Rio de Janeiro - Primavera/2014 1ª edição
© 2014 by Sonia da Palma 1ª edição setembro 2014 Direitos desta edição reservados à semente editorial ltda. Av. José Maria Gonçalves, 38 – Patrimônio da Penha 29590-000 Divino de São Lourenço/ES Tel.: (28) 3551.1912 Rua Soriano de Souza, 55 casa 1 – Tijuca 20511-180 Rio de Janeiro/RJ Tel.: (21) 2567.2777 (21) 98207.8535 contato@sementeeditorial.com.br www.sementeeditorial.com.br Produção Editorial: Estúdio Tangerina Preparação de Originais: Mirian Cavalcanti Revisão: Mirian Cavalcanti e Raisa Korovaeff Projeto Gráfico, Capa e Diagramação: Lara Kouzmin-Korovaeff Ilustração da Capa: Shutterstock / Child Holding Big Heart Editora Responsável: Lara Kouzmin-Korovaeff P171c Palma, Sonia da Canção para meu bebê : música, PNL e coaching na gestação / Sonia da Palma. - 1. ed. - Rio de Janeiro : Semente Editorial, 2014. 132 p. ; 21 cm ISBN 978-85-63546-22-7 1. Gravidez - Canções e música. 2. Música e criança. 3. Música. I. Título. .
CDD: 618
Agradecimento a Deus pela vida, pela família amada, pelos amigos de cá e de lá e pela oportunidade de aprender a cada dia.
Dedico a Daisy e Antonio, meus pais amados, com eterna gratidão por tudo que me ensinaram. A Elen, Ana Cristina e Adriana, filhas tão esperadas e amadas que vieram, como amigas, enfeitar minha existência. A Zezinho, meu esposo querido, pelo sorriso que trouxe ao dia a dia. Aos pequeninos que chegaram um a um com o sol, as estrelas, a lua e o cheirinho doce da infância com seus olhinhos brilhantes, a ingenuidade nas suas falas
“A vida é construída nos sonhos e concretizada no amor.” Francisco Cândido Xavier
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Esta conversa diferente certamente aconteceria se déssemos voz ao pequenino ser que inicia sua jornada com cerca de um milímetro. Claro que poderá ter já de início um milímetro e meio, mas que diferença isso faz, não é? Ter voz, expressar suas vontades, sentimentos, anseios, dúvidas; tudo tão fundamental para cada ser humano... Nossa conversa com mamãe e papai aqui se inicia. Você vai cuidar, nutrir, fazer mil coisas, mas tem que se cuidar. • Em primeiro lugar: Estar feliz! • Em segundo lugar: Descobrir os valores que são essenciais em sua vida. • Em terceiro lugar: Formar e fortalecer o vínculo na comunicação com o bebê, através de palavras, brincadeiras, música.
A solução para os problemas do mundo não se dará através de uma receita mágica, do toque de uma varinha de condão, do beijo em um sapo que se transforma em príncipe nem através do sapatinho de cristal que nos levará ao palácio para ouvirmos a frase: “E foram felizes para sempre...”. Será? O coelhinho da Páscoa, o Papai Noel, os príncipes encantados fazem parte do nosso museu de crenças antigas. Estão em nossas memórias, mas não nos influenciam mais, ainda que, como todos os seres humanos, queiramos afeto, carinho, valorização. A solução para os problemas do mundo está, de forma definitiva, nos cuidados ofertados a uma sementinha que inicia sua trajetória no mundo com um tamanho que varia entre um milímetro e um milímetro e meio no seu primeiro dia pós-ovulação.
Tenho três filhas: Elen, Ana Cristina e Adriana. A diferença de idade da Elen para Ana é de 1 ano e 23 dias. Da Ana Cristina para Adriana é de 1 ano, 6 meses e 16 dias. O conhecimento que tenho hoje, não tinha naquela ocasião e vejo agora oportunidades que poderiam ter sido aproveitadas de forma melhor, mais alegre, sem culpa (palavra essa que deve ser banida de nosso vocabulário). Assim, são esses alguns dos tópicos que estaremos desenvolvendo em nossa conversa. • Como fazer para auxiliar no desenvolvimento efetivo daqueles que nos chegam como filhos? • Como trabalhar em mim emoções e sentimentos, por diversas vezes, contraditórios? • Como e o que cantar para o meu bebê? • Como estar presente na vida de meu filho? • Qual a receita correta de uma boa educação? Mas, inicialmente, reflitamos com Michael Jackson, na música Heal the world:
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... Heal the world Make it a better place For you and for me And the entire human race... ...If you care enough for the living Make a better place...
