Vera cruz memória arquitetônica na (re)produção cinematográfica centro de formação audiovisual e cul

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MAYARA CRISTINA RIBEIRO

Vera Cruz MEMÓRIA ARQUITETÔNICA NA (RE)PRODUÇÃO CINEMATOGRÁFICA. CENTRO DE FORMAÇÃO AUDIOVISUAL E CULTURAL

ORIENTADOR: Prof. Me. RALF JOSÉ CASTANHEIRAS FLÔRES SÃO PAULO, 2015



Mayara Cristina Ribeiro

VERA CRUZ. MEMÓRIA ARQUITETÔNICA NA (RE)PRODUÇÃO CINEMATOGRÁFICA. CENTRO DE FORMAÇÃO AUDIOVISUAL E CULTURAL

Trabalho de conclusão de curso de graduação apresentado ao Centro Universitário Senac - São Paulo, como requisito para a obtenção do título de Bacharela em Arquitetura e Urbanismo.

Aprovado em: ____ de _______ de _____.

BANCA EXAMINADORA

__________________________________________ Prof. Dr. Valéria Santos Fialho

__________________________________________ Prof. Dr. Ricardo Luis Silva

__________________________________________ Prof. Me. Ralf José Castanheira Flôres



AGRADECIMENTOS Agradeço a minha família, que sempre me apoiou, principalmente minha irmã, pelas horas e discussões realizadas e que me motivaram durante este ano. Ao meu orientador, Ralf Flôres, por ter pegado no meu pé durante o processo e me ajudado a concluir esta etapa da minha vida. A instituição e seus funcionários que sempre estiveram dispostos a ajudar. E por fim, a todos os meus amigos que me deram força e estiveram comigo nas noites mal dormidas, principalmente a Priscila, Gabriela, Iolanda, Juliana e Eduardo, que desde o começo estiveram dispostos a me ajudar e dividiram comigo os melhores momentos dos últimos cinco anos.



RESUMO

ABSTRACT

O objetivo deste Trabalho de Conclusão de Curso é a criação de um Centro de Formação Audiovisual e Cultural, a partir da requalificação dos estúdios da antiga Companhia Cinematográfica Vera Cruz e a proposta de um novo edifício, em São Bernardo do Campo. O projeto de intervenção do patrimônio histórico parte do estudo do cinema como meio de reprodução da memória e sua relação com a arquitetura e a cidade.

The objective of this Course Conclusion Work is the creation of a Audiovisual and Cultural Training Centre, from the redevelopment of the old studios Film Company Vera Cruz and the proposal for a new building in Sao Bernardo do Campo. The intervention Project of the historical heritage rises of the study of films as a meaning of memory’s reproduction and its relationship with architecture and the city.

Palavras-chave:

Key words:

MEMÓRIA. CINEMA. ARQUITETURA. VERA

CRUZ. PATRIMÔNIO. REQUALIFICAÇÃO. SÃO BERNARDO DO CAMPO.

MEMORY, CINEMA, ARCHITECTURE, VERA

CRUZ, HERITAGE, SAO BERNARDO DO CAMPO.



sumário Introdução ................................................................................. 12 IMITANDO O SOL Uma breve história do cinema brasileiro................................16 TICO TICO NO FUBÁ O Cinema, a Memória, a Arquitetura e a Cidade ..................22 TERRA É SEMPRE TERRA São Bernardo do Campo .......................................................32 SAI DA FRENTE A Companhia Cinematográfica Vera Cruz .............................38 Brasil Filmes .........................................................................43 Os Irmãos Khouri ...................................................................43 Luz Apagada ...........................................................................44 ESQUINA DA ILUSÃO Patrimônio .............................................................................46 A importância memorial e patrimonial do Vera Cruz ............50

Outros Estudos Instituto Criar ..........................................................62 Sesc Pompeia ...........................................................65 Cinemateca Brasileira...............................................68 Museu da Memória e Direitos Humanos ................70 Teatro do Engenho ................................................73 Red Bull Station ......................................................76 O SOBRADO A Granja ............................................................................84 O Edifício ..........................................................................87 Legislação .........................................................................90 ESTRANHO ENCONTRO Memorial .........................................................................93 Programa ..........................................................................93

Considerações Finais ..............................................................104 Referência Bibliográfica .........................................................105 Lista de Figuras ..................................................................... 108

OSSO, AMOR E PAPAGAIOS Estudos de caso Vera Cruz Lina Bo Bardi ............................................................. 55 Brasil Arquitetura ......................................................58

Lista de Abreviações ............................................................. 114 Anexos ...................................................................................115

Figura 1. Detalhe da construção dos estúdios. fonte: Vera Cruz. Imagens e História do Cinema Brasileiro


INTRODUÇÃO

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Trabalho desenvolvido para a disciplina de Trabalho de

frequentador dos novos espaços – cinema, museu, teatro, área

Conclusão de Curso, do nono e décimo semestres da faculdade

de convívio) possa lembrar, construir e reproduzir memória.

de Arquitetura e Urbanismo do Centro Universitário Senac e

Os capítulos são divididos por nomes de filmes gravados na

consiste

antiga companhia.

na

pesquisa,

fundamentação

e

levantamentos

realizados para embasar o produto final apresentado em 2015.

O primeiro, ‘Imitando o Sol’, começa com uma introdução ao cinema mundial passando pelo cinema brasileiro,

O tema escolhido fundamenta-se na leitura e análise de

chegando até a data em que o Vera Cruz é inaugurado. Neste

autores como Françoise Choay, Mario Chagas e Regina Abreu e

capítulo o leitor entenderá o porque da necessidade de um

das Cartas Patrimoniais para o desenvolvimento do capítulo

cinema industrial no Brasil, com características Hollywoodianas.

sobre Patrimônio. De teses e livros como os de Maria Rita

O capítulo seguinte, ‘Tico Tico no Fubá’, relaciona o cinema, a

Galvão e Ana Carolina de Moura Delfin Maciel, principais

arquitetura, a cidade e a memória. Neste, acontece a discussão

estudiosas sobre a Companhia Cinematográfica Vera Cruz,

sobre a importância arquitetônica na construção, não só do

objeto de estudo deste trabalho, e análises realizadas a partir do

cenário, mas como personagem e coloca o cinema como mídia

jornal online Interiors e do site Archdaily, que discutem a

‘distribuidora’ de memória.

relação entre cinema e arquitetura, além de bibliografia complementar.

O principal ponto de discussão se faz a partir da relação entre memória, cinema e arquitetura. Sendo que a arquitetura e o cinema conseguem trazer a memória do lugar e dos

Em ‘Terra é Sempre Terra’, o leitor conhecerá um pouco sobre a cidade onde o trabalho será implantado, São Bernardo do Campo, SP. Em ‘Sai da Frente’ a história da Companhia Cinematográfica Vera Cruz é contada. O capítulo é subdividido pelas fases da empresa até os dias de hoje.

acontecimentos mais importantes com trabalhos usuais,

‘Esquina da Ilusão’ trata do tema patrimônio. Nele a

imagens históricas, sons, etc, influenciando e resgatando-a. A

discussão é feita a partir dos conceitos e diretrizes a serem

partir dessa junção, como está ligado ao cotidiano e como pode

aplicados em bens tombados, qual sua importância e o porquê

ser representado no espaço. A finalidade do trabalho é

da preservação.

desenvolver o projeto de um Centro de Formação Audiovisual e

‘Osso, Amor e Papagaios’ traz os estudos de caso

Cultural que reúna as três esferas citadas acima através de um

estruturados a partir da escolha de edifícios que passaram por

espaço onde a memória seja contada e produzida. A criação de

algum tipo de requalificação e que tivessem um programa

um museu-escola dentro de um Centro de Formação situado em

próximo ao que é desenvolvido neste trabalho. Em ‘O Sobrado’

São Bernardo do Campo, no lote que abriga os estúdios da

o leitor conhecerá o lote onde o Centro de Formação será

antiga Companhia Cinematográfica Vera Cruz, onde o público,

implantado,

dividido em 3 categorias (1. Estudantes da escola de audiovisual;

transformação tanto da área quanto dos pavilhões e a legislação

2. Visitantes das feiras promovidas pela prefeitura; 3. Público

necessária para a intervenção.

sua

relação

com

o

entorno,

acessos

e

13


‘Estranho Encontro’ se encontra o desenvolvimento do projeto. Croquis, parte do programa básico, cálculo de áreas e de fluxos do terreno e diagramas de situações.

14


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IMITANDO O SOL UMA BREVE HISTÓRIA DO CINEMA

Figura 2. Cena do filme ‘A chegada do trem na estação’ dos irmãos Lumière. Disponível em: <http://mport.ua/mix/1583739-Leto--more--kino--5-samyhinteresnyh-fil-mov-Odesskogo-kinofestivalja


18


Para Canudo (s/d, p.44. apud , XAVIER, 1978), Sétima Arte representa, para aqueles que assim a chamam, a poderosa síntese moderna de todas as Artes: artes plásticas em movimento rítmico, artes rítmicas em quadros e esculturas de luzes, eis nossa definição do cinema; e, bem entendido, pelo cinema arte como o compreendemos e em direção ao qual nos batemos. Sétima Arte, porque Arquitetura e a Música, as duas artes supremas, com suas complementares – Pintura, Escultura, Poesia e Dança, formaram até aqui o caso hexarítmico do sonho estético dos séculos.

cotidianas, o primeiro filme é exibido, “A Chegada do Trem na Estação” (Figura 2). (ROSENFELD, p.59. 2013) Faziam um cinema menos movimentado, e as cidades por serem estáticas, muitas vezes protagonizavam as cenas.

O cinema nasceu na França, no final do século XIX. As primeiras imagens urbanas foram captadas por Le Prince e Skladanowsky, mas foi a partir de experimentações realizadas pelos irmãos Louis e Auguste Lumière1, baseadas na invenção de

Figura 3. Imagem do Cinetoscópio./ Fonte: https://mariaeusebio12av1.wordpress. com/historia/brinquedosopticos/cinetoscopio/

Thomas A. Edison2, o Cinetoscópio3 (figura 3) e com a melhoria das imagens que fez com que os irmãos ficassem conhecidos como os “inventores” do cinema. A nova máquina, o Cinematógrafo4 (figura 4), era capaz de registrar imagens e projetá-las. Com uma sequência de 60 segundos de cenas 1

Os irmãos engenheiros são considerados os pais do cinema por serem os pioneiros na exibição de imagens em movimento. Inventaram o cinematógrafo em 1895, baseado no cinetoscxzópio. A maior parte de suas produções eram curtos documentários relacionados ao próprio aparelho e à imagens cotidianas. Segundo Rosenfeld (2013), apesar da consideração, pouco contribuíram para a criação do cinema, esse feito marca os irmãos como seus criadores por terem projetado publicamente a primeira imagem. 2 Os irmãos engenheiros são considerados os pais do cinema por serem os pioneiros na exibição de imagens em movimento. Inventaram o cinematógrafo em 1895, baseado no cinetoscxzópio. A maior parte de suas produções eram curtos documentários relacionados ao próprio aparelho e à imagens cotidianas. Segundo Rosenfeld (2013), apesar da consideração, pouco contribuíram para a criação do cinema, esse feito marca os irmãos como seus criadores por terem projetado publicamente a primeira imagem. 3 Os irmãos engenheiros são considerados os pais do cinema por serem os pioneiros na exibição de imagens em movimento. Inventaram o cinematógrafo em 1895, baseado no cinetoscxzópio. A maior parte de suas produções eram curtos documentários relacionados ao próprio aparelho e à imagens cotidianas. Segundo Rosenfeld (2013), apesar da consideração, pouco contribuíram para a criação do cinema, esse feito marca os irmãos como seus criadores por terem projetado publicamente a primeira imagem. 4 Aparelho destinado a registrar imagens e as projetá-las sobre uma tela de forma animada. Partiu do projeto do cinetoscópio de Thomas Edison. Foi criado em 1895 pelos irmãos Louis e August Lumière. Disponível em: <http://www.dicio.com.br/cinematografo/> acessado em Abr. 2015

Figura 4. Cinematógrafo de Louis e August Lumière./ Fonte:http://www.biografiasyvidas.com/monografia/lumiere/fotos2.htm

Em 1907, é dado em Hollywood (Los Angeles, Califórnia) o primeiro passo para o que irá se tornar o grande símbolo do cinema. Por estar localizado em um ambiente onde os elementos naturais e a situação climática local favoreciam as imagens na gravação, o grande polo cinematográfico agora era

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procurado por empresas do ramo para fugir das patentes criadas por Thomas Edison. Com seu apogeu em 1940 e significativas características industriais, a companhia localizada no principal polo capitalista, tornou-se um dos elementos mais importantes

na

produção

de

subjetividade

capitalística

“propondo-se a gerar uma cultura com vocação universal e desempenhando papéis fundamentais na confecção das forças coletivas de trabalho e de controle social” (BUTCHER s/d, p. 3).

Assim, Hollywood, também conhecida como “fábrica dos sonhos”, após a Primeira Guerra Mundial, começa a superar a indústria europeia, até então a mais importante e influente no ramo cinematográfico. Com sua produção em larga escala e uma visão universal os olhares se voltam para Hollywood. No Brasil, o cinema chega um ano depois, em 1908, com grande influência jornalística, sendo a maior parte dos filmes documentários e cinejornais. Em 1930, o cinema ganha um novo incentivo, com a criação das chanchadas5, filmes carnavalescos, comédias e musicais, criam-se novas características para o cinema brasileiro, como nos filmes “Nem Sansão nem Dalila” e “Grande Otelo” (Figuras 5 e 6), onde o enredo satirizava o

Figuras 5 e 6. Cenas dos filmes ‘Nem Sansão nem Dalila’ e ‘Grande Otelo’. Clássicos do cinema brasileiro. Fonte: http://pipocamoderna.virgula.uol.com.br/carlos-manga-reencontraas-chanchadas/89400

cinema hollywoodiano e denunciava a situação do país de forma cômica e popular. Em 1941, no Rio de Janeiro, é criada a primeira Companhia Cinematográfica brasileira, a Atlântida Cinematográfica6, abrindo novas portas para o cinema no Brasil.

5

É o gênero europeu que teve seu auge no Brasil entre as décadas de 1930 e 1950. Uma mistura de comédia musical com elementos policiais e ficção cientifica. Quando chegou ao Brasil foi considerado vulgar, por isso foi apelidado chanchada, que em espanhol pode significar ‘porcaria’. Mas o gênero caiu nas graças do povo se tornando uma das principais atrações da década de 40. Disponível em: <tvbrasil.ebc.com.br/diverso/episodio/chanchada> acessado em Mar. 2015 6

Fundada em 1941 por Moacir Fenelon e José Carlos Burle, a Atlântida Cinematográfica tinha como principal objetivo promover o desenvolvimento industrial do cinema brasileiro unindo o cinema artístico com o cinema popular. Ficou

conhecida por produzir chanchadas e comédias populares. Em 1947, com a presença de Luis Severiano Ribeiro Jr. como sócio majoritário, a empresa passa também a fazer sua própria distribuição de filmes, representando uma experiência inédita na produção cinematográfica voltada exclusivamente para o mercado. Estava aberto o caminho para a chanchada. Em 1962, a Atlântida produz seu último filme, Os Apavorados, de Ismar Porto. Depois se associa a várias companhias nacionais e estrangeiras em coproduções. Em 1974, em conjunto com Carlos Manga, realiza Assim Era a Atlântida, coletânea contendo trechos dos principais filmes produzidos pela empresa. De 1941 a 1962 a Atlântida produz 66 filmes. Quando se fala em Atlântida nos vem logo à lembrança o humor irreverente de Oscarito e Grande Otelo, os galãs Cyll Farney, Anselmo Duarte, as "mocinhas" Eliana, Fada Santoro, Adelaide Chiozzo, os "vilões" José Lewgoy, Renato Restier, os diretores Moacir Fenelon, José Carlos Burle, Watson Macedo, e Carlos Manga, que entre outros, encantaram o público durante tantos anos. Disponível em :<http://www.atlantidacinematografica.com.br/sistema2006/historia_texto.asp> acessado em Mai. 2015

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Após a Segunda Guerra Mundial, estrangeiros refugiados começam a estimular as artes brasileiras, tanto no cinema como no

teatro,

aumentando

então a

escala de

produção

cinematográfica no Brasil. O ‘boom’ cinematográfico estabelece a Sétima Arte brasileira, mas demanda da construção de um cinema industrial e de uma linguagem de caráter nacional. Para isso, em 1949, Franco Zampari7 e Francisco Matarazzo Sobrinho8 se juntam para criar a Companhia Cinematográfica Vera Cruz em São Paulo e, a partir dela o cinema brasileiro passa a ganhar créditos internacionais e se torna uma das três companhias de cinema mais importantes do Brasil.

7

Franco Zampari nasceu na Itália em 1898. Engenheiro e produtor, foi responsável pela criação de marcos das artes brasileiras como o TBC e a Companhia Cinematográfica Vera Cruz no fim da década de 1940. Veio para o Brasil aos 22 anos de idade, onde junto com o amigo Ciccillo Matarazzo investem na arte. Quando os sucessos de seus projetos chegam ao fim, Zampari perde sua fortuna e seus amigos, morrendo sozinho em 1966. Disponível em: <enciclopédia.itaucultural.org.br/pessoa349649/franco-zampari> acessado em: Fev. 2015 8

Nascido em São Paulo (1989 - 1977) era industrial e mecenas. Vai morar em Nápoles, italia, onde conhece Franco Zampari. Em 1947 se casa com Yolanda Penteado, que pertencia a uma tradicional família cafeicultora paulista. Ainda na década de 40 assume a liderança do projeto de criação do museu de arte moderna de são Paulo MAM/SP, que em 1958 é transferido para o parque do Ibirapuera. É o idealizador principal responsável pela realização da bienal internacional de são Paulo iniciada em 1951.

