ADAPATAÇÃO DE UM ÔNIBUS PARA MOTORHOME E O ESTILO DE VIDA DOS VIAJANTES
PAOLA PALMIERI BARBAGALLO
ADAPTAÇÃO DE UM ÔNIBUS PARA MOTORHOME E O ESTILO DE VIDA DOS VIAJANTES
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Centro Universitário Senac - Campus Nações Unidas - para obtenção do título de Graduação em Arquitetura e Urbanismo Orientador: Prof. Dr. Gabriel Pedrosa Pedro.
SÃO PAULO 2017
A G R A D E C I M E N T O S Agradeço primeiramente à Deus pelos grandes aprendizados das experiências que tive ao longo da vida, e pela oportunidade em me formar. À minha família, que, de toda e qualquer forma, se dispôs a me ajudar e me apoiar desde o momento de decisão do tema até o final do trabalho. Meu pai, por mergulhar de cabeça comigo, me acompanhando em todas as visitas técnicas e compartilhando sua incrível sabedoria por diversas vezes, o que ajudou na composição do caderno. Minha irmã, Isabella, por passar madrugadas acordada comigo relendo incansavelmente minhas escritas e por suas sábias sugestões. E minha mãe, que sempre me incetivou e nunca desistiu de mim, se orgulhando de cada conquista que tive do TCC. À professora Fanny Schroeder, por todos os atendimentos sobre dúvidas em relação a desenho técnico. Ao Professor Paulo Magri e o assistente da oficina Lucas Rocha pela ajuda com a maquete. Ao Professor e meu orientador Gabriel Pedrosa, pela paciência e grandes instruções ao longo do ano. À fábrica Motor Trailer do Brasil por abrir uma excessão, me fornecendo uma visita técnica e pelas ricas informações. Ao aluno Artur Marini (da Instituição do Centro Universitário Senac), por permitir que eu conhecesse sua kombi adaptada. A todos meus amigos que de alguma forma me ajudaram e apoiaram e se desenvolveram comigo por todos esses anos. À todos os professores que tive a oportunidade de receber ensinamentos durante a faculdade, e à instituição, por fornecer a livre escolha que temos sobre o assunto do Trabalho de Conclusão de Curso, permitindo que eu expresse minha visão sobre a vida como ela é.
R E S U M O
Este trabalho tem o objetivo de conhecer e compreender as adaptações de veículos para motorhome e o estilo de vida de pessoas que viajam neles e como adaptam seus veículos, quais recursos utilizam, porque decidem viajar desse modo, utilizando as mídias sociais para divulgação de seus hábitos. A mobilidade destaca-se pela flexibilidade e autonomia, permitindo que o morador leve todos seus pertences consigo para onde for. Pode ser considerada uma morada provisória ou definitiva, dependendo da escolha dos usuários e da disponibilidade que eles têm em modificar o veículo. Pelo motivo de cada vez mais brasileiros e pessoas ao redor do mundo optarem por viver desse modo, o trabalho apresenta um projeto composto por mobília diferenciada para um ônibus adaptado e um layout de otimização de espaço, incentivando cada vez mais a escolha por esse estilo de vida.
S U M Á R I O
INTRODUÇÃO……………………………………………………….....7 CAPÍTULO I – Noções preliminares................................... 11 1.1– O nomadismo e a história do abrigo sobre rodas ........................................................13 1.2 - Expansão da fabricação de trailers. ....................... 16 CAPÍTULO II – Habitação Mínima...................................... 19 2.1 – Archigram................................................................. 22 2.2 – Os metabolistas ....................................................... 24 2.3 – Estudo de Habitações mínimas do século XXI ...... 26 CAPÍTULO III – Modernidade líquida e a sociedade do consumo ................................................... 29 3.1 – O estilo de vida dos viajantes .................................. 34 CAPÍTULO IV – Referências de veículos adaptados........ 39 4.1 - Referências da Internet ........................................... 41 4.2 - Referências Visitadas ............................................. 51 CAPÍTULO V – Projeto ..................................................... 5.1 - Desde o início .......................................................... 5.2 - Sala .......................................................................... 5.3 - Cozinha .................................................................... 5.4 - Banheiro .................................................................. 5.5 - Quarto ......................................................................
57 59 64 64 64 65
5.6 - Instalações ................................................................ 65 5.6.1 - Conduítes e projeto de elétrica e luminotécnico ................................ 65 5.6.2 - Projeto de hidráulica .......................................67 5.7 - Cobertura do ônibus .................................................. 68 5.7.1 - Claraboias ...................................................... 68 5.7.2 - Placas Solares ............................................... 68 5.7.3 - Ar-condicionado ............................................ 68 5.8 - Bagageiro .................................................................. 70 5.9 - Mobília e detalhamentos .......................................... 72 5.9.1 - Poltrona retrátil do passageiro e gaveta do degrau ....................................... 72 5.9.2 - Sapateiro ....................................................... 72 5.9.3 - Sofá-cama ..................................................... 73 5.9.4 - Armários e Gavetas ...................................... 75 5.9.5 - Mesa retrátil da cozinha ............................... 75 5.9.6 - Cama adaptada ..............................................76 5.9.7 Abertura do teto do quarto .............................78 5.9.8 Revestimentos e materiais ............................79
CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................ 92 REFERÊNCIAS .................................................................. 93 LISTA DE IMAGENS .......................................................... 94
I N T R O D U Ç Ã O
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Nos Estados Unidos existe um movimento arquitetônico e social chamado “tiny house movement”, que consiste no fato de cada vez mais pessoas viverem em casas com espaços reduzidos. Paralelamente, o tamanho médio das casas americanas convencionais cresceu de 165m2 em 1978 para 247m2 em 2013, apesar de uma diminuição no tamanho da família média. As razões para isso incluem o aumento da riqueza material e o prestígio social associado às dimensões e valores das residências. Mediante a isso, a mudança de uma casa espaçosa para uma com espaço reduzido, significa uma grande mudança de valores. Atraídos cada vez mais pela perspectiva de maior liberdade e pelo menor impacto ambiental e custo de vida (da célebre frase “Menos é mais” do Arquiteto alemão Mies Van Der Rohe), o movimento mencionado anteriormente é um retorno às casas com menos de 93m 2, distinguindo entre pequenas (de 37m² a 93m²) e minúsculas (menos de 37m²). Fazem parte também desse movimento, as casas itinerantes, ou casa sobre rodas, podendo ser trailers, casas montadas sobre base de trailer ou veículos adaptados para motorhome (que são o foco deste trabalho). Pequenas casas sobre rodas foram popularizadas pelo americano Jay Shafer, que fundou algumas companhias que passaram a oferecer os primeiros planos para casas minúsculas sobre rodas. Ele prega que as pessoas têm o direito de viver de maneira simples. Jay Shafer passou os últimos 18 anos aperfeiçoando sua produção de mini casas, buscando satisfazer as necessidades específicas dos ocupantes, sem desperdício ou excesso.
Figura 1: mini casa sobre rodas, hoje, popularizada nos Estados Unidos.
Esse movimento permite que ocorra uma transformação na vida dos usuários, fazendo com que eles tenham que reduzir a quantidade de bens-materiais que possuem, o que ocorre naturalmente quando essas pessoas ocupam espaços reduzidos. Com a sociedade acumuladora e consumista que há hoje, muitas pessoas passam por um processo de quebra da conexão emocional com seus pertences. Conforme se verá a seguir, é perceptível que os ocupantes tenham uma vida mais simples e, às vezes, mais eficiente. 9
A escolha por adaptar um veículo de qualquer porte para motorhome é cada vez maior pelos brasileiros. Seja com a finalidade de moradia ou para viagens (longas ou curtas), o que permite ao viajante a aventura de poder ter um “quintal de casa” diferente a cada dia. Este assunto foi escolhido como objeto deste trabalho de conclusão pela força e interesse que vem ganhando pelo mundo e pelo encanto que tive pela liberdade de escolha que as pessoas têm ao viver desse modo. Os viajantes provam que você pode fazer o que quiser, porém, deve aceitar as devidas consequências. Neste caso, como consequência, você conhece lugares, pessoas, culturas, gastronomia local, e tem a oportunidade de
conhecer melhor a si mesmo. A experiência de aprender a se orientar em meio ao mundo com uma casa sobre rodas deve ser fascinante. O estudo tem como objetivo entender melhor o estilo de vida dessas pessoas e suas motivações para adotá-lo, o que foi feito através de questionários, visitas e estudos de relatos de suas experiências. Além disso, este trabalho trata das adaptações necessárias dos veículos e dos móveis e utensílios de tamanhos reduzidos e multifuncionais utilizados em seus interiores para chegar ao projeto de um ônibus adaptado, com layout e desenho de mobília baseado nos estudos.
Figura 2: interior do ônibus adaptado para motorhome (Expedition Happiness Bus).
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Noções Preliminares
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1.1 O nomadismo e a história do abrigo sobre rodas “It’s in our genes to be nomadic. For nearly all of human kind’s history, just to survive we found it necessary to live our lives on the move.” ¹
O nomadismo é uma prática que consiste em um indivíduo ou grupo se locomover por diferentes territórios em busca de recursos oferecidos pela natureza até que fiquem escassos e isso comprometa sua sobrevivência. Nos períodos Paleolítico e Neolítico, era uma prática comum entre os povos, que usavam recursos dos mais diversos para se locomover por uma natureza selvagem. Com as mudanças climáticas e a descoberta das primeiras técnicas agrícolas, o nomadismo deu lugar ao sedentarismo na Antiguidade e, assim, começamos a pertencer a um lugar. Em consequência, com o crescimento do acúmulo e consumo que começamos a ter, nos apegamos a bens materiais. Alguns povos em seu processo de locomoção, tinham o objetivo de fazer trocas comerciais, como os fenícios e os gregos. Os Celtas foram pioneiros com a introdução de estruturas móveis para abrigá-los durante o tempo em que viviam em movimento. A estrutura era semelhante a um carrinho de mão, sendo carregada utilizando a própria força do homem. ²
Figura 3: estrutura semelhante ao carrinho de mão, onde o homem podia transportar o seu abrigo sobre rodas com a sua própria força.
Mais tarde, as estruturas sobre rodas foram modificadas. Além do aumento de suas dimensões, passaram a ser atreladas a cavalos domésticos, surgindo assim, a carroça. Essa invenção teve um enorme impacto comercial e social, sendo uma estrutura utilizada pioneiramente pela etnia romena e até hoje em alguns lugares do mundo.
1 Robert Kronenburg, André Cordescu e Jennifer Siegal; Mobile: the art of portable architecture; pág.12 2 CALAPEZ, André: Dissertação Arquitectura sobre rodas - pg 18
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De acordo com o historiador brasileiro Luís Câmara Cascudo, no século XVI, o povo Romani (os ciganos) recorreu à carroça para se deslocar pelos locais com a proposta de comercializar suas mercadorias, o que levou à criação de um tipo de casa móvel, a Vardo, composta por vagões de quatro rodas puxados por cavalos e equipadas com cama, armário, utensílios de apoio à cozinha pendurados na parede e, por fora, ornamentos de símbolos tradicionais esculpidos e pintados à mão.
