Relação Interpessoal na residência mínima

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Centro Universitário SENAC

Arquitetura e Urbanismo

Relações Interpessoais na Residência Mínima

Rachel Pedroso Siqueira

São Paulo – SP 2015


Centro Universitário SENAC Rachel Pedroso Siqueira

Relações Interpessoais na Residência Mínima

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado no Centro Universitário SENAC como requesito básico para a conclusão do Curso de Arquitetura e Urbanismo.

Orientador: Ralf Flores

São Paulo – SP 2015



AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus e aos meus pais, que sempre me apoiaram nos estudos e nas escolhas tomadas. Sem eles, não teria chegado até aqui. Agradeço também meu orientador, Ralf Flores, que durante todo esse processo me auxiliou, obtendo a compreensão nos momentos difíceis e teve papel fundamental na elaboração do trabalho. Agradeço aos professores Valeria Fialho, Fanny Schroeder, Myrna Nascimento e Ricardo Dualde, que de alguma forma colaboraram com a construção desse trabalho. E por ultimo, agradeço meus amigos em especial Anahi Bertoni, Juliana Ketendjan, Mayara Ribeiro, Priscila Soares, Eduardo Lopes, Carolina Coelho, Raquel Gonçalves, Oswaldo Cruz, Fiona Platt, Aline Novaski e todos que não só me ajudaram nesse momento de conclusão do curso, mas como me ajudaram e me fizeram presente, durante todo o curso.


“A arquitetura é uma das mais urgentes necessidades do homem, visto que a casa sempre foi indispensável e primeiro instrumento que ele forjou.” Por Uma Arquitetura - Le Corbusier


SÚMARIO

1. INTRODUÇÃO

11

2. HISTÓRIA 2.1. PRIMEIRA REVOLUÇÃO INDUSTRIAL 2.2. SEGUNDA REVOLUÇÃO INDUSTRIAL 2.3. TERCEIRA REVOLUÇÃO INDUSTRIAL

13 16 18 21

3. FAMILIA 3.1. MUDANÇAS

23 26

4. MODO DE VIDA 4.1. NOVO MUNDO 4.2. NOVO SÉCULO 4.3. DESENHANDO A NOVA HABITAÇÃO

31 31 33 34

5. HABITAÇÃO 5.1. DEFINIÇÃO 5.2. O MÍNIMO

41 41 41

6. ESTUDO DE CASOS 5.1. FRANÇA 5.2. ESTADOS UNIDOS

45 45 47


5.3. BRASIL

50

7. RESIDÊNCIA MINÍMA 7.1. LOFT / STUDIO 7.2. KITINETE / CONJUGADO 7.3. FLAT / APART-HOTEL

53 53 55 56

8. PROJETO 8.1. PARTIDO ARQUITETÔNICO

58 58

8.2. CONCEITO

59

8.3. ESTUDO DO TERRENO

59

8.4. DESENVOLVIMENTO DO PROJETO

64

8.4.1. CROQUIS

64

8.4.2. PLANTAS 2D

67

8.4.3. PLANTAS 3D

77

9. CONSIDERAÇÕES FINAIS

83

10. REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS

85

8


RESUMO

Elemento de importância para a relação de indivíduos na residência mínima. As relações inter9pessoais nas habitações mínimas vêm com a proposta de entender a sociedade em que vivemos e mostrar a relação do espaço mínimo residencial com o modo de vida hoje. Mostra-se todo o desenvolvimento social, governamental e as mudanças do cotidiano. Existem conceitos de moradia que a sociedade obteve, a partir do desenvolvimento do individuo e de seus hábitos. Essas novas moradias, na verdade, já existem, mas muda-se o valor simbólico e de usuários, em cada momento da história. Cria-se uma modulação de indivíduos, com a mesma vivência e hábitos; junto com a evolução da tecnologia.

PALAVRA CHAVE: Relação interpessoal, modo de vida, habitação mínima.

9


ABSTRACT

Element of importance to the relationship of individuals in the minimum residence. Interpersonal relationships in minimal housing come with the proposal to understand the society we live in and show the relationship of the minimum living space with the way of life today. It shows all the social, governmental development and daily changes. There are concepts of housing that society obtained from the individual's development and their habits. These new homes actually already exist, but moved the symbolic value and users, in every moment of history. It creates modulation individuals with the same experience and habits; along with the evolution of technology.

KEY WORDS:

Interpersonal relationships, lifestyle, minimum housing.

10


1. INTRODUÇÃO

O presente trabalho pretende desenvolver um estudo e projeto de residência mínima, no mundo contemporâneo, elaborando uma pesquisa teórica sobre as diversas maneiras da vivência do indivíduo, na sociedade capitalista; busca-se estudar a habitação, os momentos de mudanças no desenvolvimento socioeconômico e no conceito de cultura, estudam-se outras residências como referencia mundial e no Brasil. Os novos hábitos, do cotidiano, são desenvolvidos através da sociedade, evolução e cultura. O arquiteto é um profissional responsável pelo projeto dos espaços no meio, possui uma importante atuação na vivência de cada individuo; por conta do desenvolvimento concebido pela construção da habitação. Assim, o projeto de arquitetura é uma grande oportunidade de evolução da sociedade e de modo de vida através dos espaços e conceitos construídos pelo arquiteto. Os principais benefícios da mudança do modo do individuo em suas residências,

que

serão

estudados nessa

pesquisa, são:

o

desenvolvimento da história, a partir de momentos marcantes (como exemplo a revolução industrial, pois há mudanças socioeconômicas e novos conceitos concebidos pela sociedade, que mudam o jeito de viver), a concepção de vivência, sociedade capitalista, mercado imobiliário. Atualmente no Brasil, há uma grande preocupação com a modulação dos 11


ambientes residenciais, por essa razão a importância de realizar uma pesquisa acadêmica que tem uma proposta conceitual. O conceito de hábitos baseia-se no desenvolvimento cultural, social e econômico que permite a um novo conceito de vida; junto com a moderna tecnologia e a criação de residências mínimas; atendendo as necessidades básicas de seu usuário. Essa pesquisa irá estudar os sistemas de evolução e de conceitos para uma vivência contemporânea, entendendo as necessidades e tipos de habitação do homem, durante a história. A proposta de realizar um estudo sobre esse tema partiu de um questionamento de observação de novos hábitos sociais e digitais, durante o cotidiano; e nova introdução da habitação mínima em um meio social elitizado. Como integrante desse TCC, a aluna auxilia os docentes na busca de antigos conceitos criados, durante a história; e relembrado nos dias de hoje, com conceitos diferentes; focado no país Brasil. Realizar pesquisas sobre o tema de “hábitos nas residências mínimas” será importante na fundamentação e no conceito, pois se acredita que somente com informações e valores bem consolidados, possa resultar um trabalho solido; com objetivo de fazer um desses conceitos teóricos na intenção de obter o conhecimento dessa mudança de conceito sobre um mesmo espaço residencial; pretende-se conciliar o conceitual com a realidade, tornando assim o teórico em prático. 12


2. HISTÓRIA Frampton1 (2008) determina três momentos importantes para as mudanças na arquitetura e no modo de vida, hábitos e conceitos dos indivíduos.

