Rô e Lili Maria Elaine Altoe Ilustração . Fran Junqueira
Divino de São Lourenço / ES, 1ª edição, outono de 2019
© 2019 by Maria Elaine Altoe 1ª edição junho/2019 Direitos desta edição reservados à semente editorial ltda. Av. José Maria Gonçalves, 38 Patrimônio da Penha - Divino de São Lourenço/ES CEP: 29590-000 Tel.: (28) 9.9963.9869 Rua Soriano de Souza, 55 casa 1 Tijuca - Rio de Janeiro/RJ 20511-180 Tel.: (21) 9.8207.8535 contato@sementeeditorial.com.br www.sementeeditorial.com.br Produção editorial: Estúdio Tangerina Projeto gráfico e direção de arte: Lara Kouzmin-Korovaeff Capa e ilustração: Fran Junqueira Assistente de ilustração: Luan Façanha Editor responsável: Lara Kouzmin-Korovaeff
CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO Bibliotecária: Flávia L. B. Ranna Castainça CRB-7: 6117 A469r Altoe, Maria Elaine Rô e Lili / Maria Elaine Altoe ; Ilustração : Fran Junqueira. - 1ª. ed. - Divino de São Lourenço, ES : Semente Editorial, 2019. 32 p. : il. ; 20 cm ISBN 978-85-63546-68-5 1. Literatura infantojuvenil. I. Título. II. Junqueira, Fran 03.05.2019
CDD: 808.899282
Dedico este livro a Rosaura Beck, onde estiver, porque amizade ĂŠ eterna.
Eram vizinhas em um bairro simples de uma cidade pequena. Seus pais eram amigos antes mesmo de serem vizinhos. Rosaura não crescia. Liliana usava óculos — quase não enxergava. 6
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Uma era como irmĂŁ para a outra, e, juntas, aprontavam todas. Subiam em ĂĄrvores, corriam, brincavam de esconder, de boneca, de chĂĄ da tarde.
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O quintal tinha atĂŠ um portĂŁo velho que unia as duas casas.
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Liliana havia se apoderado de um galpão de lenha ao lado da garagem. Lá as duas fizeram uma “casinha”. Rosaura ia todos os dias brincar com a amiga – eram “comadres”. Liliana tinha vários livros de história herdados de uns primos, mas ainda não sabia ler, então inventava pelas figuras. Rosaura adorava. Cada dia tinha história diferente, mesmo sendo os livros de sempre. Conversavam muito, e entre diversos assuntos, dois as magoavam profundamente — as dores de Rosaura e as críticas dos irmãos de Liliana.
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EntĂŁo, um dia, foram para a escola. Sentaram nas primeiras carteiras para Liliana poder enxergar o quadro-negro. Adoravam a escola.
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Liliana nĂŁo foi muito bem aceita pelas outras meninas, tinha muita dificuldade de se relacionar. Mas era Ăłtima aluna, superdedicada.
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Quando Rosaura não podia ir, Liliana levava as lições e ensinava tudo que Rô tinha perdido. Era ótima professora.
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Certo dia, no recreio, Rosaura estava com muita dor nas pernas e Liliana ajudou sua amiga a sentar em um toco perto de umas plantas altas; foi quando escutaram dois meninos falando: — Aquela grandona quatro-olhos e a aleijadinha... — disse um deles — Quem quer ser amigo delas? — disse o outro — Gostamos de garotas bonitas, né?
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Liliana ficou pรกlida e Rosaura quase chorou.
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— Fica aqui. Eu já volto — disse Liliana tirando os óculos. — Não vai se machucar, por favor. — Já estou — respondeu a menina.
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Respirou fundo, atravessou a sebe e encarou os dois: — Olá! Qual dos dois me chamou de quatro-olhos? Os dois se olharam e um apontou para o outro. Brancos! Tremiam! Lili aproximou-se, olhou nos olhos do maior — um pouco mais alto que ela — fechou um olho, e, com a mão esquerda — sim, ela também era canhota — deu um soco bem no olho do menino. O outro congelou. Ela virou-se para ele, passou-lhe uma rasteira e pulou em cima do menino caído, que chorando pedia: — Para, para, eu te dou um chocolate se você parar.
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A professora veio correndo, alertada pela gritaria: — O que está acontecendo aqui? Dois marmanjos apanhando de uma menina! Liliana, cadê seus óculos? Agora! Os três para a diretoria! A professora então ajudou Rosaura a levantar, deu os óculos para Liliana e foram para a diretoria. O sermão foi comprido. O olho do menino tratado. Rosaura contou tudo, e olhava para a amiguinha, orgulhosa por tê-la defendido.
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Em casa, Liliana ficou de castigo por uma semana, sem poder brincar e sem entender por quĂŞ. EntĂŁo aconteceu. Rosaura precisou ser internada. Ia ser operada. Todos os adultos estavam muito preocupados. Liliana sentiu-se sozinha.
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Na escola ela ficou isolada em sua carteira, pois a do lado — a da Rosaura — continuava vazia. As coleguinhas agora tinham medo dela — nem se aproximavam.
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