O layout essencial foi consolidado 125 anos atrás. Há um número limitado de combinações que satisfazem as necessidades humanas neste tipo de escala. A cama, por exemplo, por fazer parte de um cômodo mais reservado e de passagem menos intensa durante o dia, acaba naturalmente permanecendo no fundo da habitação. No entanto, apesar das limitações, há alguma variedade dentro destes parâmetros.³ A autocaravana é a habitação sobre rodas associada à forma de habitação num espaço que vai de encontro a outros. Ser nômade em uma carroça é assumir uma liberdade relativa, pois o abrigo é o bem material do usuário que proporciona seu conforto e necessidade, dando apenas um determinado grau de dependência. Habitar em movimento possibilita o conhecimento e a vivência de realidades diferentes. Está na história da humanidade ser nômade.
Figura 4: Vardo, abrigo do povo cigano
Figura 4: Vardo, abrigo do povo cigano.
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3 https://paleotool.com/the-vardo/the-vardo-conception-and-planning/
Figura 5: Planta baixa de uma Vardo (sem escala).
Figura 6: cortes de uma Vardo (sem escala).
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1.2 Expansão da fabricação de trailers. Na década de 1910, os ingleses intervieram no famoso Modelo T-Ford de modo a transformá-lo em autocaravana para acompanha-los nos fins-de-semana na sua fuga da cidade para o campo. No outro lado do oceano atlântico alguns americanos endinheirados recorriam a especialistas para construírem a sua própria casa sobre rodas para as suas aventuras.4 Em 1912, o primeiro motorhome americano que se tem notícia, montado em chassi Ford T 1912, trazia a mensagem estampada: “Wanderlust” (“desejo de viajar”).
Figura 7: primeiro motorhome notificado em Caltrans, Califórnia, USA.
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4 Ray I. Scroggins; Home Is Where You Park It; pág 32
Em 1921, curioso Motorhome semelhante a um vagão, construído sobre chassi Pierce Arrow 1918 (Buffalo, NY, USA). Como o motor era dianteiro e enorme, o motorista situava-se atrás dele, quase ao centro do carro.
Figura 8: motorhome semelhante a um vagão de trem.
Motorhome com quatro camas e cozinha, montado sobre chassi Indiana 1921. Percebe-se a utilização de inovadores e volumosos pneus Firestone. Esta servia para acionar implementos mecânicos, através de correia plana, com a roda suspensa.
Figura 9: motorhome sobre chassi Indiana 1921.
Algumas invenções começaram a surgir dando “suporte” a esses motorhomes. Atualmente são engraçadas, como esta “cama” de casal, facilmente montada em 3 minutos e muito leve (15kg). Um sucesso em 1925. Ou essa barraca sobre a capota e escada frontal para esse Fiat Topolino, na Itália (1940).
Figura 10: Propaganda das invenções para motorhome da época.
Figura 11: barraca para montar nos carros, existentes até nos dias de hoje. 17
Os trailers não tinham apenas a finalidade de motorhome. Começaram a surgir, e são utilizadas até nos dias de hoje, adaptações para “negócios itinerantes”, onde as pessoas podem prestar seus serviços e vender suas mercadorias onde quer que o cliente esteja.
Figura12: clínica itinerante do “Serviço de Conforto para os Pés”, em um Ford V8 1936. (Dr. Scholl’s).
Hoje em dia, há grandes encontros de motorhomes pelo mundo. As pessoas se encontram para trocar informações, experiências e neles fazem eventos especiais para os viajantes. Os encontros ocorrem há algum tempo, como registra a foto de um deles ocorrido em 1931, flagrando a diversidade de formas, tamanhos e modelos da época.
Figura 13: Grande encontro em Arcádia, Florida, em 1931. 18
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Habitação Mínima
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No início do séc. XX, em meio à superpopulação, condições precárias de higiene e edificações inseguras numa época de expansão das metrópoles europeias, começou-se a discutir ocupações em habitações mínimas, tema que ganhou grande interesse de discussão no 2º CIAM5, ocorrido em Frankfurt, na Alemanha no ano de 1929. Era introduzida a questão da “habitação para a mínima existência” (“Diewohnung Fur das Existenzminimum”), como foi intitulada. Sistematizava-se o que era o mínimo aceitável para uma família viver, abordando a questão do espaço da moradia, o modo de vida e uso do espaço, contendo relevantes abordagens de aspecto social.
“Muito mais do que uma simples relação de metragem quadrada por pessoa, acrescentou se o critério do mínimo social no debate sobre a Existenzminimum (habitação para o mínimo nível de vida) durante o Congresso Internacional de Arquitetura Moderna de 1929, ocorrido em Frankfurt-am-Main, onde novos projetos de Siedlung estavam sendo desenvolvidos. A concepção de uma habitação mínima envolveria resoluções de amplas necessidades biológicas e psicológicas no sistema estático da construção em si.” 7
No Congresso, os participantes de diferentes países apresentaram e discutiram os problemas, pesquisas e as soluções existentes das células de habitação estudadas. Isso contribuiu para uma importante linha de pensamento em direção a uma espécie de consciencialização geral dos problemas socioculturais e econômicos da habitação.
Le Corbusier foi um dos arquitetos que afirmou que a problemática da habitação mínima não se resumia apenas aos aspectos de área, projeto e preço, incluindo também o fato de o usuário ter de desenvolver uma nova maneira de viver. Por isso, não apenas a concepção e a construção deviam ser racionalizadas, mas também o comportamento dos utilizadores precisava ser alterado. Tratava-se de uma arquitetura pensada sobre as regras do funcionalismo e do racionalismo, dando menor importância às variações de comportamentos, necessidades ou a simples mudança do gosto. O que uma parte dos arquitetos da época queria era, através de sua arquitetura, ajudar a propor outros modos de vida.
O espaço gerado é resultado do estudo das atividades humanas dentro do espírito do “existenzminimum”. Assim, vários equipamentos passam a ser móveis ou escondidos como camas e mesas, armários são embutidos e podem dividir os ambientes e as portas podem correr.6
5 CIAM: Congresso Internacional de Arquitetura Moderna (Constituía em eventos organizados pelos principais nomes da arquitetura moderna internacional a fim de discutir os rumos a seguir nos vários domínios da arquitetura (Paisagismo, Urbanismo, Exteriores, Interiores, Equipamentos, Utensílios, entre outros). Foi responsável pela definição daquilo que costuma ser chamado international style, difundindo uma arquitetura considerada limpa, funcional e racional. 6 http://www.cronologiadourbanismo.ufba.br/apresentacao.php?idVerbete=1465 7 FOLZ, Rosana Rita. Cadernos de Arquitetura e Urbanismo: Belo Horizonte, v. 12, n. 13, p. 95-112, dez. 2005.
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2.1 Archigram
Em 1961, um grupo inglês começou a projetar imagens neofuturistas com abordagem tecnológica em seus projetos resultando em formas irônicas de ficção cientifica, em vez de em soluções que fossem projetadas ou passíveis de serem realizadas e apropriadas pela sociedade. O grupo é constituído inicialmente pelos estudantes de arquitetura e urbanismo Peter Cook, Ron Herron, Warren Chalk, Dennis Crompton, David Greene e Mike Webbque, que publicam e divulgam seus projetos em uma revista ilustrada de caráter contestatório e provocativo de nome Archigram (architecture + telegram), como uma crítica às formas tradicionais de produção. Nela, era compartilhada a ideia de que era possível e necessário transformar a arquitetura e o urbanismo por meio do progresso e das tecnologias emergentes.8
Basicamente, poderia ser definida como uma cápsula completamente fechada, pequena e confortável, com compartimentos internos planejados para diversos usos. Uma arquitetura híbrida (utiliza mais do que uma fonte de energia para o seu funcionamento) constituída pelo espaço em si e pelas máquinas anexadas a ele.
A maquinaria acoplada à estrutura principal era equipada com aparelhos de última geração, transformando o ambiente numa perfeita máquina de morar, planejada para ser implantada até no fundo do mar. Neste projeto, Greene, reavalia o que seria o habitar, o lar para uma só pessoa, um envoltório único, sua roupa, seu Living Pod, sua bolsa. 9
Suas propostas tinham sempre caráter inovador, rompendo com os padrões estabelecidos. Sua arquitetura foi pensada como fenômeno de comunicação e tinha surpreendente afinidade com a dos metabolistas japoneses. Algumas das criações relacionadas à habitação mínima eram: Living Pod Project, 1965: Projetado por David Greene, consistia no estudo de uma casa cápsula que poderia se transformar em uma casa trailer, podendo ser inserida no interior de uma estrutura urbana plug-in ou ainda ser transportada e implantada numa paisagem aberta, demonstrando liberdade e flexibilidade em sua implantação.
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8 https://arquitetandoblog.wordpress.com/2009/04/25/grupo-archigram/ 9 http://www.nomads.usp.br/pesquisas/cultura_digital/complexidade/CASOS/LIVING%20POD/LIVINGPOD.htm
Figura 14: Living Pod, por David Greene.
Figura 16: Croqui do interior.
Cushicle, 1966-1967: Era uma unidade habitacional transportável ainda mais compacta, própria para uma estadia rápida e provisória em lugares desabitados ou ermos. Foi projetada para ser uma moradia funcional, portátil e confortável dentro de uma sociedade tecnológica. Uma invenção com extrema sofisticação que possibilitaria a um viajante levar consigo um microambiente habitável com alto nível de conforto térmico. Seria útil a um profissional que trabalhasse a serviço de entidades de pesquisa, proteção e desenvolvimento ambiental, por exemplo, em florestas de difícil acesso ou em desertos.
Figura 15: Croquis de estudos do interior.
Constituído por duas partes principais: o chassi, feito de armaduras dobráveis e desdobráveis que servem para estruturá-lo, e o envelope, que envolve e protege o ambiente. A parte do envoltório contém uma casca extra, feita de uma lona especial que funciona como uma tela de projeção. 23
2.2 Os Metabolistas Os dois sistemas se desdobram, abrindo consecutivamente. Articulado a esses sistemas encontra-se um acento reclinável, semelhante a uma cadeira de dentista, que é inflado assim que necessário. Junto com o Cushicle, o viajante pode transportar uma série de equipamentos extras, inclusive de comunicação, para que possa entrar em contato com o mundo exterior, via satélite, em qualquer condição climática 10 Quando fechado (sendo dobrado), esse objeto arquitetônico pode ser levado pelo viajante em seu carro ou ainda ser carregado as costas, com um mínimo de esforço no transporte. Esta barraca foi planejada para ser facilmente montada e desmontada por qualquer pessoa, ficando pronta para ser habitada assim que tirada da mochila.
