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2.2.6 ROMANOS

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REFERÊNCIAS

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GEOGRAFIA BÍBLICA

Delta do Nilo

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O rio Nilo nasce na África Central e vai atravessando o deserto até desembocar no mar Mediterrâneo. Todos os anos, na mesma época, ele enche e transborda. Suas águas alagam vastas áreas, retornando ao normal após algum tempo, ocasionando um fenômeno extraordinário. Naquelas partes inundadas fica depositada uma espessa camada de material orgânico, formado por folhas e plantas que caem naturalmente no rio. Assim que decomposto, esse material se transforma em húmus, que então fertiliza o solo, tornando-se apropriadíssimo e facílimo para se plantar. Por isso o Delta do Nilo tornou-se uma das regiões mais férteis do mundo.

Os gregos antigos diziam que os egípcios tinham a pele escura (em grego, melanchroes) e os cabelos crespos (oulotriches), o que revela a influência da população negra da África.

Até onde temos notícia, os primeiros habitantes dessa região eram nômades. Assim sendo, fica evidente que nos seus primórdios, todos os poderes se enfeixavam nas mãos de uma só pessoa, como no regime tribal, ou na família de tipo patriarcal.

Depois, com o crescimento do agrupamento humano, por certo houve necessidade de se agruparem em sociedades para a obtenção de fins comuns, em benefício

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de cada qual. Daí o surgimento de pequenos estados denominados “nomos”. Com o transcorrer do tempo, visando à continuidade da vida em sociedade, à defesa das liberdades individuais, em suma, ao bem-estar geral, houve várias fusões entre estados, até constituírem dois estados grandes que correspondiam às duas regiões naturais em que se divide o Egito: o Baixo Egito, com capital Mênfis no Norte e o Alto Egito com capital Tebas no Sul.

Nesse período, o Alto e o Baixo Egito travaram violentas e desgastantes guerras por um longo período. O emprego da força era a forma mais usual para a resolução dos conflitos. Era a “autodefesa”. Por óbvio não era a solução mais ideal, porquanto o mais forte levaria vantagem. “La raison du plus fort est toujours la meilleure” – “a razão do mais forte é sempre a melhor” – como dizia La Fontaine em uma de suas fábulas.

A UNIFICAÇÃO DO EGITO

Esses constantes conflitos enfraqueciam ambas as regiões, tornando-as vulneráveis a ataques externos. Menés, rei do Baixo Egito subjugou o Alto Egito, incorporando-o ao Reino Unido dos dois Egitos, que se tornou um dos mais poderosos impérios da Antigüidade. 2

Os historiadores dividem a história do Egito antigo em três períodos: o Antigo Império (que vai de 3200 a 2200 a.C.), o Médio Império (de 2200 a 1750 a.C.) e o Novo Império (de 1580 a 1085 a.C.).

A. ANTIGO IMPÉRIO (3200 - 2200 a.C.)

Os sucessores de Menés reforçaram o poder central. Apesar do empenho em manter a unificação adquirida, os Faraós não conseguiram submeter totalmente os nobres que governavam as diversas províncias. Estes se rebelaram contra Faraó, enfraquecendo o poder central, ocasionando a dissolução do poder central.

Nesse período é que foram construídas as grandes pirâmides, que serviam de tumbas aos reis, fato este, que mereceu aos reis construtores de tumba o apelido

2. ANDRADE, Claudionor de. Geografia Bíblica. Rio de Janeiro: CPAD, 1998, p. 31.

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de “Faraó” ou “casa grande”. A mais famosa das pirâmides, Quéops (terminada em 2800 a.C.), tem 150 metros de altura, o equivalente a um edifício de mais de trinta andares.

B. MÉDIO IMPÉRIO (2200 - 1750 a.C.)

Teve início com a restauração do poder central sobre todo o Egito. É nesse período que os hebreus foram habitar no Egito.

