O diagrama no processo de concepção arquitetônica

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O DIAGRAMA NO PROCESSO DE CONCEPÇÃO ARQUITETÔNICA

LUIS GARCIA



“ Uma máquina abstrata ou diagramática não funciona para representar, mesmo que algo real, mas constrói um real por vir, um novo tipo de realidade ”. Deleuze e Guattari 1995



Luis Paulo Hayashi Garcia

O DIAGRAMA NO PROCESSO DE CONCEPÇÃO ARQUITETÔNICA

Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) do Bacharelado em Arquitetura e Urbanismo do Centro Universitário SENAC. Orientação: Prof. Dra. Valeria Cássia dos Santos Fialho.

São Paulo 2016



AGRADECIMENTOS O fim de um ciclo vitorioso em nossa vida se deve ao incentivo que ganhamos ao longo dessa trajetória. Por isso agradeço a todos aqueles que me encorajaram para tornar este momento possível. À Deus primeiramente, por me ajudar e me amparar nos momentos mais difíceis e, permitir trilhar esse caminho com saúde, família e amigos. Aos meus pais Paulo e Marly, que com muito amor, durante todos esses anos de graduação, me incentivaram a sempre crescer. A minha irmã Mariana, pelo apoio e ajuda nas horas em que mais precisei. À professora Dra. Valéria Fialho, em especial, por sempre acreditar em mim e em meu potencial, desde os anos de iniciação científica, monitoria e até neste presente trabalho. Pois seus conhecimentos, apoio e amizade fizeram-me chegar até aqui com sucesso. Ao corpo docente do curso de Arquitetura e Urbanismo e funcionários do laboratório de Design, que me proporcionaram muito conhecimento ao longo dos 5 anos e me ajudaram a concluir este trabalho, com destaque aos professores: Ricardo Luís, Paulo Magri, Gabriel Pedrosa, Bebete Viegas, Ralf Flores e aos técnicos: Félix, Lucas e Lorenzo. À minha namorada Gabriella Neri, que esteve sempre ao meu lado nos momentos mais difíceis e nos mais alegres durante todo o curso. Sempre acreditando em meu sucesso e me encorajando em meus sonhos. Sem o apoio de minha companheira este trabalho não seria possível. Aos meus chefes e companheiros de trabalho da Triptyque: Marcelo, Thiago, Felipe e Rodrigo pela compreensão, apoio, paciência e flexibilidade nessa jornada. Aos meu amigos e colegas que conquistei nesse anos, pelo apoio e parceria.


RESUMO O presente Trabalho de Conclusão de Curso tem como finalidade discutir processos projetuais com a utilização do diagrama como ferramenta de transformação na concepção de objetos arquitetônicos. Além do estudo das principais ideias do diagrama em sua conceituação, o estudo abordará como o diagrama se apresenta na prática de alguns arquitetos e escritório selecionados para investigação. A partir das questões colocadas o trabalho aplicará os conceitos discutidos no desenvolvimento de um projeto experimental.

Palavras-chaves: Diagramas, Experimentação projetual, Processo Arquitetônico, Investigação.

ABSTRACT The aim of this presente Final Graduation Work was to discuss the procedural projects by using the diagram as a tool of transformation in the design of the architectural objects. Besides there search of the main diagram ideas in his own conceptualization, this study will examine how the diagram appears in the real practice of some architects and offices selected for the examination. Thus, this work will apply the concepts previously discussed in the development of an experimental project.

Key-words: Diagrams, Experimental projects, Architectural Process, Investigation.


SUMÁRIO Introdução.

09

Capítulos: 1- Inquietações.

15

2- Definição do diagrama por:

25

Charles Sanders Peirce, Gilles Deleuze e Félix Guattari 3- O diagrama na arquitetura contemporânea:

37

Peter Eisenman, UNStudio, MVRDV e Greg Lynn. 4- A representação diagramática e suas funções.

91

5- Mapa Diagramático.

107

6- Experimento Projetual | Diagramas Indiretos.

115

7- Experimento Projetual | Diagramas Diretos.

197

8- Considerações Finais

231

Bibliografia | Lista de Imagens

235



INTRODUÇÃO


A arquitetura contemporânea traduz diversas questões colocadas pela sociedade e tenta, da melhor maneira possível, interpretá-las através de espaços criados nas cidades. Ferramentas arquitetônicas projetuais ajudam os arquitetos nas mais diferentes articulações entre o projeto e a construção do mesmo, por exemplo o uso de tecnologias computadorizadas, desenhos, modelos tridimensionais físicos e virtuais, diagramas etc.

Neste trabalho a ferramenta abordada como centro analítico de estudo é o diagrama. Nos anos 40 e 50 os diagramas funcionalistas de bolhas da Bauhaus e os esquemas diagramáticos para entender a obra de Palladio por Rodolf Wittkower, foram incorporados pelas universidades de arquitetura como uma forma de ensino da prática. Foi nos anos 80 e 90 que o diagrama se tornou, para muitos arquitetos, uma ferramenta importante no desenvolvimento do projeto, uma vez que explicavam, manipulavam e definiam muitos dos trabalhos desse período. Atualmente com o avanço tecnológico, principalmente computacional, os diagramas estão se tornando indispensáveis na concepção arquitetônica, pois, obras complexas e de grandes dimensões estão sendo implantadas em diversos lugares do mundo. Partindo deste cenário, este trabalho abordará as seguintes questões: O que é um diagrama? Como ele é articulado na concepção da arquitetura? Quais as principais representações diagramáticas contemporâneas?

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A partir desses questionamentos, o estudo se desenvolve desde pontos relacionados à filosofia e semiótica até questões tecnológicas. Primeiramente, inquietações relacionadas ao entendimento de metodologia e processo foram observadas. A questão metodológica trouxe uma discussão relacionada com arquitetura, podendo ser muito abrangente, além de muito extensa. Já o tema processos,

mostrou-se um assunto abrangente dentro do campo da arquitetura, porém tinha diversas camadas que poderíamos selecionar, como processos relacionados a representação gráfica, maquetes, modelos 3D etc. Ao estudar diagramas, a primeira dúvida apareceu relacionada com as inúmeras referências filosóficas citadas em diversos textos arquitetônicos, remetendo à questão: o que é um diagrama? A fim de melhor compreender o tema, pesquisou-se os pensamentos de Charles Sanders Peirce, Gilles Deleuze e Felix Guattari por serem os autores mais citados nos textos lidos. Pierce, em sua semiótica, relaciona os três níveis do signo: índice, ícone e o símbolo. Traz o conceito de ‘ícone diferenciado’ em seu discurso, denominado de Hipo-ícone que é subdividido em: metáfora, imagem e diagrama, trazendo o último o ponto central pois interfere, significativamente, nas demais subdivisões.

INTRODUÇÃO | 11


Já a filosofia francesa de Deleuze e Guattari, com fundamental apropriação do pensamento de Foucault, traz o entendimento do diagrama como uma ‘máquina abstrata’ que não funciona para representar algo real, mas sim traz uma nova realidade para ele. O capítulo seguinte traz o entendimento do diagrama no processo de desenvolvimento projetual, partindo da análise de alguns escritórios e arquitetos como referência. O primeiro

arquiteto é Peter Eisenman, um dos principais pensadores e articuladores do diagrama na concepção de seus edifícios, o qual trouxe a este trabalho um grande repertório a ser discutido. As abordagens feitas na carreira de Eisenman vão desde seu PhD em 1963, onde ele inicia os diagramas, até sua principal publicação, Diagram Diaries, que consolida a conceituação do diagrama em seu trabalho. Nesta importante publicação Eisenman faz uma autocrítica de sua carreira em três camadas distintas de pensamento diagramático: Anterioridade, Interioridade e Exterioridade. Outra referência para investigação foi o escritório holandês UNStudio, cujas percepções sobre o diagrama são claras e a principal delas é o entendimento deste como um mediador entre o objeto arquitetônico e o edifício real, construído. As tecnologias computacionais entraram com o discurso de outro escritório holandês o MVRDV e do arquiteto norte americano Greg Lynn; ambos utilizam necessariamente o computador para gerar os diagramas de seus projetos.

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As principais representações dos diagramas na arquitetura contemporânea estão reunidas no capítulo 4, onde se enfatiza a utilização pelos principais escritórios e arquitetos da atualidade, agregando ao trabalho uma visão geral das ideias principais do uso do diagrama na arquitetura contemporânea. O capítulo está dividido tópicos que abordam seis tipos de diagramas: em croquis, no

processo volumétrico, programáticos, estruturais, de circulação e de conforto ambiental. A sequência do trabalho traz um pensamento sobre a observação do estudo de uma maneira completa. O capítulo 5 explica como e porquê desenvolver um diagrama, ou mapadiagramático, e ajuda a compreender as conexões existentes entre os arquitetos/escritórios, pensadores e conceitos discutidos nos textos anteriores. O projeto, que é a continuação do estudo e a aplicação de todas as discussões apresentadas,

é descrito de maneira sucinta, relatando onde o experimento possivelmente será implantado e os programas que terá, além de discutir o bairro e o porquê da escolha do mesmo. Esta pesquisa objetiva fazer um pequeno e resumido mapeamento das principais questões sobre o diagrama em um pequeno recorte temporal da história da arquitetura aborda uma experimentação projetual com a intenção de compreender, na prática, como os diagramas conseguem desenhar e articular os espaços contemporâneos construídos e como a cidade consegue absorvê-los.

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INQUIETAÇÕES


O desenvolvimento dos primeiros pensamentos, diante a temática do Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), foram assimilados dentro de um processo de articulação e raciocínio arquitetônico relativamente turbulento, pois, diversas vezes tiveram que ser desconstruídos e reconstruídos de maneira diferente. Além de algumas convicções iniciais sobre o desenvolvimento deste trabalho que, aos poucos, foram descartadas, ou sofreram evoluções e desdobramentos inimagináveis, que serão descritos ao longo deste primeiro capítulo. A primeira ideia surgiu da vontade de compreender como um objeto de arquitetura é gerado dentro do pensamento metodológico do arquiteto. A centralidade do trabalho de pesquisa foi a metodologia adotada, e o estudo focou no entendimento dos ‘processos metodológicos’ utilizados por renomados arquitetos e escritórios, a fim de transferir esses conhecimentos para uma experimentação projetual desenvolvida na segunda etapa do trabalho. A partir deste momento observou-se a necessidade de compreender o significado da palavra metodologia desde sua etimologia, como mostra a seguir:

Metodologia = vem da palavra grega Methodos que tem significado ‘investigação científica’, ‘modo de perguntar’

Methodos = Meta + Hodos + Logos Meta = atrás, depois. Hodos = caminho. Logos = palavra, estudo.

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Dessa forma, a palavra se compreende no estudo de ‘métodos’, a fim de se chegar ao final de alguma investigação científica, e também significar o modo como é articulado essa investigação. Assimilando esses significados é possível entender o real sentido da palavra e sua amplitude dentro do campo do conhecimento. Levando para a área da arquitetura, percebeu-se a dificuldade de estudar ‘metodologias’ relacionadas à arquitetos/escritórios, uma vez que, para isso acontecer, seria necessário estar imerso dentro da área de trabalho (de um arquiteto/escritório) desde a chegada de um projeto até a sua finalização, para assim conseguir discutir ‘métodos’ e aplicá-los com uma visão particular. Consequentemente, as ideias se transformaram e foram conduzidas para o pensamento de ‘processos’ na arquitetura, pois era um afunilamento de todos as ideias que estavam se desdobrando. Assim como ‘metodologia’, importante entender a essência etimológica da palavra ‘processo’.

Processo = conjunto de medidas a serem tomadas a fim de atingir um objetivo. Do latim Procedere.

Procedere = ação de avançar, ir para frente.

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O aprofundamento no conceito de ‘processo’ permitiu uma correlação com a produção arquitetônica. Dentro dessa produção existem diversos tipos de ramificações e segmentos que podem ser capturados para constituir a centralidade temática no trabalho (TCC) a ser desenvolvido. Essas ramificações e afunilamentos, relacionados com o processo arquitetônico, são, por exemplo, processos de desenvolvimento por meio das tridimensionalidades

(virtuais

e

físicas),

técnicas

digitais,

conceituação

projetual,

representação/desenhos etc. Observando esses exemplos e as influências em diversas leituras surgiu o tema apropriado para ser utilizado como centralidade do trabalho que, segundo Montaner, apresenta o objeto conceitual a ser discutido. Para ele, os diagramas mostraram-se como um assunto intrigante contemporâneo para ser tratado, estudado e analisado dentro das possibilidades de processos arquitetônicos. ‘’Esses diagramas conceituais e interpretativos, que antecedem a elaboração do projeto, pretendem traduzir em formas arquitetônicas as forças e as realidades iniciais, convertendo-as em processos”. (MONTANER, 2009 - p.190)

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Para melhor compreender a evolução do trabalho, elaboramos o diagrama a seguir que exemplifica o avanço da atividade até este momento.

Fig. 01: Diagrama de entendimento processual, elaborado pelo autor.

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Com a definição do tema, os diagramas na arquitetura, perguntas começaram a surgir de forma natural questionando o entendimento de diagrama como, por exemplo, o que é um diagrama? Como se articula com a arquitetura? Suas representações são feitas de que maneira? Quais as principais abordagens diagramáticas na arquitetura contemporânea? Essas dúvidas começaram a ser sanadas a partir do entendimento, novamente, do significado da palavra em sua origem etimológica, abaixo:

Diagrama (português) é derivado do francês ‘Diagramme’

‘Diagramme’ provém, por sua vez, do grego ‘Diagramma’ ‘Diagramma’, assim significa: ‘Dia’ = através de. ‘Gramma’ = algo escrito, gráfica

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Sua compreensão inicia-se dentro da etimologia, o que possibilita dizer que seu significado é o entendimento de alguma coisa por meio da ‘representação gráfica ou de algo escrito’, mas não significando diretamente a esta ‘coisa’. A amplitude da palavra levou a investigar suas relações com a arquitetura contemporânea, uma vez, que nos dias atuais, este artifício se tornou muito comum nas representações arquitetônicas. Desde os anos 60 e 70 a abordagem diagramática cresce na arquitetura como uma maneira de transmitir relações e explicações para com os objetos arquitetônicos, a fim de melhor difundir as intenções projetuais que os arquitetos queriam dar à obra, como mostra a citação de Montaner: ‘’Diante as complexidades e da dispersão, e com a ajuda dos sistemas de criação por computador, uma parte da arquitetura contemporânea recorre cada vez mais aos diagramas (...) busca-se uma obra aberta, que interage informações heterogêneas e seja capaz de se retificar e de evoluir.’’ (MONTANER, 2009 - p.190)

Com o objetivo de ser uma ferramenta projetual de estudo, análise e explicação no âmbito da arquitetura, o diagrama se tornou conhecido dentro da representação gráfica com o auxílio da computação. Escritórios como UNStudio e MVRDV também discutem as utilidades diagramáticas no processo projetual contemporâneo. Além das diagramações representativas computacionais observadas neste processo, o diagrama apresenta uma relação histórica com arquitetura tornando-se objeto de debates desde o século 20 com a Bauhaus.

