RODRIGO RIBEIRO POBLETE SHUTTLETON
BAIRRO SUSTENTÁVEL: IMPLEMENTANDO EM UM ENTORNO NÃO SUSTENTÁVEL.
Trabalho de conclusão de curso para obtenção do título de Graduação em Arquitetura e Urbanismo, apresentado Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial – SENAC.
SÃO PAULO 2015 RODRIGO RIBEIRO POBLETE SHUTTLETON
BAIRRO SUSTENTÁVEL: IMPLEMENTANDO EM UM ENTORNO NÃO SUSTENTÁVEL. Componentes da Banca Examinadora do Centro Universitário - SENAC
________________________________________________
Ricardo Wagner Alves Martins (Orientador)
_______________________________________________
Valéria Santos Fialho
_______________________________________________
Walter Galvão Média Aprovado em: ______ / ______ / _________
Notas
DEDICATÓRIA Dedico esse trabalho a minha família e amigos, especialmente ao meu pai Daniel Francisco que estará sempre me guiando em bons caminhos, minha mãe Maria Aparecida e minha namorada Ignez Francisca, que sempre estiveram do meu lado e sempre me apoiaram nas minhas escolhas e a Deus que sempre iluminou o meu caminho e meu deu forças para continuar e conquistar mais um objetivo em minha vida.
AGRADECIMENTOS
À Deus, por termos a certeza de que Ele esteve presente em todos os momentos dessa jornada, e nos deu força para continuarmos até nos momentos mais difíceis que passei com o falecimento do meu amado Pai. Aos meus pais Daniel F. P. Shuttleton e Maria Aparecida Cruz Ribeiro, por ser nossa maior fonte de força e perseverança. Ao corpo docente da prestigiada Universidade SENAC, pela sabedoria na orientação e por sua compreensão e auxílio para alcançarmos a primeira de muitas vitórias.
“O Senhor é a minha força e meu escudo; nele o meu coração confia, e dele recebo ajuda. Meu coração exulta de alegria, e com o meu cântico lhe darei graça.” Salmos 28:
RESUMO
O grande objetivo deste trabalho é destacar de forma clara a importância de implantar um bairro sustentável dentro de uma área urbana, onde seu entorno não seja sustentável. Com a principal meta de melhorar a qualidade de vida, fazendo com que este exemplo seja seguido e implantado em outras regiões e principalmente em áreas de media a baixa renda. Foram apresentados alguns projetos já existentes de bairro sustentável e suas características que contribuíram para uma melhor qualidade de vida para seus moradores, porém a maioria dos bairros sustentáveis tem um grande custo para sua compra, assim evitando que pessoa que tenha uma renda baixa não venha a ter oportunidade de residir nestes locais. Com isto irei mostrar conceitos de bairros sustentáveis, e apresentar suas principais características e seus benefícios durante a obra e perspectiva futuras. Os dois processos de certificação que irei me basear será o ÁQUA BAIRROS e o LEED (Leadership in Energy Enviromental Desing for Neighborhood Development) que será apresentado com principal ferramenta para o desenvolvimento sustentável do bairro e seu entorno. O estudo de caso do local que será apresentado aponta algumas restruturações que irei fazer no seu entorno, como realocar alguns pontos de ônibus e criação de ciclovias para interação de bairros próximos e mercados próximos para uma menor locomoção.
Palavras chave: Desenvolvimento sustentável, Bairro Sustentável, sustentabilidade, responsabilidade ambiental, meio ambiente, AQUA Bairros, LEED, PROCEL Edifica.
ABSTRACT The ultimate goal of this work is to highlight clearly the importance of implementing a sustainable neighborhood within an urban area, where your surroundings is not sustainable. With the main goal of improving the quality of life, making this example will be followed and implemented in other regions and especially in low-income areas media. Were presented some existing projects in a sustainable neighborhood and its characteristics contributing to a better quality of life for its residents, but most sustainable neighborhoods has a great cost to their purchase, thus avoiding that person who has a low income will not have the opportunity to live in these places. With this'll show concepts of sustainable neighborhoods and present its main features and its benefits during construction and future perspective. The two certification processes that will I be based Aqua BAIRROS and the LEED (Leadership in Energy Enviromental Desing for Neighborhood Development) to appear with primary tool for sustainable development of the neighborhood and its surroundings. The local case study that will be presented points out some restructuring that will make its surroundings, such as relocating some bus stops and creation of bike paths for interaction nearby neighborhoods and nearby markets for a smaller locomotion.
Keywords: Sustainable development, sustainable neighborhood, sustainability, environmental responsibility, environment, AQUA Bairros, LEED, PROCEL Edifica.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES Figura 1 Residencial Damha Golf I .......................................................................................... 17 Figura 2 O crescimento populacional urbano no mundo ......................................................... 18 Figura 3 Desenvolvimento Sustentável ................................................................................... 19 Figura 4 Iluminação em LED .................................................................................................... 21 Figura 5 Sistema gotejamento ................................................................................................. 21 Figura 6 Coleta de resíduos sólidos - Barcelona ..................................................................... 22 Figura 7 Ciclovia ....................................................................................................................... 23 Figura 8 Pilares de sustentabilidade ....................................................................................... 23 Figura 9 Benefícios da construção sustentável ....................................................................... 24 Figura 10 Localização do Bairro Quartier ................................................................................ 30 Figura 11 3D Renderizado da área do Boulevard Quartier ..................................................... 31 Figura 12 Imagem Ilustrativa do bairro .................................................................................... 32 Figura 13 Imagem ilustrativa do edifício Smart Residence ..................................................... 33 Figura 14 Implantação do edifício Pátio das Flores ................................................................ 34 Figura 15 Implantação o Bairro Noroeste ............................................................................... 37 Figura 16 Local onde será implantado o Bairro Jardim das perdizes ..................................... 39 Figura 17 Projeto Bairro Jardim das perdizes ......................................................................... 40 Figura 18 Selos (LEED e AQUA) e Etiquetagem (Procel) ...................................................... 41 Figura 19 Projeto da Praça ...................................................................................................... 42 Figura 20 Faixas de pontuação LEED ND ............................................................................... 48 Figura 21 Pré-requisitos LEED ND .......................................................................................... 48 Figura 22 Certificações LEED .................................................................................................. 51 Figura 23 Etapas SGB (Sistema de Gestão do Bairro) .......................................................... 53 Figura 24 Etapas QAB (Qualidade Ambiental do Bairro) ....................................................... 53 Figura 25 Processo de Certificação ......................................................................................... 55 Figura 26 Caminho para certificação dentro do projeto .......................................................... 55 Figura 27 Beneficio da certificação AQUA para o empreendedor .......................................... 56 Figura 28 Beneficio da certificação AQUA para o usuário ...................................................... 56 Figura 29 Benefício da certificação AQUA para a sociedade ................................................. 57
Figura 30 Etiqueta Nacional de Eficiência Energética ............................................................ 58 Figura 31 (Procel Edifica) Etiqueta Nacional de Eficiência ..................................................... 60 Figura 32 Localização do terreno............................................................................................. 61 Figura 33 Escolas no entorno .................................................................................................. 63 Figura 34 Formato da Padaria Empório ................................................................................... 64 Figura 35 Padarias no seu entorno .......................................................................................... 65 Figura 36 Pontos de Ônibus com jardim suspenso ................................................................. 66 Figura 37 Pontos de Ônibus..................................................................................................... 67 Figura 38 Supermercados ........................................................................................................ 69 Figura 39 Desenvolvimento Preliminar .................................................................................... 71 Figura 40 Implantação do bairro Jd. São Judas Tadeu........................................................... 73 Figura 41 Poste publico com placa solar ................................................................................. 74 Figura 42 Piso da calçada acessível para cadeirantes ........................................................... 74 Figura 43 Prédios residenciais com térreo comercial .............................................................. 75 Figura 44 Jardim vertical e terraço com horta comunitária e placas solares .......................... 75 Figura 45 Área comercial ......................................................................................................... 76 Figura 46 Hall entrada para os edifícios residenciais .............................................................. 76 Figura 47 Jardim vertical com sistema “Mamute” ................................................................... 78 Figura 48 Eco telhado com sistema Tec Garden .................................................................... 79 Figura 49 Centro empresarial................................................................................................... 80 Figura 50 Praça central dos edifícios ....................................................................................... 80 Figura 51 Placas solares do edifício empresarial .................................................................... 81 Figura 52 Área destinada a casas ........................................................................................... 82 Figura 53 Fachada das casas .................................................................................................. 82 Figura 54 Sistema SUDS (sistema urbano de drenagem sustentável)................................... 84 Figura 55 Implantação do parque linear .................................................................................. 85 Figura 56 Quiosque e pista de cooper ..................................................................................... 86 Figura 57 Vermelha (pista de ciclismo) e preta (pista de cooper)........................................... 86 Figura 58 Área de skate e quadras poliesportiva .................................................................... 86 Figura 59 Ponto de ônibus com jardim e bicicletário ............................................................... 86
SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO .................................................................................................... 13 1.1 - Significado de Sustentabilidade ....................................................................... 14 1.1.1 - Sustentabilidade Ambiental e Ecológica ............................................... 14 1.1.2 - Sustentabilidade Empresarial ............................................................... 15 1.2 - Significado de Responsabilidade Social ........................................................... 15 1.2.1 - Responsabilidade Social Corporativa ................................................... 15 1.2.2 – Responsabilidade Social Empresarial ................................................. 16 1.2.3 – Responsabilidade Social e Ambiental .................................................. 16 CAPÍTULO 1 – BAIRROS SUSTENTAVEIS 1.1 - Introdução ........................................................................................................ 16 1.2 - Conceitos de bairros sustentáveis.................................................................... 19 1.3 - Características de um bairro sustentável ......................................................... 20 1.4 - Bairros sustentáveis e seus elementos ............................................................ 23 1.5 - Bairros sustentáveis e seus benefícios ............................................................ 24 1.6 - Eficiência Energética – Inserção urbana .......................................................... 25 1.7 - Materiais e resíduos – Conservação de recursos materiais ............................. 25 1.8 - Eficiência no uso de água – gestão de água .................................................... 26
1.9 - Mobilidade - Transporte e Conectividade ......................................................... 27 1.10 - Conscientização sobre sustentabilidade ........................................................ 29 CAPÍTULO 2 – PROJETOS EXISTENTES DE BAIRRO SUSTENTÁVEL 2.1 - Bairro Quartires ................................................................................................ 29 2.2 - Bairro Pedra Branca......................................................................................... 32 2.3 - Bairro Noroeste ............................................................................................ ....36 2.4–Bairro Jardim das perdizes....................................................................... .........39 CAPÍTULO 3 – CERTIFICÃO DE BAIRRO SUSTENTÁVEL 3.1 - Introdução ....................................................................................................... 43 3.2 - Objetivos da certificação .................................................................................. 44 3.3 - Vantagens na certificação ................................................................................ 45 3.4 - Certificação LEED ND ...................................................................................... 46 3.5 - Certificação AQUA BAIRROS .......................................................................... 51 3.5 - Etiqueta PROCEL EDIFICA ............................................................................. 57 CAPÍTULO 4 – BAIRRO SUSTENTAVEL - JD. SÃO JUDAS TADEU 4.1 - Estudo de Caso .................................................................................................60 4.1.1 - Local do Projeto ................................................................................. 60 4.1.2 - Infraestruturas do Bairro ..................................................................... 62 4.1.3 – Objetivos e Desenvolvimento Preliminar ........................................... 70
4.2 – Projeto................................................................................................................72 4.2.1 – Implantação.................................................................. .......................73 4.2.2 – Prédio Residencial e comercial............................................................75 4.2.3 – Centro empresarial...............................................................................80 4.2.4 – Casas...................................................................................................82 4.2.5 – Parque e Praças..................................................................................85 4.2.6 – Construções existentes........................................................................87 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................... .88 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ....................................................................... 90 REFERÊNCIAS ELETRÔNICAS ........................................................................... 92
13
1. INTRODUÇÃO O aumento de consciência pela necessidade de
sua posição no terreno, escolhida de acordo com a orientação solar.
preservar os recursos naturais, ainda existentes na terra, e
A evolução tecnológica que a partir dos anos 1960
usá-los de maneira responsável norteia muitas das decisões
permitiu a construção de grandes fachadas envidraçadas e
de arquitetos no momento de projetar e especificar os
edifícios mais expostos ao sol e às intempéries. Criou
materiais para os edifícios. Projetar para um mundo com
também a necessidade de incorporar elementos mecânicos
recursos limitados implica maior responsabilidade para com
para prover estas edificações do conforto térmico, necessário
as escolhas, inclusive entre reformar um edifício existente ou
para as suas utilizações, tornando-os altamente dependentes
derrubá-lo para construir um novo. Aspectos de ordem
da utilização de energia.
econômica, cultural, ambiental e histórica são apenas algumas das variáveis que contribuem para a discussão da sustentabilidade na arquitetura. O inicio do século XX trouxe a moderna arquitetura para o Brasil e sob influencia de Le Corbusier muitos edifícios foram concebidos e construídos para tirar partido das condições climáticas e locais. Um exemplo seria o Palácio Gustavo Capanema construído no Rio de Janeiro entre 1936 e 1943 para abrigar o ministério de Educação e Saúde Pública, que bem ilustra a questão, pois o tratamento diferenciado dado às suas fachadas buscou atender as necessidades de proteção solar de uma delas, assim como
Para a humanidade o grande desafio sempre foi avançar suas tecnologias sem agredir o meio ambiente, porém ao criar casas, prédios, bairros e cidades sem planejamentos adequados o meio ambiente foi afetado de forma severa. Com o passar dos anos vimos nossa única moradia se desvair por conta dessa falta de planejamento. Vendo este grande problema que nosso planeta enfrenta, a população, que antes não estava apta a ter conhecimentos sobre sustentabilidade por conta da falta de informação que escolas e governos davam, agora está a procurar casas mais
15
sustentáveis
e
bairros
planejados,
por
causa
dos
recursos naturais da Terra, como a água, as florestas e as
conhecimentos que a mídia passa, fazendo com que as
tecnologias agregadas às construções que não agridem o
empresa inovem, sustentavelmente, suas construções.
meio ambiente, focando sempre na interação do homem com
Com isso foi criado os certificados de sustentabilidade
a natureza.
como forma segura de garantir à população a construção do edifício é sustentável.
como o crescimento sustentado, que é um crescimento na
Para iniciarmos este trabalho vamos partir da concepção
do
nome
“SUSTENTÁBILIDADE”
e
alguns
conceitos.
sustentável
origem
englobam, é essencialmente ligada ao meio ambiente.
essencial, e é utilizado em diversas áreas, serviços e produtos, por exemplo, existem carros com conceito de
"sustentare”, que significa sustentar, apoiar e conservar. O
sustentabilidade, prédios, empreendimentos, e até mesmo
conceito de sustentabilidade está normalmente relacionado
roupas.
uma mentalidade,
tem
dirigir uma organização valorizando todos os fatores que a
latim
com
Termo
economia constante e seguro; e a gestão sustentável, que é
Atualmente, o termo sustentabilidade virou um tema
1.1 Significado de Sustentabilidade O
Existem diversos conceitos ligados à sustentabilidade,
no
atitude ou estratégia que
é ecologicamente correta, e viável no âmbito econômico, socialmente justo e com uma diversificação cultural. Tem como Premissa dar suporte a alguma condição, a algo ou alguém em algum processo ou tarefa. Atualmente, o termo é bastante utilizado para designar o bom uso dos
1.1.1 Sustentabilidade Ambiental e Ecológica Sustentabilidade ambiental e ecológica tem como foco a manutenção do meio ambiente do planeta Terra, fazendo com que pessoas e meio ambiente fiquem em harmonia, com isso agregando uma melhor qualidade de vida para ambos.
