Rio de Janeiro, outono / 2014 1ª edição
© 2014 by Luciana Boschi 1ª edição junho 2014 Direitos desta edição reservados à Semente Editorial ltda. Av. José Maria Gonçalves, 38 – Patrimônio da Penha 29.590-000 Divino de São Lourenço-ES Tel.: (28) 3551.1912 Rua Soriano de Souza, 55 casa 1 – Tijuca 20.511-180 Rio de Janeiro/RJ Tel.: (21) 98207.8535 contato@sementeeditorial.com.br www.sementeeditorial.com.br Produção Editorial: Estúdio Tangerina Preparação de Texto: Constantino Kouzmin-Korovaeff Revisão: Mirian Cavalcanti, Tania Cavalcanti Projeto Gráfico, Capa e Diagramação: Lara Kouzmin-Korovaeff Editora Responsável: Lara Kouzmin-Korovaeff
B742g Boschi, Luciana Grafologia e profissões : orientação vocacional através da escrita / Luciana Boschi. - 1. ed. - Divino de São Lourenço, ES : Semente Editorial, 2014. 136 p. ; 23 cm. ISBN 978-85-63546-25-8 1. Grafologia - Orientação profissional. I. Título CDD: 155.282
A meu pai Henrique (in memoriam), que sempre – e de forma incansável – me mostrou o caminho e a quem devo tudo o que sou. À minha mãe Maria Léa (in memoriam), com quem compartilhei e comemorei todas as minhas vitórias e conquistas, e que para sempre será um exemplo de amor, firmeza e coragem diante das adversidades. Á minha filha Paola, como exemplo de realização, e a quem desejo que minha história seja uma fonte de inspiração.
Agradecimentos
Em primeiro lugar agradeço a Deus, por me possibilitar encontrar tempo, inspiração e energia para dedicar-me a mais este projeto de vida. À minha mãe Maria Lea (in memoriam), pelos eternos e inspiradores ensinamentos, e pela riqueza de exemplos que me proporcionou e que me permitiram usufruir de sua enorme sabedoria para chegar tão longe. À minha filha Paola, por todo o tempo roubado de sua atenção e carinho, que são minha fonte de inspiração. A todos os profissionais e empresas que se interessaram por conhecer este projeto, dispondo-se a participar e disponibilizando materiais para consulta e pesquisa. A todos os meus alunos, com quem sempre compartilho assuntos como grafologia, habilidades, competências e os papéis dos profissionais nas organizações. E, por fim, a todos os meus amigos que sempre me incentivaram, acreditaram no meu potencial e, vindo a fazer parte deles, honraram meu trabalho e minha história.
Sumário
Palavras da autora......................................................................11 Prefácio........................................................................................15 Introdução...................................................................................17 Talento Vocação Competências Uma ponte para o futuro
Capítulo 1 - Grafologia, a chave para a personalidade........23 Capítulo 2 - Aplicação da redação...........................................29
Tema livre
Papel sem pauta
Assinaturas
Capítulo 3 - Manifestações comportamentais.........................33 Capítulo 4 - As Profissões e suas escritas.................................37 Capítulo 5 - Orientação profissional através da escrita........115
Geração Y
Relacionamento interpessoal
Case
Capítulo 6 – Profissões em alta nos próximos anos..............125 Capítulo 7 - Considerações finais...........................................129 Resumé......................................................................................133 Bibliografia.................................................................................135
Palavras da autora