Esses

momentos

são

determinados

pelas

revoluções

industriais2. Quando se começa a estudar a Revolução Industrial, a primeira questão a levantar é sobre que tipo de revolução é falado. Muitas vezes, entende-se a palavra "revolução" como uma revolta, uma disputa entre grupos políticos, ou até mesmo, uma guerra civil em determinada sociedade. Mas não é disso que se trata aqui. O sentido que é usado neste caso é o de revolução como uma transformação profunda, uma grande mudança, uma ruptura com o que havia anteriormente. Quando é falado, então, de uma "revolução industrial", é determinado como uma modificação drástica no modo de fabricação dos produtos consumidos pelo homem, consequentemente, novos valores na sociedade. A partir do século XVIII, a ciência ingressou em um constante processo de evolução, que desencadeou uma serie de novas tecnologias

1

Kenneth Frampton é arquiteto critico historiador e professor da Universidade da Colômbia. Autor do Livro “História crítica da arquitetura moderna” de 2008- bibliografia básica do trabalho. 2 Revolução Industrial ocorrida entre séculos XVIII e XIX.

13


que transformaram de forma rápida a vida do homem, sobretudo, no modo de produzir mercadorias. Nesse ultimo caso, serviu principalmente ao setor industrial, acelerado o desenvolvimento do sistema capitalista. A revolução industrial foi um conjunto de mudanças que aconteceram, a princípio na Europa, e miscigenado pelo mundo todo. 3A Inglaterra foi precursora na revolução por conta da burguesa, maior zona de comercio livre, localização privilegiada por conta do acesso rápido ao mar; ou seja, facilita a exploração do mercado ultramarino. A sociedade industrial é o resultado das lutas dos trabalhadores em busca de reformas que humanizassem o capitalismo. A sociedade industrial foi aos poucos se transformando em busca de melhorias nas condições de vida do trabalhador. Durante a primeira metade do século XIX, graças ao processo de industrialização, a população de trabalhadores das principais cidades da Europa apresentava um crescimento significativo, o que ampliou o contraste entre a riqueza e a pobreza. O trabalho, antes feito de modo artesanal, praticamente familiar, em que o patrão mais se assemelhava a um pai do que propriamente um patrão, ganhou ares totalmente adversos. Agora, a jornada de trabalho se fixava no tempo e o relógio passou a ser utilizado de forma quase que escravista. As antigas corporações de ofício perderam a vez para as grandes fábricas e os trabalhadores, que antes tinham a noção de todo o 3

Dado retirado do Livro “História crítica da arquitetura moderna” de Kenneth Frampton de 2008.

14


processo de produção e que, até certo ponto, tinham um modo de produção bastante flexível, passaram a ficar alienados e escravos da produtividade. Se antes os indivíduos trabalhavam de acordo com sua disponibilidade, com a Revolução Industrial a vida social ficaria em segundo plano, e a vida laboral dava lugar a uma grande massa de trabalhadores cada vez mais dependentes dos capitalistas, os donos dos meios de produção. A moral da classe burguesa, no que diz respeito à sexualidade, nos séculos XVIII e XIX, apresentou um comportamento duplo, bem próximo ao que ainda pode ser percebido em algumas sociedades atualmente, é dizer, as mulheres solteiras tinham que permanecer sob o manto da castidade e as casadas, fiéis aos seus maridos. Em contrapartida, para os jovens burgueses solteiros era permitido ter muitas mulheres e o adultério era tolerável para os casados. Entretanto nada poderia colocar em risco a estabilidade da família ou da propriedade burguesa. Durante o século XIX, a classe média, que era constituída pelos profissionais liberais, homens de negócios e funcionários públicos, cresceu e prosperou. A classe burguesa se abriu para aqueles que possuíam escolaridade e talento para os negócios. Suas casas não eram somente o lugar que abrigava o núcleo familiar; eram também “o repouso do guerreiro” 15


e o local de onde o empreendedor operava, sob o olhar de admiração da mulher e dos filhos, pela sua capacidade de produzir riquezas e conforto. Para a massa expropriada os bairros pobres, desprovidos de saneamento básico, iluminação e outros serviços públicos era o que lhes restava. Esse contexto de miserabilidade contribuiu para o surgimento de críticas à condição degradante do trabalhador e de movimentos operários de intensidades diferentes.

2.1 Primeira Revolução Industrial A primeira revolução industrial ocorreu entre 1760 a 1860. Ficase limitada à Inglaterra, tendo inicio do capitalismo e o fim do feudalismo. Houve um processo aonde o desenvolvimento tecnológico veio substituir o modo de produção domestico; indo ao aparecimento das indústrias de algodão, com o tear mecânico, junto com o aprimoramento das máquinas a vapor. As primeiras consequências da revolução foram às migrações da população do campo para a cidade, provocando dessa forma o aumento da

sociedade,

gerando

assim

o

desenvolvimento

urbano.

Esse

deslocamento de grandes massas de trabalhadores rurais e sem

16


qualificações profissionais fizeram com que muitos ficassem em condições miseráveis de trabalho e submetendo-se as grandes jornadas de trabalho4. Os artesões que antes ditavam seu ritmo de trabalho, agora eram obrigados a submeter-se a disciplina das fabricas. Passaram também a sofrer concorrência de mulheres e crianças. Na indústria têxtil do algodão, as mulheres formavam mais de metade da massa trabalhadora. Crianças começavam a trabalhar aos seis anos de idade. Em consequência fortaleceram-se o poder econômico, social e político dos grandes empresários, que pagavam baixos salários pela força de trabalho. A mecanização tornou os métodos de produção mais eficientes com a aplicação de inovações técnicas do campo da indústria e com o descobrimento de uma inovadora fonte de energia produzida pelo vapor. Os produtos passaram a ser produzido mais rapidamente, barateando o preço e estimulado o consumo. Por outro lado, aumentou também o numero de desempregados. As maquinas foram substituindo, aos poucos, a Mao de obra humana. Ocorreu também uma enorme expansão do comercio que foi favorecida pela melhoria das rotas de transportes terrestres e marítimos influenciaram o acesso a mercados casa vez mais distantes. Gerando

4

Dado retirado do Livro: “Revolução Industrial – Coleção o cotidiano da história” de Rogerio Forastieti da Silva de 2000.

17


assim

uma

ampliação

da

dimensão

dos

mercados

estrangeiros,

acompanhada de uma nova divisão do trabalho. Os indígenas brasileiros tem o conceito de tribo, que tem como significado um grupo de pessoas com os mesmos objetivos, ocupações e interesses comuns, ligados por laços de sangue ou amizades; que teria o mesmo valor de família. Suas moradias eram feitas de barro, chamado de ocas (moradias com família de sangue), malocas (base comunitária), tabas (mais de uma família de sangue), taperas (moradia com pessoas solteiras) ou Opys (casa de rezas, rituais sagrados e festas). Esses espaços eram somente para a hora de dormir, ou seja, a parte dos dormitórios. Para os outros setores que uma casa necessita, era na base comunitária ou no espaço livre (floresta). No Brasil, com a vinda dos estrangeiros, eles trouxeram seus valores culturais para esse novo espaço; reformulando toda área de mata. Utilizaram modelos pré-conceituados para a formação de suas residências e espaços públicos; formando as fazendas com seus casarões modelo Europa. Formação de família determinada, com o pai-chefe que trabalhava fora de casa, mãe como responsável da moradia, dos filhos e do marido, e seus empregados assalariados, morando nas residências dos patrões. Tendo suas casas, com espaços amplos, dando foco para cozinha, sala e quartos. 18


2.2 Segunda Revolução Industrial A segunda revolução ocorreu entre 1860 a 1900, junto à Inglaterra tiveram países como Alemanha, França e Estados Unidos que se desenvolveram. O emprego do aço, utilização da energia elétrica e da combustão do petróleo, invenção do motor, do transporte a vapor e dos produtos químicos, foram as principais inovações desse período. A busca por descobertas e invenções foi longa, o que representou maior conforto para o ser humano, e a dependência dos países que não realizaram a revolução científica e tecnológica ou industrial. O mundo todo passou a comprar, consumir e utilizar os produtos industrializados

fabricados

na

Inglaterra,

França,

Estados

Unidos,

Alemanha, Itália, Bélgica e Japão5. Na busca dos maiores lucros, levou-se ao extremo a especialização do trabalho, a produção foi ampliada passando-se a produzir artigos em série, o que barateava o custo por unidade. Surgiram às linhas de montagem, esteiras rolantes por onde circulavam as partes do produto a ser montado, de modo a dinamizar o processo. A indústria automobilística Ford, implantada nos Estados Unidos, foi a primeira a fazer uso das esteiras que levavam o chassi do carro a

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Dado retirado do Livro: “Revolução Industrial – Coleção o cotidiano da história” de Rogerio Forastieti da Silva de 2000.