16
A sustentabilidade ambiental ainda é cuidar para não poluir as águas, separar o lixo, evitar desastres ecológicos, como queimadas e desmatamentos. O próprio conceito de sustentabilidade é para longo prazo, trata-se de encontrar
com
responsabilidade
social,
tornou-se
inclusive
uma
vantagem competitiva. 1.2 Significado de Responsabilidade Social
uma forma de desenvolvimento que atenda às necessidades
O conceito de responsabilidade social pode ser
do presente sem comprometer a capacidade das próximas
compreendido em dois níveis: o nível interno relaciona-se
gerações de suprir as próprias necessidades.
com os trabalhadores e, a todas as partes afetadas pela empresa e que, podem influenciar no alcance de seus
1.1.2 Sustentabilidade Empresarial
resultados. O nível externo são as consequências das ações
Sustentabilidade empresarial é um conjunto de ações que uma empresa toma, visando o respeito ao meio ambiente e o desenvolvimento sustentável da sociedade. Logo, para que
uma
empresa
seja
considerada
sustentável
de uma organização sobre o meio ambiente, os seus parceiros de negócio e o meio em que estão inseridos. 1.2.1 Responsabilidade Social Corporativa
ambientalmente e socialmente, ela deve adotar atitudes
É o conjunto de ações que beneficiam a sociedade e
éticas, práticas que visem seu crescimento econômico (sem
as corporações que são tomadas pelas empresas, levando
isso ela não sobrevive) sem agredir o meio ambiente e
em consideração a economia, educação, meio-ambiente,
também colaborar para o desenvolvimento da sociedade.
saúde, transporte, moradia, atividade local e governo.
Porem empresas nestes últimos anos vêm se
Geralmente,
as
organizações
criam
programas
preocupando com o meio ambiente, mas de forma que o
sociais, o que acaba gerando benefícios mútuos entre a
marketing
empresa e a comunidade, melhorando a qualidade de vida
e
o
comercio
prevaleça.
O
conceito
de
sustentabilidade para as empresas esta ligada diretamente
dos funcionários, e da própria população.
17
1.2.2 Responsabilidade Social Empresarial
impactos ambientais ao desenvolvimento do projeto. As
Está ligada a uma gestão ética e transparente que a organização deve ter com suas partes interessadas, para minimizar seus impactos negativos no meio ambiente e na comunidade. As empresas de hoje em dia têm cada vez mais uma
consciência
social,
o
que
é
traduzido
pela
responsabilidade social demonstrada.
diretrizes de sustentabilidade orientam o planejamento e desenvolvimento dos projetos visando consolidar um bairro que faz uso dos recursos naturais de forma eficiente, aliando conscientização dos usuários à tecnologia, conforto e bem estar
em
respeito
ao
meio
ambiente,
atendendo
as
necessidades dos usuários atuais à garantia do atendimento das necessidades dos usuários futuros.
1.2.3 Responsabilidade Social e Ambiental
Mesmo ainda sendo díspares as opiniões quanto à
Está relacionada com práticas de preservação do
melhor forma de qualificar sustentabilidade, existe o consenso
meio ambiente. Assim, uma empresa responsável a nível
de que bairros sustentáveis devem acolher soluções práticas
social
que visam reduzir os impactos globais ao meio ambiente.
deve
ser
conhecida
pela
criação
de
políticas
responsáveis a nível ambiental, tendo como um dos seus principais objetivos a sua sustentabilidade.
Apesar de ainda se iniciar a aplicação e certificação de sustentabilidade para áreas urbanas, tais conceitos já são
CAPÍTULO 1 – BAIRROS SUSTENTAVEIS
bem avançados e aplicados em países desenvolvidos. Com o know-how avançado em desenvolvimento de diretrizes sustentáveis, grandes empresas estrangeiras atuam hoje no
1.1 Introdução Os
bairros
Brasil como consultoras e certificadoras. sustentáveis
buscam
incorporar
os
A primeira certificação de bairro residencial no Brasil
conceitos de eficiência no uso de recursos e mitigação de
foi concedida pela Fundação Vanzolini, certificadora e
18
criadora do processo AQUA de certificação, ao condomínio
Figura 1 – Residencial Damha Golf I
Residencial Damha Golf I (Figura 9) da Damha Incorporadora,
(Fonte: http://www.golfe.esp.br/?s=noticias&id=6681)
localizado em São Carlos, no interior de São Paulo. O
De acordo com a ONU, em 2008 a população
processo da primeira fase de certificação foi o AQUA para
mundial, pela primeira vez, atingiu a marca de 50% de sua
bairros e loteamentos. (FUNDAÇÃO VANZOLINI, 2011).
população vivendo em áreas urbanas, com perspectivas de
Foram relacionados níveis de desempenho sobre a integração e coerência do bairro, preservação dos recursos naturais, qualidade ambiental e sanitária, integração na vida
que em 2030 a população nessas áreas chegue a 60%. No caso brasileiro, de acordo com o IBGE, em 2005 a população urbana já alcançava 84,20%, e continua crescendo. (BITAR, 2008).
social e dinâmica econômica. (FUNDAÇÃO VANZOLINI, 2011).
O desenvolvimento sustentável de bairros busca atender às demandas por ambientes urbanos que apresentem melhor qualidade de vida a seus habitantes. O habitat desenvolvido nos grandes centros urbanos durante décadas de desenvolvimento sem o adequado planejamento, levou ao surgimento de problemas crônicos, enfrentados por milhões de pessoas em todo o mundo diariamente. Com o déficit de qualidade de vida nas grandes cidades, e o contínuo crescimento urbano principalmente nas economias emergentes(Figura 1), a valorização dos espaços urbanos planejados conforme conceitos sustentáveis, tende a crescer.
19
os ideais de sustentabilidade. O conceito puro de bairro sustentável propõe que ele seja totalmente autossuficiente. Por exemplo, deveria gerar a própria energia consumida, gerar alimento para a população, gerar todos os recursos que ele consome ali. (MANFREDI, 2010). Um dos principais desafios encontrados em viabilizar bairros sustentáveis é sua interação com o entorno. A malha urbana
menos
eficiente
dessas
regiões,
influencia
diretamente a dinâmica da área planejada, tornando-se necessário pensar em soluções que melhorem a integração entre essas áreas, viabilizando a coexistência entre elas. Devido as peculiaridades das demandas pelas diferenças locais, não existe um padrão a ser aplicado ao Figura 2 – O crescimento populacional urbano no mundo (Fonte: HTTP://WWW.FACULDADEDEENGENHARIA.COM/? P=528) Porém, para a realização de empreendimentos que integrem tais conceitos, é preciso considerar as diferentes realidades de cada localidade, e os desafios de se alcançar
baixo desenvolvimento sustentável de uma região, é preciso avaliar individualmente todos os casos.
20
1.2 – Conceitos de Bairros Sustentáveis No desenvolvimento de empreendimentos sustentáveis, as considerações econômicas, técnicas e ambientais, devem ser tratadas de forma equilibrada, com a finalidade de se obter um projeto viável. A gestão de resíduos sólidos, a eficiência energética, o reaproveitamento dos recursos naturais, assim como a mobilidade interna e a integração com a infraestrutura do entorno, são alguns dos fatores que conceituam um bairro sustentável. A integração dos conhecimentos que são norteados
Figura 3 – Desenvolvimento sustentável
pelos conceitos de sustentabilidade, pode ser inserida de três grupos distintos de áreas do conhecimento, apresentadas na Figura 2, que precisam contribuir em conjunto para o
(Fonte: http://www.jrrio.com.br/construcaosustentavel/sustentabilidade.html)
desenvolvimento do produto, em busca de um equilíbrio ideal. Sustentabilidade ecológica diz respeito a um certo equilíbrio e manutenção de ecossistemas, à conservação de espécies e à manutenção de um estoque genético das espécies, que garanta a resiliência ante impactos externos. No conjunto, a sustentabilidade ecológica corresponde ao
21
conceito de conservação da natureza no sentido da natureza
sociais, ampliar os direitos e garantir acesso aos serviços
externa ao ser humano. Assim, quanto mais perto da
como educação e saúde, visando o acesso pleno à cidadania.
humanamente
modificada
esteja
a
natureza,
menores
sustentabilidades ecológicas teriam (FOLADORI, 2002). Para as vertentes mais brandas da economia ecológica, e para os economistas ambientais, bastaria corrigir
1.3 – CARACTERÍSTICAS DE UM BAIRRO SUSTENTÁVEL Os
bairros
sustentáveis
apresentam
diversas
os processos produtivos para obter um desenvolvimento
características que os diferenciam. Parte desses elementos
capitalista sustentável. (TURNER, 1995). Seria o caso de
são visíveis, outros podem passar desapercebidos aos seus
substituir
residentes, porem todos contribuem para a qualidade de vida
crescentemente
renováveis
por
os
renováveis,
recursos e
de
naturais
diminuir
não-
também
crescentemente a poluição. (FOLADORI, 2002).
da população que nele habita. Para garantia da eficiência energética do bairro, o
Na sustentabilidade social, o aumento da qualidade
posicionamento das edificações deve estar relacionado às
de vida deve ser o objetivo e não a ponte ou o meio para uma
principais variáveis climáticas. Estas são: ventos, radiação
natureza mais saudável. O desenvolvimento humano, como
solar, chuvas, temperatura e umidade relativa do ar. As duas
objetivo próprio, se coloca em primeiro lugar e, na medida do
primeiras variáveis (ventos e sol), dependem de decisões
desenvolvimento humano, haveria um melhor relacionamento
macro de projeto, isto é, o posicionamento adequado da
com o ambiente externo (FOLADORI, 2002 apud ANAND and
edificação interfere diretamente de maneira benéfica ao
SEN, 2000).
conforto térmico do projeto.
Portanto para atingir a sustentabilidade social, seria
No âmbito da eficiência energética através de
necessário ações no sentido de diminuir as desigualdades
tecnologias ativas, é possível apontar as novas tecnologias de
22
iluminação LED (light emitting diode), como exemplo a Figura
A água é, sem sombra de dúvida, um dos elementos
5, que apresentam baixo consumo de energia, excelente
mais importantes em um jardim. Uma das ações aplicadas no
luminosidade e vida útil superior às lâmpadas convencionais.
sentido de economia de água nessa atividade são os
Essa tecnologia vem apresentando custo decrescente nos
sistemas de irrigação por gotejamento, apresentado na Figura
últimos anos, viabilizando sua utilização.
6, que apresentam alta economia de recurso.
Figura 4 – Iluminação em LED (Fonte: http://alessandroazuos.blogspot.com.br/2012/09/popularizaca o-do-led-na-iluminacao.html)
Figura 5 – Sistema gotejamento (Fonte: http://sna.agr.br/sistema-de-irrigacao-porgotejamento-podera-ser-alternativa-na-agricultura/)
23
Quanto
aos
temas
resíduos
sólidos,
sistemas
Projetos sociais, como programas de capacitação
inovadores de coleta vêm sendo implantados em larga escala
profissional, são importantes ferramentas de investimento nas
em grandes centros urbanos europeus e asiáticos.
comunidades locais. O conceito de sustentabilidade pode ser
O sistema de transporte pneumático, Figura 7, é baseado em uma rede de tubulações onde uma corrente de ar extremamente elevada, criada por um grupo de exaustores, transporta os diferentes tipos de resíduos até o ponto final de coleta. As frações coletadas são armazenadas de forma compacta em contêineres herméticos.
percebido, por exemplo, no investimento humano na redução do tempo gasto em deslocamentos da mão-de-obra e menor gastos com transporte. Além das aulas de capacitação, esses programas podem oferecer a oportunidade trabalho no próprio canteiro de obra. As
emissões
de
carbono
têm
sido
alvo
no
desenvolvimento sustentável de muitas cidades. Devido às ousadas
metas
estabelecidas
por
muitas
delas,
o
acompanhamento preciso dos empreendimentos que se desenvolve em solo urbano se faz indispensável. No Rio de Janeiro a política define uma trajetória para redução das emissões de carbono em até 20% até 2020, com base em níveis de 2005, e prioriza uma série de estratégias de desenvolvimento que ajudarão a garantir essa mudança. Das Figura 6 – Coleta de resíduos sólidos – Barcelona
ênfases dadas aos grandes grupos emissores, dois são diretamente relacionados ao desenvolvimento de bairro
(Fonte:HTTP://WWW.ENVACGROUP.COM/PRODUC TS)
sustentáveis: emissões pela indústria da construção civil e pelo tipo de mobilidade demandada pelo bairro.