Com o objetivo de trazer ao leitor o que ocorre no mundo e seus reflexos nos campos da educação e do trabalho e nas organizações, decidi reunir material de pesquisa para publicar esta obra. A grafologia é a análise da personalidade e do caráter observada na escrita. Neste sentido, seu campo de aplicação revela-se infinito, pois tudo que envolve o comportamento humano pode ser subsidiado por ela. Um arquiteto, ao elaborar um projeto de decoração, pode recorrer à grafologia como ferramenta de diagnóstico para ter mais informações sobre seu cliente e, assim, traçar o ambiente em harmonia com a personalidade da pessoa. Um professor pode distinguir melhor seus alunos e, pela observação mais aguçada de suas escritas, até mesmo identificar sinais de alarme na conduta de crianças e adolescentes. Um médico também pode ter uma análise clínica facilitada pela grafologia quando, ao avaliar a escrita de um paciente, identifica degenerações gráficas motivadas por doença ou disfunção orgânica (grafopatologia). Terapeutas, igualmente, têm lançado mão da ferramenta para auxiliá-los no diagnóstico de seus atendimentos, bem como advogados
e juízes recorrem a laudos grafológicos para avaliar mais a fundo a natureza de seus clientes. Nesse sentido, as pessoas, de uma maneira geral, também podem buscar se conhecer mais pela escrita (laudo individual para o autoconhecimento) e até identificar que profissão seguir, ao observar, na redação, suas habilidades e competências. Assim, a ideia de escrever este livro vem da necessidade de estudantes buscarem sua trajetória profissional, e de profissionais de RH que querem ter a grafologia como mais uma ferramenta para identificação de comportamentos e talentos relativos às ocupações organizacionais. Ao longo de mais de dez anos reuni escritas com os mais diversos significados e os mais diferentes desenhos e movimentos gráficos, transformando-as num verdadeiro acervo para pesquisa e estudo. Para ilustrar esta obra selecionei redações de pessoas, conhecidas ou não, que quiseram participar deste projeto, e tomei o cuidado para que cada escrita estivesse relacionada a uma profissão e cada um dos participantes fosse profissional de sucesso em sua área. As carreiras aqui elencadas são aquelas em alta no mercado hoje, dentre todos os cursos superiores existentes no Brasil. Entretanto, acrescentei a esta lista profissões de nível técnico e politécnico, por acreditar que existe uma grande demanda de trabalho em tais áreas.
Portanto, meu caro leitor, você tem em mãos uma gama de campos de atuação, com suas características e descrições de atividades, incluindo o perfil de habilidades e competências indicativas de como deve ser a escrita desse profissional, e um grafismo para ilustrar cada profissão.
Rio de Janeiro, outono de 2014
prefácio
Confesso ser fã incondicional da análise grafológica e, “por tabela”, da Luciana Boschi. Então, caro leitor, sou suspeita (rsrs), mas com fundamento! Trabalho com gestão de pessoas há 18 anos e desde que conheci a grafologia, esta vem sendo o teste que mais utilizo, por vários motivos: 1) Por ser um teste projetivo e não um questionário de perfil, dito “ferramenta mais moderna”, não tem como ser mascarado e nos dá uma visão completa da pessoa; 2) Não tem custo para aplicação, bastam uma caneta esferográfica e uma folha de papel; 3) Pode ser aplicado e analisado não só por psicólogos, mas por profissionais de qualquer formação. E foi por esse amor à grafologia que encontrei a Luciana quando conheci seu segundo livro, Grafologia e Competências. Apaixonei-me por seu jeito simples e objetivo de associar indicadores da grafia a aspectos da personalidade, corri ao Google e achei sua empresa... E, sete anos depois, já foram oito as turmas de Oficina de Análise Grafológica nas quais utilizamos seu primeiro livro como material didático.