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O arquiteto Rudolf Wittkower produziu, nos anos quarenta, uma série de estudos com a utilização de diagramas que explicam a arquitetura desenvolvida por Palladio em diversas obras como Villa Rotonda, por exemplo. Segundo Peter Eisenman, a introdução, pela escola de Bauhaus, do diagrama de bolhas serviu para quebrar os paradigmas estipulados pelo funcionalismo. Estes diagramas feitos por Wittkower foram introduzidos nas escolas americanas de arquitetura nos anos 50 e 60, denominados como ‘diagramas dos nove cubos’, pretendiam entender uma arquitetura desenvolvida antes de sua concepção, tornando-se um exercício de projeto arquitetônico. Peter Eisenman, arquiteto norte americano, também utilizou os diagramas como ferramenta indispensável para a produção de sua obra arquitetônica, sendo que os de exploração formal e conceitual desenvolvidos na sua série de casas trazem à arquitetura importantes contribuições. No Programa de Iniciação Científica, desenvolvido durante os anos de 2013 -

2015, buscou-se respostas aos questionamentos feitos sobre as complexas volumetrias observadas nas obras de Eisenman para melhor compreendê-las. Este estudo foi dividido em duas etapas, a primeira relacionada ao início da carreira do arquiteto e a segunda, uma abordagem mais contemporânea de suas obras; neste trabalho, as influências arquitetônicas deixadas por ele, com foco em suas relações com o diagrama, são retomadas e apresentadas.

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A partir da leitura das conceituações de Eisenman em três diferentes termos sobre diagramas - de anterioridade, de interioridade e de exterioridade, houve a necessidade de compreender seu conceito dentro do campo da filosofia e semiótica, já que, além de Eisenman, outros autores como Anthony Vidler, abordam essas relações externas à arquitetura para refletir sobre o diagrama por ela adotado. Dessa forma o desenvolvimento do trabalho seguiu para a abordagem da compreensão do diagrama na filosofia de Deleuze/Guattari e da semiótica de Charles Sanders Peirce, melhor descritos no capítulo 2. A abordagem desses autores mostrou-se significativa para melhorar o entendimento do conceito de diagrama e, assim, compreender seu uso na arquitetura (com os textos de Eisenman e Anthony Vidler, por exemplo) e, enfim, para o desenvolvimento de uma experimentação com um objeto arquitetônico centralizado no processo diagramático.

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DEFINIÇÃO DE DIAGRAMA POR: Charles S. Peirce Gilles Deleuze Félix Guattari


As leituras feitas, como base de compreensão para o entendimento dos diagramas na arquitetura, trazem diversas referências de conhecimento externo à arquitetura como a filosofia, por exemplo. Este capítulo apresenta algumas dessas principais referências: a semiótica desenvolvida por Charles Sanders Peirce e a filosofia de Deleuze e Guattari. Estes autores mostraram-se importantes para a discussão pois apresentam ideias diversificadas do tema estudado. Mesmo que as abordagens estão em períodos distintos, com Peirce no final do século XIX/início do século XX e Deleuze e Guattari nos anos 60 do século XX, eles trazem representativas reflexões sobre diagrama e significativas representações com a articulação diagramática na prática arquitetônica. Charles Sanders Peirce é um filósofo, matemático, físico e químico que nasceu em Massachussets, Estado Unidos, no ano de 1839. Foi uma das personagens que fundamentaram a semiótica por meio de suas percepções entre os diferentes significados de signo e a conduzindo a uma particular compreensão de diagrama. Peirce compreende como signo a representação de qualquer coisa que esteja em relação com algo. Surge numa determinada ‘pessoa’ e dirige-se a uma outra, em cujo espírito cria um signo equivalente ou até mais desenvolvido. O signo criado é ‘interpretante’ do primeiro. E assim sucessivamente.

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Sua percepção sobre as temáticas de signo e representação, que são utilizadas até hoje como a melhor interpretação desse assunto, foi primeiramente definida em 1867 em seu texto denominado “On a new list of categories”. Segundo Peirce, os signos são:

“...são divisíveis conforme três tricotomias; a primeira, conforme o signo em si mesmo for uma mera qualidade, um existente concreto ou uma lei geral; a segunda, conforme a relação do signo para com seu objeto consistir no fato de o signo ter algum caráter em si mesmo, ou manter alguma relação existencial com esse objeto ou em relação com um interpretante; a terceira, conforme seu interpretante representá-lo como um signo de possibilidade ou como um signo de fato ou como um signo de razão.” (PEIRCE, Charles Sanders. Semiótica. São Paulo, ed. Perspectiva, 3.ed., 2000)

Segundo Peirce, o signo é um primeiro (S) que está em relação de representação para com um segundo, seu objeto (O), para fins de sua significação em um terceiro, seu interpretante (I). Ser o primeiro é ser original, ser o segundo é ser alteridade, o terceiro é ser mediação significativa.

Fig. 02: Diagrama do signo peirciano, elaborado pelo autor.

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A partir da compreensão da significância dos signos, podem ser apresentados e discutidos ícone, índice e símbolo, cada qual com características particulares que se relacionam com o objeto distintamente. Ícone: signo representativo relacionado para com o objeto por meio da similaridade ou semelhança. Apresenta mesmas características do objeto e, mesmo que não se pareçam, mantém o mesmo significado (eco do objeto). Por exemplo: fotografia de uma residência. Índice: signo que articula sua função por meio da indicação de algo que está relacionado com o objeto por contiguidade ou proximidade. Por exemplo: dedo apontado para algo. Símbolo: Signo que tem caráter arbitrário e não significa exatamente o que ele representa. Está relacionado à mente e sua interpretação de ideias produzidas por convenção. Por exemplo: a cor preta como significado de luto.

Peirce identifica o signo ícônico 20 anosapós ter escrito “On a new list of categories”, agora como Hipo-ícone ou ‘signo diagramático’. O Hipo-ícone é dividido, dentro da atualização do ícone, em três categorias - Metáfora, Imagem e Diagramas, relacionadas a partir de seu vínculo\com o objeto.

“Hipo-ícones podem ser grosseiramente divididos de acordo com o tipo de Primeiridade da qual participam. Aqueles que participam de simples qualidades, ou Primeiras Primeiridades, são imagens; aqueles que representam as relações, principalmente diádicas, ou assim consideradas, das partes de uma coisa por relações análogas em suas próprias partes, são diagramas; aqueles que representam o caráter representativo de um representar pela representação de um paralelismo em outra coisa, são metáforas.” (CP 2.277, EP2: 274)

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Metáforas: Correspondem a ícones instanciados de hábitos, convenções ou leis gerais. Fig. 03: Hipo-ícone de metáfora, por Priscila L. Farias.

Imagens: Devem ser entendidas como ícones instanciados de qualidades imediatas, aparentes, ou superficiais. Fig. 04: Hipo-ícone de imagem, por Priscila L. Farias.

Diagrama: É aquele que interage relações internas e externas dos objetos de uma maneira analogicamente mais abstrata.

Fig. 05: Hipo-ícone diagramático, por Priscila L. Farias.

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Assim na observação das categorias lógicas na qual Peirce estabelece, existe uma relação entre elas de intersecção. As ‘metáforas’, para atingir o status de ícone de convenção, há internamente uma dependência diagramática para expor sua relação para com o objeto. Os ‘diagramas’, por sua vez, absorvem das ‘imagens’ para transmitir suas inter-relações analógicas, abstratas ou não, com o objeto. Por último, as ‘imagens’, ao transparecer complexidades, necessitam da composição de elementos para melhor compreensão, muitas vezes podem ser interpretadas como ‘diagramas’. Portanto, tendo esta percepção das diferenças entre os três itens definidos por Peirce, compreende-se a centralidade que o diagrama tem perante as lógicas dos ícones/hipo-ícones, discutidas pelo autor americano e como a intersecção diagramática trabalha em todos eles. Para Peirce, o diagrama carrega consigo a identificação de representação e criação, pois, o grafismo e a observação por terceiros, traz ao diagrama novas possibilidades de conexões para com o ‘objeto’ que antes não foram pensadas e só conseguiram ser transmitidas por meio do diagrama. O raciocínio diagramático, segundo Peirce, é o único tipo realmente fértil , pois é um processo que vai dando forma ao pensamento ainda não consolidada, resultando em vantagens como a observação das novas revelações e a construção de um pensamento esquemático e visual.

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“Formamos na imaginação algum tipo de representação diagramática, isto é, icônica, dos fatos […]. Este diagrama, que foi construído para representar intuitivamente ou semiintuitivamente as mesmas relações que estão expressas de forma abstrata nas premissas, é então observado, e uma hipótese se sugere […]. Para testá-la, vários experimentos são feitos sobre o diagrama, que é modificado de várias maneiras. […] a conclusão é por força verdadeira devido às condições de construção do diagrama.” (CP 2.778 1901)

Seguindo a temática do capítulo, as ideologias agora discutidas serão relacionadas às de Gilles Deleuze., Filosofo francês, apresenta um discurso conceitual sobre a questão do entendimento do diagrama contemporâneo que, segundo ele, surgiu das matérias e funções de Foucault. Deleuze credita a Foucault essa contemporaneidade diagramática, e diz que apenas reinterpretou o termo discutido. Michel Foucault contribuiu de maneira significativa e crítica para a tradução do diagrama. Ele introduziu o sentido diagramático através das relações epistemológicas entre ‘clássico’ e ‘moderno’, por exemplo. É a própria existência do diagrama que demonstra a existência de uma nova ordem de poderes, e, para Foucault, é o ícone de mudança epistemológica. O exemplo arquitetônico que ele sublinha é o panóptico desenhado pelo filósofo inglês Jeremy Bentham.

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Fig. 06: Modelo de penitenciária por J. Bentham, denominado de Panóptico.

O panópitco é um edifício que tem formato circular e anelado, com um pátio central, e nele há uma torre centralizada. A circunferência abriga diversas celas que tinham aberturas tanto para fora quanto para dentro do panóptico. Na torre central fica o vigilante que observa a todos sem a menor obstrução de sua visão. O panoptismo corresponde à visão e observação total diária das pessoas, é a vigilância sem

deixar saber que as pessoas estão sendo vigiadas. Dessa forma este tipo de ‘educação’ tenta colocar ordem, sem a necessidade de combates físicos, apenas com artifícios psicológicos.

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Assim, em um sentido resumido, Foucault tenta compreender a sociedade moderna a partir dessa maneira diagramática de ‘adestramento’ e vigilância social. É neste ponto que Deleuze contribui para o desdobramento do entendimento do diagrama, compreendendo que, para ele, o panóptico é um diagrama generalizado para toda uma sociedade e o subverte na tentativa de entendê-lo como ‘uma específica maneira particular entre as relações de matéria informe e desorganizado e funções não formalizadas e não finalizadas’. Dessa forma, para Deleuze, o diagrama é um tipo de mapa/máquina , uma abstração espaço - temporal. O diagrama, segundo os estudos de Gilles Deleuze com Félix Guattari, em Mil Platos, não contém forma, conteúdo ou expressão, opera por matéria (multiplicidade humana) e não por substância, por função (controle dessa multiplicidade) não por forma, retendo o conteúdo e a expressão de desterritorialização. Em sua relação com a ‘máquina abstrata’, não é físico nem corpóreo e está para além de semiótica peirciana, relaciona singularidades virtuais e forma multiplicidades no plano da consistência, como mostra a citação a seguir:

“Uma máquina abstrata em si não é mais física ou corpórea do que a semiótica. Opera por matéria, e não por substancia: por função, e não por forma. (...) Enquanto a expressão e o conteúdo têm formas distintas e se distinguem realmente, a função tem apenas ‘traços’, de conteúdo e de expressão, cuja conexão ela assegura: não podemos mesmo mais dizer se é uma partícula ou é um signo. Um conteúdo-matéria que apresenta tão somente graus de intensidade, de resistência, de continuidade, de aquecimento, de alongamento, de velocidade ou de demora: uma expressão-função que apresenta tão somente ‘tensores’, como em uma escrita matemática, ou antes, musical.” (DELEUZE; GUATTARI, 1995b, p.99-100)

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Deleuze e Guattari ainda afirmam sua relação diagramática com aos conceitos da máquina abstrata. “É uma máquina abstrata ou diagramática não funciona para representar, mesmo que algo real, mas constrói um real por vir, um novo tipo de realidade.” (DELEUZE;GUATTARI, 1995b, loc. cit.)

Os dois conceitos têm sentidos diferentes, porém os autores os colocam de maneira próxima, mas ainda assim distintas. Compreende-se que a máquina abstrata sempre atua diagramaticamente e um diagrama pode ser entendido como máquina abstrata, estabelecendo novas conexões, possíveis ‘vir a ser’, e novas realidades. É esse conceito de diagrama que estabelece as abstrações relacionadas para com o objeto a que se refere. Olhando para as duas versões intenções conceituais de diagramas de Pierce e Deleuze/Guattari, percebe-se as diferenças entre esses pensamentos. O primeiro parte para uma relação diagramática referenciada diretamente com a imagem visual para com os objetos. E para Peirce o diagrama transmite uma nova interpretação e significados segundo o interpretante ou observado, do objeto a que este se refere. Já as percepções de Deleuze/Guattari estão em um campo abstrato diferenciando das relações semióticas estabelecidas por Peirce.

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O diagrama que os dois filósofos franceses expõem é uma nova interatividade para com o objeto, uma abstração e virtualidade, um possível ‘vir a ser’ que se manifesta através dos pensamentos, não por forma mas sim por função e não por substância mas sim por matéria. A intenção do entendimento de diagrama no contexto da filosofia apresentado resumidamente acima nas duas diferentes interpretações, tem como finalidade interpretar e

absorver algumas questões, a fim de observar com um olhar mais minucioso os diagramas produzidos diretamente na arquitetura. Portanto as novas abordagens que seguirem neste trabalho sobre o diagrama na arquitetura, certamente, irão trazer novas percepções ao trabalho e ao futuro desenvolvimento de uma experimentação projetual.

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O DIAGRAMA NA ARQUITETURA CONTEMPORÂNEA: Peter Eisenman UNStudio MVRDV Greg Lynn


Nesta etapa do trabalho foram selecionados os principais arquitetos/escritórios contemporâneos que falam e discutem a atuação da ferramenta diagrama no processo de composição de projeto. Alguns deles abordam os conceitos de filosofia discutidos no capitulo anterior, mas, agora, com completo foco na arquitetura. Arquitetos e escritórios como Peter Eisenman, UNStudio e MVRDV além de outros, serão abordados para compreender os diagramas contemporâneos, com o auxílio de imagens, desenhos e diagramas. O início deste capítulo introduz um dos percursores do ingresso e do entendimento do diagrama como algo além de sua percepção básica: como uma interpretação mais profunda e conceitual. Peter Eisenman é arquiteto e norte americano formado pela Universidade de Cornell. Após a defesa de seu PhD em Cambridge, em 1963, onde teve maior contato com um de seus mentores Colin Rowe, Eisenman percebe e começa a conceituar suas ideias sobre o diagrama, que também foram introduzidas por Rowe em sua dissertação.