24
A presença de uma rede de ciclovias (Figura 7) eficaz e
ambiente e sociedade, redução de gases de efeito estufa,
conveniente é um indicador de boa qualidade urbana. Assim
eficiência no uso da água, eficiência energética, materiais e
como o deslocamento a pé, este modo pode ser dividido em
resíduos e mobilidade.
dois grupos funcionais; movimento para viagem e movimento para recreação, e suas necessidades podem ser concebidas como transientes entre pedestres e veículos motorizados.
Figura 7 – Ciclovia (Fonte: http://spressosp.com.br/2014/09/22/ritmo-de-spcampinas-amplia-ciclovias-na-cidade/) Figura 8 – pilares de sustentabilidade. (Fonte: 1.4 – Bairros Sustentáveis e seus Elementos Um bairro sustentável é desenvolvido em 6 pilares, onde compreende as problemáticas mais relevantes na busca de um empreendimento sustentável. Os pilares são: Meio
http://prewww.tgestiona.com.br/portaltg/default.aspx?idpagina =85)
25
1.5- Bairros Sustentáveis e seus Benefícios Os benefícios que a sustentabilidade garante a médio e longo prazo é um planeta em boas condições para o desenvolvimento das diversas formas de vida, inclusive a humana. Garante que os recursos naturais necessários para as próximas gerações não se acabem, possibilitando a manutenção dos recursos naturais (florestas, matas, rios, lagos, oceanos) e garantindo uma boa qualidade de vida para as futuras gerações. O objetivo de colocar as pessoas em primeiro plano, para a criação de uma área urbana sustentável é fazer com que a população utilize mais o seu entorno, utilizando ruas ativas, qualidade de vida, comodidades próxima a residência, praças, ciclovia, entre outros exemplos. Segundo a USGBC (United States Green Building Council), os benefícios de um empreendimento sustentável podem ser resumidos pela Figura 10.
Figura 9 – Benefícios da construção sustentável (Fonte: USGBC, 2009)
26
1.6- Eficiência Energética – Inserção Urbana O
projeto de eficiência energética,
Estes tem como
prioridade o conforto dos habitantes, porem preservando a economia de recursos. As
construções
mesmos
parâmetros
utilizados
para
a
ventilação são também aplicados no acesso solar dos edifícios e áreas públicas. Estas são: espaçamento adequado entre os edifícios, orientação do sol disposição adequada da planta. Assim criando áreas externas com um ambiente
têm
que
estar
posicionadas
corretamente de acordo com as variações climáticas. Estas
agradável e espaços abertos para serem utilizados em todas as condições climáticas.
São: ventos, radiação solar, precipitações, temperatura e umidade relativa do ar. Tanto o vento quanto a radiação solar têm que estar acompanhando o projeto inicial da construção
1.7- Materiais e Resíduos – Conservação de Recursos
pois o posicionamento inadequado da edificação interfere de
Materiais
maneira negativa o conforto térmico da construção. A
evitar
este
a
receber uma atenção especial, para garantir que sejam
orientação dos ventos predominantes da região. Dessa forma
certificados e que tenham fornecedores que possuam
podendo organizar a implantação das construções de forma a
licenças ambientais exigidas para a distribuição, além de
proporcionar
especificar
ventilação
desconforto
a
todas
deve-se
unidades
verificar
Os materiais industrializados ou pré-fabricados dever
construídas.
Utilizando de forma adequada a implantação das edificações de acordo com as direções dos ventos predominantes permite-se que as áreas públicas tenham um conforto térmico adequado, assim incentivando os moradores utilizarem.
os
materiais
utilizados
com
baixo
COVS
(composto orgânico volátil) e reciclados. Para o empreendimento deve se pensar na gestão dos resíduos urbanos produzidos pelo empreendimento, buscando sempre a sua valorização e na educação de seus futuros moradores da região para que cada vez mais ter uma
27
redução de geração de resíduos. É importante também
necessária porque: É um imperativo ambiental pois a água é
verificar qual será a definição de coleta a ser empregado, pois
um recurso limitado que é necessário proteger, conservar e
o trafego de caminhões será influenciado diretamente pelo
gerir para garantir a sustentabilidade dos ecossistemas e dos
tipo de sistema adotado.
serviços que estes proporcionam à sociedade em geral e para
No decorrer da construção, deve ser pensado sobre a movimentação de terra e a escavação para serem a menor possível. Outro ponto muito importante com o andamento da
garantir a sustentabilidade de outros recursos intrinsecamente associados; É
uma necessidade
estratégica: o
aumento
das
obra é ter o mínimo de descarte possível, utilizando materiais
disponibilidades e das reservas de água no País é
reciclados e reuso dos mesmos.
fundamental;
Corresponde
a
um interesse
econômico a
diversos níveis; Constitui uma obrigação do País, em termos de normativo nacional e comunitário; É um imperativo ético: a 1.8- Eficiência no Uso de Água – Gestão de Água Com a crise hídrica sem precedentes que atinge o
água é fundamental para a vida, precisa de ser gerida tendo em conta as gerações seguintes.
Brasil nestes anos (2014/2015), exige medidas urgentes para
Tendo em vista este desperdício desenfreado no pais
tornar mais racional o uso da água, dar eficiência à gestão
podemos utilizar a Pegada hídrica como uma ferramenta para
dos sistemas de saneamento e pôr fim ao enorme desperdício
a gestão eficiente da água que é um conceito recentemente
que há anos se generalizou no país, tanto no consumo
desenvolvido pela rede WFN (2011) e já aplicada em várias
humano quanto na indústria e no comércio.
bacias e países do mundo, é um indicador da apropriação da
Segundo a PNUEA (Programa Nacional para o Uso Eficiente da Àgua) A melhoria da eficiência do uso da água é
água pelo homem, em termos volumétricos.
28
O novo conceito é útil na definição de políticas e
mais da metade do consumo total de água nas áreas
práticas de racionalização do uso da água e de gestão de
urbanas, podendo alcançar 80% em grandes centros como
recursos
São Paulo.
hídricos.
Este
conceito
é
dividido
em
três
componentes; pegada hídrica azul, pegada hídrica verde e pegada hídrica cinza.
No caso do uso racional da água, podemos citar como medidas a utilização de metais sanitários (torneiras e
A pegada hídrica azul diz respeito ao uso da água dos
válvulas de descargas) eficientes que reduzem o uso de
corpos hídricos (rios, lagos, água subterrânea), por um
água. Já existem no mercado, alguns produtos que controlam
produto, por um setor (indústria, agricultura etc.), por um
o fluxo e o tempo de acordo com a utilização.
consumidor ou grupo de consumidores, por uma bacia, por um município, um país ou pelo mundo. A
pegada
hídrica
verde
Deve-se também controlar o consumo por categorias (sanitários, paisagismo, ar condicionado e etc); fazer o
está
relacionada
à
gerenciamento das águas pluviais, quando econômico, por
evapotranspiração da superfície, seja de florestas, lavouras,
meio de reuso, retenção ou infiltração; garantir um paisagismo
reservatórios etc. A pegada hídrica cinza, por sua vez, é
com baixas necessidades hídricas e irrigação controlada e,
definida como o volume de água necessário para diluir os
quando viável tecnicamente, instalar medidores individuais de
poluentes (de fontes pontuais ou difusas), de forma a manter
água.
os corpos d’água em padrões adequados / legais de qualidade. A soma das três dá a pegada hídrica total do produto, setor, bacia, consumidor etc. De acordo com Rodrigues (2005) apud Bazzarella (2005), o consumo de água nas residências pode constituir
1.9- Mobilidade – Transporte e Conectividade A
grande
mudança
da
urbanização
que
vem
ocorrendo no mundo, mostra não somente que maiores números de pessoas vão morar e trabalhar em grandes
29
cidades, mas também, que o cidadão vai precisar percorrer longas
distâncias
para
satisfazer
suas
Para que o bairro se torne mais sustentável e
necessidades
eficiente aos seus habitantes, é necessário que os usuários
econômicas, sociais e culturais no espaço urbano. O
tenham um incentivo à caminhada, que integrem o bairro com
transporte exerce sobre a sociedade uma influência muito
seu entorno, e privilegiem o transporte público para cobrir
maior do que aquela comumente percebida (AMOUZOU,
longas distancias. Como por exemplo a implantação de
2000)
ciclovias mobilidade local, assim indo de encontro com as hoje, mais de 10% das viagens dos moradores das
necessidades de lazer e saúde.
grandes cidades brasileiras é feita a pé, sendo este número
A implantação de bicicletários deve ser pensado não
bem superior nas cidades médias e pequenas. As razões
somente como um estacionamento de bicicleta e sim como
para este alto índice de deslocamentos a pé são a falta de
uma parte importante de integração com os bairros,
renda e a falta de redes de transporte público racionais e a
possibilitando segurança e integração dos mesmos. Utilizando
custos acessíveis.
destes princípios poremos utilizar a bicicleta não somente
Para
ter
uma
mobilidade
mais
sustentável
é
necessário buscar a apropriação equitativa do espaço e do
como um transporte local, mas possibilitando viagens mais longas como ir ao trabalho ou a parques.
tempo na circulação urbana, priorizando os modos de
A preocupação quanto à segurança da mobilidade
transporte coletivo, a pé e de bicicleta, em relação ao
deve ser atendida através do fornecimento de sinalização que
automóvel particular, promover o reordenamento dos espaços
delineiam como os caminhos compartilhados devem ser
e das atividades urbanas, de forma a reduzir as necessitates
utilizados, além de soluções de conexões entre áreas
de grandes deslocamentos motorizado e seus custos.
públicas e privada, como escadas e rampas para promover acesso adequado.
30
1.10 - Conscientizações sobre sustentabilidade O uso de manuais de sustentabilidade na promoção
CAPÍTULO 2 – PROJETOS EXISTENTES DE BAIRRO SUSTENTÁVEL
da informação, assim como as sinalizações dispostas pelo empreendimento, são parte da estratégia de disseminação da
2.1 BAIRRO QUARTIRES
informação pertinente ao ambiente sustentável. Essas ações tem sido implantadas no canteiro de obra, como forma de atingir os objetivos quanto à redução do desperdício de matérias e melhorar a eficiência da mão-de-obra.
O bairro está localizado em uma área de 30 hectares no município de Pelotas, região sul do estado do Rio Grande do Sul, Brasil. A localização inspira a sustentabilidade. Na
Um dos maiores desafios do empreendimento será
continuação da Avenida Dom Joaquim, o bairro Quartier fica
educar seus habitantes à realidade diferenciada do habitat
numa região residencial. Mas, especialmente, está perto do
desenvolvido e promover as práticas sustentáveis no dia-a-dia
centro da cidade, próximo às saídas rumo a Rio Grande e tem
do bairro.
fácil acesso a universidades e outros pontos importantes da cidade. Fazendo com que ninguém precise percorrer longas distâncias.
31
se alinhem aos princípios e ao plano diretor do Bairro Quartier. As
características
mais
marcantes
é
o
uso
compartilhado da área entre prédios comerciais, residenciais e de serviços, elemento que promove o senso de comunidade do Quartier. Entre os destaques estão o Boulevard Quartier, passeio verde central com mais de 30 metros de largura e 400 metros de extensão, e artéria central de convivência. Nos extremos do Boulevard Quartier estarão dois exemplos de urbanismo voltado à tomada das ruas pelos moradores: o Palco Quartier, espaço para intervenções culturais ao ar livre, Figura 10 – Localização do Bairro Quartier
junto a uma grande arquibancada verde, e a Praça do Fogo, espaço de convivência e contemplação.
O novo bairro é projeto da Joal Teitelbaum Escritório de Engenharia e da Guapo Capital Group, empresas responsáveis
pelo
planejamento,
desenvolvimento
e
urbanização. O desenvolvimento dos projetos imobiliários será também extensivo à Construtoras e Incorporadoras que
32
lâmpadas LED, por serem mais econômicas e duráveis que as comuns. Com isso, reduzindo o gasto com a luz em até 40%. Para o uso da água cada prédio terá reservatório para a água da chuva. Onde será usado para os locais que não necessitam de água potável, como cozinhar e beber. Já os mictórios e sanitários terá o consumo reduzido com a utilização de duas opções de botões de descarga: um para a utilização de três litros e outro para seis litros. Com isso, gerando redução de 30% no valor da conta de água de cada Figura 11 – 3D Renderizado da área do Boulevard Quartier
morador.
A infraestrutura do bairro é outro grande diferencial,
Para a temperatura do ambiente que é um dos vilões
com sinal wi-fi em diversas áreas públicas, mobiliário urbano
para redução de energia. Será instalada uma malha de
e equipamentos projetados na proporção humana, instalações
garrafa pet entre as paredes internas dos apartamentos e a
elétricas subterrâneas nas principais vias, calçamento em
fachada do prédio, mantendo a temperatura quente no
bloquetes e vias compartilhadas sem desnível entre calçada,
inverno e fria no verão. Também será instalado telhados e
ciclovia e a rua, além de um completo projeto de segurança
paredes verdes, de grama. Evitando o uso excessivo do ar
planejada.
condicionado, tendo uma economia de 25% a 30%. Já na construção civil toda madeira utilizada nos
O Projeto também prevê para a área de energia limpa o uso de placas fotovoltaicas no teto dos prédios ou uma estação de produção de energia eólica. A utilização de
prédios
deverá
ser
certificada
e
com
garantia
de
reflorestamento. Na compra dos materiais, será levado em
33
conta o critério de regionalidade: quanto mais perto for
alagamentos. Além de o concreto ser de cor clara, o que
adquirido, menor será a emissão de gases por conta do
reduz a sensação de calor.
transporte. Além disso, os compostos utilizados na obra deverão ter conteúdos recicláveis nas suas fórmulas.
