para crer que alguém que falasse línguas fosse inconsciente quanto aos mistérios que falava? (vs.2). Se todos os ouvintes dependessem da clara e inteligível verdade para sua edificação, como podia um homem falando em línguas edificá-los - ou até a si mesmo (vs.4) - no * Expressão latina que significa “sem a qual não é possível”.
caso de não haver nenhum raio de entendimento do mistério articulado? Talvez a compreensão dele não foi suficiente para haver interpretação. Contudo, sempre deveria haver uma inteligente compreensão da parte de quem falasse em línguas para que ele mesmo se beneficiasse. Se esta conclusão não é válida, então quem pensa de modo diferente deve apresentar uma prova bíblica. * Aqueles que afirmam que o falar em línguas em momentos devocionais particulares resulta em edificação, precisam fazer certas perguntas a si mesmos. Existiria algo inteligível nessas mensagens em línguas? Baseiar-se-iam tais mensagens em experiências emocionais que passam por alto a mente? Se for assim, que autorização bíblica haveria para tal forma de adoração? Isso é criticado até mesmo em 1 Coríntios, capítulo 14. Se 1 Coríntios 14:1-9 enfatiza alguma coisa, é que seja mantida no centro a mais clara e inteligente forma da verdade. Atualmente, nossa tarefa não consiste em esperar mais profecias, porém em obedecer completamente a revelação clara dada por Jesus Cristo. O que poderia ser mais edificante que as notas explícitas (vss.7-8) da exposição do evangelho? A palavra de Cristo ensinada com clareza é o auge supremo da edificação espiritual para os crentes vivos sobre a terra. Um Propósito para as Línguas “Irmãos, não sejais meninos no modo de pensar, mas sede meninos na malícia, porém maduros no entendimento. Na lei está escrito: noutras línguas e com outros lábios falarei a este povo; e nem ainda * Sustentar que quem fala em línguas ignora as suas revelações, se faz necessário refutar Charles Hodge em seu comentário de 1 Cor. 14:14.
assim me ouvirão, diz o Senhor. Assim que as línguas são por sinal, não aos crentes, mas aos incrédulos; mas a profecia, não aos incrédulos, mas aos crentes” (1 Cor. 14:20-22). Uma montanha de escritos tem soterrado “as línguas” debaixo de um monte de proibições desde 1975. Estes versículos apresentam outro argumento contra o moderno uso das línguas. Já vimos, com base nas Escrituras, que as línguas apresentavam caráter de sinal para um apóstolo, credenciando-o como agente de revelação divina. Enquanto durou o estado infantil do desenvolvimento da Igreja, as línguas também serviam temporariamente para a edificação parcial e imperfeita dos crentes. Não obstante, o apóstolo deseja informar plenamente aos crentes a respeito das línguas. No versículo 20 ele insiste: “Sede adultos na forma de pensar”. Não sejam como alguns carismáticos que querem eximir-se das discussões doutrinárias ou evitar o estudo cuidadoso da Bíblia. Sejam adultos no entendimento. Mergulhem na mina do Velho Testamento. Isaías 28:11-12 são os versículos que o apóstolo Paulo cita neste ponto. Essa é uma passagem fundamental para o assunto das línguas! Tais palavras foram pronunciadas num período no qual a m aioria dos profetas de Deus cumpriam seu m inistério falando em hebraico. Toda a verdade era apresentada aos judeus em sua própria língua. Que privilégio! Isso duraria até os dias de Jesus Cristo. Subitamente, no Pentecoste, a verdade de Deus seria apresentada aos ouvidos humanos em línguas gentílicas. Tal coisa não era sinal de promessa para a nação judaica. Pelo contrário, era um sinal de condenação. A pesar do vívido testemunho dos galileus falando nas línguas das nações, Israel não se arrependeria, porém endureceria mais o coração. “Nem ainda assim me ouvirão, diz o Senhor.” As línguas eram um sinal
para os judeus, referente à sua iminente queda, à destruição no ano 70 d.C. No versículo 22 se encontra uma contundente conclusão. As línguas são um sinal para os incrédulos, mas não com o propósito de convencê-los de sua incredulidade e conseqüentemente levá-los à conversão. O versículo 23 mostra que as línguas só fariam os incrédulos pensar que os que possuíam o dom eram “dementes” . As línguas são sinal da iminente ira e desgosto de Deus, especialmente contra o Seu negligente primogênito, Israel. Cabe interrogar novamente: para que propósito serviriam as línguas hoje? Os apóstolos morreram, portanto os que falam em línguas não podem mais atribuir-lhes autoridade divina. Temos agora diante de nós a revelação completa; não precisamos permanecer entre sombras e edificação parcial, persistindo dessa maneira no estágio infantil através das línguas. Entre os que falaram, as línguas jamais chegaram a evidenciar uma realidade espiritual mais profunda. Desde há muito tempo os judeus vinham caminhando sob a ira de Deus. O terrível colapso já se havia cumprido. Se alguma possibilidade existe hoje, é a do retorno da bênção a Israel (Romanos, capítulo 11). E as línguas não servirão para tal propósito. Deveriam permanecer as línguas atualmente? Certamente que não! Já cessaram. “E os espíritos dos profetas estão sujeitos aos profetas” (1 Cor. 14:32). Alguns crentes lerão os vss. 23-29 sob uma perspectiva enigmática. Tomados isoladamente, é possível usá-los para confundir. Surgirão perguntas como: não o diz acaso: “Procurai profetizar?” Por acaso não leram: “Não impeçais falar em línguas?” Como, então, é possível excluir estas coisas hoje? Sem dúvida, quem tiver seguido o argumento do apóstolo até este ponto notará imediatamente o erro de ignorar todas as premissas anteriores. As conclusões se tornam
simples num silogismo sem premissas. É precisamente o que ocorre quando se usa textos isolados sobre línguas. Os que não querem seguir o fio da meada vão andar em trevas. Só podemos clamar-lhes: “Não quero que sejais ignorantes” (12:1). Se não aplicarem suas mentes para pensar nisso cabalmente, torcerão as próprias Escrituras que citam. Resta-nos um ponto complementar digno de nota nos vss. 28 32. Quando o Espírito Santo veio sobre os homens, no período neotestamentário, jamais resultou na perda do controle pessoal. Ainda mais, esta é uma aplicação direta de 12:1 -2. Ao vir o espírito de falar em línguas a um homem, ele podia pensar racionalmente a respeito da situação e era capaz de manter-se calado. Os espíritos dos profetas sempre estavam sujeitos aos profetas. Os carismáticos mais cuidadosos e sóbrios reprovam as reuniões desordenadas que degeneram em agitação, quando as pessoas perdem o controle e onde reina a confusão. O Espírito de Deus sempre opera de maneira consistente com o uso da inteligência do homem e seu domínio próprio. Por certo o propósito primordial deste capítulo 5 não é estabelecer distinção entre diversos graus de sabedoria carismática. 1 Cor. 12:14 patenteia a indefensabilidade de todo o movimento moderno pentecostal em todos os seus matizes e formas. Nega que os dons miraculosos sejam indicação de graça espiritual. Insiste no fato de que os dons de revelação haveriam de cessar quando as Escrituras estivessem completas.
POR QUE OS CRISTÃOS PROCURAM OS DONS? A Atração Atual Muitos verdadeiros cristãos, por ignorar a força da perspectiva neotestamentáriacom respeito aos dons miraculosos, têm sido atraídos pela posição pentecostal. Portanto, se afastaram do firme fundamento das Escrituras como a única autoridade para suas vidas. No caso de não ser assim, então ignoram as profecias que eles reivindicam provir de Deus. Mas esta falta de confiança nas Sagradas Escrituras se insinua, inconscientemente, no coração e na vida dos crentes. Eles têm posto sua atenção noutros assuntos que lhes distraem da única autoridade e suficiência da Palavra de Deus. Torna-se deveras importante analisar a força de gravidade que conduz o povo de Deus até a órbita do neopentecostalismo. O que é que atrai moderados discípulos de Cristo às crenças e práticas neopentecostais, as quais são contrárias à Bíblia? Tão rápida e ampla tem sido a difusão daquilo que é “carismático” nos últimos quinze anos, *que é difícil caracterizar o movimento inteiro. Muitos dentre os que participam dos “dons miraculosos” recusam ser chamados pentecostais ou “carismáticos”. Eles têm presenciado tantos e tão variados abusos que não desejam ter ligação alguma com a denominação popular do movimento. Seu * Escrito em 1973.
propósito é manter os “dons carismáticos” num lugar subordinado ao estudo bíblico, à vida de santidade, à comunhão com Deus e ao evangelismo. No lado extremo se encontram os que gravitam na esfera do imoral e herético, e evidenciam os mesmos “dons” em nome do cristianismo. Entre esses dois extremos se situam as massas de pentecostais que dispõem de uma bem definida doutrina sobre o batismo do Espírito. De igual maneira, existem os neopentecostais, cujo compromisso e filiação em suas organizações eclesiásticas é geralmente evangélico e que podem não estar de acordo com a teoria pentecostal. E não podemos esquecer a multidão não ligada a igrej a alguma, cujo único conhecimento religioso provém de um grupo carismático ou assembléia cristã. * Todos buscam, ou exercem ou permanecem sob o ministério do que eles chamam “dons do Espírito Santo” ou “manifestações miraculosas do Espírito Santo”. Embora as mutações sejam infinitas em número, a espécie é única. Seus traços distintivos são claros. Todos se opõem perigosamente à doutrina da revelação segundo o Novo Testamento, ao sustentarem que os dons de revelação existem nos tempos modernos. Uma outra característica comum já foi mencionada anteriormente, porém exige de nós agora mais completa atenção. Isso porque é esse o elemento que cativa a mente dos cristãos que se encontram atraídos pelo que é “carismático”. Esta outra característica é a busca do “algo mais” proveniente de Deus. Este algo mais se identifica de alguma maneira com “manifestações sobrenaturais do Espírito Santo” . Mas sempre ocorre que os dons carismáticos se associam mentalmente a uma segunda obra da graça ou com uma * Como são chamados tais grupos nalguns países da América Latina.
experiência momentânea que supre o “algo mais” que se buscava. Os carismáticos exultam com seus relatos de algo mais de Deus em relação às suas experiências “milagrosas”. Quão ampla é a gama de desejos que esses testemunhos despertam nos cristãos! “Mais êxito”, num nível muito baixo. “Mais de santidade”, “mais íntima comunhão com Deus”, “mais do poder para glorificar o Senhor efetivamente no serviço” no ponto máximo. “Mais amor pelos homens”, “mais satisfação na vida”, “mais calor pessoal”, entre o baixo e o alto. A lista cresce interminavelmente e as variações de que esse “mais” significa, são tão variadas como os testemunhos, ou quando menos, tão variadas como os grupos nos quais se apresentam. Usualmente há algo de uma mais profunda espiritualidade, santidade e poder, sejam entendidos estes conceitos do ponto de vista bíblico ou não. Por último, todos os desejos abençoados são identificados geralmente com o exercício dos dons milagrosos. A maioria dos pentecostais mantém como artigo de fé que o “falar em línguas” é o sinal inicial do batismo no Espírito, experiência que traz consigo uma vida mais profunda que a mera conversão. O dom buscado é o Espírito. Todos os demais dons miraculosos são possuídos unicamente pelos que escalaram este pináculo do cristianismo, ainda que não necessitem apresentar outras manifestações subseqüentes além das línguas. Dessa forma, os dons espirituais e a possessão de uma maior espiritualidade se vêem claramente associados. Alguns neopentecostais diriam que a posse de qualquer dos dons poderia significar inicialmente o ingresso ao estado mais profundo de espiritualidade. Apenas uns poucos afirmariam que não é necessário nenhum dom milagroso como sinal de entrada na plenitude de bênçãos que eles postulam. Sem dúvida, surge a admiração em referência aos que operam milagres,
na firme convicção de que quem manifesta o Espírito Santo ao “realizar maravilhas” deve ser alguém muito próximo do Senhor. Realmente, esta combinação de pensamento é o que atrai os estranhos para o pentecostalismo e prende os que são convertidos sob esse ministério. Há “algo mais” a ser obtido espiritualmente, e os “dons miraculosos” evidenciam que o operador de milagres o tem alcançado. Seu conselho é logo procurado, em público ou em particular, o qual confirma a identidade dos dons espirituais com o homem espiritual. Acaso teríamos de voltar ao exemplo de Judas, a Mat. 7:21-23 e 1 Cor. 13:1-3 para demolir esta falácia? Já não demonstramos que os dons espirituais não identificam um homem espiritual? Muitos operadores de milagres serão repelidos por Cristo no julgamento. As graças interiores, ou frutos do Espírito, e não as manifestações externas de algum dom, são sinais de espiritualidade. Porque haveria de continuar essa opinião ignorante e errônea? Muitos que não apresentam muito do fruto do Espírito estão efetuando o que os homens contemporâneos aceitam como milagres. Outros no movimento pentecostal são homens piedosos. Entretanto não são os seus “dons carismáticos” que nos conduzem a essa conclusão. Pelo contrário, são unicamente os sinais da graça em seus caracteres. Que falem em línguas, ou curem, em nada contribui para formar nossa opinião. Os “carismas” espetaculares e maravilhosos jamais foram concedidos para identificar os seus possuidores como pessoas espirituais. Foram dados como credenciais da autoridade apostólica e como meios temporais de edificação de todo o corpo da Igreja. Não podem ser tomados como indicadores de uma mais profunda vitalidade espiritual. Além disso, se os olhos e ouvidos se mantivessem alertas às palavras e literatura carismáticas, grande dúvida se levantaria
em torno de sua tese total. A despeito do fenomenal crescimento numérico, os pentecostais se acham envolvidos em tanta confusão como estão os demais ramos do cristianismo. Seus líderes mais sábios e sóbrios chamam a atenção sobre a mesma ignorância, a imoralidade, a frieza de coração e impotência espiritual dentro de suas fileiras, males dos quais muitos tentam escapar através de suas próprias experiências. Algumas vozes já estão clamando em prol de uma maior concentração sobre a Palavra de Deus registrada nas Escrituras. Isso nos diz muito mais a respeito da situação real. Se a segunda bênção e os “dons carismáticos” são repartidos pelos fracos em seu meio, então “o mais” que anelamos deve vir pela Palavra e o Espírito, não por alguma identificação com os seus dons. Poderia, então, com pro p riedade, este m ovim ento ser cham ado avivam ento? Definitivamente, não! À parte dos dons em si, que outra experiência clara existe que possa elevar o crente de um nível de graça a outro? Depois de tudo, esta é a linha de pensamento evangélico que preparou o caminho para o pentecostalismo. Todos os carismáticos doutos prestam tributo aos mestres do movimento “Keswick” ou da “vida mais profunda”. * Com demasiada freqüência esse movimento tem conduzido diretamente à busca de um retorno à Igreja da era apostólica e à identidade simplista de dons espirituais com o homem espiritual. Mas como estão eles abordando isso? * A busca de Andrew Murray pela “Plena bênção do Pentecoste” resultou em que m uitos dos seus alunos se tornaram pentecostais. Para obtermos evidência histórica plena quanto ao relacionamento do pentecostalismo e os ensinos da “segunda obra da graça”, vejamos A Teologia do Espírito Santo ~ F. D. Brunner. Existe um notável vinculo entre ambos. Não há nenhum segredo entre os carismáticos sobre isso; geralmente eles o reconhecem abertamente.