Fig. 07: Capa da dissertação de P.h.D. e diagrama da obra ‘Casa del fascio’ de Giuseppe Terragni, por Peter Eisenman.

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Foi, segundo Moneo, com o contato direto com Rowe, que Eisenman percebe a arquitetura moderna. Ao estudá-la, faz críticas sobre uma de suas bases ideológicas principais, ‘a forma seguindo função’. Ele ainda afirma que, perante a isto, a arquitetura moderna não alcançaria sua total plenitude. Além das investigações modernas, Eisenman tem uma relação forte com Palladio. Os estudos desenvolvidos sobre sua obra têm fundamental importância na abordagem diagramática, pois utiliza de diagramas denominados de anterioridade, melhor explicado mais a frente.

Fig. 08: Diagrama de anterioridade da Villa Rotonda de Palladio, por Peter Eisenman.

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Para Eisenman, uma de suas referências dentro da conceitualização do diagrama veio da introdução do historiador de arte Rudolf Wittkower e seus diagramas que foram utilizados para estudar e descrever as Villas desenhadas por Palladio. Esta maneira de entender projetos já realizados, introduzido como um exercício denominado ’nine square grid’ no ensino de arquitetura americano nos anos 50 e 60, serviu, segundo Eisenman, como antidoto aos já desenvolvidos diagramas de bolhas funcionalistas nascidos no Bauhaus. Estes desenhos se tornam mais do que simplesmente geometrias e adquirem o significado de diagramas a partir do momento em que eles conseguem explicar o trabalho de Palladio e não simplesmente como ele trabalha, ou seja, não representam as plantas desenhadas por ele, mas demonstram o diagrama ‘escondido’ na arquitetura que ele nunca desenhou.

Fig. 09: Diagrama das obras de Palladio, por Rudolf Wittkower.

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Em seu trabalho, ele absorveu questões de complexo entendimento no campo da filosofia com autores como Chomshy, Peirce, Foulcault, Deleuze e Derrida. Eisenman incorpora uma linha de raciocínio diagramático, não apenas por que utiliza diagramas em seu processo arquitetônico, mas sim por sua inquietação perante a arquitetura e a necessidade de incorporar questões externas a ela, algo que está contido desde sua formação.

Podemos perceber dentro de sua carreira que o contato com a filosofia francesa ocorreu por volta da metade dos anos 80. Neste período foi quando o arquiteto desenvolveu, mais a fundo, o seu pensamento crítico e teórico sobre os diagramas que já vinham sendo utilizados em seus projetos de arquitetura e integrando conceitos como ‘máquina abstrata’, discutidos por Deleuze e Guattari. No texto ‘Diagram: An Original Scene of Writing’, publicado no ano de 1999 no livro

‘Diagram Diaries’, Eisenman explora os conceitos de diagrama contemporâneos sobrepondo as reflexões diagramáticas filosóficas e arquitetônicas. Neste texto o principal ponto sublinhado é a relação entre escrita e texto, uma vez que o diagrama traça e escreve e pode ser lido e traçado pela arquitetura. Acredita também que o diagrama permeia a história da arquitetura e reconhece referências externas como terreno, entorno, programa etc. No texto o arquiteto demonstra a importância das ideias pós-modernas e pós-estruturalistas do diagrama recorrendo a pensadores como Derrida e Deleuze, sendo que este último o

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influenciou a desviar sua atenção para o diagrama como algo estruturado, estático e não hierárquico, e, como Deleuze diz: ‘o diagrama é a possibilidade do fato, não é o fato em si mesmo’, ou ainda ‘um máquina diagramática constrói um vir a ser, um novo tipo de realidade’ e também introduz a visão e percepção do diagrama se relacionado com a abstração. Já Derrida traz a noção da escrita arquitetônica, a qual é a condição da memória reprimida, que Eisenman compreende na arquitetura como traço. Na incorporação arquitetônica, segundo Eisenman, o diagrama traz a possibilidade de escrever e ler a arquitetura projetada; faz ainda uma reflexão conceitual sobre seus diagramas dizendo que eles têm uma proposição diferenciada, como mostra a passagem a seguir.

“Enquanto os diagramas de Wittkower e Rowe essencialmente confiavam numa análise de formal como uma condição estável e a priori, meus diagramas continham as sementes de algo a mais: eles propunham a possível evidência da interioridade formal da arquitetura para problematizar o conceitual, a crítica e talvez à diagramação de uma instabilidade préexistente na sua interioridade.” (EISENMAN, Peter. 1999, p. 48)

Seguindo esta diferenciação na interpretação dos diagramas, Eisenman observa duas vertentes

diagramáticas

na

história

da

arquitetura

como:

explicativa/analítica

e

gerativo/generativo. A primeira, sendo analítica, tem o diagrama em uma posição pós-

representativa, uma forma de explicar e analisar edificações já existentes, retirar informações não explícitas no projeto e investigar o mesmo.

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A segunda maneira generativa, tem como objetivo intervir no processo arquitetônico, sendo um agenciador entre o diagrama e o próprio edifício real. O arquiteto ainda conceitualiza o diagrama, dentro de sua carreira descrita no livro ‘Diagram Diaries’, uma vez que, esta publicação é uma autocrítica de Eisenman em observação de seu próprio desenvolvimento projetual. O livro traz projetos que estão basicamente divididos em três níveis:

Fig. 10: Diagrama sequencial, pelo autor.

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Fig. 11: ‘Diagram Diaries’, por Peter Eisenman.

Estas três denominações feitas por Eisenman tem como objetivo relacionar os diagramas com os processos de arquitetura que ele desenvolveu até o ano da publicação do livro autocrítico, 1999. Traduz estes termos como anterioridade, interioridade e exterioridade.

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A anterioridade é uma questão que toda arquitetura detém: o acúmulo histórico de arquitetura passadas. O diagrama de anterioridade tem por finalidade ser analítico e explicativo de alguma arquitetura previamente definida, projetada e executada e demonstra relações que não estão explícitas visualmente na arquitetura formada. Ele apresenta e levanta discussões relacionadas à arquitetura como composição, forma, estrutura, estética e conceitos. Os produzidos por Eisenman em sua tese de PhD de 1963 (na época o arquiteto não tinha a noção conceitual desse diagrama) estão relacionados aos pensamentos de anterioridade da arquitetura, pois são analíticos e explicativos, como os dos arquitetos modernos Le Corbusier e Terragni. Seus desenhos diagramáticos têm como objetivo educar o olhar do arquiteto para possibilidades inexistentes na arquitetura. Para exemplificar o diagrama de anterioridade as representações feitas por Eisenman nas obras de Palladio são importantes referências iconográficas.

Fig. 12: Diagrama de anterioridade da Igreja do Redentor de Andrea Palladio, por Peter Eisenman

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Fig. 13: Diagrama de anterioridade da ‘Casa del Fascio’ de Giuseppe Terragni, por Peter Eisenman.

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Podemos observar nestes desenhos exatamente as características descritas na anterioridade da arquitetura e sua tradução em um objeto arquitetônico existente/construído. A tentativa de elucidar todas as questões analíticas referentes àforma, volumetria e composição, para compreender os projetos como um todo, fica explícito nos desenhos mostrados anteriormente.

Da mesma maneira que a anterioridade apresenta um conteúdo histórico arquitetônico incorporado, a interioridade, segundo Eisenman, também adquire esse acúmulo histórico. Interioridade se sobrepõe ao diagrama de anterioridade, pois ambos trazem questões internas históricas colocadas sobre o projeto arquitetônico e também trazem um próprio discurso para a arquitetura em um determinado presente. Eles se sobrepõem no momento em que um de anterioridade é descoberto como um diagrama de interioridade que nunca fora feito pelo arquiteto original do projeto discutido e analisado.

“ Na interioridade da arquitetura há também uma história a priori, o conhecimento acumulado de todas as arquiteturas prévias.” (EISENMAN, Peter. 1999)

Ainda: “ … os arquitetos desejam evidenciar, tornar visível a interioridade da arquitetura, que, como já foi dito incluía anterioridade… “ (MONEO, Rafael. p.181)

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Eisenman observa uma noção perigosa relacionada à anterioridade que é a ‘normatização’. Para que isto não ocorra o arquiteto utiliza um conceito denominado por ele como ‘presencialidade’ (presentness). E, segundo Rafael Moneo, a presencialidade não permite que o objeto arquitetônico seja absorvido pela interioridade normalizada (padronização) e que o objeto permaneça fora de seu tempo como instrumento crítico.

É nas casas realizadas entre o final dos anos 60 e 80 que Eisenman inicia sua busca pela interioridade da arquitetura. Nas casas iniciais de sua carreira, que são a House I, House II e House III, o arquiteto articula a ‘presencialidade’ diagramática com questões formais e volumétricas, se desvinculando da tradicional forma projetual moderna. Nesses projetos o objeto para iniciar o desenvolvimento da arquitetura é o cubo, pois é a geometria conceituada como uma forma pura, cubo platônico e sem significância e influência na trajetória processual. Os diagramas produzidos nestas casas são o processo inverso dos de anterioridade onde há a necessidade de uma arquitetura existente para compreendê-la e analisá-la; já os diagramas de interioridade, desenhados por Eisenman, trazem o inverso e começam seus primeiros projetos explicativos e históricos da arquitetura projetada. A House I é a primeira ‘residência’ projetada por Eisenman com as ideologias de interioridade. Na realidade, ela é um museu de brinquedos, uma extensão de uma casa em Princeton, New Jersey.

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Fig. 14: Diagrama da House I, por Peter Eisenman

Fig. 15: House I, por Peter Eisenman.

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Os diagramas produzidos nesta residência têm como objetivo assinalar a arquitetura de interioridade com o objeto arquitetônico final. O diagrama de interioridade nesta residência objetiva achar outros internos do projeto e, para encontra-los, Eisenman elabora um método racional que relaciona sequências de A1 para B1 e sobrepõe com A1, A2, B1 etc. Segundo Eisenman, esse diagrama executado para a House I justifica o que foi projetado ou o

projeto é um resultado dos diagramas. A partir dessa ideia que o arquiteto retoma, como referência diagramática, os analíticos de anterioridade de Giuseppe Terragni da obra ‘Casa del Fascio’, como mostra a citação a seguir.

“ Os diagramas da House I são similares aos do estudo sobre o trabalho de Terragni. Em Terragni os diagramas eram uma tentativa de explicar o que era intuitivo. ” (EISENMAN, Peter. 1999)

A casa seguinte, House II localizada em Hardwick projetada em 1969-70, tem uma intenção semelhante ao da primeira, mas desta vez Eisenman sobrepõe questões que antes não eram abordadas. Ele agora percebe como outros elementos da arquitetura podem ser objetos de articulação no processo de criação diagramática da casa, como as colunas, pilares e as paredes. Segundo ele, ‘colunas e paredes são raramente lidas inicialmente como signos, mas sim como integrantes da arquitetura’, dessa maneira, utiliza essas composições da arquitetura como signos separados do objeto final e sendo materiais de desenvolvimento projetual.

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Portanto, pretende utilizá-los desvinculando-os da arquitetura sem suas funções principais, como a coluna de sustentação e paredes de fechamento por exemplo, como podemos observar nos diagramas a seguir da House II:

Fig. 16: Diagramas da House II, por Peter Eisenman.

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No processo dessa residência Eisenman incorpora a utilização de modelos tridimensionais físicos, as maquetes, para melhor compreender as diagramações feitas nesta casa, ajudandoo no processo de visualização do projeto e eventuais modificações que os diagramas processuais podem sofrer. As casas seguintes e outros projetos também incorporaram este recuso arquitetônico de diferentes maneiras particulares.

Fig. 17: Diagrama tridimensional físico da House II, por Peter Eisenman.

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O projeto da House III entra na ideia de concepção das outras duas anteriores. A residência localizada em Lakeville, Connecticut, mostra de maneira explícita sua interioridade por meio de seus diagramas, uma vez que Eisenman trabalha com o mecanismo de rotação ficando evidenciado na construção da casa. No início dos anos 70 este tipo de interferência nos ângulos das edificações são novidades como diz Rafael Moneo na citação:

“Passados 25 anos contemplando esse tipo de rotação, hoje mecanismos sintáticos semelhantes estão presentes nas pranchetas de arquitetos e estudantes. ” (MONEO, Rafael. pag. 150, 2008)

Os diagramas desenhados para essas obras marcam a introdução da rotação. Os processos formais articulados pelo arquiteto, neste projeto, são verdadeiramente mediadores do objeto final. Além da notável rotação executada, Eisenman reparte esta geometria cúbica em três volumes proporcionando maiores facilidades na composição volumétrica. A estrutura entra sobrepondo os volumes repartidos e rotacionados sem maiores preocupações estruturais, assim, com propósito compositivo, partes dela não tem suas funções originais. As paredes, assim como a estrutura, também seguem a mesma lógica e muitas vezes compõe a casa.

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Fig. 18: Croqui volumétrico da House III, por Peter Eisenman.

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Fig. 19: Diagramas de interioridade da House III, por Peter Eisenman.

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Fig. 20: Imagem da House III.

Seguindo a série de residências projetadas por Eisenman, a próxima tem uma sobreposição na compreensão dos diagramas de interioridade interessante para a continuidade de suas residências. Esta sobreposição conceitual está contida na não construída House IV e que Peter Eisenman denomina de ‘decomposição’.

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O pensamento de Eisenman para a interioridade da arquitetura é interligado, neste momento de sua carreira, ao processo compositivo articulado com a forma cúbica e seus diagramas. No momento em que se percebe esta real articulação da forma cúbica na interioridade da arquitetura e como há a interferência de maneira significante, ele se vê ‘obrigado’ a tentar modificar esta interferência formal.

Como a forma do cubo sempre foi o ponto de origem da interioridade das casas I, II e III, na IV Eisenman não deixa claro a origem de seus diagramas. Assim ele utiliza a ‘decomposição’ de diversas formas, relacionadas ao cubo, com sequencias diferenciadas e as sobrepõe para chegar no volume final da casa. Todas as modificações feitas nas formas relacionadas ao cubo, ele as descreve como um filme e cada movimento executado dos diagramas como um frame. Cada frame de um filme tem uma sequência clara e um entendimento lógico linear, porém os diagramas da House IV não formam sequências e muito menos são lineares.

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Fig. 21: Diagramas da House IV, por Peter Eisenman.

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Fig. 22: Modelo tridimensional físico da House IV, por Peter Eisenman.

Partindo da concepção diagramática de decomposição as casas que se seguem entram dentro desse conceito, como por exemplo na El Even Odd e House VI. A House X projetada em Bloomfield Hills, Michigan, 1975, traz às suas origens de interioridade uma dupla interpretação. As casas inicias casas tinham como origem o cubo, geometria pura; as origens da casa IV são decompostas em diversas volumetrias que se relacionam com a figura cúbica; a House X, por sua vez, decompõe suas origens de interioridade em uma duplicação geométrica: a forma cúbica e a em ‘L’.