Figura 17: Desenhos do projeto Cushicle.
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10 http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/04.048/585 11 http://www.territorios.org/teoria/H_C_metabolistas.html
Os Metabolistas eram um grupo de arquitetos e projetistas japoneses contemporâneos, fundado em 1959. O significado japonês da palavra tem um sentido de substituição do velho pelo novo e o grupo ainda interpretou como equivalente à contínua renovação e crescimento orgânico das cidades. Eles tinham pesquisas para as cidades do futuro habitadas por sociedades de massas, buscando, com isso, respostas projetuais através da arquitetura, das grandes infraestruturas, dos grandes recursos de engenharia e de um ideal de intervenção em grandes escalas. Influenciados pelas ideias e desenhos do Archigram, consideravam que as leis tradicionais de forma e função na arquitetura tinham caído em desuso e acreditavam em uma profunda influência do espaço e funcionalidade na sociedade e cultura do futuro. 11 Considerada um ícone do Metabolismo, a Nakagin Capsule Tower de Kisho Kurokawae foi um dos projetos que chegou a ser construído no distrito de Ginza em Tóquio, 1972 e completado em apenas 30 dias. Pré-fabricada na Província de Shiga em uma fábrica que normalmente construía containers de transporte, é constituída por 140 cápsulas conectadas à estrutura principal (onde se localizam o elevador e as escadas) através de apenas quatro parafusos de alta tensão, de modo a facilitar a substituição das unidades.
As cápsulas continham as inovações mais recentes e foram construídas em treliças soldadas de aço leve cobertas com chapas de aço montadas nos núcleos reforçados de concreto. Têm 2,5 metros de largura e 4m de comprimento e uma janela circular central com 1,3m de diâmetro, fornecendo iluminação e ventilação naturais. As unidades originalmente continham uma cama, armários, um banheiro, uma televisão em cores, relógio, refrigerador e ar-condicionado. Embora as cápsulas fossem desenhadas para a produção em massa, nunca houve tanta demanda. Desde 1996 a torre está listada como patrimônio arquitetônico pelo DoCoMoMo. Contudo, em 2007 os residentes votaram por destruir a torre e construir uma nova com 14 pavimentos. Mas permanece construída até hoje.
Figura 18: Disposição das cápsulas da torre de Nakagin.
Figura 19: fotografia da Nakagin Capsule Tower. . 25
2.3 Estudo de Habitações mínimas do século XXI A procura por apartamentos com apenas um quarto aumenta cada vez mais no mercado. Jovens e casais optam por uma moradia mais acessível e funcional, levando em consideração o custo-benefício, pois estas moradias de metragem reduzida permitem o acesso às áreas centrais, por serem mais baratas que as moradias de metragem convencional. Figura 20: Desenho em perspectiva do interior da cápsula.
O que estes espaços exigem é que as pessoas saibam armazenar seus pertences e, o mais importante, que saibam reduzi-los. Se os moradores perdem o controle da quantidade de utensílios que são armazenados no espaço pequeno, a bagunça toma conta. E por isso que este estilo de vida é tão desafiador para alguns. As pessoas devem se empenhar na organização. As plantas estudadas propõem habitação mínima com a tipologia alongada, pois sua disposição dos cômodos pode ser comparada ao espaço interno de um ônibus adaptado.
Figura 21: Fotografia do interior de uma das cápsulas.
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Como pode ser notado, as áreas de convívio tendem a tomar o espaço central da casa, fazendo com que os espaços que exigem maior privacidade e que não exigem um fluxo intenso de pessoas permaneçam nas extremidades. O quarto, por essa razão, é mantido nos fundos, do outro lado da entrada.
Figura 22: Apartamento com 26,55m² .
Figura 23: Apto. de tipologia alongada. 27
Naturalmente, os cômodos são reduzidos e a maioria das plantas apresenta passagem na lateral, formando um corredor, o que facilita o fluxo desde que não haja móveis no caminho. As áreas que contém instalação hidráulica, como o banheiro e a cozinha, permanecem juntas. As plantas que apresentam sala, mantém ela próxima ao quarto, tornando-a uma “barreira” para a área mais reservada, que é o quarto. O quarto é o último ambiente, se começar pela porta de entrada. É um método que acontece simplesmente pelo bom senso de uso do espaço, mantendo as áreas mais utilizadas localizadas onde há maior fluxo e presença de pessoas. Figura 24: Apartamento com 19,50m².
Figura 25: Apartamento com 24m². 28
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Modernidade lĂquida e a sociedade do consumo
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“Vivemos em tempos líquidos. Nada foi feito para durar.” 12
O tempo em que vivemos é chamado por muitos pensadores como “pós-modernidade”. Já o sociólogo polonês Zygmunt Bauman utiliza o termo “modernidade líquida”, escolhendo essa metáfora do “líquido” ou da fluidez como o principal aspecto do estado dessas mudanças. Um líquido sofre constante mudança e não conserva sua identidade por muito tempo. A ideia baseia-se na construção do conceito sócio histórico de modernidade, tratando de uma série de mudanças que se estabeleceram nas últimas décadas e que exerceram e ainda exercem grande influência sobre o mundo social contemporâneo. Entre elas, a globalização foi uma das maiores forças de transformação da paisagem social moderna. As pessoas se conectam do mundo virtual, mas se desconectam da realidade.
12 BAUMAN, Zygmunt disponível em https://vestibular.uol.com.br/resumo-das-disciplinas/atualidades/zygmunt-bauman-o-pensamento-do-sociologo-da-modernidade-liquida.htm
Bauman entende que na modernidade sólida os conceitos, ideias e estruturas sociais eram mais rígidos e inflexíveis. As pessoas tinham mais certezas. A passagem de uma modernidade a outra acarretou mudanças em todos os aspectos da vida humana. O termo, além de representar “um mundo repleto de sinais confusos, propenso a mudar com rapidez e de forma imprevisível”, trata-se da individualização, em que o sujeito agora se encontra “livre”, em certos pontos, para ser o que conseguir ser mediante suas próprias forças. Para o sociólogo, somos impulsionados pelo desejo, um querer constante que busca novas formas de realizações, experiências e valores. Ele observa também que no século XX o ato de consumir alcançou outro patamar, tornando-se um elemento central na formação da identidade. Muito além da satisfação de necessidades, consumir passa a ter um peso primordial na construção das personalidades. O ter se torna mais importante que o “ser”.
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Conhecemos o mundo de hoje pelo desenvolvimento, modernização, atualização, reposição do velho pelo novo. O século XXI é caracterizado por uma onda de atualidades instantâneas, principalmente os bens materiais. Quando compramos o objeto que antes era desejado, logo este perde o brilho, pois já existem novos mais bonitos, mais sofisticados, mais tecnológicos, e a mídia rapidamente trata de colocar em nossa mente a ideia de que a felicidade está ali. Somos reféns desse sistema, que forma um círculo vicioso de consumo. O que devemos nos interrogar é sobre a necessidade de consumir certas coisas. Será que precisamos mesmo de tudo isso?
“O problema não é consumir; é o desejo insaciável de continuar consumindo.” 13
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Como dizia Bauman: “A vida desejada tende a ser a vida vista na TV”. Mas, a vida vai além de padrões de comportamento, de quantidades exageradas, de roupas caras, de obtenção de todo tipo de tecnologia avançada, de querer mostrar para o outro aquilo que você tem muitas vezes de forma superficial, vai além do ego. As pessoas vivem uma busca desenfreada por poder e por ter. Ainda que para enxergar esse além, seja preciso coragem para se desconectar e viver a própria vida.
“Um homem precisa viajar. Por sua conta, não por meio de histórias, imagens, livros ou TV. Precisa viajar por si, com seus olhos e pés, para entender o que é seu. Para um dia plantar as suas árvores e dar-lhes valor. Conhecer o frio para desfrutar o calor. E o oposto. Sentir a distancia e o desabrigo para estar bem sob o próprio teto. Um homem precisa viajar para lugares que não conhece para quebrar essa arrogância que nos faz ver o mundo como o imaginamos, e não simplesmente como é ou pode ser; que nos faz professores e doutores do que não vimos, quando deveríamos ser alunos, e simplesmente ir ver.”14
13 BAUMAN, Zygmunt disponível em https://vestibular.uol.com.br/resumo-das-disciplinas/atualidades/zygmunt-bauman-o-pensamento-do-sociologo-da-modernidade-liquida.htm 14 AMYR KLINK – consagrado navegador, mestre em planejamento disponível em https://vestibular.uol.com.br/resumo-das-disciplinas/atualidades/zygmunt-bauman-o-pensamento-do-sociologo-da-modernidade-liquida.htm
Figura 26: filme “Tempos Modernos” de Charlie Chaplin, mostrando a produção em série.
Figura 28: uma crítica ao consumo desenfreado.
Figura 27: Cena representando que nem toda técnologia é funcional.
Figura 29: Charlie Chaplin tentando entender as máquinas imensas que rodeavam a fábrica.
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3.1 O estilo de vida dos viajantes Hoje em dia, há profissões que dependem do deslocamento, como os circenses, os artistas, feirantes, etc. No entanto, existe em muitos de nós uma vontade escondida de nos libertarmos da vida quotidiana e irmos à descoberta, com a finalidade de visitar e conhecer infinitas culturas, pessoas, cores, cheiros, sabores, lugares... Há aqueles que largam tudo o que tem e que fazem para passar o resto da vida viajando. Essa vontade pode estar presente em qualquer um! Seu vizinho, sua prima, um colega de trabalho, até você mesmo já pode um dia ter cogitado largar tudo (ou uma parte do que tem) para viajar o mundo. Escolher por um estilo de vida considerado louco e ousado por muitos. Apenas recolher os pertences que julgar necessário e partir sem data de retorno, muitas vezes sem rumo certo. Você se joga no mundo e ele te entrega aventuras e novos desafios pela natureza, que é mutável por si mesma, pelo tempo. E há pessoas que queiram se desafiar nesse mundo em constante mudança para se transformar junto. Se estamos na Terra de visita, por que não simplesmente visitar? Essa mudança começa por nós mesmos. O ser humano muda através de vivências, novas experiências e de como lida com elas.
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Sair da própria bolha é uma das opções. Viajar é descobrir como você lida com restrições, é um modo de conhecer seu interior. Muitas pessoas fogem daquilo que chamamos rotina. Acordar, tomar café da manhã correndo, pegar um trânsito caótico, chegar ao ambiente de trabalho que muitas vezes é estressante, pegar mais trânsito para voltar para casa, chegar em casa, tomar um banho e cair na cama, torcendo para que o final de semana chegue logo. As pessoas passam por isso durante semanas, meses, anos e se dão conta que não viveram a vida do jeito que gostariam. Quem não fica pensando se está realmente vivendo ou apenas seguindo essa busca louca por dinheiro suficiente para fazer, no dia seguinte, exatamente o mesmo que no dia anterior? Há quem se engane pensando que ter um bom salário e estabilidade no ambiente de trabalho são requisitos para a felicidade. Alguns não se contentam, mas outros se contentam. Não há nada de errado querer passar a vida inteira no mesmo lugar, fazendo as mesmas coisas. Mas, para aqueles que não se contentam e preferem rodar o mundo, a novidade é que podem dirigir sua própria casa adaptada. A diferença é que os veículos não foram feitos com essa finalidade. Mas há a possibilidades de adaptações para que se transformem em casas sobre rodas.
