A experiência imagética através da colagem FRAGMENTOS DO MINHOCÃO a experiência imagética através da colagem
Anahi Gomez Leguizamon Bertoni
CENTRO UNIVERSITÁRIO SENAC – CAMPUS SANTO AMARO BACHARELADO EM ARQUITETURA E URBANISMO TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO - GRADUAÇÃO
ANAHI GOMEZ LEGUIZAMON BERTONI
São Paulo, SP 2015 FRAGMENTOS DO MINHOCÃO a experiência imagética através da colagem
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ANAHI GOMEZ LEGUIZAMON BERTONI
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como requisito parcial para a obtenção do certificado de Bacharelado em Arquitetura, do Centro Universitário Senac Santo Amaro, Orientador: Prof. Ms. Ralf José Castanheira Flores
São Paulo, SP 2015
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FRAGMENTOS DO MINHOCテグ a experiテェncia imagテゥtica atravテゥs da colagem
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Banca Examinadora dos trabalhos de conclusão, em seção pública realizada em:___________________________________________
_______________________________________________________ Orientador
_______________________________________________________ Convidado interno
_______________________________________________________ Convidado externo
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Dedico este trabalho a meus pais que sempre me apoiaram em meus estudos e me deram a oportunidade de estar aqui, meu namorado Emersom que me ajuda a todo o momento, minha irmã Bianca e meu irmão Bruno que se dedicam ao papel de verdadeiros irmãos e ao Grupo Teatral Terceiro Milênio, que se tornaram minha segunda família, trazendo-me tranquilidade em momentos de dificuldades.
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Agradecimentos Agradeço a Deus, por me dar força não só para este trabalho, como para outros desafios. A minha família, em especial minha mãe, que me apoiaram e entenderam minhas ausências em eventos familiares devido a execução do trabalho. Aos colegas da graduação que me acompanharam durante a elaboração do presente trabalho e em especial Grazielle, Maurício, Juliana e Eloisa. Ao meu namorado, por seu apoio em meus projetos de vida, por ter me acompanhado por diversas vezes a visitas ao Minhocão e me ajudar a solucionar algumas dificuldades enfrentadas durante a elaboração do trabalho. A minha irmã Bianca e meu cunhado Rogério ao me acompanharem por diversas vezes as visitas ao Elevado, me ajudando na obtenção de diversas fotos. Agradeço ao Ms. Ralf José Castanheira Flores pela orientação do trabalho e pelos aprendizados. Ao Athos Comolatti, por me convidar a participar de reuniões públicas referentes ao Elevado e me conceder a oportunidade de fotografar da janela da Associação Parque do Minhocão. A Dra. Myrna Arruda Nascimento por dividir seus conhecimentos. A minha prima Michelli e minha amiga Hayala pela ajuda referente ao trabalho.
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Esse trabalho tratará de uma discussão referente ao futuro do Elevado Costa e Silva, com experimentações projetuais através de colagem e bricolagem, sendo possível revelar novas qualidades desse espaço. Para a realização das colagens foi fundamental o levantamento de informações referente ao espaço assim como quem são os usuários, como e em qual momento ocupam o Elevado. Através de mapas que contém a percepção dos diversos usuários, produzidos no presente trabalho, foi possível identificar os principais pontos que formam a imagem do Elevado e assim propor soluções baseadas nesse estudo. Pelo fato do Minhocão ser um espaço legível, foi possível localizar onde ocorreram as noticias de jornais, as imagens postadas em redes sociais, as fotografias e os filmes, o qual contribuem para a discussão de sua transformação em parque ou o seu desmonte.
Palavras-chave: Elevado Costa e Silva, Minhocão, São Paulo, percepção espacial, processo projetual.
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This work is a discussion relating the future of the Elevado Costa e Silva, with projective experimentations through collage and bricolage, and can reveal new qualities that space. To carry out the collages was essential to gather information on the area as well as who the users are, how and at what time occupy the Elevado. Through maps containing the perception of multiple users produced in this study, it was possible to identify the main points that form the image of the Elevado, and so propose solutions based on this study. Because the Minhocão be a readable space, it is located where there were the newspaper news, the images posted on social networks, photographs and films, which contribute to the discussion of its transformation into a park or your dismount.
Keywords: Elevado Costa e Silva, Minhocão, spatial perception, projectual proposal, Sao Paulo.
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SUMÁRIO ............................................................................................................ 9 INTRODUÇÃO.................................................................................................... 11
1.
PROCESSO HISTÓRICO DO MINHOCÃO ..................................................... 14 1.1 1.2
2.
CENTRO DE SÃO PAULO .............................................................................. 15 MINHOCÃO .............................................................................................. 18
DEFINIÇÕES DE PERCEPÇÃO, MEMÓRIA E IMAGEM .................................. 24 2.1 2.2 2.3
3.
PERCEPÇÃO DE ESPAÇO ............................................................................... 25 COTIDIANO, ESPAÇO E MEMÓRIA .................................................................. 31 IMAGEM COTIDIANA ................................................................................... 41 ESTUDOS DE CASO ................................................................................... 45
3.1 FOTOGRAFIA ............................................................................................. 47 3.1.1 Cristano Marcaro .................................................................................. 47 3.1.2 Tuca Vieira ............................................................................................ 54 3.2 DOCUMENTÁRIO ....................................................................................... 62 3.2.1 Elevado 3.5 ........................................................................................... 62 3.3 CINEMA ................................................................................................... 67 3.3.1 O Signo da cidade ................................................................................. 67 3.3.2 Não por acaso ....................................................................................... 71 3.3.3 Ensaio sobre a cegueira ........................................................................ 75 3.3.4 Terra estrangeira .................................................................................. 78 3.4 PROJETO URBANO ..................................................................................... 81 3.4.1 High Line ........................................................................................... 81 3.4.2 Canal Cheonggyecheon (Revitalização do canal) ................................. 90 4.
FACES DO MINHOCÃO .............................................................................. 98 4.1 4.2 4.3
ATIVIDADES NO MINHOCÃO......................................................................... 99 USUÁRIOS DO MINHOCÃO ........................................................................ 111 IMAGENS DO MINHOCÃO ......................................................................... 116
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5. FRAGMENTOS DO MINHOCÃO: A EXPERIÊNCIA IMAGÉTICA ATRAVÉS DA COLAGEM ....................................................................................................... 128 5.1 5.2
PROCESSO .............................................................................................. 129 COLAGEM .............................................................................................. 139
6.
CONSIDERAÇÕES FINAIS ......................................................................... 146
7.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .............................................................. 149 Lista de Imagens .......................................................................................... 152 Anexo ........................................................................................................... 158
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O presente trabalho baseia-se em um estudo anterior referente ao Centro de São Paulo, realizado na Iniciação Cientifica “Representações da Avenida São João: quatro ritmos, uma avenida”. Esse trabalho teve como objetivo apresentar a Cidade de São Paulo usando a Avenida São João como sua representante, reconhecendo a sua imagem por meio de músicas. Por se tratar de uma importante forma de expressão cultural, a música possibilitou o estudo da região central de São Paulo sintetizada pela Avenida. O trabalho de Iniciação Cientifica identificou imagens da Avenida São João expressas por artistas em suas composições, revelando momentos anteriores e posteriores a construção do Elevado Costa e Silva. Esses relatos indicam sua importância, pois após 40 anos de sua construção, continuamos discutindo a existência da via elevada. Este trabalho segue uma linha de informações para que possa no decorrer do mesmo, ser construída a imagem da Avenida São João, com base em letras de músicas que a utilizam como cenário para importantes e ao mesmo tempo cotidianos acontecimentos. Iniciaremos com o histórico da avenida, desde sua criação até seu declínio, a seguir falaremos sobre os compositores e sua relação com a cidade, importante para que seja possível enxergar a realidade da avenida no período das composições e um capitulo dedicada a construção dessa imagem, vinculando a história, a visão dos compositores e a imagem que as letras transmitem, reafirmada por fotografias do período. (BERTONI, 2014, pp.2)
As músicas mais atuais retratam esse declínio do Centro e obtemos a imagem de uma Avenida São João desconhecida, assim como em suas representações musicais, os quais iniciam com compositores conhecidos e finalizam com os desconhecidos, que usaram a avenida como cenário para suas composições. Na conclusão do trabalho, descobrimos a identidade da avenida através de seus usuários. Portanto foi possível recuperá-la rebatendo a história da avenida, dos compositores e com o comportamento dos indivíduos da cidade grande descritas por Berman: FRAGMENTOS DO MINHOCÃO a experiência imagética através da colagem
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Para atravessar o caos, precisa estar em sintonia, precisa adaptar-se aos movimentos do caos, precisa aprender não apenas a pôr-se a salvo dele, mas a estar sempre um passo adiante. Precisa desenvolver sua habilidade em matéria de sobressaltos e movimentos bruscos, em viradas e guinados súbitas, abruptos e irregulares – e não apenas com pernas e o corpo, mas também com mente e a sensibilidade. (BERMAN, 1986, pp.182)
E assim, a avenida descreve as músicas e as músicas descrevem a avenida, pelo fato da música se tratar de uma representativa expressão cultural que possibilita a identificação de acontecimentos cotidianos e assim o trabalho da Iniciação chega a um denominador comum, o Minhocão como um problema a ser solucionado. Passou a ser um sonho destruído pela modernidade, atropelada pelo mesmo carro que atropela “Iracema”, devido a grande demanda de carros tendo a necessidade de uma solução não tal bem vinda como a construção do Elevado e se esquecendo de que havia diversas “Donas Boas” acompanhadas por trabalhadores como “Adoniran Barbosa” que reconhecia a magia da mescla popular, do cotidiano da boemia e da sensação de pertencimento que tinha porem com a tendência de se perder como mostra” Caetano” em suas dificuldades na cidade grande e moderna de São Paulo, com sua visão de imigrante, fato decorrente dessa época já que a cidade se torna atrativa para a vinda deles por sua demanda de trabalho, e afirmado pela banda Punk Blind Pigs quando descrevem a avenida com aspectos desagradáveis repelindo possíveis usuários de permanência que tenham o objetivo de lazer. (BERTONI, 2014, pp.14).
Inicialmente esse trabalho de conclusão de curso tinha como objetivo a intervenção na Avenida São João para requalifica-la, porém foi identificado que a problemática da Avenida é o Minhocão. O sentimento que a população tem em relação ao Elevado é o de “amo-o ou odeio-o”. Esse sentimento é claramente expresso nas audiências públicas feitas para a decisão do futuro do Minhocão entre moradores que apoiam o seu desmonte imediato, apresentando todos os transtornos causados pela via e a Associação Parque do Minhocão que defende a criação de um parque para que seja mantida a vida existente no Minhocão, por ser
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esse possível símbolo da priorização do pedestre e do ciclista ao ser interditado para carros aos domingos e aos sábados. Após esse processo, este trabalho foi conduzido pela inquietação de soluções que aparentemente não tiveram estudos aprofundados relacionados à complexa situação do Elevado, a aprovação da lei especifica que determina a desativação referente ao transporte individual e a decisão se será demolido ou transformado em parque1. Em meio a essa discussão encontramos dois caminhos, a perda do símbolo da priorização do pedestre, caso seja desmontado, ou a criação de um parque que não soluciona todos os problemas da região. Por esses fatores este trabalho busca os fragmentos desse Minhocão, criando a imagem dessas diversas faces, através de seus usuários suas atividades e percepções proporcionadas por seu cotidiano no Elevado e assim buscar novas abordagens de projeto. O primeiro capítulo tratará da contextualização da região central de São Paulo e do Minhocão, assim será apresentado o processo de degradação do Centro e da região atingida pelo Elevado. O segundo capítulo abordará a percepção do espaço e também tratará do cotidiano, das imagens e memória do individuo referente ao Minhocão. O terceiro capítulo é composto por estudos de caso que utilizam o Elevado como objeto de trabalho em forma de fotografia, documentário, filme e projetos urbanos que apresentam condições semelhantes as do Elevado. O quarto capítulo apresentará os usuários, as atividades e assim como as diversas faces do Minhocão.
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Art. 375. Ficam desde já enquadradas como ZEPAM: III - os parques naturais planejados. Lei específica deverá ser elaborada determinando a gradual restrição ao transporte individual motorizado no Elevado Costa e Silva, definindo prazos até sua completa desativação como via de tráfego, sua demolição ou transformação, parcial ou integral, em parque.
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Quando mencionamos a região central de São Paulo, tudo indica de que se trata, atualmente, de uma discussão sobre sua requalificação ou revitalização, ignorando a identidade atual da região, assim como ocorre no caso do Elevado Costa e Silva. A solução é a gentrificação ou não. Por um lado ela colabora para a modificação de seu entorno, melhorando seu espaço forçosamente para que a elite a ocupe com seus carros, isso de acordo com o projeto pensado. Se no centro o perfil for outro, podemos promover a mudança da atual identidade dessa região. Mas o que Eduardo Yázigi (2006) menciona em seu livro é que a gentrificação aproxima uma região a sua requalificação – Para ele,a revitalização vem do sentido de dar vida nova e requalificar, de dar nova qualidade – e nos faz superar o preconceito de que se um lugar é limpo ou restaurado pode não significar que é uma “elitização”, e que a beleza e qualificação de um espaço também pode ser usufruída por pessoas de classe social mais baixa, isso porque simplesmente estamos acostumados com a cidade degradada, precisamos superar o “culto à pobreza” de Lawrence Harrison e não negar essa pobreza. (...) Não se dá conta que negar a priori tudo o que parece ser exclusivo de uma ordem superior de segmentos sociais é negar-se a si mesmo; é condenar-se ao nada – como será demonstrado em quase todos os capítulos. Estudos da Universidade de Harvard, feitos pelos cientistas Davi Landes, Jeffrey Sachs, Francis Fukuyama e grande equipe, conforme relato do economista Laurence Harrison demonstra que entre outros fatore impeditivos de uns pais decolar, ocorre um velado cultuo a pobreza (...) (YÁZIGI, 2006, p. 31)
O Centro sofre por processos de degradação com a chegada do metrô que atinge sua superfície, obrigando a região a assumir uma função metropolitana, o qual afastou vários tipos de serviços da região. Esse processo também teve como causador a criação de sub-centros fragmentando o poder do centro no início do século XX, povoando novos bairros como Higienópolis, os Jardins e mais tarde FRAGMENTOS DO MINHOCÃO a experiência imagética através da colagem
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a Paulista, que respondiam aos anseios da burguesia. Em 1960 tivemos o “Plano de Metas” de Juscelino Kubitschek, que promove a alta demanda de carros, ônibus e caminhões em ruas centrais que foram planejadas para “o caminhar” do pedestre, não suportando sua nova demanda. (...) A deterioração do Velho Centro não se processou pela falta de uma politica urbana, e sim graças a sua atuação pervertida, através de leis de uso e ocupação do solo mal concebido por um código de obras inadequado; por planos diretores descompromissados com o social (...) Como tudo privilegiando o lucro as empresas coadjuvadas pelos governos... Prédios antigos não acompanhavam a inserção da cidade no capitalismo internacional, favorecida pelo Regime Militar de 1964. (YÁZIGI, 2006, p. 54)
Com o impedimento de a classe abastada ir de carro e também por não dispor de ônibus de qualidade no Centro, eles acabam retirando seus bancos, comércios e serviços mais caros que fogem para a Paulista. A revitalização do Edifício Martinelli, um importante edifício para a história de São Paulo, localizado na Rua São Bento, Rua Libero Badaró e Avenida São João, tinha em seu interior, ao inaugurar, cinemas, restaurantes, salões de chá, cassinos, light clubs, barbeiros, escritórios, um hotel de luxo e lojas no térreo. Ele sofreu com a mesma decadência do Centro em meados do século XX, atingindo sua degradação máxima em 1970 e ficou conhecido como o “cortiço vertical”. Devido a seu nível de degradação é forçado a ser revitalizado em 1975, com a vinda de alguns órgãos importantes provisoriamente no edifício. (...) O edifício conheceu seu declínio como o próprio Centro, a partir de meados do século XX, atingindo a degradação máxima nos ido de 1970, ocasião em que era conhecido como um autêntico cortiço vertical. As descrições jornalísticas relatam tudo de pior: autêntico pardieiro, reunindo sublocatários clandestinos, prostituição, traficantes, esgotos expostos, fiação elétrica passando perigosamente pelos poços dos elevadores, lixo acumulado, vidros e paredes danificadas, imundice. Estima-se que chegou a possuir quatro mil residentes, Quando o prefeito Olavo Setúbal o interditou para reforma, em 1975, havia 521
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pessoas moradoras, dez delas procuradas pela polícia Os riscos da precariedade física tornaram a revitalização uma solução forçosa. (YÁZIGI, 2006, p. 129)
Em 2004 o Edifício Martinelli passa por uma reforma modernizadora e é ocupado por autoridades e secretarias municipais. Outra tentativa de requalificação foi no Vale do Anhangabaú, que até os anos 20 era o vale mais famoso da cidade, porem com a vinda do ônibus e dos terminais perde sua função. Era um dos cartões postais da cidade, mas tornou-se um estacionamento para os carros. Também teve a implantação de uma passagem subterrânea para o cruzamento da Avenida São João a Zona Norte. Até 1990 foi palco de manifestações, no entanto essa memória foi apagada com o projeto ganhador do concurso, que não colaborava para esse uso. Após alguns shows no local tiveram muitas reclamações do tipo de apropriação do vale, o novo projeto deixou o Centro ilhado e estrangulando, contribuiu para a passagem, mas excluiu o tráfego local. Nas proximidades do metro Anhangabaú, os ambulantes ocupavam a calçada, obstruindo a passagem dos pedestres. Em 1992 fica proibido fazer manifestações no Vale, sendo transferidas para a Avenida Paulista. (YÁZIGI,2006,pp.158) Essa série de acontecimentos sempre nos conduz para o Minhocão como principal causador do declínio da Avenida São João e do Centro, pois depois dessa série de erros, o Elevado é o representante e um dos causadores dos diversos problemas ocorridos posteriormente a sua construção.
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O Elevado originou-se dos planos do prefeito Faria Lima, em sua gestão (1959-1969), que idealizou a obra de engenharia na região central, mas técnicos e a própria população não aprovaram e assim o grande viaduto, conhecido como Minhocão, não foi construído nesse período, porém em 1969, quando Paulo Maluf é eleito a prefeito, recupera o projeto e o implanta em 11 meses, sem nenhuma consulta popular na região. O Minhocão abrange a Praça Roosevelt, até o largo Péricles (Perdizes), sobre a Avenida General Olimpo da Silveira, trechos da Avenida São João e a Rua Amaral Gurgel. Com a extensão de 3,4 km, liga a zona central à zona Oeste. O Minhocão ligou o Centro, assim como planejado pelos engenheiros Ulhôa Cintra e Prestes Maia, porém é a partir dele que há várias iniciativas quanto ao “rodoviárismo perverso”, pois nunca teve eficiência para a melhoria do transporte individual. É questionável o fato de ele ter poucos acessos, pelo fato de que a via elevada poderia ter sido implantado em outro local, pois é meramente uma ligação Leste-Oeste. No horário de pico está constantemente Figura 1: Perímetro Minhocão congestionado, mas suas vias Fonte: Fonte: Vitruvius 160.02 São Paulo ano 14, nov. 2013 abaixo não. Outro fato importante é que o Elevado foi projetado para o transporte individual, porém tem três estações de Metrô: Santa Cecília, Marechal Deodoro e a futura estação Mackenzie.