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percorrer toda a fábrica. Os operários montavam os carros com as peças que chegavam a suas mãos em outra esteira. Esse método de racionalização de produção foi chamado de fordismo. Essa forma de produção integrada às teorias do engenheiro norte americano Frederick Taylor, o taylorismo, que visava o aumento da produtividade, controlando os movimentos das máquinas e dos homens no processo de produção. Toda essa revolução propiciou o surgimento de grandes indústrias e a geração de grandes concentrações econômicas, que formaram as holdings, trustes e cartéis. Com a Proclamação da República em 1889, surgiram novas concepções de família, pois esta introduziu no país um conjunto de modernizações que envolveram o fim do trabalho escravo e a urbanização (com desdobramentos para o início da industrialização), como também o deslocamento para o eixo centro sul dos polos de desenvolvimento econômico e de decisão política. Em fins do século XIX, o modelo patriarcal das classes média e alta, existente no Brasil desde o período colonial, iniciava lentamente o seu declínio. Aponta que no Brasil desde o início da colonização as condições locais favoreceram o estabelecimento de uma estrutura econômica de base agrária, latifundiária e escravocrata. Essa situação associada a vários fatores, como a descentralização administrativa local e acentuada dispersão populacional provocou a instalação de uma sociedade do tipo 20


paternalista, onde as relações de caráter pessoal assumiram vital importância, estimulando a dependência na autoridade paterna e a solidariedade entre os parentes. Outra mudança ocorrida na família nessa época foi que durante o longo período da escravidão, considerou-se que os escravos não tinham família, porque havia mais homens do que mulheres e, também, pelo próprio fato de serem cativos que não garantia a permanência de todos juntos, pois poderiam ser vendidos a qualquer momento21. Porém, com a abolição da escravatura, em 1888, houve grande movimento de famílias que tentavam se reencontrar depois de separadas, sobretudo pela venda de alguns de seus membros para outros senhores. O Brasil passava por uma ordem escravocrata para capitalista; a maioria dos escravos era dos solteiros, o que indica que não havia interesse em estimular a formação de famílias; e, também pelo próprio fato de serem cativos que não garantiam permanência, poderiam ser vendidos e/ou trocados a qualquer momento.

2.3 Terceira Revolução industrial Alguns historiadores e estudiosos tem considerado os avanços tecnológicos, a partir do século XX e XXI como a terceira etapa da revolução industrial, através das suas inovações, como exemplo novas 21


ligas metálicas, processos eletrônicos, energia atômica para fins pacíficos, biotecnologia, engenharia genética e conquistas especiais. Gera-se destaque a partir dos avanços tecnológicos e científicos na indústria, mas também abrange progressos na agricultura, na pecuária, no comércio e na prestação de serviços. Enfim, todos os setores da economia se beneficiaram com as novas conquistas produzidas através de grandes investimentos empregados nos centros de pesquisas dos países desenvolvidos6. O país brasileiro esta passando por essa transformação de valores culturais, constituída pela mudança que as tecnologias estão fazendo com o cotidiano de cada.

6

Dado retirado do Livro: “Revolução Industrial – Coleção o cotidiano da história” de Rogerio Forastieti da Silva de 2000.

22


3. FAMILIA

Para iniciar um estudo da familia brasileira, cabe rever alguns de seus aspectis formadores, como resultado do processo colonizador portugues que, atraves da miscinageção, contribuiu para caracterizá-la. A família, no Brasil, carrega basicamente os traços da mistura entre o povo europeu, indígena e africano. As consequencias, então, são sentidas nos costumes, nas relacoes socias, nos modos de vida e na maneira de morar do brasileiro; mesmo considerando a diversidade típica de um país de dimensões continentais. A título de ilustração, cabe registrar uma impressão de Le Corbusier a esse respeito, com pecepção atenta à mistura típica do povo brasileiro: “En mi segunda visita al Brasil – había estado allí por primeira vez em 1929 – me llamó particularmente la atención la presencia de tres razas distintas: la india, la negra y la branca (portuguesa). Sus colisiones, sus contactos, sus violentas divergencias, convertían las calles em um verdadero teatro. Me di inmediatamente cuenta de ello” 7 . Nessas ultimas décadas, a população e suas famílias têm passado por muitas transformações, junto com os acontecimentos

7

LE CORBUSIER. El corazón como punto de reunión de lãs artes. In: ROGERS, E.N., SERT,J.L., TYRHITT, J.CIAN El corazón de la ciudad: por una vida màs humana de la comunidad. Barcelona: Editorial Científico-Médica, 1961. P.41.

23


históricos, econômicos, sociais, demográficos e entre outros, ao longo do ultimo século. A vida familiar se modificou para todos os segmentos do povo, sendo um fenômeno marcante, pelo Censo realizado em 1872 – 2000; tentando reconhecer a evolução e o caminho percorrido pela família; resgatando alguns conceitos, como questão social, seus valores, suas funções; através das mudanças e transformações no âmbito familiar, refletindo se diretamente em sua composição, tamanho, formação8. O tema família propiciam algumas reflexões, o que é família, porque a família interfere na arquitetura e qual é seu papel na sociedade. Essa preocupação crescente com o estudo sistemático da família, levandose em conta que é uma instituição social fundamental, de cujas contribuições dependem todas de outras instituições socioeconômicas e culturais. Historicamente, o termo família origina-se do latim “famulus”, que significa conjunto de servos ou dependentes, sendo eles, a esposa e os filhos; de um chefe ou senhor que vivem sob um mesmo teto. Assim, a família Greco-romana tinha sua composição de patriarca e seus fâmulos. Ao longo da historia, o termo vem se modificando, conforme definição

encontrada

nos dicionário

Aurélio,

tem

significado

bem

semelhante, abrangendo as pessoas que vivem ao mesmo domicilio ou aquelas unidas por laços de parentesco e adoção. 8

Texto “População e família brasileira: ontem e hoje” de Arlindo Mello do Nascimento de 2006.

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De modo geral, quando se torna a família como unidade de analise, a definição de família se aproxima do conceito de família nas ciências sociais: grupo de indivíduos ligados por elos de sangue, de doação ou de aliança socialmente reconhecidos e organizados em núcleos de reprodução social. Já nas pesquisas demográficas, o conceito de família tem variado em função da unidade de enumeração, que na maioria dos censos é o domicilio; definido como grupo de pessoas que vivem na mesma moradia. Essas transformações na família brasileira têm inicio, a partir da chegada da Corte Portuguesa na Colônia, originando o estabelecimento de oportunidades de estudos e outras formas de ascensão social. Porem, se tiver uma comparação, as duas ultimam viradas de século no Brasil, vê que há uma silenciosa revolução de costumes ocorrida em ambos os períodos, como também uma reviravolta de conceitos. Esta interferência da historia sociopolítica mostra de que maneira as imagens da população brasileira vão vendo construídas e com isso, conhecer a evolução da população, as mudanças de conceitos, os modos de investigação, modo de vivencia, cotidiano; ou seja, o caminho percorrido pela família ao longo do tempo.