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TICO TICO NO FUBÁ O CINEMA, A MEMORIA, A ARQUITETURA E A CIDADE

Figura 7. Cena do filme ‘Metrópolis’ de Fritz Lang / Fonte: www.caupa.gov.br/?p=4548


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Na relação com os diversos contextos

Em São Paulo, o arquiteto Rino Levi projetou quatro salas

urbanos nos quais se inseriam, os cinemas

de cinema, entre elas o Cine UFA Palácio (Figura 8), com mais de

buscaram sempre expressar a sua função, ou melhor, simbolizá-lo. [...] O cinema enfrentou

3000 lugares, seguia a linha racionalista do arquiteto que deu a

sempre uma questão: realizar uma arquitetura

forma ao edifício através de cálculos para um melhor conforto

que não apenas permita que o espetáculo ocorra

acústico. Para a crítica, o arquiteto funcional conseguiu trazer a

no seu interior, mas que simbolize na cidade o

diversão antes vista apenas nos filmes para as salas de cinema.

fato de que ali ocorre a projeção de filmes e sua fruição por uma multidão de espectadores.

As salas de cinema passam a ser um marco nas cidades,

(ANELLI, Renato Luiz Sobral, Arquitetura de

se utilizando do espaço e forma como meio de comunicação.

cinema na cidade de São Paulo, p.12, 1990 )

Como na ‘Strip de Las Vegas, a arquitetura está presente como

Com o tempo o cinema se torna um símbolo da

forma de persuasão.

modernidade, deixa de ser apenas diversão e começa a ser

São os cartazes da estrada, por meio de

influenciado pela arquitetura como projeção do espaço.

suas formas esculturais ou silhuetas pictóricas,

Seguindo a tipologia de teatros, busca-se a continuidade entre espaço e filme. Com grandes influências das vanguardas no pós

com sua posição específica no espaço, suas formas inclinadas e seus significados gráficos que identificam e unificam a megatextura. Eles fazem

Primeira Guerra Mundial, como o futurismo, expressionismo e

conexões verbais e simbólicas através do espaço,

funcionalismo, o cinema começa a se desenvolver de forma

comunicando uma complexidade de significados

mais racional, sem perder o objetivo da fantasia e

mediante centenas de associações feitas em

entretenimento.

poucos segundos e à distância. O símbolo domina o espaço. A arquitetura não é suficiente. Uma vez que as relações espaciais são feitas mais por símbolos do que por formas, a arquitetura nessa paisagem se torna mais símbolo no espaço do que forma no espaço. (VENTURI, SCOTT BROWN e IZENOUR 2003, p.39)

Deste modo, o cinema e a arquitetura articulam o espaço vivido, o primeiro retrata a época, como em filmes realizados no entre guerras que mostravam cidades devastadas, trazendo ao público imagens de nostalgia e atrocidades, o que possibilitava a aproximação do mesmo e causando sentimentos opostos. A denuncia do cotidiano e o desenvolvimento da história só são Figura 8. Cine UFA Palácio, projeto do arquiteto Rino Levi. Disponível em: < http://salasdecinemadesp2.blogspot.com.br/2008/06/ufa-palace-so-paulo-sp.html>

capazes no cinema porque se utiliza de outras artes, como o uso

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do som, da imagem, do tempo e do espaço, se aproximando

megalópole, com imensas torres de alta tecnologia e carros

mais da arquitetura do que da música, por exemplo.

voadores, mas existe o contraste do ponto de vista do pedestre

O audiovisual permite ao espectador uma clara visão da

que, no nível das ruas, vê uma cidade suja e decadente, com

cidade, além de sua relação entre o espaço e o tempo. Seu

edifícios abandonados e comércios desorganizados. “Blade

estudo permite maior compreensão da configuração do espaço

Runner” evidencia de alguma maneira, a falência do urbanismo

e cria novos pontos de vista sobre o território. O cinema utiliza

do Movimento Moderno e representa também uma postura

das cidades e da arquitetura como parte do contexto para

pós-moderna crítica do esgotamento da cidade utópica do

contar uma história, o que o faz ser uma fonte de memória,

futuro (PORTUGAL, s/d p. 18).

tanto para a criação de um mundo irreal, quanto um mundo real, fazendo da cidade parte do contexto cinematográfico. Para Costa (2005), o espaço geográfico, sempre presente, tem o potencial de estruturar a representação e, por extensão, a experiência

de

personagens,

vivida

indiretamente

pelo

espectador. A relação entre cinema, cidade e arquitetura cresce cada dia mais. Para Allon dos Santos (2004), o espaço arquitetônico é

Figura 9. Cena do filme ‘A Origem/ Fonte: Altamirano, Rafael. "Cinema e Arquitetura: "A Origem""

muito mais que cenografia, pois permite a ligação entre tempo, espaço e o homem. Se atualmente a arquitetura não ganha visibilidade ou não é discutida como ‘arquitetura’, no cinema ela aguça os sentidos do espectador, se tornando, em alguns casos, o personagem principal. Ganhando cada vez mais espaço no cinema, a arquitetura transmite o moderno através de edifícios monumentais utilizados como cenário e meio de comunicação. Isso é visto em filmes como ‘A Origem’ de Christopher Nolan (figura 9), ‘O Grande Hotel Budapeste’ de Wes Anderson (figura 10), e ‘Blade Runner – O Caçador de Andróides’ de Ridley Scott (figura 11).

Figura 10. Maquete do filme ‘ O Grande Hotel Budapeste / Fonte: Franco, José Tomás. "Cinema e Arquitetura: "O Grande Hotel Budapeste””

No último, a cidade de Los Angeles, pós-futurista e com uma

atmosfera

cyber-punk,

lembra

imagens

do

filme

“Metrópolis” de Fritz Lang (Figura 13) e de movimentos como o Archigram, onde a cidade é transformada em uma enorme 26


Figura 11. Cena do filme ‘Blade Runner. Caçador de Andrógenos. Arquitetura da cidade imaginária de San Angeles de Ridley Scott / Fonte: Altamirano, Rafael. "Cinema e Arquitetura: "Blade Runner Figura 12. Cena do filme ‘Gabinete do Doutor Caligari’ de Robert Weine / Fonte: Victor Delaqua. "Cinema e Arquitetura: "O Gabinete do Doutor Caligari""

“O próprio cinema se apropria das cidades para

apresentar

espanholas

Madri

suas

tramas:

e

Barcelona

as de

cidades Pedro

Almodóvar, o Rio de Janeiro de José Padilha, a Los Angeles futurista, chuvosa e decadente de Ridley Scott, a Nova York de Woody Allen, a Paris de Win Wenders,

a

Londres

com

sua

arquitetura

modernista de Stanley Kubrick, a ‘Metrópolis’ de Fritz Lang e tantas outras cidades vistas sob a ótica surreal das telas” (TAVARES e FERREIRA 2013, p.12)

Durante a República de Weimar (1918 - 1933), período entre guerras, o expressionismo alemão, corrente estética que

Figura 13. Cena do filme ‘Metrópolis’ de Fritz Lang / Fonte: www.caupa.gov.br/?p=4548

influenciou o cinema com o uso da geometria e suas perspectivas irreais, além da iluminação dramática com jogos de

“ Todos os prédios, todos mesmo, têm um

sombra, marca o poder dos cenários como protagonistas. Isso é

lado inútil. Não serve pra nada, não dá pra frente,

visto em ‘O Gabinete do Doutor Caligari’ de Robert Wiene (figura 12) e ‘Metrópolis’ de Fritz Lang (figura 13).

nem para o fundo, a medianera, superfícies que nos dividem e que lembram a passagem do tempo, a poluição e a sujeira da cidade. As medianeras mostram nosso lado mais miserável, refletem a inconstância,

as

rachaduras,

as

soluções

provisórias. É a sujeira que escondemos debaixo do 27


tapete” (trecho retirado do filme Medianeras: Buenos

Aires

na

era

do

amor

virtual)

No filme de Gustavo Taretto, Medianeras, o diretor retrata uma cidade em expansão, situado em Buenos Aires (Figura 14), mas podendo ser em qualquer grande capital, mostra como a vida das pessoas mudou com a era digital e qual sua relação com a arquitetura e a cidade, utilizando das mesmas para mediar os encontros. O filme é construído a partir de quatro pontos, a cidade, a solidão urbana, a incomunicação e a

Figura 15 Cena do filme Medianeras / Fonte: José Tomás Franco. "Cinema e Arquitetura: "Medianeras"" [Cine y Arquitectura: "Medianeras"

busca pelo amor. Canevacci (2004 apud TRIGUEIRO 2015, p. 5) reforça o conceito de que não somos apenas espectadores

A cultura midiática é apresentada nos filmes “Medianeras”

urbanos, mas atores em constante diálogo com o espaço

(Figura 15) e “HER”, que manifestam a solidão de hoje, vivida

arquitetônico e com a cidade em si.

diariamente com desconhecidos, numa época em que a mídia foi feita para aproximar as pessoas acaba apenas nos afastando. Como é mostrado no primeiro filme, “tantos quilômetros de cabos servem para nos unir ou para nos manter afastados, cada um no seu lugar?” No filme ‘HER’ (figura 17 e 18), não é diferente. Neste, o personagem vive um romance com um sistema operacional, e essa realidade está cada vez mais próxima, uma vez que as pessoas

Figura 14. Cidade de Buenos Aires, exibida no filme Medianeras./ Fonte: José Tomás Franco. "Cinema e Arquitetura: "Medianeras"" [Cine y Arquitectura: "Medianeras"

preferem

se

comunicar

virtualmente

do

que

pessoalmente. O distanciamento das pessoas está aumentando cada vez mais com o avanço da tecnologia. É mais divertido manter contado com pessoas através do celular do que ter uma conversa com quem está sentado ao seu lado.

28


Figura

16. Comportamento humano na http://www.jornaldemuriae.com.br/site/?p=32167

era

digital

/

Fonte:

Spike Jonze retrata no filme uma cidade futurista, usando como base as cidades de Los Angeles e Shanghai. Neste filme, nota-se uma maior relação do personagem com a cidade do que com a arquitetura em si, que é deixada como segundo plano. No apartamento do personagem, planos de vidro trazem a cidade para dentro.

Figura 17. Cenas do filme ‘HER’ . Vista da cidade pelo apartamento do ator principal / Fonte: INTERIORS Journal. "INTERIORS: Her"

Figura 18. Theodore leva o IOS para conhecer a cidade/ Fonte: INTERIORS Journal. "INTERIORS: Her"

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“A influência pode se dar também no sentido inverso: o cinema na arquitetura. Assim, como esta ergue cenários nos filmes, o cinema pode, com luz, sombras, escalas e movimentos, construir espaços [...] A existência de limitações físicas concretas faz com que o cinema possa ir ainda mais longe que a arquitetura em termos de experimentações espaciais” (BARATTO 2014)

O uso do vídeo para captar o espaço aparece nas obras de Woody Allen, conhecido por transmitir a poesia de cada

Figuras 19 e 20. Cenas do filme ‘Manhattan’ de Woody Allen. O diretor expressa sua

paixão

pela

cidade

americana

através

de

imagens

/

Fonte:

http://cineeterno.com/2014/01/redescobrindo-classicos-manhattan-1979.html

cidade que utilizou para as gravações de seus filmes. De Paris com ‘Meia Noite em Paris’ a Barcelona em ‘Vicky Cristina Barcelona’, passando por Nova York, onde declara seu amor pela cidade americana no filme ‘Manhattan’ (figuras 19 e 20), reverenciando e satirizando a vida urbana nova-iorquina, propondo ao espectador que participe do percurso pelo espaço, permitindo que o mesmo se transfira para outro local através da imagem, contribuindo para o imaginário e vivenciando novas experiências, o espectador então passa a ser usuário desse espaço.

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Figura 21 e 22. Cenas do filme ‘Meu Tio’ de Jacques Tati. / Fonte: Joanna Helm. "Cinema e Arquitetura: “Mon Oncle”"

Outro exemplo é o filme ‘Meu Tio’, de Jacques Tati (Figura 22), ao contrário do filme ‘HER’, a aquitetura está mais presente. A modernidade mostrada no filme é relatada através da arquitetura, mobiliário e eletrodomésticos, mostrando o modo de vida da época. No filme, a figura da criança faz intermédio entre a cidade moderna e a cidade tradicional, desvendando as duas formas de viver e compreender a cidade. De

um

lado,

a

cidade

tradicional

(figura

21),

representada por cores quentes, onde o modo de vida é desregrado e as pessoas convivem entre si de forma natural. Do outro, a casa da família, moderna e minimalista, representada com cores frias e materiais duros, como o concreto, apresenta o modo de vida artificial e regrado. A trilha sonora se faz pelo barulho produzido por eletrodomésticos, representando o modo de vida moderno de forma fria e impessoal.

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TERRA É SEMPRE TERRA SÃO BERNARDO DO CAMPO

Figura 23 Vista aérea de São Bernardo do Campo. Disponível em google maps


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Em 1550 nasce a Villa de Santo André da Borda do Campo, passagem para quem ia ao porto de Santos. Em 1717,

Em 1812, o subúrbio da capital é elevado à freguesia, mas apenas em 1889, São Bernardo é elevado a Município.

uma capela é construída às margens do Ribeirão dos Meninos,

Localizada em um lugar estratégico, entre São Paulo e

onde é hoje a Igreja Matriz na Rua Marechal Deodoro (figuras 24

Santos, segundo o IBGE atualmente com mais de 800 mil

e 25), referência comercial da cidade de São Bernardo do

habitantes e um território de 408 Km² , São Bernardo deve às

Campo e uma de suas ruas mais importantes.

multinacionais que se instalaram ao longo do seu território, principalmente na Via Anchieta, o agradecimento por seu crescimento. A cidade automobilística é o berço de metalúrgicos que fizeram história. Medici (2012), em seu livro sobre a história da cidade de São Bernardo do Campo, conta que foi no pavilhão Vera Cruz que aconteceram os grandes encontros da classe trabalhadora liderados pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e onde ocorreu a fundação da CUT9, dando inicio as batalhas metalúrgicas. Além das multinacionais, São Bernardo apresenta outras particularidades que exprimem seu desenvolvimento. É em São Bernardo que o primeiro parque temático brasileiro é construído, a Cidade das Crianças, baseado em parques internacionais como a Disneylândia, trazendo muitos turistas à região. Apesar de quase ser fechado na década de 80, o parque ainda está aberto e hoje tem como principal atração o museu da Televisão Brasileira. Ademais, a construção da Companhia Cinematográfica Vera Cruz fez com que olhares do mundo inteiro voltassem-se ao município.

Figuras 24 e 25. Vistas da Rua Marechal Deodoro. Centro comercial de São Bernardo do Campo / Fonte: http://olharesdadiversidade.blogspot.com.br/2010/12/42-com-carade-21.html

9

A Central Única dos Trabalhadores (CUT) é uma organização sindical brasileira de massas, em nível máximo, de caráter classista, autônomo e democrático, cujo compromisso é a defesa dos interesses imediatos e históricos da classe trabalhadora. Disponível em: < http://cut.org.br/conteudo/historico/> acessado em: Mar. 2015 35


São Bernardo apresenta certa escassez de centros culturais, mas tem em seu território espaços para o lazer. O Parque da Juventude, a Pinacoteca, o Estádio 01 de Maio, o Estoril, os Pavilhões Vera Cruz e a Cidade das Crianças (Figuras 26 e 27), que agrega em seu espaço uma vila cinematográfica construída para a gravação de um dos filmes da Companhia, entre outros. Além de suas localidades turísticas, São Bernardo do Campo também apresenta muitos lugares esquecidos. Assim Figura 26. Uma das atrações da Cidade das Crianças, o avião / Fonte: http://www.voovirtual.com/t9083-dc-3-na-cidade-das-criancas-pp-ann

como o “Vera Cruz”, alguns edifícios que pararam de funcionar, ficam hoje apenas na memória de quem um dia pôde vivenciálos. Um exemplo de estabelecimento esquecido mais conhecido pela população de São Bernardo é o Best Shopping (Figuras 28 e 29), antigo shopping que durou poucos anos e hoje serve de moradia para mendigos e ponto de drogas e está em diversas discussões para o que o local pode tornar a ser.