Os partidários da segunda experiência da graça nos chamam a atenção para um exame da Igreja atual. Com razão apontam sua impotência ante o mundo e a carne. Cada verdadeiro crente deve admitir que a Igreja do século XX precisa desesperadamente de assistência celestial para resistir às forças do paganismo. Deus deve ser buscado, se queremos recuperar o terreno perdido no campo moral e espiritual dentro de uma sociedade corrompida. Sugere-se uma cura para os males da Igreja. Sua condição requer alguns super-cristãos, homens que vivam numa esfera mais elevada de santificação, dotados de uma força dinâmica. Noutras épocas a Igreja teve homens extraordinários: um Lutero, um Whitefield, um Edwards. Freqüentemente se sugere que essas grandes figuras da história da Igreja adotaram o ensino carismático. Entretanto não existe base histórica para formular tais declarações. Lutero, Edwards e outros heróis semelhante do passado jamais aceitariam uma doutrina sobre “a segunda obra da graça”.* Então apresentam informações otimistas dos gigantes espirituais desta década e de suas façanhas, para gravar o ensino de que não é necessário continuar esforçando -se apenas com a energia da primeira obra da graça. * As vezes os que apelam à história citam experiências comovedoras de líderes cristãos do passado, e logo explicam essas experiências mediante ensinos que esses líderes teriam repelido categoricamente. Whitefield, Edwards e outros experimentaram, às vezes, um poderoso revestimento do Espírito para realizar a obra, mas, diferentemente de João Wesley, não erraram supondo que cada cristão deve buscar uma segunda operação do Espírito, posterior e distinta à conversão. Note a obra de Edwards A Verdadeira Obra do Espírito - sinais de autenticidade. Embora presenciasse grandes avivamentos, ele combateu fortemente qualquer esperança da Igreja receber dons extraordinários do Espírito - veja Charity and its Fruits (A Caridade e seus Frutos), páginas 315 320.
Como deveria reagir o crente simples? Ali está ele, lutando contra o pecado e a fraqueza moral. Seu serviço para Cristo parece tão infrutífero. Ele só pode anelar em sua alma com desejos de vitória na santificação e êxito em honrar o seu Deus conforme os exemplos passados e presentes. Quando lhe é oferecida uma alternativa para ele se unir às fileiras dos poderosos, o coração do humilde cristão salta de alegria antes que sua mente possa pensar na autoridade da Bíblia. Se alguma vez a atração de uma segunda obra da graça estiver fascinando sua alma, então estude cuidadosamente os últimos quatro capítulos da Segunda Epístola aos Coríntios. Paulo se dirige ali aos “patriarcas” que deram origem ao pentecostalismo, e a qualquer outro movimento que defenda uma segunda obra da graça. Grande é o prejuízo que resulta do hábito de não ler corretamente as Escrituras. E comum ler um capítulo e fixar a atenção primordialmente sobre os versículos favoritos - textos que o leitor há muito tempo talvez tenha interpretado fora do contexto. Leia 2 Coríntios, capítulos 10-13 de uma vez. Faça esforço para observar a unidade da passagem e trate de descobrir o principal argumento de Paulo. A Atração em Corinto O apóstolo dos gentios se dirige a um grupo dentro da igreja de Corinto que punha em dúvida sua autoridade apostólica. Em 13:13, Paulo declara: “Buscais uma prova de que Cristo fala em m im”. Duvidavam da autoridade do homem que havia fundado a igreja deles. Com audácia haviam desafiado abertamente o apóstolo a fim de que provasse a sua apostolicidade. E claro que a prova que eles buscavam era o testemunho de experiências extraordinárias, visões e revelações. Em 12:1, contra seu próprio desejo, disse, efeti vamente: “Passarei a
falar de visões e revelações, porque é o que estais pedindo”. O partido oposicionista de Corinto estava convencido de que as experiências místicas espeteculares eram evidências de indivíduos super-espirituais. Só tais pessoas seriam capazes de conduzir a igreja à vitória, ao avivamento e ao êxito. Evidentemente, sendo profetas sobressalentes, teriam de ser mestres dignos! Semelhante opinião tomou corpo em certos dirigentes dinâmicos de Corinto, os quais “se transfiguravam em apóstolos de Cristo” (11:13). Mas eles, realmente, pregavam “outro Jesus”; possuíam “outro espírito”; ensinavam “outro evangelho” (11:4). Por certo, através de suas extraordinárias representações, “louvavam-se a si mesmos” (10:12,18). Novos homens se apresentavam como super-apóstolos ou, noutras palavras, apóstolos mais eminentes. Este é o sentido literal das palavras traduzidas como “grandes apóstolos” em 11:5 - “Julgo que em nada tenho sido inferior àqueles grandes apóstolos”. No texto, Paulo não está se comparando com Pedro ou Tiago, e sim com os novos super-apóstolos. Referia-se aos que estavam fazendo alarde das visões, revelações e experiências místicas dinâmicas diante da igreja. Eles mesmos pretendiam ser dom de Deus para a igreja. Em vista de ser uma raça superior de apóstolos, eles se dispunham levar a igreja a um plano mais alto.Conseqüentemente, as pessoas de Corinto começaram a comparar Paulo com os grandes místicos (do mesmo modo que o pastor comum de hoje é comparado com operadores de milagres espetaculares) (2 Cor. 10:12). Os novos dirigentes eram ministros dinâmicos, de personalidade impressionante. Paulo, ao contrário, parecia como uma figura quase cômica ao lado deles. Não tinha personalidade atraente, nem aspecto imponente, nem estatísticas sobre os feitos espetaculares de êxito. Suas igrejas
eram pequenas, lutando para sobreviver e carregadas de problemas. Sua própria vida estava constantemente assediada pela provação e tragédia. Eles recordavam que Paulo não era eloqüente. No capítulo 11, versículo 6, o apóstolo registra a opinião deles de que ele era “rude na palavra” ; em 10:10 cita claramente sua avaliação total: “Porque na verdade, dizem, as cartas são duras e fortes, mas a presença corporal fraca, e a palavra desprezível”. Sem dúvida, há alguns personagens modernos que equivalem aos super-apóstolos coríntios. Modos arrogantes e características de atores se encontram nos grupos carismáticos. Entretanto, isso não significa que todos, ou mesmo a maioria entre os pentecostais, revelam tais qualidades, nem tam pouco que sem elhantes demonstrações carnais se limitem ao neopentecostalismo. Encontram -se comodamente estabelecidos em todos os setores da Igreja moderna, especialmente na América. Mas os elementos básicos, comuns atodos os pentecostais, estão todos presentes neles, embora outros possam ser menos grosseiros em sua apresentação. Existe “algo mais” de espiritualidade para os coríntios. A vida superior da verdadeira religião se associa com os “dons” fenomenais. A resposta de Paulo dará indicações sobre sua atitude quanto às idéias de uma segunda obra da graça. A Resposta Bíblica A resposta direta a este desafio começa no capítulo 11:18- “Posto que muitos se gloriam segundo a carne, também eu me gloriarei”. Paulo se gloriará como os super-apóstolos. No entanto, ao começar sua j actância, aparece uma ironia sarcástica que ridiculariza a vaidade insensata dos seus inimigos. Qualquer pretensão de haver alcançado
um plano mais alto de graça reflete um elemento de vanglória. Por mais que pudesse revelar o desejo de ajudar ao desafortunado “mero convertido”, sempre existe um ar de super-estima pessoal segundo o qual quem sente assim se considera melhor que os outros. Isso é verdadeiro tanto se o novo estado é uma vida espiritual mais profunda ou um batismo no Espírito Santo. Isso se reflete no argumento de que os que não receberam a bênção completa da segunda obra sofrem males em suas igrejas e falhas pessoais, porque não tomaram o segundo passo. Ademais, se uma igreja tem problemas e a vida do crente revela fraquezas, o de que se necessita é um avivamento ou uma nova porção daquilo já possuído. Pode fazer-se uma paráfrase do argumento principal do apóstolo no capítulo 11:22-23 nos termos seguintes: “Trabalho duro, com fadiga, com dificuldades, cercado de angústias. Que consegui com tal esforço? Tenho sido açoitado, encarcerado, quase morto. Tenho sido vítima de naufrágio, apedrejamento, roubo e conspiração. Padeci cansaço, dor física, fome, sede, frio e nudez. Constantemente tenho -me preocupado com as igrejas”. O versículo 29 conduz ao clímax: bem podia simpatizar com a fraqueza dos outros. “Quem enfraquece, que eu também não enfraqueça?” Por certo não parece ser uma defesa muito vigorosa, dirigida como o foi às pessoas que estavam dispostas a dizer: “Esse apóstolo é um boneco!” Nos versículos 32 e 33 o último golpe de zombaria é dirigido contra os vaidosos opositores em Corinto. E como se Paulo estivesse dizendo: “Posso imaginar a igreja numa encantadora reunião de testemunhos. Vocês acabam de escutar o relato dos feitos triunfantes dos super-apóstolos. Não faltaram sonhos, visões e milagres. O ambiente se acha cheio de expectativas de escutar informações adicionais do poder assombroso de Deus. Bem, eis aqui a minha
experiência para ser divulgada em sua reunião. “A mim me podem imaginar como o homem insignificante que sou. Eis aí Paulo, atemorizado e encolhido num cesto. As escondidas lançado por sobre o muro de Damasco, para escapar com vida. O incidente, de que bem se lembram, é muito típico das experiências de minha vida. Assim é como mereço ser lembrado. Eis aí o verdadeiro Paulo”. No capítulo 12 Paulo continua sua defesa: “Passarei às visões e às revelações” (vs. 1). Essa era a praxe corrente em Corinto. As pessoas se agitavam nos bancos para escutar tais coisas. Todavia aqui encontramos novamente o sarcasmo cáustico. Justamente nos primeiros seis versículos do capítulo 12 podemos ler nas entrelinhas: “Tive uma revelação extraordinária há catorze anos. Seus novos apóstolos as recebem todos os dias e relatam novas visões em cada reunião. No entanto, eu preciso voltar em minha memória para catorze anos atrás a fim de recordar uma experiência mística significativa que me trouxe revelações. Espero não desapontar sua curiosidade, porém devo ser muito negativo. Não estou seguro do estado em que me encontrava. E não posso dizer-lhes o que vi. (Que insulto à sede de vocês por sensacionalismo!) De fato, vou mudar logo de assunto”. Sem dúvida havia uma lição vital para a Igreja, proveniente da experiência de revelação de Paulo. O versículo 7 do capítulo 12 nos ensina que a revelação notável do apóstolo foi seguida de lutas espantosas com sua própria carne e com satanás. Um espinho na came foi dado a Paulo, um aguilhão que espicaçasse suacarnalidade restante. Era um mensageiro do diabo. Longe de transportar Paulo ao plano de vitória e imensa santificação, essa revelação extraordinária pelo contrário se caracterizou como o início de uma luta mais desesperada contra o pecado e a carne. Deus havia permitido que o Seu apóstolo
enfrentasse um período de graves tentações a fim de que não caísse no orgulho. Após conhecer pessoalmente as glórias do “terceiro céu”, Deus o tornaria vividamente cônscio da carne que restava em seu próprio ser. Seu propósito era impedir uma atitude arrogante no servo do Senhor. O versículo 8 recorda quão miserável foi a luta de Paulo após a experiência extraordinária. Ele notou sua tentação, e três vezes assaltou as portas do céu com petições definidas para que o mensageiro maldito de satanás fosse retirado. No entanto, não era essa a vontade de Deus. Porventura a revelação teria sido dada a Paulo como sinal de santificação especial? Não! O conflito com a carne foi intensificado. Porventura Paulo se transformou, por obra de sua experiência exótica, num indivíduo mais forte? Pelo contrário; agora tinha que dedicar mais tempo à sua luta pessoal contra a tentação. Agora percebia mais claramente sua carne e se reconhecia mais debilitado. Os versículo 9-12 do capítulo 12 emergem da pesada atmosfera de ironia e passam para o ar transparente de princípio enunciado. Nestes poucos textos lança um dardo que assusta os que advogam por todas as formas o ensino acerca da segunda obra da graça. É um tratamento magistral e direto do assunto. No versículo 9 mostra o verdadeiro espírito do cristão: “Portanto, de boa vontade me gloriarei nas minhas fraquezas, para que sobre mim repouse o poder de Cristo”. Paulo sente profunda satisfação ao chamar atenção sobre suas fraquezas pessoais. Já nos falou do seu reconhecimento constante de fraqueza natural e moral. Sabe que é homem que passa de uma crise desesperada a outra. Sente dentro de si a luta sem quartel contra a carne e o diabo. Mas se deleita em suas fraquezas porque quando algo ocorre através do seu ministério, torna-se evidente para
todo o mundo que aconteceu mediante o poder de Cristo. Seu Senhor é quem deve receber toda a glória. O apóstolo não reivindica ser um super-homem. Seus leitores devem recordar o espírito com que ele veio originalmente a Corinto. Dirigiu-se a eles, não com eloqüência nem confiança, porém com temor e tremor (1 Cor. 2:1-4). No entanto, houve pecadores convertidos e nasceu uma igreja. Como poderiam explicar isso? Optariam acaso por afirmar que ele era um super-cristão poderoso que havia dado um segundo passo e por isso havia alcançado o plano de vida vitoriosa? Paulo sabia perfeitamente ser essa uma idéia absurda para os que o conheciam pessoalmente. O Espírito de Deus havia prosperado seu ministério por uma única razão: aprouve a Deus que fosse assim. Evidentemente Paulo era possuidor de um vigoroso intelecto. Contudo, indubitavelmente havia mentes superiores à sua que jamais comoveram o mundo. Só a graça de Deus que concorria com a obra do apóstolo era a explicação de sua efetividade. Ele era apenas um elemento frágil convocado para confundir os poderosos do mundo. A lição é evidente: o poder de Deus é glorificado ao usar cristãos fracos! Sem sombra de dúvida, a Igreja contemporânea deve suspirar e orar por um avivamento. É mister que ela suplique a Deus uma mais ampla extensão da Sua verdade. É necessário que peça a restauração de um nível geralmente mais alto de justiça entre o Seu povo e na sociedade em geral. O povo de Deus precisa suplicar-Lhe que maior número de almas seja conduzido ao conhecimento da Sua salvação pela graça. Mas apesar de tudo isso, é indispensável que este mesmo povo de Deus saiba que não há nenhuma necessidade de homens supersantificados para servir de instrumento para o avivamento. No avivamento Deus usa cristãos envolvidos numa desesperada
luta contra sua própria carne e contra o diabo, para magnificar Sua própria grandeza. ' Os instrumentos grandemente usados por Deus devem ser aqueles que ativamente estejam lutando, orando para retirar o pecado de seus corações, da mesma maneira que Paulo clamou a Deus para que retirasse o aguilhão de sua carne. Entretanto o apóstolo mostra que Deus usa poderosamente homens que ainda têm problemas pessoais na sua confrontação com o pecado. E nosso poderoso Senhor recebe mais glória porque é evidente que o poder emana dEle de modo soberano. Aos cristãos supersantificados faltaria uma classificação principal que Deus requer de Seus servos, ou seja, um sentido profundo de indignidade e impureza pessoais. Sem uma baixa autoavaliação, o servo de Cristo não pode ser humilde no seu tratamento com os pecadores, nem consegue, de coração, dar a Deus toda a honra pelo êxito que lhe for concedido. Em Lucas, capítulo 5, Pedro viu que os peixes foram trazidos por milagre à sua rede por nosso Senhor. Naquele momento, caiu de joelhos diante de Jesus, dizendo: “Aparta-te de mim, Senhor, porque sou homem pecador”. Reconheceu sua indignidade para estar na presença do Salvador. Era demasiadamente impuro para ver-se de algum modo associado com o Senhor. Nosso Mestre respondeu no mesmo instante: “Não temas; de agora em diante serás pescador de hom ens” . É como se Cristo tivesse dito: “Agora que estás completamente consciente da tua impureza moral, estás preparado para servir-Me, Simão”. Quando os profetas do Velho Testamento eram convocados a desempenhar uma obra poderosa, seus chamados começavam, usualmente, com uma tomada de consciência de sua impureza pessoal
e incapacidade. Precisamente desse modo Deus manteria a Paulo sendo esbofeteado por alguma tentação satânica que acutilasse sua carne, em vez de permitir que Seu servo pensasse de si mesmo como exaltado acima dos outros. A grandeza da obra de Paulo veio através da medida do Espírito de Deus que acompanhava o seu ministério, e não mediante a excelência moral do instrumento usado por Deus. No legítimo desejo bíblico de um avivamento, é necessário repelirmos a busca de qualquer experiência que proponha eliminar nossa fraqueza natural. Deus não espalhou o evangelho de Cristo pelo mundo mediante personalidades extrovertidas. Cristo não escolheu os apóstolos devido à inata força do seu caráter. A Igreja não iniciou com doze im peradores, mas com doze homens escravizados politicamente por Roma. Nosso Senhor não Se servia especialmente de eruditos. A maioria dos apóstolos era de homens iletrados. Sua eleição de evangelistas não levou em conta guerreiros nem agentes de publicidade. Como grupo, os apóstolos não possíam força pessoal extraordinária que pudesse explicar seu impacto no mundo. Os cristãos, de diversas maneiras, revelam a impressão de que Deus só usa homens extraordinários para Suas grandes obras. Há os que põem grande ênfase nas habilidades acadêmicas. Pensam: “Se enviarmos homens ao mundo com honras acadêmicas respeitáveis as nações reconhecerão o talento deles e virão a Cristo”. Outros promovem jogadores de futebol, estrelas de cinema e políticos, e sp e ra n d o que o m undo a co rra às suas c o n cen traçõ es. Desafortunadamente, embora as multidões acorram, não são transformadas. Realmente, por que não haveriam de continuar mundanos depois de ouvir esse apelo à grandeza humana? Falamos demasiadamente, em certas ocasiões, da eloqüência
de Whitefield, ou da erudição de Edwards. Freqüentemente cobrimos com um halo de romantismo a vida dos líderes dos avivamentos. John Knox, tão especialmente usado na Reforma no século XVI, declarou antes da sua morte: “Na juventude, quando homem duro, e agora depois de muitas batalhas, não acho em mim nada senão vaidade e corrupção”. Tal era o sentimento de inutilidade de Whitefield que ele se sentia incapacitado para entrar num púplito senão pela justiça imputada por Cristo. As palavras finais daquela luz ardente, William Grimshaw de Yorkshire, foram: “Aqui vai um servi inútil”. Era a graça de Deus que fazia desses cristãos o que foram, se não fosse que o Espírito Santo tenha assistido seus ministérios, teriam permanecido tão obscuros como muitos outros que os igualavam em habilidades naturais. Alguns dos atos de testemunho mais profundos e proveitosos no evangelismo têm sido executados, ao que parece, pelos mais improváveis e menos atraentes indivíduos. Muitos creram em Cristo pelo testemunho da imoral samaritana no mesmo dia em que ela se encontrou com o Salvador. Deus não esperou até que ela tivesse adquirido uma reputação ao nível de uma super-santa na sua comunidade. O cego de nascença, de João, capítulo 9, foi chamado na semana da sua conversão para testificar entre os maiores eruditos da Bíblia no mundo. Deus não necessitou de alguém que tivesse dominado a são doutrina. O jovem crente simplesmente deu um bom testemunho. Deus não precisa dos talentos, sabedoria, santidade ou fortaleza de você. Antes, você na sua fraqueza necessita urgentemente do poder do Seu E spírito em seus labores. Não precisa ser maravilhosamente transformado através de uma segunda obra da graça para ser um instrumento apropriado para o Espírito de Deus.