Mesmo achando que Luciana não poderia me surpreender mais do que já havia feito em sua linguagem escrita (com os livros eu já conseguia até corrigir redações!!!), adorei a forma leve e descontraída com que ela ministra as oficinas. Sabe aquelas pessoas que têm tanto conhecimento do assunto que parecem estar lhe contando o capítulo da novela? E neste último livro, Luciana, como que contando histórias, amplia a visão da análise da grafia com as competências e ajuda profissionais de recursos humanos, gestores e estudantes a cumprirem os objetivos de um processo seletivo, de avaliação ou de orientação profissional: Encontrar a pessoa certa para o lugar certo !!! Seja na empresa ou na vida. Parabéns minha querida, e sucesso! Um grande beijo, Dilze Percilio Presidente da Associação Brasileira de Recursos Humanos, seccional Goiás Consultora em Atração de Talentos e Coach de Carreira
16 I Grafologia e Profissões I Luciana Boschi
Introdução
Todos os seres humanos esforçam-se incessantemente no sentido de atingir determinada meta. Muitos não têm consciência do que estão buscando, enquanto outros têm em mente um objetivo definido. Se efetivamente compreendermos a nós mesmos, veremos que o mais simples desejo é dirigido para a realização de uma necessidade discernível. E que nossa energia irá direcionar-se para onde estiver nossa atenção. A natureza competitiva do atual cenário econômico mundial dá grande ênfase à realização individual. O profissional bem-sucedido será aquele que irá empregar o máximo de esforços na consecução de seus ideais. Nem todo mundo pode ter êxito em seus esforços, mas todo mundo pode aproveitar ao máximo os próprios talentos.
q Vocação O termo vocação é bastante complexo porque se refere a algo que é construído durante toda a vida, e não por uma única escolha feita aos 17 ou 18 anos. O mundo do trabalho, o perfil das profissões e as pessoas estão sempre mudando. Por isso, não existe escolha certa para o resto da vida. O que existe é a melhor escolha para determinados momentos e condições. Para atenuar o risco de erro, deve-se levar em conta interesses e habilidades – e escolher a carreira com base nas características pessoais e do curso. O interesse por muitas atividades é característica de uma geração que se acostumou a realizar várias coisas, e todas ao mesmo tempo. Introdução I 17
Uma profissão não é apenas um meio de sobreviver – é parte de um projeto de vida. Ninguém pode garantir que terá exatamente os mesmos interesses dentro de uma ou duas décadas. Mas sempre é possível imaginar o modo de vida que mais nos agrada. E isso envolve coisas simples como: gosto mais de aprender fazendo ou estudando? Trabalho melhor só ou com outras pessoas? Tenho habilidades para liderar ou prefiro ser comandado? Ganhar dinheiro também não tem relação com uma profissão em particular. O mercado de trabalho é dinâmico e uma área de atuação pode oferecer oportunidades futuras diferentes das atuais. Trabalhar com algo de que se goste ou com que se identifique é o melhor fator de motivação para ser bem-sucedido, uma vez que se trabalhará com mais afinco e dedicação.
q Talento Talento e aptidão são, por si sós, insuficientes para uma carreira vitoriosa. Qualidades como vontade, atenção, temperamento, emotividade e capacidade de concretização são igualmente essenciais, pois fazem parte de um todo integrado. A atenção possibilita uma visão adequada da vida, regulando as reações, enquanto o temperamento é o vetor que dirige as forças genéticas em uma determinada direção, sendo responsável direto por nosso comportamento biológico e psíquico. A vontade é a expressão livre da nossa necessidade fundamental de agir. Ter vontade é ter energia e suficiente controle e domínio de si mesmo para passar da ideia clara e objetiva à realização do fim que se persegue. “Embora a inteligência resolva o problema dos meios, a vontade resolve o problema (talvez mais importante) dos fins.” (Stanley) O que a vida exige de cada um de nós é a redescoberta de nossas próprias capacidades. E a análise grafológica vai mapear o perfil po18 I Grafologia e Profissões I Luciana Boschi
tencial e revelar o talento individual de cada pessoa, sinalizando como melhor aproveitá-lo. Esse mapeamento possibilita o prognóstico de desempenho para o sucesso na profissão, a partir da identificação das potencialidades das aptidões e das possíveis áreas de atuação, de modo a resultar em eficácia na realização das funções.
