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LUTADOR INCANSÁVEL

“GREAT MAN

Quando o historiador escocês Thomas Carlyle realizou, em maio de 1840, as seis conferências dedicadas, cada uma, às categorias de grandes homens por ele classificados: o herói como divindade, como profeta, como poeta, como sacerdote, como homem de letras e como rei ou revolucionário, sua visão estava estreitamente relacionada à “História Universal”, a história “do que o homem alcançou neste mundo” ou, mais explicitamente “a História do Grande Homem que aqui trabalhou”. Disse ele que sem o grande homem, certâmente, não teríamos história universal – sem seus pensamentos, seus sentimentos, não haveriam feitos ou eventos a serem lembrados.

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Carlos Roberto Aguiar de Brito, companheiro que pode ser classificado como revolucionário, teve muitos grandes feitos, pensamentos e sentimentos para lembrar e guiar seus companheiros e a sociedade em geral em direção ao futuro. A importância da contribuição que Carlão deu para o Sindicato dos Engenheiros de Pernambuco – Senge/PE, a Federação Interestadual de Sindicatos de Engenheiros

- Fisenge, o Sistema Confea/Crea, a engenharia nacional e os trabalhadores desse país, o credenciam a ser reconhecido como um verdadeiro “Grande Homem que aqui trabalhou” e que nunca deixará de ser lembrado pelas pessoas que fazem esse nosso universo.”

Carlão tem uma história muito bonita, de dedicação aos engenheiros, aos trabalhadores, ao país. Essa história fica conosco, pertence a todos nós que o conhecemos. De alguma forma, ele próprio fica em nós.

Conheci o Carlão em um encontro de engenheiros, no começo do processo de abertura política. Liderança natural e respeitada por todos, foi um dos principais responsáveis pela fundação da Federação Interestadual dos Sindicatos de Engenheiros (Fisenge).

Mesmo nas fases mais duras da vida, Carlão nunca deixou de atuar no movimento sindical. O Sindicato dos Engenheiros no Estado do Rio de Janeiro (Senge RJ) está estudando uma maneira de homenageá-lo com um marco permanente, para que as novas gerações não percam de vista o exemplo admirável do companheiro.

Saúdo meu camarada, meu amigo, que continua comigo, no meu afeto e na minha memória.

Carlão, presente!”

Olímpio Alves dos Santos, presidente do Senge RJ

“Viver, Amar, Aprender e Deixar um Legado. Carlão viveu intensamente, sempre disposto a ajudar, não só aos amigos, mas a todos aqueles que precisassem da sua ajuda.

Amou a vida com alegria contagiante e criatividade para tudo o que conquistou em vida, sempre à custa de muito trabalho.

O aprendizado que as pessoas tiveram com ele, tanto no meio social quanto no meio profissional, ajudaram a construir muitas pontes, onde tantos preferiram construir muros.

Carlão deixa um legado de perseverança, competência e exemplo aos que se preocupam com o bem estar da sociedade “pero sin perder la ternura jamás”.”

“Homem sincero, com profunda energia, se dedicou à engenharia, se dedicou às causas sociais. Sempre atento e vigilante aos desafios e movimentos políticos. Em 2015, em um evento da Fisenge chamado “Brasil Soberano”, Carlão em seu pronunciamento falou “se é pra pegar em armas, não contém comigo”. Isso foi um sinal, uma grande mensagem, porque essa mensagem foi quando ainda estávamos adormecidos em relação ao que viria num breve futuro. Sua visão despertou na sociedade um outro movimento, uma outra leitura das perspectivas políticas que se avizinhavam. Esse é o Carlão que eu sempre admirei, e vi nele um grande companheiro. Inicialmente, via que ele era bastante visceral, mas com passar do tempo vi que era uma maneira genuína de decodificar a política no sentido lato sensu.

Então, é essa a mensagem que ele deixa. Foi combatível na ditadura, um dos que mudou o sindicalismo brasileiro. Constituiu a sua família e constituiu um excelente e vibrante legado para a engenharia.”

Nesse abril de 23, Carlão nos deixou. Depois de longa luta partiu o nosso companheiro, colega, irmão de caminhada. Incansável lutador, articulador e sério no que fazia como tarefas, nos deixa um vazio dolorido e uma profunda tristeza.

Carlão da Escola de Engenharia, sempre um sorriso, uma piada e convívio fraterno, o bom humor nas horas fáceis e nas desafiadoras, o brilho nos olhos e a festa do coração tricolor em eterna pendenga com torcidas vítimas do então imbatível Santa Cruz.