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Na House X, além de duplicar a origem dos diagramas da casa, Eisenman também percebe a forma como uma problematização na interferência da interioridade da arquitetura, transmitindo uma instabilidade. Neste processo de reinterpretação da forma, ele sente a necessidade de continuar sua pesquisa arquitetônica, mas desta vez filtrando a própria forma e fazendo o uso de contextos externos à arquitetura, denominado de exterioridades. Este processo inicia-se com a House 11 a, que é a transição entre o pensamento para o sentimento de Eisenman.

Fig. 23: Trecho dos diagramas da House X , por Peter Eisenman.

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Fig. 24: Modelo axonométrico da House X , por Peter Eisenman.

A House 11a. traz contextos externos à arquitetura como meio de processo da elucidação da interioridade, uma vez que a forma já não é mais a única maneira de escrever as questões internas arquitetônicas.

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Para este projeto não construído, Eisenman recebeu o convite para desenhar uma residência para Kurt Foster, professor da Universidade de Stanford. O convite foi aceito mas Kurt exigia algumas premissas referentes à casa: quando o morador estivesse dentro da casa ele deveria sentir-se olhando para fora e quando estivesse fora deveria sentir-se dentro da casa. Para Eisenman a solução para o pedido do cliente foi definida por meio do programa da casa,

o qual trouxe trazpara a volumetria um vazio interno central que nunca pudesse ser acessado, dando a impressão de algo externo por não ter acesso, mas também como a parte mais interna por ser o centro da casa. O tema interior e exterior (inside/outside) foi traduzida por Eisenman através de uma imagem diagramática na qual adotou para o projeto, a fita de Moebius.

“Diagramaticamente, a casa 11a foi conceituada como uma fita de Moebius que poderia ser colocada uma metade no subterrâneo e a outra metade acima do solo. ” (EISENMAN, Peter. pag. 176, 1999)

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Fig. 25: Modelo da House 11a, por Peter Eisenman e exemplo da fita de Moebius.

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Ao mesmo tempo da execução do projeto da House 11a, estava em vigor outro projeto significante da transição formal para a incorporação de elementos externos da arquitetura para transparecer melhor a interioridade da mesma: o Cannaregio, em Veneza, Itália. Projeto este que utilizou a casa 11a como elemento a ser disposto na malha sobreposta no terreno do concurso, a qual é uma referência externa de um hospital não construído de Le Corbusier para o mesmo terreno. Esta apropriação, do gride de Le Corbusier sobreposto ao terreno da praça, é para Eisenman uma maneira de mostrar a interioridade. Além deste gride, o arquiteto utiliza uma linha angulada que liga as duas pontes mais próximas do terreno, como uma maneira de criar uma relação com o existente e com a cidade. De forma tradicional, o terreno observado pela arquitetura tem a capacidade de assentar o projeto desenvolvido por algum arquiteto. O pensamento de Eisenman para esse tipo de informação não é tradicional, ele compreende o terreno como uma superfície no projeto de Carannegio e cria escavações/vazios, conforme a malha de Le Corbusier, possibilitando rupturas no espaço tridimensional. É nesses nós de ruptura que Eisenman dispõe diversas casas 11a em tamanhos e escalas diferenciados. Em momentos parece uma residência real, em outros apenas uma maquete, assim essas ‘casas’ transmitem uma anterioridade ao projeto.

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Foi a partir desse projeto que Eisenman percebe, até então deixada de lado, a potencialidade do sítio e suas extraordinárias articulações com a arquitetura. Também fica explícita a utilização dos elementos externos da arquitetura, as exterioridades, como ferramenta de evidenciar a interioridade dela. E a partir deste momento fértil da carreira de Eisenman que outras maneiras de se projetar começam a interferir em seu processo de pensamento.

Fig. 26: Desenho inicial e maquete de apresentação do projeto Carannegio, por Peter Eisenman..

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Os diagramas agora se tornam externos, ainda assim eles demonstram um processo generativo da arquitetura, mas não com a forma sendo a centralidade emergente. Estes são formados e produzidos através de referências na qual a forma não é imaginada ou perseguida, ela é consequência do pensamento diagramático. Com o processo de desterritorialização do diagrama na transição da centralidade formal para

a absorção das exterioridades da arquitetura, projetos como a Habitação Social em Berlim, Max Reinhardt Haus, Biocentrum, City of Culture e outros, são referências dos novos processos desenvolvidos por Eisenman. Um projeto significante para a introdução de elementos externos da arquitetura e da filosofia da desconstrução debatida por Jaques Derrida é o Romeo e Julieta de 1985. Projeto desenvolvido para a terceira Bienal de Arquitetura Eisenman aplica o conceito de ‘texto

arquitetônico’ que, segundo ele, é uma invenção intelectual na qual a existência da arquitetura só é completa com a interpretação e leitura de quem observa o projeto. A partir dessa conceituação, ele se questiona da real importância de falar sobre a história de Romeo e Julieta e Eisenman compreende em sobrepor dois desenhos históricos que são: a casa de Julieta assim como seu castelo, com a casa e o castelo de Romeo. Essa sobreposição traz ao projeto uma nova leitura e é o leitor que traz faz sua interpretação da obra.

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Fig. 27: Diagrama e modelo físico do projeto Romeo e Julieta, por Peter Eisenman.

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Fig. 28: Diagramas dos projetos IAB, Biocenter, Mas Haus e City of Culture, por Peter Eisenman.

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Observando essa gama de projetos, podemos afirmar que o diagrama move as inquietações desenvolvidas por Eisenman. Nos projetos mais recentes do arquiteto, o trabalho do diagrama começa a ser mais abstrato e a seguir novas características; a arbitrariedade e intencionalidade são temas dessas recentes obras. Eisenman define seus diagramas como ausência de intenção, assim direciona o projeto para caminhos inesperados, rompendo com os paradigmas tradicionais no processo de concepção da arquitetura. É possível analisar que no período dos anos 90, uma grande quantidade de publicações foi lançada com referências diretas ou indiretas sobre a temática dos diagramas. Neste período, simulações computadorizadas foram inseridas nos projetos arquitetônicos. A computação, que foi utilizada nas mais recentes obras de Eisenman, se torna meio para desenvolver novas possibilidades de diagramas no processo arquitetônico. Escritórios e arquitetos como Greg Lynn, UNStudio e MVRDV são exemplos dessa apropriação do uso de softwares computacionais na execução dos diagramas. Estes exemplos serão citados, mais a frente para fins de referência neste projeto. O escritório UNStudio (United Network Studio), fundado no ano de 1988 em Amsterdam Holanda, por Ben van Berkel e Caroline Bos, tem por conceitualização a prática colaborativa como a centralidade no desenvolvimento projetual.

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Neste período a Holanda passa por uma reformulação no pensamento da arquitetura diretamente ligada aos discursos promovidos por Rem Koolhaas (estes pensamentos além de influenciarem UNStudio, também serviram de referência para o MVRDV). Através do simpósio denominado ‘Quão moderna é a arquitetura holandesa’, organizado por Koolhaas para de Bienal de Veneza do ano de 1991, exemplos da arquitetura holandesa são citados neste simpósio como NOX, MVRDV, UNStudio e outros.

Fig. 29: Publicações referentes a diagramas desde os anos 90, por Rovenir Duarte.

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O escritório holandês trabalha com o conceito de uma arquitetura sem pensamentos tradicionais do ensino. Eles percebem que as condições atuais de prática arquitetônica devem ser absorvidas pelo ensino, assim os arquitetos devem agir conforme as condições sociais baseadas em pesquisas e experimentações. A intenção real de Ben van Berkel e Caroline Bos é uma transformação do arquiteto. Mudança essa que se trata na maneira em como ele vê e percebe o mundo, além de incorporar tecnologias a este processo. Na publicação do ano de 1999 intitulada de ‘Move’, Berkel e Bos analisam como as mudanças de paradigmas estão afetando os arquitetos. Projetos de grande escala estão sendo realizados neste período e os autores afirmam que, devido sua complexidade, eles necessitam de processos dinâmicos e fluidos para tentar organizar e distribuir os usuários do projeto de maneira satisfatória. Para auxiliar o arquiteto neste processo complexo de programas, fluxos, circulações, estruturas etc. o diagrama entra como um auxiliar dessas diversas articulações. Segundo os autores e seus pensamentos sobre a situação da arquitetura atual:

“Hoje, a imaginação arquitetônica é influenciada pelas dinâmicas da sociedade, a simultaneidade da diferença local e homogeneidade global que têm alterado profundamente nosso pensamento sobre estruturas. ” (VAN BERKEL, BOS, p. 21, 1999)

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Dentro desse processo, Berkel e Bos assumem suas preferências na utilização das mídias digitais computadorizadas nos projetos do UNStudio. Eles afirmam que os softwares evoluíram significativamente e apresentam importantes manipulações como armazenamento, composições rápidas, visualização temporal etc. Todas as possibilidades trazidas pela tecnologia são incorporadas pelos arquitetos e transformadas em diagramas.

Para Berkel e Bos os diagramas são mecanismos instrumentalizadores e organizadores que acabam por gerar diversos sentidos, conduzindo a arquitetura para além da sua mera tipologia. Os arquitetos remetem ainda o conceito do panóptico no discurso do diagrama. Segundo eles, a planta do panóptico se relaciona em diversas camadas de significados e não pode ter apenas uma leitura singular, mas uma leitura diversificada; ele é uma expressão de vigilância de situações culturais, políticas e sociais, possuindo diversos significados além da primeira percepção. Na citação seguinte, publicada no livro ‘Archilab’s: Future House’ fica claro o pensamento de diagrama segundo Berkel e Bos, que o traduzem como mediador para com o objeto desenhado e como suas potencialidades significativas estão incorporadas nele.

“(5) O UNstudio vê o diagrama como mediador, um elemento externo entre o sujeito e o objeto, com o objetivo de escapar das tipologias pré-existentes que não correspondem às demandas e situações contemporâneas. Para o arquiteto, é um processo técnico e não conceitual. Sendo assim, a inovação e inspiração arquitetônicas vinculam-se mais à operação do que ao conceito. ” (BRAYER, 2002, P.97)

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Fig. 30: Diagrama de entendimento do pensamento do UNStudio, pelo autor.

Os autores ainda reforçam que, para eles, o diagrama é diferente dos signos e não é índice, ícone ou símbolo. Tal pensamento foi desenvolvido por Berkel e Bos seguindo questões que Eisenman já estava discutindo sobrea utilização de elementos externos da arquiteta. Para ele, esses elementos são exterioridades que servem para elucidar a interioridade da arquitetura, deixando a forma em segundo plano. Já para Berkel e Bos, os elementos externos são os conceitos utilizados em algum projeto e necessitam de uma mediação entre eles e o objeto

arquitetônico por meio dos diagramas.

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Um dos diversos projetos que podem exemplificar essa relação diagramática entre conceito e objeto arquitetônico, que os arquitetos fundadores do UNStudio conceitualizam, é o projeto Mobius House. Esta obra foi desenvolvida e executada entre os anos de 1993 e 1998, localizada em Het Gooi na Holanda. A intenção projetual dos arquitetos, primeiramente, era de condensar em uma única construção ambientes diferentes para pessoas diferentes, que possuem horários alternados, mas que mesmo assim consigam se relacionar dentro do espaço e tempo que esta construção permite. Portanto, o primeiro diagrama que foi desenhado, adquire estes primeiros parâmetros citados, ou seja, articula as noções das necessidades dos clientes com as ideias concebidas pelos arquitetos .

Fig. 31: Diagrama temporal programático do projeto Mobius House, por UNStudio.

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Fig. 32: Diagrama Mobius House, por UNStudio

Consequentemente a este primeiro diagrama, Berkel e Bos, conseguiram relacionar essas características programáticas com uma figura externa à arquitetura: a fita de Moebiu, que dá o nome a casa. Esta figura surgiu dentro do pensamento dos arquitetos de continuidade, pois, ao mesmo tempo em que a fita de mobius é dentro e fora, para o projeto ela representa a rotina temporal dos moradores, movendo-se entre trabalho e laser. A construção, além do discurso, segue essa abordagem a partir do momento em que não há ‘costuras’ na casa dividindo ambientes. A sequência entre os ambientes e a fluidez entre os cômodos do andar

de cima e o andar de baixo apresentam ainda mais o conceito discutido por Berkel e Bos.

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Fig. 33: Plantas dos pavimentos e modelo de estudo da Mobius House, por UNStudio.

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Outro projeto que discute de maneira significante o debate do diagrama para o escritório UNStudio é o Museu da Mercedes-Benz. Para Berkel e Bos o ano de 1990 foi o período mais investigativo sobre os diagramas, e com isso foi possível, segundo eles, fugir das tipologias arquitetônicas, não para evitar literalmente formas já conhecidas, mas sim para que essas novas tipologias encontradas conseguissem dar conta das questões contemporâneas que a sociedade estava passando. O projeto do Museu Mercedes-Benz estava relacionado diretamente com essas questões colocadas por Berkel e Bos. O museu foi desenvolvido entre 2001 e 2006, e, mesmo estando em um período seguinte às investigações diagramáticas, este projeto transmite as intenções estruturadas anteriormente. A obras tem como início a imagem de um trevo de três folhas, e o diagrama teve como objetivo articular as questões programáticas do projeto com a circulação interna do visitante no museu

Fig. 34: Desenho representativo do conceito utilizado para o projeto do Museu Mercedes-Benz.

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Esse desenho do trevo trouxe ao projeto a delimitação de um átrio central, onde os pavimentos sobem em espiral, como no Guggenheim de NY, desde o solo até o último pavimento. O átrio central também traz diferentes visibilidades para os outros pavimentos em diversos pontos do edifício, além de conter um elevador panorâmico que leva o visitante ao último andar, onde se inicia a exposição do museu.

Os modelos físicos fazem parte da investigação feita por Berkel e Bos. Estes estão sempre sendo utilizados para melhorar o entendimento dos projetos em desenvolvimento. Estas maquetes são como diagramas em plena evolução, que se transformam em um curto prazo de tempo, mas que significam e transmitem observações imperceptíveis no desenho bidimensional. Para o museu da Mercedes as maquetes foram atuantes, principalmente, no entendimento dos pavimentos em espiral que sobe em volta do átrio central.

Fig. 35: Modelos de estudo do Museu Mercedes-Benz, por UNStudio.

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Fig. 36: Modelo de estudo dos pavimentos em espiral do Museu Mercedes-Benz, por UNStudio.

Para o desenvolvimento desse projeto o escritório UNStudio necessitou de ferramentas computacionais para trabalhar com complexas estruturas que o museu apresenta. Com essa

necessidade o escritório se juntou com o arquiteto e fundador da empresa Design to Production, Arnol Walz, e nessa parceria o desenvolvimento do projeto foi totalmente parametrizado, a fim de tornar a geometria desenhada pelo UNStudio numa construção mais rápida e melhor executada.

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Fig. 37: Museus Mercedes-benz construído e modelo paramétrico por Design to Production.