Figura 27. Vista da piscina onde fica o ‘Submarino Amarelo’, homenagem à música dos Beatles, na Cidade das Crianças / Fonte: http://www.tripadvisor.com.br/LocationPhotoDirectLink-g303626d3250176-i108772490-Cidade_da_CriancaSao_Bernardo_Do_Campo_State_of_Sao_Paulo.html

Medici (2012), ainda em seu livro, diz que o bairro Jardim do Mar, onde estão localizados os estúdios, antes isolado, começa a ser urbanizado com o asfaltamento das ruas e a criação da linha de trólebus que liga São Bernardo a São Paulo pela cidade de Diadema, facilitando o transporte de quem trabalhava na companhia de cinema e demorava horas para acessá-la devido às más condições de transportes que ligavam as cidades. 36


Figuras 28 e 29. Vistas do antigo Best Shopping / Fonte: http://www.lugaresesquecidos.com.br/2013/08/best-shopping-sao-bernardo-docampo-sp.html

37



SAI DA FRENte a companhia cinematográfica vera cruz

Figura 30. Vista Pavilhões Vera Cruz na década de 70 / Fonte: Arquivo de Patrimônio de São Bernardo do Campo


40


O Pós Primeira Guerra talvez seja o marco na linha do tempo para o avanço das artes no Brasil, principalmente em São Paulo. Com influências da Semana de Arte Moderna 192210 e os refugiados da 2° Guerra Mundial, impulsionaram as artes paulistas tanto no teatro como no cinema. Depois

de

anos

de

uma

produção

de

arte

cinematográfica e teatral escassa, é formado por um grupo de burgueses amadores da arte, encabeçados por Franco Zampari e Francisco Matarazzo Sobrinho, o TBC, Teatro Brasileiro de Comédia (Figuras 31 e 32), com a finalidade de desenvolvimento do teatro brasileiro, técnica e textos, revolucionou o meio artístico e formou vários atores, diretores e técnicos, marcando

Figura 32. Fachada do Teatro Brasileiro de Comédia, SP. Em 2013 / Fonte: http://www.leiaja.com/cultura/2013/02/11/teatro-brasileiro-de-comedia-serareaberto/

a década de 40 brasileira com o avanço das artes encenadas. (Martinelli, 2003)

O TBC foi o passo principal para a construção da Companhia Cinematográfica Vera Cruz. Devido seu tamanho sucesso, Franco Zampari decidiu expandir o projeto aplicado no teatro para o cinema. Com uma demanda na época pela criação de um cinema industrial, Franco se junta novamente a Ciccillo para criar a primeira Companhia Cinematográfica de São Paulo. Com a empolgação do sucesso anterior, Franco e Ciccillo se apropriam da granja da Família Matarazzo, localizada em São Bernardo do Campo, onde constroem os estúdios de gravação da Companhia Cinematográfica Vera Cruz, com seu escritório localizado em São Paulo, a fim de revolucionar o cinema

Figura 31. Fachada do Teatro Brasileiro de Comédia, SP. / Fonte: http://cmais.com.br/aloescola/historia/cenasdoseculo/nacionais/teatrobrasileirodeco media.htm

brasileiro. A animação da Companhia era grande. Projetada a partir dos moldes americanos, seus administradores investiam na alta tecnologia maquinária da época, comprando câmeras subutilizadas, mas em bom estado e trazendo técnicos estrangeiros para dirigir suas novas produções, devido à falta de

10

A Semana de Arte Moderna de 1922 aconteceu em São Paulo com o propósito de renovar o contexto artístico e cultural urbano, tanto na literatura, quanto nas artes plástica, arquitetura e música. A intenção dos modernistas era de criar arte com um padrão brasileiro.

mão de obra nacional.

41


Mas nem tudo foi levado com bons olhares. Aos moldes de produção da Cinecittá Italiana11 (Figuras 33 e 34) a Companhia que tinha como principal enfoque a produção de filmes com a cara do Brasil, estava contratando diretores estrangeiros. Foi quando começou a se discutir até que ponto esses nomes entendiam sobre a brasilidade que gostariam de apresentar. Um desses nomes era o de Alberto Cavalcanti12, um dos principais diretores da companhia.

Figuras 34. Vista aérea da Cinecittá Italiana / Fonte: http://www.absolutitalia.com/estudios-cinecitta-paseo-desde-roma/ Acessado em Mai. 2015

A Vera Cruz nasceu em 1949, quando a chanchada carioca estava no auge, mas

logo

entrou em declínio, dando espaço a tendência realista com a preocupação social e o intimismo, de caráter psicológico, baseado no cinema de 13

Bergman. Era o começo do cinema de estúdio . (ROLIM e TRINDADE, s/d) Figuras 33. Cenário de gravação Cinecitta http://turismoemroma.com/passeio-por-cinecitta/

Italia

/

Fonte:

Acusada de Hollywoodiana, a Companhia retratava a realidade brasileira, sobretudo a falha metrópole moderna versus o subúrbio atrasado, mostrando o duplo sentido da cidade. A construção do personagem encenado por Amácio 11

Complexo de teatros e estúdios, localizados na periferia romana, construídos na década de 30 como braço direito da propaganda fascista. Disponível em <http://turismoemroma.com/passeio-por-cinecitta/> acessado em Abr. 2015 12 Alberto Cavalcanti chegou a Paris no início de 1920 e estabeleceu-se muito cedo na França. Ele se liga rapidamente aos círculos de vanguarda da época. Começou sua carreira como diretor em 1926, no mesmo ano, assumiu a cidadania francesa. Autêntico mestre da arte cinematográfica brasileira do século XX, Cavalcanti enraizada reputação como um documentário na Grã-Bretanha durante a década de 1930, antes de se fortalecer a sua reputação através da produção de alguns grandes filmes para estúdios Ealing. Cineasta Cosmopolitan, é descoberto em Londres com John Grierson na década de 1930 para a produção de um documentário Coal Cara ou seu departamento noite Courier produzido por Grierson. Ele participa do grande movimento de documentário realista No final de 1940, de volta ao Brasil, ele tenta dar um novo impulso ao cinema nacional.

Mazzaropi14 (Figura 35), principal representante da brasilidade

13

Entre outras características que a aproximam desse ideal de “cinema de estúdio” estão a construção de estrutura arquitetônica especial que lembra galpões de fábricas, a importação de equipamentos especializados de registro e iluminação, um regime de trabalho onde atores e atrizes possuem exclusividade, entre outros. Disponível em: <http://www.cpcb.org.br/artigos/industrializacao-e-cinema-deestudio-no-brasil-a-fabrica-atlantida/> acessado em Abr. 2015 14 Mazzaropi nasceu no bairro de Santa Cecília, em São Paulo. Convidado pela Vera Cruz, em 1951, fez seu primeiro filme: "Sai da Frente". Em 1958, com recursos próprios, comprou uma fazenda em Taubaté e montou a Produções Amácio Mazzaropi - Pam Filmes. O primeiro filme que fez foi "Chofer de Praça". Seu personagem mais conhecido é o Jeca Tatu, ícone da brasilidade no cinema. Disponível em: <http://www.museumazzaropi.org.br/historia/> acessado em Abr. 2015

42


no cinema, foi um dos carros chefes dos filmes produzidos no Vera Cruz.

Figuras 36, 37 e 38. Cartazes dos filmes ‘ Tico Tico no Fubá’, Sinhá Moça’ e ‘O Cangaceiro’, sucessos realizados no Vera Cruz / Fonte: MARTINELLI, 2003.

BRASIL FILMES Figura 35. Pôster de Amácio Mazzaropi / Fonte: http://g1.globo.com/platb/maquina deescrever/2010/05/

Depois que Zampari entregou suas ações para o Banespa, Abílio Pereira de Almeida monta uma empresa paralela, a Brasil Filmes. Utilizando o espaço de produção da

Não demorou muito para as produções aumentarem e

Vera Cruz, a empresa que agora produz e distribui seus filmes,

com isso os gastos também. Grandes produções como Tico Tico

continua com a maior parte de sua equipe e dá a chance de seus

no Fubá (1952, Adolfo Celi), Sinhá Moça (1953, Tom Payne e

técnicos mais jovens dirigirem algumas produções. Essa fase

Oswaldo Sampaio) e O Cangaceiro (1953, Lima Barreto)(Figuras

ainda produziu mais sete filmes.

36, 37 e 38 ), o último vencedor do festival de Cannes em 1953, fizeram

com

que

Zampari

entrasse

em

Devido a grande dívida criada pelo Vera Cruz, o Banespa

demasiados

não hesitou em fazer uma liquidação da empresa. Com isso, a

investimentos, dando inicio ao fim da Companhia. Em 1954, ano

Brasil Filmes durou apenas dois anos, e gerou mais 8 filmes para

crítico na política brasileira, quando o então presidente Getúlio

o histórico dos estúdios. (MARTINELLI, 2003. P.19)

Vargas comete suicídio no Palácio do Governo, por não aguentar mais a pressão em suas costas e dando início a uma nova era política, Franco Zampari entrega ao Banco do estado de São

OS IRMÃOS KHOURI

Paulo as ações da Vera Cruz, em troca do saldo da dívida em que se metera. É a morte de dois importantes nomes do Brasil. (Martinelli, 2003)

A terceira fase da Vera Cruz acontece com os irmãos Khouri. Walter Hugo Khouri era jovem na época, cineasta e apaixonado pelo projeto que vinha se desenvolvendo na Companhia, se junta ao seu irmão Willian para tentar manter o lugar aberto. Os dois compraram as ações dos sócios 43


minoritários e conseguiram impedir que o banco fizesse a

LUZ APAGADA

liquidação da Companhia. A empresa volta a se chamar Vera Cruz e passa a produzir muitos filmes nas décadas de 60 e 70. A evolução do cinema brasileiro começa. Considerados uma ‘verdadeira escola de cinema’ com suas produções de filmes caipiras e cangaços. Mas uma nova era surgia no cinema. ‘o cinema de autor’15 viria, progressivamente, afastar o interesse da mídia do ‘cinema de gênero’ (MARTINELLI, 2003. P.20). Surge aí o Cinema Novo, a mais importante fase do cinema brasileiro, que começa marcando o fim permanente das produções de filmes da Vera Cruz.

Figura 39. Matéria do jornal Folha de São Bernardo da década de 80 / Fonte: Acervo e Pesquisa de São Bernardo do Campo.

Com fechamento definitivo em 1972, especulações sobre o que aconteceria com o local foram cada vez mais aumentando. A possibilidade de leilão do local criava conflitos com a população que queria a construção de um museu do cinema16. Os pavilhões passaram a serem cuidados pela Secretaria 15

Cinema de autor ou cinema autoral é um tipo de produção cinematográfica na qual o diretor é visto como a principal força criativa na realização de um filme. As teorias e práticas do cinema autoral emergiram no cinema francês no final dos anos 1940, a partir dos pensamentos de André Bazin e Alexandre Astruc. Uma das primeiras manifestações dessa então nova forma de ver a sétima arte resultou no movimento da Nouvelle Vague e foi difundida pela revista Cahiers du Cinemá. Antes de produzirem seus filmes autorais, cineastas como Jean-Luc Goddard e François Truffaut deram importantes contribuições no desenvolvimento da teoria do cinema de autor. O fundamento principal dessa teoria é que o diretor, por ter uma visão global do áudio e imagens do filme, deve ser considerado mais o autor da película do que o roteirista, assim, são as tomadas de câmera, a iluminação, a duração da cena e todos os outros elementos decididos pelo diretor que definirão os significados expressos pelo filme, mais até do que o próprio roteiro. Disponível em: <http://lazer.hsw.uol.com.br/cinema-de-autor.htm> acessado em Mar. 2015

de Turismo de São Bernardo e passou a servir de espaço para feiras (Figuras 42 e 43) industriais, de malha e design, dando outro caráter ao local.

16

Acervo e Pesquisa de São Bernardo do Campo. Arquivos Vera Cruz

44


de Estado da Cultura e a Fundação Padre Anchieta, onde seria feita a revitalização dos estúdios e a criação de um centro Cultural (ler mais em Estudos de Caso). Para este projeto foi chamado o escritório Brasil Arquitetura, em 1996, que começaram a revitalização com a proposta de intervenção em um dos pavilhões criando um teatro, mas a obra não foi finalizada. Figura 40. Pavilhões recebem feiras de móveis / Fonte: Acervo e Pesquisa de São Bernardo do Campo

Figura 42. Evento de carros e motos customizados no Pavilhão Vera Cruz / Fonte: http://cotidiano.tvberno.com.br/hot-rods-brasil-sbc-recebe-evento-de-carros-emotos-customizados-10752/

Figura 41. Vista lateral do Pavilhão A / Fonte: Acervo e Pesquisa de São Bernardo do Campo

A fim de não perder a memória local, uma comissão foi criada e, em 1991 convidaram a arquiteta Lina Bo Bardi para projetar um Centro de Convívio (ler mais em Estudos de Caso). Um modo de reaproximar o público do local e ativar sua memória. Mas o projeto não foi concluído. As tentativas de revitalização dos estúdios Vera Cruz não terminaram aí. Anos depois foi criado o Projeto Nova Vera Cruz,

Figura

43.

Feira

de

Malhas

no

Pavilhão

Vera

Cruz

/

Fonte:

http://www.reporterdiario.com.br/Noticia/464912/pavilhao-vera-cruz-tem-circuitodas-malhas

iniciativa da prefeitura de São Bernardo do Campo, Secretaria 45



esquina da ilusão patrimônio

Figura 44. Vista aérea dos Pavilhões Vera Cruz / Fonte: MARTINELLI, 2003


48


Patrimônio, para Ghirardello e Spisso (2008, p.13), são

A utilização de edifícios tombados também contribui

todos os bens, materiais e imateriais, naturais ou construídos,

ecologicamente com o meio ambiente, uma vez que a utilização

que uma pessoa ou um povo possui ou consegue acumular

desses espaços possibilita a não construção de novos edifícios.

podendo ser dividido em Histórico, Cultural ou Ambiental.

Para a preservação do bem, diretrizes foram definidas

O Patrimônio Cultural é um elemento estruturante na

por Camillo Boito17 (1884, p.24) a partir das ideias de dois

construção da identidade de uma sociedade, está ligado a

estudiosos do século XIX. Com pensamentos opostos, de um

memória social, por ser um elemento de interesse coletivo e

lado Viollet-Le-Duc18 desejava atingir o estado completo do

recordar o passado. Para que essa memória esteja sempre

edifício, para isso o restaurador deveria “incorporar” o arquiteto

disponível é preciso a preservação do bem, a fim de prolongar e

original e seguir o que achava que ele teria feito, o que era

salvaguardá-lo.

arriscado, pois a possibilidade de falsificação da obra era

Uma das formas de preservação é o tombamento do bem em questão. Quando um bem é tombado uma série de

grande. Já John Ruskin19 respeitava a matéria, admitindo a possibilidade de morte da edificação.

ações e leis regidas pelo poder público passam a agir sobre ele. O tombamento garante que o bem não seja destruído ou descaracterizado. A preservação do patrimônio garante que sua herança possa ser passada para gerações futuras.

Camillo Boito (1884) ainda desenvolveu uma terceira teoria em que a salvaguarda do monumento era a maior preocupação. Para ele, há a necessidade de conservações 17

“O monumento tem por finalidade fazer reviver um passado mergulhado no tempo. O monumento histórico relaciona-se de forma diferente com a memória viva e com a duração. Ou ele é simplesmente constituído em objeto de saber e integrado numa concepção linear do tempo – neste

caso,

seu

valor

cognitivo

relega-o

inexoravelmente ao passado, ou antes à história em geral, ou à história da arte em particular -; ou então ele pode, além disso, como obra de arte, dirigir-se à nossa sensibilidade artística, ao nosso ‘ desejo de arte’ (Kunstwollen): neste caso, ele se torna parte constitutiva do presente vivido, mas sem a mediação da memória ou da história” (CHOAY, 2001, p. 26)

Escritor, poeta, crítico de arte, arquiteto e desenhista inglês nascido em Londres, brilhante figura da arquitetura neogótica inglesa. Admirador da obra de seu conterrâneo William Turner, desenvolveu uma teoria estética que foi determinante para o apogeu da tendência neogótica na arquitetura e nas artes decorativas inglesas da segunda metade do século XIX. Seus ensaios sobre arte e arquitetura foram extremamente influentes na era Vitoriana, repercutindo até hoje. Disponível em < http://www.dec.ufcg.edu.br/biografias/JohnRusk.htm > acessado em Mai. 2015 18 Restaurador de monumentos francês nascido em Paris, arquiteto ligado ao revivalismo arquitetônico do século XIX e um dos primeiros teóricos da preservação do patrimônio histórico, foi um dos responsáveis pelo reconhecimento do gótico como uma das mais importantes etapas da história da arte ocidental. Estudou arquitetura na Escola de Belas Artes de Paris,viajou pela França e Normandia (1831/1833), desenvolvendo grande interesse pela arquitetura medieval, e pela Itália (1836) onde aprofundou seus conhecimentos sobre arquitetura clássica. Influenciado pela obra do arquiteto Henri Labrouste, voltou à Paris, onde passou a trabalhar (1837) na comissão encarregada da preservação dos monumentos históricos. Foi indicado pelo 19- 19- Ministro do Interior (1840), por recomendação de Mérimée, secretário do Conselho de Construção Civil da Comissão de Monumentos, para restaurar a Igreja de Vézelay. Viveu na França em uma época em que a restauração se firmava como ciência, principalmente por causa dos eventos econômicos, políticos e sociais que vinham ocorrendo por toda Europa influenciados pelo Iluminismo, pela Revolução Industrial e Revolução Francesa. Ganhou fama com a restauração de monumentos como a Sainte-Chapelle e a catedral de Notre-Dame, em Paris. Vivendo seus últimos anos em Lausanne, Suíça, sua tentativa de inovação, não se limitando à restauração das formas originais dos monumentos, não foi bem recebida por arquitetos e arqueólogos do século XX. Pode ser considerado um precursor teórico da arquitetura moderna e publicou livros que lhe proporcionaram grande prestígio. Previu a construção de arranha-céus: grandes estruturas de ferro revestidas com pedra. Disponível em: <http://www.dec.ufcg.edu.br/biografias/EugenDuc.html> acessado em Mai. 2015

49


periódicas para evitar a restauração, mas admite que o restauro

A IMPORTÂNCIA MEMORIAL E PATRIMONIAL DOS ESTÚDIOS

pode ser necessário. Seu pensamento enunciando seus

VERA CRUZ

princípios fundamentais no Congresso de 1883 reafirmando “a

“Devido à aceleração da história, cada vez

necessidade de se conservar o aspecto de vetustez [...] e que

mais o cotidiano afasta-se das vivências da tradição

acréscimos devam mostrar serem obras de seu próprio tempo e

e do costume, fazendo com que a memória: deixe de ser encontrada no próprio tecido social,

distintos do original”. (Ibidem 1884, p.25).

necessitando de lugares especiais para serem

- Os monumentos valem não só para o estudo da arquitetura,

guardadas,

mas como documentos da história dos povos e, por isso, devem

continuidades. São lugares de memória: museus,

ser preservados.

arquivos, bibliotecas e outros, sendo esses

preservadas

em

seus

laços

de

encarregados de preservar a lembrança do

- Devem ser preferencialmente consolidados do que reparados,

passado”. (RODRIGUES s/d)

preferencialmente reparados do que restaurados, evitando-se adições e renovações. Vivemos hoje no mundo do esquecimento. A atualidade - As adições executadas em tempos diferentes devem ser consideradas como parte do monumento e mantidas.(isso foi ele quem disse?)

baseada no ritmo frenético do ser humano que não tem tempo para nada. A facilidade gerada pelos meios de comunicação e tecnologias faz com que a memória seja exercida cada vez

A doutrina de Boito se consolida, mas apenas em 1931,

menos. O cotidiano cada vez mais corrido deixa a memória de

na Conferência Internacional de Atenas, se recolhem os seus

lado. Se preocupando apenas com horários, a destreza de

princípios. (Cartas do Restauro, p. 7)

encontrar “coisas” atualmente está ligada diretamente ao

No mesmo ano, Gustavo Giovannoni retoma esses

tempo, ou a perda de tempo.

pontos na Carta Italiana de Restauro. Na Carta de Veneza,

A memória está no presente. A imagem construída a

Cesare Brandi estende os procedimentos aplicados ao

partir de elementos que buscamos para a formação de uma

patrimônio para o seu entorno, a fim de garantir sua

identidade. Para Halbwachs20 (2009), como não estamos mais

conservação.

inseridos numa comunidade oral, comunitária e de comunicação direta, precisamos inventar estratégias de conservação e mecanismo de lembranças. O fato é que precisamos de espaços, objetos, pessoas, para lembrarmos essa memória, e isso é traduzido em museus, músicas, centros de memória, fotografias, documentos, cinema.