... Cure o mundo Faça dele um lugar melhor Para você e para mim E toda a raça humana... ...Se você se importa o suficiente com a vida Faça dele um lugar melhor...
Se queremos uma humanidade melhor, mais feliz, reflitamos: é no lar, no aconchego de quatro paredes, que a felicidade é construída.
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Nosso trabalho visa contribuir com a mãe na organização de pensamento e ideias e no alcance de metas. Orientar a mãe gestante para que ela esteja física, psíquica e emocionalmente capacitada para sua responsabilidade perante aquele que lhe chega como filho, auxiliando-o no desenvolvimento de suas potencialidades a fim de tornar-se um cidadão independente e feliz, contribuindo, assim, para a sociedade na qual estiver inserido. Mas o principal objetivo deste trabalho é apresentar a funcionalidade da música na gestação e pós-parto. Na fase intrauterina, o bebê já convive com sons ambientes provocados pelo corpo da mãe: o sangue fluindo nas veias, a cadência da respiração materna, e até a movimentação dos intestinos. Nesse período, a voz materna é material sonoro especial, é a referência afetiva para ele.
Assim, no planejamento necessário para a chegada do bebê, voltamo-nos para o bem-estar da mãe e o fortalecimento dos laços afetivos entre ambos através da música. Há músicas de diversos estilos, para diversos momentos, para diversas faixas etárias, e nosso enfoque principal é a música cantada pela mãe para seu bebê, possibilitando e levando a ele bem-estar. A utilização da música durante a gestação e no pós-parto contribui, positivamente, com variadas possibilidades. Do ponto de vista da mãe: • • • •
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Aflorar sentimentos; Controlar o estresse; Desenvolver afetividade com o bebê; Auxiliar na formação do vínculo mãe-bebê enquanto comunicação pré-verbal, retomando ou reestruturando essa via de comunicação; Conhecer e desenvolver a musicalidade da díade gestante/bebê; Criar pequenas composições musicais para o bebê; Aliviar as tensões através de exercícios de relaxamento; Realizar exercícios que a auxiliem a estar centrada em sua zona de excelência interior; Melhorar o estado de ânimo da gestante.
Do ponto de vista do bebê: • Fortalecer os laços afetivos com a mãe; • Desenvolver musicalidade; 20
• Desenvolver criatividade; • Auxiliar no desenvolvimento de sons e fonemas da língua falada; • Preservar a qualidade das vivências sonoras; • Propiciar, de forma afetuosa, através das notas musicais, o aconchego no regaço materno e paterno.
Em 2006, no ICEB, (Instituto de Cultura Espírita do Brasil), falei com o doutor Jorge Andréa, psiquiatra renomado, autor de diversas obras, sobre a proposta do trabalho. E pedi que dissesse algumas palavras para as mães e pais leitores de Canção para Meu Bebê. “No universo existem coisas incompreensíveis; no universo de cada indivíduo, no universo da família, todos os processos que conduzem ao bem devem buscar elementos absolutamente construtivos, porque é um componente de paz e uma ajuda à própria evolução. Não podemos deixar de pensar numa posição diferente dessa. Por maiores que sejam os desânimos, os gritos aflitos, temos que procurar um norte, e o nosso norte é Jesus, pelo que se mostrou nas condições de amor. Todos os pensadores maiores, os grandes representantes de Jesus na Terra, falaram da força do amor. Um dos grandes indivíduos que compreenderam Jesus foi Ghandi, que diz: 'o amor de um indivíduo pode neutralizar o ódio de milhões'. Isso mostra a força do amor, e, se vem com as
notas musicais, isso é um aconchego.”
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“A vida deu-me um tesouro imensurável Que brotou no coração Quando ao saber da tua chegada Que doce emoção! Seguirei a embalar Com as canções que vêm do rio; Seguirei a embalar, Como a brisa tão suave Que vem me beijar. Seguirei a embalar Com as canções dos passarinhos; Seguirei a embalar No abençoado alvorecer, No sagrado anoitecer. Tua presença em minha vida agradecer Pondo flores no caminho que pisar, Sendo a mão amiga a te guiar No abençoado alvorecer, No sagrado anoitecer Tua presença em minha vida agradecer.”