25


3.1. Mudanças Uma nova forma de identificar as pessoas dentro do domicílio foi introduzida. Para tanto, estabeleceu-se um vínculo entre as pessoas residentes em relação ao chefe do domicílio, em relação ao chefe da família e, também, em relação à família a que pertence. Estas três novas formas de abordagem permitiram investigar a existência de famílias conviventes (duas ou mais famílias de, no mínimo, duas pessoas cada uma, que habitassem o mesmo domicilio particular) na residência e classificar as pessoas de cada família em relação ao chefe do domicílio e da respectiva família. Assim, por exemplo, a pessoa identificada como filho numa segunda família poderia ser identificada como neto na primeira família9. Outra inovação introduzida – que retratou as mudanças nas relações familiares – foi o reconhecimento, pela primeira vez, de que a chefia do domicílio ou da família pode ser desempenhada tanto por pessoas do sexo masculino quanto do feminino. Portanto, a chefia feminina não era reconhecida, apenas na ausência do homem (como no caso de mulheres que moram sozinhas ou com filhos), mas também na presença de um cônjuge masculino10. 9

Texto “Habitar Híbrido” de Carlos Augusto Joly Requena de 2007. Texto “Habitações, metrópoles e modos de via. Uma reflexão sobre o espaço doméstico contemporâneo” de Marcelo Tramontano de 1997. 10

26


Outro fato relacionado à investigação familiar é que para o estado conjugal levou-se em conta a condição das pessoas em relação ao fato de viverem em companhia de cônjuge, em decorrência de casamento civil, religioso, civil e religioso ou de união consensual estável. Assim, como ocorreu em 60, à noção de estado conjugal não correspondeu à de estado civil. Porém, algumas inclusões e alterações foram incorporadas. O mês e o ano de início da primeira união conjugal e o mês e o ano de início da união conjugal ou do estado civil atual, passaram a ser objeto da pesquisa, além da alteração da categoria “outra” para “união consensual”, para as pessoas que viviam em companhia de cônjuge sem contrair união legal. O conceito de família foi ampliado, porém conservou-se a noção de dependência doméstica e incorporou-se a ideia de convivência. A maneira de investigar o estado conjugal/civil foi modificada, passando a perguntar se a pessoa vive ou viveu em companhia de cônjuge, para depois investigar o tipo de união das pessoas que vivem em companhia de cônjuge e o estado civil das pessoas que não vivem em companhia de cônjuge. Ao olharmos o retrato das famílias atuais, poderemos nos deparar com algumas situações que deixariam nossos avós admirados: aquele que parece ser o pai é o padrasto; a moça com uma criança no colo não é a mãe, mas uma meia-irmã; os três jovens que dividem o mesmo teto são um casal e uma amiga; e aquela que parecia ser a mãe pode ser 27


na verdade a namorada dela, etc. Além do mais, os domicílios são formados por gente morando sozinha, avós ou tios criando netos, casais sem filhos, “produções independentes” e outras tantas alternativas, como, por exemplo, os grupos de amigos que decidem morar junto para dividir um apartamento grande. E não se trata, no caso, de estudantes de orçamento apertado, mas de adultos com trabalho fixo e contracheque. Outras situações familiares, nos tempos atuais, estão cada vez mais frequentes. Algumas, de temporárias, acabam virando definitivas, como o homem que se separa da mulher e volta a morar com os pais, “apenas por alguns dias”, ou então aquelas em que os filhos adultos permanecem residindo na casa dos pais e retardam ao máximo o grito de independência, prolongando a convivência familiar e saindo, apenas, quando julgam que está na hora de constituir uma nova família ou de morar sozinho. A nova família, que anteriormente era definida pela obrigação e hoje é definida pelo afeto, cada vez mais aparece no cenário nacional, num debate em torno do presente e do futuro da instituição família e do valor da família diante da generalização do individualismo. A esse respeito, aponta-se que o valor da família não prevalece mais sobre os dos sentimentos individuais das pessoas, visto que até a metade do Século XX para se formar uma família predominava fortemente 28


a relação de consanguinidade e hoje, o mais importante é a relação amorosa. Os avanços tecnológicos permitiram que se pudesse limitar o número de filhos e que se pudesse viver por muito mais tempo, trazendo implicações diretas no tamanho e na estrutura da família. A competição entre os sexos influenciou os desejos e as decisões de entrar e de sair de uniões conjugais, afetando diretamente o celibato, a idade de entrada em união, o tipo de união conjugal escolhido, sua duração, seu rompimento e início ou não de novas uniões. Quanto às mudanças e perspectivas futuras da população e da família brasileira, tudo indica que os três aspectos são e continuam sendo importantes nos rumos futuros a serem tomados, tanto pelo Estado quanto pela população. Primeiro, os prognósticos demográficos para os próximos anos e seus impactos sobre a estrutura populacional e sobre a composição das demandas por serviços públicos e familiares. Segundo, as tendência e perspectivas institucionais que caracterizam as políticas sociais e econômicas do Estado brasileiro e as chances de participação da população. Finalmente, o potencial de mudanças da família frente aos fatos atuais

e

às

expectativas

das

pessoas

quanto

aos

valores

e

comportamentos em áreas sensíveis de mudanças na família, tais como: 29


relações entre os sexos e casamento, filhos, e as novas condições da mulher. Porém, no futuro, mesmo que a contínua dependência da mulher em relação ao marido, dos filhos com os pais e vice-versa mantenha-se em declínio, visto que cada vez mais mulheres e filhos estão no mercado de trabalho e desafiam os esquemas de dependência e responsabilidades no interior do núcleo doméstico, a família não deixará seu papel de refúgio ou de último recurso ao quais seus membros recorrem, pois é na família que nos momentos tristes buscamos consolo, amparo e esperança; nos momentos de alegria encontramos confraternização; e nos momentos de dificuldade encontramos apoio e solidariedade.

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4. MODO DE VIDA

Desde as ultimas décadas, o mundo já havia passado por diversas transformações que deram configuração da sociedade existente. Desde a época do renascimento, o homem já obtia a noção da sua existência enquanto individuo, vivendo ainda dentro de estrutura clã11. No século XIX, vê-se parte de uma evolução dentro dos novos meios de produção e membro de um grupo menor de convivência cotidiana, caracterizado pelo núcleo familiar.12 Essas mudanças estão diretamente ligadas ao processo de industrialização ocorrido na Europa e as transformações dentro do núcleo familiar; seriam os responsáveis pelas profundas alterações na habitação do século XX13.