2.2 BAIRRO PEDRA BRANCA
Nas áreas comuns o descarte de lixo deverá ser
O projeto Pedra Branca, na cidade de Palhoça
separado em orgânico, metal, papel, plástico e eletrônico. Os
localizada no estado de Santa Catarina, teve início no ano
resíduos das coletoras localizadas nas vias públicas do bairro
2000 e incorporou conceitos que transformaram o território
serão levados a uma central de reciclagem própria.
num novo centro para a região Grande Florianópolis e
A área verde dos 30 hectares do bairro, dez serão de mata, que se transformará em parque com deques, trilhas, ciclovias, academia ao ar livre, quadras poliesportivas e
forneceram todas as funções básicas para as necessidades diárias de seus moradores, trazendo novas tecnologias para o planejamento urbano e a construção sustentável local.
playgrounds. As plantas escolhidas serão uma mistura das nativas com espécies que precisam de pouca água. O sistema de irrigação terá sensores, instalados no chão, que ligarão torneiras para distribuir somente o necessário para desenvolvimento das espécies. O transporte e ruas serão projetadas para dar prioridade a pedestres e ciclistas. As vias internas serão de concreto, em vez de asfalto, pois o material é permeável, favorece a infiltração da água no solo, leva menos água da chuva para a rede municipal de esgoto e, assim, evita
Figura 12 – Imagem Ilustrativa do bairro (Fonte: pedrabranca.mus.br) acesso out 2015
34
Os edifícios são dotados de tecnologias alternativas, com certificação ambiental e materiais recicláveis, buscam reduzir os gastos e impactos decorrentes do consumo de
• Smart view: moderno sistema de janela panorâmica. • Redução do custo condominial de até 30%.
energia, água e produtos em geral, priorizando, também, o
• Sistema de aquecimento de água com placas solares e
maior conforto. As ruas priorizam a bicicleta e o pedestre e a
apoio com aquecedores de gás natural.
acessibilidade local dispensa o carro no transporte diário. O objetivo maior é se tornar uma região com emissão de carbono zero. Após a participação em eventos na área, os empreendedores do projeto aprimoraram a visão de uma cidade exemplo em sustentabilidade, se tornando um modelo para o mercado brasileiro. Dessa forma, esse novo conceito buscou integrar as diferentes funções das cidades num único espaço: morar, trabalhar, estudar e se divertir. Smart Residence O empreendimento é pensado para a vida moderna, que alia bem-estar e lazer com praticidade e tecnologia. Com projeto assinado pelos arquitetos André Scmitt, Daniel Rubio e Associados. Sustentável em todo o projeto:
Figura 13- Imagem ilustrativa do edifício Smart Residence (Fonte: pedrabranca.mus.br) acesso out 2015
35
Pátio das Flores É um empreendimento pioneiro que integra apartamentos,
O projeto faz de Pedra Branca um modelo de
casas jardins duplex com frente para a rua e pátio central,
sustentabilidade urbana do ponto de vista ambiental, social e
lojas comerciais e escritórios, todos na mesma quadra. Um
econômico, a partir de um lugar que facilita o encontro entre
pátio central de uso exclusivo dos moradores com muito
as pessoas, supre as necessidades dos moradores sendo, ao
verde, fonte e lamina d’água. Equipamentos de lazer,
mesmo tempo, seguro, saudável e próspero. Um lugar onde
gastronomia e ginástica encontram-se integrados ao interior
as amenidades urbanas convivem em harmonia com o meio
do pátio e à cobertura de um dos prédios da quadra, com
ambiente, respeitando os interesses das atuais e das futuras
visuais para o pôr do sol da Pedra Branca. Diferentes
gerações.
modelos preenchem as necessidades de privacidade e vida
empregando os seguintes princípios:
familiar; integrando a vida urbana à vida junto à natureza.
A
Pedra
branca
alcança
esses
objetivos
Prioridade ao Pedestre
Uso Misto e Complementaridade
Diversidade de Moradores
Senso de Comunidade
Densidade Equilibrada
Sustentabilidade e Alta Performance do Ambiente Construído
Figura 14 – Implantação do Edifício Pátio das Flores (Fonte: pedrabranca.mus.br) acesso out 2015
Espaços Públicos Atraentes e Seguros
Harmonia entre Natureza e Amenidades Urbanas
Conectividade e Integração regional
36
O bairro é totalmente sustentável e, atualmente, conta
com cerca de 5.000 habitantes, com previsão de crescimento para 30.000 habitantes (capacidade máxima para seu
100% do bairro.
planejamento urbano) nos próximos 15 anos. Objetivos:
Proporcionar qualidade de vida com baixo impacto
Rede coletora e sistema de tratamento de esgoto em
Integração do sistema de segurança entre os prédios e o bairro.
Implantação de sistema de tecnologia sustentável.
Sistemas de uso eficiente de água e energia.
Integração social entre diferentes grupos e valorização
ambiental, inclusão social e uso de tecnologias
do espaço comum com vivência comunitária.
alternativas.
O que está adequado aos padrões sustentáveis:
Criar um bairro compacto, com a integração das diferentes funções da cidade e com a diversidade
35 quilômetros de ciclovia.
social entre os moradores.
Acesso a comércio, lazer, moradia e setores de serviços em no máximo 15 minutos de caminhada.
Resultados:
Bairro com planejamento ambiental urbano, com 5.000
Edifícios certificados, com coleta de água.
Piso elevado nas travessias, para permitir o fácil
moradores atualmente.
Incubadora de desenvolvimento de novas tecnologias e
trânsito de pedestres.
economia criativa.
Existência de ciclovias em todo o bairro, com uso
secagem e a recarga do lençol freático.
intensivo e prioritário das bicicletas como meio de transporte.
Drenagem do solo para garantir ao local rápida
25 metros quadrados de área verde por habitante, o dobro do recomendado pela ONU.
Calçadas são largas para priorizar o pedestre.
37
Prédios
não possuem cercas
para estimular
a
interação do morador com o entorno. O que não está adequado aos padrões sustentáveis:
O bairro Noroeste foi alvo de críticas quanto a seu nível de sustentabilidade, o bairro terá a primeira parte inaugurada em outubro. A previsão de conclusão do projeto é em 2030. O consultor em arquitetura Rogério Markiewicz
O bairro está a 18 quilômetros do centro de Florianópolis, o que dificulta o acesso.
2.3 BAIRRO NOROESTE
Não houve participação da comunidade na construção do bairro nem na elaboração do projeto.
auxilia algumas empreendedoras do Setor Noroeste e diz que hoje em dia não é possível pensar em obras sem levar em consideração a questão da sustentabilidade. "O pensamento deve estar atento desde a compra do material, como optar pela madeira certificada, por exemplo, ao funcionamento do prédio, que deve ser automatizado com elementos que reduzem o consumo e reaproveitam os recursos renováveis". As normas de gabarito do Setor Noroeste foram feitas baseadas nesse novo conceito. E as edificações devem respeitá-lo. Os prédios da Via Engenharia (veja quadro), por exemplo, terão um reservatório de água da chuva que será usado para irrigar o Parque Burle Marx e alimentar os lençóis freáticos. O aquecimento da água será feito por energia solar. Os elevadores terão motores de alto desempenho, que reduzem o consumo de energia. A iluminação das áreas
38
comuns (sala de entrada, pilotis) será feitas com lâmpadas que economizam em até 80% o consumo normal.
O investimento em tecnologia verde, de acordo com Rogério Markiewicz, é alto no início, mas compensador na hora de pagar o condomínio mensal. "É possível reduzir de 20% a 25% os custos normais de um prédio se forem instalados esses elementos de sustentabilidade. Mas o que faz o setor noroeste ser classificado como um bairro ecológico?
Aquecimento natural de águas na tentativa de eliminar o uso de chuveiros elétricos nas residências;
As ruas serão largas, serguras e haverá transporte público em todas as vias do novo setor; Haverá ciclovias;
Haverá o máximo de aproveitamento de luz natural nos edifícios;
Haverá pistas de cooper;
Haverá
Figura 15 – Implantação do Bairro Noroeste (Fonte: bairronoroeste.com.br) acesso out 2015
reaproveitamento
da
água
da
reciclagem;
Haverá utilização de materiais recicláveis;
Haverá utilização de ventilação natural;
chuva
-
39
Muito verde - jardins e proximidade com o parque Burle
Marx;
orientação solar
O lixo, após a coleta seletiva à vácuo, será tratado e
O bairro está sendo construído sobre um lençol freático
canalizado, impedindo o contato humano e evitando
O setor tem o dobro de vagas quando comparado às
agressão ao meio-ambiente;
O padrão de construção será o mais elevado;
O recolhimento do lixo será feito por meio de um sistema à vácuo, já utilizado em cidades europeias como Barcelona, dispensando o uso de contêiners nas ruas, na frente dos prédios e restaurantes;
Os prédios não são posicionados de acordo com a
Os prédios serão erguidos de forma ambientalmente correta - prédios ecológicos;
Utilização de gás natural;
Reaproveitamento e reciclagem das águas das chuvas
Sistema de aquecimento solar
Sistema de depósito de lixo
Tratamento do lixo (seco/orgânico) Mas o que faz o setor noroeste não ser classificado
como um bairro
ecológico?
demais regiões
Não houve participação da comunidade na construção do bairro
Empreendimentos não contemplam todas as faixas de renda
40
2.4 BAIRRO JARDIM DAS PERDIZES. Ainda em faze de construção o Bairro jardim das perdizes é o maior empreendimento imobiliário atualmente e em
desenvolvimento
na
cidade
de
São
Paulo.
As
incorporadoras Tecnisa e PDG planejam erguer um bairro inteiramente novo em um grande terreno baldio na Barra Funda, na zona oeste da cidade. A intenção das empresas é rebatizar a região com o nome de Jardim das Perdizes. Serão construídos até 32 edifícios no local, sendo que mais de 80% deles vão abrigar apartamentos residenciais. O valor total de
Figura 16 – Local onde será implantado o Bairro Jardim das perdizes.
vendas é estimado em 4 bilhões de reais. “O projeto ira abrigar 3.500 famílias que serão distribuídas
pelos
11
condomínios
independentes.
O
programa contempla 25 torres residenciais, 1 hotel, 1 torre comercial corporativa, 1 torre com salas comerciais e strip mal (mix de lojas com padaria, salão de beleza, pet shops, etc).”4 Cerca de 45% do terreno foi doado à Prefeitura de São Paulo para a construção de vias, áreas verdes e outros equipamentos públicos. Na meio do terreno, será construída uma praça de 50.000 metros quadrados.
_________________________________________________________________________ 4
Para mais detalhes sobre o empreendimento estão disponíveis para visualização http://www.jardinsdasperdizes.com.br/
41
A Tecnisa junto com a prefeitura decidiu não erguer um condomínio fechado no local e optar por um bairro mais integrado à cidade. Toda a área está sendo loteada em quarteirões de 3.000 a 10.000 metros quadrados. Serão construídas 16 vias para dividir esses quarteirões e garantir o acesso dos demais moradores da cidade. O projeto urbanístico conta com um parque publico central, com 44.000m2 de área que foi entregue á prefeitura como parte da operação urbana Água branca. Toda a infraestrutura externa de ruas, TV a cabo e telefonia foi doada á prefeitura e às concessionarias locais. Figura 17 – Projeto Bairro Jardim das perdizes. Fonte: http://www.cte.com.br/projetos/2013-04-30-jardim-dasperdizes-primeiro-bairro-ce/. Acesso em nov. 2015.
42
Certificados de sustentabilidade:
O empreendimento foi premiado com a certificação ambiental AQUA na categoria de bairros, concedido pela fundação Vanzolini. Todas as torres estão em processo de certificação para o Procel edifica nível A, a obtenção desta certificação atesta
que
o
prédio
possui
nível
máximo
de eficiência energética, o que significa que haverá uma economia de até 40% do consumo energético, e LEED NC nas torres comerciais. Pois ainda estão sendo construídas. Medidas Sustentáveis: O bairro conta com toda a rede de tubulação subterrânea, incluindo energia elétrica, telefonia e tv a cabo. Foi adotado um sistema de drenagem de aguas pluviais, permitindo que a água da chuva seja absorvida pelo terreno e infiltrada no lençol freático, evitando alagamentos das ruas. As pistas do parque receberam pavimentos drenantes com elevada porcentagem de permeabilidade. As torres terão consumo racional de água que será aquecida por paines Figura 18 – Selos (LEED e AQUA) e Etiquetagem (Procel) Fonte: Elaborada pelo autor
solares. A iluminação externa e das fachas será com tecnologia LED.
43
Os condomínios terão instalações para recargas de carros elétricos e híbridos, segregação de lixo e sistema de compartilhamento utilizados
de
materiais
bicicletas de
(bike
procedência
Sharing). como
Foram madeira
certificadas. Foram desenvolvidos estudos acústicos para definição dos elementos da fachada como janelas e caixilhos, empregando vidros de 4 a 8mm e caixilhos com lã de rocha, dependendo do resultado dos ensaios acústicos. Para evitar quebras de materiais, as alvenarias são modulares e no comercial as divisórias serão drywall. O stand de vendas foi construído em estrutura metálica e será desmontado e doado para a prefeitura para a instalação
Figura 19 – Projeto da Praça. Fonte: http://www.blogtecnisa.com.br/institucional/tecnisalanca-hoje-o-jardim-das-perdizes-bairro-planejado-mais-
futura de outro uso como museu e biblioteca, por exemplo. O PROJETO URBANISTICO:
moderno-de-sao-paulo/. Acesso em nov. 2015.
