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4. CLASSIFICAÇÃO DOS ANJOS
ANGELOLOGIA
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CLASSIFICAÇÃO DOS ANJOS
Como já dissemos, anjo é uma especificação geral que significa mensageiro. Mas nem todos os anjos têm uma função de levar mensagens ou se limitam apenas a isto. As Escrituras dão um testemunho mais abundante sobre eles, citando seus postos e até funções.
É bem provável a existência de uma hierarquia entre eles, porém nem sempre clara, mas que mostra a necessidade de uma ordem organizada nas regiões celestiais.
No que tange a seus ofícios, as Escrituras os apresentam assim: anjos, arcanjo, querubim, serafim, hoste, principado, potestade, príncipe etc. Vejamos:
4.1 GABRIEL
Gabriel é o único anjo que a Bíblia diz seu nome. Derivado do vocábulo hebraico
“layrbg – Gabriy’el (Gabriel)”; grego “gabrihl – Gabriel” significa “guerreiro de Deus” ou “homem de Deus”. Ele é chamado de homem guerreiro enfatizando sua força ou habilidade para lutar. Embora pertença a uma classe mais elevada, as Escrituras ressaltam sua posição eminente na presença de Deus, porém, ele jamais é designado como arcanjo, todavia tem sido freqüentemente chamado assim.
Ele aparece quatro vezes nas Escrituras, e sempre em missões específicas (Daniel 8.16; 9.21; Lucas 1.19, 26). No Antigo Testamento, Gabriel aparece apenas no Livro do profeta Daniel, como mensageiro celestial com a missão de “dá a
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entender a visão” e para fazer “saber o que há de acontecer no último tempo da ira, porque esta visão se refere ao tempo determinado do fim” (Daniel 8.16). Nesse mesmo livro, há uma nova aparição para tornar compreensível o segredo das “setenta semanas” escatológicas, onde Jerusalém seria reedificada em tempos angustiosos; o Messias seria notório; a cidade santa depois de sua reedificação seria destruída e o santuário profanado (Daniel 9.24-27).
Encontramo-lo também no Novo Testamento anunciando o nascimento de Jesus Cristo no evangelho de Lucas. Ali, ele é o mensageiro angelical que anuncia grandes eventos: o nascimento de João (Lucas 1.11-20) e de Jesus (Lucas 1.26-38). Também é apresentado como aquele que “assiste diante de Deus” (Lucas 1.19), o que evidencia sua relação pessoal com seu criador. Destes casos, conclui-se que Gabriel é o portador das grandes mensagens divinas aos homens. Pode-se concluir, dizendo que na Bíblia, Gabriel é o “anjo mensageiro” e Miguel o “anjo guerreiro”.
4.2 ARCANJO
Esta palavra é aplicada somente a um ser na Bíblia Sagrada: Miguel. O nome Miguel significa provavelmente “quem é como Deus”. 4 O vocábulo hebraico “lakym – Miyka’el (Miguel)”; grego “Micahl – Michael” pode se achar no Novo Testamento (Judas 9) e no Antigo Testamento, apenas em Daniel.
Ele é mencionado como aquele que se levanta, provavelmente em defesa do povo de Israel. “Mas o príncipe do reino da Pérsia me resistiu por vinte e um dias; porém Miguel, um dos primeiros príncipes, veio para ajudar-me, e eu obtive vitória sobre os reis da Pérsia” (Daniel 10.13). Neste mesmo sentido, o (v.21) fala de “... Miguel, vosso príncipe”.
O prefixo “arc” na palavra “arcanjo” sugere uma posição superior, pois a mesma significa “chefe”, “principal ou poderoso”. Miguel é reconhecido como sendo um dos primeiros príncipes dos céus (Daniel 10.13).
Embora algumas literaturas tenham Gabriel como outro arcanjo, como ocorre
4. COENEN, Lothar e BROWN, Colin. Dicionário Internacional de Teologia do Novo Testamento. Vol. I. São Paulo: Edições Vida Nova, 2000, p. 148.
