Reflexão livre sobre o ELAM 2012 sob a ótica da Ciência da Informação

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11/06/2012

UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA – UnB Programa de Pós-Graduação em Ciência Da Informação – PPGCINF Disciplina: Metodologia em Ciência da Informação Professores: André Porto Ancona Lopez e Sofia Galvão Baptista Aluno: Sérgio Peçanha da Silva Coletto, matrícula 12/0065771

A "aula-convite" consiste em comparecer e participar do debate da mesa 04 do Encontro Latino Americano de Mulheres, sobre "Acesso à informação, sustentabilidade e relações de gênero" e elaborar pequena reflexão livre sobre a temática discutida, sob a ótica da Ciência da Informação, problematizando questões específicas do próprio projeto de pesquisa. A referida mesa está agendada para 4ªf, dia 06 pela manhã. As reflexões deverão ser públicas e colocadas em algum ambiente virtual, até as 12h00 do dia 14/05, indicando no campo comment deste post a respectiva URL.1

"Comunicação: direito fundamental para alcançar a sustentabilidade" (Sucena Shkrada Resk) Sobre o evento

Figura 1: Logotipo do evento, retirado do blog Metodologia em Ciência da Informação <http://metodologiaemci.blogspot.br>. Acesso em 09/06/2012. 1

Texto redigido pelo Prof. Dr. André Porto Ancona Lopez, retirado de postagem no dia 01/06/2012 no blog Metodologia em Ciência da Informação, disponível em <http://metodologiaci.blogspot.com.br>. Acesso em 09/06/2012.


11/06/2012 Realizado no auditório FIOCRUZ, no campus Darcy Ribeiro da Universidade de Brasília, o Encontro Latino-Americano de Mulheres reúne, em três dias, aproximadamente 200 mulheres ativistas sociais e formadoras de opinião (jornalistas, antropólogas, sociólogas, arquitetas, urbanistas, economias, parlamentares, professoras universitárias, etc) para discutir e apresentar propostas para um novo modelo de desenvolvimento sustentável. As ideias derivadas desse Encontro serão encaminhadas posteriormente à Conferência Internacional Rio+20 e ao Fórum Mundial dos Povos sob forma do documento Carta Brasília, com contribuições dos participantes e apoiadores do evento para embasar um novo modelo de Sustentabilidade para o Planeta.2 Apesar de ter participado em apenas um dos três dias (06/06), a organização do evento se mostrou notável pela pontualidade do cumprimento da programação, infraestrutura e presença dos participantes. A participação do público também se mostrou efetiva ao final das atividades da Mesa 04 – Acesso à Informação, Sustentabilidade e Relações de Gênero, com comentários e intervenções pertinentes ao tema. Na figura abaixo, a programação da mesma.

Figura 2: Programação da Mesa 04, disponível no site <http://www.terraumplanetamulher.org>, acesso em 09/06/2012.

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Texto redigido com base na apresentação do <http://www.terraumplanetamulher.org>. Acesso em 09/06/2012.

evento,

disponível

em


11/06/2012 "Para um movimento 'cair' na mídia, e preciso muita repercussão nas redes sociais." (Carolina Stanisc, criadora do movimento #florestafazadiferença)

Sobre a temática discutida e o meu projeto de pesquisa

O foco da referida Mesa teve como plano de fundo a participação da sociedade como ponto crucial no exercício da democracia. Interferências diretas nas decisões parlamentares, como o case #VETADILMA apresentado pela jornalista Carolina Stanisci, e projetos de conscientização ambiental, como a campanha em prol da redução do uso de automóveis individuais (e da publicidade ostensiva dos mesmos) trazida pela ex-vereadora Soninha Francine, tiveram como ferramenta viabilizadora plataformas sociais provindas da Web 2.03, como o twitter e a nova geração de blogs. Há uma confluência aparente entre os assuntos tratados pelos participantes da Mesa e o meu projeto de pesquisa, cujo tema é Descrição Arquivística sob a problemática da popularização de técnicas folksonômicas na indexação de documentos audiovisuais. Ambos citam meios de comunicação contemporâneos como veículos catalizadores de determinadas ações. Sob a ótica da Ciência da Informação, entretanto, há uma clara divisão entre os dois universos, visto que o primeiro caracteriza o exercício da cidadania por meio da comunicação em tempo real, com a disseminação de informações recém-surgidas, e o segundo, na mantença deste direito de acesso a informação, com o foco na recuperação das mesmas e na preservação de uma memória coletiva – num âmbito cultural, mas passível de extensão, neste texto, para o jornalístico. Atenho-me aqui ao discurso da Carolina Stanisci sobre o movimento #florestafazadiferença, em defesa das florestas e do desenvolvimento sustentável, criado por ela.