20

Apud in A contribuição do cinema para a memória da ditadura brasileira (BERGER, Christa)

50


Para Pollack “o cinema é o meio mais apropriado para expandir

decide preservar como patrimônio coletivo.

a memória”, pois é a mídia que passa o maior número de

Portanto, há uma legitimação social e política do que é (ou não) patrimônio” (RODRIGUES s/d, p.4).

sensações ao mesmo tempo. “A memória, como fenômeno social, é

Sua importância social e memória hoje são mascaradas

coletivamente construída e reproduzida ao longo

pelas feiras que permitem que o local ainda seja utilizado por

do tempo. Assim como o patrimônio cultural, a

qualquer tipo de público. Mas com o passar dos anos sua

memória social é dinâmica, mutável e seletiva;

memória original de produção de filmes vem sendo esquecida e

seletiva porque nem tudo o que é importante para

a possibilidade de não existir para as gerações futuras é grande,

o grupo fica ‘gravado na memória’, fica registrado para as gerações futuras”. (RODRIGUES s/d)

já que atualmente muitos não sabem que, aquela granja da família Matarazzo, abrigou um dia, uma das mais importantes companhias cinematográficas do país.

21

Os pavilhões Vera Cruz, tombados pelo COMPAHC , que viveram seu auge na década de 50, já foram postos à prova várias vezes. De demolição à casos de incêndio, e até mesmo supostos leilões, os pavilhões se mantiveram firmes graças às

Um projeto, Nova Vera Cruz (Anexo), foi criado pela prefeitura de São Bernardo do Campo, a fim de revitalizar o lugar. Convênios com escolas de cinema também foram feitos e os alunos podem utilizar o local para gravações.

pessoas que realmente se importavam com a memória local e sua importância, como os irmãos Khouri. Mesmo com seu tombamento em 1987, a falta de utilização durante anos fez com que os galpões ficassem em estados de depredação. Uma das formas de manter o lugar conservado foi a utilização da área para a realização de feiras de exposições de carros, malhas e design. “O patrimônio expressa a identidade histórica e as vivências de um povo. (...) É a herança cultural do passado, vivida no presente, que será transmitida às gerações futuras. É o conjunto de símbolos sacralizados, no sentido religioso e ideológico que, um grupo, normalmente a elite, política, cientifica, econômica e religiosa, 21

Órgão da prefeitura de São Bernardo do Campo que tem a responsabilidade de pesquisar, divulgar e cuidar dos patrimônios da cidade. O COMPAHC, Conselho Municipal do Patrimônio Histórico e Cultural de São Bernardo do Campo, existe desde 1984, vinculado à Secretaria de Educação e Cultura e assessorado oficialmente pelo Serviço de Patrimônio Histórico da cidade.( RESGATE-vol. XX, N024 - jul./dez. 2012 - e Paiva, Marcelo Cardoso - p. 48)

51



osso, amor e papagaios estudos de caso

Figura 45. Interior do Sesc, ĂĄrea de convĂ­vio / Fonte:https:// viagem.catracalivre.com.br/geral/roteiro-viagem/indicacao/sescpompeia-se-torna-patrimonio-cultural-do-pais/


53


Os estudos de caso apresentados abaixo foram escolhidos a partir da base do projeto desenvolvido durante o

Vera cruz

ano, que tem como partido o desenvolvimento de um Centro de Formação Audiovisual e Cultural, englobando o programa de um museu, teatro e salas de cinema. Todo o programa ainda conterá salas de apoio. Neste capítulo, será analisada a distribuição de programa, circulação, condição climática, relação com o entorno, áreas, através de estudo dos desenhos do projeto (plantas, croquis, cortes, elevações) e visitas realizadas ao local. Outra premissa para a escolha dos estudos de caso foi a análise de lugares que sejam patrimônios, ou tenham sido revitalizados, concluindo assim a análise através do estudo de técnicas construtivas e uso de materiais no caso de intervenção.

54


I - centro de convivência vera cruz (Lina bo bardi) PROJETO ORIGINAL

atividades gerais (recreação, lazer, etc), restaurante e serviços

AUTORIA: Desconhecido

de apoio.

DATA DA CONSTRUÇÃO: 1949

DESCRIÇÃO DA INTERVENÇÃO: O projeto previa a reforma dos

ÁREA DO TERRENO: 46.493,18m²

galpões: num dos galpões maiores seria implantado o Museu

ÁREA CONSTRUÍDA: 16.655,00m²

Vera Cruz, uma Pinacoteca, uma sala permanente de Exposições

USO ORIGINAL: Estúdios da Companhia Cinematográfica Vera

Artísticas e um teatro com capacidade para 1300 pessoas; no

Cruz

outro, salas para oficinas e cursos, sala de projeção, salas

NÍVEL DE TOMBAMENTO: COMPAHC

administrativas e biblioteca. Nas estruturas externas

PROGRAMA: Seis estúdios e áreas de apoio.

remanescentes de concreto armado, um espaço avarandado

CARACTERÍSTICAS ARQUITETÔNICAS: o conjunto é formado por

circundaria toda a edificação. O galpão menor seria utilizado

vários pavilhões. O pavilhão A é o maior, dois galpões contíguos

para atividades de cinema e rádio. Os acréscimos posteriores

entre si, retangulares, com estrutura de concreto armado e

seriam demolidos. A área verde seria aumentada e seria

vedação em alvenaria de tijolos, cada lado possui sua própria

implantado um pátio com uma pequena cidade cinematográfica.

cobertura de estrutura metálica. O pavilhão B, apresenta uma

Nesse projeto de intervenção destaca–se a escada helicoidal

cobertura em semicírculo de estrutura metálica e planta

criada pela arquiteta Lina Bo Bardi, ligando o pavimento térreo e

retangular. O pavilhão c, portaria e estacionamento. Ao todo

superior. (NAHAS, Patrícia. 2008)

eram nove pavilhões, três para gravações e os outros serviam de apoio, mas foram demolidos. (NAHAS, 2008) NTERVENÇÃO: AUTORIA: Lina Bo Bardi (col. Marcelo Ferraz, Marcelo Suzuki e André Vainer) DATA DE PROJETO: 1991 DATA DA CONSTRUÇÃO: Não foi executado ÁREA ACRESCIDA: -USO : Centro de lazer, Museu e Convivência PROGRAMA ATUAL: Teatro, sala de exposições, espaços para 55


Figura 46. Croqui de Lina Bo Bardi. A escada helicoidal era o partido de seu projeto /Fonte: Lina Bo Bardi e outros. Lina Bo Bardi, 2007

Figura 49. Implantação com proposta de intervenção /Fonte: Lina Bo Bardi e outros. Lina Bo Bardi, 2007.

Figura 47. Desenho técnico da escada helicoidal /Fonte: Lina Bo Bardi e outros. Lina Bo Bardi, 2007

O projeto de Lina Bo Bardi aproveita toda a estrutura original dos galpões. O programa encontra-se distribuído no pavilhão principal. Segundo Lina, cria seus espaços baseados no mais amplo uso público e na convivência humana. Nota-se a partir disso a grande área deixada para passeio. O espaço atualmente usado como estacionamento seria utilizado para festas como quermesses, feiras e shows, envolvido pelo aumento e preservação da vegetação existente, criando bosques e áreas de sombra.

Figura 48. Elevação lateral do Pavilhão A /Fonte: Lina Bo Bardi e outros. Lina Bo Bardi, 2007

56


Figura 50. Planta Térrea com intervenção / Fonte: NAHAS, Patrícia. 2008

Figura 51. Planta Superior com intervenção / Fonte: NAHAS, Patrícia. 2008

57


II - ESTÚDIOS E CENTRO CULTURAL VERA CRUZ (BRASIL ARQUITETURA) INTERVENÇÃO:

USO: Centro Cultural.

AUTORIA: Francisco Fanucci e Marcelo Ferraz (colaboradores:

PROGRAMA: cine–teatro, memorial, restaurante, cozinha,

Eduardo Colonelli e Ana Paula G. Pontes).

cabine de projeção, camarins,depósito, oficinas, administração.

DATA DE PROJETO: 1996/1997

CARACTERÍSTICAS ARQUITETÔNICAS: o galpão menor existente,

DATA DA CONSTRUÇÃO: obra inacabada.

de planta retangular seria recuperado e continuaria a funcionar

CONTRATANTE: Secretaria do Estado da Cultura – TV Cultura.

como cine–teatro. A proposta previa a construção de dois blocos dispostos perpendiculares entre si e que abraçarão o

USO ATUAL: Estúdios e Centro Cultural.

prédio existente – um deles é interrompido por um espelho

PROGRAMA ATUAL: dois estúdios, laboratório de filmes, estúdio

d’água, dividindo–o em um bloco que abrigará o cinema; e

de efeitos especiais, recepção e administração, camarins,

outro, que teria dupla função de foyer para o cinema e para o

figurino, maquiagem, apoio, depósito, oficina, câmeras,

cine–teatro. A interrupção desse bloco geraria dois volumes

fotografia, trucagem..

concebidos com perfil trapezoidal.

DESCRIÇÃO DA INTERVENÇÃO: o projeto previa a reforma e adaptação dos galpões da antiga Cia. Cinematográfica Vera Cruz. Todos os acréscimos posteriores seriam demolidos. A estrutura de concreto existente ao redor dos estúdios abrigaria todas as atividades de apoio, criando uma espécie de anel em volta dos dois galpões existentes. O galpão menor, o cine-teatro seria abraçado por dois anexos novos – o Memorial Vera Cruz e o Conjunto do Cinema e Restaurante.

NOVA CONSTRUÇÃO ÁREA CONSTRUÍDA: 3.800,00 m2 (Centro Cultural) e 680,00 m2

Figura 52. Desenho perspectiva do Centro Cultura + Estúdios / Fonte: NAHAS, Patrícia. 2008

Parte do projeto desenvolvido pelo escritório Brasil Arquitetura foi construído, mas inacabado. Atualmente a obra

(Edifício Técnico). 58


embargada faz com que não seja possível o uso do pavilhão menor.

Figura 53. Planta do Conjunto Vera Cruz com proposta de demolição / Fonte: NAHAS, Patrícia. 2008

Figura 54. Implantação com proposta de intervenção (editado pela autora) / Fonte: NAHAS, Patrícia. 2008

59


Figuras 55 e 56. Planta térrea e subsolo do Centro Cultural / Fonte: NAHAS, Patrícia. 2008

60


OUTROS estudos

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i - CRIAR Rua Sólon, 1121. Bom retiro, SP PROJETO ORIGINAL AUTORIA: desconhecida

iluminação e câmera, sala de produção, biblioteca e videoteca, restaurante, além dos espaços de apoio para equipe).

DESCRIÇÃO DA INTERVENÇÃO: O escritório contratado tinha

DATA DA CONSTRUÇÃO: desconhecida

como premissa interferir o mínimo possível no conjunto original.

ÁREA DO TERRENO: 2.700,00m²

Retiraram o revestimento das paredes para reforçar o partido

ÁREA CONSTRUÍDA: 3.000,00m²

industrial, deixando os tijolos aparentes. As divisões das novas salas são definidas por blocos de concreto, arrematados com

USO ORIGINAL: desconhecido

perfis metálicos que também estruturam a cobertura e o forro.

PROGRAMA: estamparia e indústria têxtil (última locação)

Extensos caixilhos de vidro permitem uma permeabilidade visual

HISTÓRICO: o local já teve vários locatários do setor industrial.

entre o interior e o exterior. No pavimento superior mais salas

CARACTERÍSTICAS ARQUITETÔNICAS: Galpão industrial de alvenaria estrutural, tijolos cerâmicos, com cobertura em

são locadas com grandes janelas de vidro que permite a visualização do grande corredor central.

tesoura de madeira.

INTERVENÇÃO:

AUTORIA: Silvio Oksman e Fernanda Neiva DATA DE PROJETO: 2004 DATA DA CONSTRUÇÃO: 2004 ÁREA ACRESCIDA: -USO ATUAL: Instituto Criar de TV, Cinema e Novas Mídias PROGRAMA ATUAL: Espaço para 16 oficinas, 2 estúdios, marcenaria, ilhas de edição, finalização, e-web, laboratório digital, switches, sala de vídeo, sala de cabelo e maquiagem, acervo e sala de figurino, central de equipamentos de

62


Figura 57. Vista dos galpões Instituto Criar / Fonte: acervo da autora

Figura 60. Corredor principal de ligação espaço de encontro / Fonte: acervo da autora

das

salas

de

aula

e

O Instituto Criar de TV, Cinema e Novas Mídias é uma ONG criada para oferecer a adolescentes de baixa renda, com faixa etária de 16 a 20 anos, a possibilidade de cursos técnicos Figura 58. Porta de acesso às salas de aula e auditório. Instituto Criar / Fonte: acervo

voltados para a indústria de entretenimento, sobretudo cinema

da autora

e televisão. No Criar os alunos aprendem desde a montagem de um figurino até a edição e finalização de vídeos.

Figura 61. Corte BB do Instituto Criar / Fonte: http://oksman.com.br/Instituto-Criar

Figura 59. Espaço entre a fachada original e a nova divisão das sala de aula. Diferença de materiais. / Fonte: acervo da autora

63


Figura 62. Plantas tĂŠrreo e pavimento superior do Instituto Criar (editado pela autora) / Fonte:http://oksman.com.br/Instituto-Criar

64


II - SESC POMPEIA PROJETO ORIGINAL

PROGRAMA: quadras e espaço de apoio

AUTORIA: —

CARACTERÍSTICAS ARQUITETÔNICAS: 3 torres de concreto aparente

DATA DE PROJETO: —

DATA DA CONSTRUÇÃO: 1938 ÁREA DO TERRENO: 16.500,00m² ÁREA CONSTRUÍDA: 12.00,00m² USO ORIGINAL: Fábrica de Tambores NÍVEL DE TOMBAMENTO: Iphan PROGRAMA: Galpões Industriais CARACTERÍSTICAS ARQUITETÔNICAS: Construções em tijolo aparente com estrutura mista de ferro e concreto, planta retangular e cobertura estilo shed.

INTERVENÇÃO: AUTORIA: Lina Bo Bardi (col. Marcelo Ferraz e André Vainer) DATA DE PROJETO: 1977 DATA DA CONSTRUÇÃO: 1977-1986 ÁREA ACRESCIDA: USO ATUAL: Centro Cultural PROGRAMA ATUAL: Restaurante, ateliês, teatro, espaços para atividades/oficinas DESCRIÇÃO DA INTERVENÇÃO: A intervenção foi realizada em duas etapas, a primeira em 1977, foi feita a recuperação dos galpões, e a segunda em 1982, a construção de novos prédios.

NOVA CONSTRUÇÃO ÁREA CONSTRUÍDA: 12.000,00² USO : centro esportivo

65


Figura 63. Vão e detalhe da cobertura Sesc Pompeia/ Fonte: Igor Fracalossi. "Clássicos da Arquitetura: SESC Pompéia

Figura 64. Vista interna dos galpões / Fonte: Igor Fracalossi. "Clássicos da Arquitetura: SESC Pompéia / Lina Bo Bardi" 14 Nov 2013. ArchDaily Brasil.

Figura 66. Vista dos edifícios Sesc Pompeia / Fonte: Fonte: Igor Fracalossi. "Clássicos da Arquitetura: SESC Pompéia

Figura 67. Vista antiga fábrica Sesc Pompeia Fonte: Igor Fracalossi. "Clássicos da Arquitetura: SESC Pompéia

Figura 68. Assentos do teatro / Fonte: Fonte: Igor Fracalossi. "Clássicos da Arquitetura: SESC Pompéia Figura 65. Lago artificial dentro do conjunto / Fonte: Fonte: Igor Fracalossi. "Clássicos da Arquitetura: SESC Pompéia

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Figura 69. Fachadas fábrica Pompeia / Fonte: Igor Fracalossi. "Clássicos da Arquitetura: SESC Pompéia / Lina Bo Bardi" 14 Nov 2013. ArchDaily Brasil. <http://www.archdaily.com.br/153205/classico-da-arquitetura-sesc-pompeia-lina-bo-bardi>

Figura 70. Planta Geral Sesc Pompeia/ Fonte: Igor Fracalossi. "Clássicos da Arquitetura: SESC Pompéia / Lina Bo Bardi" 14 Nov 2013. ArchDaily Brasil. <http://www.archdaily.com.br/153 205/classico-da-arquitetura-sescpompeia-lina-bo-bardi> (editada pela autora)

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Iii – CINEMATECA brasileira PROJETO ORIGINAL AUTORIA: Alberto Kuhlmann DATA DE PROJETO: 1884 DATA DA CONSTRUÇÃO: 1922

NOVA CONSTRUÇÃO ÁREA CONSTRUÍDA: -

PROGRAMA: Laboratórios de restauro de filmes, depósitos, arquivos de matrizes e áreas administrativas.