O Senhor Se deleita em exaltar o poder de Sua graça usando instrumentos frágeis. Avivamente depende da soberana bênção de Deus. Por que haveria de cair numa armadilha? Por que teria de pertubar-se ao ouvir falar de uma segunda obra da graça? Isso é distrair a atenção da espera em Deus que deve caracterizar a Igreja de hoje. Deus despeita Sua Igreja mediante pessoas humildes que têm imperfeições reais, mas que dependem somente da graça de Deus, enquanto trabalham diligentemente conforme a Sua Palavra. Por certo, todos somos incompetentes para sermos utilizados por Deus na Sua obra. Sempre o seremos. “Para estas coisas, quem é suficiente?” (2 Cor. 2:16). Ninguém! É loucura esforçar-se para alcançar a suficiência necessária a fim de servir a Deus. Se alguém o conseguisse, não necessitaria da graça contínua. Em vez disso, note que em cada momento a graça lhe será tão suficiente quanto o foi para Paulo (2 Cor. 12:9). No transcurso da vida toda, você necessitará desesperadamente da graça. Consciente da sua própria fraqueza, descanse na graça de Deus. A espiritualidade não pode ser equiparada ao poder pessoal. O ser fraco não deve ser entendido como ser carnal. O pentecostalismo está impedindo que os homens admitam sua fraqueza a fim de que descansem na suficiência da graça de Deus. De fato, impele os homens a buscar sua suficiência pessoal. Como vimos nos capítulos anteriores, os neopentecostais conduzem os homens pelo atalho da suficiência, desviando-os do caminho da verdade. A autoridade única das Escrituras é minada no processo. A experiência que se oferece é desenvolvida divorciada do meio divinamente designado - o da verdade.
O BATISMO COM O ESPÍRITO As forças do “evangelho pleno” têm exercido decisiva influ ência sobre os cristãos ao se dirigirem acertos anseios interiores que sempre estão presentes nos santos sobre aterra. Em seu oferecimento de acesso imediato a um novo plano de espiritualidade, os pentecostais têm usado uma frase bíblicaque faz parecer aceitável sua solução. O “batismo como Espírito” é proposto como uma segunda experiência que deve ser procurada por cada crente. Freqüentemente os cristãos famintos são alheios à instrução bíblica a respeito desse assunto. A interpretação “carismática” recente desta frase é aúnicaexplicação que eles têm ouvido. Quando não se ouve a voz da verdade os erros parecem plausíveis. Por conseguinte, torna-se necessário entender algo do sentido bíblico referente ao significado desta frase popular. ‘‘B atizar com o Espírito S anto’’ são palavras utilizadas unica mente em três ocasiões históricas nas Escrituras. Todos os Evangelhos registram o testemunho de João B atista com respeito a Cristo, de forma muito semelhante ao que encontramos em Mar. 1:8: “Eu vos batizo com água, mas ele vos batizarácom o Espírito Santo”. Posteriormente, na última vez que o Senhor falou com os discípulos, nodiadaascenção,Eledisse:‘‘Porque João certamente batizou com água; mas vós sereis batizados com o Espírito Santo não muito depois destes dias” (Atos 1:5). Por último, em Atos 11:16, Pedro usou as seguintes palavras para descrever sua reação aos eventos ocorridos
nacasadeCornélio: “Então me lembrei da palavra do Senhor como disse: João, na verdade, batizou com água, mas vós sereis batizados com o Espírito Santo”. Ao examinar Atos, capítulos 1 e 2, podemos ver o cumprimento da profecia de João e Jesus. Atos 1:4-5 usa as frases “apromessa do Pai” e “batizados com o Espírito Santo” para identificar uma e a mesma bênção. Os discípulos deviam esperar em Jerusalém apromessado Pai. Então o Senhor Jesus lhes recorda do contraste de João como aquilo que contém apromessa que deviam aguardar. E importante reconhecer esta identidade de referência nestas duas frases, ao observar o cumprimento de ambas no capítulo 2. Em Atos 2:1-4 lemos um relato sobre os discípulos tornarem -se “cheios do Espírito Santo”. Houve um som proveniente do céu, como um vento forte que soprava. Línguas repartidas como de fogo apareceram visivelmente e pousaram sobre cada um deles. Eles falaram em línguas. Quando foram formuladas objeções ao estranho comportamento dos discípulos, Pedro se levantou e explicou o dramático e singular incidente da história para aplicar sua lição às multidões que foram congregadas. De imediato, Pedro chamou a atenção para uma promessa do Pai, através do profeta Joel (2:28-32). Nos últimos dias oEspírito seria derramado sobre os servos de Deus. Quando isso ocorresse, seus servos profetizariam. Observe novamente o claro ensino das Escrituras, no sentido de que todos os que falaram línguas no dia de Pentecoste estavam profetizando. Assim explicou Pedro o fenômeno de falar em línguas (Atos 2:15- 38). Muito mais importante para nosso presente argumento é, por certo, o reconhecimento feito por Pedro, dos eventos desse diacomo o cumprimento da promessa do Pai. O sermão de Pedro não mudou para outro tópico ao falar de
Jesus deNazaréno vs. 22. Por inspiração divinao apóstolo anunciou a morte, a ressurreição e a entronização de Jesus Cristo como a necessáriapreparaçãopara a vinda do Espírito Santo. O versículo 33 liga o ‘‘batismo com o Espírito S anto’’diretamente com a exaltação de nosso Senhor. “Assim que, exaltado pela destra de Deus, e havendo recebido apromessado Espírito Santo, derramou isso que vós vedes eouvis”. A obra do Espírito Santo não é uma obra em acréscimo à obra de Cristo. Não há distinção entre a obra salvadora do Filho de Deus e a obra santificadoraeenergizadora do Espírito de Deus. A obra expiatória de Cristo assegurou a promessa do Espírito e parte da atividade de Cristo exaltado é propiciar o Espírito à Sua Igrej a. Os homens só podem ser batizados com o Espírito Santo após a entronização do Messias ressuscitado. Como João 7:39 ensina, o Filho deve ser glorificado para que seja dado o Espírito. Em Seu primeiro ato de regente, o recentemente coroado Governante do universo derramou Seu Espírito sobre algreja. Isso é o significado do Pentecoste. Quando os corações dos que formavam a audiência de Pedro se sentiram profundamente abalados, o apóstolo disse: “Arrependei -vos e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo para perdão dos pecados; e recebereis o dom do Espírito Santo. Porque a promessa é para vós, e para vossos filhos, e para todos os que estão longe; para tantos quantos o Senhor nosso Deus chamar”. O “dom do Espírito Santo” poderia significar apenas o ser cheios do Espírito Santo tal como se menciona no vs. 4. A atenção total deles se haviafixado especialmente sobre os que haviam sido batizados com o Espírito. Todo o sermão de Pedro esclareceu a experiência dos discípulos que haviam captado a atenção da multidão. Oferecer-lhes agora outro
dom do Espírito sem distingui-lo claramente teria sido algo decepcionante. O versículo 39 falade uma promessa. A que promessa se referia Pedro? Seus pensamentos por algum tempo só se haviam dirigido até uma só promessa. Era a promessa do Espírito Santo, citadano vs. 33, predito por Joel 2:28-32. Tratava-se da mesmíssima promessaàqual Cristo chamou a atenção de Pedro em 1:4 e para cujo cumprimento havia Pedro permanecido em Jerusalém!Introduzir agora uma segunda e inferior promessa, quando suas almas se encontravam angustiadas pelo pecado de crucificar o Filho de Deus, teria sido amais baixaforma de oportunismo. Há apenas uma promessa do Pai e um dom do Espírito Santo em toda a passagem de Atos capítulos 1 e 2. Agora surge outra pergunta: quem haveria de receber essa promessa do Pai? O que lhes era requerido para ser “batizados com o Espírito S anto’’? O vs. 39 responde claramente à primeira pergunta e o vs. 38 à segunda. A promessa referida em Atos capítulos 1 e2não foi feitaparaum corpo elitista de crentes extraordinários, e sim para “tantos quantos o Senhor nosso Deus chamar”. Não era reservada para uma espécie avançada e privilegiada de cristãos. Antes, aplica -se a todos quantos efetivamente foram e são chamados a uma união salvadora com o Cristo exaltado. Cada convertido há de ser batizado com o Espírito Santo. Após o Pentecoste não se encontra um segundo nível de experiência, nem existem requerimentos posteriores à conversão que precisam ser satisfeitos para receber o dom do Espírito S anto. Não há necessidade de esperar, de preparar-se ou experimentar uma segunda obra da graça. Simplesmente é “Arrependei-vos e sede batizados... e recebereis o dom do Espírito Santo”. João 7:39 indica que logo que ocorresse a glorificação de Cristo, o Espírito (que flui do interior dos
homens como rios em abundância) seria dado aos que cressem. Em nenhumaparteémencionadaumaqualificaçãoadicionalàsimplesfé salvadora. Quando Pedro observou que oEspírito caíanacasade Cornélio, ele entendeu que ‘‘Deus havia dado aos gentios o arrependimento para avida!” (Atos 1 l:18).Sualógicaerasimples:“apromessaeraparaos crentes. Eles receberam apromessa. Por conseguinte, eles têm que ser crentes”. Era uma conclusão radical para um judeu. Mas a lógica era convincente. Jesus os havia batizado com o Seu Espírito; portanto, Pedro deviabatizá-los com água em nome de Cristo, mesmo que não fossem circuncidados. Novamente, nosso principal interesse consiste em destacar a coincidência entre a conversão e o batismo com o Espírito. Em cada passagem das Escrituras que se refere a Jesus batizando com o Espírito Santo, há um contraste com o batismo de João. João foi o último profeta do antigo pacto. Jesus batizou com o Espírito como o Profeta do novo pacto. As Escrituras do Velho Testamento haviam predito que o batismo com oEspírito seria uma bênção especificada nova aliança. O batismo com o Espírito deve trazer a cada membro da Igrej a de Cristo todas as bênçãos compreendidas na distinção essencial entre as bênçãos do antigo pacto e a experiência do novo pacto. O Espírito derramado pelo Salvador exaltado transportou todos os crentes a um plano mais elevado de vida espiritual e entendimento do que aquele que havia sido a experiência cotidiana para os santos do Velho Testamento. Isso é mencionado em Jer. 31:31-34 e Heb. 8:10-13. O batismo com o Espírito efetua sem sombra dedúvidaumamelhorpurificação interior, um grafar dalei de Deus no coração, e a morada do Espírito nos crentes como foi anunciado em Ez. 36:22-27.
