Requalificação da Rua Marechal Deodoro em São Bernardo do Campo

Page 1

1

REQUALIFICAÇÃO RUA MARECHAL DEODORO SÃO BERNARDO DO CAMPO

CENTRO UNIVERSITÁRIO SENAC FERNANDA DAMASCENO TORRES


2


CENTRO UNIVERSITÁRIO SENAC BACHARELADO EM ARQUITETURA E URBANISMO

FERNANDA DAMASCENO TORRES

Requalificação da Rua Marechal Deodoro em São Bernardo do Campo.

Trabalho de Conclusão de Curso, apresentado à Banca Examinadora do Centro Unisersitário Senac, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de bacharel em Arquitetura e Urbanismo, sob a orientação da Prof. Marcella Ocke.

São Paulo 2017

3


4

Elaborada pelo sistema de geração automática de ficha catalográfica do Centro Universitário Senac São Paulo com dados fornecidos pelo autor(a). Torres, Fernanda Damasceno Requalificação da Rua Marechal Deodoro / Fernanda Damasceno Torres - São Paulo (SP), 2017. 120 f.: il. color. Orientador(a): Marcella Ocke Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharelado em Arquitetura e Urbanismo ) - Centro Universitário Senac, São Paulo, 2017. Espaço público, rua compartilhada, requalificação I. Ocke, Marcella (Orient.) II. Título


5

AGRADECIMENTOS

Agradeço a professora Marcela Ocke pela orientação, confiança e apoio dedicado à elaboração deste trabalho. Obrigada à todos os familiares que me apoiaram, em especial meus pais, Maurício Torres e Marcia Torres. Meus agradecimentos aos amigos; Mayra Hyodo, Maria Kiraly, Larissa Fernandes, Luane Bregolla, Lucas Casarin, Julia Bonvicini, Isabel Galindo e Beatriz de Araujo, companheiros de trabalhos e irmãos na amizade que fizeram parte da minha formação e que vão continuar presentes em minha vida.

Muito obrigada!


6

Imagens usadas ao decorrer do trabalho sĂŁo de Stephanie Beck, um projeto artĂ­stico chamado cut paper maps.


7

RESUMO

ABSTRACT

Este trabalho de conclusão de curso pretende projetar novos pontos de convivência e uma rua completa de usos em uma área comercial de São Bernardo do Campo e, transformar lugares ociosos em espaços ativos, fundamental para dinâmica urbana, assim como proporcionar uma nova dinâmica cultural e oferecer um espaço qualificado para a cidade. Propõe-se analisar espaços livres públicos e estudar quais as funções destas áreas, através da identificação dos espaços significativos de São Bernardo do Campo para elaboração de um projeto, assim também incluindo algumas das estratégias que foram sendo encontradas para a manutenção, alterações e criação destes espaços e de que forma eles contribuem para a qualidade de vida urbana. Esta pesquisa pretende estabelecer uma relação de cidadão-cidade onde sustente uma visão de sociedade aberta na qual as pessoas de todos os grupos socioeconômicos possam movimentar-se e apropriar-se do espaço da cidade em seu cotidiano.

This project intends to design new points of coexistence and an integrated street in a commercial area of São Bernardo do Campo, transforming idle places into active spaces, fundamental for urban dynamics, as well as providing a new cultural dynamic and offer a qualified space for the city. It is proposed to analyze public spaces and study the functions of these areas, through the identification of significant spaces in São Bernardo do Campo to elaborate a project, as well as including some of the strategies that were found for the maintenance, alterations and creation of these spaces and how they contribute to the quality of urban life. This research aims to establish a citizen-city relationship where it supports a vision of an open society in which people from all socioeconomic groups can move and take ownership of the city space in their daily life.

Palavras-chave: Espaços Ativos, Requalificação, Interação, Rua Marechal Deodoro.

Keywords: Active Spaces, Requalification, Interaction, Marechal Deodoro Street.


8

REFERÊNCIAS PROJETUAIS

INTRODUÇÃO

12 Problemática 13 Objetivos 14

3.1 Estudos de caso

1.1 Justificativa 1.2 1.3

5.

38

Co

ESPAÇOS PÚBLICOS A ÁREA

2.1 A importância dos espaços públicos na cidade 18 2.2 Os elementos dos espaços livres públicos 21 2.3 Menos muros, mais lazer

Histórico

50

4.2 Problemas 56 4.3 Potencialidades 60 4.4 Premissas de

29

2.4 Requalificação

4.1 Levantamento

33

Projetos

64


9

O PROJETO

ESTUDO PRELIMINAR

94 7.2 Setor 2 106 7.3 Setor 3 116 7.4 Ciclovias 120 7.1 Setor 1

5.1 WRI - Projeto de Rua Completa

70

7.5 Conclusões Finais 123

INVESTIGAÇÃO E APROFUNDAMENTO

80 6.2 Levantamento da Área 86 6.1 Questionário Aplicado


10

1


11

INTRODUÇÃO A cidade é um espaço constituído por espaços privados e públicos. As áreas públicas podem ser livres de edificação, abertas a todos os espaços privados, de acesso controlado. Na maioria das cidades os espaços privados ocupam uma parte significativa do seu território, contudo, aquilo que melhor as caracteriza são os seus espaços públicos.

am-se novas formas de vivência urbana lideradas pela economia, pela globalização das práticas culturais e territoriais, pela mobilidade crescente, que transforma os espaços/tempo, do nosso cotidiano (trabalho, lazer, compras, etc.).

O que acontece nos ambientes externos, os sons, as ruas por onde circula a população, as praças, os jardins ou outros espaços que fazem parte da esfera pública, ocupados por diferentes usos e em horas diversificadas, são essenciais para a vida, comunicação e socialização da cidade.

Atualmente, em cidades contemporâneas é primordial a criação de novos espaços ou intervenções, revitalizações e requalificações nos espaços livres urbanos existentes. O espaço urbano se torna importante e necessário como um respiro, um lugar de conexão com a comunidade, e precisa ser (re) valorizado como tal, como forma de relacionar-se com o espaço edificado.

A cidade está em constante mudança e nessa mudança insinu-

Este trabalho propõe uma análise de espaços livres públicos e identi-

fica quais as funções destas áreas. Depois da identificação caracterizamos alguns dos espaços públicos significativos de São Bernardo do Campo para elaboração de um projeto, assim também incluindo algumas das estratégias que foram sendo encontradas para a manutenção, alterações e criação destes espaços e de que forma possam contribuir para a qualidade de vida urbana.


12

1.1 JUSTIFICATIVA

A proposta de projetar um espaço livre público surge de experiências e vivências de espaços bem aproveitados e apropriados pela população que pude ver morando um ano em intercâmbio na cidade de Amsterdam, Holanda. Nesse período vivi a cidade literalmente, além de conhecer outras grandes capitais européias, as quais também oferecem diversas possibilidades de uso para a população. A experiência de observar as pessoas ocupando a cidade, e analisar a estrutura dos espaços para entender a diversidade de atividades e necessidades que os usuários utilizem, me fez perceber a carência de espaços públicos qualificados na cidade de São Paulo. O anseio por uma cidade que oferece espaços públicos vivos utilizados por diferentes grupos de pessoas e culturas que seja convidativo e próspero para compartilhar experiências uns com os outros. O desejo de querer usufruir e habitar a cidade, mas se deparar com espaços desagradáveis e pouco convidativos são o propósito de querer transformar esses espaços subutilizados e inativos em espaços ativos com atividades e convívio urbano.

Central Park, Nova Iorque Fonte: Archdaily, 2016

Grand Plaza, Bruxelas Praça visitada pela autora em sua experiência de intercâmbio Fonte: Archdaily, 2015


13

Espaços livres públicos pouco qualificados e/ou mal distribuídos em alguns grandes centros urbanos brasileiros agravam o desafio de existir uma cidade ativa com convívio urbano. O descaso e a degradação atual desses espaços, aliada à falta de segurança, ao caos urbano, as velocidades dos automóveis e da vida agitada das metrópoles criou um novo ambiente urbano. Atualmente os lugares são cada vez mais voltados para o indivíduo e seus espaços privados e menos para a cidade e sua população, o interior das edificações são mais valorizados do que o entorno da própria cidade, assim estes recebem menos investimentos para sua qualificação e manutenção. Os pontos de encontro, de convivência, de trocas de experiência, lazer e permanência são induzidos para o interior dos espaços privativos ou privados de uso público, como shoppings, supermercados e condomínios, onde desde a segurança até o olhar é controlado. Todo este contexto nos faz perceber que usamos mais os espaços internos das edificações para convivência do que os espaços livres públicos das cidades. A crise do espaço urbano de qualidade é maior nos países que durante o último século vieram lutando contra problemas sociais e econômicos, como é o caso do

Brasil e outros países da América Latina, onde a preocupação maior não era a criação de novos lugares de convivência pública, mas sim novas infra-estruturas para a população crescente, a partir de uma explosão demográfica mundial que ocorreu na década de cinqüenta do século XX. Na Europa a atenção maior foi dada a criação de novos espaços urbanos para uma população lentamente crescente, comparado ao exemplo do Brasil, e ansiava por lugares voltados ao convívio, cultura e entretenimento. Esse cenário atual de cidade me faz questionar quais são as prioridades para ter uma cidade que realmente funcione como um sistema ativo e sem exclusão. Quais as possibilidades de convívio as cidades tem a oferecer aos seus usuários? A cidade prioriza ter novas vivências, novos lugares ao ar livre, em busca de algo a mais para sua comunidade? Qual o incentivo que a população recebe ao se deparar com espaços desagradáveis e degradados? Viver a cidade é mais do que habitá-la, é usufruir de sua estrutura e descobrir novas formas de apropriação dos espaços.

The citypark, Dinamarca Fonte: Archdaily 2015

1.2 PROBLEMÁTICA


14

1.3 OBJETIVOS

Espaços públicos são essenciais para o desenvolvimento das cidades e sua integração com os habitantes. Acredito que socialmente em todas as cidades os espaços podem ser transformados em “lugares vivos”, assim como um estacionamento pode funcionar como cinema ao ar livre, ou uma viela como uma galeria. Espaços novos devem surgir com o princípio de reunir e compartilhar experiências uns com os outros. O objetivo do trabalho é promover novos pontos de encontros e convivência em uma área comercial de São Bernardo do Campo e, transformar lugares ociosos em espaços ativos, fundamental para dinâmica urbana, assim como proporcionar uma nova dinâmica cultural e oferecer um espaço qualificado para a cidade. A sociedade vai se apropriar cada vez mais dos espaços na medida em que estes estejam preparados em questão de infra-estrutura, ambientes agradáveis e um programa ativo para recebê-las. Espaços para caminhar, espaços de permanência, possibilidades de observar e aproveitar o clima, oportunidades de conversar, locais para se exercitar são aspectos que determinam um bom espaço público. Segundo Gehl (2010), em Cidades para pessoas, algumas premis

sas de projeto são: a de busca sociabilidade, usos e atividades, acessos e vínculos, conforto e paisagem, também visualiza conectar arquitetura e urbanismo tático para promover um espaço público de qualidade para a região. Esta pesquisa pretende estabelecer uma relação de cidadão-cidade onde sustente uma visão de sociedade aberta na qual as pessoas de todos os grupos socioeconômicos possam movimentar-se e apropriar-se do espaço da cidade em seu cotidiano. Assim acredito que cidades com espaços urbanos ativos estabelecem um efeito de prevenção à criminalidade. Em Morte e Vida de Grandes Cidades (1961), Jacobs explica que decorrente de uma vida ativa na rua, diversidade de funções nas edificações e do cuidado dos moradores com o espaço comum é resultante de uma preservação à criminalidade. Os “vigias da rua” e “olhos da rua” são expressões que Jacobs apresenta em relação aos cidadãos, parte integrante da terminologia urbanística.


15

Por fim um espaço público ativo com atividades sociais sendo observado por outras pessoas que ali passam ou dos edifícios ao redor sentem-se encorajadas a participar e desfrutar da cidade criando assim uma espiral positiva para convívio na cidade. Segundo Jan Gehl (2010), “as pessoas vão onde o povo está”.


16

2


17

ESPAÇOS Público, do latim publícus, é um adjetivo que permite qualificar aquilo que é manifesto, notório, sabido ou visto por todos, e aquilo que pertence a toda a sociedade e que é comum ao povo. Espaço público, por definição, é o lugar da cidade de propriedade e domínio da administração pública, o qual responsabiliza o Estado seu cuidado e garantia do direito universal da cidadania e a seu uso e usufruto. O espaço público apresenta papel determinante para uma cidade com movimentos de encontros e relações, é nele que sedesenvolvem atividades coletivas, com convívio e trocas entre grupos diversos que compõem a heterogênea sociedade urbana. Além dos elementos articuladores das localidades e da mobilidade dos espaços públi-

Fonte da imagem: WebSite Arquitetura da Convivência

PÚBLICOS

cos, sua fundamental essência é conectar e estabelecer uma relação de cidades e pessoas de diversas formas. Espaços públicos são por natureza espaços livres, abertos a todos, sem distinção de classe ou raça. Em O Direito à Cidade (1991), Lefebvre declara que os indivíduos deveriam ter as mesmas oportunidades de se beneficiarem dos diversos aspectos da vida urbana. Espaços públicos oferecem a possibilidade de ir e vir sem necessidade de justificar o propósito da presença no local específico. Embora, o princípio seja diferente da prática, estes locais são propriedade pública planejada para uso público. O objetivo maior é ser democrático e facilitar o intercâmbio entre a cidade e seus habitantes.