ÁREA DO TERRENO: 40.000m² ÁREA CONSTRUÍDA: USO ORIGINAL: Matadouro municipal NÍVEL DE TOMBAMENTO: CONDEPHAAT / CONPRESP

HISTÓRICO: Construído em uma localidade afastada do centro de São Paulo para não mais prejudicar a vida do rio Itororó, local original do matadouro, deu origem ao bairro Vila Mariana. CARACTERÍSTICAS ARQUITETÔNICAS: Galpões industriais de tijolo e madeira

INTERVENÇÃO: AUTORIA: Nelson Dupre DATA DE PROJETO: 2007 DATA DA CONSTRUÇÃO: 2007 ÁREA ACRESCIDA: 1.814,00m² USO ATUAL: Cinemateca brasileira PROGRAMA ATUAL: Centro de documentação, café, áreas de apoio, sanitários, salas de cinema, salas de evento. DESCRIÇÃO DA INTERVENÇÃO: Preservação da forma original, redesenho das tesouras, uso de aço e vidro. 68


Figura 71 . Fachada dos galpões / Fonte: http://www.duprearquitetura.com.br/cinemateca.htm

Figura 74. Cobertura de ligação (Retrofit) / Fonte:

http://www.duprearquitetura.com.br/cinemateca.htm

Figura 72. Teatro, Cinemateca Brasileira / Fonte:

Figura 75 . Detalhe do piso coberto em vidro / Fonte:

http://www.duprearquitetura.com.br/cinemateca.htm

http://www.duprearquitetura.com.br/cinemateca.htm

Figura 73 . Detalhe da intervenção / Fonte:

Figura 76 . Detalhe das tesouras / Fonte:

http://www.duprearquitetura.com.br/cinemateca.htm

http://www.duprearquitetura.com.br/cinemateca.htm 69


iv - museu da memória e direitos humanos PROJETO ORIGINAL AUTORIA: Estúdio America DATA DE PROJETO: 2009 DATA DA CONSTRUÇÃO: 2009 ÁREA DO TERRENO: ÁREA CONSTRUÍDA: 10900m² USO: Museu da Memória + Centro Matucana NÍVEL DE TOMBAMENTO: não é tombado PROGRAMA: Comércios, bares, restaurantes, museu, cinema, espaços para cursos, sanitários, administração, área de lazer. CARACTERÍSTICAS ARQUITETÔNICAS: O escritório de arquitetura tenta transpor através dos materiais utilizados o tema do museu, a memória. O edifício é organizado em dois momentos, a barra e a base. O primeiro, espaço do museu, é translúcido, e significa o viver da memória. O segundo, a base, é estruturada por treliças metálicas, com apoios nos limites, criando um túnel e sustentando a barra. Este ainda abriga o programa de apoio, e é referenciado ao conhecimento, como a área de administração e espaços para cursos.

70


Figura 77 . Vista da praça seca / Fonte: Gica Fernandes. "Museu da Memória / Estudio America"

Figura 78. Detalhe fachada a noite / Fonte: Gica Fernandes. "Museu da Memória / Estudio America"

Figura 79. Interior do edifício, exposição / Fonte: Gica Fernandes. "Museu da

Figura 80. Diagramas / Fonte: Gica Fernandes. "Museu da Memória / Estudio

Memória / Estudio America"

America"

71


Figura 81. Corte / Fonte: Gica Fernandes. "Museu da Mem贸ria / Estudio America"

Figura 82. Plantas / Fonte: Gica Fernandes. "Museu da Mem贸ria / Estudio America"

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v - TEATRO DO ENGENHO (PIRACICABA) PROJETO ORIGINAL (GERAL) ÁREA ACRESCIDA: —

AUTORIA: —

USO ATUAL: Teatro Erotides de Campos

DATA DE PROJETO: —

PROGRAMA ATUAL: Teatro, salas de ensaio e restaurante.

DATA DA CONSTRUÇÃO: 1881 ÁREA DO TERRENO: 298.671,00m² ÁREA CONSTRUÍDA: 17.806,99m² USO ORIGINAL: Engenho Central de Açúcar NÍVEL DE TOMBAMENTO: 1989 CODEPAC / 2013 CONDEPHAAT

PROGRAMA: Residência, apoio administrativo, escritório, moendas,

destilaria,

refinaria,

fabricação,

almoxarifado,

vestiários, marcenaria, tanques de decantação, serralheria, carpintaria. HISTÓRICO: Construção de um engenho central na cidade, as margens do rio, com o objetivo de concentrar a produção de açúcar e de álcool e substituir o trabalho escravo pelo assalariado. Em 1974 é desativado e em inicia-se o desenvolvimento de propostas a fim de resgatar a importância do espaço. CARACTERÍSTICAS ARQUITETÔNICAS: Estilo industrial com influência europeia.

INTERVENÇÃO (Teatro): AUTORIA: Brasil Arquitetura DATA DE PROJETO: 2009 DATA DA CONSTRUÇÃO: 2011 73


Figura 83. Vista do teatro após intervenção, abertura para a praça / Fonte: DELAQUA,

Figura 85 . Foyer do teatro após intervenção / Fonte: DELAQUA, Victor. "Teatro

Victor. "Teatro Erotídes de Campos - Engenho Central / Brasil Arquitetura"

Erotídes de Campos - Engenho Central / Brasil Arquitetura"

Figura 84. Assentos do teatro / Fonte: DELAQUA, Victor. "Teatro Erotídes de Campos - Engenho Central / Brasil Arquitetura"

Figuras 86 e 87 . Croquis do interior do teatro / Fonte: DELAQUA, Victor. "Teatro Erotídes de Campos - Engenho Central / Brasil Arquitetura"

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Figura 88 e 89. Plantas teatro / Fonte: DELAQUA, Victor. "Teatro ErotĂ­des de Campos - Engenho Central / Brasil Arquitetura"

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vi – red bull station Praça da Bandeira, 137. Centro, São Paulo, SP. passarelas. Isso isolou bastante o imóvel. PROJETO ORIGINAL AUTORIA: desconhecido

DATA DE PROJETO: desconhecida DATA DA CONSTRUÇÃO: 1926

Em 2000 o Conpresp tombou a fachada do imóvel, para evitar uma descaracterização ou demolição como a da subestação da Rua Araújo e desde então ele recebeu muito pouca atenção da concessionária de energia, raramente recebendo pintura, sendo

ÁREA DO TERRENO: --

alvo de pichações e tendo boa parte de seus vidros quebrados.

ÁREA CONSTRUÍDA: 2.150m2;

Os fundos da subestação tornaram local de abandono de gatos e

USO ORIGINAL: Subestação Riachuelo

por muitos anos dezenas deles eram vistos por lá ou na calçada.

(desativada em 2004) antiga subestação

Disponível em:

de energia da antiga Light.

<http://www.saopauloantiga.com.br/subestacao-riachuelo/>

NÍVEL DE TOMBAMENTO: CONPRESP HISTÓRICO: Em 1926 a empresa decidiu criar uma nova subestação na Cidade de São Paulo. O local escolhido foi onde

acessado em Mai. 2015 INTERVENÇÃO: AUTORIA: Triptyque

hoje é o encontro da Avenida 23 de Maio com a Rua Santo

DATA DE PROJETO: 2013

Amaro, bem do lado da Praça da Bandeira. Logo depois de ser

DATA DA CONSTRUÇÃO: 2013

inaugurada a unidade passou a ser conhecida como Subestação

ÁREA ACRESCIDA: --

Riachuelo, em alusão a Rua Riachuelo. Na época, não havia a Avenida 23 de maio e a subestação fazia ligação com três ruas:

USO ATUAL: espaço cultural

Riachuelo, Asdrúbal do Nascimento e Santo Amaro. Com a

PROGRAMA ATUAL: galerias, salas de exposição, estúdios de

abertura da Avenida 23 de Maio em 1968, houve muita

gravação, ateliers, escritórios, copa, sanitários, áreas técnicas,

demolição por ali. As casas vizinhas foram todas demolidas,

bilheteria, dividido em 5 pavimentos

deixando o imóvel isolado. Com o tempo, a modificação da

DESCRIÇÃO DA INTERVENÇÃO: O prédio foi inteiramente

Praça da Bandeira em terminal fechado de ônibus fez com que

restaurado. Parte dos elementos não estruturais foram

se reduzisse muito o tráfego de pessoas por ali. O fato da

demolidos para a criação de um térreo livre. Novos espaços de

Avenida 23 de maio ser expressa e movimentada, acabou com a

apoio foram criados a partir de divisórias de vidro e gesso

travessia de pessoas no local, o que passou a ser feito pelas

acartonado. Para os novos espaços a utilização de concreto e elementos metálicos, como a marquise na cobertura, para 76


diferenciar da obra original. O escritório também estruturou e requalificou os sistemas de instalações do prédio, propondo o uso de cisternas e reuso de água. Disponível em: <http://lock.com.br/port/segmento/predial/retrofit/projeto/red -bull-station> acessado em Mai. 2015

Figura 92. Marquise metálica na cobertura do edifício / Fonte: "RedBull Station São Paulo / Triptyque"

Figura 90. Vista interna Red Bull Station / Fonte: "RedBull Station São Paulo / Triptyque"

Figura 93. Vista interna do Red Bull Station / Fonte: "RedBull Station São Paulo / Triptyque"

Figura 91. Detalhe paredes descascadas/ Fonte: "RedBull Station São Paulo / Triptyque

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Figura 94. Subsolo. Espaço expositivo, sala de ensaio de músicos e camarim. / Fonte: "RedBull Station São Paulo / Triptyque" 25 Nov 2013. ArchDaily Brasil. Acessado 7 Mai 2015<http://www.archdaily.com.br/155192/redbull-station-sao-paulo-triptyque> (editado pela autora)

Figura 95. Térreo Red Bull Station. / Fonte: "RedBull Station São Paulo / Triptyque" 25 Nov 2013. ArchDaily Brasil. Acessado 7 Mai 2015<http://www.archdaily.com.br/155192/redbull-station-sao-paulo-triptyque> (editado pela autora)

78


Figura 96. Mezanino. Escrit처rios / Fonte: "RedBull Station S찾o Paulo / Triptyque"

Figura 97. Pavimento Superior / Fonte: "RedBull Station S찾o Paulo / Triptyque"

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De um lado do térreo, encontra-se a galeria principal, uma sala monumental que recebe exposições de todas as formas de artes visuais, performances e shows. Do outro lado, uma grande forma de concreto armado, cuidadosamente esculpida e lapidada para receber os estúdios de gravação de música. (Archdaily) Seis ateliers, criados para o projeto Residência Artística estão no pavimento superior. Em volta dos ateliers individuais, encontra-se o grande atelier coletivo para workshops e palestras, e a Galeria Transitória onde os trabalhos serão expostos temporariamente durante o processo de criação e maturação. Juntos, todos esses espaços transformarão o Red Bull Station em um difusor de arte e cultura. (Archdaily) Figura 98. Corte transversal / Fonte: "RedBull Station São Paulo / Triptyque"

Figura 99. Corte Longitudinal / Fonte: "RedBull Station São Paulo / Triptyque"

80



o sobrado estudos sobre o lote

Figura 81. Mapa desenvolvido pela autora


83


A GRANJA

Figura 101. Vias principais de acesso / Fonte: Google Maps (editado pela autora)

- PRINCIPAIS VIAS DE ACESSO: 1. Via Anchieta, Km 18 2. Av. Kennedy 3. Av. Lucas Nogueira Garcês 4. Av. Vergueiro

- MOBILIDADE E TRANSPORTE 152DV1 – SBC (TERM. ROD.)- TERM. SACOMÃ 218EX2 – SBC (ROD.) –S.P (CIDADE UNIVERSITÁRIA) 287 – STO. ANDRÉ (TERM.)- DIADEMA 287PIR – STO. ANDRÉ (TERM.)- DIADEMA (TERM. PIRAPORINHA) 288 – SBC (TERM. ROD.) - DIADEMA 288PIR – SBC (TERM. ROD.)- DIADEMA (TERM. PIRAPORINHA) 359 – SBC (PAÇO MUNICIPAL)- S.P (SAÚDE)

Figura 102. Mapa de localização. Estúdios Vera Cruz em Vermelho / Fonte: Google Maps (editado pela autora)

84


Figura 103. Cidade das Crianças (4)

Figura 106. Shopping Metrópole (7)

Figura 107. Ginásio Poliesportivo (1) Figura 104. Faculdade de Direito de São Bernardo do Campo (5)

Figura 105. Golden Square Shopping Center (3)

Figura 108. Paróquia Santíssima Virgem(6)

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FACHADAS E ENTORNO

Figura 109. Escola Estadual Wallace Simonsen / Fonte: Google Maps

Figura 112. Vista da Rua Banda, lateral do pavilhão. A rua só apresenta grande movimentação nos horários de entrada e saída da escola/ Fonte: Google Maps

Figura 110. Vista Rua Banda, lateral do pavilhão / Fonte: Google Maps

Figura 113. Vista do pavilhão pela Av. Lucas Nogueira Garcês / Fonte: Google Maps

Figura 111. Vista do acesso aos pavilhões. A Av. Lucas é uma das mais movimentadas de São Bernardo / Fonte: Google Maps

Figura 114. Vista da esquina do lote. Av. Lucas Nogueira Garcês com a Rua Banda / Fonte: Google Maps

86


O EDIFÍCIO

A Companhia Vera Cruz era formada por um conjunto de sete pavilhões e áreas de apoio, divididos pelo terreno. No pavilhão

maior,

e

principal

aconteciam

as

principais

gravações. O galpão é dividido ao meio, podendo ser utilizado para duas finalidades ao mesmo tempo. A altura dos pavilhões é de 14 metros. A maior parte dos pavilhões foi demolida com o passar do tempo, restando apenas o pavilhão principal e o pavilhão arredondado.

Figura 115. Planta de situação dos galpões / Fonte: editado pela autora

Figura 116. Vista aérea do Conjunto Vera Cruz / Fonte: MARTINELLI, 2003

Figura 117. Vista lateral do Pavilhão / Fonte: Acervo e Pesquisa de São Bernardo

Parte do pavilhão principal, onde se encontravam as áreas de apoio do pavilhão, localizadas no contorno do edifício também foram demolidas na década de 80, deixando somente a estrutura.

Figura 118. Vista do pavilhão / Fonte: Acervo e Pesquisa de São Bernardo do Campo

87


Figura 119. Vista aérea do conjunto Vera Cruz / Fonte: Acervo e Pesquisa de São Bernardo do Campo

Figura 122. Vista da portaria de acesso aos pavilhões / Fonte: Acervo e Pesquisa de São Bernardo do Campo

Figura 120. Interior do pavilhão redondo / Fonte: Acervo e Pesquisa de São Bernardo do Campo

Figura 123. Vista aérea do conjunto Vera Cruz após intervenção do escritório Brasil Arquitetura / Fonte: Acervo e Pesquisa de São Bernardo do Campo

Figura 121. Interior do pavilhão principal / Fonte: Acervo da autora

Figura 124. Detalhe da estrutura da cobertura., feita de madeira / Fonte: Acervo da autora

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Figura 125. Interior pavilhão principal / Fonte: Acervo da autora

Figura 128. Interior pavilhão principal / Fonte: Acervo da autora

Figura 126. Lateral pavilhão principal / Fonte: Acervo da autora

Figura 129. Frente Pavilhão principal (acesso) / Fonte: Acervo da autora

Figura 127. Detalhe estrutura externa / Fonte: Acervo da autora

Figura 130. Detalhe estrutura externa que não foi demolida / Fonte: Acervo da autora

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LEGISLAÇÃO

A taxa de ocupação da área é de 70% e o Coeficiente de aproveitamento básico de 1,5. Devido o tamanho do lote, com área de 48.900,00m², o recuo lateral e de fundo deverá ser de

Segundo o Projeto de Lei nº 39/2012. Dispõe sobre o

12 metros.

parcelamento, o uso e a ocupação do solo em todo o território do município de São Bernardo do Campo, e dá outras providências. De acordo com a lei de uso e ocupação do solo do município, o lote encontra-se na ZUD 1 (Zona de Uso Diversificado 1), estão previstos usos residenciais e não residenciais, distribuídos por nível de incomodidade, segundo a hierarquia viária constante do mapa 3: Hierarquia Viária.

GABARITO Figura 131. Detalhe mapa de zoneamento / Fonte: http://www.saober nardo.sp.gov.br/pla no-diretor (editado pela autora)

Segundo análise de gabarito, é possível ver no mapa que o entorno da área estudada possui gabarito predominante de 6 metros, sendo a maioria construções de dois pavimentos.

90


Figura 132. Mapa de gabaritos / Fonte: desenhado pela autora

91


USO E OCUPAÇÃO

MAPA DE VIAS

A área tem predominância residencial, principalmente na Rua Tasman. A Rua Java apresenta grande movimentação nos horários de entrada e saída da Faculdade de Direito, já a Rua Banda tem, apesar de apresentar uso misto, pouco movimento. Ao longo da Av. Lucas Nogueira Garcês a predominância é de uso comercial e de serviços, a mesma conecta quem chega de São Paulo pela Via Anchieta ao Centro de São Bernardo, e possui pontos de ônibus em todo o seu trajeto.