O contraste não é absoluto, pois o Espírito estava presente e ativo nas vidas dos crentes antes do Pentecoste. Tal como Jesus declarou antes da Sua morte, em João 14:17, o Espírito já habitava com os discípulos. Entretanto, existe um contraste marcante. Por causa da exaltação de Cristo há uma plenitude de bênção, uma efusão do Espírito e uma presença do Espírito desconhecidas no passado. A partir do Pentecoste, todas as promessas de Deus no pacto da graça alcançaram o mais pleno cumprimento nos corações dos homens mediante o Espírito. A medida que o livro de Atos descreve os efeitos do derramamento do Espírito, o foco de atenção é concentrado na qualidade espiritual de vida nalgrej a (2:41 -47). Lucas destaca o amor pela doutrina dos apóstolos e a comunhão em torno da mesa do Senhor e na oração. Ele apresenta vidas transformadas. Aí estão os corações abertos e os bolsos generosos para com os irmãos necessitados, e uma verdadeira unidade de coração na assembléia. Assim a graça de Deus em Seu Espíri to se manifesta, de forma que mai s pessoas são adicionadas diariamente à Igreja. Ao mesmo tempo Lucas registra que “muitas maravilhas e sinais eram feitos pelos apóstolos” (vs. 43). Não por todos os santos, porém por homens autorizados para apresentar aPalavra de Deus. Todas as bênçãos são o resultado direto de um ativo ministério de Cristo, realizado desde Seu trono. Sua Igreja tinha começado a crescer em conhecimento, graça e espiritualidade mediante o derramamento do Espírito Santo. Porventura não lhes havia falado Jesus no sentido de que os apóstolos esperassem maiores feitos dos crentes do que os que Ele mesmo havia feito? Ao predizer a vinda do EspíritoSanto(João 14:12),Elehaviaditosolenemente: “Oque crê em mim fará as obras que eu faço, e ainda maiores, porque
eu vou para o Pai” . Os pentecostais sugerem que as mesmas obras e as maiores devem referir-se aos milagres. Se fosse assim, então a profecia tem falhado e não se cumpriu. Não temos razão para crer que algum apóstolo hajaefetuado obras miraculosas iguais às do Filho de Deus. E os relatos de maravilhas modernas não alcançam a qualidade da grandeza das obras de Jesus Cristo. Nada sabemos de algo que ao menos pudesse aproximar-se da transformação de água em vinho, da alimentação de cinco mil pessoas com uns poucos pães epeixes, ou da ressurreição de alguém após quatro dias no túmulo. Nada sabemos de alguém que seja capaz de ler os segredos mais íntimos do coração ou responder a perguntas não formuladas. Os milagres de Cristo estão numacategoriaúnica. Mesmo assim, o Cristo exaltado ao derramar Seu Espírito fez “maiores coisas” através de Seus servos do que aquelas que foram efetuadas durante Seu ministério terreno. Os próprios apóstolos experimentaram uma mais profunda transformação espiritual após a ascensão do Senhor. Era necessário que Ele ascendesse. Sua profundidade espiritual em Atos, capítulo 2, é incomparavelmente maior do que aquel a de que di spunham durante o período da encarnação de Cristo. Embora tivessem curado enfermos e expulsado demônios enquanto Jesus estava na terra, jamais pregaram e exortaram àIgreja da maneira como o fizeram após terem recebido o Espírito Santo. Nenhum milagre de Jesus enquanto estava na terra trouxe três mil almas ao nascimento espiritual mediante um sermão. Afinal de contas, não seria a mudança radical de uma alma e o resgate de um homem do tormento eterno maior do que o vozerio daglossolaliaou a restauração da saúde física? Infelizmente os pentecostais têm desviado a nossa atenção das
coisas maiores para as menores! Os líderes evangélicos do passado não cometeram tal erro. Martinho Lutero, por exemplo, ao comentar sobre as “maiores coisas” que os crentes haveriam de fazer, conforme João 14:12, escreveu: “Mas que tipo de obras do cristão realizariam isso? Não constatamos nada de especial que tenham feito além do que outros realizaram, especialmente em virtude de que a época dos milagres já passou. Os milagres, é claro, são os feitos menos significativos, vistos que são apenas físicos e executados somente a favor de poucas pessoas. Mas consideramos as genuínas grandes obras das quais Cristo fala aqui, que são efetuadas pelo poder de Deus, que conseguem tudo, que ainda são realizadas e serão realizadas diariamente enquanto o mundo permanecer. Os cristãos possuem o evangelho... por meio do qual levam as pessoas àconversão, arrebatam as almas das garras do diabo, as arrancam do inferno e da morte e as conduzem aos céus”. * De maneira semelhante encontramos C. H. Spurgeon pregando: “Ele os enviou”, referindo-se à comissão de Cristo aos discípulos, “para fazer milagres e pregar. Ora, Ele não nos deu este poder nem o desejamos; é mais para a glória de Deus que o mundo seja conquistado pela força da verdade do que pela emoção fugaz dos milagres. Esses foram a grande badalada que soou com o objetivo de chamar a atenção de todos os homens ao redor do mundo para o fato de que o banquete do evangelho já estava preparado. Nós não necessitamos desse aviso agora... As forças morais e espirituais da verdade operando por si sós, independentes de qualquer manifestação física, concorrem mais para a glória da verdade, e do Cristo da verdade, do que se todos nós fôssemos operadores de milagres, e *Lutero: Obras, volume 24, página 79. (Concórdia)
assim pudéssemos destruir os opositores. Sem dúvida, ainda que não operemos no mundo físico, nós os realizamos lias esferas moral e espiritual”. * Em nossa geração há os que j á anel aram por muito tempo que Deus manifestasse o Seu braço de poder. A Igrej a olha para o Cristo exaltado na esperança de que dispense uma medida maior do Seu Espírito em nossos dias. Entretanto o ensino do “evangelho pleno” tem afastado muitos de esperar no Senhor para que Ele envie um genuíno avivamento. Eles condicionaram as esperanças dalgrejaàpossessão de dons externos. Os homens começaram a considerar a cura dos corpos como uma evidência da presença de Deus e os “lábios tartamudeantes e outras línguas” como resposta às nossas orações. Os homens querem colocar os feitos menores em lugar dos maiores. Queira Deus conceder a Seus servos verdadeiros a graça de esperar o poder salvador que revolucione vidas como sua principal m eta! Que as i grej as orem para que a terra sej a coberta da poderosa proclamação da Palavra que esquadrinha os pecadores, quebranta os corações duros e traz consigo o Espírito da regeneração, arrependimento e fé! Supliquemos ao soberano trono do nosso santo Senhor até recebermos dEle aquelas mais grandiosas obras do Espírito, a sujeição dos corações a Seu senhorio, a transformação do caráter e a conversão de um mundo transtornado que evidencie os abundantes frutos do Espírito! Mas ao mesmo tempo que suplicamos ao Senhor, não podemos adotar a perspectiva dos neopentecostai s. As Escrituras insistem em que vejamos todos os verdadeiros convertidos como aqueles que já receberam o dom prometido do Pai. Ao exercer a fé salvadora e o * O Púlpito do Tabernáculo M etropolitano, volume 23, página 471.
arrependimento, todos recebem o “batismo do Espírito Santo”. O especial ministério do Espírito, como é indicado nessa frase, é compartilhado por todos os santos. Ele indica um progresso com relação à experiência do antigo pacto. Todavia não é uma segunda bênção reservada para uma elite especi al de cristãos. As experiências que são oferecidas através das atividades “carismáticas” são extra-bíblicas. Não revelam nenhuma semelhança com o “batismo do Espírito Santo” prometido nas Escrituras. Deus não nos concita a repetir o único evento histórico do Pentecoste. Só aqueles que passaram dos tempos do antigo pacto para o novo pacto, poderiam ser testemunhas do começo dramático da obra do Espírito na Igreja. Agora o Senhor oferece o dom do Espírito a todos os que se arrependem e são batizados para remissão de pecados. Em sua abordagem básica, a doutrina pentecostal do batismo do Espírito comete um erro fatal, comum a todas as teorias sobre a segunda obra da graça. Em primeira instância, é chamada a atenção do crente a cada aspecto deficiente da sua vida. Logo se chega à seguinte conclusão: “Você não avançou quase nada. T alvez você tenha a vida eterna. Contudo ela é acompanhada de escasso poder, um mínimo de santidadeeum ainsatisfatóriacom unhãocom Deus. A não ser que tenhauma segunda experiência, está destinado a uma vi da árdua’’. Que teria produzido esse ensino no novo convertido? Ele tem degradado vergonhosamente a obra do Salvador e do Espírito na salvação dele. O chamado eficaz, a regeneração, a justificação, a adoção e a santificação definiti vasão vistas como inadequadas. Certamente, isso não é bíblico! Talvez tudo isso provém do hábito infeliz de considerar como convertidos a Cristo pessoas que apenas passaram por um exercício
mental referente aos fatos básicos do evangelho. Sem revelarem evidências da graça regeneradora, ou frutos da santificação inicial, têm sido declarados “cristãos” os homens do mundo. Não é de estranhar, então, que essa experiência sej adepreciada aos olhos do “convertido” ! Narealidade, a sua pretensiosa profissão deve ser depreciada. O que é necessário é dar o primeiro passo - o do arrependimento e da fé. Ora, quando aBíblia se dirige aos verdadeiros cristãos, jamais o faz com o propósito de desvalorizar suaexperiência. Requer-se fazer um auto-exame honesto, a fim de que o crente possa prosseguir inteligentemente no crescimento na graça. Note-se a exortação de 2Ped. 1:5-11: “Vós também, pondo nisto toda a diligência, acrescen tai à vossa fé a virtude; à virtude, conhecimento... Pelo que, irmãos, tanto mais procurai fazer firme vossa vocação e eleição; porque fazendo isto não tropeçareis. Porque desta maneira vos será outorgada amplae generosa entrada no reino eterno de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo”. Sem dúvida, exige-se esse esforço não porque o crente tenha falta de algum passo básico da graça; é a conclusão lógica da afirmação que se é filho de Deus j á foi efetuada nele a necessária obra da graça. Pedro escreve: “Como todas as coisas que pertencem à vida e à piedade nos tem sido dadas pelo seu divino poder, mediante o conhecimento daquele que nos chamou para sua própria glória e virtude, pelas quais nos tem sido doadas as suas preciosas e mui grandes promessas para que por elas vos torneis co-participantes da natureza divina, livrando-nos da corrupção das paixões que há no mundo” (2 Ped. 1:3-4). Além disso, Romanos, capítulo 6 não censura a experiência inadequada do crente na conversão. Pelo contrário, esse capítulo assevera aquilo que o Espírito Santojá realizou nele-um a grandiosa e magnífica obra de libertação e de santificação. Baseado nisso, o
crente deve travar uma batalha com o pecado pelo resto da sua vida e sair vitorioso. As teorias sobre uma segunda obra da graça não se harmonizam com os dados bíblicos sobre a conversão de um homem que é acompanhado pelo batismo com o Espírito.
QUANDO O ESPÍRITO VEM Exige-se umaminuciosainvestigação quando alguém atribui suas ações e ensinos à presença do Espírito de Deus. As Escrituras nos apresentam uma solene admoestação quando ordena: “Amados, não creiais a todo o espírito, mas provai os espíritos se são de Deus; porque muitos falsos profetas se têm levantado no mundo” (1 João 4:1). Em vista de que os grupos “carismáticos” atribuem sua assombrosa influência ao resultado direto da atividade do Espírito de Deus em seu meio, exige-se uma análise. A aplicação de algumas provas aos atuais movimentos espetaculares poderia livrar muitos cristãos da tristeza. Se houvessem sabido como discernir os caminhos do Espírito, muitos nunca teriam sido queimados por ‘‘fogo estranho’’. A palavra de Deus indica os critérios por meio dos quais havemos de provar os espíritos. O Salmo 85 é uma passagem que esboça para nós evidências definidas, as quais se acham em todo avi vamento produzido pelo Espírito Santo. Os primeiros sete versículos constituem uma oração por avivamento, incluindo a súplica: “Não tornarás a vivificar-nos para que oteupovosealegreem ti?”(vs. 6). A seguir vem uma descrição das bênçãos a esperar quando surge o avivamento (vss. 8-13). O versículo 11 menciona dois critérios pertinentes: “A verdade brotará da terra e a justiça olhará desde os céus”.
O Espírito de Santidade Um indicador crucial do verdadeiro avivamento é a santidade. “A justiça olhará desde os céus” (vs. 1 lb). Mais adiante o salmista acrescenta: “A justiça irá adiante dele (o Senhor), cuj as pegadas ele transforma em caminho’’(vs. 13). Deveríamos esperar que a santidade caracterizasse toda a obra do Espírito de Deus, posto que o nome proeminente da terceira Pessoa da trindade é, precisamente, “Espírito Santo”. O Espírito é infinito, eterno e imutavelmente glorioso em santidade. E devido primeiramente à Sua santidade pessoal que o adjetivo é usado tão constantemente em Seu nome; e o ser do Espírito é tão cheio de pureza que todas as Suas obras brilham com santidade. Em Sua obra de criação, o Espírito obviamente Se esmerou em formar um mundo santo. Quando Sua obraestavaconcluída, o Pai disseque tudo “eramuitobom” (Gên. 1:31). EemSua obra redentora, Deus o Espírito Se une ao Pai e ao Filho para dar Sua atenção primária à atividade de formar homens santos. O Pai nos “escolheu nele (em Cristo) antes da fundação do mundo, para que fôssem os santos e irrepreensíveis diante dele” (Ef. 1:4). O Filho “vos reconciliou no corpo da sua carne, mediante a sua morte, para apresentar-vos perante ele santos, inculpáveis e irreprensíveis” (Col. 1:22). Dessa forma o Espírito vem sobre os homens para fazê-los santos. Quando Deus prometeu o Espírito em Ez. 36:27, Ele afirmou: “Porei dentro de vós o meu Espírito e (por este meio) farei que andeis em meus estatutos e guardeis meus estatutos e os observeis”. Seu grande propósito era gravar a santa lei de Deus nos corações dos homens. Portanto, quando o Espírito Santo desce sobre um grupo de homens, Ele dirigirá a atenção dos mesmos para o tema da santidade. O fato de os homens se preocuparem mais por sua felicidade do que
por sua santidade reflete o pecado existente neles. É evidência da graça buscar a justiça pessoal acima da comodidade pessoal. O Espírito é realmente um Consolador, trazendo um sentido de paz com Deus. Todavia essa paz vem aliada a uma preocupação com a santidade, depois de ter sofrido um sentimento perturbador de inimizade contraDeus. Certo número de pentecostais se encontram profundamente interessados com relação à piedade prática. Entretanto eles mesmos se sentem forçados a queixar-se mais e mais que vastos setores do neopentecostalismo não demonstram nenhum interesse pela vida de santidade. *SeosqueestãobuscandoalgomaisdoSenhorprocurassem objetivamente no interiordos grupospentecostaisos sinais dasantidade bíblica, sem dúvida grande número de sociedades do “evangelho pleno” seriaprontamente evitada. Os que tem fome e sede de justiça não encontrariam atração na exagerada ênfase dada à felicidade em muitos desses círculos. Mas precisamos olhar além dos “dons miraculosos” parajulgar corretamente. Mais e mais se observam grupos de ‘‘carismáticos’’caracterizados por testemunhos que representam satisfação pessoal, gozo, emoções intensas e excitação.Neste ambiente o interesse genuíno pela santidade se evapora. Mesmo os que foram originalmente atraídos ao pentecostalismo com o ardente desejo de agradar ao Senhor, com uma vida mais santa, se desviam pelo desejo egoísta de satisfazer-se a si mesmos com constantes encontros que os estimulam. Muitas * W. T. H. Richards em Movimento Carismático nas Igrejas Históricas expressa seu próprio interesse e cita a outros pentecostais alarmados com o rápido crescimento numérico dos que participam dos “dons”, mas não evidenciam santificação, páginas 12-15, Evangelical Press, 1972.
