BUMERANGUE

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CENTRO UNIVERSITÁRIO SENAC JOSÉ OSWALDO DE OLIVEIRA

CENTRO DE APOIO PEDAGÓGICO E INCLUSÃO PROFISSIONAL PARA PORTADORES DE DEFICIÊNCIA INTELECTUAL.

SÃO PAULO 2015 JOSÉ OSWALDO DE OLIVEIRA


CENTRO DE APOIO PEDAGÓGICO E INCLUSÃO PROFISSIONAL PARA PORTADORES DE DEFICIÊNCIA INTELECTUAL.

O presente trabalho foi desenvolvido para a conclusão do curso de Arquitetura e Urbanismo do Centro Universitário SENAC sob orientação do professor Ricardo Wagner Alves Martins.

SÃO PAULO 2015



CENTRO DE APOIO PEDAGÓGICO E INCLUSÃO PROFISSIONAL PARA PORTADORES DE DEFICIÊNCIA INTELECTUAL.

JOSÉ OSWALDO DE OLIVEIRA

Aprovada em ____/____/_____.

BANCA EXAMINADORA

_________________________________________________ Prof. Ricardo Wagner Alves Martins (orientador)

__________________________________________________ Prof.ª Valeria Cassia dos Santos Fialho

__________________________________________________ Prof. Walter José Ferreira Galvão

CONCEITO FINAL: _____________________


AGRADECIMENTOS

Ă€ minha esposa pelo incentivo e por uma vida inteira de cumplicidade. Aos meus filhos pelo apoio e carinho que sempre me dedicaram. Aos amigos e colegas pelo respeito, amizade e companheirismo que recebi. Aos

professores

que

conhecimentos e paciĂŞncia.

compartilharam

seus


RESUMO

Ao longo do tempo a deficiência era diretamente associada à doença e tratada com assistencialismo e em ambientes hospitalares, hoje a sociedade vem positivamente gerando possibilidades para a inclusão social, criando mecanismos de participação para indivíduos que não tenham as mesmas oportunidades na sociedade, sejam por condições socioeconômicas ou por terem algum tipo de deficiência física ou intelectual, para isso algumas políticas inclusivas vêm garantindo os direitos destes cidadãos com a colaboração da sociedade civil e das organizações não governamentais. O presente trabalho foi desenvolvido com o objetivo de apresentar uma nova proposta na criação de um centro de apoio pedagógico e de inclusão profissional para

portadores

de

deficiência

intelectual,

projetando

um

espaço

para

aprendizagem, socialização e inserção profissional ao deficiente intelectual e a seus familiares, colaborando para um novo olhar ao deficiente intelectual.

Palavras chaves: arquitetura, deficiente intelectual e inclusão social.


ABSTRACT For a long time, disability has been directly associated with diseases and treated at the hospitals or health care associations. Nowadays, the society is working to create new opportunities of social inclusion in order to provide the participation for less favored people, due to their physical or intellectual disability and also their financial condition. These social assistances to include less favored people have been guaranteeing their basic and social rights, through the civil society and nongovernmental organizations. The present work aims a new proposal of Development Centre for disabled people. A Pedagogical Support and Professional Development Centre, will increase the inclusion of people with mild degree of intellectual disability through designing a specific space to learn, socialize and include deficient people and their families, contributing to a new point of view of the society for intellectual disability. Keywords: architecture, intellectual disabled and social inclusion.


LISTA DE IMAGENS E QUADROS

IMAGEM 1 – Imagem do Pátio Central do Colégio Pies Descalzos..........................25 IMAGEM 2 – Imagem Aérea do Colégio Pies Descalzos..........................................26 IMAGEM 3 – Corte do Colégio Pies Descalzos.........................................................27 IMAGEM 4 – Imagem Implantação do Colégio Pies Descalzos ...............................27 IMAGEM 5 – Imagem Conforto Ambiental do Colégio Pies Descalzos.....................28 IMAGEM 6 – Planta dos Blocos do Colégio Pies Descalzos ....................................29 IMAGEM 7 – Imagem da Fachada do Pavilhão de Convivência da Bayer ...............30 IMAGEM 8 – Imagem da Fachada do Pavilhão de Convivência da Bayer................31 IMAGEM 9 – Planta Layout do Pavilhão de Convivência da Bayer ..........................31 IMAGEM 10 – Corte Transversal do Pavilhão de Convivência da Bayer .................32 IMAGEM 11 – Corte Longitudinal do Pavilhão de Convivência da Bayer .................32 IMAGEM 12 – Vista Aérea do Sarah Brasília Lago Norte .........................................33 IMAGEM 13 – Maquete de Implantação do Sarah Brasília Lago Norte ....................35 IMAGEM 14 – Corte Esquemático do Sarah Brasília Lago .......................................36 IMAGEM 15 – Corte Esquemático do Galpão para Esportes Náuticos do Sarah Brasília Lago Norte.....................................................................................................36 IMAGEM 16 – Centro de Apoio à Paralisia Cerebral do Sarah Brasília Lago Norte..38 IMAGEM 17 – Distribuição e Programa no Centro de Apoio à Paralisia Cerebral do Sarah Brasília Lago Norte .........................................................................................38 IMAGEM 18 – Implantação no Centro de Apoio à Paralisia Cerebral do Sarah Brasília Lago Norte ...................................................................................................39 IMAGEM 19 – Prédio Principal – Planta do Pavimento Térreo no Centro de Apoio à Paralisia Cerebral do Sarah Brasília Lago Norte........................................................40 IMAGEM 20 – Prédio Principal – Planta do Subsolo no Centro de Apoio à Paralisia Cerebral do Sarah Brasília Lago Norte .....................................................................40 IMAGEM 21 – Piscina Interna no Centro de Apoio à Paralisia Cerebral do Sarah Brasília Lago Norte....................................................................................................41 IMAGEM 22 – Cortes do Prédio Principal, Abrigo para embarque e desembarque no Centro de Apoio à Paralisia Cerebral do Sarah Brasília Lago Norte ........................41 IMAGEM 23 – Ginásio do Centro de Apoio à Paralisia Cerebral do Sarah Brasília Lago Norte ................................................................................................................42


IMAGEM 24 – Ginásio do Centro de Apoio à Paralisia Cerebral do Sarah Brasília Lago Norte..................................................................................................................43 IMAGEM 25 – Planta do Prédio de Apoio à Paralisia Cerebral do Sarah Brasília Lago Norte ..........................................................................................................................44 IMAGEM 26 – Corte do Prédio de Apoio à Paralisia Cerebral do Sarah Brasília Lago Norte ..........................................................................................................................45 IMAGEM 27 – Planta do Pav. Térreo do Prédio da Residência Médica do Centro de Apoio à Paralisia Cerebral do Sarah Brasília Lago Norte .........................................45 IMAGEM 28 – Auditório do Centro de Apoio à Paralisia Cerebral do Sarah Brasília Lago Norte..................................................................................................................46 IMAGEM 29 – Corte do Auditório do Centro de Apoio à Paralisia Cerebral do Sarah Brasília Lago Norte ....................................................................................................46 IMAGEM 30 – Galpão para Esportes Náuticos do Centro de Apoio à Paralisia Cerebral do Sarah Brasília Lago Norte......................................................................47 IMAGEM 31 – Jardim Integrado ao Hall principal do Centro de Apoio à Paralisia Cerebral do Sarah Brasília Lago Norte .....................................................................47 IMAGEM 32 – Playground do

Centro de Apoio à

Paralisia Cerebral do Sarah

Brasília Lago Norte.....................................................................................................48 IMAGEM 33 – Abrigo no Centro de Apoio à Paralisia Cerebral no Sarah Brasília Lago Norte .................................................................................................................48 IMAGEM 34 – Corte esquemático do sistema de ventilação no Centro de Apoio à Paralisia Cerebral do Sarah Brasília Lago Norte ......................................................49 IMAGEM 35 – Croqui esquemático do sistema de ventilação no Centro de Apoio à Paralisia Cerebral do Sarah Brasília Lago Norte.......................................................50 IMAGEM 36 – Biblioteca Victor Civita no Memorial da América Latina em São Paulo..........................................................................................................................51 IMAGEM 37 – Biblioteca Victor Civita no Memorial da América Latina em São Paulo..........................................................................................................................51 IMAGEM 38 – Corte no Galpão para esportes Náuticos no Centro de Apoio à Paralisia Cerebral no Sarah Brasília Lago Norte ......................................................52 IMAGEM 39 – Fachada Lateral no Shopping Popular de Brasília ............................52 IMAGEM 40 – Corte no Shopping Popular de Brasília ............................................53 IMAGEM 41 – Fachada Lateral no Shopping Popular de Brasília ............................53 IMAGEM 42 – Localização Mapa da Cidade.............................................................54