18

2.1 A IMPORTÂNCIA DOS ESPAÇOS PÚBLICOS NA CIDADE

Os espaços públicos desempenham diversas melhorias para a cidade, entre elas estão a recreação, o “respiro” para o ambiente urbano densificado, a identidade para a região e possibilidade de interação e convívio social. A importância do encontro entre grupos de diferentes idades, crenças, raças e níveis socioeconômicos é considerado um grande investimento para uma cidade de sucesso, pois sem isso, a sociedade estagna no impasse da intolerância e do medo. A identidade de uma vizinhança e a sensação de inclusão social se forma e fortalece nos espaços públicos que asseguram a possibilidade de unir e trocar diversos usos e culturas. São nos espaços públicos que na maioria das vezes acontecem encontros fortuitos, aqueles que acontecem por acaso, não planejado, eventual ou imprevisto. Surge uma relação de conhecidos-anônimos, que propiciam um equilíbrio da nossa natureza social.

The citypark, Dinamarca Fonte: Archdaily 2015

Whyte, em The social life of small urban spaces (1980), identifica a triangulação, presença de pessoas ou coisas que induzem estranhos a conversar, como um elemento necessário para qualidade de um espaço público. Ainda em questão de importância social que os espaços públicos promovem para a cidade, pode-se destacar a necessidade humana de parar e se distanciar da rotina, como mecanismo de defesa contra a natureza repetitiva e maçante da vida adulta e rotineira e ter a possibilidade de lazer e humor, com aparelhos que movimente os usuários e aconteçam brincadeiras e atividades para as crianças. Jacobs (1961) defende a densidade e a vida em comunidade, sustenta que em espaços livres de convívio está a cura da insegurança e a violência; conhecer o vizinho, criar redes, misturar-se com os diferentes, saudá-los, e voltar a sorrir em sociedade e cidade.


19

Espaços públicos de sucesso valorizam o entorno e tornam o mercado imobiliário mais atrativo. Praças, parques, calçadões atraem serviços e empresas, assim incentivando o público e o comércio, num ciclo de desenvolvimento socioeconômico saudável. Assim a importância do espaço público na cidade está relacionada à importância econômica e a interação que nesses espaços podem acontecer. Os plinths, - expressão que define os espaços no andar térreo das edificações - com qualidade e interação entre o público e privado,podem ter uma relação com a economia também, pois com bons plinths, lojas, mercados, fachadas ativas os lucros da região são mais altos, o fluxo de pessoas e movimento cresce. O uso do espaço aberto, público, diminui as distâncias entre os diferentes grupos de uma comunidade, vencendo barreiras de preconceito de maneira orgânica e talvez inconsciente, portanto profunda e duradoura. Esse convívio diminui a sensação de insegurança, abrindo mais possibilidade de uso dos espaços, que por sua vez se tornam efetivamente mais seguros por serem usados e estabelecer uma relação de afeto por grupos que o observam e deles cuidam.

Vondelpark, Amsterdam Fonte: Pinterest, 2016


20

Gehl (2010), diz que as pessoas se atraem por espaços com atividades sociais, assim um espaço público ativo sendo observado por pessoas que ali passam ou nos edifícios sentem-se encorajadas para participar e também desfrutar da cidade em segurança. A espiral positiva se organiza através do processo de auto reforço, “as pessoas vão onde o povo está”, ou seja, espaços com cotidiano vivo de atividades e movimentos torna-se um chamariz para pessoas que atraem outras pessoas. Jacobs (1961) e Whyte (1980) acreditam que a vigilância da rua vem dos usuários da rua, os vendedores, bancas de jornal, funcionários dos edifícios e pessoas que moram nos andares mais baixos, estes utilizam e querem preservar e proteger um bem de todos. Espaços públicos são essenciais para a qualidade ambiental e saúde da cidade, na maioria das vezes formam na cidade uma rede de fluxos que privilegiam os pedestres, ciclistas e transporte público, funcionam como pulmões verdes contra as ilhas de calor urbano e também oferecem espaços de usos esportivos e atividades diversas que ajudam para manter pessoas saudáveis.


21

2.2 OS ELEMENTOS DOS ESPAÇOS LIVRES PÚBLICOS

Espaços livres bem-sucedidos contam com elementos e qualidades fundamentais para mantê-lo ativo. A seguir são apresentadas definições e exemplificações de alguns elementos urbanos considerados importantes na concepção de um Espaço Livre Público segundo os autores Jan Gehl (2010) e Jane Jacobs (1961). No livro New City Life, de JanGehl, Lars Gemzøe e Sia Karnaes (2006), os autores condensam seus princípios em 12 pontos que permitem diagnosticar se um lugar se classifica ou não como um bom espaço público. Fonte da imagem: google imagens


22

ACESSÍVEL Um lugar com oportunidades fáceis de acesso e movimentos atraem mais pessoas e conseqüentemente é utilizado em diferentes horas pois acaba sendo um lugar de transitar e permanecer. A localização é importante, segundo Gehl (2010), é evidente que lojas, restaurantes, monumentos e funções públicas devem estar localizados onde as pessoas deverão passar. Desse modo, as distâncias feitas a pé parecem mais curtas e o trajeto, algo mais do que uma simples experiência. Tem-se a oportunidade de combinar o útil ao agradável- e tudo a pé. Whyte (1980) também defende que o acesso rápido a comida, proximidade da rua onde as coisas acontecem, pontos de ônibus, vitrines e fachadas ativas são bons elementos de acesso que garantem o intercâmbio de atividades num espaço público de sucesso. Para que o espaço livre público seja efetivamente acessível a colaboração de ruas, calçadas e transporte público precisa ser presente. Jacobs (1961) lista objetivos de planejamento através de planos físicos, e dentre eles estão fomentar ruas vivas e atraentes; fazer com que o tecido destas ruas forme uma malha o mais contínua possível por todo um distrito que possua o tamanho e poder necessário para constituir uma subcidade em potencial; fazer com que parques, praças e edifícios públicos conectem esse tecido de ruas, utilizá-los para intensificar e alinhavar a complexidade e a multiplicidade de usos desse tecido. Eles não devem ser usados para isolar usos diferentes ou isolar sub-distritos, e por fim enfatizar a identidade funcional de áreas suficientemente extensas para funcionar como distritos. Amsterdam, Holanda Fonte: Pinterest


23

ATIVO Oferecer diversas atividades e formas das pessoas usarem o espaço traz movimento e identidade para o lugar. A sensação de que o espaço da cidade é convidativo e popular cria um significado para aquele lugar. O conceito de fachadas ativas e de edifícios com pavimentos menores para maior contato com a escala da rua são maneiras de movimentar e tornar viva o andar do pedestre e suas atividades no espaço público. No livro Cidade para Pessoas (2010), Gehl cita exemplos de Sydney e Manhattan, com edifícios altos, ruas escuras, barulhentas e com intensas correntes de vento, sendo nada convidativas e atrativas no pavimento térreo. As pessoas que vivem nos andares mais altos se aventuram menos na cidade, pois na maioria das vezes, somente nos andares mais inferiores garantem contato visual com o espaço urbano e o deslocamento de dentro do edifício para fora parece mais curto e convidativo. Já em Greenwich Village e Soho também em Nova Iorque, continuam tendo uma densidade relativamente alta, mas os edifícios são mais baixos assim o sol consegue alcançar as ruas com árvores, criando possibilidades de vida ativa nas ruas e espaços públicos. Conclui que com menos pavimentos ou pavimentos com áreas privadas de uso público que amenizam essa relação dos edifícios com a escala do pedestre e com uma política de criação dessas áreas, o espaço urbano tem uma visibilidade melhor e se torna convidativo para uma vida em momento.

Cidades vivas requerem estrutura urbana compacta, densidade populacional razoável, distâncias aceitáveis para serem percorridas a pé ou de bicicleta e espaço urbano de boa qualidade. A densidade, que representa a quantidade, deve ser combinada com a qualidade sob a forma de bons espaços urbanos. Jan Gehl (2010)

O mesmo número de pessoas pode passar no espaço público de maneiras diferentes: simplesmente passagem ou permanência. Então tudo depende do tempo que cada indivíduo passa no espaço público. Assim tráfego mais lento significa cidades mais vidas, proporcionando tempo para observar e dividir experiências com os outros e a cidade. A escala do pedestre tem que ser atraente e interessante. Fachadas e áreas térreas são as que estão em mais contato visual do pedestre, com uma riqueza de detalhes e informações, o tempo passa mais rapidamente e as distâncias parecem mais curtas se há a possibilidade de observar várias portas, vários pontos de troca entre o lado de dentro e fora. Apelo a muitos sentidos - todos os nossos sentidos são ativados quando estamos perto de edificações que despertam impressões e oportunidades interessantes. Textura e Detalhes - as edificações da cidade são atrações para pedestres que caminham lentamente. Áreas atraentes ao nível da rua oferecem textura, bons materiais e uma riqueza de detalhes. Jan Gehl (2010, pág77)

Segundo Gehl (2010) são conceitos que seguidos torna espaços públicos muito mais atraentes e ativos.


24

Times Square, Nova Iorque Fonte: Archdaily


25

CONFORTÁVEL Segundo estudo das atividades ao ar livre feito no Canadá em ruas residenciais, atividades de permanência duram em média, nove vezes mais e, portanto contribuem com 89 por cento da vida das ruas. O elemento mobiliário urbano contribui para diversos fatores de um bom espaço público, pode-se listar: a proteção contra experiências sensoriais desagradáveis, causadas pelo vento, chuva, calor, frio, poluição e ruído ou o desfrute dos aspectos positivos do clima; proporcionar espaços de permanência e zonas atraentes para sentar ou ficar em pé; possibilidades de vistas interessantes; e o conforto sensorial positivo com um bom projeto arquitetônico e bons materiais. É quase sempre mais simples e eficaz aumentar a qualidade e, portanto, o desenho de passar mais tempo no local, do que aumentar o número de visitantes no referido espaço. Trabalhar com tempo e qualidade, em vez de lidar com números e quantidade, em geral, também melhora a qualidade urbana em benefício de todos, a cada dia do ano. Gehl (2010).

O mobiliário urbano, em complementaridade aos demais elementos urbanos existentes, auxiliam para a funcionalidade dos espaços, promovendo estética harmônica, con-

Montreal, Canadá Fonte: Pinterest, 2016

forto e segurança aos usuários. Às vezes é responsável também por constituir a paisagem urbana e dependendo da forma como está disposto, interfere na percepção qualitativa do usuário à cidade. Com o conceito de cadeiras móveis, Whyte (1980) possibilita as pessoas sentarem onde bem entenderem, criando assim uma atmosfera afetiva e se sentir à vontade num espaço público. De acordo com Montenegro (2015, p.8): (...) tanto o mobiliário urbano quanto os espaços públicos devem propiciar aos cidadãos sentimentos de segurança, bem-estar, prazer, liberdade, fruição, possibilitando a criação de referências como forma de estabelecer inter-relações entre os objetos, as atividades e os próprios usuários, de modo a configurar espacialidade e perceptividade o espaço dentro do contexto social, urbano e geográfico na cidade. No caso particular do design de mobiliário urbano, os objetos a serem criados devem ser providos de significado e de relações simbólicas com a cultura, o contexto urbano e a paisagem local, expressando-se como uma manifestação das características ambientais daquele entorno específico, já que de nada valeria instalar produtos de alta tecnologia em locais onde sequer existe uma calçada.


26

SOCIÁVEL Quando as pessoas encontram os amigos, conhecem e cumprimentam os seus vizinhos, e se sentem confortáveis interagindo com estranhos, elas tendem a sentir um forte senso de lugar e pertencimento com espaço e o seu entorno. Grupos e indivíduos interagindo, o lugar sendo utilizado regularmente e mistura de idades e grupos étnicos refletem de um jeito positivo a comunidade e cidade em geral. Observar a cidade e os usuários é fundamental para conhecer e selecionar necessidades, potenciais e problemas de um espaço público. A participação da comunidade no processo de criação de um lugar que seja utilizado por eles próprios é essencial. Segundo David Engwicht o conceito de Placemaking se encaixa no elemento sociabilidade pois tem como estratégia relembrar as pessoas que os espaços públicos são o coração das comunidades nas cidades. Placemaking é transformar um espaço em um lugar, e o melhor jeito dessa transformação ter sucesso é analisando e reconhecendo através da sociedade qual seus desejos para o local. Mais do que apenas criar um melhor desenho urbano dos espaços públicos, placemaking facilita padrões criativos de atividades e conexões (culturais, econômicas, sociais, ecológicas) que definem um lugar e apoiam a evolução contínua.