reuniões onde os “dons carismáticos” aparecem em grande número não demonstram a menor semelhança com a evidente sobriedade dos homens que, cheios do Espírito Santo, aspiram pela santidade. Quando o Espírito Santo desce sobre os homens pecadores, Ele inicialmente provoca tristeza. Mas nos grupos descritos anteriormente, aparece apenas o alarde de um rápido trânsito ao gozo e à paz. Nenhuma experiência religiosa que transmite um gozo imediato e uma ininterrupta alegria é dignade alguma confiança. A espiritualidade é algo maior que uma meraelevação de espíritos, uma entrada na vida exuberante e o ensejo de uma larga sucessão de experiências excitantes. Não obstante, em muitas das sociedades populares dos neopentecostais a busca de qualquer outra coisa além dessas tornar-se-á infrutífera. Algumas pessoas que conhecem muito bem as tendências carismáticas, profundamente conscientes dessa mesma perversão, têm se retirado da comunidade e se recusam identificar-se com ela. Mas o Espírito Santo produz pesar pelo pecado antes de trazer paz com Deus. Não é o “Espírito Divertido”, e simoEspírito&mto. Quando o Espírito Santo grava a lei de Deus no coração humano, a pessoa sobre a qual Ele desceu se sente quebrantada de coração, devido ao seu desprezo no passado da lei que agora ama. Lembranças de feitos maus dos quais anteriormente não se fazia caso, agora chegam a converter-se em angústia para sua consciência. A atual incapacidade de guardar a lei espiritual de Deus provoca dor. As Escrituras freqüentemente ligam a tristeza pelo pecado com a vinda do Espírito. É um componente necessário do interesse pessoal pela santidade. EmEz. 36:31 Deus falaaSeu povo sobre o que deveria esperar quando Ele puser dentro dele o Seu Espírito: “Então vos lembrareis
dos vossos maus caminhos e dos vossos feitos, que não foram bons; tereis nojo de vós mesmos por causa das vossas iniqüidades e das vossas abominações”. Também emZac. 12:10 temos uma promessa de derramamento do Espírito Santo. Ao ser cumprida, Deus nos diz que haverão homens que “choram” e “se afligem”. Jesus disse aos discípulos que quando o Espírito viesse “convenceria o mundo do pecado” (João 16:8). Quando o Espírito desceu no dia de Pentecoste, milhares “se compungiram de coração” e clamaram desesperados. O Espírito não apenas produz uma tristeza inicial pelo pecado, mas gera uma contínua condição de pesar pelo pecado pessoal e social. Os seguidores de Cristo são designados como “os que choram” (Mat. 5:4). Mesclado com o seu gozo celestial há o triste paralelo da experiência de Paulo em Romanos, capítulo 7. Há uma desesperada batalha contra o pecado, porque a santidade é agora sua metaprincipal. Vivemos numa cultura que evidencia a presente ira de Deus sobre a sociedade. A imoralidade sexual generalizada de nossaépoca é um sinal inquestionável de que Deus, irado, abandonou o mundo ocidental às suas concupiscências (Rom. 1:'l 8-25). Deus retirou os freios dos corações naturalm ente maus dos ocidentais. Conseqüentemente, se multiplicam os abusos asquerosos dos homens. Tão imensa onda de impiedade se espalha em nossa civilização que ninguém pode evitar o conhecimento constante da depravação de nossacultura. E impossível a alguém possuído pelo Espírito de Deus transitar pelo nosso mundo sem profundos gemidos de tristeza e angústia. Quando o cheiro forte da imoralidade lhe invade o olfato, o homem cheio do Espírito não se pode sentir feliz, felicíssimo todo o tempo. Como Cristo chorou sobre Jerusalém, Seu Espírito nos fará chorar
por causa da nossa corrompida nação. Se o Espírito Se manifestasse em poder nesta década (anos 90) não o faria, seguramente, para que os homens saltassem de gozo, porém para que batessem no peito com tristeza. Os seus lamentos inundariam nossas ruas como encheram Nínive nos dias de Jonas. Com toda a certeza haveria gozo ao experimentar sua liberação pessoal do pecado e ter a expectativa do céu. No entanto, o homem espiritual com o coração sequioso de santidade afligirácadadiasuaalmajustaemnossamodernaSodoma. A ausência desse sentimento de desgosto e tristeza com o mundo ocidental, ávido porprazercarnal,indicaqueoEspírito ainda não Se manifestou em avivamento. Realmente, a tristeza pelo pecado é uma nota ausente na ala do movimento carismático que seconcentra nos “dons” , menospre zando a santidade. “Sensações”, “gozo”, alegria”, “felicidade”, “satisfação”, “paz”, “contentamento” e “experiência excitante” é o vocabulário do neopentecostalismo. Alguns rebaixam ainda mais a experiênciadavindado Espírito, comparando-aauma “viagem” com drogas. “Prender-se com Jesus” numaexperiêncialeviananãoéuma opção dada pelo Espírito em lugar da necessária experiência de convicção de pecado pessoal operada por Ele. Não se pode afirmar que todos quantos entram nas fileiras “carismáticas” o fazem com o desejo de conhecer aDeus eprogredir em pureza de vida. O “mais” da parte de Deus que muitos buscam é a libertação dos problemas terrenos. Ali onde “os dons” recebem atenção principal, sugere-se que o Espírito há de curar todos os males e suavizar os escolhos ao longo do caminho da vida. Em nenhum outro campo é mais evidente isso do que na ênfase popular da cura. A impressão dada pelo ‘‘evangelho pleno” ao crente comum é que Deus não quer que Seu povo sofra neste mundo. Se cristãos apenas
exercerem fé, os homens cheios do Espírito Santo os curarão de toda a doença. Os sofrimentos então são considerados uma experiência prejudicial e indesejável para o cristão. Aqui temos a vida suave e doce que garante o desaparecimento de todo sabor de amargura. Hebreus, capítulo 12, tem uma perspectiva diferente com respeito ao sofrimento, (vss. 1-11). Os sofrimentos nesta vida foram designados por Deus para o bem supremo do Seu povo. O apóstolo não pretende que uma maior fé sejagarantiadeescapedas tribulações. Pelo contrário, ele aconselha a suportar pacientemente as aflições pois todos os problemas devem ser encarados como castigo de um Pai celestial amoroso que procura o nosso bem. A enfermidade e os problemas podem ser dolorosos, mas também sempre proveitosos. Nesse mesmo capítulo é indicada a atitude proveniente do Espírito que énecessáriapara que uma pessoa permaneça paciente sob difíceis vicissitudes vindas da mão de Deus. O homem deve tratar com seriedade a sua luta contra o pecado, vs. 4 .0 grande incentivo inspirador da paciência dos cristãos é a sua expectativa da futura santidade. O versículo 10 instrui a Igreja que a disciplina de Deus é “para o que nos é útil, afim de que participemos da sua santidade”. O Espírito de Deus concede àqueles nos quais Ele habita tanta fome e sede de justiça que eles estão dispostos a suportar dor e outros incômodos agora. Os homens espirituais enfrentam estas coisas fixando os olhos na meta de purificar o homem interior. Se o método de Deus para a santificação é a vara, eles se submeterão pacientemente. E é claro para o cristão que o sofrimento é um meio pelo qual o Todo-poderoso purifica Seu povo adquirido. Os crentes maduros confessam como o salmista: “Foi-me bom ter sido afligido” (Sal. 119:71). Como bem observou C. H. Spurgeon: “A melhor bênção terrena que Deus pode outorgar a qualquer um de nós é a saúde,
exceto a enfermidade. Esta freqüentemente tem sido mais útil para os santos que a saúde. Se certas pessoas, que eu conheço, pudessem ser favorecidas comummês de reumatismo, isso, pela graçade Deus, maravilhosamente as tornariam brandas... Não desejo para ninguém um longo período de enfermidade e dor, porém um torcicolo de vez em quando sejapermissível pedir ao Senhor. Uma esposa enferma, uma luta recente, a pobreza, a calúnia, o abatimento de esp„- o, podem ensinar lições que de nenhum outro modo pode am % r aprendidas tão bem. As provas nos impulsionam para as paM acjiâ dareligião... nossas aflições nos chegam como bênçãoscòmfeí^ com aaparênciade maldições”. * Quando o Espírito Santo vem com po®^\EfeVansforma as prioridades de interesse do homem. Ele subrara ;>ègóísmo carnal que anseia pela comodidade e o prazej^pe&so^s acima de tudo. Ele implanta um zelo tal pela santidade que voluntariamente suportaria a dor e a tristeza se elas produzi ssèmofru to de justiça. Do mesmo modo que o Deus triúno objetivaprimeiro a santidade do homeme só depois sua felicidade, ^ ^ tm ^ ta m b é m o hom em redim ido deve preeminenl m .-V b i c a r a santidade. Q uaptpV ^eoistintivoháum a deficiência lamentável num segmentóèQnsjâerável do“movimentocarismático”. Enquanto muitos ü \ , er^ericher a mente de Jesus” e “explodir” em experiências do Espttrcre achar felicidade, temos ouvido muito pouco de umponderado interesse quanto à santidade. Nota-se que hápouco daquela tristeza peio pecaao que o üspinto proauz. n a pouca exposição e apncaçao da bendita lei de Deus. Para muitos seguidores do ‘‘evangelho pleno” ‘ An All-Round Ministry, Banner of Truth, páginas 384-385; Um Ministério Ideal, PES, volume 2, página 105.
a santidade é uma possessão abstrata, teórica, que deve ser conseguida numa só experiência para logo ser esquecida na constante busca de gozo. Visto que este ramo de pentecostalismo participa da mesma reivindicação dos ‘‘dons miraculosos” e experiências repentinas como a que os pentecostais sóbrios e piedosos reivindicam, aquele que busca a Deus deve procurar a santidade de vida e os frutos do Espírito, e não “sinais e maravilhas”. O Espírito de Verdade Uma segunda evidência da obra avi vadora do Espírito mencionada no S almo 85 é o florescimento da verdade. “A verdade brotará da terra’’, vs. 11. Aqui temos uma segunda norma para medirmos apresença do Espírito. Quando o Espírito Santo está entre os homens, eles dão atenção à doutrina. As suas mentes são cativadas pela verdade. Nosso Senhor Se referiu ao Espírito Santo como o “Espírito da verdade” (João 14:17; 15:26; 16:13). Foi Ele quem moveu certos homens para escreverem as Escrituras Sagradas, 2 Ped. 1:21. Jamais impulsionaria os homens a desvalorizar a Bíblia, ou a menosprezar suas doutrinas. Após o Pentecoste, quando o Espírito quebrantou tantos corações com uma profunda convicção de pecado, o mesmo Espírito moveu essas pessoas a ‘‘perseverar nadoutrina dos apóstolos’’ (Atos 2:42). O primeiro grande derramamento do Espírito posterior à exaltação de Cristo produziu um profundo amor pela verdade. A vitalidade da Igreja se tornou real mediante sua atenção à doutrina. Uma vez mais poderão ser encontrados líderes pentecostais fervorosamente resolvidos que todo o conselho de Deus sej a ensinado a suas igrejas e aos seus amigos. De novo se vêem obrigados a deplorar a ignorância da Palavra de Deus que éparticularmente óbvia
nas comunidades neopentecostais que proliferam. *Os mais sábios dentre os pentecostais se sentem concientizados do fato de que igrejas, sociedades e reuniões inteiras dentro da âmbito do neopentecostalismo vêm incrementando o menosprezo pela doutrina. Uma pessoa que deseja tratar da verdade bíblica, dificilmente encontrará ouvidos interessados dentre os grupos carismáticos, cujo interesse se acha centralizado nas experiências. No neopentecostalismo, acomumexperiênciados dons tomou possível que aqueles que sustentam os ensinos mais divergentes mantenham um “harmonioso companheirismo”. Sociedades do “evangelho pleno’’aceitam freiras e sacerdotes apegados a doutrinas antibíblicas. Alguns católicos pentecostais ousam confessar que suas experiências defalaremlínguas lhes deuumamaisprofundaapreciação acercadas bênçãos espirituais da missa, ou lhes proporcionou novas dimensões na adoração da “Bendita mãe de nosso Senhor”. O Espírito da Verdade jamaismoveriaos lábios de alguémparaproferir tal blasfêmia ou heresia. De modo idêntico, tampouco o Espírito de Cristo poderia silenciar a Seus servos em nome do amor e da unidade enquanto estej a sendo ensinada uma doutrina que destrói a alma. O núcleo central do neopentecostalismo é culpado de tal silêncio ante a heresia. A atitude de David Du Plessis é definitiva mente irresponsável neste aspecto. Suatolerância ante modemismos e seu silêncio relativo a erros relacionados com as verdades funda mentais da fé, são repetidamente evidentes. Sua atitude não pode ser j ustif icada como sendo uma paciência para com seus novos amigos, enquanto aguarda uma oportunidade para falar-lhes de aspectos * Veja W. T. H. Richards, na obra citada, páginas 16-17, 29-30. Observe especialmente a citação que provém de um alarmado dirigente: “O ensino é mais importante do que as línguas”.
essenciais. De fato, quando a oportunidade lhe é apresentada para falar, ele aproveita para estimular os novos interessados a receber o batismo com o Espírito, sem interessar-se em saber se eles crêem nas verdades fundamentais. É assombro ler e observar sua satisfação frente a seguinte situação: “O aspecto notável deste avivamento (carismático) consiste em que ele surge mais nas igrej as liberais do que nas evangélicas, e definitivamente não nos segmentos “fundamentalistas” do protestantismo. Estes últimos são os mais veementemente adversários deste glorioso avivamento posto que é nas fileiras do movimento pentecostal e no seio dos movimentos modernistas vinculados com o Concílio Mundial de Igrej as onde encontramos as mais poderosas manifestações do Espírito. Isso parece ser certo, quase sem exceção, em muitas partes do mundo, até onde me é possível saber”.* A conservação da doutrina pura é assunto de pouca monta para muitos dentre o movimento “carismático”. Suaexperiência “do Espírito” introduziu um vínculo de unidade semrelação algumacom a doutrina. Os modernistas que têm sonhado com a união ecumênica têm saudado abertamente as experiências pentecostais como a chave para desvendar os assuntos de fé e ordem que conserva fechada a porta do ecumenismo. E bem que podem dar as boas-vindas aos fenômenos “carismáticos”. Eles têm convencido mesmo os evan gélicos a aceitar todos quantos adotam “experiências” marcantes, sem levar em conta a doutrina que professam. No mundo religioso é o pentecostalismo moderno que tem popularizado o existencialismo filosófico, o qual despreza a verdade, ou quando muito, encontra-se com a “verdade”, mas sem a * Du Plessis: O Espírito me Ordenou Ir, página 28.
possibilidade de comunicá-la objetivamente. Não é de estranhar que os teólogos neoortodoxos os apóiem de modo consciente. Contudo, os pentecostais têm provido multidões de pessoas com experiências emocionais que nada tem a ver com uma compreensão doutrinária inteligente. “As línguas” são as mais prolíficas de tais experiências. Do princípio ao fim, o Novo Testamento exige que o crente recebauma comunicação inteligível da verdade objetiva, se é que há de ser edificado (veja 1 Cor. 14:1-19). Os pentecostais modernos têm produzido um “falar em línguas” que, segundo eles, edifica aquele que fala, porém eles admitem que isso pode estar absolutamente desligado de uma compreensão da verdade objetiva no que fala. Aparece aqui a ideal experiência existencial da graça, a qual não pode ser comunicada verbalmente a outros mediante a doutrina. * Pode admitir-se sem rodeios que os pentecostais estão freqüentemente corretos ao criticar às igrej as protestantes por terem, muitas vezes, doutrina sem vida. Há igrejas que por falta de vida espiritual tem merecido a acusação de “calvinismo morto” . Com freqüência o amor pela verdade tende a degenerar até tornar-se somente um exercício intelectual. A verdade é desfrutada filosoficamente, enquanto desaparecem o fervente anelo pelo Senhor, o desejo de santidade, o amor pelos irmãos, e a decidida obediência pelos mandamentos do Senhor. Amentehumanapode seguir alógica da pura doutrina e até admitir a sua veracidade, enquanto as emoções se mantêm estéreis e a vontade permanece na obstinação. Igrejas inteiras podem ser corretíssimas, todavia faltando uma adoração * Lamentavelmente, Du Plessis parece totalmente inconsciente das insinuações existenciais nas reuniões das quais tem participado com líderes ecumênicos. Ele até pode exaltar a evasão deles da verdade como sendo proveitosa para a unidade. O Espírito me Ordenou Ir, página 27.