Figura 134. Mapa de vias. / Fonte: desenhado pela autora

Av. Lucas Nogueira Garcês – Arterial 1 Rua Tasman - Coletora Rua Java - Coletora Rua Banda – Coletors

Figura 135. Detalhe mapa de hierarquia viária / Fonte: http://www.saobern ardo.sp.gov.br/plano -diretor (editado pela autora) Figura 133. Mapa de usos. / Fonte: desenhado pela autora

MEMORIAL 92



estranho encontro projeto

Figura 136. Detalhe do projeto. / Fonte: autora


95


O projeto fundamenta-se na criação de espaços que

PROGRAMA

conformarão um Centro de Formação de Audiovisual e Cultural,

Atualmente o acesso aos pavilhões é realizado apenas

dividido em dois setores. O primeiro, cultural, se forma através

pela portaria principal, localizada na Av. Lucas Nogueira Garcês.

da requalificação dos antigos estúdios de gravação. O pavilhão

A parte do fundo fica restrita o acesso, fechado por uma grade,

A, dividido em dois carrega, de um lado, o programa de um

e é utilizado como estacionamento para a Cidade das Crianças.

teatro para 400 pessoas, e do outro, uma área de convívio, onde podem acontecer exposições efêmeras e dar continuidade às feiras já conhecidas na região. O pavilhão B dá vida a um museu sobre a história do cinema brasileiro e da antiga Companhia Cinematográfica Vera Cruz. Neste, um edifício de apoio é acrescido para dar suporte ao museu. O terceiro pavilhão, C, abrigará as salas de cinema.

Os pavilhões se encontram em uma localização privilegiada de São Bernardo do Campo, em uma das principais vias de acesso da cidade e próxima a Rodovia Anchieta. O acesso por transporte público também é facilitado pelo número de linhas de ônibus que passam por ali e a linha de trólebus que liga São Bernardo do Campo a São Paulo pelo bairro Jabaquara.

Os pavilhões A e B são tombados, e todas as alterações seguem a legislação de patrimônio do COMPAHC, órgão de proteção do patrimônio do município de São Bernardo do Campo.

PRIMEIROS ESTUDOS STUDOS D INT RV NÇÃO: Possíveis acessos

O segundo setor é o educacional, localizado no novo edifício.

ste será locado na área onde hoje é um

estacionamento restrito para a Cidade das Crianças. A intenção é criar um espaço que conte a história local e que também possa ser usado para construir e reproduzir novas memórias. O projeto se dá a partir de um eixo que vai de uma ponta a outra do terreno e é segmentado por sub-eixos. ntre o edifício educacional e o pavilhão C, se configura uma praça onde se localiza um cinema ao ar livre, a projeção é feita no edifício

Figura 137. Mapa de acessos. Sem escala / Fonte: autora

educacional.

A – Acesso às feiras e ao museu (Av. Lucas Nogueira Garcês) B – acesso à escola técnica e ao prédio novo / estacionamento coberto (R. Tasman) C – acesso de funcionários, carga/descarga (R. Banda )

96


Incidência solar

Figura 138. Mapa de Fluxos. Sem escala / Fonte: autora

Figura 141. studo de insolação. Primeira imagem fachada sul. Segunda imagem fachada oeste / Fonte: autora.

studo de volumetria

Figura 139. Programa de bolhas, localização do novo prédio / Fonte: autora.

Figura 142. Primeiros estudos de volumetria. / Fonte: autora.

Figura 140. Croqui de estudo de localização do novo edifício / Fonte: autora.

97


STUDO D PROGRAMA

Figura 143. studo de programa e รกreas / Fonte: autora

98


Figura 144. Croqui de estudos de áreas. / Fonte: autora.

Figuras 147 e 148. Croqui área cinema aberto. / Fonte: autora.

Figura 145. Croqui de estudo. Volumetria e espaços / Fonte: autora.

Figuras 149. Croqui de estudo estrutural do edifício novo com pórticos e eixos no Figura 146. Croqui de possível intervenção no pavilhão B / Fonte: autora.

pavilhão A./ Fonte: autora.

99


O edifício novo conforma um Centro de Formação de Audiovisual. Para a dimensão dos estúdios de fotografia e gravação, foi utilizado como referência os estúdios do Centro Universitário Senac, em Santo Amaro - SP (Figuras 150, 151 e 152). Com pé direito duplo e treliça de apoio como nas imagens de exemplo. Ainda apresentam salas de apoio e edição de filmagem.

Figura 153. Planta de acessos e usos./ Fonte: autora.

O novo projeto terá acesso por todas as ruas, sendo o principal pela Av. Lucas Noguira Garcês, atual acesso. O acesso de veículos será restrito, podendo ser feito apenas pelas ruas Figuras 150, 151 e 152. Fotos dos estúdios de gravação do Centro Universitário Senac. / Fonte: acervo da autora

Banda e Tasman, e pela Av. Lucas Nogueira Garcês para carga e descarga fora do horário de funcionamento do uso cultural. Os usos foram divididos em duas partes, a educacional, em azul, e a cultural, em rosa, como mostra a figura 153. Entre os dois encontra-se o cinema aberto, que é projetado na fachada do edifício educacional, entre os pórticos. Para este, é usado como referência o edifício New World Centre (Figuras 154 e 155), em Miami, do arquiteto Frank Gehry (2011). A obra do arquiteto desconstrutivo, apesar de não parecer, apresenta as famosas dobras projetadas na maioria de seus edifícios. O prédio, uma caixa retangular, apresenta uma grande fachada de vidro, de onde é possível ver as formas orgânicas, pelas quais o arquiteto é conhecido, encontradas dentro do edifício.

100


Figura 154. difício New World Centre, a fachada cega é utilizada para fazer projeção dos

concertos

que

acontecem

no

interior

do

prédio.

/

Fonte:

http://miamiphotographer.photoshelter.com/image/I0000aR22eenwDCc Figura 156. Planta de Fluxos./ Fonte: autora.

A distribuição do programa se dá a partir do eixo principal, visto na figura 156, que passa pelos edifícios dando um ar de continuidade e fluição, chamando e acolhendo o pedestre para dentro do prédio. Este se abre quando chega ao Pavilhão A, local de convivência e onde as feiras, famosas na região, utilizarão o espaço para continuarem acontecendo. Os outros fluxos se dão a partir do eixo principal e das entradas do lote. Figura 155. Projeção de imagens na fachada do edifício New World Centre. / Fonte: Fernanda Britto. " New World Center / Frank Gehry"

Além da divisão em educacional e cultural, o projeto apresenta a divisão de área de convívio e leito carroçável, como pode ser visto na figura 138. O projeto tenta ainda preservar e aumentar a área verde do lote (Figura 139).

101


A parte estrutural do edifício é feita por pórticos de concreto como no MASP (Figuras 159 e 160), vigas e lajes protendidas para que o térreo possa ser livre de pilares.

Figura Figura 157. Divisão de leito carroçável e área de convívio./ Fonte: autora.

Projeto

estrutural

do

Masp,

Lina

Bo

Bardi

/

Fonte:

/

Fonte:

https://miliauskasarquitetura.wordpress.com/2011/07/07/masp/

Figura Figura 158. Concentração de área verde./ Fonte: autora.

159.

160.

Foto

da

Construção

do

Masp,

Lina

Bo

Bardi

https://miliauskasarquitetura.wordpress.com/2011/07/07/masp/

No pavilhão A, parte da fachada é demolida, como na cinemateca

brasileira

(figura

161)

permitindo

melhor

visibilidade de dentro do pavilhão. Parte da fachada é fechada com vidro e portas são abertas para permitir o passeio pelo local.

102


Figura 161. Detalhe da fachada da Cinemateca Brasileira, projeto de Retrofit de Nelson Dupré./ Fonte: http://wwwo.metalica.com.br/retrofit-entre-o-antigo-e-onovo.

O Pavilhão A é dividido em duas partes, a área de convívio e feiras e a área do teatro, este com referências ao teatro rótides de Campo em Piracicaba (ver no capítulo ‘Osso, Amor e Papagaios’), projeto de retrofit do escritório Brasil Arquitetura.

As pranchas com o desenvolvimento das plantas, cortes e elevações estão em anexo.

103


CONSIDERAÇÕES FINAIS

desenvolvimento do projeto

arquitetônico proposto para o

local. O projeto foi pensado para trazer de volta as memórias de uma construção já existente e muito importante que faz parte da história da cidade de São Bernardo do campo. Além de também proporcionar a construção de novas memórias para que esse patrimônio nunca seja esquecido e poder interferir na relação social atual. O projeto ainda engloba a importância do ambiente de uso comunitário, valorizando o convívio do olho no olho, que se perdeu com o avanço da tecnologia e das mídias, utilizando as praças e os usos culturais como estímulo a este convívio. m tempos de grande avanço tecnológico, a proposta é trazer o convívio social de volta, contudo usando da tecnologia do cinema e da arquitetura para aproximar as pessoas e criar novas memórias no espaço planejado. O visual, hoje em dia, é o que chama a atenção de leigos no assunto e de amantes da arte, sendo muito gratificante poder trabalhar com a arquitetura e poder expressar memórias e sentimentos já vividos e que ainda vão ser vivenciados de uma cidade tão importante como São Bernardo do campo. As reflexões feitas durante o desenvolvimento do trabalho provam que a arquitetura e o cinema se relacionam desde muito cedo, e um interfere no outro de acordo com o desenvolvimento de cada época, mas a discussão sobre o assunto, apesar de atualmente estar aumentando, ainda é muito escassa, devido a pouca produção bibliográfica sobre o tema. A discussão entre o cinema e a arquitetura é muito mais ampla do que a apresentada neste trabalho, podendo haver novos estudos a partir do mesmo futuramente e um melhor

104


-

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107


Runner"] 09 May 2014. ArchDaily Brasil. (Trad. Sbeghen Ghisleni, Camila)

LISTA DE FIGURAS

Acessado 9 Mai 2015. http://www.archdaily.com.br/br/601530/cinema-earquitetura-blade-runner ................................................................. 27 Figura 1. Detalhe da construção dos estúdios. fonte: Vera Cruz. Imagens e História do Cinema Brasileiro..............................................................10 Figura 2. Cena do filme ‘A chegada do trem na estação’ dos irmãos Lumière. Disponível em: <http://mport.ua/mix/1583739-Leto--more--kino--5-samyhinteresnyh-fil-mov-Odesskogokinofestivalja...................................................................................16 Figura 3. Imagem do Cinetoscópio./ Fonte:

Figura 12. Cena do filme ‘Gabinete do Doutor Caligari’ de Robert Weine / Fonte: Victor Delaqua. "Cinema e Arquitetura: "O Gabinete do Doutor Caligari""16 May 2013. ArchDaily Brasil. Acessado 17 Mai 2015. http://www.archdaily.com.br/87650/cinema-e-arquitetura-o-gabinete-dodoutor-caligari ................................................................................ 27 Figura

13. Cena

do

filme ‘Metrópolis’

de Fritz

Lang / Fonte:

www.caupa.gov.br/?p=4548 ............................................................. 27

Https://mariaeusebio12av1.wordpress. com/historia/brinquedosopticos/cinetoscopio/...................................................................................19

Figura 14. Cidade de Buenos Aires, exibida no filme Medianeras./ Fonte: José Tomás Franco. "Cinema e Arquitetura: "Medianeras"" [Cine y Arquitectura:

Figura

4.

Cinematógrafo

de

Louis

e

August

Lumière./

"Medianeras" ................................................................................28

Fonte:http://www.biografiasyvidas.com/monografia/lumiere/fotos2.htm....... Figura 15. Cena do filme Medianeras / Fonte: José Tomás Franco. "Cinema e

.....................................................................................................19

Arquitetura: "Medianeras"" [Cine y Arquitectura: "Medianeras" .............. 28 Figura 5 e 6. Cenas dos filmes ‘Nem Sansão nem Dalila’ e ‘Grande Otelo’. Clássicos do cinema brasileiro. Fonte: http://pipocamoderna.virgula.uol.com.br/carlos-manga-reencontra-aschanchadas/89400 .......................................................................... 20 Figura 7. Cena do filme ‘Metrópolis’ de Fritz Lang / Fonte: www.caupa.gov.br/?p=4548 .......................................................................22 Figura 8. Cine UFA Palácio, projeto do arquiteto Rino Levi. Disponível em: < http://salasdecinemadesp2.blogspot.com.br/2008/06/ufa-palace-so-paulo-

Figura 9. Cena do filme ‘A Origem/ Fonte: Altamirano, Rafael. "Cinema e Arquitetura: "A Origem""[Cine y Arquitectura: "Inception"] 11 Jul 2014. 9 Mai 2015.

http://www.archdaily.com.br/br/623842/cinema-e-arquitetura-a-origem..26 Figura 10. Maquete do filme ‘ O Grande Hotel Budapeste / Fonte: Franco, José Tomás. "Cinema e Arquitetura: "O Grande Hotel Budapeste”” [Cine y Arquitectura: "The Grand Budapest Hotel"] 21 Mar 2014. ArchDaily Brasil. (Trad.

Gabriel

Pedrotti)

Acessado

9

Mai

16.

comportamento

humano

na

era

digital

/

Fonte:

http://www.jornaldemuriae.com.br/site/?p=32167 ...............................29 Figura 17. Cenas do filme ‘H R’ . Vista da cidade pelo apartamento do ator principal / Fonte: INT RIORS Journal. "INT RIORS: Her" [INT RIORS: Her] 10 Mar 2014. ArchDaily Brasil. (Trad. Baratto, Romullo) Acessado 6 Jun 2015. http://www.archdaily.com.br/181968/interiors-her .............................. 29 Figura 18. Theodore leva o IOS para conhecer a cidade/ Fonte: INT RIORS

sp.html> ....................................................................................... 25

ArchDaily Brasil. (Trad. Camilla Sbeghen) Acessado

Figura

2015.

Journal. "INT RIORS: Her" [INT RIORS: Her] 10 Mar 2014. ArchDaily Brasil. (Trad.

Baratto,

Romullo)

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6

Jun

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http://www.archdaily.com.br/184958/cinema-e-arquitetura-the-grand-

sua paixão pela cidade americana através de imagens / Fonte:

budapest-hotel ............................................................................... 26

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Figura 11. Cena do filme ‘Blade Runner. Caçador de Andrógenos. Arquitetura

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da cidade imaginária de San Angeles de Ridley Scott / Fonte: Altamirano,

Figura 21. Cenas do filme ‘Meu Tio’ de Jacques Tati. / Fonte: Joanna Helm.

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Figura

Figura 23. Vista aérea de São Bernardo do Campo. Disponível em google maps .. 32 Figura 24. Vistas da Rua Marechal Deodoro. Centro comercial de São Bernardo

do

Campo

/

Fonte:

http://olharesdadiversidade.blogspot.com.br/2010/12/42-com-cara-de21.html .......................................................................................... 35

do

Campo

/

34.

Cenário

Vista

de

gravação

aérea

da

Cinecitta

Cinecittá

Italia

Italiana

/

/

Fonte:

Fonte:

http://www.absolutitalia.com/estudios-cinecitta-paseo-desde-roma/ Acessado em Mai. 2015 ..................................................................... 42 Figura

35.

Pôster

de

Amácio

Mazzaropi

/

Fonte:

http://g1.globo.com/platb/maquinadeescrever/2010/05/ ....................... 43 Figura 36. Cartazes dos filmes ‘ Tico Tico no Fubá’, Sinhá Moça’ e ‘O

Figura 25. Vistas da Rua Marechal Deodoro. Centro comercial de São Bernardo

33.

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Cangaceiro’, sucessos realizados no Vera Cruz / Fonte: MARTIN LLI, 2003...43 Figura 37. Cartazes dos filmes ‘ Tico Tico no Fubá’, Sinhá Moça’ e ‘O Cangaceiro’, sucessos realizados no Vera Cruz / Fonte: MARTIN LLI, 2003...43

21.html ........................................................................................... 35 Figura 38. Cartazes dos filmes ‘ Tico Tico no Fubá’, Sinhá Moça’ e ‘O Figura 26. Uma das atrações da Cidade das Crianças, o avião / Fonte:

Cangaceiro’, sucessos realizados no Vera Cruz / Fonte: MARTIN LLI, 2003...43

http://www.voovirtual.com/t9083-dc-3-na-cidade-das-criancas-pp-ann .... 36 Figura 39. Matéria do jornal Folha de São Bernardo da década de 80 / Fonte: Figura 27. Vista da piscina onde fica o ‘Submarino Amarelo’, homenagem à música

dos

Beatles,

na

Cidade

das

Crianças

/

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i108772490-Cidade_da_Crianca-

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/

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Vistas

do

antigo

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Figura 30. 38 Figura 31. Fachada do Teatro Brasileiro de Comédia, SP. / Fonte:

43.

Feira

de

Malhas

no

Pavilhão

Vera

Cruz

/

Fonte:

circuito-das-malhas ...........................................................................45 Figura 44. Vista aérea dos Pavilhões Vera Cruz / Fonte: MARTI-NELLI, 2003.......... 46

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Figura 46. Croqui de Lina Bo Bardi. A escada helicoidal era o partido de seu projeto /Fonte: Lina Bo Bardi e outros. Lina Bo Bardi, 2007 .......................56

109


Figura 47. Desenho técnico da escada helicoidal /Fonte: Lina Bo Bardi e

Figura 64. Vista interna dos galpões / Fonte: Igor Fracalossi. "Clássicos da

outros. Lina Bo Bardi, 2007 ................................................................56

Arquitetura: S SC Pompéia / Lina Bo Bardi" 14 Nov 2013. ArchDaily Brasil. 66

Figura 48. levação lateral do Pavilhão A /Fonte: Lina Bo Bardi e outros. Lina

Figura 65. Lago artificial dentro do conjunto / Fonte: Fonte: Igor Fracalossi.

