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INTRODUÇÃO

Estamos vivendo numa época em que muitas pessoas estão querendo ir além, em busca de algo novo, que ultrapasse as faixas demarcatórias do cristianismo.

Por causa dos mitos do progresso, em voga em nossos dias, a palavra “excede” exerce um certo apelo.

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Qualquer coisa que seja fixa e imutável parece ser, nas mentes de alguns, algo enfadonho e sem dinamismo. Nesta nossa época existencialista, as coisas devem progredir incessantemente, impulsionadas pelo dinamismo de uma recém-descoberta energia vital.

A emoção que prevalece em nossa civilização, não é o amor, o ódio ou qualquer emoção ativa; pelo contrário, é o enfado. Exigimos novos fascínios para alimentar as nossas áreas limitadas de interesses.

A demanda por novos fascínios tem levado muitos a tentarem avançar para além da fé, que uma vez por todas foi entregue aos santos, para chegarem a alguma novidade (e, portanto algo presumivelmente verdadeiro) mais excitante.

O cristianismo jamais deveria ser concebido como uma intransponível muralha de pedra. Pelo contrário, o cristianismo é o cume mais elevado para além do qual há uma descida, seja qual for à direção em que o indivíduo siga. Nada existe de maior, nada existe de mais elevado e, por certo, nada existe de mais magnificente do que as alturas da revelação de divina, nas Sagradas Escrituras e em Jesus Cristo. Tentar avançar para além desse cume, em busca de algo melhor equivale a perder-se nas fendas e penhascos das faldas montanhosas que se vão afastando do cristianismo autêntico.

Para além das fendas das heresias há os atoleiros febris das seitas, onde as serpentes e os escorpiões nos esperam. Para além da racionalidade só há insanidade, para além da medicina só há o veneno, para além do sexo só há a perversão, para além do fascínio só há o vício, para além do amor só há a concupiscência, e, para além da realidade só há a fantasia.

De igual modo, para além do cristianismo só há morte, a desesperança, as trevas e as heresias.

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HERESIOLOGIA I

Apesar disso, muitas pessoas continuam a preferir andar nas laterais do alto cume, que só conduzem para baixo. A situação religiosa crescentemente complicada em nosso dias está produzido uma explosão das mais estranhas religiões forjadas pela mente humana.

Seitas e novas religiões estão surgindo em proporções sem precedentes em toda terra. Cada uma delas professa ser detentora do mais recente revelação da verdade. Heresias da Antiguidade têm ressurgido em dias atuais, defendendo os mesmos erros já dantes combatidos, como por exemplo, o gnosticismo, que reaparece entre os teósofos, espiritualistas e esotéricos, ou o arianismo, defendido pelas Testemunhas de Jeová e Só Jesus.

Alguns estudiosos concluíram que há cerca de 700 seitas enquanto que outros afirmam que ultrapassou 3.000. Existem hoje espalhados pelo mundo mais de 5 milhões de Testemunhas de Jeová, quase 9 milhões de mórmons e milhares de adeptos da Nova Era.

Se houve um tempo em que ler ou estudar algum texto herético era já sinal ou, ao menos, levantavam suspeitas, de ser meio herética, a disposição da Igreja, hoje, são completamente diversas. Mais aberta, mais tolerante, mais dialogante, tende a Igreja descobrir nas heresias, eventuais aspectos positivos, mesmo se parciais, da verdade completa. De qualquer maneira é um dado admitido por muitos que as heresias fizeram avançar a reflexão teológica, obrigaram a precisar da doutrina e apurar os termos ambíguos.

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