profunda, a prática da piedade e o zelo pelo Senhor dos Exércitos. Além disso, os pentecostais já diagnosticaram de maneira correta a causa desse deplorável estado de coisas. É a ausência do Espírito de Deus. Nosso Senhor ensinou em João 6:33: “O Espírito éo q u e vivifica; a carne para nada aproveita”. As mentes humanas podem estar ocupadas num estado racional acerca das verdades mais elevadas enquanto permanecem inteiramente na carne. Isso explica a existência dejovens que ensinam as Escrituras fielmente, porém nunca nasceram de novo. Podem expor a grande doutrina de tal modo que deslumbram até os verdadeiros crentes. Mas a verdadeira religião jamais se estabeleceu em seus corações, pois suas vidas são mundanas. Sem o Espírito, pode haver compreensão intelectual, todavia não poderá haver vida espiritual. A Palavra de Deus pode estar presente, mas sem o Espírito não pode ser poderosa. Sem dúvida, como reação à doutrina sem o Espírito, os pentecostais tem permitido um espírito sem verdade. Alguns neopentecostais abertamente menosprezam o exercício intelectual como algo contrário ao Espírito de Deus. E todos os pentecostais têm dado lugar à abstratae intuitiva comunicação da graça sem aPalavra. Afirma-se que uma experiência de línguas edificao indivíduo que, ao mesmo tempo, ignora a mensagem ou o louvor que os seus lábios pronunciam. Reivindica-se que o Espírito promove experiênciae vida num exercício de línguas na devoção onde existe tremendo vazio no que concerne à verdade. As Escrituras não admitem a existência de vida sem a Palavra ou sem o Espírito. Em João 6:33 lemos: “O Espírito é o que vivifica; a carne para nada aproveita; as palavras que vos digo são espírito e vida” . A obra vivificadora do Espírito de Deus está tão ligada às palavras de Cristo, que nosso Senhor identifica Suas palavras e o
Espírito. “As palavras que vos tenho falado são espírito e são vida”. Cristo não Se referia a uma “palavra” abstrata que possa ser achada mediante abênção intuitiva ou experiência vivificante, divorciada da comunicação inteligente. Pelo contrário, são palavras (plural) veículos reais de comunicação racional - que o Espírito usa para produzir vida na alma. Em nenhuma parte da Bíblia se admite alguma forma de adoração naqual as faculdades estejam suspensas. “Deus éEspírito; e é necessário que os que o adorem o adorem em espírito e em verdade” (João4:24). Não hájustificação possível para que um ato de emocionalismo subjetivo seja considerado como um ato de adoração promovido pelo Espírito. O Espírito e a verdade sempre vão juntos. As obras do Espírito sempre se acham com conteúdo doutrinário na mente (1 Cor. 12:1-3) e domínio próprio (1 Cor. 14:28-32). Se os líderes pentecostais estiverem tratando seriamente a sua defesa da verdade em seus círculos, terão de rom per seus preciosos e frágeis vínculos de unidade com os ignorantes e os enganados que vêm a eles de igrejas, em sua m aior parte apóstatas, e em troca terão de falar claro acerca da verdade. E eles terão de abandonar o conceito que admite uma edificação real divorciada da verdade. Enfim, isso só poderá levá-los a abandonar seu sistem a dualista presente - um sistema que, por um lado, demanda atenção às Escrituras para crescer na graça e, por outro lado, oferece dons de revelação e até “línguas desconhecidas” como meios de edificação. Só à medida que os pentecostais se distanciarem mais e mais da preponderante corrente dos dons sensacionalistas, será possível para eles encontrarem as condi ções adequadas para o crescim ento de suas almas. Quando eles
deixarem de lado os dons carismáticos, então poderão entrar em contato com a Bíblia. ' Os crentes que, por curiosidade ou outro motivo, são atraídos ao pentecostalismo, são instados a atender uma exortação bíblica. Quando o apóstolo João nos exortou provar os espíritos, ele não sugeriu uma prova experimental de caráter subjetivo. Elepropôs uma medida doutrinária objetivaparaprovar os espíritos. “Todo espírito que confessa que Jesus Cristo veio em carne, é de Deus” (1 João 4:2). Confissões de fé e não relatos sobre experiências, são as que devem prender nossa atenção para provar os espíritos. Toda experiência deve ser submetida à norma objetiva da Palavra de Deus, para ser provada mediante suas doutrinas. Não significa que os cristãos estejam contra as experiências. Mas aexperiência dada pelo Espírito procede com uma inteligente recepção da verdade. Não quer dizer que o cristianismo seja anti-emocional. Toda a variedade de emoções humanas éproduzidapeloEspírito Santo, entretanto o Espírito incita as emoções por meio da verdade. Quando escrutinamos as doutrinas das fileiras neopentecostais, há pouco que possa levar-nos a pensar que o Espírito da verdade esteja envolvido. Existe muito de excitação e de experiência sensacionalista. Háumaexploraçãodeforçaemocional. Todavia, há uma lastimável ausência de exercício mental. Quase não existe interesse na doutrina. Nenhum ensino, nenhuma uniformidade de dogmas une as modernas forças “carismáticas”. Não é de estranhar que apregação expositiva se encontre tão ausente da sua atividade agitada. Se os neopentecostais começassem a estudar a B íblia com fervor, descobriri am que ‘‘toda a Escritura é ... útil para ensinar” (2 Tim. 3:16), e se convenceriam que para alguém
“salvar-se a si mesmo e aos que o ouvem” deveria ter “cuidado da doutrina” (1 Tim. 4:16). Além disso, os membros de suas igrejas, pela bênção do Espírito, achariam as Escrituras suficientes como meio de encontrar o Senhor.Não continuariam buscando as “hiper-experiências” oferecidas pelo pentecostalismo. O grande avi vamento que conhecemos como aReforma iniciou com debates sobre doutrina. O estudo sério da Palavra levou Lutero, Calvino, Latimer e outros apesquisar doutrinas tais como a autoridade daBíblia,aescravidão da vontade humana, ajustificaçãopelafé,a natureza da Ceia do Senhor, a natureza da Igreja. A vida de cada avivamento verdadeiro surgiu da atenção prestada à verdade. Assim foi nos dias do Senhor. Ele foi ungido com o Espírito para pregar (Luc. 4:18). Cada visitação do Espírito produzirá pregação doutrinária. Mediante a verdade, o Espírito infunde vida. Todo o afeiçoado da verdade deve sentir-se entristecido pelo atual movimento neopentecostal. Nele, a verdade não está brotando da terra; está sendo mergulhada numa espantosa confusão. A blasfêmia é silenciosa em favor de testemunhos espetaculares de experiências. Certamente não é demais pedir aos verdadeiros cristãos que continuem orando e esperando até que Deus derrame Seu Espírito de santidade e verdade. Seguramente os cristãos genuínos são conhecidos por serem homens de sãdoutrinae pureza conforme os mandamentos de Deus. Não há nenhuma intenção de sugerir que unicam ente as com unidades pentecostais se encontram deficientes nas provas essenciais de santidade e verdade. Todos os demais ramos do “mundo evangélico” apresentam essas lamentáveis deficiências. Precisamente, as mesmas provas devem ser aplicadas a qualquer
congregação atraente. Todos os espíritos devem ser provados, não só os pentecostais. Os pentecostais são assinalados de modo especial neste capítulo, apenas porque suas doutrinas distintivas são o assunto principal de nossa investigação.
A EXPERIÊNCIA PREOCUPANTE Os aplicados estudantes da Palavra do Senhor devem negar que hoje os homens cheios do Espírito Santo operam milagres. Nas páginas anteriores argumentamos que um exame bíblico do teor geral do “movimento carismático” leva mais ao desapontamento que à esperança. A doutrina distintiva de todos os pentecostais não encontra apoio bíblico. Embora haj a os que genuinamente foram convertidos entre os neopentecostais, não podemos crer que o avivamento tenha começado nesse novo segmento protestante. De modo acentuado se transferiu da santidade e da verdade a atenção para a felicidade e a experiência. Contudo, podem chegar às mentes de alguns leitores certas perguntas inquietantes a respeito das informações ‘‘pentecostais’’ do século vinte. Porventura não é desejável seu zelo pelo evangelismo? Acaso o entusiasmo missionário do ‘‘evangelho pleno’’não prova que eles têm algo a oferecer àIgreja de Cristo hoje? Tais interrogações simples mente põem à prova os nossos fundamentos reais. Você realmente é bíbl ico ? Ou podem o “êxito” e as estatísticas afastá-lo de uma firme e exclusiva devoção à autoridade das Escrituras? As “Testemunhas de Jeová” demonstram seu zelo convincente por suareligião. Seu fervormissionárioenvergonhaamuitos cristãos. Muitas vidas têm encontrado, em suas fileiras, novo propósito e direção. No entanto seus erros sãofatais. Não queremos inferir que os pentecostais estej am tão profundamente entrincheirados no erro como
estão as ‘‘Testemunhas’’. A comparação apenas tenciona ilustrar o fato de que não deve ser assimilada nenhuma doutrinà ou práticapor causa de uma devoção impressionante por ganhar adeptos ou o segundo grau de sucesso que acompanha tais esforços. Sempre devemos perguntar: ‘‘Falam eles conforme a Palavra de Deus ?” “Se não falarem segundo esta pal avra, nunca verão a alva” (Is. 8:20). Deveríamos pensar que os neopentecostais estão sob algum poder satânico? Deve admitir-se que em qualquer exemplo isolado isso é muito possível. Prodígios mentirosos do maligno continuam até hoje. Por outro lado, alguns que alegampossuir os “dons” são servos de Cristocom desejo genuíno de conhecer ao Senhor mais plenamente. É bem possível que o seu “falar em línguas” seja um fenômeno emocional ou psíquico embora não reconhecido como tal pelo indivíduo que as fala. Há outros que conscientemente induziram semelhantes experiências fonéticas sem haver estado sob o controle de nenhum espírito. Mas temos que afirmar categoricamente que em nenhum dos casos os homens estavam profetizando. O Espírito não lhes deu mensagem inspirada. ‘‘Ora’’, poderia indagar alguém, ‘‘que dizer das curas óbvias nas reuniões neopentecostais? Poderia alguém negar que o poder de Deus tenha operado aí?” Se você ainda está fazendo essa pergunta, então ignora muito do que está ocorrendo na atualidade. Os declarados inimigos das Escrituras alcançam “êxito” em reuniões de cura. Os católicos romanos proclamam “curas” realizadas por M ariaem seus santuários. Os modernistas têm praticado a “cura pela fé” . Seus testemunhos seriam tão difíceis de refutar como os dos pentecostais. Mesmo assim, estamos convencidos de que o poder de Deus não está aliado com esses ídolos. Como podemos explicar essas “curas” ?
Seriam enfermidades psicossomáticas curadas por meios psicoló gicos? Seriam exemplos do deslumbrante poder da mente sobre a matéria? * É possível assegurar-se de que uma obra não é um milagre humano sem estar capacitado para dar uma explicação satisfatória do que realmente é essa obra. As vezes um filho de Deus deve dizer: “Embora eu não tenha a resposta a todas as minhas perguntas, sei algumas coisas”. Sabemos que Jesus Cristo é um profeta suficiente. Sua Palavra é a única autoridade adequada para guiar nossos pensamentos e ações. Quando Moisés falou ao povo redimido por Deus acerca de não ter nada a ver com os adivinhos, conselheiros místicos e médiuns espirituais na sua época (Deut. 18:9-12), não foi necessário compreender como atuavamesses curandeiros espirituais. Não era necessário ser capaz de explicar sua eficácia. Bastavasaber que essas coisas eram abominação perante Deus e que eles deviam escutar a Seu profeta (Deut. 18:12-15). Sabendo que aPalavra de Deus para nós só há de proceder das Escrituras e que os milagres foram executados unicamente por homens cuj a missão profética devia ser confirmada, o cristão deverá contentar -se em evitar os métodos ‘‘carismáticos’’da nossa geração. A autoridade únicae suficiente daBíbliaé o fundamento de tudo o que cremos. Se substituirmos a Palavra de Deus por eventos inexplicáveis, logo perderemos as melhores doutrinas. Se você permitir que aexperiência espetacular sej a seu guia, logo será levado por toda parte por ventos muito turbulentos de doutrina que não agradam a Deus. ' N ão negamos que Deus cura milagrosamente homens e mulheres hoje em resposta às orações da Sua Igreja. Mas aos homens não têm sido concedidos poderes miraculosos de cura em nossa geração.
UMA PALAVRA POSITIVA É uma pena ter que ser tão negativo como nas páginas precedentes quando se está tratando acerca da gloriosa atuação do Espírito Santo. Mesmo assim, um dos melhores métodos para esclarecer uma verdade é mostrar o contraste entre essa verdade e o erro. Quando se coloca a escuridão no pano de fundo, se pode ver mais claramente a luz, contanto que o pregador ou o escritor não se contente em condenar o erro e ao mesmo tempo descuide da proclamação da verdade positiva. O trabalho de demolição deve preparar o caminho para o edifício firme da verdade. Um benefício proveniente do neopentecostalismo é o interesse redivivo no Espírito Santo. Os pentecostais estão certos quando afirmam que a Igreja de Cristo tem menosprezado o ensino a respeito do Espírito. Sua capacidade para desviar os homens do sólido fundamento dos apóstolos e dos profetas em nome do Espí rito, prova sua alegação. A própria demanda de livros como este nos julga por haver desvalorizado a terceira Pessoa da Trindade no ensino do povo de Deus. Somente à medida que se dê, em nossas igrejas, o lugar apropriado concernente ao Espírito de Deus, os membros serão inabaláveis quanto aos erros referentes à Pessoa do Espírito Santo e à Sua atuação. Ainda que não houvesse erros dos quais devemos nos resguardar, seria indispensável instruir o povo escolhido de Deus quanto ao Seu S anto Espírito. Os santos devem estar conscientes da
glória do Espírito para adorar o Todo-poderoso na forma plenamente bíblica. Devem entender sua total dependência da obra do Espírito ao receber a graça de Deus e ao servir o Deus vivo. Uma apreciação positiva e madura do Espírito e Seu ministério fortalecerá a Igrej a e eliminará as intensas buscas para obter o Espírito - buscas que contrariam SuaPalavra. Tal vez algumas sugestões concernentes à grande atuação do Espírito nos propósitos da graça vivificarão um desejo por conhecer o que as Escrituras ensinam a respeito dEle. *Tal conhecimento nos é necessário, não como um fim em si mesmo, mas para a percepção da nossa completa dependência dEle, afim de alcançar uma vitali dade espiritual que nos desperte a orar mais urgentemente pela presença do Espírito. Quando João Batista corrigiu a inveja dos seus discípulos quanto a Jesus, ele testificou de nosso Senhor que “Deus não lhe dá o Espírito por medida” (João 3:34). O Filho de Deus encarnado nada realizou neste mundo independentemente do Deus Espírito. Nadana gloriosa vida de Cristo pode ser explicado a menos que se dê a devida atenção ao Espírito. Se o Filho de Deus não viveu sobre a terra sem o constante ministério e capacitação do Espírito Santo, não se deve imaginar que nós, simples criaturas, possamos agradar a Deus em qualquer coisa, sem o poder do Espírito. Foi pelo Espírito Santo que o eterno Filho de Deus Se fez carne. Foi “concebido pelo Espírito Santo”. Maria foi surpreendida ao receber o anúncio de que teria um filho sem relacionamento íntimo * Vários volumes preciosos estão à disposição para ajudar-nos no estudo do assunto: Obras, vol. 3, John Owen; O Ofício e Obra do Espírito Santo, James Buchanan; A Obra do Espírito Santo, Octavius W inslow - disponíveis na Banner o f Truth Trust, Edimburgo.