The

Fonte: Project for public spaces


27

The plaza, Dinamarca Fonte: Archdaily

Montreal, Canadรก Fonte: Pinterest, 2016

Fonte da imagem: Pinterest


28

SEGURO Um espaço público seguro necessita de transparência, onde as relações entre espaços privados e públicos sejam fluidas e harmoniosas. Caminhar na cidade pode ser uma experiência intensificada se os pedestres poderem ver as mercadorias em exposição e o que acontece no interior das construções. E isso funciona nos dois sentidos. Gehl (2010). A troca entre experiências internas e externas provocaria o sentimento de abertura e segurança para os usuários. Sentir-se seguro na cidade depende de um bom planejamento de tráfego com pedestres em prioridade, como o exemplo, aproveitar os carros estacionados para proteger os ciclistas nas ruas de Copenhague, Dinamarca. Desigualdade social e econômica gera criminalidade e para isso movimentar o espaço público, com presença de pessoas em movimento em diferentes horários é um meio de se tornar menos perigoso. Os vigilantes da rua são os próprios moradores. Uma boa iluminação contribui para a sensação de segurança a noite e a vida nas edificações significa ruas mais seguras, com edificações com andares mais baixos, o contato visual com a rua é mais freqüente. Hoje, muitos espaços públicos nas cidades em todo o mundo são vistos como locais não seguros. A noção de segurança é perdida no momento em que uma lo-

Praça do Rosário, Argentina Fonte: Archdaily 2015

calidade se torna vazia, não recebe iluminação, uso ou até mesmo a atenção adequada. As pessoas se afastam intuitivamente de lugares vazios e sem interações. Elas procuram conexões, pois trás uma sensação de segurança. Conectar os espaços entre o que é público e o que é privado pode ser a solução para evitar isso. Conforme falado anteriormente essas áreas são denominadas Plinths, rodapé, em tradução literal. Espaços de transição suave, são aqueles onde a cidade e as edificações se encontram, oferecem um sentido de organização, conforto e segurança. É o lugar onde as atividades realizadas dentro dos edifícios podem ser levadas para fora em um espaço comum da cidade. É uma zona de troca de experiências e também de permanência, pois transmitem segurança no qual os indivíduos estão de costas para as edificações e com a visão toda para a rua. A força das feiras e mercados nas ruas sempre trazem uma grande troca de movimentos de pessoas, e como já sabemos as pessoas vão onde outras pessoas então. Zonas híbridas, que são as fachadas das edificações e a conexão com a rua, tornam as ruas pessoais, ou seja, se a comunidade se apropria e cria zonas híbridas agradáveis de uso para conversar, relaxar e aproveitar o dia ou quando chega do trabalho, a rua se torna mais segura pessoal e agradável para todos os moradores.


29 Todos os edifícios, absolutamente todos, possuem uma fase inútil, imprestável, que não é nem a fachada frontal e nem a posterior, é a “medianera”. Superfícies enormes, que nos dividem e nos lembram do passar do tempo, a poluição e a sujeira da cidade. As medianeras mostram nosso estado mais miserável, refletem a inconstância, as rachaduras, as soluções temporárias. O lixo que escondemos sob o tapete, pensamos nelas excepcionalmente, quando, violadas pelos intempéries do tempo, deixar infiltrar suas reivindicações. Filme “Medianeras”, Gustavo Taretto.

O longa argentino de 2011 dirigido por Gustavo Taretto, destaca uma questão importante e presente em algumas cidades metropolitanas. A história se passa em Bueno Aires, e a reflexão imposta pela protagonista em questão das “medianeiras”, que em português são as fachadas cegas, ilustram uma crítica entre o planejamento urbano, estilos arquitetônicos, irregularidades estéticas e éticas da cidade. O uso das redes sociais para substituir o contato pessoal e a cultura do medo e violência agravam a intenção de construção de muros, barreiras, segregação social e espacial. A materialidade dessas separações manifesta-se pela presença de muros (não apenas físicos, mas também simbólicos) que estabelecem diferenças, impõem divisões e distâncias,

multiplicam regras de exclusão e restringe os fluxos, e pela utilização de técnicas de segurança cada vez mais avançadas, demonstrando de forma ainda mais acentuada a negação a tudo que se coloca para além de suas barreiras. Dessa forma constituem-se cada vez mais espaços privatizados, justificado pelo medo do crime e da violência por parte daqueles que se sentem ameaçados e preferem abandonar os espaços públicos. O sentimento de insegurança vivido hoje nas cidades contemporâneas faz com que surja um novo estilo de vida o qual se relaciona com o caráter que esses espaços ocupados por apenas alguns indivíduos representam. Tal estilo de vida não é voltado apenas às construções e projetos arquitetônicos, mas apresenta-se também vinculado às relações e interações sociais dos indivíduos que usam tais espaços. Os “enclaves fortificados” (Caldeira, 2000), que são caracterizados como uma demarcação física, isolamento por muros, grades, espaços vazios e detalhes arquitetônicos, propriedade privada para uso coletivo, ênfase ao valor do que é restrito e privado, desvalorizando o que é público e aberto na cidade; são verdadeiros instrumentos de todo esse processo de segregação e atuam como meios de reafirmar esse status, o qual reforça a desigualdade.

Buenos Aires, Argentina Fonte: Filme Medianeiras

2.3 MENOS MUROS, MAIS LAZER


30 (...) se observa na metrópole, nas últimas décadas, é a crescente privatização do espaço público, tendência de âmbito mundial, a contribuir para a valorização dos espaços privados. No meio urbano construído, o crescente isolamento dos espaços interiorizados privados e semi públicos acarreta um prejuízo ao restante do espaço urbano - público e acessível a todos. A separação por muros e outros recursos de proteção reforça essa divisão e promove maior segregação social. O abandono e a deterioração do espaço público exterior, aberto e democrático, comprometem a qualidade do meio urbano como um todo, e com conseqüência qualidade de vida do cidadão. Maria Pronin, A globalização e o ambiente construído na metrópole de São Paulo, 2007.

do uma falsa idéia de liberdade, e encontram-se em “bolhas sociais”. Em contrapartida, os involuntários sem escolhas, mas pela ausência desta, já que a concentração entre iguais é voluntária para os ricos, e involuntária para os pobres, que se aglomeram em espaços cada vez mais escassos e inadequados à moradia. Apesar de parecer que muros passam sensação de segurança para os que estão “protegidos” por ele, passam também a sensação de insegurança e vulnerabilidade para aqueles que estão fora do perímetro murado. A inserção de muros ou barreiras reduzem os espaços públicos e quando construídos não lidam com a causa social do problema real, mas sim distanciam-se dela. Segundo a tabela, do estudo de tese de Luciana Monzillo de Oliveira, 2013, classifica as especificações de cada espaço. O objetivo é ilustrar cada um deles, pois os espaços públicos e privados muitas vezes se confundem pela questão da propriedade e do uso

Segundo Zygmunt Bauman (2001), a segregação social poderia ser explicada como uma tentativa desesperada de se separar da vida incerta, desigual e caótica, dividindo o espaço social em uma espécie de “dentro” e “fora” de muros, cuja realidade de um é necessariamente a oposta vivenciada pelo outro. Criam-se assim, tribos que se diferenciam por ser voluntários e involuntários. Os primeiros, possibilitados por todo o mercado imobiliário, são adquiridos pelos poucos que podem pagar um modo de vida restrito em que os espaços públicos são “recreados”, trazen Tabela - Relação entre tipo de propriedade e tipo de uso dos espaços da cidade


31 A sociedade atual acaba por utilizar os espaços como shopping centers e galerias, onde são administrados por alguém que estabelece limitações a este espaço. Ainda segundo Bauman(2000) em Modernidade Líquida, os shoppings são espaços de uso público que na verdade não suscitam a interação e convivência entre os usuários, classifica como “ espaços públicos não civis”, pois na verdade priorizam na maioria das vezes o individualismo levando em consideração o consumismo. O uso multifuncional do espaço urbano foi se perdendo e várias funções que aconteciam no espaço público foram para o espaço privado e a cidade virou “apenas um espaço de circulação” e não mais de convivência. Das funções do urbanismo moderno (lazer, morar, trabalhar, circular) apenaso circular se mantém na esfera pública, em consequência da separação da cidade, da diminuição das possibilidades e multiplicidade de usos E, muitas vezes, este circular é feito por veículos motorizados e não à pé. O ordenamento dos espaços públicos, sobretudo os de lazer, é atualmente um dos aspectos vitais para a revitalização e a qualidade de vida no meio urbano. Segundo Rolnik (2008), o lazer está intimamente ligado à qualidade de vida da sociedade. O conceito de lazer defini-se como privilégio de consumo real de prazer, da cidade e do tempo. A cidade destaca-se como conexão entre pontos de lazer e tem a necessidade de preservar o privilégio da qualidade de vida em áreas em que seja viável.

Imagem superior: Manhattan, Nova Iorque Fonte: Pinterest 2016 Imagem inferior: Fonte: Pinterest 2017


32

Rolnik (2008) ainda diz que é preciso implementar uma política de investimento na qualidade do espaço da cidade, na retomada da sua multifuncionalidade e beleza, na retomada da idéia de uma cidade que conecta usos, funções e pessoas diferentes, em segurança, assim criando um modelo sustentável de cidade. Acredita que quanto mais diferença e privilégio, mais se intensifica a exclusão e violenta vai ser a cidade. Assim ilustra que para melhorar o espaço público há a necessidade de uma política anti exclusão, o que significa organizar a heterogeneidade, defender e fomentar a convivência entre pessoas diferentes, diminuindo a segregação e as distâncias sociais, suprimindo os guetos, atuando com solidariedade. O espaço de lazer possui importância, pois é local de encontro e convívio: é no tempo do lazer que se vive o novo e o diferente, que se encontram possibilidades de questionamento das relações entre a sociedade e o espaço. As imagens representam atividades que foram instaladas em espaços públicos e tornaram-no ativo e convidativo para a sociedade, são iniciativas através de práticas simples e rápidas que mostram o potencial de mudança, como espaço de leitura ou jogos ao ar livre, que formam uma interação dos usuários com o espaço e também socialmente.

Montreal, Canadá Fonte: Archdaily 2016


33 A palavra requalificação é sinônimo de função, ou seja, quando um espaço é requalificado significa que queremos atribuir novas funções a neste. Trata-se de um conjunto de ações, a fim de permitir a um determinado espaço nova eficiência, novo sentido em seu uso, visando uma melhoria do espaço e do seu entorno. Com o crescimento das cidades e constantes transformações algumas áreas acabam perdendo sua visibilidade, são degradadas pelo mau uso ou pela má administração pública. Hoje o bem-estar das pessoas é um objetivo de todos e preocupando-se também por questões ambientais, fazer com que todas as áreas urbanas possam ser aproveitadas é um compromisso que a requalificação urbana busca. A requalificação urbana visa oferecer ao local uma nova utilidade, criando oportunidades de comércio, cultura e promovendo uma imagem melhor para a cidade ou parte dela. Para isso contam com conceitos de urbanismo tático – iniciativas com intervenções e políticas de curto prazo e baixo custo, visando catalisar mudanças em longo prazo - gestão pública e iniciativas que realmente supram as necessidades do local em questão. O metabolismo de nossas cidades – fruto da dramática explosão urbana e de uma terrível série de erros de planejamento cometidos no século 20 – deve

ser reinventado com a construção sistêmica da cidade constituída de uma rede de núcleos urbanos compactos, densos e com usos diversificados e mistos. É nesses territórios compactos de usos diversificado que os moradores poderão desenvolver as atividades da vida cotidiana em pequenos deslocamentos sem depender do carro – morar, trabalhar e encontrar as amenidades do dia a dia de modo compacto e próximo. Ora, se nossas cidades explodiram e se desenvolveram deixando pelo caminho os “vazios urbanos” e áreas deterioradas justamente em localizações centrais dotadas do potencial para se configurarem como territórios compactos e multifuncionais, urge recuperá-los. Carlos Leite, em Artigo: Instrumentos Urbanos Inovadores para ARCOweb (2016).

Conclui-se que é possível promover um processo de ‘pequenas operações urbanas’, mais rápidas, eficientes e próximas da vida quotidiana, com maior potencial de sucesso e melhoria. São iniciativas que fazem as áreas requalificadas se tornarem áreas viabilizadas por um espaço compacto, multifuncional, socialmente integrador com equipamentos diversos.