IMAGEM 43 – Localização no Município.................................... ..............................54 IMAGEM 44 – Mapa do sistema viário estrutural da região.......................................55 IMAGEM 45 – Mapa da Rede estrutural de transporte público da região............. ...56 IMAGEM 46 – Mapa Uso e ocupação do Solo da região.......................................... 57 IMAGEM 47 – Mapa de desenvolvimento Urbano da região....................................58 IMAGEM 48 – Escolas publicas na região................................... .............................59 IMAGEM 49 – Escolas particulares na região............................................................59 IMAGEM 50 – Mapa Google Earth ............................................................................60 IMAGEM 50 – Mapa Censo Inclusão 2012................................................................61


SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO..................................................................................................11 1.1 Revisão de literatura.....................................................................................12 1.2 Deficiência intelectual...................................................................................13 1.3 Limitações dos deficientes intelectuais........................................................15 1.4 Centros de apoio..........................................................................................16 1.5 A deficiência pelo mundo.............................................................................18

2. O PROJETO......................................................................................................20 2.1 Obras de referências.....................................................................................22 2.2 Estudo de casos..........................................................................................24 2.2.1 Colégio Pies Descalzos.........................................................................25 2.2.2 Pavilhão de Convivência Bayer.............................................................30 2.2.3 Centro Internacional de Neurociência – Sarah Brasília Lago Norte......33

3. IMÓVEL EM ESTUDO (Mapas)........................................................................54

4. O PROGRAMA..................................................................................................63

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS..............................................................................89

6. REFERÊNCIAS.................................................................................................90


INTRODUÇÃO

Este trabalho tem como objetivo criar um modelo para um Centro de Apoio Pedagógico e Inclusão Profissional para portadores de deficiência intelectual, para crianças e adolescentes de ambos os sexos que por condições específicas não se integram as classes comuns do ensino regular. O projeto visa agrupar em um só equipamento público um modelo de edifício com características arquitetônicas que atendam as necessidades pedagógicas do deficiente. O desenvolvimento deste projeto ocorreu em duas etapas, na primeira etapa foi adotado como método de pesquisa, estudos de casos e pesquisas bibliográficas e em sua segunda etapa estudo de casos, consulta a especialistas, experiências pessoais de familiares e visitas a instituições que prestam serviços assistenciais ao deficiente. Segundo a Lei de diretrizes e Bases da Educação Nacional ―Lei n°9.394, de 20 de dezembro de 1996‖ em seu art. 4° garante o ―atendimento educacional especializado gratuito aos educandos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação, transversal a todos os níveis, etapas e modalidades, preferencialmente na rede regular de ensino‖, concluímos que a inclusão das crianças e adolescentes com necessidades especiais nas escolas já é legalmente prevista, porém a realidade do ensino brasileiro é outra, exigindo discussões e abordagens, para que possamos projetar novas possibilidades, satisfatórias às necessidades especiais. Segundo Ana Heloisa Senra (et al, 2008, p62) ―É impossível supor que todas as mudanças arquitetônicas ou estruturais, bem como capacitação continuada dos profissionais envolvidos, aconteceriam de uma hora para outra‖. O projeto visa possibilitar ao deficiente e a seus familiares condições de aprendizagem, sociabilidade em uma única instituição com recursos pedagógicos e de oficinas profissionalizantes, havendo uma maior integração dos profissionais, colaborando

para

que

elas

possam

assumir

o

mais

rápido

possível

responsabilidades e exercer direitos iguais aos demais membros da sociedade.

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1.1 Revisão de Literatura

Para que a realização deste projeto fosse possível, buscou-se inicialmente na pesquisa bibliográfica, conhecer, compreender as dificuldades, a conduta da sociedade e em conjunto com estudos de caso de projetos arquitetônicos, dados e informações na questão de espacialidade, acessibilidade, ventilação, iluminação, segurança e elementos que contribuiram para a elaboração deste projeto. Desde a década de 1980, pessoas com necessidades especiais têm seus direitos e garantias reconhecidos por Lei. Diana Papalia (et. al., 2000, p. 346) definem a deficiência intelectual como o funcionamento cognitivo significativamente abaixo do normal. É muitas vezes chamada de deficiência cognitiva ou retardo mental. De acordo com Patrícia S. de Oliveira Capote (2011), pessoas com deficiência Intelectual (DI) podem apresentar dificuldades para se inserir na sociedade, pois muitas vezes são vistas como incapazes. Silvana Cambiaghi (2007), ao fazer um parecer histórico sobre a pessoa com deficiência, nos primeiros grupos humanos eram considerados ―o outro, o diferente, o que escapava do círculo social do clã, ao universo das coisas conhecidas. Podia ser um demônio, um animal, um homem ou um Deus‖ (CAMBIAGHI, 2007, p.23) Na Roma e Grécia antigas as crianças eram abandonadas ou mortas, na Idade Média eram isoladas, somente na Idade Moderna e no Renascimento com um maior desenvolvimento tecnológico a deficiência passou a ser compreendida. Nos dias de hoje a discussão é a respeito de uma sociedade inclusiva. ―Se avaliarmos pela ótica do direito à utilização plena das cidades brasileiras por aqueles que têm deficiências físicas, mentais, visuais, auditivas ou múltiplas, verificaremos que muito ainda precisa ser feito. A conquista da cidadania plena é um objetivo cuja trajetória está longe de ser completada.‖ (Cambiaghi, 2007, pg. 33).

Para Erika Cristina Kneib (Org.) (2013), na descrição do olhar e da ação entre a prática arquitetônica e o papel do arquiteto para trabalhos adaptativos e de acessibilidade, pensar o espaço, as experiências que o uso dele trará e os sentimentos que despertará são reflexões geradas com as discussões das diretrizes e estudos de casos que podem colocar um projeto arquitetônico em evidência.

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1.2 Deficiência Intelectual

De acordo com a Associação de Pais Amigos dos Excepcionais (APAE) de São Paulo, há muita confusão entre a deficiência Intelectual e a deficiência mental. Na deficiência intelectual a pessoa apresenta um atraso no seu desenvolvimento, dificuldades para aprender e realizar tarefas do dia a dia e interagir com o meio em que vive. Ou seja, existe um comprometimento cognitivo, que acontece antes dos 18 anos, e que prejudica suas habilidades adaptativas. Já a doença mental engloba uma série de condições que causam alteração de humor e comportamento e podem afetar o desempenho da pessoa na sociedade. Essas alterações acontecem na mente da pessoa e causam uma alteração na sua percepção da realidade. Em resumo, é uma doença psiquiátrica, que deve ser tratada por um psiquiatra, com uso de medicamentos específicos para cada situação1. Veltrone e Mendes (2011) apresentam através do artigo 5 do Decreto no. 5.296 de 2004 a definição de deficiência intelectual é caracterizada como o funcionamento intelectual significativamente inferior à média e associada a duas ou mais áreas de habilidades adaptativas, tais como comunicação, cuidados pessoais, habilidades sociais, utilização da comunidade, saúde, segurança, habilidades acadêmicas, lazer e trabalho. Assim, ao desenvolver um Projeto para centro de apoio pedagógico ao portador de deficiência intelectual, conhecer o usuário é fundamental para projetar o espaço físico com diferenciais para que não seja mais um local de aprendizagem e sim, um local de apoio para agregar conhecimento, aprendizagem e lazer. De acordo com Adriana L. L. Verde Gomes (2010, p. 9) o desenvolvimento intelectual do aluno com deficiência deve ser objeto de preocupação constante do professor. A inteligência deve ser estimulada e educada para que ele possa evoluir. Samantha Téede (2004 apud VASCONCELOS, 2012) define a Deficiência Intelectual como sendo uma das deficiências mais encontradas em crianças e adolescentes, atingindo 1% da população jovem. A mesma autora pesquisadora (TÉEDE, 2012) diz que após ser caracterizada pela redução no desenvolvimento cognitivo, ou seja, no QI, normalmente abaixo do esperado para a idade cronológica da criança ou adulto, acarretando muitas vezes

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www.apaesp.org.br/SobreADeficienciaIntelectual/Paginas/O-que-e. aspx 13


um desenvolvimento mais lento na fala, no desenvolvimento neuropsicomotor e em outras habilidades. A deficiência intelectual não é considerada uma doença ou um transtorno psiquiátrico, e sim um ou mais fatores que causam prejuízo das funções cognitivas que acompanham o desenvolvimento diferente do cérebro. (apud. HONORA & FRIZANCO, 2008, p. 103). De acordo com a Secretaria Nacional de Promoção dos Direitos da Pessoa com Deficiência do Governo Federal, ao se deparar com um deficiente intelectual, deve-se: 1. Você deve agir naturalmente ao dirigir-se a uma pessoa com deficiência intelectual. Trate-as com respeito e consideração. Se for uma criança, trate-a como criança. Se for adolescente, trate-a como adolescente. Se for uma pessoa adulta, trate-a como tal. Não trate como criança aquelas pessoas que não o sejam.