q Competências Podemos definir competências como: "Conjunto de conhecimentos, habilidades, comportamentos, aptidões e talentos que possibilitam maior probabilidade de obtenção de sucesso na execução de determinadas atividades.”. Ou ainda, são “capacidades para produzir um comportamento de forma satisfatória e resultam da interação entre o saber (domínio cognitivo), o saber-fazer (domínio comportamental) e o saber-ser (domínio emocional)”. Podemos então classificar competências comportamentais como transferíveis ou intransferíveis. Competências transferíveis são aquelas que podem ser ensinadas ou transmitidas através de cursos, treinamentos e livros, ou seja, são habilidades técnicas. Podem ser desenvolvidas em determinadas situações e aplicadas noutras, quer dizer, uma mesma competência pode ser aprendida numa atividade de lazer e, depois, aplicada numa atividade escolar ou profissional. Podemos considerar transferíveis as habilidades como gestão do tempo, tecnologia da informação, comunicação oral e escrita, falar um idioma, dirigir etc. Competências intransferíveis são aquelas que já nascem com a pessoa e fazem parte da sua natureza, ou seja, são habilidades emocionais. E são elas que possibilitam maior probabilidade de sucesso na execução de determinadas atividades, sendo inerentes às características de personalidade de um indivíduo. Introdução I 19
Nesse grupo podemos identificar os tipos de relacionamentos que o indivíduo estabelece e sua flexibilidade, potencial intelectual e habilidades criadoras, raciocínio lógico versus intuitivo, níveis de liderança e ambição, capacidade de argumentação e negociação, comunicação, abertura a mudanças e facilidade para aquisição de novas competências, organização e planejamento, intuição, firmeza nos propósitos e aptidões diversas. As competências intransferíveis têm sido foco do mercado de trabalho. Antigamente, observava-se apenas a habilidade técnica do profissional, mas hoje esse quadro mudou e muitos trabalhadores, considerados exímios tecnicamente, estão sendo desligados das suas atribuições por não terem habilidades emocionais necessárias ao bom desempenho da função. Com base nessas noções podemos entender que, através da análise da escrita, é possível investigar a existência ou não das competências emocionais no repertório comportamental do profissional.
q Uma ponte para o futuro A forma particular que um indivíduo dá a determinada letra do alfabeto tem origem em diversos fatores físicos e emocionais. Por isso, cada pessoa tem seu estilo de escrita e, diante de uma mesma tarefa, irá organizar a situação a seu modo. Mapear o perfil de uma pessoa a partir de sua letra significa saber como ela é e ter razoável prognóstico de suas formas de agir, pensar e sentir, visando aliar ao local de trabalho o alcançamento de resultados e, assim, colocar em prática seus talentos e qualidades de forma mais eficaz. Nesse sentido, a análise de sua escrita nos permitirá observar suas habilidades e competências, buscando identificar em qual profissão ela poderá ter mais sucesso.
20 I Grafologia e Profissões I Luciana Boschi
Por exemplo:
Pelas características, esta estudante poderá encontrar maior satisfação e interesse em áreas administrativas e de controle, ou seja, carreiras em que possa colocar em prática análise lógica e habilidade para organizar e planejar. Para o seu sucesso profissional, atuará com maior eficácia em campos que requeiram disciplina, método, atenção e reflexão. É assim, somando pequenas preferências, que construímos uma ponte para um futuro mais feliz.