Área verde com 2,2 MIL Árvores de mais de 40 espécies;
O parque será publico e atenderá todos os moradores da região da Barra Funda, Perdizes e Pompéia, será entregue
Iluminação em LED nas áreas verdes e ruas do bairro;
para a prefeitura com toda a infraestrutura instalada (ciclovia,
Drenagem de água pluvial;
pista de cooper, equipamentos esportivos para terceira idade)
Fiação subterrânea;
e pronto para ser usado pela comunidade local.
Pista de cooper com piso intertravado drenante
Ciclovia com piso intertravado drenante
44
Aparelhos de ginástica com plano de exercício para nível iniciante e avançado;
CAPITULO 3 – CERTIFICÃO DE BAIRRO 3.1 INTRODUÇÃO
Playground;
WI-FI para condôminos;
Pisos Podotáteis nas rampas de acesso para
responsabilidade das empresas crescem a cada dia. As
orientação de deficientes visuais;
regras e padrões de produção não são mais ditados apenas
Bancos para descanso e leitura;
pela
Área de lazer para a terceira idade, por exemplo,
consumidores querem garantias de qualidade e transparência
mesas de jogo de xadrez;
em relação aos processos de produção da empresa, incluindo
Pavimentação com 100% de permeabilidade tem como objetivo evitar a formação de poças e garantir a drenagem natural, dentro do próprio terreno;
Bebedouros para cachorros.
As
exigências
“livre
da
concorrência”,
sociedade
isto
é,
em
pelo
relação
mercado.
à
Os
aí o respeito à sustentabilidade em seus três pilares: o econômico, o social e o ambiental. Para que as empresas ofereceram uma garantias ao consumidor e para facilitar os processos de gestão e produção, foram criados, ao longo dos anos, padrões e sistemas de verificação que atestam as boas práticas de uma empresa. Este “atestado” é chamado de certificação. Para recebê-lo, uma empresa precisa adotar e seguir as normas de fabricação ou serviços de sua área, normalmente elaboradas
em
fóruns
colaborativos,
que
envolvem
especialistas do setor, autoridades acadêmicas e públicas.
45
3.2 Objetivos da certificação
Depois de adequar-se a esses padrões, a empresa solicita a visita dos auditores, profissionais que pertencem a organizações certificadoras, acreditadas para conceder a certificação. As certificadoras, por sua vez, são empresas habilitadas para fazer esse trabalho pelas instituições de acreditação, reguladas pelas que criaram a norma.
A certificação tem como objetivo qualificar o edifício ou o bairro como uma construção adequada ao meio ambiente, onde utilizou materiais sustentáveis e tecnologias que contribuem para a redução dos gastos diários dos moradores.
Os principais sistemas de certificação atuantes no brasil sobre bairros presentes no Brasil são o LEED ND (Leadership
in
Energy
Environmental
Design
for
Neighborhood Development), realizado pelo Green Building Council Brasil, como foi criado nos Estados Unidos o programa se baseia em critérios americanos e o sistema de certificação AQUA (Alta Qualidade Ambiental) para bairros, desenvolvido pela Fundação Vanzolini, que buscou tomando
Os selos de certificação ambiental são instrumentos que se destinam a educar consumidores sobre os impactos ambientais da produção, uso e descarte de produtos, levando a uma mudança no padrão de consumo e assim reduzir seus impactos negativos sobre o meio ambiente. (HARDING, 2002). As empresas que irão certificar o bairro devem
Qualité
acompanhar o processo de desenvolvimento desde sua
Environnementale), maior proximidade com a realidade local
concepção. Deve-se avaliar no projeto o seu real potencial
brasileira.
sustentável, buscando definir as diretrizes de sustentabilidade
como
base
o
sistema
francês
HQE
(Haute
do projeto, e o nível de certificação que será atingido. Durante o ciclo de vida do projeto é onde ocorre a certificação que por sua vez certifica o quanto o produto é sustentável e que grau de sustentabilidade ele irá possuir.
46
3.3 Vantagens da certificação
mais marketing do que responsabilidade pelo futuro do nosso
As certificações trazem inúmeras vantagens tanto
planeta.
para o cliente quanto para as empresas sem contar que
As empresas adotam a estratégia ambiental por
estará ajudando para a melhoria do meio ambiente. A seguir
motivos
será apresentada algumas vantagens para seus beneficiários:
requisitos legais, salvaguarda da empresa, imagem, proteção
Empresa: Aumento de credibilidade frente ao mercado; Redução de acidentes ambientais; Redução com os custos devido aos acidentes
de
responsabilidade
ecológica,
de pessoal, pressão de mercado, qualidade de vida e lucro. (ENEGEP, 2006 apud DONAIRE, 1995). Um bairro sustentável tem suas vantagens percebidas em longo prazo tanto para as empresas de incorporação
recursos naturais; Redução nos custos com
imobiliária quanto para seus usuários, tendo como um grande
utilização de mão de obra qualificada.
problema inicial o custo de seus materiais e tecnologias
Clientes: Conservação de recursos naturais;
implantadas. Mas seus retornos são recompensados em
Redução da poluição; Incentivo a reciclagem;
diminuição dos custos residências e valorização do imóvel.
Redução
na
utilização
Produtos e processos mais limpos.
sentido
dos
ambientais;
como:
Meio Ambiente: Conservação de recursos naturais; Redução da poluição; Incentivo a reciclagem.
A responsabilidade ambiental nas ultimas décadas tem ganhando grande destaque sobre as empreiteiras e a mídia, porem para a maioria das empresas acaba se tornando
As técnicas utilizadas para a certificação podem ser dividida em três, análise estatística, baseados em créditos, baseado no desempenho. Cada uma apresenta formas diferentes de metodologia, conforme apresentada abaixo. Análise Estatística: Os valores estatísticos de edifícios de uma população são usados como referencia para a criação de uma nova marca com redução do uso de
47
energia. Necessita de muitos dados para a produção de uma amostra. EX: Cal-arch (California building energy reference tool) e Energy Star (U.S. Department of Energy) – EUA.
3.4 Certificação LEED ND O LEED ND é uma ferramenta de reconhecimento internacional, desenvolvida para orientar e certificar
Baseado em Pontos: È um sistema baseado em
áreas urbanas sustentáveis, criada em 2009 nos
créditos que geram um índice. È feita ma ponderação por
Estados Unidos pela USGBC. Possui a característica
categorias. O empreendimento pode ser classificado em
de ser um sistema voluntário, que pode ser aplicado
níveis de ambientalmente correto. Este sistema fornece
tanto em algumas unidades autônomas dentro de
padrões e diretrizes de projetos para poder medir a eficiência
áreas urbanas já consolidadas, como em áreas de
e se está em sintonia com o meio ambiente. Ex: LEED (EUA)
expansão urbana, loteamentos, vilas e até cidades
e BREEAM (BRE Environmental Assessment Method –
inteiras. (XAVIER, 2009).
Inglaterra). Baseado em Desempenho: È um sistema baseado mais na gestão e no processo. Todas as Categorias devem apresentar um desempenho pelo menis igual ao normalizado. O empreendimento é ou não é ambientalmente correto, não há escalas de atribuição do certificado. Ex: HQE (França) e Nabers ( National Australian Built Environment Tating System – Austrália).
Sua técnica de classificação se baseia na soma de pontos dos créditos avaliados, que dentro das faixas especificadas, determinam o selo conquistado. O LEED ND está estruturado em cinco capítulos, três capítulos principais, são eles: Smart Location and Linkage (Localização Inteligente e Conexões Urbanas), Neighborhood Pattern and Desing (Tecido Urbano e Desenho do Bairro), Green Infraestructure and Buildings (Infraestrutura e Edifícios Verdes) e outros dois capítulos de menor peso na avaliação, são eles: Innovation and design process (Inovações em
48
Projeto) e Regional priority credit (Créditos Regionais). Os
facilidade de acesso a transporte público
capítulos se subdividem em créditos, que tratam de assuntos
eficiente com interação em sua gestão.
mais específicos, conforme afirma a CTE Consultoria na
descrição abaixo.
performance
Localização
Inteligente
e
ser
urbanizada,
eficiência
de
urbanização,
incentivo
quantidades
mínimas
habitacionais,
priorização
densidade
ao
uso
de do
de
misto,
ambiente urbanizado, gestão de resíduos, uso de materiais reciclados e redução da poluição luminosa do empreendimento.
Inovações
em
empreendimentos
unidades pedestre,
edificações
e para condicionamento de ar, conforto do
urbana, assegurando conectividade com a existente,
de
de sistemas distritais para geração de energia
principal no desenvolvimento de infraestrutura
já
reusa
enchentes, redução de ilhas de calor, utilização
reabilitação,
Tecido Urbano e Desenho do Bairro: Foco
urbanização
coletivo
edifícios históricos, plano de contingência para
preservação de áreas agricultáveis.
uso
existentes, preservação de monumentos e
paisagístico e ambiental, urbanização de áreas sua
de
hídricos, eficiência energética em infraestrutura
em
públicos, preservação de áreas de interesse
visando
infraestrutura
obras. Premia o uso racional dos recursos
infraestrutura viária, acessa a equipamentos
contaminadas
de
reduzir os impactos ambientais no canteiro de
sustentável, tendo em vista as aptidões da a
mínima
energia e água em seus pré-requisitos e
Conexões
Urbanas: Foco no desenvolvimento urbano
área
Infraestrutura e Edifícios Verdes: Assegurar
Projeto: com
Bonifica
performances
exemplares.
Créditos
Regionais:
Bonifica
empreendimentos que atendam a créditos
49
locais,
no
caso
brasileiro,
a
serem
regulamentados pelo GBC Brasil. Cada capítulo apresenta seus itens específicos relativos ao assunto tratado. A pontuação dos itens depende de sua relevância conforme os conceitos do LEED ND, e a soma dos pontos conquistados definirá a certificação do grau de sustentabilidade alcançado pelo empreendimento. Os
Para cada um dos cinco capítulos existem prérequisitos a serem atendidos, independente do atendimento a outros créditos. Essa exigência é necessária como base para o desenvolvimento de bairros sustentáveis, caso não sejam atendidas, o projeto não poderá ser certificado. O Quadro 1 apresenta os requisitos exigidos para cada um dos capítulos de avaliação.
pontos por capítulo de avaliação e as faixas de pontos para os diferentes selos de certificação são apresentados pela Figura 17.
Figura 20 – Faixas de pontuação LEED ND (Fonte: LEED ND, 2009).
Figura 21 – Pré-requisitos LEED ND. (Fonte: Rodrigo Ribeiro, 2015).
50
As definições dos pré-requisitos são feitas pelo
de trabalho, com profissionais de competências diversas
manual LEED 2009 for Neighborhood Development Rating
como,
System, pois tem como função esclarecer as medidas a
consultores
serem implantadas no bairro, para que possa ser considerado
incorporação imobiliária. O grupo deve avaliar e articular os
sustentável quanto à função especifica avaliada.
objetivos do projeto e o nível de certificação solicitada.
A definição de cada crédito ou pré-requisito se estrutura
da
seguinte
forma:
objetivo,
os
engenheiros de tráfego, de
sustentabilidade
paisagistas, e
arquitetos,
responsáveis
pela
Após o início dos trabalhos de desenvolvimento do
requisitos
bairro, e concluídas as definições de início do projeto, o
considerados sustentáveis para o crédito específico ou pré-
próximo passo é registrá-lo junto ao GBCI (Green Bulding
requisito, que podem se apresentar com mais de uma opção
Certification Institute), que serve como uma declaração da
de atendimento. Cada opção possui uma faixa de pontuação
intenção de certificar o bairro pelo sistema LEED ND. Após o
possível, conforme sua relevância, e podem ser somadas,
pagamento da taxa de inscrição, o projeto fica disponibilizado
caso todas sejam atendidas.
online, e a equipe de projeto começa a preencher a
Para fornecer aos desenvolvedores de projetos certificáveis uma aprovação condicional em estágio inicial, o LEED ND é dividido em estágios conforme mostrado abaixo. Primeiro é desenvolvido um estudo preliminar, onde se verifica a viabilidade da concepção de um bairro sustentável,
considerando
todas
as
etapas
de
desenvolvimento envolvidas e os capítulos que serão avaliados pelo LEED. Nesta fase inicial, é montado um grupo
documentação necessária. Depois preparativos
do
para
registro sua
do
projeto,
candidatura.
São
começam
os
apresentados
inicialmente os pré-requisitos quanto ao SLL (Smart Location and Linkage), relativos à localização do terreno. Isso se faz necessário, pois tais premissas não podem ser alteradas em projeto, diferente dos outros créditos avaliados. Caso sejam atendidos todos os pré-requisitos relativos à localização do
51
bairro, o projeto poderá avançar para as próximas etapas, do
créditos, e quando os certificados de ocupação de edifícios e
contrário o processo é interrompido.
aceitação de infraestrutura foram emitidos pelas autoridades
No estágio um, são apresentados os documentos com as informações iniciais do projeto, atendendo aos prérequisitos e aos créditos mínimos necessários à certificação. Se a aprovação condicional do projeto é alcançada, uma carta
públicas competentes sobre o projeto. Se a certificação do desenvolvimento do bairro concluído é alcançada, uma placa ou 31 prêmios similar para exibição pública serão emitidos e ele será listado como certificado no site do USGBC.