2. Não as ignore. Cumprimente e despeça-se delas normalmente, como faria com qualquer pessoa. Dê atenção, converse e seja gentil.

3. Não superproteja. Deixe que ela faça ou tente fazer sozinha tudo o que puder. Ajude apenas quando for realmente necessário. Não subestime sua inteligência. As pessoas com deficiência intelectual podem levar mais tempo, mas adquirem habilidades intelectuais e sociais.

4. Lembre-se: o respeito está em primeiro lugar e só existe quando há troca de ideias, informações e manifestação de vontades. Por maior que seja a deficiência, lembre-se de que ali está uma pessoa.

5. Deficiência intelectual não deve ser confundida com doença mental. As pessoas com deficiência intelectual possuem déficit no desenvolvimento, enquanto que a doença mental se refere aos transtornos de ordem psicológica ou psiquiátrica.

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1.3 Limitações dos Deficientes Intelectuais De acordo com Mendonça (2013), a deficiência intelectual passou a ser definida como ―limitações significativas‖, tanto no funcionamento intelectual quanto no comportamento adaptativo, expressas nas habilidades adaptativas, conceituais, sociais e práticas, originando-se antes dos dezoito anos de idade. Segunda a 9° edição do manual Retardo Mental: Definição, Classificação e Sistemas de Suporte de 1992 publicado pela American Association on Mental Retardation ficaram estabelecidos: Retardo mental se refere a limitações substanciais no funcionamento atual dos indivíduos, sendo caracterizado por funcionamento intelectual significativamente abaixo da média, existindo concomitante com relativa limitação associada a duas ou mais áreas de condutas adaptativas, indicadas a seguir: comunicação, autocuidado, vida no lar, habilidades sociais, desempenho na comunidade, independência na locomoção, saúde e segurança, habilidades acadêmicas funcionais, lazer e trabalho. (LUCKASSON et al, 1992)

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1.4 Centros de Apoio

A Secretaria Municipal da Pessoa com Deficiência e Mobilidade Reduzida é o órgão responsável da prefeitura de São Paulo pelos serviços e atendimentos aos deficientes, Núcleos de Apoio à Inclusão Social para Pessoas com Deficiência, formados por associações e organizações não governamentais (ONGs), já a Secretaria de Educação desenvolve ações de formação, produção de materiais, desenvolvimento de projetos, orientação e supervisão às Salas de Apoio e Acompanhamento à Inclusão (SAAI). Também organiza acervo bibliográfico e materiais/equipamentos específicos para alunos com necessidades educacionais especiais2. Centros de apoio como as APAEs desenvolvem trabalhos de diagnósticos, defesa de direitos, qualificação profissional e apoio socioeducativo, na rede Lucy Montoro instituição do governo do estado de São Paulo o objetivo é a reabilitação de pessoas com deficiência física, transitória ou definitiva, motoras ou sensoriais. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), por meio do Relatório Mundial sobre a Deficiência, aponta que, este relatório define reabilitação como ―um conjunto de medidas que ajudam pessoas com deficiências ou prestes a adquirir deficiências a terem e manterem uma funcionalidade ideal na interação com seu ambiente‖. Algumas vezes se faz distinção entre habilitação – que visa ajudar os que possuem deficiências congênitas ou adquiridas na primeira infância a desenvolver sua máxima funcionalidade – e a reabilitação, em que aqueles que tiveram perdas funcionais são auxiliados a readquiri-las. Neste capítulo, o termo ―reabilitação‖ cobre os dois tipos de intervenção. Embora o conceito de reabilitação seja amplo, não engloba tudo que diz respeito à deficiência. A reabilitação visa à melhoria da funcionalidade individual, por exemplo, melhorando a capacidade de uma pessoa comer e beber sem auxílio. A reabilitação também inclui a intervenção no ambiente do indivíduo, por exemplo, a instalação de uma barra de apoio no banheiro. Mas iniciativas para remover barreiras no âmbito social, tais como a instalação de rampas nos edifícios públicos, não são consideradas reabilitação neste relatório. A reabilitação reduz o impacto de uma ampla gama de condições de saúde. Normalmente, a reabilitação

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www.prefeitura.sp.gov.br/pessoacomdeficiencia 16


acontece durante um período determinado de tempo, mas pode envolver intervenções simples ou múltiplas realizadas por uma pessoa ou por uma equipe de profissionais de reabilitação; ela também pode ser necessária desde a fase aguda ou inicial do problema médico, logo após sua descoberta, até as fases pós-aguda e de manutenção. A reabilitação envolve a identificação dos problemas e necessidades da pessoa, o relacionamento dos transtornos aos fatores relevantes do indivíduo e do ambiente, a definição de metas de reabilitação, planejamento e implantação de medidas, além da avaliação de seus efeitos. Educar as pessoas com deficiência é fundamental para desenvolver os conhecimentos e habilidades para a autoajuda, a assistência, a gestão e a tomada de decisões. Deficientes e suas famílias conseguem melhorar a saúde e a funcionalidade quando são parceiros na reabilitação. Ainda segundo a OMS, em São Paulo observou um grande aumento no número de pessoas com deficiências relacionadas a traumas. O Instituto de Ortopedia e Traumatologia do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo – um hospital público de referência, com 162 leitos – recebe os casos mais graves de lesões traumáticas. [...] Dos 1.400 pacientes admitidos mensalmente na emergência, cerca de 50 têm deficiências significativas, que necessitam de serviços de reabilitação extensa e de longo prazo, incluindo lesões medulares, fraturas de quadril em idosos, amputações de membros, e pacientes com lesões múltiplas [...] A equipe de reabilitação também fornece orientação sobre dispositivos assistidos e modificações no ambiente domiciliar. Ela conta com um fisiatra, um fisioterapeuta e uma enfermeira de reabilitação para o trabalho de orientação a pacientes e cuidadores. Além disso, um psicólogo, um assistente social e um terapeuta ocupacional podem também ser envolvidos no caso de pessoas com deficiências múltiplas ou complexas, como a tetraplegia. A equipe não tem unidade específica própria no hospital, mas atende os pacientes nas enfermarias gerais. O Programa é, antes de tudo, 3 educacional e não necessita de equipamentos especiais .

3

Relatório mundial sobre a deficiência / World Health Organization, Publicado pela organização Mundial da Saúde em 2011. Disponível em http://whqlibdoc.who.int/hq/2011/WHO_NMH_VIP_11. 01_por.pdf. Acesso em 20 maio 2015. 17


