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3. A ATIVIDADE DOS ANJOS

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A ATIVIDADE DOS ANJOS

Quais são as atividades dos anjos? Quais as suas tarefas? Para que eles foram criados? Todas estas perguntas se revestem de uma importância enorme, devido à popularidade que os anjos adquiriram em nossos dias. Existem seminários sobre anjos, milhares de livros que tratam sobre eles, desde seus nomes até como obter um contato pessoal com os mesmos. Portanto, para que não venhamos a atribuir a eles tarefas para as quais os mesmos não foram destinados, fundamentaremos nosso estudo somente nas Escrituras, e jamais em experiências humanas.

A atividade angelical foi e continua sendo bastante intensa, desde a eternidade. Aquelas experiências narradas na Bíblia são apenas uma ínfima parte que Deus desejou revelar aos homens. Quando a Bíblia registra algo que os anjos fizeram podemos ter certeza que havia uma importância ímpar dentro dos propósitos divinos para isso. A conclusão que se tem é que esses milhares de seres estão trabalhando avidamente para que se concretizem no Universo os propósitos eternos de Deus. Muitas são as suas tarefas das quais passaremos a analisar.

3.1 ADORAÇÃO

O ministério dos anjos bons é variado, porém eles foram criados com a finalidade principal de adorar a Deus. O reconhecimento da magnitude de Deus, antes de ser feita por qualquer ser humano foi feita pelos seres angelicais como podemos observar no relato de Jó: “Sobre que estão fundadas as suas bases ou quem lhe assentou a pedra angular, quando as estrelas da alva, juntas, alegremente cantavam, e rejubilavam todos os filhos de Deus?” (Jó 38.6-7).

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Numa época em que a única criação era a invisível, antes da queda, embora não possamos conceber exatamente como era, podemos ter certeza que adoração já fazia parte da atividade dos anjos. A glória de Deus era proclamada por estes seres espirituais.

Ao ser chamado aos céus e contemplar os diversos tipos de seres angélicos, João testemunhou no céu adoração constante por parte deles: “E havia diante do trono um como mar de vidro, semelhante ao cristal. E no meio do trono, e ao redor do trono, quatro animais cheios de olhos, por diante e por detrás. E o primeiro animal era semelhante a um leão, e o segundo animal semelhante a um bezerro, e tinha o terceiro animal o rosto como de homem, e o quarto animal era semelhante a uma águia voando. E os quatro animais tinham, cada um de per si, seis asas, e ao redor, e por dentro, estavam cheios de olhos; e não descansam nem de dia nem de noite, dizendo: Santo, Santo, Santo, é o Senhor Deus, o Todo-Poderoso, que era, e que é, e que há de vir” (Apocalipse 4.7-8).

Esta foi a primeira atividade desses seres celestiais e que com certeza não há de cessar por toda a eternidade. Apresentam uma adoração mais perfeita que a nossa. Como diz o Salmo: “Louvai-o anjos poderosos; louvai-o todos os seus exércitos celestiais” (148.2).

3.2 PROTEÇÃO

Esta é outra das responsabilidades dos anjos. Logo no início do livro de Gênesis presenciamos esta atividade. Após pecar, Adão e Eva foram expulsos do Éden. A finalidade era impedir o homem, agora corrompido pela sua desobediência, ter acesso à árvore da vida. A Escritura nos diz que: “E havendo lançado fora o homem, pôs querubins ao oriente do jardim do Éden, e uma espada inflamada que andava ao redor, para guardar o caminho da árvore da vida” (Gênesis 3.24).

Não só a proteção de um elemento divino, é o papel dos anjos, como também a proteção dos santos de Deus de uma maneira geral. O grau e o início dessa proteção não são especificados, mas todo aquele que teme a Deus tem a garantia do cuidado exercido pelos anjos como escreveu o salmista: “O anjo do SENHOR

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acampa-se ao redor dos que o temem e os livra” (Salmo 34.7).

Devemos sempre ter em mente que tanto nós como os anjos, trabalhamos para que a vontade de Deus seja feita na Terra e não a nossa. Os livramentos sempre serão dados conforme um propósito de Deus e não conforme os nossos desejos pessoais. É o caso, por exemplo, de Atos 12. Naquela ocasião um apóstolo foi morto e outro milagrosamente libertado da cadeia e da morte. Porque Deus permitiu que um perecesse e outro fosse maravilhosamente preservado, não sabemos. Mas sabemos que Deus tem promessa de proteção e livramento e assim fará se ele quiser.

3.3 SERVEM A FAVOR DOS SALVOS

Não só proteção de algum perigo, mas os anjos servem os salvos em um aspecto geral. Por diversas maneiras eles auxiliam ao povo de Deus na realização de propósito além até mesmo da proteção. Um caso típico foi o de Abraão. Quando ele enviou seu servo Eliezer para procurar uma esposa para o seu filho Isaque, tinha convicção da ajuda angelical nesta tarefa, como pode se observar no texto: “O Senhor Deus dos céus, que me tomou da casa de meu pai e da terra da minha parentela, e que me falou, e que me jurou, dizendo: À tua descendência darei esta terra; ele enviará o seu anjo adiante da tua face, para que tomes mulher de lá para meu filho” (Gênesis 24.7).

