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3. CONSEQUÊNCIAS DA MORTE DE CRISTO

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CONSEQUÊNCIAS DA MORTE DE CRISTO

A salvação é algo ligado à vida, morte e ressurreição de Jesus Cristo. Assim sendo, várias foram as conseqüências que a morte de Cristo gerou, das quais passaremos a estudar algumas delas, que entendemos serem as mais essenciais para o estudo ora proposto.

3.1 A MORTE DE CRISTO FOI UMA SUBSTITUIÇÃO PELO PECADO

Há muitas facetas no significado da morte de Cristo, mas a principal - sem à qual as demais não teriam qualquer significado eterno - é a substituição. Isto significa simplesmente que Cristo morreu no lugar dos pecadores. O uso da preposição grega “anti” claramente ensina isto, pois ela significa “em lugar de”. Esta preposição é usada numa passagem que oferece a interpretação do próprio Senhor Jesus Cristo sobre a Sua morte: “bem como o Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e para dar a sua vida em resgate de muitos” (Mateus 20.28; Marcos 10.45).

Sua morte, disse Ele, seria um pagamento em lugar de muitos. Outra preposição grega, “huper”, é usada também no Novo Testamento, e tem dois significados: Às vezes significa “em benefício de”, e às vezes significa “em lugar de”. É claro que a morte de Cristo foi ao mesmo tempo em nosso lugar e em nosso benefício, e não há razão pela qual huper não possa incluir ambas as idéias ao ser usada em relação à morte de Cristo (veja, por exemplo, 2 Coríntios 5.21 e 1 Pedro 3.18).

A expiação de Cristo é o cerne do cristianismo; é a marca distintiva da religião cristã. Assim sendo, podemos dizer que o cristianismo é exclusivamente uma religião de redenção.

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3.2 A MORTE DE CRISTO OFERECEU REDENÇÃO DO PECADO

A doutrina da redenção é edificada sobre três palavras do Novo Testamento. A primeira é uma palavra simples que significa “comprar ou adquirir, ou pagar um preço por alguma coisa”. É usada, por exemplo, com este sentido cotidiano, comum, na parábola do tesouro escondido num campo, que motivou o homem a comprar (redimir) o campo (Mateus 13.44). Em relação a nossa salvação, a palavra significa pagar o preço que nosso pecado exigiu para que pudéssemos ser redimidos.

A segunda palavra é da mesma raiz da palavra mencionada acima, prefixada por uma preposição que intensifica o seu sentido. Em português, a palavra ganharia um sentido de “pagar o preço para tirar do mercado”. Assim, a idéia dessa segunda palavra é que a morte de Cristo, além de pagar o preço do pecado, retirou-nos do mercado de escravos do pecado, para nos dar plena certeza de que jamais seremos novamente submetidos à escravidão e às penas do pecado.

A terceira palavra para redenção é totalmente diferente. Seu sentido básico é “soltar”, e isto significa que a pessoa resgatada é libertada no sentido mais completo da palavra. O meio pelo qual esta libertação é obtida é a substituição realizada por Cristo (1 Timóteo 2.6, onde esta terceira palavra é prefixada pela preposição anti); sua base é o sangue de Cristo (Hebreus 9.12); o seu resultado é a purificação de um povo zeloso de boas obras (Tito 2.14). Assim, a doutrina da redenção significa que, devido ao derramamento do sangue de Cristo, os crentes foram comprados, libertos da escravidão e postos em plena liberdade.

3.3 A MORTE DE CRISTO EFETUOU RECONCILIAÇÃO

A palavra reconciliar significa “estabelecer a paz entre; tornar amigo; restituir a graça de Deus”. A reconciliação efetuada pela morte de Cristo significa que o estado de alienação em relação a Deus em que o homem vive foi mudado, de modo que ele agora pode ser reconciliado com Deus como escreveu o apóstolo Paulo: “Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não lhes imputando os

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seus pecados, e pôs em nós a palavra da reconciliação”(2 Coríntios 5.19) . Quando o homem crê, seu antigo estado de alienação de Deus é mudado e ele se torna membro da família de Deus.