As conceitualizações contemporâneas voltadas aos questionamentos sobre o diagrama tem suas relações próximas ao desenvolvimento tecnológico, como é o caso do UNStudio. A computação e seus processos trouxeram ao entendimento do diagrama novas camadas de compreensão e visualização para a arquitetura. Esse diagrama contemporâneo se apoia na discussão tipológica e novas ferramentas tecnológicas de exploração projetual, como a parametrização. Pensando na sociedade contemporânea, a arquitetura necessariamente precisa dar uma ‘resposta’, uma vez que ela está em constante mudança e transformação. Os edifícios tentam trazer uma atemporalidade funcional para uma ‘subversão à identidade entre a forma e função’ (VIRILIO, 1995, p.57), assim a forma do edifício tem que dar lugar a diversas funções diferentes dentro de um mesmo dia.

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Não mais é viável denominar arquitetura como um objeto de pré-determinadas funções e, dessa forma, o diagrama entra no processo arquitetônico como um mediador de entendimento e explicação projetual e a complexidade social. O escritório holandês MVRDV, fundado por Winy Maas, Jacob van Rijs e Nathalie de Vries, integra os processos tecnológicos diagramáticos na concepção arquitetônica. O escritório,

com o software paramétrico chamado Funcitonmixer, insere a tecnologia dentro do contexto arquitetônico diagramático sob modelos parametrizados, a fim de otimizar os processos relacionados com as multiplicidades encontradas nos projetos de larga escala.

Fig. 38: Functionmixer, MVRDV software.

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Desde os anos 90, a prática da arquitetura vem tomando novas formas e incorporando questões tecnológicas, tanto na concepção quanto na construção. A grande demanda de projetos em larga escala obtida nesse período ajudou nessa incorporação. Neste momento, o escritório MVRDV criou o software paramétrico Functionmixer, que o auxiliava na interpretação desses grandes projetos que estavam surgindo na questão funcional e programática. Este software permite desenvolver diferentes combinações funcionais dentro de um perímetro de cidade. Sua elaboração está contida na análise das discussões referentes ao uso do diagrama na arquitetura contemporânea, pois, seus modelos 3D criados virtualmente são diagramas de composição de função e programa.

Fig. 39: Diagrama criado pelo software Functionmixer, por MVRDV.

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O software funciona por meio de parâmetros inseridos, a fim de receber uma resposta visual diagramática decodificada, por isso é um software paramétrico. Seus doze parâmetros variam quanto a densidade, economia, funções/programas, até a questões ambientais como clima, ventilação e ruídos. Todos esses parâmetros são traduzidos em diagramas virtuais que transmitem, em forma geométrica e em tempo real, todas as funções impostas pelo arquiteto, gera um diagrama numérico relacionado às otimizações desenvolvidas. Este processo composto pelo MVRDV foi criado para resolver um problema relacionado a grandes projetos de urbanização, a fim de otimizar tempo e ganhar mais articulações. As idealizações por de traz desse software surgiram, por exemplo, com a necessidade da mescla de usos nas obras de habitações Silodam, as quais precisavam ter uma quantidade total de apartamentos, e esta deveria estar dividida em diferentes tipologias de habitações quanto ao aos seus tamanhos. Além disso, outros usos também precisavam ser conectados ao edifício, mas sem intenção de deixá-los separados do restante das habitações por isso foram incorporados dentro da volumetria geral da construção. Outro projeto que utilizou as vantagens do software diagramático Functionmixer é o Almere na Holanda. Os parâmetros colocados no software, como densidade, clima, população etc, ajudaram os arquitetos a desenvolver o projeto urbano com maior otimização. A delimitação das áreas e dos programas contidos no projeto também foram definidas por meio dos

cálculos do software referentes aos parâmetros colocados nele.

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Fig. 40: Imagem e diagrama do projeto Silodam, por MVRDV.

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Fig. 41: Desenvolvimento no software Functionmixer e diagrama programático do projeto Almere, por MVRDV.

Dentro das novas possibilidades tecnológicas computacionais o diagrama adquire novas percepções e até novos significados para a arquitetura. Os exemplos projetuais do MVRDV certamente estão caracterizados como processos de diagramação parametrizados. Parâmetros estes que podem ser tanto questões físicas, como densidade e clima, quanto algoritmos matemáticos definidores da volumetria e localização programática do projeto a ser desenvolvido. O arquiteto norte americano Greg Lynn é um dos percursores do estudo da tridimensionalidade virtual na arquitetura, incorporando questões de cálculos paramétricos aos desenvolvimentos diagramáticos em seus projetos experimentais. Seus diagramas têm, como principal função, entender a geração da forma arquitetônica e, por meio da utilização do computador, o arquiteto consegue tanto gerar a forma desejada, por meio de algoritmos matemáticos, quanto reproduzir essa transformação formal por meio de diagramas.

O DIAGRAMA NA ARQUITETURA CONTEMPORÂNEA | 85


Uma das principais inquietações de Lynn é com a forma arquitetônica; mas não somente ela traz inquietações, também a maneira com que o arquiteto chega a esta forma. A computação é uma das ferramentas que, segundo Lynn, traz novas possibilidades ao desenvolvimento da volumetria na arquitetura. Seu estudo abordou como a genética trabalha com a simetria no corpo humano e resultou num discurso sobre as anomalias de Wiliam Bateson, carregando uma questão sobre a padronização da simetria. Quando, segundo Bateson, há uma mutação simétrica no corpo humano, como por exemplo dois polegares iguais, ela é a perda de informação dentro de um sistema, no caso o sistema genético. Nessa perda de informação ele retorna á simetria, portanto a simetria é a ausência de informação e não, como sempre se pensou na arquitetura, ordem e organização. Com este pensamento Lynn incorpora os sistemas computadorizados para desenvolver suas experimentações projetuais desvinculando-se da simetria e ordem na arquitetura. As informações matemáticas que Greg Lynn utilizam no desenvolvimento de seus projetos são informações que seguem, muitas vezes, uma sequência linear para que não tenha um rompimento e, assim, não transformar a arquitetura em simples simetrias e organizações sem um pensamento prévio. O projeto denominado The Embryological House é uma obra que, segundo Lynn, nasce e se transforma no digital. Suas volumetrias se modificam por conta dos algoritmos matemáticos

(os parâmetros), que mudam aumentando ou diminuindo através do tempo.

86 | O DIAGRAMA NO PROCESSO DE CONCEPÇÃO AQUITETÔNICA


Esses parâmetros tem a função de criar uma relação entre corpo humano e um edifício, articulando simulações computacionais e mutações genéticas. As mutações genéticas nesse projeto estão relacionadas, assim como o próprio nome da obra, com a evolução do embrião humano. A casa tem conceitos que Lynn descreve como um novo pensamento das tipologias de

residências, mais modernas, mais flexíveis, orgânicas e com um número infinito de possibilidades interativas. Assim a ideologia desta casa é romper com as propostas modernas de habitação que tinham como discurso, por exemplo a organização e a replicação da mesma.

Fig. 42: Diagrama das possibilidades volumétricas da Embryological House, por Greg Lynn Form.

O DIAGRAMA NA ARQUITETURA CONTEMPORÂNEA | 87


Fig. 43: Diagramas e renders das possibilidades volumétricas da Embryological House, por Greg Lynn Form.

Fig. 44: Maquete da Embryological House, por Greg Lynn Form.

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As abordagens feitas neste capítulo referentes aos arquitetos e escritórios de arquitetura que utilizam e discutem o uso do diagrama no processo de concepção projetual trazem novas percepções sobre o tema. Certamente são referências que instigam o entendimento mais a fundo dessas obras abordadas aqui, a fim de melhor compreender como o diagrama se articula no processo de desenvolvimento arquitetônico.

O DIAGRAMA NA ARQUITETURA CONTEMPORÂNEA | 89



A REPRESENTAÇÃO DIAGRAMÁTICA E SUAS FUNÇÕES


92 | O DIAGRAMA NO PROCESSO DE CONCEPÇÃO AQUITETÔNICA


Os diagramas são estruturas de representação que se adaptam conforme a área em que estão inseridos, principalmente no design, ele traduz melhor as questões tratadas em algum projeto em discussão. Na arquitetura ele pode variar entre os âmbitos conceituais e físicos, por exemplo, diagrama relacionado à conceituação do projeto e de composição estrutural de um edifício. O diagrama também explora, explica e demonstra as relações referentes a um todo, ilustrando como algo funciona ou desenvolve. Na arquitetura moderna, são instrumentos de investigação na ação de representar os questionamentos relacionados com informações de programa, distribuição, organização e função. O diagrama ainda é uma linguagem que conecta informações e suas relações, bem como as interações entre tempo e espaço,

comunicando

potencialidades

e

aceitando

modificações.

Na

arquitetura

contemporânea vem sendo tradado como um algo a mais do que simples explicações funcionais e programáticas, começando a incorporar questões mais complexas como filosofia,

sociedade e tecnologia. Existem diferentes tipos de diagramas e os mais utilizados pelos arquitetos contemporâneos são os que se estendem por diversas representações e sentidos.

A REPRESENTAÇÃO DIAGRAMÁTICA E SUAS FUNÇÕES | 93


Diagramas em croquis. Arquitetos utilizam os diagramas para compreender as ideias que estão em suas mentes e melhor transmiti-las para terceiros e para desenvolver e formular novas questões no processo do projeto. O desenho feito à mão é uma maneira rápida e prática de se mostrar algo e traduzir, em forma de grafismo, seus conceitos e pensamentos, assim, o espaço criado ideologicamente torna-se algo visualmente descrito. Podemos observar, como exemplo disto, a obra ‘Extension to Victoria and Albert Museum’ projetada pelo arquiteto americano Daniel Libeskind. Seus desenhos diagramáticos tentam explicar, inicialmente para o próprio arquiteto, como o edifício se desenvolverá através de uma espiral. Isso deixa claro como dentro do processo arquitetônico o pensamento espacial se torna extremamente complexo, tomando uma magnitude na qual há necessidade de se

colocar para fora e transcrevê-lo diagramaticamente nos croquis. Segundo o arquiteto Norman Foster o desenho rápido riscado á mão é a maneira mais fácil de comunicação com outras pessoas. .

94 | O DIAGRAMA NO PROCESSO DE CONCEPÇÃO AQUITETÔNICA


Fig. 45: Croquis diagramáticos e maquete final da obra Extension to Victoria and Albert Museum, por Studio Libeskind..

A REPRESENTAÇÃO DIAGRAMÁTICA E SUAS FUNÇÕES | 95


Diagramas de processos volumétricos. Processos diagramáticos que são utilizados no estudo e articulação dos volumes do projeto analisado. Podem ser processos generativos volumétricos (sequenciais ou não) ou implantações da composição formal para entendimento com o entorno e a cidade. Estes diagramas são muito utilizados dentro do desenvolvimento de projeto a fim de estimular as mais variadas experimentações para um mesmo tipo de uso. Observa-se os diagramas produzidos pelo escritório BIG para o projeto do Centro de pesquisas da Universidade Pierre e Marie Curie como uma maneira de mostrar como o edifício foi formado, como se fosse uma ‘história’, com o início no terreno do projeto. Assim qualquer pessoa, tanto leiga em arquitetura como os próprios arquitetos, conseguem entender e identificar o processo de pensamento do escritório para essa obra. As mesmas

considerações podem ser feitas para o diagrama do Phare Tower do Morphosis, onde há tentativa de evidenciar uma evolução formal e nítida, partindo de um objeto inicial (o prisma retangular).

96 | O DIAGRAMA NO PROCESSO DE CONCEPÇÃO AQUITETÔNICA


Fig. 46: Diagramas para o projeto Centro de pesquisas da Universidade Pierre e Marie Curie, por BIG Architecture.

Fig. 47: Diagrama do desenvolvimento volumétrico do projeto Phare Tower, por Morphosis Architecture

A REPRESENTAÇÃO DIAGRAMÁTICA E SUAS FUNÇÕES | 97


Diagramas Programáticos. Os usos programáticos arquitetônicos estão cada vez mais utilizados e articulados como questões primordiais para satisfazer as necessidades da sociedade que usa a edificação. Com as constantes modificações sociais, o programa dos projetos de arquitetura, atualmente estão se moldando a estas mudanças. Arquitetos, como Rem Koolhaas, trabalham com a concepção do entendimento programático das suas obras, a fim de melhor inseri-las nos projetos. Esses diagramas objetivam relacionar e evidenciar os usos internos do projeto com a forma do mesmo. As complexidades dos grandes projetos, que estão cada vez mais sendo construídos ao redor do mundo, necessitam de uma representação mais legível para melhor compreendê-los. Um exemplo desse contexto é o projeto do CCTV em Beijing, na China, desenhado pelo

escritório de Koolhaas o OMA (Office of Metropolitan Architecture). O edifício é a sede da maior rede de televisão da China, por isso se compõe por diversos usos misturados em um único volume. O mesmo acontece com o projeto do Morphosis, o Cooper Union, mas desta vez com um programa educacional.

98 | O DIAGRAMA NO PROCESSO DE CONCEPÇÃO AQUITETÔNICA


Fig. 48: Diagrama de volumes programáticos do projeto CCTV, por OMA.

Fig. 49: Diagrama dos usos internos do projeto Cooper Union, por Morphosis.

A REPRESENTAÇÃO DIAGRAMÁTICA E SUAS FUNÇÕES | 99


Diagramas de Circulação. Contido no mesmo pensamento dos diagramas programáticos, as circulações também são importantes objetos de articulações no projeto arquitetônico. São as circulações que definem as conexões existentes nos programas em uma arquitetura. Os diagramas de circulação mostram como essas conexões acontecem e por que. Nas volumetrias mais complexas, como no caso do projeto de Herzog & de Meuron o Vitra Haus, os diagramas de circulação tornam-se indispensável devido, neste exemplo, aos volumes sobrepostos.

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Fig. 50: Diagrama de circulação do projeto Vitra Haus, por Herzog & de Meuron.

A REPRESENTAÇÃO DIAGRAMÁTICA E SUAS FUNÇÕES | 101


Diagramas de Estruturas. As estruturas arquitetônicas estão relacionadas, muitas vezes, com os aspectos da volumetria do edifício. São diagramas que ilustram como a estrutura trabalha na arquitetura e como são desenvolvidas para cada tipo diferenciado de projeto. Em alguns casos o diagrama estrutural carrega consigo uma explicação ‘invisível’, que são as cargas referentes aos esforços absorvidos pela estrutura traduzidos em cores que vão do vermelho (onde há maiores esforços) ao azul escuro (onde há menores esforços). Além desse tipo de diagrama estrutural dos esforços, existem diversos outros exemplos. Um interessante de ser abordado é o diagrama estrutural na qual explica como a estrutura será erguida em passos, demostrando a necessidade de detalhar cada vez mais os projetos de alta complexidade. O exemplo iconográfico apresentado é o projeto, do escritório austríaco

Coop Himmelblau, Centro de Conferencia Internacional Dalian, localizado em Dalian na China.

102 | O DIAGRAMA NO PROCESSO DE CONCEPÇÃO AQUITETÔNICA


Fig. 51: Diagrama estrutural de forças do projeto CCTV, por OMA.