A missão de Eliezer foi bem sucedida. Ele retornou com uma esposa para Isaque. Embora as Escrituras não tenham registrado a ação de nenhum anjo, é presumível que o sucesso também foi resultante das ações deste, mesmo que não tenhamos recebido nenhuma informação a respeito. Não significa que tenhamos que especular o que um anjo fez ou deixou de fazer. Não é nossa função. As ações dos anjos permanecem ocultas em sua maioria porque assim Deus determinou.

Outro caso que temos sobre a ação dos anjos diz respeito ao sustento de Elias após ter sido ameaçado pela rainha Jezabel: “E deitou-se, e dormiu debaixo do zimbro; e eis que então um anjo o tocou, e lhe disse: Levanta-te, come. E olhou, e eis que à sua cabeceira estava um pão cozido sobre as brasas, e uma botija de água; e comeu, e bebeu, e tornou a deitar-se. E o anjo do Senhor tornou segunda

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vez, e o tocou, e disse: Levanta-te e come, porque te será muito longo o caminho” (1 Reis 19.5-7).

3.4 MENSAGEIROS

Como já falamos no início de nosso estudo, o termo “anjo”, tanto no hebraico quanto no grego significa “mensageiro”. Esta é uma designação geral para estes seres espirituais, embora levar mensagens não seja de forma alguma sua única tarefa. Eles realizam muitas outras tarefas, além de possuírem inúmeras atribuições. Talvez a popularização do termo tenha se dado porque sempre que eles se manifestavam traziam alguma mensagem e o termo mensageiro pareceu a melhor designação para eles.

Eles foram os primeiros mensageiros das Palavras de Deus. Antes de haver um registro escrito das manifestações divinas, foram empregados por Deus para revelar Sua vontade aos homens, trazendo mensagens de cunho bastante variado como se pode verificar nas suas diversas manifestações:

a) Mensagens que revelavam o propósito de Deus para uma vida.

Por alguma razão desconhecida, alguns indivíduos que executaram uma missão especial dentro dos planos de Deus tiveram seus nascimentos confirmados por um ser angélico. Dois exemplos bíblicos são bastante fortes: Sansão e João Batista.

Aliás, há muitas semelhanças entre eles, pois os pais de ambos eram velhos e estavam debaixo do voto de nazireado. Todavia, a razão dessa prenunciação somente com respeito a eles e não a outros permanece oculto. A verdade é que foram separados para Deus desde o ventre de suas mães.

Sobre o nascimento deles, nas Escrituras é dito: “E o anjo do Senhor apareceu a esta mulher, e disse-lhe: Eis que agora és estéril, e nunca tens concebido; porém conceberás, e terás um filho. Agora, pois, guarda-te de beber vinho, ou bebida forte, ou comer coisa imunda. Porque eis que tu conceberás e terás um filho sobre cuja cabeça não passará navalha; porquanto o menino será nazireu de Deus desde

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o ventre; e ele começará a livrar a Israel da mão dos filisteus” (Juízes 13.3-5); “E um anjo do Senhor lhe apareceu, posto em pé, à direita do altar do incenso. E Zacarias, vendo-o, turbou-se, e caiu temor sobre ele. Mas o anjo lhe disse: Zacarias, não temas, porque a tua oração foi ouvida, e Isabel, tua mulher, dará à luz um filho, e lhe porás o nome de João. E terás prazer e alegria, e muitos se alegrarão no seu nascimento, Porque será grande diante do Senhor, e não beberá vinho, nem bebida forte, e será cheio do Espírito Santo, já desde o ventre de sua mãe. E converterá muitos dos filhos de Israel ao Senhor seu Deus, E irá adiante dele no espírito e virtude de Elias, para converter os corações dos pais aos filhos, e os rebeldes à prudência dos justos, com o fim de preparar ao Senhor um povo bem disposto” (Lucas 1.11-17).

b) Mensagens proféticas revelando o significado de visões e profecias.

O livro de Daniel é repleto de visões e sonhos, lá os anjos surgem para fazer o profeta entender o significado dessas imagens. O capítulo 11 desse livro vai ainda mais além. O anjo faz uma descrição minuciosa de muitos eventos futuros envolvendo o povo de Israel e os povos conquistadores ao redor. O livro de Daniel, embora seja um livro de profecias e o próprio Daniel seja denominado de profeta pelo próprio Jesus, foge do modelo tradicional. Sua marca principal são os sonhos e as visões e a presença de seres espirituais que vão explicando os eventos futuros a partir das visões e sonhos ou mesmo diretamente.

c) Mensagens relacionadas ao Juízo divino.