2.4 REQUALIFICAÇÃO


34

Fonte: www.stuchileite.com


35


36

3


37

REFERÊNCIAS Os projetos seguintes foram escolhidos de tal forma que auxiliasse na elaboração do projeto de requalificação proposto por esta pesquisa. Fatores como programa de usos e atividades, dinâmica do espaço, técnicas, dentre outros, foram levados em consideração para a escolha de cada um. O primeiro estudo de caso apresenta uma referência que pude analisar de perto quando estava num programa de intercâmbio na Holanda. O Grote Markt tem como destaque a experiência de vivenciar um espaço público livre de qualidade e por ser uma quadra rodeada por usos diversos. Nele as possibilidades de convivência com o lugar e social são aspectos que quero resgatar neste trabalho em São Bernardo do Campo.

O segundo projeto, Brascan Century Plaza, foi escolhido por se tratar de um espaço coletivo através do território privado e conseguir dispor de um programa de usos em volta da praça, como um conceito de térreo livre, aberto ao espaço urbano. Há possibilidade de interação, descanso e lazer durante, por exemplo, o horário de almoço do trabalho ou uma pessoa que pela região passa e quer permanecer em um local agradável. O terceiro estudo apresenta a iniciativa do Centro Aberto em São Paulo. Foi um projeto-piloto que resultou em locais de qualidade e diversificação de usos. O projeto é uma grande referência onde estabelece uma relação de cidadão-cidade e tem como objetivo a ativação do espaço público através da

PROJETUAIS

renovação de suas formas de uso. Ainda como referência a requalificação de vielas em Downtown Vancouver se vincula às vielas existentes ao decorrer da R. Marechal Deodoro em São Bernardo. O intuito é transformar uma viela inativa em um lugar onde as pessoas se sintam convidadas a trafegar e participar. E por fim o projeto de Requalificação Urbana do Centro Histórico de São José que prioriza os pedestres e projeta ruas com arborização, tipologia, acessibilidade para todos e tem como propósito padronizar a pavimentação e o tamanho das calçadas. Acredito que as ações apresentadas nos estudos de caso podem, com algumas alterações, se aplicar às necessidades da área de estudo deste TCC.


38

GROTE MARKT

3.1 ESTUDOS DE CASO

Localização: Haarlem, Holanda Haarlem é uma cidade na Holanda, é a capital da província da Holanda do Norte e está situada na borda norte da Randstad, uma das áreas metropolitanas mais povoadas da Europa. Haarlem está a 15 minutos de trem de Amsterdam e é considerada por muitos uma “ mini Amsterdam”. Foi concedida como cidade em 1245, embora os primeiros muros não foram construídos até 1270. A cidade moderna abrange o antigo município de Schoten, bem como partes que anteriormente pertencia a Bloemendaal e Heemstede. Haarlem tornou-se rica com as receitas de pedágio que coletava de navios e viajantes movendo-se nesta rota Norte-Sul movimentada. No entanto, como o transporte marítimo tornou-se cada vez mais importante economicamente, a cidade de

Amsterdam tornou-se a principal cidade holandesa da Holanda do Norte durante a Idade de Ouro holandesa. A cidade de Halfweg tornou-se um subúrbio, e Haarlem tornou-se uma comunidade tranquila, e por esta razão Haarlem ainda tem muitos dos seus edifícios medievais centrais intactos Hoje em dia muitos deles estão no registro holandês do património conhecido como Rijksmonuments. A Catedral de Haarlem é um marco importante para a cidade e tem dominado o skyline desta durante séculos. É construída no estilo gótico da arquitetura e sua a primeira menção de igreja foi feita em 1307, mas a estrutura de madeira queimou no século 14. A igreja foi reconstruída e promovida em 1479 e transformou-se somente uma catedral em 1559. Os principais arquitetos foram Godevaert de Bosscher e Steven van Afflighem, e Evert van Antwerpen.

Fonte: Google imagens, 2017


39

Grote Markt, que significa Grande Mercado em português, se localiza no centro da cidade, é considerada uma das praças mais bonitas do país e contribui para uma vida ativa diária com um programa e usos diversos. A praça está cercada de edifícios importantes e de diversos usos. A catedral e o Museu de Haarlem são grandes monumentos em destaque, mas os restaurantes, bares e lojas ao redor e entre ruas paralelas dão a vida aos fluxos na cidade. O espaço além de ser uma praça seca muito comum de cidades da Europa, disponibiliza várias opções para os usuários, como, possibilidade de comida, aproveitamento do clima e paisagem, opção de sentar e mover cadeiras. Aos sábados a praça recebe feira de alimentos e de produtos variados, e dependendo da programação da cidade em relação a feriados e datas comemorativas, o espaço organiza festivais, atividades e recreações para a participação de todos.

Feira que acontece aos Sábados Fonte: Google imagens, 2016


40

BRASCAN CENTURY PLAZA Local: Itaim Bibi, São Paulo SP Data do projeto: 2003 Arquitetura: Aflalo Gasperini Paisagismo: Benedito Abbud Área do terreno: 12.600,00 m2 (antiga fábrica de chocolates Kopenhagen) Área construída: 93.805,00 m2 (+ praça com 7.000,00 m2) Situado no bairro do Itaim Bibi, zona sul de São Paulo, o terreno que atualmente abriga o complexo Brascan Century Plaza, localiza-se entre as ruas Joaquim Floriano, Bandeira Paulista, Tamandaré Toledo e Dr. Renato Paes de Barros. Ocupa cerca de ¾ da quadra que no passado abrigou a fábrica da Kopenhagem. O complexo contribui para o bairro do Itaim Bibi com uma nova centralidade, propiciando um espaço de lazer e serviços com qualidade urbana, comodidade, conveniência e segurança. Teve como objetivo ampliar o espaço coletivo através do território privado, configura-se como um importante passo rumo à melhoria da qualidade de vida urbana, nos grandes centros urbanos. A concepção arquitetônica do Brascan Century Plaza reúne em um único espaço de 12.600 m², 31 pavimentos de flats hoteleiros, 24 pavimentos de conjuntos comerciais, 15 lajes corporativas, centro de convenções, centro comercial, praça de alimentação e 6 cinemas. Fonte: Pinterest, 2017

Fonte: Google imagens, 2017

Interligando esse complexo, existem estruturas que se destinam a oferecer lazer, configurado em um conceito de open mall – espaço que interliga o centro comercial à praça – onde a vida acontece o tempo todo. A opção por deixar o térreo livre criou uma área privada de uso público que se caracteriza com uma praça. Considerando a não existência de praças no bairro do Itaim-bibi a área criou um interessante espaço de convivência. A praça tem possibilidade de comida, lazer e descanso e a água e sua composição vegetal proporcionam boas sensações a aqueles que precisam de um refúgio no meio da cidade ou de seu trabalho.


41

CENTRO ABERTO Prefeitura de São Paulo Ano da intervenção: 2016 Experiências na Escala Humana

loto provou que é necessário promover debates e estabelecer ações coletivas na construção dos instrumentos que irão qualificar os espaços públicos. Os projetos implantados foram no Largo Paissandu, Avenida São João e Largo São Francisco e Praça Ouvidor Pacheco e Silva.

O projeto Centro Aberto não buscou construir novos espaços, mas, sobretudo transformar as estruturas preexistentes, permitindo atividades de celebração. Os projetos buscam a ativação do espaço público através da renovação de suas formas de uso. Promover a diversificação das atividades - envolvendo um número maior de grupos de usuários, em faixas de tempo também ampliadas - constitui-se em um instrumento fundamental para a construção do domínio público sobre os espaços.

Antes da intervenção foram feitas pesquisas de campo com as pessoas da região para conseguir entender de perto os problemas e necessidades do local. Ações e estratégias para a intervenção como a garantia da proteção e priorização de pedestres e ciclistas para chegar até o local, o suporte à permanência nos espaços públicos (wifi, sombra, lazer, convívio) e novos usos e atividades (comercial, cultural e atividades físicas) foram adotadas e tiveram muito sucesso após sua execução.

Esse processo é capaz de promover, além da melhoria na percepção de segurança, o reforço no sentido de pertencimento e identificação da população com o Centro de São Paulo. A experiência desse projeto pi-

A seguir, através da publicação feita pelo centro aberto, são ilustrados alguns dados pós a implantação do projeto.

Largo Paissandu e Av. São João


42 LARGO PAISSANDU E AVENIDA SÃO JOÃO

Para dar suporte à permanência nos espaços públicos do entorno o projeto visou atrair para o interior da Praça os usos de seu entorno. Como por exemplo a oferta de comida de rua junto à oportunidades de sentar adequadamente faz referência aos diversos restaurantes do entorno.

LARGO SÃO FRANCISCO E PRAÇA OUVIDOR PACHECO E SILVA

Elementos de mobiliário, como bancos de praça, bancos de muretas, mobiliário portátil – cadeiras de praia, mesas e cadeiras dobráveis e ombrelones –, oferecem condições de conforto físico e visual para permanecer na praça, descansar, almoçar ou esperar o transporte público. A disponibilização da rede pública gratuita de internet (WiFi Livre SP) e os banheiros públicos, são outros elementos do projeto que apoiam a permanência das pessoas na praça.

LARGO SÃO FRANCISCO E PRAÇA OUVIDOR PACHECO E SILVA

Os gráficos acima apresentam as médias comparadas de permanência de pessoas no Largo São Francisco, nos dias úteis e finais de semana. É possível observar os horários de pico e também a reversão de situações anteriores, com extensão da permanência no período noturno e aumento significativo de pessoas na praça aos finais de semana.


43


44

DOWNTOWN VANCOUVER LANEWAY Requalificação de Vielas em Downtown Vancouver 2016 Através de um projeto piloto liderado pela Downtown Vancouver Business Improvement Association (DVBIA) com o apoio da cidade de Vancouver e empresas locais, ruas entre os prédios da cidade foram requalificadas. Aros de basquete, redes de gol de futebol, cores vivas e iluminação foram instalados para atrair as pessoas que transitavam pelo local e a iniciativa convida as pessoas a trazer se quiserem seu próprio equipamento esportivo para se divertir durante um horário de almoço ou depois do trabalho num happy hour.

Entre as ruas Granville e Seymour no Central Business District, Vancouver Fonte: Dailyhive 2016

As ativações diárias e equipamentos são gerenciados pela Odyssey Nightclub, que tem uma entrada secundária na pista paralela. O estabelecimento propôs montar um bar fora de sua porta traseira e tocar música todas as noites como uma forma de fazer o espaço da rua um lugar onde as pessoas podem se reunir e socializar. O projeto conta com ações futuras para continuar com o movimento e uso da rua, entre algumas iniciativas estão: extensão dos espaços do pátio com estabelecimentos com possibilidade de comidas diversificadas, atividades culturais, iniciativas em parceria com grupos dos moradores da região e iluminação adequada para utilização do local durante o período da noite.


45

CONCURSO: REQUALIFICAÇÃO URBANA DO CENTRO HISTÓRICO DE SÃO JOSÉ - SC 2014 Prêmio: Primeiro Lugar Projeto: Recentrar o Centro Autores: Cássio Sauer , Camila Thiesen (Metropolitano Arquitetos), Cássio Sauer e Elisa Martins (arquitetura pela rua), Diogo Valls (Valls) e Jaqueline Lessa. , Ignacio de la Vega, Lucas Weinmann e Lucas Zimmer., 2014, São José – SC

e áreas verdes. A combinação e sobreposição destas camadas potencializa a dinâmica urbana uma vez que suas relações traduzem a complexidade do espaço público. Quanto à reformulação dos espaços públicos são propostos tratamentos de pavimentação, mobiliário, iluminação e sinalização gráfica a fim de criar nova identidade que servirá como protótipo para futuras intervenções na cidade.

O projeto considera a diminuição progressiva do fluxo de carros, ônibus e caminhões no núcleo histórico, considerando o aumento da permeabilidade da malha viária através da construção de novas conexões.

O tratamento das vias está relacionado com as diretrizes de privilegiar a circulação do pedestre, de forma a manter a vocação original da rua como elemento estruturador da cidade, que possibilita o fluxo tanto de pessoas como de veículos contemplando diferentes formas de mobilidade. O alargamento do passeio possibilita a distribuição de mobiliário urbano, arborização e iluminação e configura um ambiente humanizado com espaços de convivência que propiciam a permanência dos usuários. Esta apropriação do espaço busca incentivar a requalificação do entorno próximo com a retirada ou substituição dos muros dos lotes vizinhos por fechamentos permeáveis que possibilitem uma maior permeabilidade visual e segurança.

Considerando a diversidade do tecido urbano, foram propostas camadas de intervenção: edifícios históricos, igrejas, praças, orla marítima, circulação de veículos, circulação de bicicletas, conexões viárias, equipamentos públicos, equipamentos culturais, iluminação, vegetação

A priorização do pedestre é acentuada pela elevação da via nas esquinas. Este espaço compartilhado entre veículos e pedestres busca, além de auxiliar na diminuição da velocidade dos veículos, proporcionar uma circulação peatonal acessível e convidativa.