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A segunda geração dos serviços on-line na qual os próprios usuários controlam seus dados com base em serviços on-line. Esta nova possibilidade de uso da internet é potencializadora de publicação, compartilhamento e organização de informações. A arquitetura é edificada sob cooperação, na qual os dados possuem origem remixável e podem ser transformados. (Fonte: AQUINO, Maria Clara. Hipertexto 2.0, folksonomia e memória coletiva: um estudo das tags na organização da web. in Revista da Associação Nacional dos Programas de Pós-Graduação em Comunicação / E-Compós, v. 18, n. 18, ago. 2007).


11/06/2012 Segundo a jornalista, o Veta, Dilma! surgido na segunda parte desta campanha com foco na não-aprovação do novo código florestal, apenas contou com vasto apoio popular com a viralização da hashtag4 #VETADILMA no twitter. Este case ilustra, com o perdão da pretensão, uma revolução da indexação de conteúdos. Na referida mídia social, por conta da limitação de caracteres (são permitido apenas 140 por postagem), as palavras-chave passam a fazer parte do próprio conteúdo, como exemplificado na imagem abaixo:

Figura 3: tweet de usuária do twitter, recuperado com a busca da hashtag "#VETADILMA" no campo de busca do twitter.

Ultrapassando o limite do universo twitter, para instituições diversas custodiadoras de conteúdo em suporte digital, é notável que o amplo uso deste recurso, pode permitir uma mudança cultural na relação entre usuário e custodiador ou, ao menos, uma otimização dos instrumentos de recuperação da informação já utilizados. De acordo com as características do acervo e do seu acumulador, o suprimento das necessidades informacionais dos usuários, sempre tão heterogêneas e mutáveis, pode ser elencada como um dos objetivos mais evidentes (se não o mais) de uma instituição custodiadora. A adequação de técnicas de recuperação da informação advindas da Web 2.0 aos documentos digitais de acervos diversos

[...] altera a visão pública [do objeto descrito] de modo a refletir sua própria “visão particular” [do descritor]. Com base em múltiplas visões particulares de um conjunto de objetos, surge uma nova visão pública. Adota-se um processo de harmonização para chegar à visão pública final. 4 Palavras-chave antecedidas pelo símbolo "#", que designam o assunto o qual está se discutindo em tempo real no twitter. As hashtags viram hiperlinks dentro da rede e são indexáveis pelos mecanismos de busca. (Fonte: http://www.twitter.com)


11/06/2012 Esse processo leva em conta quantos usuários associaram determinado termo a determinado objeto. [...] Métodos colaborativos ou “democráticos” são, no mais das vezes, recomendados para o caso da indexação de imagens.5

Há, porém, um fator importante a ser mencionado: o registro destas informações. Retornando ao case trazido por Stanisci, a hashtag #VETADILMA se pesquisada hoje no campo de busca do twitter, traz nada mais que 20 resultados, sendo o mais antigo do dia 03/06/2012. Apesar de não compactuar para um objetivo de acesso à informação num caráter intemporal, as limitações de busca no twitter são perfeitamente plausíveis com o objetivo da mídia social, que é voltada para a troca de informações no presente, em tempo real. Faltam-nos parâmetros e casos anteriores para medir a relevância das informações presentes nas mídias sociais, as condições e a viabilidade de armazenamento das mesmas. São questões muito recentes e fértil assunto para discussão no âmbito da Ciência da Informação.

"Viver em um mundo sustentável não significa viver num mundo retrógrado, mas num mundo inteligente." (Soninha Francine)

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(Fonte: LANCASTER, Frederick. W. Indexação e resumos; teoria e prática. 2ª ed. Brasília: Briquet de Lemos, 2004.)


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