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2. A ORIGEM DOS ANJOS

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A ORIGEM DOS ANJOS

De onde vêem os anjos? Qual a sua origem? Quando foram criados? Com que propósito? Estas perguntas têm sido feita por diferentes pessoas em diferentes lugares e em diferentes épocas.

O que a Bíblia mostra na verdade é que os anjos são seres espirituais, pertencentes a uma criação distinta da criação física. É muito importante entender que se trata de uma criação “distinta” e não superior, ou melhor.

O mesmo Deus que formou o Universo, os animais, os planetas e os seres humanos, também foi o responsável pela criação de todas as coisas, como está escrito: “pois, nele, foram criadas todas as coisas, nos céus e sobre a terra, as visíveis e as invisíveis, sejam tronos, sejam soberanias, quer principados, quer potestades. Tudo foi criado por meio dele e para ele” (Colossenses 1.16).

Além do mundo físico existe uma esfera espiritual, habitada por Deus e os anjos. Esta esfera provavelmente é antecedente à esfera física sem que isto necessariamente implique em grau de importância. Foi nesta esfera que aconteceu a rebelião de Lúcifer, que posteriormente também afetou a esfera física.

2.1 OS ANJOS FORAM CRIADOS

Entre as muitas coisas criadas por Deus, destacam-se os anjos. É impossível saber ou determinar o tempo sobre este período da criação invisível e espiritual. Pode ser que Deus os tenha criado imediatamente após ter criado os céus e antes de ter criado a Terra, pois de acordo com Jó 38.4-7, é nos informado que: “Onde

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estavas tu, quando eu lançava os fundamentos da terra?... quando as estrelas da alva, juntas, alegremente cantavam, e rejubilavam todos os filhos de Deus?”.

Que os anjos existem desde a eternidade é mostrado pelos versículos que falam de sua criação: “Tu só és SENHOR, tu fizeste o céu, o céu dos céus e todo o seu exército” (Neemias 9.6); “Louvai-o, todos os seus anjos; louvai-o, todos os seus exércitos... Que louvem o nome do SENHOR, pois mandou, e logo foram criados” (Salmo 148.2,5); “porque nele foram criadas todas as coisas que há nos céus e na terra, visíveis e invisíveis, sejam tronos, sejam dominações, sejam principados, sejam potestades; tudo foi criado por ele e para ele” (Colossenses 1.16).

Embora as Escrituras não citem números definidos sobre a quantidade de anjos, dizem-nos que: “milhares de milhares o serviam, e miríades de miríades estavam diante dele; assentou-se o tribunal, e se abriram os livros” (Daniel 7.10).

2.2 A NATUREZA DOS ANJOS

O primeiro elemento de que dispomos para identificar a natureza dos anjos é a referência a eles como “filhos de Deus”. Quatro classes de seres recebem esta designação nas Escrituras:

1. Os anjos 2. Adão 3. Os crentes salvos 4. Jesus

Os anjos são chamados de filhos de Deus no livro de Jó, onde no primeiro capítulo já recebem esta denominação e posteriormente também são assim identificados no mesmo Livro. Adão recebeu esta designação na genealogia de Lucas 3.38, baseado em que Adão fora criado pelo próprio Deus e se encontrava então em um estado de pureza. Os salvos recebem este título por meio da adoção (João 1.12; Romanos 8.15). Não se trata de uma igualdade de natureza com Deus, mas de uma manifestação de sua graça que nos adotou como filhos. Por fim, Jesus Cristo, era

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Filho de Deus em um sentido todo exclusivo. Sua filiação não implicava apenas em relacionamento, mas em uma igualdade de natureza. Isto ficou bastante claro para os oponentes de Jesus.

Logo, o sentido no qual nós somos chamados filhos de Deus é num sentido bem diferente. Da mesma forma, o sentido no qual Jesus é chamado Filho de Deus também é bem diferente. Esta distinção fica clara quando Jesus é chamado de “Unigênito”, isto é, único da espécie (João 3.16). Na epístola aos Hebreus também é muito fácil perceber que o sentido no qual Jesus era Filho de Deus era superior ao sentido no qual os anjos foram assim chamados: “Mas a qual dos anjos disse jamais: Assenta-te à minha direita até que eu ponha os teus inimigos por escabelo de teus pés?” (Hebreus 1.13).