é emitida afirmando que se o projeto for executado conforme
O LEED ND é apenas mais uma certificação dentro
proposto, será elegível para alcançar a certificação LEED de
do sistema LEED que por sua vez é dividido em categorias,
desenvolvimento de bairros.
conforme o tipo de empreendimento a ser implantado.
O estágio dois estará disponível assim que todos os documentos necessários emitidos pelas autoridades públicas competentes estiverem conquistados. Isso é necessário, pois quaisquer alterações no plano aprovado condicionalmente poderiam afetar o pré-requisito ou a realização de créditos, caso ocorram alterações elas deverão ser comunicadas. Se a autorização prévia do plano é alcançada, um certificado é emitido informando que o projeto está pré-certificado e ele será listado como tal no site do USGBC. A etapa final ocorre quando o projeto pode apresentar documentação para todos os pré-requisitos e tentativas de
Apresentando pré-requisitos e créditos próprios para cada categoria.
52
Em 2004, um estudo visando à elaboração de uma metodologia
específica
para
assentamentos
urbanos
sustentáveis, foi encomendado e realizado na França pelo Gabinete SETUR e outros colaboradores. Atendendo a uma demanda por projetos em nível nacional, em janeiro de 2007, foi iniciado um experimento piloto com dez empreendimentos, que objetivava, em um período de três anos, testar em campo o “Processo de Qualidade
Ambiental
em
Assentamentos
Urbanos”.
(FUNDAÇÃO VANZOLINI, 2011). Figura 22 – Certificações LEED (Fonte: USGBC, 2009).
Em 2009, os resultados da experiência realizada embasaram a criação de uma nova metodologia de certificação ambiental. A reescrita de um guia voltado ao
3.5 Certificação AQUA BAIRROS No ano de 2002 foi criado o processo de certificação francês HQE (Haute Qualité Environnementale), ele toma
conceito de sustentabilidade urbana levou à formulação do processo de certificação AQUA voltada para bairros e loteamentos.
como base os referencias de desempenho desenvolvidos pelo
A técnica de avaliação aplicada no processo de
Centre Scientifique et Technique du Bâtiment (CSTB), criado
certificação é baseada no desempenho, a adesão ao
em 1947.
processo se dá de forma voluntária. O processo baseia-se nas normas de qualidade ISO 9001, ISO 14001 e no
53
documento
Abordagem
Ambiental
do
Urbanismo
desenvolvido pela agência francesa ADEME (Agência do
ligados ao empreendimento, tanto os do setor privado quanto os do setor público.
Meio Ambiente e de Controle da Energia). Onde foi adaptada para o Brasil, pela Fundação Vanzolini os seguintes critérios: legislação, condições climáticas, normatização, aspectos sociais e culturais, na qual está fundação sem fins lucrativos é responsável pela certificação do AQUA BAIRROS.
O referencial para o processo de certificação é o documento que descreve o processo AQUA BAIRROS. Este sistema é composto de dois elementos essenciais, O SGB (Sistema de Gestão do Bairro) e a QAB (Qualidade Ambiental do Bairro).
O processo de certificação AQUA BAIRROS visa à integração do empreendimento com o seu entorno, com o maior
controle
possível
dos
impactos
ambientais,
considerando o conjunto das fases do projeto. Nesse sentido, busca por conjugar os pilares econômicos, sociais e ambientais do desenvolvimento sustentável, desenvolvendo um melhor ambiente econômico e social, na busca pela promoção de uma melhor qualidade de vida.
loteamento pode realizar o processo, não importando o contexto territorial no qual está inserido, seu tamanho e sua por
possuir
características
processo que permite a condução eficaz de um projeto, seu objetivo
é
direcionar
empreendimento,
através
e
organizar do
controle
as dos
etapas
do
processos
pertinentes à concepção do bairro, com a finalidade de aumentar a sinergia entre os stakeholders, visando à criação de um bairro sustentável. O SGB é composto por seis etapaschave que balizam o desenvolvimento do projeto e uma etapa
Qualquer empreendimento considerado um bairro ou
destinação,
O objetivo do SGB constitui a coluna vertebral do
genéricas,
sua
aplicação se torna flexível. Ele é dirigido a todos os atores
pós-operacional de acompanhamento, conforme mostra a Figura 23..
54
as outras características do território, preservar os recursos naturais e melhorar a qualidade ambiental e sanitária do bairro, promover a integração na vida social e fortalecer as dinâmicas econômicas. (FUNDAÇÃO VANZOLINI, 2011).
Figura 23– Etapas SGB (Sistema de Gestão do Bairro) (Fonte: FUNDAÇÃO VANZOLINI, 2014). O QAB deve servir como subsídio à equipe de elaboração do projeto em uma análise global de seu desenvolvimento, desde o início dos trabalhos até a definição do programa de ações desenvolvido para tornar o bairro sustentável. Com o objetivo de auxiliar a concepção de um empreendimento, de forma a abordar globalmente os conceitos de um bairro sustentável, são propostas dezessete temas ligados à sustentabilidade de áreas urbanas, como mostra na figura 20.Esses temas encontram-se agrupados em três grandes objetivos do desenvolvimento sustentável: assegurar a integração e a coerência com o tecido urbano e
Figura 24 – Etapas QAB (Qualidade Ambiental do Bairro) (Fonte: FUNDAÇÃO VANZOLINI, 2014).
55
Além do estabelecimento de um sistema de gestão
As auditorias da Fundação Vanzolini são presenciais
específico para o empreendimento, o empreendedor deve
e independentes. Elas asseguram e atestam a conformidade
realizar a avaliação da qualidade ambiental do edifício em
do empreendimento às exigências de gestão e desempenho
pelo menos três fases (construção nova e renovações): Pré-
definidas nos referenciais técnicos.
projeto, Projeto e Execução; e na fase pré-projeto da Operação e Uso e fases Operação e Uso periódicas (edifício em operação e uso).
para cada uma das 14 categorias de preocupação ambiental e as classifica nos níveis BASE, BOAS PRATICAS ou MELHORES PRATICAS, conforme perfil ambiental definido pelo empreendedor na fase pré-projeto. Para um empreendimento ser certificado AQUA, o empreendedor deve alcançar no mínimo um perfil de desempenho com 3 categorias
no nível
MELHORES
PRATICAS, 4 categorias no nível BOAS PRATICAS e 7 categorias no nível BASE. evidências
de
gestão
e
desempenho
são
submetidas à auditoria da Fundação Vanzolini ao final de cada uma destas fases.
empreendedor deve planejar e garantir o controle total do desenvolvimento do empreendimento nas fases Pré-projeto,
A avaliação da Qualidade Ambiental do Edifício é feita
As
Para obter a certificação da construção nova o
projeto e Execução. Para obter a certificação do empreendimento em uso e operação, as rotinas de gestão predial devem ser planejadas e monitoradas periodicamente. O empreendimento será certificado, com emissões dos certificados após as auditorias, uma vez constatado atendimento aos critérios dos Referenciais Técnicos de Certificação e comprovado o alcance do perfil mínimo.
56
Figura 25– Processo de Certificação (Fonte: Fundação Vanzolini, 2015)
Figura 26– Caminho para certificação dentro do projeto(Fonte: Fundação Vanzolini, 2015)
57
A sustentabilidade na construção civil pode ser vista como
consequência
do
desenvolvimento
de
empreendimentos mais sustentáveis, uma vez que estimulam o planejamento do desenvolvimento dos projetos e obras, a formalização e o aperfeiçoamento técnico de materiais e sistemas
construtivos,
a
inovação
tecnológica,
a
racionalização do processo produtivo, a preservação de recursos naturais, a responsabilidade social e, especialmente,
Figura 27 – Beneficio da certificação AQUA para o empreendedor (Fonte: Fundação Vanzolini, 2015).
a consolidação de um ambiente construído mais saudável e confortável. Devido
à
relevância
da
construção
civil
no
desenvolvimento sustentável e na sobrevivência humana no planeta, o processo AQUA tem significativo potencial de promover soluções para estas questões no qual seu certificado traz benefícios tanto para o empreendedor quanto para usuário e o meio ambiente. Figura 28 – Benefício da certificação AQUA para o usuário (Fonte: Fundação Vanzolini, 2015).
58
3.6 ETIQUETA PROCEL EDIFICA Com a crise energética de 2001 foi promulgada a Lei 10.295/2001 que dispões sobre a Politica Nacional de Conservação e Uso Racional de Energia, seguida pelo o decreto 4059 de 19 de dezembro de 2001 que a regulamentou, estabelecendo “níveis máximos de consumo de energia, ou mínimos de eficiência energética, de máquinas Figura 29 – Benefício da certificação AQUA para a sociedade e meio ambiente (Fonte: Fundação Vanzolini, 2015).
e
aparelhos
consumidores
comercializados
no
País,
de
energia
bem
como
fabricados as
ou
edificações
construídas”¹, iniciando-se assim o processo de criação de uma legislação nacional para a avaliação dos edifícios sob o ponto de vista de sua eficiência energética. A etiquetagem para aparelhos elétricos e eletrônicos já é bastante utilizada pelas industrias, mas a regulamentação para a etiquetagem de edifícios doi publicada somente em 2010, tendo seu desenvolvimento e divulgação coordenados pelo LabEEE² e Inmetro. No endereço eletrônico do Programa Procel Edifica e encotram-se os documentos que foram utilizados neste trabalho e que estão listados na bibliografia,
59
contendo as instruções para proceder a etiquetagem de edifícios. Diferente de outros selos de sustentabilidade como LEED (Leadership in Energy and Environmental Design) e AQUA (Processo AQUA é a adaptação para o brasil da “ Demarche HQE”, da França), o selo Procel avalia apenas os fatores que influenciam diretamente o consumo de energia da edificação. A avaliação é feita separadamente para três aspectos da edificação: a envoltória, o sistema de iluminação e o ar condicionado, recebendo cada um desses sistemas etiquetas
de
eficiência
energética
independentes
que
combinadas conferem ao edifício uma classificação única.
______________________________ ¹ Procel Edifica Introdução – Disponivel em <http://www.labeee.ufsc.br/eletrobras/etiquetagem/downloads.php>. Acesso em : 10 novembro 2015 ² LabEEE: Laboratório de Eficiência Energética da UFSC
Figura 30 – Etiqueta Nacional de Eficiência Energética (ENCE) (Fonte: BRASIL,2010a, P.9).
60
Os quatro volumes que formam o programa de 3
Estas que permitem fazer alterações a fim de conseguir
etiquetagem para edificações são :
alcançar graus maiores de eficiência energética, mas também
Volume 1: Etiquetagem de Eficiência Energética de
poderá ser utilizado em edifícios existentes em estudos de
Edificações.
retrofit.
Volume 2: Regulamento Técnico de Qualidade do Nível de
No presente trabalho pretende-se avaliar a criação de um
Eficiência
edifício. O edifício comercial e residencial, segundo as
Energética de Edifícios comerciais, de Serviço
e Publico(RTQ-C).
exigências do programa Procel Edifica. Para isso serão
Volume 3: Regulamento de Avaliação da Conformidade do
consultados os dados pertinentes de edifícios já construídos
Nível de Eficiência Energética de Edifícios Comerciais, de
de eficiência energética como os do bairro Jardim das
Serviços e Públicos (RAC-C).
Perdizes.
Volume 4: Manual para aplicação dos regulamentos RTQ-C e RAC-C.
Para Analisar a envoltória, que consiste das paredes e cobertura, leva-se em consideração a localização geográfica do edifício, os materiais construtivos das paredes externas e cobertura e a proporção entre as áreas envidraçadas e as áreas opacas das envoltórias. O processo de etiquetagem foi concebido para serem aplicadas paralelamente ao projeto e construção, etapas.
______________________________ 3
Estes volumes estão disponíveis para download através do
endereço eletrônico <http://www.labeee.ufsc.br/eletrobras/etiquetagem/downloads.php>.
61
CAPÍTULO 4 - BAIRRO SUSTENTAVEL - JD. SÃO JUDAS TADEU
4.1 Estudo de caso A área do terreno fica situada na região do Varginha, Sul de São Paulo no bairro Jardim São Judas Tadeu. Suas Principais vias é a Av. Sem. Teotônio Viléla e a Av. Paulo Guilguer Reimberg onde dão acesso ao terreno. Figura 31 – (Procel Edifica) Etiqueta Nacional de Eficiência Energética (ENCE) (Fonte: BRASIL,2010a, P.9).
Hoje a região da Varginha não tem um padrão urbano estabelecido, pois muito das residências no local foram construídas sem uma fiscalização da prefeitura. Com isso o bairro Jardim São Judas Tadeu irá influenciar diretamente no desenvolvimento da qualidade de vida do seu entrono.
62
4.1.1 Local do Projeto
Figura 32– Localização do terreno (Fonte: GOOGLE Mapas, 2015).
63
4.1.2 Infraestruturas do bairro
Estação de Ônibus Terminal Varginha Estação de Trem – CPTM – Estação Varginha Poupa Tempo Atacadão Escolas: O local está bem servido de escolas de ensino médio
e infantis porem algumas creches não tem infraestrutura para receber muitas crianças. Então pretendo fazer uma creche para o bairro.
64
Figura 33â&#x20AC;&#x201C; Escolas no entorno (Fonte: GOOGLE Mapas, 2015).
65
Padarias: Tem somente uma padaria próxima ao bairro Jardim São Judas Tadeu, porem esta padaria não suportaria a demanda do bairro.Pretendo inserir um empório no bairro, para que o morador não tenha que percorrer uma grande distancia para comprar alguns alimentos básicos.
Figura 34– Formato da Padaria Empório (Fonte: GOOGLE Mapas, 2015)
66
Figura 35â&#x20AC;&#x201C; Padarias no seu entorno (Fonte: GOOGLE Mapas, 2015).