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nos livros apócrifos e pseudepígrafos, como no livro de Enoque, que registra o nome de sete arcanjos, a saber: Uriel, Rafael, Raquel, Saracael, Miguel, Gabriel e Remiel. Segundo é informado ali, a cada um deles Deus entregou uma província sobre a qual reina. Se for verdade que existem personalidades angelicais que supervisionam certas nações como o “príncipe da Pérsia”, e o “príncipe da Grécia”, então Miguel poderia ser classificado como o “príncipe de Israel” (Daniel 10.21).
O dicionário Strong nos informa que “os judeus, depois do exílio, distinguiam várias ordens de anjos; alguns criam na existência de quatro ordens de anjos de maior hierarquia (de acordo com os quatros cantos do trono de Deus); mas a maioria reconhecia sete ordens (com base no modelo dos sete Amshaspands, os espíritos superiores da religião de Zoroastro)”. 5 Esse fato deve ter ocorrido devido à grande circulação que havia de livros que se intitulavam “inspirados”, como o livro que acabamos de citar.
4.3 QUERUBINS
O título querubim fala de sua posição elevada e santa e sua responsabilidade está intimamente relacionada com o trono de Deus, como defensores de Seu caráter e presença santa. A palavra querubim aparece 81 vezes na Bíblia, apesar de pouco se dizer a respeito deles. Eles aparecem, principalmente:
1. Na cultura Israelita antiga;
2. Nas poesias hebraicas;
3. Nas visões apocalípticas;
4. Nas descrições dos móveis e ornamentos da Arca, do Tabernáculo e do Templo.
No hebraico “bwrk (keruwb)”; no grego
“Xeroubin (cheroubim). O vocábulo “querubim” (singular) ou “querubins” (plural) são palavras de etimologia incerta,
5. Bíblia On-line: Módulo Avançado 3.0. São Paulo: Sociedade Bíblica do Brasil, 2002. CD-ROM.
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entretanto são seres reais e poderosos.
Aparecem pela primeira vez na entrada do Jardim do Éden, incumbidos de guardar o caminho para a árvore da vida depois que o homem foi expulso (Gênesis 3.24). Por ordem divina, foram colocados sobre a tampa da arca da aliança, no Santo dos Santos do tabernáculo, embora em figuras de ouro, foram postos em cada extremidade do propiciatório (Êxodo 25.17-22; Hebreus 9.5), onde simbolicamente protegiam os objetos guardados na arca, e proviam, com suas asas estendidas, um pedestal visível para o Trono invisível de Yahweh (Salmos 80.1; 99.1).
Também foram bordados querubins nas cortinas e véus do Tabernáculo, bem como estampados nas paredes do Templo (Êxodo 26.31; 2 Crônicas 3.7).
Profeta do cativeiro babilônico, Ezequiel se refere a estes seres como sendo “cheio de olhos”. Os quatro seres viventes mencionados pelo profeta, são querubins (Ezequiel 1.5,13-15; 3.13; 10.14-15).
Os querubins jamais são chamados de anjos, embora isso talvez se deva ao fato de que eles não são “mensageiros”. Pelo contexto, no original hebraico “Kko bwrk (keruwb cakak – querubim da guarda)”, 6 supõe-se que significa “guardar”, “cobrir”, “cercar”, “proteger” e “parar a aproximação”. O principal propósito deles é proclamar e proteger a glória, a soberania e a santidade de Deus. Severino Pedro nos informa que “existe uma característica dupla nesses seres viventes denominados querubins: Eles são chamados de querubins e como tais desempenham dupla função, isto é, são guardas celestiais (Gênesis 3.24), e ao mesmo tempo eles desempenham a função de serafins (os componentes do coro angelical) que clama dia e noite: “Santo, Santo, Santo é o Senhor dos Exércitos: toda a terra está cheia da sua Glória” ( Isaías 6.1-6; Ap 4.8)”. 7
Satanás também pertencia a essa classe de seres espirituais conforme implícito no texto: “Tu eras querubim da guarda ungido, e te estabeleci...” (Ezequiel 28.14,16).