comumhomem. OanjoGabriellheexplicou: “O Espírito Santo virá sobre ti, e o poder do Altíssimo te cobrirácom a siia sombra; pelo que o santo ser que nascerá será chamado Filho de Deus” (Luc. 1:35). Pela primeira vez na história um santo ser (sem a contaminação do pecado de Adão) nasceu de uma mulher. Um ato divino do Espírito preparou uma natureza humana imaculada para o Filho de Deus. Unicamente apresençado Espírito pode explicar a vida perfeita de Cristo. Embora o Filho de Deus fosse eternamente puro e sem mancha, ao humilhar-Se assim paraencamar-Se, Ele Se sujeitou a Si mesmo ao ministério do Espírito. O Espírito que proveu um nascimento santo para Cristo O dotou com uma graça positiva para viver em justiça. Isaías 11:1-5 atribui a santidade do Messias à imediata influência do Espírito: “E repousará sobre ele o Espírito de Jeová; espírito de sabedoriae de inteligência, espírito de conselho e de temor do Senhor;... A justiça será o cinto dos seus lombos, e a fidelidade o cinto dos seus rins”. Como pôde o Filho encarnado manter o temor de Deus em Seu coração enquanto vivia com uma raça humana fria, indiferente e obstinada? Onde achou o Salvador a sabedoria necessária para escapar de toda a tentação feroz, sabedoria necessária para escolher sempre o bem e repelir o mal? Sua graça santificadora provinha do Espírito! Pelo mesmo Espírito nosso Senhor realizou a Sua missão para honrar o Pai. T oda a Sua vida de obediênciafoi banhada pelo Espírito. A fim de prepará-10 para o ministério público, o Espírito desceu sobre Ele no batismo. Todos os feitos subseqüentes foram executados no poder do Espírito. “Jesus, cheio do Espírito Santo, voltou do Jordão e foi conduzido pelo Espírito ao deserto” (Luc. 4:1). “E Jesus voltou no poder do Espírito para a Galiléia” (Luc. 4:14). Três anos mais tarde, na cruz sobre o Calvário, nosso Salvador “mediante o Espírito
eterno se ofereceu a si mesmo sem mancha a Deus” (Heb. 9:14), depois do que “foi vivificado em Espírito” (1 Ped. 3:18), e exaltado à destra do Pai. Cada parte da obra redentora de Cristo foi executada com a ajuda divina do Espírito S anto. Pois bem, se o Filho de Deus encarnado necessitou do Espírito para Seu nascimento, Seu viver santo e Seu serviço para o Pai, nós também devemos depender do ministério do Espírito. A parte do Espírito de Deus não pode haver novo nascimento em santidade para homem algum. A formação de um caráter santo na alma humana é tarefa reservada para o soberano Espírito. “O que não nascer... do Espírito não pode entrar no reino de Deus” (João 3:5). Só Ele pode levar os pecadores àfé salvadora e ao arrependimento. A evangelização depende para sua eficácia do Espírito regenerador. A salvação individual chega apenas quando este vento sagrado sopra sobre o coração do homem. A semelhança de Cristo, todos os Seus discípulos devem ter o Espírito Santo. A santidade floresce e progride numa vida apenas quando o Espírito produz os Seus frutos. A Palavra de Deus descreve os homens santos como aqueles “que não andam segundo a carne, mas segundo o Espírito” (Rom. 8:1). O serviço para o Senhor é aceitável e eficiente para Ele somente quando é executado mediante as graças e os dons do Seu Espírito. A exortação apostólica de Paulo deve impressionar a alma: “Sede cheios do Espírito” (Ef. 5:18). Quanto necessitamos de buscar conscientemente uma maior porção da presença e da bênção do Espírito!Não podemos condenar uminteressenaterceiraPessoadaTrindade,antesdevemosdar-Lhe de coração as boas-vindas. Nosso Senhor ensinou os discípulos a pedir o Espírito em oração. EmLuc. 11:5-13 há uma parábola que ilustra a necessidade da perseverança em oração. Aquilo que nosso
Senhor concebe como algo obtido mediante oração fervorosa e persistente se revela claramente quando promete que “vosso Pai celesti al dará o Espírito S anto aos que lhe pedirem’’. Só pelo Espírito é possível nascer como um “ser santo” à imagem de Cristo. Só através do Espírito podem os seus lombos ser cingidos de santidade. Apenas mediante o Espírito pode apresentar o corpo em sacrifício vivo, que é o culto racional. Portanto, grande parte do seu trabalho de oração deveria consistir em implorar ao Todo-poderoso uma maior medida do Seu Espírito. Isso deveria ser uma exercício diário. O Senhor ensinou-lhe apedir o Espírito Santo! Jesus recebeu o Espírito sem medida. Sobre Ele veio uma plenitude do Espírito que jamais nenhum outro homem conhecerá. O Espírito Lhe concedeu a infinita perfeição de todo dom e graça. Nada ficou em reserva. O Espírito foi outorgado em absoluta plenitude ao Deus Filho. Outros são ungidos com o mesmo Espírito, mas Ele é “ungido com óleo de alegriamais do que a seus companheiros” (Sal. 45:7). Em contraste com o Salvador, “a cada um de nós foi dada graça conforme a medida do dom de Cristo”, Ef. 4:7.0 Espírito Santo foi outorgado perfeitamente ao Filho, que agora Se encontra exaltado à destra do Pai em poder e glória. Cristo é o soberano dispensador do Espírito. Ele concede o Seu dom a todos os Seus servos, porém em diversas medidas. Entre nós existemníveis de santificação, algumas mais elevadas e outras inferiores, maior e menor profundidade na adoração, maior e menor habilidade e poder no serviço a Deus. Sempre será possível implorar mais do Espírito - pedir a Quem possui o Espírito sem medida. Nas páginas anteriores, os leitores foram instados a abandonar a busca de algo mais da presença e das bênçãos de Deus através de
uma segunda obra da graça. As Escrituras nada dizem a respeito de uma experiência subseqüente à conversão através da qual os santos devem passar para entrar num nível mais alto de espiritualidade. Especialmente a validade do batismo dos pentecostais com o Espírito e os seus dons “confirmatórios” foi negado. Tudo isso, entretanto, não tinha a intenção de incentivar o leitor a abandonar a busca de uma maior bênção do Espírito. O propósito foi apenas demonstrar que o ensino de uma segunda obra de graça e o pentecostal ismo, são atalhos que desviam os homens de seguir a Deus. Paulo orou pelos efésios: “Para que vos conceda, conforme as riquezas da sua glória, que sej ais fortalecidos com poder no homem interior pelo seu Espírito; para que habite Cristo pela fé em vossos corações, a fim de que, arraigados e firmados em amor, sejais plenamente capazes de compreender com todos os santos qual sej a a largura, o comprimento, a altura e aprofundidade e de conhecer o amor de Cristo, que excede todo o entendimento, para que sejais cheios de toda a plenitude de Deus” (Ef. 3:16-19). Você não deve contentar-se com o que já alcançou, mas deve prosseguir “em direção ao alvo, ao prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus” (Fil. 3:13-14). Para isso, você necessita diariamente de um fortalecimento pelo poder do Seu Espírito. Mesmo que chegasse um avivamento pela graça de Deus, você não teria alcançado, porém continuaria necessitando graça diariamente. O alvo diante de cada um e da igreja que freqüentaé “que sejais cheios de toda aplenitude de Deus”. Oh, que Ele derrame SeuEspírito de regeneração para vivificar todas as nações pelaSua graça, para louvor da Sua glória infinita! Oh, que Deus outorgue uma mais plena medida do Espírito de santidade à Sua Igreja, de modo que sua pureza possa resplandecer e que ela
apareça formosa sobre a terra! Oxalá o poderoso Monarca do nosso mundo enviasse mais do Seu Espírito (da verdade) para que o entendimento possa penetrar e multiplicar-se sobre toda a terra! Que o Espírito de adoração humilhe poderosamente as congregações diante da Sua presença e nos conduza mais perto do S antíssimo! Orem em busca do Espírito. Orem em busca do Espírito que faz com que os corações amem as doutrinas da livre e soberana graça. Orem em busca do Espírito que enche os corações com um amor santo e reverente pelo Salvador. Orem em busca do Espírito que capacita os homens a pelej arem contra o pecado, a serem pacientes nas tribulações e zelosos pela honra de Deus. O melhor remédio contra os excessos que desonram o Espírito, ao usar Seu nome, é viver como um povo cheio do Espírito da verdade e poder. Orem em busca do Espírito de avi vamento sólido e bíblico!
O ESPÍRITO SANTO E OS AVIVAMENTOS Todo verdadeiro convertido a Cristo foi batizado com o Espírito Santo. Todos os cristãos formam um “templo santo no Senhor’’Juntamente edificados para morada de Deus no Espírito’’(Ef. 2:21-22). A partir do Pentecoste, a bendita terceira Pessoa da Trindade veio residir na Igrej a de Cristo para j amais abandoná-la, nem a nenhum verdadeiro membro do corpo de Cristo. Que suprema honra! Que privilégio tremendo! Quem pode compreender o grau desta dignidade conferida aos homens regenerados? Ser a própria morada do Deus vivo (Jeová), mediante o Espírito! Isso nos causa grande espanto, pois há tão pouco tempo éramos os mais vis pecadores!E um fato que merece uma agradável e ampla meditação e uma profunda ação de graças! Mesmo nos seus piores momentos, os filhos de Deus permanecem batizados com o Espírito Santo. Ainda nas suas piores épocas, a verdadeira Igreja se distingue pela presença interna do Espírito Santo. No dia de Pentecoste, um dom glorioso foi concedido à Igrej a sobre a terra ej amais lhe será tirado. Devido à presença e às conseqüentes influências graciosas do Espírito, “o menor no reino dos céus é maior” do que o “astro João Batista” (Mat. 11:11). O Espírito é o dom real do nosso supremo e glorioso Rei (Atos 2:33), e deste modo é o penhor de toda a nossa magnífica herança nEle (Ef. 1:14).
No entanto, as graciosas influências do Espírito não atuam sobre o cristão ou sobre a Igrej a mediante um fluir uniforme de poder e graça. É possível para a Igrej a, ou para o crente, no qual o Espírito habita, “entristecer o Espírito Santo de Deus” (Ef. 4:30). O pecado e a indiferença à verdade são ofensivos à santa Pessoa que habita no crente. O menosprezo da Sua Palavra inspirada e as influências mundanas podem “apagar o Espírito” (1 Tess. 5:19). Os crentes podem sufocar a operação da graça do Espírito no coração, embora os verdadeiros santos nunca a suprimirão por completo. O Espírito, de maneira soberana, determina intensificar ou diminuir Suas influên cias na Igreja e nos indivíduos. Existem fluxos e refluxos do poder e dos frutos do Espírito nas vidas dos cristãos individuais e na história da Igreja. Todavia, jamais o Espírito abandona o crente e jamais a Igreja será abandonada a si mesma. Têm havido períodos notáveis na história da Igreja, nos quais a intensa atividade do Espírito Santo a tem surpreendido. Épocas assim são conhecidas como avivamentos. Os genuínos avivamentos não resultam de alguma obra especial do Espírito de Deus diferentes das Suas influências graciosas normais!Pelo contrário, são o efeito de uma porção maior de precisamente o mesmo poder e graça que operam em todo o tempo e lugar em que a Igrej ase encontra desde o Pentecoste. Nos períodos de avivamento, a atuação do Espírito continua sendo o que tem sido desde o Pentecoste, isto é, a obra do convencimento interno do incrédulo mediante a Palavra-, a regeneração interna dos pecadores pela Palavra, ensino interno e santificador dos santos pela Palavra e a interna promoção da adoração do Pai e do Filho através da Palavra. O que surpreende nas épocas de avivamento não são a operações do Espírito, e sim a velocidade acelerada com que Ele atua.
Sua graça que convence e converte traz exercícios salvíficos sobre as almas de muitos em vez de poucos. As influências de ensino e santificação são concentradas num espaço de tempo menor do que se comumente observa. Os pastores ficam atônitos ante afirme assimilação da verdade bíblica daqueles que ouvem apenas uns poucos sermões. Grandes avanços ocorrem na prática da piedade sob a direção da Palavra. A adoração e o louvor ocupam comunidades inteiras. Mas isso não é coisa nova ou diferente. Essas coisas têm sido sempre realizadas pelo Espírito nalgrej a de Cristo. No avi vamento a obra é intensificada. O poder e os frutos do Espírito fluem torrencialmente. A diferença consiste apenas nas quantidades afetadas, na rapidez do processo e na intensidade das impressões. Não há diferença no caráter da obra. Durante avivamentos passados têm surgido certas tendências no pensamento da Igrej a e na prática dos crentes, paralelas à postura do movimento pentecostal moderno. Quando essas tendências têm ocorrido, os servos de Deus que mais diretamente foram usados nos avivamentos têm abandonado a muita amada obra de evangelismo e ensino para dedicar-se acombater com veemênciatais tendências. A extinção de atitudes como as que se apresentamnas forças carismáticas de hoje era considerada mais necessária para o bem estar da Igrej a do que prosseguir com o avivamento. E quando prevaleceram doutrinas como aquelas associadas com o “evangelho pleno” , os homens mais familiarizados com a experiência de avivamento notaram que tais avivamentos se viram apagados por semelhantes práticas e doutrinas. O livro de Joseph Tracy, O Grande Despertamento, *é um *Tappan e Dennet, Boston (USA) 1842.
valioso volume sobre o avivamento relacionado com os grandes nomes de Edwards, Whitefield e os Tennent. Cita numerosas informações de primeira mão sobre o avivamento, escritos por pastores cuja pregação da verdade foi o principal meio humano do avivamento. Suas observações são particularmente valiosas porque eles pastorearam as congregações avivadas, tanto antes como depois do Grande Despertamento. Em todos esses relatos, os ministros foram muito cuidadosos em negar categoricamente que seus esforços durante o ministério de avivamento tivessem algo relacionado com revelações ou milagres. Com grande gozo, muitos deles relataram em palavras como estas: “Não conhecemos transes, visões, revelações ou coisas semelhantes. V imo-nos livres dapresença de um espírito crítico”. Isso demonstra como as revelações foram classificadas junto com ostentações iníquas da carne. Os transes extáticos e visões apareceram somente para serem rechaçados pelos dirigentes responsáveis. Os pastores daNovalnglaterra, durante o avivamento lutaram contra toda a forma de direção subjetiva, mesmo se fosse afirmado ser do Espírito Santo. Eles exigiam que as Escrituras fossem a norma objetiva túnica para as suas práticas. James Davenport seguiu por algum tempo uma direção subjetiva e por isso foi considerado como um fanático. Devido aos esforços de outros pastores, ele logo renunciou a sua atitude anterior com estas palavras: “Confesso que estive muito extraviado por ter seguido impulsos ou impressões como regra de conduta, acompanhados ou não por um texto das Escrituras, e também por ter descuidado de observar devidamente a analogia das Escrituras. Estou convencido de que este foi um grande meio de corromper as minhas experiências e de afastar-me da Palavra de Deus, e foi um forte instrumento que o maligno utilizou com certo
número de pessoas e comigo especialmente”. * Conscientes de que uma excitação religiosa poderia fazer a cabeça de multidões, os pastores dos avivamentos trabalharam com zelo incessante para examinar cada experiência dos convertidos à luz das doutrinas daPalavradeDeus. Nada era aceitável aeles, senão as operações normais e interiores do Espírito na convicção, regeneração e santificação. Exames foram rígidos. O seguinte é um relato pastoral típico: “Eles (os convertidos) podem evidenciar de modo claro e distinto uma obra preparatória da Lei, em todas as suas partes; sua descoberta de Cristo em Seu poder e vontade de salvá-los em particular, e em tudo adequadapara suas circunstâncias de perdição, afim de torná-los completae eternamente felizes. Eles podem mostrar seu ato de compromisso com Ele conforme Ele Se oferece no evangelho; damudança de coração; econseqüentemente, de princípios, desejos, inclinações e sentimentos que de modo perceptível se seguiram. E suas vidas e condutas, até onde posso observar por mim mesmo e pelo testemunho dos imparciais, correspondeme concordam com suas experiências”. ** Manifestações extraordinárias externas acompanhavam os avivamentos. Às vezes havia soluços e suspiros nas congregações sob a pregação da Palavra. Às vezes, pecadores convencidos do pecado, exclamavam: “Que devo fazer para ser salvo?”, àproporção que as Escrituras despertavam suas consciências. **’ Em algumas ocasiões homens caíam prostrados ao solo, até entrando num estado ' O Grande Despertamento, pág. 250. ** Ibid. pág, 131. ’** Ocorrências semelhantes são registradas sobre a obra realizado por David Brainerd entre os índios da América do Norte.
de rigidez física por algum tempo. Qual foi a atitude dos pastores diante desses acontecimentos tão inusitados? Todos, com exceção de uns poucos “fanáticos” (como eram denominados pelos pastores do avivamento), ficaram totalmente alheios aestas coisas. Ao dirigir-se às pessoas que as experimentavam, eles não ligaram para os efeitos externos. Inquiriam apenas sobre que obra interna havia sido operada em suas almas e que verdade da Palavra de Deus havia produzido essa experiência interna. Estavam convencidos de que a bênção do avivamento era uma operação interna e comum do Espírito de Deus mediante as Escrituras. As congregações eram exortadas a refrear seus impulsos de qualquer tipo de explosão ou demonstração pública, para não afastar ninguém da verdade. Mesmo assim, os pastores não proibiam totalmente estas manifestações externas, pois haviam descoberto que a verdade tinha se apoderado tanto das mentes de alguns que eles ficaram atônitos. Novamente foi compreensão inteligente daPalavra registrada nas Escrituras que os conduzia a permitir esses fenômenos. Citemos Tracy outra vez: “Não tem sido poucos dentre nós, nestes últimos sete ou oito meses, os que clamaram com grande agonia e aflição, ou com gozo inefável por motivos espirituais, no período dos trabalhos religiosos. Mas as seguintes duas coisas observaríamos em relação ao que temos visto deste fenômeno: primeiro, que estamos persuadidos que pouquíssimos entre nós - se é que houve alguns - têm clamado dessamaneira, enquanto puderam tê-loevitado sem danificar sua natureza ou desviar seus pensamentos das coisas divinas. Ao mesmo tempo, achamos que não seria correto pararmos de pregar ou retirarmos as pessoas afetadas do recinto. Segundo, que nós de nenhuma maneira consideramos aquilo que as pessoas clamam no período de adoração, ou o cair prostrados, ou o grau de gozo ou
tristeza que possa ocasionar taisefeitos no corpo,seja algum sinal de sua conversão, ao ser considerado isoladamente; e temos instruído cuidadosamente o nosso povo contra tal forma de pensar; embora ao mesmo tempo não podemos deixar de pensar que a maioria dos que têmmanifestado desse modo seus sentimentos das coisas se encontrava sob as operações do Espírito Santo ao mesmo tempo em que esses clamores se ocasionaram. Não podemos deixar de pensar também que suas experiências íntimas foram substancialmente as mesmas daqueles que foram convertidos de maneira salvadora, como esperamos, sem ter dado qualquer sinal de suaangústiaou gozo”. * Por outro lado, quando os efeitos exteriores chegavam ao excesso, eles impediram a obra do avivamento. JonathanEdwards afirmou arespeito: “Mas quando as pessoas chegaram a esse ponto, satanás se aproveitou e logo se notava de modo claro seu entrometimento em muitos casos; e grande quantidade de precauções e trabalho se tornaram necessários para evitar que muitas pessoas perdessem o controle de si mesmas”. As manifestações externas de excitação não eram identificadas como obras do Espírito S anto nem favoreciamo avivamento. Edwards descobriu entre o seu povo uma tendência de pensar acerca das aparênciasexternas,aqual lhes traziadanoespiritualmente. Ele lutou por muito tempo e de forma árdua contra tal atitude, como fizeram muitos de seus companheiros de ministério. O erro lamentável foi concluir que o alto nível alcançado nas extraordinárias manifestações exteriores era uma demonstração da profundidade da experiência espiritual interna. Quando começaram apensar que o grito era um sinal da influência graciosa do Espírito, houve um enorme prejuízo. Os * O Grande Despertamento, págs. 126-127.