Introdução I 21
“Cada pessoa expressa-se no ambiente gráfico de forma única e individual, produzindo sinais que correspondem à sua maneira de sentir, perceber e ‘escrever’ o mundo.” Luciana Boschi
Grafologia, a chave para a personalidade
1
Você já parou para pensar que é difícil escrever e conversar ao mesmo tempo? Isso se deve ao fato de que, para escrever, é preciso raciocinar, entender e ver o que se escreve. Cada letra ou palavra é, afinal, produto do pensamento, de um ato previsto e inteligente. A transformação do pensamento (abstrato) em grafismos (concretos e visíveis) é um processo complexo que exige concentração. As letras e traços que utilizamos para escrever um texto, entretanto, não são uma criação voluntária nem individual. Dizem respeito a um conjunto de símbolos – ao escrevermos, estamos reproduzindo sinais que nos foram ensinados. Quando fomos alfabetizados, lá no jardim de infância, aprendemos aquela escrita “caligráfica", do professor primário. Mas, à medida que crescemos, amadurecemos e evoluímos, nossa escrita também vai sendo transformada e vai progredindo. Vamos nos individualizando e personalizando, adquirindo formas próprias – e com a escrita não é diferente. Isso é simples de observar. Reúna um grupo de crianças e peça-lhes para escreverem algumas linhas. Você vai observar, naturalmente, determinados tremores. Mas, mesmo sendo comuns tais traços tremidos e vacilantes – afinal, as crianças ainda não têm o controle da motricidade fina e, por isso, têm dificuldade na sustentação da caneta –, pode-se comprovar que cada uma delas, ao longo da aprendizagem da escrita, já começa a imprimir seus traços próprios, ou seja, determinadas mo-
dificações pessoais que permitirão ao professor reconhecer facilmente cada aluno pela letra. Essas modificações do modelo original e caligráfico são verdadeiros gestos inconscientes de expressão projetiva e que vão refletir a personalidade de quem escreve. Cada traço diferente que aparece em um texto vai revelar sinais daquela personalidade. E são esses sinais individuais que vão diferenciar entre si todas as pessoas do planeta. Assim como não existem duas impressões digitais iguais (cada um tem a sua), também não existem duas grafias iguais. Experimente: peça a um grupo de cinco ou seis pessoas conhecidas para escrever um texto de três linhas em um pedaço de papel, sem assinar. Você será capaz de identificar cada uma delas? Sim, será, porque não existem duas grafias iguais – cada pessoa coloca em sua escrita indicadores de um conjunto de atitudes, habilidades e comportamentos. A caligrafia é a escrita da mente; a mão apenas segura a pena e obedece ao comando do cérebro. Quando começamos a redigir um texto, estamos sendo comandados pelo nosso consciente – e, por isso, existe uma preocupação maior com a arrumação e a apresentação do texto no papel. À medida que nos envolvemos com o texto, o nosso consciente tende a relaxar e começamos, então, a ser comandados pelo nosso inconsciente. Como consequência, todos os nossos flutuantes estados de espírito são inconscientemente impressos na escrita, revelando nossas características mais particulares – aquelas que vão nos diferenciar das outras pessoas. Nesse sentido, torna-se possível verificar uma infinidade de características através da escrita. Por ela podemos observar a capacidade laboral da pessoa que escreve, ou seja, a maneira como ela trabalha: sinais de inteligência e de originalidade de ideias; se a pessoa demonstra planejamento e organização em suas tarefas; se tem boa memória ou não, além de indícios de perseverança e de ambição, que também são visíveis. Nas questões sociais é possível analisar a maneira como ela se relaciona com os que estão à sua volta: se respeita o espaço alheio ou não; se é intuiti24 I Grafologia e Profissões I Luciana Boschi