Bo Bardi, 2007 ................................................................................. 56

"Clássicos da Arquitetura: S SC Pompéia .............................................. 66

Figura 49. Implantação com proposta de intervenção /Fonte: Lina Bo Bardi e

Figura 66. Vista dos edifícios Sesc Pompeia / Fonte: Fonte: Igor Fracalossi.

outros. Lina Bo Bardi, 2007. ............................................................... 56

"Clássicos da Arquitetura: S SC Pompéia .............................................. 66

Figura 50. Planta Térrea com intervenção / Fonte: NAHAS, Patrícia. 2008 ..57

Figura 67. Vista antiga fábrica Sesc Pompeia Fonte: Igor Fracalossi. "Clássicos

Figura 51. Planta Superior com intervenção / Fonte: NAHAS, Patrícia. 2008 .......................................................................................................57

da Arquitetura: S SC Pompéia............................................................ 66 Figura 68. Assentos do teatro / Fonte: Fonte: Igor Fracalossi. "Clássicos da

Figura 52. Desenho perspectiva do Centro Cultura + stúdios / Fonte: NAHAS, Patrícia. 2008 ................................................................................. 58

Arquitetura: S SC Pompéia ................................................................ 66 Figura 69. Fachadas fábrica Pompeia / Fonte: Igor Fracalossi. "Clássicos da

Figura 53. Planta do Conjunto Vera Cruz com proposta de demolição / Fonte:

Arquitetura: S SC Pompéia / Lina Bo Bardi" 14 Nov 2013. ArchDaily Brasil. http://www.archdaily.com.br/153205/classico-da-arquitetura-sesc-pompeia-

NAHAS, Patrícia. 2008 ....................................................................... 59

lina-bo-bardi ................................................................................... 67 Figura 54. Implantação com proposta de intervenção (editado pela autora) / Figura 70. Planta Geral Sesc Pompeia/ Fonte: Igor Fracalossi. "Clássicos da

Fonte: NAHAS, Patrícia. 2008 ............................................................. 59

Arquitetura: S SC Pompéia / Lina Bo Bardi" 14 Nov 2013. ArchDaily Brasil. Figura 55. Planta térrea e subsolo do Centro Cultural / Fonte: NAHAS, Patrícia. 2008 .................................................................................. 60

pompeia-lina-bo-bardi> (editada pela autora) ....................................... 67

Figura 56. Planta térrea e subsolo do Centro Cultural / Fonte: NAHAS, Patrícia. 2008 .................................................................................. 60

Figura 58. Porta de acesso às salas de aula e auditório. Instituto Criar / Fonte: acervo da autora .............................................................................. 63

Diferença de materiais. / Fonte: acervo da autora ..................................... 63 Figura 60. Corredor principal de ligação das salas de aula e espaço de encontro / Fonte: acervo da autora..................................................... 63 Corte

BB

do

Instituto

Criar

/

Figura

71.

Fachada

dos

galpões

/

Fonte:

Fonte:

http://oksman.com.br/Instituto-Criar.................................................. 63 Figura 62. Plantas térreo e pavimento superior do Instituto Criar (editado pela autora) / Fonte:http://oksman.com.br/Instituto-Criar...................... 64 Figura 63. Vão e detalhe da cobertura Sesc Pompeia/ Fonte: Igor Fracalossi.

72.

Teatro,

Cinemateca

Brasileira

/

Fonte:

http://www.duprearquitetura.com.br/cinemateca.htm .......................... 69 Figura

Figura 59. spaço entre a fachada original e a nova divisão das sala de aula.

61.

Figura

http://www.duprearquitetura.com.br/cinemateca.htm ............................69

Figura 57. Vista dos galpões Instituto Criar / Fonte: acervo da autora 63

Figura

<http://www.archdaily.com.br/153205/classico-da-arquitetura-sesc-

73.

Detalhe

da

intervenção

/

Fonte:

http://www.duprearquitetura.com.br/cinemateca.htm ............................ 69 Figura

74.

obertura

de

ligação

(Retrofit)

/

Fonte:

http://www.duprearquitetura.com.br/cinemateca.htm ............................ 69 Figura

75.

Detalhe

do

piso

coberto

em

vidro

/

Fonte:

http://www.duprearquitetura.com.br/cinemateca.htm ........................... 69 Figura

76.

Detalhe

das

tesouras

/

Fonte:

http://www.duprearquitetura.com.br/cinemateca.htm ...........................69 Figura 77. Vista da praça seca / Fonte: Gica Fernandes. "Museu da Memória / studio America"............................................................................... 71

"Clássicos da Arquitetura: S SC Pompéia ..............................................66

110


Figura 78. Detalhe fachada a noite / Fonte: Gica Fernandes. "Museu da

Figura 92. Marquise metálica na cobertura do edifício / Fonte: "RedBull

Memória / studio America" .............................................................. 71

Station São Paulo / Triptyque" 25 Nov 2013. ArchDaily Brasil. Acessado 7 Mai

Figura 79. Interior do edifício, exposição / Fonte: Gica Fernandes. "Museu da

2015<http://www.archdaily.com.br/155192/redbull-station-sao-paulotriptyque> ....................................................................................... 77

Memória / studio America" .............................................................. 71 Figura 80. Diagramas / Fonte: Gica Fernandes. "Museu da Memória / studio

Figura 93. Vista interna do Red Bull Station / Fonte: "RedBull Station São Paulo / Triptyque"

America" .......................................................................................... 71

25 Nov 2013. ArchDaily Brasil. Acessado 7 Mai

2015<http://www.archdaily.com.br/155192/redbull-station-sao-pauloFigura 81. Corte / Fonte: Gica Fernandes. "Museu da Memória / studio

triptyque> ........................................................................................77

America" ........................................................................................ 71 Figura 94. Subsolo. spaço expositivo, sala de ensaio de músicos e camarim. / Figura 82. lantas / Fonte: Gica Fernandes. "Museu da Memória / studio America" ......................................................................................... 71

Acessado 7 Mai 2015<http://www.archdaily.com.br/155192/redbull-station-

Figura 83. Vista do teatro após intervenção, abertura para a praça / Fonte: D LAQUA, Victor. "Teatro

Fonte: "RedBull Station São Paulo / Triptyque" 25 Nov 2013. ArchDaily Brasil.

rotídes de Campos - ngenho Central / Brasil

Arquitetura" ...................................................................................... 74

sao-paulo-triptyque> (editado pela autora) ............................................ 78 Figura 95. Térreo Red Bull Station. / Fonte: "RedBull Station São Paulo / Triptyque"

25

Nov

2013.

ArchDaily

Brasil.

Acessado

7

Figura 84. Assentos do teatro / Fonte: D LAQUA, Victor. "Teatro rotídes de

2015<http://www.archdaily.com.br/155192/redbull-station-sao-paulo-

Campos - ngenho Central / Brasil Arquitetura" ......................................... 74

triptyque> (editado pela autora) ............................................................78

Figura 85. Foyer do teatro após intervenção / Fonte: D LAQUA, Victor.

Figura 96. Mezanino.

"Teatro rotídes de Campos - ngenho Central / Brasil Arquitetura" ........... 74

Triptyque"

Figura 86. Croquis do interior do teatro / Fonte: D LAQUA, Victor. "Teatro rotídes de Campos - ngenho Central / Brasil Arquitetura" ....................... 74 Figura 87. Croquis do interior do teatro / Fonte: D LAQUA, Victor. "Teatro rotídes de Campos - ngenho Central / Brasil Arquitetura" ...................... 74

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Nov

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scritórios / Fonte: "RedBull Station São Paulo / 2013.

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Acessado

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2015<http://www.archdaily.com.br/155192/redbull-station-sao-paulotriptyque> (editado pela autora) ......................................................... 79 Figura 97. Pavimento Superior / Fonte: "RedBull Station São Paulo / Triptyque"

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Acessado

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Mai

2015<http://www.archdaily.com.br/155192/redbull-station-sao-pauloFigura 88. Plantas teatro / Fonte: D LAQUA, Victor. "Teatro rotídes de

triptyque> (editado pela autora) ......................................................... 79

Campos - ngenho Central / Brasil Arquitetura" ...................................... 75 Figura 98. Corte transversal / Fonte: "RedBull Station São Paulo / Triptyque" Figura 89. Plantas teatro / Fonte: D LAQUA, Victor. "Teatro rotídes de Campos - ngenho Central / Brasil Arquitetura" .......................................75 Figura 90. Vista interna Red Bull Station / Fonte: "RedBull Station São Paulo / Triptyque"

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Nov

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7

2013.

ArchDaily

Brasil.

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Mai

triptyque ............................................................................................80 Figura 99. Corte Longitudinal / Fonte: "RedBull Station São Paulo / Triptyque" Nov

2013.

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Brasil.

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Mai

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Figura 91. Detalhe paredes descascadas/ Fonte: "RedBull Station São Paulo 25

Nov

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25

triptyque> .......................................................................................... 77

Triptyque

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triptyque .............................................................................................80 Figura 100. Mapa montado pela autora ...................................................... 82

2015<http://www.archdaily.com.br/155192/redbull-station-sao-paulotriptyque> ..........................................................................................77

Figura 101. Vias principais de acesso / Fonte: Google Maps (editado pela autora) ...........................................................................................84 111


Figura 102. Mapa de localização. stúdios Vera Cruz em Vermelho / Fonte:

Figura 123. Vista aérea do conjunto Vera Cruz após intervenção do escritório

Google Maps (editado pela autora) ..................................................... 84

Brasil Arquitetura / Fonte: Acervo e Pesquisa de São Bernardo do Campo .. 88

Figura 103. Cidade das Crianças (4) ..................................................... 85

Figura 124. Detalhe da estrutura da cobertura., feita de madeira / Fonte:

Figura 104. Faculdade de Direito de São Bernardo do Campo (5) .............. 85 Figura 105. Golden Square Shopping Center (3) ...................................... 85 Figura 106. Shopping Metrópole (7) ......................................................85 Figura 107. Ginásio Poliesportivo (1) .................................................... 85 Figura 108. Paróquia Santíssima Virgem(6) ........................................... 85 Figura 109. scola stadual Wallace Simonsen / Fonte: Google Maps ........86 Figura 110. Vista Rua Banda, lateral do pavilhão / Fonte: Google Maps .....86

Acervo da autora ...............................................................................88 Figura 125. Interior pavilhão principal / Fonte: Acervo da autora ...............89 Figura 126. Lateral pavilhão principal / Fonte: Acervo da autora ............... 89 Figura 127. Detalhe estrutura externa / Fonte: Acervo da autora ..............89 Figura 128. Interior pavilhão principal / Fonte: Acervo da autora.............. 89 Figura 129. Frente Pavilhão principal (acesso) / Fonte: Acervo da autora... 89 Figura 130. Detalhe estrutura externa que não foi demolida / Fonte: Acervo da autora ....................................................................................... 89

Figura 111. Vista do acesso aos pavilhões. A Av. Lucas é uma das mais movimentadas de São Bernardo / Fonte: Google Maps ...........................86

Figura

131.

Detalhe

mapa

de

zoneamento

/

Fonte:

http://www.saobernardo.sp.gov.br/plano-diretor (editado pela autora) .... 90 Figura 112. Vista da Rua Banda, lateral do pavilhão. A rua só apresenta grande movimentação nos horários de entrada e saída da escola/ Fonte:

Figura 132. Mapa de gabaritos / Fonte: desenhado pela autora ................ 91

Google Maps ..................................................................................86

Figura 133. Mapa de usos. / Fonte: desenhado pela autora .....................92

Figura 113. Vista do pavilhão pela Av. Lucas Nogueira Garcês / Fonte: Google

Figura 134. Mapa de vias. / Fonte: desenhado pela autor ....................... 92

Maps .............................................................................................86 Figura 114. Vista da esquina do lote. Av. Lucas Nogueira Garcês com a Rua Banda / Fonte: Google Maps............................................................... 86

Figura

135.

Detalhe

mapa

de

hierarquia

viária

/

Fonte:

http://www.saobernardo.sp.gov.br/plano-diretor (editado pela autora) ...92 Figura 136. Detalhe do projeto. / Fonte: autora ...............................................93

Figura 115. Planta de situação dos galpões / Fonte: editado pela autora .... 87

Figura 137. Mapa de acessos. Sem escala / Fonte: autora .......................... 96

Figura 116. Vista aérea do Conjunto Vera Cruz / Fonte: MARTIN LLI, 2003 87

Figura 138. Mapa de Fluxos. Sem escala / Fonte: autora ......................... 97

Figura 117. Vista lateral do Pavilhão / Fonte: Acervo e Pesquisa de São

Figura 139. Programa de bolhas, localização do novo prédio / Fonte: autora ........................................................................................................................97

Bernardo ......................................................................................... 87 Figura 118. Vista do pavilhão / Fonte: Acervo e Pesquisa de São Bernardo do Campo ........................................................................................... 87 Figura 119. Vista aérea do conjunto Vera Cruz / Fonte: Acervo e Pesquisa de São Bernardo do Campo .....................................................................88 Figura 120. Interior do pavilhão redondo / Fonte: Acervo e Pesquisa de São

Figura 140. Croqui de estudo de localização do novo edifício / Fonte: autora .......................................................................................................97 Figura 141. studo de insolação. Primeira imagem fachada sul. Segunda imagem fachada oeste / Fonte: autora...................................................97 Figura 142. Primeiros estudos de volumetria. / Fonte: autora. .................97

Bernardo do Campo ......................................................................... 88

Figura 143. studo de programa e áreas / Fonte: autora .........................98

Figura 121. Interior do pavilhão principal / Fonte: Acervo da autora .......... 88

Figura 144. Croqui de estudos de áreas. / Fonte: autora....................... 99

Figura 122. Vista da portaria de acesso aos pavilhões / Fonte: Acervo e

Figura 145. Croqui de estudo. Volumetria e espaços / Fonte: autora..........99

Pesquisa de São Bernardo do Campo ................................................... 88 112


Figura 146. Croqui de possível intervenção no pavilhão B / Fonte: autora. ..99 Figura 147. Croqui área cinema aberto. / Fonte: autora............................99 Figura 148. Croqui área cinema aberto. / Fonte: autora...........................99 Figura 149. Croqui de estudo estrutural do edifício novo com pórticos e eixos no pavilhão A./ Fonte: autora. ............................................................99 Figura 150. Fotos dos estúdios de gravação do Centro Universitário Senac. / Fonte: acervo da autora ...................................................................100 Figura 151. Fotos dos estúdios de gravação do Centro Universitário Senac. / Fonte: acervo da autora ...................................................................100 Figura 152. Fotos dos estúdios de gravação do Centro Universitário Senac. / Fonte: acervo da autora ................................................................... 100 Figura 153. Planta de acessos e usos./ Fonte: autora............................. 100 Figura 154. difício New World Centre, a fachada cega é utilizada para fazer projeção dos concertos que acontecem no interior do prédio. / Fonte: http://miamiphotographer.photoshelter.com/image/I0000aR22eenwDCc ....................................................................................................101 Figura 155. Projeção de imagens na fachada do edifício New World Centre. / Fonte: Fernanda Britto. " New World Center / Frank Gehry" ...................101 Figura 156. Planta de Fluxos./ Fonte: autora. .......................................101 Figura 157. Divisão de leito carroçável e área de convívio./ Fonte: autora. ....................................................................................................102 Figura 158. Concentração de área verde./ Fonte: autora. ......................102 Figura 159. Projeto estrutural do Masp, Lina Bo Bardi / Fonte: https://miliauskasarquitetura.wordpress.com/2011/07/07/masp/ .......... 102 Figura 160.

Foto da Construção do Masp, Lina Bo Bardi / Fonte:

https://miliauskasarquitetura.wordpress.com/2011/07/07/masp/ ..........102 Figura 161. Detalhe da fachada da Cinemateca Brasileira, projeto de Retrofit de Nelson Dupré./ Fonte: http://wwwo.metalica.com.br/retrofit-entre-oantigo-e-o-novo ..............................................................................103

113


LISTA DE ABREVIAÇÕES

IPHAN – Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional COMPAHC - Conselho Municipal do Patrimônio Histórico e Cultural de São Bernardo do Campo CONPR SP - Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da Cidade de São Paulo CUT – Central Única dos Trabalhadores C NFORP – Centro de Formação dos Profissionais da ducação CAV – Centro de Audiovisual T.O. – Taxa de Ocupação C.A. – Coeficiente de Aproveitamento ONG – Organização Não Governamental S SC – Serviço Social do Comércio ZRR – Zona Residencial Restritiva ZUD 1 – Zona de Uso Diversificado 1

114


ANEXOS

ANEXO II - Código de obras

Anexo I CENTRO CULTURAL VERA CRUZ (ANEXO) E-007-078 Área municipal com 46.032,79 m², planta A0-905-A, processo 3.992/91, da qual esta prefeitura possui escritura de transferência do imóvel por extinção da PROSBC, matriculada sob n.º 64.024 na 1ª C.R.I., em 14/06/91, RP 4.007. A Lei Municipal nº 4.542/97 autorizou o Município a celebrar convênio com o Governo do stado de São Paulo, por intermédio da Secretaria de Cultura e da Fundação Padre Anchieta, para implantação e execução do Projeto “Nova Vera Cruz”. Parte desta área (25.734,33 m²) está cedida em permissão de uso à Fundação Padre Anchieta, através do Decreto 12.582/97 (processo 4.088/97 e planta A0-905-C), em conformidade com o acima exposto, sendo que a entidade não se utilizou da área até a presente data. Os diplomas legais supracitados ainda estão em vigor. Através do processo SB 14.540/01, planta A0-1301, foram fornecidos termos para denominar como Centro Cultural Vera Cruz todo o complexo constituído por teatro, cinemas, salas de oficinas, espaços de exposições, etc., bem como especificamente o Teatro Jorge Amado, o Cine Marisa Prado e o Memorial Jordano Martinelli, todos ilustrados na citada planta. A administração, controle e fiscalização das atividades no Conjunto Vera Cruz estão sob responsabilidade do SD T-02, Divisão de Turismo, conforme estabelecido no artigo 29, alíneas XIV, XV e XVI, da Lei Municipal nº 4.473, de 09 de janeiro de 1.997, que criou a Secretaria de Desenvolvimento conômico e Turismo (SD T). O imóvel está localizado em área urbana do Distrito da Sede conforme Lei Municipal 2.435/80; em AUV-1 (Área Urbana de Ocupação Vocacional) e S 1-5 (Setor special de Interesse Institucional) de acordo com a Lei Municipal 4.803/99; C.C. (Corredor Comercial) segundo a Lei Municipal 4.446/96; e fora da área de proteção aos mananciais hídricos. SA.211, em 11 de fevereiro de 2004.