67
Pontos de Ônibus: Os pontos de ônibus da região estão em calçadas pequenas e por conta disso a única sinalização do ponto é um poste de madeira. Vendo este descuido com a localização dos pontos pretendo realoca-los para um local com calçadas mais amplas, assim criando um ponto de ônibus onde tenha conforto tanto fisicamente quando visualmente par ao usuário.
.
Figura 36– Ponto de Ônibus com Jardim suspensos (Fonte: http://www.designboom.com/project/bird-bus-stop/, 05 jun 2015, Hrs 16
68
Figura 37– Pontos de Ônibus (Fonte: GOOGLE Mapas, 2015).
69
Supermercados: Com a construção de um empório no bairro os usuários iriam ao supermercado somente para fazer compras grandes fazendo que não tenham que se deslocar grandes distancia para comprar poucos alimentos. O Atacadão mais próximo fica na Av. Sen. Teotônio Viléla.
70
Figura 38â&#x20AC;&#x201C; Supermercados (Fonte: GOOGLE Mapas, 2015).
71
4.1.3 Objetivos e Desenvolvimento Preliminar
Proporcionar qualidade de vida com baixo impacto ambiental, inclusão social tanto para a classe de baixa renda como a de media e uso de tecnologias alternativas.
Casas Sustentáveis: Aquecimento solar ou a gás, Proteção térmica de terraços e coberturas, ventilação e iluminação naturais, Tubulações subterrâneas (Luz, Agua, Esgoto).
Prioridade ao Pedestre.
Uso Misto e Complementaridade.
Diversidade de Moradores.
Senso de Comunidade.
Densidade Equilibrada.
Espaços Públicos Atraentes e Seguros.
Harmonia entre Natureza e Amenidades Urbanas.
Conectividade e Integração Regional.
Parque comunitário.
Rede coletora e sistema de tratamento de esgoto em 100% do bairro.
Reaproveitamento da água da chuva – reciclagem
Utilização de materiais recicláveis;
72
Figura 39â&#x20AC;&#x201C; Desenvolvimento Preliminar (Fonte: Rodrigo Ribeiro, 2015).
73
4.2 Projeto
O bairro já contava uma área residencial e comercial existente. Tendo isto como base foi implantada no mesmo alinhamento das residências existentes, três quadras onde será destinado a casas. Além disso, o bairro conta com condomínio com cinco torres onde o térreo terá uma área comercial. Ao pensar no entorno e no fluxo de pessoas, será criada próxima a Avenida Paulo Guilguer Reimberg, um centro empresarial com três torres. Também haverá um parque público de 79 mil metros quadrados, com projeto de paisagismo e área para esportes. Na parte cinza da implantação será destinada ao poder publico, para construção de escolas, posto de saúde, creche, etc...
74
4.2.1 Implantação
Figura 40 – Implantação do bairro Jd. São Judas Tadeu. (Fonte: Rodrigo Ribeiro, 2015).
75
O bairro contará com toda de tubulação subterrânea, incluindo energia elétrica, telefônica e tv a cabo. Foi adotado um sistema de drenagem de águas pluviais, permitindo que a água da chuva seja absorvida pelo terreno e infiltrada no lençol freático, evitando alagamentos das ruas. As pistas do parque receberam pavimentos drenastes com elevada porcentagem
de
permeabilidade.
Todas
as
calçadas
receberam uma rampa de acesso para cadeirantes. As torres
Figura 41 – Poste publico com placa
terão consumo racional de água que será aquecida por
solar. (Fonte: Rodrigo Ribeiro, 2015).
painéis solares. A iluminação externa dos postes será com tecnologia LED e contarão com um painel solar para serem autossustentáveis. Pensando na sustentabilidade social toda a energia que estiver sobrando do bairro será distribuída para o entorno do mesmo.
Figura 42 – Piso da calçada acessível para cadeirantes (Fonte: Rodrigo Ribeiro, 2015)..
76
4.2.2 Prédio Residencial e Comercial
Figura 43 – prédios residenciais com térreo comercial. (Fonte:
Figura 44 – jardim vertical e terraço com horta comunitária e placas
Rodrigo Ribeiro, 2015).
solares (Fonte: Rodrigo Ribeiro, 2015).
77
O projeto de um edifício multifuncional com a parcela residencial. É incentivar a criação de mais comércios para a região. Ao mesmo tempo em que são criadas habitações, o terreno também abrigará uma parcela de comércio e serviços que será de locação do condomínio e com esta verba será destinada a manutenção dos equipamentos, como uma das premissas da Sustentabilidade, irá gerar emprego e renda que podem vir a ser aproveitados pelos próprios moradores da região. O edifício aqui proposto pretende melhorar não só a qualidade de vida do bairro como a de seu entorno, pois este,
no
local
do
projeto,
é
servido
por
Figura 45 – Área comercial (Fonte: Rodrigo Ribeiro, 2015).
completa
infraestrutura. Os edifícios contem quarto apartamentos de 97m2 por andar, em suas fachadas uma vegetação vertical que se estende ate o terraço que leva ate o deck para descanso, esta vegetação na facha junto com as janelas com aberturas maiores que o padrão ajuda a amenizar o clima do ambiente, fazendo com que morador utilize menos o aquecedor ou o arcondicionado. Na parte do terraço para aproveitar o máximo de espaço do local será dividido em duas partes, uma é destinada aos painéis solares onde a entra será restrita, e a Figura 46 – Hall entrada para os edifícios residenciais (Fonte: Rodrigo Ribeiro, 2015).
78
outra destinada ao deck de descanso e a uma horta
comunitária. Principais ações da Sustentabilidade implantadas no local: Eco construção:
Não haverá grandes deslocamentos de materiais;
A terra que for retirada do local vai ser usada no mesmo;
Sistema de aquecimento de água com placas solares e apoio com aquecedores de gás natural.
Energia:
Equipamentos com eletrodomésticos com selo Procel;
Instalação de sensores de presença nas áreas comuns, halls e subsolos;
Instalação de captadores de energia solar (Placas fotovoltaicas);
Não haverá subsolos para evitar o deslocamento de caminhos de areia e um menor custo construtivo;
Lampas de todos os ambientes em LED;
Canteiro de obras com baixo impacto ambiental;
Fachada com vegetação vertical para a melhora do
Relação do edifício com o seu entorno;
Escolha integrada de produtos, sistemas e processos
clima evitando o uso de aquecedor;
aproveitar o máximo de entrada de luz;
construtivos;
Tintas ecológicas;
Água:
Individualização de água;
Aquecimento natural de águas na tentativa de eliminar
Janelas com abertura maiores que o padrão, para
Haverá utilização de ventilação natural;
Redução do custo condominial de até 30%;
Resíduos:
O recolhimento do lixo será feito por meio de um
o uso de chuveiros elétricos nas residências;
sistema à vácuo, que será levado para um local
Reuso de água da chuva;
especifico para recolhimento. Já utilizado em cidades
Utilização de vaso sanitário que possibilite menos
europeias como Barcelona, dispensando o uso de
vasão de água;
79
contêiner
nas
ruas,
na
frente
dos
prédios
e
As floreiras do Jardim Vertical Mamute foram projetadas
restaurantes;
para reservar água e repassar o excedente ao vaso de baixo,
Haverá utilização de materiais recicláveis;
por gravidade, até o último recipiente. As jardineiras possuem aberturas na parte inferior por onde passa o excedente da
Jardim vertical: O jardim vertical a ser utilizado na fachada dos edifícios será a técnica chamada “Mamute”. O jardim será feito com
água para irrigação de todas as floreiras com isso tendo um menor consumo de água para irrigação.
diferentes plantas polinizadoras, para atrair mais insetos e animais, como abelhas, borboletas e pássaros para o ambiente
urbano,
tentando minimizar
os
problemas
ambientais locais. o sistema “Mamute” permite:
Menos material e vegetação por m2;
Menor custo por m2 sendo mais barato que o sistema canguru;
Instalação rápida e fácil;
Isolamento acústico e térmico;
Baixa carga;
Irrigação automatizada;
Maior reserva de água e menor frequência da rega;
Não exige impermeabilização da fachada;
Permite desmontagem e remontagem.
Figura 47- Jardim vertical com sistema “Mamute” (Fonte: https://ecotelhado.com/jardim-vertical-com-350m%C2%B2-einaugurado-em-londres/).
80
Eco telhado: Porque escolher este sistema? Pois o Eco telhado difere dos sistemas convencionais de terra ou substrato ele foca no armazenamento da água da chuva e reciclagem de águas cinza e ou negras do próprio prédio. O Eco telhado pode ser classificado como um sistema semi-hidropônico. Ele evita o acumulo desnecessário de sobrepeso gerado através do uso de substrato ou terra ao armazenar água na própria laje, embaixo da vegetação. Vantagens deste sistema:
Baixa carga: 100 kg/m2;
Permite o pisoteio;
Possui proteção anti-raizes;
Retém 50 litros/m2 de água pluvial;
Conforto térmico e acústico;
Sistema semi-hidropônico;
Permite o plantio de forrações e pequenos arbustos;
Não necessita de substrato quando utilizado com grama;
Sem compactação do substrato.
Figura 48 – Eco telhado com sistema Tec Garden (Fonte:http://techne.pini.com.br/engenharia-civil/172/artigo2858782. aspx).
81
4.2.3 Centro Empresarial
Figura 49 - Centro empresarial (Fonte: Rodrigo Ribeiro, 2015).
Figura 50 – Praça central dos edifícios (Fonte: Rodrigo Ribeiro, 2015).
82
O centro empresarial foi feito pensando nas pessoas que vão morar neste local, pois muitos se locomovem até o centro da cidade para irem trabalhar. Com este prédio irá surgir
muitas
oportunidades
de
emprego,
e
visando
contratações para pessoas da região para diminuir o transito entre os bairros. Este local ajudara tanto os moradores do bairro quando do seu entorno, pois no mesmo endereço terá várias opções de compras, área cultural, serviços e lazer. Pois grande parte dos mercados, bancos, opções de lazer e etc... Estão longe, e as pessoas têm que ir de carro ou de ônibus. Então além de facilitar para os moradores irá valorizar economicamente a região. Por ser um centro empresarial o edifício irá consumir muita energia e agua. Pensando nisto serão instalados vário painéis fotovoltaicos para converter a energia da luz do sol em energia elétrica. Porém tudo vai ser ajustado com a companhia AES Eletropaulo para ter uma troca, ou seja, o que sobrar de energia solar será distribuído para os postes públicos no entorno do bairro, e assim se precisarmos usar a energia da AES Eletropaulo o custo da energia vai diminuir ajudando o entorno do bairro.
Figura 51 – Placas solares do edifício empresarial (Fonte: Rodrigo Ribeiro, 2015).
83
4.2.4 Casas
Figura 52 â&#x20AC;&#x201C; Ă rea destinada a casas (Fonte: Rodrigo Ribeiro, 2015).
Figura 53 - Fachada das casas
84
O
projeto
desta
casa
sustentável
que
possuem
etiquetagem PROCEL e certificação AQUA Bairros. Consiste
edificação e ao transporte necessário entre as diversas etapas de produção da edificação.
em uma residência unifamiliar, com um programa de necessidades típico de uma habitação para uma família media, incluindo três dormitórios, sala e cozinha, banheiro, área de serviço, quintal e área de entrada, em um terreno 200m2. Para a concepção da casa foram definidas diretrizes para o projeto de habitação, que representam fatores determinantes do desempenho energético dele, entre elas a otimização das condições da edificação e a escolha criteriosa dos materiais e sistemas construtivos a serem usados. Condições otimizadas resultam em um projeto, que utiliza a forma da implantação e a composição das aberturas, bem como a escolha dos materiais em favor do conforto do futuro usuário da edificação. Desse modo, minimizam-se quaisquer problemas energéticos, tais como iluminação e ventilação
Os itens inseridos nas residências fazem com que elas tenham as certificações AQUA bairros e PROCEL: Eco construção:
Não terá grandes deslocamentos de materiais;
A terra que for retirada do local vai ser usada no mesmo;
Canteiro de obras com baixo impacto ambiental;
Relação da residência com o seu entorno;
Escolha integrada de produtos, sistemas e processos construtivos;
Utilização de madeira certificada;
Tintas ecológicas;
Energia:
(fornece energia para ate 4 pessoas)
artificial. A escolha dos materiais de construção, por outro lado,
levou
relacionado
em
consideração
à
extração
das
o
consumo
energético
matérias-primas,
Janelas com abertura maiores que o padrão, para aproveitar o máximo de entrada de luz;
ao
processamento destas, à montagem em obra, ao uso da
Foram instaladas 40 m2 de placas fotovoltaicas
Iluminação dos postes em LED;
85
Aquecimento natural de águas na tentativa de eliminar
O sistema abrange uma serie de medidas que se
o uso de chuveiros elétricos nas residências;
destinam a minimizar os impactos ambientais de urbanização
Eco telhado para isolamento térmico e acústico
em termos de demanda de agua e a ameaça de poluição
“mencionados acima”
potencial de corpos d’agua naturais.