O Carlão da Chesf, sempre solidário aos colegas de trabalho, coração fraterno e responsável nas tarefas individuais e coletivas, cumprindo seus compromissos com invariável alegria no que fazia.

O Carlão militante incansável tomando consciência nos embates do movimento sindical, naqueles duros tempos de resistência à ditadura, nas greves e nas mobilizações sempre alinhado nas primeiras trincheiras da luta pela organização e pelos direitos do povo trabalhador. Carlão militante e logo assumindo o posto de Carlão Dirigente. Tomando a frente, convocando, aglutinando e participando das disputas e ocupando cargos no comando sindical do Senge-PE. Daí partindo para organizar e agregar colegas nas frentes de luta por sindicatos democráticos, participativos e politizados do seu papel de cidadania.

Carlão agindo nacionalmente com colegas de outros estados em defesa da engenharia nacional, dos sindicatos com cidadania e claros compromissos políticos, além dos corporativos. Carlão à frente da organização da Fisenge, a Federação de Sindicatos de Engenheiros, da qual foi o primeiro presidente e ocupante do posto em período rico de organização e participação política.

Carlão militante político e engajado na luta pela democracia, na luta antifascista para reconduzir o Brasil a seu caminho de nação democrática, justa, solidária e fraterna.

Carlão não morreu, se encantou, se transferiu e deixou lições, tarefas para serem continuadas e, nossa maior homenagem será honrar, proteger e dar continuidade aos seus sonhos.

Carlão sempre presente nas lutas. Honra e homenagens ao bravo guerreiro!”

Fernando Ferro, engenheiro eletricista, chesfiano e ex deputado federal

“Conheci Carlão em 1973, na Escola de Engenharia da UFPE. Nos formamos juntos em 1975, em Engenharia Elétrica e em 1976 entramos na Companhia Hidro Elétrica do São Francisco - Chesf. Participamos juntos dos movimentos pela Redemocratização do país, em todas as frentes, nos movimentos sociais e no movimento sindical. Em alguns momentos separados pela opção partidária, porém sempre juntos nos ideais de uma vida melhor para o trabalhador brasileiro.”

Sebastião Lins, engenheiro eletricista, chesfiano e amigo da turma de 75

“Há pessoas que estão em nossas vidas com sua presença, com seus ideais, com sua alegria, com seus ensinamentos, com sua amizade, com sua lealdade, com sua bravura, com sua vida.

Carlão será sempre presente em nossas vidas!

Sua vida foi de convivência, de colocar sua mão para impulsionar os jovens, ser coerente com sua história. Ele lutou por tudo que acredita. A sua vida pode ser registrada como resistência, resiliência. Com coragem que só os bravos são capazes de ter e ser.”

“Quando um mestre, incentivador e amigo se vai, o vazio que fica é imenso. Aprendi muito com Carlão apesar do meu curto caminho ao seu lado neste mundo. Um homem de posições firmes e de visão, que se importava com a engenharia nacional e com o povo brasileiro, que nunca desistiu. O Brasil ganhou muito com sua trajetória de luta. Vamos continuar sua luta e honrar o seu legado.”

Roseanne Araújo, engenheira eletricista, chesfiana e diretora do Senge-PE

“Companheiro Carlão, um homem íntegro e humano, partiu para casa do Pai deixando saudades e lembranças de lutas por grandes causas, sempre ajudando a construir e realizar os sonhos das pessoas, criou a sua própria história e o seu legado. Descanse em paz.”

“Carlão fez história! Sempre com um sorriso no rosto, que era sua marca, dono de uma personalidade forte, firme e sensível. Competente na sua vida profissional e sindical deixará exemplos de lutas e conquistas. Homem íntegro, amigo e solidário deixará saudades.”

Eloisa Moraes, engenheira civil e presidente do Senge-PE

“Eu conheci Carlão na retomada da luta dos engenheiros em Pernambuco. Juntos, em 1983, tomamos o Sindicato dos Engenheiros da direita. Juntamos vários órgãos como Chesf, Sudene, outros órgãos federais, e Carlão foi peça chave nessa articulação. Carlão fez parte da primeira diretoria do Senge-PE, foi eleito para representação na Federação.