O projeto contempla a reurbanização do trecho norte-sul do principal eixo viário de São José, entre duas importantes igrejas históricas, e da zona central da cidade onde estão localizados os principais espaços públicos e edifícios históricos com a Igreja Matriz, Teatro Municipal, além do Beco da Carioca.

Fonte: Archdaily 2017


46

Os projetos apresentados são importantes para o processo de projeto de requalificação da Rua Marechal Deodoro, visto que nos estudos de casos há medidas e iniciativas para contemplar um espaço urbano de qualidade que abrigam atividades para este se tornar ativo e utilizado pela a sociedade.

Fonte: Archdaily 2017


47


48

4


49

A

ÁREA


50

4.1 LEVANTAMENTO HISTÓRICO

Em 08 de abril é fundada a Vila de Santo André da Borda do campo. Em 1560 seus moradores são transferidos para o Pátio do Colégio.

Início da construção da igreja da Matriz e a capela de Nossa Senhora da Boa Viagem.

1553

1812

1717

1877

A cidade começa a se desenvolver por conta da passagem para o porto de Santos, os carregadores de mercadorias pousavam em uma fazenda dos Monges Beneditinos, um povoado que atualmente se instala o Bairro Rudge Ramos.

Imigrantes europeus se instalaram na fazenda São Bernardo, impulsionando a produção agrícola, serrarias e posteriormente a indústria moveleira, 1881 é erguida a Igreja Santa Filomena.


51

Ao final do século, por lei provincial de 12 de março de 1889, Freguesia foi elevada a Município, cuja instalação ocorreu em maio de 1890. O Município compreendia, então, praticamente todo o território do atual ABC

São Bernardo recupera sua autonomia, 01 de janeiro de 1945 é instalado o município de São Bernardo do Campo.

1890

1970

1944

1920 No ano é construída a represa Billings e em 1938 a sede do município é transferida para Santo André.

Nesse ano é inaugurada a Rodovia dos Imigrantes.

1947 No ano é inaugurada a Via Anchieta. Novas Indústrias se instalam, em especial a Automobilística

Com mais de 800 mil habitantes, a cidade continua a ocupar um lugar de destaque no cenário Político-econômico brasileiro.

2014

1978 á 1982 A cidade é palco do movimento Operário, projetando-se no processo de redemocratização do país.


52

HISTÓRIA DA RUA MARECHAL DEODORO Manuel Deodoro da Fonseca foi o primeiro presidente do Brasil e durante sua trajetória conquistou os cargos de militar, político brasileiro e proclamador da república. A Atual Rua Marechal Deodoro, era a antiga Estrada de Santos, ou “Caminho Geral de Santos”, que começava na Praça da Sé em São Paulo, e terminava ás margens do Porto de Santos. Por muitos anos, mais precisamente até 1947, para se ir até a baixada santista, passava-se obrigatoriamente em São Bernardo, o que fez florescer na cidade um certo comércio voltado a estes viajantes, principalmente depois das melhorias realizadas no trecho de serra da hoje conhecida como Estrada Velha de Santos.

Capela Nossa Senhora da Boa Viagem construída em 1812. O registro é de 1930 e a capela permanece até os dias de hoje na Praça da Matriz. Fonte: Abcdpédia

Rua Marechal Deodoro em 1895 Fonte: Google Imagens

Como a cidade de São Bernardo era passagem obrigatória para chegar à Santos, surgiu-se a vontade dos moradores de ter uma capela em louvor a santa Nossa Senhora da Conceição. O local escolhido é onde se localiza hoje a Praça da Matriz. A capela foi feita enquanto a Igreja Matriz estava sendo construída.

A Energia elétrica chega a São Bernardo em 1907, e a rua recebe iluminação e calçamento em seu trecho central, pouco depois da atual Avenida Prestes Maia, até a Rua Doutor Fláquer, e no entorno do Largo da Matriz. Em 1920 e com o passar dos anos a rua Marechal Deodoro foi tomando forma para atender toda a demanda de viajantes que por ali passavam; era comum a parada em São Bernardo e por volta de 1947 a rua já está tomada por comerciantes e diversas indústrias de móveis e tecidos. Hoje em dia a Rua Marechal Deodoro não é maior avenida da cidade, mas é a avenida onde se concentra o maior número de comerciantes e o trânsito de pessoas e automóveis se faz presente todos os dias da semana e o importante caráter dessa rua é conhecido por todos os moradores.


53

A seguir há alguns mapas para ilustrar a localidade da cidade de São Bernardo do Campo em relação á São Paulo, às principais vias de transição e uso dentro do perímetro do bairro do Centro, o uso e ocupação do solo e por fim uma imagem que destaca os espaços públicos selecionados por esta pesquisa para projeto de requalificação.

Delimitação do Centro de São Bernardo do Campo.

Fonte: Prefeitura de São Bernardo do Campo- Secretaria de Planejamento e Tecnologia de Informação


54

Mapa de uso e ocupação do solo - Centro de São Bernardo do Campo - eixo comercial cercado por dominância residencial


55

Rua escolhida para intervenção de requalificação em áreas comerciais VERDE - Áreas verdes e espaços públicos como: Praça Lauro Gomes, Praça da Igreja Matriz e Igreja Santa FIlomena ROSA - Rua comercial degradada. Fotos apresentando e detalhando as áreas em destaque na foto aérea


56

4.2 PROBLEMAS


57


58

MAPA DE PROBLEMAS

As calçadas, sobretudo consideravelmente largas, são “disputadas” por pedestres e comerciantes. Algumas delas merecem uma requalificação para que todos consigam transitar. Viela Ângelo Linguanoto, é uma das várias vielas que o desenho das quadras entre a Rua Marechal Deodoro e Av. Faria Lima proporcionam. As vielas são raramente usadas, com pouca iluminação e segurança Fachadas degradadas e antigas. A poluição visual do lugar se da pelo acúmulo das mercadorias das lojas e os edifícios antigos. Não há uma linguagem visual agradável e uniforme.


59

A Praça da Igreja Matriz é um potencial histórico que não é muito usado, o espaço não proporciona muitos usos e atividades para a população.

A Praça Lauro Gomes é uma área gradeada que limita a circulação e relação dos indivíduos com a quadra. Na praça há arborização boa para espaços de permanência mas na verdade a maioria das pessoas ficam fora ou em volta das extremidades desta. O gradil torna a praça não convidativa.

Rua Marechal Deodoro com transito de carros e uma faixa de carros estacionados . Embora a calçada seja consideravelmente larga os pedestres não são priorizados e acabam sendo desprotegidos para priorizar os automóveis Rua Dr Fláquer com transito de carros e duas faixas de carros estacionados. Acúmulo de carros, poluição sonora e visual. Há em volta da rua edifícios residenciais que sofrem com o deslocamento de entrada e saída dos estabelecimentos e também pela poluição sonora.


60

4.3 POTENCIALIDADES


61


62

MAPA DE POTENCIALIDADES

Prefeitura de São Bernardo do Campo. Fachadas comerciais na Rua Marechal Deodoro. Há algumas fachadas de estabelecimentos que receberam reformas de melhoria em questão a organização do visual da fachada, iluminação e acessibilidade. O forte comércio é prolongado pela rua inteira, mas infelizmente a minoria das fachadas são conversadas e recebem melhorias.


63

Biblioteca de São Bernardo do Campo, Monteiro Lobato. É um potencial cultural e gerador de fluxo.

A praça da Igreja Matriz é considerada um potencial histórico da cidade. Nela aconteceu em 2015 o Natal Solidário com a organização dos freqüentadores da Igreja . A iniciativa poderia encadear novas atividades e usos para outros feriados e datas comemorativas, ou pequenas ações durante o final de semana.

Na rua Marechal Deodoro se encontra a Câmera de Cultura de São Bernardo do Campo.

Aos domingo acontecia a feira de artesanato e artigos diversos na Praça Lauro Gomes. Hoje em dia ela foi retirada por ações do Prefeito. Mas a população tinha o costume de freqüentar a feira e posteriormente poderiam organizar comissões dos moradores e freqüentadores para retomar as atividades sociais que o espaço possibilita.


64

4.4 PREMISSAS DE PROJETO


65


66

5


67

ESTUDO O projeto de soluções e futuras propostas para a Rua Marechal Deodoro baseia-se na pirâmide abaixo. A ideia é estabelecer um ambiente que todos os meios de transporte consigam transitar, mas tendo em vista os pedestres como prioridade. Seguido de ciclistas, transporte público, transporte de carga, carros e motos.

PRELIMINAR

A Ilustração seguinte demonstra como é a distribuição dos trajetos e espaços para cada elemento na Rua Marechal Deodoro e uma futura proposta de melhoria.

Fonte: Autora

Observa-se que hoje em dia a predominância da rua é de automóveis e somente as calçadas para os pedestres transitarem. No esquema de rua futuro o objetivo é mesclar meios de transporte e priorizar o pedestre, assim possibilitando mais interação social e dinâmica de usos.

Fonte: Pinterest 2017

A área que está a letra B cria possibilidades para a disposição de espaços de permanência, como pop-up cafés, parklets, jardins e atividades que acontecem dentro dos estabelecimentos incentivando-as a vir para o espaço público. A área denominada como C abriga algumas vagas para automóveis e bicicletários e a faixa E ilustra a ciclovia com dois sentidos de trajeto.


68

O corte esquemático e a perspectiva a seguir ilustram a disposição de projeto futuro de requalificação da rua Marechal Deodoro, as três faixas de carro foram substituídas por apenas uma faixa de carro, uma ciclovia e mais espaços para trânsito e permanência de pedestres.

Corte esquemático Fonte: Autora

Perspectiva Fonte: Autora


69 Como mencionado anteriormente, os desenhos das ruas da região às vezes formam vielas entre a Rua Marechal Deodoro e a Av. Faria Lima, elas são raramente usadas durante o dia para travessia ou permanência e durante à noite são desertas. Como mostra a figura a seguir as vielas são hoje em dia vazias ou naquelas não tão estreitas são usadas para estacionamento de carros.

Desenhos esquemáticos Fonte: Autora

A proposta das novas vielas conta com um programa de atividades a fim de priorizar os pedestres e com a participação dos estabelecimentos ao redor criar dinâmicas para o uso desse espaço público. O objetivo é ter um espaço compartilhado de usos e faixas etárias, assim sendo uma rua de convívio social somente para pedestres.

Para isso a rua conta com a elevação do leito da via para o mesmo nível da calçada, mudança de pavimentação e pinturas, mobiliário urbano para atividades diversas e food trucks (pequenos caminhões que vendem comida).


70

5.1 WRI - PROJETO DE RUA COMPLETA

Para a execução das próximas de projeto, destaca-se como plo a ação Ruas Completas volvidas pela empresa WRI

etapas exemdesenBrasil.

A Rede, coordenada pelo WRI Brasil, em parceria com a Frente Nacional de Prefeitos e apoio do Instituto Clima e Sociedade (ICS), apresentaram projetos no IV Encontro dos Municípios como Desenvolvimento Sustentável (EMDS) com o objetivo de promover a disseminação de boas práticas e a discussão de políticas públicas relacionadas à mobilidade urbana de baixo carbono. O conceito define as ruas desenhadas para garantir acesso seguro a todos os usuários – pedestres, ciclistas, usuários do transporte coletivo e motoristas – a partir de elementos de desenho urbano, mobilIário e infraestruturas que melhoram as condições de segurança e acessibilidade.

Fonte: wribrasil.org.br

Dez cidades pré-selecionadas formam a Rede Nacional para a Mobilidade de Baixo Carbono: Niterói, Porto Alegre, João Pessoa, Campinas, Joinville, Salvador, São Paulo, Juiz de Fora, Recife e Fortaleza, além do Distrito Federal. No evento Construction Expo 2017 em São Paulo, visitado pela a autora, havia um stand com modelo tamanho real de Rua Completa construída pela WRI Brasil e parcerias. O espaço ofereceu às pessoas a oportunidade de experimentar e conhecer a sensação de estar em uma Rua Completa, mostrar que é possível priorizar a mobilidade humana e que ruas podem ser compartilhadas entre todos os usuários, independente do meio de transporte.


71

Investir em ruas completas é uma forma de tornar o espaço urbano mais eficiente, acessível e seguro para as pessoas. Este projeto inspira a criação de uma Rua Marechal Deodoro completa de acordo com suas condições e necessidades. “O modelo de rua completa varia conforme a via – pode ou não haver um corredor de ônibus, a redução de velocidades ou a instalação de ciclovias. O que sempre tem de estar presente em uma rua completa é a priorização dos pedestres. Três elementos são essenciais para isso: o espaço precisa ser confortável, seguro e interessante para as pessoas que caminham”, comentou Paula Santos, coordenadora de mobilidade urbana e acessibilidade do WRI Brasil.

