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Indústria 4.0: oportunidade ou ameaça?
Juliana Coelho de Almeida
Indústria 4.0:
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oportunidade ou ameaça?
Aumento da produtividade, redução de custos e desperdícios, melhoria da qualidade, controle de processo e, claro, maior lucro, são metas que fazem parte da cartilha de todo empresário e itens que figuram entre os benefícios da Indústria 4.0. Para melhor compreender o que é a Indústria 4.0, também conhecida como a 4 a Revolução Industrial, vale uma viagem no tempo.
Inovações tecnológicas têm impactado o modo de produção e definido novas eras. A 1 a Revolução Industrial, iniciada na Inglaterra no século XVIII, foi impulsionada pelo uso do carvão como fonte de energia e pela máquina a vapor, que permitiu a mecanização de tarefas até então manuais e a drástica redução dos tempos de fabricação.
A 2 a Revolução Industrial teve início na primeira metade do século XIX e avançou pelo século XX. A utilização do petróleo e da energia elétrica, o desenvolvimento de novos meios de comunicação - telégrafo, rádio, telefone e televisão -, de novos meios de transporte, como o avião e o automóvel, do antibiótico e de novas vacinas foram algumas das descobertas e invenções que caracterizaram essa etapa.
A busca por maiores lucros, em um cenário de constante mecanização, culminou na especialização da mão de obra para a produção em série. Linhas de montagem para a produção semiautomatizada, com operadores responsáveis por tarefas especializadas e repetitivas, caracterizaram o modelo de fabricação da 2 a Revolução Industrial, conhecido como Fordismo. Esse modelo foi dominante até meados da década de 1980 e foi o responsável pelo barateamento dos produtos, pela produção em série e pelo crescimento econômico registrados nesse período.
Em meados do século XX, a indústria vivenciou sua 3 a Revolução, caracterizada pelo uso da energia nuclear, da robótica, do computador pessoal e da internet. Os resultados têm sido a massificação dos produtos industrializados e, principalmente, a melhoria de sua qualidade, fato desconsiderado nas revoluções anteriores, quando a quantidade produzida era mais importante do que a qualidade do que era fabricado.
A 4 a Revolução Industrial - ou a Indústria 4.0 – baseia-se na inteligência artificial, na internet das coisas e na nanotecnologia. O objetivo é automatizar não apenas atividades repetitivas, mas dotar as máquinas da capacidade de julgar e tomar decisões, atributos até então característicos apenas do ser humano. Ficção científica? Nem tanto…
MÚLTIPLAS POSSIBILIDADES
Já somos atendidos por robôs quando, por exemplo, solicitamos uma segunda via de fatura. Cursos online são ministrados também por sistemas informatizados, sem a necessidade de um professor. Fazer o check in online e despachar a própria bagagem em um terminal automático, após pesá-la e etiquetá-la, tudo isso já acontece. Mais comum ainda é a busca em sites de pesquisa ou a elaboração de mensagens de texto por comando de voz. O dispositivo reconhece seu idioma e sotaque! Casas comandadas pelo celular, carros que dirigem sozinhos, máquinas de lavar que detectam o nível de água necessário para o enxágue, chips subcutâneos que liberam a dosagem adequada de medicamento e aplicativos que reconhecem a voz em um idioma e fazem a tradução para outro, permitindo a comunicação em qualquer lugar do mundo, são todos produtos da Indústria 4.0 e presentes no dia a dia de grande parte da população.
Na área gráfica também existem inúmeros exemplos da adoção da Indústria 4.0 - serviços online, viscosímetros automáticos, workflows, sistemas de vídeo-inspeção ativos, softwares com ajustes de correção automática, impressoras que se ajustam a partir do escaneamento da prova do material a ser impresso, tintas formuladas com base em nanotecnologia que atribuem ao impresso características especiais, embalagens inteligentes que indicam a variação de umidade, temperatura e vencimento do produto, rótulos que “conversam” com o consumidor utilizando-se de recursos de realidade aumentada, embalagens que percorrem o mundo todo e registram online o histórico de localização e condições de armazenamento, garantindo a integridade e segurança do produto e consumidor.
Os benefícios de todas essas revoluções para a humanidade são inegáveis. Muitos questionam esses benefícios, mas é fato que as revoluções industriais, sustentadas pelo desenvolvimento científico, reduziram e muito os custos de produção, tornaram os produtos acessíveis a um número cada vez maior de pessoas, reduziram a mortalidade em todas as faixas etárias, ampliaram a expectativa de vida da população mundial, facilitaram a vida das pessoas otimizando tempo em diferentes tarefas, reduziram o tempo de produção e abriram o caminho para novas descobertas. Parece que o céu é o limite. Apesar de todos esses benefícios, nem todos os impactos das revoluções industriais foram positivos para a sociedade. Em meio a 4 a Revolução Industrial, surge a preocupação com o futuro dos empregos para os seres humanos, impactados pela automação de atividades que até há pouco somente pessoas conseguiam realizar.
Muitos países já discutem soluções para evitar ou minimizar esse efeito nos empregos. Redução de jornadas de trabalho, maior tributação sobre empresas que automatizam suas produções eliminando postos de trabalho, renda complementar a todo cidadão para garantir poder de compra e crescimento da economia e criação de órgãos para regulamentar a extinção de postos de trabalho são ideias que figuram no rol de propostas de países que já estão se mobilizando e prevendo consequências dessa revolução na sociedade.
JULIANA COELHO DE ALMEIDA é tecnóloga em Produção Gráfica pela Faculdade Senai de Tecnologia Gráfica.