Fizemos um bom trabalho, nos três primeiros anos à frente do Sindicato, rearticulamos todo movimento sindical aqui em Pernambuco, foi exatamente no período da construção da Central Única dos Trabalhadores. Carlão foi um companheiro que esteve por muitos anos à frente do movimento dos engenheiros, tanto a nível estadual, quanto a nível nacional. E não só dos engenheiros, mas ele também protagonizava outros movimentos, foi, inclusive, candidato a vereador.

Lutamos pelas diretas, pelo direito ao voto, foram inúmeras batalhas e ele nunca mudou de lado. A única diferença que nós tínhamos é que ele torcia pro Santa Cruz e eu pelo Náutico.”

Jurandir Liberal, engenheiro civil, diretor do Senge-PE e ex vereador do Recife

“Carlão, um companheiro de vida.

“Conheci o companheiro Carlão quando ele foi presidente da Fisenge. Foi uma grande liderança sindical dos engenheiros, sempre defendendo de forma firme os interesses dos trabalhadores. Quando fui presidente da Fisenge, ele sempre contribuiu muito com a Federação, mesmo fora da diretoria. Participou ativamente dos Consenges, inclusive do último, de forma virtual. Como um dos fundadores da Federação, Carlão sempre manteve aceso e firme o espírito de luta e de dedicação por uma engenharia voltada para o povo brasileiro. Ele lutou toda uma vida sem tergiversar e foi fiel aos princípios de solidariedade e de justiça social. Carlão deixa um legado para a engenharia nacional, para a luta popular e para o país. ”

Pessoalmente, convivi com Carlão a partir de 1972. Cursávamos o “Ciclo Básico” na UFPE. Estudava em sua casa, aonde fui sempre muito bem recebido por seus pais, Dona Terezinha e Seu João. Pessoas simples que lutavam para que o filho único tivesse uma trajetória de vida diferente da deles. Creio que tiveram êxito. Muito estudo, muitos porres e farra fizemos juntos.

Depois de formados, fomos trabalhar na CHESF e fizemos Pós-Graduação em Itajubá em 1977. Depois começamos na luta sindical. Carlão sempre mais ligado ao movimento sindical dos engenheiros, eu ao movimento dos urbanitários.

Em 1982 um grupo de 25 sindicalistas foi demitido após uma grande greve na CHESF, Pompeia e eu estávamos neste grupo, voltamos em 1985. Carlão não estava neste grupo, mas em 1990 novamente a demissão pairou sobre os trabalhadores e desta vez Carlão não escapou. Era um período de intensas lutas sindicais, de filhos novos e ainda de muitos porres.

As lutas sindicais e partidárias no PT, com suas vitorias e derrotas, nos unia cada vez mais.

“Muito mais que um companheiro e militante, Carlão foi meu amigo pessoal, por quem eu tive apreço muito grande. Sempre que íamos a Pernambuco, eu ia visitá-lo e marcávamos almoços para colocar o papo em dia.

Carlão foi uma pessoa muito bem-humorada com um alto astral ímpar e sintonizado à situação política do país. Carlão lutava por uma sociedade justa e solidária sempre com primazia ética com a classe trabalhadora. A engenharia nacional e o Brasil perdem muito com a morte de Carlão que dedicou sua vida à luta.

Honraremos sua memória levando seu legado adiante em cada luta do povo brasileiro, em cada manifestação, em cada reivindicação popular.

Este é o nosso compromisso com a história de Carlão, meu amigo e companheiro de tantas lutas.”

Carlão, diferentemente da maioria dos companheiros sindicalistas, não se proclama ateu e mantinha uma relação respeitosa com a Religião Católica, que herdara dos seus pais. A longa batalha que travou com o câncer afastou-o das farras e aproximou-o da Religião.

Eu e Pompeia sempre mantivemos com ele uma relação de muita amizade. Com o nascimento de Maria, Fernandinha e ele convidaram Pompéia para ser madrinha, assim mais que amigos, Compadres, confabulando sobre as mesmas visões de mundo e de indignação com as iniquidades sociais.

A amizade só cresceu com o passar do tempo, temperada pela convivência partidária no PT, Sindical e com Pompeia adicionalmente religiosa.

Teríamos muitas histórias a relatar, mas neste momento oPTamos por ficar com as lembranças e a imensa saudade.”

Pompeia Pessoa, engenheira eletricista, chesfiana e Diretora do Senge-PE

Zé Ailton, engenheiro eletricista, chesfiano e ex Diretor de Operações da Chesf

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