Os elementos que podem ser contemplados por um projeto de rua completa são: •

nivelamento da via com as calçadas;

medidas moderadoras de tráfego;

acessibilidade universal;

sinalização clara e orientada ao pedestre;

mobiliário urbano (lixeiras, bancos, postes de iluminação etc.);

faixas de segurança;

estreitamento das travessias e ilhas de refúgio para pedestres;

diminuição da oferta de estacionamento gratuito para carros;

ciclovias e/ou ciclofaixas;

faixas de ônibus;

acesso facilitado aos pontos de parada do transporte coletivo.


72 A transformação do ambiente em um local mais agradável para as pessoas pode ser realizada em etapas, iniciando com uma intervenção temporária.

Fonte: wribrasil.org.br

Pinturas no pavimento para aumentar a área dedicada aos pedestres, uso de parklets, mobiliário móvel e vegetação (cadeiras, bancos e vasos de plan-

tas) são ações que podem aumentar o conforto e a segurança das pessoas que caminham ou andam de bicicleta.


73

FACHADAS ATIVAS

SUPERFÍCIE PAVER E CONCRETO

A presença de janelas e vitrines voltadas para a rua, portas e acessos frequentes, bem como a proximidade da edificação com a calçada, possuem uma forte relação com a segurança pública urbana. Comércio, serviços e espaços culturais estimulam a convivência entre a vizinhança e qualificam a relação do espaço público com o ambiente construído, promovendo mais interação social.

A escolha do tipo de pavimento depende de diversos fatores, como a função da via, o tipo de tráfego, fluxos de veículos e pedestres, topografia do local, tipo de subsolo, periodicidade de manutenção e o uso e ocupação do solo.

O pedestre sente-se mais seguro nos espaços onde outras pessoas também estão circulando. O projeto arquitetônico que valoriza a relação do edifício com a rua evita a monotonia ao longo da caminhada. Ambientes assim são convidativos e contribuem para que as pessoas andem mais a pé e permaneçam mais tempo nas ruas.

Tanto o paver quanto o concreto moldado in loco são antiderrapantes, o que proporciona segurança aos pedestres, mesmo em dias de chuva. Podem ser pigmentados com cores claras para absorver menos calor e melhorar o conforto térmico no local. Além disso, produtos à base de cimento podem ser totalmente reciclados e reutilizados.

Nesta via, foram utilizados dois tipos de pavimento: paver (blocos intertravados de concreto) e o concreto moldado in loco.

Fonte: wribrasil.org.br Fonte: wribrasil.org.br


74

SINALIZAÇÃO

VIA COMPARTILHADA

É essencial que exista compatibilidade entre o limite de velocidade e o desenho do ambiente viário. Isso influencia positivamente o comportamento dos motoristas e evita velocidades acima do limite estabelecido. Espaços compartilhados por diferentes usuários e meios de transporte – como pedestres, ciclistas, automóveis e ônibus – devem ser sinalizados indicando claramente o limite de velocidade e os fluxos preferenciais.

Faixa compartilhada com veículos motorizados e pedestres exige velocidades baixas e boa sinalização para o convívio seguro entre todos os meios de transporte.

Fonte: wribrasil.org.br

Fonte: wribrasil.org.br


75

ILUMINAÇÃO NA ESCALA DO PEDESTRE O projeto de iluminação das vias deve priorizar pedestres e ciclistas, que não possuem sistemas próprios de iluminação como os automóveis. Algumas tecnologias melhoram a iluminação pública. Lâmpadas de LED e luminárias com placas solares geram economia na conta de luz e na manutenção das redes. A implantação da fiação subterrânea melhora a estética da via e diminui a interrupção de energia elétrica causada por incidentes e intempéries – como chuvas e ventos fortes.

Fonte: wribrasil.org.br

MOBILIÁRIO Diversos elementos estão instalados nas vias urbanas, como bancas de jornal, caixas de correio, telefones públicos, hidrantes, floreiras, lixeiras, bancos, abrigos de pontos de ônibus etc. Alguns cumprem funções utilitárias, enquanto outros servem para incentivar a permanência das pessoas nos espaços públicos. Quando bem projetado e instalado de forma ordenada, o mobiliário urbano melhora a experiência de convivência com a cidade. Porém, se mal posicionado, pode constituir barreiras físicas prejudiciais ao deslocamento de pedestres e à visibilidade entre os usuários da via. O mobiliário urbano deve ter desenho universal para garantir sua utilização com autonomia e segurança por todas as pessoas.

Fonte: wribrasil.org.br


76

PARACICLO

DRENAGEM E JARDIM DE CHUVA

A instalação de paraciclos nas vias, em conjunto com medidas como a redução do limite de velocidade e a construção de ciclovias/ciclofaixas, estimula os deslocamentos de bicicleta. Esses dispositivos devem ser instalados próximos a áreas de pedestres, paradas de ônibus, pontos de táxi, delegacias e postos de polícia, parques, lojas, bares etc., para que sejam constantemente vigiados pelas pessoas que passam pelo local.

As técnicas de gerenciamento de águas pluviais, também chamadas de “infraestrutura verde”, como biorretenção, plantio de árvores na calçada e utilização de pavimento permeável, reduzem o escoamento da água da chuva, aliviando o impacto na drenagem urbana. Elas melhoram a qualidade da água que retorna para as bacias diminuindo a necessidade de tratamento para o consumo. Os jardins de chuva, ou bacias de infiltração, são canteiros caracterizados por uma depressão no solo que forma uma bacia para onde é direcionado o escoamento superficial da água da chuva. Esses espaços também podem ser chamados de sistemas de biorretenção, pois utilizam plantas e micro-organismos para remover os poluentes das águas pluviais.

Fonte: wribrasil.org.br Fonte: wribrasil.org.br


77

PISO TÁTIL O piso tátil foi desenvolvido para orientar as pessoas cegas sobre o caminho. Ele permite a percepção de rotas e obstáculos com os pés ou bengalas. Existem dois tipos de piso tátil: um deles é o direcional, que possui superfície com relevos lineares instalados no sentido do deslocamento e o outro é o piso tátil de alerta, composto de um conjunto de relevos circulares. Quando instalado, o piso tátil se torna parte de um ambiente que já é complexo e que contém uma série de informações táteis e sensoriais. É essencial que a sinalização com piso tátil seja projetada de forma a orientar o deslocamento das pessoas cegas sem prejudicar sua mobilidade.

Fonte: wribrasil.org.br

Fonte: Autora


78

6


79

INVESTIGAÇÃO

E

APROFUNDAMENTO

Para obter mais informações sobre o local foi utilizada uma metodologia de pesquisas e entrevistas já realizadas em espaços públicos, porém com perguntas mais específicas para ajudar no objetivo principal de conhecer melhor a Rua Marechal Deodoro.

A pesquisa conta com avaliações e possíveis melhorias que os entrevistados citaram em resposta e utiliza a metodologia do escritório Gehl Architects para avaliar os critérios de um bom espaço público na região da Rua Marechal Deodoro.


80

6.1 QUESTIONÁRIO APLICADO

O questionário foi aplicado a um grupo de moradores e frequentadores da região, podendo assim obter respostas para as reais necessidades do local.

Quarenta e duas pessoas responderam a pesquisa e citaram mais do que um problema ou qualidade da Rua Marechal deodoro e entorno. A partir dai foram feitos gráficos para visualizar melhor as informações e prosseguir com o projeto.


81

A pesquisa registou que todos os entrevistados conhecem a Rua Marechal Deodoro. Mais de setenta por cento utilizam o carro como transporte até o local, seguido de ônibus e a pé, nenhum dos entrevistados utilizam a bicicleta como transporte. A grande maioria destaca o comércio como principal atividade atrativa da rua e no gráfico da pergunta quatro (P4) nota-se que a minoria frequenta a região no periodo da noite.


82

Na pergunta cinco (P5) cada entrevistado pode citar mais do que um ponto negativo, concluindo que o trânsito intenso é o maior problema seguido por falta de estacionamento , visto que a maioria usa o carro para ir ate o local; o terceiro maior ponto negativo são as calçadas estreitas; e o quarto a má manutenção de lixeiras, bancos e iluminação. O gráfico da pergunta cinco (P5) mostra que há diversos pontos a melhorar e à requalificar na sua Marechal Deodoro. Na pergunta seis (P6) foram destacados pelos os entrevistados dois pontos positivos no local. A grande maioria citou o comércio variado e acessível seguido pela localização de fácil acesso a via que está no centro de São Bernardo do Campo.


Na pergunta sete (P7) foram avaliados os equipamentos significantes para um bom espaço público e as áreas verdes como as praças localizadas ao decorrer da Rua Marechal Deodoro. A maioria dos entrevistados avaliaram como ruim os requisitos caminhada quanto beleza , caminhada quanto qualidade e o mobiliário urbano. A praça Lauro Gomes teve a maioria da avaliação dividida entre bom e ruim, talvez boa pelo comércio encontrado na feira e galerias ao redor da praça e ruim por ser uma praça cercada por gradil e má conservada. A praça Matriz foi avaliada com boa por ser uma praça mais utilizada e mais conservada. Já a praça Santa filomena é considerada pela maioria ruim.

83


84

Os entrevistados avaliaram os itens de Seguranรงa, Conforto e Lazer e todos estes foram considerados pela a maioria como tรณpicos ruins na Rua Marechal Deodoro.


85


86

6.2 LEVANTAMENTO DA ÁREA

Foram realizadas visitas ao local de projeto durante quatro dias em horários e dias da semana diferentes. O objetivo da atividade era conseguir informações de deriva, loteamento e reproduzir um levantamento das necessidades reais da região. Nas primeiras visitas foi produzido (como ja apresentado anteriormente pág.58 e 59) um loteamento e estudo de solo geral para que nas visitas seguintes conseguisse fazer um levantamento mais detalhado. O mapa abaixo mostra o levantamento da Rua Marechal Deodoro e seu entorno, com dados específicos de comércio, serviços, instituições, estacionamentos, terrenos ou prédios abandonados, comércios com residências nos andares de cima e espaços verdes. Assim detalhados para projetar diretrizes, ações e criar locais com identidade.

0

20

60

100m


87

ÁREAS VERDES CÂMARA CULTURAL CLUBE ASS. FUNC. PÚBLICOS PREFEITURA DE SBC E RODOVIÁRIA

ESTACIONAMENTO SERVIÇOS TERRENO E PRÉDIO ABANDONADO RESIDÊNCIA COM COMÉRCIO TÉRREO

ESCOLA E FACULDADE RESTAURANTE RESIDÊNCIA COMÉRCIO DE LOJAS


88

7


89

O

PROJETO


90

O PARTIDO O projeto tem como objetivo a requalificação da Rua Marechal Deodoro, mantendo o popular fluxo de comércio, disponibilizando áreas de convivência nos espaços públicos e introduzindo uma rua compartilhada com diversos usos. A rua compartilhada possibilita melhor acesso ao local, visto que prioriza os pedestres, insere a ciclovia e também mantém espaço suficiente para uma via de automóveis. O projeto de requalificação da rua pretende manter o comércio criador de grande fluxo de pedestres e trabalhar possibilidades para a melhoria das fachadas, calçadas e outras reais necessidades levantadas ao decorrer do trabalho. A ideia do trabalho consiste em possibilitar que os usuários percorram o trajeto inteiro da rua com conforto visual e sem complicações na pavimentação e se sintam convidados a usufruir das áreas verdes, praças, ruas destinadas apenas para pedestres e atividades ao ar livre. Para isso o projeto conta com acessos para deficientes, alargamento das calçadas, inserção de vagas vivas, parklets, iluminação adequada e um programa de ações para manter a rua viva de atividades e usos. O trabalho se preocupa com as praças, criando novos espaços e requalificando aqueles que não estão totalmente precários. As praças contam com uma nova paginação de piso que segue uma malha quadriculada com diferentes cores, assim mantendo uma identidade ao decorrer de toda a rua e das três áreas verdes: Praça Lauro Gomes, Praça Matriz e Praça Santa Filomena.


91

Além das praças abrigarem espaços com mobiliário urbano direcionado ao público e espaços de convivência, o projeto abriga atividades que possam acontecer através do urbanismo tático e gerar pontos de encontro, dinâmicas em grupos e experiências diferenciadas no espaço da cidade. O projeto percorre ruas que existem no entorno da Rua Marechal Deodoro e vê potencial para a requalificação de vielas, a fim de proporcionar espaços destinados somente aos pedestres. A ideia é que nessas ruas estreitas aconteçam atividades organizadas pelos comerciantes, moradores ou usuários da rua, possibilitando o convívio social, prática de esportes, contato com a música, cultura e gastronomia. O trabalho é apresentado em três setores para melhor execução e detalhamento. Através de um percurso do inicio ao fim da Rua Marechal Deodoro, mostrando ações e diretrizes propostas para cada ponto importante do local. No primeiro setor se encontra o inicio da Rua Marechal Deodoro seguido da Praça Lauro Gomes e uma proposta de rua para pedestres na R. Newton Prado. No segundo setor destaca-se a Praça da Matriz e a viela Ângelo Linguanato. Por fim o terceiro setor, encontra-se a Praça Santa Filomena.


