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Maria Elaine Altoe & Fran Junqueira Texto
Ilustração
Reconto de história da tradição oral
Divino de São Lourenço/ES, 1ª edição, primavera de 2014
© 2014 by Maria Elaine Altoe 1ª edição setembro 2014 Direitos desta edição reservados à Semente Editorial ltda. Av. José Maria Gonçalves, 38 – Patrimônio da Penha 29.590-000 Divino de São Lourenço-ES Tel.: (28) 9.9963.9869 Rua Soriano de Souza, 55 casa 1 – Tijuca 20.511-180 Rio de Janeiro / RJ (21) 9.8207.8535 contato@sementeeditorial.com.br www.sementeeditorial.com.br Produção Editorial: Estúdio Tangerina Preparação de Texto: Mirian Cavalcanti Revisão: Mirian Cavalcanti, Constantino Kouzmin-Korovaeff Projeto Gráfico e Direção de Arte: Lara Kouzmin-Korovaeff Ilustração: Fran Junqueira Editora Responsável: Lara Kouzmin-Korovaeff
A469m Altoe, Maria Elaine Mausy, a ratinha : reconto da tradição oral Dinarmarquesa / Maria Elaine Altoe; ilustração de Fran Junqueira. - Divino de São Lourenço, ES : Semente Editorial, 2014. Rio de Janeiro : Semente Editorial, 2014. 24 p. : il. ; 25 cm ISBN 978-85-63546-28-9 1. Literatura infantojuvenil brasileira. I. Junqueira, Fran. II. Título. CDD: 028.5
Dedico este livro a todas as avós, principalmente a minha OMA, que me contava lindas histórias antigas que faziam com que eu viajasse com elas até suas origens. Agradeço pela oportunidade de servir como instrumento.
Uma coruja MUITO velha vivia numa toca em uma árvore muito, MUIIITO velha! Essa coruja era também MUIIITO ranzinza. Reclamava do vento que estava frio, do tempo que estava chuvoso, ou que estava muito calor. Que estava muito claro, ou muito escuro... Reclamava até do sol que brilhava demais e fazia seus olhos doerem! Não gostava de ninguém por perto e só voava sozinha.
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Gostava muito também de implicar com uma ratinha do campo que vivia numa toca embaixo de sua árvore, dizendo a ela que iria a sua casa para comer seus filhotes! Mausy vivia apavorada com a possibilidade de a coruja vir buscar realmente um de seus filhotes, então, quando escutava qualquer movimento da coruja, mandava seus filhinhos todos para o fundo da toca, e fechava a porta com uma tranca de pauzinho de picolé. Ficava tremendo de medo e mal conseguia pensar no que fazer!
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Um dia, teve uma ideia! Criou coragem e foi até o alto da árvore e bateu na porta da coruja: — Dona coruja, aqui estou para lhe fazer uma proposta. Sei que a senhora está meio adoentada e não está podendo fazer o serviço doméstico. Virei todos os dias arrumar sua casa se me prometer que não vai mais pensar em comer a mim ou a qualquer um de meus filhos. Combinado? Mausy tremia dos pés à cabeça, mas sua voz soou forte e corajosa. Nem parecia que estava morrendo de medo.
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A coruja olhou para ela, fechou um olho, depois fechou o outro, deu um suspiro e falou: — Você é muito esperta... não sei se aceito sua proposta ou te como agora, de café da manhã. Mas... pensando bem, estou mesmo precisando de ajuda. Mas quero você aqui, todo dia de manhã quando voltar do meu passeio noturno, senão vou lá embaixo e como todos os seus filhotes! E comece agora mesmo, trazendo os meus chinelos!!! A ratinha ficou muito feliz com a solução do problema e se pôs a arrumar a casa da coruja.
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Limpou, limpou, limpou muito a toca, tanto que deixou brilhando!!! Ela era muito organizada e acabou tudo antes do almoรงo. A coruja tinha ido dormir e a ratinha entรฃo fez uma sopa com o que encontrou na cozinha e deixou para a coruja comer quando acordasse. Voltou pra cuidar de seus filhotes, preparou o almoรงo, e depois de limpar toda a casa, sentou-se sรณ um pouquinho para descansar.
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Logo começou a escurecer e a ratinha correu para a casa da dona Coruja para ver se ela precisava de alguma coisa — mas antes trancou a porta com o pau de picolé, para seus filhotes ficarem seguros. Encontrou Dona Coruja tomando a sopa, pronta para sair, e notou que a coruja já não estava de mau humor. — Deliciosa esta sopa, colocou um de seus filhotes dentro dela? — perguntou rindo... A ratinha levou um susto, mas percebeu que era brincadeira... era o jeito da coruja, e achou que ela talvez não fizesse por mal.
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Em seguida, Dona Coruja levantou voo e sumiu entre as árvores. Então a ratinha limpou tudo e foi ver sua família... pelo sim pelo não, ainda não confiava na coruja. Leu uma história para seus filhotes, dormiu um pouco e, ao amanhecer, subiu à casa da coruja. Quando a coruja chegou de seu voo noturno, a ratinha já estava com seus chinelos e o roupão na porta da toca, o que deixou a coruja muito feliz!
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Na mesa, uma xícara de chá quentinho e uns biscoitos cheirosos irresistíveis a esperavam. A velha coruja se emocionou: — Ninguém jamais fez biscoitos para mim... e disfarçou uma lágrima com sua asa.
E assim se passaram os anos..
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...Os filhotes de Mausy cresceram, formaram família, e a ratinha trabalhou para Dona Coruja até ela morrer, sempre cuidando dela com o maior carinho! E nunca se soube, até hoje, de alguma coruja do campo que incomodasse ou perseguisse algum ratinho da família Mausy. Todas respeitavam aquela grande amizade que surgiu da coragem e da audácia da ratinha!!!
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