4.1. Novo mundo Com o deslocamento populacional da Inglaterra, deixara de ser rural para se concentrar nas cidades, devido às novas técnicas de trabalho 11

Texto de Arlindo Mello do Nascimento “População e família brasileira: ontem e hoje” de 2006. TRAMONTANO,M. Habitação moderna: a construção de um conceito. São Carlos, EESC/USP, 2002. 13 Segundo Marcelo Tramontano, no texto “Habitares: processos de projeto de uma espacialidade híbrida” de 2007. 12

31


agrícola e a maior oferta de emprego na indústria que remunerava monetariamente seus empregados, eram incorporadas mulheres e crianças ao mercado de trabalho. Este crescimento, nos anos seguintes, se entende por outros países. Com a evolução das técnicas de trabalho agrícola, houve crescimento populacional e diminuição da taxa de mortalidade, tendo comida fresca o ano todo; à melhora no tratamento de esgoto, água e medicina. Aumento do mercado consumidor é preciso aumentar a produtividade, o que leva a invenções que alteram as condições de trabalho. Núcleos urbanos começam a concentrar indústrias e pessoas, tendo-se abundancia de Mao de obra e maior possibilidade de escolha em cada operário. Devido a essa mudança de localização e trabalho, desenvolvese uma rede de transporte mais eficiente e a navegação. A cidade antiga se transforma de forma lenta, não acompanhando a velocidade do crescimento econômico, o planejamento sobrepõe à multidão de moradias independentes, abrigando os mais necessitados pelo governo. A demanda de

novas

habitações

estimula

o

surgimento

de

novos

bairros;

comprometendo as condições da habitação.

32


4.2. Novo século

O século XX tem inicio com a acomodação no território europeu e guerras que trará prejuízos financeiros, restrições ao credito e consequentemente, a paralisação da construção de habitações; subindo o preço dos imóveis e dos alugueis, o que levará ao congelamento dos valores por parte de alguns governos. No mesmo período em que se encerrava o conflito, destaca-se o fato de que a tomada de poder governamental teria passado o poder para quem a arquitetura e o urbanismo não existiam. Criam-se leis que determina que a melhor solução seja a casinha individual limitando pesquisas na área da pré-fabricação e da habitação coletiva. Em outros lugares, como a Alemanha, a concentração da população nas cidades agravava o problema de falta de moradia. Então, se estabelece uma política de investimentos na área social priorizando a construções de habitações. As soluções serão apresentadas pelos arquitetos, que desde antes da guerra procurava a qualificação dos produtos e da arquitetura. Pelo olhar dos expressionistas14, aponta-se para a arquitetura escultural baseada numa atividade criadora subjetiva. Por outro lado, os racionalistas críticos reivindicam uma postura racional e objetiva que 14

Expressionismo usado na Alemanha desde 1910, para designar os artistas que se afastaram dos critérios tradicionais.

33


correspondesse às necessidades da comunidade. Esta visão prevalece juntando as duas correntes em torno de ideia da união das artes e da arquitetura com objetivo de servir o povo.

4.3. Desenhando a nova habitação Os arquitetos da Bauhaus, escola de Artes e Arquitetura15, debatem sobre a standardização16 da moradia. No primeiro momento, a nova política habitacional retoma a construção de casas sem grandes inovações tecnológicas. Otto Haesler17, em 1923, lança um projeto pioneiro de casas em fileiras, com preocupações em resolver aspectos de ventilação e insolação. Este modelo foi largamente empregado por Ernst May18, na capital da Alemanha, a partir de 1925. O tipo básico de apartamento proposto era composto por sala de estar e jantar, uma pequena cozinha (maior inovação), banheiro e com variação do numero de dormitórios de três a seis.

15

A escola foi criada como escola de artes decorativas, tendo o departamento de arquitetura somente feito em 1927. 16 Ação de uniformizar os elementos que compõem uma série ou conjunto, fazendo com que eles possuam o mesmo modelo ou padrão. 17 Arquiteto representante do novo estilo na Républica de Weimar. Defensor da habitação pública. 18 Arquiteto e urbanista do planejador, seguindo o mesmo pensamento de Haesler.

34


Figura 1 - Romerstadt, Frankfurt, Ernst May. 1927 - Plantas e fotografias de unidades com dois pavimentos (Bruna 2010/ Humberto Fogaça)

Após dois anos, a produção em massa de habitação com uso de novos métodos industriais é intensificada, assim como as pesquisas em torno da sua configuração diminuindo o déficit habitacional nos anos 30, graças à intervenção estatal.

35


A casa pequena isolada no terreno passa a ser descriminada já que o conjunto de habitações uni familiares assume a posição de modelo mais adequado para a nova sociedade. Junto a estes agrupamentos são incluídos equipamentos públicos complexos identificados com a política social democrata. May inicia um programa baseado na economia no projeto e na construção; esta abordagem levou a formulação de espaços padrão do mínimo para a existência, tornando polemico tema do congresso dos CIAM de 1929 em Frankfurt.····. O programa de May baseava-se no acesso de todas as unidades ao sol, a ventilação e na facilitação das atividades domesticas. A configuração dos espaços também pretendia diminuir os incômodos entre os moradores que conviveriam mais próximos. Não existe mais o jeito da casa burguesa, as atividades domesticas são assumidas pela mulher que não possui empregados. O espaço gerado é resultado do estudo das atividades humanas dentro do espírito do existenzminimum (existente mínimo).

Assim,

vários

equipamentos passam

a

ser

moveis

ou

escamoteáveis como camas e mesas, armários são embutidos e podem dividir os ambientes e as portas podem correr. A conclusão da área habitada com apartamentos de 40m² a 65m² e área media por ocupante de 10m². A maioria dos equipamentos e elementos construtivos será a partir de normas especificas que devem atender ao principio de igualdade com qualidade. 36


A busca pela redução dos alugueis e do valor da moradia mediante a racionalização da construção foi perseguida por Walter Gropius. A organização do canteiro, a padronização de componentes em concreto e escória e o detalhamento do projeto garantiam o baixo custo dos imóveis que puderem ser ocupados por trabalhadores, como projetado na época. Na construção de um protótipo de moradia em Stuttugard em 1927, na colônia Weissenhof

19

, Gropius apresenta uma casa experimental

com sistema construtivo a seco em que a cozinha é o núcleo em torno do qual se relacionam as áreas de convívio e de estocagem, alterando a hierarquia dos espaços. Outra unidade isolada seria proposta em 1932 como novas preocupações relacionadas à flexibilidade na execução, permitindo a montagem e desmontagem, e ampliação do núcleo gerador, formado por um ambiente que poderia abrigar a área social e de descanso, contigua a varanda e cozinha. O espaço reduzido para o preparo de alimentos a uma bancada, lembra o projeto de cozinha- armário proposto pelo comitê de construção na URSS em 1928. De acordo com Tramontano, esta “imutabilidade” do corpo cozinha- higiene já havia proposto por Mies Van 19

Em Weissenhof surge a primeira manifestação do “estilo internacional” de casas em volumes prismáticos brancos de cobertura horizontal. Na construção deste conjunto habitacional participaram vários membros do Werkbund além de Le Corbusier, Mart Stam, J. P. Oud e Vitor Bougeois. Estes formariam a base dos CIAM.

37


Der Rohe.20 Para Mies a racionalidade e a estandardização haviam se transformado em prerrogativas para o projeto da nova habitação, assim como a maleabilidade dos ambientes; justificando o emprego da estrutura independente.

Figura 2 - Weissenhofsiedlung, Stuttgart, Mies van der Rohe, 1927. Plantas e elevações dos apartamentos. (FRENCH 2009)

De forma crítica em contraposição ao existenzminimum, Le Corbusier faz um apelo idealista o “Maximo para a existência”. O tipo básico proposto era da caixa que abriga o espaço vital em dois ou três

20

Representante do vidro e do aço, sendo considerados uns dos arquitetos mais importantes do século XX.