Fig. 53: Diagrama explodido da estrutura da cobertura da obra Centro de Conferencia Internacional Dalian, por Coop Himmelblau..

Fig. 52: Diagrama da montagem estrutural da obra Centro de Conferencia Internacional Dalian, por Coop Himmelblau.

A REPRESENTAÇÃO DIAGRAMÁTICA E SUAS FUNÇÕES | 103


Diagramas de Conforto Ambiental. Os diagramas referentes ao conforto ambiental são um dos mais utilizados pelos arquitetos para demonstrar as capacidades sustentáveis de seus edifícios. Atualmente, com todas as discussões sobre as modificações climáticas e ambientais ocorrentes no mundo, os projetos estão dando mais atenção a estas questões. Assim uma maneira rápida de mostrar a eficiência da obra é com um diagrama que, na maioria das vezes, é desenvolvido no final de alguma etapa ou na própria finalização do projeto. O Centro de Conferencia Internacional Dalian do Coop Himmelblau teve o seu diagrama climático, desenvolvido a partir de um corte finalizado do edifício, feito para explicar como a entrada e saída de ar quente e frio aconteceria e como as aberturas eram fundamentais para isto.

104 | O DIAGRAMA NO PROCESSO DE CONCEPÇÃO AQUITETÔNICA


Fig. 54: Diagrama cilmático da obra Centro de Conferencia Internacional Dalian, por Coop Himmelblau.

As representações do diagrama certamente acompanham os avanços tecnológicos. Todas as referências citadas neste capítulo, com exceção diagrama em croquis, tem uma relação com processos de tecnologia, seja no desenvolvimento ou nas questões apresentam. Assim, os

diagramas contemporâneos cada vez mais terão importâncias no processo de projeto e construção na arquitetura.

A REPRESENTAÇÃO DIAGRAMÁTICA E SUAS FUNÇÕES | 105



MAPA DIAGRAMÁTICO


A partir das observações apresetnadas neste trabalho, uma maneira rápida e esquemática de apresentar todas as conexões existentes entre os arquitetos/escritório, pensadores e conceitos aqui apresentados é por meio de um diagrama. Ele tem a finalidade de compreender o processo de desenvolvimento do trabalho executado até agora. Certamente este diagrama irá aumentar de tamanho ao decorrer da pesquisa,

uma vez que, questões relacionadas ao projeto experimental serão incorporadas. A importância que ele tem, para esta fase do trabalho, é a visualização geral das múltiplas conexões existentes entre os assuntos discutidos aqui. Com a possibilidade da compreensão do conteúdo como um todo, o diagrama, traz novas percepções perante a temática, além de fazer conexões que antes não foram imaginadas e observadas. A intenção desse ‘mapa-diagramático’ não é ser de fácil compreensão e explícito para quem o lê, por que forçar o leitor a pensar e refletir sobre o que ele está observando é sempre vantajoso. Por isso o diagrama tem uma pequena decodificação a ser desvendada e, apenas assim, a leitura dele será completa. Ele é estruturado por meio de quadrados de diferentes tamanhos e cores, com linhas de conexão entre eles, cuja função é representar a influência do ‘objeto’ representado por ele no estudo. Já as cores identificam cada geometria por um arquiteto/escritório, conceito ou pensador.

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Fig. 55: Tamanhos das influências no mapa-diagramático, na qual 1-pouco, 2-médio, 3-alto, pelo autor.

Fig. 56: Tamanhos das influências no mapa-diagramático com cores, pelo autor

Fig. 57: Exemplo da decodificação do ‘mapa-diagramático’, pelo autor.

MAPA DIAGRAMÁTICO | 109


Fig. 58: Exemplo das conexões do ‘mapa-diagramático’. As conexões apenas existem quando, por exemplo, um autor está relacionado diretamente com um conceito, desenho elaborado pelo autor.

110 | O DIAGRAMA NO PROCESSO DE CONCEPÇÃO AQUITETÔNICA


A denominação desse diagrama - ‘mapa-diagramático’ - tem como significado a função desenvolvia por ele. Como é um ‘resumo’ de todos os assuntos abordados na pesquisa ele tem papel de ‘mapa’, pois permite ao leitor se localizar dentro do trabalho seguindo os quadrados com suas respectivas cores e conexões, além de estar alinhado com uma linha indicando o decorrer do tempo.

O diagrama é decodificado por meio de uma legenda e deixa claro como este trabalho de conclusão de curso tenta, da maneira mais efetiva possível, abordar diversas questões diferentes umas das outras, correlacionando-as. A imagem gerada é intrigante e também analítica, pois, se tenta através de um grande diagrama - o mapa-diagramático - explicar e mostrar as possíveis relações entre pessoas e conceitos que discutem o próprio tema, o diagrama.

MAPA DIAGRAMÁTICO | 111



Fig. 59: Mapa-diagramĂĄtico com legenda de cores separados em arquitetos, pensadores e conceitos e referenciado por uma linha de tempo, pelo autor.

MAPA DIAGRAMĂ TICO | 113



EXPERIMENTO PROJETUAL | DIAGRAMAS INDIRETOS



DIAGRAMAS INDIRETOS. A denominação de Diagramas Indiretos tem sua explicação dentro do entendimento e das análises feitas nos estudos conceituais desenvolvidos nos primeiros capítulos deste trabalho. Sua denominação também tem grande valor no processo de desenvolvimento de trabalho, tornando-se um experimento anterior ao avanço do detalhamento projetual.

Os experimentos desenvolvidos por Peter Eisenman e os conceitos de Deleuze demonstram a importância da abstração nos diagramas. Eisenman, por exemplo, mostra sua decomposição geométrica e generativa transformando-se em arquitetura; já Deleuze apresenta seu conceito sobre os diagrama, que em poucas palavras, é definido como ‘a não interligação entre diagramas e um objeto final’. Esses exemplos tanto arquitetônico quanto filosófico foram decisivos para determinar o entendimento do processo projetual aqui apresentado. Assim compreendemos a existência dessas duas maneiras de utilizar o diagrama

no processo de desenvolvimento projetual. A primeira, que será apresentada neste capítulo, denomina-se Diagramas Indiretos, a segunda Diagramas Diretos (descrito no capítulo seguinte). Os desenhos diagramáticos apresentados a seguir são todos denominados indiretos partindo do princípio que há um conceito desenvolvido por detrás deles (linhas estratégicas) e por que se ligam indiretamente ao objeto arquitetônico final, por serem experimentações projetuais

do mesmo. A principal importância deles são as diversas possibilidades arquitetônicas que o mesmo projeto pode ter. Dessa forma conseguimos identificar ponto positivos e negativos em cada experimento para eleger um dos objetos arquitetônicos experimentais como objeto de projeto (edifício multifuncional).

DIAGRAMAS INDIRETOS | 117



DIAGRAMAS URBANOS. Os diagramas apresetnados a seguir têm o papel principal de ajudar a compreendermos as questões urbanas da região que cerca o terreno escolhido para a implantação do projeto experimental. As principais questões que conseguimos observar neles são usos das edificações, seus gabaritos, localização, edificações importantes entre outros. Os Diagramas Urbanos conseguem nos dar uma visão geral de como o terreno se articula com a cidade de São Paulo e suas complexidades. Esta visão é muito importante para que possamos desenvolver um projeto que consiga melhor se adequar a elas.

DIAGRAMAS INDIRETOS | 119


Diagrama de localização do terreno

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Principais edificações do entorno

DIAGRAMAS INDIRETOS | 121


Rio Tamanduateí

122 | O DIAGRAMA NO PROCESSO DE CONCEPÇÃO AQUITETÔNICA


Linhas férreas

DIAGRAMAS INDIRETOS | 123


Uso e Ocupação

124 | O DIAGRAMA NO PROCESSO DE CONCEPÇÃO AQUITETÔNICA


0

81

Gabaritos

DIAGRAMAS INDIRETOS | 125


LOCALIZAÇÃO DO TERRENO 126 | O DIAGRAMA NO PROCESSO DE CONCEPÇÃO AQUITETÔNICA



PROGRAMA Na centralidade escolhida para o desenvolvimento de um projeto experimental podemos notar a falta de diversidade de usos e grandes diferenças na vivência urbana conforme o dia acaba. Pensando nestes aspectos compreendemos que o local precisa de uma multiplicidade de usos para que a região não se torne, em algumas horas do dia, morta. Para isso escolhemos diferentes tipos de usos para serem incorporados no projeto do edifício, tornando-o multifuncional. Multifuncionalidade, na cidade de São Paulo, parece ser a maneira mais correta de fazer com que a metrópole consiga ser mais segura e com melhores condições de vida. A arquitetura tem um papel fundamental nessa articulação urbana e social. O objetivo do projeto que aqui será apresentado é tentar revelar novas possibilidades encarando as problemáticas existentes no local.

128 | O DIAGRAMA NO PROCESSO DE CONCEPÇÃO AQUITETÔNICA


Os usos escolhidos para articular com o experimento são : Cultural/lazer Hoteleiro

Residencial ‘Open Architecture’

Comercial/Serviços/Corporativo Cultural e lazer

Espaços dedicados à questões culturais como teatro e áreas expositivas. O uso tenta trazer maior vivência em horários diversos do dia e cultura a população. Residencial Necessidade de habitação na região. A implantação de residências no local propicia uma melhor ocupação dos espaços públicos e interatividade das pessoas com a cidade. Comercial/Serviços/Corporativo Suprir necessidades da região como bancos, lojas etc. O corporativo tem a intenção de garantir durante horário do dia bons fluxos e receber empresas que trabalham na região. Hoteleiro Garantir demandas hoteleiras para a centralidade onde está implantada, uma vez que há locais próximos de grande circulação de turistas. Open Architecture Conceito do escritório austríaco Coop Himmelblau que trás ao projeto a experiência de espaços abertos integrando usos privados e públicos.

DIAGRAMAS INDIRETOS | 129


LINHAS ESTRATÉGICAS.

O desdobramento do estudo urbano desenvolvido anteriormente é a elaboração de diversos estudos experimentais de apropriação do espaço destinado à implantação do futuro projeto. Estes estudos serão apresentados através de representações gráficas e modelos tridimensionais físicos partindo de uma ideia projetual na qual utiliza linhas do desenho da cidade como conceito e processo. As linhas utilizadas foram denominadas de ‘Linhas Estratégicas Diagramáticas’, pois conseguem criar estratégias de projeto e tem a intenção de transmitir uma força abstrata que a cidade tem sobre as questões arquitetônicas no desenvolvimento projetual, contribuindo para uma nova percepção conceitual do arquiteto para com a cidade. Essa maneira de projetar tem início com a observação do terreno em que o projeto será implantado e com o entorno. A cidade de São Paulo apresenta uma diversidade social que é refletida em sua arquitetura e desenho urbano.. Esses dois pontos são de grande importância para o processo de desenvolvimento do diagrama que será utilizado como ‘base’ para a continuação do experimento projetual

130 | O DIAGRAMA NO PROCESSO DE CONCEPÇÃO AQUITETÔNICA


A contribuição que ambos os pontos citados expõem para o desenho do diagrama são suas linhas imaginárias/abstratas e interseccionadas. Essas linhas têm origem de diferentes formas e de lugares podendo, por exemplo, surgir das principais fachadas das edificações do entorno imediato ou do desenhos das ruas que cercam o terreno. Com isso, camadas são determinadas para desenvolver uma sobreposição, criando uma malha conceitual e abstrata sobre o terreno a ser desenhado o projeto. Após a criação do diagrama ‘base’, através da sobreposição das diversas camadas encontradas na análise urbana, começados de maneira intuitiva a construir desenhos abstratos de composição arquitetônica. Construímos dez desenhos que se transformaram em objetos arquitetônicos a partir do momento em que foram estudados suas tridimensionalidades, por maquete e desenhos.

DIAGRAMAS INDIRETOS | 131



SOBREPOSIÇÃO 01 | VEGETAL


SOBREPOSIÇÃO 02 | VEGETAL


SOBREPOSIÇÃO 03 | VEGETAL


SOBREPOSIÇÃO 04 | VEGETAL


SOBREPOSIÇÃO 05 | VEGETAL


SOBREPOSIÇÃO 06 | VEGETAL


SOBREPOSIÇÃO 07 | VEGETAL


DIAGRAMA 01

Definido a partir de linhas estratégicas configuradas pelas suas intersecções. Estas dão origem

a uma geometria que se articula ao programa proposto. Os planos encontrados e explorados tridimensionalmente, definem os espaços públicos e áreas privadas. O volume, também desenhado por planos, transforma-se em uma cobertura que consegue unificar o conjunto edificado.

134 | O DIAGRAMA NO PROCESSO DE CONCEPÇÃO AQUITETÔNICA


Diagrama de linhas , pelo autor

Diagrama de volumes – vista superior, pelo autor

DIAGRAMAS INDIRETOS | 135


Diagrama de espaços livres , pelo autor

Perspectiva do Diagrama volumétrico, pelo autor

136 | O DIAGRAMA NO PROCESSO DE CONCEPÇÃO AQUITETÔNICA


Perspectiva 1, pelo autor

Perspectiva 2, pelo autor

DIAGRAMAS INDIRETOS | 137


Fig. 60: Maquete física do Diagrama 01- vista aproximada , pelo autor

Fig. 61: Maquete física do Diagrama 01- relação com o entorno, pelo autor 138 | O DIAGRAMA NO PROCESSO DE CONCEPÇÃO AQUITETÔNICA


Fig. 62: Maquete física do Diagrama 01- vista aproximada , pelo autor

Fig. 63: Maquete física do Diagrama 01- relação com o entorno, pelo autor DIAGRAMAS INDIRETOS | 139


DIAGRAMA 02

Objetiva a criação de uma espacialidade sob uma grande cobertura, formada a partir da composição gerada pelas linhas (eixos) do diagrama de forças inicial. Este gride se deforma de modo a articular os diversos volumes necessários á organização do programa.

140 | O DIAGRAMA NO PROCESSO DE CONCEPÇÃO AQUITETÔNICA


Diagrama de linhas , pelo autor

Diagrama de volumes – vista superior, pelo autor

DIAGRAMAS INDIRETOS | 141


Diagrama de espaços livres , pelo autor

Perspectiva do Diagrama volumétrico, pelo autor

142 | O DIAGRAMA NO PROCESSO DE CONCEPÇÃO AQUITETÔNICA


Perspectiva 1, pelo autor

Perspectiva 2, pelo autor

DIAGRAMAS INDIRETOS | 143


Fig. 64: Maquete física do Diagrama 02- vista aproximada , pelo autor

Fig. 65: Maquete física do Diagrama 02- relação com o entorno, pelo autor 144 | O DIAGRAMA NO PROCESSO DE CONCEPÇÃO AQUITETÔNICA


Fig. 66: Maquete física do Diagrama 02- vista aproximada , pelo autor

Fig. 67: Maquete física do Diagrama 02- relação com o entorno, pelo autor DIAGRAMAS INDIRETOS | 145


DIAGRAMA 03

A criação de volumes densos foi a principal questão abordada neste experimento. O conjunto é composto por edificações de grande porte, cada qual com funções definidas, de acordo com o programa. Nesta composição a relação do conjunto edificado com os espaços livres busca integrá-lo ao tecido urbano.