1.5 A deficiência pelo mundo

De acordo com a Secretaria dos Direitos da Pessoa com Deficiência do Governo do Estado de São Paulo, alguns países, tais como Albânia, Bangladesh, Brasil, China, Romênia, e a Federação Russa também possuem programas específicos direcionados para as pessoas com deficiência. O desenho desses programas varia muito. Em alguns casos eles cobrem todas as pessoas com deficiência, em outros casos as pessoas são testadas segundo os meios disponíveis, ou os programas são direcionados às crianças com deficiência. Em 1996, a Universidade Don Bosco em San Salvador, El Salvador, iniciou o primeiro programa de treinamento formal para técnico de órtese e prótese da América Central, com o apoio da Organização Alemã de Cooperação Técnica. Atualmente, esta universidade é a principal instituição da América Latina na formação desses profissionais, já tendo graduado cerca de 230 técnicos de órteses e próteses de 20 países. Os programas continuaram a se expandir mesmo depois que a ajuda financeira externa acabou. A universidade agora emprega nove professores de próteses e órteses em tempo integral e coopera com a Sociedade Internacional de Próteses e Órteses (ISPO) além de outras organizações internacionais como a Organização Mundial de Saúde (OMS), outras universidades e empresas privadas. Várias abordagens influenciaram no sucesso desta iniciativa de treinamento. Nos anos 1990, o governo de Uganda conduziu um programa piloto de reabilitação baseado na comunidade (CBR) na cidade de Tororo, distrito da Uganda Oriental, com o apoio de alguns parceiros, entre eles a Associação Norueguesa de Deficientes. Durante as fases iniciais, as pessoas com deficiência auditiva constataram estar fora do foco dos serviços de reabilitação. Através de sua organização tutelar nacional – Associação Nacional de Deficientes Auditivos de Uganda (UNAD) – alertaram os dirigentes da CBR e outros parceiros para o fato de os deficientes auditivos estarem sendo excluídos por não haver assistentes da CBR aptos a usar a língua de sinais, o qual inviabilizava a comunicação com os deficientes auditivos e, portanto, inviabilizava a assistência aos mesmos quanto ao acesso a serviços, informação, e suporte. Em 2003, à instituição Direitos do Deficiente Internacional (DRI) documentou abusos e ameaças de morte durante os cuidados prestados a pacientes em um 18


hospital psiquiátrico estatal no Paraguai. Tais abusos incluíam a detenção em celas minúsculas de dois rapazes, de 17 e 18 anos, diagnosticados como autistas. Os rapazes foram mantidos em tais condições nos quatro anos anteriores, sem roupa e sem banheiro. Os demais 458 pacientes do hospital também viviam em condições deploráveis, como: esgoto a céu aberto, lixo acumulado, vidros quebrados, e fezes e urina espalhados pelas alas do hospital e áreas comuns; equipe inadequada; falta da devida atenção por parte dos médicos, e falta de prontuários com registro de informações médicas; falta de comida e remédios; detenção de crianças junto a adultos; falta de serviços psiquiátricos e de sistemas de reabilitação adequados. Segundo Lisa Pfahl (2014)

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mesmo cinco anos após a ratificação da

Convenção das Pessoas com Deficiência da Organização das Nações Unidas, vários países como a Alemanha, Bélgica, Holanda, República Tcheca e Áustria mantiveram a segregação escolar dificultando o ingresso do deficiente na educação superior e vocacional. Na Alemanha em termos de desenvolvimento escolar, 75% dos alunos não recebem credenciais para entrar no ensino secundário. Portanto, apesar de consideráveis sucessos locais, em muitas regiões da Europa escolas realmente inclusivas são muito raras5.

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Socióloga, professora da Universidade Humboldt, Berlim, Alemanha. PFAHL, Lisa, O papel das políticas inclusivas na transição escola-trabalho na Alemanha, Revista Deficiência Intelectual, julho/dezembro 2014, ano 4, número 7, p. 22-23. 5

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2. O PROJETO O presente trabalho foi desenvolvido com o objetivo de apresentar uma nova proposta na criação do Centro de apoio pedagógico e de inclusão profissional para portadores de deficiência intelectual, analisando, observando e colhendo subsídios para a produção de um projeto que possa de forma técnica e objetiva apresentar reflexões de que a arquitetura pode contribuir para melhorar a qualidade de vida do deficiente. Uma das premissas deste projeto é a acessibilidade, uma ferramenta de inclusão, possibilitando ao individuo a participação em atividades e produtos, para isso visitou-se na literatura as definições e conceitos, as normas e leis relativas, os materiais sobre desenho universal e a funcionalidade. De acordo com a OMS, através do Relatório Mundial sobre Deficiência, apresenta: Definições e conceitos sobre Acessibilidade – na linguagem comum, significa a capacidade de alcançar, compreender, ou abordar algo ou alguém. Em leis e normas relativas à acessibilidade, refere-se ao que a lei exige para o cumprimento. Desenho universal – um processo que aumenta a segurança, funcionalidade, saúde e participação social, através do design e a operação de ambientes, produtos e sistemas em resposta à diversidade de pessoas e habilidades. A funcionalidade, porém, não é o único objetivo do desenho universal, e ―adaptação e design especializado‖ são uma parte do fornecimento personalizado e escolha, que pode ser essencial para lidar com a diversidade. Outros termos coincidentes para o mesmo conceito geral são ―design para todos‖ e ―design inclusivo‖. Padrão – um nível de qualidade aceito como uma norma. Às vezes, os padrões são codificados em documentos como ―diretrizes‖ ou ―regulamentos‖, ambos com definições específicas, com diferentes implicações legais em diferentes sistemas jurídicos. Um exemplo é a Parte M dos Regulamentos de Construção no Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda do Norte. Os padrões podem ser voluntários ou compulsórios. Instalações públicas – edifícios abertos e à disposição do público, sejam de propriedade pública (tais como tribunais, hospitais e escolas), ou privada (como lojas, restaurantes e estádios esportivos), bem como vias públicas. 20


Transporte – veículos, estações, sistemas de transporte público, infraestrutura e ambientes para pedestres. Comunicação - abrange os idiomas, exibições de textos, comunicação tátil, Braille, letras grandes, e multimídia acessível, bem como linguagem escrita, áudio, linguagem simples, leitura humana e modos aumentativos e alternativos, e formatos de comunicação, incluindo tecnologia da informação e comunicação acessível. Estes formatos, modos e meios de comunicação podem ser físicos, mas são cada vez mais eletrônicos. Segundo Sheila Ornstein (org., et. al. 2010) apresentam no capítulo sobre ações integradas para acessibilidade em escolas: [...] o conjunto aluno acessível (cadeira e mesa) no contexto de diferentes salas de aula e em diferentes atividades, atendendo os princípios do desenho universal um exemplo a ser seguido, para que a escola inclusiva se estabeleça [...] o conceito de desenho universal é ainda mal difundido e pouco compreendido tanto pela indústria como pelas empresas e profissionais de serviços, não tendo sido incorporado ainda no processo projetual de muitos designers, engenheiros, arquitetos (p.162). Desafiando a indústria para o investimento em pesquisa, em produtos na vertente do desenho universal e da acessibilidade, apontam o fato de que o pequeno interesse da indústria pelo desenvolvimento e pela pesquisa em produtos na vertente do desenho universal e da acessibilidade torna o segmento alijado da velocidade da transformação que tem permeado outros segmentos, 6 como, por exemplo, o da sustentabilidade (p.163) .

Carla C. Garcia (2008, p. 55) apresenta o desenho universal como sendo invisível. Quanto mais imperceptível e invisível melhor. E complementa: O desenho para todos ou o desenho universal é a atividade pela qual se concebe ou se projeta desde o princípio entorno, processos, bens, serviços, objetos, instrumentos, dispositivos ou ferramentas de forma que possam ser utilizados por todas as pessoas, sem exceção. Assim, a acessibilidade e o desenho universal têm como objetivo oferecer soluções de acordo com essas múltiplas e variadas necessidades, diversidades de condições e eliminar a ideia de maioria e normalidade em seus projetos.

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ORNSTEIN, Sheila Walbe; ALMEIDA PRADO, Adriana Romeiro de; LOPES, Maria Elisabete (orgs.). Desenho universal: caminhos da acessibilidade no Brasil. - São Paulo: Annablume, 2010 (306p.). 21


2.1 Obras de referências Para a criação de repertório foram analisadas obras para o desenvolvimento do projeto, buscando sempre a relação da arquitetura com métodos e ações projetuais, entre elas foram escolhidas três obras para estudo:

Alojamento estudantil da Fundação Ciudad del Saber - 2008/2013 Eduardo Crafig, Juliana Garcias, Marcio Guarnieri, Fabio Kassai e Gabriela Gurgel. Projeto ganhou concurso para a Cidade do Saber, espaço com alojamento estudantil na Cidade do Panamá destinado a abrigar professores e alunos, instituição sem fins lucrativos. Local – Cidade do Panamá

Escola 20 x 20 (escola-protótipo) 2012 Este tipo de escola-protótipo, sem sala de aula e com incomum relação alunoprofessor utilizando tecnologias e atendimentos individualizados, conceito didático batizado como Ginásio Experimental de Novas tecnologias (Gente), adotado pela Secretária de Ensino do Rio de Janeiro. Spadoni AA Local – Rio de Janeiro

Colégio Pies Descalzos - 2014 Mazzanti e Arquitetos No alto de um morro e em meio a comunidades em situação vulnerável, destaca-se como símbolo social, abriga salas de aulas, atividades especiais como salas de artes e música. Local - Cartagema, Colômbia.