As pessoas muitas vezes viajam para conhecer um pouco de como as outras partes do mundo lidam com o sistema imposto pelo governo local. Nem todos apoiam e concordam com as escolhas feitas pela política, e viajar é um modo de vivenciar como é não viver à base de regras dos outros, mas sim, as suas próprias. À medida que o futuro se torna incerto, o sentimento dominante é que se deve viver o momento presente e exclusivamente para si. A sensação de liberdade individual é atingida e todos podem se considerar mais livres para agir conforme seus desejos. Mas essa liberdade não garante necessariamente um estado de satisfação. Ela é seguida pelas devidas consequências por esses atos e joga aos indivíduos a responsabilidade pelos seus problemas. Viver em um veículo adaptado exige muito das pessoas em várias questões. Uma delas é o controle da quantidade de utensílios que o motorhome suporta. Se a pessoa possui um perfil consumista, por exemplo, ocorre um acúmulo desenfreado, gerando bagunça. Isso tira o conceito de uma habitação mínima organizada. Além disso, o dinheiro que é gasto em necessidades básicas dos viajantes é usado em objetos que as pessoas não precisam.
Figura 30: Redução de bens também faz parte da adaptação.
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Uma vida em um veículo adaptado requer esforço para mantê-lo. Precisa de reabastecimento de água e comida, manutenção, limpeza, energia e recursos para movimentálo, seja qual for. Economizar dinheiro é fundamental. E como muitos fazem viagens longas ou moram, há um espaço no motorhome para que essas pessoas possam trabalhar e continuar mantendo suas necessidades. Essas pessoas são chamadas de nômades digitais, pois trabalham durante as viagens, não necessariamente exercendo sua profissão. Algumas delas são: • Redator/Jornalista, escrevendo e vendendo as matérias para alguma mídia, ou escrevendo seu próprio site ou blog, oferecendo muitas oportunidades de trabalho, mesmo que algumas com remuneração bem abaixo do esperado. É uma das carreiras mais buscadas pelos nômades digitais. • Professor de idioma, podendo ensinar até mesmo português por onde passar, o que é também uma ótima maneira de conhecer moradores do local. • Desenvolvedor de sites, web designers e programadores. Estes profissionais podem criar e gerenciar novos projetos • Produtor de vídeo ou fotógrafo, podendo criar e trabalhar praticamente em qualquer lugar, desde que haja uma boa conexão à internet para enviar seus trabalhos aos clientes. Profissionais da área podem tanto investir na criação
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15 http://nomadesdigitais.com/10-ideias-para-quem-quer-trabalhar-e-viajar-o-mundo/
de vídeos sobre os locais que visitam quanto criar um material mais universal ou, quem sabe, investir na área de publicidade, vendendo suas habilidades para empresas de diversas partes do mundo. • Professor de yoga, meditação ou qualquer esporte, o que gera bastante interesse mundo afora. Dar aulas no local em que você estiver vivendo permite conhecer de perto pessoas com interesses parecidos com os seus, enquanto aproveita para sustentar a viagem enquanto está no local. • Empreendedor, tendo seu próprio negócio. Muitas startups pelo mundo já funcionam completamente online. 15 E muitas outras funções que podem ajudar a trabalhar no local onde estão visitando. Além de levar conhecimento, conhecem lugares, outras pessoas, histórias... Há uma troca mútua de experiências e informações. Também há viajantes que trocam trabalho por hospedagem em campings (como, por exemplo, fazer a limpeza do local, ser garçom/garçonete se o local apresentar restaurante ou lanchonete, etc.). Cada um segue o que estiver ao alcance. Trabalhar exige disciplina, pois você quem gere seu próprio negócio e é responsável por separar o horário de trabalho e lazer. Portanto, o veículo adaptado deve ter um espaço organizado para que essa pessoa tenha a chance de se concentrar, podendo ser uma escrivaninha para fazer suas anotações, utilizar o notebook, guardar seu material de trabalho, etc.
Muitos têm dificuldade em ganhar dinheiro. Algumas funções não têm grande retorno financeiro. É por isso que alguns viajantes fazem planilhas e organizações de gastos para ter maior controle. Alguns planejam por onde passar, o valor do combustível daquele local, por exemplo, quanto está podendo gastar, o necessário básico para comprar, o que compensa, enfim. Para isso, um ótimo recurso são os aplicativos que surgem cada vez mais com a intensão de levar informações de custo sobre os locais. Cada um tem seu modo de planejar, outros seguem o lema “o plano é não ter plano”, não tendo um rumo certo, deixando para perguntar aos moradores locais os melhores lugares para conhecer e decidir na hora o que fazer, o que não deixa de ser um modo de planejamento também. O importante para esses viajantes é ter novas vivências e conhecer tudo o que puderem.
Figura 31: o espaço de trabalho, muitas vezes, é improvisado.
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C A P Í T U L O
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Referências de veículos adaptados
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4.1 Referências da internet
Há cada vez mais pessoas optando por viajar em veículos definindo qual a melhor adaptação a fazer para suprir as necessidades que julgam básicas durante as viagens. Neste trabalho, foram separados três tipos de veículos para apresentação das adaptações: os carros (pequeno porte), as vans e kombis (médio porte) e os ônibus (grande porte). Todos os tipos são carinhosamente apelidados por seus donos. As pessoas que anseiam em viajar por um curto período de tempo, normalmente optam por utilizar um carro, por ser mais barato e não precisar suprir as necessidades por um longe tempo de viagem. Elas preferem improvisar seus carros de um jeito mais compensatório. Vão desde adição de barracas para campings posicionadas no teto do carro, até a adaptação completa para que tenha maior conforto. Podem decidir retirar os bancos traseiros, fazer o isolamento térmico, decoração e acrescentar alguns utensílios de exigência.
Figura 32: registro do veículo sem os bancos traseiros.
A Italiana Marina Piro está viajando o mundo com sua labradora. O carro escolhido foi uma Renault Kangoo 2001. Ela mesma colocou a mão na massa e o transformou em um “mini motorhome” depois de passar dois meses pesquisando na internet como adaptar. Em nenhum momento procurou fábricas especializadas ou alguém fez o trabalho por ela. Foi nomeado de “Pam, the Van”. Figura 33: isolamento térmico feito com manta térmica isolante aluminizada.
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Figura 34: instalação da manta térmica.
Figura 35: resolvendo a parte elétrica.
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Figura 36: revestimento em madeira.
Figura 37: mão na massa no mobiliário.
A parte traseira foi transformada em um ambiente bastante acolhedor com direito a cama, cortinas, uma micro cozinha, luzes de LED pra fazer iluminação noturna, um espaço para guardar seus livros e até uma horta caseira. A razão principal pela escolha em viajar de veículo foi que ela pudesse levar sua cachorra junto na viagem, pois muitas companhias aéreas, de ônibus e trem não aceitam cães e há dificuldades para encontrar alojamento adequado.
Figura 38: Interior finalizado.
Figura 39: Interior finalizado.
Figura 40: Momento de uso do veículo adaptado.
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As kombis de diversos tipos e modelos são o veículo mais utilizado pelos viajantes. O porte é parecido ao de um carro e possui a direção semelhante, além de possuir um bom custo-benefício, podendo ser encontrada facilmente. Matilda é uma Kombi Clipper 1997, último modelo com a porta salão. O casal de brasileiros Paula e Germano transformou-a em um motorhome em 2014 e desde então, viajam pelo mundo. Tiveram um gasto inicial de R$11.000 apenas para a adaptação. Muitos objetos foram adquiridos por amigos e família. Foi comprada com a proposta de fazer transporte de carga, até o casal ter a ideia de transformá-la em um motorhome e conhecer novos lugares. A adaptação feita foi o isolamento térmico, a inserção de um banco improvisado de madeira que vira cama, onde também armazenam seus pertences e cortinas para obter uma privacidade maior. Tudo feito por eles mesmos. As kombis costumam não ter grandes transformações, até porque o espaço não permite instalações hidráulicas, por exemplo. Alguns viajantes, como o casal, utilizam galões de água para banho e lavagens rápidas de louça.
Figura 41: Casal de brasileiros com sua Kombi adaptada denominada Matilda.
Hoje, a rotina deles pode ser acompanhada pelas redes sociais em belas fotos. Todas as novidades são compartilhadas por lá e a kombi está em constante adaptação. É um automóvel que exige de manutenção frequente. À bordo também são encontrados seus dois gatos de estimação. 16
Figura 42: Casal de brasileiros com sua Kombi adaptada denominada Matilda. 44
16 http://kombimatilda.com/
Figura 43: o interior da kombi modificado pelo casal. Figura 45: o interior da kombi modificado pelo casal.
Figura 44: o interior da kombi modificado pelo casal.
Figura 46: Kombi finalizada. 45
A grande maioria das pessoas que decidem por fazer viagens longas ou até mesmo morar em um veículo adaptado, pensa logo de cara modificar um ônibus. Seu tamanho permite algumas instalações que os outros tipos têm mais dificuldade em obter, como instalação elétrica e hidráulica. As pessoas podem ficar em pé e circular por ele, tendo todas ou quase todas suas necessidades supridas, sem dependência de outros locais. Por isso que é considerado o veículo mais fácil do usuário se acostumar. Possibilita maior conforto e divisão de alguns cômodos, o que leva a uma maior privacidade. Seu tamanho varia de acordo com a disponibilidade de gastos do casal, pois é um veículo que exige mão-deobra externa para uma adaptação bem feita. Nele, podem ser inseridos móveis de tamanho reduzido e também de tamanhos convencionais.
Figura 47: Expedition Happiness Bus adaptado.
Os usuários têm a possibilidade de exercer sua profissão durante a viagem, pois o tamanho do ônibus permite um projeto mais bem detalhado e organizado, propiciando uma área de trabalho. Esse casal de americanos transformou um ônibus escolar de porte grande em sua casa para que eles pudessem viajar mundo afora. Possui revestimento interno de madeira, como sendo o material mais utilizado nessas adaptações. Como é espaçoso, possui parte hidráulica, logo, há banheiro e cozinha bem equipados. Figura 48: Interior do ônibus adaptado.