146 | O DIAGRAMA NO PROCESSO DE CONCEPÇÃO AQUITETÔNICA


Diagrama de linhas , pelo autor

Diagrama de volumes – vista superior, pelo autor

DIAGRAMAS INDIRETOS | 147


Diagrama de espaços livres , pelo autor

Perspectiva do Diagrama volumétrico, pelo autor

148 | O DIAGRAMA NO PROCESSO DE CONCEPÇÃO AQUITETÔNICA


Perspectiva 1, pelo autor

Perspectiva 2, pelo autor

DIAGRAMAS INDIRETOS | 149


Fig. 68: Maquete física do Diagrama 03- vista aproximada , pelo autor

Fig. 69: Maquete física do Diagrama 03- relação com o entorno, pelo autor 150 | O DIAGRAMA NO PROCESSO DE CONCEPÇÃO AQUITETÔNICA


Fig. 70: Maquete física do Diagrama 03- vista aproximada , pelo autor

Fig. 71: Maquete física do Diagrama 03- relação com o entorno, pelo autor DIAGRAMAS INDIRETOS | 151


DIAGRAMA 04

Este experimento parte de duas premissas: - A cobertura tem como papel principal integrar os volumes programático e define os espaços públicos e privados, trazendo ao projeto uma fluidez entre os dois espaços citados. -Intersecção de volumes e a separação de um outro a fim de melhorar a acomodação programática.

152 | O DIAGRAMA NO PROCESSO DE CONCEPÇÃO AQUITETÔNICA


Diagrama de linhas , pelo autor

Diagrama de volumes – vista superior, pelo autor

DIAGRAMAS INDIRETOS | 153


Diagrama de espaços livres , pelo autor

Perspectiva do Diagrama volumétrico, pelo autor

154 | O DIAGRAMA NO PROCESSO DE CONCEPÇÃO AQUITETÔNICA


Perspectiva 1, pelo autor

Perspectiva 2, pelo autor

DIAGRAMAS INDIRETOS | 155


Fig. 72: Maquete física do Diagrama 04- vista aproximada , pelo autor

Fig. 73: Maquete física do Diagrama 04- relação com o entorno, pelo autor 156 | O DIAGRAMA NO PROCESSO DE CONCEPÇÃO AQUITETÔNICA


Fig. 74: Maquete física do Diagrama 04- vista aproximada , pelo autor

Fig. 75: Maquete física do Diagrama 04- relação com o entorno, pelo autor DIAGRAMAS INDIRETOS | 157


DIAGRAMA 05

Trabalha com a intersecção de volumes como ponto de partida para o desenho da composição. Apresenta uma geometria central organizando todos os outros volumes que se cruzam e conectam entre si.

158 | O DIAGRAMA NO PROCESSO DE CONCEPÇÃO AQUITETÔNICA


Diagrama de linhas , pelo autor

Diagrama de volumes – vista superior, pelo autor

DIAGRAMAS INDIRETOS | 159


Diagrama de espaços livres , pelo autor

Perspectiva do Diagrama volumétrico, pelo autor

160 | O DIAGRAMA NO PROCESSO DE CONCEPÇÃO AQUITETÔNICA


Perspectiva 1, pelo autor

Perspectiva 2, pelo autor

DIAGRAMAS INDIRETOS | 161


Fig. 76: Maquete física do Diagrama 05- vista aproximada , pelo autor

Fig. 77: Maquete física do Diagrama 05- relação com o entorno, pelo autor 162 | O DIAGRAMA NO PROCESSO DE CONCEPÇÃO AQUITETÔNICA


Fig. 78: Maquete física do Diagrama 05- vista aproximada , pelo autor

Fig. 79: Maquete física do Diagrama 05- relação com o entorno, pelo autor DIAGRAMAS INDIRETOS | 163


DIAGRAMA 06

A intenção principal da ocupação é a existência do um volume cruzando todo o terreno. Essa geometria, em sua tridimensionalidade, é elevada apoiando-se em outros dois volumes. A composição também tem um volume descolado da centralidade e uma alta cobertura.

164 | O DIAGRAMA NO PROCESSO DE CONCEPÇÃO AQUITETÔNICA


Diagrama de linhas , pelo autor

Diagrama de volumes – vista superior, pelo autor

DIAGRAMAS INDIRETOS | 165


Diagrama de espaços livres , pelo autor

Perspectiva do Diagrama volumétrico, pelo autor

166 | O DIAGRAMA NO PROCESSO DE CONCEPÇÃO AQUITETÔNICA


Perspectiva 1, pelo autor

Perspectiva 2, pelo autor

DIAGRAMAS INDIRETOS | 167


Fig. 80: Maquete física do Diagrama 06- vista aproximada , pelo autor

Fig. 81: Maquete física do Diagrama 06- relação com o entorno, pelo autor 168 | O DIAGRAMA NO PROCESSO DE CONCEPÇÃO AQUITETÔNICA


Fig. 82: Maquete física do Diagrama 06- vista aproximada , pelo autor

Fig. 83: Maquete física do Diagrama 06- relação com o entorno, pelo autor DIAGRAMAS INDIRETOS | 169


DIAGRAMA 07

Definido em duas geometrias paralelas articuladas com uma intersecção volumétrica central. A experimentação tridimensional foi desenvolvida através de 'lajes' melhorando o entendimento dos volumes e a relação entre eles.

170 | O DIAGRAMA NO PROCESSO DE CONCEPÇÃO AQUITETÔNICA


Diagrama de linhas , pelo autor

Diagrama de volumes – vista superior, pelo autor

DIAGRAMAS INDIRETOS | 171


Diagrama de espaços livres , pelo autor

Perspectiva do Diagrama volumétrico, pelo autor

172 | O DIAGRAMA NO PROCESSO DE CONCEPÇÃO AQUITETÔNICA


Perspectiva 1, pelo autor

Perspectiva 2, pelo autor

DIAGRAMAS INDIRETOS | 173


Fig. 84: Maquete física do Diagrama 07- vista aproximada , pelo autor

Fig. 85: Maquete física do Diagrama 07- relação com o entorno, pelo autor 174 | O DIAGRAMA NO PROCESSO DE CONCEPÇÃO AQUITETÔNICA


Fig. 86: Maquete física do Diagrama 07- vista aproximada , pelo autor

Fig. 87: Maquete física do Diagrama 07- relação com o entorno, pelo autor DIAGRAMAS INDIRETOS | 175


DIAGRAMA 08

Duas grandes geometrias fazem a composição deste desenho. Estas têm tamanhos em larga escala, pois o programa é composto em apenas essas duas volumetrias. Para unificar os espaços uma cobertura dividia em dois finaliza o desenho geral do experimento.

176 | O DIAGRAMA NO PROCESSO DE CONCEPÇÃO AQUITETÔNICA


Diagrama de linhas , pelo autor

Diagrama de volumes – vista superior, pelo autor

DIAGRAMAS INDIRETOS | 177


Diagrama de espaços livres , pelo autor

Perspectiva do Diagrama volumétrico, pelo autor

178 | O DIAGRAMA NO PROCESSO DE CONCEPÇÃO AQUITETÔNICA


Perspectiva 1, pelo autor

Perspectiva 2, pelo autor

DIAGRAMAS INDIRETOS | 179


Fig. 88: Maquete física do Diagrama 08- vista aproximada , pelo autor

Fig. 89: Maquete física do Diagrama 08- relação com o entorno, pelo autor 180 | O DIAGRAMA NO PROCESSO DE CONCEPÇÃO AQUITETÔNICA


Fig. 90: Maquete física do Diagrama 08- vista aproximada , pelo autor

Fig. 91: Maquete física do Diagrama 08- relação com o entorno, pelo autor DIAGRAMAS INDIRETOS | 181


DIAGRAMA 09

A prioridade desse desenho são as linhas ortogonais. Essas linhas conseguem criar uma interessante espacialidade e gerar áreas abertas transitando entre espaços públicos e privados, além de ser compreendida em gabaritos diferenciados.

182 | O DIAGRAMA NO PROCESSO DE CONCEPÇÃO AQUITETÔNICA


Diagrama de linhas , pelo autor

Diagrama de volumes – vista superior, pelo autor

DIAGRAMAS INDIRETOS | 183


Diagrama de espaços livres , pelo autor

Perspectiva do Diagrama volumétrico, pelo autor

184 | O DIAGRAMA NO PROCESSO DE CONCEPÇÃO AQUITETÔNICA


Perspectiva 1, pelo autor

Perspectiva 2, pelo autor

DIAGRAMAS INDIRETOS | 185


Fig. 92: Maquete física do Diagrama 09- vista aproximada , pelo autor

Fig. 93: Maquete física do Diagrama 09- relação com o entorno, pelo autor 186 | O DIAGRAMA NO PROCESSO DE CONCEPÇÃO AQUITETÔNICA


Fig. 94: Maquete física do Diagrama 09- vista aproximada , pelo autor

Fig. 95: Maquete física do Diagrama 09- relação com o entorno, pelo autor DIAGRAMAS INDIRETOS | 187


DIAGRAMA 10

A horizontalidade foi marcada através de um grande volume. Outras geometrias verticais que cruza com o volume central completam o desenho geral da composição trazendo maiores possibilidades programáticas.

188 | O DIAGRAMA NO PROCESSO DE CONCEPÇÃO AQUITETÔNICA


Diagrama de linhas , pelo autor

Diagrama de volumes – vista superior, pelo autor

DIAGRAMAS INDIRETOS | 189


Diagrama de espaços livres , pelo autor

Perspectiva do Diagrama volumétrico, pelo autor

190 | O DIAGRAMA NO PROCESSO DE CONCEPÇÃO AQUITETÔNICA


Perspectiva 1, pelo autor

Perspectiva 2, pelo autor

DIAGRAMAS INDIRETOS | 191


Fig. 96: Maquete física do Diagrama 10- vista aproximada , pelo autor

Fig. 97: Maquete física do Diagrama 10- relação com o entorno, pelo autor 192 | O DIAGRAMA NO PROCESSO DE CONCEPÇÃO AQUITETÔNICA


Fig. 98: Maquete física do Diagrama 10- vista aproximada , pelo autor

Fig. 99: Maquete física do Diagrama 10- relação com o entorno, pelo autor DIAGRAMAS INDIRETOS | 193


DIAGRAMA DE AVALIAÇÃO O diagrama apresentado a seguir tem a função de juntar todas as 5 percepções observadas nos dez experimentos desenvolvido anteriormente e atribuir notas à elas. As notas vão de 0 a 10 e apresentam tons de cinza para podermos diferenciá-las. O diagrama 02 obteve a maior nota, por isso foi o escolhido para ser o ‘corpo de prova’ no processo de projeto.

194 | O DIAGRAMA NO PROCESSO DE CONCEPÇÃO AQUITETÔNICA




EXPERIMENTO PROJETUAL | DIAGRAMAS DIRETOS


198 | O DIAGRAMA NO PROCESSO DE CONCEPÇÃO AQUITETÔNICA


DIAGRAMAS DIRETOS Os diagramas a seguir, denominados Diagrama Diretos, têm a função de compreender o projeto experimental desenvolvido. Eles recebem esta denominação por estarem ligados diretamente ao projeto, pois o explicam. Diagramas como de estudo solar, ventilação, estrutural etc, entram nesta categoria. Os desenhos técnicos desenvolvidos, como plantas e cortes, são diagramas a partir do momento em que é a principal representação e demonstram alguma característica importante e significativa do projeto. A maquete, por sua vez, é a representação tridimensional física de todos as ideias apresentadas bidimensionalmente, e sendo ela uma parte do processo de projeto podemos considerá-la um Diagrama Direto.

DIAGRAMAS DIRETOS | 199


O PROJETO Seguindo as especulações desenvolvidas anteriormente nos Diagramas Indiretos e com a escolha do Diagrama 02 como objeto de estudo, seguimos para o desenvolvimento do projeto experimental. A organização do programa se deu através de uma análise dos volumes e dos espaços criados. Uma grande cobertura une os volumes e cria espaços públicos no térreo e na cobertura. As linhas do diagrama 02, agora marcadas no térreo, transformam-se em desenhos de piso e em áreas permeáveis, além de se transformarem nos edifícios e cobertura do projeto. O volume retangular à esquerda (1) abriga os apartamentos residenciais e é cortado no quarto pavimento por um outro volume (2) que transforma este andar em um espaço público com espaços comerciais e um restaurante. Para acessar este pavimento livre e público, um elevador (a) de estrutura metálica e fechamento em vidro, transporta as pessoas do térreo até o pavimento comum. A cobertura deste prédio residencial também é acessível, apenas para os moradores, e está protegida por uma das pontas da grande cobertura. O edifício residencial tem uma conexão ainda com um terceiro volume (3) que abriga as áreas expositivas. O restante do volume (4) abrigou o teatro. Entre o palco do teatro e a área expositiva um outro objeto foi criado (5) para se transformar em uma lâmina que abrigará a administração da área expositiva e áreas técnicas do teatro.

200 | O DIAGRAMA NO PROCESSO DE CONCEPÇÃO AQUITETÔNICA


O maior volume do complexo (6) recebe os usos corporativo e hoteleiro. Seus primeiros cinco pavimentos estão alocados para uso corporativo. A geometria é recortada pela grande cobertura que une todo o projeto e esse recorte consegue dividir os usos do corporativo e do hoteleiro em blocos separados. O sexto pavimento é comum, com área de estar e restaurante, suprindo a demanda do edifício. Nos dois últimos andares estão localizados os quartos do hotel, com vista para a cidade. Esta construção ainda tem um grande átrio que corta todo o prédio trazendo iluminação natural durante todo o dia. O complexo também apresenta um subsolo, com rampa de entrada (b), com vagas destinadas para os edifícios residencial, corporativo e hoteleiro. .