Dr. Tooru Kumon
Essa frase traduz a importância da música. Para quem nunca ouviu falar de seu autor, vamos à apresentação: Tooru Kumon, professor de Matemática na Universidade de Kyoto, no Japão. Seu filho estava com 8 anos, quando sua esposa pediu-lhe que auxiliasse a criança, que não estava indo bem em Matemática. O doutor Kumon, então, primeiramente, reuniu o conteúdo da matemática e retirou toda parte teórica, deixando apenas os cálculos, que iam até integral e derivada, conteúdo necessário para ingressar na universidade. Em seguida, preparou exercícios em folhas de caderno pequenas, com repetições, a fim de que ele realmente aprendesse. Começou em um ponto em que ele teria muita facilidade para tomar o gosto da vitória, até superar a série escolar em que estava.
Com sabedoria oriental, amor paterno e competência profissional, criou um método para o filho, método esse que, hoje, está sendo adotado em vários países. No Japão, o método Kumon começa a ser trabalhado já na fase intrauterina, após o 6º mês de gestação, quando o bebê, todo formado, recebe estímulos para as sinapses através do exercício que a mãe realiza. Após nascer, a partir do 6º mês já pode frequentar a unidade onde a aula se desenvolve, fortalecendo o vínculo afetivo entre mãe e filho através da música. Há alguns anos, iniciei o trabalho de música para bebês, sem grandes pretensões. O que me encantou sempre foi todo o processo de criação.
“Eu vi a mulher preparando outra pessoa O tempo parou para eu olhar para aquela barriga.” Força Estranha – Caetano Veloso
Toda magia, realizada normalmente de forma inconsciente — apesar do tanto de explicação do quando e como, além do auxílio in vitro — para mim é maravilhosa, fantástica, linda, divina. Com a batida do coração, o bebê sente o ritmo que lhe traz conforto. Por isso, ao acalentarmos um bebê, aconchegando-o ao peito, sente ele a vibração e o ritmo compassado que lhe trazem calma, por remetê-lo 24
ao período em que estava no útero, protegido e aconchegado. Com a canção com a qual embalamos o bebê, falamos com ele, e ele vai nos responder assim que tiver condições para tal. Eu sou uma avó que não fiz nenhum sapatinho de tricô ou crochê, pois não tenho muitas habilidades manuais (embora valorize tremendamente quem tenha), mas cada neto meu tem sua música; no mínimo, uma. O interessante é que a música traz algo da criança que ali está chegando. Dos netos, aqueles que mais aproveitaram as músicas foram aqueles cuja mãe cantou e trabalhou com eles. Não é um trabalho para o bebê ouvir o CD: é para a mamãe cantar com o bebê. É nela que está a chave. É em você, mamãe, que está a possibilidade de transformação do mundo.
“Dia das Mães! É o dia da bondade maior que todo o mal da humanidade, purificada num amor fecundo. Por mais que o homem seja um ser mesquinho, enquanto a Mãe cantar junto a um bercinho cantará a esperança para o mundo!” Giuseppe Ghiaroni, poeta e jornalista
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A mãe que canta junto ao berço de seu filho é aquela que dá a ele segurança, transforma seu amor em aconchego através das notas musicais. Não há quem substitua melhor a mãe ao lado de seu filho. O núcleo familiar que se forma muitas das vezes apenas com mãe e filho, ou pai e filho, é de extrema importância para o desenvolvimento de uma sociedade mais plena, organizada e feliz. Meu neto Pietro foi muito estimulado durante a gestação. Minha filha cantava para ele sua música: “Pietro, querido Pietro, Pietro, Quando o sol aparece no céu, Agradeço a Papai do Céu por ti. Querido Pietro, Pietro, Pietro, Quando as estrelas estão lá no céu, Agradeço a Papai do Céu por ti. Querido Pietro, Pietro, Pietro.” O desenvolvimento de sua linguagem deu-se com grande facilidade, sem troca de fonemas. Quanto ao desenvolvimento da musicalidade e da criatividade, houve o telefonema de minha filha quando ele estava com pouco mais de 1 ano: “Mãe, ele está cantando as duas notas da música. Eu canto para ele: Cadê, cadê? E ele canta em resposta 'pa-pai'.”