92


93

RUA MARECHAL DEODORO SÃO BERNARDO DO CAMPO


94

7.1 SETOR 1

Localização do setor 1 (parte 1) no mapa inteiro. Zoom vista superior setor 1 (parte 1) 0 10 20 30m

As imagens abaixo mostram como é o inicio da Rua Marechal e a proposta de futura requalificação. No muro a direita localiza-se uma escola e na fa-

Fonte: Google maps

chada esquerda ja se inicia o comércio que percorre praticamente a rua inteira. Na proposta de uma rua melhor, instalam-se jardins verticais e postes

solares para melhor paisagem visual. Uma ciclovia e faixas adequadas para ciclistas e pedestres ajudam a ter uma linguagem que abriga á todos.

Fonte: Perspectiva visão do pedestre, desenho eletrônico; Acervo da Autora


95 As travessias e rampas são acessiveis para todos seguindo a Norma ABNT NBR 9050 (2015). Ao decorrer do projeto de rua instalam-se equipamentos que ajudam a ter um melhor passeio.

As esquinas da R. Marechal Deodoro com a R. Ámerico Brasiliense foram rebaixadas e alargadas para melhor travessia e segurança dos pedestres. Além das faixas de pedestres foi instalada uma faixa de pedestre cruzada em sentido diagonal na direção das esquinas opostas, para também proporcionar melhor deslocamento.

ABNT NBR 9050 6.12.7.3 Rebaixamento de calçadas Vista superior

ABNT NBR 9050 6.12.7.3.3 Rebaixamento de calçadas entre canteiros Vista superior

Fonte: Perspectiva esquinas, desenho eletrônico; Acervo da Autora


96 O projeto consiste em calçadas de 3,70m (sendo que 0,70cm destina-se à mobiliários urbanos como: postes, biovaletas, bancos e etc.) Uma ciclovia de 3,30m (sendo que 0,30cm está no canteiro entre a ciclovia e a faixa de carros, este para melhor proteção dos usuários da ciclo faixa) com dois sentidos de trajeto e circulação durante a rua inteira. Como na R. Marechal Deodoro não há trânsito de transporte público (pois este se encontra na Rua Jurubatura e Rua Faria Lima, paralelas a R. Marechal) e seu entorno há grande quantidade residencial e tem acesso a outras vias de porte maior, como a Av Pereira Barreto e Av Senador Vergueiro, o projeto inclui uma faixa destinada a carros de

3,70m

2,50m

3,50m

3,50m, mas a velocidade da via foi diminuida para 40kmh, assim promovendo mais segurança aos ciclistas e pedestres. A proposta de uma faixa de 2,50m destinada a usos e ações dependendo do edifício e serviços próximos, inclui faixas de estacionamento para deficientes, idosos, bicicletas e emergências; parklets não somente destinados a edifícios com restaurantes mas também aqueles que necessitam de um espaço aberto de convivência (como bancos e lotéricas que obtem muita fila, salões de beleza, instituições de ensino e lojas; ou apenas uma extensão da calçada para priorizar os pedestres. O objetivo é oferecer um espaço de permanência e passagem ao ar livre.

3,30m

3,70m


97

Fonte: Autora

Fonte: Autora

Fonte: Autora

As imagens ilustram possíveis vagas para bicicletas , deficientes e idosos. A sugestão de parklets instalados em frente ao banco localizado na esquina da R. Marechal Deodoro com a R. Ámerico Brasiliense e em frente a faculdade localizada no primeiro quarteirao da R. Marechal.

Fonte: Perspectiva parklet, desenho eletrônico; Acervo da Autora


98

Localização do setor 1 (parte 2) no mapa inteiro. Zoom vista superior setor 1 (parte 2)

No primeiro setor (parte 2) está localizada a Praça Lauro Gomes, onde em projeto a maioria das árvores existentes e alguns fluxos de passeio foram mantidos, o gradil ao redor da praça foi removido tornando-a mais convidativa e a paginação de piso foi requalificada.

0 10 20 30m

Paralelo a Praça Lauro Gomes há o terreno da Escola Estadual Maria Iracema Munhoz, seguido pela R. Newton Prado após o término do quarteirão. O projeto conta com a proposta de tornar a R. Newton Prado e a R. Ma. Rondon em ruas acessíveis somente para pedestre.

0

Fonte: Google earth

Fonte: Vista superior desenho eletrônico; Acervo da Autora

10

20

30m


99

1

2

3

4

5

6 Fonte: Vista superior praça Lauro Gomes - desenho eletrônico; Acervo da Autora

As linhas tracejadas em vermelho representam os fluxos mantidos e requalificados através de novos usos ao decorrer da praça. O projeto sugere que nesses fluxos podem se instalar a “feirinha da Lauro Gomes”, onde aos domingos pessoas que trabalham com artesanato montam barracas para venda popular. As áreas 1 e 2 estão em frente ao comércio de lojas, sendo assim proposto uma área mais aberta em vegetação e espaços para food trucks ou barracas com possibilidade de comida. A fonte posicionada na área 2 foi requalificada e modernizada, possibilitando o contato com a água e lugares de permanência ao seu redor.

A área 3 tem a proposta de um local para todas as idades, principalmente aos idosos. O local conta com mesas de xadrez e academia ao ar livre. O espaço destinado as crianças está na área 4, localizado paralelo a uma escola e inclui equipamentos que estimulam a brincadeira e aprendizado das crianças. As áreas 5 e 6 são áreas de sombras e permanência. Estão em frente a Rua Ten. Salles, onde há trânsito de carros, por isso a vegetação é mais presente. A seguir as áreas são apresentadas mais detalhadamente.


100

Fonte: Perspectiva Praça Lauro Gomes; Acervo da Autora

A paginação de piso remete ao piso anterior encontrado na Praça Lauro Gomes mas com uma nova proposta de cores e texturas. O projeto consiste em uma malha quadriculada de 3mx3m criando lugares para passeio, permanência e vegetação. O mobiliário urbano para sentar se desenvolve através dos quadrados da paginação que são transformados em cubos com diversas alturas.

Fonte: Perspectiva Fonte da Praça Lauro Gomes; Acervo da Autora

Piso bege claro para áreas de convivência

Piso cinza claro para áreas de convivência

Piso cinza escuro para áreas de convivência (bastante usado nas áreas de sombras)

Fonte: Fotografia piso Praça Lauro Gomes; acervo da Autora

Piso de madeira para áreas de convivência e permanência como decks.

Gramado, áreas de vegetação.


101

O espaço ilustrado a esquerda acolhe dinâmicas culturais populares, como “sentar a praça e jogar xadrez” que são cultivadas por alguns até os dias atuais. Há mesas e decks para permanência e um jogo de xadrez escala 1:1 para estimular a interação de todos os tipos de usuários da praça.

Fonte: Perspectiva; Acervo da Autora

O espaço kids na Praça Lauro Gomes apresenta diversos equipamentos para interação e aprendizagem. A escola Estadual localizada paralela a praça tem a possibilidade de usufruir do espaço kids e dos outros espaços de convivência da praça para atividades diferentes e didáticas ao ar livre. O projeto buscou diferenciar a área kids pela cor azul na paginação de piso e pelas diferentes alturas de cubos para sentar e brincar.

Fonte: Perspectiva espaço kids; Acervo da Autora


102

Na Praça Lauro Gomes comparado com as outras praças ao decorrer da R. Marechal Deodoro, é o local onde se encontra mais densidade de árvores. A maioria das árvores em projeto foram mantidas possibilitando espaços com sombras para permanência. Fonte: Perspectiva área de sombra; Acervo da Autora

Fonte: Perspectiva área de sombra 2; Acervo da Autora

A proposta é ter esses espaços para descanso e interação dos usuários passageiros que procuram só o comércio da R. Marechal e aqueles que trabalham e moram na região.


103

Seguindo adiante na R. Marechal após a Praça Lauro Gomes se encontra a Rua Newton Prado, onde em projeto se ve um potencial grande para requalificação e criação de novos usos. Como esta rua está perto da Escola Estadual, da Praça Lauro Gomes e se conecta com a R. Mal. Rondon cria-se uma proposta de Rua somente para

Fonte: Fotografia R. Newton Prado; Acervo da Autora

pedestres incentivando e priorizando aqueles que vão a pé pra região. A maioria da rua atualmente tem fachadas cegas, carros estacionados (mesmo tendo placas de trânsito dizendo ser proibido) e uma via de passagem de carros. Já na proposta de Rua para pedestres, o piso é elevado a ponto

que carros não consigam transitar, tendo possibilidade de comida para atrair pessoas, atividades esportivas, acadêmicas e disponibilidade de espaços futuros para stands das lojas que se interessarem em atender ao ar livre.

Fonte: Perspectiva eletrônica R. Newton Prado; Acervo da Autora


104

O projeto conta com aros de basquete, redes de gol de futebol, cores vivas e iluminação instalados para tornar a rua mais atrativa para as pessoas que transitavam pelo local.

Fonte:Acervo da Autora

A ideia é convidar as pessoas a trazer, se quiserem, seu próprio equipamento esportivo para se divertir durante horários de lazer.

Espaços para incentivar atividades e grupos de leitura infantil, feira e troca de livros , stands de exibição de novos produtos ou marcas; são ações que ajudam a melhorar a interação e identidade da rua com os usuários.

Fonte:Acervo da Autora


105

Fonte:Acervo da Autora

O projeto da nova R. Newton Prado disponibiliza espaços com mesas e cadeiras móveis para melhor adaptação e conforto dos usuários. Acolhe possibilidades de comida e bebidas, jogos e brincadeiras de todas as idades. Além de priorizar aqueles que vão até a região a pé ou de bicibleta, o objetivo é fazer com que os habitantes se identifiquem e literalmente vivam a rua.


106

7.2 SETOR 2

0 10 20 30m

Localização do setor 2 no mapa inteiro. Zoom vista superior setor 2

Localiza-se no setor 2 uma grande quantidade de comércio popular e a Praça da Matriz, assim contendo um maior fluxo de pedestres nas calçadas, ao recorrer das lojas e proximidade da praça. As calçadas existentes são relativamente espaçosas, mas com a aglomeração de pedestres e vendedores ambulantes o espaço se torna desconfortável para transitar.

Fonte: Google street

Fonte: Perspectiva, desenho eletrônico; Acervo da Autora


107 O projeto tem como objetivo criar espaços para todos, assim priorizando o passeio dos pedestres mas também possibilitando espaços para os vendedores ambulantes. A ideia é dar outros usos para antigas vagas de carros, transformando-as neste caso em espaços de exibição de produtos e possibilidades de comida. Cria-se esses espaços com o prolongamento da calçada e a paginação de piso inserida na Praça Lauro Gomes e Praça Matriz.

Fonte: Perspectiva, desenho eletrônico; Acervo da Autora

A Rua Marechal Deodoro é conhecida pelo seu comércio popular e comércio de rua, por isso a ideia de excluir os vendedores ambulantes não seria viável. Já que os vendedores ambulantes fazem parte do cenário visual e ajudam no fluxo do comércio da Rua Marechal, a proposta é criar espaços onde estes se organizem e contribuam para um bom espaço de convivência.


108 No setor 2 está localizada a Praça da Matriz, que recebeu em 2012 pelo prefeito Luiz Marinho um projeto de revitalização da praça. A prefeitura teve como objetivo a recuperação de espaços para atividades, a melhora do projeto paisagístico, calçadas adaptadas e a valorização da paróquia. Por se tratar de um projeto de praça relativamente novo, a real necessidade levantada foi a falta de um planejamento de ações e atividades para suprir estes espaços. O projeto para esse programa de ações

Fonte: Google earth

conta com um urbanismo tático, onde se elabora projetos rápidos que recebidos positivamente tem uma mudança em longo prazo e placemaking, onde usa a identidade do local para fornecer ações de melhoria à cidade. As seguintes imagens mostram vistas superiores da Praça Matriz, o projeto (imagem eletrônica) mantem o desenho original (2012) da praça e altera a paginação de piso para criar identidade de cada espaço e usos dentro da praça.

Fonte: Vista superior desenho eletrônico; Acervo da Autora 0

10

20

30m


109

PROGRAMA DE ATIVIDADES PRAÇA MATRIZ 1. Shows

A ideia é transformar esse espaço, quando necessário, em um anfiteatro para atividades e eventos da Igreja Matriz, Escolas, Câmara Cultural de SBC e os estabelecimentos ao decorrer da R. Marechal.

Na Praça Matriz há a possibilidade de abrigar atividades artísticas como: shows, teatro, performances, música e dança. O espaço rebaixado contribui para a visão dos pedestres e a escadaria se torna uma arquibancada para o público.