38


pisos, antecipando alguns dos cincos pontos da nova arquitetura sugeridos na sua publicação dos “5 pontos da arquitetura moderna”.21 Na França do inicio do século umas das principais colaborações para nova habitação vem do engenheiro August Perret

22

responsável pela

primeira aplicação do concreto armado. Foi ele que Corbusier aprofundou seu conhecimento sobre o concreto, para criações de habitações e na possibilidade dos cinco pontos da arquitetura moderna. A proposta de Le Corbusier reúne o compromisso de adequação as necessidades da vida moderna e um refinamento estético proveniente de sua formação artística e cultural, influenciada pelo cubismo23. Não satisfeito com o objetivo arquitetônico insere-o num plano de ocupação territorial de proporções globais. Do projeto do mobiliário ao dos assentamentos humanos, tudo esta vinculado a um novo projeto de sociedade. A ideia da casa como uma “maquina de morar” esta alinhada com o pensamento tecnicista e a standardizaçao propostas para o homem da era da maquina.

21

Livro: 5 pontos da arquitetura moderna: 1- Os pilotis elevam a casa do solo tornando-a mais saudável; 2- as coberturas jardim proporcionam o uso do espaço do antigo telhado; 3- a planta livre permite que a divisão dos espaços seja determinado pelo morador; 4- as paredes de vidros, ou largas janelas tornando possível por conta da estrutura independe; 5- as fachadas livres são livres. Tramontano,2002 22 Primeiro a utilizar o concreto como solução estrutural para servir de suporte as composições arquiteturas, criando sua própria expressão. 23 Movimento artístico com objetivo funcional, referente às mudanças do cotidiano, no século XX.

39


Le Corbusier dizia “Libertava-se gradualmente da tripartição burguesa da habitação do século XIX- zona intima social e de serviços – dirigindo-se para uma bipartição centrada nos modos de vida da família moderna – zonas de uso diurno e de uso noturno“. Em casas, esta bipartição é diluída pela adoção de divisórias leves que possibilita a configuração de um espaço único de uso diurno e outro subdivido em cabines de dormir durante a noite. Posteriormente estas ideias, já amadurecidas, ressurgem nos projeto da Unit’d’habitation aparente implantados

tardiamente

embora

tenha

influenciado

a

produção

habitacional do mundo capitalista, desejoso de novidades e necessitado de eficiência.

Figura 3 - Unité d'Habitation, Le Corbusier. 1947-52. Unidades habitacionais encaixadas na macroestrutura do edifico e detalhe do piso técnico sob os pilotis com equipamentos. (FRAMPTON 2001/ 2008)

40


5. HABITAÇÃO 5.1. Definição Habitação é um substantivo feminino que obtém o significado de lugar ou casa onde se habita morada, vivenda; e local em que os animais se recolhem.

24

Ou seja, toda forma de abrigo, recolhimento para um

individuo ou animal. “Estudar a casa para o homem corrente, qualquer um, é reencontrar as bases humanas, a escala humana, a necessidade-tipo, a função-tipo, a emoção-tipo. Eis aí. Isso é capital. Isso é tudo.”

25

.

A

habitação apresenta características que identificam o individuo e a sociedade, de cada região.

5.2. O mínimo. Frampton faz referência ao Le Corbusier, em “História crítica da arquitetura moderna”, para dois termos muito utilizado por ele mesmo, “máximo à existência” e “mínimo para a existência”, proposto pelos organizadores do segundo CIAM, realizado na Alemanha. Exemplifica três tipos de habitações, mostrando sua funcionalidade e seu desenvolvimento através do autor.

24 25

Segundo dicionário Aurélio. Livro: Por uma arquitetura de Le Corbusier, São Paulo de 2013.

41


Todavia, quase dez anos antes da construção da Une Petit Maison, Le Corbusier cria um plano para concretizar o programa de habitação mínima, abrigando duas pessoas que vivem sozinhas e não tem emprego. Então, projeta-se essa casa de sessenta dois metros quadrados; em um terreno estreito e comprido, definindo seu formato, sendo ele um prisma regular.

Figura 4 - Une Petit Maison, Le Corbusier. Vista do Lago (Por uma arquitetura)

42


Esse conjunto antecede a discussão do conceito “mínimo para a existência”, base da arquitetura funcionalista que foi tema do segundo CIAM, começando pelo Alemanha e indo para outros países da Europa rapidamente. Stam fala que o homem deveria abandonar sua forma de vida tradicional para outra mais econômica, renunciando a ostentação, criandose um novo valor, em respeito ao espaço habitável. Sua proposta traça três momentos básicos em residência, sendo eles, íntimo, social e serviço; assim como se remete a casa rural, sendo ela divida em porão (utensílios, animais), térreo (cozinha, sanitário e áreas com instalações hidráulicas) e por ultimo, o andar superior (banho, espaço social e refeições); o programa termina com o terraço aproximado da natureza, criando espaços coletivos.

Figura 5 - Casas Geminadas em Weisenhof, Mart Stam. Vista da rua principal (Por uma arquitetura)

43


J. J. P. Oud pertenceu ao movimento The Stijl, em meados de 1920, com moradias funcionais, paredes “nuas”. Essa casa de veraneio com o tema de standardização, saindo do contexto do operário urbano, em habitações mínimas; com pensamentos racionais e sua ruptura do funcional com o ortodoxo. Ao observar o projeto de Oud, pode-se concluir uma lembrança à arquitetura do século XVII, marcou-se a evolução do espaço domestico junto à família que começava a valorizar a vida no cotidiano. Utiliza-se na casa, a união da área da cozinha com a sala de convivência, colocando pé direito duplo e aras intimas no segundo piso; cria-se uma separação, muito forte, do que é intimo e social.

Figura 6 - Casa de Veraneio, J .J. P. Oud. Vista principal (Por uma arquitetura)

44


6. ESTUDOS DE CASOS

6.1. França

Figura 7 - Apartamento projetado pelo escritório Kitoko Studio, com mobiliário planejado. Paris- França.

Este apartamento, projetado, em 2014, pelos arquitetos Morgane Guimbault e Gaylor Lasa Zingui, do escritório Kitoko Studio, fica na cidade de Paris, num espaço que originalmente servia como quarto de empregada no século XIX. Segundo a lei francesa, não é permitido vender ou alugar moradias com menos de oito metros quadrados. Na cidade, até mesmo imóveis simples custam uma fortuna, por isso espaços como este estão 45


sendo reconsiderados para atender a demanda da população. Solução criada para o grande número de taxas em imóveis super compactos, a ideia que também oferece uma alternativa dos preços imobiliários. O espaço foi transformado pelo escritório de design de interiores, citado a cima, que planejou tudo minuciosamente, para conseguir um espaço flexível, ultrafuncional e uma ótima opção para evitar a subida de preço. O apartamento é conhecido como canivete suíço, pois ao longo de um corredor estreito, onde tudo se organiza, através do movimento humano. Com todos os cômodos em seus esconderijos, que fundamental para que “vire” uma habitação completa, já que é a partir do móvel que vemos desenvolver essa moradia. O ambiente “multi-uso” dispõe de tudo o que é necessário para o funcionamento de uma casa. Em cada gaveta do único armário do aposento, encontra-se um cômodo diferente. Em uma delas esta o quarto com uma cama de solteiro, em outra uma mesa com duas cadeiras, que pode facilmente servir para refeições ou para trabalho. Ainda há o banheiro, equipado com privada, pia, chuveiro e um espelho. Em outro canto do apartamento encontra-se a cozinha com os mais importantes aparelhos para o preparo de alimentos. Já a iluminação é feita através de uma grande janela e uma lâmpada no centro do ambiente.

46


6.2.Estados Unidos

Figura 8 - Studio planejado pela empresa LifeEdited, com mobiliário inteligente.