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Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo – 2007/2011 Paulo Bruna Arquitetos Os cinco edifícios compõem a faculdade e são acessados por um pátio central, em uma área de 9 mil m², incluindo auditório de 500 lugares. Local – Ribeirão Preto, São Paulo.

FDE Jardim Marisa - 2009/2015 Escola em bairro da periferia de Campinas, o edifício conta com a captação de água de chuva e sistema de resfriamento de ar geotermia. Hasaa e Siaa Local – Campinas, São Paulo. LoebCapote Arquitetos – 2012/2013 Edificação de uso privado com o objetivo de usar elementos e soluções de sustentabilidade e ecoeficiência. Local – Guarapiranga, São Paulo.

Requalificação da Escola Vera Cruz - 2008 Um dos desafios do projeto era integrar os espaços criando uma identidade, os edifícios ganharam novas cores e reforma nos brises metálicos. Base 3 + Kipnis Arquitetos Associados Local – São Paulo, SP.

Sarah Brasília Lago Norte – 1996/2003 Hospital especializado em doenças do sistema locomotor. Áreas amplas e integradas a natureza para explorar novas terapias. João Filgueiras Lima – Lelé Local – Brasília- Distrito Federal

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2.2 Estudo de casos Após a definição do tema e estabelecer instrumentos de pesquisa, a próxima linha de desenvolvimento foi o estudo de caso, para a criação de repertório que serviu para apoio às reflexões e desenvolvimento do processo, buscando compreender as relações e enfatizando pontos com maior relevância social, qualidade e inovações tecnológicas sejam nos aspectos espaciais com o edifício ou com o entorno. Foram analisadas três obras entre as referências pesquisadas, O Colégio Pies Descalzos na Colômbia, que tem relação com a área social e pedagógica, o Pavilhão de Convivência da Bayer em São Paulo pela iniciativa de demonstrar diferentes soluções de sustentabilidade e o Centro Internacional de Neurociências Sarah Brasília Lago Norte, apresentando todos aspectos inovadores e sociais que trouxeram subsídios para o projeto.

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2.2.1 COLÉGIO PIES DESCALZOS Mazzanti e Arquitetos, Cartagema, Colombia

Imagem 1 - Pátio central do Colégio: Fonte www.archdayle.com.br © Sergio Gomez

Implantação e a relação com o entorno. Ao ser implantado em uma posição topográfica estratégica, um morro, em uma comunidade em situação vulnerável, o projeto marca a paisagem e cria a possibilidade de uma nova identidade para comunidade local conforme explica o arquiteto Giancarlo Mazzanti (revista AU, dez 2014, pag. 41). ―Este projeto deve aperfeiçoar as condições de vida das pessoas, gerando alternativas de desenvolvimento pessoal e comunitário, e deve iniciar a transformação de seu entorno e ao mesmo tempo se converter em um marco urbano, símbolo da cidade que gere apropriação e orgulho em seus habitantes‖.

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A escola também chama atenção pela sua forma hexagonal não muito convencional, com um pátio central e uma torre sobre cada um dos três pátios com a função de um pergolado tridimensional.

Imagem 2 – Imagem aérea do colégio: Fonte www.archdayle.com.br © Sergio Gomez

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Corte

Imagem 3: Fonte www.archdayle.com.br

Ventilação, iluminação e conforto térmico. Nas áreas externas com lajes está prevista vegetação com espécimes regionais e que possam reduzir em até 2°C a temperatura dos ambientes, também deve ajudar no controle acústico do edifício, a grande área coberta em pergolado além de caracterizar o espaço gerará sombra e auxiliará no conforto térmico.

Imagem 4: Implantação - Fonte revista AU (dez 2014, pag. 44).

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Analisando a ventilação, iluminação naturais e os fechamentos observa-se a implementação de uma arquitetura bioclimática a fim de gerar um ambiente sustentável, como demonstram os desenhos a seguir.

Imagem 5: Imagem Conforto Ambiental Fonte revista AU (dez 2014, pag. 44) 28


Com aproximadamente 14 mil m², abrigará 49 salas de aula, para educação infantil, fundamental e médio também com formação técnica e especialidades com salas de música, biblioteca, refeitório, auditório e áreas esportivas, a acessibilidade também tem a sua importância, o acesso às salas que se localizam em dois pisos distintos são acessadas por rampas que acompanham as faces do hexágono sempre saindo do pátio central.

Imagem 6: Planta dos blocos - Fonte www.archdayle.com.br

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2.2.2 PAVILHÃO DE CONVIVÊNCIA DA BAYER LoebCapote Arquitetos, Guarapiranga, São Paulo

Imagem 7: Fachada do Pavilhão - Fonte revista Monolito (edição 25, pag. 128).

Implantação e a relação com o entorno. Embora de uso privado a edificação foi concebida como construção modelo pela empresa, que tem como objetivo demonstrar diferentes soluções de sustentabilidade e ecoeficiência, com a possibilidade de uso dos materiais desenvolvidos pela própria empresa para a construção civil, com a transformação das plantas industriais junto à margem dos rios algumas empresas começam a usar estas áreas para usos mais administrativos, tornando necessário espaços de socialização. A edificação está implantada em uma área arborizada o que tornou a implantação um desafio.

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Imagem 8 – Fachada do Pavilhão: Fonte revista Monolito (edição 25, pag. 126).

Imagem 9: Fonte www.au.pini.com.br 31


VENTILAÇÃO, ILUMINAÇÃO E CONFORTO TÉRMICO. A escolha desta edificação é devido ao uso de novas tecnologias e experiências para torná-la uma construção sustentável, a localização já era é um desafio, pois a área a ser edificada estava no meio de várias árvores, segundo o arquiteto Roberto Loab "um espaço único, aberto, com uma estrutura leve metálica encaixada entre as árvores‖. (www.au.pini.com.br). O fato de ser um edifício com uma proposta sustentável e as características do nosso país tropical ser diferente de outros países, onde o modelo foi construído com edificações completamente fechadas e com paredes que chegaram a 30 cm, fez com que este projeto tivesse a estrutura mais leve e quase todo aberto, com ampla ventilação e que conta com pergolados e espelho d’água funcionando como um reservatório que contribui para o conforto térmico da edificação.

Imagem 10: Fonte www.au.pini.com.br

Imagem 11: Fonte www.au.pini.com.br 32


2.2.3 CENTRO INTERNACIONAL DE NEUROCIÊNCIAS SARAH João Filgueiras de Lima, Brasília – Lago Norte

O Sarah Brasília Lago Norte é um dos nove hospitais públicos especializados em doenças do sistema locomotor administrado pela Associação das Pioneiras Sociais (APS). A associação, criada pela lei n°8.246, de 22 de outubro de 1991, tem como objetivo retornar o imposto pago por qualquer cidadão, prestando-lhe assistência médica gratuita, formando e qualificando profissionais de saúde, desenvolvendo pesquisa científica e gerando tecnologia. O caráter autônomo da gestão desse serviço público de saúde faz da associação a primeira Instituição pública não estatal brasileira (DESCONHECIDO. Fonte: http://www.sarah.br/Cvisual/Sarah/).

Imagem 12. Vista aérea - Sarah Brasília Lago Norte, Brasília DF: Fonte: (Lima, João Filgueiras Lelé). ―Arquitetura – uma experiência na área da saúde.

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O complexo foi projetado pelo arquiteto João Filgueiras Lima, Lelé, iniciado em março de 1996 e a obra em dezembro de 1997. Em dezembro de 2003 foi inaugurado na área triangular do Lago Norte o “Sarah Brasília Lago Norte“: Centro Internacional de Neurociências. Espaço perfeito para um centro de reabilitação, amplamente instalado sobre um declive, onde vários platôs acomodam os diversos prédios em diferentes alturas. Implantado em uma área ampla, na beira do lago, que proporciona a exploração de terapias ao ar livre, ligadas a atividades náuticas, as características adotadas no projeto proporcionam flexibilidade entre todos os setores e interligação nos conjuntos de edifícios, o conceito do projeto atentou-se a uma significativa estrutura de apoio ao treinamento e à pesquisa, ambientes do hospital tem uma concepção arquitetônica que se integra aos princípios de organização do trabalho e aos programas de reabilitação de pacientes com ambientes humanizados que induzem ao bem estar através da integração com o ambiente externo. ―O Sarah Brasília Lago Norte conta com o Método Sarah: Programa Dimensão Metacognitiva (MCD), em que estudantes de graduação em Pedagogia e Psicologia realizam estágios supervisionados, interagindo com pacientes e familiares, e propiciando a reabilitação‖.