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Na sala, há um sofá espaçoso que propicia um gaveteiro para armazenamento de utensílios do casal e seu cachorro de estimação. Logo após a sala, encontra-se uma cozinha bem equipada, com fogão de quatro bocas e uma geladeira de tamanho convencional. Conectada à ela, tem o banheiro com vaso de compostagem e um chuveiro portátil, facilitando o uso em um espaço reduzido. Por último, um quarto bem espaçoso com uma cama de tamanho grande. Quando o veículo é muito grande, os usuários tendem a armazenar mais objetos dentro dele. Objetos que muitas vezes ocupam espaços e não têm um uso corriqueiro. É de responsabilidade dos usuários armazenarem a quantidade que se sentirem confortáveis, evitando desordem.
Figura 49: Interior do ônibus adaptado.
Figura 50: Área da cozinha mostrando o teto solar.
47
Figura 51: Ă rea da cozinha.
Figura 52: Revestimento interno em madeira e aplicação de cortinas.
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Figura 53: Banheiro adaptado com vaso de compostagem.
Figura 54: Quarto do casal.
Para organizar melhor as vantagens e desvantagens de cada tipo de veículo, foi realizada uma tabela com base nas referências que tive através do acompanhamento da vida dos viajantes e o que eles mesmos consideravam do próprio motorhome, pois a melhor referência provém de quem vivencia. Tabela de vantagens de cada tipo de veículo:
Figura 55: Tabela de vantagens.
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Tabela de desvantagens de cada tipo de veículo:
Figura 56: Tabela de desvantagens.
Como pode ser notado, os veículos de porte maior propiciam maior conforto, mais espaço, não depende de recursos externos e permite os ocupantes viajarem por mais tempo por possibilitar maior conforto e permite a divisão dos cômodos que pedem maior privacidade. Mesmo por ter a direção diferenciada de um carro, ser um veículo pesado e ter custos maiores de manutenção e adaptação, é o escolhido para ter um projeto de transformação completa.
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4.2 Referências visitadas Através das visitas que fiz ao longo deste ano, pude acompanhar como um motorhome é montado do zero ou desde sua adaptação. A que mais influenciou a estrutura do projeto foi a visita técnica à fábrica de motorhome Motor Trailer do Brasil, em Pirassununga (interior de SP), onde pude receber informações em relação ao funcionamento elétrico e hidráulico para compor meu projeto de maneira mais adequada. A fábrica produz desde as paredes e revestimentos até as instalações de infraestrutura básica para os veículos.
Figura 57: Modelo de trailer para exposição na fábrica.
Figura 58: galpão de montagem dos trailers.
51
Figura 59: รกrea da cozinha de um dos modelos.
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Figura 60: mesa com sofรก estofado.
Figura 61: mesa retrรกtil que se transforma em cama.
Figura 62: outra รกrea de cozinha de modelo mais antigo.
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Figura 63: área de banho com chuveiro móvel e suporte de itens.
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Figura 64: Instalação elétrica discreta na escada do veículo.
Para a composição deste trabalho, julguei importante a visita a veículos adaptados pelos próprios usuários, ou seja, sem ajuda (ou pouca ajuda) de terceiros. Mas no Brasil, essa ideia ainda é pouco aceita e não muito conhecida, o que me impediu de conhecer viajantes em São Paulo. A grande oportunidade que tive foi de conhecer o estudante Artur Marini (da minha própria instituição, porém do bacharelado em Design Industrial do Senac SP) que ele mesmo produziu (e com a ajuda de parentes) adaptações em sua Kombi, agora equipado com um sofá com um suporte em madeira (uma espécie de gaveta), que, quando esticado, recebe a parte do encosto estofado do sofá por cima transformando-se em uma cama desde o fundo do veículo. Além disso, o veículo também apresenta uma mesa retrátil para estudar e fazer refeições, um armário superior e outro no chão, para guardar mantimentos. Sua maior função é fornecer um espaço para dormir enquanto estivesse em São Paulo, para os estudos, sem precisar alugar um quarto ou apartamento.
Figura 65: armário que se converte em mesa.
Figura 66: porta do armário convertida em mesa com apoio.
Por seu veículo ser desprovido de espaço para realização de maiores alterações estruturais, ele depende de algum espaço com banheiro, energia elétrica e local para cozinhar, por exemplo. Uma importante dificuldade mencionada por ele foi a de encontrar algum local para manter seu veículo adaptado durante os estudos. Depois de muita busca, conseguiu se instalar em um estacionamento com infraestrutura adequada, pois não é muito comum haver campings espalhados pelo Brasil.
Figura 67: sofá com espaço de armazenamento e suporte em madeira para a cama. 55
Figura 68: sofรก com suporte em madeira aparente para a cama.
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Figura 69: vista do sofรก para a รกrea do motorista, permitindo a passagem por dentro da kombi.
C A P Ă? T U L O
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Projeto
“The fun thing about living in a bus, wherever you stop you can call home� Filme Given
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Para o projeto, precisei decidir que veículo apresentava todas as características que eu gostaria de trabalhar para desenvolver um ônibus adaptado para motorhome. Levando em consideração os estudos e as tabelas do capítulo anterior, que comparam os tipos dos veículos pelo seu tamanho, o ônibus de porte médio se destacou. Os motivos para isso foram: o veículo permitir que as pessoas fiquem em pé (ao contrário de veículos baixos como carros e kombis) e, assim, consigam realizar suas tarefas básicas do dia-a-dia de forma confortável; a possibilidade de receber mais de uma pessoa, (fator determinante, pois o projeto desde o início foi pensado para um casal com um animal de estimação; e o fato de o veículo fornecer espaço suficiente para instalações hidráulicas e para a locomoção e armazenamento de itens e bens-materiais. Levando esse fato em consideração, estavam à disposição os tipos: rodoviário, urbano e escolar. Foi escolhido o ônibus rodoviário por dois motivos. O primeiro é por ter o bagageiro, o que facilita a criação áreas de estoque e de instalações hidráulicas e elétricas. O segundo motivo é pelo motor ficar na parte traseira do chassi evitando barulhos enquanto o motorista está na direção. O modelo escolhido foi o O-371-R Mercedes Benz que possuía 44 bancos de passageiros.
Suas medidas são 11,29m de comprimento x 2,50m de largura x 3,21m de altura. Era necessário selecionar um modelo, para que o projeto tivesse sequência, mas outros ônibus de porte similar podem ser objeto de adaptações com o mesmo programa.
5.1 Desde o início Para começar a adaptação, todo o interior não utilizado é retirado. Nesse caso, inclui os bancos de passageiros, todas as barras de suporte e o bagageiro acima dos bancos. Feito isso, o ideal é fazer uma limpeza geral para receber as novas camadas de isolamento térmico, revestimento, e claro, toda a mobília adaptada. A disposição dos cômodos foi setorizada a partir dos usos principais, com base nos estudos de uma casa ou apartamento no formato retangular “esticado”. Ou seja, o corredor de passagem fica no centro do ônibus e os móveis são distribuídos nas laterais, visando à facilidade na passagem. A área é de aproximadamente 27m². Além da planta de layout, apresento também uma planta alternativa, com exemplos dos cômodos com a mobília modificada de modo a mostrar como se comportam no espaço como um todo.
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4 Geladeira embaixo Despensa em cima
0,68
0,76 0,18
0,60
1,55
2,10
0,73
0,10
B
0,50
0,46
Parede revestida em cerâmica Armários com sistema de pistão
2,85
C
Piso do box em fibra de vidro
Estante de madeira
Planta de layout Escala 1:50 Planta Layout Escala 1:50
2
A
0,10
0,24
0,20
0,75
1,51
1,56
0,85 0,70
0,76 0,03
0,65
0,70
0,35
0,74
1,00
11,29
60
Sofá-cama
0,74
0,20
0,75
0,40
0,73
D
Mesa de trabalho e refeição
0,63
A 2,50
3
0,61
B
1,47
0,70
2,62
C
Área de armazenamento
Saída de ar da câmara de dejetos
Sapateiro com estofado no topo
Muxarabi em compensado naval
Revestimento de madeira eucalipto
0,28
Vaso de compostagem
1,00
D
Porta de entrada
Poltrona retrátil
1
4
Vaso de compostagem Saída de ar da câmara de dejetos
3
Geladeira embaixo despensa em cima
Sapateiro com estofado no topo
Muxarabi em compensado naval
C
Área de armazenamento
Mesa de trabalho e refeição
D Sofá-cama aberto
B
B
A
A
Parede revestida em cerâmica Armários com sistema de pistão
C
Piso do box em fibra de vidro
Estante de madeira
Mesa extra de madeira apoiada em mão francesa com dobradiça
D
1
Porta de entrada
Poltrona retrátil aberta Abertura de policarbonato na sala
Planta de layout alternativo Planta de Layout alternativo Escala 1:50Escala 1:50
2
61
Perspectivas do ônibus em processo de adaptação 62
Interior do Ă´nibus 63
5.2 Sala As áreas de maior uso são posicionadas próximas à entrada, começando pela sala, uma área de convívio social onde há um fluxo grande e maior permanência. Além de conter sofá-cama (possibilitando viabilizar caronas e visitas) e o sapateiro, a sala possui uma janela de 2,85 metros de extensão propiciando maior interatividade com o exterior, com o veículo em movimento ou não. Uma tela black out branca, pode ser esticada e presa na parte inferior do perfil (que possui ganchos), permitindo receber imagens de um projetor localizado no armário acima do sofá-cama, além de inibir a entrada de luz quando necessário. Quando aberta, através de um sistema de pistão a gás, esta parte da lateral do veículo converte-se em cobertura para uma área de estar externa, formando uma espécie de varanda, onde os viajantes podem, por exemplo, esticar suas espreguiçadeiras sob a sombra que o black out fornece. Para fechar a grande abertura, basta puxar a cinta até travar totalmente na lataria, podendo ser trancada e destrancada do lado de dentro e de fora.
5.3 Cozinha
Seguindo para a área da cozinha, é encontrada, de um lado, a pia e o cooktop de duas bocas sobre um balcão de madeira que ainda recebe uma mesa retrátil que pode ser usada como suporte adicional. Retrátil pelo motivo de ocupar, quando aberta, a área da grande janela da sala, o que pode interferir na projeção de imagens no black out, e também para não obstruir a passagem da abertura. Esse balcão é sustentado por armários e gavetas, permitindo o estoque de louça, lixo, talheres, etc. 64
Do outro lado do corredor, há uma mesa de madeira para refeições e para trabalho. Como o projeto prevê o uso do motorhome para longas viagens e mesmo para moradia, foi pensado um modo de se ter um espaço para dispor de materiais de trabalho, munido de tomadas para carregar equipamentos tecnológicos e boa iluminação instalada no armário em cima da mesa. Separadas por um muxarabi (que permite o recuo necessário para o “respiro” da geladeira e dá maior leveza para esta divisória), encontra-se uma geladeira mais baixa que o tamanho convencional, como por exemplo da marca Smeg (com cerca de 1,40m de altura) dando espaço a uma despensa logo acima. Para um melhor e mais amplo espaço de armazenamento, foi disposta uma área ao lado da geladeira, permitindo usos diversos, como guarda-roupas, reserva de equipamentos, ou depósito de cadeiras de praia, por exemplo.