O primeiro projeto da LifeEdited (empresa especializada em apartamentos flexíveis, com plantas e móveis que podem ser adaptados e retirados parar exercer outras funções, como por exemplo, mobiliário inteligente) foi o apartamento para onde o próprio Graham Hill, em 2012, projetista de habitações mínimas, se mudou em Nova York. Ele desenhou, para o imóvel de 39m², diversas soluções para aproveitamento de espaço. Durante o dia, ele pode montar uma mesa e receber até 12 pessoas para almoçar. À noite, a mesa é escondida e dá lugar a uma cama de casal. O prefeito de Nova York, Michael Bloomberg, é um dos que acreditam que o miniapartamento é o futuro inevitável do mercado imobiliário das grandes metrópoles - ou a pequena solução para os 47


grandes problemas de falta de moradia e preços exorbitantes dos imóveis atualmente disponíveis. Desde 1987, uma lei proíbe a construção de moradias de menos de 37 m² - e até pouco tempo a regra só podia ser quebrada para as "moradias sociais", que abrigam populações vulneráveis. Bloomberg, porém, resolveu abrir uma exceção para um projeto piloto de cubículos habitáveis. Um concurso foi lançado no ano passado - o "adAPT" - e o microapartamento vencedor, um projeto com 55 unidades que têm de 23 m² a 34 m², deve ficar pronto em 2014. Se for bem recebido pelo mercado e a população, a ideia é que a lei seja mudada. Baseado na entrevista da UOL, feita 2014, o Graham Hill diz que sempre morou em casas grandes com, em média, trezentos metros quadrados. Mas teve uma vivencia muito boa, em Barcelona, Argentina e Tailândia, onde morou em locais pequenos e com poucas roupas, tendo uma vida boa e mais feliz. “Isso me fez pensar sobre quanto de espaço e de coisas eu precisava. Percebi que a vida tem mais a ver com experiências, flexibilidade e tempo. Quando o lugar em que você mora é menor, você usa menos o aquecedor, tem menos espaço para limpar, gasta menos. Num projeto como a da Vitacon, por exemplo, as pessoas podem gastar menos dinheiro e morar de um jeito legal, perto do centro, sem precisar se 48


locomover pela cidade. Você economiza recursos do meio ambiente, tempo e dinheiro, porque não precisa gastar com carro e gasolina.” Uns apartamentos existentes três partes, sendo elas, cozinha, banheiro e espaço aberto (para divisão individual, incluindo sala e quarto). O custo do espaço aberto é bem menor do que tivesse divisões, mas mesmo assim tem-se a cozinha e banheiro, por isso continua com um preço elevado. Sobre os móveis, é preciso de mobiliário planejado e adaptado para encaixar nesses metros quadrados. Mas se você pensar por outro lado, Diz o arquiteto: “Mas a maneira certa de olhar para isso é pelo custo absoluto. Se você está vivendo num apartamento de dois quartos e não precisa dos dois quartos, está desperdiçando dinheiro.” Às vezes, temos uma sala de jantar e convidamos pessoas para jantar só uma vez por ano. Temos um quarto extra, e esse quarto é usado no máximo vinte por cento do tempo. Gastamos dinheiro com esses espaços que estão vazios na maior parte do tempo.

O conceito de “quanto maior, melhor” está mudando, Nos Estados Unidos, as famílias estão menores e estão morando em casas de ate três vezes maiores do que na década de cinquenta. Mas os níveis de felicidade são os mesmos; basicamente, confundimos felicidade em ter 49


coisas. Uma boa saída para as grandes cidades será a vivência em locais menores, obtendo mais opções de mobiliários. Uma das razões é a preservação do meio ambiente, ou seja, espaços menores, menos mobiliários e menos material retirado da natureza.

6.3. Brasil

50


Figura 9 - Imagens do folheto online, da empresa Vitacon, com moveis planejados.

O canadense Hill, desenvolveu um projeto, LifeEdited Nova York,mostrado no item anterior, semelhante para a brasileira Vitacon. Ele veio a São Paulo nesta semana mostrar suas ideias para os apartamentos de 19m² do VN Quatá, empreendimento localizado na Vila Olímpia, zona sul de São Paulo, que foi desenvolvido pelo escritório Basiches Arquitetos e lançado em outubro, desse ano. A proposta se remete a um partido da fachada de cheios e vazios. A partir desse design, surge um elemento; que seria uma abertura inclinada, ao meio do edifício, que abrigará um espaço de uso comum, conhecido como “espaço de lazer panorâmico”. Segundo os arquitetos do 51


escritório, o ambiente integra os morados com o entorno e contribui para melhoria do espaço urbano. Focado em um publico mais jovem, trazendo o conceito minimalista do jovem milionário, apresenta soluções de design, tendo como referência principal de microapartamento de Tóquio. "Acreditamos que as pessoas vão morar de forma cada vez mais compacta. Hoje, os consumidores, principalmente os jovens, querem mais mobilidade e praticidade, em vez de grandes áreas e apartamentos", afirma o dono da construtora Vitacon, Alexandre Lafer Frankel. "Como na região existem muitas universidades, nossa proposta é, além de atender executivos, vender para estudantes." Para Frankel, os consumidores brasileiros vão aderir, mais cedo ou mais tarde, a um conceito de vida "mais simples, com menos coisas e menos custos". "Mesmo num espaço de 19m² é possível ter a mesma coisa que num apartamento de 50m². Para isso, é preciso apenas ter móveis inteligentes e espaços bem utilizados. Isso vai provocar uma mudança na vida das pessoas de forma avassaladora", diz.

52


7. RESIDÊNCIA MÍNIMA São Paulo não é a única capital que está em alta à ideia de microapartamentos. Até os anos 90, relatos sobre os "miniflats" japoneses ainda causavam espanto em diversos países. Hoje, a redução progressiva do tamanho das moradias ocupadas por famílias e profissionais de classe média é uma tendência em regiões centrais de metrópoles dos mais variados cantos do globo - dos EUA ao Canadá e Grã-Bretanha - o que vem alimentando uma série de polêmicas e debates.

7.1Loft / Studio O conceito de Studio saiu da ideia do Loft que, por sua vez, surgiu a partir de antigos armazéns dos Estados Unidos, no começo do século XIX. São apartamentos sem paredes, onde tudo é integrado, exceto o banheiro, e com área a partir de cinquenta metros quadrados. Em geral, o Studio é a mesma coisa, porem menor e mais compacto. Ambos têm um estilo moderno, industrial.

53


Figura 10 - Steel Loft, Ommi Arquitetura - S達o Paulo.

Figura 11 - Studio, S達o Paulo - Arroba casas.

54


.

7.2Quitinete/ Conjugado Quitinete e conjugado são sinônimos, com o significado inglês de cozinha pequena. Com até cinquenta metros quadrados, esse tipo de apartamento tem sala junta com o quarto, uma área pequena para a cozinha e o banheiro separado por paredes ou divisórias. Segundo, Marise Kessel, arquitetura renomada em arquitetura mínima, voltada para o valor simbólico, diz "Normalmente essas moradias são tidos como mais simples, porque o nome quitinete (no bom português) passa a ideia de um lugar modesto. Mas o nome tem a ver com tamanho mesmo".

Figura 12 - Quitinete, centro de Curitiba - Brasil Books.

55


Figura 13 – Planta do Conjugado. São Paulo – Casa da Ideia.