Fonte: http://www.sarah.br/Cvisual/Sarah/)

IMPLANTAÇÃO E ENTORNO

O Sarah Brasília Lago Norte: Centro Internacional de Neurociências está localizado no SHIN QL13, Área especial C Lago Norte – Brasília DF. Às margens do Lago Paranoá, possui uma arquitetura horizontal que possibilita a integração dos espaços externos e internos, favorece a circulação dos pacientes, facilita o trabalho em equipe e oferece suporte fundamental a pesquisas avançadas na área de reabilitação. ―Pela distribuição do projeto, esta unidade reúne condições especiais para os Programas de Neuro Reabilitação e em Lesão Medular, Reabilitação Neurológica e Ortopédica. O modo como foi concebido o projeto propicia a transição do ambiente hospitalar à realidade e o retorno ao ambiente doméstico‖.

(Fonte: http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/projetos/13.153/4865)

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Às margens do Lago Norte, em um terreno de 80 mil m2 da península, o Centro de Reabilitação do Hospital Sarah Lago Norte é um dos trabalhos mais recentes de João Filgueiras Lima, o Lelé, o projeto arquitetônico obedeceu à metodologia construtiva que o arquiteto vem desenvolvendo em outras unidades Sarah, essa metodologia consegue atender com vantagem econômica, presteza, racionalidade e beleza estética às demandas de construções executadas para abrigar equipamentos sociais.

Imagem 13. Maquete de Implantação - Sarah Brasília Lago Norte, Brasília DF Fonte: (Lima, João Filgueiras ( Lelé). ―Arquitetura – uma experiência na área da saúde‖.

Com 24 mil m² de área construída, a unidade funciona como anexo ou equipamento de apoio ao hospital Sarah-Brasília. Projetou-se a unidade complementar, fora do perímetro urbano, numa área mais amena e arejada, o conjunto compõe-se, basicamente, de um galpão e três grandes edifícios que se articulam num pavimento térreo. O layout desenvolvido por Lelé facilita a flexibilidade e a integração entre todas as áreas, que são cobertas por chapas de aço galvanizado ou peças de argamassa armada. 35


Os três grandes edifícios foram implantados de maneira estratégica, de acordo com as atividades a que se destinam.

Imagem 14. Corte esquemático - Sarah Brasília Lago Norte, Brasília DF Fonte: (Lima, João Filgueiras ( Lelé). ―Arquitetura – uma experiência na área da saúde‖.

1. Galpão para esportes náuticos. 2. Internação e outros 3. Centro de apoio à paralisia Cerebral 4. Auditório O terreno, com declividade acentuada de mais de 20 metros, foi modelado formando uma sequência de plataformas interligadas por taludes ajardinados e por rampas suaves para pedestres, garantindo uma vista magnífica do lago à maioria dos ambientes do hospital. As destinações e respectivos níveis referidos à cota zero do lago de Brasília são as seguintes: galpão para esportes náuticos na cota 0,80m; ambulatório, setores de tratamento, fisioterapia, hidroterapia, laboratório para produção de equipamentos, internação, administração, vestiários e serviços gerais na cota 4,60m; reabilitação infantil na cota 10,70m; e, na cota 18,20m, centro de estudos, auditório, residência e centro de habilidades.

Imagem 15. Corte esquemático Galpão para esportes Náuticos- Fonte: (Lima, João Filgueiras Lelé). ―Arquitetura – uma experiência na área da saúde‖. 36


No ginásio estão localizados três setores distintos de reabilitação: hidroterapia, fisioterapia e quadra de esportes. A espera da fisioterapia está separada da circulação principal por um painel vasado em elementos verticais de aglomerado de madeira, de autoria do artista plástico Athos Bulcão. A fisioterapia para adultos é constituída de uma sequência de salões justapostos separados entre si por armários ou divisórias desmontáveis. O setor de hidroterapia possui três piscinas com água aquecida: duas internas, com 1,30 metros de profundidade; e uma externa com 90 centímetros, destinada à terapia e ao lazer dos pacientes. As vigas da cobertura, a cada 3,75 metros, vencem o vão de 25 metros e seu desenho forma uma grande abertura central ao longo de todo o edifício, destinada à iluminação e ventilação dos ambientes, o prédio principal, que abriga a internação, o ambulatório, a radiologia, o ginásio de fisioterapia para adultos e os serviços gerais, está implantado a 4,6 m do nível do lago. Esse edifício está ligado à garagem de barcos por uma rampa, que facilita o deslocamento de pacientes. O ginásio infantil ou "escolinha", um prédio circular, com 52 m de diâmetro, localiza-se num platô a 10 m do nível do lago e compõe-se de arcos metálicos apoiados num anel central, também metálico. Sobre o anel, uma cúpula de fibra de vidro arremata a cobertura transparente de policarbonato, garantindo luz natural para o playground e a piscina, dispostos na área central da edificação. Os painéis de chapas galvanizadas usadas no fechamento apresentam desenhos geométricos de autoria do artista plástico Athos Bulcão. O bloco da residência médica, num plano mais alto, abriga 21 apartamentos para residentes, salas de aula, biblioteca, além de auditório para 300 espectadores. "A preocupação básica neste projeto - explica Lelé - não foi apenas a de atender corretamente aos aspectos técnicos e funcionais do programa. Foi, principalmente, criar espaços aprazíveis ligados a jardins em que se possa desfrutar da vista magnífica e tranquilizadora do lago". Junto ao lago, a cobertura em arco concentra o cais e a garagem de barcos destinados a exercícios náuticos que fazem parte da terapia dos pacientes. Próximo daí estão o palco flutuante e o anfiteatro. E, do outro lado, uma pequena praia artificial. Os jardins, com paisagismo de Alda Rabello, completam a composição. Fonte: http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/projetos/13.153/4865

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Imagem 16. Centro de Apoio à Paralisia Cerebral - Sarah Brasília Lago Norte, Brasília DF Fonte: (Lima, João Filgueiras ( Lelé). ―Arquitetura – uma experiência na área da saúde‖.

1- Acesso dos serviços 2- Sala de espera 3 -Área de apoio, sanitários 4 - Acesso de serviços 5- Piscina 6- Playground

Imagem 17. Distribuição do programa no Centro de Apoio à Paralisia Cerebral: Fonte: (Lima, João Filgueiras - ( Lelé). ―Arquitetura – uma experiência na área da saúde‖.

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PLANTAS, CIRCULAÇÃO E PROGRAMA.

Programa O programa estabelecido para essa unidade abrangia os seguintes usos: ambulatório pequeno, destinado à avaliação e ao controle de paciente em tratamento; setor de imagem; laboratório de movimento; laboratório e oficina mecânica para o desenvolvimento de equipamentos; amplo ginásio para fisioterapia, hidroterapia e esportes náuticos; Setor de Apoio ao Lesado Cerebral; internação para 180 leitos e instalações específicas para pacientes-dia (semi-internação); instalações para sessenta acompanhantes; centro de estudos com biblioteca; auditório para trezentos lugares; residência para vinte professores visitantes; centro de readaptação e desenvolvimento de habilidades com oficinas para atividades profissionais; setor de serviços gerais com lavanderia, cozinha, refeitório, central de materiais, almoxarifados, farmácia, setor de limpeza e anfiteatro ao ar livre para trezentos espectadores.

Implantação

Imagem 18. Implantação Centro de Apoio à Paralisia Cerebral Fonte: (Lima, João FilgueirasLelé). ―Arquitetura – uma experiência na área da saúde‖.

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Imagem 19. Prédio Principal – Planta Pavimento Térreo -: Fonte: (Lima, João Filgueiras - Lelé). ―Arquitetura – uma experiência na área da saúde‖.

1- Pátio de Serviços, 4- Bioengenharia, 10- Chefia, 13- Enfermagem, 22Refeitório, 39- Auditório / Palco flutuante, 40- Quadra, 42- Esportes aquático, 44Convivência.

Imagem 20. Prédio Principal – Planta Subsolo - Fonte: (Lima, João Filgueiras- Lelé). ―Arquitetura – uma experiência na área da saúde‖.