5.4 Banheiro O banheiro foi separado em 3 áreas. A primeira, seguindo a ordem da planta de layout, é a pia, disposta sem porta para o uso livre e de maneira independente. Ela possui armários embaixo e uma estante de madeira em cima para o armazenamento de itens de higiene, com um suporte para evitar a queda dos objetos enquanto o ônibus se movimenta. Na segunda área, foi projetada a área do banho, seguindo a parede hidráulica e fornecendo um espaço confortável. Nele, encontra-se um chuveiro móvel em função da limitação da altura, propiciando maior facilidade no uso. O piso dessa área é moldado em fibra de vidro, em formato de bacia, ou seja, não é plano, recebendo uma elevação nas laterais para que a água não vaze para o lado de fora.
A parede adquire um revestimento de cerâmica e um suporte para itens de higiene. Recebe ainda um fechamento de porta de correr com tranca do lado de dentro, ocasionando assim um melhor aproveitamento do espaço. Por se tratar de uma área mais reservada, a janela recebe vidro jateado. E para uma melhor saída do vapor está disposta acima da janela, um exaustor. Do outro lado, fica a área do vaso de compostagem, isoladamente, para maior conforto em questão de espaço e utilidade. O vaso seco é uma opção ecológica que evita o desperdício de água e a contaminação do meio ambiente, levando os dejetos para uma câmara no bagageiro que conta com uma saída de ar17. Junto desse dejeto são depositados, após o uso, materiais secos como casca de arroz, grama e serragem para reduzir o mau cheiro e acelerar a compostagem. O banheiro recebe também um suporte amadeirado para estocagem. Permitindo maior fluxo do ar e privacidade, um exaustor simétrico ao da área de banho também foi disposto e a janela recebe o mesmo tratamento.
Neste ambiente há também uma escada fixa estilo marinheiro, permitindo a abertura do teto e saída para a cobertura em deck de madeira (nesta área móvel).
5.5 Quarto
Os conduítes provêm de um receptor de toda a energia captada da bateria, gerador e do inversor das placas solares, encontrando-se no painel do motorista para fácil acesso. As tomadas, lâmpadas e interruptores se dispõem em locais estratégicos do motorhome. Todos os cômodos recebem lâmpadas led na cor branca (com excessão do quarto e acima do sofá, que recebem uma cor mais amarelada), pela vida útil longa, manutenção reduzida, grande eficiência, e por não emitir calor18 (já que as lâmpadas ficam em uma altura relativamente baixa, ou seja, mais próximas às pessoas).
O quarto é o último cômodo. Sua área é adequada e pode receber uma cama de casal grande e adaptada para ter acoplada um abrigo de animal de estimação e área para guardar colchas, travesseiros, lençóis, etc. Há espaço suficiente nas laterais para a passagem, e armários na parte superior ocupando o comprimento do cômodo. A porta de correr para a otimização do espaço interno, que conta com cortinas duplas, ou seja, black out para inibir a luz do sol e cortinas translúcidas.
5.6 Instalações
Por reaproveitar e manter a maior parte dos vidros nas janelas (um mau isolante térmico), para este projeto foi reservado, entre a lataria e o revestimento em madeira laminada, 2 cm para receber a lã de vidro como isolante térmico e acústico, espaço onde também são passados os conduítes elétricos. O tratamento térmico do interior é complementado pelo ar condicionado localizado no centro do veículo. O projeto permite instalações elétricas e hidráulicas para suprir as necessidades básicas sem depender da infraestrutura de outros locais.
5.6.1 Conduítes e projeto de elétrica e luminotécnica
17 http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/0,,EMI113493-15228,00-SANITARIO+SECO+FAZ+SUCESSO+ENTRE+AMBIENTALISTAS.html 18 http://www.forumdaconstrucao.com.br/conteudo.php?a=3&Cod=1423
65
Como pode ser percebido no desenho de planta luminotécnica, as lâmpadas estão localizadas na entrada do ônibus, no painel do motorista, acima do sofá cama e da mesa de refeição e trabalho (embutidas no armário superior), embaixo da estante da cozinha, em frente à dispensa, na parte lateral da pia de banheiro, na área de banho e do vaso de compostagem, em frente ao quarto e, por fim, duas na parede do quarto, posto que o teto é móvel. Os interruptores ficam um na entrada do ônibus, localizado no painel, no armário superior um para o sofá e outro para mesa, na parte inferior da estante da cozinha,
outro logo na entrada da dispensa referente também à luz da entrada do quarto, na parede da pia, dentro das áreas de banho e vaso sanitário e outros dois dentro do quarto, um na entrada e outro no meio da parede, seguindo o eixo da cama. As tomadas se localizam atrás da mureta da poltrona do passageiro, outra atrás do sapateiro, mais duas embaixo da mesa, uma para ligar a geladeira (localizada atrás dela, embaixo da janela), na pia do banheiro e uma de cada lado da cama, ou seja, duas dentro do quarto, finalizando ao todo, 9 tomadas.
4
C
D
S S
B
B
S
A
A
S 2,50
3
S S
S S
S
S Lâmpada embutida LED branca
C
Luminotécnica e Elétrica Planta Planta luminotécnica e elétrica Escala 1:50 Escala 1:50
Lâmpada embutida LED amarela
2
Arandela LED branca Arandela LED amarela Tomada baixa 30cm do chão Tomada média 100cm do chão Tomada alta 150cm do chão
66
S
Interruptor simples
S
Interruptor paralelo
D
1
Levando em consideração o estudo de uso médio de água limpa por dia para o ser humano19, o ônibus prevê uma quantidade equivalente a pouco mais de 110l por dia, totalizando em 800l por pessoa por semana. A caixa de água limpa deve ser reabastecida uma vez por semana ou assim que os dispositivos alertarem no painel do ônibus a quantidade escassa e a possibilidade de ficarem sem água. O aquecimento se dá através do aquecedor a gás disposto no bagageiro, com as outras instalações.
5.6.2 Projeto de hidráulica Os canos hidráulicos levam água limpa (através de bomba elétrica) e captam água servida (agua levada pelo ralo do banho e das pias) direcionando aos 2 tanques de 1,6m³ cada que se localizam abaixo da área da cozinha e do banho, no bagageiro, duas áreas escolhidas para estarem próximas para controlar melhor a infraestrutura de abastecimento e escoamento da água. 4
D
B
B
A
A
1
2,50
3
C
Encanamento de água servida Encanamento de água limpa
C
D
2
Planta hidráulica Planta Luminotécnica e elétrica Escala 1:50 Escala 1:50
19 A ONU estipula que o consumo de 100 litros de água por dia é o mínimo para suprir seu uso básico (se usada de forma consciente). https://noticias.uol.com.br/cotidiano/ultimas-noticias/2015/02/05/e-possivel-viver-com-110-litros-de-agua-por-dia-veja-como-seria-a-sua-vida.htm
67
5.7 Cobertura do ônibus 5.7.1 Claraboias
5.7.3 Ar condicionado
Como o ônibus selecionado não apresenta arcondicionado, ele foi adicionado. O escolhido é próprio para veículos de até 13m de comprimento, podendo ser operado no painel do motorista. O modelo é X-900 PREMIUM™, feito em alumínio e acoplado ao teto com potência de 119.500 BTU/h e peso de aproximadamente 136kg23. Fica localizado no centro do veículo.
A claraboia existente próxima à entrada foi mantida, já a que fica localizada no corredor, sofreu alterações. Para que a abertura do teto do quarto possa correr livremente, foi substituída por vidro jateado, fornecendo apenas iluminação, permitindo assim, um uso reduzido de eletricidade durante o dia.
5.7.2 Placas solares A fonte de energia principal para o interior do ônibus são as placas de luz solar, fornecendo energia limpa para os equipamentos utilizados20. Ao todo são três, medindo 1,85m x 0,99m, fornecendo 275 Watts21cada, e localizadas na parte da frente do teto. Para que a energia possa ser usada, as placas são ligadas ao inversor solar 22, posicionado na parte da frente do bagageiro transformando corrente contínua em corrente alternada. Dele saem os conduítes conectados ao conversor (posicionado no painel do motorista) e levados para todos os pontos elétricos do motorhome.
68
20 21 22 23
https://www.portalsolar.com.br/como-funciona-o-painel-solar-fotovoltaico.html https://www.portalsolar.com.br/modelos-de-placa-solar.html https://www.portalsolar.com.br/o-inversor-solar.htmlv http://www.thermoking.com.br/thermo-king/latin-america/br/pt/br-produtos/onibus-hvac/x-900.html
Figura 70: Referência de ar-condicionado
4
C
Sentido da abertura do teto com deck
D Claraboia existente
0,99
0,70
B
0,65 0,65
0,70
0,65
1,65
B
0,65
3
A
1
A
Claraboia com vidro jateado
Trilho
Ar condicionado de Ă´nibus
Placa Solar de 275 Watts e 18,2 Kg cada
D C
Planta de cobertura Escala 1:50
2
Planta de cobertura Escala 1:50 69
5.8 Bagageiro O bagageiro, como falado no início do capítulo, tem como principal função abrigar as instalações que suprem as necessidades dos moradores com mecanismos para gerar energia e armazenar água: • A bateria é encontrada na parte dos fundos do veículo. Ela serve para armazenar a energia para ser utilizada quando necessário (ou quando as placas solares não forem suficientes). • O gerador fica posicionado ao lado da bateria e também serve para fornecer energia. • O aquecedor elétrico aquece a água das torneiras e do chuveiro e fica posicionado entre a bateria e os tanques de água.
70
• Dois tanques de capacidade de 1600l, para armazenar água limpa e água servida. • No bagageiro há dois tanques de água com 1,6m³. Um fornece 1600l de água limpa (que é alimentado pela mangueira conectada a fonte de água externa e a água é levada até as torneiras e chuveiro por bomba) e o outro recebe a água servida, também com capacidade para 1600l. Nesse segundo tanque, há saída de água para fora para que ele seja esvaziado e possa receber a água servida novamente provinda dos ralos.
4 Câmara de dejetos com saída de ar
Área do gerador a gasolina
Máquina de lavar roupa com abertura frontal
C
Inversor Solar off-grid
B
1,50
3
0,60
1,05
B
D
0,60
0,74
Bomba para a água
A
1
A 1,35
Tanque para 1,6l de água limpa
Área da bateria
Tanque para 1,6l de água servida
Receptor de energia
D
C Aquecedor a gás
Entrada de água limpa
Planta de instalações do bagageiro Escala 1:50
Saída de água servida
Gás GLP para o fogão
2
Planta de instalações do bagageiro Escala 1:50 71
5.9 Mobília e detalhamentos Por ser uma área reduzida para receber dois moradores, o aproveitamento do espaço é levado em consideração desde o tamanho dos cômodos até o da mobília. Os móveis adaptados foram pensados para estocar melhor os itens e otimizar o uso do espaço.