As imagens abaixo ilustram como é esse espaço da Praça Matriz hoje e o que seria se abrigasse atividades e usos diversos. O projeto pretende encorajar um programa de ações semanal onde aconteça atividades que todos possam participar e aproveitar o espaço público.

Fonte: Acervo fotográfico da Autora

Fonte: Autora


110

2. Mesas e cadeiras ao ar livre. O projeto conta com restaurantes e uma livraria (já existente) dentro da Praça Matriz. Estes estabelecimentos podem usar o espaço para seus clientes terem novas experiências ao ar livre. A ilustração mostra cadeiras e mesas instaladas fora dos estabelecimentos, proporcionando mais interação com o espaço urbano. O programa também incentiva ações como música ao vivo e atividades que sejam propostas através dos usuários da praça.

Fonte: Autora


111

Fonte: Acervo fotográfico da Autora

Fonte: Autora

Fonte: Autora

3. Feiras Na Praça Matriz tem um grande espaço até chegar na escadaria da paróquia, assim cria-se a iniciativa de propor em alguns dias da semana feiras e food trucks.

As feiras podem variar sendo: feira de livros, feira de antiguidades, feira de alimentos e até a feira de artesanato que acontece aos Domingos na Praça Lauro Gomes, pode se estender e ter sua continuidade na Praça Matriz.

Os food trucks tem a iniciativa de convidar um público mais jovem a frequentar a praça. Visto que oferece uma comida mais rápida e a prática de ir a feiras com food trucks está cada vez mais presente no dia a dia popular.


112

Espaço na Praça Matriz. Fonte: Acervo fotográfico da autora

Aula de boxe. Fonte: Autora

Pocket show. Fonte: Autora

Música ao vivo. Fonte: Autora


113

Aula de yoga. Fonte: Autora

Teatro infantil. Fonte: Autora

Na Praça Matriz há um espaço de Mirante, onde este por não disponibilizar ao público usos e atividades diversas, acaba sendo um local vazio.

Assim tendo uma interação com o espaço ao ar livre e convivência com um novo público. As imagens ilustram aulas de yoga e boxe.

Além de uma nova proposta de ações para Praça Matriz incluir shows, como já apresentado anteriormente, algumas imagens ilustram o local recebendo música ao vivo de artistas independentes e pocket shows, iniciativas e pequenos eventos que convidam o público a ter

5. Atividades para as crianças

uma nova experiência com música no espaço urbano.

Propõe atividades como teatro infantil, onde histórias do Município de São Bernardo do Campo podem ser apresentadas as crianças de um modo dinâmico e divertido.

4. Atividades esportivas O espaço pode incluir uma programação variada disponibilizando atividades esportivas durante a semana. Ao decorrer da R. Marechal há academias e estabelecimentos esportivos que podem ter iniciativas de atividades usando o espaço público.

O projeto convida escolas para desenvolver atividades recreativas e incentiva a prática de convivio no espaço da cidade.

A proposta é inserir a cidade no dia a dia das pessoas através de experiências que atinjam todos os públicos.


114

No setor 2 localiza-se a viela Ângelo Linguanoto, onde se encontra a academia Bluefit e um restaurante. Apesar de ser um viela bem estreita e má cuidada, a academia e o restaurante funcionam em horários comerciais. O projeto conta com a priorização do pedestre, assim transformando a viela num espaço somente para aqueles que estão a pé ou ciclistas. A proposta é inserir na viela atividades relacionadas a esses estabelecimentos e proporcionar uma iluminação adequada durante o período da noite, para melhorar a segurança e conforto.

Fonte: Google street

No início da viela está a academia Bluefit, onde em frente sua fachada foi proposto uma parede de escalada como possibilidade de uso externo dos usuários da academia e pedestres em geral. A academia pode propor atividades esportivas onde instrutores usem o espaço da viela, e fazer parcerias com outros estabelecimentos disponibilizando eventos durante a semana resultando em um espaço ativo.

Fonte: Autora


Continuando na Viela Ângelo Linguanoto localiza-se um restaurante e um espaço recuado com alguns carros estacionados. Como a nova viela será proibida a entrada de automóveis o espaço se disponibiliza para atividades priorizando os pedestres. Em parceria com o restaurente e a academia o espaço pode ser usado para acolher mesas e cadeiras, atividades com jogos e música.

Fonte: Google street

Fonte: Autora

A viela finaliza com muros cegos assim o projeto propõe trabalhar cores, pinturas divertidas, jardins verticais e hortas comunitárias para melhorar o conforto visual e interação com a população.

115


116

7.3 SETOR 3

Localização do setor 3 no mapa inteiro. Zoom vista superior setor 3 0 10 20 30m

Localiza-se no setor 3 a Praça da Igreja Santa Filomena e o fim da Rua Marechal Deodoro. O projeto da praça consiste em criar ações e atividades para torna-la ativa; como a iniciativa de uma horta comunitária e espaços para interação e convivência.

Fonte: Google street

É proposto o projeto de rua compartilhada à frente da praça onde aos finais de semana seria restrita somente para pedestres e ciclistas, proporcionando mais locais para o aproveitamento do espaço público.

Fonte: Acervo da Autora

0

10

20

30m


117 O nível da rua se alinha com a praça tornando-se um espaço único para diversos usos. Durante os dias da semana o trânsito de veículos é permitido, já aos finais de semana a rua é direcionada somente para pedestres e ciclistas, visto que nestes dias a praça receberá mais pessoas usufruindo das atividades. Aos finais de semana os veículos podem fazer o retorno no quarteirão da Praça Santa Filomena, através da Av. Imperatriz Leopoldina, Rua Santa Filomena, Av. Imperador Pedro II e assim continuar o trajeto na R. Marechal.

Fonte: Acervo da Autora

A rua compartilhada elevada pode receber atividades parceiras aos estabelecimentos e da Igreja Santa Filomena, como feiras de artesanato, festas juninas e de finais de ano.

Fonte: Acervo da Autora


118

Fonte: Acervo da Autora

Fonte: Acervo da Autora

A Praça Santa Filomena contém uma fonte, de porte menor do que da Praça Lauro Gomes, e nesse espaço são projetados lugares para sentar e usufruir do contato com a água. A proposta de horta comunitária pretende encorajar a comunidade a participar de atividades em conjunto nos espaços urbanos. A iniciativa propõe que os usuários da praça organizem-se para cuidar da horta e futuramente criar mais atividades em conjunto.

Fonte: Acervo da Autora


119 Em frente a paróquia Santa Filomena encontra -se um espaço para receber atividades ao decorrer da programação da Igreja ou Rua Marechal, como, quermesses, festas juninas, missas ao ar livre e ponto de partida para as procissões. O local pode ser transformado em espaços para convivência em datas comemorativas como festa de São João e Natal. A iniciativa é disponibilizar um local aberto e público onde a comunidade possa organizar e participar de atividades diferentes ao ar livre. Fonte: Acervo da Autora

Fonte: Acervo da Autora

O projeto conta com a proposta de usufruir das vagas de carros para disponibilizar melhores espaços na escala do pedestre;

Fonte: Acervo da Autora

Assim foram dispostas as chamadas “vagas vivas”, onde se encontra áreas de convivência, de lazer e área verde. A vegetação contribui para o conforto visual e ambiental da rua compartilhada.


120

Ciclovias trazem benefícios ao espaço público, visto que o deslocamento acontece em uma velocidade baixa, os usuários são capazes de observar as fachadas e espaços da cidade podendo facilmente parar em bicicletários que não exigem grandes áreas de estacionamento. Utilizar a bicicleta é benéfico à saúde, melhora a qualidade de vida, economiza tempo e diminui a poluição sonora da cidade. Observa-se uma crescente demanda de usuários das ciclovias melhorando o deslocamento da população na cidade. A proposta de ciclovia na Rua Marechal Deodoro proporciona uma rua compartilhada onde abriga todos os usuários priorizando os pedestres e ciclistas. A ideia de se deslocar pela cidade de São Bernardo do Campo através da bicicleta consiste em propor mais ciclovias e fazer uma conexão com as já existentes. A imagem mostra as ciclovias existentes no município de São Bernardo do Campo. Observa-se que as ciclovias não se encontram, assim impossibilitando de existir um trajeto continuo percorrendo a cidade. A proposta tem como objetivo conectar as ciclovias existentes e a ciclovia no projeto da R. Marechal, produzindo novas ciclovias para construir um sistema continuo e benéfico à todos.

Fonte: Google maps


121

7.4 CICLOVIAS

Ciclovias existentes Av. Nelson Mandela Av. João Firmino Av. Pery Ronchetti Av. Kennedy Av. Pres. João Café Filho Praça dos Coleirinhas Parque Juliano Versolatto

Ciclovias propostas Rua Marechal Deodoro Av. Lucas Nogueira Av. Capitão Casa Av. Pres João Café Filho Av. Robert Kennedy Av. José Odorizzi Av. Senador Vergueiro Av. Prestes Maia Av. Pery Ronchetti Av. Prestes Maia Av. Rotary Av. Luiz Pequiri

Fonte: Autora


122

O mapa mostra as ciclovias propostas onde a ciclovia da R. Marechal por estar localizada ao centro das outras existentes tem o papel de interligá-las através de anéis viários. A ciclovia proposta da R.Marechal se conecta com as ciclovias existentes da Av. Pery Ronchetti, Av. Pres. João Café Filho e Av. João Firmino. Cria-se uma nova ciclovia na Av. Lucas Nogueira até se conectar com a existente ciclofaixa da Av. Kennedy. Cria-se uma ciclovia na Av. Capitão Casa para conectar as ciclovias existentes em Av. P. João Café Filho e na Praça Juliano Versolatto. Na Av.P. João Café Filho a ciclovia termina no meio do trajeto, assim o projeto propõe a extensão da ciclofaixa até chegar na Av. João Firmino, criando novas ciclovias na Av. Robert Kennedy e Av, José Odorizzi finalizando na R. Marechal. Para que a ciclovia existente na Av Kennedy se conecte com a da R. Marechal é proposto uma ciclovia na Av. Senador Vergueiro. A extensão da ciclovia da Av. Pery Rochetti para encontrar a ciclovia da Av. Nelson Mandela e a proposta de criar ciclovias nas avenidas Prestes Maia, Rotary e Luis Pequiri.


123

7.5 O desenvolvimento do presente trabalho possibilitou um olhar diferente de como projetar espaços públicos de qualidade, onde nestes os usuários realmente tenham a possibilidade de viver a cidade. Ciente que para a continuação da iniciativa do projeto é necessário o trabalho de uma equipe multidiciplinar e discussões mais aprofundadas, a parceria com a Prefeitura Regional seria viável para a elaboração das próximas etapas. O trabalho fica aberto para futuras propostas e continuação da requalificação da Rua Marechal Deodoro.

CONSIDERAÇÕES FINAIS


124

BIBLIOGRAFIA BHATIA, Amit. Placemaking – Architechtural Research Paper, 2015. CALDEIRA, Teresa. Cidade de Muros: Crime, Segregação e Cidadania em São Paulo. São Paulo, 2000.

JACOBS, Jane. Morte e vida de grandes cidades. Editora WMF Martins, 1961. LEITE, Carlos. Instrumentos Urbanos Inovadores para ARCOweb, 2016. LEFEBVRE, Henri. O Direito à Cidade. Editora Centauro, 1991.

GEHL, Jan.Cidade para pessoas. A cidade viva, segura, sustentável e saudável. Editora Perspectiva, 2010.

https://arcoweb.com.br/noticias/artigos/carlos-leite-instrumentos-urbanos-inovadores

GEHL, Jan; Svarre, Birgitte. How to study public life. Editora Island Press, 2013.

NACTO. National Association of City Transportation Officials. Urban Street Design Guide, 2012.

GEHL, Jan; KARNAES, Sia. New City Life. Editora Perspectiva, 2006.

Prefeitura de São Paulo. Centro Aberto - Experiências na escala humana, 2016.

GEHL, Jan. The Human Scale, 2012. HUSTWIT, Gary. Documentário “Urbanized”, 2011. KARSSENBERG, Hans; LAVEN, Jeroen; GLASER, Meredith; MATTJS. A Cidade ao nível dos olhos - Lições para os plinths, 2015.

Prefeitura de São Paulo. Centro - Diálogo Aberto, 2016. LEFEBVRE, Henri. O Direito à Cidade. Editora Centauro, 1991. TARETTO, Gustavo. Filme Medianeiras, 2011.

PRONIN, Maria. A globalização e o ambiente construído na metrópole de São Paulo, 2007. OLIVEIRA, M. Luciana. Espaços públicos e privados das centralidades urbanas, 2013. ROLNIK, Raquel. O lazer humaniza o espaço público, 2008. WHYTE, Willian. The Social life of small urban spaces. Editora Project for Public spaces, 1980. ZYGMUT, Bauman. Modernidade Líquida. Editora Jorge Zahar, 2000.


125


126


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.