1- Galeria de distribuição, 2- casa de máquinas, 3- Ventilação, 4- Casa de bombas, 5- Esportes aquáticos, 6- Anfiteatro, 7- Palco Flutuante. 40


Imagem 21. Piscina Interna - Centro de Apoio à Paralisia Cerebral - Fonte: (Lima, João Filgueiras - Lelé). ―Arquitetura – uma experiência na área da saúde‖, foto Nelson Kon.

Imagem 22. Cortes Prédio Principal, Abrigo para embarque e Fonte: (Lima, João Filgueiras Lelé). ―Arquitetura – uma experiência na área da saúde‖.

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À margem do lago está o edifício maior, que se divide em duas partes. No corredor central, em um dos lados situam-se o ambulatório, perto da entrada principal, e as salas gerais de terapia, voltadas para a água, do outro lado fica a internação, que também se volta para a água, e os apartamentos e instalações, dispostos ao redor do pátio. O corredor central termina em uma área coberta para a chegada de carros e ambulâncias, junto a um pequeno anfiteatro situado sobre a rampa que dá para o lago, no acesso principal estão o refeitório e os vestiários, também organizado em torno de um pátio, circundando o saguão principal encontram-se as instalações para tratamento de pacientes, e em cada lado uma quadra de esportes e uma piscina externa para hidroterapia em formato circular, sobre o saguão há uma grande abóbada em uma plataforma mais baixa onde os barcos ficam atracados. Fonte: (Lima, João Filgueiras ( Lelé). ― A Arquitetura de Lelé – Fábrica e Invenção

Imagem 23. Ginásio - Centro de Apoio à Paralisia Cerebral - Fonte: (Lima, João Filgueiras - Lelé). ―Arquitetura – uma experiência na área da saúde‖.

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Imagem 24. Ginásio - Centro de Apoio à Paralisia Cerebral - Fonte: (Lima, João Filgueiras - Lelé). ―Arquitetura – uma experiência na área da saúde‖.

A área central, do prédio foi destinada aos jogos e terapias coletivas, foi concebida como uma área de integração das atividades de apoio, que se realizam nas salas periféricas. Essas duas áreas são separadas por um painel criado pelo artista plástico Athos Balcão, constituído de painéis pivotantes metálicos pintados de branco em cuja superfície foram incorporadas figuras geométricas coloridas.

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Planta Prédio de Apoio à Paralisia cerebral

Imagem 25. Planta prédio de Apoio à Paralisia Cerebral - Sarah Brasília Lago Norte, Brasília DF Fonte: (Lima, João Filgueiras - Lelé). ―Arquitetura – uma experiência na área da saúde‖.

1- Casa de bombas, 2- Copa, 3- Limpeza, 4- Sanitários, 5- Consultório, 6Reuniões, 7- Avaliação, 8- Diretoria, 9- Recepção, 10- Estimulação, 11Ginásio, 12- Refeitório

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Imagem 26. Corte Prédio de Apoio à Paralisia Cerebral Fonte: (Lima, João Filgueiras ( Lelé). ―Arquitetura – uma experiência na área da saúde.

Imagem 27. Planta Pavimento Térreo Prédio Residência Médica - Fonte: (Lima, João FilgueirasLelé). ―Arquitetura – uma experiência na área da saúde‖.

1- Apartamento, 2- Quadra polivalente, 3- Refeições, 4- Estar, 5- Sala, 6Sanitários, 7- Foyer 8- Cabine, 9- Auditório, 10- Biblioteca.

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Imagem 28. Auditório - Centro de Apoio à Paralisia Cerebral - Fonte: (Lima, João Filgueiras Lelé). ―Arquitetura – uma experiência na área da saúde‖ - Foto Nelson Kon.

Imagem 29. Corte Auditório - Centro de Apoio à Paralisia Cerebral Fonte: (Lima, João Filgueiras - Lelé). ―Arquitetura – uma experiência na área da saúde‖.

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Imagem 30. Galpão para Esportes Náuticos - Fonte: (Lima, João Filgueiras ( Lelé). ―Arquitetura – uma experiência na área da saúde‖.

Imagem 31. Jardim integrado ao hall principal - Fonte: (Lima, João Filgueiras - Lelé). ―Arquitetura – uma experiência na área da saúde‖. 47


Imagem 32. Playground - Centro de Apoio à Paralisia Cerebral - Fonte: (Lima, João Filgueiras Lelé). ―Arquitetura – uma experiência na área da saúde‖.

Imagem 33. Abrigo - Centro de Apoio à Paralisia Cerebral - Fonte: (Lima, João Filgueiras ( Lelé). ―Arquitetura – uma experiência na área da saúde‖. 48


CONFORTO AMBIENTAL

Imagem 34. Corte esquemático do sistema de ventilação - Fonte: (Lima, João Filgueiras - Lelé). ―Arquitetura – uma experiência na área da saúde‖.

Não foi adotado nesse centro o mesmo sistema de ventilação adotado nos hospitais do Nordeste porque o centro é muito pouco compartimentado devido às próprias características da maioria de suas áreas de tratamento – sempre ligadas ao exterior e constituídas de grandes ginásios com espaços amplos e pés-direitos altos. Além disso, não há nesse centro a mesma concentração de instalações presentes nos hospitais, o que determinaria a necessidade de uma rede de galerias no subsolo, e que, nesse caso, seria criada exclusivamente para o sistema de ventilação. Por esse motivo, nesse projeto adotou-se um sistema bem mais simples de ventilação natural, em que o ar penetra nos ambientes pelas portas de correr – que dão para o exterior sempre protegidas por varandas – e é extraído pelas aberturas dos sheds, cujo arcabouço metálico é semelhante ao adotado no hospital de Salvador. O clima de Brasília, conforme lembra Lelé, possibilita, em geral, certo conforto térmico nos edifícios. Neste projeto, portanto, o emprego de ar-condicionado, além de oneroso, traria outro inconveniente: o de tornar as áreas internas herméticas demais, dificultando a integração com os jardins. Dessa forma, o arquiteto preferiu que a maioria dos ambientes, com exceção dos setores de Radiologia e a Central de Esterilização de Materiais, contasse com ventilação cruzada, que ocorre por meio de aberturas de sheds em direção à nascente. Os sheds possuem basculantes que ajudam a controlar a ventilação e a incidência do sol nos ambientes. A cobertura do Centro de Apoio à Paralisia Cerebral tem 54 metros de diâmetro de vão livre e é revestida com chapas de alumínio pré-pintado moldadas nas oficinas do CTRS, no 49


círculo central, com 20 metros de diâmetro, esta é constituída de uma grande claraboia de policarbonato transparente, em cuja projeção foi criado um espaço ajardinado integrado aos ambientes de terapia. O ar penetra através das esquadrias de vidro do perímetro externo e, quando sobe por convecção após ser aquecido pelo ambiente, é extraído por um grande exaustor localizado no anel central, no vértice da cobertura.

Imagem 35. Croqui esquemático do sistema de ventilação - Fonte: (Lima, João Filgueiras ( Lelé). ―Arquitetura – uma experiência na área da saúde‖.

―A estrutura é constituída de 64 vigas em treliça metálica, dispostas no sentido radial, engastadas em um anel central superior também metálico e apoiadas sobre rótulas em um anel de concreto armado na projeção do perímetro externo do edifício. O anel metálico central permaneceu escorado durante toda a operação de montagem‖.

Fonte: http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/projetos/13.153/4865 Lima, João Filgueiras ( Lelé). ―Arquitetura – uma experiência na área da saúde‖.

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SISTEMA ESTRUTURAL E TECNOLOGIA

Contemporâneos, Lelé era grande admirador de Oscar Niemeyer, que em sua opinião explorava como ninguém a plasticidade do concreto armado. Espelhando-se no ídolo adotou para todos os hospitais da rede Sarah o sistema construtivo pré-fabricado e industrializado, utilizando estruturas metálicas e vedação em argamassa armada, essas opções lhe possibilitaram grande flexibilidade na montagem e manutenção das obras, reduzindo o tempo e custo, facilitando assim todas as etapas das construções. Lelé tinha como objetivo projetar e executar os edifícios e os equipamentos da rede Sarah com excelente nível de detalhamento de forma a refletir na qualidade e eficiência da montagem e do resultado final da obra. Como referência podemos citar a obra de Oscar Niemeyer, a Biblioteca Victor Civita, no Memorial da América latina em São Paulo, um de seus projetos mais emblemáticos. Grandes vãos e cobertura em curva definindo espaços internos extremamente generosos como podemos ver nas imagens, que imediatamente nos remetem às formas dos Hospitais da Rede Sarah.