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O elevado Presidente Arthur da Costa e Silva é uma grande via para o transporte rodoviário urbano, concebido e construído numa época em que a discussão do tráfego expresso pautou o planejamento de muitas cidades, nas décadas de 1960 e 1970, principalmente nos Estados Unidos. (SILVA, 2007, p. 74)
E também em: Um fato curioso observado é que, nos horários de pico, o Minhocão fica frequentemente congestionado, enquanto que as avenidas General Olímpio da Silveira e Amaral Gurgel têm volume sensivelmente menor. Outra característica bastante inquietante é que o Elevado é destinado exclusivamente ao transporte individual, já que em seu leito trafegam ônibus, existem na região não menos do que três estações d metrô: Republica (com duas linhas), Mackenzie (com construção) e Marechal Deodoro, além do terminal Barra Funda que pode ser facilmente alcançado pelo Memorial da América Latina. (SILVA, 2007, p. 75).
Após sua construção, um dos principais incômodos foi a grande sombra causada por sua agressiva estrutura e o receio de atravessá-lo por baixo. A proximidade com as fachadas dos apartamentos prejudica a saúde de seus moradores, trazendo também, um maior contato com o ruído e a poluição causada pelos automóveis. Em reuniões públicas, alguns dos moradores declaram que preferem os carros a pessoas nas suas janelas durante os finais de semanas, porém encontramos também moradores que apoiam a decisão da implantação do parque alegando a preferência pela área de lazer a transição de automóveis2.
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Reunião pública para discutir o PL 22 20 15 – de ativação do minhocão para os carros aos sábados. FRAGMENTOS DO MINHOCÃO a experiência imagética através da colagem
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Figura 2: Trânsito no Elevado durante chuva em 2010 Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/
Fonte: foto da autora
20 l FRAGMENTOS DO MINHOCÃO a experiência imagética através da colagem Figura 3: Distância entre fachada e o Minhocão Fonte: Foto da autora
O sistema viário torna-se insuficiente para a região e é no Centro que desemboca a rede de transporte coletivo, até mesmo na própria Avenida São João, com muitas linhas de ônibus com o trajeto na avenida tendo relatos (ver questionário “Faces do Minhocão”) do congestionamento de carros que ocorrem antes da chegada do motorista na via elevada. Esses fatos afastaram a elite e atraiu outro público para a região, o da população de baixa renda, muito discutível pelo fato da degradação do Centro está representada pelo estado atual ou se é baseada na população de baixa renda que o ocupa. A prefeitura intervém apenas quando necessário para a melhoria da região central. Ao mesmo tempo em que a micro-acessibilidade por automóvel se tornava mais difícil, as redes de transporte coletivo continuaram desembocando no centro tradicional e na própria São João, favorecendo sua reocupação por população de menor renda, configurando novo perfil e outro dinamismo para essas regiões... A desapropriação e reforma desse [se refere ao Martinelli] pela Prefeitura, em 1975 , sinalizou o início de uma série de tentativas de reverter à desvalorização simbólica e imobiliária da região central, por meio do restauro de edifícios e usos institucionais, que prosseguem até hoje. (CAMPOS, 2008, pp.42).
O Elevado gera uma discussão quanto a sua existência, a partir do momento em que passa a ter outro valor quando estimula o que Malta (2008, 42p.) chama de transgressão acolhedora do multiculturalismo. Através de seu fechamento para o uso de carros à noite durante a semana, aos sábados a partir das 15 horas e aos domingos o dia inteiro, esse espaço proporciona a miscigenação, o encontro de diversas identidades. No caso dos trechos atravessados pelo Elevado, seu carácter aberto à transgressão e acolhedor da diferença passou a ganhar valor com a ascensão do multiculturalismo, do pluralismo e das identidades alternativas como traços definidores da paulistaniedade. Suas pistas passaram a ser aproveitadas, nos finais de semana, como área de lazer, na qual se manifesta a diversidade das tribos urbanas. Paralelamente, enquanto intervenção viária começou a ser visto como anacrônico, passando a ser objeto de propostas de demolição total ou parcial. (CAMPOS, 2008, pp.42).
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A partir dessas descobertas, o objetivo deste trabalho é o de identificar as diversas imagens do Minhocão da cidade de São Paulo e traduzir de uma maneira imagética, apresentando um projeto urbano para o Elevado, levantando o que não era percebido dessa construção conhecida como a “cicatriz da cidade”. O trabalho buscará a resposta de quem são os usuários, o que fazem na região e compreender de acordo com seu cotidiano suas percepções do Elevado Costa e Silva.
Figura 4: Cena do filme “Terra estrangeira” Fonte: Dvd “ Terra estrangeira”
A partir dessas questões foram localizados artigos de jornais expondo opiniões de usuários do Minhocão, Arquitetos e Urbanistas, repórteres e de moradores, redes sociais, produções artísticas no Elevado, fotografias e filmes que revelam diferentes faces, mesmo sendo da mesma forma de produção como filme e fotografia, encontramos outra interpretação do Elevado. Alguns trabalhos como “Ensaio sobre a cegueira”, “Terra estrangeira”, “Signo da cidade”, “Não por acaso” e até o documentário “Elevado 3.5”, este que apresenta moradores de apartamentos com a fachada voltada ao Minhocão. Segundo Bucci, a defesa da transformação da área em um parque suspenso resulta muito da ausência de espaços verdes na cidade. “Acho que muito da beleza e do aspecto comovente dessas ações de apropriação é o contraste. É
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você ver aquilo seis dias por semana como uma avenida que passa dentro dos apartamentos e depois chega um domingo ou um feriado e as crianças estão andando de bicicleta. Mas se a gente imagina um futuro mais do nosso lado, em que existam mais parques e a cidade tenha mais opções de mobilidade, como já vem acontecendo, qual a razão de manter aquilo ali?”, indaga. Wisnik pondera que as cidades devem incorporar suas transformações e “fazer dos erros artefatos interessantes, sem tentar restaurar uma coisa passada que já não existe”. (OLIVEIRA, 2014 )
Este estudo ao avaliar todas as faces do Elevado pôde revelar suas diversas imagens, visto que está em discussão sua transformação em um parque ou o seu desmonte, sendo que esta discussão é maior que simplesmente o desmonte ou a construção de um parque. Usando o High Line como referência, a proposta para buscar uma solução projetual iniciou com o concurso de ideias, quais foram elaborados projetos possíveis e impossíveis para a região, e assim chegar na proposta do parque, retomaremos esse assunto de forma mais aprofundada no capítulo “ Estudos de Caso”.
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de espaço
O Elevado Costa e Silva tem frequentadores que sentem atração ou repulsão por ele. É evidente que os frequentadores aos domingos são atraídos pelo lazer e os frequentadores da semana são atraídos pela fuga do transito para chegarem ao seu trabalho. Em um questionário respondido para esse trabalho, encontramos moradores que utilizam o Elevado como forma de lazer e local de passagem. Quem o frequenta durante a semana não percebe outra finalidade a não ser o de passagem, pois não tem o sentimento de pertencimento, não tem tempo de observar o que acontece ao redor por estar dirigindo ou saindo rapidamente do metrô, porém, ao mesmo tempo encontramos usuários que já moraram próximo dessa região e assumem essa qualidade de lazer, chegando até a frequentá-lo aos finais de semana. O espaço pode ser informado, ou seja, ele oferece informações, porém se for analisado de forma totalizante e homogenia, no sentido de entendermos o assunto de forma superficial ao analisarmos o todo, pode se transformar em algo abstrato, e por isso tem uma necessidade de um estudo fragmentado, assim como é proposto por este trabalho, que fragmenta a imagem do Minhocão. Essa homogeneização é uma forma confortável de absorver a informação sem muito trabalho, pois pode ser em forma de recolhimento de dados apenas de forma literária, sem necessariamente ter a visita do espaço, podendo formar falsas ideias quanto a real informação do espaço. (FERRARA, 1999) Essa fragmentação é mencionada por Milton Santos como cisalhamento da totalidade, mas sua principal preocupação é o constante movimento, sendo importante o conhecimento por divisão relacionado com a atualidade, devido as constantes mudanças. A atualização é possível com a ajuda da tecnologia na transmissão de informações simultaneamente, essa atualidade é a de uma cidade moderna, da velocidade, a necessidade de grandes deslocamentos, indivíduos perturbados por esse espaço e o corpo é a certeza material sensível a esse mundo difícil de ser aprendido devido a essa fluidez. (SANTOS, 2002) FRAGMENTOS DO MINHOCÃO a experiência imagética através da colagem
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Devido à tecnologia, o Elevado adquiriu cada vez mais fragmentos, sendo importante recuperá-los em locais com redes sociais, em grupos de pessoas que o frequenta que registram o melhor lado, pois as pessoas desejam apresentar a “vida perfeita” nas redes sociais. Na cidade contemporânea enfrentam-se diversos acontecimentos, de forma acelerada. Há a possibilidade de estarmos em longos congestionamentos sem um período definido, com o fato das pessoas viverem correndo, a velocidade e a “necessidade criada” do carro e o mesmo traz o congestionamento para nossa cidade. O Elevado veio como solução, porém torna-se o símbolo do congestionamento do Centro de São Paulo trazendo sua deterioração, pois como foi dito no capítulo anterior, percebemos que a degradação do Centro do faz parte de uma serie de tentativas de requalificá-lo. Essas degradações originam-se também de um afastamento das pessoas e do espaço do Centro, este que se tornou um local de passagem e essa passagem se dá por pessoas das mais variadas características. Essa característica de passagem pode ser prejudicial às cidades, a partir do momento em que seus usuários perdem a estima pela cidade, mas Milton Santos (1997) acredita que apesar dos objetos serem construídos para auxiliar o fluxo da modernidade pode-se propor novos usos a eles. Nessa via pensada para o carro, mães passeiam com seus bebês; pais ensinam as crianças a andarem de bicicleta ou a patinar; grupos de amigos se reúnem para o churrasco ao som de pagode, samba, axé; adolescentes fazem suas manobras de skate; casais gays passeiam com seus cachorros; senhoras tomam sol nas cadeiras ou esteiras estendidas sobre o asfalto; pessoas lêem seus livros, jornais e revistas. Não há conflito entre os usuários e parece não haver conflito entre os usuários e a forma. (HENRIQUE, 2008, pp. 3)
O Minhocão é retratado de forma negativa e aversiva quando são expostas algumas de suas características como: a poluição, a invasão da privacidade referente aos apartamentos que tenham a fachada voltada para ele, a associação da mudança de perfil após a implantação de um parque, o excesso de ruído, sua estrutura agressiva com problemas de manutenção em visita, foi possível observar obras relacionadas a implantação de ciclovia, forros com iluminação mais adequada nos pontos de ônibus, porém encontramos infiltrações na sua estrutura – essas características são
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apontadas por jornais, moradores que se apresentam nas discussões públicas, e até em redes sociais onde tem um movimento contrário a criação do parque. Por outro lado notamos algumas apropriações não imaginadas em sua construção que atraem muitas pessoas para utiliza-lo aos domingos período em que é fechado. Com base em noticias de jornal, redes sócias e até filmes, esse espaço atrai eventos gastronômicos e de outros temas, ciclistas, pessoas que levam seus animais para passear, crianças, esportes e etc. Para o conhecimento mais fundamentado de um espaço, de forma concreta e não abstrato Milton Santos e Lucrécia Ferrara propõe o cisalhamento ou estudo fragmentado, assim como proposto pelo presente trabalho. É necessário que seja feito um estudo aprofundado do todo de forma fragmentada, assim como a apresentação das diversas faces do Elevado baseando a proposta de uma solução. Esse capítulo é dedicado para a compreensão da percepção do espaço. Para compreendermos a percepção de espaço, é crucial que entendamos o porquê do espaço estar relacionado à percepção. O espaço e o tempo são dois elementos fundamentais para a experiência e assim a percepção, alguns filósofos como Platão, acreditam que o espaço refere-se a coisas criadas, preenchidas pelas formas e esse espaço pode ser percebido através das formas que o preenchem, sendo essas formas objetos que estão no meio em que as pessoas vivem e essa interação gera uma percepção do espaço. Relacionado ao Elevado, ele é o espaço preenchido por carros na parte de cima e com fluxo de pedestres a caminho do trabalho no baixio durante a semana e aos sábados e aos domingos por pessoas em busca de lazer, assume a característica de ser fixo e possibilitar o espaço para o movimento. O Elevado sendo considerado um espaço, não é composto por uma forma unificada, ele é fragmentado, então incorporando a ideia de Aristóteles, o lugar é um limite que organiza o espaço, logo encontramos o “lugar cima”, “lugar baixo”, “lugar lateral” e outros. O lugar hierarquiza os objetos no espaço de acordo com sua posição. Cada posição proporciona um conhecimento desse espaço e pode ser atribuído um significado, portando o Elevado terá um significado de acordo com a experiência de quem o FRAGMENTOS DO MINHOCÃO a experiência imagética através da colagem
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enxerga e em que posição se encontra. Essa experiência é adquirida através da sensibilidade para perceber os fenômenos do espaço. (FERRARA, 2008) Essas experiências são adquiridas através do cotidiano de cada indivíduo, os entrevistados apresentaram respostas para transmitir suas sensações do Elevado de acordo com seu cotidiano. No seu trabalho “A natureza do espaço”, Milton Santos trata o espaço de uma forma concreta, ligando-o ao cotidiano e fatores físicos que o modifica e são permitidas ações que o modifique. O espaço é formado por um conjunto indissociável, solidário e também contraditório, de sistemas de objetos e sistemas de ações, não considerados isoladamente, mas como o quadro único no qual a história se dá. No começo era a natureza selvagem, formada por objetos naturais, que ao longo da história vão sendo substituídos por objetos fabricados, objetos técnicos, mecanizados e, depois, cibernéticos, fazendo com que a natureza artificial tenda a funcionar como uma máquina. (SANTOS, pp.39, 2006)
Segundo Milton Santos, o sistema de objetos do espaço atual está tendendo ao artificialismo e assim criamos lugares estranhos com pessoas estranhas, porque o objeto define o comportamento das ações do indivíduo ou vice-versa, sendo a solução estranha o outro não consegue escapar dessa tendência por sempre estarmos seguindo antecessores. Deparamo-nos no caso do Elevado Costa e Silva (ação), como solução estranha para solucionar o problema da circulação do carro (objeto) no espaço, então nos deparamos com as possíveis soluções para o Minhocão e na artificialidade do parque, implantado para quem experimenta o lazer e se identifica com o espaço, ou a artificialidade de seu desmonte excluindo a vida proporcionada por quem o utiliza para lazer. Sistemas de objetos e sistemas de ações interagem. De um lado, os sistemas de objetos condicionam a forma como se dão as ações e, de outro lado, o sistema de ações leva à criação de objetos novos ou se realiza sobre objetos preexistentes. É assim que o espaço encontra a sua dinâmica e se transforma. (SANTO, pp.39; 2002)
Lucrécia Ferrara em seu trabalho “Olhar Periférico” menciona que o espaço informado pode ser a ponte para a percepção do espaço. “Espaço da informação” é um ambiente físico, social, econômico e cultural que tem um tipo de comportamento decorrente de um modo de vida, um modo de
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produção, ou seja, o modo de vida do individuo define o modo de sua produção cientifica artística e outras, quando tem um conhecimento novo a forma de produção também se renova. Podemos aprender sobre um espaço identificando o uso e seus hábitos, por isso essas questões guiam o questionário criado para esse trabalho. Encontramos assim diversos hábitos no Elevado, a chave para encontrar o projeto adequado está no estudo dos hábitos de seus usuários. Lucrécia faz a ligação da vida cotidiana e a imagem a partir do momento em que observamos os usos e os hábitos, como manifestação do lugar urbano e menciona que o lugar é a manifestação concreta do espaço, porque esses usos e hábitos constroem a imagem do lugar, porém a rotina do cotidiano e a velocidade da cidade moderna impede sua percepção, tornando o lugar ilegível. O não lugar é sem definição, homogêneo assim como ocorre com o Elevado, que sofre com essa velocidade durante a semana, onde seus usuários não notam outras características a não ser a sujeira, a degradação das fachadas, o ruído, o trânsito e outras características. Os usos e hábitos são os signos do lugar, e só percebemos sua natureza ao submetê-lo a uma operação que revela sua linguagem, essa operação se dá o nome de percepção ambiental e essa é uma forma de superar a ilegibilidade, a homogeneidade e a indefinição do lugar, onde essa operação pode estar mais próxima dos usuários do Minhocão que praticam caminhadas aos domingos, assumindo uma característica exploradora do espaço, podemos observar as sinalizações do trânsito de bicicletas, cartazes nos postes que representam a insatisfação com os políticos, a proliferação de vegetação em sua estrutura e frases pichadas relacionadas ao Elevado, os edifícios que compõe o entorno imediato, trazendo pontos de referência permiti uma fácil localização.
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Figura 5: Sinalização de bicicleta no Minhocão Fonte: Foto da autora
Uma forma metodológica dessa percepção é a relação feita entre o lugar e as variáveis que atuam nele, assim como o sistema de trabalho, a produção da indústria, sistema da comunicação, modo de consumo, manifestações culturais, formas de transportes, equipamentos e serviços disponíveis. Estes atuam de forma coordenada, sendo uma estrutura ordenada, porém não clara. No contexto do Elevado, encontramos lojas de moveis antigos, pequenas lanchonetes, hospitais, bancos, um mercado, postos de gasolina, edifícios de diversos períodos, empreendimentos novos e outros apresentados no capítulo quatro. Para organizarmos as variáveis que interferem em um contexto e aprendermos a articula-las com os usos e hábitos são necessários alguns procedimentos como: ir ao espaço para comprovar e desfazer a ideia do espaço abstrato pela homogeneidade, como a ideia de que toda a extensão do Elevado é igual, podemos encontrar isso em qualquer dado descritivo e ir com uma atenção perceptiva para construirmos a imagem e
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características do lugar, fragmentar os espaços em lugares, tem alguns riscos quando assume uma concepção total, pois analisamos de forma abstrata, mas evitamos essa visão com as comprovações reais, por tanto é necessário usar a abstração (informações literárias) e também usar parâmetros reais. Assim este trabalho se baseou nessa metodologia, para identificar os fragmentos do Elevado e dos mapas de percepções. Sendo usando neste trabalho, não apenas fragmentos físicos, mas também meios informais de informações do cotidiano como jornais, redes sociais e outros.
Cotidiano, espaço e Um fator fundamental para entendermos um espaço é recuperar suas alterações no tempo, porque conseguimos perceber como o homem o alterou de acordo com seu conhecimento (adquirido por seu cotidiano) pode alterar o espaço, construir como ocupante dele. Em relação ao Elevado, seu tempo inicial esta no momento de sua construção, anos 70, em meio à ditadura, a imposição, a priorização dos carros com a via elevada, simbolizando a passagem dos carros em uma posição superior a do pedestre, porém, quando foi provado de diversas formas que essa priorização pode causar a insalubridade, foi feita a proposta de seu fechamento aos domingos. Essa ação trouxe uma consequência nunca imaginada, como a que vivemos atualmente, a lei para a desativação do Elevado e a discussão de seu futuro, sendo um momento crucial para a história da cidade. Para a tomada dessa decisão é necessário estudar a maneira o que o indivíduo se relaciona ao espaço e como são os espaços em diversos períodos. Com a Revolução Industrial, foi criada uma produção em série que inspirou o módulo de padronizarem, também responsáveis por padronizar a relação das pessoas com a cidade e o corpo apenas reage ao objeto inserido no espaço. O conjunto dessas relações diárias pode ser considerado em nosso cotidiano, importante fonte para nosso repertório de ideais diárias, porém em nossa cidade esse cotidiano pode gerar alguns distúrbios, essa agitação diária, a sobreposição, o excesso de informações podem causar sérios prejuízos à saúde e é nesse contexto que encontramos o Elevado, imaginamos que os indivíduos analisados que o frequentam estão nesse cotidiano agitado descrito a seguir: FRAGMENTOS DO MINHOCÃO a experiência imagética através da colagem
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Essa é uma realidade tensa, um dinamismo que se está recriando a cada momento, uma relação permanentemente instável, e onde globalização e localização, globalização e fragmentação são termos de uma dialética que se refaz com frequência. As próprias necessidades do novo regime de acumulação levam a uma maior dissociação dos respectivos processos e subprocessos, essa multiplicidade de ações fazendo do espaço um campo e forças multicomplexo, graças à individualização e especialização minuciosa dos elementos do espaço: homens, empresas, instituições, meio ambiente construído, ao mesmo tempo em que se aprofunda a relação de cada qual com o sistema do mundo. A uma maior globalidade, corresponde uma maior individualidade. Também devemos evitar o "risco de nos perder em uma simplificação cega", a partir de uma noção de particularidade que apenas leve em conta "os fenómenos gerais dominados pelas forças sociais globais”. (SANTOS, pp 252, 2002)
Essas dinâmicas provêm do cotidiano marcado pelo movimento do consumismo, por tanto muitos hábitos são mudados, a prioridade é outra, nem o comportamento familiar é o mesmo, os objetos passam a ser mais importantes que as pessoas. O símbolo do Elevado e os carros em posição superior a das pessoas, a constante necessidade de aquisição material sendo priorizado o lucro, assim como percebemos no Minhocão, o receio dos moradores devido ao interesse do mercado imobiliário de gentrificar a região através do parque, e a relação do trabalho e o acúmulo de capital, é uma relação mais técnica. Encontramos essa relação em quem precisa trabalhar e chegar mais rápido no emprego utilizando o Minhocão como atalho, sua preocupação com o que acontecerá com o tráfego de carros após sua desativação. E Berman descreve essa cidade e sua dinâmica: Nos vinte anos seguintes, aproximadamente, a burguesia se mostrará notavelmente inventiva ao criar os seus próprios halos. Marx tentará minimiza-los no primeiro volume de O capital, em sua analise do “Fetichismo das mercadorias” – uma mítica que disfarça as relações intersubjetivas entre os homens, em uma sociedade de mercado, como puramente físicas, “objetivas”, relações inalteráveis entre coisas. (BERMAN,1986, pp.132)
Porém, como dito anteriormente por Milton Santos, o objeto criado para uma determinada finalidade pode ter seu uso - o qual foi pensado - alterado como ocorreu com o Minhocão, projetado para a passagem de carros e acaba incluindo a utilização por pessoas que caminham em seu asfalto. Santos também menciona a importância de
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se revisitar lugares para darmos novos significados, e essa oportunidade é dada através do cotidiano, essa é a oportunidade da redescoberta do Minhocão. Ele é redescoberto aos domingos, em suas imagens nas fotos, em filmes que o usam como cenário, obras de artes em que ele é o quadro pintado, na festa da Minhoca (festa realizada abaixo do Elevado temporariamente fechado) e em outras manifestações descritas no próximo capítulo. As relações entre as pessoas pode construir o interesse coletivo e é isso que compõe o território. Ele está relacionado à forma de interação com o espaço, o indivíduo apropriase do espaço por interesses em comum. Temos como território grupos que partilham dos mesmos objetivos, assim como encontramos defensores da permanência do Elevado e também de seu desmonte, que expõem seus momentos em lugares no Elevado que compõe o repertório de sua memória.
Figura 6: Vendedor de arte na sacada de um edifício residencial, mudando o uso residencial para comercial. Fonte: Foto da autora
Fonte: foto da autora FRAGMENTOS DO MINHOCÃO a experiência imagética através da colagem
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A existência desses diversos grupos é comprovada pela diversidade de opiniões em relação ao Elevado, apresentando os diversos fragmentos e assim evidencia a diversidade de pessoas que partilham das mais variadas opiniões. Essas opiniões são formadas com base ao repertório de cada indivíduo e é possível encontrarmos alguns padrões, esses padrões que podem explicar a formação do território. Na questão do Elevado, encontramos pessoas com suas mais diversas virtudes que disputam pela decisão do seu futuro, de forma a provar a força de cada grupo, causando um impedimento de ações novas em cada território, pois em reuniões públicas notamos a inflexibilidade entre os grupos, suas memórias são expostas a cada fala para apresentarem argumentos referentes à decisão de seu futuro. Encontramos outra prova dessa diversidade no filme “Signo da cidade” que apresenta o Minhocão como cenário, onde ajuda a definir a localização do filme e mostra a cidade de São Paulo com as diversas pessoas, usando como personagem principal uma astróloga, que se torna uma ouvinte em seu programa de rádio, onde as pessoas pedem ajuda aos astros. A personagem principal lida com seus problemas do cotidiano e ainda se sente responsável pelos problemas de seus ouvintes e amigos. Ela se torna canal para deixar claro que em São Paulo encontramos as mais variadas pessoas que reagem à cidade de acordo com suas experiências. Como no território encontramos as pessoas com pensamentos em comum, elas precisam dividir esse território e conviver de forma impositiva, pois a interdependência é uma prática diária com a necessidade de um espaço mediador. Nas cidades esse fenômeno é evidente, já que precisam trabalhar com pessoas desconhecidas e em grupo para alcançar um resultado coletivo. A comunicação e a informação passam a ter um importante papel a partir do momento que influenciam na vida social no cotidiano de cada pessoa, enriquecendo seu repertório. Elas ganham a dimensão espacial, tornam-se o que Milton Santos chama de “quinta dimensão do espaço banal”. Ao estudar ambos é possível o entendimento da transformação espacial desse movimento social de forma material, pois hoje não fazemos nada sem os objetos que nos cercam como exemplos temos os grupos criados no Facebook referente ao Elevado marcando encontros para discussões sobre o futuro do mesmo, de forma participativa, como no evento “marquise do Elevado” onde as pessoas deixaram suas opiniões quanto ao que deveria ser feito com o Elevado, o encontro foi realizado em frente à Santa Casa na Rua Amaral Gurgel.
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Quando mencionamos os grupos que são inflexíveis em suas relações, buscamos referência no livro “A invenção do cotidiano”. Certeau menciona sobre o homem ordinário de Freud, um herói comum, personagem anônimo. Esse conto tem o foco na explicação da multidão, pois assim demonstra a convivência do indivíduo no cotidiano, na aglomeração e na multiplicação de heróis, com o futuro incerto, deixando a responsabilidade de sua vida para as forças maiores, retirando sua própria culpa. Dessa forma acontece no caso do Minhocão, ao culpá-lo pela destruição do ambiente do Centro de São Paulo, sabemos que na verdade sua destruição vem do processo rodoviarista, dessa forma não podemos tirar a responsabilidade de quem o priorizou, porém o Elevado o único causador da degradação. Esse “homem ordinário” representa o absolutismo da grande maioria e as novas crenças comuns. Freud usa as ilusões do espírito e a desventura social do “homem comum”, reforça seu discurso quando o “homem ordinário” segue o destino da multidão, ou seja, do “homem comum”, que é frustrado e forçado a trabalho. É nesse mesmo cenário que encontramos os habitantes da cidade de São Paulo, a dificuldade de perceber o que está ao redor, são os trabalhadores que transitam no Elevado de carro ou o utilizam como simples local de passagem, saindo do metrô Marechal Deodoro e seguindo para seu destino, esse homem ordinário, não percebe os acontecimentos ao seu redor, assim como os eventos que ocorrem na sua cidade.
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Figura 7: Pedestres esperando ônibus Fonte: Foto da autora
Fonte: foto da autora
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Figura 8: Ponto de ônibus no baixio próximo a Praça Marechal Deodoro Fonte: Foto da autora
Fonte: foto da autora
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São Paulo nunca soube envelhecer, chegou a descartar muito de sua história , assim como a cidades de Nova York descrita por Certeau, possibilita comparações com a cidade de São Paulo. Este autor menciona o fato da cidade estar sempre se reinventando, joga fora o que adquiriu e se desafia a todo o momento. Descreve a embriaguez de estar no topo do Word Trade Center por não estar no domínio da cidade, jogado a rua e preso ao movimento. Em meio às diferenças e o nervosismo do tráfego nova-iorquino, ele toma a identidade de um espectador, pensando que terá que descer depois. Essa sensação pode ser comparada a sensação de estar em cima do Elevado e perceber a cidade desse ângulo, a visão dos prédios sobre a via é explicada apenas quando a visitamos, observamos os edifícios Banespa, Copan, Itália, da Santa Casa, da Praça Marechal e do Largo Santa Cecilia e outros locais descritos nos próximos capítulos. São pontos de vista que são possíveis de serem percebidos apenas a noite ou aos domingos, mas sabe-se que após esse horário os carros retornarão e esse é um dos motivos da luta para sua desativação e transformação em parque. Ao descermos, voltamos às práticas ordinárias, onde o corpo perde sua legibilidade, pois está envolvido com componentes da cidade, enxergamos as vigas do Elevado e sua sombra, mesmo assim encontramos traços de legibilidade ao nos localizarmos facilmente onde estamos devido ao entorno dele, identificamos assim potenciais no mesmo. No capítulo seguinte, serão indicados pontos de referência que contribuem na localização durante o passeio pelo Elevado que é formado por fragmentos de histórias e alterações de espaços. A cidade sempre foi uma inspiração em obras artísticas, assim como ocorre com o Elevado, ele torna-se um objeto de inspiração para diversos artistas, como na fotografia e no cinema. Essas obras baseadas na cidade carregam a memória da mesma, transmitida através do olhar do artista, vem como forma de conceituar a percepção, nos revela o período em que alguns fatos ocorreram, como por exemplo, os artistas da vanguarda do século XX, que buscaram desconstruir o sistema de representação.
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Figura 9: Vista do Elevado para Edifício Atílio Arantes. Fonte: Foto da autora
Figura 10: Vista do Elevado para o Copan Fonte: foto da autora
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Esses trabalhos artísticos não só registram o que foi, mas o que poderiam ser seus objetos de inspiração. Quando registram o Minhocão aos domingos, são transmitidas suas qualidades para tornar-se um parque, com em filmes com “Não por acaso” o Elevado se torna o símbolo de uma libertação da sociedade e no filme “carro dependência”, é preferir estar vendo pessoas a carros. Marcio Silva menciona em seu livro o ”mito de Dibutada”. Essa personagem faz seu amante ficar contra um foco de luz, para traçar o contorno de sua sombra projetada na parede. Seu amante parte para a guerra e essa imagem preserva sua lembrança. O que pode- se refletir com esse mito é a caracterização de uma identidade e a cristalização de um momento em uma imagem, que deve ser completada. Ela carrega a falta, pois transmite o sentido da presença e da ausência. No início desse milênio, nossa cultura sente a necessidade da memória, através de presença e ausência, de recordações que são consideradas verdadeiras e algumas memórias criadas. Essa memória tem como base tudo àquilo que é visto, vivido ou experimentado, contribuindo para obtermos um repertório sensível. Essa questão da memória se intensifica nos anos 80 na Europa e nos EUA, já a América Latina, os artistas estavam subjugados pelos processos ditatoriais dos anos 70, criaram a arte da resistência. O Elevado é a prova do processo ditatorial no Brasil, já que carrega o nome de um desses ditadores e sua implantação de forma ditatorial, já que não teve consulta popular. Atualmente a decisão de seu futuro esta sendo tomada de outra forma, sobre a consulta popular e o representante da Ditadura militar, também pode ser o símbolo do carro e mais tarde torna-se o palco de uma apropriação de espaço tão espontânea, como é feito aos domingos na forma de lazer, que o possibilita de ser a representação da priorização das pessoas ao invés de carros, assim enxergase seu grau de importância em relação à memória da cidade de São Paulo. .
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cotidiana Nesse subcapitulo trataremos da imagem, que finaliza a sequência proposta por esse trabalho que é: percepção do espaço, memória e a criação da imagem. Já foi mencionado que para que haja a percepção do espaço, o cotidiano é uma grande ferramenta, ele obriga a passagem dos indivíduos por espaços e lugares diariamente, onde essas experiências causam sensações e são retidas na memória que se transformam em repertório para ações futuras, nos interessa falar do repertório referente à criação da imagem. É natural a criação da imagem pelas pessoas e esse é um assunto tão inquietante que temos a necessidade de fórmulas para entendermos como se cria, porém descobrimos que para isso não é possível encontrarmos regras de construção de imagem, visto que temos muitas variáveis em nossos ambientes como o nível de sentido de cada pessoa a cada momento, as informações do ambiente em determinados períodos e fatores culturais. O cotidiano tem sua importância, contribui para a criação da imagem, pois é o cotidiano que dá lugar para a comunicação e essa comunicação influência no repertório de cada individua. A comunicação tem importância a partir do momento que contribui para a interação entre o homem, segundo Baldisserra, citando Foucault, toda relação é de disputa de forças, é a disputa por significação, essa força também determina os sentidos do sujeito. Talvez esse seja um motivo fundamental para a necessidade de o ser humano comunicar, para experimentar, dentre outras coisas, o prazer de sentir-se transformador ou transformado, de perceber o gozo de dominar e do ser dominado, a sensação de, pelo encontro, ser igual e diferente – o “mesmo” e o “outro”. (BALDISSERA, pp.195; 2008)
Essa relação pode ser encontrada nas discussões sobre o Elevado, o qual cada um tem o seu cotidiano e sua relação com o mesmo. Em reuniões públicas encontramos pessoas exaltadas por ter que conviver com o Elevado e pessoas que convivem de forma equilibrada. Segundo Athos Comolatti, foram recolhidas sete mil FRAGMENTOS DO MINHOCÃO a experiência imagética através da colagem
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assinaturas de pessoas no Minhocão, para a sua transformação em área de lazer. Mas mesmo assim encontramos descontentamentos dos moradores da região. O High Line tem uma influência que orienta a Associação Parque do Minhocão, não só a associação faz essa comparação como muitos que moram na cidade de São Paulo. O High Line tem influência em outros lugares, como em sites de turismo que é possível encontrá-lo como um importante ponto turístico a ser visitado quando viajarmos para Nova York e essa imagem pode ser aproximada com a do Minhocão, visto que também é um ponto turístico. Em uma resposta do questionário desse trabalho, a entrevistada disse ter um amigo que trabalha como guia turístico para acompanhar estrangeiros em passeios de bicicleta pelo Centro de São Paulo e relata que os turistas ficam impressionados com o Minhocão, por parecer um cenário de filme, o que de fato foi. As pessoas constroem a significação do Elevado através dos sentidos em determinados contextos, transforma-se com as variáveis do ambiente. Um exemplo é a experiência das Caminhadas Noturnas pelo Centro promovida pela Associação Viva o Centro que proporciona uma nova experiência como andar no Centro a noite, que diverge de nosso cotidiano, uma atitude associada ao perigo, mas a premissa desse projeto é a de enfrentarmos o medo que sentimos de nossa cidade e não excluí-la do nosso cotidiano devido a esse receio, sendo necessário não só a perda do medo, mas também um projeto que qualifique a região. Essas novas experiências podem influenciar na construção dos sentidos, colocando significados por meio dos sentidos. Também proporcionam diversas formas de imagens, assim como físicovisível, imagem linguagem, e imagem conceito. A imagem físico-visível é a imagem que o mundo tem, ou seja, é o que enxergamos do Minhocão de forma física, sua estrutura, sujeita, infiltrações, a sombra, as pessoas que o utiliza, as lojas, qualquer imagem-físico é a relação entre a luz e o aparelho ótico. É um mundo organizado em meio ao caos pelo olhar, a identidade é formada a partir de imagens significativas do mundo. Desde seu nascimento, a primeira percepção do homem é através da imagem,
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adquirindo um repertório para criar a imagem de seu mundo e de sua identidade. A imagem-linguagem recebe significados codificáveis, são as fotografias do Elevado que transmitem sensações, filmes, desenhos e são as representações das imagens que carregam características de seus autores, ajuda o leitor em sua leitura e interpretação. Na imagem-conceito ela pode se apresentar como uma imagemfísica ou imagem-linguagem, mas, além disso, pode ser o juízo de valor, assim como a imagem do Elevado como causador da degradação do Centro. É o símbolo da Ditadura, da priorização do carro, é a imagem em sentido figurado, sem ter a necessidade de uma simulação visual para interpretá-la. A imagem conceito pode vir do julgamento de pessoas como comportamentos e ideias. Ela julga a reputação, fama e outros e devido a isso, essa imagem percebe o que parece ser e não necessariamente é, ela se constrói no lugar e recebe a qualidade de significação, por isso pode se materializar. A imagem da cidade se apoia em uma questão de subjetividade, pois depende da forma que o usuário se relaciona com o espaço e essa imagem baseia-se no que ele já vivenciou, desse e de outros espaços. Ferrara fala que a imagem mental que um habitante tem de sua cidade baseia-se na qualidade visual, se ele é reconhecível, como se orienta, se há um sistema de ordem quando observada. Os usuários tendem a ter uma memória seletiva, pois criam a imagem fracionada do espaço e também mapas mentais para a orientação. Essa questão de orientação de imagem será aplicada neste trabalho, localizando as imagens encontradas do Elevado e posicionando em mapas, Lynch fala de mapas mentais e pede para que os passantes desenhem referências imagéticas, sendo determinantes para a organização desses espaços. Essa impressão da cidade então depende de como é feita a caminhada do construtor da imagem. Por exemplo, quem anda de carro no Elevado, tem a visão mais baixa e enquadrada pela janela do carro, passa rapidamente, já quem caminha tem a altura do olhar, passa de vagar, presta atenção em detalhes, e também temos aqueles que andam de ônibus que se quer escolhem o caminho. Essa arte de transformar a cidade em cenário é chamada de flâneur descrito por Baudelaire em sua poesia e seu personagem FRAGMENTOS DO MINHOCÃO a experiência imagética através da colagem
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que caminhava por Paris na tentativa de entender aquela cidade moderna que com a sua industrialização, toma uma nova configuração. Para Bassani (2003, p.43), o flâneur “converte o ambiente urbano em paisagem e cenário, em território de expedição e abrigo domiciliar”, demonstrando total intimidade com seus elementos, e permitindo que a cidade assuma dimensões e significados indicados por seu estado de espírito: a cidade assume significado à medida que seu perambular a impõe. (SOUZA; ANGELO,2008,pp.8)
Na mesma linha de Lynch, os dadaístas registram suas caminhadas estéticas, eles praticando atos simbólicos em ações cotidianas. Encontramos artistas com essa intenção no Elevado durante a semana e aos domingos, não só observam, mas atuam no ambiente, a dessacralização da arte. Os surrealistas tinham conhecimento de Psicanálise com base nisso, criavam mapas referenciais e usavam escalas das cores preta e branca para identificar as sensações, sendo branca representação agradável e preta desagradável, com a intenção de mostrar as variações dentro das cidades. Esses mapas são fonte de inspiração para a criação dos mapas de percepções do Elevado deste trabalho. Nos anos 60 surgem os situacionistas que praticam as derivas, que propunha apropriar-se do espaço urbano, através da caminhada sem rumo e mapear os diversos comportamentos. As obras de lugares parecidos feitas por diferentes pintores, nunca ficaram iguais, isso devido à subjetividade de cada pintor. Isso também acontece com os fotógrafos e cineastas, mesmo capturando a realidade concreta, é passível a vontade do artista, baseado na escolha do assunto, tratamento estético, transparecendo seu estado de espirito e ideologia nas imagens.
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Esse capítulo é composto por estudos de caso que utilizam o Elevado como objeto de trabalho em produtos como fotografia, documentário, filme e projeto de intervenção urbana que apresentam relações com o Elevado. Esses trabalhos foram escolhidos para mostrar produções que apresentem a imagem do Elevado referente à visão dos artistas. Dessa forma compreendemos a expressividade do Elevado quando os trabalhos buscam mostrar a cidade de São Paulo através do mesmo. Esse capítulo organiza-se da seguinte forma: trabalhos dos fotográficos de Cristiano Mascaro e Tuca Vieira. Em seguida temos o trabalho do documentário 3.5 e de produções cinematográficas que se apropriam da imagem do Elevado. Notamos que nos filme geralmente são apresentadas as mesmas localidades no Elevado. No final do capítulo temos a apresentação de dois projetos que recuperam áreas degradadas pelas implantações de viadutos, onde no High Line propõe a criação de um parque e no Cheonggyecheon a proposta de sua derrubada e a recuperação do canal do mesmo nome.
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Autor: Mascaro é formado em Arquitetura e Urbanismo pela Faculdade de São Paulo (1968). Desde seu período como estudante, sempre mostrou maior habilidade com a fotografia. Cristiano procura capturar a cidade, influenciado por sua formação. A luz da grande cidade de São Paulo é a sua maior busca, sendo claramente identificáveis essas luzes em suas fotografias. No trabalho de Souza e Angelo a São Paulo de Mascaro parece ser aquela cidade enorme que acaba por engolir as pessoas que nela vivem. Às vezes ele parece fotografar para, no recorte, tentar compreendê-la, ou apreendê-la, ou dominá-la. Talvez seja por isso que em grande parte delas, apareça o horizonte além do skyline. Suas fotografias dizem silenciosamente: “São Paulo é grande, mas acaba logo ali”. Devido ao fato dessa cidade ser composta por vários elementos, sente a dificuldade de fotografá-la e revelar apenas o que quer mostrar, por isso usa como recurso subir em edifícios e tirar fotografias do alto, isso o protege de uma confusão visual e explica sua preferência por foto preto e branco, que facilita para colocar em destaque apenas a luz. Esse recurso de Cristiano pode ser comparado à sensação de Certeau, ao subir no terraço do Word Trade Center e se esquivar do confuso movimento da cidade e até quando subimos no Elevado e temos a sensação de observarmos a cidade. Mascaro não se importa com a luz do ambiente de fato, mas sim com sua qualidade e forma. O fotógrafo acredita que a cidade é imprevisível, em termos de luz, pois o céu da cidade de São Paulo pode estar cinzento, filtrando-a, iluminando-a, refletindo no asfalto molhado, ou muitas vezes esta atrás dos grandes edifícios e mesmo sabendo desses variantes, sempre pode ser surpreendido e seu papel é capturar essas imagens através de forma e luz. (SOUZA; ANGELO, 2006)
Localização: São Paulo, Centro
Ano da obra: 1986
Titulo da fotografia: Fotos Elevado
3.1.1 Cristano Marcaro
Figura 11: Elevado Costa e Silva, foto de Cristiano Mascaro Fonte: foto www.mam.ogr.br
48 l FRAGMENTOS DO MINHOCテグ a experiテェncia imagテゥtica atravテゥs da colagem Figura 12: Sombra do Elevado no mercado Fonte: foto autora
Figura 13: Fachada de edifício antigo Fonte: foto www.cristianomascaro.com.br
FRAGMENTOS DO MINHOCÃO a experiência imagética através da colagem l 49 Figura 14: Pessoas sentadas na frente do edifício, foto para a comparação entre a visita ao local e o trabalho de Mascaro Fonte: foto da autora
Figura 15: Avenida São João, foto de Cristiano Mascaro Fonte: foto www.mam.org.br
FRAGMENTOS DO para MINHOCÃO a experiência colagemde Mascaro Figura 16: 50 Curval Elevado Av. São João, a comparação do que imagética foi visto ematravés visita eda o trabalho Fonte: foto da autora
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l 51 Figura 17: Vista da Curva Elevado Fonte: Grupo Faceboock “Parque do Minhocão”
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Aspectos como o alargamento de vias e chegada dos viadutos expressa a necessidade de ligação ou expansão urbana, assim como fotos com muitas pessoas e edifícios cada vez mais altos expressam o adensamento da região do de onde a foto foi tirada. (LIMA; CARVALHO,1997, pp.113)
Na segunda imagem nos deparamos com uma das fachadas observada sobe o Elevado, é a visão de quem está andando no Elevado (notamos essa ação a partir do ângulo que foi tirada a foto) ela representa o passado e o presente, o passado com a fachada clássica do edifício e o presente, com o fato de ter uma moto passando na sua frente, sendo um importante objeto para nos ajudar a identificarmos qual a relação com o tempo, sua lente faz o registro desse momento, agindo como a memória da cidade, assim como Solange Lima e Vania Carvalho, mencionam a utilização de álbuns fotográfico relacionados a acontecimentos na cidade para descrever a sua história. Assim como descrito a seguir:
Análise das fotos: Essas imagens transmitem algumas das sensações comuns a pessoas que transitam pelo Elevado. Esse obscuro céu que termina em uma parede igualmente infinita, por fazer uma ligação com a calçada, parece dizer, “aqui não tem nada” e por isso encontramos a presença de uma pessoa, apenas no faixo de luz lateral, que são as fachadas dos prédios em plano lateral mais iluminadas, o movimento fica por conta das calçadas. Na literatura, reportagens, redes sociais, o questionário desse trabalho e até em visitas a campo, essa sensação é verdadeira, Mascaro apenas aplica mais expressão na sombra causada pelo Minhocão. Essa é uma imagem difícil de identificar sua localização, é ilegível sua posição no momento em que capturou a imagem.
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Na terceira imagem sua posição é mais legível, pois encontramos a continuação da Avenida São João, ela e o Elevado estão em destaque na foto devido a sua iluminação. O Minhocão faz o papel da fluidez do trânsito, quando destaca essa linha continua, compondo a latera com edifícios obscuros. Encontramos o Elevado como se ele terminasse nos edifícios, claramente transmite a sensação que Cristiano tem de São Paulo, ela é “imensa, mas acaba logo ali”, o Elevado parece compor a paisagem, encaixa no meio dos edifícios, nesse ângulo, ele é imenso, mas acaba logo ali nas sombras dos edifícios, novamente encontramos nas produções artísticas essa curva da São João, também apresenta em filmes e fotos de diversos ângulos, o próximo fotógrafo também se apropria dessa curva em seu trabalho, outro ponto que podemos abordar é o fato dessa curva simbolizar a divisão : Av. São João com Minhocão x Av. São João sem Minhocão.
Comparando fotos tiradas na visita do presente trabalho, nas redes sociais e jornais, notamos que além de referenciar a passagem do tempo, esses locais têm importância devido ao fato de ocorrerem eventos na frente da Praça Marechal, concentrando pessoas em frente a esse antigo edifício, como na foto tirada em visita.
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O fotógrafo chega a um ponto que é importante para este trabalho, a cidade é composta pelo o que é concreto e pelo o que é imaginado pelos habitantes, por isso ela precisa de seus narradores e ele comprova que essa cidade não tem um significado único, ela torna-se em alguns casos um não-lugar, assunto abordado adiante no estudo de caso do filme “ Ensaio sobre a cegueira”.
Autor: Tuca Vieira nasceu em São Paulo em 1974, formado em Letras pela faculdade de Filosofia e Letras e Ciências humanas da Universidade de São Paulo em 1988. Não fez Fotografia, pois queria entender a cidade primeiramente e assim construiu a ideia de que as cidades são lugares que não existe, ela é uma composição de um território fragmentado pelas composições proporcionadas pelo tempo, é impossível capturar os fragmentos reuni-los. Essa imensa cidade é composta pela imagem e pela memória proporcionada pelo tempo e reunindo esses elementos a cidade toma forma. Para ele tem uma grande significação andar a deriva por ela, pois dessa forma reúne seus fragmentos e da-lhe novos significados. A cada trajeto, uma nova cidade, pois a cidade esta sempre em constante movimento, assim como o homem que a constrói, como já mencionado em capítulos anteriores por Milton Santos.
Localização: São Paulo, Centro
Ano da obra: -
Titulo da fotografia: Fotografia de Rua/ São Paulo
3.1.2 Tuca Vieira
O fotógrafo andarilho percorre a cidade, esse entreposto de desejos, ânsias, amores furtivos, memórias indeléveis e fluxos interrompidos na vã tentativa de harmonizar a golpes de luz e sombra o caos que o espreita a cada esquina dobrada. Os labirintos da cidade são uma metáfora dos desencontros do próprio fotógrafo que, na precisão de seu caminho errático, busca obsessivamente a compreensão e a expansão de si entre calçadas remendadas e sombras que prenunciam a noite matizada de luzes artificiais. (CHIODETTO, 2008)
Essa realidade tratada por Tuca Vieira nos lembra do “homem ordinário” e seu conto sarcástico diante das desventuras da cidade, todos seus problemas revelados pela tentativa de torna-la inabitável, porem ao fotografa-las ele espera extrair “um lirismos” ao recortar a cidade em espaços compostos por impaciência, vandalismo, congestionamento, aspereza e mesmo assim com uma grande vontade de seguir em frente. A cidade de São Paulo precisa ser revelada em meio ao ambiente hostil, ele mostra os extremos da cidade e seus conflitos de forma bela.
No ensaio “São Paulo” Tuca Vieira transforma os símbolos de degradação em um motivo plástico, assim como: pichações em edifícios, fantasmas de concreto, os edifícios abandonados no centro ocupados como cortiços verticais, os grafites, os buracos, os mendigos, as luzes de congestionamento, emaranhados de fios de eletricidade, rostos de pedestres embaçados representando sua pressa e os viadutos que compõem um novo nível do asfalto e de concreto por cima das grandes avenidas.
No ensaio “Fotografia de Rua” ele revela uma dessas faces da cidade, talvez não tão conhecida, ele é influenciado pela tradição francesa e em conjunto com questões contemporâneas, falando da relação do homem e da paisagem urbana.
Figura 18: Ensaio fotográfico de Tuca Vieira “ São Paulo” Fonte: foto www.tucavieira.com.br
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Figura 18: São Paulo Fonte: foto www.tucavieira.com.br
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Figura 19: Ensaio fotográfico “Minhocão, São Paulo” Tuca Vieira, foto aproximada da curva da São João. Fonte:http://www.vitruvius.com.br/
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Figura 20: Ensaio fotográfico de Tuca Vieira “Fotografia de Rua” vista do Edifício Itália Fonte: www.tucavieira.com.br
Figura 21: Fotografia de Rua, rampa de acesso para Rua da Consolação Fonte: www.tucavieira.com.br
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Figura 22: Vista Rampa de acesso da Rua Consolação, para comparação de fotos da visita. Fonte: Foto da autora
Figura 23: Vista Edifício Itália, para comparação de fotos da visita e o trabalho do fotógrafo Fonte: Foto da autora
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A cidade branca e preta que usa o Elevado como objeto central, mostra esse Elevado vazio, período da noite e com destaque luzes, que apesar do vazio traz através das luzes a presença da vida na cidade. A primeira imagem apresenta uma visão que temos do Edifício Itália, essa vista é facilmente identificada que sua localização é no Elevado quando reparamos no edifício situado a direita, esse é um dos edifícios marcantes do entorno de fachadas voltadas para o Minhocão. A segunda imagem esta localizada do lado da Consolação, por serem perceptíveis os três acessos.
Esses dois ensaios se diferem pela cor, o qual o primeiro transmite a sensação do tempo, da distância e até da saudade. É um lindo entardecer na Avenida São João, notamos que este próximo das 18hs devido ao movimento e quantidade de carros. A cidade é da cor sépia, mas seus elementos da cor marrom, esse Elevado tem tanto movimento que em meio aos edifícios encontramos luz e um helicóptero, em meio ao caos desse horário, Tuca Vieira consegue propor uma ordem na imagem, na primeira imagem, edifícios, minhocão e cidade, a segunda, edifícios, Minhocão e carros.
Análise das fotos: Tuca Vieira usa a cidade de São Paulo como cenário, nessa ensaio com fotos do Elevado, ele captura os movimentos dos carros no fim da tarde, tem um zoom da foto de Mascaro, configura-o em meio aos edifícios, porém com a aproximação da lente é nítido a invasão do elevado nas fachadas dos edifícios, em seus acessos também. Na primeira foto o Elevado parece ser pequeno, como se fizesse o encaixe perfeito entre os edifícios, porém na segunda ele tem uma conformação mais evasiva à invasão reclamada pelos moradores. Na terceira imagem notamos a rapidez dos carros devido à faixos de luz deixados por seus faróis. O elevado com o movimento de carros que representa a fluidez, essa foto também registra uma das mais belas vistas que temos do Elevado, a do Edifício Itália. Na quarta imagem reflete um vazio no Elevado, das ruas e espaços que estão abaixo de seus acessos com a Rua da Consolação.
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Ao trazermos a sensação do passante do espaço, notamos o grande congestionamento nas tardes no Elevado, tanto no jornal , em fotos dos fotógrafos apresentados, quanto em fotos das visitas de campo, esse é um dos incômodos apontados pelos usuários da região, principalmente para aqueles que o utilizam como forma de passagem, pois isso afeta diretamente no seu cotidiano. A figura 23 mostra o acesso do Elevado pela Consolação, tem a utilização por skatistas bem marcada, provavelmente pela aproximação com a Praça Roosevelt.
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João Sodré,Maira Buhler e Paulo
Análise do documentário: Esse trabalho foi escolhido por se tratar de uma arte midiática que relata quem está no Elevado, expõe à vida dos moradores que vivem na fachada imediata do Elevado, ele identifica pessoas que apesar de dificuldades diárias vivem no Centro, em alguns casos gostam em outros não, mas o viaduto já faz parte do repertório de sua memória. Em entrevista os autores do filme chegam a chamar o Elevado de deposto de pessoas, pois a maioria dos moradores, tem muitos problemas, porém ele as acolhe, elas não tem para onde ir e acabam lá. Mostra a relação do Minhocão e seus personagens, como se apropriam do espaço, algumas pessoas gostam da visão
Pesquisa: João Sodré,Maira Buhler e Paulo Partorelo
Localização: São Paulo, Centro
Ano da filmagem: 2007
Partorelo
Diretor:
3.2.1 Elevado 3.5 Figura 24: Cartaz do documentário Elevado 3.5 Fonte: www.elevadotrespontocinco.com.br
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como
já
mencionado
Esse trabalho consegue recolher as mais diversas imagens que os moradores têm do Minhocão e traz a conclusão de que as pessoas são mais importantes que a obra, muitos deles não se incomodam com o Elevado, não renega e nem o acolhe, alguns são indiferentes à agressão na paisagem tão mencionada por moradores que participaram de reuniões públicas sobre a PL 22 2015, que muitas vezes gostam de retornar ao passado em suas histórias, lembrando-se de como era a paisagem antes do Minhocão, esse fato é decorrente em respostas do questionário feito para este trabalho, essa saudade vem habitualmente, por pessoas que conheceram o Centro antes do Elevado.
Porém como esse era o seu foco, apresenta principalmente quem está na proximidade do Elevado, pois esse viaduto impacta na vida de uma grande parte das pessoas daquela região, além dos moradores, encontramos motoristas que passam diariamente, usuários do final de semana, trabalhadores que usam o metrô e outros como até turistas.
No documentário temos relatos das diversas pessoas que residem no Elevado, de certa forma comentam, mesmo sem perguntar, sobre o destino dele, mas essa produção consegue manter o foco do trabalho, os moradores e trabalhadores de edifícios com as fachadas voltadas para o Elevado, essa produção faz uma intensa pesquisa nesse requisito.
que proporciona, pelo fato de ser o observador, anteriormente, a ideia discutida por Certeau.
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Esse trabalho contribui para enxergamos que há pessoas no Elevado, apesar de seu aspecto degradado e do transtorno que causa, as pessoas apropriam-se dele, trazendo a dúvida se o desmonte completo seria a melhor solução para o problema do Elevado.
A trilha sonora é fluida, tranquiliza e traz naturalidade no documentário e o ponto principal são as identificações dos locais das filmagens no Elevado, indicadas em desenhos, essa é a tentativa de identificar a legibilidade, usando como exemplo os mapas perceptivos e mentais dos dadaístas, surrealistas e de Lynch, mencionado anteriormente.
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Figura 25: Asso. Parq. Minhocão FRAGMENTOS DO MINHOCÃO a experiência imagética através da colagem l 65(semana) Fonte: Foto da autora
Figura 26: Asso. Parq. Minhocão (final de semana) 66autora l FRAGMENTOS DO MINHOCÃO a experiência imagética através da colagem Fonte: Foto da
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A história inicia-se com a personagem principal Teca. Ela é uma astróloga, apresentadora de um programa de rádio que aconselha pessoas com problemas, como o caso de um travesti que tem problemas com o preconceito, ela encontra também personagens com problemas em seus casamentos, depressão e suicídio. A astróloga aconselha pessoas ao mesmo tempo em que se sente responsável por suas vidas, mas percebe que cada indivíduo é responsável por suas vidas, pois ela perderia sanidade mental se tivesse esse papel.
Essa produção carrega sua importância ao relatar a relação das pessoas com a cidade e ao fato do Elevado fazer parte dessa cidade fluída, inconstante, com diversos indivíduos, encontramos aí o choque de identidades, tendo a necessidade de cenários para esse encontro e esse filme revela que as pessoas apenas compreendem-se após descobrirem a cidade em que vivem.
Análise do Filme: Esse filme tem muita relação com o presente trabalho, pois conta o cotidiano de pessoas que vivem em São Paulo, usando como cenário o Centro da cidade identificada por alguns símbolos, entre eles o Elevado. Esse cotidiano pode ser muito duro, rápido, fluido, pode causar a depressão nas pessoas que aqui vivem. Porém ainda temos o “herói”, que acredita que pode mudar seu destino.
Localização: São Paulo, Centro.
Ano da filmagem: 2007
Diretor: Carlos Alberto Riccelli
3.3.1 O Signo da cidade
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Esse filme incorpora uma cor equilibrada, isso traz a naturalidade do filme, quem o está assistindo sente-se parte dele e de seus acontecimentos. O Minhocão está presente como cenário principal, ele determina a localização do filme. Ele é apresentado no início com carros trafegando-o e em seguida com um dos personagens observando-o pela janela, mais adiante esse personagem inaugura um cenário não apresentado em outros filmes, o baixio da região da Praça Marechal Deodoro. Para o morador Eusébio (Bill) é uma distração olhar o Minhocão, e quando passam cenas com o Elevado ao fundo, é inevitável não olhar, por sempre trazer o movimento, caracterizado pelas grandes cidades. Nessa produção são revelados cenários importantes, pois ao relembrarmos sensações recolhidas por usuários do Elevado no jornal, redes sociais e em visitas identificamos o edifício que o personagem Eusébio mora, pois as fachadas dos edifícios ao redor do Minhocão têm características claras, sendo uma paisagem legível.
Esse filme nos mostra que tudo esta ligado, todas as identidades no mesmo espaço, por que mesmo não tendo uma visível relação com alguém, as pessoas se cruzam todos os dias na cidade e podem interferir, mesmo sem saber, na vida de outros indivíduos. Porém, mesmo perdendo as, a cidade não para, ela continua e tem que continuar, é o movimento, a fluídez caracterizada por Bastos (2007) ao mencionar o indivíduo zappeador. A questão é, até quando as pessoas aguentarão, é questionável o futuro de nossa cidade e habitantes, que tem um grande índice de doenças psicossomáticas, causando depressão e cometendo suicídios. Em palestra do grupo CVV, a depressão é uma doença que requer cuidados, como a observação de pessoas que apresentem sintomas da depressão, porém nessa cidade da velocidade, o indivíduo não percebe as pessoas e nem os ambientes, é a resposta em forma de defesa para manter sua sanidade, é o blasé de Simmel (1903).
Figura 28 : Cena inicial do filme “ O signo da cidade Fonte: Dvd filme “ O signo da cidade”
Figura 27: Cena final do filme “O signo da cidade” Fonte: Dvd filme “ O signo da cidade”
Figura 29: Foto Praça Marechal, local da cena do filme “Signo da Cidade” Fonte: Foto da autora
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Figura 30: Fachada original Edifício Fonte: Foto da autora
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Outro personagem fundamental é o marceneiro e jogador de sinuca, Pedro. Ele namora Teresa que é uma personagem diferente. Essa personagem parece não ter características adequadas para viver na cidade, pois não planeja o que faz e isso é demonstrado quando sua mãe numera todos os cursos que já fez em sua vida e não terminou. Ela vive cada momento de sua vida e se adapta aos acontecimentos. Por Pedro tentar planejar o futuro assim como em suas tacadas nos jogos de sinuca, sua namorada o motiva a fazer coisas, diferentes tendo novas experiências, uma premissa importante para termos uma qualidade em nossa relação com a cidade e assim obtermos mais repertório.
Análise do Filme: O filme “Não por acaso” inicia com cenas da cidade, dos grandes edifícios do centro e de carros. O seu movimento e acontecimentos estão representados através de vozes no rádio da CET. Em seguida temos o personagem Ênio, engenheiro de trânsito, metódico que busca sempre prever o futuro, não se expõe para as pessoas a seu redor, ele até esqueceu como manter contato com as pessoas. Ele priorizou o trabalho que é pensar no tráfego da cidade, assim como ocorre com os habitantes de São Paulo, temos aí o carro novamente como o inimigo da relação das pessoas com a cidade, após o término de seu relacionamento com Mônica, mãe de Bia, isola-se do mundo. Um acidente de carro com Mônica muda sua vida, ele passa a ter contato com Bia, partindo da iniciativa dela.
Localização: São Paulo, Centro.
Ano da filmagem: 2007
Diretor: Philippe Barcinski
3.3.2 Não por acaso
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Esse estudo de caso é importante, pois destaca o fato de que é o filme que revela essa face do Elevado aos domingos, é uma produção recente, 2007, portanto comprova o fato de que essa discussão sobre a permanência do Elevado é recente com cenas em cima dele, juntamente com o estudo de caso anterior podemos completar a imagem desse ano, pois eles têm o mesmo ano de filmagem. Nele encontramos cenas embaixo do Minhocão e assim habitadas, tendo movimento de pessoas além dos carros. Novamente as cenas de passeio dos personagens ocorrem na curva da São João com a Helvétia, comprovando a importância dessa vista, por ser referência da imagem do Elevado. Encontramos fotos dela em redes sociais, visita de campo e jornais.
Esse filme torna-se importante para o nosso estudo de caso por descrever esses acontecimentos da cidade e ainda serem contados na região central de São Paulo, envolvendo o tráfego (motivação da construção do Elevado para dar passagem ao carro) e o destaque para o fechamento do Elevado para o transporte individual, para não mais priorizar os carros, mostrando-o como funciona aos finais de semana para que as pessoas, assim como o personagem Ênio, se apropriem de sua cidade.
Teresa é atropelada por Monica, mãe de Bia e as duas morrem. Esse acontecimento causa uma mudança na vida de todos que as rodeavam, eles saem de seu cotidiano forçando-os a participarem de novos acontecimentos em suas vidas. Pedro tem que aprender a viver sem quem o motivava a ter novas experiências, sem a necessidade de sua previsão, porque o movimento da cidade continua. Na história de Ênio, sua filha o motiva a sair de casa e não viver apenas para o trabalho, no primeiro momento ela sugere uma caminhada pelo Minhocão e ele passa a ser o cenário de seus encontros, dessa forma Ênio aprende a participar dessa cidade e se sociabilizar. O Elevado é a representação do início de suas novas experiências e libertação de pré-conceitos e é o ponto de encontro mais presente entre eles.
Figura 31: Cena do filme “Não por acaso” Fonte: Dvd filme “ Não por acaso”
Figura 31: Cena do filme “Não por acaso” Fonte: Dvd filme “ Não por acaso”
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Figura 33: local da Cena do filme “Não por acaso”, fotografado em visita. Fonte: Foto da autora
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O curioso do filme é que a esposa do médico era a personagem mais subestimada, no entanto é ela quem se torna fundamental para a sobrevivência de um grupo de sete pessoas e passa a liderá-lo, quando todos enxergavam ela era invisível quando ficaram cegos ela se destacou, e faz isso diante dessa cidade envolvida pelo caos. Esse filme retrata cenas em diversas cidades, uma delas é a cidade de São Paulo e isso é comprovado pela cena em que os personagens estão passando pela Ponte Estaiada e o Elevado Costa e Silva em uma cena localizada próximas da rua Helvétia.
Análise do Filme: Esse filme discute o fato da sociedade enxergar, mas não ver. A insensibilidade impregnada no seu dia a dia, o filme discute tanto isso que os personagens principais não têm nomes, apenas são denominados genericamente, como o médico, a esposa do médico, o primeiro a ficar cego, a esposa do primeiro a ficar cego, a mulher dos óculos preto e etc. Na trama apenas uma pessoa consegue ficar com sua visão intacta, a esposa do médico e é ela quem consegue cuidar de um grupo de pessoas. Após o início da cegueira, que vira uma epidemia, todos que “o primeiro a ficar cego” teve contato ficam cegos, todos foram colocados em um hospício deteriorado e longe da sociedade. As pessoas que foram enviadas para lá, passam a agir de forma selvagem para garantirem a sobrevivência.
Localização: São Paulo, Centro, Faria Lima, Marginal Pinheiros, Anhangabaú, Shopping Ligth, Teatro Municipal, Bairro Higienópolis e Minhocão. Uruguai, Montevidéu e no Canadá, Toronto.
Ano da filmagem: 2008
Diretor: Fernando Meirelles
3.3.3 Ensaio sobre a cegueira
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O Elevado apresenta duas de suas faces de cima e de baixo, esse fato comprova importância desses dois lugares, esse filme buscou a ilegibilidade para apresentar a cegueira da sociedade, sendo o Elevado um desses lugares atingidos por ela.
A cena no Minhocão é avermelhada, traz um acolhimento, que é conflitante com a cena, eles caminham nesse Elevado longo e em caos, essa contradição, como dito anteriormente pode ser a consequência do não-lugar, porque são diversas características que se conflitam. Mesmo em meio ao caos, parecem ter um destino melhor que o deixado no hospício, de onde fogem, pois tem a liberdade de andar em um lugar, mesmo que seja um não-lugar visando um futuro diferente, podemos aqui relacionar o Elevado como um caminho para um novo futuro. O Elevado é parte da globalização por se tratar de um elemento mundial, os viadutos da cidade moderna, importada ao Brasil por Robert Mosses.
Remete ao homem na cidade grande que busca ferozmente seus objetivos, observa-se em uma cena que tem como símbolo o cachorro, que em meio aos outros busca por alimento sem que para isso precisasse se alimentar de seres humanos. Essa ferocidade deixa-os cegos, e a cidade encontra-se em caos. Cenas que mostram a cidade de São Paulo e o Elevado transmitem a sensação do não-lugar, consequência da falta de identidade individual, pois assim como citado anteriormente, os personagens não tinham nomes e sim sua representação na sociedade. Porém esse anonimato pode ter uma consequência positiva, a liberdade, onde esta pôde ser notada por cenas em que as pessoas não se importam em ficarem nuas na frente dos outros, ou quando o médico tem relação sexual com a “moça dos óculos escuros”, sem saber que sua esposa (que enxerga) pode vê-los e mesmo assim, ela apenas finge que nada aconteceu, pois a sociedade não a observa e não a julga por simplesmente perdoar.
Esses lugares, assim como os personagens não são identificados, esses lugares como cenário representam a cidade homogênea e com excesso de identidade devido a facilidade na transmissão da informação, a consequências da globalização.
E mesmo sendo lugares perto, apresentam-se em ângulos diferentes, com o caos dos mesmos carros que movimentam-se pelas janelas dos edifícios, a cena a seguir é um encontro entre pedestre e carros. Figura 34: Cena com Minhocão no filme “Ensaio sobre a cegueira” Fonte: Dvd “Ensaio sobre a cegueira”
FRAGMENTOS DO MINHOCÃO a experiência imagética através da colagem l 77 Figura 35: Local cena “ Ensaio sobre a cegueira” Fonte: Foto da autora
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Essa história da ênfase na prioridade das pessoas de ganhar dinheiro na cidade grande é a priorização de coisas a pessoas, descrita por Berman. Percebemos outros valores no decorrer do filme. Mostra o movimento da nossa cidade e da cidade de Lisboa. O Minhocão é colocado na fala da Alex como um incômodo, quando ela diz sentir tanta falta de São Paulo que até moraria em um dos apartamentos de frente para o Minhocão e Paco responde que morava na frente dele. Essa fala indica que nesse período há um incômodo gerado por essa estrutura, atualmente encontramos esse incômodo, mas também encontramos pessoas que apoiam a sua permanência. Na década de 90, período da gravação desse filme, um técnico foi medir a quantidade de decibéis provocados pelo ruído dos carros no Minhocão e todos ficaram impressionados. Atualmente integrantes do ”Movimento desmonte do Minhocão” alegam em reuniões públicas que esse ato apenas diminui sete decibéis, isso demonstra um dos grandes incômodos gerados pelo Elevado, o ruído em suas janelas.
Análise do Filme: Esse filme mostra a vida de Paco e Alex. Paco Mora em um apartamento com a fachada voltada para o Minhocão, então no início do filme temos várias imagens do Elevado e os personagens moram em um apartamento localizado na Rua Helvétia com a Avenida São João, próximo ao atual Terminal Amaral Gurgel.
Localização: São Paulo, Centro, Minhocão.
Ano da filmagem: 1995
Diretor: Walter Salles, Daniela Thomas
3.3.4 Terra estrangeira
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Relembrando de cenas do documentário, percebemos que há a insatisfação de morar na frente do Elevado, nesse filme não tem uma busca pela solução do Elevado, isso se da devido ao ano de sua produção, 1995, (o Elevado foi aberto aos domingos apenas em 1990), indica o fato de que o Minhocão tornou-se um estorvo pouco depois de sua construção e que nos anos 90 esta situação chega no limite.
No final do filme os personagens transmitem a mensagem de que quando saímos de São Paulo, nossa cidade, apesar de todas as dificuldades passadas, ainda sentimos sua falta, o Elevado pode ser considerado o símbolo desse fato no filme, justamente com a fala de Alex, “se eu voltasse para São Paulo, moraria até no Minhocão”.
Esse filme consegue descrever o Centro de São Paulo e a vida de Paco e sua mãe veio que da Espanha e criou seu filho com muito trabalho (ela era costureira), fez economias para visitar sua terra natal, uma forma de reviver seu passado, - encontramos essa tentativa de reviver o passado em alguns personagens do documentário “Elevado 3.5”, que não desprezam o Elevado, mas gostariam de reviver um pouco do passado – mas sua mãe morre e Paco usa o dinheiro que ela economizou em seu velório e através da proposta de um desconhecido (traficante), fará a visita sonhada por sua mãe à Espanha e devido a essa história nos revela a relação do Elevado e a cidade de São Paulo com os estrangeiros.
Figura 36: Cena com Minhocão ao fundo no filme “Terra Estrangeira” Fonte: Dvd “Terra Estrangeira”
Figura 37: Local da cena “Terra estrangeira”, a direita o edifício da filmagem. Fonte: Foto da 80autora l FRAGMENTOS DO MINHOCÃO a experiência imagética através da colagem
zFigura 38: Implantação High Line Fonte: Google Earth + alteração autora
Fonte: foto da autora
3.4.1 High Line Ano da construção: 2008 Arquiteto: James Corner Field Operations (paisagismo) e Diller Scofidio + Renfro (arquitetura). Localização: Nova Iorque, Manhatan (Oeste) Histórico: O High Line é um parque urbano implantado na antiga linha férrea suspensa, construída em 1930, no lado oeste de Manhattan. Em 1990, quando essa linha foi ameaçada de ser FRAGMENTOS DO MINHOCÃO a experiência imagética através da colagem
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demolida por empreendedores, a comunidade empenha-se para a construção de um parque, proporcionando uma transformação do elevado, pois estava abandonado e previam uma melhora na região com a criação de um espaço público de socialização com áreas verdes. A vizinhança do High Line criou a ONG Friends oh the High Line. Além de proporcionar lazer e área verde para a região, estimulou o seu crescimento econômico. Em Dezembro de 2002, assim como está acontecendo atualmente com o Elevado, estava na legislação que a linha férrea teria que transformar-se em um espaço público de passagem de pedestre. Em 2003 foi aberto o concurso internacional de ideias Designing the High Line, anunciado pela associação Friends of High Line, para propostas de projetos que deveriam ser inovadoras e transformadoras para o espaço, não precisavam ser realistas, pois o intuito do concurso era de provocar a reflexão e novas visões do espaço, foram apresentados 720 projetos de 36 países, 150 foram selecionados e expostos. Em 2004, a partir dessas reflexões, a associação e a municipalidade promoveram um pré-seleção de candidatura do concurso de projetos. Foram selecionadas 52 equipes e tiveram quatro finalistas, também foram convidados a apresentar soluções de projeto em uma exposição aberta ao público. A fase final do projeto foi inaugurada no dia 21 de setembro de 2014, após proporcionar uma caminhada ao longo da linha férrea, por aproximadamente 20 quadras de Manhattan, há um alargamento em um promenade com vista para o Rio Houdson. Tem um aspecto descuidado, para exaltar a aparência de descontrole em relação a vegetação, vindos dos trilhos “esquecidos”, um ar holandês.
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Figura 39: Guia do High Line. Fonte: http://www.thehighline.org/
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Figura 40: Mapa do High Line. Fonte: http://www.thehighline.org/
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Partido de Projeto: O projeto do High Line torna-se uma importante fonte de estudo de caso a partir de sua discussão e sua aparência física com o Elevado Costa e Silva e por suas comparações, apesar de um exemplo modista, o analisaremos exatamente por essa imagem de comparação com o Minhocão. No caso do High Line, sua linha férrea já havia sido desativada e era claro que a renovação do espaço não seria concreta com uma simples demolição, pois o lugar tinha uma história que deveria ser contada, então ocorrem os concursos em seguida à construção do parque. Foi necessário utilizar de outros meios para conhecer de fato o espaço recuperado, como a arte em forma filosófica, fotográfica e outros, a resposta da sociedade quanto ao desejo de mantê-lo. É inegável a importância do Elevado e sua desastrosa história, porém é questionável a importância de manter toda a sua extensão. Sendo o concurso de ideias uma excelente busca por respostas encontradas para o High Line, foi um trabalho organizado, levando em conta a necessidade da comunidade. Nesse caso, esse projeto é relevante para a identificação da imagem-conceito do projeto, que deriva de sua reputação, uma visão coletiva e em como essa imagem influencia no problema do Elevado. Encontramos muitos turistas que recomendam o High Line como ponto turístico a ser visitado, de diversos países de origem, mostrando assim, que sua abrangência é maior que seu tamanho, encontramos até mapas para facilitar a localização, o guia reflete o grau de importância do High Line. Tem suas validades assim como o Elevado, mas é importante ressaltar que ambos apresentam condições distintas, assim como é possível perceber na primeira imagem. Um dos receios da comunidade próxima ao Elevado é a sua possível gentrificação, isso ocorreu no High Line, essa expectativa representada pela implantação de grandes e novos empreendimentos de alto padrão ao redor, o rumo que o High Line tomou gera a divisão de opiniões quanto futuro do Elevado, por isso é extremamente importante identificarmos seus aspectos divergentes e semelhantes.
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A seguir serão apresentadas fotos comparativas entre o Elevado e o High Line. Figura 41: High Line antes, onde notamos a vegetação existente no parque. Fonte: http://www.fashionspill.com/o-legado-de-michael-bloomberg-prefeito-de-nova-york-por-12-anos/
Fonte: foto da autora
Figura 42: High Line Hoje, o aproveitamento da vegetação nativa no projeto Fonte: http://www.themillions.com/2012/06/the-high-line-new-yorks-monument-to-gentrification.html
Fonte: foto da autora
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Figura 43: Elevado hoje, uma via sem a presença de vegetação. Fonte: Foto da autora
Fonte: foto da autora
Figura 44: Planos para o Minhocão, diferente do High Line encontramos uma vegetação implantada de forma artificial. Fonte: Folha de São Paulo
Fonte: foto da autora
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Figura 45: Mercado imobiliário investindo no Minhocão, antes mesmo que tenha sido decidido seu futuro. Fonte: Foto autora
Fonte: foto da autora
Figura 46: Projeto Zaha Hadid High Line, representa a gentrificação no entorno do High Line Fonte: www.designboom.com
Fonte: foto da autora
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Figura 47: Perfil usuários do Minhocão. Fonte: foto da autora
Figura 48: Perfil usuários do High Line Fonte: www.hraadvisors.com
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Figura 49: Implantação Canal Chenggyecheon Fonte: Google Earth e alterações da autora
3.4.2 Canal Cheonggyecheon (Revitalização do canal)
Ano da construção: Julho de 2003 Arquiteto: KeeYeonHwang Localização: Seul, Coréia do Sul Área de intervenção: 8 km de comprimento x 80 de largura Histórico: Em 1950 a cidade de Seul tinha o canal de Cheonggyecheon, com a característica de um leito rural, ele dividia a cidade em norte-sul, era utilizado como um local para a lavagem de roupas. Com o crescimento econômico da Coréia do Sul e o crescimento territorial, era necessária a implantação de infraestrutura, assim como de autopistas em Cheonggyecheon, para a circulação na cidade com automóvel, sendo o símbolo da modernidade sul coreano.
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Essa construção causou a degradação do canal Cheonggyecheon, transformando-o em um esgoto a céu aberto, mais de 1600.00 veículos passavam por dia. Essa via elevada gerava poluição em grandes índices, tornou-se uma barreira da ventilação natural causando a contaminação ambiental e a proliferação de doenças.
Figura 50: Antigo viaduto do Canal Chenggyecheon Fonte: http://www.architekturaibiznes.com.pl/start.php?opt
O prefeito Lee MyuogBak decidiu liderar a revitalização do canal Cheonggyecheon, tratando as águas, e demolindo o viaduto, criando em seu lugar um parque linear com 8km de extensão. Em 1990 a prefeitura de Soul foi obrigada a fechar um dos três túneis de viabilidade da cidade e o resultado foi, ao invés de aumentar a quantidade de carros e causar congestionamento, pelo contrário ele diminuiu. Esse fenômeno foi estudado mais tarde e foi denominado como o Paradoxo de Braess, que sugere que quando há a diminuição de área urbana e é criada uma capacidade extra dentro do sistema de vias no entorno, são criadas opções de tráfego e diminui-se a concentração pontual de congestionamento. FRAGMENTOS DO MINHOCÃO a experiência imagética através da colagem
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Enfrentamos essa dificuldade no Elevado, devido a grande quantidade de carros em seu baixio, dificulta a travessia do pedestre de uma calçada à outra. Para esse projeto ocorrer de forma efetiva foi necessário, transferir os comerciantes do entorno imediato para a redução de edificações nas imediações do novo parque e o fluxo de veículos. Foi criado um semi-anel viário direcionando os veículos para o centro da cidade. Para a aproximação do pedestre ao parque, foram implantadas 21 pontes, ao longo do parque linear, possibilitando a travessia dos pedestres de um lado para outro do rio, também houve a implantação de espaços públicos com diversas atividades, diversificando os usuários e a melhoria do transporte público, implantou-se o sistema BRT (Bus Rapid Transit), para reduzir o uso de veículos particulares. Figura 51: Parque Chenggyecheon frequentado por pessoas Fonte: www.cityhdwallpapers.com
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No baixio do Elevado encontramos as ciclovias na tentativa da prefeitura de estimular a circulação de pessoas nessa área, onde evidentemente é a parte mais problemática do Elevado, sem contar a grande quantidade de ônibus que transitam. A implantação desse projeto demorou 27 meses e trouxe melhoria na temperatura do solo e da superfície, reduzindo cerca de 3º nas proximidades do novo canal, um aumento de 6,8% da velocidade do vento ao longo do corredor verde, comparado a 499 metros de distância da intervenção. A biodiversidade foi de 639% de espécies de plantas, de 62 espécies e peixes para 308, de peixes de quatro para 25, de pássaros de 6 para 36, mamíferos de 2 para 4 de anfíbios de 4 para 8 espécies, diminuição da poluição. Teve uma expressiva redução de veículos particulares circulando na região, a utilização de mais de 30.000 pessoas nos finais de semana e a recuperação de pontes históricas. Partido do Projeto: Esse projeto é importante como estudo de caso, visto que ele é um contra ponto do High Line, mas igualmente importante como dito anteriormente, enquanto o High Line constrói um parque em cima, no Cheonggyecheon temos a desconstrução do viaduto. Esse projeto priorizou o bem estar que foi retirado das pessoas da região com a implantação do viaduto, essa escolha de projeto seria a melhor maneira de resolver a questão da saúde, sendo necessárias outras intervenções no entorno, pois foi necessária a implantação de transporte público mais eficiente e a criação de um semi-anel para suprir o fluxo de veículos na região. Uma das premissas do projeto é a travessia do Canal através de pontes recuperadas, isso contribui para a aproximação com a água, espaços de estar e da recuperação da história, pois são pontes históricas. Essa questão também é uma problemática no Elevado, pois com tantos carros passando e com a sombra central esse espaço não estimula as pessoas a caminharem em seu baixio, forçando-as a buscarem por áreas mais iluminadas.
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Figura 52: Travessia no Elevado feita através do semáforo. Fonte: Foto da autora
94 l FRAGMENTOS DO MINHOCÃO a experiência imagética através da colagem Figura 53: Chenggyecheon com travessia de pedestres feita de forma mais agradável, em contato com a água do Canal Fonte: www.kunavi.com
Figura 54: Vigas do Elevado Fonte: foto da autora
Fonte: foto da autora
FRAGMENTOS DO MINHOCテグ a experiテェncia imagテゥtica atravテゥs da colagem l 95 Figura 55: Vigas Chenggyecheon Fonte: ensaiosfragmentados.blogspot.com
Figura 56: Perito medindo ruído do Elevado Fonte: Folha de São Paulo
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A importância de apresentar esse projeto se dá por dois motivos, a primeira porque se trata de um projeto que busca uma solução completamente diferente do High Line, e o segundo foi a questão da imagem-conceito, o qual é apresentado um parque desejado, pois encontramos o Cheonggyecheon como um possível exemplo de solução para problemas como o Elevado e a vinte três de Maio. Mesmo com o desmonte do viaduto, essa foi uma solução encontrada para o espaço, indicando que é necessário o estudo aprofundado para que seja encontrada a melhor solução de projeto.
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Por todo o Elevado encontramos diversas atividades, comércio de móveis novos, móveis antigos, peças de geladeiras, sebos. Encontramos postos de gasolina, mecânicas, mercado, pet shopping e pequenas lanchonetes. Nas proximidades temos a Praça da República, dois edifícios da Santa Casa, bancos, alguns botecos e dois metrôs. Nessa variedade de usos, temos locais com maior e menor número de frequentadores. Próximo ao largo do Arouche encontramos o Terminal Amaral Gurgel sem muitos usuários. Figura 57: Terminal Amaral Gurgel Fonte: foto da autora
Fonte: foto da autora
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Figura 58: Metrô Marechal Fonte: foto da autora
Fonte: foto da autora
A dinâmica durante a semana na parte inferior do Elevado se dá em torno das estações de manhã até por volta das 10 horas, com a chegada dos trabalhadores. Após esse horário, o lugar tem um menor fluxo de pessoas, porém no período da tarde após as 15:00hs tem o aumentos de pessoas circulando, de diversos perfis. Não são os comércios do térreo que atraem essa circulação de pessoas, são as atividades ao redor, como hospitais, faculdades, escolas e outros serviços localizados nas imediações, também pela circulação de transporte público.
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Figura 59: Vigas do Elevado Fonte: foto da autora
Fonte: foto da autora
FRAGMENTOS DO MINHOCÃO a experiência imagética através da colagem l 101 Figura 60: ônibus atravessando a São João Fonte: foto da autora
Figura 61: Vista para a Praça Roosevelt Fonte: foto da autora
Fonte: foto da autora
102 l FRAGMENTOS DO MINHOCÃO a experiência imagética através da colagem Figura 62: Vista Santa Casa do baixio Elevado Fonte: foto da autora
Algumas atividades já existiam, porém não tinham espaço, como o uso de bicicletas e skates. A prefeitura implantou uma ciclovia no baixio do Minhocão, com o alargamento da ilha central para sua implantação, essa obra iniciou na ponta que cruza com a Rua Consolação, próximo a Praça Roosevelt (local que atrai skatistas), nos períodos das primeiras visitas, a ciclovia estava finalizada a partir da saída do Terminal Amaral Gurgel, fazendo a curva até a Rua General Jardim, sentido Praça da República. Nessa região temos um grande fluxo de pessoas por ser um entroncamento de grandes vias como a Rua Consolação, Avenida Ipiranga e Praça da República.
Figuram 63: Ciclovia próxima a Rua Marquês de Itu Fonte: foto da autora
Fonte: foto da autora FRAGMENTOS DO MINHOCÃO a experiência imagética através da colagem
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Figura 64: Ciclovia curva na Rua General Jardim Fonte: foto da autora
Fonte: foto da autora
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Figura 65: A visão de um motorista no Elevado, enquadrada pela janela do carro, como mencionado por Milton Santos. Fonte: foto da autora
FRAGMENTOS DO MINHOCÃO a experiência imagética através da colagem l 105 Figura 66: A visão do motorista enquanto dirige com a moldura da janela do carro Fonte: foto da autora
Aos sábados as lojas de móveis, roupas peças de geladeira e outras estão abertas, assim como durante a semana estão vazias, porém no “pet shop” encontramos um maior número de carros estacionados comparado à semana. Entre a Rua Angélica e Albuquerque os estacionamentos estavam lotados, pessoas com sacolas, pontos cheios foi perceptível, devido ao fato dos pontos estarem localizados temporariamente na calçada durante a obra no baixio do Elevado e um grande fluxo de pessoas. Encontramos famílias caminhando, pessoas passeando com cachorros, sacolas de compras o uso da calçada se assemelha com o uso da parte de cima do Elevado. Em Julho foi aprovado o plano de lei que propõe o fechamento do Elevado aos sábados a partis das 15hs, sendo também uma tentativa da prefeitura de testar o tráfego sem o Elevado, pois segundo estudos da CET, o tráfego de veículos aos sábados e durante a semana se assemelham.
Figura 67: Loja de moveis antigos no sábado Fonte: foto da autora
Fonte: foto da autora
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Figura 68: Ponto de ônibus sábado Fonte: foto da autora
Fonte: foto da autora
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Figura 69: Feira gastronômica (domingo) Fonte: foto da autora
Fonte: foto da autora
108 l FRAGMENTOS DO MINHOCÃO a experiência imagética através da colagem Figura 70: Evento tire sua foto no Minhocão (domingo) Fonte: foto da autora
Na entrada próxima a estação Santa Cecilia é perceptível à feira no Largo Santa Cecilia, que é um elemento atrativo devido ao barulho, mais a frente um grupo praticando Kung Fu (local de importantes fotos do Elevado). Na próxima entrada, situada no metrô Marechal Deodoro, no dia da vista, acontecia a feira gastronômica, com um grande fluxo de pessoas vindo dessa entrada, a mureta central torna-se um grande banco e a também a divisão entre a circulação para continuar a caminhas ou conhecer a feira, essa mureta tem algumas aberturas que possibilitam sua transposição. O Elevado é cenário de encontros e também palco para moradores que moram em andares superiores ao primeiro andar, propicia encontros entre usuários do Minhocão e moradores imediatos.
FRAGMENTOS a experiência imagética através daParque colagem l 109 Figura 71: Vista da janela de DO um MINHOCÃO morador do Elevado, segundo andar, Associação do Minhocão. Fonte: foto da autora
Figura 72: Moradores observando pelas janelas Fonte: foto da autora
Fonte: foto da autora
110 l FRAGMENTOS DO MINHOCテグ a experiテェncia imagテゥtica atravテゥs da colagem Figura 73: Treino de Kung Fu no Elevado. Fonte: foto da autora
As atividades no Elevado são comentadas em redes sociais que podem ser considerados territórios virtuais, pois tem um objeto de interesse em comum, o Elevado, encontra-se tanto por quem é a favor de sua permanência quanto por seu desmonte, temos essas duas divisões porque encontramos pessoas que se identificam com o Minhocão, pessoas que reconhecem sua importância mas não se sentem pertencentes a ele e tem as que não reconhecem esse valor e muito menos identificam-se a ele.
O Elevado durante a semana é um cenário do cotidiano com personagens de diversos perfis, de acordo com seus horários podemos encontrar uma maior ou menor quantidade desses personagens. São trabalhadores chegando, trabalhadores saindo, estudantes passando pelo metrô. Figura 74: saída do metrô Marechal Deodoro Fonte: foto da autora
Fonte: foto da autora
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Figura 75: Faixa de pedestre do metrô Marechal Deodoro Fonte: foto da autora
O metrô Fonte: fotoMarechal da autora Deodoro é o lugar que mais atrai a circulação de pessoas, sempre encontramos alguém passando por ele e esse movimento vai até a região da próxima Estação Santa Cecilia, que também é um equipamento que atrai o fluxo de pessoas. No cotidiano do Elevado esses são os dois lugares mais movimentados durante a semana, pois podemos afirmar que de acordo com o cotidiano dessas pessoas, não conhecem de fato todas as suas partes. Suas diversas partes que começam na Água Branca e vai até a Rua Consolação, temos a passarela (Francisco Matarazzo) que nos possibilita uma vista do alto do Minhocão, temos a vista da Avenida Pacaembu, passamos por praças, pelo metrô Marechal Deodoro, que tem uma presença evidente devido à praça e um dos acessos de carro para o Elevado, passamos pelo desconhecido Terminal Amaral Gurgel com saída para o Largo do Arouche e encontramos uma nova ciclovia, continuamos pela Rua Amaral Gurgel e chegamos à Rua da Consolação, não
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podemos definir um começo ou um fim, pois cada acesso depende do cotidiano de cada pessoa.
Se notarmos a movimentação dos moradores de rua passa a ser perceptível em fotos antigas e em visitas a presença deles e suas barracas na marquise do Elevado, porém a obra da ciclovia afastou alguns moradores de rua, que permanecem no baixio próximo a saída do Elevado que encontra com a Avenida Francisco Matarazzo, pois essa foi à única parte que não foi implantada a ciclovia. A movimentação de quem não tem moradia depende da ação da cidade, se é expulsa ou como no caso do Elevado, se tem a implantação de uma ciclovia, impossibilita a permanência no local, ao mesmo tempo em que nessa região já teria demanda de ciclistas que utilizam a calçada para circularem, já é evidente também a demanda do uso do skate. São dois tipos de usuário do Elevado que merecem preocupação, pois fazem parte do cotidiano do Elevado. Figura 76: Ciclista na calçada, potencial para uma ciclovia bem planejada, visto que tem demanda. Fonte: foto da autora
Fonte: foto da autora
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Figura 77: Skatista usando o baixio do Elevado Fonte: foto da autora
Fonte: foto da autora
Aos domingos o fluxo de pessoas que estão nas ruas abaixo do Elevado é composto por pessoas que utilizarão a via elevada como lazer, de outra forma temos uma pequena circulação de pessoas que esteja apenas de passagem. Ao longo do Elevado encontramos pessoas conversando, andando com seus cachorros, das mais diversas raças, pessoas que vieram para os eventos, crianças e suas bicicletas, avôs com seus netos e jovens também. Discutem sobre política, artes e o cotidiano, o encontro de pessoas conhecidas na sacada de seu apartamento. Os jovens músicos que usam canos de PVC, galões vazios e partes do corpo para produzir música, parando todos que passam, uns com mais pressa
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outros com menos, nesse caso como Milton Santos diz, o Elevado é o fixo e esses elementos são os fluxos, ele é o palco desse movimento, mas será que todos os lugares são palcos ou apenas algumas partes. A escola de Kung Fu promoveu a aula no Elevado, mas não imaginaria que o bêbado tentaria imita-los, também foi criado o evento para que tirassem fotos no Minhocão, mas novamente, ninguém imaginaria que o mesmo bêbado estaria na frente das câmeras e no foco das lentes, pois as pessoas começam a tirar fotos dele por curiosidade. No final do percurso, skatistas, próximo à saída da Rua Consolação aproveitando a inclinação da rampa para praticar suas manobras. A descrição do Elevado nesse capítulo foi feita através de um percurso, porém o Elevado tem uma variedade deles, não necessariamente sendo obrigatória a ordem do texto anterior. Figura 78: Meninos usando garrafas e canos como instrumentos musicais Fonte: foto da autora
Fonte: foto da autora
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Esse capítulo reúne em mapas diversos pontos importantes do Elevado por toda sua extensão e de diversas formas de levantamentos, baseados em visitas durante a semana e final de semana, e dois períodos distintos, manhã e tarde. O próximo passo do trabalho é identificar possibilidade de projetos para o Elevado, tratado no próximo capítulo.
Inicialmente foi feita uma visita na região para identificar possíveis sensações e percepções do cotidiano do Elevado, referente a quem
Mapa Semana
transita por ele sendo feitos registros de pessoas que utilizam o metrô e as travessas próximas a Avenida Angélica e a Rua Nothman. No período da manhã há um movimento próximo ao metrô Marechal Deodoro e durante o período do almoço. Após esse horário o lugar tem menos fluxo de pessoas, voltando a ter maior fluxo próximo ao final do horário comercial, a
Sábados marcados pelo consumo e por passeios nas calçadas da Avenida São João, agora com a possibilidade de passeios em cima do Elevado aos sábados.
Mapa Domingo
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partir das 16h.
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Mapa Notícias de jolnal
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Mapa Filmes
No mapa dos filmes no Elevado temos a identificação de cenas de filmes que é notável a relação da São João com o Minhocão, próximo a Rua Helvétia é um importante espaço de cenários de filmes como “Ensaio sobre a cegueira” e “Terra Estrangeira”, temos o filme “Não por acaso” que se concentra em cenas nessa região, porém são rodados em dois locais diferentes como notamos no filme “Terra Estrangeira” na parte inferior e nos filmes “Ensaio sobre a cegueira” e “Não por acaso” na parte superior. O filme “Signo da cidade” na tentativa de trazer o Elevado para o cotidiano, a naturalidade, mostra cenas em quatro partes diferentes, na fachada do personagem que mora no apartamento com vista para o Elevado, dentro, a visão de carros passando e a caminhada por baixo, na Praça Marechal Deodoro na entrada pela Matarazzo.
Mapa Facebook Mapa fotografias
No mapa do Facebook, encontramos informações mais espalhadas, isso porque a internet como meio de comunicação é mais abrangente, portanto é possível encontrarmos mais notícias que encontradas pelos meios anteriores, tanto a favor quanto contra o Elevado. Identifica-se com mais facilidade quem é a favor e quem é contra, por abordarem duas imagens distintas do Elevado, os que são a favor notam a imagem-conceito e os que são contra notam a imagem-visível, questões como a estrutura agressiva, as infiltrações, a enchente e até cenas do passado, essas questões são apresentadas por quem utiliza na maior parte do tempo o baixio. Outra questão como eventos abordados por quem se identifica com o Elevado encontra-se com facilidade a localização dos eventos aos domingos, por tanto, encima do Elevado e tirado mais fotos, pois quem não se identifica com o Elevado não terá o estimulo de fotografa-lo. Nas redes sociais as pessoas mostram a melhor parte de suas vidas por isso à facilidade de fotos que ressaltem o melhor lado do Elevado. O mapa fotografias é referente aos locais e edifícios que chamaram a atenção de conhecidos fotógrafos. São fotografias, que para quem visitou o espaço, de fato capturam a imagem de lugares que são realmente atraentes, os edifícios, o infinito assim como o baixio tirado por Cristiano Mascaro, o edifício com características clássicas, o encontro da Avenida São João e o Elevado, registrada também por Tuca Vieira, assim como retrata a vista para o Edifício Itália e o acesso do Elevado do lado da Rua Consolação, são importantes pontos de referência.
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Figura 79: Prancha conceitual TCC 1 Fonte: montagem da autora
Fonte: foto da autora
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apenas Inicialmente, mantendo objetos que estavam no Elevado, para reorganizar seus elementos e descobrir novas qualidades. Esse direcionamento foi encontrado após a criação do mapa de potenciais do como tratado Elevado, sendo projeto urbano, porém a premissa desse trabalho sempre foi encontrar novas maneiras de enxergar o Elevado, então a fotomontagem uma tornou-se experiência de proposta através da imagem.
Este trabalho foi direcionado para o estudo de projeto através de na experiências algumas fotomontagem. Isso se deu devido a pesquisa realizada. Ao tratarmos da imagem, a fotografia é um a reter de meio importante memória, nos ajuda a enxergar algo que não enxergamos no momento em que tiramos a foto. Usar a fotomontagem é uma forma de trabalhar uma proposta para o Elevado, usando um repertório.
No início do processo de elaboração do projeto, a intenção era a de apresentar as faces do elevado para revelá-las, tendo como objetivo a comprovação de que o Elevado é sim habitado e que, além disso, não deveria ser temido. Porém esse trabalho tomou outro rumo, visto que diante dos estudos de campo e reportagens, todos que utilizam o Elevado gostam de utilizá-lo, porém ele demanda uma requalificação no espaço, apesar de suas diversas qualidades como a legibilidade. Sabermos onde estamos localizados, pelo fato da caminhada de 3,5 km nem ser notada e principalmente pela vista dos edifícios mais icônicos de São Paulo. Apesar dessas qualidades ainda nos deparamos com o problemático baixio escuro e outros problemas.
No processo das fotomontagens, para que tivessem “experiências projetuais” e evidenciássemos os potenciais do Elevado, era necessário que as fotomontagens fugissem apenas de elementos encontrados unicamente no mesmo. Para o início dos testes, foram listadas imagens que representassem: Elevado + Elevado. Após uma reflexão de que apenas seus elementos não seriam suficientes, FRAGMENTOS DO MINHOCÃO a experiência imagética através da colagem
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foram listadas imagens relacionadas ao Elevado + São Paulo e Elevado + Internacionais. Para a produção das imagens teve a necessidade de um entendimento de fotomontagem, colagem, montagem e bricolagem, sendo a colagem a técnica que mais corresponde com a proposta do trabalho. A seguir testes iniciais das fotomontagens, na imagem 80 temos a experiência de uma cobertura do Elevado, utilizando a cobertura do mesmo, feita por suas vigas e lajes. Nas imagens seguintes, 81 e 82, foram inclusas pessoas registradas nas fotografias do Elevado em visita. As bases das fotomontagens são de fotos tiradas durante a semana e final de semana. Se fosse base do final de semana, seriam aplicadas pessoas que frequentavam durante a semana e vice versa para adquirimos novas combinações dos elementos do Elevado.
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escolhidas foram seguida Em intervenções com base em um estudo Elevado, do potenciais de apresentados nos mapas do capítulo anterior.
Nos testes das fotomontagens foram combinações de experimentadas Elevado+Elevado, logo foi possível notarmos que seria insuficiente somente reorganizar elementos do próprio Elevado e também a questão era a de que as pessoas que deveriam apropriar-se do espaço, pois foi comprovado que não era suficiente apenas incluir pessoas nas imagens. A arquitetura deveria ser alterada também e não apenas a via, como seus edifícios.
Esse método foi adotado para que os elementos existentes no Elevado fossem organizados de outra forma para que tivessem outras qualidades, ou até mesmo para que fossem notados, assim como acontece com a área verde localizada na lateral do Terminal Amaral Gurgel, que no primeiro teste, foi tão alterado que perdeu a sua identidade, revelando que há um limite para a manipulação do espaço.
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Figura 87: Fotomontagem Cobertura no Elevado + Elevado Fonte: imagem da autora
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FRAGMENTOS DO MINHOCÃO a experiência imagética através da colagem Figura 88: Fotomontagem pessoas na São João Elevado + Elevado Fonte: imagem da autora
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Figura 89: Fotomontagem gastronomia na São João Elevado + Elevado Fonte: imagem da autora
Com o aprofundamento na pesquisa sobre a técnica da fotomontagem foi descoberto outras técnicas como a colagem bricolagem e montagem. Após esse estudo a proposta da colagem é a mais pertinente para a pretensão desse trabalho
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Pessoas aprovam:
Eventos aqui no nosso Parque do Minhocão
!!!
Parque do Minhocão
O prefeito anuncia:
Esse trabalho iniciou com algumas inquietações como a limitação de possibilidades para o Elevado, mas será que não encontraremos outras?
Desmonte do Minhocão
Pessoas desaprovam:
Era Necessário aprofundamento no estudo da percepção da memória e da imagem, essa sequência colabora para o entendimento de como é possível formarmos imagens, também foi possível comprovar que não temos um padrão, depende da percepção.
Fragmentos que se transformam em faces, pois os mesmos lugares passam a ter diversos usos.
A cotidiana influência em nossas percepções do espaço. Quando visitamos o Elevado encontramos diversas possibilidades.
As imagens de um espaço são criadas a partir das percepções que o cotidiano proporciona, mas esse cotidiano pode se apresentar de diversas formas.
algo
além
do
morar,
A escolha da referência foi Lina Bo Bardi, pois além de ser arquiteta e apresentar seus projetos com desenhos e colagem, a Lina tinha uma importante característica que era a de buscar a qualidade dos ambientes e da maneira que são. Ela apenas planejava meios de serem atrativos. Assim, pensando em um meio de sintetizar essa ideia, a pesquisa resgata suas revistas, onde ainda no início na Itália sob a guerra, Lina apresentava temas como a casa, o morar, como morar bem e o morar moderno, em seguida na Habitat, após a construção da Casa de Vidro discute sobre
Porém para apresentar a paisagem imaginada foi necessário buscar outros fragmentos, como referência, pois apenas os elementos encontrados no Elevado não seriam suficientes. Portanto como critério de objetos utilizados na colagem foi selecionado elementos que remetem a minhas lembranças durante o curso de Arquitetura.
Para a apresentação de todas as imagens, buscando como referencia, encontramos movimentos e autores que utilizam a colagem como meio de expressão, assim como os surrealistas, dadaístas, construtivismo, pop art, Picasso, Marx Ernst, Mies Van Der Rohe, Archigram, Lina Bo Bardi e outros.
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Ernest define que a colagem não se de aplicação da apenas trata materiais de forma genérica sobre uma superfície, porque “não é a cola que faz a collage”, é uma linguagem poética que apresenta imagens já existentes. Lévi-Strauss uniu esses conceitos, pois a bricolagem trás elementos já existentes.
Na sua primeira parte, esse trabalho buscou os fragmentos desse Elevado, em seguida, refletir na percepção de seus usuários, como era a imagem desse espaço e no TCC 2 o projeto de através propõe dos colagem potenciais encontrados no Minhocão com as diversas faces apresentadas.
A colagem reuniu esses fragmentos, segundo Gladys Silva, ela apesar de não ser muito reconhecida, faz parte do processo criativo da arquitetura e é um processo para a criação de projeto, pois ela ajuda a construir os espaços imaginados.
A Colagem vem como solução porque é relacionada com a descoberta dos fragmentos apontados pelo trabalho.
Durante o processo da colagem, era necessário encontrarmos meios de criar um equilíbrio na imagem, para que os novos elementos fizessem parte da proposta imaginada. Foi utilizado um meio que Geraldo Barros usa em seu trabalho “Fotoformas”, o qual trata negativos de fotos para compor sobreposições de imagens preto e branco.
Figura 95: Montagem com negativos de Geraldo Barros Fonte: www.herancacultural.com.br
Então foram iniciados testes com as fotos do Elevado preto e branco com os seus elementos coloridos, em seguida para repararmos mais a presença das pessoas, tanto as da colagem quanto as da própria foto apresentam-se coloridas, então o resultado será mostrado a seguir com alguns exemplos de colagens do trabalho:
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Figura 96: Colagem final, com o Masp Fonte: Colagem da autora
Figura 97: Colagem final, com FAU/ FIESP/MAM Fonte: Colagem da autora
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Figura 98: Colagem Elevado/ Estação da Luz Fonte: Colagem da autora
142 l FRAGMENTOS DO MINHOCÃO a experiência imagética através da colagem Figura 99: Colagem final/ Elevado/ High Line/ Praça das Artes Fonte: Colagem da autora
Figura 100: Colagem final/ Elevado/ Civta/ Santa Efigênia Fonte: Colagem da autora
Figura 102: Colagem final / Elevado/Serpentine Fonte: Colagem da autora
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Para a produção de um objeto , foi usado a referência da existência do guia do High Line, sendo possível identificarmos que o High Line tem uma importância para quem os habitantes e por pessoas de outros países que buscam conhecê-lo. Para a localização de quem o vista, foi criado um guia com as principais informações, sendo esse guia uma importante fonte de informação e representação de sua importância. (guia apresentado nas páginas 85 e 86)
Esse projeto visa construir um guia com a visão da autora do presente trabalho e com a visão de quem o frequenta, assim o guia é criado a partir da percepção ambiental e colagens.
Figura 102: Foto guia/ interno Fonte: imagem da autora
Figura 103: Foto guia/ Capa Fonte: imagem da autora
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Figura 104: Foto guia e fichas Fonte: imagem da autora
Figura 105: foto guia e fichas 2 Fonte: imagem da autora
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Com o estudo do Elevado Costa e Silva, é notória a quantidade de identidades que ele carrega, muitos tratam o Minhocão como um símbolo de São Paulo. Essas questões que cada olhar aborda sobre ele, nos traz uma nova identidade. Notamos um não-lugar tão complexo que por causa de seu passado, encontra um meio de se organizar, pois devido a existência de edifícios e outros pontos de referência construídos anteriormente, nos localizamos no Elevado de 3.5 km de extensão. São tantas identidades encontradas que alguém sempre se identificará a esse espaço, de forma positiva ou negativa, pois é difícil encontrarmos quem seja indiferente a ele, ou que não saiba de sua existência. O Elevado traz a relação do amor e ódio expressas em redes sociais, em reuniões públicas, em fotos e filmes. O Minhocão veio como solução para o carro, mas agora é tratado como símbolo do pedestre e ciclista. São diversos eventos, diversas pessoas, diversas raças de cachorros, que os transitam, sendo um dos espaços públicos criado de forma espontânea de São Paulo. Quando observamos pela janela de um apartamento o Minhocão, nunca deixamos de enxergar algo, o movimento esta sempre presente. A complexidade está em entender como esse espaço traz uma ordem, no olhar por essa possibilidade de encontrarmos, em meio a tanto movimento, a legibilidade. Seu espaço é organizado porque cada lugar tem sua característica, seu baixio, assim como sua parte superior tem uma correspondência, desde acessos a térreos de importantes edifícios, em contra partida temos também problemas relacionados ao baixio desconfortável, que ao mesmo tempo pode proporcionar uma sombra agradável em dias de calor, se for melhor projetado.
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Ele é renegado por sua aparência grosseira e exagerado, suas exageradas vigas e pilares necessários para suportar o peso das quatro pistas destinadas aos carros, porém apresenta-se em excesso perante seu futuro escrito em lei, deverá tornar-se um espaço público ou ser desmontado. Esse impasse pode ser respondido com a seguinte questão, será que a retirada total do Elevado deixará a Avenida São João como antes? Visto que encontramos uma São João sem Elevado e nem por isso a encontramos em melhor estado. O Minhocão tem um grande potencial para transformar-se em um espaço público, porém não podemos esquecer a sua origem, não podemos tender a artificialidade e criarmos outra solução estranha, como mencionada por Milton Santos. Para uma tomada de decisão, parece ser mais sensata a discussão e a experimentação de projetos usando os elementos do Elevado e adicionando elementos que contribua para sua melhoria, ajude a repensar nesse espaço, visto que temos discussões referentes à apenas duas modalidades de projetos: desmonte e o parque, mostrados na mídia e muito discutidos atualmente. Esse trabalho teve como premissa incluir a percepção e a criação da imagem, usando como meio de criação as imagens da memória. Em capítulos anteriores foi referenciada a fotografia e até mesmo usada como forma de estudo de caso, essa é uma importante forma de representação artística, visto que é um meio de registrar um momento, recobrar a memória e a percepção. A escolha da experimentação de projeto por meio da colagem tem relação com a situação atual do Elevado, a partir do momento que comparamos as ideias pré-concebidas de soluções projetuais e o conceito errado de que a colagem não é considerada parte do processo de um projeto de arquitetura.
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A participação popular é um dos maiores ganhos da questão do Elevado, pois esse é um espaço em que encontramos muitas pessoas envolvidas na discussão de seu futuro. Sua importância vai além da imagem físico-visível que se trata do que enxergamos, passa pela imagem-linguagem, com os artistas e chega à imagemconceito, onde apesar de todos os problemas encontrados no Elevado e em sua estrutura, as pessoas querem o seu dia de lazer nele. Devido a essa participação popular, o objeto final desse trabalho tornou-se um guia. Não é quem o produz que induzirá o seu caminho, é o próprio usuário do Elevado que estabelecerá a ordem de sua visita a novas possibilidades do Minhocão. Também têm a liberdade de pensar em novas propostas ao ver as fotos originais preto-e-branco com frases que tragam a reflexão. O Elevado deve ser transformado, mas quem deve decidir essa mudança são os maiores interessados, as pessoas que utilizam o Elevado, tanto durante a semana quanto aos finais de semana.
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ARTIGAS, Rosa; MELLO, Joana, CASTRO; Ana Claudia. Caminhos do Elevado: Memória e projetos. São Paulo:Imprensa oficial sp, 2008. BALDISSERA, Rudimar. Significação e comunicação na construção da imagem-conceito. Rio Grande do Sul: Revista Fronteiras-estudo midiáticos, 2008. Artigo 10.4013/fem.2008.06. BASTOS, Marcos Toledo de Assis. Flâneur, blasé,zappeur: variações sobre o tema do indivíduo. E-compós, Brasília, Associação Nacional dos Programas de Pós-Graduação em Comunicação, v.10, 2007. 12p. Arquivo PDF disponível em:http://www.compos.org.br/seer/index.php/ecompos/issue/view/10> Acesso em: 20/03/2015 BERMAN, Marshall. Tudo que e sólido desmancha no ar: A aventura da modernidade. São Paulo: Companhia das Letras, 1986 CERTEAU, Michel de (Autor); ALVES, Ephraim Ferreira (Tradutor). A invenção do cotidiano: artes de fazer. 18. ed. Petrópolis- RJ: Vozes, 2012. 315 p. Nova edição estabelecida e apresentada por Luce Giard. Cristiano Mascaro. Disponível em: <http:// http://www.cristianomascaro.com.br/>. Acesso em 15 de Abril de 2015. Elevado 3.5. Disponível em: < http://www.elevadotrespontocinco.com.br/elevado35/>. Acesso em 13 de Abril de 2015. Ensaio sobre a cegueira. Direção: Fernando Meirelles. Produção: Niv Fichman, Andrea Barata Ribeiro, Sonoko Sakai. 2008. 121 min. Color. 1 DVD. FERRARA, Lucrécia D'Aléssio. Comunicação espaço cultura. São Paulo: Annablume, 2008. 214 p. FERRARA, Lucrécia D'Aléssio. Olhar periférico: informação, linguagem, percepção ambiental. 2.ed. São Paulo: EDUSP, 1999. 277 p. Fotos.
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LIMA, Solange de Ferreira; CARVALHO, Vânia Carneiro de. Fotografia e cidade: da razão urbana à lógica de consumo: Álbuns de São Paulo 1887/1954. São Paulo: FAPESP, 1997. MENDES, Ana Carolina.Transdisciplinaridade na construção dos territórios públicos urbanos: conversões. Disponível em: http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/minhacidade/14.160/4945>Acesso em 29 mar 2015 Não por acaso. Direção: Philippe Barcinski. Produção: Andrea Barata Ribeiro, Bel Berlinck, Claudia Büschel e Fernando Meirelles, 2007. 94 min. 1 DVD. OLIVEIRA, André. É unanime : ninguém gosta do Minhocão. A discussão agora é o o que fazer com o bicharoco, São Paulo, Setembro, 2014 RUBINO, Silvana; GRINOVER, Mariana (Org.). Lina por escrito. 1. Ed. São Paulo: Cosac Naify, 2009. 208 pp. SANTOS, Milton (Autor). A natureza do espaço: técnica e tempo, razão e emoção. 4. ed. São Paulo: EDUSP, 2002. 384 p. Silva, Gladys Neves da. Collagens arquitetônicas. Disponível em: < http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/09.102/98/>. Acesso em 18 de Setembro. Signo da cidade, O. Direção: Carlos Alberto Riccelli. Produção: Pulsar Filmes, 2007. 95 min.1 DVD. SILVA, Márcio Seligmann. Palavra e imagem, memória e escritura. Chapecó Argos, 2006. SIMMEL, Georg. As grandes cidades e a vida do espírito (1903). Mana vol.11 no.2 Rio de Janeiro Oct. 2005. Arquivo PDF disponível em:http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S010493132005000200010&script=sci_arttext > Acesso em: 14/04/2015 SOUZA, Lillian A. dos Santos; ANGELO, Roberto Berton. Cidades (in)visíveis: imagens, caminhos, fotografias e representações. Paraná(Londrina): artigo da revista discursos fotográficos, 2008. 20 p.
Terra estrangeira. Direção: Walter Salles e Daniela Thomas. Produção: Flávio R. Tambellini e António da Cunha Telles, 1995. 100 min. Preto e branco. 1 DVD.
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Tuca Vieira. Disponível em: <http://://www.tucavieira.com.br/ >. Acesso em 20 de Abril de 2015. YÁZIG,Eduardo. Esse estranho amor dos Paulistanos: requalificação urbana, cultura e turismo. São Paulo: Editora Global , DF: CNPq, 2006. ______________Referencias projetuais Disponível em: http://www.unucet.ueg.br/biblioteca/arquivos/monografias/Capitulo_3__Referen cias_Projetuais_TFG2.pdf >Acesso em 25 abril 2015.
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Lista de Imagens Figura 1: Perímetro Minhocão Fonte: Fonte: Vitruvius 160.02 São Paulo ano 14, nov. 2013 Figura 2: Reportagem trânsito no Elevado durante chuva em 2010 Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/ Fonte: foto da autora Figura 3: Distância entre fachada e o Minhocão Fonte: Foto da autora Fonte: da autora Figura foto 4: Cena do filme “ Terra estrangeira” Fonte: Dvd “ Terra estrangeira” Fonte: 5: foto da autora de bicicleta no Minhocão Figura Sinalização Fonte: Foto da autora Figura 6: Vendedor de arte na sacada Fonte: Foto da autora Fonte: 7: foto da autora Figura Pedestre esperando ônibus Fonte: Foto da autora Fonte: foto da autora Figura 8: Ponto de ônibus no baixio Fonte: Foto da autora Fonte: 9: foto da autora Figura Vista do Elevado para Edifício Atílio Arantes. Fonte: Foto da autora Fonte: foto da autora Figura 10: Vista do Elevado para o Copan Fonte: foto da autora Figura 11: Elevado Costa e Silva Fonte: foto www.mam.ogr.br Figura 12: Sombra do Elevado no mercado Fonte: foto autora Figura 13: Elevado Costa e Silva Fonte: foto www.cristianomascaro.com.br Figura 14: Pessoas sentadas na frente edifício Fonte: foto da autora Figura 15: Avenida São João Fonte: foto www.mam.org.br Figura 16: Curva Elevado Av. São João Fonte: foto da autora
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Figura 17: Vista da Curva Elevado Fonte: Grupo Faceboock “Parque do Minhocão” Figura 18: São Paulo Fonte: foto www.tucavieira.com.br Figura 19: Minhocão, São Paulo Fonte:http://www.vitruvius.com.br/ Figura 20: Fotografia de Rua, Edifício Itália Fonte: www.tucavieira.com.br Figura 21: Fotografia de Rua, rampa de acesso para Rua da Consolação Fonte: www.tucavieira.com.br Figura 22: Vista Rampa de acesso da Rua Consolação Fonte: Foto da autora Figura 23: Vista Edifício Itália Fonte: Foto da autora Figura 24: Cartaz do documentário Elevado 3.5 Fonte: www.elevadotrespontocinco.com.br Figura 25: Asso. Parq. Minhocão (semana) Fonte: Foto da autora Fonte: 26: fotoAsso. da autora Figura Parq. Minhocão (final de semana) Fonte: Foto da autora Figura 27: Cena final do filme “O signo da cidade” Fonte: Dvd filme “ O signo da cidade” Figura 28 : Cena inicial do filme “ O signo da cidade Fonte: Dvd filme “ O signo da cidade” Figura 29: Foto Praça Marechal Fonte: Foto da autora Figura 30: Fachada original Edifício Fonte: Foto da autora Figura 31: Cena do filme “Não por acaso” Fonte: Dvd filme “ Não por acaso” Figura 32: Local cena do filme “Não por acaso” Fonte: Foto da autora Figura 33: Cena do filme “Não por acaso” Fonte: Foto da autora Vista da Curva encima Figura 34: Cena com Minhocão no filme “EnsaioFigura sobre17: a cegueira” Fonte: Grupo Faceboock “Parque do Minhocão” Fonte: Dvd “Ensaio sobre a cegueira” FRAGMENTOS DO MINHOCÃO a experiência imagética através da colagem
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Figura 35: Local cena “ Ensaio sobre a cegueira” Fonte: Foto da autora Figura 36: Cena com Minhocão ao fundo no filme “Terra Estrangeira” Fonte: Dvd “Terra Estrangeira” Figura 37: Local da cena “Terra estrangeira”. A direita o edifício da filmagem. Fonte: Foto da autora Figura 38: Implantação High Line Fonte: Google Earth + alteração autora Figura foto 39: Guia do High Line. Fonte: da autora Fonte: http://www.thehighline.org/ Figura do High Line. Fonte: 40: fotoMapa da autora Fonte: http://www.thehighline.org/ Figura foto 41: High Line antes Fonte: da autora Fonte: http://www.fashionspill.com/o-legado-de-michael-bloomberg-prefeito-denova-york-por-12-anos/ Figura 42: High Line Hoje Fonte http://www.themillions.com/2012/06/the-high-line-new-yorks-monument-togentrification.html Fonte: foto da autora Figura 43: Elevado hoje Fonte: Foto da autora Fonte: da autora Figura foto 44: Planos para o Minhocão Fonte: Folha de São Paulo Fonte: da autorainvestindo no Minhocão Figura foto 45: Mercado Fonte: Foto autora Fonte: 46: fotoProjeto da autora Figura Zaha Hadid High Line Fonte: www.designboom.com Fonte: 47: fotoPerfil da autora Figura usuários do Minhocão. Fonte: foto da autora Figura 48: Perfil usuários High Line Fonte: Figura 49: Implantação Canal Chenggyecheon Fonte: Google Earth Fonte: foto da autora Figura 50: Antigo viaduto do Canal Chenggyecheon Fonte:http://www.architekturaibiznes.com.pl/start.php?opt Figura 51: Parque Chenggyecheon vfrequentado por pessoas Fonte: www.cityhdwallpapers.com
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Figura 52: Travessia do Elevado. Fonte: Foto da autora Figura 53: Chenggyecheon travessia de pedestres Fonte: www.kunavi.com Fonte: da autora Figura foto 54: Vigas do Elevado Fonte: foto da autora Figura Chenggyecheon Fonte: 55: fotoVigas da autora Fonte: ensaiosfragmentados.blogspot.com Fonte: Figura 56: Perito medindo ruído do Elevado Fonte: Folha São Paulo foto dade autora Fonte: 57: fotoTerminal da autoraAmaral Gurgel Figura Fonte: foto da autora Fonte: foto da autora Figura 58: Metrô Marechal Fonte: foto da autora Figura 59: Vigas do Elevado Fonte: foto da autora Fonte: da autora Figura foto 60: Ônibus atravessando Elevado Fonte: foto da autora Figura Fonte: 61: fotoVista da autora para a Praça Roosevelt Fonte: foto da autora Fonte: da autora Figura foto 62: Vista Santa Casa no baixio Elevado Fonte: foto da autora Fonte: foto da autora Figuram 63: Ciclovia próximo a Rua Marquês de Itu Fonte: foto da autora Fonte: foto da autora Figura 64: Ciclovia curva na Rua General Jardim Fonte: foto da autora Fonte: foto da autora Figura 65: A visão de um motorista no Elevado Fonte: foto da autora Fonte: foto da autora Figura 66: A visão do motorista enquanto dirige Fonte: foto da autora Fonte: 67: fotoLoja da autora Figura de moveis antigos sábado Fonte: foto da autora Fonte: foto da autora FRAGMENTOS DO MINHOCÃO a experiência imagética através da colagem
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Figura 68: Ponto de ônibus sábado Fonte: foto da autora Fonte: foto da autora Figura 69: Feira gastronômica (domingo) Fonte: foto da autora Fonte: foto da autora Figura 70: Evento tire sua foto no Minhocão (domingo) Fonte: foto da autora Fonte: foto da autora Figura 71: Vista da janela morador Fonte: foto da autora Fonte: da autora observando das janelas Figura foto 72: Moradores Fonte: foto da autora Fonte: 73: fotoTreino da autora Figura de Kung Fu Fonte: foto da autora Fonte: da autora Figurafoto 74: saída do metrô Marechal Deodoro Fonte: foto da autora Fonte: 75: fotoFaixa da autora Figura de pedestre do metrô Marechal Deodoro Fonte: foto da autora Fonte: 76: fotoCiclista da autora Figura na calçada Fonte: foto da autora Fonte: foto da autora Figura 77: Skatista usando o baixio do Elevado Fonte: foto da autora Fonte: da autorausando garrafas e canos como instrumentos musicais Figura foto 78: Meninos Fonte: foto da autora Figura 79: Prancha conceitual TCC 1 Fonte: foto da autora Fonte: foto da autora Figura 80: Mapa da Semana Fonte: montagem da autora Fonte: foto da autora Figura 81: Mapa do Sábado Fonte: foto da autora montagem da autora Figura 82: Mapa do Domingo Fonte: montagem foto da autora Fonte: da autora Figura 83 :Mapa do Facebook montagem da autora Fonte: foto da autora
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Fonte: foto da autora
Figura 84 :Mapa de Notícias Fonte: montagem da autora Figura 85 :Mapa do Fotografias Fonte: montagem da autora Fonte: foto da autora Figura 86 :Mapa do Filmes Fonte: montagem da autora Fonte: foto da autora Figura 87: Fotomontagem Cobertura no Elevado + Elevado Fonte: imagem da autora Fonte: foto da autora Figura 88: Fotomontagem pessoas na São João Elevado + Elevado Fonte: imagem da autora Figura 89: Fotomontagem gastronomia na São João Elevado + Elevado Fonte: imagem da autora Figura 90: Mapa potencialidades Fonte: montagem da autora Figura 91: Mapa proposta Fonte: montagem da autora Fonte: foto da autora Figura 92: Mapa colagem Fonte: da autora Fonte:montagem foto da autora Figura 93: Mapa colagem 2 Fonte: montagem da autora Fonte: foto da autora Figura 94: Mapa de colagem 3 Fonte: da autora Fonte: montagem foto da autora Figura 95: Montagem com negativos de Geraldo Barros Fonte:foto www.herancacultural.com.br Fonte: da autora Figura 96: Colagem final, com o Masp Fonte: Colagem da autora Figura 97: Colagem final, com FAU/ FIESP/MAM Fonte: Colagem da autora Figura 98: Colagem Elevado/ Estação da Luz Fonte: Colagem da autora Figura 99: Colagem final/ Elevado/ High Line/ Praça das Artes Fonte: Colagem da autora Figura 100: Colagem final/ Elevado/ Civta/ Santa Efigênia Fonte: Colagem da autora Figura 101: Colagem final / Elevado/Serpentine Fonte: Colagem da autora Figura 102: Foto guia/ interno Fonte: imagem da autora FRAGMENTOS DO MINHOCÃO a experiência imagética através da colagem
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Figura 103: Foto Guia/Capa Fonte: imagem da autora Figura 104: Foto guia e fichas Fonte: imagem da autora Figura 105: foto guia e fichas 2 Fonte: imagem da autora
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Anexo Questionário – Faces do Elevado Roteiro de entrevista com usuários do Minhocão 1 - Em que período você nasceu? 2 - Qual a sua formação? E profissão? 3 - Onde Mora? (bairro e ponto de referência) 4 - Sempre morou nesse endereço? Se não, onde morou antes? 5 - Com que frequência passa no elevado/anda por ele? 6 - O que te faz passar pelo Elevado? 7 - Explique sua atividade no Elevado. Ex: Caminhada nos finais de semana, eventos, passa de carro... 8 - Qual seu percurso para passar/chegar no Elevado? 9 - Onde você permanece mais tempo no Elevado? Por que? 10 - O que chama sua atenção quando passa por ele?
Resposta 1 1 - 1987 2 - Superior completo. Analista de Suporte Microsoft 3 - São Bernardo do Campo 4 - SIm 5 - Todos os dias 6 - Ida ao trabalho 7 - Fugir do transito do centro8 - Avenida do Estado / Elevado
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9 - Não passo, o transito flui. 10 - Nenhuma, estou dirigindo.
Resposta 2 1 - 1981 2 - Superior Completo. Analista de TI 3 - Jardim D´Abril - Osasco. Ponto de Referência Padaria Pombinha Branca 4 - Não. Anteriormente morava na região central de São Paulo. 5 - Quando morava no centro apenas algumas vezes no final de semana eu caminhava com minha família. 6 – Lazer e Reside 7 - Caminhada nos finais de semana e trajeto de casa para o trabalho. 8 - Nas caminhadas do inicio ao fim e no trabalho da 23 de maio ate a Av. São Joao 9 - Sem lugar especifico. Nos lugares onde geralmente tem eventos. 10 - O que me chama atenção são os prédios que ficam ao redor do elevado, que tem desde o mais antigo e mal cuidado ao mais novo.
Resposta 3 1 - Junho de 1980 2 - Tecnólogo em Gerenciamento de Redes. Analista Microsoft Sr. 3 - Jd. São Luiz – Santo Amaro - Zona Sul 4 - Sim. 5 - Todos os dias da semana 6 - Trabalho e as vezes Lazer 7 - Caminho para o trabalho. Eventos no Elevado
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8 - 23 de maio / Elevado Costa e Silva / Rua Ana Cintra / Barão de Limeira 9 - Durante a semana é na entrada do elevado, devido ao transito. Durante os FDS no lazer nos locais onde tem eventos, geralmente da São João sentido Barra Funda. 10 - Os prédios antigos e mal cuidados e a ausência de privacidade dos moradores.
Resposta 4 1 - 1979 2 - Ciências da Computação. Analista de Implantação 3 - Jaraguá zona oeste. Pico do Jaraguá. 4 - Moro fazem 5 anos, antes disso morava no Lauzane Paulista. 5 - 3 vezes por semana. Ando somente de carro. 6 - Trabalho 7 - Passagem de carro. 8 - Avenida Raimundo Pereira de Magalhães, Marginal do Tiete, avenida Francisco Matarazzo. 9 - Na saída para a 23 de maio. Transito!!! 10 - Movimentação de carros e os Prédios velhos!
Resposta 6 1 - 1994 2 - Estudante 3 - Interlagos 4 - Sim 5 - As vezes
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6 - Eventos efêmeros e o "domingo livre" 7 - Por não ter carro, desço no metrô republica e vou apé 8 - A relação "cidade e elevado" no âmbito de criar "cidade " para cima e para baixo. 9 - Eu o vejo ele como um mal necessario para a cidade que vivemos, nao vejo ele como uma ameaça. Entendo que ele foi feito para resolver uma questão..gerou muitas outras mas pontes por cima de rios fazem quase o mesmo nao acha? Confesso que apenas andar pela região fica complicado relatar questôes mas como eu disse, ele é parte da cidade. Ele é um elemnto dela, não o vejo como algo tão tenebroso, e sim como mais um dos tantos que ainda não estão na "moda" haha. 10 - Não só por estudar cidade mas eu acho isso desde antes da faculdade. Temos que entender o "volume" para compreender o "fragmento"
Resposta 5 1 - Anos 80 2 - Artista 3 - Arouche 4 - Pinheiros 5 - Fim de semana 6 - Entretenimento 7 - largo do Arouche, terminal Amaral gurgel 8 - agressividade na forma da estrutural, falta de ventilação e luz na avenida abaixo, proximidade com a casa dos moradores ao redor 9 - Equívoco 10 - Porque a presença do elevado é agressiva para os arredores. enquanto via para carros, o elevado não se mostra eficiente. além de bloquear luz e luminosidade que poderiam favorecer praças completamente esquecidas que existem em toda sua extensão, da praça Roosevelt até a barra funda.
Resposta 7
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1 - Anos 90 2 - Estudante arquitetura 3 - Jardim Santa Cruz ( Prox. Shop. interlagos) 4 - Campo Belo quando criança 5 - Uma vez por mes 6 - Acesso de carro para Av. 23 de Maio; atravesso por baixo quando de metrô para república ou santa cecília 7 - a pe: Rua general Jardim; de carro: Rua major Sertório 8 - o túnel sombreado que ele cria na avenida. É possível ver uma linha divisória de luz acima dele e sombra abaixo dele 9 - Enxergo sujeira, uma poeira negra que gruda em todas as superfícies. Me sinto acuado e ao mesmo tempo livre, durante o dia me sinto parte de um dinamismo quase caótico paulistano, durante a noite sinto um misto de medo e segurança...medo no escuro, segurança quando algo ilumina a calçada 10 - acredito que tenha muito a ver com o movimento, com suas diferenças durante o dia e a noite. O fato de passar rapidamente de carro por cima dele traz uma segurança, mas se estiver embaixo, principalmente a pé, a penumbra incomoda
Resposta 8 1 - 1993 2 - Estagiária de arquitetura/ estudante 3 - pinheiros 4 - Antes morei no jardim Riviera depois do parque ecológico do Guarapiranga 5 - POUCA, 1 vez por mês 6 - Caminho para o centro/ metro 7 - Ou pela Consolação ou pela marques de carro e a pe pelo metro republica 8 - Seu volume degradante
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9 - decadência 10 - Pois avalio como uma obra pouco pensada para cidade, realizada para propaganda politica do período.
Resposta 9 1 - Outubro de 1990 2 - Ciência da Computação. Análise de Sistemas 3 - Santa Cecília, próximo ao metrô. 4 - Não, já morei em Itaquera. 5 - Uma vez por mês mais ou menos 6 - Lazer 7 - Caminhada ou bicicleta e às vezes vou a alguns eventos. 8 - Moro na Av. São João e tem um acesso ao Elevado a uma quadra de casa. 9 - Próximo ao metrô Santa Cecília, pois moro nessa região. 10 - A proximidade das residências e o barulho causado pelo trânsito no horário comercial.
Resposta 9 1 - 1991 2 - Professora de Inglês e Português Brasileiro para estrangeiros. 3- Vila Buarque. Rua das Palmeiras (ao lado da praça Marechal Deodoro) 4 - Não. Até 2012 morava em Suzano, minha cidade natal.
5 - De uma a duas vezes por semana.
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6 - Lazer 7 - Ando de bicicleta de noite alguns dias da semana.Ando de bicicleta, caminho e vou a eventos aos domingos. 8 - Sigo na Rua das Palmeiras, onde moro, até a entrada que fica em frente à estação Marechal Deodoro. 9 - Geralmente o percorro de ponta a ponta, de bicicleta. 10 - A proximidade com os prédios (me lembro de que quando estava procurando apartamento por aqui, encontrei um em que a janela ficava na altura do elevado. O preço era baixo, e na visita entendi o porque: muito barulho, sujeira e falta de privacidade. Não deu para alugar.) Me chama atenção a revitalização que ele sofreu desde que mudei para cá. No inicio, há uns três anos atrás eu ia com pouca frequência. Tinha medo, havia muito mais dependentes químicos e moradores de rua. Muitos locais não havia iluminação. Aos poucos o local passou a ser cada vez mais explorado, hoje há muitas pessoas que praticam esportes, eventos culturais, encontro de cachorros, aulas de yoga, e por ai vai. Muitas pessoas que não moram perto, e que antes tinham certo receio, passaram a frequentar o local. Um cenário de filme! Hahaha. Eu tenho um amigo que trabalha como guia de turismo. Ele guia grupos de estrangeiros de bicicleta pelo centro de São Paulo. Uma vez ele me disse que o local que os turistas mais se impressionam de todo o percurso é o Elevado. Porque diziam: parece mesmo cena de filme.
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m Anahi Gomez Leguizamon Bertoni
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