Água: Para o reuso da agua será instalado em cada residência o sistema SUDS – Sistema Urbano de Drenagem Sustentável da Remaster, que permite:
Filtrar, reter e tratar a água pluvial na origem;
Reduzir os investimentos em transporte das águas;
Aumentar
os
investimentos
em
retenção
com
qualidade;
Manter os níveis de escoamentos em retenção com qualidade;
Evitar a contaminação da água da chuva por escoamento urbano, reduzindo os processos de arraste e erosão;
Fazer uso mais eficiente, respeitando o recurso natural;
Melhorar a integração paisagística e ambiental da urbanização; Figura 54 – Sistema SUDS (sistema urbano de drenagem sustentável). (Fonte: Remaster.com.br acesso nov 2015
86
4.2.5 Parque, Praças e pontos de onibus
Figura 55 – Implantação do parque linear (Fonte: Rodrigo Ribeiro, 2015). A intenção de implantar uma praça linear no bairro, é
implantado as quadras e pista de skate usará o sistema de
criar uma barreira sonora entre a linha do trem da CPTM com
tec garden, construído a 60 centímetros do solo. A água da
o bairro. O parque também terá como finalidade criar uma
chuva, armazenada entre uma manta de borracha e a
área de lazer para seu entorno, pois o espaço conta com:
ardósia, é transportada por absorção pela fibra de coco para
pista
irrigar as plantas.
de
skate,
quadra
poliesportiva,
pista
para
caminhada/corrida e faixa para ciclistas, incentivando o convívio dos bairros vizinhos.
ornamentais, características dessa região. Sendo que trinta
A arquitetura da área foi pensada sob o conceito de sustentabilidade: a iluminação com LEDS (mais duráveis do que
lâmpadas
comuns),
O plantio será de árvores frutíferas nativas e plantas
sistema
com
calhas
reaproveitamento da água da chuva. A área onde será
para
por cento das mudas deverão ser de árvores frutíferas, escolhidas entre as espécies locais mais resistentes.
87
Figura 56 – Quiosque e pista de cooper . (Fonte: Rodrigo
Figura 57 – Vermelha (pista de ciclismo) e preta (pista de cooper)
Ribeiro, 2015).
(Fonte: Rodrigo Ribeiro, 2015).
Figura 58 – área de skate e quadras poliesportiva (Fonte: Rodrigo Ribeiro, 2015).
Figura 59 – Ponto de ônibus com jardim e bicicletário (Fonte: Rodrigo Ribeiro, 2015).
88
4.2.6 Construções existentes
pressão, maior a economia, que varia entre 50% e 80%,
Válvula de descarga com duplo acionamento: As
Para as construções já existentes no local, será feita uma
válvulas sem esse recurso gastam, em média, 12 litros
melhora sustentável, sem que o morador tenha que reformar.
por
Cada residência recebera um ”kit” inicial doado pelo bairro
acopladas e 10 litros nos casos em que há válvulas
para começar a ser utilizado. Nele contem:
nas paredes.
Painéis fotovoltaicos: a residência terá uma economia
descarga
em
vasos
sanitários
com
caixas
Reuso de água;
de 90 % na conta de luz;
Lâmpadas Led: O Led tem baixo consumo de energia e tem alta durabilidade;
Na área cultural do centro empresarial terá palestras e áreas
Redutor de vazão: Uma torneira de pia ou tanque
expositivas incentivando e orientando a sustentabilidade para
consome em média 15,6 litros por minuto. Com o
o entorno. Com o incentivo das áreas já sustentáveis do
restrito de vazão mínimo (6 litros/minuto), o consumo
bairro, com moradores mostrando as vantagens de ter uma
cai para 6 litros por minuto, segundo a Sabesp.Em
residência sustentável.
cinco minutos de lavagem de louça, por exemplo, são economizados 48 litros.
Arejador: Este tem a função de misturar ar à água, diminuindo o fluxo, mas mantendo a sensação de volume e direcionando o jato. Por isso, quanto maior a
89
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS No decurso desta apresentação, foi enfatizada a relevância do desenvolvimento sustentável de áreas urbanas
a adaptabilidade às características da legislação local, cultura e clima. Quanto a isso AQUA BAIRROS mostra vantagens por ter sido adaptado às características locais brasileiras.
e do bem-estar de seus habitantes, destacando seus benefícios ambientais, sociais e econômicos. Os conceitos de um
bairro sustentável foram
apresentados e a importância do planejamento urbano foi evidenciada de forma a evitar problemas comuns à vida em comunidade nos centros urbanos e suas periferias. Foi observada nos temas envolvidos uma grande complexidade no desenvolvimento de bairros sustentáveis, buscando por tornar ambientes urbanos melhores a vida humana gerando inúmeros estudos e análises. Como instrumentos que auxiliam na qualificação desses ambientes, foram apresentados os dois principais processos de certificação de bairros encontrados no Brasil, o LEED ND e o AQUA BAIRROS. Sendo apresentadas as características dos métodos, e suas etapas de certificação. Apesar dos assuntos abordados serem semelhantes, foi possível identificar diferenças entre os dois processos, como
Outra observação relevante a ser destacado quanto às duas ferramentas, são as auditorias presenciais, que ao contrário das certificações AQUA, não são realizadas pelo LEED. Foi realizado um estudo de caso na busca de demonstrar as possibilidades a serem implantadas na localidade do projeto. Na localização escolhida, foi observado que há possibilidade de inserir um bairro sustentável na região, porém seu entorno, não sendo sustentável será necessário intervir em alguns pontos viabilizando a estrutura a ser implantada. Visto que o desenvolvimento de bairros sustentáveis é um grande passo na consolidação de ambientes urbanos de melhor qualidade de vida, que dependem da colaboração de diversos atores como, o poder público e privado, e seus próprios habitantes.
90
Mesmo existindo descontentamento com o espaço urbano
na
maioria
das
cidades,
o
alcance
O assunto deste trabalho pode ser estendido muito
desse
além dao ponto de vista pontual de um projeto. O
conhecimento é pequeno, existindo pontos isolados de
conhecimento mais aprofundado de sustentabilidade urbana,
mudança nesse sentido, que na maioria das vezes é da
integrado aos planos diretores de desenvolvimento da malha
iniciativa privada. Apesar disso, essas empresas têm sido
urbana, tem o poder de impactar de forma global e positiva a
importantes no processo de um pensamento urbano voltado à
vida nas cidades.
vida sustentável. Ao apresentar no mercado propostas diferenciadas de maior qualidade de vida, acabam por promover a competitividade, guiando à formação de um novo padrão de exigência pelo cliente. Fala-se muito a respeito de sustentabilidade para edifícios e suas certificações, mas pouco se fala do conceito de sustentabilidade no âmbito urbano, dos benefícios trazidos por sua aplicação e de como as ferramentas de certificação específicas encontradas no mercado podem ser usados como guia na concepção dessas áreas. Assim sendo, acredita-se que este trabalho possa dar ênfase ao assunto trabalhado, considerado necessário à vida urbana de maior qualidade, além de provar através do estudo de caso apresentado, a viabilidade de suas aplicações.
Para trabalhos futuros, sugere-se um estudo de caso que acompanhe o uso dos conceitos apresentados neste trabalho, em empreendimento de iniciativa do poder público, realizando análises dos projetos e legislação urbanística sobre a perspectiva sustentável de desenvolvimento urbano.
91
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ANDRÉ ARANHA, “ESTOCOLMO, RIO, JOANESBURGO, O BRASIL E AS TRÊS CONFERÊNCIAS AMBIENTAIS DAS NAÇÕES UNIDAS”, 2006; ULISSES FRANZ BREMER, “POR NOSSAS CIDADES SUSTENTÁVEIS”, 2011; WORLD CONSERVATION STRATEGY “LIVING RESOURCE CONSERVATION FOR SUSTAINABLE DEVELOPMENT”, p.4, 1980; SILVIA MANFRED, ARTIGO “BAIRRO BRASILEIRO VIRA REFERÊNCIA INTERNACIONAL EM SUSTENTABILIDADE”,
BAZZARELLA, BIANCA BARCELLOS, “CARACTERIZAÇÃO E APROVEITAMENTO DE ÁGUA CINZA PARA USO NÃOPOTÁVEL EM EDIFICAÇÕES”, 2005. KOFFI DJIMA AMOUZOU, “QUALIDADE DE VIDA E TRANSPORTE PÚBLICOURBANO: ESTRATÉGIAS PARA MELHORAR
A
QUALIDADE
DO
SERVIÇO
DE
TRANSPORTE PÚBLICO URBANO POR ÔNIBUS”, 2000; PEDRO JACOBI, “EDUCAÇÃO AMBIENTA, CIDADANIA E SUSTENTABILIDADE”, 2003; MARTINS
M.
“CERTIFICAÇÃO
PROCESSO
AQUA
–
BAIRROS E LOTEAMENTOS”, 2012;
2010;
HARDING STEPHAN, “WHAT IS DEEP ECOLOGY?”, 2002;
GUILLERMO FOLADORI, “SUSTENTABILIDAD AMBIENTAL
ENEGEP,
Y CONTRADICCIONES SOCIALES”, p.106, 2002;
SUSTENTABILIDADE E VANTAGEM COMPETITIVA: EM
JP VALENTE, “CERTIFICAÃO NA CONSTRUÇÃO CIVIL: CONPARATIVO ENTRE LEED E HQE”, 2009;
“SISTEMA
DE
GESTÃO
AMBIENTAL,
BUSCA DE UMA CONVERGÊNCIA”, p.1, 2006. RELATÓRIO_ARUP_ILHA_PURA_SUSTENTABILIDADE_RE V4_FINAL_, 2012; LEED NEIGHBORHOOD DEVELOPMENT
92
Moraes,
Thiago,
Monografia “DESENVOLVIMENTO
DE
FARIAS, Vilson Francisco de.. Palhoça: natureza, história e
BAIRROS SUSTENTAVEIS”, Rio de Janeiro, 2013;
cultura. Florianópolis: Editora do autor, 2004.
ASSIS, Renato Linhares. Globalização, desenvolvimento
FURTADO, Celso. Teoria e política do desenvolvimento
sustentável e ação local: o caso da agricultura orgânica.
econômico. São Paulo: Companhia Editora nacional, 1979.
Brasília: Cadernos de Ciência & Tecnologia, 2003.
MENDES, Victor Marcelo Oliveira. A problemática do desenvolvimento em Salvador: Análise dos planos e práticas
AZAMBUJA, Eloisa Amábile Kurth de. Proposta de gestão de
da segunda metade do século XX(1950-2000). Programa de
resíduos sólidos urbanos: análise do caso de Palhoça/SC.
Pós- Graduação em Planejamento Urbano e Regional da
Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção.
Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ, Rio de
Universidade Federal de Santa Catarina. Florianópolis, 2002.
Janeiro, 2006.
BARDIN, Laurence. Analise de conteúdo. 3 ed. Lisboa:
MONTIBELLER,
Edições 70, 2004.
sustentável: meio ambiente e custos sociais no moderno
BELLEN, Hans Michael Van. Indicadores de sustentabilidade:
sistema produtivo de mercadorias. Florianópolis: Editora da
Uma análise comparativa. Rio de janeiro: Editora FGV, 2005.
UFSC, 2004.
BERNARDI, Tiago. Modelo de organização como estratégia e vantagem competitiva para sustentabilidade: o caso da construção civil. Florianópolis: UDESC, 2006. BRESSER-PEREIRA, Luiz Carlos. O conceito histórico de desenvolvimento econômico. São Paulo, 2006.
Gilberto.
O
mito
do
desenvolvimento
RICHARDSON, Roberto Jarry; et al. Pesquisa social: métodos e técnicas. 3. ed. rev. Ampl São Paulo: Atlas, 1999. RUDIO, F. Introdução ao projeto de pesquisa científica. 30 ed. Petrópolis: Vozes, 2003.
93
SILVEIRA, Claudir. Livro de Palhoça. Florianópolis: Zuleide
http://www.abae.pt/programa/JRA/concursos/concurso09/artig
Thiesen ME, 2000 VILLAVERDE, Alberto E; POMPEO, Cesar
o.php?escalao=A1&id=53
Augusto. A problemática ambiental no Municipio de Palhoça (SC): desenvolvimento urbano sustentável. Programa de PósGraduação em Engenharia Ambiental. Universidade Federal de Santa Catarina. REFERÊNCIAS ELETRÔNICAS
http://www.vanzolini.org.br/imagens/imprensa_569_20121913 3910.pdf http://www.construcaosustentavel.pt/index.php?/O-Livro%7C%7C-Construcao-Sustentavel/EficienciaEnergetica/Orientacao-das-Fachadas-Principais-e-dos-
http://www.gbcbrasil.org.br/?p=certificacao
Espacos-de-Permanencia
http://www.vanzolini.org.br/
http://br.noticias.yahoo.com/perdas-rede-%C3%A1gua-cedae-
http://www.faculdadedeengenharia.com/?p=528 http://www.suapesquisa.com/religiaosociais/sustentabilidade_ social.htm http://alpalombo.blogspot.com.br/2011/11/ciclovia-em-ilhasolteira-parte-2.html http://www.allposters.com/-sp/Grand-Arbour-South-BankParklands-Brisbane-Queensland-AustraliaPosters_i3176918_.htm
chegam-50-080000970.html http://bibliotecadigital.fgv.br/dspace/bitstream/handle/10438/3 450/Dissertacao_Djima.PDF?sequence=1 http://revistasustentabilidade.com.br/certificacao-processoaqua-bairros-e-loteamentos/ https://www.nrdc.org/cities/smartgrowth/files/citizens_guide_L EED-ND.pdf http://sballiance.org/wp-content/uploads/2013/02/WEBGREEN-.pdf
94
http://sballiance.org/ http://www.cidadeolimpica.com.br/ http://www.abepro.org.br/biblioteca/ENEGEP2006_TR520346 _7976.pdf http://www.asec.com.br/v3/docs/Doc_Encontro09_AnaMelhad o.pdf http://www.significados.com.br/sustentabilidade/ http://www.suapesquisa.com/ecologiasaude/sustentabilidade_ empresarial.htm http://www.suapesquisa.com/ecologiasaude/sustentabilidade. htm http://iab-sc.org.br/concursofatmafapesc/wpcontent/uploads/2012/08/1.00h-Maria_Carolina_Fujihara.pdf http://vanzolini.org.br/conteudoaqua.asp?cod_site=104&id_conteudo=1160 http://www.vanzolini.org.br/download/RT-SGE-14-03.pdf http://sustentarqui.com.br/urbanismo-paisagismo/jardim-dasperdizes-bairro-sustentavel-de-sao-paulo/
https://ecotelhado.com/portfolio/ecoparede/jardim-verticalmamute/