3 minute read

9. SATANÁS E OS DEMÔNIOS

ANGELOLOGIA

9

Advertisement

SATANÁS E OS DEMÔNIOS

No Novo Testamento, o vocábulo grego “daimonion – daimonion”, é limitado e específico, em comparação com as noções que os antigos filósofos a usavam bem como a utilização desta palavra no grego clássico. Ao ser traduzida para o latim, “daimon” se tornou “daemon”, que deu origem ao português “demônio”. Para a cultura grega, o mundo estava cheio de demônios (daimonion - espírito dos mortos), seres intermediários entre os deuses e os homens que poderiam ser aplacados ou controlados por magia, feitiços e encantamentos. Eles viviam no ar (gr. ahr – aer), parte mais baixa e impura entre a terra e a lua.14 A obra dos demônios poderia ser vista nas calamidades e desgraças que sobrevêm à vida do homem, por meio do qual levavam os homens à doença e à loucura.

Na Bíblia, daimon é empregado somente para poderes malignos. Não há crença nos espíritos dos mortos, ou nos fantasmas, muito menos de sacrifícios a estes, visto que, as Ecrituras é categórica em afirmar: “Sacrifícios ofereceram aos demônios, não a Deus; a deuses que não conheceram, novos deuses que vieram há pouco, dos quais não se estremeceram seus pais” (Deuteronômio 32.17). Paulo adverte aos cristãos para que não tenham as mesmas atitudes dos pagãos, pois “as coisas que eles sacrificam, é a demônios que as sacrificam e não a Deus; e eu não quero que vos torneis associados aos demônios” (1 Coríntios 10.20, grifo nosso), sendo que o paganismo, em geral, tem o demônio por detrás dele (Apocalipse 9.20).

Eles mantêm a forma angélica, com a natureza voltada para o mal. Têm inteligência e conhecimento, mas não podem conhecer os pensamentos íntimos das

14. COENEN, Lothar; BROWN, Colin. Dicionário Internacional de Teologia do Novo Testamento. 2ª ed. São Paulo: Vida Nova, 2000, p.513.

137

ANGELOLOGIA

pessoas e nem obrigá-los a pecar. A teologia cristã tem percebido, a partir da Bíblia e da experiência, os seguintes ministérios demoníacos:

a)- Indução à desobediência a Deus e aos seus mandamentos; b)- Propagação do erro e da falsa doutrina; c)- Indução à mentira (“pai da mentira”) e à corrupção; d)- Provocação de rebeldia em pessoas que sofrem provações; e)- Influência negativa sobre o corpo, os sentidos e a imaginação; f)- Influência sobre os bens materiais (apego versos perda); g)- Realização de efeitos extraordinários, com aparência de milagres; h)- Indução a sentimentos negativos, como o temor, a angústia e o ódio; i) - Promoção da idolatria, da superstição, da necromancia, da magia, do sacrilégio e do culto satânico.

Ele mantém permanente luta contra Deus e o seu povo, procura desviar os fiéis de sua lealdade a Cristo (2 Coríntios 11.3), induzindo-os a pecar e a viver segundo os sistemas elaborados pela natureza corrompida ou “carne” (1 João.5.19).

Os cristãos devem conhecer, pelo estudo da Bíblia e da teologia, a natureza e o ministério do mal, para se conscientizarem e se precaverem. O apóstolo Paulo nos exorta a nos fortalecer em Deus e no seu poder, resistindo firmes, pois “a nossa luta não é contra os seres humanos, mas contra os poderes e autoridades, contra os dominadores desse mundo de trevas, contra as forças espirituais do mal nas regiões celestiais” (Efésios 6.12).

A disciplina devocional, com a leitura da Bíblia, a oração, a busca de santidade, o desenvolvimento dos dons recebidos, a comunhão do Corpo, são antídotos contra o mal.

138

ANGELOLOGIA

O ministério demoníaco contra as pessoas pode se dar de três maneiras:

a) Tentação: Apoio às opções negativas e atinge todos os seres humanos; b) Indução: Também chamada obsessão, é uma ação mais íntima e contínua de “assessoria” à maldade, que atinge os descrentes e os crentes carnais; c) Possessão: Quando os demônios se apoderam de corpos, controlando-os.

Para a teologia evangélica clássica isso não pode acontecer a um convertido, cujo corpo é habitado pelo Espírito Santo.

Devemos estar advertidos para não cair em um dualismo de fundo zoroastrista. Satanás não é um ente contrário comparável a Deus. Não devemos nem minimizar, nem maximizar o ministério do maligno. Ele já foi derrotado na cruz, e o sangue de Cristo desde a sua morte nunca perdeu seu poder. A obra da expiação já foi realizada, Cristo já ressuscitou e o Espírito Santo já foi enviado. O resgate já se deu, é oferecido pela Graça e recebido pela fé. O Senhor já reina sobre o Universo, a História e sobre a sua Igreja.

139

This article is from: