RIZZO EM EXPANSÃO [Parque de Embu das Artes/SP]

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CENTRO UNIVERSITÁRIO SENAC BACHARELADO EM ARQUITETURA E URBANISMO

RIZZO EM EXPANSÃO [Parque de Embu das Artes/SP]

Weberton David Teixeira Avelino Trabalho Final de Graduação apresentado ao Centro Universitário Senac como pré-requisito para obtenção do título de Bacharel em Arquitetura e Urbanismo, sob a orientação da Profª. Ms. Marcella de Moraes Ocke Müssnich

SÃO PAULO 2015


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Dedico e agradeço esta etapa de cinco anos de caminhada, primeiramente a Deus, O qual creio em sua existência e capacidade de criar o mundo como mais perfeitos dos arquitetos. A minha mãe Maria Cristina Teixeira, que me educou e amou com maior ternura que uma mãe pode ter, responsável por grande parte de quem sou hoje. Aos meus familiares, em especial: Oldair Teixeira, Daiane Teixeira e Amanda Teixeira, que me ajudaram direta ou indiretamente nesse período. A minha namorada Judy Dutra, pessoa mais doce que existe na face da terra, companheira que está ao meu lado há 4 anos, acompanhado nas visitas para trabalhos da faculdade e maquetes. Aos meus professores, em especial minha orientadora Ms. Marcella de Moraes Ocke Müssnich que ajudou nesse ano depois da maternidade com muita paciência e gentileza.


Resumo

A cidade de Embu das Artes passa por grandes transformações. Desde de sua fundação, como município autônomo, a população vem crescendo exponencialmente e, hoje, apresenta concentração de trabalho direcionada aos ramos de atividades turística, comércio, serviço e industrial. Possui grande importância no zoneamento revisto pelo Plano Diretor de 2012 da cidade, pois está inserida em área de manancial da Represa Guarapiranga e Cinturão Verde de São Paulo. Dadas estas observações, faz-se necessário “pensar” e/ou “repensar” o espaço do homem, compreender o lugar e sua escala, para que essa paisagem se transforme em uma cidade sustentável. Desta forma, a fim de oferecer para a cidade um espaço público de lazer de qualidade, melhorando a qualidade de vida da população que está aumentando ano após ano o presente trabalho propõe a expansão e o redesenho da maior área de lazer pública no município, o Parque do Lago Francisco Rizzo.

Palavras Chaves: Parque Francisco Rizzo, Intervenção no espaço livre, Diversidades de usos.

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The city of Embu das Artes undergoes major changes. Since its

Abstract

founding as an independent municipality, the population has grown exponentially and today the concentration of work is directed to the branches of tourist activities, trade, service and industrial. The industrial sector, in turn, becomes the most impactful and has great importance in the revised zoning by Master Plan 2012 of the city, which is inserted in source area of the Guarapiranga Reservoir and Green Belt of S達o Paulo. Given these observations, it is necessary to "think" and / or "rethink" the space of man, understand the place and scale, so that the landscape is transformed into a sustainable city. Thus, this paper proposes the expansion and redesign of the Park Lake Francisco Rizzo, located in the town of Embu das Artes / SP, in order to offer the city a quality recreational public space, improving the life quality of the population thai is growing year after year.

Key words: Park Lake Francisco Rizzo, Intervention in the free space, Variety of uses.

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Sumário

DEFINIÇÃO Introdução

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I – EMBASAMENTO CONCEITUAL TEÓRICO Conceito de Espaços e Lugares Escala Humana, a Escala do Pedestre O Lugar Pensado para Sociedade

07 12 21

II – ESTUDO DE CASO Inhotim - Galeria Adriana Varejão Parque Ibirapuera, Variedades de Usos Esboço de Placemaking no Brasil

25 34 41

III – ÁREA DE ESTUDO Boom de Embu das Artes Pós Anos 2000 Parque Francisco Rizzo Parque da Cidade

47 56 64

IV – PROPOSTAS Diretrizes de Projeto Desenvolvimento e Projeto Considerações Finais

72 73 95

V – FONTES Créditos de Imagens

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Referências Bibliográficas

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Introdução

Este Trabalho Final de Graduação (TFG) objetivou estudar uma possível alternativa de expansão do Parque do Lago Francisco Rizzo, localizado na cidade de Embu das Artes, região Metropolitana de São Paulo. A justificativa desta proposta está relacionada aos fatores de expansão da cidade ao longo dos anos, devido ao aumento de domiciliados resultante do surgimento dos mais variados tipos de empregos e o não acompanhamento proporcional de investimento na qualidade de vida destes moradores. Justifica-se, também, no reforço de caráter turístico da cidade com possibilidade de atrair mais visitantes e qualificar um importante espaço público existente, o qual é praticamente a única área pública de lazer na cidade. A viabilização da expansão do parque é se dá pela existência de lotes particulares adjacentes ao Parque Francisco Rizzo que embora sem uso, são áreas de grande especulação imobiliária. Por meio destes apontamentos, a pesquisa foi direcionada para a compreensão do lugar, da cidade e o homem inserido no ambiente supracitado.

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Conceito de espaços e lugares

Para analisar o lugar previamente definido para estudo, foram objetos de pesquisa: seu entorno, carências, a cidade, população local e diversidades. Para tanto, fez-se necessário compreender o significado de “espaço” e “lugar” e então, tornou-se possível prosseguir para identificar as necessidades da área de estudo. A origem da ideia de espaço e lugar como cita Guilherme Mazza Dourado (2009) surge dos pensamentos dos filósofos Platão e Aristóteles: [..]Em Timeu, Platão afirma que o chora é o espaço infinito, ideal, abstrato, indestrutível, que configura o terceiro elemento básico da realidade, ao lado do Ser e do Devir. Aristóteles, em sua Física, sobrepõe o conceito de lugar à ideia genérica de espaço. Considera que o topos é o espaço finito, real, delimitado, apreensível Para os dois filósofos, há uma clara polarização desses conceitos. Platão afirma que “as ideias estão num lugar”. Aristóteles defende que “o lugar é algo distinto dos corpos e todo corpo sensível está num lugar [...] O lugar de uma coisa é sua forma e limite. [...] A forma é o limite da coisa, enquanto o lugar é o limite do corpo continente. [...] Assim como o recipiente é um lugar transportável, o lugar é um recinto não transladável”.[...] (Dourado, 2009, p. 200)

Dourado (2009), ao analisar textos de Josep Maria Montaner referente à comunidade europeia no início do século XX, entende a palavra espaço como “filiada à definição platônica através das propostas modernistas que surgiam nas primeiras décadas, espaços livres, fluidos, contínuos, abertos e indefensáveis”. Interpreta ainda, nas geometrias puras

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e envidraçadas reproduzidas sem contexto com os “lugares” naturais e culturais preexistentes, que devido sua transparência conseguem ir além do local situado para além dos antigos muros fechados que causam barreira espacial e visual. O primeiro tem um uma condição ideal, teórica, geométrica e indefinida e o segundo possui um caráter concreto, empírico, existencial, articulado, definido até os detalhes. O espaço moderno se, posições e relações. É quantitativo, desenvolve-se mediante geometrias tridimensionais, é abstrato, lógico, cientifico e matemático, é uma construção mental. Embora o espaço restante sempre delimitado [...], tende a ser infinito e ilimitado em sua essência. Ao contrário, o lugar vem definido por substantivos, por qualidade das coisas e elementos, por valores simbólicos e históricos; é ambiental e está relacionado fenomenologicamente ao corpo humano. (Dourado, 2009, p. 201)

Podemos observar então que o espaço tem por caráter transcender a escala humana, por suas dimensões quase que sobrenaturais, com a ajuda da tecnologia, matemática e física, faz reduzir o homem ao pó, com seus prédios modernos altos. O indivíduo não é capaz de ter a compreensão dessa dimensão, tornando assim infinita a noção de espaço. Por sua vez, o lugar é “palpável ao homem, porque nele existe a interação, a troca, que só é capaz de existir com a presença humana, que ali define suas qualidades, sendo positivas ou não”. Sua imagem é capaz de ser enxergada aos limites dos olhos.

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Contudo o modernismo consegue retroceder, pois a escala humana fica minúscula perante essa arquitetura que se impõem. Nesse caso pode-se entender como algo negativo, pois a partir da década de trinta, eles conseguem se associar a noção de lugar. Figura 1: Ao lado Croqui do Mile High Illinois, Frank Lloyd Wright, 1956. Obra não construída, esta deveria ter uma altura aproxima à 1730 m (Fonte: Revista Eletronica Archrecord) Podem-se ler as origens da arquitetura moderna brasileira como resultado de um peculiar e criativo amálgama dessas posições europeia e norte-americanas diante das questões de espaço novo e também de um novo lugar. A partir da década de 1930, os arquitetos modernos brasileiros estavam imbuídos cada vez mais da disposição de pensar uma nova arquitetura que não apenas agregasse as possibilidades da planta livre, dos suportes construtivos de última geração, mas que reconhecesse e estabelecesse um lugar e, nesse sentido, não tardaram a perceber quão úteis poderiam ser as práticas paisagísticas associadas ao projeto de arquitetura. Ao se rasgaram casa vez mais as plantas para os exteriores, ao buscar interagir com o que havia além dos interiores, era inevitável o conhecimento das paisagens e a valorização dos entornos e espaços abertos. (Dourado, 2009, p. 202)

Talvez seja a necessidade de afirmação dos movimentos: barroco superando a inquisição; renascentista com o homem no centro do mundo; o movimento moderno com a prática de uma

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arquitetura e a tabula rasa no passado. Haja a necessidade de ignorar o movimento anterior por completo, ou em partes, para reafirmar expressões do novo movimento e desejos identificando normalmente como falho no passado. Sendo assim, de acordo com (Dourado, 2009), por mais que ainda não existisse uma conexão do edifício com a cidade, o paisagismo torna-se o interlocutor da arquitetura nova e a cidade colonial, com as tecnologias da construção capazes de rasgarem o céu e o homem se vê no dever de entrar em contato com a natureza. A imagem da arquitetura moderna em seu início, era espacial e sem relação com o homem. Com a integração do paisagismo ao movimento moderno, não existe mais um espaço e sim o lugar, para o ser humano poder apreciar, esse ambiente se relaciona com a área externa e interna do edifício, por suas janelas em fita. O desenho paisagístico de uma quadra, praça ou parque pode ser favorável ou não à atividade nesses ambientes. As configurações de desenhos de piso estreitos sem uma visibilidade adequada do entorno podem inibir a circulação de pessoas, do mesmo modo que desenhos muito largos e de ambiente áridos podem ocasionar o mesmo problema. O movimento moderno apresentou o paisagismo ligado ao homem, de início por meio de Burle Marx, por mais que este não seja o objeto deste trabalho, vale ressaltar sua importância para o modernismo através do

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equilíbrio da arquitetura com a natureza, que segundo Dourado (2009) “dominava perfeitamente o sentido do homem”. O Aterro do Flamengo no Rio de Janeiro, parque de trabalho de Burle Marx, segundo Ana Rosa de Oliveira em seu artigo no Vitruvius (2006) “... com premissas de organizar a distribuição viária da cidade nos eixos Sul e Norte, que integra equipamentos urbanos como o aeroporto Santos Dumont, o MAM, e Iate Club. Trata-se também de uma vitória a especulação Imobiliária na época, com interesse na gleba pertencente ao parque”.

Figura 2: Croqui Aterro do Flamengo – Rio de Janeiro (1961), equilíbrio entre a arquitetura e a natureza (FONTE: Revista Eletrônica Vitruvius.com)

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Escala Humana, a Escala do Pedestre

O movimento moderno traz consigo uma série de fatores discutíveis para as cidades, neste trabalho serão examinas de acordo com escritor Dinamarquês Jan Gehl em seu livro “Cidades Para Pessoas” (2009) e no capítulo subsequente pelo Geógrafo Brasileiro, Milton Santos em “Pensando o Espaço do Homem” (1982). Nesse princípio, Gehl relata o que são cidades seguras, vivas, sustentáveis e saudáveis: Em geral, reforça-se o potencial para uma cidade segura quando mais pessoas se movimentam pela cidade e permanecem nos espaços urbanos. Uma cidade que convida as pessoas a caminhar, por definição deve ter uma estrutura razoavelmente coesa que permita curtas distâncias a pé, espaços públicos atrativos e uma variedade de funções urbanas. Esses elementos aumentam a atividade e o sentimento de segurança dentro e em volta dos espaços urbanos. Há mais olhos na rua e um incentivo maior para acompanhar os acontecimentos da cidade, a partir das habitações e edifícios do entorno. (Gehl,2009, p. 06)

Então observar-se que o movimento é necessário! Ele ocasiona o fluxo de pessoas, importante para que os indivíduos vejam e sejam vistos. Existe uma comparação interessante, que se refere aos nossos comportamentos na sala de casa quando estamos sozinhos ou acompanhados. Sozinhos, por exemplo, somos nós mesmos, as reações são naturais, expressões e gestos; ficamos sentados com a postura relaxada, é natural colocarmos os pés sobre a mesa de centro. Mas essa situação muda

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quando estamos sendo assistidos, basicamente toda reação é calculada quando existe outras pessoas ao redor, imaginamos como nos julgarão se fizermos algum movimento ou expressão que sejam dignos de reprovação. Por isso, mais pessoas movimentando-se na cidade se faz necessário. E este pensamento não é novo, já era dito nos Estados Unidos, na década de 1960, pela jornalista Jane Jacobs em seu livro “Morte e vida das grandes cidades” (1961), que critica o planejamento urbano das cidades baseadas em construções sem ligação com as calçadas, perdendo o sentido de ver quem está circulando na rua, uma tradição cultural das cidades antes da revolução industrial. Esse pensamento, mesmo depois de mais de 50 anos, ainda continua vivo entre pessoas que estudam o fenômeno das cidades. O que não deve ser entendido como retrocesso, já que existem cidades que comprovam o modelo sugerido por Jacobs (1961), funciona muito bem tanto nas cidades antigas quanto nas novas, que possuem uma representatividade muito maior que antigamente. A diversidade de usos urbanos é o elemento mais importante, pois o caráter de diversos grupos de pessoas utilizando o espaço (skatistas, idosos, crianças, pais, namorados etc). Traz o senso comum de um ambiente social e democrático, fazendo com que todos os envolvidos no ambiente exerçam sua cidadania.

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Foi no século XX que a ligação entre convites e comportamentos atingiu o ponto crítico, para as cidades. Nos esforços para lidar com a maré crescente de automóveis, tudo espaço disponível da cidade era simplesmente preenchido com veículos em movimento e estacionados. Cada cidade tinha exatamente tanto tráfego quanto seu espaço permitia. Em todos os casos, as tentativas de construir novas vias e áreas de estacionamento. O volume do tráfego, em quase todo lugar, é mais ou menos arbitrário, dependendo da infraestrutura de transporte disponível, porque sempre encontramos novas formas de aumentar o uso do carro; construir vias adicionais é um convite direto à aquisição e ao uso de mais automóveis. (Gehl, 2009, p. 06)

Jan Gehl (2009) afirma que quando o planejamento urbano expande a largura de uma via, para aliviar o tráfego, acontece exatamente o contrário, aumenta o tráfego, pois estamos estimulando o uso do automóvel, assim, a população se sente convidada a ir de carro na padaria, ao trabalho e para passear. Ele sugere que estimulemos o uso da bicicleta, a qual tem uma série de questões positivas: não polui, traz benefícios ao corpo, apresenta grande praticidade, custo econômico baixo, entre outros. Temos exemplos de cidades que incentivam o seu uso, Copenhague, na Dinamarca, desde os anos 1970 incentiva o uso da bicicleta. A partir de 2005 começaram a restringir o uso de carro no perímetro central da cidade através de cobrança taxas, caso não fossem respeitados. Em 2008 o número de bicicletas passou a ser superior ao de carros no centro de Copenhague. Isso demonstra que quanto mais houver incentivo para população usufruir

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da cidade, mesmo que a forma de convívio a princípio não venha a ser a ideal, com o passar do tempo, a infraestrutura vai se aprimorando, erros sendo corrigidos e a população abraçará a causa naturalmente. Depois de anos cercando o surgimento de áreas de pedestres, Copenhague foi umas das principais cidades na Europa a enfrentar o problema, no começo dos anos de 1960, a começar a reduzir o trafego de automóveis e estacionamentos no centro da cidade, a fim de criar novamente um melhor espaço para vida na cidade. Strojet, a rua mais tradicional de Copenhague, foi transformada em grande calçadão já em 1962. Havia muito ceticismo. Um projeto como esse, tão ao norte, teria sucesso? Após curto período, ficou evidente que o projeto estava conseguindo maior sucesso e mais rápido que qualquer previsão. O número de pedestre cresceu 35% só no primeiro ano. Era mais confortável caminhar e havia espaço para mais gente, desde então, mais ruas foram convidas para uso de pedestres e para vida na cidade e, um a um, os estacionamentos do centro foram transformados em praças que acolhem a vida pública. (Gehl, 2009, p.13)

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Figura 3: Inverno Europeu não desestimula o uso das bicicletas. Copenhague na Dinamarca (FONTE: Revista Eletrônica denmark.dk)

Vemos que, calçadas espaçosas e de boa qualidade tornam-se mais um convite para andar de bicicleta, agora a população é convidada a caminhar. Há redução de velocidade e aumento interação com o lugar frequentado. Ficamos mais livres do que se imagina, pois, nosso corpo não está agarrado a nada externo, não há “sentido obrigatório”, não é necessário procurar uma vaga para estacionar o carro, pois conseguimos andar por qualquer viela ou entrar em qualquer estabelecimento. Este tema é tratado hoje no urbanismo contemporâneo como placemaking, essa é uma palavra que não existe tradução para o português, mas podemos entender como “criação de espaços ou desenvolvimento de

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espaços públicos”. Tende a gerar espaços públicos de maior uso para população de acordo com os estudos de Jacobs (1961) e Gehl (2009). Aqui no Brasil, existem atualmente organizações embasadas nesse conceito de urbanização, são elas Placemaking do Brasil e o Instituto Mobilidade Verde. A calçada nos convida a desfilar sobre ela e ver os mais singelos detalhes que nos rodeiam. Ao passar por prédios de arquiteturas variáveis, enxergando ali uma época peculiar ou não tão peculiar assim. E que tal parar trinta minutos na calçada para conversar com algum conhecido que não vê há tempos? Ou melhor, conversar com o desconhecido que está pronto para contar sua história de seu casamento para aquele que lhe der atenção depois de comprar chocolates para neta na melhor chocolataria da cidade. Ou simplesmente sentar em uma cadeira dessas que ficam na calçada na frente de um bar e parar por uma hora só observando o movimento das pessoas, suas interações com os outros e a cidade, aqueles que estão preocupados e os que a preocupação os largaram. A calçada proporciona a interação entre a cidade e as pessoas, temos exemplo do homem “flâneur” que vai ao barbeiro duas vezes por semana, pega seu jornal para ler enquanto o barbeiro trabalha em seu rosto. A loja possui uma grande janela voltada para calçada, que é bem movimentada, de repente para de ler notícias do dia e simplesmente começar a assistir o dia através dos movimentos e expressões das pessoas que passam frente a barbearia.

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O asfalto consegue ser tão pobre, e a calçada tão rica, de experiências, sensações, cheiros, detalhes. O asfalto é distante de tudo, sem interação, é seco. A escala do pedestre é muito mais agradável na calçada, em nossas dimensões de interação, por isso a principal rua de Copenhague, assim como cidade de Nova York na rua Times Square, a rua pedia para ser transformada em calçada, ou melhor, em calçadão. A visão é o mais desenvolvido de nossos sentidos. Primeiro registramos outro ser humano como uma forma tênue a distância. Dependendo do fundo e da luz, podemos reconhecer pessoas como seres humanos em vez de arbustos ou animais a uma distância de 300 a 500 metros. Somente quando a distância diminuir para cerca de 100 metro podemos ver movimento e linguagem corporal em linhas gerais. Gênero e idade podem ser identificados conforme o pedestre se aproxima e normalmente reconhecemos uma pessoa a distância de 50 a 70 metros. A cor do cabelo a linguagem corporal característica também podem ser percebidas a essa distância. A uma distância de 22 a 25 metros, podemos ler corretamente expressões faciais dominantes. A pessoa está feliz, triste, emocionada ou brava? Conforme a pessoa se aproxima, mais detalhes do corpo tornam-se visíveis, e o campo de visão do observador de dirige para a parte superior do corpo, depois só para o rosto e finalmente somente para a parte do rosto. Enquanto isso a pessoa já está há tempos no campo de audição. A 50-70 metros, podemos ouvir gritos de ajuda. A 35 metros, podemos usar a comunicação unilateral em voz alta, como a usada em púlpitos, palcos ou auditórios. [...](Gehl,2009, p. 34 e 35)

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Figura 4: Campo social da visão (Gehl,2009, p.34)

Nesse momento observa-se a importância dos sentidos, em especial a visão, o principal dos cincos sentidos que possuímos. A relação do nosso campo de visão é extremamente importante para as nossas interações. Gehl (2009) demonstra que de acordo com a distância que nos encontramos de outra pessoa muda nossa percepção, ao se aproximar as relações começam a ficar mais ricas no campo da visão, podendo observar detalhes, cores mais definidas e expressões corporais.

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Essas definições Gehl usa para pensar o espaço humano, através do campo da visão poderiam ser consideradas como diretrizes de projeto, porque demonstra respeito a percepções de espaços, não agridem os olhos, respeita a escala do homem, pois afinal, a cidade foi criada para o homem, nada mais justo que respeitar seus limites, para que ele não seja agredido por prédios tão altos que não conseguem comunicar e por grandes avenidas e, a não ser com as auto pistas. Dentro deste contexto, pesquisar, analisar e propor um projeto para o Parque do Lago Francisco Rizzo reforça a justificativa da pesquisa e entende o espaço livre público como elemento fundamental para aumentar a qualidade de vida das pessoas nas cidades.

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O Lugar Pensado para Sociedade

No livro “Pensando o Espaço do Homem”, Milton Santos faz análise o movimento da sociedade brasileira, em especial a cidade de São Paulo no período de 1970, em um de seus trechos. O espaço, portanto, tornou-se a mercadoria universal por excelência. Como todas as frações do território são marcadas, doravante, por uma potencialidade cuja definição não se pode encontrar senão a posteriori, o espaça se converte numa gama de especulações de ordem econômica, ideológica, politica, isoladamente ou conjunto. (Santos,1982, p. 30)

Nesse contexto Santos (1982) faz uma crítica ao modelo de capitalismo e o período auge da industrialização, o qual teve como consequência aumento no número de vias expressas priorizando o automóvel em São Paulo, onde tanto o espaço quanto o homem tornam-se objeto de mercadoria, onde a sociedade estabelece trocas. A prédesignação para espaços são definidos como: áreas indústrias, residências, de comércio e centros financeiros, ao relatar e fala dos edifícios residências que estão abarrotados de moradores, mas esses moradores não se comunicam entre eles mesmos, pra Milton isso é falência do espaço, tem muita gente em um lugar onde não se comunicam. Isso vale para totalidade do espaço, mais particularmente para as cidades. “Em quanto nossas cidades crescem, a distância entre os homens aumenta” escreveu Doxiadis (1966) apud (Santos, 1982, p.33)

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Santos presencia essa indústria, e se sente incomodado com o modelo, na sua concepção somos agora mercadorias e fazemos mercadorias para nosso consumo. Perdeu-se a sensibilidade humana, a sensibilidade com a natureza, da população do campo, caipira, interiorana, está migrando do campo para cidade. Os espaços são agora mais segregados, existe duas classes bem nítidas, “dos exploradores e os explorados, elas por sua vez não se comunicam. ” Devemos nos preparar para estabelecer os alicerces de um espaço verdadeiramente humano, de um espaço que possa unir o homem para e pro seu trabalho, mas não para em seguida dividi-los em classes, em exploradores e explorados; um espaço matéria-inerte que seja trabalhada pelo homem mas não se volte contra ele; um espaço Natureza social aberta à contemplação direta dos seres humanos, e não um fetiche; um espaço instrumento de produção da vida, e não uma mercadoria trabalhada por outra mercadoria, o homem fetichizado. (Santos, 1982, p. 42)

Nesse momento, nota-se a paisagem, que sempre está em transformação e o homem que é seu principal agente perante esse processo, que ocasiona em uma relação direta da natureza com o comportamento social da humanidade através de interesses capitalistas. Com o passar do tempo essa paisagem se transforma, pois terão outros homens influenciando o ambiente. Essa mudança não possui qualificação de boa ou ruim, apenas uma transformação.

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A paisagem nada tem de fixo, de imóvel. Cada vez que a sociedade passa por um processo de mudança, a economia, as relações sociais e políticas também mudam, em ritmos e intensidades variados. A mesma coisa acontece em relação ao espaço e à paisagem que se transforma para se adaptar as novas necessidades da sociedade. (Santos, 1982, p. 54)

Vive-se hoje em novas configurações, saindo da escala de metrópole e entrando no movimento da megalópole. A paisagem não é mais a mesma de 1970 e 80. Existe hoje na capital paulista a desindustrialização, com uma sociedade vivendo do comércio e serviço. Essas indústrias estão se concentrando nas cidades da grande São Paulo, seus polos de produção mudaram, muitos não se encontram mais nas cidades. Trata-se de uma mudança da paisagem como relata Santos (1982), que acontece de através das necessidades políticas, econômicas e sociais. A paisagem, assim como o espaço, altera-se continuamente para poder acompanhar as transformações da sociedade. A forma é alterada, renovada, suprimida para dar lugar a uma outra forma que atenda às necessidades novas da estrutura social. “A história é um processo sem-fim, mas os objetos mudam e dão uma geografia diferente a casa movimento da história” dizia Kant, o Filosofo e geografo (1902) apud (Santos, 1982, p.64)

Nota-se então em “Morte e vida das grandes cidades” (1961), “Cidades Para Pessoas” (2009) e “Pensando o Espaço do Homem” (1982) de Jane Jacobs, Jan Gehl no livro e Milton Santo, respectivamente, fortes críticas ao desenho urbano que privilegia o crescimento do automóvel, das

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indústrias e o mercado imobiliário. Jacobs presencia o início deste movimento, já Santos vivencia o auge e por fim Gehl relata a falência do sistema, a necessidade de transformação do que já era notado anos antes. Entretanto, a vida urbana se encontra saturada e são questionados como se deve viver nesses espaços que deviriam ter sidos pensados na população humana na cidade e não em mercadorias. São levantadas questões para que a cidade se adeque à escala do homem, para assim possa transformar as cidades vivas, seguras, sustentáveis e saudáveis. Para isso a sociedade organizada, deve se unir para se adequar as novas necessidades, através das políticas sociais e por ver alterar mais uma vez paisagem urbana.

Até agora o espaço foi utilizado, em quase toda a parte, como veículo do capital e instrumento de desigualdade social, mas uma função diametralmente oposta poderá ser-lhe encontrada. Acreditamos, aliás, se impossível chegar a uma sociedade mais igualitária sem reformular a organização do seu espaço. É o que Sergio Boisier (1972, pp. 35-36) corretamente chamou de “dimensão espacial do problema distributivo”, exigindo que se abonde a óptica da produtividade econométrica pera levar em conta uma produtividade social do espaço. A mudança da estrutura espacial apresenta-se, pois, como um imperativo. (Santos, 1982, p. 74)

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Inhotim – Galeria Adriana Varejão

Este capítulo apresenta estudos de caso que foram analisados como referências de projeto para o Parque Francisco Rizzo. O Centro de Arte Contemporânea Inhotim foi escolhido em função da relação harmoniosa e planejada das edificações de galerias e museus com o espaço livre. O Parque Francisco Rizzo conta atualmente com edificações existentes que serão requalificadas e que precisam ser conectadas ao espaço livre para dar uma identidade ao local. Quando se projeta, deve-se observar as condicionantes do terreno, a topografia, o conjunto de vegetações existentes, conjunto de edificações o caminho do sol, possíveis acessos e/ou os já existentes, o tipo de paisagem local, entre outras observações pertinentes. Essas condicionantes são capazes de fornecer alguns esboços de croquis para começar a pensar na edificação. Por vez, nota-se que a primeira etapa de um projeto é uma visita ao terreno, justamente para fazer essas observações citadas acima. Colocamse todos os esforços para resolver o partido e as demandas do cliente. O projeto da área edificada e do espaço livre deve ser pensado em conjunto para que a relação da arquitetura com o lugar de implantação seja efetiva e satisfatória. Nem sempre esta relação é estabelecida, pois na prática, na maioria das vezes o espaço livre é projetado posteriormente ao edificado. Contudo quando existe a relação projetual da arquitetura com a natureza no começo, meio e fim do projeto, fica muito mais perceptível aos

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olhos. Diante dessas observações, foi selecionado o estudo de caso aqui apresentado: o Pavilhão Adriana Varejão localizado no Centro de Arte Contemporânea Inhotim – Brumadinho/MG. Adriana Varejão é uma artista plástica contemporânea brasileira, que possui uma galaria de arte permanente em Inhotim. Esse projeto foi concebido pelo arquiteto paulista Rodrigo Cervinõ Lopes do escritório Tacoa Arquitetos em parceria com a artista plástica.

Figura 5: Vista área do Pavilhão Adriana Varejão – Inhotim (FONTE: Editora Monólito) Inhotim, desde logo, faz pensar na Pampulha: um conjunto de pavilhões soltos num grande parque, ao redor de um lago. Com

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a diferença que nesse caso do impressionante projeto paisagístico, embora as construções, por outro lado, sirvam em geral como meros receptáculos para as obras de arte ali expressadas. O resultado é uma dispersão pitoresca. O pavilhão Adriana Varejão, no entanto, apresenta uma espécie de experiência concentrada e solene da vista ao conjunto, mostrando o quanto a arquitetura pode ser capaz de potencializar a apreensão estética.[...] (Guilherme Wisnik, Monólito - Inhotim, arquitetura, arte e paisagem, p. 68)

Adriana juntamente com Rodrigo propõem uma arquitetura que dialogue com as obras expostas aos visitantes, uma espécie de passo a passo. A cada caminhada o expectador terá uma nova experiência. Tudo começa com a vegetação local e para chegar no pavilhão deve-se caminhar por um passeio estreito com árvores altas que dificultam a percepção da galeria ao longe. Ao chegar no pavilhão o campo de visão aumenta, com sensação de uma praça sobre o espelho

d’água,

o

visitante

é

direcionado ao centro, onde pode-se encontrar a primeira obra da Varejão, uma bancada em azulejo ao centro desta praça de convívio. Essa obra convida o espectador a sentar e

Planta Térrea Planta(Fonte: Térreo Taoca) (Fonte: Taoca)

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contemplar a paisagem, aquela paisagem de Milton Santos, interação da natureza e as obras do homem. O espelho d’água que converge para um enorme caixote de concreto, repousada sobre o solo. Esse por sua vez tão intrigante, cubo pesado, ríspido, traz choque com a natureza, porém não agride. Está levemente a sair do chão, a se apresentar, mais parece uma rocha desenterrada.

1º Pavimento (Fonte: Taoca)

Cobertura (Fonte: Taoca)

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Figura 7: Vista Frontal Pavilhão Adriana Varejão – Inhotim (FONTE: Site Archdaily) A arquitetura de museus de arte projetada por profissionais estelares não é novidade; citando rapidamente, o Guggenheim novaiorquino de Frank Lloyd Wright e o de Bilbao de Frank Gehry, a pirâmide de vidro - entrada do Louvre - de Pei, o MAM de Reidy no Rio, o MASP de Lina Bo Bardi, e o MAC, em Niterói, de Niemeyer são exemplos dessa voga em constante ascendência. Quando se projeta um museu dessa ordem sabese, de antemão, que este abrigará obras de arte, mas não necessariamente, quais. Nessa perspectiva, é como um encontro às cegas [blind date] este que se dá entre arte e arquitetura, o que muito contribui para os possíveis fracassos

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da relação. (Maria Elisa Mendes Miranda, Doutora de Artes EBA/UFMG; em seu Artigo para VI Simpósio Nacional de História Cultural/PI)

Para tanto, nota-se que o trabalho entre o arquiteto e artista plástica através da atividade multidisciplinar, resulta na arquitetura coesa, que identifica o lugar situado, que propõem a interação do homem neste espaço, partindo do caminhar por toda galeria, reconhecer espaço e paisagem, a interação direta com a obra de arte, a escala do homem, da arquitetura e das artes expostas.

Figura 8: Vista externa de quem entra na galeria (FONTE: Site Archdaily)

A galeria, não está em espaço público está, na verdade, localizada em área particular. Aliás essa análise do “público e privado” vem se transformando em questionamentos para sociedade nos últimos anos.

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Como por de exemplo o próprio Inhotim, propriedade privada volta para o público (sociedade). Então poderíamos chamá-la de semi-público ou semiprivado?! Esse questionamento vale todo um estudo sobre ele, o qual não é nossa intenção agora. Considere o espaço semi-público como lugar de propriedade privada, que possui um dono “físico” ou “jurídico”, esse por sua vez, sede esse lugar para o uso público “da sociedade”. Ele sendo o dono, pode determinar regras, como em Inhotim: que tem um número X de pessoas que podem visitar o lugar, com agendamento prévio. O espaço de transição entre o público e o privado, ou território secundário, é ocupado por grupos que se relacionam segundo regras relativamente formais que identificam o direito de acesso e uso do território. Ele “não é nem completamente privado, nem totalmente público” e corresponde a ambientes onde ocorrem reuniões de grupos que tenham identidades em comum. É um espaço de socialização mais estreita e direcionada. (Dissertação, Goldberg, p. 49)

Pode-se notar Inhotim como espaço privado de uso público e os escritores da editora Monolito publicaram o livro: “Inhotim – Arquitetura, arte e paisagem” que retrata um pouco disso. Esse é um ambiente que funcionou além do esperado, direcionado para um grupo mais especifico. Segundo Bernardo Paz, dono do terreno, sempre foi apreciador de arte e ali convidou artistas conhecido por ele para praticar exercer tais atividades. Um lugar agradável e reflexivo em meio a natureza. Começou a

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receber visitantes para apreciar tais artes, os grupos aumentaram e assim como as obras expostas ali, chegando à importância que tem hoje.

Figura 9: Rampa Terraço Jardim (FONTE: Galeria da Arquitetura)

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O lugar destinado para a galeria da Adriana Varejão demonstra porque esse ambiente funciona bem. Primeiro quesito é o caminhar: os visitantes são direcionados ao reto, não existe duvidas para onde ir, está claro, “siga a trilha, passarela, escadas e rampas”. Segundo elemento é parar e sentar: esse ato acontece ao lado externo, já interligado com a possibilidade de observar a paisagem. Logo a escala humana está resolvida, percebe-se tudo e não existe sufoco, os sentidos estão aguçados e pedindo mais, este lado sensorial está presente em todo percurso, cada caminhada uma nova sensação, contato e sentimento. Pode-se reconhecer que as práticas sugeridas pelo escritor Jan Gehl para a qualificação de um espaço público na cidade e como identificado na galeria da Adriana Varejão inserida no espaço semi-publico, são passiveis de comparação. A galeria possui atributos reforçados por Gehl, como respeito a escala humana, reconhece a visão como principal sentido e escancara atreves da natureza, arquitetura e arte. Existe, portanto, a confirmação de Santos (1982) e Gehl (2009), trata-se de um espaço voltado para o homem, com a paisagem sempre em transformação. Antes era um espaço voltado para grupo de artistas, hoje aberto ao público, mudando a paisagem que sempre se apresenta em transformação.

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Parque Ibirapuera, Variedades e Usos

O Parque do Ibirapuera é considerado o parque da cidade de São Paulo. Sua variedade de usos com pavilhões de exposição e museus atrai usuários de toda a cidade. Concebido na década de 50, seu programa é bastante contemporâneo e está sendo analisado nessa pesquisa como referência para o Parque Francisco Rizzo, o qual pode ser considerado o parque de Embu das artes. Parque urbano, como no caso de Ibirapuera está entrelaçado ao movimento capitalista (Santos,1982). É um produto da cidade moderna, que precisa fazer um equilíbrio entre o trabalho dos dias úteis dentro da indústria e momento de descanso da população nos dias de folga, que precisam de lazer e contato novamente com o campo, a natureza.

Figura 10: Parque do Ibirapuera 1954, campo e natureza moderna. (Fonte: Parque do Ibirapuera Org.)

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O “Ibira”, assim chamado pelos paulistanos, está localizado na Capital Paulista. Foi idealizado em 1954 pelo grupo de arquitetos, engenheiros, geógrafos, paisagistas e urbanitas da equipe de Oscar Niemeyer, em comemoração ao 450 de São Paulo. No ano de 1954, a cidade de São Paulo festejou o IV Centenário, celebrando o fenômeno de sua metropolização como a culminância do desenvolvimento econômico e cultural do País. Para realçar o brilho das festividades, a Comissão do IV Centenário viabilizou a construção do Parque do Ibirapuera, como palco das comemorações realizadas. Entretanto, o processo de formação do parque é longo e precede de muitos anos a data de 1954.[...] O primeiro projeto de parque para a região do Ibirapuera remonta a 1929. Em seguida, foi elaborado um novo plano, aprovado em 1932, que seria revisado sucessivamente em 1933 e 1935. Outro foi feito em 1948 e, a partir da instituição da Comissão do IV Centenário- 1 Texto apresentado no VIII Seminário de História da Cidade e do Urbanismo, na cidade de Niterói – RJ, em 2004. 50 Revista do Arquivo Histórico Municipal de São Paulo, v 204 rio, novos projetos foram sendo concebidos, sob a responsabilidade de diferentes profissionais, até finalmente ser concretizada a proposta do Grupo de Oscar Niemeyer. (Departamento Patrimônio Históricos de São Paulo, Revista 30 anos, P.59-50)

Os parques urbanos apresentam a transição da cidade por meio da paisagem. Aquela reforçada por Santos (1982) que é: “a intervenção do homem no espaço mais o movimento natural da natureza transformando assim em paisagem”.

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Os

primeiros

parques

possuem

caráter

de

descanso,

se

transformando em passeio, práticas esportivas, culturais, shows e eventos. Novas funções foram introduzidas no decorrer do século XX, como as esportivas, as de conservação de recursos naturais, típicas dos parques ditos ecológicos, e as do lazer sinestésico dos brinquedos eletrônicos, mecânicos e dos espaços cenográficos dos parques temáticos. Essas funções requalificam os parques e novas denominações, novos adjetivos, são atribuídos a eles, como por exemplo, parque ecológico e parque temático. (Sakata, 2002, p. 13 apud Junior, 2011, p. 4)

O Ibirapuera sofreu diversas transformações de paisagem desde sua inauguração (Junior, 2011). Planejado para o âmbito social, teve um ano pós sua construção seus prédios voltados para área administrativa da cidade, como palácios, diretorias entre outras repartições públicas. Hoje possui quatro museus (Museu de Arte Moderna, Museu do Folclore, Pavilhão da Bienal e Museu da Aeronáutica), tornando-se uma relação diferente com a de 1955. Neste raciocínio, a transformação da paisagem relacionada a uma nova intervenção do homem no espaço, ocasiona no parque do Ibirapuera identificado como um “oásis” de São Paulo. Junior (2009), de acordo com suas visitas de campo, identificou como momento de liberdade da população paulista.

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Na Praça da Paz observei famílias, adultos e crianças brincando no imenso gramado verde que caracteriza o local. Um pai ensina seu filho a empinar uma pipa, e outro joga bola com suas duas filhas. Em ambos os casos, é evidente a noção de tempo dilatado que conduz as atividades. Ambientes como a Praça de Paz e usos como estes anunciados acima têm papel importante uma vez que exercem a contrafunção de fuga e de espaço para a liberdade (MUNNÉ, 1980) aos seus usuários em pleno ambiente urbano. Este motivo corrobora para o papel de oásis atribuído ao Parque do Ibirapuera. (Junior, 2009, p.155)

O lugar de refúgio, de tranquilidade, necessidades humanas, assim como para prática de esportes com tranquilidade, sem dominação do carro com valorização do uso da bicicleta, skates, patins. A marquise do Ibirapuera pode ser definida como “área de vocação para práticas de esportes sobre rodas”. Lá existe a apropriação do espaço para o uso de skate, patins e bicicleta. Ambiente amplo, coberto e com piso cimentado liso. A marquise ampla e espaçosa, sem nenhum tipo de definição em seu piso, faz com que essas diversidades de esportes estejam concentradas no mesmo ambiente. Por vez, realça a intervenção no espaço dos praticantes dessas modalidades, onde conceito placemaking está presente neste pensamento, criando lugar voltado para práticas esportivas espontaneamente. [...] na marquise do Ibirapuera os usos, tanto pelas bicicletas quanto pelos patins e pelo skate, ocorrem apenas em um vão livre com nenhum equipamento específico para estas práticas,

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corrimãos, rampas ou pequenas plataformas para saltos. Durante as visitas ao campo, foi observada a utilização de alguns materiais improvisados para manobras específicas: caixas de papelão, garrafas descartáveis, entre outros, exemplificando alguns dos apetrechos utilizados. (Junior, 2009, p. 156)

Figura 11: Adultos de 26 a 40 anos representam maioria do publico (Fonte: Folha de São Paulo)

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Esses dados ficam evidenciados na pesquisa feite pelo Instituto DATAFOLHA publicada dia 30 de Maio de 2015, onde reflete a importância do Parque Ibirapuera para população paulista. Sendo apurado que 28% elegeram como melhor centro de esportes e lazer. Frequentam em média de segunda a sexta-feira 30 mil pessoas por dia, aos sábados 70 mil, e aos domingos 120 mil. As classes A e B juntas representam 62% do público. O número de público usando o parque é significativo e esse resultado é obtido através do “mix” de atividades que o parque proporciona para população. Diante dessas misturas, pode-se classifica-las em duas categorias: permanentes e as agendadas. Permanentes refere-se as atividades não programadas pela administração do parque, mas que espera que aconteça naturalmente. São atividades de passeio, corrida, bicicleta, patins, skate, passear com cachorro, jogar bola, fazer piquenique. As atividades precisam ter equipamentos e locais que possibilite acontecer diariamente. Já as atividades agendadas, são aquelas programadas pelos admiradores do Parque, Ginásio e Museu, elas não acontecem naturalmente,

existe

uma

programação

defina,

esta

acarretada

normalmente a shows, palestras, exposições, programas de saúde, competições esportivas. Temos o exemplo da Copa do Mundo de Ginástica Artística, que foi realizada nos dias 1, 2 e 3 de maio de 2015 no Ginásio do Ibirapuera. Essas

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atividades agendadas, as vezes podem ser direcionadas a grupo de pessoas que não frequentam o espaço, e estão ali só para este fim. Por outro lado, consegue atrair também os próprios frequentadores do parque, que ali frequentam diariamente, e podem interagir com as atividades agendas.

Figura 12: Ginasta Diego Hipólito, salto sobre Cavalo – Ginásio do Ibirapuera (Fonte: Revista Visões Urbanas) Junto com bons hábitos e rotinas diárias, um bom espaço e uma massa crítica são pré-requisitos para processos que permitem o florescimento de pequenos eventos. Uma vez iniciado o processo, o que ocorre é uma espiral positiva, na qual um mais um pode rapidamente transformar-se em três. (Gehl, 2009, p. 65)

Verifica-se então que o Parque Ibirapuera possui a diversidade dos usos que Gehl fala no livro “Cidades para Pessoas”, essas variedades de atividades permanentes e agendadas enriquecem a qualidade do lugar, fazendo com que seja saudável e viva, e assim como é definido pela pesquisa, como: melhor espaço público da cidade.

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Esboço de Placemaking no Brasil

Foi citado ao menos duas vezes o conceito neste trabalho, porém não foi abrangente sobre o tema. Entende-se o conceito Placemaking como uma definição entorno do sentido de “fazer lugares”. [...]mencionados aqui são espaços públicos que estimulam interações entre as pessoas em si e entre as pessoas e a cidade, promovendo comunidades mais saudáveis e felizes. (Placemaking.org,2015, p. 10)

Esse conceito é baseado nos estudos Willian H. White (1917-1999), estudioso urbanista da cidade de Nova York, que em 1969 fez estudos de pesquisa da vida do pedestre nova-iorquino e sua interação com a cidade, por meio de espaços urbanos livres, vias públicas, praças coorporativas e parques, resultando no livro “The Social Live os Small Urban Spaces” (A vida social de pequenos espaços urbanos). Em 1975, seu assistente de pesquisa Fred Kent fundou a organização sem fins lucrativos PPPS “Project for Public Spaces” baseado nas pesquisas de White. Surge então a definição Placemaking, onde seu objeto principal é criar lugares vitais, através da participação direta da sociedade civil, entidades governamentais, instituições acadêmicas e parceiros privados segundo a Organização de Placemaking no Brasil.

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Figura 13: Conceito Placemaking presente em outros países. (Fonte: PPS)

Diante de tais ações, em 2014 surgiu no Brasil o interesse de algumas organizações sem fins lucrativos, localizadas em especial na cidade de São Paulo. Uma delas, a Organização Conexão Cultural trabalha com projetos voltados para área da cultura, através de diversidades árticas, curadorias para empresas, projetos espaciais sobre a ótica da intervenção no espaço público.

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Figura 14: Conexão Cultural no MIS (Museu da imagem e do Som) (Fonte: Rede Social da Conexão Cultural)

A intervenção no espaço aconteceu em frente ao Museu da Imagem e do Som, o MIS, no feriado do dia 09 de julho de 2014. Através da arte de rua com a mistura circense dos picadeiros, lugar ainda contou com show musical e gastronomia para público, o tema abordado foi sobre o latinoamericano. Há também em São Paulo, o Instituto Mobilidade Verde, que segue linha pensamento próxima a Project for Public Spaces, voltado para o uso das calçadas, com a participação de empresas privadas no espaço.

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Figura 15: Vista aérea do Parklet – São Paulo (Fonte: oitentaedois arquitetura)

O Instituto de Mobilidade Verde juntamente com o escritório de Arquitetura Zoom mais o grupo Design Ok, conseguiram junto à prefeitura de São Paulo a concessão para criação do Parklet, “pequena praça”, na Rua Padre João Manoel, na esquina com Av. Paulista. O Parklet funciona como uma extensão da calçada, onde ocupa vagas destinadas estacionamentos de carros. Podem ser equipados com bancos, floreiras, lixeiras, mesas, cadeiras, equipamentos de exercício físico e paraciclos. Esse lugar propõe

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que seja revista as interações com a cidade. Antes onde existiam duas ou três vagas para carros, agora tem outro fim. O carro é de uso particular ocupando um espaço da sociedade, desta forma existe mudança na paisagem. Quem ajuda a manter esse espaço é a sociedade, o poder público e o privado, que ganha mais qualidade de vida em frente seu comércio.

Figura 16: Show de Jazz – Praça Oliveira Penteado (Fonte: Placemaking.org.br)

Temos a Bela Rua, uma organização que estuda a relação de pessoas com os espaços públicos, desenvolve soluções urbanas focadas no comportamento, desejo e necessidades das pessoas.

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A organização é conhecida pelo projeto (RUA)³. Em julho/agosto de 2014, durante três semanas, um cubo gigante levou à Praça Oliveira Penteado, em São Paulo, bancos coloridos, biblioteca, jogos, instrumentos musicais e atividades como shows, aulas de yoga, karaokê e oficinas criativas. Foram realizados estudos e pesquisas para entender a relação das pessoas com o espaço e as atividades, assim como descobrir seus desejos e necessidades. Com base no estudo, Bela Rua sugeriu mudanças estruturais e programação cultural para o local. (Placemaking.org,2015, p. 07)

Segundo a Organização Brasileira de Placemaking, em seu guia do espaço público, estão definidas quatro qualidades fundamentais que incorporam o movimento pelo mundo.

1 – Acessível – Pessoas de todas idade e condições físicas; 2 – Ativa – Oferecer diferentes formas de pessoas usarem o espaço; 3 – Confortável – Espaços com lugares para sentar e vistas agradáveis; 4 – Sociável – Lugar onde encontre amigos ou até façam novas amizades;

Se confrontar esses itens com os pensamentos do dinamarquês Jan Gehl, notaremos que existe uma linha de pensamento muito próxima a do americano Willian H. White. Ambos ao estudarem o homem na cidade, no conceito de bottom-up (de baixo para cima) segundo a escala humana, tiveram uma sensação mais cognitiva da pessoa, onde o conceito do placemaking vem a fomentar esta ideia.

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O Boom de Embu das Artes, Pós Anos 2000

Segundo dados do censo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), o município da Estância Turística Embu das Artes conta hoje (2015) com uma população estimada em torno de 260.000 habitantes. A tabela 1 mostra o aumento populacional ao longo das décadas, a partir de 1960. Situado na região metropolitana de São Paulo, encontra-se localizado entre as cidades de Taboão da Serra, Cotia e Itapecerica da Serra (figura 17). Tabela 01 – Município de Embu – Evolução Populacional (1960 a 2000)

Figura 17: Dados Censo IBGE 2010.

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Situado em terras de uma fazenda que pertencera a Fernão Dias, o povoado inicial de Embu começou a se desenvolver a partir do século XVII, quando, em 1624, o bandeirante juntamente com sua esposa, Catarina Camacho, fez uma doação aos jesuítas. Ali formou-se, então, uma aldeia jesuítica com o nome de M’Boy – cobra, em tupi-guarani – na qual os jesuítas mantiveram o seu trabalho de catequese. Contou, nessa época, com o importante impulso oferecido pelo cultivo do algodão, em grande escala, cuja produção manufaturada costumava ser enviada para grandes centros, como Rio de Janeiro e Bahia. No entanto, seu prestígio junto à corte portuguesa perdeu forças com a expulsão dos jesuítas. Nesse período de declínio, a vida do lugarejo passou a girar em torno de uma pequena atividade agrícola e da exploração de lenha e carvão. Em 19 de julho de 1869, foi criada a Freguesia, pertencente ao Município de São Paulo, com a denominação de Nossa Senhora do Rosário de M’Boi. Em 10 de março de 1870, porém, voltou à condição de povoado e, novamente à de Freguesia do município de Itapecerica da Serra, em 21 de abril de 1880, com a denominação reduzida para M’Boi. No século XX, Embu ganhou novo destaque com a imigração japonesa que incrementou a avicultura local. Sua denominação foi alterada para Embu em 30 de novembro de 1938, e passou a município autônomo em 18 de fevereiro de 1959, com território desmembrado dos municípios de Cotia e Itapecerica da Serra. Mais tarde, com a implantação da rodovia BR 116, algumas indústrias começaram a se instalar em seu território, intensificando as atividades comerciais e da construção civil. Ainda na década de 60, com o surgimento da feira de artesanato Embu das Artes, a cidade tornou-se importante centro de atração turística, condição reconhecida, em definitivo, em 1979, quando lhe foi atribuída a categoria de Estância Turística. (Fonte Internet¹ SEADE “Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados”)

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Sua História está diretamente ligada a movimentos artísticos, sociais e ambientais. Logo depois na década de 1970 começam a chegar grupos “hippies” vindos do centro de São Paulo para o município de Embu, atraídos pela forma de vida dos artistas ligados a natureza. A feira de artes e artesanato surge nesse período e começa a ganhar reconhecimento nacional e internacional. Hoje ela é a maior feira de artes e artesanato a céu aberto na América Latina, movimentando o mercado turístico da cidade com cerca de 100.000 turistas por mês. Um novo crescimento populacional surge na cidade pós anos 2000 com o projeto do Rodoanel Mario Covas, sistema de auto estrada para região metropolitana de São Paulo, tem como uma de suas principais características direcionar o trafego de caminhões que cortam a capital paulista. A cidade de São Paulo enfrenta a desindustrialização, a qual torna-se uma cidade voltada para comércio e serviço, sendo assim, o Rodoanel tem também como uma de suas bases direcionar o escoamento de mercadorias que chagam para abastecer a vida RMSP (Região Metropolitana de São Paulo), que conta hoje com mais de 21 milhões de habitantes distribuídos pelos 39 municípios que representam a Grande São Paulo (figura 18).

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Figura 18: Mapa dos Trechos e suas extensões - Rodoanel (Fonte: Governo do Estado de São Paulo)

Em 2002 é concluído o trecho Oeste do rodoanel e em 2010 é entregue trecho Sul, ambos terminam ou começam na cidade de Embu desembocando na entrada da Rodovia Regis Bittencourt (BR-116), em direção a outras cidades ao Sul do País, como Curitiba e Santa Catarina.

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Com isso começam a se instalar empresas de pequeno e médio porte na cidade de Embu, devido sua ligação com São Paulo, não apenas pela Regis Bittencourt, mas também com o Rodoanel, facilitando a distribuição para a grande São Paulo, ABC Paulista e Porto de Santos. Em 2012 e elaboração do 2º Plano Diretor de Embu das Artes propôs uma nova organização de zoneamento para a cidade, redefinindo as áreas voltadas para proteção ambiental. Já que o município conta com 45% de seu território voltado para interesse ambiental, também faz parte da proteção dos mananciais da represa Guarapiranga e Alto Cotia, além da regulação do clima, umidade e qualidade do ar que compõe a Reserva da Biosfera do Cinturão Verde de São Paulo. Como mostra a figura 19, com o novo Plano Diretor ficou definido o zoneamento em: I. II. III. IV. V. VI. VII. VIII. IX. X.

ZUC - Zona Urbana Consolidada ZE - Zona Empresarial ZCE - Zona Corredor Empresarial ZCM - Zona Corredor Misto ZIA - Zona de Interesse Ambiental ZEIA - Zona de Especial Interesse Ambiental ZEIS - Zona Especial de Interesse Social ZCH - Zona Central Histórica ZCX - Zona do Centro Turístico ZEU - Zona de Expansão Urbana

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Figura 19: Zoneamento da Cidade de Embu das Artes 2012 (Fonte Site da Prefeitura de Embu)

Nesse sentido, a elaboração do 2º Plano Diretor de Embu das Artes prevê quatro zonas empresariais (figura 20), são elas: ZE1, ZE2 e ZE3 – que cortam o município de Norte a Sul às margens da Rodovia Regis Bitencourt e com Ligação Direta ao Rodoanel; Já a ZCE – trata-se de zona de corredor

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empresarial no município de Embu voltado para Rodovia Raposo Tavares na altura próxima ao município de Cotia.

Pq. Francisco Rizzo

Figura 20: Zoneamento Empresarial aprovado pelo Plano Diretor (Fonte: Arquivo de geoprocessamento da Prefeitura – Google Earth)

Nesta última década juntamente a indústria, o comércio e turismo se expandem. Embu além de ser frequentada por turistas com interesses

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em artesanatos, pinturas, esculturas ou móveis rústicos, mas também no comércio têxtil da região, com lojas “Outlets”, onde os fabricantes vendem direto para o consumidor final, roupas vendidas à baixos preços, em relação valores praticados em lojas ou shoppings. A Avenida Elias Yazbek é a principal avenida da cidade e vem se transformando nesses últimos anos. Suas calçadas antes atendiam apenas o comércio local, hoje atraem como uma avenida voltada para além do comércio local, mas também o comércio turístico. Embu possui hoje outra representatividade no cenário da grande São Paulo, no quesito voltado para empresas, por exemplo: são questionados números de empregos que as indústrias concentram na região, em especial os centros logísticos, os quais não precisam de grande massa de funcionários em galpões por não tratar de uma tarefa de produção, mas distribuição. Além disso, qualquer degradação ambiental à cidade e à Grande SP, é apontado pelo “Salve Embu” (movimento de moradores de Embu das Artes pró meio-ambiente). O comércio e turismo são também segmentos que se expandiram e continuam em crescimento, aumentando o número de pessoas empregadas dentro da própria cidade, não precisando necessariamente de se deslocar para outros municípios à procura de emprego. De acordo com a figura 21,

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existe por parte da prefeitura, a intenção de expandir área turística, não limitando a parte histórica somente.

Figura 21: Zonas do Centro Histórico (ZCH) e Zona do Centro Turístico (ZCT) (Fonte: Arquivo de geoprocessamento Prefeitura – Google Earth)

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Parque do Lago

O Parque Lago do Francisco Rizzo é, a princípio, o único parque

Francisco Rizzo

municipal da cidade usufruído pela população. No ano de 2014 foram retomados os trabalhos para criação, na zona Leste da cidade, do Parque da Várzea do Rio Embu-Mirim, os quais foram iniciados em 2010. Em 202, foi embargado em através de uma liminar judicial promovida pela Associação Ibióca em conjunto com a Sociedade Ecológica Amigos do Embu, referente a problemas ambientais que o Campus Universitário da UNIFESP proposto para o parque ocasionaria. Após o embargo, houve proposta de mudança do campus, excluindo-o da área destinada para parque, assim, as obras foram retomadas. A criação do parque foi um importante passo para a recuperação ambiental do local. Na década de 1920, a propriedade pertenceu às famílias Rizzo e Giosa (a primeira homenageada com o nome do parque e a segunda com o nome da rua do local – Alberto Giosa) e foi utilizada como sítio de lazer. De 1958 a 1984, era local de mineração de areia. A atividade de extração foi interrompida. Os recursos se esgotaram; os taludes estavam comprometidos. No calor, o lago - uma antiga cava de areia - era frequentado pelos moradores como uma espécie de piscina pública. Em 1996, dos 500 mil m² de área total da propriedade particular, 223 mil m² foram doados à Prefeitura de Embu, mediante isenções tributárias à área remanescente. O Parque do Lago Francisco Rizzo foi uma das seis áreas de conservação implantadas pelo Programa de Saneamento Ambiental da Bacia do Guarapiranga e entregue à população de Embu em 1997. (Fonte: Prefeitura de Embu)

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Notamos então, que desde a sua implantação, o parque já possui o caráter de conservação, em especial para conservação da Bacia do Guarapiranga, projeto desenvolvido pela Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo. Os dois mapas abaixo (figuras 22 e 23) pertencem ao Plano Diretor do Municipal de Embu das Artes aprovado em 20 de abril de 2012, o qual descrimina o parque em Zona de Centro Turístico, além do Parque Linear, fazendo conexão com Parque Lago do Francisco Rizzo.

PQ. Francisco Rizzo

Área Propositiva

Figura 22: Parque Francisco Rizzo na Zona do Centro Turístico (Fonte: Arquivo de geoprocessamento Prefeitura – Google Earth)

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Figura 23: Pq. F. Rizzo encontra-se entorno do Projeto Prioritårio de Pq. Linear Centro (Fonte: Arquivo de geoprocessamento Prefeitura – Google Earth)

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De acordo com o Plano Diretor da Cidade, faz parte das propostas e diretrizes: Seção II

Da Política de Desenvolvimento do Turismo

Art. 13

V – Elaboração de um plano de integração turística e urbanística do Parque Francisco Rizzo; IX – implantar e dinamizar parques urbanos

Seção II

Da Política de Meio Ambiente e Saneamento Integrado

Art. 43

II

-

implantar

parques

dotados

de

equipamentos

comunitários de lazer, como forma de uso adequado, desestimulando a ocupação indevida; Parágrafo Único - Compõe o sistema público de áreas verdes e de lazer, constante desta Lei, e que deverão ser objeto de projeto e implantação prioritária: I - parque da Várzea do rio Embu-Mirim; II - parque do Lago Francisco Rizzo; III - áreas verdes e de lazer e, IV – parques lineares;

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Seção XI

Sistemas de Áreas Verdes

Art. 94

Fazem parte do Sistema de áreas verdes as áreas descritas no art. 45, que estão delimitadas no Anexo 5, parte integrante desta lei, e que tem por objetivo:

I - melhorar a qualidade urbanística e ambiental; II - ampliar a quantidade de áreas verdes públicas no município; III - qualificar o patrimônio ambiental e paisagístico do município; IV - aumentar o índice de áreas verdes por habitante no município, sobretudo na Região Leste; V - propiciar a conectividade entre maciços vegetais significativos e, VI - ampliar e qualificar as áreas de praças e parques públicos.

Art. 95

Aos imóveis que forem afetados pela implementação dos Parques Lineares Municipais, projeto prioritário conforme Anexo 7, poderão ser aplicados os seguintes instrumentos urbanísticos:

I – direito de Preempção; II – transferência do Potencial Construtivo com doação de parte do imóvel; III – dação em pagamento; IV – outorga onerosa do direito de construir e, V - outros instrumentos previstos na Lei Federal nº 10.257/01 – Estatuto da Cidade, quando se fizer necessário.

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XVIII. Outorga onerosa: é a concessão, pelo poder público de potencial construtivo adicional acima do índice do aproveitamento básico, até o limite estabelecido no índice de aproveitamento máximo, com a alteração do uso e parâmetros urbanísticos mediante pagamento de contrapartida financeira, conforme quadro I anexo; XXVII. Transferência de potencial construtivo: é o instrumento que permite transferir o potencial construtivo correspondente ao valor do imóvel ou parte deste, no caso de doação, para outros lotes dentro do município; XIX. Potencial construtivo de um lote: é o produto resultante da multiplicação de sua área pelo índice de aproveitamento;

Ao analisar primeiro os lotes adjacentes ao parque, pode-se visualizar que os terrenos não possuem função social, entretanto, sofrem de especulação imobiliária, já que a área do entorno vem consolidando a cada ano que passa, através das qualificações de infraestrutura urbana pública e particular. Já ao analisar a figura 21 é possível identificar estes lotes como uma extensão natural do parque Rizzo. Isso é indicado pelo Plano Diretor Municipal, onde o projeto prioritário de parque Linear está sobre áreas dos terrenos adjacentes, mesmo não especificando, podemos compreender como área verde.

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Sendo assim, este trabalho propõe a expansão do Parque Francisco Rizzo e seu redesenho de acordo embasado no Art. 13 que sugere plano de integração turística do parque, que irá ocorrer através de suas potencialidades identificadas como local de programação de eventos da cidade e galeria para exposições de artistas regionais e nacionais. Apoiado no Artigo 43, propõe-se implementação de quadras poliesportivas, ciclo-faixas, equipamentos para práticas de Skate e Patins, novo espaço destinado à academia da 3ª idade, playground, expansão da área de caminhada e pista de correr. Será utilizada como instrumento a transferência do direito de construir, estabelecido no estatuto da cidade. Vale ressaltar que o presente trabalho não pretende propor o lote de troca entre o poder público e privado. Sendo que se trata de seis lotes que compõem uma área aproximadamente de 70.000 m², onde três dos seis lotes correm em sua margem o Ribeirão Ponte Alta, que deve ser preservada mata ciliar em sua margem de 30 metros em ambos os lados como Área de Proteção Ambiental (APA). Segundo análise do artigo 35 do ESTATUTO, ocorrerá a Transferência do Direito de Construir quando um imóvel urbano, privado ou público, for considerado necessário para a implantação de equipamentos urbanos e comunitários; para sua preservação, quando o imóvel for considerado de interesse histórico, ambiental, paisagístico, social ou cultural; quando servir a programas de regularização fundiária, urbanização de áreas ocupadas por população de baixa renda e habitação de

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interesse social. Nestes casos, o proprietário prejudicado poderá exercer seu direito em outro local, ou, ainda, alienar, mediante escritura pública. (Site Urbanidades.org)

Figuras 24 e 25: Área adjacente ao Parque do Lago Francisco Rizzo (Fonte: Arquivo Pessoal)

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Parque da Cidade

Entre os meses de julho e novembro de 2015 foram recolhidos registros de eventos ou atividades que demonstram e fortalecem a importância do parque do Lago Francisco Rizzo para cidade, abaixo temos figuras que seguem a ordem cronológica das atividades.

Figuras 26: Folder distribuído pelos responsáveis do evento. (Fonte: Site Portal do Turismo Cidade de Embu das Artes)

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Figuras 27 e 28: Evento Food Truck no estacionamento do Parque Francisco Rizzo. (Fonte: Arquivo Pessoal)

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Figuras 29: Folder distribuĂ­do pelos responsĂĄveis do evento. (Fonte: Site Portal do Turismo Cidade de Embu das Artes)

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Figuras 30: Folder distribuído pelos responsáveis do evento. (Fonte: Site Portal do Turismo Cidade de Embu das Artes)

Figuras 31: Foto interna do espaço multiuso onde também ocorreu o 12º Festival de Flores e Plantas (Fonte: Arquivo Pessoal)

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Figuras 32: Atleta comemora a chegada no Moon Night Run 2015 (Corria Noturna) no circuito do Parque do Lago Francisco Rizzo (Fonte: Site da Prefeitura de Embu)

Figuras 33: Premiação Feminina no Moon Night Run 2015 (Corria Noturna) no circuito do Parque do Lago Francisco Rizzo (Fonte: Site da Prefeitura de Embu)

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Figuras 34: 2º Passeio Ciclístico “Circuito das Artes” que ocorreu no dia 08 de novembro com apoio da Prefeitura. (Foto: Jomar Silva dos Santos)

Figuras 35: 2º Passeio Ciclístico “Circuito das Artes” que aconteceu dia 08 de novembro com apoio da Prefeitura. (Fonte Site da Prefeitura de Embu)

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Figuras 36: Aula de Zumba, principal programação do parque. (Foto: Jomar Silva dos Santos)

As imagens anteriores dizem bastante sobre a relevância do parque Francisco Rizzo para cidade. Primeiro notamos a importância que a própria prefeitura dá ao parque, pois concentra a maioria de seus eventos de médio ou grande público em um lugar bem localizado, próximo ao centro histórico, de fácil acesso e ampla metragem quadrada. Segundo, observamos a diversidades de usos além dos convencionais, passeio ciclístico, corrida noturna, exposição de plantas e flores, shows e feiras gastronômicas. Deve-se notar, porém que na configuração atual do parque, não é possível receber adequadamente todos os eventos, como no caso do Food Truck e Dia Internacional do Rock que aconteceram no estacionamento. O

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parque não tem espaço projetado para esses usos. Esse desconforto também ocorreu no 12º Festival de Plantas e Flores onde parte do evento também se concentrou no estacionamento. Vale ressaltar que nos três tipos de eventos, teve a necessidade de usar os lotes adjacentes como estacionamento. Já o Moon Night Run estava adequado à dimensão do parque, e não ocorreram problemas, por outro lado, o passeio ciclístico tem seu traçado externo ao parque, utilizado apenas como ponto de partida, já o que o mesmo não possui espaço para bicicletas.

Figuras 37: 2º Terrenos particulares usados como estacionamento para evento que acontece no Parque do Lago Francisco Rizzo (Fonte: Arquivo Pessoal)

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Diretrizes de Projeto

Serão adotadas como diretrizes de projeto os conceitos apresentados por pensamentos Jan Gehl e Willian H. White uma vez que os estudos de caso demonstram que no caso do Parque do Ibirapuera a diversidade de usos qualifica o espaço. Já a escala humana está representada na galeria do Centro de Arte Contemporânea Inhotim da Adriana Varejão e o conceito do Placemaking transforma o uso do espaço, como vimos na Praça Oliveira Penteado e no Parklet. Sendo assim, faz parte da diretriz de projeto: Escala Humana:

Respeitar o campo da visão humana, tornando o edificado confortável aos sentidos, acessível e interferindo pouco na paisagem local.

Diversidade:

Bons lugares se dão através da diversidade, incentivar usos variados: shows, aulas de dança, eventos, exposições de arte, passeio e atividades físicas.

Placemaking:

Propor espaços onde ocorra eventos espontâneos, através de ONGS, poder público, comunidade e Instituições.

Bancos e Mesas:

Oferecer lugares para sentar, conversar e fazer piquenique.

Mobilidade:

Oferecer caminhos de passeio rápidos e longos.

Mobilidade Verde:

Incentivar o uso de bicicletas no parque e na cidade.

Segurança:

Garantir bons espaços para uso da população para torna-los mais convidativos.

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Desenvolvimento e Projeto

Com as diretrizes definidas, o primeiro item de projeto a ser resolvido era a circulação dentro do parque e em suas vias de acesso. O acesso pela Avenida Vereador Jorge de Souza que chega ao parque por meio da Rua Alberto Giosa que será integrante da proposta do parque como alameda de pedestre principal. Deveria se repensar uma abertura maior para não ocorrer engarrafamento na Av. Jorge de Souza já que o acesso estava estreio e as ilhas que orientam o transito local mal configuradas. Nesse tempo de estudos foi divulgado pela prefeitura em seu site que dariam início as obras de alargamento da Av. Jorge de Souza, o objetivo principal da obra segundo a própria prefeitura é remover o entrave do cruzamento que acontece no viaduto da Estrada dos Orquidofilos, próximo ao parque. Então observou por meio do arquivo cedido pela prefeitura se havia algum redesenho do acesso ao parque e notou-se que o projeto de alargamento no trecho especifico do parque Rizzo se enquadrava no interesse de ampliar o traçado para facilitar o acesso. Então adotamos o alargamento como condizente, não sendo mais necessário um novo redesenho da avenida, já que as obras estavam em andamento e logo seria uma realidade.

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Figuras 38: Data: 06/05/2015 Foto aĂŠrea da Av. Jorge de Souza e ao lado esquerdo R. Alberto Giosa. (Fonte: Google Earth)

Figuras 39: Projeto de Alargamento Av. Jorge de Souza. (Fonte: Arquivo Disponibilizado pela Prefeitura de Embu)

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Figuras 40: Projeto de Alargamento Av. Jorge de Souza. (Fonte: Arquivo Disponibilizado pela Prefeitura de Embu)

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Segue-se o estudo, agora voltado para circulação interna do parque. Há necessidade de não deformar todo caminho de piso existente, para que mantenha relação entre o projeto anterior ao proposto, porem são feitas correções de traçado, para que fique mais sutil e não tão aleatório. Definimos o alargamento dos pisos secundários, que rodeiam o piso de passeio principal. Este alargamento é necessário para que possa ser incorporado a ciclo faixa que hoje não existe. Durante toda etapa do projeto, tivemos a preocupação com o traçado do parque, nas primeiras etapas o desenho do piso funcionava apenas como caminho de passagem entre praças, tinha mais ou menos a definição onde poderiam ficar localizadas as atividades. Essa etapa que andou em conjunto com a definição das atividades de cada setor do parque, talvez tenha sido o exercício de maior esforço do projeto. A princípio, os primeiros traçados de piso estavam duros e truncados nos encontros, tinham conexões coerentes, porém era necessário dar uma atenção maior no desenho para ficar harmonioso e também a questão de usos, pelo encontro das linhas pode-se imaginar que o público acabaria criando trilhas na grama para cortar caminho. A seguir as imagens que consideramos fases importantes do desenvolvimento do parque do Lago Francisco Rizzo, vamos apresenta-las em sequência para facilitar o entendimento do processo de projeto.

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Sem Escala Figura: 41

Sem Escala Figura: 42

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Sem Escala Figura: 43

Sem Escala Figura: 44

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Com o alargamento dos pisos de passeio criamos novas pracetas, estimulando o uso do espaço por maior tempo, (conforme relata Gelh, em “Cidades para Pessoas”) não sendo apenas local de transição. Outro ponto importante é que antes tínhamos pensado no espaço de percurso da bicicleta como algo isolado, realmente como ciclo-faixa, porém o projeto perdia qualidade, já que lugares de acesso do pedestre e do ciclista estavam definidos. Além das possíveis preocupações com acidentes. Em uma visita ao parque do Ibirapuera para análise de um dos estudos de caso deste TFG, notou-se que no domingo, dia de maior movimentação no parque, com eventos programados acontecendo junto com rotina diária do parque, pode ser observado o respeito e bom senso dos ciclistas com o pedestre, mesmo o Ibirapuera tendo ciclo faixa ela não atende toda a área, então era comum notar ciclista no piso voltado para pedestre. Optamos então pela liberdade de passeio tanto do pedestre quanto do ciclista. Acreditamos que a população seja capaz de discernir que no espaço comum a todos, quem tem menor velocidade é preferencial. Não restringindo espaços, com a intenção de deixar o parque mais “livre” possível. A disposição dos equipamentos é outro ponto relevante do projeto, o antigo estacionamento não comporta mais o público atual do parque Rizzo, em especial nos finais de semana e dias de evento. Foram levantados dois quesitos: 1 - deixa-lo próximo a região central do parque, isso

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ocasionaria em um uso apenas de automóveis. 2 - propor o acesso na entrada do parque, ampliando a quantidade de vagas, para que possa suprir além do uso rotineiro, mas também nos dias de eventos. Para quem chega ao parque ver de imediato o estacionamento imaginamos que não devia ser opção boa, mas dentre as duas, com certeza é a melhor, pois o estacionamento fica apenas como ponto de conexão da rua com parque, ele não interfere nos usos. A ideia era manter o fluxo de veículos próximo à via de acesso principal e evitar transito motorizado no interior do parque. Também estimular o uso de outros meios de transporte (bicicleta, patins ou mesmo a pé) criando infraestrutura interna para os transportes não motorizados. Foi utilizada a situação topográfica, a qual auxiliou bastante no projeto, em especial na área de patins e skate, no pocket show, playground e tirolesa. Área para Patins e Skate o parque não possui na configuração atual. A prefeitura tentou propor um espaço destinado ao skate, porém a população, que pratica atividades frequentemente no Rizzo, realizou um abaixo assinado, alegando que o parque não comporta na situação atual. Sendo nossa diretriz de trabalho propor a diversidade de usos sem confrontos e ou isolamentos. Propomos a espaço destinado para skate e patins no acesso do parque, aproveitando a topografia que está a 2m da altura da Av. Jorge de Souza, disponibilizando ótima vista de uma parte da

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cidade para a pratica do esporte, além do próprio esporte ser de cultura urbana de rua, pensamos em trabalhá-lo como elo de ligação da cidade com o parque. O playground foi mantido no mesmo local onde hoje se concentram as atividades infantis de recreação. O local é espaçoso, arborizado e próximo a ele se encontra a área de piquenique, onde os adultos costumam observar as crianças. Com referência de projeto do escritório JDM design que fizeram Blaxland Riverside Park em Sydney/Austrália que usa muito bem a topografia como brinquedo, sugerimos algo parecido, como: escorrega por baixo da terra, travessia em meia altura entre diferentes pequenos morros, parede inclinada com espuma que contempla uma área molhada com esguichos. Próximo ao playground pensamos em um espaço voltado para educação ambiental, com propósito de parque da cidade, onde você assiste a um show, vê obras de artes, brinca, pratica esporte e também acontece a educação, não a tradicional, mas que tem contexto com próprio parque. Também ali ao lado da educação ambiental está localizado viveiro, locado ao prédio administrativo que possui hoje a única praça do parque, que será uma praça tanto de permanência quando de distribuição para o restante do parque. No lado sul do projeto, está localiza a galeria de arte, para receber obras de artistas locais e regionais, ela está destina com o salão de eventos

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e palestra faz parte da intenção de expandir outras áreas do centro da cidade para o desenvolvimento turismo, conforme consta no Plano Diretor Municipal a elaboração de um plano de integração turística e urbanística do Parque Francisco Rizzo. O pocket Show foi várias vezes remanejado durante o desenvolvimento do trabalho, a princípio ele estava próximo a área de skate, mas não tinha um espaço de piso interessante além de passar nele uma pista de passeio. No segundo momento estava em área ampla que daria conta de receber pequeno e grande público, porem a topografia estava desfavorável para o público, invertemos o sentido do palco e ali parecia perfeito! Amplo espaço de piso para shows pequenos e ainda conta com uma topografia favorável onde parte do espaço será gramado. Das edificações existentes foram mantidas apenas a administração e salas multiuso, onde ao lado propomos a praça do sol, acompanhada de um deck que sobrepõem o contorno do lago, o qual será voltado para contemplação do parque. Um deck também é proposto no final do parque, na praça da galeria, cuja intenção é a mesma, só que sentido oposto. O parque conta ainda com quadras seis quadras poliesportivas, sendo que na situação atual não há, essa é demanda do público em conversas informais. As quadras foram pensadas seguindo linhas estruturais iguais do piso de passeio pelo segundo acesso pela Rua Alberto Giosa que vem pela Avenida Elias Yazbek. As quadras contam com uma praça de

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acolhimento próxima da APA (área de preservação ambiental) pertencente à mata ciliar do rio Ribeirão Ponte Alta e Ribeirão da Ressaca. Propomos nessa parte um piso permeável para circulação além de uma ponte de ferro para pedestre sob a travessia do ribeirão contendo 150 m de extensão. Temos também localizado próximo ao estacionamento a academia da 3º idade e o bosque para meditação, para facilitar a locomoção dos idosos além de uma trilha e mirantes no contorno do lado acessíveis para pessoas com mobilidade reduzida. O único lugar talvez inacessível para cadeirante venha ser onde está localizada a tirolesa, o ponto mais íngreme do parque, está localizado 35 acima da cota do lago. Porem deve se fazer a ressalva que é possível de acesso pela praça Osmar Ferreira Meira localizada no bairro Engenho Velho que faz fronteira com parque Rizzo em uma topografia diferente. Os três últimos equipamentos ainda não mencionados, mas não mesmos importantes são: uma área destinada aos cachorros, chamada de (Pet) o bicicletário no acesso principal e a distribuição de quiosques por toda extensão do parque. Mantemos todas as vegetações existentes, propomos a composição de novas arvores e plantas, em especial no terreno agregado, qual elas ajudam a orientar a distribuição e permanência nos locais

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Considerações Finais O presente trabalho não pretende esgotar o assunto, mas traz reflexões de modo a incentivar usos dos espaços públicos, que em geral, são práticas já exercidas e estimuladas em alguns países. Como em Nova York, no Estados Unidos, sobre a perspectiva do placemaking e na cidade de Copenhague, na Dinamarca, pelo incentivo das bicicletas. O parque proposto considera a realidade local que existe e aproveita o potencial da área e os usos que já acontecem no local de forma desordenada. Essas e outras reflexões feitas são consideras como positivas para a ocupação do espaço público, atraindo maior número de pessoas a frequentar estes lugares, onde teve a comprovação por pesquisa de campo. Por vez, esta premissa possibilitou a elaboração de diretrizes para propor a expansão e o redesenho do Parque do Lago Francisco Rizzo, atrelado as próprias possibilidades que o Plano Diretor da cidade define através de zoneamentos e projetos prioritários. A proposta de expansão do parque para os lotes adjacentes não utilizáveis é viável pelo fato de existir uma alta demanda local, como constatado. A nova configuração do Parque Rizzo foi projetada para receber: novas atividades, as identificadas como demanda e as sugeridas como potencial turístico e considerando a característica de Embu das Artes.

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O espaço público é dinâmico e como construção social da paisagem requer constante avaliação e redesenho, em alguns casos. A melhor definição para este TFG se dá pelas seguintes palavras: Requalificar ou Remodelar, pois o parque não se encontra degrado, apenas não é capaz de atender todas as atividades de entretenimento, lazer e cultura solicitadas.

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Créditos de Imagens Pag. 9

Figura 1 (Acesso junho de 2015) disponível em: <http://archrecord.construction.com/innovation/2_features/0411history.asp>

Pag. 11 Figura 2 (Acesso junho de 2015) disponível em: <http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/07.079/288> Pag. 16 Figura 3 (Acesso junho de 2015) disponível em: <http://denmark.dk/en/green-living/bicycle-culture/copenhageners-love-their-bikes/> Pag. 19 Figura 4 (Cidades Para Pessoas) GEHL,Jan – 2009, p.34 Pag. 26 Figura 5 (Acesso junho de 2015) disponível em: < http://www.editoramonolito.com.br/edicoes/04/> Pag. 27 e 28

Figura 6 “Desenhos Técnico” (Acesso junho de 2015) disponível em: < http://www.archdaily.com.br/br/01-167472/galeria-adriana-varejao-tacoa-arquitetos>

Pag. 29 Figura 7 (Acesso junho de 2015) disponível em: < http://www.archdaily.com.br/br/01-167472/galeria-adriana-varejao-tacoa-arquitetos> Pag. 30 Figura 8 (Acesso junho de 2015) disponível em: < http://www.archdaily.com.br/br/01-167472/galeria-adriana-varejao-tacoa-arquitetos> Pag. 32 Figura 9 (Acesso junho de 2015) disponível em: <http://www.galeriadaarquitetura.com.br/projeto/tacoa-arquitetos-associados_/galeria-adrianavarejao/1618> Pag. 34 Figura 10 (Acesso junho de 2015) disponível em: < http://www.parqueibirapuera.org/parque-ibirapuera/historia-mais-completa/> Pag. 38 Figura 11 (Acesso junho de 2015) disponível em: < http://www1.folha.uol.com.br/saopaulo/2015/05/1633944-parque-ibirapuera-e-o-centro-deesportes-e-lazer-mais-citado-em-sp.shtml> Pag. 40 Figura 12 (Acesso junho de 2015) disponível em: < http://revistavisoesurbanas.com.br/2015/05/03/copa-do-mundo-de-ginastica-2015-em-sao-paulo/> Pag. 42 Figura 13 (Acesso junho de 2015) disponível em: < http://www.pps.org/blog/2014-in-placemaking-a-quiet-movement-takes-root/>

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Pag. 43 Figura 14 (Acesso junho de 2015) disponível em: < http://www.conexaocultural.org/eventos-culturais/> Pag. 44 Figura 15 (Acesso junho de 2015) disponível em: < http://www.oitentaedois.com/lab/parklet/> Pag. 45 Figura 16 (Acesso junho de 2015) disponível em: < http://www.placemaking.org.br/home/o-que-e-placemaking/> Pag. 47 Figura 17 (Acesso junho de 2015) disponível em: <http://cod.ibge.gov.br/234UH> Pag. 50 Figura 18 (Acesso junho de 2015) disponível em: < http://saopaulo.sp.gov.br/spnoticias/lenoticia.php?id=229244> Pag. 52 Figura 19 (Acesso junho de 2015) disponível em: < http://www.embudasartes.sp.gov.br/pagina/ver/1159> Pag. 53 Figura 20 (Acesso junho de 2015) disponível em: Arquivo Google Earth < http://www.embudasartes.sp.gov.br/secretaria/pagina/meio_ambiente/213> Pag. 55 Figura 21 (Acesso junho de 2015) disponível em: Arquivo Google Earth < http://www.embudasartes.sp.gov.br/secretaria/pagina/meio_ambiente/213> Pag. 57 Figura 22 (Acesso junho de 2015) disponível em: Arquivo Google Earth < http://www.embudasartes.sp.gov.br/secretaria/pagina/meio_ambiente/213> Pag. 58 Figura 23 (Acesso junho de 2015) disponível em: Arquivo Google Earth < http://www.embudasartes.sp.gov.br/secretaria/pagina/meio_ambiente/213> Pag. 63 Figuras 24 e 25 - Arquivo Pessoal Pag. 64 Figura 26 (Acesso Novembro de 2015) disponível em: < http://www.embudasartes.tur.br/blog/food-truck-feira-gastronomica-em-embu-das-artes/ > Pag. 65 Figuras 27 e 28 - Arquivo Pessoal Pag. 66 Figura 29 (Acesso Novembro de 2015) disponível em: < http://embudasartes.sp.gov.br/noticia/ver/7918 >

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Pag. 67 Figura 30 (Acesso Novembro de 2015) disponível em: < http://embudasartes.sp.gov.br/noticia/ver/8084> Pag. 67 Figura 31 - Arquivo Pessoal Pag. 68 Figuras 32 e 33 (Acesso Novembro de 2015) disponível em: < http://embudasartes.sp.gov.br/noticia/ver/8278> Pag. 69 Figuras 34 (Foto Jomar Silva dos Santos) Pag. 69 Figuras 35 (Acesso Novembro de 2015) disponível em: < http://embudasartes.sp.gov.br/noticia/ver/8177> Pag. 70 Figuras 36 (Foto Jomar Silva dos Santos) Pag. 71 Figura 37 - Arquivo Pessoal Pag. 74 Figura 38 (Acesso Novembro de 2015) Foto Aérea Google Earth Pag. 74 Figura 39 – Arquivo PDF disponibilizado pela Prefeitura de Embu Pag. 75 Figura 40 – Arquivo DWG disponibilizado pela Prefeitura de Embu Pag. 77 Figura 41 e 42 - Arquivo Pessoal Pag. 77 Figura 43 e 44 - Arquivo Pessoal Pag. 79 a 89 Plantas de Projeto – Arquivo Pessoal

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Referência Bibliográfica

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA DOURADO, Guilherme Mazza: Modernidade Verde: Jardins de Burle Marx, Editora EduUSP – Universidade da Cidade de São Paulo; coeditora Senac São Paulo, 1ª publicação 2009. GEHL, Jan: Cidades Para Pessoas, 2º edição (2013) - Editora Perspectiva, 1ª publicação 2009. SANTOS, Milton: Pensando o Espaço do Homem, 5º edição (2012) - Editora EduUSP – Universidade da Cidade de São Paulo, 1ª publicação 1982.

ARTIGOS EM EVENTOS / PERIÓDICOS / DISSERTAÇÕES EPPINGHAUS, Annie Golfbert: Influência do processo de apropriação dos espaços públicos em áreas residências: o caso da Barra da Tijuca, Dissertação (mestrado) – UFRJ/PROARQ/ Programa de Pós-graduação em Arquitetura, 2004. Disponível em: <http://www.fau.ufrj.br/prolugar/arq_pdf/dissertacoes/Dissert_Annie%20Goldberg_2004/arq_PDF/CD10CAP3%20-%20PUBLPRIV.pdf> acesso em: 05 Maio 2015. HEEMANN, Janiffer e SANTIAGO, Paola Caiuby: Guia do Espaço Público – Para inspirar e transformar, Organização Brasileira de Placemaking [online]. 2014.Disponível em: <http://www.placemaking.org.br/home/o-que-e-placemaking/guia-do-espaco-publico/>acesso em: 05 Maio 2015. JUNIOR, Paulo Cezar Nunes: O Parque do Ibirapuera e o lazer na cidade de São Paulo: da descrição à aprovação, RUA [online]. 2011, no. 17. Volume 2 - ISSN 1413-2109 Consultada no Portal Labeurb – Revista do Laboratório de Estudos Urbanos do Núcleo de Desenvolvimento da Criatividade. Disponível em: < http://www.labeurb.unicamp.br/rua/pages/pdf/17-2/9-17-2.pdf> acesso em: 05 Maio 2015 MIRANDA, Maria Eliza Mendes: Uma leitura em percurso – A Obra de Adriana Varejão em Inhotim, VI Simpósio de Nacional de História Cultural – Escrita da História: Ver – Sentir – Narrar (Universidade Federal do Piauí – UFPI), Teresina-PI. Disponível em: <http://gthistoriacultural.com.br/VIsimposio/anais/Maria%20Elisa%20Mendes%20Miranda.pdf> acesso em: 05 Maio 2015. OLIVEIRA, Ana Rosa: Parque do Flamengo: Instrumento de panificação de residenciais, Revista Vitruvius [online]. 2006.Disponível em: < http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/07.079/288> acesso em: 05 Maio 2015. SERAPIÃO, Fernando; LARA, Fernando e WISNIK, Guilherme: Inhotim – arquitetura, arte e paisagem, Editora Monólito – 1ª publicação 2015.

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