7.3Flat / Apart-hotel Esse tipo de habitação costuma ser compacto, como um quarto de hotel e conta com os serviços práticos pra quem pode pagar, tendo essa vantagem;

como

por

exemplo,

serviços

de

hotelaria

(arrumação,

lanchonete e lavanderia). A diferença entre flat e Apart-hotel é que, no primeiro, os dormitórios podem até receber hóspedes, em vez de moradores.

56


Figura 14 - Flat MacaĂŠ. Empreendimento da construtora Maroco e Infraestrutura.

Figura 15 - Apart hotel. Empreendimento Nexus

57


8. PROJETO.

8.1. Partido arquitetônico. Para construir uma residência mínima, é preciso de conhecimentos mínimos para a locomoção, agachamentos, dimensões de mobílias, e o que o individuo necessita para o seu dia a dia. Circulação Entrada

Estantes

Vaso

Box

60 CM

90 CM

80 CM

Corredor

60 CM

Cozinha

90 CM

Quarto

60 CM

Banheiro

Porta

45 CM 60 CM

Informações retiradas de projetos estudados durante o curso.

Através do desenvolvimento do trabalho teórico e das plantas sobre as residências mínimas similares, é conclusivo

58


observar que o individuo teria o mínimo de espaço para viver, o cotidiano, de um indivíduo do século XXI. 8.2. Programa. O programa será obtido pelos estudos das residências existentes e estudas durante o processo do trabalho de conclusão de curso final. O programa será um apartamento, será de 12m², composto de dormitório (cama, guarda roupa), área para preparo de alimentos e área de serviço (pia, fogão, micro-ondas, armários e maquina de lavar ), sala (estante com televisão, mesa para trabalho com cadeira), e por fim, banheiro (pia, privada e box para banho).

8.3. Terreno. Com a conclusão do terreno foi obtida pelo estudo de hábitos de usuários que utilizam a residência mínima e de lugares de centros comerciais, facilidade de transporte público e bairros que tenham um comercio favorável ao seu redor. 59


Por isso, foi escolhido um lugar, localizado na subprefeitura de Pinheiros, dentro de uma zona ZM-2 (zona mista de média densidade), com sua rua principal sendo a Arthur de Azevedo, numero 2069; com a Rua Cunha Gago, numero 87 (sendo o 160 com 549, formando 554); tendo logradouro como coletora (aquela destinada a coletar e distribuir o transito que tenha a necessidade de entrar ou sair de vias de transito rápido ou arteriais, possibilitando o transito dentro das regiões da cidade). Seu terreno é composto por 8,5m (oito e meio metros) de frente, por 10m (dez metros) de comprimento. Seu terreno está localizado em um bairro nobre, chamado de Vila Olímpia, dentro do distrito do Itaim Bibi, especificada na zona sul da cidade de São Paulo – SP. É também um dos grandes centros econômicos, assim como o centro da cidade, Avenida Paulista, a Avenida Brigadeiro Faria Lima e Brooklin. A região, chamada hoje de Vila Olímpia, teve inicio do século XX era rural, formada por chácaras de imigrantes e descendentes de italianos e portugueses em sua parte mais alta 60


e de terrenos lamacentos na várzea do rio Pinheiros, na parte baixa26.

Nos

anos trinta,

houve um loteamento destas

propriedades rurais e áreas verdes, havendo uma urbanização da área. Nas áreas de várzea, indústrias de médio e grande porte, sofriam pelas constantes enchentes do rio, tornando a região menos valorizada. A partir de 1990, o bairro recebeu melhorias realizadas pela Prefeitura da cidade, tais como: a construção ou melhoria das avenidas e alargamentos de ruas que geraram uma ligação do bairro com diversas áreas da cidade. Após as obra subterrâneas nos rios Uberaba e Uberabinha houve um grande desenvolvimento imobiliário por conta do fim do alagamento, criando uma explosão de lançamentos de edifícios modernos na área27. Este processo acumulou muitas mudanças na Vila, com a valorização dos imóveis, trafego intenso de veículos e pessoas, migração das indústrias para outras localidades, 26

Moradores recordam da época da Chácara Itaim e do matagal Vila Olímpia. Empregado (Sr. Manoel) da Subprefeitura de Pinheiros recorda fatos marcantes nessa região, trabalha há quase cinquenta anos no órgão público. 27

61


investimentos privados em tecnologia de ponta, possibilitando a edificação de “prédios inteligentes” e megaempreendimentos. Sofre com a grande quantidade de indivíduos e transportes em relação com a falta de espaço para estacionamentos. A região também é conhecida pela noite, grande fama com sua vida noturna badalada, por conta de seus diversos bares, casas noturnas, sendo considerada como uma das principais áreas de lazer da juventude paulistana.

Imagem retirada da subprefeitura, MDC – Mapa digital da cidade, com topografia.

62


Imagem retirada da Subprefeitura, Quadra fiscal.

63


8.4. Desenvolvimento do projeto. 8.4.1. Croquis.

Estudo de plantas

64


Planta desenhado à mão, com medidas básicas e mobiliário.

65


Perspectiva da planta.

66


8.4.2. Desenhos 2D.

Planta da residĂŞncia.

67


Planta de cobertura.

68


Vista Frontal fora do terreno.

69


Vista Frontal de dentro do terreno

70


Vista lateral direita de dentro do terreno.

71


Corte AA

72


Corte BB

73


Corte CC

74


Corte DD

75


Corte EE

76


8.4.3. Desenhos 3D.

Perspectiva da residĂŞncia mĂ­nima.

77


Vista do interior da casa – banheiro

78


Vista do interior da casa - cozinha

79


Vista do interior da casa – quarto.

80


Vista do interior da casa – corredor.

81


Vista do interior da casa – porta de entrada.

82


9. CONSIDERAÇÕES FINAIS Identificação e reconhecimento da construção do conceito de mínima moradia, a partir da ideia de “mínimo para a existência” concebida pelos arquitetos do século XX. O tema habitação mínima pressupõe o domínio histórico dos acontecimentos culturais, econômicos e sociais do período anterior e principalmente do século XX. No qual, ocorre à reflexão dos arquitetos sobre o modo de vida do homem e a incorporação das novas tecnologias em progressão na melhoria da qualidade de vida. O impacto da revolução industrial e cultural ocorridas no século XIX e pela formação de novo padrão doméstico; o espaço da habitação nos serve mais a esta nova modulação, o individuo da contemporaneidade. O contexto requer problemas de moradias e aglomeração da população em centros urbanos. A solução foi à racionalização do processo e dos aspectos

funcionais

em

detrimento

do

conforto

das

moradias;

desenvolvendo uma nova metodologia que gerou modelos de forma dogmática. Com o tempo, a realidade exigiu algumas mudanças desses dogmas da arquitetura moderna como a mecanização e diminuição (espaço mínimo) da moradia. 83


A pequena habitação, ao longo de todo esse tempo demonstrou transformações para melhor compreensão de sua diminuição. Ao final, seu redesenho não só é constante como necessário. Para a conclusão do trabalho, é preciso de alguns estudos de tipos de habitação mínima, sendo elas em referencias bibliográficas e estudos com indivíduos, de hoje, para mostrar e saber o que eles tinham como hábitos antes e de depois dessas moradias. É discutido também o valor simbólico de casa, em relação de padronização social e a história, sendo mais detalhado na parte social. Afinal, homem está preparado para viver em espaços mínimos? Qual o limite para a redução dos espaços das moradias humanas? Como eles qualificam a moradia? Quais são os valores que temos hoje em dia? Ainda são algumas perguntas que não há comprovações de respostas, mesmo com base em estudos bibliográficos e conclusões feitas por estudiosos.

84


10.

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88


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