va; se é realista ou sonhadora; se busca os relacionamentos ou se se afasta dos demais; e se é confiante ou desconfiada, entre outros aspectos. Traços de caráter também são visíveis na escrita, mas é importante ressaltar que não é possível vermos sinais de honestidade por meio da grafologia, afinal, não podemos prever que circunstâncias podem levar um indivíduo a um ato de desonestidade. Pode-se avaliar muitas características, mas não se faz previsão por meio delas. Você deve saber que todo indivíduo tem suas preferências de estilo. Algumas pessoas são convencionais por natureza, daí temos a justificativa de sua escrita se manter fiel ao modelo caligráfico. Outras se distanciam do convencionalismo e agem de acordo com seus desejos – neste caso, sua caligrafia vai refletir tais impulsos e apresentará maior quantidade de traços originais que podem referir-se a pessoas com maior nível de criatividade. Pessoas mais expansivas tendem a ter gestos mais largos e espírito mais aberto – provavelmente sua letra será de dimensão grande, ao passo que letras de dimensão pequena podem estar revelando uma personalidade mais reservada e cautelosa. Indivíduos organizados geralmente têm a redação clara, ordenada e o texto bem enquadrado, respeitando as margens do papel. Curvas e ângulos também são indicadores de comportamentos particulares. Indivíduos mais dóceis, gentis e sociáveis tendem a apresentar uma escrita com mais curvas, ou seja, traços mais redondos, enquanto os ângulos (pontas) vão sinalizar indivíduos com mais vontade própria, energia, coragem e firmeza. Pode-se, também, analisar características de acordo com a inclinação das letras. Aquelas que formam com a linha de base um ângulo mais ou menos agudo à direita (escrita inclinada) indicam um temperamento mais sensível, onde a emotividade e a afetividade podem levar vantagem sobre a razão. Num movimento oposto, a inclinação à esquerda pode revelar uma atitude mais defensiva, com tendência ao recolhimento. Grafologia, a chave para a personalidade I 25
Dessa forma, os traços de personalidade e caráter vão se manifestando na letra e, então, torna-se possível identificar, em cada um de nós, habilidades e competências para a realização das mais diversas atividades. Além dos aspectos já citados, existe mais uma infinidade de outros a serem analisados numa redação, mas cabe a ressalva de que o que vai nos dar o laudo final é a análise do contexto geral. O grafólogo experiente sabe que não podemos tirar nenhuma conclusão prévia sem estudar todo o ambiente gráfico. Os aspectos a serem considerados podem ter maior ou menor peso, dependendo de outros sinais que podem estar presentes, como, por exemplo, pingos nos “ii” e barras nos “tt”. O pingo no “i” é identificado como o sinal que reflete o comportamento da atenção, o equilíbrio do pensamento em presença de uma obrigação e a precisão e exatidão nos julgamentos e na observação. Assim, um posicionamento alto pode significar idealismo e sensibilidade, ao passo que os pingos baixos podem indicar ideias práticas ou obediência. Sua exatidão indicará ordem e minúcia, e os que tiverem forma de círculo revelarão vaidade de espírito. A letra “t" é universalmente conhecida como a que reflete a vontade. O gesto gráfico, neste caso, percorre duas direções, o traço vertical (haste) mede a afirmação pessoal e o horizontal (barra) revela a potência realizadora da vontade. Assim, a análise é feita pela comparação entre os dois traços. Barras curtas e retas indicam energia e produtividade, enquanto as longas podem estar sinalizando mais desejos do que recursos para concretização dos projetos. Barras altas tendem ao autoritarismo, enquanto as baixas indicam submissão. Se ligadas à letra seguinte será sinal de continuidade e vivacidade das ideias. Devemos estar atentos ainda às linhas, se sobem ou descem, à pressão da caneta no papel, à velocidade do traçado, à continuidade entre as letras e, por fim, à assinatura. A análise desta última é fun26 I Grafologia e Profissões I Luciana Boschi
damental para a composição do perfil analisado, pois é ela quem vai legitimar – ou não – o que foi dito acima. O texto em si refere-se ao comportamento social da pessoa, enquanto a assinatura trata do comportamento íntimo. Portanto, a análise da relação entre texto e assinatura mostra-se decisiva para o resultado final de um parecer grafológico.
Grafologia, a chave para a personalidade I 27
“Nenhum ser humano é capaz de esconder um segredo. Se a boca se cala, falam as pontas dos dedos.” Sigmund Freud
aplicação da Redação
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Para uma correta análise da escrita, é necessário uma redação de 15 a 20 linhas, em papel sem pauta, de tema livre, incluindo título e assinatura. A necessidade de 15 linhas se dá por tratar-se de uma análise quantitativa. Quanto mais uma informação se repete, mais acentuada estará na personalidade de quem escreve. Quando um traço aparece somente uma ou duas vezes, é desprezado, pois mostra-se pouco relevante para sua confirmação.