Por ocasião do juízo da cidade de Sodoma e Gomorra Deus utilizou-se de anjos para pronunciar o julgamento futuro: “Então disseram aqueles homens a Ló: Tens alguém mais aqui? Teu genro, e teus filhos, e tuas filhas, e todos quantos tens nesta cidade, tira-os fora deste lugar; Porque nós vamos destruir este lugar, porque o seu clamor tem aumentado diante da face do Senhor, e o Senhor nos enviou a

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destruí-lo” (Gênesis 19.12-13). O juízo sobre Nabucodonosor também foi comunicado por um anjo em sonho (Daniel 4).

d) Mensagens especiais ligadas ao nascimento do Messias.

Aquela era uma ocasião muito especial, quando o Filho de Deus encarnaria e tomaria a forma humana. Há uma intensa atividade angelical, preparando as pessoas envolvidas ou protegendo-as, como vemos nos anjos que aparecem em sonhos para José e vão orientado suas decisões para proteger o Messias.

Este era um momento decisivo na História da humanidade. Tanto que o anjo designado para anunciar o nascimento do Salvador à Maria foi Gabriel, um dos dois únicos seres angélicos que são descritos pelo nome. A ele coube a missão de transmitir esta importante mensagem: “E, entrando o anjo aonde ela estava, disse: Salve, agraciada; o Senhor é contigo; bendita és tu entre as mulheres. E, vendo-o ela, turbou-se muito com aquelas palavras, e considerava que saudação seria esta. Disse-lhe, então, o anjo: Maria, não temas, porque achaste graça diante de Deus. E eis que em teu ventre conceberás e darás à luz um filho, e pôr-lhe-ás o nome de Jesus. Este será grande, e será chamado filho do Altíssimo; e o Senhor Deus lhe dará o trono de Davi, seu pai; E reinará eternamente na casa de Jacó, e o seu reino não terá fim” (Lucas 1.28-33).

e) Mensagens relacionadas à divulgação do evangelho.

Os anjos não têm a missão de pregar o Evangelho. Essa ordem Jesus entregou para os seus discípulos. Por isso Pedro nos diz que os anjos desejam atentar para aquilo que falamos (1 Pedro 1.12). Mas no livro de Atos vemos os anjos colaborando com a expansão do Evangelho de outra forma.

Foi um anjo que disse a Felipe que fosse para o caminho de Gaza para pregar o Evangelho ao eunuco da rainha Etíope: “E o anjo do Senhor falou a Filipe, dizendo: Levanta-te, e vai para o lado do sul, ao caminho que desce de Jerusalém

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para Gaza, que está deserta” (Atos 8.26). Também foi um anjo que apareceu a Cornélio e ordenou que ele procurasse Pedro: “Este, quase à hora nona do dia, viu claramente numa visão um anjo de Deus, que se dirigia para ele e dizia: Cornélio. O qual, fixando os olhos nele, e muito atemorizado, disse: Que é, Senhor? E disse-lhe: As tuas orações e as tuas esmolas têm subido para memória diante de Deus; Agora, pois, envia homens a Jope, e manda chamar a Simão, que tem por sobrenome Pedro. Este está hospedado com Simão, curtidor, que tem a sua casa junto à beira mar. Ele te dirá o que deves fazer” (Atos 10.3-6). Como podemos ver nenhum deles tomou sobre si esta tarefa que pertence só aos salvos. Eles apenas providenciaram para que a mensagem fosse divulgada e atingisse pessoas específicas. De alguma forma eles ajudam na tarefa de evangelização!

f) Mensagens de consolo e exortação ao povo de Deus.

Os anjos também são instrumentos de consolo e ânimo. As mensagens que eles trazem têm a finalidade de fortalecer os servos de Deus. Quando um anjo tocou a Daniel, ele se sentiu fortalecido (Daniel 10.10, 17). O mesmo se deu com o profeta Elias e até mesmo Jesus foi servido por estes seres: “E quando chegou àquele lugar, disse-lhes: Orai, para que não entreis em tentação. E apartou-se deles cerca de um tiro de pedra; e, pondo-se de joelhos, orava, dizendo: Pai, se queres, passa de mim este cálice; todavia não se faça a minha vontade, mas a tua. E apareceu-lhe um anjo do céu, que o fortalecia” (Lucas 22.41-43).

Em um momento de grande aflição, Deus enviou um anjo para confortar o apóstolo Paulo dizendo: “Mas agora vos admoesto a que tenhais bom ânimo, porque não se perderá a vida de nenhum de vós, mas somente o navio. Porque esta mesma noite o anjo de Deus, de quem eu sou, e a quem sirvo, esteve comigo, dizendo: Paulo, não temas; importa que sejas apresentado a César, e eis que Deus te deu todos quantos navegam contigo” (Atos 27.22-24).

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