3.4 A MORTE DE CRISTO OFERECE PROPICIAÇÃO

Propiciar significa “apaziguar; satisfazer; tornar propício; favorável”. Isto naturalmente levanta a seguinte questão: “Por que a divindade precisa ser apaziguada?” A resposta bíblica a esta pergunta é simplesmente que o verdadeiro Deus está irado contra a humanidade por causa de seu pecado. O tema da ira de Deus aparece freqüentemente através da Bíblia. Ira não é apenas o desdobramento impessoal e inevitável da lei da causa e efeito, mas é também a intervenção pessoal de Deus na vida da humanidade (Romanos 1.18; Efésios 5.6).

A morte de Cristo propiciou Deus, extinguindo Sua ira e permitindo que Ele receba em Sua família aqueles que colocam sua fé naquele que O satisfez, a saber, Jesus Cristo. A extensão da obra propiciatória de Cristo é Universal e a base da propiciação é o Seu sangue derramado (Romanos 3.25).

Pelo fato de Cristo ter morrido pelo pecado, Deus está satisfeito. Portanto, não devemos nem precisamos pedir a alguém que faça alguma coisa para satisfazê-lo. Isso significaria tentar apaziguar alguém que já está apaziguado, algo totalmente desnecessário. Antes da cruz, o indivíduo não podia ter certeza de que Deus ficaria satisfeito com a oferta que lhe trouxera. É por isso que o publicano orou: “Ó Deus, tem misericórdia de mim, pecador!” (Lucas 18.13). Hoje, tal oração seria desnecessária, pois Deus já foi propiciado pela morte de seu Filho Jesus Cristo. Por isso, nossa mensagem aos homens hoje não deveria de modo algum sugerir-lhes que podem agradar ou satisfazer a Deus praticando alguma ação, mas que podem ficar satisfeitos e descansados com o sacrifício de Cristo, que satisfez completamente a ira de Deus.

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3.5 A MORTE DE CRISTO JULGOU A NATUREZA PECAMINOSA

A morte de Cristo trouxe-nos outro benefício importantíssimo ao tornar inoperante o poder dominador de nossa natureza pecaminosa como disse o apóstolo Paulo:

“Que diremos, pois? Permaneceremos no pecado, para que a graça seja mais abundante? De modo nenhum! Nós que estamos mortos para o pecado, como viveremos ainda nele? Ou não sabeis que todos quantos fomos batizados em Jesus Cristo fomos batizados na sua morte? De sorte que fomos sepultados com ele pelo batismo na morte; para que, como Cristo ressuscitou dos mortos pela glória do Pai, assim andemos nós também em novidade de vida. Porque, se fomos plantados juntamente com ele na semelhança da sua morte, também o seremos na da sua ressurreição; sabendo isto: que o nosso velho homem foi com ele crucificado, para que o corpo do pecado seja desfeito, a fim de que não sirvamos mais ao pecado. Porque aquele que está morto está justificado do pecado” (Romanos 6.1-7).

Embora este conceito não seja fácil de entender, Paulo diz que nossa união com Cristo pelo batismo envolve participar de Sua morte, de modo que estamos mortos para o pecado. A idéia de morte, tão proeminente nessa passagem, não significa extinguir ou cessar, mas, como sempre na Bíblia, separar, afastar. A crucificação do cristão com Cristo significa separação do domínio do pecado sobre sua vida. A pergunta “permaneceremos no pecado...?” é respondida com um enfático - não, com base em nossa morte com Cristo. Isso “destruiu” o corpo do pecado. “Destruir” não significa aniquilar, pois, se o fizesse, a natureza pecaminosa seria erradicada, um fato que nossa experiência

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dificilmente comprovaria! Significa, isto sim, tornar ineficaz a natureza pecaminosa. O cristão está livre, portanto, para viver uma vida agradável a Deus. Embora ainda seja possível ouvir e seguir as sugestões do pecado, nunca será possível ao pecado reconquistar o domínio e o controle que possuía antes da conversão.

3.6 A MORTE DE CRISTO OFERECE A BASE PARA A PURIFICAÇÃO DO PECADO DO CRENTE

O sangue (a morte) de Cristo é a base de nossa purificação cotidiana do pecado como disse o apóstolo João: “Mas, se andarmos na luz, como ele na luz está, temos comunhão uns com os outros, e o sangue de Jesus Cristo, seu Filho, nos purifica de todo pecado” (1 João 1.7). Significa que o sacrifício definitivo de nosso Senhor oferece purificação constante ao crente quando pecar. Nossa posição de membros da família de Deus é mantida por Sua morte; nossa comunhão familiar é restaurada pela confissão do pecado.

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