Maria Elaine Altoe & Fran Junqueira Texto
Ilustração
Espinafra a bruxa que virou mosquito
Divino de São Lourenço / ES, 1ªedição, verão de 2014 / 2ª reimpressão, verão de 2017.
era uma menina que se achava feia — pois diziam que ela era feia, e ela acabava se sentindo feia. Diziam também que ela era muito esquisita — e ela acabava se sentindo esquisita. Diziam que seu nome era engraçado, e ela sabia que seu nome era engraçado… Nesse caso, tudo bem: seu nome era mesmo engraçado,
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engraçado não era bem o nome dela: era o apelido. Acontece que, quando Espinafra nascera, sua avó Estela disse que sempre quisera muito ter uma neta xará. A outra avó de Espinafra, mãe do seu pai, a avó Nadir, resolveu dizer que também sempre tivera esse desejo. Nesse caso, então, para não dar briga, o avô Pimenta e o avô Francisco sugeriram que a menina tivesse um nome de cada um. Espinafra foi registrada como Estela Pimenta Nadir Francisco. E, de brincadeira, eles começaram a chamá-la Espinafra... Não tinham noção do que aquilo representaria na vida dela... mas tem muito adulto desse jeito: sem noção.
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sentia-se muito triste, solitária, e seu maior sonho era encontrar uma poção mágica para ficar bonita; assim, resolvendo ao menos uma coisa de ruim em sua vida, ela tinha esperança de que — quem sabe? — tudo pudesse mudar. Por mais que sua família dissesse que ela era bonita, amada, e por mais que tivesse tudo que queria, ou que os pais achavam que gostaria de ter — como o quarto só dela em sua casa enorme, um quarto cor-de-rosa enfeitado de rendas e frufrus — aquilo nada significava para ela. Espinafra não se sentia feliz. Por ser filha única e de dois filhos únicos, Espinafra não tinha irmãos nem primos para brincar... E, para complicar, no seu quarto só uma coisa despertava seu interesse: os livros.
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Livros de histĂłrias, livros de lugares mĂĄgicos, livros e mais livros que a envolviam suavemente em enredos que a levavam a sonhar e imaginar aventuras incrĂveis!
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tinha também um segredo para quando se sentia muito sozinha: podia fugir para uma floresta que ainda existia perto de casa... Ah... a floresta, suas árvores, pássaros, luz, cachoeiras... seu cheiro... Lá passava horas dançando, passeando, conversando com borboletas e passarinhos...
Escutava a música suave do vento nas árvores e imaginava-se uma linda princesa de conto de fadas...
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as fugidas para a floresta e seus amados livros. Outra coisa que lhe restava de bom eram as saídas com a mãe: iam fazer compras, iam ao cinema, visitavam seus avós, passeavam no parquinho...
Quando, enfim, chegou o momento de entrar para a escola, ela acreditou que algo que desejava muito passaria a fazer parte de sua vida: outras crianças...
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era diferente de todos da escola. Foi, logo, a primeira coisa que notou... Mais alta, mais gordinha... diferente na maneira de se vestir... no jeito de falar... pois até já sabia ler!!!
Por causa disso — de já saber ler quando entrou para a escola —, a professora não permitia que ela abrisse a boca em aula, porque ia acabar atrapalhando os outros colegas que ainda estavam aprendendo... E assim Espinafra acabou ficando ainda mais calada e isolada do que era antes.
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já desanimada, ela procurou na internet uma poção mágica para ficar bonita. E não encontrou. Procurou, então, algum livro de poções que estivesse à venda. E encontrou. Bem, quando o livro chegou, Espinafra viu que lá havia uma poção milagrosa que...
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sem que os pais percebessem, ela começou a separar todos os ingredientes. Andou pela cozinha, pelo jardim; visitou a vizinha, dona do gatinho Mingau; e chegou até a ir à floresta, onde havia pássaros e uma fonte de água pura.
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estava tão feliz dormindo abraçada ao seu gansinho amarelo,
que chegou a sonhar que
passava a poção e ficava linda como uma modelo de revista... No sonho, até pensou em adotar o apelido de Espi, ou então de Nafra ... ou podia ser Pina...
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depois que os pais saíram pra trabalhar, Espinafra foi direto para o caldeirão que a mãe usava para fazer sopa, e começou a preparar a poção: 1 pitada de cravo... 1 pitada de canela... 1 litro de água de fonte... 200g de pétalas de rosas amarelas... 200g de pétalas de jasmim branco... 200g de raiz de inhame ralado... 20g de pelo de gatinho fofo branquinho, apanhado em almofada... 1 pena azul, cintilante, de asa de beija-flor, encontrada em jardim... 5g de pó de teia de aranha negra do Cairo... Huumm... esse fora o único ingrediente que não conseguira mesmo encontrar... procurara, procurara... — Puxa vida... — disse ela — ... e agora? Mas lembrou que uma aranha negra tinha feito uma teia linda na varanda dos fundos, e correu pra lá e catou toda a teia e colocou na poção mágica, que começou a ferver, rapidinho... 20
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Estas páginas têm o propósito de oferecer uma amostra do livro para simples degustação. Desfrute!
© 2014 by M aria Elaine A ltoe 1ª edição março de 2014 Direitos desta edição reservados à Semente Editorial ltda. Av. José Maria Gonçalves, 38 – Patrimônio da Penha 29.590-000 Divino de São Lourenço – ES Tel.: (28) 99999.8289 Rua Soriano de Souza, 55 casa 1 – Tijuca 20.511-180 Rio de Janeiro – RJ Tel.: (21) 98207.8535 contato@sementeeditorial.com.br www.sementeeditorial.com.br Produção Editorial: Estúdio Tangerina Preparação de Texto: Mirian Cavalcanti Revisão: Mirian Cavalcanti, Constantino Kouzmin-Korovaeff Projeto Gráfico, Diagramação e Capa: Lara Kouzmin-Korovaeff Ilustração: Fran Junqueira Editora Responsável: Lara Kouzmin-Korovaeff
A469L Altoe, Maria Elaine Espinafra, a bruxa que virou mosquito / Maria Elaine Altoe ; ilustração de Fran Junqueira. Divino de São Lourenço, ES : Semente Editorial, 2014. 32 p. : il. ; 28 cm ISBN 978-85-63546-24-1 1. Literatura infantojuvenil brasileira. I. Junqueira, Fran. II. Título. CDD: 028.5
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