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5. LADO HUMANO DA SALVAÇÃO

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LADO HUMANO DA SALVAÇÃO

O conceito de salvação se baseia na palavra hebraica “shub” (retornar, virar), que implica um movimento em determinada direção, e na palavra grega do Novo Testamento “strepho” (virar) e “epistrepho” (voltar-se, virar-se em direção a). A conversão então é a mudança de direção da alma, do pecado para Deus.

A salvação é obra de Deus em favor do homem, e não ao contrário. Portanto, o ser humano é totalmente incapaz de agradar a Deus, pois carrega sobre si a sentença de “morte espiritual”. Por este motivo Deus mesmo tomou a iniciativa de prover a salvação independente dos méritos e possibilidades do homem. Mesmo diante de tamanha precisão em tal projeto, tem uma coisa que Deus não faz no que diz respeito à salvação do homem: Deus não o obriga a aceitá-la, ele precisa tomar essa decisão por si mesmo. Quando o homem aceita o plano redentor de Cristo, automaticamente ocorrem algumas mudanças no mundo espiritual. São essas alterações que passaremos a analisar.

5.1 CONVERSÃO

A palavra “conversão” tem o sentido de “mudar de direção”. De acordo com as Escrituras Sagradas, é o ato pelo qual o pecador se volta de sua vida pecaminosa para Jesus Cristo, tanto para obter perdão dos pecados como para ser livre dele.

Podemos definir conversão da seguinte maneira: Conversão é nossa resposta espontânea ao chamado do Evangelho de Jesus Cristo, pela qual voluntária e sinceramente nos arrependemos dos nossos pecados e colocamos a confiança em Cristo para receber a salvação.

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Não basta conhecer os fatos e aprová-los ou concordar que eles são verdadeiros. Nicodemos sabia que Jesus tinha vindo de Deus, porque disse: “Rabi, sabemos que és Mestre vindo da parte de Deus; porque ninguém pode fazer estes sinais que tu fazes, se Deus não estiver com ele” (João 3.2). Ele havia avaliado os fatos da situação, incluindo os ensinos de Jesus e seus milagres notáveis e chegado a uma conclusão correta a partir desses fatos: Jesus era um mestre vindo de Deus. Mas isso somente não significa que Nicodemos tinha fé salvífica, porque ele ainda tinha de depositar sua confiança em Cristo para receber a salvação; ele ainda tinha de “crer nele”.

A verdadeira conversão envolve pelo menos dois atos da parte do pecador:

1. Despojar o velho homem como escreveu o apóstolo Paulo: “quanto ao trato passado, vos despojeis do velho homem, que se corrompe pelas concupiscências do engano, e vos renoveis no espírito do vosso sentido, e vos revistais do novo homem, que, segundo Deus, é criado em verdadeira justiça e santidade” (Efésios 4.22-24).

2. Crer em Jesus, se entregando para Ele e abraçando a vida eterna (João 3.15).

5.2 ARREPENDIMENTO

É uma mudança de pensamento sobre o pecado, por isso está intimamente relacionado com a conversão, visto que voltar-se do pecado para Deus é parte do arrependimento.

Duas palavras hebraicas são usadas no Antigo Testamento para apontar o arrependimento. “Naham”, que quer dizer “ansiar, suspirar ou gemer”, tomou o sentido de “lamentar, sofrer, lamentar amargamente, arrepender-se” (Jó 42.6; Jeremias 8.6). O tipo de arrependimento que Deus deseja do pecador é mais comumente expresso pela palavra “shub”, da qual já demos o significado acima. No Novo Testamento, a palavra grega “metanoia”, “mudança de mente, arrependimento”, é empregada 23 vezes e “metanoeo”, “mudar de idéia ou propósito”, é usada 34

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vezes. Dessa forma, o conceito de arrependimento do Antigo Testamento era de lamentação, sofrimento, amargo arrependimento de uma ação pecaminosa, abandono dessa prática e retorno a Deus, em cumprimento à Sua vontade. O conceito do Novo Testamento enfatiza a mudança, do pecado, para uma nova vida.

O arrependimento é parte essencial do evangelho. Foi a mensagem de João Batista (Mateus 3.2), de Jesus (Mateus 4.17), de Pedro (Atos 3.19) de Paulo (Atos 17.30) e ao mundo como parte primária do evangelho (Lucas 24.46-48).

5.3 FÉ SALVADORA

A palavra fé, no hebraico “emunah”, dá a idéia de “firmeza, certeza, segurança”. Dessa forma, acreditar é estar certo sobre algo, é ter certeza, convicção. Já no grego, a mesma palavra (fé) ganha o significado de persuasão, convicção firme, baseado no ouvir.

A fé bíblica, portanto é a crença na veracidade de uma pessoa, neste caso, Deus. Por meio da fé o relacionamento do homem que estava rompido devido ao pecado é reatado, passando ele a desfrutar da paz. A fé não é uma emoção que passa de uma pessoa para outra, mas uma convicção gerada pela presença do Espírito Santo na vida do fiel que reconheceu seu estado de alienação.

5.4 REGENERAÇÃO

Na obra de regeneração não desempenhamos papel algum, é um ato sobrenatural e instantâneo onde Deus concede vida espiritual ao pecador que aceitou a Cristo como seu único e suficiente salvador. Portanto, é uma obra exclusivamente de Deus. Vemos isto, por exemplo, quando João fala a respeito daqueles a quem Cristo deu poder de se tornarem filhos de Deus – eles “não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus” (João 1.13). Aqui João especifica que os filhos de Deus são os que “nasceram [...] de Deus” e que nossa vontade humana (“a vontade do homem”) não realiza esse tipo de nascimento.

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Por meio da regeneração, a natureza divina passa a habitar na vida do fiel, por meio da presença do Espírito Santo. Sem este ato sobrenatural, o pecador arrependido jamais poderia entrar em relacionamento com Deus, visto que ainda permaneceria na sua natureza pecaminosa contrária a vontade Dele.

Assim sendo todos necessitam “nascer de novo”, pelo menos por três razões:

a)- Para entrar no reino de Deus: “A isto, respondeu Jesus: Em verdade, em verdade te digo que, se alguém não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus” (João 3.3);

b)- Para resistir ao pecado: “Sabemos que todo aquele que é nascido de

Deus não vive em pecado” (1 João 5.18);

c)- Para uma vida de retidão: “Se sabeis que ele é justo, reconhecei também que todo aquele que pratica a justiça é nascido dele” (1 João 2.29).

Por meio do profeta Jeremias Deus demonstrou que todos seres os humanos por melhor que sejam, todos precisam de mudança de vida ao dizer: “Pode o etíope mudar a sua pele ou o leopardo as suas manchas? Nesse caso também vós podereis fazer o bem, sendo ensinados a fazer o mal” (Jeremias 13.23). Da mesma maneira, o homem é incapaz de mudar para melhor sua natureza pecaminosa. Por maior que seja seu esforço jamais conseguirá atingir os padrões exigidos pela justiça de Deus. Somente Ele poderia fazer esse milagre em nosso favor, e foi o que aconteceu quando enviou seu Filho para morrer em nosso favor.

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