Em que sentido então os anjos são chamados de filhos de Deus? Da mesma forma que Adão o foi e os salvos o são – por trazerem em si a imagem de Deus. Deus criou o homem à Sua imagem e semelhança e por esta similitude o primeiro homem antes da queda foi chamado filho de Deus, da mesma forma como o homem após a redenção.

Não sabemos exatamente a quais pontos esta imagem e semelhança se referem. Mas sabemos que somos diferentes das demais criaturas. Da mesma forma os anjos trazem e si uma semelhança com a divindade. A primeira característica dos anjos é que eles, como o homem, foram criados à imagem e semelhança de Deus.

Uma coisa, porém sobre imagem de Deus é muito clara, nos anjos e nos homens. Ambos foram criados com livre arbítrio e plena capacidade de escolha. Não são autômatos que necessitam de controle de outros, podem decidir por si mesmo. Prova disso é que houve rebelião entre os anjos. Alguns utilizaram mal sua liberdade, isso demonstra o seu livre arbítrio e prova de que eles possuem em si esta característica que é uma dos sinais da imagem e semelhança de Deus.

2.3 OS ANJOS SÃO SERES ESPIRITUAIS

No Antigo Testamento, o salmista chama estes seres de espíritos: “Fazes a teus anjos ventos (espíritos) e a teus ministros, labaredas de fogo” (Salmo 104.4). E no

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Novo Testamento eles são chamados pelo mesmo termo: “espíritos ministradores, enviados para servir a favor daqueles que hão de herdar a salvação” (Hebreus 1.14). Dessa forma as Escrituras testificam que os anjos são de fato, seres espirituais. Suas atividades no Céu e sobre a Terra, no passado, são registradas em ambos os Testamentos. O fato de terem sido criados essencialmente espíritos, não nega a possibilidade de materialização.

Os anjos só eram vistos quando assim era concedido por seu Criador, o que demonstra estarem fora do alcance dos sentidos naturais. A Bíblia realmente fala em anjos sendo vistos, ouvidos e até se alimentando, como por ocasião da visita deles a: Abraão, Jacó, Daniel, Elias, Maria, Zacarias e aos pastores de Belém.

2.4 OS ANJOS SÃO INTELIGENTES

Os seres angélicos com certeza desfrutam de uma sabedoria superior à humana. Até porque seu meio dispõe de possibilidade que não dispomos no nosso. A sabedoria que os anjos desfrutam pode ser percebida por meio da declaração que o profeta Ezequiel faz a Lúcifer: “... cheio de sabedoria... corrompeste a tua sabedoria...” (Ezequiel 28.12,17).

Não se pode afirmar que ele tenha perdido esta sabedoria. Uma sabedoria corrompida ainda é uma sabedoria, agora utilizada não para os propósitos divinos, mas para propósitos perversos.

A inteligência dos anjos excede a dos homens nesta vida, porém é necessariamente finita, não sabem de tudo. Não são iguais a Deus, em sabedoria. Eles não podem diretamente discernir os nossos pensamentos (1 Reis 8.39) e os seus conhecimentos dos mistérios da graça são limitados (1 Pedro 1.12).

Jesus falou sobre a limitação do conhecimento dos anjos, quando disse que eles não sabiam o dia da vinda do Filho do Homem: “Mas a respeito daquele dia e hora ninguém sabe, nem os anjos dos céus, nem o Filho, senão o Pai” (Mateus 24.36).

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2.5 OS ANJOS SÃO SERES PODEROSOS

“Bendizei ao Senhor, todos os seus anjos, valorosos em poder, que executais as suas ordens e lhe obedeceis à palavra” (Salmo 103.20). Não resta nenhuma dúvida de que estes seres são capazes de realizar prodígios inigualáveis. Em muitos textos das Escrituras fica evidente sua capacidade sobrenatural e isto nos surpreende. Uma demonstração explícita desse poder é encontrada no Livro do profeta Isaías que nos informa que numa noite um anjo do Senhor feriu cento e oitenta e cinco mil soldados do exército da Assíria (Isaías 37.36). Temos ainda o caso do anjo que libertou Pedro da prisão. Bastou ele falar a Pedro e as correntes caíram de seus ombros. Conforme ele ia andando, as portas iam se abrindo em sua frente de modo que Pedro pode sair tranquilamente das masmorras de Herodes (Atos 12). No Apocalipse encontramos anjos detendo os quatro ventos do céu (7.1), esvaziando as taças e controlando os trovões da ira de Deus sobre as nações inquietas e angustiadas.

Todas estas coisas vêm a confirmar que são seres poderosíssimos a serviço de Deus. Entretanto, o seu poder, embora seja grande, contudo é restrito. Eles não podem fazer aquelas obras que são exclusivas da divindade.

2.6 OS ANJOS SÃO SERES GLORIOSOS

Existem algumas palavras no original grego e hebraico que são traduzidas como glória. Mesmo em português elas possuem sentidos distintos. Quando dizemos que os anjos são seres gloriosos queremos afirmar que eles possuem um brilho e um resplendor especial, como aquele descrito em Daniel e nos evangelhos a cerca dos anjos que guardavam o túmulo de Jesus como depreende do texto: “E levantei os meus olhos, e olhei, e eis um homem vestido de linho, e os seus lombos cingidos com ouro fino de Ufaz; E o seu corpo era como berilo, e o seu rosto parecia um relâmpago, e os seus olhos como tochas de fogo, e os seus braços e os seus pés brilhavam como bronze polido; e a voz das suas palavras era como a voz de uma

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multidão” (Daniel 10.5-6).

Os anjos não são apenas espirituais, são esplendorosos, reluzentes, gloriosos. Embora saibamos que muitas vezes esta glória foi encoberta para que eles pudessem realizar sua tarefa, quando se manifestam aos olhos humanos apresentam características sobrenaturais.

Neste aspecto também é importante alertar que nem sempre o brilho autentica o anjo. Paulo diz que Satanás é capaz de se transfigurar em um anjo de luz: “o próprio Satanás se transfigura em anjo de luz” (2 Coríntios 11.14). Assim sendo, o que distingue um anjo obediente de um demônio não é unicamente a aparência.

2.7 ANJOS NÃO PROCRIAM

“Porque, na ressurreição, nem casam, nem são dados em casamento; mas serão como os anjos no céu” (Mateus 22.30). Um aspecto particular que distinguem os anjos dos seres humanos é a questão da reprodução. A criação humana é composta de duas partes distintas – macho e fêmea, homem e mulher, sendo-lhes dada a capacidade multiplicadora. São seres que geram outros seres com suas mesmas características. Ao contrário do seres humanos, os anjos não têm sexo, ainda que citados no sentido masculino.

Os anjos pelo contrário foram criados em um número fixo que não se multiplicam de qualquer forma. Embora sejam citados em grande número, não há suporte bíblico para dimensionar sua quantidade. João escreveu sobre eles dizendo: “olhei, e ouvi a voz de muitos anjos ao redor do trono, e dos animais, e dos anciãos; e era o número deles milhões de milhões, e milhares de milhares” (Apocalipse 5.11). Mesmo sendo muitos, seria muito ariscado afirmar sua quantidade, visto que jamais as Escrituras salientam tal ensino. Portanto, concluímos que permanecem imutáveis desde sua criação.

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2.8 ANJOS SÃO SERES LIMITADOS

Embora o conhecimento dos anjos seja superior ao dos seres humanos até pela sua própria condição de existência, não significa que tenham conhecimento ilimitado. Há muitas coisas que eles conhecem e nós desconhecemos. Mas mesmo assim há inúmeras coisas que eles ignoram completamente, como por exemplo, o dia do retorno de Cristo: “Mas daquele dia e hora ninguém sabe, nem os anjos do céu, mas unicamente meu Pai” (Mateus 24.36).

Não devemos presumir que eles conhecem todos os mistérios e todos os propósitos divinos. Como o anjo disse a João, eles são conservos.

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