5.9.1 Poltrona retrátil do passageiro e gaveta do degrau O modelo do ônibus recebe a entrada logo na parte da frente da lataria. Isso leva a escada direto para o banco do motorista, não permitindo um passageiro como acompanhante. Mediante a isso, a primeira adaptação do ônibus é representada por uma mureta sustentando uma poltrona retrátil. Como fica no meio da escada, ela é retraída para não obstruir a passagem de quem entra. Para que o passageiro não tenha desconforto em ter as pernas sem apoio, uma espécie de gaveta foi posicionada na entrada de maneira discreta encaixando-se dentro da escada. Pode ser aberta ou escondida manualmente e, quando fechada, não atrapalha a passagem das pessoas (ver corte detalhado pág. 81).
Figura 71: Referência de sapateiro
60
30
Estofado
5.9.2 Sapateiro Possui duas gavetas giratórias para guardar os sapatos e o topo estofado, permitindo o apoio para os pés e o armazenamento de sapatos na entrada. Para abrir, basta puxar a gaveta do armário para baixo, como o exemplo da referência ao lado.
72
60
60
Detalhamento do sapateiro Cotas em cm Escala 1:25 Detalhamento do sapateiro
Cotas em cm Escala 1:25
60
5.9.3 Sofá-cama O sofá é inteiramente feito de madeira e recebe dois estofados. Um de encosto e outro para sentar. Para fazêlo virar cama, é necessário puxar os pés de rodinha (o que facilita o movimento), retirar o estofado de encosto e dispor sobre a placa que foi puxada. O estofado de encosto possui 1cm a mais de espessura que o de assento, para compensar a diferença de altura das estruturas de madeira que os suportam. Esta peça recebe 3 eixos de sustentação (dois nas extremidades e um no centro) que ficam ocultos dentro da gaveta.
73
0,91
8
0,63
0,02 0,01
2,10 1,90
0,50
0,57
0,50
0,91
0,13
0,02 0,01
0,57
2,10 1,90
0,63
0,13
8'
0,10 0,47
0,10
7 2,10 1,90
0,09
0,23
0,47
0,41
0,02
0,41
0,12
0,47 0,02
0,36
0,05
0,64
0,01
0,05
0,92
0,63 0,02
Vista 7
Vista 8
Vista 8’
Detalhamento do sofá-cama Escala 1:25 74
Vista 7
Vista 8
Vista 8'
0,88
0,10 0,10
5.9.4 Armários e Gavetas
5.9.5 Mesa Retrátil da cozinha
Todos os armários superiores possuem a abertura voltada para cima com o sistema de pistão a gás. Já as gavetas e os armários de chão contém a abertura lateral, porém têm um sistema de trava de segurança para evitar sua abertura enquanto o ônibus estiver em movimento. Para abrir a gaveta, por exemplo, basta dar uma leve levantada para a roldana se encaixar no trilho e permitir o deslize.
Ao lado do balcão da cozinha, há uma extensão retrátil. A mesa pode ser levantada e apoiada em um suporte triangular que se move através de uma dobradiça. (ver detalhamento página 84 )
151
4
76
Suporte em madeira com espessura de 1cm Varão da cortina de 2cm Perfil da janela
5
3
75
41
37
5
38
15
46
90 47
90
0,78
31
31
17
3
15
24
37
10
8
Detalhamento dos armários de piso
Detalhamento Escala 1:25armários da cozinha Cotas em cm Escala 1:25
0,60
,60
0,60
75
5.9.6 Cama adaptada A cama de casal possui 3 aberturas. A primeira, na parte frontal, cumpre a função de uma cama de cachorro estofada. As outras duas servem para guardar cobertores, almofadas, lençóis, etc ficando uma de cada lado da cama. Possuem uma porta sanfonada, em PVC, sobre trilhos evitando que os itens saiam enquanto o ônibus estiver em movimento.
76
1,60
1,60
Área de armazenamento
0,05
0,78
Trilho da porta sanfonada 1,00
0,10
E
5
0,05
2,00
E
2,00
E
Porta sanfonada em PVC
5
E
0,80
0,80
Cama do animal de estimação
6
6
2,00
0,49
0,80 0,75
0,15
0,80 0,49
1,00
0,55
0,49
0,05
0,20
0,20
1,60
0,01
Cama do animal de estimação
Vista 5
Vista 5 Detalhamento da cama Escala 1:25 Detalhamento da cama Escala 1:25
Vista 6
Vista 6
CorteEE EE Corte 77
5.9.7 Abertura do teto do quarto
Deck de madeira
A abertura do teto foi pensada com a intenção de proporcionar maior contato com o lado de fora, assim como a abertura da sala. Só que dessa vez, os moradores poderiam desfrutar do céu de sua própria cama ou em cima do próprio motorhome, composto por deck de madeira, a partir da escada de marinheiro fixada na parede do quarto. A abertura pode ser feita através de roldanas, podendo ser travada e aberta apenas pelo lado de dentro.
1,80
Cobertura móvel
Apoio para o deck Trilho fixo no perfil
Detalhamento da abertura do teto Detalhamento Escala 1:25 frontal da abertura em deck Escala 1:25
Deck
Detalhamento da abertura do teto Escala 1:25 Detalhamento lateral da abertura em deck 78
Escala 1:25
Trilho fixo na cobertura
Suporte em madeira Suporte em madeira para temperos para temperos
arbonato arbonato ela elaSistema de
0,70 0,70 5.9.8 Revestimentos e materiais
0,15 0,15
Perfil da lataria (3 mm) lataria (3 mm) Lã dePerfil vidroda para isolamento Lã de vidro para isolamento térmico e conduítes (20 mm) térmico e conduítes (20 Revestimento interno (5mm) mm) Revestimento interno (5 mm)
1,85 1,85
0,70 0,70
0,80 0,80
0,67 0,67
0,21 0,21
0,80 0,80
ida da
Para o revestimento interno, Saída de ar da câmara foi considerado o uso de madeira de Saída de ar da câmara eucalipto, abaixo das janelas e no piso e de vinílico flexível (em rolo) em tom de areia clara acima das janelas e no teto Muxarabi em Muxarabi em naval (que, por possuir perfil encurvado, exige compensado compensado naval um material flexível que o acompanhe). A escolha da madeira de eucalipto foi feita com base na sua durabilidade e alta densidade, que a torna resistente Mão francesa a impactos, além de ser considerada Mão francesa uma madeira de reflorestamento24. As 0,37 naval com divisórias são de compensado Poltrona 0,10 0,37 Poltrona 0,10 impermeabilizante, por sua resistência à sem rodinhas presença de água. sem rodinhas A área do banho recebe o piso em fibra de vidro e a parede é revestida por 1,50 cerâmica, podendo receber o vapor e a Câmara de dejetos Câmara de dejetos 1,50 água sem danos. A grande abertura da sala recebe policarbonato transparente, por ser Tanque para 1,6l mais resistente e mais leve que o vidro, Tanque 1,6l de águapara servida de água servida podendo suportar temperaturas de -30ºC a 120ºC, recebendo um perfil de 3cm de espessura25.
1,90 1,90
Sistema de pistão a gás pistão a gás
no no rtura tura
Ar condicionado Ar condicionado
Corte CC Corte 1:25 24 http://celuloseonline.com.br/conheca-um-pouco-mais-sobre-a-madeira-de-eucalipto/ EscalaCC 25 http://www.digicomweb.com.br/artigos-tecnicos/o-que-e-policarbonato Escala 1:25
Detalhamento lataria
Detalhamento Detalhamento lataria Sem escalada lataria Sem escala Sem escala
Detalhamento do muxarabi muxarabi Detalhamento Detalhamento Sem escala Sem escala muxarabi
Sem escala
79
Ar Condicionado de teto Poltrona retrátil de passageiro Placas solares
Janela de policarbonato Suporte em madeira para temperos
Rolo de black out para receber projeção
Muxarabi em compensado naval
Deck
Suporte em madeira para utensílios de higiene
Cortinas Escada fixa estilo marinheiro
1,85
Área de banho
1,76
0,10
2,85 Gás GLP Ganchos para prender o black out
Corte AA Escala 1:50
Corte AA Escala 1:50
80
0,80
1,35
Tanque para 1,6l de água servida
Tanque para 1,6l de água limpa
Aquecedor a gás
Bateria
Porta de correr com acesso ao banheiro Varão da cortina
Trilho da porta
Área de armazenamento
Placas solares
0,86
Câmara de dejetos Cano de abastecimento de água limpa com saída de ar
Tanque para 1,6l de água servida
0,75
0,87
0,85
0,05
0,80
0,74
Tanque para 1,6l de água limpa
Gerador a gasolina
1,10
0,70
0,77
1,85
0,30
Deck
Máquina de lavar roupa com abertura frontal
Inversor Solar off-grid
Cano de saída de água servida
Corte BB Corte BB Escala 1:50 Escala 1:50
81
Suporte em madeira para temperos
janela em policarbonato
Ar condicionado
0,70
Perfil da janela
Perfil da Lã de vidro pa térmico e cond Revestimento
0,21
Saída de ar da câmara
1,85
1,76
1,90
Sistema de pistão a gás
0,67
Muxarabi em compensado naval
1,40
Gás GLP
0,10
0,70
0,15
1,50 0,80
Mesa extra retraída Abastecimento de água limpa
Mão francesa
0,80
Alça que auxilia no fechamento da abertura
Saída de água servida
0,37
Detalhamento latar Sem escala
Poltrona sem rodinhas
Câmara de dejetos
Tanque para 1,6l de água servida
Detalhamento mux Sem escala
Corte CC Escala 1:25 82
Corte CC Escala 1:25
Placa solar
Deck de madeira
2,50 1,65 Placa solar
Deck de madeira
2,50 1,65
Cava para puxar o suporte Suporte para apoio dos pés Cava para puxar o suporte
Suporte para apoio dos pés
0,90
0,90
Suporte para apoio dos pés
Suporte para apoio dos pés
0,90
0,90
Detalhamento suporte para os pés Esc 1:25 Corte DD Escala 1:25
Detalhamento suporte para os pés Escala 1:25 Detalhamento suporte para os pés
Corte DD Escala 1:25 Corte DD
Esc 1:25
83
Elevação 1 Escala 1 1:50 Elevação Escala 1:50 Deck de madeira
Elevação 3 3 1:50 Elevação Escala Escala 1:50 Exaustor
Ar-condicionado
Claraboia
Placa solar 2,85 1,76
1,00
Acesso à bateria
84
Elevação 2 Escala 1:50
Elevação 2 Escala 1:50
Acesso ao aquecedor a gás
Acesso ao tanque de água limpa
Acesso ao tanque de água servida
Área livre
11,29 Exaustor
0,87
1,50
0,05
1,50
1,50
1,50
1,50
0,40
0,97
1,71
3,21
1,20
0,97
0,97
0,87
0,90
2,00
0,80
1,31
0,10
Acesso ao inversor solar off-grid
Acesso à máquina de lavar roupa
Acesso ao tanque de água servida
Acesso ao tanque de água limpa
Acesso à câmara de dejetos em compostagem
Acesso ao gerador
Elevação 4 Escala 1:50
Elevação 4 Escala 1:50
85
Vaso de compostagem
Escada fixa estilo marinheiro
0,41
Mesa retrรกtil
9
0,05
0,80
0,80
Dobradiรงa
0,05
0,65
Vista 9
0,65 0,15
10
Planta
Outros detalhamentos Detalhamentos Escala 1:25 Escala 1:25 86
0,03
0,26
Vista frontal
1,94
Planta
0,40
0,45
0,41
0,62
0,63
Vista 10
Vista mesa fechada
0,03
0,03
87
88
89
90
91
C O N S I D E R A Ç Õ E S
O projeto é inteiramente adaptado com a proposta de promover o maior conforto para os usuários. Considero a sustentabilidade outro fator fundamental do projeto, que se manifesta no uso consciente de recursos limpos e econômicos, como o vaso de compostagem, o uso de energia limpa através das placas solares, a madeira reutilizada na composição do revestimento interno e na construção da mobília adaptada. Esse trabalho e todos os estudos que fizeram parte dele me proporcionaram uma visão totalmente diferente com relação à vida das pessoas que adaptam seus veículos e partem para uma aventura. Tudo é incerto e há muito medo de falhar por trás dessa escolha ousada de largar a vida que se tem para viver uma totalmente diferente. Nem todos acreditam estar fazendo a escolha certa, mas, mesmo assim, entram nessa com tudo. Junto da escolha em viver desse modo, aparecem diversos problemas a serem resolvidos. Por isso considero que há um extremo crescimento pessoal de quem experiência esse tipo de vida.