olhos deles se deixaram deslumbrar pelo espetáculo exterior. Edwards levou longos anos de pesado labor para mostrar que as excitações externas de modo algum são prova de uma experiência espiritual interna. É óbvio que existem comparações com o pentecostalismo moderno. Nele se aceitam e se buscam, ansiosamente, revelações além da Palavra de Deus. Sua doutrina distintiva consiste em que um dom externo evidencia uma graça intema. O pentecostalismo promove as mesmas atitudes e opiniões que Edwards e outros se sentiram obrigados a combater para que o verdadeiro avi vamento prosseguisse. O pentecostalismo é atualmente o maior aliado da idéia que um homem pode ser guiado por impulsos e edificado semumacomunicação da verdade objetiva da Palavra de Deus. Agora não estamos experimentando um avi vamento. T odavia a grande maioria de pessoas na Igreja tem sido mal orientada com respeito aos assuntos básicos da verdade, arevelaçãoeanecessidade indispensável da verdade bíblicaparaumaexperiênciano Espírito. O pentecostalismo é o movimento que mais tem contribuído para criar esse lamentável estado de coisas. Se os avivamentos cessassem quando os homens começam a identificar a graça interna com uma excitação externa, se os avivamentos fossem estorvados mediante a apresentação de relatos de revelações, se os avivamentos decaíssem quando a excessiva atenção à excitação externa desvia a atenção da verdade objetiva da Palavra de Deus, então, como podem surgir os avivamentos quando essas condições prevalecem nalgreja? T alvez a destruição dos princípios errôneos do pentecostalismo sej a o mais necessário prelúdio a um genuíno avi vamento. Qualquer intensificação da operação do Espírito entraria logo em dificuldades, posto que poucos pastores podem ser encontrados que sustentam a absoluta e
iiivariável necessidade de entender a doutrina da Palavra de Deus como pré-requisito para que uma alma receba a obra da graça do Espírito. Poucos, atualmente, se levantam para defender a autoridade única e suficiência das Escrituras. Como poderia ser mantido um avivamento sobre o único caminho no qual o Espírito opera, o das palavras de Cristo (João 6:63)? E verdade que alguns santos do passado se referiam ao despertar de um avivamento como “pentecoste”. Mas os mesmos homens se horrorizavam perante as reivindicações de outros no campo das revelações e dos milagres. Tampouco pensavam eles que seus avivamentos fossem outra coisa diferente de um suprimento maior da mesma graça e do mesmo poder do Espírito que eles sempre haviam recebido em suas igrejas. Após os avivamentos, os cristãos não se encontravam numa categoria mais elevada do que aqueles que iiunca os haviam experimentado. Não se tratava de uma segunda obra da graça. Nem tampouco foi uma repetição daquela ocasião histórica c única na qual o Espírito foi entregue como algo novo à Igrej a. Se estes mesmos homens vivessem hoje, repudiariam, por certo, seu próprio uso do termo “pentecoste” para descrever uma avivamento. No contexto dos tempos atuais se buscaria outro termo. Recuariam no uso da palavra “pentecoste”, temendo que alguém imaginasse que eles tinham em mente as danosas doutrinas dos “carismáticos”. Permita Deus que logo chegue o dia quando a doutrina das I iscrituras e suas implicações para a experiência sej am entendidas c abalmente na Igrej a, um dia no qual se estabeleça com firmeza que o Espírito atua internamente sobre o coração, apenas em relação com uma assimilação inteligente das palavras de Cristol Então, c| uc o Espírito Se regozije em empregar Sua santa espada uma vez
mais para acelerar, incrementar e intensificar a convicção interior do EspíritopelaPalavral Com maravilhosa esperança, a de viver numa época quando a obra interna da regeneração será efetuada sobre uma nação inteira pela Palavra! Precisamos orar para que o nosso entendimento e graças interiores sej am multiplicados mediante uma atuação intensificada do Espírito, através do meio sem o qual Ele jamais atuará, isto é, a Palavra. Nunca veremos outro pentecoste.M as talvez possamos viver para presenciar frutos maiores do único pentecoste histórico. Entretanto, não sejamos meninos tolos. Nossos corações não devem estar tão anelantes da obra do Espírito Santo mediante um avivamento nesta geração, aponto de invertermos nossos valores. “Haveis recebido o Espírito de adoção” (Rom. 8:15). Somos filhos de Deus, o Senhor. Deus pôs o Seu Espírito em nós. Sua gloriosa presença não é uma garantia de avivamento, porém da glória e do triunfo final de Cristo. Estaremos com Ele para todo o sempre. Os melhores avi vamentos passam. Mas a nós pertence estar cheios de toda a plenitude de Deus, caminhando Ele conosco e habitando em nós. Oremos mediante o Espírito pelo regresso de Cristo em grande majestade, mais do que oramos pela avivamento! Então seremos mais bíblicos. “Sim, vem, Senhor Jesus” (Apoc. 22:20). Contudo, demos graças a Deus pelo Espírito e façamos dEle um habitante de honra em nossos corações.
APÊNDICE O TESTEMUNHO DA IGREJA * * :estemui tantos ii íentes preg; res, teól , e comentadores nahistóriadalgreja, referente ao desapareciment^rctos dons miraculosos da época apostólica, constitui um^fasagVfè considerável importância, especialmente quando entre bte^iouve homens poderosamente usados pelo Espírito p :a Q^ ;sricrtament() de continentes inteiros àfé em Cristo, homens ftpMmbriaimpossível acusar de haver entristecido o Espírito S | João Crisóstomo (347j 4Cí)j;CScrcvc em seu comentário sobre dons espirituais: “Este lu^ ' £a completamente obscuro: mas a obscuridade provém danossa ignorância dos fatos referidos e por sua cessação, serfdeCme-es que então ocorriam, agora já não acontecem’’^ ‘‘HÊmm^s sobre 1 Coríntios”, vol. XII - Os Pais Nicenos e IMs^whsenos).
n ho (354-430 d.C.) escreve: “No período primitivo, o i Santo caiu sobre os que criam: e falavam em línguas q jaffl ais haviam aprendido, “como o Espírito Santo lhes concedia que raiassem . eram sinais aaapiaaos a essa epoca. rrecisava naver aquela evidência do Espírito Santo em todas as línguas, mostrando ’ O conteúdo desse apêndice foi fornecido pelo meu amigo, Geoffrey Thomas, ministro da Igreja Batista de Alfred Place, Aberystwyth, Gales, a quem sou devedor.
que o evangelho de Deus havia de correr através de todas as línguas sobre toda a terra. Aquilo foi feito com evidência e então passou” (“Dez Homilias sobre a Primeira Epístola de João, vol. VII. Os Pais Nicenos e Pós-Nicenos, vol. VI, 10). Thomas Watson escreve em 1660: “com plena certeza, há tanta necessidade de ordenações hoje como nos tempos de Cristo e dos apóstolos, já que naquele período havia dons extraordinários na Igrejaque atualmente cessaram” (AsBem-aventuranças, pág. 14). John Owenescrewe em 1679: “Os dons que por sua própria natureza excedem a plenitude do poder de todas as nossas faculdades, há muito tempo cessaram nesta dispensação do Espírito e onde quer que alguém atualmente tenha pretensão ao mesmo, tal pretensão justamentepode ser vista com suspeita como engano farsante^Oèras, vol. IV, pág. 518). Matthew Henry escreve em 13 de Julho de 1712: “O dom de 1ínguas foi um novo produto do espírito de profecia e era outorgado por uma razão particular, para que, apaliçadajudaica sendo removida, todas as nações pudessem ser incluídas nalgreja. Estes e outros dons de profecia, sendo um sinal, há muito cessaram e foram postos de lado e não temos motivo algum para esperar que revivam; mas, pelo contrário, nos é ordenado considerar às Escrituras a palavra profética mais segura, mais segura que vozes do céu: e a elas é que temos a exortação de estar atentos, esquadrinhá-las e retê-las, (2 Ped. 1:19)” (Prefácio ao vol. IV de sua Exposição do Velho e Novo Testamentos).
Jonathan Edw ards escreve em 1738 que os dons extraordinários “foram dados para fundamentar e estabelecer algrej a no mundo. Mas uma vez que o cânon das Escrituras foi completado e a Igreja Cristã plenamente fundada e estabelecida, esses dons extraordinários cessaram” (Caridade e Seus Frutos, pág. 29). George Whitefield, devido a seu freqüente testemunho sobre a Pessoa e o poder do Espírito de Deus, foi acusado de ‘‘entusiasmo”, por parte de alguns líderes eclesiásticos e se lhe atribuiu a crença de que os dons carismáticos e apostólicos haviam sido revividos. Esta crençafoi negada firmemente por Whitefield: “Nuncapretendi possuir essas operações extraordinárias de fazer milagres ou de falar em línguas” (Resposta ao bispo de Londres -Obras, vol. IV, pág. 9). Por falar em não distinguir a obra ordinária da extraordinária do Espírito e por considerar que ambas haviam cessado, ele culpa o bispo e o clero de Lichfield e Coventry, “os quais consideram a habitação interior do Espírito seu testemunho interno, apregação e a oração pelo Espírito, entre os dons carismáticos, os dons miraculosos conferidos àlgrej a Primitiva, os quais hámui to tempo deixaram de existir’’(Segunda carta ao bispo de Londres - “Obras”, vol. IV, pág. 167). Os amigos de W hitefield também o defenderam da mesma falsa acusação. Joseph Smith, por exemplo, pastor congregacional em Carolina do Sul, declarou arespeito do evangelista inglês: “Elerenunciou qualquer pretensão de possuir os poderes extraordinários e sinais de apostolicidade, peculiares àépoca da inspiração e extintos com ela” (Prefácio a Sermões sobre Assuntos Importantes, George Whitefield, 1825,cáp.25).
James Buchanan escreve em 1843: “Os dons milagrosos do Espírito há muito tempo foram retirados. Foram usados para cumprir um propósito temporário. Foram empregados como andaime que Deus empregou para construção de um templo espiritual. Quando o andaime não era mais necessário, foi removido, mas o templo ainda permanece de pé e é habitado pelo Espírito, porquanto “Não sabeis que sois templo de Deus, e que o Espírito de Deus mora em vós” - 1 Cor. 3:16 (O Ofício e a Obra do Espírito Santo, pág. 34). Charles Haddon Spurgeon em vários sermões apresenta este mesmo ponto de vista. “Os apóstolos, pregava ele, foram homens escolhidos como testemunhas porque pessoalmente haviam visto o Salvador, um ofício que necessariam ente desaparece, e apropriadamente, porque o poder miraculoso também se retira” (PúlpitodoTabernáculoMetropolitano, 1871,vol. 17, pág. 178). Novamente: “Ainda que não possamos esperar nem necessitamos desejar os milagres que acompanharam o dom do Espírito Santo, no aspecto físico, ainda podemos, no entanto, desej ar e esperar o que foi tencionado através deles e podemos confiar que veremos semelhantes maravilhas espirituais operadas entre nós nestes dias” ( Idem, 1881, vol. 27, pág. 521). E outra vez: “As obras do Espírito S an to que hoj e são concedidas à Igrej a de Deus são em todo o sentido tão valiosas como aqueles dons milagrosos anteriores que desapareceram de nossa presença. A operação do Espírito Santo, mediante a qual se concede a vida aos homens mortos em seus pecados, não é inferior ao poder que capacitou os homens afalarem em línguas’’(Idem, 1884, vol. 30, pág. 386).
Robert Dabney escreve em 1876 que logo que a Igreja Primitiva foi estabelecida “já não existia a mesma necessidade de “sinais” sobrenaturais e Deus, que não costuma dissipar Seus expedientes, as retirou. Desdeentão, algrejateriade conquistar afé do mundo mediante seu exemplo e o ensino apenas, fortalecida pela iluminação do Espírito Santo. Finalmente, os milagres, se fossem transformados em ocorrência comum, deixariam de ser milagres e seriam considerados pelos homens como fato corriqueiro’’(‘‘APrelazia, um erro”-Discussões Evangélicas e Teológicas, vol. 2, págs. 236 237). George Smeaton escreve em 1882: “Os dons sobrenaturais ou extraordinários foram temporais e haviam de desaparecer quando a Igrejaestivesse fundadae ocânon inspirado das Escrituras concluído, pois eles foram uma prova externa de uma inspiração interna” (A Doutrina do Espírito Santo, pág. 51). Abraham Kuyper escreve em 1888: “Muitos dos dons carismáticos, outorgados à Igreja apostólica, não são de utilidade paraaIgrejahoje”(A Obrado Espírito Santo,&à. ing. de 1900,pág. 182). W. G. T. Shedd escreve também em 1888: “Os dons sobrenaturais de inspiração e milagres que os apóstolos possuíram não continuaram com os seus sucessores ministeriais, postoquejánão eram mais necessários. Todas as doutrinas do cristianismo haviam sido reveladas aos apóstolos e entregues à Igreja de forma escrita. Não havia mais necessidade de uma inspiração infalível posterior.
E as credenciais e autoridade conferidas aos primeiros pregadores do cristianismo através de atos milagrosos, não exigiam repetição contínua de umaépoca a outra. Um período de milagres devidamente autentica dos é suficiente para estabelecer a origem divina do evangelho. Num tribunal humano, não é necessária uma séria indefi nida de testemunhas. ‘‘Por boca de duas ou três testemunhas”, os fatos se estabelecem. O caso que foi decidido não será reaberto”(Teologia Dogmática, vol. II, 369). Benjamin B. Warfield escreve em 1918: “Estes dons não foram possuídos pelo cristão da Igrej a Primitiva como tal, nem pela Igreja apostólica ou a era apostólica por si mesmas; tais dons foram distintivamente a autenticação dos apóstolos. Constituíram parte das credenciais dos apóstolos em sua qualidade de agentes autorizados de Deus para fundar a Igrej a. Sua função, portanto, os delimitou à Igrej a apostólica, de maneira distintiva, e necessariamente desapareceram com ela” (Milagres Falsos, pág. 6). Arthur W. Pink escreve num livro que apareceu em 1970: “Assim como houve ofícios extraordinários (apóstolos e profetas) no início da nossadispensação, também houve c/o/i.y extraordinários; e como não houve sucessores designados para esses ofícios extraordinários, tampouco houve intenção de continuar esses dons extraordinários. Os dons dependiam dos ofício s. Não temos mais os apóstolos conosco e por conseguinte os dons sobrenaturais, a comunicação dos quais constitui parte essencial dos “sinais de um apóstolo” (2 Cor. 12:12), estão ausentes” (O Espírito Santo, pág. 179).
BIBLIOGRAFIA The Office and Work o f the Holy Spirit - James Buchanan A Theology o f the Holy Spirit - Frederick D. Bruner A Narrative o f Surprising Conversions; Charity and its Fruits -Jonathan Edwards A Discourse Concerning the Holy Spirit, etc; Works, Vols. 3 e 4 -Jo h n Owen Holiness - J. C. Ryle The Doctrine o f the Holy Spirit - George Smeaton Notes on the Miracles o f our Lord - Richard C. Trench Spiritual Gifts in the Apostolic Church - Rowland S. Ward Counterfeit Miracles - B. B. Warfield The Work o f the Holy S p irit- Octavius Winslow
OUTRA LEITURA INDICADA Santidade - J. C. Ryle A Teologia do Espírito Santo - Frederick D. Bruner Crer E Também Pensar - John Stott O Batismo e a Plenitude do Espírito Santo - John Stott