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ANEXO III – Mapas

123


124


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AN XO IV

6) que sejam importadas por emprêsas estrangeiras expressamente para adôrno dos respectivos estabelecimentos.

DECRETO-LEI Nº 25, DE 30 DE NOVEMBRO DE 1937. Organiza a proteção do patrimônio histórico e artístico nacional. O Presidente da República dos Estados Unidos do Brasil, usando da atribuição que lhe confere o art. 180 da Constituição,

Parágrafo único. As obras mencionadas nas alíneas 4 e 5 terão guia de licença para livre trânsito, fornecida pelo Serviço ao Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. CAPÍTULO II DO TOMBAM NTO

DECRETA: CAPÍTULO I DO PATRIMÔNIO HISTÓRICO ARTÍSTICO NACIONAL Art. 1º Constitue o patrimônio histórico e artístico nacional o conjunto dos bens móveis e imóveis existentes no país e cuja conservação seja de interêsse público, quer por sua vinculação a fatos memoráveis da história do Brasil, quer por seu excepcional valor arqueológico ou etnográfico, bibliográfico ou artístico. § 1º Os bens a que se refere o presente artigo só serão considerados parte integrante do patrimônio histórico o artístico nacional, depois de inscritos separada ou agrupadamente num dos quatro Livros do Tombo, de que trata o art. 4º desta lei. § 2º quiparam-se aos bens a que se refere o presente artigo e são também sujeitos a tombamento os monumentos naturais, bem como os sítios e paisagens que importe conservar e proteger pela feição notável com que tenham sido dotados pelo natureza ou agenciados pelo indústria humana. Art. 2º A presente lei se aplica às coisas pertencentes às pessôas naturais, bem como às pessôas jurídicas de direito privado e de direito público interno.

Art. 4º O Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional possuirá quatro Livros do Tombo, nos quais serão inscritas as obras a que se refere o art. 1º desta lei, a saber: 1) no Livro do Tombo Arqueológico, tnográfico e Paisagístico, as coisas pertencentes às categorias de arte arqueológica, etnográfica, ameríndia e popular, e bem assim as mencionadas no § 2º do citado art. 1º. 2) no Livro do Tombo Histórico, as coisas de interêsse histórico e as obras de arte histórica; 3) no Livro do Tombo das Belas Artes, as coisas de arte erudita, nacional ou estrangeira; 4) no Livro do Tombo das Artes Aplicadas, as obras que se incluírem na categoria das artes aplicadas, nacionais ou estrangeiras. § 1º Cada um dos Livros do Tombo poderá ter vários volumes. § 2º Os bens, que se inclúem nas categorias enumeradas nas alíneas 1, 2, 3 e 4 do presente artigo, serão definidos e especificados no regulamento que for expedido para execução da presente lei.

Art. 3º xclúem-se do patrimônio histórico e artístico nacional as obras de orígem estrangeira:

Art. 5º O tombamento dos bens pertencentes à União, aos stados e aos Municípios se fará de ofício, por ordem do diretor do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, mas deverá ser notificado à entidade a quem pertencer, ou sob cuja guarda estiver a coisa tombada, afim de produzir os necessários efeitos.

1) que pertençam às representações diplomáticas ou consulares acreditadas no país;

Art. 6º O tombamento de coisa pertencente à pessôa natural ou à pessôa jurídica de direito privado se fará voluntária ou compulsóriamente.

2) que adornem quaisquer veiculos pertecentes a emprêsas estrangeiras, que façam carreira no país;

Art. 7º Proceder-se-à ao tombamento voluntário sempre que o proprietário o pedir e a coisa se revestir dos requisitos necessários para constituir parte integrante do patrimônio histórico e artístico nacional, a juízo do Conselho Consultivo do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, ou sempre que o mesmo proprietário anuir, por escrito, à notificação, que se lhe fizer, para a inscrição da coisa em qualquer dos Livros do Tombo.

3) que se incluam entre os bens referidos no art. 10 da Introdução do Código Civíl, e que continuam sujeitas à lei pessoal do proprietário; 4) que pertençam a casas de comércio de objetos históricos ou artísticos; 5) que sejam trazidas para exposições comemorativas, educativas ou comerciais:

Art. 8º Proceder-se-á ao tombamento compulsório quando o proprietário se recusar a anuir à inscrição da coisa.

126


Art. 9º O tombamento compulsório se fará de acôrdo com o seguinte processo: 1) o Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, por seu órgão competente, notificará o proprietário para anuir ao tombamento, dentro do prazo de quinze dias, a contar do recebimento da notificação, ou para, si o quisér impugnar, oferecer dentro do mesmo prazo as razões de sua impugnação. 2) no caso de não haver impugnação dentro do prazo assinado. que é fatal, o diretor do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional mandará por símples despacho que se proceda à inscrição da coisa no competente Livro do Tombo. 3) se a impugnação for oferecida dentro do prazo assinado, far-se-á vista da mesma, dentro de outros quinze dias fatais, ao órgão de que houver emanado a iniciativa do tombamento, afim de sustentá-la. m seguida, independentemente de custas, será o processo remetido ao Conselho Consultivo do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, que proferirá decisão a respeito, dentro do prazo de sessenta dias, a contar do seu recebimento. Dessa decisão não caberá recurso.

§ 2º Na hipótese de deslocação de tais bens, deverá o proprietário, dentro do mesmo prazo e sob pena da mesma multa, inscrevê-los no registro do lugar para que tiverem sido deslocados. § 3º A transferência deve ser comunicada pelo adquirente, e a deslocação pelo proprietário, ao Serviço do Patrimônio Histórico e Artistico Nacional, dentro do mesmo prazo e sob a mesma pena. Art. 14. A. coisa tombada não poderá saír do país, senão por curto prazo, sem transferência de domínio e para fim de intercâmbio cultural, a juízo do Conselho Consultivo do Serviço do Patrimônio Histórico e Artistico Nacional. Art. 15. Tentada, a não ser no caso previsto no artigo anterior, a exportação, para fora do país, da coisa tombada, será esta sequestrada pela União ou pelo stado em que se encontrar. § 1º Apurada a responsábilidade do proprietário, ser-lhe-á imposta a multa de cincoenta por cento do valor da coisa, que permanecerá sequestrada em garantia do pagamento, e até que êste se faça. § 2º No caso de reincidência, a multa será elevada ao dôbro.

Art. 10. O tombamento dos bens, a que se refere o art. 6º desta lei, será considerado provisório ou definitivo, conforme esteja o respectivo processo iniciado pela notificação ou concluído pela inscrição dos referidos bens no competente Livro do Tombo.

§ 3º A pessôa que tentar a exportação de coisa tombada, alem de incidir na multa a que se referem os parágrafos anteriores, incorrerá, nas penas cominadas no Código Penal para o crime de contrabando.

Parágrafo único. Para todas os efeitos, salvo a disposição do art. 13 desta lei, o tombamento provisório se equiparará ao definitivo.

Art. 16. No caso de extravio ou furto de qualquer objéto tombado, o respectivo proprietário deverá dar conhecimento do fáto ao Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, dentro do prazo de cinco dias, sob pena de multa de dez por cento sôbre o valor da coisa.

CAPÍTULO III DOS F ITOS DO TOMBAM NTO Art. 11. As coisas tombadas, que pertençam à União, aos stados ou aos Municípios, inalienáveis por natureza, só poderão ser transferidas de uma à outra das referidas entidades. Parágrafo único. Feita a transferência, dela deve o adquirente dar imediato conhecimento ao Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. Art. 12. A alienabilidade das obras históricas ou artísticas tombadas, de propriedade de pessôas naturais ou jurídicas de direito privado sofrerá as restrições constantes da presente lei. Art. 13. O tombamento definitivo dos bens de propriedade partcular será, por iniciativa do órgão competente do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, transcrito para os devidos efeitos em livro a cargo dos oficiais do registro de imóveis e averbado ao lado da transcrição do domínio. § 1º No caso de transferência de propriedade dos bens de que trata êste artigo, deverá o adquirente, dentro do prazo de trinta dias, sob pena de multa de dez por cento sôbre o respectivo valor, fazê-la constar do registro, ainda que se trate de transmissão judicial ou causa mortis.

Art. 17. As coisas tombadas não poderão, em caso nenhum ser destruidas, demolidas ou mutiladas, nem, sem prévia autorização especial do Serviço do Patrimônio Histórico e Artistico Nacional, ser reparadas, pintadas ou restauradas, sob pena de multa de cincoenta por cento do dano causado. Parágrafo único. Tratando-se de bens pertencentes á União, aos stados ou aos municípios, a autoridade responsável pela infração do presente artigo incorrerá pessoalmente na multa. Art. 18. Sem prévia autorização do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, não se poderá, na vizinhança da coisa tombada, fazer construção que lhe impeça ou reduza a visibílidade, nem nela colocar anúncios ou cartazes, sob pena de ser mandada destruir a obra ou retirar o objéto, impondo-se nêste caso a multa de cincoenta por cento do valor do mesmo objéto. Art. 19. O proprietário de coisa tombada, que não dispuzer de recursos para proceder às obras de conservação e reparação que a mesma requerer, levará ao conhecimento do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional a necessidade das mencionadas obras, sob pena de multa correspondente ao dobro da importância em que fôr avaliado o dano sofrido pela mesma coisa.

127


§ 1º Recebida a comunicação, e consideradas necessárias as obras, o diretor do Serviço do Patrimônio Histórico e Artistico Nacional mandará executá-las, a expensas da União, devendo as mesmas ser iniciadas dentro do prazo de seis mezes, ou providenciará para que seja feita a desapropriação da coisa. § 2º À falta de qualquer das providências previstas no parágrafo anterior, poderá o proprietário requerer que seja cancelado o tombamento da coisa. (Vide Lei nº 6.292, de 1975) § 3º Uma vez que verifique haver urgência na realização de obras e conservação ou reparação em qualquer coisa tombada, poderá o Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional tomar a iniciativa de projetá-las e executá-las, a expensas da União, independentemente da comunicação a que alude êste artigo, por parte do proprietário.

notificados judicialmente, não podendo os editais de praça ser expedidos, sob pena de nulidade, antes de feita a notificação. § 5º Aos titulares do direito de preferência assistirá o direito de remissão, se dela não lançarem mão, até a assinatura do auto de arrematação ou até a sentença de adjudicação, as pessôas que, na forma da lei, tiverem a faculdade de remir. § 6º O direito de remissão por parte da União, bem como do stado e do município em que os bens se encontrarem, poderá ser exercido, dentro de cinco dias a partir da assinatura do auto do arrematação ou da sentença de adjudicação, não se podendo extraír a carta, enquanto não se esgotar êste prazo, salvo se o arrematante ou o adjudicante for qualquer dos titulares do direito de preferência. CAPÍTULO V

Art. 20. As coisas tombadas ficam sujeitas à vigilância permanente do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, que poderá inspecionálos sempre que fôr julgado conveniente, não podendo os respectivos proprietários ou responsáveis criar obstáculos à inspeção, sob pena de multa de cem mil réis, elevada ao dôbro em caso de reincidência. Art. 21. Os atentados cometidos contra os bens de que trata o art. 1º desta lei são equiparados aos cometidos contra o patrimônio nacional. CAPÍTULO IV DO DIR ITO D PR F RÊNCIA Art. 22. m face da alienação onerosa de bens tombados, pertencentes a pessôas naturais ou a pessôas jurídicas de direito privado, a União, os stados e os municípios terão, nesta ordem, o direito de preferência. (Vide Lei n º 13.105, de 2015) (Vigência) § 1º Tal alienação não será permitida, sem que prèviamente sejam os bens oferecidos, pelo mesmo preço, à União, bem como ao stado e ao município em que se encontrarem. O proprietário deverá notificar os titulares do direito de preferência a usá-lo, dentro de trinta dias, sob pena de perdê-lo. § 2º É nula alienação realizada com violação do disposto no parágrafo anterior, ficando qualquer dos titulares do direito de preferência habilitado a sequestrar a coisa e a impôr a multa de vinte por cento do seu valor ao transmitente e ao adquirente, que serão por ela solidariamente responsáveis. A nulidade será pronunciada, na forma da lei, pelo juiz que conceder o sequestro, o qual só será levantado depois de paga a multa e se qualquer dos titulares do direito de preferência não tiver adquirido a coisa no prazo de trinta dias. § 3º O direito de preferência não inibe o proprietário de gravar livremente a coisa tombada, de penhor, anticrese ou hipoteca. § 4º Nenhuma venda judicial de bens tombados se poderá realizar sem que, prèviamente, os titulares do direito de preferência sejam disso

DISPOSIÇÕES GERAIS Art. 23. O Poder xecutivo providenciará a realização de acôrdos entre a União e os stados, para melhor coordenação e desenvolvimento das atividades relativas à proteção do patrimônio histórico e artistico nacional e para a uniformização da legislação estadual complementar sôbre o mesmo assunto. Art. 24. A União manterá, para a conservação e a exposição de obras históricas e artísticas de sua propriedade, além do Museu Histórico Nacional e do Museu Nacional de Belas Artes, tantos outros museus nacionais quantos se tornarem necessários, devendo outrossim providênciar no sentido de favorecer a instituição de museus estaduais e municipais, com finalidades similares. Art. 25. O Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional procurará entendimentos com as autoridades eclesiásticas, instituições científicas, históricas ou artísticas e pessôas naturais o jurídicas, com o objetivo de obter a cooperação das mesmas em benefício do patrimônio histórico e artístico nacional. Art. 26. Os negociantes de antiguidades, de obras de arte de qualquer natureza, de manuscritos e livros antigos ou raros são obrigados a um registro especial no Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, cumprindo-lhes outrossim apresentar semestralmente ao mesmo relações completas das coisas históricas e artísticas que possuírem. Art. 27. Sempre que os agentes de leilões tiverem de vender objetos de natureza idêntica à dos mencionados no artigo anterior, deverão apresentar a respectiva relação ao órgão competente do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, sob pena de incidirem na multa de cincoenta por cento sôbre o valor dos objetos vendidos. Art. 28. Nenhum objéto de natureza idêntica à dos referidos no art. 26 desta lei poderá ser posto à venda pelos comerciantes ou agentes de leilões, sem que tenha sido préviamente autenticado pelo Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, ou por perito em que o mesmo se louvar, sob pena de multa de cincoenta por cento sôbre o valor atribuido ao objéto. 128


Parágrafo único. A. autenticação do mencionado objeto será feita mediante o pagamento de uma taxa de peritagem de cinco por cento sôbre o valor da coisa, se êste fôr inferior ou equivalente a um conto de réis, e de mais cinco mil réis por conto de réis ou fração, que exceder.

AN XO V

Art. 29. O titular do direito de preferência gosa de privilégio especial sôbre o valor produzido em praça por bens tombados, quanto ao pagamento de multas impostas em virtude de infrações da presente lei.

L I Nº6222, D 3 D S T MBRO D 2012

Parágrafo único. Só terão prioridade sôbre o privilégio a que se refere êste artigo os créditos inscritos no registro competente, antes do tombamento da coisa pelo Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional.

- PLANO DIRETOR DE SÃO BERNARDO L I Nº 6184, D 21 D D Z MBRO D 2011.

QUADRO 4 RECUOS LATERAIS E DE FUNDOS NAS ZONAS EMPRESARIAIS RESTRITIVAS (ZER)

Art. 30. Revogam-se as disposições em contrário. Rio de Janeiro, 30 de novembro de 1937, 116º da Independência e 49º da República. G TULIO Gustavo Capanema.

Recuos laterais e de fundos Área do terreno

Nas Zonas Empresariais Restritivas (geral)

Em lotes ou glebas nas bordas das ZER 1 e2

superior a 5.000,00 m² e inferior ou igual a 10.000,00 m²

5,00 m (cinco metros)

7,00 m (sete metros)

superior a 10.000,00 m² e inferior ou igual a 20.000,00 m²

8,00 m (oito metros)

10,00 m (dez metros)

área superior a 20.000,00 m²

10,00 m (dez metros)

12,00 m metros)

VARGAS.

(doze

129


AN XO VI -LEGISLAÇÃO PATRIMÔNIO COMPAHC Premissas

de

atuação

COMPAHC:

a) ampliar o conceito de patrimônio para além dos bens de caráter monumental, englobando, também, aqueles que são significativos e representativos

da

memória

dos

diversos

grupos

sociais;

b) considerar que a visão contemporânea de patrimônio cultural engloba, também, os bens naturais, entendidos como objeto de ação cultural; c) levar em conta a relação afetiva da comunidade com os bens, o que implica em reconhecer valor naquilo que se apresenta como o típico dentro dos

diversos

grupos

sociais;

d) reconhecer a pluralidade existente na memória coletiva, composta por diferentes

manifestações

e

relações

dos

grupos

sociais;

e) considerar a importância das manifestações culturais, das técnicas e saberes que compõem o chamado patrimônio imaterial, para o qual cabe uma

atuação

diferenciada

de

tombamento;

f) garantir maior representatividade da sociedade civil nas decisões relativas à proteção do patrimônio, através da ampliação de sua participação nas discussões; g) considerar o patrimônio como um direito social fundamental, definido pela Constituição Brasileira, artigo 216, e que, portanto, implica em interesses coletivos superiores aos interesses individuais e na garantia destes por parte do

Poder

Público;

h) permitir a continuidade no trabalho de preservação, independente de mudanças político-administrativas que possam inviabilizar a garantia desse direito

social

fundamental;

i) promover a realização dos mais diversos meios e estratégias para a preservação, sejam eles: a identificação dos bens e manifestações de valor cultural, a proteção física destes bens através de fiscalização e obras de restauro e conservação, a proteção legal através da implementação de instrumentos legais de proteção destes bens e a divulgação para a garantia efetiva de inserção do patrimônio na vida da cidade.

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