Imagem 36. Biblioteca Victor Civita – Memorial da América Latina - SP Fonte: www.memorial.org.br

Imagem 37. Vista aérea - Fonte: (Lima, João Filgueiras ( Lelé). ―Arquitetura – uma experiência na área da saúde‖.

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Imagem 38. Corte Galpão para esportes Náuticos Fonte: (Lima, João Filgueiras - Lelé). ―Arquitetura – uma experiência na área da saúde‖.

O Shopping Popular de Brasília foi idealizado pelo Governo do Distrito Federal e o projeto executado pelos dois irmãos: o Arquiteto Alencar Blanco Cinnanti e o Engenheiro Civil Dalmo Blanco Cinnanti. As

características

que

sugerem

as

semelhanças

são:

Horizontalidade,

permeabilidade, acessibilidade com ênfase às pessoas portadoras de necessidades especiais, Integração entre área interior e exterior, funcionalidade, sustentabilidade alcançada através da utilização da ventilação e iluminação naturais e racionalidade da construção.

Imagem 39. Fachada lateral - Shopping Popular de Brasília - DF Fonte: www.pcad.com.br

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Imagem 40. Corte - Shopping Popular de Brasília - DF Fonte: www.pcad.com.br

Imagem 41. Fachada lateral - Shopping Popular de Brasília - DF Fonte: www.pcad.com.br

CONSIDERAÇÕES

Ao analisarmos os casos, notamos que o Colégio Pies Descalzos tem como desafio principal estimular uma região em situação vulnerável, levando além de educação a esta população com níveis significativos de pobreza, e precariedade dos serviços públicos, atividades extracurriculares que estimulem e impulsionem a região. Além do importante papel de inclusão social e integração com o entorno, o projeto conta com soluções ambientalmente favoráveis, com uma arquitetura bioclimática. O Pavilhão de convivência da empresa Bayer apresenta uma situação oposta ao Colégio Pies Descalzos, uma edificação construída por uma empresa multinacional que tem como objetivo utilizar produtos inovadores como painéis de policarbonato, telhas metálicas, tintas especiais e iluminação em LED, buscando diferentes possibilidades de sustentabilidade, já o projeto do Sarah Brasília Lago Norte do arquiteto João Filgueiras Lima (Lelé) integra tanto as novas tecnologias como a humanização da edificação. 53


3. IMOVEL EM ESTUDO Localização

Imagem 42- Mapa Digital da Cidade - Fonte: Prefeitura do Município de São Paulo – Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano LOCALIZAÇÃO DA FOLHA NO MUNICÍPIO

Localização no Munícipio

Imagem 43 - Mapa do Município - Fonte: Prefeitura do Município de São Paulo 54


Sistema viário estrutural da região

LOCAL

Imagem 44 – Fonte: Prefeitura do Município de São Paulo 55


Rede estrutural de transporte público

LOCAL L

Imagem 45 –Fonte: Prefeitura do Município de São Paulo

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Uso e ocupação do solo

LOCAL

Imagem 46 – Fonte: Prefeitura do Município de São Paulo

57


Desenvolvimento Urbano

LOCAL

Imagem 47 – Fonte: Prefeitura do Município de São Paulo

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Escolas na regi達o Escolas p炭blicas na regi達o

Imagem 48 -Fonte: Google Maps

Escolas particulares na regi達o

Imagem 49 -Fonte: Google Maps

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A escolha do local

Imagem 50 – Fonte: Google earth

A área escolhida está localizada na Avenida João Dias próxima ao eixo histórico de Santo Amaro. A escolha se deu pela facilidade de acesso, infraestrutura urbana, proximidade ao clube hípico, biblioteca pública Prestes Maia e pela área de aproximadamente 50 mil metros quadrados, com uma topografia muito plana, grande área já arborizada, preservada na elaboração do projeto. Também pela região apresentar segundo Censo inclusão de 2012 da Prefeitura de Municipal de São Paulo o segundo maior índice de pessoas com deficiência intelectual, como mostra mapa a seguir.

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Imagem 51- Fonte: Prefeitura do Municipio de S達o Paulo

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Estudos preliminares

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4 – O PROGRAMA

O projeto tem como objetivo abranger os seguintes usos em cinco edificações distintas: Bloco pedagógico – Pavimento Térreo: fisioterapia, consultório de psicologia, sala de música, sala de leitura, gibiteca, atelier, terapia ocupacional, depósitos e sanitários. Pavimento Superior, sala de informática, salas de aula e sanitários. Bloco profissionalizante: Cozinha, refeitório, cantina e loja, todos com viés profissionalizante; sobre este bloco será implantado um jardim sensorial. Bloco administrativo: recepção, sala de espera, coordenação pedagógica, diretoria, vice-diretoria, almoxarifado, depósito, sala dos professores, copa dos professores, secretaria, produção de produtos institucionais, sanitários e sala de segurança; sobre este bloco será implantada uma horta. Bloco

esportivo:

Quadra

poliesportiva,

piscina,

sanitários,

vestiários

e

arquibancadas. Bloco de Zooterapia: estábulos, alojamentos de répteis, alojamento de cães, área para equoterapia e depósitos. O projeto buscou com um sistema de ventilação natural, espaços amplos e pés– direitos altos, ligações diretas com o exterior, a cobertura metálica com abertura em shed oposta aos ventos predominantes e em arcabouço metálico proporcionará a retirada do ar quente e iluminação natural. Nas salas de aula as janelas também serão instaladas sobre as paredes opostas a fachada proporcionando uma ventilação cruzada. A integração entre as edificações será por um grande pátio com rebaixamento central para eventos e um espelho d’água que contribuirá para o conforto ambiental e ao acompanhar a rampa de acesso promove proteção aos usuários.

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Implantação

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Bloco Pedag贸gico

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Bloco Pedag贸gico

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Bloco Profissionalizante

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Bloco Profissionalizante– Jardim Sensorial (Cobertura)

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Bloco Administrativo

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Bloco Administrativo – Horta (Cobertura)

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Bloco Esportivo - Quadra

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Bloco Esportivo - Piscina

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Bloco de Zooterapia

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CORTE A

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CORTE B

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CORTE C

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CORTE D

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CORTE E

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CORTE F

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FACHADA LESTE

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FACHADA NORTE

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FACHADA OESTE

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FACHADA SUL

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MAQUETE

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4. CONSIDERAÇÕES FINAIS Ao iniciar o trabalho foi percebida a possibilidade de aplicar os conhecimentos adquiridos e questionamentos que surgiram durante os anos de curso em um projeto de um edifício, mas esta aplicação teria que ter um sentido mais humanizado, não mais um edifício gélido cumprindo programas e legislações comuns a todos. O projeto deveria ter um viés social e que também trouxesse respostas a curiosidades e duvidas de interesse pessoal. Ao perceber esta oportunidade, e pelo interesse em conhecer assuntos relacionados ao deficiente intelectual e suas dificuldades, decidiu-se projetar uma edificação que colaborasse com estes indivíduos, que por séculos viveram a margem da sociedade e que ainda precisam de apoio para que tenham seu espaço reconhecido e que sejam participantes ativos dela. Procurou-se na literatura conhecer a relação com a sociedade, com algumas instituições com atuação na área e edificações que contribuirão para a elaboração do projeto. O projeto visa em sua e essência, a acessibilidade, a articulação com o entorno, o conforto ambiental, sustentabilidade e espaços que possam possibilitar ao usuário um convívio agradável e seguro, mas seu desenvolvimento, além de considerar estas questões, do ponto de vista físico, pretende considerar também as necessidades de adaptação do intelecto desses indivíduos com déficit de aprendizagem em relação à média ideal projetada pela sociedade, ou seja, durante as definições do projeto, o foco está sempre direcionado àqueles que não se enquadram na educação e inclusão profissional por atacado, que rege a sociedade atual, seja em relação à facilidade de locomoção e segurança dentro do ambiente, até a definição dos modelos de salas de aula e integração, podendo colaborar para o aprimoramento, capacitação e participação na sociedade, inclusão social.

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5. REFERÊNCIAS AZEVEDO,

Rone

de.

Responsabilidade

dos

Engenheiros

e

Arquitetos:

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