92
F I N A I S
Além dessa experiência, o viajante continua fazendo parte do sistema imposto, ou seja, deve saber modos de como ganhar dinheiro para continuar viajando, por exemplo. Uma das principais propostas do trabalho é mostrar que o viajante não precisa vivenciar tudo sozinho. Isso é mostrado desde o tamanho do motorhome que comporta de modo confortável mais de uma pessoa, promovendo as áreas de uso compartilhado, até o tamanho amplo dos móveis, como a cama e o sofá-cama, permitindo a oferta de carona, a recepção de visita durante a viagem ou algum lar temporário. Além disso, o espaço promove grande contato com o lado externo através das duas aberturas (na sala e no quarto). Aprendi um pouco mais, a cada dia de pesquisa, a entender a “mente aberta” desses viajantes, suas rotinas e as transformações que sofrem e que geram por onde passam, e é esse caminho que pretendi seguir com o projeto, propiciando mudança no veículo e nos próprios usuários.
R E F E R Ê N C I A S
https://en.wikipedia.org/wiki/Tiny_house_movement http://lifeedited.com/jay-shafer-four-lights-future-of-tiny-houses/ KRONENBURG, Robert; CORDESCU, André; e SIEGAL, Jennifer; Mobile: the art of portable architecture CALAPEZ, André: Dissertação Arquitectura sobre rodas, 2013 SCROGGINS, Ray I.; Home Is Where You Park It http://felizmotorhome.blogspot.com.br/2012/12/a-historia-do-motor-home-em-imagens.html https://vestibular.uol.com.br/resumo-das-disciplinas/atualidades/zygmunt-bauman-o-pensamento-do-sociologo-da-modernidade-liquida.htm FONSECA, Nadja Maria Ribeiro: Habitação Mínima – O paradoxo entre a funcionalidade e o bem estar. Coimbra 2011 https://paleotool.com/the-vardo/the-vardo-conception-and-planning/ http://kombimatilda.com/ http://www.cronologiadourbanismo.ufba.br/apresentacao.php?idVerbete=1465 FOLZ, Rosana Rita: Cadernos de Arquitetura e Urbanismo: Belo Horizonte, 2005. https://arquitetandoblog.wordpress.com/2009/04/25/grupo-archigram/ http://www.nomads.usp.br/pesquisas/cultura_digital/complexidade/CASOS/LIVING%20POD/LIVINGPOD.htm http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/04.048/585 http://nomadesdigitais.com/10-ideias-para-quem-quer-trabalhar-e-viajar-o-mundo/ http://www.territorios.org/teoria/H_C_metabolistas.html
93
L I S T A
D E
I M A G E N S
Figura 1: http://www.hgtv.com/design-blog/shows/9-things-you-never-thought-youd-see-in-a-tiny-home Figura 2: http://tinyhouseswoon.com/expedition-happiness/ Figura 3: CALAPEZ, André: Dissertação Arquitectura sobre rodas, 2013, p.18 Figura 4: https://paleotool.com/the-vardo/the-vardo-conception-and-planning/ Figura 5: https://paleotool.com/the-vardo/the-vardo-conception-and-planning/ Figura 6: https://paleotool.com/the-vardo/the-vardo-conception-and-planning/ Figura 7: http://felizmotorhome.blogspot.com.br/2012/12/a-historia-do-motor-home-em-imagens.html Figura 8: http://felizmotorhome.blogspot.com.br/2012/12/a-historia-do-motor-home-em-imagens.html Figura 9: http://felizmotorhome.blogspot.com.br/2012/12/a-historia-do-motor-home-em-imagens.html Figura 10: http://felizmotorhome.blogspot.com.br/2012/12/a-historia-do-motor-home-em-imagens.html Figura 11: http://felizmotorhome.blogspot.com.br/2012/12/a-historia-do-motor-home-em-imagens.html Figura 12: http://felizmotorhome.blogspot.com.br/2012/12/a-historia-do-motor-home-em-imagens.html Figura 13: http://felizmotorhome.blogspot.com.br/2012/12/a-historia-do-motor-home-em-imagens.html Figura 14: http://www.nomads.usp.br/pesquisas/cultura_digital/complexidade/CASOS/LIVING%20POD/LIVINGPOD.htm Figura 15: http://www.nomads.usp.br/pesquisas/cultura_digital/complexidade/CASOS/LIVING%20POD/LIVINGPOD.htm Figura 16: http://www.nomads.usp.br/pesquisas/cultura_digital/complexidade/CASOS/LIVING%20POD/LIVINGPOD.htm Figura 17: http://architecturewithoutarchitecture.blogspot.com.br/p/cushicle-and-suitaloon-were-conceptual.html Figura 18: http://www.archdaily.com.br/br/01-36195/classicos-da-arquitetura-nakagin-capsule-tower-kisho-kurokawa Figura 19: http://www.archdaily.com.br/br/01-36195/classicos-da-arquitetura-nakagin-capsule-tower-kisho-kurokawa Figura 20: http://www.archdaily.com.br/br/01-36195/classicos-da-arquitetura-nakagin-capsule-tower-kisho-kurokawa Figura 21: http://www.archdaily.com.br/br/01-36195/classicos-da-arquitetura-nakagin-capsule-tower-kisho-kurokawa Figura 22: https://br.pinterest.com/pin/228276274842917164/ Figura 23: https://br.pinterest.com/pin/474566879470828102/ Figura 24: https://br.pinterest.com/pin/790663278300726361/
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Figura 25: https://br.pinterest.com/pin/527202700118137003/ Figura26:http://mariliaglobal.com.br/02/05/2016/primeiro-de-maio-dia-do-trabalhador/tempos-modernos-foto-03/ Figura 27: https://cinemaedebate.com/2009/11/23/tempos-modernos-1936/ Figura 28: https://cinemaedebate.com/2009/11/23/tempos-modernos-1936/ Figura 29: http://wm1.com.br/cultura-auto/prepare-kombi-para-viajar Figura 30: https://www.instagram.com/p/BPubSYmlEiO/?taken-by=vanlifers Figura 31: http://mymodernmet.com/marina-piro-pam-van-restoration/ Figura 32: http://mymodernmet.com/marina-piro-pam-van-restoration/ Figura 33: http://mymodernmet.com/marina-piro-pam-van-restoration/ Figura 34: http://mymodernmet.com/marina-piro-pam-van-restoration/ Figura 35: http://mymodernmet.com/marina-piro-pam-van-restoration/ Figura 36: http://mymodernmet.com/marina-piro-pam-van-restoration/ Figura 37: http://mymodernmet.com/marina-piro-pam-van-restoration/ Figura 38: http://mymodernmet.com/marina-piro-pam-van-restoration/ Figura 39: http://mymodernmet.com/marina-piro-pam-van-restoration/ Figura 40:http://mymodernmet.com/marina-piro-pam-van-restoration/ Figura 41: http://kombimatilda.com/ Figura 42: http://kombimatilda.com/ Figura 43: http://kombimatilda.com/ Figura 44: http://kombimatilda.com/ Figura 45: http://kombimatilda.com/ Figura 46: http://kombimatilda.com/ Figura 47: http://tinyhouseswoon.com/expedition-happiness/ Figura 48: http://tinyhouseswoon.com/expedition-happiness/ Figura 49: http://tinyhouseswoon.com/expedition-happiness/
95
Figura 50: http://tinyhouseswoon.com/expedition-happiness/ Figura 51: http://tinyhouseswoon.com/expedition-happiness/ Figura 52: http://tinyhouseswoon.com/expedition-happiness/ Figura 53: http://tinyhouseswoon.com/expedition-happiness/ Figura 54: http://tinyhouseswoon.com/expedition-happiness/ Figura 55: “Tabela de vantagens” desenvolvida pela aluna. Figura 56: “Tabela de desvantagens” desenvolvida pela aluna. Figura 57: Fabrica Mothor Trailler Brasil, imagem autoral. Figura 58: Fabrica Mothor Trailler Brasil, imagem autoral. Figura 59: Fabrica Mothor Trailler Brasil, imagem autoral. Figura 60: Fabrica Mothor Trailler Brasil, imagem autoral. Figura 61: Fabrica Mothor Trailler Brasil, imagem autoral. Figura 62: Fabrica Mothor Trailler Brasil, imagem autoral. Figura 63: Fabrica Mothor Trailler Brasil, imagem autoral. Figura 64: Fabrica Mothor Trailler Brasil, imagem autoral. Figura 65: Kombi adaptada, imagem autoral. Figura 66: Kombi adaptada, imagem autoral. Figura 67: Kombi adaptada, imagem autoral. Figura 68: Kombi adaptada, imagem autoral. Figura 69: Kombi adaptada, imagem autoral. Figura 70: http://www.thermoking.com.br/thermo-king/latin-america/br/pt/br-produtos/onibus-hvac/x-900.html Figura 71: https://i.pinimg.com/564x/0c/31/2d/0c312da2f1361104233c552399c2e52f.jpg Figura de capítulo: https://br.pinterest.com/pin/149815125083939932/
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