q Papel sem pautas É imprescindível que o papel seja sem pautas, pois uma das informações mais importantes num levantamento grafológico é a direção das linhas. Esse aspecto diz respeito à direção do nosso entusiasmo, ou seja, um texto com linhas ascendentes indica uma pessoa mais entusiasmada, enquanto linhas descendentes dizem respeito a uma pessoa mais suscetível ao abatimento. Ascendente: ânimo
Descendente: desânimo
q Tema livre Uma redação compõe um universo gráfico. Nele podemos analisar não só os aspectos grafológicos, como também uma infinidade de sinais como o aproveitamento da folha de papel, o espaçamento entre palavras, linhas e assinatura, todos os borrões, correções e erros etc. Com relação ao texto, pode-se observar o domínio da língua e as habilidades gramaticais, a adequação do conteúdo ao tema escolhido, o desenvolvimento e a coerência das ideias, a concatenação do pensamento e a capacidade de argumentação. E, além disso – e principalmente –, pode-se também analisar o assunto escolhido, pois este irá dar-nos referências sobre o grau de maturidade e criatividade do escrevente. É possível também que o tema traga referências sobre sua vida pessoal, como uma situação conjugal, o nascimento de um filho, uma viagem, um filme, uma música etc. Podemos ainda avaliar o grau de cultura geral do indivíduo, pois muitos candidatos elegem temas da atualidade, como eleições, violência, situação socioeconômica do país, guerras, olimpíadas etc. Todos esses dados são alheios ao estudo da ciência grafológica, mas fazem parte do universo rico de informações sobre o candidato, o que nos possibilita fazer uma análise mais completa e abrangente daquele que escreve:
30 I Grafologia e Profissões I Luciana Boschi
q Assinaturas O texto é o nosso comportamento social, ou seja, como nos apresentamos à sociedade. E a assinatura é o nosso comportamento íntimo, como somos de verdade. Por isso é essencial que o texto seja assinado, pois, ao assinarmos embaixo, atestamos fidedignidade ao que foi dito antes. E cada localização de assinatura terá uma interpretação diferente: À esquerda:
Ao centro:
À direita:
Diz respeito ao nosso
Diz respeito ao nosso
Diz respeito a nosso
ponto de origem,
dia a dia, às emoções
futuro, ao lado
o lado materno e
e dificuldade de
paterno, de ação e
lembranças.
decisão.
de conquistas.
Passado
Presente
Futuro
Aplicação da redação I 31
“Qualquer indivíduo é ao mesmo tempo indivíduo e humano: difere de todos os outros e parece-se com todos os outros.” Fernando Pessoa
Manifestações comportamentais
3
Desde sempre, a busca pelo entendimento da personalidade tem mobilizado as mais diversas áreas do conhecimento humano. Ninguém deixa de classificar pessoas que conhece, ainda que íntima, involuntária e até inconscientemente. Todos nós temos uma espécie de arquivo subjetivo, onde classificamos as pessoas como inteligentes ou criativas, ambiciosas ou sensíveis, calmas ou explosivas, firmes ou desleais, preocupadas ou simpáticas, e assim por diante. Todas as vezes que colocamos lado a lado duas pessoas estabelecendo comparações entre elas, qualquer que seja o aspecto a ser medido e comparado, sempre existirá diferenças entre ambas. São essas diferenças entre os indivíduos que os tornam únicos. Por outro lado, apesar de tais diferenças, constatamos outras características comuns a todos os seres humanos, tal como uma espécie de marca registrada de nossa espécie. Assim, existem elementos comuns e capazes de nos identificar como pertencentes a uma mesma espécie e, portanto, característicos da natureza humana e outros atributos particulares e pessoais capazes de diferenciar um ser humano de todos os demais. As manifestações comportamentais resultam da combinação ou soma de duas ou mais características pessoais. Ou seja, quando traços de personalidade se encontram, combinam-se para desencadear um comportamento ou atitude, que irá diferenciá-lo de todas as demais pessoas do universo.
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