DIAGRAMAS INDIRETOS | 201


PROJETO | IMPLANTAÇÃO

202 | O DIAGRAMA NO PROCESSO DE CONCEPÇÃO AQUITETÔNICA


PROJETO | IMPLANTAÇÃO

DIAGRAMAS DIRETOS | 203


PROJETO | IMPLANTAÇÃO EM PERSPECTIVA

204 | O DIAGRAMA NO PROCESSO DE CONCEPÇÃO AQUITETÔNICA


PERSPECTIVA EXPLODIDA DIAGRAMAS DIRETOS | 205


AREAS VERDES

COBERTURA

206 | O DIAGRAMA NO PROCESSO DE CONCEPÇÃO AQUITETÔNICA


HOTEL

EDIFÍCIO CORPORATIVO

DIAGRAMAS DIRETOS | 207


EDIFÍCIO RESIDENCIAL

PAVIMENTO COMERCIAL/SERVIÇO

208 | O DIAGRAMA NO PROCESSO DE CONCEPÇÃO AQUITETÔNICA


ÁREA EXPOSITIVA

TEATRO

DIAGRAMAS DIRETOS | 209


ESTUDO SOLAR

ESTUDO DE SOMBRAS

210 | O DIAGRAMA NO PROCESSO DE CONCEPÇÃO AQUITETÔNICA


ESTRUTURA

DIAGRAMAS DIRETOS | 211


CIRCULAÇÃO E LAJE

212 | O DIAGRAMA NO PROCESSO DE CONCEPÇÃO AQUITETÔNICA


EVOLUÇÃO GEOMÉTRICA DA COBERTURA

ESTRUTURA DA COBERTURA

DIAGRAMAS DIRETOS | 213


DESENHOS TÉCNICOS


PLANTA TÉRREO

DIAGRAMAS DIRETOS | 215


PLANTA HOTEL

216 | O DIAGRAMA NO PROCESSO DE CONCEPÇÃO AQUITETÔNICA


PLANTA RESIDENCIAL E PAVIMENTO LIVRE

DIAGRAMAS DIRETOS | 217


PLANTA PAVIMENTO COMERCIAL E CORPORATIVO

218 | O DIAGRAMA NO PROCESSO DE CONCEPÇÃO AQUITETÔNICA


PLANTA SUBSOLO

DIAGRAMAS DIRETOS | 219










ELEVAÇÃO 1

ELEVAÇÃO 2

224 | O DIAGRAMA NO PROCESSO DE CONCEPÇÃO AQUITETÔNICA


ELEVAÇÃO 3

ELEVAÇÃO 4

DIAGRAMAS DIRETOS | 225


226 | O DIAGRAMA NO PROCESSO DE CONCEPÇÃO AQUITETÔNICA


Fig.100 : Maquete física conceitual de acrílico, pelo autor

Fig. 101: Maquete física conceitual de acrílico, pelo autor DIAGRAMAS DIRETOS | 227


Fig. 102: Maquete física conceitual de acrílico, pelo autor

Fig. 103: Maquete física conceitual de acrílico, pelo autor 228 | O DIAGRAMA NO PROCESSO DE CONCEPÇÃO AQUITETÔNICA


Fig. 104: Maquete física conceitual de acrílico, pelo autor

Fig. 105: Maquete física conceitual de acrílico, pelo autor DIAGRAMAS DIRETOS | 229



CONSIDERAÇÕES FINAIS


CONSIDERAÇÕES FINAIS As questões discutidas neste Trabalho de Conclusão de Curso são uma pequena parte de um complexo estudo que os diagramas podem proporcionar. O trabalho analisou pontos significativos nos quais o diagrama está inserido, tanto em questões conceituais quanto na produção arquitetônica, para a partir dessa análise, desenvolver um projeto experimental, na qual o diagrama é a ferramenta principal de especulação. Os estudos para a compreensão do diagrama se iniciaram com as dúvidas oportunas dentro

do âmbito teórico do tema e inquietações que o autor tinha sobre metodologias no processo de produção arquitetônica. Autores com Charles Sanders Peirce, Gilles Deleuze e Felix Guattari foram importantes para o entendimento do diagrama, de caráter mais teórico e conceitual. Ambos trouxeram questões que serviram como base para a compreensão do desenvolvimento do diagrama na prática profissional de arquitetos e escritórios como Peter Eisenman e UNStudio, por exemplo. Certamente as análises feitas das obras destes autores foram importantes como referências na concepção do projeto produzido. A partir da escolha do local de implantação do experimento, uma metodologia foi necessária para o processo de desenvolvimento projetual.

232 | O DIAGRAMA NO PROCESSO DE CONCEPÇÃO AQUITETÔNICA


Esta metodologia se baseou na utilização da cidade como ponto inicial e de referência,

utilizando linhas abstratas (Linhas Estratégicas) que geraram 10 (dez) diagramas especulativos. Essa metodologia foi referenciada em questões conceituais discutidas nos primeiros capítulos com Deleuze, que pensava no ‘diagrama como uma abstração podendo ou não ser interligado à um objeto’. Seguindo esse raciocínio duas frentes foram criadas: os Diagrama Indiretos – (conceituais – Linhas Estratégicas) e os Diagramas Diretos (relacionados ao Projeto final). Dos (10) dez experimentos realizados, um foi escolhido através de um diagrama de cores. Tal escolha foi fundamental para determinar um corpo de prova para o desenvolvimento do experimento projetual. Podemos concluir que a utilização do diagrama no trabalho foi fundamental para explorar suas capacidades conceituais e projetuais. Conseguimos trabalhá-lo exaustivamente a fim de

conseguir compreender como este se articula com o desenvolvimento de um projeto arquitetônico e as dificuldades que ele expõe. Além disso, foi possível ainda discutir como uma metodologia constrói um pensamento no processo de produção do projeto arquitetônico. .

CONSIDERAÇÕES FINAIS | 233



REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS E LISTA DE IMAGENS


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VRACHLIOTIS, Georg. Articulating Space Through Architectural Diagrams. Faculty of Architecture, ETH Zurich.


LISTA DE IMAGENS: Figura 01: Diagrama de entendimento processual. Fonte: elaborado pelo autor. Figura 02: Diagrama do signo peirciano. Fonte: elaborado pelo autor. Figura 03: Hipo-ícone de metáfora. Fonte: elaborado por Priscila L. Farias. Figura 04: Hipo-ícone de imagem. Fonte: elaborado por Priscila L. Farias. Figura 05: Hipo-ícone diagramático. Fonte: elaborado por Priscila L. Farias. Figura 06: Modelo de penitenciária por J. Bentham, denominado de Panóptico Fonte: http://revista.ibict.br/ciinf/article/view/1136/1288 Figura 07: Capa da dissertação de P.h.D. e diagrama da obra ‘Casa del fascio’ de Giuseppe Terragni. Fonte:http://www.newmetaphorbooks.com/products/the-formal-basis-of-modern-architecturedissertation-1963-facsimile?variant=4689571713 Figura 08: Diagrama de anterioridade da Villa Rotonda de Palladio, por Peter Eisenman. Fonte: http://www.architectural-review.com/Pictures/web/q/s/w/01_Rotonda_FINAL.jpg Figura 09: Diagrama das obras de Palladio, por Rudolf Wittkower. Fonte: http://www.eiroaarchitects.com/Analysis-WittkowerVillas.htm Figura 10: Diagrama sequencial. Fonte: elaborado pelo autor. Figura 11: ‘Diagram Diaries’. Fonte:http://ecx.images-amazon.com/images/I/51WPTB0STNL._SX258_BO1,204,203,200_.jpg Figura 12: Diagrama de anterioridade da Igreja do Redentor de Andrea Palladio. Fonte: http://masd.unbosque.edu.co/sites/default/files/editorial/eisenman_peter_diagram.bmp Figura 13: Diagrama de anterioridade da ‘Casa del Fascio’ de Giuseppe Terragni. Fonte: http://ecx.images-amazon.com/images/I/81DVxXJAsvL.jpg Figura 14: House I. Fonte: http://bombmagazine.org/article/5991/peter-eisenman Figura 15: Diagrama da House I. Fonte: http://www.eisenmanarchitects.com/house-i.html#images


Figura 16: Diagramas da House II. Fonte: http://www.eisenmanarchitects.com/house-ii.html#images Figura 17: Diagrama tridimensional físico da House II. Fonte: http://www.eisenmanarchitects.com/house-ii.html#images Figura 18: Croqui volumétrico da House III. Fonte: http://www.eisenmanarchitects.com/house-iii.html#images Figura 19: Diagramas de interioridade da House III. Fonte: http://www.eisenmanarchitects.com/house-iii.html#images Figura 20: Imagem da House III. Fonte:http://65.media.tumblr.com/2e1abeb1d7ffd6da5e0ac46d4222b5ea/tumblr_mum671873Q1 r9xcmto1_1280.jpg Figura 21: Diagramas da House IV. Fonte: http://www.eisenmanarchitects.com/house-iv.html#images Figura 22: Modelo tridimensional físico da House IV. Fonte: http://www.eisenmanarchitects.com/house-iv.html#images Figura 23: Trecho dos diagramas da House X. Fonte: http://www.eisenmanarchitects.com/house-x.html#images Figura 24: Modelo axonométrico da House X. Fonte: http://www.eisenmanarchitects.com/house-x.html#images Figura 25: Modelo da House 11a, por Peter Eisenman e exepemplo da fita de Moebius. Fonte: http://www.arc1.uniroma1.it/saggio/conferenze/Milano/21.jpg , https://imgnzna.akamaized.net/2015/02/02/02120408564328.jpg Figura 26: Desenho inicial e maquete de apresentação do projeto Carannegio. Fonte: http://www.eisenmanarchitects.com/cannaregio.html#images Figura 27: Diagrama e modelo físico do projeto Romeo e Julieta. Fonte: http://www.eisenmanarchitects.com/moving-arrows.html#images Figura 28: Diagramas dos projetos IAB, Biocenter, Mas Haus e City of Culture. Fonte: http://www.eisenmanarchitects.com/iba-social-housing.html#images http://www.eisenmanarchitects.com/biocenter.html#images http://www.eisenmanarchitects.com/max-reinhardt.html#images http://www.eisenmanarchitects.com/city-of-culture.html#images


Figura 29: Publicações referentes a diagramas desde os anos 90. Fonte: elaborado por Rovenir Duarte. Figura 30: Diagrama de entendimento do pensamento do UNStudio. Fonte: elaborado pelo autor. Figura 31: Diagrama temporal programático do projeto Mobius House. Fonte:http://acdn.architizer.com/thumbnailsPRODUCTION/07/35/0735c78813aee5b0538f9af846835215.jpg Figura 32: Diagrama Mobius House. Fonte:http://unstudiocdn3.hosting.kirra.nl//uploads/original/f7580cbd-3ff4-4038-be43ee377d906a03/2615067917 Figura 33: Plantas dos pavimentos e modelo de estudo da Mobius House. Fonte:https://s-media-cacheak0.pinimg.com/736x/96/9f/a1/969fa1a658942b930f780b4603491763.jpg,http://3.bp.blogspot.co m/-Pm8bUs99Hqw/Tdr73kzo7zI/AAAAAAAAAWY/_0Wg-33W4KM/s1600/b-moebius-house.jpg Figura 34: Desenho representativo do conceito utilizado para o projeto do Museu Mercedes-Benz. Fonte:https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/5/5c/Trefoil_knot_left.svg/2000pxTrefoil_knot_left.svg.png Figura 35: Modelos de estudo do Museu Mercedes-Benz. Fonte: http://www.phaidon.com/resource/mercedes-benz-museum-study.jpg Figura 36: Modelo de estudo dos pavimentos em espiral do Museu Mercedes-Benz. Fonte:https://s-media-cacheak0.pinimg.com/736x/eb/47/de/eb47de4fdc87f471e083c0863fd08808.jpg Figura 37: Museus Mercedes-benz construído e modelo paramétrico por Design to Production. Fonte: http://www.archdaily.com/tag/mercedes-benz-museum ,http://www.designtoproduction.com/projects?mercedes_benz_museum Figura 38: Functionmixer. Fonte: http://www.creeaza.com/files/arhitectura/4_poze/image082.jpg Figura 39: Diagrama criado pelo software Functionmixer. Fonte: http://www.creeaza.com/files/arhitectura/4_poze/image084.jpg Figura 40: Imagem e diagrama do projeto Silodam, por MVRDV. Fonte: https://www.mvrdv.nl/projects/silodam


Figura 41: Desenvolvimento no software Functionmixer e diagrama programático do projeto Almere. Fonte: https://www.mvrdv.nl/en/projects/floriade , http://www.hollerarchitecture.com/index.php?/work/previous-work/ Figura 42: Diagrama das possibilidades volumétricas da Embryological House. Fonte: https://rahatvarma.files.wordpress.com/2010/11/technique-development-diagrams.pdf Figura 43: Diagramas e renders das possibilidades volumétricas da Embryological House. Fonte: https://rahatvarma.files.wordpress.com/2010/11/technique-development-diagrams.pdf Figura 44: Maquete da Embryological House. Fonte: http://www.nomads.usp.br/documentos/textos/arquitetura/Embryological/Principal.jpg Figura 45: Croquis diagramáticos e maquete final da obra Extension to Victoria and Albert Museum. Fonte:https://s-media-cacheak0.pinimg.com/236x/26/bf/0c/26bf0ce90a6c6fa1ee7ffb9c523b7299.jpg Figura 46: Diagramas para o projeto Centro de pesquisas da Universidade Pierre e Marie Curie. Fonte: https://br.pinterest.com/pin/408560997424258282/ Figura 47: Diagrama do desenvolvimento volumétrico do projeto Phare Tower. Fonte: http://www.morphosis.com/architecture/3/ Figura 48: Diagrama de volumes programáticos do projeto CCTV. Fonte: http://www.e-architect.co.uk/beijing/cctv-headquarters-beijing Figura 49: Diagrama dos usos internos do projeto Cooper Union. Fonte:http://www.detail.de/inspiration/sites/inspiration_detail_de/uploads/imagesResized/projects/7 80_657-8185-downloadansichten-Cooper_Union_in_New_York_1.jpg Figura 50: Diagrama de circulação do projeto Vitra Haus. Fonte:https://s-media-cache-ak0.pinimg.com/736x Figura 51: Diagrama estrutural de forças do projeto CCTV. Fonte: http://design.epfl.ch/piraeus/wp-content/uploads/2010/02/cctv_forces.jpg Figura 52: Diagrama da montagem estrutural da obra Centro de Conferencia Internacional Dalian. Fonte: http://images.adsttc.com/media/images/51ed/aab6/e8e4/4e6d/a300/000e/large_jpg/Building_Struct ure_Diagrams_01.jpg?1374530219


Figura 53: Diagrama explodido da estrutura da cobertura da obra Centro de Conferencia Internacional Dalian, por Coop Himmelblau. Fonte:http://images.adsttc.com/media/images/51ed/ab52/e8e4/4e94/e500/0027/large_jpg/Roof_St ructure_Axon.jpg?1374530371 Figura 54: Diagrama cilmático da obra Centro de Conferencia Internacional Dalian, por Coop Himmelblau. Fonte:http://images.adsttc.com/media/images/51ed/aad7/e8e4/4e6d/a300/000f/large_jpg/Climate_ Design_Diagram_02.jpg?1374530252 Figura 55: Tamanhos das influências no mapa-diagramático, na qual 1-pouco, 2-médio, 3-alto. Fonte: elaborado pelo autor. Figura 56: Tamanhos das influências no mapa-diagramático com cores. Fonte: elaborado pelo autor. Figura 57: Exemplo da decodificação do ‘mapa-diagramático’. Fonte: elaborado pelo autor. Figura 58: Exemplo das conexões do ‘mapa-diagramático’. As conexões apenas existem quando, por exemplo, um autor esta relacionado diretamente com um conceito. Fonte: elaborado pelo autor. Figura 59: : Mapa-diagramático com legenda de cores separados em arquitetos, pensadores e conceitos e referenciado por uma linha de tempo. Fonte: elaborado pelo autor Figuras 60 a 99: Fotografias de maquetes físicas dos 10 diagramas. Fonte: elaborado pelo autor Figuras 101 a 105: Fotografias de maquete física conceitual projeto escolhido. Fonte: elaborado pelo autor



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