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Passaram-se dois meses. “Mãe, ele agora está criando em cima da música. Eu canto para ele: Cadê, cadê? E ele canta em resposta: 'mã-mã'. Ou então: 'Cá-cá' (Cláudia, a moça que tomava conta dele). No dia do aniversário da priminha que completava 1 ano, ele estava com 2 anos e 7 meses. O bolo do aniversário tinha uma vela em formato de abelha, já que a festa era um jardim cheio de abelhinhas. Ele estava em meu colo e, do nada, comentou: “A abelha está sorridente em cima do bolo”. Eu achei muito interessante, porque nem eu havia percebido o sorriso da abelhinha que estava em cima do bolo, como ele havia comentado. O estímulo dado através da música da faixa etária que lhe é própria desenvolveu a curiosidade, o vocabulário, não só em relação à música, mas em diversos setores. O gosto pela música é eclético. E quando queria o aconchego pedia: “Mãe, canta Pietro querido?”. Meu neto Miguel gosta muito de sua música. A letra da música assim fala: “Miguel, traz um recado do céu: Vim conviver. Vim para amar. Vim para com vocês ficar. Papai, mamãe, irmão, formamos uma linda família, unidos num só coração, vivendo em harmonia”. Ao acabar de completar 1 ano, reforçava a segunda parte: “Papá, papá, papá”. Depois começou a mudar: “Mamã, mamã, mamã”. Passou um tempinho e mudou para o irmão, Pie27
tro, a quem ele chama “Pépé”. Como ele canta nas notas certinhas, todos ficam encantados pela exatidão do ritmo e altura. Minha filha costumava cantar Frère Jacques e, por volta dos 16 meses, ele pedia para ela cantar, balbuciando a melodia. Antes de completar 2 anos, começou a acompanhar o CD que tocava Let it be. Naturalmente ele só cantava o “Abi”, mas novamente todos se encantavam e achavam muita graça por ele cantar no tom exato na hora do refrão da música. É importante ressaltar que a alegria que se demonstra pelas conquistas que vão sendo realizadas pela criança desenvolvem nela o sentimento de aceitação, autoconfiança. O trabalho da música com os bebês traz benefícios desde a fase intrauterina: • • • •
fortalece os laços afetivos com a mãe; desenvolve musicalidade; desenvolve criatividade; auxilia no desenvolvimento de sons e fonemas.
Dalai Lama assim falou: “Cérebros brilhantes também podem produzir grandes sofrimentos. É preciso educar os corações.” 28
Todo processo de educação de nossos filhos passa pela nossa educação. Se quero que a criança não grite, não posso gritar para ela parar de gritar; tenho que falar baixo. Se quero um filho atencioso, preciso ser atenciosa com ele, para que ele veja como fazer, como agir, para que ele tenha um referencial. Mais uma vez, reflitamos com Dalai Lama: “Se a criança não recebe a devida atenção, em geral, quando adulta, tem dificuldade de amar seus semelhantes.” Enquanto a música e a linguagem podem ser cognitiva e neuralmente distintas em adultos, Brandt, da The Shepherd School of Music, sugere que a linguagem é simplesmente um subconjunto da música, do ponto de vista de uma criança. “Enquanto as pessoas concentram-se principalmente sobre o significado da fala, os bebês começam por ouvir a linguagem como ‘uma performance vocal intencional e frequentemente repetitiva’. Eles a ouvem, não só por seu conteúdo emocional, mas também por seus padrões rítmicos e fonêmicos e consistências. O significado das palavras vem depois.”
A interação mãe e filho vai gradativamente sendo desenvolvida com os balbuciados diários, os sorrisos e as brincadeiras. 29
Miguel, meu neto menor, com 1 ano e 10 meses fala várias palavrinhas. Todas vão dentro de uma sonoridade, de um ritmo, de uma cadência. Com um ano e meio foi para a creche. Após seu primeiro dia, chegou em casa cantando: “ti-ti-a! ti-ti-a!” Gosta muito de uva. Quando pede é cantando: “u-va.” Identificando suas coisas, fala em alto e bom som: “mi-nha.” Ele passou alguns dias em minha casa e durante o café da manhã ele apontava para o bolo e falava: “bo”. E eu completava: “lo”. Ficamos assim por algum tempinho. Nessas brincadeiras a criança sente-se parte do processo de comunicação, valorizada e integrada.
É no dia a dia que fortalecemos a aprendizagem de tudo e qualquer coisa. Outra característica sua é cantar para dormir. A música na hora do sono é tão importante que se o pai ou a mãe não estiverem ao seu lado para cantar ele mesmo canta, e faz a coreografia de acordo com a música. O interessante é o pot-pourri que é feito: começa com uma e logo vai emendando com outras. Esse aconchego, chamego entre pais e filhos, avós e netos me fez recordar Larinha, minha neta mais velha. “Vó, canta a música da abóbora.” Eu não sabia qual era porque quem cantava para ela essa música era a outra avó. E perguntei: “Como é a música
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da abóbora?” E ela cantou: “De abóbora faz melão de melão faz melancia.” Xodó, chamego. Carinho, aconchego em notas musicais. Como disse doutor Tooru Kumon “Tudo deveria começar com uma canção.”
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