4.4 SERAFINS
6. Ezequiel 28.14. 7. SILVA, Severino Pedro da. Os Anjos: sua natureza e ofício. Rio de Janeiro: CPAD, 1987, p. 64.
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A única citação dessas criaturas chamadas de serafins, encontra-se no Livro do profeta Isaías: “Os serafins estavam acima dele; cada um tinha seis asas: com duas cobriam o rosto, e com duas cobriam os pés, e com duas voavam” (Isaías 6.2).
O termo usado no idioma original hebraico é “Prs – saraph (serafim)”, sendo designado para esses seres majestosos com asas, mãos ou vozes humanas a serviço de Deus. Com relação às asas, assim referiu-se Eurico Bergstén: “Os serafins tem três pares de asas. Com duas cobrem o rosto em reverencia diante de Deus, e com duas cobrem os pés, para que suas próprias obras não apareçam, e com duas voam”. 8
Quanto à origem exata e a significação desse termo, não existe concordância entre os eruditos. Provavelmente, deriva-se da raiz hebraica saraph, cujo significado é “queimar”, o que daria a idéia de que os serafins são seres resplandecentes, uma vez que essa raiz hebraica do termo (Prs) também pode significar “consumir com fogo”, mas também “rebrilhar” e “refletir”.
4.5 O ANJO DO SENHOR
Se existe uma aparente confusão no meio teológico é quanto a este personagem chamado de “Anjo do Senhor”, no hebraico “hwhy Kalm - mal’ak Yahweh”.
A maneira pela qual este anjo é se manifesta o distingue de qualquer outro ser criado. Ele aparece inúmeras vezes no Antigo Testamento. Vale lembrar que a palavra hebraica “malak”, traduzida por anjo, significa simplesmente “mensageiro”. Assim sendo, se trocarmos a palavra anjo nos textos em que o “Anjo do SENHOR” é retratado por mensageiro, entenderemos que este não é simplesmente um anjo qualquer.
Se ele fosse apenas um mensageiro de Deus, ele seria, então, distinto do próprio Criador, entretanto, encontramos várias passagens nas Escrituras onde o Anjo do SENHOR é chamado de “Deus” ou “SENHOR”, vejamos:
Abraão recebe ordens de Deus para sacrificar seu filho, Isaque, no lugar em que Ele mostraria. Em obediência fora “ao lugar que Deus lhes dissera, e edificou Abraão ali um altar, e pôs em ordem a lenha, e amarrou a Isaque, seu filho, e deitou-o sobre
8. BERGSTÉN, Eurico. Introdução à Teologia Sistemática. Rio de Janeiro: Casa Publicadora das Assembléias de Deus, 1999, p. 323.
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o altar em cima da lenha. E estendeu Abraão a sua mão e tomou o cutelo para imolar o seu filho. Mas o Anjo do SENHOR lhe bradou desde os céus e disse: Abraão, Abraão! E ele disse: Eis-me aqui. Então, disse: Não estendas a tua mão sobre o moço e não lhe faças nada; porquanto agora sei que temes a Deus e não me negaste o teu filho, o teu único” (Gênesis 22.1-19, grifo nosso).
Jacó lutou com um anjo e prevaleceu. Ao final “Jacó lhe perguntou e disse: Dá-me, peço-te, a saber, o teu nome. E disse: Por que perguntas pelo meu nome? E abençoou-o ali. E chamou Jacó o nome daquele lugar Peniel, porque dizia: Tenho visto a Deus face a face, e a minha alma foi salva” (Gênesis 32.30, grifo nosso).
Moisés, ao se encontrar inesperadamente com este mensageiro de Deus no monte Sinai, descobre: “E apareceu-lhe o Anjo do SENHOR em uma chama de fogo, no meio de uma sarça; e olhou, e eis que a sarça ardia no fogo, e a sarça não se consumia. E Moisés disse: Agora me virarei para lá e verei esta grande visão, porque a sarça se não queima. E, vendo o SENHOR que se virava para lá a ver, bradou Deus a ele do meio da sarça e disse: Moisés! Moisés! E ele disse: Eis-me aqui” (Êxodo 3.2-4, grifo nosso).