Segundo alguns historiadores, o Egito teria sido invadido por um povo asiático, possuidores de cavalos e carros de guerra, elementos desconhecidos pelos egípcios, por volta do ano 1900 ou possivelmente antes, talvez por volta de 2000 a.C., chamado de hicsos. Não sabemos com precisão quando os hicsos subjugaram o poder egípcio, entretanto podemos concluir que nesse período, quando José foi vendido pelos seus irmãos para os mercadores midianitas e comercializado no Egito, os reis pastores estavam estabelecidos na terra dos Faraós.

José alcançou uma posição de destaque junto a Faraó, o que lhe possibilitou introduzir sua família na melhor terra do Egito, Gósen, durante a grande fome que devastava toda a terra habitada naqueles dias (Gênesis 46.34).

Tendo o tempo apagado a memória das obrigações que todo Egito devia a José e tendo o reino passado a outra família, “levantou novo rei sobre o Egito, que não conhecera a José”, (Êxodo 1.8) dando início a um período sombrio para os filhos da promessa que perdurou por quatrocentos anos.

C. NOVO IMPÉRIO (1580 - 1085 a.C.)

Sob o império dos Faraós da 18ª dinastia, comandada por Amose I, os hicsos foram expulsos do Egito, por volta de 1580 a.C., iniciando paralelamente a opressão aos israelitas (que eram semitas como os reis hicsos). Foi sob o comando de Totmés I que as fronteiras do Egito se alargaram. Vangloriava-se de governar desde a terceira catarata do Nilo até o rio Eufrates.3 Este Faraó era auxiliado por sua filha

3. HALLEY, Henry Hampton. Manual Bíblico de Halley. São Paulo: Vida, 2001, p. 106.

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Hatchepsute ou Hatshput, que também era conhecida pelo título real de “makara”. Foi uma mulher bastante notável entre os maiores e mais vigorosos governantes do Egito, sendo co-regente com seu pai e depois com Totmés II e III. Flávio Josefo, historiador judaico identifica essa princesa pelo nome de Termutis, afirmando que ela adotou Moisés, como filho conforme relato bíblico registrado no Segundo Livro das Escrituras (Êxodo 2).4

Depois de Amose I reinou Amenotepe I (1545 a.C.), que foi substituído por reinou Totmés I (1529 a.C.), que foi substituído por Totmés (1517 a.C.), que foi substituído por Totmés III (1504 a.C.), que foi substituído por Amenotepe II (1453 a.C.). Este último, muitos estudiosos consideram como sendo o Faraó do Êxodo. Vários outros Faraós se levantaram depois da 18ª dinastia, todavia os que mais se destacaram na história de Israel depois do Êxodo são Sisaque (1 Reis 11.40), Zerá (2 Crônicas 14.9), Sô (2 Reis 17. 4), Tiraca (2 Reis 19.9; Isaías 37.9) e Neco (2 Reis 23.29).

A decadência aconteceu após a morte do Faraó Ramsés II. A disputa pela hegemonia enfraqueceu o Império, que acabou sendo invadido pelos assírios. Era o fim da autonomia da grande civilização. A partir de então, os dominadores estrangeiros se revezariam no domínio sobre o Egito: depois dos persas, os gregos, com Alexandre, o Grande da Macedônia (332 a.C.), e depois os romanos, com Júlio César (30 a.C.) e os invasores árabes no século VIII d.C.

2.2.2 ASSÍRIA

Os Assírios são descendentes diretos de Assur, filho de Sem, neto de Noé (Gênesis 10.11). Assur deixou a terra de Sinar e foi estabelecer-se em uma nesga de terra, ao norte da Mesopotâmia, mais para o oriente, isto é, próxima ao rio Tigre, que passou a levar seu nome. A cidade de Assur floresceu a margem do grande rio Tigre, não possuindo fronteiras definidas, entretanto suas dimensões, dependendo da época, variavam de acordo com suas vitórias e derrotas. Nos dias de glória, os assírios ocuparam uma área que se estendia do norte da atual Bagdá até as imedia-

4. JOSEFO, Flávio. História dos Hebreus. 5ª ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2001, p.80.

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