É chamado de Senhor Jeová: “E o Anjo do SENHOR estendeu a ponta do cajado que estava na sua mão e tocou a carne e os bolos asmos; então, subiu fogo da penha e consumiu a carne e os bolos asmos; e o Anjo do SENHOR desapareceu de seus olhos. Então, viu Gideão que era o Anjo do SENHOR; e disse Gideão: Ah! Senhor JEOVÁ, que eu vi o Anjo do SENHOR face a face. Porém o SENHOR lhe disse: Paz seja contigo; não temas, não morrerás. Então, Gideão edificou ali um altar ao SENHOR e lhe chamou SENHOR é paz; e ainda até ao dia de hoje está em Ofra dos abiezritas” (Juízes 6.21-24, grifo nosso).
É chamado de maravilhoso; “Porém o Anjo do SENHOR disse a Manoá: Ainda que me detenhas, não comerei de teu pão; e, se fizeres holocausto, o oferecerás ao SENHOR. Porque não sabia Manoá que fosse o Anjo do SENHOR. E disse Manoá ao Anjo do SENHOR: Qual é o teu nome? Para que, quando se cumprir a tua palavra, te honremos. E o Anjo do SENHOR lhe disse: Por que perguntas assim pelo meu nome, visto que é maravilhoso? Então, Manoá tomou um cabrito
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e uma oferta de manjares e os ofereceu sobre uma penha ao SENHOR; e agiu o Anjo maravilhosamente, vendo-o Manoá e sua mulher. E sucedeu que, subindo a chama do altar para o céu, o Anjo do SENHOR subiu na chama do altar; o que vendo Manoá e sua mulher, caíram em terra sobre seu rosto. E nunca mais apareceu o Anjo do SENHOR a Manoá, nem à sua mulher; então, conheceu Manoá que era o Anjo do SENHOR. E disse Manoá à sua mulher: Certamente morreremos, porquanto temos visto Deus” (Juízes 13.16-22, grifo nosso).
Nesse texto, Ele declara ser seu nome secreto, pois a palavra “maravilhoso” no hebraico “yalp - pil’iy ou aylp – paliy” significa “incompreensível, extraordinário, ser difícil de compreender”. Todavia, Deus revela ao profeta Isaías como sendo Ele o Filho de Deus: “Porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu; e o principado está sobre os seus ombros; e o seu nome será Maravilhoso Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz” (Isaías 9.6, grifo nosso).
A revelação progressiva de Deus vai se tornando inteligível na medida de sua vinda à Terra. Através do profeta Malaquias, Deus anuncia: “Eis que eu envio o meu mensageiro (João Batista), que preparará o caminho diante de mim; de repente, virá ao seu templo o Senhor (Jesus Cristo), a quem vós buscais, o Anjo da Aliança, a quem vós desejais; eis que ele vem, diz o Senhor dos Exércitos (Deus Pai)” (Malaquias 3.1).
Analisando essa passagem das Escrituras, uma das principais autoridades nos Estados Unidos sobre história dos judeus, línguas e costumes do Antigo Testamento, Charles L. Feinberg afirma que “o mensageiro é, sem sombra de dúvidas, João Batista” (Mateus 3.3; 11.10; Marcos 1.2-3; Lucas 1.76; 3.4; 7.26-27; João 1.23). 9
Este mesmo autor, que cresceu em um lar judeu ortodoxo e estudou hebraico e assuntos afins durante quatorze anos como matérias preparatórias para o rabinato, admitiu que esse Anjo da Aliança é “a auto-revelação de Deus. Ele é o Senhor em Pessoa, o Anjo do Senhor da história do Antigo Testamento, o Cristo pré-encarnado das muitas teofanias (aparições de Deus em forma humana) nos Livros do Antigo Testamento”.10
9. FEINBERG, Charles L. Os Profetas Menores. São Paulo: Editora Vida, 1996, p. 340.
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Por fim, outro judeu de não pequena envergadura conclui: “Não se pode evitar a conclusão de que este Anjo misterioso não é outro senão o Filho de Deus, o Messias, o Libertador de Israel, e o que seria o Salvador do mundo”. 11
10. Idem, 1996, p. 341. 11. MYER, Pearlman. Conhecendo as Doutrinas da Bíblia. São Paulo: Editora Vida, 1999, p. 59.